ESTUDO DE VIABILIDADE DE UM PROCESSO DE … · de Bacharel em Química do Centro ... por todo o...

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0 DAFNE QUINTAS WASZAK ESTUDO DE VIABILIDADE DE UM PROCESSO DE BIORREMEDIAÇÃO EM SOLO CONTAMINADO COM HIDROCARBONETO POLICÍCLICO AROMÁTICO (HPA) BENZO(A)PIRENO CANOAS, 2010

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DAFNE QUINTAS WASZAK

ESTUDO DE VIABILIDADE DE UM PROCESSO DE

BIORREMEDIAÇÃO EM SOLO CONTAMINADO COM

HIDROCARBONETO POLICÍCLICO AROMÁTICO (HPA)

BENZO(A)PIRENO

CANOAS, 2010

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DAFNE QUINTAS WASZAK

ESTUDO DE VIABILIDADE DE UM PROCESSO DE

BIORREMEDIAÇÃO EM SOLO CONTAMINADO COM

HIDROCARBONETO POLICÍCLICO AROMÁTICO (HPA)

BENZO(A)PIRENO

Trabalho de conclusão apresentado ao Curso de Química do Centro Universitário La salle – Unilasalle como exigência parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Química.

Orientação: Prof. Dr. Delmar Bizani

Co-Orientação: Profª Dra. Ana Cristina Borba da Cunha

CANOAS, 2010

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DAFNE QUINTAS WASZAK

ESTUDO DE VIABILIDADE DE UM PROCESSO DE

BIORREMEDIAÇÃO EM SOLO CONTAMINADO COM

HIDROCARBONETO POLICÍCLICO AROMÁTICO (HPA)

BENZO(A)PIRENO

Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Química do Centro Universitário La salle - Unilasalle.

Aprovado pelos avaliadores em 9 de Dezembro de 2010.

_______________________________________________

Prof. Dr. Delmar Bizani

Unilasalle.

________________________________________________

Profª Dra. Ana Cristina Borba da Cunha

Unilasalle.

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Aos meus pais, Robson e Mônica, eternos

e incansáveis incentivadores, pelo que

sou e realizo, simplesmente.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela minha vida, por estar sempre ao meu

lado me iluminando.

Ao meu pai Robson, sem ele com certeza eu não chegaria aqui. Pai, obrigada

pelo “paitrocínio”, pelo apoio, por todas as caronas de volta para a casa depois das

aulas, inverno, verão, sempre esteve presente nesta jornada! Te amo demais.

Agradeço à minha mãe Mônica, pela minha educação, pelo incentivo para o

estudo, pelo carinho, dedicação, “puxões de orelha”, paciência, e principalmente

pelo amor de mãe sempre presente. Te amo demais, obrigada!

Agradeço aos meus familiares que me ajudaram nesta jornada, principalmente

minhas avós, Marise e Elza, sempre presentes em minha vida, grandes

incentivadoras. Vó Marise, obrigada por tudo que tens feito por mim neste momento

decisivo, a Sra. Também faz parte dessa conquista.

Agradeço ao meu namorado Márcio por todo o carinho, atenção, paciência e

incentivo, por estar sempre ao meu lado.

Agradeço aos meus amigos que estiveram comigo nesta fase, ouviram minhas

angústias, meus medos, e sempre estiveram ao meu lado dando muita força.

Agradeço aos meus colegas de faculdade que se tornaram amigos também,

hoje fazem parte desta jornada, obrigada pelo apoio, pela ajuda no estudo, pela

parceria sempre.

Meus agradecimentos especiais por este trabalho são para as pessoas que

foram fundamentais. Agradeceria em inúmeras linhas por todo o tempo dedicado a

minha pessoa. Obrigada de coração por tudo! São eles:

Meu orientador Prof. Delmar, por todo o conhecimento passado de

microbiologia desde o estágio até a conclusão deste trabalho. Agradeço por toda a

dedicação na minha metodologia, pelo apoio e incentivo.

À co-orientadora Profª. Ana, presente desde o início da minha vida acadêmica.

Agradeço imensamente pela dedicação ao meu trabalho, pela sugestão do tema,

constante motivadora.

Ao Matheus, parceria de pesquisa, colega de curso, uma “pessoinha”

maravilhosa que me ajudou muito, esteve presente em todas as etapas no

laboratório. Obrigada por tudo querido!

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Agradeço também ao Jéferson, aluno do mestrado, que esteve presente

durante toda a metodologia. Obrigada pela ajuda!

À Priscila, por todo o material concedido, pela disponibilidade no início da

pesquisa, você foi o ponto de partida. Obrigada Pri!

À Jéssica, técnica do laboratório de química, por todas as dicas, ajuda em

qualquer dúvida. Obrigada!

Aos professores, pela minha formação e por todo o conhecimento transferido.

Agradeço a todos que colaboraram de forma direta ou indireta para que este

trabalho pudesse ser concluído.

Obrigada a todos pela atenção e paciência, e pelo tempo a mim dedicado.

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“Determinação, coragem e auto confiança são fatores decisivos para o sucesso. Se estamos possuídos por uma inabalável determinação conseguiremos superá-los. Independentemente das circunstâncias, devemos ser sempre humildes, recatados e despidos de orgulho.”

(Dalai Lama)

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RESUMO

Os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) são compostos mutagênicos e

carcinogênicos aos humanos e aos animais que são introduzidos no ambiente em

grandes quantidades devido às atividades relacionadas à extração, ao transporte, ao

refino, à transformação e à utilização do petróleo e de seus derivados. Apesar disso,

a grande maioria dos microorganismos do solo não possui a capacidade de

degradá-los, o que resulta na sua acumulação no ambiente e na conseqüente

contaminação dos ecossistemas. Uma estratégia para eliminação dos HPAs do solo

é através da biorremediação, na qual os microorganismos que apresentam a

capacidade de metabolizar estes compostos irão transformá-los em substâncias

inertes, CO2 e água. O presente trabalho apresenta uma proposta para

biorremediação de um solo inerte contaminado com o benzo(a)pireno, o qual

apresenta um elevado grau de toxicidade. Após a contaminação, o solo foi

submetido a análises físicas e químicas para caracterização e determinação do

ponto de partida, foram realizadas análises microbiológicas para monitoramento do

crescimento microbiano, no qual o benzo(a)pireno foi monitorado quantitativamente.

Palavras-chave: Biorremediação. HPAs. Benzo(a)pireno.

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ABSTRACT

Polycyclic aromatic hydrocarbons (PAHs) are mutagenic and carcinogenic and

compounds to the humans and animals released through the environment buy

anthropogenic activities related to the extraction, transport, refine, transformation and

use of the petroleum and its derivatives. Most of the soils microorganisms do not

possess the capacity to degrade them, which results in its accumulation in the

atmosphere and contamination of the ecosystems. A strategy for PAHs elimination

from the soil is through the bioremediation, where microorganisms having capacity to

metabolize these compounds will transform them in inert substances, CO2 and water.

This paper presents a proposal bioremediation of soil inert contaminated with

benzo(a)pyrene, wich has a high degree of toxicity. After contamination, the soil was

subjected to physical and chemical characterization and of determining the starting

point, were analyzed for microbiological monitoring of microbial growth, in which

benzo(a)pyrene was monitored quantitatively.

Keywords: Biodegradation. PAH's. Benzo (a) pyrene.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................11

2 HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS (HPAs) ..........................13

2.1 Fontes de emissão de HPAs ............................................................................15

2.2 Propriedades físico-químicas ..........................................................................15

2.3Toxicidade ...........................................................................................................16

2.4 Rota dos HPAs no meio ambiente ...................................................................17

2.5 Benzo(a)pireno ..................................................................................................18

2.6 Legislações ........................................................................................................19

2.6.1 NBR 10.004......................................................................................................19

2.6.2 Environmental Protection Agecy (EPA) ............................................................20

3 BIODEGRADAÇÃO ...............................................................................................21

3.1 Fatores físico-químicos que influenciam o proce sso de biodegradação ....21

3.1.1 Receptores de elétrons ....................................................................................22

3.1.2 Nutrientes .........................................................................................................23

3.1.3 Água .................................................................................................................23

3.1.4 pH.....................................................................................................................24

3.1.5 Temperatura.....................................................................................................24

3.1.6 Solo ..................................................................................................................25

3.2 Biodegradação de HPAs ...................................................................................25

4 BIORREMEDIAÇÃO ..............................................................................................27

4.1 Fatores ambientais que influenciam a biorremedi ação dos HPAs no solo .28

5 MICROBIOLOGIA ..................................................................................................31

5.1 Microbiologia do solo .......................................................................................31

5.2 Crescimento Microbiano ...................................................................................34

5.3 Microrganismos degradadores de HPAs ........................................................34

5.4 Bactérias do solo ..............................................................................................36

5.4.1 Bacillus spp ......................................................................................................37

5.4.2 Pseudonomas spp............................................................................................38

5.4.3 Serratia marcescens.........................................................................................39

5.5 Fungos do solo ..................................................................................................40

5.5.1 Candida albicans ..............................................................................................41

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5.6 Metabolismo microbiano na presença de HPAs .............................................43

6 CROMATOGRAFIA GASOSA ACOPLADA A ESPECTROSCOPIA DE MASSAS ...47

6.1 Cromatografia gasosa .......................................................................................47

6.1.1 Análise Quantitativa .........................................................................................48

6.1.1.1 Calibração com padrões................................................................................48

6.2 Método do padrão interno ................................................................................49

6.3 Espectroscopia de massas ..............................................................................49

7 MATERIAIS E MÉTODOS .....................................................................................52

7.1 Preparação e contaminação do solo ...............................................................53

7.2 Medição e redução do pH .................................................................................53

7.3 Planejamento fatorial ........................................................................................55

7.4 Preparação dos meios de cultura e inoculação do s microrganismos .........56

7.5 Incubação dos microrganismos ......................................................................57

7.5.1 Preparação dos frascos....................................................................................57

7.5.2 Preparação das amostras ................................................................................58

7.5.3 Incubação.........................................................................................................59

7.5.4 Incubação das amostras ..................................................................................61

7.6 Contagem dos microrganismos .......................................................................62

7.7 Quantificação Benzo(a)pireno ..........................................................................67

8 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................68

9 CONCLUSÃO ........................................................................................................71

REFERÊNCIAS .........................................................................................................72

ANEXO A – Resultado quantificação inicial ..........................................................75

ANEXO B – Cromatograma da quantificação inicial ............................................76

ANEXO C – Resultado quantificação final consórcio 1 .......................................77

ANEXO D – Cromatograma da quantificação final consó rcio 1 ..........................78

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1 INTRODUÇÃO

Para que o homem possa continuar a desenvolver-se de uma forma que não

venha a prejudicar o meio ambiente e a si próprio, é preciso que o atual modelo de

desenvolvimento seja revisto. Este atual desenvolvimento terá que ser modificado

para um tipo de modelo que proporcione um futuro melhor, que é o desenvolvimento

sustentável. Neste tipo de desenvolvimento, o homem irá interagir com a natureza

de forma harmoniosa, sem deixar de lado o seu desenvolvimento, ou seja, ele

continuará produzindo, progredindo, mas sem danificar seu meio ambiente. (SILVA;

MELO; SOUZA, 2005).

A poluição se tornou inaceitável para a sociedade, aumentando a preocupação

com os seus efeitos sobre o meio ambiente. Preocupações com a qualidade do ar e

das águas são antigas, mas as preocupações com solos contaminados só se

tornaram evidente no final da década de 70. Infelizmente é impossível reverter todos

os danos causados ao ambiente utilizando técnicas de remediação. As estratégias

modernas de gerenciamento têm dado ênfase à minimização de resíduos,

reciclagem e remediação em preferência à disposição dos resíduos no meio

ambiente. (MESQUITA, 2004).

Atualmente, com o grande crescimento do número de postos de combustíveis

no Brasil a partir da década de 70, verificou-se também uma elevada preocupação

com essa problemática ambiental e, em especial, com o grande potencial de risco de

contaminação das águas subterrâneas decorrentes de derramamentos de

combustíveis. Os HPAs têm recebido mais atenção desde que foram encontrados

no solo pela primeira vez por Blümer, em 1961, devido ao elevado impacto no meio

ambiente e do seu potencial carcinogênico. A concentração de benzo(a)pireno

(BAP) no solo tem aumentado consideravelmente devido à ampliação de seu uso

industrial no último século, como o aumento do trânsito nos grandes centros urbanos

e aos freqüentes vazamentos de diesel provenientes de postos de combustíveis. (D’

AGOSTINO; FLUES, 2005).

Uma estratégia para a eliminação dos solos contaminados com HPAs, é

através da biorremediação, que é a utilização de processo ou atividade biológica

para transformar os contaminantes em substâncias inertes. Esta biotecnologia vem

sendo utilizada há vários anos em outros países e, certos casos apresentam menor

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custo e maior eficiência na remoção dos contaminantes do que as técnicas físicas e

químicas (como incineração e lavagem do solo), sendo atualmente utilizada em

escala comercial no tratamento de diversos resíduos e na remediação de áreas

contaminadas. (JAQUES et al., 2007).

O uso da técnica de biorremediação já está regulamentada, conforme a

resolução 314 do CONAMA, que visa disciplinar o registro de produtos com a

finalidade de biorremediar solos contaminados por vazamentos de petróleo e seus

derivados. Esta resolução estabelece que os remediadores devem ser registrados

no IBAMA, para que possam ser produzidos, importados, comercializados e

utilizados ficando dispensados de registro aqueles que se destinam a pesquisa e

experimento necessitando da aprovação do órgão.(CONSELHO NACIONAL DO

MEIO AMBIENTE, 2010).

Desde o início do século XX são conhecidas espécies de bactérias e fungos

capazes de utilizar hidrocarbonetos como fonte de carbono aerobicamente. Somente

no fim da década de 80 foram identificados organismos que realizam este processo

em condições anaeróbias. (WIDDEL; RABUS, 2001).

A capacidade metabólica que certos organismos possuem de transformar ou

mineralizar contaminantes em formas menos tóxicas, as quais passam a ser

integradas aos ciclos bioquímicos, é chamada de biodegradação. (MIRANDA, 2008).

Esse trabalho tem como objetivo avaliar de forma exploratória o potencial da

utilização dos microrganismos Pseudomonas aeruginosa, Bacillus subtilis, Serratia

marcenscens e Candida albicans na degradação de hidrocarbonetos policíclicos

aromáticos (HPAs - benzo(a)pireno) em solo contaminado. O benzo(a)pireno foi

selecionado por estar listado como contaminante classe I na NBR 10004, por possuir

mais de 3 anéis benzênicos, possuir pressão de vapor baixa 0,00002 Pa (HPAs com

mais de 4 anéis não permanecem muito tempo no ar como molécula gasosa, devido

sua baixa pressão de vapor condensam e tornam-se absorvidos nas superfícies e

partículas de fuligens e cinzas) apresentar uma meia vida longa no sedimento

(aproximadamente 6 anos), possuir log Kow 6,04 (log Kow entre 5,8 e 8,0 indica a

maior probabilidade do contaminante ser encontrado em sedimento) (NBR

10004/2004) e por haver padrão e metodologia disponível.

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2 HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS (HPAs)

Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) são compostos orgânicos semi

voláteis formados em processos de combustão a alta temperatura. O processo de

queima incompleta de materiais orgânicos, que contém cadeias carbônicas em sua

estrutura, é a principal fonte de emissão de HPAs. A queima de combustível fóssil

em processos industriais, motores de automóveis, sistemas de aquecimento

domésticos (com carvão mineral ou gás butano), incineração de resíduos

domésticos e industriais, fumaça de cigarros, refinarias de petróleo, emissões de

foto copiadoras. Ainda várias fontes naturais, incluindo a queima de biomassa em

florestas e erupções vulcânicas são consideradas emissoras de HPAs. (FERRAZ,

2005).

Os HPAs constituem uma família de compostos caracterizada por possuírem

dois ou mais anéis aromáticos condensados. Estas substâncias, bem como seus

derivados nitrados e oxigenados, têm ampla distribuição e são encontrados como

constituintes de misturas complexas em todos os compartimentos ambientais como

o ar, água e sedimento, em diferentes níveis de concentração (FERRAZ, 2005).

As estruturas dos 16 HPAs identificados pela Agência de Proteção Ambiental

dos Estados Unidos da América (EPA) como os principais carcinogênicos e/ou

mutagênicos são mostrados na Figura 1.

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Figura 1: Estrutura molecular dos 16 HPAs mais importantes segundo Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA).

Fonte: Ferraz, 2005.

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2.1 Fontes de emissão de HPAs

Encontra-se na literatura resultados coincidentes de fontes de emissão de

determinados HPAs. Criseno, por exemplo, foi considerado como traçador de

emissões de incineradores e da queima de combustível fóssil, tais como: óleo

industrial ardente e exaustão veicular. Pequenas concentrações de criseno no ar

foram observadas em 25 estações quentes (média de 18 ng.m-3). Maiores

concentrações de criseno foram propostas relativamente as mais baixas

temperaturas atmosféricas durante as estações de inverno (média de 75 ng.m-3). Tal

fenômeno foi atribuído, ao aumento de consumo de combustíveis fósseis e à

pequena freqüência de chuva (FERRAZ, 2005).

Em geral, com a exceção à espécie instável benzo(a)pireno, os HPAs mais

estáveis como pireno, fluoranteno, benzo(k)fluoranteno, benzo(g,h,i)perileno e

indeno (1,2,3-cd)pireno foram considerados na literatura como traçadores de

atividades de tráfego veicular. Destes, fluoreno, antraceno, fenantreno e pireno

foram considerados como traçadores de fontes de motores a diesel, já os compostos

fluoranteno, benzo(g,h,i)perileno e indeno(1,2,3-CD)pireno foram considerados como

traçadores de emissões de motores à gasolina. (FERRAZ, 2005)

2.2 Propriedades físico-químicas

A massa molar, a solubilidade em água, a constante de Henry e a pressão de

vapor, dos 16 principais HPAs são substâncias pouco solúveis em água e, em geral,

sua solubilidade diminui com o aumento do número de anéis aromáticos da molécula

(aumento da afinidade lipofílica). De mesmo modo, a volatilidade dos compostos

diminui com o aumento da massa molar e, conseqüentemente, HPAs de massas

molares mais baixas são mais voláteis e apresentam maiores pressões de vapor que

os mais pesados. O mesmo é observado com os valores da constante de Henry que

diminui com o aumento da massa molar. Destes compostos estima-se que

benzo(a)antraceno, criseno, benzo(b)fluoranteno, benzo(a)pireno, indeno(1,2,3,-

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cd)pireno, dibenzo(a,h)antraceno e benzo(g,h,i)perileno, sejam os mais tóxicos para

saúde humana. (FERRAZ, 2005)

2.3Toxicidade

Pesquisas da Agência Internacional de Estudo do Câncer (IARC) classificam

alguns HPAs como carcinogênicos e/ou mutagênicos e/ou genotóxicos (PUC-RJ,

2005).

Compostos carcinogênicos são aqueles capazes de induzir um carcinoma,

tumor maligno com tendência a produzir metástase. Evidências sobre a

carcinogenicidade dos HPAs são indicadas principalmente por estudos de exposição

ocupacional a misturas de HPAs resultantes de processos como a produção de

coque, refinamento do petróleo, entre outros. (PUC-RJ, 2005)

Já compostos mutagênicos são capazes de induzir ou aumentar a frequência

de mutação no cromossomo de um organismo e compostos genotóxicos são

aqueles com capacidade de induzir alterações no material genético de organismos a

eles expostos (PUC-RJ, 2005).

Uma substância genotóxica é tóxica para o DNA. Ela pode se unir diretamente

a ele ou atuar indiretamente afetando as enzimas ligadas a sua replicação, levando

a mutações que podem levar ao aparecimento de um câncer. No entanto, vale

ressaltar que substâncias genotóxicas não são necessariamente cancerígenas

(PUC-RJ, 2005).

Estudos in vitro mostram que o benzo[a]pireno induz danos em células

procarióticas, eucarióticas de mamíferos produzindo efeitos genotóxicos variados,

incluindo mutações genéticas em células somáticas, formação de adutos de DNA,

síntese de DNA não programada, entre outros Toxicidade dos HPAs. É importante

ressaltar que muitos desses compostos, ao serem metabolizados, podem dar origem

a compostos mais tóxicos do que o original (PUC-RJ, 2005).

Nos Estados Unidos, a Agência de Proteção Ambiental americana (USEPA)

prioriza o monitoramento de 16 HPAs baseado em suas características tóxicas,

mutagênicas e carcinogênicas: naftaleno, antraceno, pireno, criseno, fenantreno,

benzo(a)pireno, dibenzo[a,h]antraceno, benzo[a]antraceno, benzo[g,h,i]perileno,

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acenafteno, acenaftileno, fluoreno, fluoranteno, benzo[k]fluoranteno,

benzo[b]fluoranteno, indeno[1,2,3-cd]pireno (PUC-RJ, 2005).

A exposição humana (e de outros animais) aos HPAs ocorre por diferentes

vias. As mais importantes são a inalação de ar poluído e a ingestão de alimentos ou

água contaminada (PUC-RJ, 2005).

2.4 Rota dos HPAs no meio ambiente

A rota principal de transporte dos HPAs é feita através da atmosfera.

Resultados de monitoramento ambiental mostraram que concentrações de HPAs

são da ordem de poucos nanogramas por metro cúbico de ar. Os veículos

motorizados – todos que possuem motor de combustão interna - também contribuem

para o aumento da poluição atmosférica com HPAs através da exaustão de gases,

partículas de pneu e óleo lubrificante. Durante o processo de combustão, os veículos

que utilizam o óleo diesel são a maior fonte de HPAs de baixo peso molecular para a

atmosfera, enquanto os veículos movidos a gasolina são fonte de HPAs de alto peso

molecular (MESQUITA, 2004).

Os HPAs são caracterizados pela baixa solubilidade em água e alto coeficiente

de partição octanol-água. Devido a essa hidrofobicidade natural, os HPAs se

acumulam nas partículas finas e na matéria orgânica do sedimento marinho,

tornando-o assim, um reservatório de HPAs. Esse acúmulo nos sedimentos

marinhos pode ser proveniente de várias fontes, incluindo deposição atmosférica,

produção off-shore, transporte de petróleo e lançamento de esgoto (MESQUITA,

2004).

A concentração de HPAs no sedimento marinho varia de algumas ng/Kg até

g/Kg, dependendo da proximidade de áreas industriais, correntes marítimas e águas

servidas. A concentração de HPAs em solos contaminados de áreas industriais varia

em função da atividade, do tipo de solo, constituintes do solo e grau de saturação do

local (MESQUITA, 2004).

A concentração de HPAs no solo de países industrializados revelou um

aumento desde meados de 1800, com um pico entre 1950 e 1960. Um estudo feito

por Jones em amostras de solo da Inglaterra mostrou um aumento de concentração

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de HPAs próximo aos centros urbanos. Mas a combustão antropogênica de

combustíveis fósseis e o longo alcance do transporte atmosférico contribuíram para

a dispersão de HPAs no ambiente. Observa-se que quando HPAs alquil substituídos

predominam nos sedimentos, eles são provenientes de derivados de petróleo, mas

quando predominam HPAs sem grupos substituintes, a origem é de processo de

combustão (MESQUITA, 2004).

Além do ar, sedimento marinho e solo, os HPAs podem se acumular em

organismos marinhos. A entrada de HPAs em organismos marinhos está ligada à

biodisponibilidade (ex.: partição entre sedimento, água e alimento), e à fisiologia do

organismo, sendo influenciada pelo tamanho do organismo, taxa de ingestão, taxa

de crescimento, permeabilidade da membrana, taxa de ventilação, tempo de

residência no intestino e regulação osmótica. Os HPAs podem ser eliminados dos

organismos por difusão passiva ou por excreção de substâncias polares, produzidos

em algum processo metabólico envolvendo HPAs (MESQUITA, 2004).

A presença de HPAs em plantas pode expor indiretamente o homem através

da cadeia alimentar. Deposições atmosféricas de HPAs sobre plantas, em alguns

casos, podem ser assimiladas pelo homem. Se o HPA penetrar na célula, ele pode

se transformar em β-O-glicosídeo e β-O-glucoronídeo conjugados; contudo, o

destino dessas moléculas e seus derivados nas folhas ainda não foram elucidados.

Vários fatores podem influenciar o acúmulo de HPAs nas plantas: propriedade física

do HPA, espécie e estrutura da planta e condições ambientais – concentração

atmosférica de HPAs e temperatura (MESQUITA, 2004).

2.5 Benzo(a)pireno

Composto pouco volátil. Quando presente no solo apresenta baixa mobilidade,

na água, é pouco solúvel e adsorve aos sólidos suspensos e ao sedimento.

Segundo a U.S. Environmental Protection Agency (U.S. EPA), a exposição ao

benzo(a)pireno em períodos curtos pode produzir a deterioração dos glóbulos

vermelhos no sangue, levando à anemia. A exposição prolongada causa um efeito

potencial no desenvolvimento de cânceres.(WILD,1992).

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Poucos microorganismos foram identificados como degradadores deste

composto, o tempo de meia vida para a mineralização por meio de biodegradação

varia entre 200 e 300 semanas (HSDB, 2003). Dentre os HPA’s, o benzo(a)pireno, é

o composto mais carcingênico e resistente à foto-oxidação. (MIRANDA, 2008).

Em alguns estudos de toxicidade em ratos, mostrou-se embriotóxico,

teratogênico e causou diminuição na fertilidade(CHEMINFO, 2007).

A figura 2 apresenta a estrutura do benzo(a)pireno.

Figura 2 : Estrutura química do benzo(a)pireno Fonte: AGENCIA ESPAÑOLA DE SEGURIDADE ALIMENTARIA Y NUTRICIÓN, 2010.

2.6 Legislações

Os HPAs são poluentes orgânicos de grande importância ambiental e interesse

toxicológico, pois muitos apresentam propriedades pré-carcinogênicas e ou

mutagênicas para homens e animais. (WHO, 1998).

Em resíduos sólidos a presença dos HPAs é de interesse, uma vez que pode

ocorrer contaminação humana direta (manuseio, tratamento ou disposição) ou

indireta (destino inadequado, contaminando o solo, lençóis freáticos, corpos d’água

superficiais, biota e ar (WHO, 1998).

2.6.1 NBR 10.004

A NBR 10.004 trata da classificação dos resíduos sólidos, tendo como objetivo

classificar os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e

à saúde pública.

São previstas três categorias nesta norma:

a) Classe I – resíduos perigosos;

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b) Classe II – resíduos não inertes;

c) Classe III – resíduos inertes.

Esta classificação é fundamental para o gerenciamento adequado dos

resíduos.

2.6.2 Environmental Protection Agecy (EPA)

A EPA estabeleceu uma lista de 16 HPAs considerados prioritários para o

monitoramento ambiental, em função de sua carcinogenicidade e ocorrência.

A tabela 1 apresenta a classificação toxicológica dada pela EPA, ABNT e IARC

para alguns HPA’s.

Tabela 1: Classificação toxicológica de alguns HPA’s

HPAs IARC EPA ABNT Fluoreno 3 P NM Antraceno 3 P NM Metilfenantrenos+Metilantracenos 3 P NM Pireno 3 P NM Fluoranteno 3 P CP Benzo(a)antraceno 2A P CP Criseno 3 P CP Benzo(b)fluoranteno 2B P CP Benzo(k)fluoranteno 2B P NM Benzo(e)pireno 3 P NM Benzo(a)pireno 2A P CP Indeno(1,2,3-c,d)pireno 2B P CP Dibenzo(a,h)antraceno 2A P CP Benzo(g,h,i)perileno 3 P NM Coroneno 3 P NM

IARC: International Agency for Research on Câncer; EPA: Environmental Protection Agency; ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas (NBR 10004)

Fonte: Caderno de saúde pública, 2003.

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3 BIODEGRADAÇÃO

Os fenômenos biológicos abrangem duas atividades fundamentais

interdependentes, que são a síntese dos compostos orgânicos e a biodegradação

destes compostos. A biodegradação é a decomposição de um material em

componentes mais simples por organismos vivos, em que este processo biológico

envolve dois fatores essenciais, que é a nutrição e a respiração (SILVA; MELO;

SOUZA, 2005).

Os microrganismos fazem uso da matéria orgânica constituída de um resíduo,

seja ele sólido ou líquido, servindo-se de uma boa parte desta para a sua

autoconstrução e reprodução. O restante é oxidado por meio da respiração,

aproveitando sua energia e compensando ao meio, elementos na forma de

subprodutos do seu metabolismo. Desta maneira, carbono, nitrogênio e fósforo, etc,

que faziam parte das moléculas orgânicas dos resíduos, são devolvidas ao meio (ar,

água, solo) na forma de compostos mais simples, como gás carbônico, fosfatos,

nitratos, etc (SILVA; MELO; SOUZA, 2005).

Um grande volume de biomassa pode ser processado por meio de vastos

processos produtivos e objetivando uma grande diversidade na produção final de

produtos, como: alimentos, bio-energia, bio-plásticos, papel, celulose e outros

produtos químicos (SILVA; MELO; SOUZA, 2005).

3.1 Fatores físico-químicos que influenciam o proce sso de biodegradação

Mesmo que o microrganismo possua habilidade para degradar o contaminante

existem muitas razões para que esse composto seja degradado lentamente ou não.

Entre as razões citam-se: receptor de elétrons, nutrientes, água, pH, temperatura e

tipo de solo, os quais serão discutidos nos itens abaixo (MESQUITA, 2004).

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3.1.1 Receptores de elétrons

Na maioria dos casos, a biodegradação do contaminante depende de atividade

aeróbia dos microrganismos, embora existam alguns processos que utilizem a

biorremediação anaeróbia. Muitas vezes, os contaminantes podem servir como

doadores ou receptores de elétrons nas reações bioquímicas redox, podendo ser

parcialmente transformados ou mineralizados (MESQUITA, 2004).

Devido a maior quantidade de energia produzida durante o processo de

respiração aeróbia, o oxigênio é o receptor de elétrons final, quando presente.

Quando o oxigênio livre se torna limitante, os microrganismos passam a usar o

oxigênio proveniente do nitrato (NO3) e depois continuam a usar outras formas de

oxigênio que estejam presentes na região (SO4-2). As formas oxidadas de ferro e

manganês (Fe+3 e Mn+4) também podem ser utilizadas como receptores de elétrons.

As formas reduzidas de manganês e ferro (Mn+2 e Fe+2) são capazes de capturar o

oxigênio, tornando possível o desenvolvimento de microrganismos anaeróbios

estritos, como os sulfato-redutores e os metanogênicos (MESQUITA, 2004).

Na matriz do solo, o oxigênio está presente nos vazios dos poros. O solo pode

vir a ficar deficiente de oxigênio, ou anóxico, devido às dificuldades de difusão do

O2, quando os poros são preenchidos por água. Em geral, é necessário um mínimo

de 10% de ar na matriz do solo, para manter a atividade aeróbia. O aumento do

nível de oxigênio no solo pode ser obtido, evitando a saturação com água. Para

garantir a quantidade de oxigênio necessário para manter o crescimento aeróbio,

podem ser usadas técnicas de injeção de ar ou peróxido de hidrogênio (H2O2). O

uso de peróxido é limitado, porque em concentrações acima de 100 ppm ele se

torna tóxico aos microrganismos. Outro problema é que o peróxido tende a se

decompor rapidamente na presença de alguns componentes do solo (MESQUITA,

2004):

H2O2 → O2↑+ H2O

Condições anaeróbias podem ser usadas para degradar compostos clorados –

tóxicos aos microrganismos aeróbios - embora a taxa de degradação seja muito

baixa. Após a etapa anaeróbia, pode ser implementado o tratamento aeróbio para

completar a degradação do composto parcial ou totalmente clorado, assim como

outros contaminantes presentes (MESQUITA, 2004).

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3.1.2 Nutrientes

Os nutrientes necessários, em ordem decrescente, para o crescimento celular

são: nitrogênio, fósforo, potássio, enxofre, magnésio, cálcio, manganês, ferro, zinco,

cobre e elementos traço. Se os nutrientes não estão disponíveis em quantidade

suficiente, a atividade microbiana ficará limitada (MESQUITA, 2005).

O nitrogênio pode estar presente no solo sob as formas inorgânicas e

orgânicas. A forma inorgânica do nitrogênio no solo inclui amônia, nitrato, nitrito e

óxido nitroso. As formas orgânicas ocorrem como aminoácidos ou proteínas. Em

geral, a forma preferida pelos microrganismos é a amônia. Quando outras formas de

nitrogênio estão presentes, elas são convertidas em amônia, para depois serem

assimiladas. O fósforo é freqüentemente limitado devido a sua baixa solubilidade.

Em solos orgânicos, o fósforo é encontrado no húmus, enquanto a fração inorgânica

ocorre em várias combinações com ferro, alumínio, cálcio e flúor. Os compostos

inorgânicos são normalmente pouco solúveis em água. Os fosfatos reagem com as

argilas formando complexos insolúveis de complexos argilo-fosfatados. As formas

mais comuns de fosfato no solo são (H2PO4)- e (HPO4) –2. Em solos ácidos, o

fosfato precipita na forma de fosfato de alumínio e ferro, enquanto em solos neutros

ou alcalinos ele é precipitado na forma de fosfato de cálcio. De maneira geral, o

fosfato é solúvel em solos cujo pH vai de 5,5 a 7,0 (MESQUITA, 2005).

3.1.3 Água

A água funciona como veículo de transporte no qual matéria orgânica e

nutrientes atravessam a parede celular dos microrganismos e leva os sub produtos

do metabolismo para fora da célula. O excesso de água pode ser limitante por inibir

a passagem de oxigênio pelo solo, a não ser que se esteja querendo trabalhar em

condições anaeróbias. A água está presente no solo sob três formas: livre, capilar e

higroscópica. A água livre é aquela que pode se mover livremente através do solo.

Ela pode deslocar o oxigênio da matriz do solo, desenvolvendo condições anóxicas.

Em sítios contaminados, o movimento dessa água é o principal responsável pelo

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transporte de materiais para camadas inferiores de solo, podendo até chegar ao

aquífero. A água capilar é aquela presente nos poros da matriz do solo quando o

solo não está saturado. Essa água é a que está disponível para os microrganismos.

A água higroscópica representa a água que está interagindo com a superfície da

matriz do solo. Essa água é extremamente difícil de ser removida do solo e

geralmente não está biologicamente disponível (MESQUITA, 2004).

3.1.4 pH

A solubilidade dos nutrientes e a atividade microbiana estão diretamente

ligadas ao pH do solo. A biodegradação de um contaminante por bactérias

heterotróficas é tipicamente acelerada no pH neutro ou próximo dele. Podemos

encontrar valores de pH do solo que vão desde 2.5 (áreas de mineração) a 11

(desertos alcalinos). Os valores de pH do solo, em geral, são ácidos, assim em

muitos projetos de biorremediação, existe a necessidade de neutralizar a acidez do

solo de modo a elevar o pH próximo à neutralidade. A técnica mais usada para

elevar o pH do solo é a adição de cal. A quantidade da cal necessária não é

determinada somente pelo pH do solo. É preciso levar em consideração outros

fatores como: textura, quantidade de matéria orgânica e capacidade de troca

catiônica. Os dois fatores mais influenciam na diversidade microbiana, em geral, são

o pH e a capacidade de tamponamento do solo (MESQUITA, 2004).

3.1.5 Temperatura

A atividade microbiana está diretamente relacionada com a temperatura. As

taxas de reações metabólicas aumentam com aumento de temperatura, sendo que a

faixa ótima se situa entre 20 e 30ºC. A temperatura também está relacionada com a

diminuição do contaminante pelo processo de evaporação. A solubilidade dos

contaminantes aumenta com o aumento de temperatura, e a solubilidade do

oxigênio diminui com o aumento de temperatura (MESQUITA, 2004).

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3.1.6 Solo

A textura do solo afeta a permeabilidade, a umidade, e a densidade. A textura

do solo deve ser levada em consideração. Para garantir que a adição de oxigênio, a

distribuição de nutrientes e que a umidade sejam mantidas de maneira efetiva. Por

exemplo, solos argilosos são difíceis de aerar e resultam numa baixa concentração

de oxigênio, dificultando a distribuição e homogeneização dos nutrientes. Esse tipo

de solo também é capaz de reter água por longos períodos de tempo após a

precipitação. Durante um longo período de chuvas a umidade do solo ficará maior

que a necessária ao tratamento. Por outro lado, durante o período de seca a

umidade ficará abaixo da faixa ótima para o crescimento microbiano. Em geral, a

biodegradação de contaminantes no solo é otimizada quando a umidade do solo

está entre 50 e 75% da capacidade de campo. É importante enfatizar que os níveis

de umidade devem estar relacionados à capacidade de campo e não ao percentual

de água no solo. Se esse fato não for observado, estarão sendo utilizados níveis

excessivos de água no solo, reduzindo assim, o nível de oxigênio disponível

(MESQUITA, 2004).

3.2 Biodegradação de HPAs

Desde a década de 1970, pesquisadores vêm demonstrando que bactérias,

fungos e algas possuem atividades catabólicas que podem ser utilizadas na

remediação de áreas contaminadas por HPAs (MESQUITA, 2004).

Atualmente, a biorremediação tem demonstrado ser efetiva na mitigação de

solos contaminados com HPAs de baixo peso molecular. Embora a falta de atividade

microbiológica para HPAs de alto peso molecular seja atribuída a fatores específicos

de campo, como biodisponibilidade do contaminante, nutriente, potencial redox, etc.,

o fator limitante pode ser a falta de microrganismos capazes de degradar os

compostos com mais de quatro anéis aromáticos. Embora exista uma grande

diversidade de organismos capazes de degradar HPAs de baixo peso molecular,

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como naftaleno, acenafteno e fenantreno, apenas poucos gêneros são capazes de

degradar HPAs de alto peso molecular como o b[a]pireno (MESQUITA, 2004).

Acredita-se que as bactérias oxidem preferencialmente hidrocarbonetos

aromáticos que vão do benzeno ao benzo[a]pireno. No processo oxidativo são

gerados cis-dihidrodióis pelo processo de incorporação de átomos de oxigênio ao

anel aromático tendo as dioxigenases como catalisador. Os cis-dihidrodióis são

rearomatizados pela ação da enzima cis-diidrodiol desidrogenase. Em seguida, o

cis-diidrodiol é oxidado a catecol, que é substrato para outras dioxigenases que

levam à quebra do anel aromático. O caminho oxidativo orto envolve a quebra entre

os átomos de carbono dos dois grupos hidroxílicos, formando o ácido cis,cis-

mucônico. No caminho oxidativo meta quebra a ligação entre o carbono hidroxilado

e o carbono adjacente, formando o 2-hidroximucônico semialdeído (MESQUITA,

2004).

O produto final desse processo de degradação resulta na produção de

succinato, CoA (Coenzima A), ácidos pirúvico e acético, e aldeídos, todos eles

utilizados por microrganismos na síntese de constituintes celulares e energia (Ciclo

do Ácido Tricarboxílico). Os subprodutos dessas reações são CO2 e água. Uma vez

que o primeiro anel aromático hidroxilado do HPA é degradado (ácido pirúvico e

CO2), o segundo anel é enzimaticamente processado da mesma maneira. Contudo,

muitas moléculas de alto peso molecular (benzo[a]pireno) são degradadas com

dificuldade, devido a baixa solubilidade, grande energia de ressonância e toxicidade

(MESQUITA, 2004).

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4 BIORREMEDIAÇÃO

A técnica de biorremediação consiste no emprego de microrganismos, com

ajuda de fatores ambientais, visando a degradação de compostos tóxicos em

produtos neutros que não irão agredir o meio ambiente (MESQUITA, 2004).

Esta técnica vem sendo usada há vários séculos em processos de

compostagem de resíduos orgânicos, para produzir condicionadores de solo ou

adubo. Desde a década de 1940 esse processo, como técnica de degradação de

contaminantes orgânicos, vem sendo usado na industria de petróleo para tratar

resíduos do processo de refino (MESQUITA, 2004).

O processo de biorremediação pode ser executado ex situ (i.e. land-farming,

bio-pilha, bio-reatores) ou in situ. No processo ex situ o material removido (solos

escavados, efluentes, sólidos) é tratado em sistema aberto ou fechado, utilizando

microrganismos na degradação do contaminante. Uma das alternativas é a

disposição do solo contaminado em células ou em áreas abertas para a dispersão

de nutrientes e microrganismos, além da aeração do sistema. Os principais gastos

com o sistema são: escavação e remoção do material contaminado, área para

disposição do solo contaminado, análises químicas periódicas para avaliação do

método, eficiência do método de oxigenação do sistema (MESQUITA, 2004).

O processo in situ tem como objetivo criar um ambiente favorável ao

crescimento e desenvolvimento de microrganismos capazes de degradar o

contaminante no local. O processo envolve projeto e instalação de sistemas de

suprimento de nutrientes, microrganismos (no caso da bioaumentação) e oxigênio

(para estimular processos aeróbios) ou nitrogênio (para processos anaeróbios) em

subsuperfície (MESQUITA, 2004).

A água doce e do mar, solo e efluentes domésticos possuem grande

quantidade e diversidade de comunidades microbianas que demonstram capacidade

de degradar moléculas xenobióticas. Embora a capacidade de degradação de um

organismo ou consórcio seja necessária, a sua mera existência não é o suficiente.

Além disso, as condições devem auxiliar a degradação de modo a aumentar a

eficiência do processo (MESQUITA, 2004).

Quando o tempo e as condições são favoráveis, mesmo que originalmente não

exista nenhuma via metabólica, é possível degradar um composto orgânico sintético

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ou xenobiótico. Por outro lado, células bacterianas tendem a limitar a quantidade de

códigos genéticos às necessidades presentes, mas a capacidade genética de certas

bactérias é ampla e essa característica confere uma vantagem seletiva quando

ocorrem mudanças nas condições ambientais, ou por conferir melhor velocidade de

crescimento pela bactéria portadora, ou por transferir esse código genético as outras

bactérias - através de plasmídeos (MESQUITA, 2004).

Existem, no mínimo, quatro vias diferentes que resultam em uma bactéria

capaz de degradar certo composto ou grupo de compostos em um determinado sítio

(MESQUITA, 2004):

a) A microbiota natural ser exposta à molécula xenobiótica por tempo suficiente

de forma a expressar mudanças nos genes capazes de codificarem enzimas

para degradação de um composto. Esse tipo de evolução ocorre a todo o

momento, mas é relativamente lenta. Como conseqüência, a comunidade

microbiana passa a ter as vias degradativas, mas a degradação pode ser

insuficiente devido ao número reduzido de células ou à baixa atividade;

b) A microbiota natural que está adaptada às condições locais, é exposta a

moléculas xenobióticas. Com o tempo as bactérias trocam genes com

capacidade degradativa com outras células bacterianas próximas. Assim, a

transferência genética pode ser feita por conjugação, transdução ou

transformação. Do ponto de vista da biorremediação, esse tipo de evolução é

relativamente lento, mas pode ser melhorado;

c) Como o item 2, a microbiota natural pode ser “equipada” com a capacidade

degradativa. Uma vez que o contaminante é conhecido, o grupo de genes

pode ser introduzido. Se não houver nenhum gene natural, ele pode ser

construído. As cepas de laboratório podem ser usadas como doadoras, tanto

para transferir a capacidade para as cepas isoladas do sítio contaminado, ou

por introdução de doadores no local e deixar a transferência ocorrer;

d) Uma bactéria capaz de degradar o contaminante é isolada do sítio

contaminado. Contudo, a cepa precisa ser capaz de competir com a

microbiota natural do sítio a ser remediado.

4.1 Fatores ambientais que influenciam a biorremedi ação dos HPAs no solo

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A biorremediação também pode ser limitada se as condições do solo não forem

favoráveis à sobrevivência e à atividade dos microrganismos degradadores. A

umidade do solo é considerada o fator ambiental mais crítico na biodegradação, pois

uma alta atividade microbiana somente ocorrerá se houver adequada disponibilidade

de aguá aos microrganismos. Além disso, o teor de água no solo tem relação

inversa com a disponibilidade de oxigênio e, consequentemente, com a atividade

dos microrganismos aeróbios, que são os principais responsáveis pela degradação

dos HPAs (JACQUES et al, 2007).

A temperatura afeta a atividade metabólica, o consumo de substrato pelos

microrganismos e, por conseqüência, a biodegradação dos HPAs. Apesar de a

biodegradação ocorrer numa ampla faixa de temperatura, as maiores taxas ocorrem

entre 25ºC e 35ºC, sendo que, em temperaturas acima ou abaixo destas, há

prejuízos para este processo. O pH do solo afeta diretamente a atividade dos

microrganismos através dos efeitos dos íons H+ na permeabilidade celular e na

atividade enzimática, assim como, indiretamente, pela influência na disponibilidade

de macro e micronutrientes e na solubilidade do alumínio e demais metais pesados,

que podem ser tóxicos aos microrganismos(JACQUES et al., 2007)..

Em ambientes naturais, o nutriente que normalmente limita o crescimento

microbiano é o C, sendo que os nutrientes inorgânicos estão presentes em

quantidades que normalmente excedem as demandas das comunidades

microbianas. No entanto, a presença de elevadas concentrações de HPAs no solo

com potencial para serem utilizadas como substrato para o crescimento dos

microrganismos pode fazer com que outros nutrientes, que não o C, tornem-se

limitantes. A relação de C:N:P: de 100:10:1 no solo a ser biorremediado tem sido

normalmente recomendada. Entretanto, as pesquisas que avaliaram os efeitos da

adição de N e P ao solo demonstraram resultados muito conflitantes, o que

provavelmente se deve às especificidades de cada ambiente, no que se refere a

teores de nutrientes no solo, tipo de contaminante e população microbiana envolvida

(JACQUES et al., 2007).

Outros nutrientes que poderiam influenciar a degradação dos HPAs no solo são

o ferro e o enxofre, porque desempenham funções celulares que estão intimamente

relacionadas ao metabolismo dos HPAs, como a participação na estrutura das

enzimas que realizam a degradação destes compostos nas células microbianas.

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Após revisão sobre os efeitos destes fatores ambientais na biodegradação dos

HPAs , pode-se constar que a grande maioria dos pesquisadores recomenda que a

adição de nutrientes deve ser realizada somente após a criteriosa avaliação, de

forma a evitarem-se adições desnecessárias, que resultam em aumentos dos custos

e em prejuízos ao processo de biorremediação . (JACQUES et al., 2007).

Em vista da baixa solubilidade em água e da forte tendência de sorção dos

HPAs à fase sólida do solo, a degradação desses compostos pode ser limitada

devido a sua baixa biodisponibilidade aos microrganismos degradadores. O termo

sorção é definido como o processo em que compostos químicos tornam-se

associados à fase sólida. No solo, este processo ocorre porque os HPAs são

apolares e sua permanência na fase líquida demanda que as moléculas de água

rompam as pontes de H que estão estabelecidas com outras moléculas de água.

Como esta reorganização tem um custo energético muito elevado, o composto

apolar é forçado a deslocar-se na direção dos locais de maior hidrofobicidade,

representados no solo pela matéria orgânica (MO) e pela superfície dos minerais

(JACQUES et al., 2007)..

A MO é a principal matriz hidrofóbica do solo, porque é constituída

principalmente de átomos de C e de H, fazendo com que as pontes de H estejam

limitadas a determinados locais de uma estrutura. Além disso, por se encontrarem

em um meio hidrofílico, que é o solo, as moléculas de MO tendem a expor suas

superfícies com carga para o exterior e formar espaços hidrofílicos em seu interior,

nos quais os compostos apolares podem penetrar. O conteúdo de MO é a

característica do solo que mais influencia a sorção dos HPAs, sendo que vários

autores demonstraram relações lineares positivas entre o conteúdo de C orgânico do

solo e a capacidade de sorção dos HPAs (JACQUES et al., 2007)..

Em vista de que a composição da fase sólida do solo determina a sua

capacidade de sorção de HPAs, é de se esperar que solos com diferentes

conteúdos de MO e composições mineralógicas apresentem biodisponibilidade

desses compostos aos microrganismos degradadores do solo (JACQUES et al.,

2007).

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5 MICROBIOLOGIA

Durante as últimas décadas, os microrganismos têm surgido como parte do

eixo principal das ciências biológicas. Entre as razões para isto, está o conceito de

“umidade em bioquímica”, que significa que muitos dos processos bioquímicos que

ocorrem em microrganismos são essencialmente os mesmos em todas as formas de

vida, inclusive o homem, e a descoberta de que toda informação genética de todos

os organismos, dos microrganismos a seres humanos, é codificada pelo DNA. Em

virtude da relativa simplicidade em realizar experimentos com microrganismos,

associada à rápida velocidade de crescimento e de sua variedade de atividades

bioquímicas, os microrganismos tornam-se o modelo experimental de estudo.

(RELCZAR JR; CHAN; KRIEG, 1997).

Toda a matéria, organismos vivos contêm átomos e moléculas como suas

unidades estruturais básicas. A forma como estes átomos e moléculas interagem

determina as qualidades fundamentais dos compostos, tais como solubilidade e

acidez. Tais aspectos da química também são de grande importância para os

microrganismos, que dependem de nutrientes solúveis e são afetados por seus

ambientes. As substâncias químicas importantes nos organismos vivos são

baseadas em elementos contendo nucléicos. Os processos bioquímicos dependem

de substâncias especiais denominadas enzimas, que podem aumentar

significativamente a velocidade na qual uma reação específica ocorre. (RELCZAR

JR; CHAN; KRIEG, 1997).

Por meio do equilíbrio entre produção e utilização de milhares de substâncias

químicas, cada microrganismo pode regular e mesmo contribuir para seu ambiente.

(RELCZAR JR; CHAN; KRIEG, 1997).

5.1 Microbiologia do solo

Bilhões de organismos, tanto microscópicos como grandes insetos e minhocas,

formam uma comunidade viva e vibrante no solo.Um solo típico tem milhões de

bactérias em cada grama. A população é maior nos poucos centímetros do topo do

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solo e declina rapidamente com a profundidade. Os organismos mais numerosos no

solo são as bactérias. Embora os actinomicetos sejam bactérias, eles são estudados

separadamente. (TORTORA; FUNKE; CASE, 2005)

Populações de bactérias do solo são geralmente estimadas utilizando-se

contagem em placas em meio nutriente e os números atuais são provavelmente

subestimados por este método. Nenhum único meio nutriente ou condição de

crescimento pode encontrar todos os nutrientes e outras exigências necessárias

para todos os microrganismos do solo. (TORTORA; FUNKE; CASE, 2005)

Podemos pensar em solo como um “fogo biológico”. Uma folha que cai de uma

árvore é consumida por este “fogo” assim como sua matéria orgânica é

metabolizada pelos micróbios do solo. Elementos da folha entram nos ciclos

biogeoquímicos do carbono, nitrogênio e enxofre. (TORTORA; FUNKE; CASE, 2005)

Considerando a evolução histórica do conceito de solo, mais adequado e

mais abrangente, na atualidade pode ser: “Solo: corpo natural da superfície terrestre,

constituído de materiais minerais e orgânicos resultantes das interações dos fatores

de formação (clima, organismos vivos, material de origem e relevo) através do

tempo, contendo matéria viva e em parte modificada pela ação humana, capaz de

sustentar plantas, de reter água, de armazenar e transformar resíduos e suportar

edificações. (MATOS, 2006)

O solo é formado por três fases: líquida (constituída de água, de minerais e de

compostos orgânicos nela dissolvidos), formando a solução do solo, gasosa (os

mesmos gases da atmosfera, porém, com diferentes proporções) e sólida. Esta

última é composta de partículas minerais de várias formas, tamanhos e

características químicas, raízes de plantas, populações de organismos macro e

microscópicos vivos e com metabolismo ativo ou dormente, e matéria orgânica em

vários estádios de decomposição. A característica estrutural dominante é formada

por complexos de argila e matéria orgânica estabilizados em partículas de diferentes

tamanhos (areia, silte e argila), formas e arranjos. De modo geral, a fase sólida

representa em torno de 45% do volume total, o espaço poroso (fase líquida e

gasosa) 50% e a matéria orgânica 5% (incluindo os organismos vivos). A proporção

entre as três fases, porém, varia em função do tipo de solo e das condições

ambientais. (MATOS, 2006).

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O solo apresenta características e propriedades morfológicas, físicas e

químicas e atividade biológica que são importantes para o seu estudo e

compreensão. (MATOS, 2006).

A fase aquosa (líquida) que ocupa o espaço poroso do solo constitui a

solução do solo. É a parte de um sistema dinâmico e aberto, cuja composição é

resultante de inúmeras reações que ocorrem com as outras fases que o constituem.

A composição da solução do solo varia muito com o material de origem do solo, com

o pH, com as condições de oxi-redução, com o teor de matéria orgânica, com a

adição de produtos químicos (fertilizantes, inseticidas, fungicidas, herbicidas) e com

seu manejo. Os elementos na solução do solo são influenciados por transformações

bióticas e abióticas específicas que regulam os processos de adição e perda, assim

como a biociclagem dos mesmos passando por diferentes formas no solo e

absorção pela vegetação e microbiota. (MATOS, 2006).

Na fração argila muitos fenômenos ocorrem, entre eles o da troca iônica.

Existem duas cargas na natureza: positiva e negativa. A maioria dos solos na crosta

terrestre apresenta maior número de cargas negativas do que o número de cargas

positivas – são solos eletronegativos. Essas cargas, que estão na superfície dos

minerais de argila e da matéria orgânica são capazes de adsorver íons com cargas

opostas (cátions): Ca2+

, Mg2+

, K+, H

+ e etc. Estes cátions adsorvidos podem ser

substituídos, isto é, trocados uns pelos outros, fenômeno denominado de troca de

cátions, enquanto que, ao conjunto das cargas negativas dá-se o nome de

capacidade de troca catiônica - CTC ou T. (MATOS, 2006).

O estudo da química do solo fornece informações que permitem caracterizar

os processos químicos que nele ocorrem e são importantes para a agricultura e para

o ambiente. (MATOS, 2006).

A matéria orgânica, juntamente com os componentes inorgânicos da fase

sólida, exerce um papel fundamental na química do solo. Ela é gerada a partir da

decomposição de resíduos de plantas e animais, sendo formada por diversos

compostos de carbono em vários graus de alteração e interação com as outras fases

do solo (mineral, gasosa e solução). Apesar de compor menos de 5% na maioria dos

solos, apresenta uma alta capacidade de interagir com outros componentes,

alterando assim as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo, as quais

afetam o crescimento e desenvolvimento das plantas. É um componente bastante

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sensível às condições ambientais e as mudanças nas práticas de manejo agrícola,

por isso esta deve ser levada em consideração na avaliação do potencial produtivo

do solo e na escolha das práticas de manejo a serem empregadas. (MATOS, 2006).

5.2 Crescimento Microbiano

Quando falamos em crescimento microbiano nos referimos ao número e não ao

tamanho das células. Os microrganismos em crescimento estão aumentando seu

número e se acumulando em colônias que contêm milhares de células ou

populações que agrupam milhares de células. (TORTORA; FUNKE; CASE, 2005)

Populações microbianas, durante um período de tempo muito curto, podem-se

tornar muito grandes. Por meio de entendimento das condições necessárias para o

crescimento microbiano podemos determinar como controlar o crescimento dos

microrganismos patogênicos ou daqueles que contaminam e degradam os

alimentos.

Os fatores necessários para o crescimento microbiano podem ser divididos em

duas categorias principais: físicos e químicos.

5.3 Microrganismos degradadores de HPAs

Para que um microrganismo utilize estes compostos como fonte de C e energia

para seu crescimento, é necessário que possua as várias enzimas que transformam

as complexas moléculas dos HPAs em intermediários comuns das suas rotas

catabólicas. Várias vias metabólicas de degradação dos HPAs já foram identificadas

em diferentes microorganismos, porém as mais estudadas são as do metabolismo

aeróbico realizado pelas bactérias, pelos fungos lignolíticos e pelos fungos não-

lignilíticos. No metabolismo bacteriano, a oxigenação inicial dos HPAs é realizada

por uma enzima intracelular dioxigenase, que tem função de reconhecer o HPA e

adicionar dois átomos de oxigênio, quebrando a estabilidade devido à ressonância

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do anel aromático. Após sucessivas oxidações, o último anel aromático é

transformado em um dos intermediários centrais da via de degradação dos HPAs,

que pode ser catecol, o protocatecol ou o gentisato. Até aqui atuaram as enzimas

denominadas de periféricas, que têm a função de reconhecer as moléculas dos

HPAs e convertê-las nestes intermediários centrais. A partir de então, atuam as

denominadas enzimas de fissão, que converterão os intermediários centrais em

compostos que possam ser utilizados nas vias comuns de geração de carbono e

energia de bactéria. As enzimas de fissão podem ser divididas em dois grupos,

conforme o local da clivagem no intermediário central: as enzimas de fissão podem

ser divididas em dois grupos, conforme o local da clivagem no intermediário central:

as enzimas intradiol abrem o anel aromático por via orto, originando o cis-mucanato,

que, por passos sucessivos, será convertido em succinato e acetil-coenzima; e as

enzimas extradiol fazem a abertura do anel aromático por via meta, originando o

semialdeído 2-hidroximucônico, que, por passos sucessivos, será transformado em

ácido pirúvico e acetaldeído (JACQUES et al., 2007).

Devido ao grande número de enzimas envolvidas na degradação destes

compostos, a maioria dos microrganismos do solo não possui a capacidade de

degradar os HPAs, justificando a necessidade de se isolar e selecionar

microrganismos degradadores, visando a sua utilização na biorremediação de solos

contaminados. Desde a década de 1950, vêm sendo isoladas bactérias

degradadoras destes compostos, pertencentes principalmente aos gêneros

Pseudonomas, Aeromonas, Beijerinckia, Flavobacterium, Nocardia,

Corynebacterium, Sphingomonas, Mycobacterium, Stenotrophomonas, Paracoccus,

Burkholderia, Microbacterium, Gordonia, dentre outros. No entanto, nos últimos

anos, tem sido dada atenção à obtenção de consórcios microbianos, que,

comparativamente às culturas puras, têm-se mostrado mais efetivos na degradação

destes compostos. Estes consórcios apresentam maior capacidade de utilização de

um grande número de HPAs como fonte de C e, principalmente, podem mineralizar

completamente estes compostos, devido à complementaridade metabólica entre os

membros do consórcio, em que os HPAs seriam transformados em CO2 e água

através da ação de mais de um microrganismo. Estudando um consórcio bacteriano

degradador de óleo diesel no solo, verificaram que, dos sete membros deste

consórcio, quatro não utilizavam diretamente o óleo como fonte de carbono e

energia; no entanto, a presença destes aumentava a produção de CO2 pelo

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consumo de intermediários produzidos pelos demais membros (RICHARD ;

VOGUEL, 1999).

5.4 Bactérias do solo

As bactérias são organismos procariontes, de tamanhos que variam entre 0,2

a 2,0 µm de diâmetro e 2 a 8 µm de comprimento. As formas mais comuns de

procariotos são cocos, espirilos e bacillus que podem apresentar alterações em

função das condições ambientais. As bactérias podem ser gram-positivas quando

apresentam na sua parede celular peptideoglicano, polissacarídeos e ácido

teióico.(SANTOS, 2006)

Nas bactérias gram-negativas há uma membrana externa permeável a

moléculas de polissacarídeo e lipopolissacarídeo. O peptideoglicano é bastante

poroso e circundado por lipoproteínas e pela membrama plasmática. A dispersão do

material genético pelo citoplasma, cromossomos circulares e reprodução geralmente

por fissão binária são características genéticas que os diferenciam dos eucariotos.

As bactérias mostram uma grande capacidade e diversidade no que se refere à

colonização de ambientes adversos. (SANTOS, 2006).

O número de bactérias normalmente é maior que os fungos e actinomicetos do

solo, representando entre 25 e 30% de biomassa microbiana. A população destes

grupos é maior na superfície do solo declinando com a profundidade. Os

microrganismos que vivem nos horizontes superfíciais do solo são os mais

envolvidos na formação do solo, no ciclo biogeoquímico dos nutrientes e na

regulação do fluxo da água. Assim, a microbiota dos horizontes superficiais é

responsável pelo funcionamento ecológico do solo, possuindo um importante papel

nas atividades de decomposição e transformação de nutrientes. (SANTOS, 2006).

Processos de redução de metais como cromo, cobre, urânio e ferro com a

presença de bactérias do solo são possíveis. A redução de Fe (III) e Mn (IV) é

possível porque estes organismos usam esses metais em seus processos

metabólicos como aceptores finais de elétrons. (SANTOS, 2006).

Bactérias termofílicas Sulfolobus acidocaldarius (Darland) exibem habilidade

em reduzir o Fe (III) em estudos de cultura pura. Resultados positivos também foram

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encontrados em gêneros Termoanaerobacter, Anaerobranca e Sulfobacillus.

Estudos com Ni mostram que a concentração do metal extraído aumentou de 2,2 mg

kg-1 para 2,6 mg kg-1 quando o solo foi incubado com Microbacterium

arabinagalactanolyticum.( SANTOS, 2006).

A produção de sideróforos é bastante estimulada na presença de metais

pesados, alterando a biodisponibilidade dos metais para o solo e para plantas.

Trabalhos com Azotobacter vinelandii Lipman em presença de Zn (II) e

Pseudomonas aeruginosa mostraram aumento na produção de sideróforos.

(SANTOS, 2006).

5.4.1 Bacillus spp

Bactérias do gênero Bacillus subtilis são gram-positivas e podem ser aeróbias,

facultativas ou anaeróbias. São resistentes ao calor e a outros agentes destrutivos.

Podem oxidar uma ampla faixa de compostos orgânicos e em alguns casos são

fermentativas. A maioria delas tem exigências nutricionais simples, requerendo no

máximo alguns aminoácidos ou vitaminas B como fatores de crescimento. Formam

endósporos – característica que as coloca entre os esporulados – e apresentam a

habilidade de produzir antibiótico. A formação de endósporos aumenta a resistência

aos fatores adversos. Dessa forma, podem ser armazenados, como inoculantes, por

um período mais longo, e possuem maior tempo de permanência no solo, além da

facilidade de aplicação. (FREITAS; PIZZINATTO, 1997). A seguir a figura 3

apresenta os bacillus spp.

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Figura 3: Bacillus spp Fonte: Lancaster city council, 2010.

5.4.2 Pseudonomas spp

O gênero Pseudomonas são bactérias gram-negativas e produzem um

pigmento verde-amarelado fluorescente em meio B, observado sob luz com

comprimento de onda próximo do ultravioleta. Esses organismos podem ser

encontrados na água e no solo. As espécies mais importantes desse grupo são

Pseudomonas fluorescens e Pseudomonas putida, geralmente estudadas com o

objetivo de avaliar a promoção de crescimento em plantas, e P. aeruginosa,

considerada patogênica a animais. (KING et al, 2003).

A diversidade metabólica de bactérias do grupo fluorescente do gênero

Pseudomonas dá a essas bactérias uma grande habilidade para adaptação a vários

ambientes, tais como solo e rizosfera. (KING et al., 2003). A figura 4 apresenta a

morfologia típica do gênero Pseudonomas.

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Figura 4: Pseudonomas spp Fonte: Bioweb,2010.

5.4.3 Serratia marcescens

Serratia é um gênero de bactéria gram-negativa, anaeróbia facultativa. É um

bacilo da família Enterobacteriaceae cuja espécie mais comum é a S. marcescens,

que normalmente causa infecção nosocomial. Porém, existem relatos de cepas de

S. plymuthica, S. liquefaciens, S. rubidaea e S. Odorifera e que causaram doenças.

Membros deste gênero produzem pigmento vermelho característico e podem ser

distinguidos de outros gêneros pertencentes á família das Enterobacteriaceae pela

produção de três enzimas: DNase, lipase e gelatinase.(ANÍ, 2007).

Em hospitais, espécies do gênero Serratia tendem a colonizar o trato

respiratorio e urinário ao invés do gastrointestinal, em adultos.

Infecções por Serratia são responsáveis por aproximadamente 2% das

infecções nosocomiais no trato respiratório baixo, trato urinário, sangue, feridas

cirúrgicas, pele e mucosas em pacientes adultos. (ANÍ, 2007). A figura 5 a seguir

apresenta a morfologia do gênero Serratia.

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Figura 5: Serratia marcescens Fonte: Comons, 2010.

5.5 Fungos do solo

Os fungos podem ser classificados na Divisão Chytridiomycota, Zygomycota,

Ascomycota, Basiomycota e Deuteromycota. Os gêneros Mucor, Rhizopus,

Aspergillus, Trichoderma, Penicillium, Fusarium,Pythium, Verticillium e Alternaria são

fungos tidos considerados os mais comuns encontrados no solo. (SANTOS, 2006).

Os eucariontes apresentam características distintas como a organização do

seu material genético dentro do núcleo, presença de organelas citoplasmáticas e

divisão do corpo por mitos. Ao contrário dos procariotos, estes não apresentam a

capacidade de usar compostos inorgânicos e de fixar nitrogênio atmosférico. Mesmo

não sendo um grupo predominante no solo, os fungos representam entre 70 e 80%

da biomassa microbiana do solo e sua ocorrência está condicionada a fatores como

pH, umidade e quantidade de matéria orgânica. (SANTOS, 2006).

Os fungos apresentam grande capacidade de adaptação à presença de metais

pesados no solo. Este mecanismo pode ser explicado por mutações genéticas e

adaptações fisiológicas dos fungos em contato com o metal pois a capacidade de

um organismo sobreviver em condições adversas depende da rapidez de suas

respostas fisiológicas as condições ambientais. (SANTOS, 2006).

A capacidade de biossorção dos fungos se aplica aos metais pesados. Testes

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contando o número de unidades formadoras de colônias (UFC) mostraram um

aumento de 21% na dose de 200 mg Cu L-1 quando comparado ao tratamento

controle. Resultados encontrados pelo mesmo autor relatam um crescimento de

24% dosfungos em solos poluídos com Zn quando comparados com o tratamento

controle onde o crescimento mostrado foi de 4,5%. (SANTOS, 2006)

Os fungos podem ser sensíveis a compostos radioativos e defensivos

agrícolas. Fusarium oxysporum apresenta alterações na presença de herbicidas da

classe das triazinas, mostrando diferenças na pigmentação e na velocidade de

crescimento quando colocado na presença de diferentes concentrações de

herbicidas. (SANTOS, 2006).

Os processos de agregação do solo, decomposição de resíduos orgânicos,

mineralização de nutrientes, controle de pragas, doenças e estabelecimento de

relações simbióticas são realizados com a participação efetiva dos fungos.

Participam também de processos de degradação de pesticidas e podem servir como

compartimentalizadores de metais pesados do solo, diminuindo a sua toxidez para

ambiente. (SANTOS, 2006).

5.5.1 Candida albicans

Candida albicans é uma espécie de fungo diplóide que causa, oportunamente,

alguns tipos de infecção oral e vaginal nos seres humanos. As infecções causadas

por fungos emergiram como uma das principais causas de morte em pacientes com

algum tipo de imunodeficiência (como é o que caso dos portadores da AIDS e das

pessoas que estão passando por algum tipo de quimioterapia). Além disso, esse

fungo pode ser perigoso para pacientes cuja saúde já esteja enfraquecida, como por

exemplo os pacientes de uma unidade de tratamento intensivo. Devido a estes

fatores, a Candida albicans tem despertado grande interesse das pesquisas na área

de saúde e da medicina. (KUNAMOTO et al, 2005)

A Candida albicans está entre os muitos organismos que vivem na boca e no

sistema digestivo humano. Sob circunstâncias normais, a Candida albicans pode ser

encontrada em 80% da população humana sem que isso implique em quaisquer

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efeitos prejudiciais a sua saúde, embora o excesso resulte em candidiase.

(KUNAMOTO et al., 2005)

A virulência e patogenicidade da Candida albicans estão ligadas a diversos

factores, sendo a formação de hifas, a estrutura da sua superfície celular (que,

durante o contacto com células do hospedeiro, se adapta, sendo determinante para

uma eficaz adesão e penetração), alterações fenotipicas (transição espontânea

entre a forma típica de levedura, branca e circular, e uma forma opaca, em forma de

pequenos bastões) e produção de enzimas extracelulares hidroliticas os mais

estudados ao longo dos últimos anos. (KUNAMOTO et al, 2005)

A patogenicidade da Candida albicans não pode ser atribuída a apenas um

factor isolado; é da produção concomitante dos diversos factores que este

organismo se transforma numa célula adaptada à invasão dos tecidos de um

hospedeiro imunodeprimido. Como forma de resistência, tem capacidade de se

multiplicar unicelularmente por gemulação. Na presença de compostos que induzem

à sua patogenicidade, e.g. soro de mamíferos, a Candida albicans expressa os seus

factores de virulência, tal como a formação de hifas; estas capacitam a célula para

exercer força mecânica, ajudando na sua penetração nas superfícies epiteliais, e

uma vez na corrente sanguínea, têm uma acção danosa sobre o endotélio, o que

permite que a Candida albicans invada os tecidos profundos do organismo (em

casos mais graves, a invasão dos tecidos hepático e pancreático). (KUNAMOTO et

al., 2005)

Em determinadas condições a Candida albicans desenvolve-se como uma

pseudo-hifa, que se caracteriza por uma célula alongada que se propaga por uma

gemulação unipolar, apresentando um aspecto de um cordão de contas.

(KUNAMOTO et al, 2005). A figura 6 a seguir apresenta a morfologia do gênero

Candida.

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Figura 6: Candida albicans Fonte: Curiosidades de microbiologia, 2010.

5.6 Metabolismo microbiano na presença de HPAs

Várias vias metabólicas de degradação dos HAPs já foram identificadas em

diferentes microrganismos, porém as mais estudadas são do metabolismo aeróbico

realizado pelas bactérias, pelos fungos lignolíticos e pelos fungos não-lignilíticos. No

metabolismo bacteriano dos HAPs, a oxigenação inicial é realizada por uma enzima

intracelular dioxigenase que tem a função de reconhecer o HAP e adicionar dois

átomos de oxigênio, quebrando a estabilidade devido a ressonância do anel

aromático. Esta importante enzima do ciclo biogeoquímico do carbono no planeta é

constituída de três componentes, uma oxigenase terminal, uma ferredoxina e uma

ferredoxina redutase dependente de NADPH, que, conjuntamente, formam uma

cadeia curta de transporte de elétrons. Um cis-diidrodiol é o produto da dioxigenase,

que por ação de uma desidrogenase será transformado em um composto

diidroxilado. Subseqüentes oxidações permitem a aber tura de um anel aromático e

a formação de ácido pirúvico, que será utilizado para a produção de carbono e

energia pela célula. A molécula com o anel fechado será transformada em um dos

intermediários centrais da via de degradação dos HAPs, que pode ser o catecol, o

protocatecol ou o gentisato.(JAQUES et al., 2005).

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Até aqui atuaram as enzimas denominadas de periféricas, que tem a função de

reconhecer as moléculas dos HAPs e convertê-las nestes intermediários centrais. A

partir de então, atuam as denominadas enzimas de fissão, que converterão os

intermediários centrais em compostos que possam ser utilizados nas vias comuns de

geração de carbono e energia da bactéria. As enzimas de fissão podem ser divididas

em dois grupos, conforme o local da clivagem no intermediário central: as enzimas

intradiol abrem o anel aromático por via orto, originando o cis-muconato, que por

passos sucessivos será convertido em succinato e acetil-coenzima; e as enzimas

extradiol fazem a abertura do anel aromático por via meta, originando o semialdeído

2-hidroximucônico que por passos sucessivos será transformado em ácido pirúvico e

acetaldeído.(JAQUES et al., 2005).

A possibilidade de utilização integral dessas vias bioquímicas permite a

algumas bactérias crescerem utilizando os HAPs como única fonte de carbono e

energia para o seu crescimento, resultando na degradação destes compostos e na

sua eliminação do ambiente. isolaram três bactérias do gênero pseudomonas que

degradaram em média 51% do antraceno presente no meio de cultura mineral. A

utilização de HAPs marcados com 14C permitiu a comprovação da capacidade das

bactérias em utilizar integralmente estas vias bioquímicas, conduzindo a

mineralização destes compostos obtiveram mineralizações próximas a 100% quando

o fenantreno foi utilizado como única fonte de carbono e energia por uma bactéria do

gênero Sphingobium. .(JAQUES et al., 2005).

Os fungos também podem metabolizar os HAPs. As principais vias descritas na

literatura são duas: a primeira está relacionada aos fungos não-lignolíticos e a

segunda aos fungos lignolíticos. Para exemplificá-las utilizar-se-á as vias de

degradação do fenantreno. O metabolismo dos HAPs do Cunninghamella elegans é

bastante estudado entre os fungos não lignolíticos. Assim como em seres humanos,

o citocromo P450 realiza a monoxigenação inicial do fenantreno em óxidos arenos

(epóxidos), que, através das enzimas epóxido hidrolases, são transformados em

trans-diidrodióis, ou um dos anéis pode ser rearranjado nãoenzimaticamente a fenol

e ser conjugado, originando compostos como oglicosídeos e o-glicoronídeos. Os

trans-diidrodióis são transformados por desidratação em fenantróis, que podem

então ser convertidos em 9-fenantrilbeta-D-glicopiranosídeo, que se acredita ser um

dos produtos finais da via de degradação dos fungos não-lignolíticos. .(JAQUES et

al., 2005).

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Em vista da baixa solubilidade em água e forte tendência de sorção as

partículas minerais e orgânicas, a degradação dos HAPs pode ser limitada devido a

baixa biodisponibilidade destes compostos, uma vez que bactérias e fungos

somente absorvem nutrientes que estejam em solução. Os microrganismos têm

buscado superar esta limitação utilizando-se de mecanismos como a produção de

biossurfactantes. Os surfactantes são compostos químicos que apresentam uma

porção hidrofílica e uma porção hidrofóbica, fazendo com que se posicionem

preferencialmente nas interfaces entre fases fluidas com diferentes graus de

polaridade (como nas interfaces óleo/água ou ar/água). Uma das propriedades

destas moléculas é a redução da energia interfacial (tensão interfacial) e da tensão

superficial devido a formação de uma camada molecular ordenada na interface.

Além disso, promovem a formação de microemulsões, onde os HAPs são

incorporados no centro hidrofóbico das micelas e, desta forma, podem penetrar

numa solução aquosa. .(JAQUES et al., 2005).

Os surfactantes utilizados na biorremediação podem ser produzidos

industrialmente, a partir de derivados do petróleo, ou serem sintetizados

biologicamente por microrganismos. A utilização de surfactantes biológicos

(biossurfactantes) apresenta vantagens em relação aos industriais, como a menor

toxicidade aos microrganismos degradadores, menor recalcitrância no ambiente,

maior diversidade de estruturas químicas, atuação em uma gama maior de

condições, dentre outros fatores. .(JAQUES et al., 2005).

Os biossurfactantes são sintetizados nas células microbianas e liberados para

o meio; sua porção hidrofílica pode ser constituída de aminoácidos, peptídeos e

sacarídeos e a porção hidrofóbica é normalmente formada por ácidos graxos

saturados ou insaturados.adicionaram um biossurfactante ramnolipídeo produzido

por Pseudomonas aeruginosa ATCC 9027 ao meio de cultura mineral e verificaram

que a solubilidade do fenantreno aumentou de 0,7 mg L-1 para 35 mg L-1, o que

resultou em um aumento significativo da biodegradação deste HPA obtiveram

aumentos da biodegradação do tetradecano, pristano e hexadecano no solo, com a

adição de um biossurfactante produzido por uma bactéria do gênero Pseudomonas.

Observou reduções de 90, 85 e 74% nas concentrações de antraceno, fenantreno e

pireno, respectivamente, após a adição ao solo de um biossurfactante. Estes relatos

são exemplos das potencialidades da utilização de biossurfactantes visando

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aumentar a biodisponibilidade e, conseqüentemente, a degradação dos HAPs no

ambiente. .(JAQUES et al., 2005).

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6 CROMATOGRAFIA GASOSA ACOPLADA A ESPECTROSCOPIA DE MASSAS

Cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (GCMS) é a

combinação de duas técnicas poderosas: a cromatografia gasosa para maior

eficiência na separação dos componentes em amostras complexas, e a

espectrometria de massas para identificação destes componentes bem como para

identificação de componentes desconhecidos.(NIESSEN, 2001).

6.1 Cromatografia gasosa

A cromatografia gasosa ou líquido/gasosa foi introduzida em 1952 por James e

Martin. Sua operação básica é a volatilização e a transferência dos analitos para

uma coluna cromatográfica, através de uma interface aquecida chamada de injetor.

A coluna cromatográfica também é aquecida de forma controlada podendo criar

rampas com temperaturas desejadas, e para movimentar a amostra dentro da

coluna usa-se um gás inerte, como hélio ou nitrogênio, que é chamado de gás de

arraste, o qual faz o papel da fase móvel. A aplicação desta técnica é ampla,

contudo sua principal limitação deve-se ao fato de que os analitos devem ser

voláteis e estáveis nas condições de análise (SOUZA, 2008).

A identificação dos compostos utilizando apenas o sistema de cromatografia

pelo seu tempo de eluição através da coluna era bastante difícil. A identificação

muitas vezes tinha que ser feita posteriormente, através da coleta do analito,

geralmente feita borbulhando o efluente da coluna em solvente ou então em

condensadores apropriados (chamados de cold trap), para só então realizar a

identificação por infravermelho ou por espectrometria de massas. Contudo não

demorou muito para que as técnicas de cromatografia gasosa e de espectrometria

de massas fossem acopladas, dando origem ao GC-MS. Um dos primeiros relatos

(senão o primeiro) sobre esta interface entre o GC e o MS é de Gohlke (1959). Hoje

em dia a técnica GC-MS é muito difundida, sendo que várias configurações podem

ser encontradas. Uma das mais comuns é o GC-MS utilizando ionização eletrônica

com detector do tipo ion trap (SOUZA, 2008).

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6.1.1 Análise Quantitativa

A CG quantitativa está baseada na comparação da altura ou da área de um

pico analítico com aquele de um ou mais padrões. Se as condições são controladas

adequadamente, ambos os parâmetros variam linearmente com a concentração.

Portanto, considerando esse fato, a área é um parâmetro analítico mais satisfatório

que a altura do pico. Contudo, as alturas de pico são medidas de forma mais fácil e,

para os picos estreitos, mais exata. A maioria dos instrumentos cromatográficos

modernos é equipada com computadores que fornecem medidas de áreas relativas.

(HARRIS, 2005).

6.1.1.1 Calibração com padrões

O método mais direto de análise cromatográfica gasosa quantitativa envolve a

preparação de uma série de soluções padrão cuja composição se aproxima daquela

da amostra (método do padrão externo). Os cromatogramas para os padrões são

obtidos e as alturas dos picos ou suas áreas são empregadas em um gráfico em

função da concentração para se obter uma curva analítica. Um gráfico dos dados

deve fornecer uma linha reta passando pela origem; as análises quantitativas são

baseadas nesse gráfico. A calibração deve ser realizada sempre antes das

determinações para maior exatidão (NIESSEN, 2001).

Através da curva de calibração obtem-se uma regressão linear (y= a.x + b),

onde teremos:

Concentração do analito = (área do analito/área PI) x conc. PI + b

Onde:

PI: padrão interno

b: é o valor onde a reta corta o eixo y

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49

6.2 Método do padrão interno

A maior precisão em CG quantitativa é obtida empregando-se padrões internos

porque as incertezas introduzidas pela injeção da amostra, vazão e variações nas

condições da coluna são minimizadas. Nesse procedimento, uma quantidade

cuidadosamente medida de um padrão interno é introduzida em cada padrão de

calibração e na amostra e a razão entre área do pico do analito (ou sua altura de

pico) e a área do pico do padrão interno (ou sua altura) é utilizada como parâmetro

analítico. Para que esse método seja bem-sucedido, é necessário que o pico do

padrão interno seja bem separado dos picos dos outros componentes da amostra.

Contudo, deve aparecer próximo ao pico do analito. Naturalmente, o padrão interno

deve estar ausente na amostra a ser analisada. Empregando-se um padrão interno

adequado, precisões relativas de 0,5% a 1% têm sido relatadas (NIESSEN, 2001).

6.3 Espectroscopia de massas

Espectrometria de massas pode ser entendida como uma técnica analítica que

permite a identificação da composição química de um determinado composto

isolado, ou de diferentes compostos em misturas complexas, através da

determinação de suas massas moleculares na forma iônica, (ou seja, com carga

elétrica líquida, positiva ou negativa), baseada na sua movimentação através de um

campo elétrico ou magnético. Esta movimentação é determinada pela razão entre a

massa de um determinado composto (analito) e sua carga liquida, designada por

m/z (mass to charge ratio). Assim, conhecendo o valor de m/z de uma molécula é

possível inferir sua composição química elementar, e com isso determinar sua

estrutura. A espectrometria de massas pode ser utilizada em análises quantitativas,

mas é em análises qualitativas que ela tem se destacado, como na identificação de

compostos em misturas e, principalmente, na caracterização estrutural de

compostos desconhecidos, que pode ser alcançado através da formação de íons-

molécula e de seus respectivos íons-fragmentos (SOUZA, 2008).

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Poderíamos considerar então que a espectrometria massas fornece

informações precisas sobre a massa dos compostos analisados. Contudo devemos

tomar muito cuidado com este tipo de conclusão! Na realidade um espectrômetro de

massas fornece a massa obtida apenas de íons, entretanto nem todas as moléculas

contêm grupos químicos naturalmente carregados. Tomemos como exemplo a

glucose (Glc), uma molécula neutra, ou seja, sem carga líquida, que apresenta uma

massa molecular nominal de 180 Da. Os procedimentos de ionização para uma

molécula neutra como a Glc, envolvem a incorporação de adutores iônicos, sendo o

mais comum o cátion Na+. Neste processo, o adutor interage ou mesmo participa de

ligações coordenadas com o analito fornecendo a ele sua própria carga. Como

conseqüência deste processo de ionização a massa iônica da glucose passa de 180

Da para 203 Da, ou em termos mais apropriados, seu íon pseudo-molecular tem m/z

203 [M+Na]+, no qual z sendo igual a 1 (um) é possível pela subtração do adutor

conhecer a massa do composto original: m/z 203 – 23 (Na+) = 180 Da. É desta

forma que moléculas neutras podem ser analisadas por espectrometria de massas.

Em outros processos de ionização dependendo das características químicas das

moléculas a serem analisadas, pode se obter íons protonados, comuns em

moléculas contendo grupamentos R-NH2, ou então íons desprotonados, como no

caso de moléculas que apresentam grupamentos ácidos em suas estruturas. Nestes

dois casos os íons são chamados de íons quasi-moleculares (SOUZA, 2008).

A espectrometria de massas também é utilizada na determinação de razões

isotópicas. Tomemos como exemplo a análise de uma amostra de NaCl. Em solução

os íons Na+ e Cl- estarão dissociados, e quando analisados em modo de detecção

de íons positivos, será obtido apenas um íon de m/z 23 referente ao Na+

(SOUZA,2008).

Entretanto, quando analisamos esta mesma solução em modo de detecção de

íons negativos veremos o aparecimento de dois íons, um de m/z 35 sendo este o íon

base (aquele aparece representando 100%) e outro de m/z 37, que deverá

representar cerca de 1/3 do íon base. Estes resultados devem-se à relação isotópica

apresentada pelos íons analisados. Átomos de sódio são mono-isotópicos, com uma

massa de 22,98977 m.u. (nominal de 23 m.u.). Já os íons cloreto apresentam dois

isótopos, um com massa de 34,9688527 m.u. (nominal de 35 m.u., com abundância

natural de cerca de 75%) e outro com massa de cerca de 36,9659026 m.u. (nominal

de 37 m.u., com abundância natural de cerca de 25%) (SOUZA, 2008).

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Moléculas orgânicas são formadas essencialmente por átomos de carbono e

hidrogênio, e ambos contêm dois isótopos principais, no caso do carbono temos o

isótopo leve 12C (~99%) e o pesado 13C (~1%), e para o hidrogênio temos o

isótopo leve 1H (>99,9%) e o isótopo pesado 2H (<0,1%). Apesar de aparecerem em

baixas concentrações naturais, moléculas contendo pelo menos 1 isótopo pesado

podem representar grande parte das moléculas naturais. Moléculas contendo

diferentes isótopos são designadas como isotopólogos (SOUZA, 2008).

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7 MATERIAIS E MÉTODOS

Os seguintes materiais foram utilizados na pesquisa:

a) Solo

As amostras de solos estudados no presente trabalho foram provenientes do

Laboratório de Solo do Departamento de Análises de Solo da Faculdade de

Agronomia da UFRGS, o mesmo é classificado como solo inerte, ou seja, sem

presença de outros tipos de contaminantes.

b) Vidrarias e equipamentos:

Elermeyers de 500 mL para a incubação dos solos, eppendorf de 1 mL,

micropipetadores automáticos (0,01-10 mL), placas de Petry, pHmetro digital

Multitec PG 1800, cápsulas de porcelana, estufa De léo, dessecador, bico de

bunsen, autoclave Bio Eng A30, alça de platina, contador de colônias

mecânico Phoenix CP 602, tubo plástico com tampa, balão de fundo redondo

de 50 mL, funil, papel de filtro, ultra-som, rotaevaporador, mixer, vial 2 mL,

cap, cromatógrafo gasoso acoplado a espectrômetro de massas autosampler

Perkin Elmer e peneira de 2 mm.

c) Reagentes:

Foram utilizados água deionizada e destilada, bactérias Bacillus subtilis,

Pseudomonas aeruginosa, Serratia marcescens, fungo Candida albicans,

PCA (Plate Count Agar), benzo(a)pireno (padrão interno) da Dr Ehrenstorfer,

cartucho de sílica, pentano grau HPLC, diclorometano grau HPLC da Tédia e

ciplohexano grau HPLC da Tédia para preparo dos padrões.

d) Análises:

As análises de pH foram realizadas do laboratório de química da

UNILASALLE, a incubação e contagem dos microrganismos foram realizadas

no laboratório de microbiologia da UNILASALLE, a contaminação de

benzo(a)pireno foi realizada no Laboratório de Análises Regulatórias do RPC

Américas da Souza Cruz AS, juntamente com a preparação do solo para a

incubação e as análises de benzo(a)pireno foram realizadas no laboratório

particular ALAC.

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7.1 Preparação e contaminação do solo

A preparação do solo é muito importante para uma melhor eficiência na análise

de cromatografia gasosa acoplada com massas. Nesta etapa inicial, todo o solo a

ser utilizado em todas as análises foi peneirado com uma peneira de 2mm. A figura

7 apresenta o peneiramento do solo.

Figura 7: Peneiramento do solo Fonte: Autoria própria, 2010.

A contaminação do solo foi realizado com o contaminante Benzo(a)pireno

(padrão interno). Colocou-se a quantidade total de solo em um recipiente plástico de

2L, pesou-se o padrão benzo(a)pireno e foi adicionado a uma concentração de

647µg/Kg, mexeu-se bem até total homogeneização, deixou-se repousar por 10

dias.

7.2 Medição e redução do pH

A determinação do pH do solo é muito importante, pois o pH influencia no

crescimento e metabolismo dos microrganismos.

Foram adicionado 30 mL de água deionizada e destilada a um béquer

contendo 30 g de solo, deixando-se repousar por 10 min. Agitou-se novamente e a

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amostra ficou em repouso por 20 min. A figura 8 apresenta a amostra para leitura de

pH.

Figura 8: Preparo da amostra para medição do pH Fonte: Autoria própria, 2010.

Após realizou-se a leitura do pH na solução sobrenadante. O pH normal do

solo fica em torno de 6,5 à 7,5, porém alguns microorganismos apresentam um

melhor comportamento com pH reduzido, entre 5,0 a 5,5.

Foi realizado a redução do pH do solo. Colocou-se toda a quantidade do solo

em um recipiente plástico de 2l. Pesou-se 100gr de nitrato de alumínio e adicionou-

se 100mL de água deionizada, homogeneizou-se a solução e foi adicionado no solo.

Deixou-se repousar por 7 dias e foi repetido a medição do pH, o resultado

apresentado foi de 5,25. A figura 9 apresenta o recipiente onde o solo ficou em

repouso.

Figura 9: Solo em repouso para a redução do pH Fonte: Autoria própria, 2010.

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7.3 Planejamento fatorial

Utilizamos a técnica de planejamento fatorial, que permite a combinação de

todas as variáveis em todos os níveis, obtendo-se assim uma análise completa das

variáveis.

O planejamento fatorial é a melhor maneira de prever interação entre fatores.

Foi realizado um planejamento fatorial do tipo 2k , isto é, dois níveis, com duas

variáveis, gerando um 22, que é muito útil em investigações preliminares, quando

queremos saber se determinados fatores têm ou não influência sobre a resposta e

não estamos preocupados ainda em descrever muito rigorosamente essa possível

influência. É um planejamento muito simples de executar, que depois podem ser

ampliados para formar um planejamento mais sofisticado.

No planejamento de qualquer experimento, a primeira coisa que devemos fazer

é decidir quais são os fatores e as respostas de interesse. Os fatores, em geral, são

as variáveis que o experimentador tem condições de controlar. Podem ser

qualitativos, como o tipo de microrganismo, ou quantitativos, como a temperatura.

(NETO; SCARMINIO; BRUNS, 2007).

As variáveis e níveis utilizados foram os seguintes:

a) Temperatura de incubação: (32ºC e 37ºC);

b) Colônias de microrganismos: (Consórcio 1: Pseudonomas e Bacillus,

Consórcio 2: Serratia e Candida).

Para fazer um planejamento fatorial completo, devemos realizar experimentos

com todas as possíveis combinações dos níveis dos fatores:

a) Consórcio 1 em temperatura de 32ºC;

b) Consórcio 1 em temperatura de 37ºC;

c) Consórcio 2 em temperatura de 32ºC;

d) Consórcio 2 em temperatura de 37ºC.

A lista dessas combinações, que é chamada de matriz de planejamento

(NETO; SCARMINIO; BRUNS, 2007).

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7.4 Preparação dos meios de cultura e inoculação do s microrganismos

Os meios de cultura destinam-se ao cultivo artificial de microrganismos. Estes

meios fornecem os princípios nutritivos indispensáveis ao seu crescimento. (NEDER,

et al, 2000).

Pesou-se 2,8g de caldo de BHI, adicionou-se 75mL de água deionizada em

erlemeyer de 125mL. Tampou-se com papel de alumínio juntamente com papel

pardo, com camada dupla. Colocou-se na autoclave à 120ºC. A figura 10 apresenta

os meios de cultura.

Figura 10: Meios de cultura Fonte: Autoria própria, 2010.

A inoculação consiste em semear os microrganismo em meios de cultura

adequados a suas exigencias bioquimicas e nutricionais, onde estarão submetidas à

condições ideais de temperatura e oxigenação, obtendo assim reprodução dos

mesmos. (NEDER et al., 2000).

Colocou-se um fração de cada uma das colônias, Bacillus, Pseudonomas,

Serratia e Candida, nos erlenmeyers contendo a solução preparada de meios de

cultura, fechou-se com camada dupla de papel alumínio e papel pardo, logo após foi

levado para a estufa à 32ºC, ficando em incubação por 3 dias. As figuras 11 e 12

apresentam o processo de inoculação.

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Figura 11: Inoculação dos microrganismos Fonte: Autoria própria, 2010.

Figura 12: Microrganismos inoculados Fonte: Autoria própria, 2010.

7.5 Incubação dos microrganismos

A seguir estão descritas as etapas que envolveram a incubação dos

microrganismos.

7.5.1 Preparação dos frascos

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Vinte e quatro erlenmeyers de 500mL foram lavados com água, sabão e água

deionizada, para que não ocorresse nenhuma interferência com o meio externo.

Após a lavagem, os frascos foram para aquecimento sob uma temperatura de 105ºC

por um intervalo de 4 horas. Transcorrido o período de aquecimento na estufa, os

frascos foram retirados e colocados num local e um ambiente adequado, para evitar

contaminação com microrganismos presentes no ar.

7.5.2 Preparação das amostras

Amostras de aproximadamente 60 g de solo contendo como contaminantes

Benzo(a)pireno foram acrescentadas nos frascos. A quantidade de massa em cada

frasco está indicada na tabela 2 a seguir.

Tabela 2: Relação de frascos com massa de solo

Frasco Massa solo

1 59,97g

2 59,98g

3 60,08g

4 59,97g

5 59,97g

6 59,95g

7 60,06g

8 59,97g

9 59,95g

10 60,15g

11 60,43g

12 60,40g

13 60,38g

14 59,97g

15 60,24g

16 60,67g

17 60,06g

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18 60,13g

19 60,46g

20 59,90g

21 60,53g

22 60,06g

23 60,33g

24 60,45g

Fonte: Autoria própria, 2010.

A figura 13 a seguir ilustra o solo sendo pesado e colocado no frasco.

Figura 13: Preparação das amostras Fonte: Autoria própria, 2010.

7.5.3 Incubação

Três espécies de bactérias foram usadas: Bacillus, Pseudonomas e Serratia,

uma espécie de fundo: Candida. Foram divididas em dois consórcios: consórcio 1 e

consórcio 2. Utilizamos as iniciais de cada microrganismo para identificação, segue

abaixo:

Bacillus – B

Pseudonomas – P

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Serratia – S

Cândida – C.

Os consórcios foram divididos da seguinte maneira:

Consórcio 1: B&P

Consórcio 2: S&C

Os frascos foram divididos conforme a tabela 3 a seguir:

Tabela 3: Relação de frascos com espécies de microrganismos

Frasco Consórcio

1 Consórcio 1

2 Consórcio 1

3 Consórcio 1

4 Consórcio 1

5 Consórcio 1

6 Consórcio 1

7 Consórcio 2

8 Consórcio 2

9 Consórcio 2

10 Consórcio 2

11 Consórcio 2

12 Consórcio 2

13 Consórcio 1

14 Consórcio 1

15 Consórcio 1

16 Consórcio 1

17 Consórcio 1

18 Consórcio 1

19 Consórcio 2

20 Consórcio 2

21 Consórcio 2

22 Consórcio 2

23 Consórcio 2

24 Consórcio 2

Fonte: Autoria própria, 2010.

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Foi acrescentado com uma pipeta automática 300 µL de cada consórcio nos

respectivos frascos e estes foram fechados com camada dupla de papel alumínio e

pardo, para não haver interação do meio externo com o interno, o que poderia

interferir no resultado final do procedimento, logo após este procedimento os frascos

foram levados para as estufas.

7.5.4 Incubação das amostras

As amostras foram incubadas em duas temperaturas, com a finalidade de

observar o comportamento bacteriano dos diferentes consórcios.

A tabela 4 a seguir apresenta a relação dos consórcios, condição e frasco

Tabela 4: Consórcios com relação à temperatura

Frasco Consórcio Temperatura

1 Consórcio 1 37ºC

2 Consórcio 1 37ºC

3 Consórcio 1 37ºC

4 Consórcio 1 37ºC

5 Consórcio 1 37ºC

6 Consórcio 1 37ºC

7 Consórcio 2 37ºC

8 Consórcio 2 37ºC

9 Consórcio 2 37ºC

10 Consórcio 2 37ºC

11 Consórcio 2 37ºC

12 Consórcio 2 37ºC

13 Consórcio 1 32ºC

14 Consórcio 1 32ºC

15 Consórcio 1 32ºC

16 Consórcio 1 32ºC

17 Consórcio 1 32ºC

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18 Consórcio 1 32ºC

19 Consórcio 2 32ºC

20 Consórcio 2 32ºC

21 Consórcio 2 32ºC

22 Consórcio 2 32ºC

23 Consórcio 2 32ºC

24 Consórcio 2 32ºC

Fonte: Autoria própria, 2010.

A figura 14 a seguir ilustra o monitoramento das amostras.

Figura 14: Monitoramento das amostras Fonte: Autoria própria, 2010.

7.6 Contagem dos microrganismos

As contagens dos microrganismos foram realizadas no laboratório da

microbiologia da UNILASALLE.

Este procedimento foi realizado em placas pelo método das diluições. Este

método consiste em colocar um inoculo de uma cultura com quantidade

desconhecida de células em uma placa com meio de cultura. Contando as colônias

que cresceram após a incubação das placas, teremos o número de Unidades

Formadoras de Colônias (UFCs/mL) da cultura que estamos ensaiando. Porém,

como, em geral, pretendemos contar as células de culturas de crescimento denso,

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torna-se necessário fazer diluições do inoculo, a fim de que apareça nas placas um

número final de colônias entre trinta e trezentas, o que facilitará a contagem e

fornecerá uma aproximação mais exata da população microbiana. (NEDER et al,

2000).

Foram realizadas quatro contagem, em cada etapa realizada, foi feito o mesmo

procedimento.

Foi pesado aproximadamente 0,1g de solo em eppendorf de cada consórcio

exposto as duas temperaturas, a divisão foi realizada da seguinte forma conforme

tabela 5 a seguir:

Tabela 5: Método contagem de colônias

Consórcio Temp. 10-1 10-2

10-3

32ºC 1ª diluição 2ª diluição 3ª diluição

Consórcio 1

37ºC 1ª diluição 2ª diluição 3ª diluição

32ºC 1ª diluição 2ª diluição 3ª diluição

Consórcio 2

37ºC 1ª diluição 2ª diluição 3ª diluição

Fonte: Autoria própria, 2010.

Após a etapa da pesagem do solo, iniciou-se a diluição de cada uma destas

alíquotas, adicionou-se 100 µL na original. Procedeu-se diluição seriada até 10-6. A

figura 15 mostra a seqüência de diluição.

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Figura 15: Diluição da amostra para contagem dos microrganismos Fonte: Autoria própria, 2010.

Em cada diluição, levou-se cada alíquota para o misturador, para melhor

solubilização. A figura 16 apresenta a homogeneização da amostra.

Figura 16: Homogeneização das amostras Fonte: Autoria própria, 2010.

Após este processo, a solução das alíquotas foram transferidas para uma placa

de Petry com PCA (Plate Count Agar), para contagem das colônias. Foi utilizada

uma alça de vidro, tipo Drigalsky, flambada para espalhar a solução na placa. A

figura 17 apresenta o procedimento de transferência da amostra para a placa de

Petry.

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Figura 17: Distribuição da amostra na placa de Petry Fonte: Autoria própria, 2010.

A distribuição das placas, ficou conforme a tabela a seguir.

Tabela 6: Distribuição nas placas de Petry

Consórcio Temp. 10-1 10-2

10-3

Placas

32ºC

Consórcio 1

37ºC

32ºC

Consórcio 2

37ºC

Fonte: Autoria própria, 2010.

As placas foram incubadas em estufa à 37ºC por 48 h em aerobiose, a seguir s

foram contadas as colônias, utilizando-se do equipamento Contador de Colônias

Mecânico CP602, apresentado na figura 18.

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Figura 18: Contador de Colônias Mecânico CP602 Fonte: Autoria própria, 2010.

A contagem foi feita apenas nas colônias que possibilitaram a sua visualização

macroscópica e que possuíam a caracterização bem definidas, conforme a figura 19.

Figura 19: Consórcio 1- Colônia A: Bacillus; Colônia B: Pseudomonas Fonte: Autoria própria, 2010.

A cada contagem dos microorganismos foi realizado o descarte dos frascos,

devido à contaminação exposta com o procedimento. A tabela a seguir mostra a

ordem do descarte.

Tabela 7: Descarte dos frascos após procedimento

A

B

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Contagem Frascos descartados

1ª 1, 7, 13 e 19

2ª 2, 8, 14 e 20

3ª 3, 9, 15 e 21

4ª 4, 10, 16 e 22

Fonte: Autoria própria, 2010.

7.7 Quantificação Benzo(a)pireno

A quantificação do benzo(a)pireno no solo foi realizado no laboratório particular

ALAC, o método utilizado foi o EPA 8270-d.

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8 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Realizou-se a leitura do pH do solo que foi realizado a incubação, o resultado

foi de 5,25. Segundo Jaques, 2005, o pH atua diretamente na atividade dos

microrganismos através dos efeitos dos íons H+ na permeabilidade celular e na

atividade enzimática, assim como indiretamente, pela influência na disponibilidade

de macro e micronutrientes, e na solubilidade dos metais pesados, que podem ser

tóxicos aos microrganismos.

A quantificação inicial do solo foi realizada após a contaminação de b(a)p, o

resultado obtido foi de 647 µg/kg.

Realizou-se quatro contagens de crescimento dos microrganismos em cada 15

dias. O resultado das contagens encontra-se nas tabelas a seguir.

Tabela 8: Resultados da primeira contagem

Consórcio Temperatura 32ºC Temperatura 37ºC

Consórcio 1 2,2 X 108 UFC/g 1,9 x 108 UFC/g

Consórcio 2 2,0 X 108 UFC/g 1,51 X 108 UFC/g

Fonte: Autoria própria, 2010.

Tabela 9: Resultados da segunda contagem

Consórcio Temperatura 32ºC Temperatura 37ºC

Consórcio 1 3,8 X 108 UFC/g 9,51 x 108 UFC/g

Consórcio 2 2,3 X 108 UFC/g 1,1 X 109 UFC/g

Fonte: Autoria própria, 2010.

Tabela 10: Resultados da terceira contagem

Consórcio Temperatura 32ºC Temperatura 37ºC

Consórcio 1 4,1 X 107 UFC/g 3,2 x 107 UFC/g

Consórcio 2 3,1 X 106 UFC/g 1,3 X 107 UFC/g

Fonte: Autoria própria, 2010.

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Tabela 11: Resultados da quarta contagem

Consórcio Temperatura 32ºC Temperatura 37ºC

Consórcio 1 1,2 X 105 UFC/g 2,2 x 106 UFC/g

Consórcio 2 3,3 X 104 UFC/g 4,7 X 105 UFC/g

Fonte: Autoria própria, 2010.

Através destes resultados, é possível plotar uma curva de crescimento

microrganismos. A figura 20 apresenta a curva de crescimento em escala logarítmica

dos consórcios ao longo do experimento.

0,00E+00

2,00E+08

4,00E+08

6,00E+08

8,00E+08

1,00E+09

1,20E+09

0 1 2 3 4

tempo (quinzena)

UF

C p

or g

ram

a

Consórcio 1 temperatura 32ºCConsórcio 2 temperatura 32ºCConsórcio 1 temperatura 37ºCConsórcio 2 temperatura 37ºC

Figura 20: Crescimento dos consórcios ao longo do experimento Fonte: Autoria própria, 2010.

O consórcio 2 à 37ºC foi o que demonstrou maior desenvolvimento microbiano

juntamente com o consórcio 1 nas mesmas condições. Foi observado que em

temperaturas mais elevadas favoreceu expressivamente o crescimento. Altas

temperaturas ajudam na atividade biológica, o consumo de substrato pelo

microrganismo e, por conseqüência, a biodegradação dos HPAs (JAQUES et al.,

2005).

O consórcio 1 e 2 à 32ºC não obtiveram a mesma eficiência, mostrou um

crescimento razoável.

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Embora o decréscimo após a terceira quinzena, foi possível observar alguns

resultados. Os microrganismos poderiam não se desenvolver, ou até mesmo morrer

nas primeiras quinzenas. No presente experimento os microrganismos consorciados

utilizaram o contaminante benzo(a)pireno como forma de carbono, convertendo

como energia. As condições ambientais expostas, de alguma forma contribuíram

para tal resultado.

O resultado da quantificação final do solo foi realizada em apenas uma

variável. Foi escolhido o consórcio 1 à 37ºC, onde os resultados microbianos

apresentaram melhor desenvolvimento. O resultado final obtido foi de 86,3 µg/Kg.

Com o resultado obtido, foi possível mostrar um processo viável para a redução do

contaminante no solo, os microrganismos Pseudonomas e Bacillus utilizaram de

alguma forma o B(a)p como fonte de carbono inorgânico, o que justificaria a redução

de em 86,66%.

Para obtenção de resultados satisfatórios, foi estudado limitações bióticas e

abióticas que podem influenciar a biorremediação em solos contaminados com

HPAs. Foi fundamental a importância do conhecimento dos princípios e das

aplicações desta técnica, de acordo com as condições específicas do contaminante.

Além disso, volume de solo tratado, tempo de remediação, dependência de

condições ambientais, aceitação pública e impacto ambiental devem ser levados em

consideração para que este processo se torne economicamente viável e eficiente.

Entretanto, com somente uma variável, não é possível ter a confirmação da

biorremediação. Possíveis erros como transporte do solo contaminado, extração,

injeção, cálculos através da área dos picos, são fatores para que o resultado não se

torne confiável. Portanto sugere-se para próximos trabalhos a realização da

quantificação final em todas as análises em duplicata ou triplicata, para se ter a

confiabilidade no resultado.

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9 CONCLUSÃO

A utilização de microrganismos degradadores é uma alternativa que já vem

sendo utilizada em outros países e tem grandes chances de se desenvolver no

Brasil. As pesquisas nacionais e internacionais já possibilitaram o isolamento e a

identificação destes microrganismos, assim como o conhecimento das vias

bioquímicas, que confirmam a capacidade de transformação dos HPAs. (JAQUES et

al., 2005).

Este trabalho comprovou um processo viável para uma possível

biorremediação com as bactérias como: Pseudonomas aeruginosa e Bacillus

subtilis. O bom crescimento do consórcio 1 à 37ºC, demonstrou uma redução de

86,66% do contaminante B(a)p, o que significou que estes microrganismos

provavelmente utilizaram o contaminante como forma de carbono convertido em

energia, transformando-o em substâncias menos tóxicas . Fatores ambientais como

disponibilidade de água e oxigênio, temperatura e pH e disponibilidade de nutrientes

inorgânicos influenciaram na sobrevivência e a atividade dos microrganismos

degradadores.

Altas temperaturas ajudam na atividade biológica, o consumo de substrato pelo

microrganismo e, por conseqüência, a biodegradação dos HPAs (JAQUES et al.,

2005). O crescimento microbiano foi comprovado melhor eficiência à temperatura

mais alta, 37ºC. Tanto no consórcio 1, quanto no consórcio 2, foi demonstrado que a

taxa de crescimento teve uma variação expressiva comparada a temperatura de

32ºC.

Para próximos trabalhos sugere-se fazer a quantificação final em todas as

amostras. Neste trabalho escolheu-se apenas um consórcio e uma temperatura, o

que demonstrou melhores resultados. Sendo assim, não foi comprovado a

biorremediação.

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REFERÊNCIAS

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ANEXO A – Resultado quantificação inicial

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ANEXO B – Cromatograma da quantificação inicial

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ANEXO C – Resultado quantificação final consórcio 1

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ANEXO D – Cromatograma da quantificação final consó rcio 1