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Estudo de percepção sobre transgênicos na produção de alimentos 2016

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Estudo de percepção sobre transgênicos na produção de alimentos

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O Conselho de Informações sobre Biotecnologia é uma organização não-governamental e uma associação civil sem fins lucrativos e sem nenhuma conotação político-partidária ou ideológica. Seu objetivo é divulgar informações técnico-científicas sobre a biotecnologia, aumen-tando a familiaridade de diversos setores da sociedade com o tema.

A CONECTA, empresa do grupo IBOPE, nasceu em 2011 para trazer a pesquisa off-line para o online no Brasil. O trabalho consiste em coletar dados, ideias, opiniões, hábitos, comportamentos e gostos do internauta brasileiro, para gerar e facilitar entendimento de cenários e contribuir para tomadas de decisão.

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Estudo de percepção sobre transgênicos na produção de alimentos – 2016

Índice

Introdução

Metodologia

Resultados

Interesse e percepção sobre impactos da ciência

Conhecimento sobre transgênicos

Relevância dos transgênicos na produção de alimentos

Segurança dos transgênicos na produção de alimentos

Análise comparativa

Considerações finais

Referências bibliográficas

Anexo: Questões

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Introdução

A tecnologia do DNA recombinante foi uma das grandes descobertas das últimas décadas, com aplicações em diversas áreas do conheci-mento, a exemplo da saúde, energia e agricultura. A aplicação desse conhecimento na agricultura resultou, na década de 1990, no desenvol-vimento das primeiras plantas transgênicas para cultivo e consumo hu-mano e animal. Esses vegetais expressam características que, por meio do melhoramento genético convencional, não poderiam ser obtidas.

Ao longo de aproximadamente 20 anos o cultivo de alimentos transgê-nicos aumentou aproximadamente 100 vezes. Segundo dados do Ser-viço Internacional para Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA), entre 1996 e 2015, a área total ocupada por cultivos biotecno-lógicos saiu de 1,7 milhão de hectares para 179,7 milhões de hectares. Esse desempenho torna a biotecnologia, a tecnologia de cultivo adota-da mais rapidamente na história recente da agricultura (JAMES, 2015).

Essa adoção reflete os benefícios da tecnologia e o Brasil é um dos principais players na adoção de biotecnologia. Desde 2009 o País ocupa o segundo lugar em área plantada de soja, milho e algodão transgênicos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. As três cultu-ras ocupam lugar de destaque nas exportações do Brasil e têm con-tribuído para que a agricultura seja o setor mais estável da economia do País, mesmo em tempos de crise.

Apesar disso, desde a sua introdução, a transgenia despertou descon-fiança de alguns setores da sociedade. A curiosidade diante de uma nova ferramenta para facilitar a produção de alimentos ganhou con-tornos ideológicos e as dúvidas se transformaram em posicionamen-tos críticos a respeito dos organismos geneticamente modificados (OGM) (BLANCKE, 2015). Diante dos debates calorosos, as pesquisas de opinião pública passaram a ser utilizadas para caracterizar o sen-timento dos consumidores e respaldar políticas rigorosas.

A preocupação aparente dos consumidores tem recebido um nível de atenção desproporcional à segurança dos produtos desenvolvidos com ciência. Tal fato tem promovido a reflexão sobre o quanto a opi-nião pública é válida nas avaliações respaldadas em análises técnicas (McFADDEN & LUSK, 2016). Diversos fatores psicológicos, culturais e econômicos podem levar os consumidores a desenvolverem con-vicções divergentes da ciência e com elevado viés ideológico. Esse viés é ainda mais pronunciado quando os consumidores têm pouco conhecimento sobre um tema que é comumente abordado na mídia e em outras ferramentas de interação social, como é o caso dos trans-gênicos (SLOVIC, 1987; KAHAN, et al 2011; LUSK, et al 2014).

Para verificar o quanto os internautas brasileiros conhecem os OGM e avaliam o seu impacto no agronegócio, o Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) e IBOPE CONECTA conduziram uma pes-quisa de opinião pública. Este trabalho reúne os resultados desse le-vantamento e sugere uma reflexão sobre o papel do consumidor nas decisões relacionadas à biotecnologia agrícola.

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Região

Norte e Centro Oeste

15%

Nordeste 22%

Sudeste 48%

Sul 15%

Idade

18 a 24 25%

25 a 34 30%

35 a 54 36%

55 ou + 9%

Gênero

Homens 48%

Mulheres 52%

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Metodologia

A pesquisa foi conduzida por meio de questionário on line com 2011 participantes cadastrados no painel de internautas do IBOPE CONEC-TA. Partiu-se do pressuposto de que os painéis de pesquisa on line com cadastramento voluntário produzem repostas que são tão acu-radas quanto outros métodos, a exemplo de pesquisas via telefone (ANSOLABEHERE & SCHAFFNER, 2014). A avaliação foi realizada no período de 4 a 17 de julho de 2015.

O critério de seleção da amostra seguiu proporcionalmente a es-tratificação da população de internautas do País, considerando as variáveis de gênero, faixa etária, classe social e região. A Tabela 1 reúne os principais dados sobre os internautas brasileiros segundo o CENSO do IBGE de 2014.

Tabela 1: Utilização da internet no Brasil segundo censo do IBGE (distribuição em percentual)

Dados obtidos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD, 2014)

Como se pode observar na Figura 1, a amostra incluída na presente pesquisa está de acordo com as estatísticas do IBGE. Cabe mencionar que, foram excluídas da avaliação todas as pessoas que tinham rela-ção com a área de biotecnologia. O objetivo da utilização deste filtro foi o de buscar contemplar, com o máximo de exatidão possível, a opinião do internauta brasileiro leigo no tema.

Figura 1: Perfil da amostraDistribuição dos participantes da pesquisa (total 2011) em percentuais.

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As 23 questões foram organizadas em 04 blocos. O bloco 1 procurou mensurar o interesse, fontes de informação e percepção sobre os im-pactos da ciência. O bloco 2 avaliou os conhecimentos sobre trans-genia, conceitos e aplicações no desenvolvimento agrícola. O bloco 3 investigou o entendimento dos internautas sobre a importância dos transgênicos na produção de alimentos. Finalmente, o bloco 4, tra-tou do entendimento sobre os processos associados à liberação de um novo produto transgênico. Para a amostra avaliada o intervalo de confiança estimado foi de 95% e a margem de erro máxima estimada foi de 2 pontos percentuais para mais ou para menos sobre os re-sultados encontrados no total da amostra. O questionário completo pode ser visualizado no Anexo.

Resultados

Interesse e percepção sobre impactos da ciênciaPrimeiramente, os participantes foram questionados quanto ao seu grau de interesse por ciência. A pergunta: “O quanto você se interes-sa por temas relacionados à ciência?” foi apresentada com alterna-tivas numéricas (0-10), onde zero indicava “nada interessado” e dez “muito interessado”. 79% dos respondentes mostraram interesse atribuindo valores de 06 a 10. E pouco mais de 1/3 dos respondentes revelou ter muito interesse (Figura 2).

Figura 2: Interesse por ciênciaRepresentação elaborada a partir das respostas à pergunta: “Quanto você se interessa por temas relacionados à ciência?” onde os participantes deveriam atribuir um valor de 0-10.

A internet, TV e os documentários apareceram como os principais veículos de informação dos internautas quando questionados sobre fontes de informação (Figura 3).

No que concerne aos impactos da ciência na vida das pessoas, apesar de 79% dos participantes declararem ter interesse por ciência, ape-nas 23% acredita que o conhecimento científico auxilia na agricultu-ra. Ao mesmo tempo, 84% avalia que a ciência contribui para a cura de doenças e 51% no desenvolvimento de novos medicamentos (Fi-gura 4). Esse resultado revela que o consumidor ainda não relaciona a produção de alimentos com a aplicação de conhecimento científico.

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Figura 3: Fontes de informação sobre ciênciaRepresentação elaborada a partir das respostas à pergunta: “Como você se in-forma a respeito dos temas relacionados à ciência?” onde os participantes poderiam selecionar mais de uma opção.

Tal achado sugere que, enquanto na área da saúde a ciência é vis-ta como parte integrante do processo de desenvolvimento de novos produtos, na produção de alimentos, atividade na qual o Brasil é des-taque mundial exatamente pelo emprego da inovação, essa percep-ção é bem menor. Se, de acordo com a pesquisa, 79% das pessoas se informam sobre ciência na internet, 62% por meio de programas de TV e 58% com documentários, é possível sugerir que esses meios de comunicação não estão deixando clara essa correlação (Figura 3).

Figura 4: Impactos da ciênciaRepresentação elaborada a partir das respostas à pergunta: “Como você acha que a ciência pode afetar a vida das pessoas?” onde os participantes deveriam selecionar os 3 impactos mais importantes.

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Conhecimento sobre transgênicosQuando questionado sobre o conceito de alimento transgênico, 80% dos respondentes associam a tecnologia à afirmativa de que são ali-mentos que receberam alguma modificação.

Apesar disso, nenhum dos entrevistados enumerou com exatidão as culturas geneticamente modificadas (GM) disponíveis no Brasil. O País cultiva hoje sementes transgênicas de soja, milho e algodão. Na pes-quisa, os dois primeiros são citados por, respectivamente, 60% e 51%. A resposta correta é mencionada por apenas 11% dos participantes, mas eles também acrescentam outros produtos à lista, como trigo (30%) e tomate (23%), que não possuem versões GM no mercado. Nesse cenário, apenas 15% sabe que essa tecnologia está disponível para o algodão, apesar do Brasil adotá-la há mais de 10 anos (Figura 6).

Figura 5: Conhecimentos básicos sobre transgênicosRepresentação elaborada a partir das respostas às perguntas: 1. “Para você, o que são alimentos transgênicos?” e 2. “ O quanto vc concorda com as característi-cas enumeradas sobre os transgênicos?”

Figura 6: Produtos transgênicos que o Brasil cultivaRepresentação elaborada a partir das respostas à pergunta: “Você sabe quais produtos transgênicos são produzidos no Brasil?” onde os entrevistados deveriam assinalar os produtos transgênicos numa lista: soja, milho, algodão, trigo, tomate, cana-de-açúcar, arroz, beterraba, cenoura, laranja, alface e feijão.

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Figura 7: Características dos alimen-tos transgênicos Representação elaborada a partir das respostas à pergunta “ O quanto vc concorda com as características enume-radas?” onde os participantes deveriam responder de acordo com seu grau de concordância quanto às afirmativas sobre os transgênicos.

Relevância dos transgênicos na produção de alimentosO levantamento também investigou que características os brasileiros avaliam que são inseridas nesses alimentos por meio da transgenia. Até hoje, no Brasil e no mundo, prevalecem os OGM resistentes a inse-tos e/ou tolerantes a herbicidas, importantes ferramentas no manejo agrícola. A resistência a pragas foi adequadamente mencionada por 77% da amostra, mas 61% também atribuiu a essas plantas uma maior durabilidade (Figura 7).

Segurança dos transgênicos na produção de alimentos Ao se questionar sobre a segurança dos transgênicos, se observa que, apesar de os estudos científicos, testes e análises de biossegurança demonstrarem claramente que esses alimentos são seguros, ainda existe uma parcela que afirma que eles são pouco testados (44%), fazem mal (33%) e causam reações alérgicas (29%) (Figura 7).

Ainda que a percepção não esteja alinhada com os dados científicos, o índice de respondentes que atribui aos transgênicos características ne-gativas está de acordo com o grau de aceitação desses alimentos, na avaliação deste trabalho. A grande maioria (73%) afirma já tê-los consu-mido e 27% não sabem ou afirmam que não comeram. No entanto, nes-se grupo de 27%, 59% se mostram abertos a experimentar (Figura 8).

Figura 8: Consumo de alimentos transgênicos Representação elaborada a partir das respostas à pergunta: “Você diria que já comeu alimentos transgênicos?” onde os participantes deveriam assinalar: sim, não ou não sei. Para aqueles que disseram que “não” ou “não sei”, foi acrescentada uma pergunta para avaliar se estariam dispostos a consumir.

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Um último dado da pesquisa denuncia o distanciamento do público em relação à ciência básica e suas interfaces com o cotidiano. Ao se-rem questionados sobre que tipo de substância acreditam que conso-mem ao ingerir alimentos, apenas 17% demonstrou saber que também ingere DNA ao se alimentar de carnes, frutas, verduras e legumes (Figura 9). Observa-se que o resultado referente ao DNA, é o menor índice entre todos os demais compostos citados. Adicionalmente, 73% dos entrevistados demonstram preocupação em ingerir DNA (Figura 10).

Figura 9: Compostos presentes nos alimentosRepresentação elaborada a partir das respostas à pergunta: “Você acredita que ao se alimentar, ingere: agrotóxico, DNA, Vi-taminas e minerais, carboidratos, proteínas e gorduras” onde os participantes deveriam assinalar os compostos.

Figura 10: Segurança na ingestão de DNARepresentação elaborada a partir das respostas à pergunta: “O quanto você está preocupado com o fato de ingerir uma molécula de DNA que contêm instruções genéticas quando se alimenta?” onde os participantes deveriam atribuir um valor de 0-10.

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Análise comparativaDe um modo geral é possível dizer que os resultados deste levan-tamento mostram que ainda há muito a ser comunicado sobre tec-nologia na agricultura e sobre transgênicos no Brasil. Apesar disso, uma análise comparativa nos permite verificar que o cenário melho-rou em relação ao passado. Numa pesquisa também conduzida pelo IBOPE em 2001, com uma amostra semelhante (2000 respondentes) o desconhecimento era ainda maior. Se hoje 80% das pessoas res-ponderam apropriadamente ao serem perguntadas sobre o que é um transgênico, há 15 anos 66% dos entrevistados sequer tinham ouvido falar no assunto (Figura 11).

Figura 11: Você já ouviu falar em organismos transgênicos? (Pesquisa do IBOPE, 2001)Representação elaborada a partir das respostas à pergunta “O(a) sr(a) já ouviu falar, ou nunca ou-viu falar em organismos transgênicos?” onde os participantes (2000 pessoas) deveriam respon-der se: já ouviu falar; nunca ouvi falar; não sei.

Figura 12: Percepção sobre o consumo de transgênicos (Pesquisa IBOPE, 2001)Representação elaborada a partir das respostas à pergunta “Caso você pudesse escolher entre um alimento transgênico, e um alimento não transgênico, qual deles escolheria?” onde os participantes (2000 pessoas) deveriam respon-der: transgênico; não transgênico ;não sei.

O mesmo levantamento também mostrou que, no início da década passada, os entrevistados apresentavam uma atitude de maior rejei-ção com relação a esses alimentos. Em 2001, 74% das pessoas afirma-ram que prefeririam não consumir alimentos transgênicos (Figura 12).

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Nos dados de 2016, em que praticamente a mesma porcentagem de respondentes (73%) relata já ter consumido esses alimentos, verifi-ca-se uma mudança no quadro. Ainda que não se possa atribuir um único motivo a essa mudança, uma das razões que deve ter contri-buído para esta alteração é o maior acesso a informações sobre a segurança dos transgênicos.

As diferenças de percepção entre os cientistas e o público leigo quanto aos transgênicos é fortemente evidenciada na publicação da Pew Research Center (2015), na qual 88% dos cientistas membros da American Association for the Advancement of Science (AAAS) acredita que os alimentos transgênicos são seguros para o consumo enquanto na população leiga o percentual é de apenas 37%. Tal achado de-nuncia o quanto o distanciamento do tema aumenta a predisposição à formação de posicionamentos contrários.

No que tange à desinformação sobre OGM, um estudo norte-ameri-cano (McFadden, 2016) revelou que 84% dos entrevistados é a favor da rotulagem obrigatória de alimentos que contenham ingredientes transgênicos. Supreendentemente, quase o mesmo percentual de pessoas (80%) também avaliou que é fundamental rotular os ali-mentos que contenham DNA. O mesmo estudo mostrou que 33% dos respondentes acredita que tomates não geneticamente modificados não contém DNA, bem como 32% acreditam que verduras e legumes também não possuem a molécula. Diante desse quadro, parece muito razoável ponderar a contribuição do consumidor na definição de po-líticas públicas sobre o tema.

Considerações finais

Ainda que tenha havido avanço no entendimento sobre o que é um transgênico, a pesquisa CIB-IBOPE CONECTA revela que tal informa-ção não é suficiente para um pleno esclarecimento sobre o assunto, uma vez que foram observados equívocos conceituais e de aplicação sobre a biotecnologia na produção de alimentos.

Possivelmente, para haver um melhor entendimento sobre a trans-genia e seus benefícios, seria necessário mostrar, desde o primeiro contato com a ciência, que ela é uma ferramenta valiosa de inovação e está presente em muitos aspectos da nossa vida. A constatação de que as pessoas não sabem que há DNA no que ingerem revela uma grande dificuldade de associação de conhecimentos básicos, desen-volvidos no ensino formal, e a sua inserção na realidade.

O agronegócio segue como um setor em crescimento. De acordo com dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimen-to (Conab) em novembro de 2016, a safra brasileira 2015/2016 de grãos poderá fechar com uma produção recorde de até 215 milhões de toneladas. Para atingir esse patamar de produtividade e compe-

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titividade, a aplicação do conhecimento científico na agricultura foi fundamental. Graças ao uso e desenvolvimento de novos insumos, à mecanização do trabalho no campo e à adoção de sementes de alta performance, desenvolvidas por melhoramento genético clássico e transgenia, hoje somos capazes de produzir mais.

Ainda que essa seja uma mensagem comumente divulgada em dife-rentes mídias, a produção de alimentos, não está entre os principais impactos da ciência na visão dos internautas. Sem dúvida, a ideia ain-da precisa ser melhor trabalhada e a informação técnica apresentada em diversos fóruns, favorecendo a aproximação com o tema e esti-mulando o posicionamento crítico baseado em fatos e não em mitos. Desta forma, a opinião do consumidor poderá efetivamente contri-buir na construção políticas propositivas e não meramente restritivas.

Referências bibliográficas

ANSOLABEHERE, S., SCHAFFNER, B. F. Does survey mode still mat-ter? Findings from a 2010 multi-mode comparison. Polit. Anal. 22, 285–303, 2014.

BLANCKE, S., BREUSEGEM, F. V. et al. Fatal attraction: the intuitive appeal of GMO opposition. Trends in Plant Science. Volume 20, Issue 7, p414–418, July 2015.

IBOPE. 2001. Pesquisa de Opinião Pública sobre Transgênicos. Dis-ponível em http://www.greenpeace.com.br/transgenicos/pdf/pes-quisaIBOPE_agosto2001.pdf

JAMES, Clive. Global Status of Commercialized Biotech/GM Crops: 2015. ISAAA Brief nº 51. ISAAA. Ithaca, NY, 2015.

KAHAN, D.M., JENKINS-SMITH, H & BRAMAN. Cultural cognition of scientific consensus. J Risk Res 14, 147-174, 2011.

LUSK, J. L., ROOSEN, J & BIEBERSTEIN, A. Consumer acceptance of new food technologies causes and roots controversies. Annu Rev Resour Econ, 6, 381-405, 2014.

McFADDEN, B. R. & LUSK, J. L. What consumers don’t know about ge-netically modified food, and how that affects beliefs. FASEB J, Sep; 30(9):3091-3096, 2016.

PEW RESEARCH CENTER. 2015. Public and Scientists’ Views on Scien-ce and Society. American Association for the Advancement of Scien-ce (AAAS). Disponível em http://www.pewinternet.org/2015/01/29/public-and-scientists-views-on-science-and-society/

SLOVIC, P. Perception of risk. Science 236, 280-285, 1987.

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Sim (ENCERRAR) 01

Não 02

Leio artigos científicos 01

Leio revistas científicas especializadas 02

Assisto documentários relacionados a ciência 03

Assisto programas de TV sobre o tema 04

Leio revistas sobre curiosidades científicas 05

Leio notícias na internet 06

Não me informo a respeito de temas relacionados a ciência 07

Ajuda a encontrar cura para doenças 01

Desenvolve novas tecnologias 02

Desenvolve produtos que facilitam o dia-a-dia 03

Auxilia no avanço da sustentabilidade 04

Desenvolve novos medicamentos 05

Auxilia na produção de alimentos 06

A ciência não afeta a vida das pessoas 07

RU: Resposta ÚnicaRM: Resposta Múltipla

Anexo: Questões

1. Você trabalha com biotecnologia ou de alguma forma atua na área da biotecnologia? (RU)

2. O quanto você se interessa por temas relacionados à ciência? (RU)Onde 0 significa nada interessado e 10 significa muito interessado.

3. Como você se informa a respeito dos temas relacionados a ciência? (RM)

4. Como você acha que a ciência pode afetar a vida das pessoas? Quais são os 3 impactos mais importantes? (RM)

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Saúde 02

Qualidade dos alimentos 03

Estética 04

Combate à Poluição 05

Abastecimento de água 06

Energia elétrica 07

Infraestrutura 08

Setor público 01

Setor privado 02

Ambos contribuem igualmente 03

A biotecnologia é antiga, aplicada desde as primeiras produções de pães, cervejas, vinhos, queijos e iogurtes

01

A biotecnologia é uma ciência recente, foi iniciada depois de conhecermos a estrutura do DNA

02

A biotecnologia tem sido aplicada apenas na produção de medicamentos

03

Não sei 04

5. Para quais dos seguintes aspectos a ciência tem contribuído de forma positiva no Brasil? (RM)

6. Em que medida você acha que o Brasil está investindo em avanços científicos? (RU)Onde 0 significa não investe nada e 10 significa que investe muito.

7. Na sua percepção quem está contribuindo mais nesse investimento? (RU)

8. A biotecnologia é a aplicação de conhecimentos químicos e bioló-gicos nas áreas da saúde, de alimentos, química e ambiental. Pensan-do nisso, você acredita que... (RU)

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Sim 01

Não 02

Não sei 03

Agrotóxico 01

DNA 02

Vitaminas e minerais 03

Carboidratos 04

Fibras 05

Gorduras 06

Alimentos maiores e mais atraentes 01

Alimentos que recebem genes modificados 02

Alimentos ricos em gordura trans 03

Alimentos mais resistentes a pragas 04

Alimentos desenvolvidos em laboratório 05

Alimentos que receberam mais agrotóxicos 06

Com certeza consumiria 01

Provavelmente consumiria 02

Provavelmente não consumiria 03

Com certeza não consumiria 04

Não sei 05

9. Você acredita que ao se alimentar, ingere: (RM)

10. Para você, o que são alimentos transgênicos? (RM)

Para esclarecer a todos que estão participando desta pesquisa, os transgênicos são produtos que receberam genes modificados. O gene inserido pode ser proveniente dele próprio após sofrer modificação, ou de outra espécie diferente.

11. Considerando isso, você diria que já comeu alimentos transgênicos? (RU)

12. Você consumiria alimentos transgênicos? (RU)

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Concordo totalmente

Concordo parcialmente

Não concordo nem discordo

Discordo parcialmente

Discordo totalmente

Alimentos transgênicos fazem mal

01 01 01 01 01

Transgêni-cos causam reações alérgicas

02 02 02 02 02

Os trans-gênicos são mais resistentes a pragas e bactérias

03 03 03 03 03

Alimentos transgênicos são mais ricos em vitaminas

04 04 04 04 04

Alimentos transgênicos tem maior valor nutri-cional

05 05 05 05 05

Alimentos transgênicos são modifi-cados para que a pro-dução seja aumentada

06 06 06 06 06

Alimentos transgênicos duram mais

07 07 07 07 07

A qualidade dos trans-gênicos é melhor

08 08 08 08 08

Alimentos transgênicos não foram suficien-temente testados

09 09 09 09 09

13. O quanto você concorda com as afirmações abaixo: (RU por linha)

14. Na sua opinião, o quanto alimentos transgênicos são necessários? (RU)Onde 0 significa nada necessário e 10 significa muito necessário.

Não sei

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Para evitar o uso de agrotóxicos no cultivo de alimentos 01

Para aumentar a produção e o lucro 02

Para tornar os produtos mais atraentes para o consumidor 03

Para facilitar o trabalho dos agricultores 04

Transgênicos não são necessários 05

Soja 01

Milho 02

Algodão 03

Trigo 04

Tomate 05

Cana de açúcar 06

Arroz 07

Beterraba 08

Cenoura 09

Laranja 10

Alface 11

Feijão 12

Não sei 13

15. Por que os transgênicos são necessários? (RM)

16. Em que medida você se sente seguro em consumir produtos transgênicos, ou seja, produtos geneticamente modificados? (RU)Onde 0 significa nada seguro e 10 muito seguro.

17. O quanto você está preocupado com o fato de ingerir uma molécu-la de DNA que contêm instruções genéticas quando se alimenta? (RU)Onde 0 significa nada preocupado e 10 muito preocupado.

18. E alimentos cultivados com agrotóxicos, você considera seguro para consumo? (RU)Onde 0 significa nada seguro e 10 muito seguro.

19. Você sabe quais produtos transgênicos são produzidos no Brasil?

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Significa que o alimento possui gorduras trans 01

Significa que contém agrotóxicos 02

Significa que é um alimento transgênico 03

Significa que contém material radioativo 04

Não sei 05

Sim, sempre 01

De vez em quando 02

Não presto atenção 03

Sim, precisam 01

Não precisam 02

Não sei 03

Sim 01

Não 02

Não sei 03

20. O que significa a imagem abaixo em rótulos de alimentos?

21. No supermercado, você presta atenção se os produtos que está comprando são transgênicos? (RU)

22. Você sabe se produtos transgênicos precisam de algum tipo de aprovação antes de serem liberados para comercialização? (RU)

23. Você considera que o processo de aprovação dos transgênicos no Brasil é seguro e confiável? (RU)

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