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KARINA LUIZE DA SILVA MESSIAS ESTUDO FITOQUÍMICO E FARMACOLÓGICO DAS FOLHAS E CAULES DA Marlierea tomentosa Camb. ITAJAÍ - 2005

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KARINA LUIZE DA SILVA MESSIAS

ESTUDO FITOQUÍMICO E FARMACOLÓGICO DAS FOLHAS E CAULES DA Marlierea tomentosa Camb.

ITAJAÍ - 2005

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

ESTUDO FITOQUÍMICO E FARMACOLÓGICO DAS

FOLHAS E CAULES DA Marlierea tomentosa Camb.

Dissertação submetida à Universidade do Vale do Itajaí

como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas.

KARINA LUIZE DA SILVA MESSIAS

Itajaí, Julho de 2005.

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ESTUDO FITOQUÍMICO E FARMACOLÓGICO DAS FOLHAS E CAULES DA Marlierea tomentosa Camb.

Karina Luize da Silva Messias

‘Esta Dissertação foi julgada ........................... para obtenção do Título de Mestre em Ciências Farmacêuticas, Avaliação Fitoquímica, de atividade biológica e controle de qualidade de plantas medicinais, e .......................em sua forma final pelo Programa de Mestrado em Ciências Farmacêuticas da Universidade do Vale do Itajaí.’

____________________________________ Valdir Cechinel Filho, Doutor

Orientador

__________________________________________________________ Tânia Mari Bellé Bresolin, Doutora

Coordenadora do Programa de Mestrado Acadêmico em Ciências Farmacêuticas

Banca Examinadora:

______________________________________ Valdir Cechinel Filho, Doutor

Presidente

______________________________________ Ângela Malheiros, Doutora

______________________________________ Cleuza Conceição da Silva, Doutora

______________________________________ Rivaldo Niero, Doutor

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Esta dissertação é dedicada aos meus pais, Carlos e Liliane, que com muito amor, souberam me ensinar o verdadeiro valor da luta e da conquista. E ao meu esposo, pelo companheirismo e compreensão.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela proteção e força, permitindo a conquista de mais esta etapa.

Ao meu amigo e orientador Valdir Cechinel Filho, pelo seu dinamismo e segurança, e

principalmente por me apoiar e dar força nos momentos oportunos, enriquecendo este

trabalho com numerosas contribuições. Sua confiança e orientação foram fonte do meu bem-

estar no laboratório e de êxito nesta pesquisa. Muito obrigada.

Aos meus pais, Carlos e Liliane, pela confiança, amor e oportunidade concedida, e

principalmente por ensinarem o verdadeiro valor da luta e da conquista. A eles, o meu amor

eterno.

Ao Walter, meu esposo, que com sua paciência e compreensão me permitiu dedicar

grande parte do tempo que era seu, nesta pesquisa.

A nossa filha, Ana Luiza, tão viva e fundamental quanto uma planta. A você, todo

meu carinho e amor.

A amizade é uma fonte inesgotável de cumplicidade e de verdade humana quando se

pode dividi-la com Vânia F. Noldin. Pela sua consistente contribuição neste trabalho e por sua

coragem contagiosa, muito obrigada. Todo sucesso para você.

A Rosélia, pela atenção a todos dispensada na Secretaria do Mestrado, sendo ela

muitas vezes a nossa “psicóloga”.

Quero agradecer particularmente aos professores Alexandre B. Cruz e Fátima C. Buzzi

e toda sua equipe, pela realização dos testes microbiológicos e farmacológicos

respectivamente, que foram de fundamental importância para complementação deste trabalho.

Obrigada.

A professora Ângela Malheiros, pelo companheirismo, atenção e ajuda, a todos

dispensada no Laboratório de Fitoquímica.

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Ao professor Franco Delle Monache, da Itália, pela sua constante ajuda na

identificação dos compostos químicos isolados neste trabalho. Obrigada.

Aos professores Clóvis A. Rodrigues, Rivaldo Niero e Maique W. Biavatti e demais

professores do NIQFAR, pelo companheirismo.

A Duas Rodas Industrial, que indiretamente, contribuiu para a realização deste

trabalho.

A todos que de alguma forma contribuíram para que este trabalho fosse realizado.

Muito obrigada.

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A natureza está pronta a nos ajudar, desde que façamos a nossa parte.

Max Freedon Long

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Resumo da Dissertação apresentada à UNIVALI como parte dos requisitos necessários para a

obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas

ESTUDO FITOQUÍMICO E FARMACOLÓGICO DAS FOLHAS E CAULES DA Marlierea tomentosa Camb.

Karina Luize da Silva Messias

Setembro / 2005 Orientador: Valdir Cechinel Filho, Doutor Co – orientadora: Ângela Malheiros, Doutora Área de Concentração: Avaliação fitoquímica, de atividade biológica e controle de qualidade de plantas medicinais. Palavras-chave: Marlierea tomentosa, atividade antinociceptiva, triterpenos e compostos fenólicos, atividade antimicrobiana Número de Páginas: 62.

Marlierea tomentosa (Myrtaceae) é uma planta nativa do Brasil, tradicionalmente usada

contra várias patologias, incluindo dor e infecções. Porém, a literatura não apresenta nenhum

estudo fitoquímico ou farmacológico sobre a espécie. O presente trabalho descreve o

isolamente de cinco fitoconstituintes das folhas e galhos de M. tomentosa. Das folhas foram

isolados os triterpenos alfa-amirina (7), beta-amirina (8) e os compostos fenólicos quercetrina

(3) e isoquercetrina (9). Dos galhos foi possível isolar o triterpeno ácido arjunólico (10). A

caracterização estrutural dos compostos isolados da planta foi possível através de análise em

técnicas espectroscópicas usuais como IV, RMN-1H e RMN-13C. A atividade antinociceptiva

dos extratos brutos, frações e do ácido arjunólico foi avaliada utilizando o teste das contorções

abdominais induzidas pelo ácido acético e formalina. Os extratos metanólicos brutos das

folhas e caules de M. tomentosa, assim como as frações de HEX, DCM e AE demonstraram

atividade antinociceptiva promissora frente ao teste de ácido acético, se comparado com

fármacos clássicos usados na clínica. Quando avaliado no teste do ácido acético, o ácido

arjunólico apresentou um percentual de inibição de 81,2%. Por outro lado, quando avaliado

no teste da formalina, inibiu 34,2% a primeira fase da dor (de origem neurogênica) e 38,1% a

segunda fase da dor (de origem inflamatória). As frações de DCM, AE e BuoH das folhas,

assim como a fração de AE dos caules apresentaram atividade antimicrobiana pronunciada

contra o microorganismo S. aureus. Os resultados encontrados são importantes, pois, justifica

em partes, a utilização desta planta em processos dolorosos pela população.

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Abstract of Dissertation presented to UNIVALI as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master in Pharmaceutical Science.

PHYTOCHEMICAL AND PHARMACOLOGICAL STUDY OF THE LEAVES END BRANCHES OF Marlierea tomentosa Camb.

Karina Luize da Silva Messias

September /2005

Advisor: Valdir Cechinel Filho, Phd; Angela Malheiros, Phd. Area of Concentration: Phytochemical evaluation, biological activity and quality control of medicinal plants. Keywords: Marlierea tomentosa, Antinociceptive activity, Antimicrobial activity, Triterpenes and Phenolic compounds Number of Pages: 62. Marlierea tomentosa (Myrtaceae) is a native Brazilian medicinal plant traditionally used

against several disorders, including pain and infections. However, to the best of our

knowledge, no study, neither phytochemical nor pharmacological, has been carried out with

this plant. So, this paper describes the isolation of five phytoconstituents from the leaves and

branches of Marlierea tomentosa. From the leaves of this plant were isolated the triterpenes

α-amyrin (7), β-amyrin (8), and the phenolic compounds quercitrin (3) and isoquercitrin (9).

The branches afforded the triterpene arjunolic acid (10). The structural characterization of

isolated compounds were achieved by IR spectra, 1H and 13C NMR analysis. In addition, the

antinociceptive activity of the crude extracts, fractions and compound 10 were tested using

the writhing and formalin test in mice. The crude extracts from the leaves and branches of M.

tomentosa, as well as hexane, dichloromethane and ethyl acetate fractions showed pronounced

antinociceptive action in the writing test. The triterpene arjunolic acid showed pronounced

antinociceptive action in the writing test (81,2%) and formalin test in mice, inhibiting 34,2%

the first phase of the pain (neurogenic origin) and 38,1% the second phase of the pain

(inflammatory origin). Dichloromethane, ethyl acetate and buthanol fractions from the leaves

and ethyl acetate fraction from the branches also showed a pronounced antimicrobial activity

against S. aureus. These data are important, and, justify at least in part, the popular use of

thus plant for the treatment of dolorous processes.

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SUMÁRIO

1.0 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 16

2.0 OBJETIVOS......................................................................................................... 18

2.1Objetivo geral ............................................................................................... 18

2.2 Objetivo específico ...................................................................................... 18

3.0 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 19

3.1 Plantas medicinais – estudos e utilização .................................................. 19

3.2 Produtos naturais – utilização global ........................................................ 20

3.3 Brasil e sua biodiversidade ......................................................................... 21

3.4 O gênero Marlierea e a M. tomentosa ........................................................ 22

3.4.1 Estudos com outras espécies do gênero Marlierea........................... 23

4.0 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................... 25

4.1 Materiais e métodos .................................................................................... 25

4.2 Material vegetal ........................................................................................... 25

4.3 Isolamento e identificação de metabólitos secundários das folhas de

M. tomentosa ......................................................................................................

26

4.4 Isolamento e identificação de metabólitos secundários dos caules de

M. tomentosa ......................................................................................................

26

4.5 Análise farmacológica.................................................................................. 30

4.5.1 Análise da atividade antinociceptiva................................................. 30

4.5.2 Análise da atividade antimicrobiana................................................. 31

5.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 32

5.1 Resultados fitoquímicos ............................................................................. 32

5.1.1 Isolamento e identificação dos metabólitos secundários nas

folhas de M. tomentosa ...........................................................................

32

5.1.1.1 Composto Mt-1 e Mt-2 ............................................................ 32

5.1.1.2 Composto Mt-3 ......................................................................... 37

5.1.1.3 Composto Mt-4 ......................................................................... 43

5.1.2 Isolamento e identificação dos metabólitos secundários nos

caules de M. tomentosa .............................................................................

45

5.1.2.1 Composto Mt-5 ........................................................................ 45

5.2 Análise da atividade farmacológica ....................................................... 50

5.2.1 Atividade antinociceptiva das folhas de M. tomentosa.................. 50

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5.2.2 Atividade antinociceptiva dos caules de M. tomentosa ............... 51

5.2.3 Atividade antinociceptiva do ácido arjunólico isolado dos caules

de M. tomentosa ........................................................................................

52

5.3 Análise da atividade microbiológica ...................................................... 55

5.3.1 Atividade antimicrobiana e antifúngica das folhas e caules de

M. tomentosa .............................................................................................

55

6.0 CONCLUSÕES .................................................................................................... 57

7.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 58

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LISTA DE FIGURAS Figura 1: Ilustrações da Marlierea tomentosa: folha (A), ramo (B)....................... 23

Figura 2: Procedimento usado durante a preparação e fracionamento dos

extratos das folhas de M. tomentosa ......................................................

28

Figura 3: Procedimento usado durante a preparação e fracionamento dos

extratos dos caules de M. tomentosa ......................................................

29

Figura 4: Espectro no Infra-vermelho dos compostos Mt-1 e Mt2 (pastilha KBr) 33

Figura 5: Espectro de RMN-1H dos compostos Mt-1 e Mt-2 em CDCl3 usando

TMS como padrão interno de referência. ...............................................

35

Figura 6: Espectro de RMN-13C dos compostos Mt-1 e Mt-2 em acetona-d6

usando TMS como padrão interno de referência. ..................................

36

Figura 7: Espectro de IV do composto Mt-3 (pastilha KBr).................................. 36

Figura 8: Espectro de RMN-1H do composto Mt-3 em piridina d5 usando TMS

como padrão interno de referência..........................................................

40

Figura 9: Espectro de RMN-13C (APT) do composto Mt-3 em piridina d5

usando TMS como padrão interno de referência. ..................................

41

Figura 10: Espectro no Infra-vermelho (pastilha KBr) do composto Mt-5.............. 46

Figura 11: Espectro de RMN-1H do composto Mt-5 em CD3OD usando TMS

como padrão interno de referência..........................................................

46

Figura 12: Espectro de RMN-13C ampliado entre 10 e 45 ppm em CD3OD do

composto Mt-5 usando TMS como padrão interno de

referência.................................................................................................

47

Figura 13: Espectro de RMN-13C (APT) em CD3OD do composto Mt-5 usando

TMS como padrão interno de referência................................................

47

Figura 14: Efeito antinociceptivo do extrato e frações obtidas das folhas de M.

tomentosa no modelo de dor induzido pelo ácido acético (10 mg/kg)...

50

Figura 15: Efeito antinociceptivo do extrato e frações obtidas dos caules de M.

tomentosa no modelo de dor induzido pelo ácido acético (10 mg/kg)...

51

Figura 16: Efeito antinociceptivo do ácido arjunólico isolado dos caules de M.

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tomentosa no modelo de dor induzido pelo ácido acético (10 mg/kg)... 53

Figura 17: Efeito antinociceptivo do ácido arjunólico isolado dos caules de M.

tomentosa no modelo de dor induzido pela formalina (10 mg/kg), Fase

I e Fase II.................................................................................................

54

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LISTA DE TABELAS Tabela 1: Valores dos deslocamentos químicos (ppm) de 1H e 13C para o

flavonóide quercitrina conforme valores obtidos para o composto

isolado, em piridina-d5 (300 MHz) e dados da literatura........................

39

Tabela 2: Dados de RMN-1H /CD3OD (300MHz) e RMN-13C (CD3OD)

(300MHz) dos compostos Mt-3 (quercetrina) e Mt-4 ............................

43

Tabela 3: Dados de RMN-1H /CD3OD (300MHz) e RMN-13C (CD3OD)

(300MHz) do ácido arjunólico, comparando com dados da literatura ...

48

Tabela 4: Dados da atividade antinociceptiva comparativa entre extratos brutos

e frações de M. tomentosa com medicamentos utilizadas na clínica......

52

Tabela 5: Dados da atividade antinociceptiva comparativa entre o triterpeno

ácido arjunólico e medicamentos utilizadas na clínica...........................

53

Tabela 6: Dados da atividade antinociceptiva comparativa entre o triterpeno

ácido arjunólico e medicamentos utilizadas na clínica, frente ao teste

da formalina ...........................................................................................

55

Tabela 7: Dados da determinação da concentração inibitória mínima (CIM) do

extrato metanólico bruto e frações das folhas de M. tomentosa ............

55

Tabela 8: Dados da determinação da concentração inibitória mínima (CIM) do

extrato metanólico bruto e frações dos caules de M. tomentosa ............

56

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AE - Acetato de etila

BuOH - Butanol

C.C - Cromatografia em Coluna

C.C.D - Cromatografia em Camada Delgada

Co- C.C.D – Co – Cromatografia em Camada Delgada

CIM - Concentração Inibitória Mínima

DCM - Diclorometano EMB - Extrato Metanólico Bruto

HEX - Hexano i.p.- intraperitoneal

P.A - Puro para análise

Rf - Fator de Retenção

RMN 1H - Ressonância magnética nuclear de hidrogênio

RMN 13C - Ressonância magnética nuclear de carbono

TMS - Tetrametilsilano

**p < 0,01 e *p < 0,05- Diferença estatisticamente significativa

δ - Deslocamento Químico em ppm

J – Constante de acoplamento

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1.0 INTRODUÇÃO

A utilização das plantas como fonte de medicamento para o tratamento das

enfermidades que acometem a espécie humana, remonta à idade antiga (CALIXTO, 2001;

CANIGUERAL, 2002; KOEHN e CARTER, 2005). Certamente, a terapêutica moderna,

composta por um grande número de medicamentos com ações específicas sobre receptores,

enzimas e canais iônicos, não teria atingido o grau de desenvolvimento atual se não fosse o

auxílio dos produtos naturais, notadamente aqueles derivados das plantas superiores

(CALIXTO, 2001).

Atualmente, cerca de 25% dos fármacos utilizados na terapêutica são de origem

vegetal, enquanto que 50% são de origem sintética, mas relacionados aos princípios isolados

de plantas medicinais (UGAZ, 1994; MARTINS, 2003; OLIVEIRA, 2003). Dentre as

substâncias provenientes das plantas, são amplamente utilizadas na clínica a morfina, a

vincristina, a rutina, o taxol, etc. (CECHINEL FILHO e YUNES, 1998; KINGHORN, 2002).

Compostos descobertos mais recentemente também podem ser citados, como a lovastatina

que reduz o colesterol, a reserpina que atua como antihipertensivo e sedativo, a artemisinina

ativa em casos de malária, e a galantamina que parece ser ativa no mal de Alzheimer, além

dos compostos camptotecina e trabectidina que originaram compostos semi-sintéticos usados

no tratamento de câncer (BUTLER, 2004; BUTLER, 2005; KOEHN e CARTER , 2005)

No segmento acadêmico, a convicção da importância dos recursos naturais para o

desenvolvimento vem de longa data. Afinal, as plantas fazem parte da vida do homem desde

seus primórdios e sua importância nos diversos estágios de desenvolvimento da sociedade é

inegável.

Nos últimos anos, têm se verificado um grande aumento nos estudos que comprovam

o que se conhece empiricamente, visto que a medicina popular é rica em exemplos de plantas,

utilizadas para diversos fins, que substituem, muitas vezes, a prescrição médica (CECHINEL

FILHO e YUNES, 1998).

É neste contexto, que pode ser citado os trabalhos desenvolvidos pelo Núcleo de

Investigações Químico Farmacêuticas (NIQFAR), do Curso de Farmácia da Univali, os quais

vem contribuindo significativamente na elucidação da composição química e atividade

farmacológica de plantas medicinais, buscando validar o uso popular de algumas destas

plantas, além de procurar descobrir novas moléculas ativas que possam futuramente serem

transformadas em novos fármacos (CECHINEL FILHO, 2000).

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Com o intuito de pesquisar outras plantas da flora brasileira, o presente estudo visou

investigar os fitoconstituintes presentes nas diferentes partes da planta Marlierea tomentosa,

bem como pesquisar possíveis efeitos farmacológicos, particularmente sua ação analgésica e

antimicrobiana.

Esta espécie pertence à família Myrtaceae, ocorre principalmente em locais mais secos

das florestas de três estados brasileiros, como São Paulo, Paraná e Santa Catarina. É

popularmente conhecida como guaparanga, garapurana ou guapuruva. Na medicina popular,

esta sendo utilizada principalmente para tratamento de processos infecciosos e dolorosos.

Tendo em vista a utilização desta planta com finalidades terapêuticas pela população,

verificou-se que quase nada pode ser encontrado sobre esta espécie em literatura

especializada, tanto no aspecto químico como farmacológico. Por isso a importância deste

estudo, o qual tem por objetivo embasar cientificamente a utilização desta espécie como

recurso terapêutico, visando em especial detectar novas substâncias bioativas na busca de

novos fitofármacos ou fitoterápicos, além de contribuir para a quimiotaxonomia do gênero

Marlierea.

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2.0 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Analisar a composição química e possíveis efeitos farmacológicos das diferentes

partes como folhas e galhos, da espécie Marlierea tomentosa.

2.2 Objetivos específicos

• Verificar as principais classes de compostos orgânicos presentes nas diferentes

partes da M. tomentosa através de CCD.

• Isolar e identificar os principais constituintes químicos presentes na M.

tomentosa, utilizando técnicas cromatográficas (CC, CCD, Co-CCD) e espectroscópicas

usuais (IV, RMN-1H, RMN-13C).

• Observar e comparar a ação analgésica e antimicrobiana dos extratos brutos,

frações (HEX, DCM, AE e BuOH) e compostos puros das diferentes partes da M. tomentosa.

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19

3.0 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Plantas medicinais – estudos e utilização

Há milhares de décadas que o homem vem buscando nas plantas a cura para as mais

variadas enfermidades (SILVA JÚNIOR e VIZOTTO,1996; YUNES et al., 2001;

CANIGUERAL, 2002), e historicamente as plantas podem ser consideradas a fonte mais

importante de fármacos (STEPP, 2004; TULP et al., 2004).

Produtos derivados de plantas, usados na alimentação ou na forma de preparados, tem

sido usado com sucesso para cura e prevenção de doenças ao longo da história, podendo-se

citar o uso de plantas medicinais pelos sumérios há mais de 5.000 anos (RASKIN, 2002).

As plantas medicinais, ou seja, aquelas que possuem propriedades terapêuticas, são

amplamente utilizadas na medicina popular contra várias patologias. Seu uso vem crescendo

gradativamente ao longo dos últimos anos devido a vários fatores, como o baixo poder

aquisitivo da maioria da população que procura uma medicina alternativa a menores custos

(CECHINEL FILHO et al., 1996; MARTINS, 2003), o que direta ou indiretamente vem

contribuindo para o descobrimento de novos fármacos (TULP, 2002).

Vários profissionais, como médicos, farmacêuticos, biólogos, veterinários e dentistas

se mostram cada vez mais interessados em aprofundar seus conhecimentos sobre os produtos

naturais bem como fazer uso das mais antigas preparações como: tinturas, infusos, extratos,

decoctos, etc (SALANTINO e SALANTINO,1996). Com o intuito de sustentar o uso de

plantas medicinais, têm se verificado nos últimos anos um grande avanço científico

envolvendo os estudos químicos e farmacológicos de plantas que visam obter novos

compostos com propriedades terapêuticas, onde podemos citar os grandes avanços

conseguidos na área de produtos naturais através de técnicas modernas como cristalografia e

ressonância magnética nuclear (RMN), principalmente nos últimos quinze anos (BUTLER,

2005).

Através do desenvolvimento de novas técnicas espectroscópicas, os químicos

orgânicos têm conseguido elucidar rapidamente estruturas moleculares complexas de

constituintes naturais, até há pouco tempo difíceis de serem elucidadas. A cada momento são

relatadas na literatura novas moléculas, algumas de relevante ação farmacológica, como por

exemplo, o taxol, um poderoso agente anticâncer já disponível no mercado farmacêutico

(CECHINEL FILHO e YUNES, 1998). As plantas têm contribuído, ao longo dos anos, para a

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obtenção de vários fármacos, sendo até hoje amplamente utilizados na clínica como a

morfina, a rutina, a lovastatina, a reserpina, a artemisinina, e a galantamina (KINGHORN,

2002; BUTLER, 2004; BUTLER, 2005; KOEHN e CARTER , 2005).

No período de 1981 a 2002, foram descobertos 877 novos fármacos sendo que 49%

deste total derivam de produtos naturais, ou são análogos semi-sintéticos e sintéticos de

produtos naturais. A maioria destes novos fármacos derivados da natureza estão sendo

utilizados para hipertensão ou no tratamento de câncer (NEWMAN e CRAGG, 2003;

BUTLER, 2005; KOEHN e CARTER, 2005).

3.2 Produtos naturais – utilização global

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 75% da população mundial

utilizam fitoterápicos ou fitomedicamentos (MARTINS, 2003). Estima-se que no mundo, são

utilizadas 10.000 espécies vegetais com fins medicinais (CANIGUERAL, 2002).

De acordo com CANIGUERAL (2002), a fitoterapia é a terapia de maior crescimento

absoluto nos últimos anos, passando de 2,5% em 1990 para 12,1% em 1997. Somente na

Alemanha, médicos generalistas optam por este tipo de terapia em 8 a 25% das prescrições.

Segundo MARTINS (2003), a indústria de fitoterápicos comercializou US$19,6

bilhões em todo mundo, tendo como principais mercados o americano e europeu. Entre os

medicamentos fitoterápicos mais vendidos na Europa destacam-se o Ginkgo biloba,

Hypericum perforatum, Valeriana officinalis, Panax ginseng, entre outros.

Para o mercado brasileiro de fitoterápicos, dados apontam um crescimento de 15% em

2002 e 2003, movimentando US$ 500 milhões por ano (MARTINS, 2003).

Na última década, aproximadamente 500 novos compostos químicos ativos foram

aprovados por órgãos competentes em todo mundo, sendo a metade destes compostos

oriundos de fonte natural (TULP, 2002).

De acordo com a OMS e fazendo uma revisão de artigos científicos especializados em

produtos naturais, existem 121 compostos químicos oriundos de plantas usados como

medicamentos mundialmente, podendo ser citados a atropina, codeína, colchicina,

pilocarpina, quinina, além de drogas descobertas mais recentemente como a galantamina,

isolada de Galanthus wronowi e de várias outras espécies do gênero Amaryllidaceae, a qual

foi aprovada nos Estados Unidos e em vários países europeus para o tratamento do mal de

Alzheimer, e o paclitaxel, um agente anticâncer (CALIXTO, 2001; CANIGUERAL, 2002;

KINGHORN, 2002; STEPP, 2004). Vale salientar que nas áreas de tratamento de câncer e

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21

doenças infecciosas, mais de 60 e 75% dos medicamentos utilizados respectivamente, são

provenientes de fonte natural (CALIXTO, 2001; KINGHORN, 2002; NEWMANN e

CRAGG, 2003; MARTINS, 2003).

De acordo com RASKIN et al. (2002), as plantas provavelmente retornarão como

principal fonte de saúde para os seres humanos e os motivos citados por ele para que isso

ocorra são:

1- A enorme capacidade das plantas em sintetizar misturas de bioativos com estruturas

diferentes e com múltiplas atividades terapêuticas;

2- Baixo custo de plantas e sua capacidade de fornecer metabólitos secundários;

3- Diminuição da utilização de droga única para tratamento e prevenção de doenças;

4- Limitação de custo para síntese química de moléculas complexas bioativas;

5- Percepção de que devido o uso de plantas pela população ao longo da história e a co-

evolução de plantas e humanos, produtos fitoquímicos fornecem um modo mais

seguro para prevenção e tratamento de doenças.

Neste contexto, produtos naturais de origem vegetal constituem uma estratégia para

inovação farmacêutica e competitividade do setor, tendo em vista a singularidade estrutural

das substâncias encontradas em plantas, patenteabilidade e seu papel como protótipos

moleculares para o desenvolvimento de novos fármacos (OLIVEIRA, 2003).

Em países em desenvolvimento, como o Brasil, o uso terapêutico de plantas

medicinais e seus manufaturados ajudam a reduzir a importação de fármacos ou

medicamentos, e ainda incrementa o desenvolvimento econômico. Além disso, medicamentos

derivados de plantas conhecidas tendem a ser mais aceitos pela população, facilitando a

aderência ao tratamento (MORAES et al., 2003).

3.3 Brasil e sua biodiversidade

As florestas tropicais são freqüentemente consideradas as de maior biodiversidade

vegetal, atraindo olhares e a atenção de pesquisadores de todo mundo (STEPP, 2004). É

estimado existirem aproximadamente 250 milhões de espécies vegetais em todo território

terrestre, mas apenas pequena parte delas foi estudada fitoquimicamente e

farmacologicamente (OLIVEIRA, 2003; TULP, 2004).

É preciso ressaltar que a biodiversidade brasileira não é conhecida com precisão, tal a

sua complexidade. O Brasil é o país com maior diversidade genética vegetal, contando com

mais de 55.000 espécies catalogadas ou 20 a 22% do total mundial (SIMÕES et al., 2001;

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22

OLIVEIRA, 2003; MORAES, 2003). Deste total, somente cerca de 5% tem sido estudadas

fitoquimicamente, e uma porcentagem menor avaliada sob aspectos biológicos (CECHINEL

FILHO e YUNES, 1998), sendo que muitas destas espécies são amplamente utilizadas pela

população à nível mundial (CECHINEL FILHO e YUNES, 1998).

Nas últimas décadas do século XX, intensificaram-se as pesquisas com plantas

medicinais no Brasil com o objetivo de avaliar sua eficácia terapêutica e a segurança de seu

uso. Das plantas brasileiras estudadas fitoquimicamente e farmacologicamente vale citar a

Croton cajucara, conhecida popularmente como sacaca, da qual foram isolados diterpenos

como a desidrocrotonina e cajucarina B. Esta classe de compostos apresentou atividade

antibiótica e antitumoral. Dentre os ativos mais importantes isolados de plantas brasileiras

podemos citar os diterpenos caurânicos como o ácido caurenóico, isolado de plantas como

Wedelia paludosa e Xylopia frutescens, apresentando atividade tripanossomicida,

antibacteriana e antifúngica. E também o lapachol, uma naftoquinona isolada do gênero

Tabebuia, que apresentou atividade antitumoral, antimalárica, tripanossomicida e

antimicrobiana (OLIVEIRA, 2003).

Segundo Prof. Elisaldo Carlini, apud MARTINS (2003), se a fitoterapia tivesse a

devida valorização, a biodiversidade poderia ser a salvação do setor farmacêutico nacional,

citando ainda que a Alemanha é o país líder no consumo de fitomedicamentos e tem cerca de

20 espécies vegetais endêmicas, enquanto que somente a Amazônia possui mais de 20 mil

espécies.

3.4 O gênero Marlierea e a M. tomentosa

O gênero Marlierea pertence à família Myrtaceae. Nesta família podemos encontrar

árvores e arbustos os quais se desenvolvem bem em área tropicais, subtropicais e também

áreas temperadas da Austrália. Esta família compreende em torno de 140 gêneros e 3000

espécies. Na família Myrtaceae é comum ocorrer flavonóis, sendo rara a presença de flavonas

(AMARAL, 2001).

No Brasil, o gênero Marlierea ocorre principalmente da região central ao sul do país,

podendo citar como exemplo a espécie Marlierea tomentosa Cambess, conhecida

popularmente como guaparanga, garapuruna ou guapuruva. A M. tomentosa é uma árvore que

pode alcançar até 12 m de altura, podendo ser encontrada na floresta costeira do Brasil nos

estados do Rio de Janeiro até o Rio Grande do Sul (LIMBERGER, 2004).

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23

Vale salientar, sobre esta espécie, que apenas trabalhos sobre a composição do óleo

essencial e composição de elementos inorgânicos das folhas foram encontrado em literaturas

especializadas os quais serão citados abaixo, sendo os estudos propostos neste projeto,

inéditos para a planta.

De acordo com LIMBERGER (2004), o óleo essencial presente nas folhas de M. tomentosa é

composto predominantemente por hidrocarbonetos como o β-cariofileno (22,5%), bi-ciclo-

germancreno (24,9%) e α-bergamoteno (12,1%). As folhas de M. tomentosa também

apresentaram como principais componentes inorgânicos bromo e cobalto (FRANÇA, 2005).

A B

Figura 1: Ilustrações da Marlierea tomentosa: folha (A), ramo (B).

3.4.1 Estudos com outras espécies do gênero Marlierea

A M. eugeniopsoides teve seu óleo volátil analisado frente à atividade antimicrobiana,

apresentando excelente atividade inibitória contra os microorganismos Staphilococcus

epidermidis, Staphilococcus aureus, Micrococcus luteus e Saccharomyces cerevisae. Nesta

espécie foi observada a presença de terpinoleno como componente majoritário, reconhecido

por sua atividade antimicrobiana (LIMBERGER et al., 1998). De acordo com LIMBERGER

(2004), o óleo das folhas de M. eugeniopsoides é rico em monoterpenos (56,1%)

principalmente terpinoleno e ρ-cimeno. Nas folhas de M. silvatica há a predominância de

sesquiterpenos, sendo os principais o β-cariofileno e bi-ciclo-germacreno. Mas as folhas de

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24

M. obscura são ricas em sesquiterpenos oxigenados como o espatulenol, óxido de cariofileno

e globulol.

Da fração hexânica das folhas de M. schotti foram isoladas as flavonas tectocrisina (1),

6-metiltectocrisina e 8-metiltectocrisina (AMARAL, 2001).

Ainda em estudos fitoquímicos deste gênero com a fração de acetato de etila das

folhas de M. grandifolia,foi possível isolar os flavonóides quercetina (2), quercetrina (3),

miricetina 3-ramnosídeo (4), e os compostos fenólicos ácido elágico (5) e ácido 3-O-

metilelágico (6) (AMARAL, 2001).

O

O

CH3O

OH

O

O

HO

OH

OH

OH

OH

(1) (2)

O

O

HO

OH

O

OH

OH

O

OHOH

HO

O

OHOH

HO

O

O

HO

OH

O

OH

OH

OH

(3) (4)

O

O

OH

OH

HO

HO

O

O

O

O

OH

OH

HO

HO

O

O

H3CO

(6) (5)

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25

4.0 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Materiais e reagentes

Os espectros no infravermelho (IV) foram obtidos em um espectrômetro Perkin-Elmer

FT-16 PC, em pastilha de KBr. Os espectros de ressonância magnética nuclear (RMN) de 1H

e 13C foram realizados em espectrômetro BRUKER AC-200F (1H 300 MHz; 13C 75 MHz)

(Universidade Católica de Sacro Cuore/Roma) tendo como referência interna tetrametilsilano

(TMS) ou o próprio solvente. Todos os solventes utilizados foram solventes deuterados. Os

deslocamentos químicos foram medidos em valores adimensionais (δ ppm).

Para cromatografia em coluna aberta (CC) foi utilizada a sílica gel (0,063 – 0,200

mesh) MERCK como fase estacionária, utilizando-se como fase móvel solventes orgânicos

em ordem crescente de polaridade, de acordo com a afinidade pelo extrato ou fração

submetidos ao processo. As frações foram coletadas, o solvente foi evaporado à temperatura

ambiente e reunidas conforme as semelhanças de Rf observadas por cromatografia em

camada delgada (CCD). Para isolamento dos compostos também foi utilizada cromatografia

“Flash” utilizando coluna e sílica adequada para este tipo de procedimento.

Na cromatografia em camada delgada (CCD) foi utilizada sílica gel 60 GF 254 da

MERCK como fase estacionária e como fase móvel misturas de solventes orgânicos em

diferentes graduações. A revelação dos cromatogramas foi realizada por aspersão de reativos

específicos, como anisaldeído sulfúrico (esteróides e/ou terpenóides), reativos de Dragendorff

(alcalóides) ou cloreto férrico (compostos fenólicos) de acordo com metodologias descritas na

literatura (UGAZ, 1994). O grau de pureza dos compostos isolados foi verificado através de

CCD, RMN de 1H e RMN de 13C. Os pontos de fusão dos compostos isolados foram

determinados em um equipamento Microquímica AP-300.

Os eluentes utilizados para a cromatografia em coluna e camada delgada foram grau

de pureza P.A, ou foram tratados e destilados de maneira usual.

4.2 Material vegetal

Para o isolamento dos compostos foram utilizados as folhas e caules de Marlierea

tomentosa Cambess, família Myrtaceae. As partes da planta foram coletadas em junho de

2003 em Itajaí-SC, na localidade conhecida como Morro do Baú e identificada pelo Prof Dr.

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26

Ademir Reis do horto botânico da Universidade Federal de Santa Catarina. Uma exsicata

encontra-se depositada no Herbário Barbosa Rodrigues (HBR) em Itajaí- SC, identificada

como VC Filho 037.

4.3 Isolamento e identificação de metabólitos secundários das folhas de M. tomentosa

As folhas foram secas à temperatura ambiente (800 g), moídas e posteriormente

submetidas à extração com 11 litros de metanol por 7 dias. O solvente foi evaporado sob

pressão reduzida até a secura (evaporação total do metanol). O extrato metanólico bruto

obtido foi dissolvido em metanol/água (1:1) e então particionado sucessivamente com

solventes de polaridade crescente (hexano, diclorometano, acetato de etila, butanol) para a

obtenção das frações semi-purificadas. (CECHINEL FILHO e YUNES, 1998). A figura 2

mostra os procedimentos mencionados.

Após a obtenção das frações, estas foram avaliadas fitoquimicamente. Amostras do

extrato metanólico bruto e das frações foram avaliados em testes farmacológicos.

Devido a semelhança no perfil fitoquímico das frações de hexano (HEX) e

diclorometano (DCM), estas foram agrupadas e cromatografadas em coluna de vidro, sobre

sílica gel 60, utilizando como solvente uma mistura de hexano/acetona com aumento

gradativo da polaridade. Através deste procedimento foi possível o isolamento dos compostos

Mt-1 e Mt-2 (21mg).

A fração de acetato de etila (AE) (2,01 g) foi cromatografada em colunas de vidro

sobre sílica gel 60, utilizando-se como solvente uma mistura de clorofórmio/metanol com

aumento gradativo de polaridade. As frações similares, monitoradas por CCD, foram reunidas

de acordo com suas polaridades e sucessivamente recromatografadas utilizando cromatografia

em coluna fornecendo os compostos Mt-3 (39mg) e Mt-4 (27mg).

4.4 Isolamento e identificação de metabólitos secundários dos caules de M. tomentosa

Os caules foram secos a temperatura ambiente (800 g), moídos e

posteriormente submetidas à extração com 5 litros de metanol por 7 dias. O solvente foi

evaporado sob pressão reduzida até a secura (evaporação total do metanol). O extrato

metanólico bruto obtido foi dissolvido em metanol/água (1:1) e então particionado

sucessivamente com solventes de polaridade crescente (hexano, diclorometano, acetato de

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27

etila) para a obtenção das frações semi-purificadas. (CECHINEL FILHO e YUNES, 1998). A

figura 3 mostra os procedimentos mencionados.

Após a obtenção das frações, estas foram avaliadas fitoquimicamente. Amostras do

extrato metanólico bruto e das frações foram avaliados em testes farmacológicos.

A fração de HEX (953 mg) foi cromatografada em colunas cromatográficas (CC),

sobre sílica gel 60 utilizando como solvente uma mistura de hexano/acetona com aumento

gradativo de polaridade. As frações similares monitoradas por CCD, foram reunidas e

submetidas a nova CC e assim sucessivamente usando o sistema de solvente citado acima,

possibilitando o isolamento do composto Mt-5 (64mg).

A fração de AE foi cromatografada em colunas cromatogáficas (CC), sobre sílica gel

60 utilizando como solvente uma mistura de clorofórmio/metanol com aumento gradativo de

polaridade, porém não foi possível o isolamento de compostos desta fração.

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28

Folhas M. tomentosa

800 g Maceração MeOH (7 dias) Evaporação sob pressão reduzida

Extr. Bruto Metanólico

34,1 g Testes

Farmacológicos

Fração HEX

0,15 g Fração DCM

0,58 g Fração AE

3,36 g Fração BuOH

3,48 g

Testes Farmacológicos

Procedimentos Cromatográficos

Procedimentos Cromatográficos

Compostos puros

Compostos puros

Elucidação Estrutural (IV, RMN)

Elucidação Estrutural (IV, RMN)

Composto Mt-1

+ Composto Mt-2

(21 mg)

Composto Mt-3 (39 mg)

Composto Mt-4 (27 mg)

Figura 2: Procedimento usado durante preparação e fracionamento do extrato das

folhas de M. tomentosa.

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29

Caules M. tomentosa

800 g

Maceração MeOH (7 dias) Evaporação sob pressão reduzida

Extr. Bruto Metanólico

39,3g Testes

Farmacológicos

Fração HEX 1,03 g

Fração DCM 0,47 g

Fração AE 2,07 g

Testes Farmacológicos

Procedimentos

Cromatográficos

Compostos

puros

Elucidação Estrutural

(IV, UV, RMN)

Composto Mt -5

(64 mg) Figura 3: Procedimento usado durante preparação e fracionamento do extrato dos

caules de M. tomentosa

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30

4.5 Análise farmacológica

4.5.1 Análise da atividade antinociceptiva

a) Teste das contorções abdominais induzidas pelo ácido acético

Preliminarmente foi verificado o efeito das frações e/ou compostos no teste das contorções

abdominais. Embora este seja um modelo de nocicepção simples e pouco específico, permite

avaliar em um primeiro momento a atividade analgésica de várias substâncias que atuam tanto ao

nível central quanto periférico. A resposta nociceptiva foi induzida pela injeção intraperitoneal de

ácido acético (0,6%) diluído em solução salina (0,9%). As contorções abdominais consistem

basicamente da contração da musculatura abdominal juntamente com a extensão de uma das patas

posteriores, de acordo com o método descrito anteriormente (COLLIER et al., 1968; SOUZA et al.

1998; BRESCIANI et al. 2003).

Após a injeção do ácido acético os camundongos foram observados em pares e colocados

em funis de vidro individuais. O número de contorções abdominais foi quantificado

cumulativamente durante um período de 20 minutos A atividade analgésica foi determinada,

tomando-se como base a inibição do número das contorções abdominais dos animais pré-tratados

com os extratos brutos, frações ou composto ativo isolado, administrados sistemicamente via

intraperitoneal.

b) Dor induzida pela formalina

Para confirmação do efeito analgésico do composto isolado dos caules de M.tomentosa foi

utilizado o teste de dor, induzida pela injeção intraplantar de formalina. O procedimento utilizado

foi similar ao descrito anteriormente (HUNSKAAR,1987; SOUZA et al., 1998; MENDES et al.,

2000). Os animais receberam 20 μl de formalina a 2,5% (0,92% de formaldeído) ou solução salina

na região intraplantar das patas posterior direita e esquerda, respectivamente.

Logo após a injeção de formalina os animais foram colocados individualmente em funis de

vidro ao lado de um espelho para facilitar a observação. Logo após foi registrado o tempo em que

o animal permanece lambendo ou mordendo a pata injetada com formalina, sendo esse tempo,

cronometrado (em s) e considerado como indicativo de dor. Esse modelo permite evidenciar duas

fases de sensibilidade dolorosa: a primeira, que ocorre durante os primeiros 5 minutos após a

injeção da formalina (dor de origem neurogênica), e a segunda, que ocorre entre 15 a 30 min após

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31

a formalina, representando a resposta tônica à dor, acompanhada por uma resposta inflamatória

relacionada com a liberação de mediadores químicos da inflamação.

4.5.2 Análise da atividade antimicrobiana

a) Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM)

Os extratos e frações obtidos foram avaliados quanto a sua atividade antimicrobiana

através do método da concentração inibitória mínima (CIM) inicialmente, contra bactérias

(Escherichia coli e Staphylococcus aureus) e fungo (Cândida albicans). As bactérias foram

previamente ativadas em caldo de infusão de cérebro e coração e os fungos foram ativados em

agar Sabouraud dextrose.

Os extratos e frações foram dissolvidos em DMSO e adicionados em cinco séries de

cinco frascos de vidros nas concentrações de 200 μg/mL a 1000 μg/mL. A cada frasco foi

adicionado 1 mL de meio de cultura Agar MuellerHinton para as bactérias e Agar Sabourand

para os fungos, seguido de homogeinização. Após a solidificação dos respectivos meios de

cultura, os microorganismos foram incubados nas séries correspondentes, sendo incubados a

37oC por 18 a 24h para E. coli e S. aureus e a 37oC por 24 a 48 horas para C. albicans

(ZACCHINO,2001; PRETTO, 2004).

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32

5.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Resultados fitoquímicos

5.1.1 Isolamento e identificação dos metabólitos secundários das folhas de M. tomentosa

Para a análise dos compostos químicos presentes nas folhas de M. tomentosa,

foi preparado o extrato metanólico a partir de 800 g de material vegetal previamente seco e

moído grosseiramente. Após sucessivas partições com solventes de polaridade crescente,

foram obtidas as frações de hexano (HEX), diclorometano (DCM), acetato de etila (AE) e

butanol (BuOH) com rendimentos de 0,0189%, 0,0721%, 0,419% e 0,434%

respectivamente.

Estas frações foram avaliadas primeiramente em cromatografia de camada delgada

(CCD). As frações de HEX e DCM mostraram perfil fitoquímico semelhante, apresentando

uma variedade de compostos quando revelados com anisaldeído sulfúrico (esteróides e

terpenóides). As frações de AE e BuOH apresentaram manchas características quando

revelados com cloreto férrico, indicando a presença de compostos fenólicos. Não foi

verificada a presença de alcalóides pois não revelaram manchas características quando

utilizado o revelador Dragendorff.

5.1.1.1 Composto Mt-1 e Mt-2

Devido a semelhança no perfil fitoquímico das frações de HEX e DCM, estas foram

agrupadas e cromatografadas em coluna de vidro sobre sílica gel 60, utilizando como solvente

uma mistura de hexano/acetona com aumento gradativo da polaridade. Através deste

procedimento foi possível o isolamento de uma mistura de compostos aqui denominados de

Mt-1 e Mt-2 (21 mg), a qual apresentou-se como cristais brancos com ponto de fusão entre

189 –192oC .

Analisando o espectro no Infra vermelho (Figura 4), este mostra absorções na região

de 3200 cm-1 correspondente a deformação axial característica do grupamento OH. Na região

de 2900 cm-1 encontra-se a absorção correspondente a deformação axial do grupamento C-H.

e na região de 1550 cm-1 uma absorção correspondente deformação axial C=C. Em 1036 cm1

podemos observar a absorção da deformação angular do grupamento OH.

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33

Figura 4: Espectro no Infra-vermelho dos compostos Mt-1 e Mt-2 (pastilha de KBr)

cm-1

Através do espectro no Infra-vermelho e de análise em Co-CCD utilizando amostra

autêntica como padrão, foi possível sugerir que os compostos anteriormente denominados de

Mt-1 e Mt-2, trata-se da mistura de triterpenos pentacíclicos α-amirina (7) e β-amirina (8),

respectivamente. Esta mistura de compostos é muito comum de ser encontrada em plantas e

de difícil separação por possuírem polaridade muito semelhante.

Neste sentido, o espectro de RMN-1H da mistura de compostos Mt-1 e Mt-2 (Figura

5) apresentou um padrão característico de triterpenóides, confirmado pela presença de vários

singletos na região de δ 0,8 a 1,3. Também apresentou um duplo-dupleto em δ 3,25

característico de H-3 em triterpenóides do tipo 3β-OH e dois tripletos δ 5,15 e 5,20

correspondente aos hidrogênios H-12 e H-13 da olefina.

O espectro de RMN-13C (Figura 6) apresentou sinais em δ 77,5 e 77,8 atribuídos ao

carbono carbinólico C-3. Na região das olefinas foram observados dois pares de sinais mais

intensos, referentes aos constituintes majoritários, dos quais δ 145,0 (C) e δ 122,0 (CH)

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34

caracterizam a β-amirina. E δ 139,6 (C) e δ 124,7 (CH), a α-amirina sendo este último o

constituinte principal.

A comparação dos resultados obtidos com os relatados na literatura (JUNIOR, 2005;

CARVALHO, 1998) permitiu identificar os triterpenóides α-amirina e β-amirina, na razão de

5:2, determinada por comparação dos valores da integração dos sinais da região das olefinas

(δ 5,15 e 5,20) e do hidrogênio em carbono carbinólico (δ 3,25), no espectro de RMN-1H.

Considerando-se que foram obtidos após fracionamento cromatográfico 21 mg da mistura de

triterpenos, e considerando a proporção entre eles, contatou-se que 10,5 mg corresponde a α-

amirina e 4,2 mg a β-amirina.

HOHO

Mt-1 (7) Mt-2 (8)

A atividade farmacológica desta mistura de triterpenos já foi muitas vezes estudada e

citada em literaturas especializada. α-amirina e β-amirina foi anteriormente isolada de

diversas plantas, podendo ser citado a Protium kleinii (OTUKI et al., 2005), Protium

heptaphyllum (OLIVEIRA et al., 2004) e Carmona retusa (VILLASENOR et al., 2004).

Estes compostos quando estudados associados apresentaram atividade antinociceptiva

periférica, espinal e supra-espinal em roedores (OTUKI et al., 2005b), atividade gastro-

protetora (OLIVEIRA et al., 2004), atividade hepatoprotetora (OLIVEIRA et al., 2004 b) e

atividade antimicrobiana moderada contra Staphylococcus aureus, Cândida albicans, e

Trichophyton mentagrophytes (VILLASENOR et al., 2004). A α-amirina isolada apresentou

atividade similar a dexametasona, sendo uma boa candidata à droga com efeito anti-

inflamatório com boa permeabilidade pela pele (OTUKI et al., 2005).

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35

Figura 5: Espectro de RMN-1H (300 Mz) dos compostos Mt-1 e Mt-2 em CDCl3

usando TMS como padrão interno de referência.

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36

Figura 6: Espectro de RMN-13C do composto Mt-1 e Mt-2 em acetona-d6 usando TMS como

padrão interno de referência.

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37

5.1.1.2 Composto Mt-3

A fração de AE (2,01 g) foi cromatografada em colunas de vidro, sobre sílica gel 60,

utilizando como eluente uma mistura de clorofórmio/metanol com aumento gradativo de

polaridade. As frações similares monitoradas por CCD, foram reunidas e submetidas a

sucessivas cromatografias em coluna aberta, usando o sistema de solvente citado acima,

possibilitando o isolamento de dois compostos denominados de Mt-3 (39mg) e Mt-4 (27mg).

Estes compostos quando revelados com cloreto férrico mostraram manchas características de

compostos fenólicos, possivelmente flavonóides.

A identificação do composto Mt-3 foi realizada através de análises espectrais

comparadas com as citadas em literatura.

Observa-se no espectro no IV (Figura 7) banda de deformação axial de OH em 3400

cm-1, em 1656 cm-1 sinal correspondente à deformação axial C=O e em 1610 cm-1 deformação

axial de C=C, como os principais sinais de absorção de energia no infravermelho (JEONG;

SHIM, 2004).

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38

cm-1

Figura 7: Espectro no IV do composto Mt-3 (pastilha KBr).

O espectro de RMN-1H (Figura 8) do composto Mt-3 apresenta sinais característicos

do flavonóide quercitrina conforme descrito em literatura, sendo alguns destes: δ 13,4

referente ao OH ligado ao C-5; δ 8,04 referente ao H-2’e δ 7,7 referente ao H-6’ e δ 7,3

referente ao H-5’. Também sinais em δ 6,7 e 6,6 referentes ao H-6 e H-8 respectivamente. Os

hidrogênios referentes ao açúcar encontram-se na região de δ 6,3-1,5. Os valores de RMN-1H

e 13C encontram-se na tabela 1.

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39

Tabela 01: Valores dos deslocamentos químicos (ppm) de 1H e 13C para o flavonóide

quercitrina conforme valores obtidos para o composto isolado, em piridina-d5 (300 MHz) e

dados da literatura.

Carbono δ 13C

CD3OD (100

MHz)a

δ 1H (mult., J=Hz)

DMSO-d6 (600

MHz) a

Composto

Mt-3

δ 13C

Composto Mt-3

δ 1H (mult., J=Hz)

2 158,6 - 157,5 -

3 136,3 - 135,8 -

4 179,7 - 178,9 -

5 163,3 - 162,7 -

6 99,8 6,3 (d J= 2,0) 99,5 6,7 (d J= 2,0)

7 165,9 - 165,6 -

8 94,7 6,4 (s J= 2,0) 94,3 6,6 (d J= 2,0)

9 159,3 - 158,0 -

10 105,9 - 105,2 -

1` 122,9 - 122,1 -

2` 116,9 7,4 (d J= 2,3) 116,3 8,0 (d J= 2,1)

3` 146,4 - 147,1 -

4` 149,8 - 150,3, -

5` 116,4 7,1 (d J= 8,2) 116,9 7,3 (d J= 8,3)

6` 123,0 7,4 (dd J= 8,2; 2,3) 121,9 7,7 (dd J= 8,3; 2,1)

1” 103,6 5,48 (d J= 1,6) 103,8 6,3 (d J= 1,4)

2” 72,1 4,3 (dd J= 1,6; 3,0) 73,1 5,1 (dd J= 1,5; 2,5)

3” 72,1 3,9 (dd J= 3,2; 9,5) 72,3 4,6 (dd J= 3,3; 9,0)

4” 73,3 3,5 (t J= 9,5) 71,9 4,32 (t)

5” 71,9 3,5 (dd J= 9,5; 6,2) 71,8 4,35 (m)

6”

OH

17,7 1,1 (d J= 6,2) 18,2 1,5 (d J= 6,0)

13,4

a XI-ZING et.al., 1997

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40

Figura 8: Espectro de RMN-1H (300 Mz) do composto Mt-3 em piridina-d5 usando TMS

como padrão interno de referência.

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41

Figura 9: Espectro de RMN-13C (APT) do composto Mt-3 em piridina-d5 usando TMS como

padrão interno de referência.

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42

O espectro de RMN-13C apresenta os sinais na região de δ 73,7 a 71,7 referentes aos carbonos

da C-2” e C-5” . Em δ 103,8 sinal referente ao carbono anomérico.

Também apresenta sinais em δ 94,3; 99,5; 105,2; 157,4; 158,0; 162,7; 165,6 e 178,9

referentes aos respectivos carbonos: 8, 6, 10, 2, 9, 5, 7 e 4. Demais sinais correspondem aos

citados em literatura (XI-ZING et al., 1997; MAJINDA et al. 1997; MEYRE SILVA, 2003).

A quercitrina (quercetina-3-O-ramnosídeo) (3) é um flavonóide heterosídico, o qual

foi isolado sob a forma de pó amorfo e cristais de coloração amarela, com ponto de fusão

entre 176-179 ºC, num rendimento total de 39 mg.

O

O

HO

OH

O

OH

OH

O

OHOH

HO

2

345

6

7

8

1'

2'

3'

4'

5'

6'

1''

2''

3''

4''5''6''

9

10

Mt-3 (3)

Na literatura especializada podemos encontrar dados sobre a atividade antioxidante e

anti-radicais livres exercida pelos flavonóides (MARTÍNEZ-FLÓREZ, 2002; TRUEBA,

2003).

A quercitrina já foi isolada anteriormente de diversas plantas podendo ser citada a

Marlieria grandifolia (AMARAL, 2001), Bauhinia microstachya (MEYRE-SILVA, 2001;

MEYRE-SILVA, 2003), espécies de Hypericum (DALL’AGNOL et al., 2003), Leea

guineense (OP DE BECK, 2003) e Diodia teres (LEE, 2004). Este composto apresentou

potente atividade analgésica frente ao teste de ácido acético, sendo esta ação dose-dependente

(MEYRE-SILVA, 2001), atividade anti-inflamatória (FERMIN, 1996), atividade hipotensiva

(NOVOA, 1985) e atividade antiviral contra o vírus da herpes (MUSCI, 1992).

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43

5.1.1.3 Composto Mt-4

Da mesma forma que a quercitrina, o composto Mt-4 se tratava de um sólido de forma

amorfa e amarelo com ponto de fusão entre 227 – 229 oC . Os espectros de RMN-1H e RMN-13C não estão sendo mostrados neste trabalho por serem muito semelhantes com o da

quercitrina. A diferença entre a quercitrina e o composto Mt-4 consiste somente no açúcar

ligado ao C-3, onde na quercitrina o açúcar é a ramnose e no composto Mt-4 é a glicose. No

espectro de RMN-1H, esta diferença é observada no H anomérico onde para a quercitrina

aparece em δ 6,3 e para Mt-4 em δ 5,4. Ainda podemos observar para a quercitrina um sinal

em δ 1,5 correspondente ao metila em C-6”, e para o composto Mt-4 podemos observar um

multipleto em δ 3,22 correspondente ao metileno em C-6’’. Para o espectro de RMN-13C, a

maior diferença pode ser observada no sinal em δ 60,8 referente a C-6” do composto Mt-4, o

qual é observado em δ 18,2 na quercitrina. Os dados de RMN-1H e RMN-13C podem ser

observados na tabela 2.

Tabela 2: Dados de RMN-1H /CD3OD (300MHz) e RMN-13C (CD3OD) (75MHz) dos

compostos Mt-3 (quercitrina) e Mt-4.

Mt-3 Mt-4 Mt-3 Mt-4 H RMN-1H

δ, (mult) RMN-1H δ,(mult)

C RMN-13C δ

RMN-13C δ

2 157,5 156,3

3 135,8 133,5

4 178,9 177,5

5 162,7 160,1

6 6,7(d) 6,1(d) 6 99,5 98,5

7 165,6 163,7

8 6,6(d) 6,3(d) 8 94,3 93,5

9 158,0 156,4

10 105,2 103,8

1’ 122,1 120,9

2’ 8,0(d) 7,5(d) 2’ 116,3 115,8

3’ 147,1 144,5

4’ 150,3 147,1

5’ 7,3(d) 6,9(d) 5’ 116,9 116,3

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44

6’ 7,7(dd) 7,57(dd) 6’ 121,9 121,1

1” 6,3(d) 5,4(d) 1” 103,8 101,2

2” 73,1 74,3

3” 72,3 76,7

4” 71,9 70,4

5” 5” 71,8 77,8

6” 1,5 (d) 3,22 (m) 6” 60,8 18,2

Os dados apresentados para o composto Mt-4 são compatíveis com os resultados

descritos na literatura (LIM, et al., 2000; KIM et al., 2004), nos permitindo concluir que o

composto Mt-4 é o flavonóide isoquercitrina (9) ou quercitina-3-O-glucosideo. Este composto

também foi confirmado através de Co-CCD utilizando amostra autêntica como padrão.

O

O

HO

OH

O

OH

OH

O

OHOH

HO

2

345

6

7

8

1'

2'

3'

4'

5'

6'

1''

2''

3''

4''5''6''

9

10 OH

Mt-4 (9)

A isoquercitrina foi anteriormente isolada de plantas como Pterospartum tridentatum

(VITOR, 2004), Phyllanthus sellowianus (HNATYSZYN, 2002), Eucommia ulmoides (KIM,

2004), Conyza filaginoides (CALZADA, 2001), Astragalus corniculatus (KRASTEVA,

2004), Solanum incanum (LIN, 2000), Morus Alba (DOI, 2001) e Ipomoea pes-caprae

(KROGH, 1999). Este composto, assim como a maioria dos flavonóides, demonstrou

atividade antioxidante (VITOR, 2004), atividade contra o protozoário Entamoeba hystolitica

(CALZADA, 2001), atividade anti-diabética (KIM, 2004) e também foi descrita sua atividade

antinociceptiva frente aos testes de ácido acético e formalina (KROGH, 1999; MEYRE-

SILVA, 2003).

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45

5.1.2 Isolamento e identificação dos metabólitos secundários dos caules de M. tomentosa

Para a análise dos compostos químicos presentes nos caules de M. tomentosa, foi

preparado o extrato metanólico a partir de 800 g de caules previamente secos, moídos

grosseiramente e macerados em 5 litros de metanol por 7 dias. Após este período o solvente

foi evaporado utilizando evaporador rotatório a vácuo e o extrato bruto particionado com

solventes de polaridade crescente como: hexano (HEX), diclorometano (DCM) e acetato de

etila (AE) obtendo-se rendimentos de 0,128%, 0,0583 e 0,2587%, respectivamente.

Estas frações foram avaliadas primeiramente em cromatografia de camada delgada

(CCD). As frações de HEX e DCM apresentaram resultados positivos quando reveladas com

anisaldeído sulfúrico indicando a presença de esteróides e terpenóides. Por outro lado, a

fração de AE apresentou perfil fitoquímico típico de compostos fenólicos quando revelado

com cloreto férrico. Não foi verificada a presença de alcalóides pois as frações deram teste

negativo quando utilizado o revelador Dragendorff.

5.1.2.1 Composto Mt-5

A fração de HEX (953 mg) foi cromatografada em coluna (CC), sobre sílica gel 60,

utilizando como eluente uma mistura de hexano/acetona com aumento gradativo de

polaridade. As frações similares monitoradas por CCD, foram reunidas e submetidas a

sucessivas CC usando-se o sistema de solvente citado acima, possibilitando o isolamento de

um composto sólido branco com p.f. 240-247oC e denominado previamente como Mt-5 (64

mg). O espectro no Infra vermelho do composto Mt-5 (Figura 10) mostra absorção (banda

larga) na região de 3600 - 2600cm-1 correspondente a deformação axial da hidroxila do

grupamento ácido e absorções na região de 3600 - 3300cm-1 correspondente a deformação

axial da hidroxilas dos grupamentos álcoois. Na região de 2900 cm-1 encontra-se a absorção

correspondente a deformação axial de C-H. Em 1696 cm-1 uma absorção correspondente a

carbonila e na região de 1500 cm-1 a absorção correspondente a insaturação. Em 1050 cm-1

pode-se observar a absorção correspondente a deformação axial do grupamento C-O.

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46

Figura 10: Espectro de Infra-vermelho (pastilha de KBr) do composto Mt-5

O composto Mt-5 apresenta sinais bem característicos de RMN-1H (CD3OD) (Figura

11) e RMN-13C (CD3OD) (Figuras 12 e 13) de triterpenos pentacíclicos os quais são tabelados

a seguir (tabela 3), e comparados com dados da literatura (JUNGES, 2000; LIMA, et al.,

2002; VIEIRA, et al., 2004). Mas vale destacar os sinais em δ 3,70 e 3,35 referentes a H-2 e

H3 respectivamente, sinal em δ 5,3 referente a H-12 referente a olefina.

Figura 11: Espectro de RMN-1H do composto Mt-5 em CD3OD Figura 11: Espectro de RMN-1H do composto Mt-5 em CD3OD

cm-1

CH2OHHO

HOCOOH

12

3

45

6

7

8

9

10

11

1213

14

15

16

17

18

19 2021

22

2324

25 26

27

28

29 30

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47

Figura 12: Espectro de RMN-13 C ampliado entre 10 e 45ppm em CD3OD do composto Mt-5

usando TMS como padrão interno de referência

CH2OHHO

HOCOOH

12

3

45

6

7

8

9

10

11

1213

14

15

16

17

18

19 2021

22

2324

25 26

27

28

29 30

Figura 13: Espectro de RMN-13 C (APT) em CD3OD do composto Mt-5 usando TMS como

padrão interno de referência.

Figura 13: Espectro de RMN-13 C (APT) em CD3OD do composto Mt-5 usando TMS como

padrão interno de referência.

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48

Tabela 3: Dados de RMN-1H /CD3OD (300MHz) e RMN-13C (CD3OD) (75MHz) do

ácido arjunólico, comparado com dados da literatura.

H Mt-5 RMN-1H /CD3OD δ, (mult)

RMN-1H /CD3OD δ, (mult)

VIEIRA, 2004

C Mt-5 RMN-13C (CD3OD)

δ

RMN-13C (CD3OD)

δ JUNGES, 2000

1 0,90 α (m) 1,90 β (m)

0,89 α (m) 1,90 β (m)

1 47,6

47,6

2 3,70 (ddd) 3,70 (ddd) 2 69,6 68,8 3 3,35 (d) 3,35 (d) 3 78,2 78,1 4 42,7 42,5 5 47,5 48,1 6 19,1 18,4 7 33,3 33,1 8 39,8 39,9 9 47,9 48,1 10 38,2 38,2

11 1,9 (m) 1,89 α (m) 1,93 β (m)

11 24,0 23,7

12 5,3 (dd) 5,25 (t) 12 123,39 123,0 13 145,49 144,8 14 42,7 42,1 15 28,8 28,3

16 2,0 (ddd) 1,59 α (m) 1,96 β (m)

16 24,6 23,8

17 47,6 46,5 18 2,85 (dd) 2,82 (dd) 18 44,12 42,1 19 1,13 α (m)

1,60 β (m) 1,13 α (m) 1,61 β (m)

19 47,6 46,5

20 30,7 30,8 21 33,8 33,2 22 33,5 33,1

23 3,4 α (d) 3,8 β (d)

3,32 α (d) 3,51 β (d)

23 66,4 66,3

24 0,75 (s) 0,75 (s) 24 13,8 14,2 25 1,0 (s) 1,0 (s) 25 19,10 17,4 26 0,80 (s) 0,78 (s) 26 17,52 17,3 27 1,15 (s) 1,14 (s) 27 28,8 27,9 28 180,0 180,3

29 0,90 (s) 0,90 (s) 29 33,3 33,1 30 0,92 (s) 0,92 (s) 30 23,9 23,7

Estes resultados foram confirmados com dados descritos para este composto na literatura

(JUNGES, 2000; LIMA, et al., 2002; VIEIRA, et al., 2004), permitindo concluir que Mt-5

trata-se do triterpeno ácido arjunólico (10) ou ácido 2α,3β-23-triidroxiolean-12-en-28óico.

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49

CH2OHHO

HOCOOH

12

3

45

6

7

8

9

10

11

1213

14

15

16

17

18

19 2021

22

2324

25 26

27

28

29 30

Mt-5 (10)

O ácido arjunólico foi isolado anteriormente de plantas como Eugenia florida

(JUNGES, 2000),e Melaleuca alternifólia (VIEIRA, 2004), ambas pertencentes a família

Myrtaceae, Cochlospermum tinctorium (DIALLO, 1989), Cornus capitata (BHAKUNI,

2002), Pourouma guianensis (TORRES-SANTOS, 2004), Miconia trailli (ZHANG, 2003),

Cariniana rubra (LIMA, 2002). Porém, pouco se sabe sobre a atividade farmacológica deste

composto, sendo citado na literatura a atividade inseticida (BHAKUNI, 2002), ação

cardioprotetora (SUMITRA et al., 2001) e a atividade inibitória sobre o crescimento de

tumores de pele (DIALLO, 1989).

Neste sentido, uma análise sobre a ação antinociceptiva foi realizada no intuito de

embasar cientificamente a utilização desta planta como recurso terapêutico pela população.

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50

5.2 Análise da atividade farmacológica

5.2.1 Atividade antinociceptiva das folhas de M. tomentosa

A busca do alívio da dor através das diversificadas formas de terapia tem sido

marcante ao longo da história do homem e entre elas, o emprego das plantas medicinais

aparece com destaque (ALMEIDA, 2003).

Os resultados da figura 14 mostram a análise farmacológica do extrato metanólico

bruto (EMB) e das frações obtidas das folhas de M. tomentosa. Como pode ser observado, o

EMB indicou uma inibição do no de contorções abdominais induzida por ácido acético de 43

± 2,78 %. Por outro lado, a fração de DCM foi a de maior ação neste modelo com uma

inibição de 91,1 ± 3,18 %, seguida da fração de BuOH e AE. Estes resultados sugerem que a

atividade analgésica encontrada pode estar relacionada aos triterpenos α-amirina e β-amirina

isolados da fração de DCM e já descritos anteriormente na literatura (OTUKI et al., 2005b).

Da mesma forma, também pode estar associada aos compostos fenólicos presentes nas frações

de AE e BuOH, principalmente dos flavonóides.

Contorções abdominais induzidas pelo ác. acético - via i.p.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Controle Extr. bruto HEX DCM AE BuOH

Núm

ero

de c

onto

rçõe

s

19,9%

43% ** 44,4%

**71,2%

**91,1% **

Figura 14: Efeito antinociceptivo do extrato e frações obtidas das folhas de M. tomentosa no modelo de dor induzido pelo ácido acético (10 mg/kg). Cada coluna representa a média de seis experimentos. p < 0,05, **p < 0,01.

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51

5.2.2 Atividade antinociceptiva dos caules de M. tomentosa

Os resultados da figura 15 mostram a análise farmacológica do extrato metanólico

bruto e das frações obtidas dos caules de M. tomentosa. Como pode ser observado, o EMB

dos caules indicou uma inibição da contração abdominal induzida por ácido acético de 38 ±

6,73% porém, menor se comparada com a inibição causada pelo EMB das folhas.

Por outro lado, a fração de AE foi a de maior ação neste modelo com uma inibição de

70,5 ± 2,31%. Neste aspecto, podemos sugerir que compostos fenólicos presentes nesta fração

(revelado com cloreto férrico) podem ser os responsáveis pelo efeito encontrado. As frações

de HEX e DCM também tiveram ação inibitória, porém com atividade menos relevante. O

próximo passo foi investigar a atividade analgésica do triterpeno ácido arjunólico isolado da

fração de HEX, para o qual, não foi encontrado estudos na literatura sobre esta ação.

Contorções abdominais induzidas por ác. acético - via i.p.

01020304050607080

Controle Extr. bruto HEX DCM AE

Núm

ero

de c

onto

rçõe

s

**P < 0.01

38% ** 39,7%

**42,6% ** 70,5%

**

Figura 15: Efeito antinociceptivo do extrato e frações obtidas dos caules de M. tomentosa no modelo de dor induzido pelo ácido acético (10 mg/kg). Cada coluna representa a média de seis experimentos. p < 0,05, **p < 0,01.

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Na tabela 4, encontram-se os valores observados para os extratos brutos das folhas e

caules de M. tomentosa e suas respectivas frações, comparada com a ação antinociceptiva de

dois medicamentos de referência utilizadas na clínica, o acetominofem e ácido acetil

salicílico, onde podemos observar que algumas frações das folhas e caules de M. tomentosa

mostraram atividade antinociceptiva mais relevante que estas drogas.

Tabela 4: Dados da atividade antinociceptiva comparativa entre extratos brutos e frações de M. tomentosa com medicamentos utilizadas na clínica.

Tratamento Inibição (%)*

Extrato bruto (folhas) 43,0 ± 2,8**

Hexano (folhas) 19,9 ± 5,1

Diclorometano (folhas) 91,1 ± 3,2**

Acetato de etila (folhas) 44,4 ± 5,9**

Butanol (folhas) 71,2 ± 2,2**

Extrato bruto (caules) 38,0 ± 6,7**

Hexano (caules) 42,6 ± 3,0**

Diclorometano (caules) 39,7 ± 3,8**

Acetato etila (caules) 70,5 ± 2,3** a Acetaminofem 38,0 ± 1,0* a Ac. Acetil Salicílico 35,0 ± 2,0*

* Dose 10 mg/kg; b*P < 0.05; **P < 0.01. Cada grupo representa a media de seis a oito experimentos.

a Dado de Bresciani et al. (2003).

5.2.3 Atividade antinociceptiva do ácido arjunólico isolado dos caules de M. tomentosa

O ácido arjunólico (10) foi isolado da fração hexânica dos caules de M. tomentosa. Por

termos isolado uma significativa quantidade deste composto e também porque na literatura

especializada não foi encontrada nenhuma citação sobre a atividade antinociceptiva do

mesmo, submetemos a avaliação da atividade em dois modelos clássicos de dor: ácido acético

e formalina.

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53

0

10

20

30

40

50

60

Controle 10 mg/Kg

Acido Arjunólico - Ácido acético via i.p.

Num

ero

de c

onto

rçõe

s

81,2%**

Ácido arjunólico – Ácido acético via i.p.

Figura 16: Efeito antinociceptivo do ácido arjunólico isolado dos caules de M. tomentosa no modelo de dor induzido pelo ácido acético (10 mg/kg). Cada coluna representa a média de seis experimentos. p < 0,05, **p < 0,01.

Como pode ser observado na figura 16, a análise farmacológica do ácido arjunólico

isolado da fração hexânica dos caules de M. tomentosa (10mg/kg) causou uma inibição

significativa da contração abdominal induzida por ácido acético de 81,2 %. Se compararmos

com a inibição observada para a fração hexânica (42,6%) (Fig.15) podemos sugerir que parte

da ação antinociceptiva observada nesta fração pode estar relacionada com a presença deste

triterpeno.

No mesmo experimento, podemos observar que o ácido arjunólico apresentou

atividade antinociceptiva mais promissora que medicamentos usualmente utilizadas na

clínica como acetominofem e ácido acetil salicílico (Tabela 5).

Tabela 5: Dados da atividade antinociceptiva comparativa entre o triterpeno ácido

arjunólico e medicamentos utilizadas na clínica.

Tratamento Inibição (%)*

81,2%** Ácido arjunólico a Acetaminofem 38,0 * a Ac. Acetil Salicílico 35,0 *

* Dose 10 mg/kg; b*P < 0.05; **P < 0.01. Cada grupo representa a media de seis a oito experimentos.

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Quando a atividade antinociceptiva do ácido arjunólico foi analisada no teste da

formalina, modelo mais específico, o qual permite avaliar dois tipos distintos de dor: a

primeira fase de origem neurogênica (estimulação direta dos neurônios nociceptivos) e a

segunda fase de origem inflamatória representando a resposta tônica à dor, acompanhada de

uma resposta inflamatória relacionada com a liberação de mediadores químicos da

inflamação, foi possível confirmar a atividade antinociceptiva deste composto, como pode ser

observado na figura 17.

0102030405060708090

100

controle 10 mg/Kg

Formalina Fase I - Ácido Arjunólico

tem

po (s

) 35,4%*

0

50

100

150

200

250

300

controle 10 mg/Kg

Formalina Fase II - Ácido Arjunólico

tem

po (s

) 38,1%**

Fase II– Ácido Arjunólico Fase I – Ácido Arjunólico

Figura 17: Efeito antinociceptivo do ácido arjunólico isolado dos caules de M. tomentosa no modelo de dor induzido pela formalina (10 mg/kg), Fase I e Fase II. Cada coluna representa a média de seis experimentos. p < 0,05, **p < 0,01.

O ácido arjunólico mostrou uma inibição de 35,4 % da primeira fase da dor (de origem

neurogênica). Porém, quando avaliado frente a Fase II da dor (Fig.17), mostrou-se mais ativo

com inibição de 38,1 %.

Se compararmos com a indometacina, medicamento usualmente utilizado na clínica,

ainda no teste da formalina, podemos observar que o ácido arjunólico apresentou atividade

antinociceptiva promissora sendo apenas 2 vezes menos eficaz que este medicamento.

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Tabela 6: Dados da atividade antinociceptiva comparativa entre o triterpeno ácido arjunólico e medicamento utilizado na clínica, frente ao teste da formalina

Tratamento Fase I – Inibição (%) Fase II - Inibição (%)

Ácido arjunólico 34,2* 38,1%**

Indometacina 10,0 70,0 ** * Dose 10 mg/kg; b*P < 0.05; **P < 0.01. Cada grupo representa a media de seis a oito experimentos.

5.3 Análise da atividade microbiológica

5.3.1 Atividade antimicrobiana e antifúngica das folhas e caules de M. tomentosa

Para a realização dos testes antimicrobianos e antifúngicos através da diluição em

ágar, concentrações de até 1000 μg/mL dos extratos metanólicos brutos e frações das folhas e

caules de M. tomentosa foram incorporados nos meios de crescimento.

Os extratos ou frações com Concentração Inibitória Mínima (CIM) < 1000 μg/mL

contra qualquer espécie bacteriana ou fúngica, foram considerados ativos. Os

microorganismos testados foram a bactéria Gram-positiva Staphylococcus aureus, a bactéria

Gram-negativa Escherichia coli e a levedura Candida albicans.

Como pode ser observado nas tabelas 6 e 7, nenhum extrato bruto ou fração foi ativo

para as espécies E. coli e C. albicans pois tiveram CIMs > 1000 μg/mL. Por outro lado, as

frações mais polares como DCM, AE e BuOH das folhas e AE dos caules apresentaram

atividade contra a bactéria S. aureus, com valores de CIM de 500, 300, 900 e 600 μg/mL,

respectivamente.

Tabela 7: Dados da determinação da concentração inibitória mínima (CIM) do extrato metanólico bruto e frações das folhas de M. tomentosa Extrato/ Fração S. aureus E. coli C. albicans

Extr. bruto MeOH > 1000 > 1000 > 1000

Fração HEX > 1000 > 1000 > 1000

Fração DCM 500 > 1000 > 1000

Fração AE 300 > 1000 > 1000

Fração BuOH 900 > 1000 > 1000

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Tabela 8: Dados da determinação da concentração inibitória mínima (CIM) do extrato

metanólico bruto e frações dos caules de M. tomentosa

Extrato/ Fração S. aureus E. coli C. albicans

Extr. bruto MeOH > 1000 > 1000 > 1000

Fração HEX > 1000 > 1000 > 1000

Fração DCM > 1000 > 1000 > 1000

Fração AE 600 > 1000 > 1000

Através dos dados obtidos, podemos verificar que a fração de AE das folhas de M.

tomentosa apresentou o melhor resultado contra S. aureus com CIM de 300 μg/mL, onde

podemos sugerir que a ação antimicrobiana pode estar relacionada com flavonóides presentes

nesta fração. Dados encontrados na literatura, já descrevem a ação antimicrobiana de

flavonóides (MEYRE-SILVA et al., 2001; CALZADA, 2001; MARTÍNEZ-FLÓRES, 2002;

TRUEBA, 2003).

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6.0 CONCLUSÕES

Os resultados obtidos neste trabalho permitiram concluir que:

• Nas folhas e caules de M. tomentosa há maior concentração de compostos de natureza

fenólica como flavonóides e esteroidal/ terpênica e ausência de alcalóides.

• Das folhas de M. tomentosa foi possível isolar os triterpenos alfa e beta –amirina e os

flavonóides quercitrina e isoquercitrina.

• Dos caules de M. tomentosa foi isolado o triterpeno ácido arjunólico, sendo este,

provavelmente o composto majoritário nesta parte da planta.

• Os extratos brutos metanólicos das folhas e caules de M. tomentosa, assim como as

frações de HEX, DCM e AE, demonstraram atividade antinociceptiva promissora

frente ao teste de ácido acético se comparado com fármacos clássicos usados na

clínica.

• O ácido arjunólico isolado dos caules de M. tomentosa apresentou atividade

antinociceptiva promissora frente ao teste do ácido acético (81,2%) e também

atividade antinociceptiva significativa frente ao teste da formalina, inibindo 34,2% a

primeira fase da dor (de origem neurogênica) e 38,1% a segunda fase da dor (de

origem inflamatória).

• As frações mais polares das folhas (DCM, AE, BuOH) e dos caules (AE)

apresentaram atividade antimicrobiana contra S. aureus.

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7.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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