Estudo de Coríntios - A

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Estudo de Coríntios – Capítulo 14 Pr. Aluízio Antônio A edificação da Igreja É um princípio de Deus que as realidades e experiências espirituais têm manifestações naturais e físicas em nossas vidas. Por exemplo: - Se realmente temos um amor divino, ele se revela por um amor aos irmãos. - Os pensamentos dos nossos corações são expressos pela nossa palavra. - O verdadeiro arrependimento é expresso pelo batismo na água e confissão pública. - E o recebimento do Espírito é manifesto pelo falar em línguas. Há uma diferença entre línguas como a evidência inicial do batismo do Espírito Santo e o falar em línguas como o “dom de línguas”. Todos os casos em Atos onde se mostra alguém recebendo o batismo no Espírito Santo mostram que as pessoas falaram em línguas ao receberem o Espírito. Os exemplos bíblicos nos mostram que todos deveriam falar em línguas ao receberem o Espírito. O exemplo do dia de Pentecoste Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem. Atos 2:4 O exemplo dos Samaritanos Então, lhes impunham as mãos, e recebiam estes o Espírito Santo. Vendo, porém, Simão que, pelo fato de imporem os apóstolos as mãos, era concedido o Espírito Santo, ofereceu-lhes dinheiro, propondo: Concedei-me também a mim este poder, para que aquele sobre quem eu impuser as mãos receba o Espírito Santo. Atos 8:17-19

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Estudo de Corntios Captulo 14

Estudo de Corntios Captulo 14Pr. Aluzio Antnio

A edificao da Igreja

um princpio de Deus que as realidades e experincias espirituais tm manifestaes naturais e fsicas em nossas vidas. Por exemplo:

- Se realmente temos um amor divino, ele se revela por um amor aos irmos.

- Os pensamentos dos nossos coraes so expressos pela nossa palavra.

- O verdadeiro arrependimento expresso pelo batismo na gua e confisso pblica.

- E o recebimento do Esprito manifesto pelo falar em lnguas.

H uma diferena entre lnguas como a evidncia inicial do batismo do Esprito Santo e o falar em lnguas como o dom de lnguas.

Todos os casos em Atos onde se mostra algum recebendo o batismo no Esprito Santo mostram que as pessoas falaram em lnguas ao receberem o Esprito. Os exemplos bblicos nos mostram que todos deveriam falar em lnguas ao receberem o Esprito.

O exemplo do dia de Pentecoste

Todos ficaram cheios do Esprito Santo e passaram a falar em outras lnguas, segundo o Esprito lhes concedia que falassem. Atos 2:4O exemplo dos Samaritanos

Ento, lhes impunham as mos, e recebiam estes o Esprito Santo. Vendo,

porm, Simo que, pelo fato de imporem os apstolos as mos, era concedido

o Esprito Santo, ofereceu-lhes dinheiro, propondo: Concedei-me tambm

a mim este poder, para que aquele sobre quem eu impuser as mos

receba o Esprito Santo. Atos 8:17-19

O exemplo de Paulo

Ento, Ananias foi e, entrando na casa, imps sobre ele as mos, dizendo:

Saulo, irmo, o Senhor me enviou, a saber, o prprio Jesus que te apareceu

o caminho por onde vinhas, para que recuperes a vista e fiques cheio do

Esprito Santo. Atos 9:17

Dou graas a Deus, porque falo em outras lnguas mais do que todos

vs. I Cor 14:18O exemplo de Cornlio

Ainda Pedro falava estas coisas quando caiu o Esprito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. E os fieis que eram da circunciso, que

vieram com Pedro, admiraram-se, porque tambm sobre os gentios foi derramado o dom do Esprito Santo; pois os ouviam falando em

lnguas e engrandecendo a Deus. Atos 10:44-46

O exemplo de feso

Perguntou-lhes: recebestes, porventura, o Esprito Santo quando crestes? Ao que lhe responderam: Pelo contrrio, nem mesmo ouvimos que existe o

Esprito Santo. Ento, Paulo perguntou: Em que, pois, fostes batizados? Responderam: no batismo de Joo. Disse-lhes Paulo: Joo

realizou batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele

que vinha depois dele, a saber em Jesus. Eles, tendo ouvido isto, foram batizados

em nome do Senhor Jesus. E, impondo-lhes Paulo as mos, veio sobre

eles o Esprito Santo; e tanto falavam em lnguas como profetizavam. Atos 19:2-6

Na maioria destes casos, bem obvio que eles no se submeteram s instrues do Senhor naquilo que se refere maneira com que as lnguas deveriam ser usadas para edificarem a assemblia.

Todos eles, por exemplo, falaram ao mesmo tempo. I Cor 14:6, 23 e 27 nos mostram que isto est em desordem na igreja. Alm disso, no havia interpretao, o que I Cor 14:5 e 28 revelam como sendo imprprio tambm na reunio da igreja.

Todavia, Paulo mostra que h tambm um falar em lnguas dentre os vrios dons que foram dados Igreja para o ministrio do Corpo. (I Cor 12:10 e 30 alm de 14:5 e 26)

Foi a confuso destes dois, alis, que Paulo procurou corrigir na Igreja de Corinto. Alguns vinham s reunies e falavam em lnguas demasiadamente, sem nenhuma interpretao, produzindo abusos e confuso.

Assim, Paulo esclareceu este problema mostrando que na reunio da Igreja cada pessoa deveria procurar edificar o Corpo (I Cor 14:12); e que as mensagens em lnguas dadas no Corpo deveriam ser interpretadas para que todos pudessem ser edificados. (I Cor 14:5 e 28).

Paulo esclarece, no entanto, que ele no est se referindo ao uso privado de lnguas, nas oraes e louvor deles ao Senhor (Ver I Cor 14:4, 15, 18 e 19). A isto ele chama de orar no Esprito e cantar no Esprito (vs 15) e confirma o fato de que deveramos pratic-lo.

No vos embriagueis com vinho, no qual h dissoluo, mas enchei-vos do Esprito, falando entre vs com salmos, entoando e louvando de corao ao

Senhor com hinos e cnticos espirituais. Ef 5:18-19Paulo, alis, disse que ele praticava o falar em lnguas mais que todos os corntios juntos. Ele est escrevendo aos cristos de Corntios no que se refere conduta deles na reunio e como eles deveriam falar aos homens (vs 20) atravs do ministrio e comunicao.

Ele no nos condena a um silncio de lnguas absoluto, ao invs, somente silncio na igreja, a no ser que elas sejam interpretadas (vs 28).

Ele usa a palavra igreja ou igrejas nove vezes neste captulo (vs 4, 5, 12, 19, 23, 28, 33, 34, 35). Alm disso, note as frases: quando vos reunis (vs 26) e todas as igrejas (vs 23). O contexto deste captulo o de ensinar-nos como usar lnguas para a edificao dos irmos (vs 6).

1 O dom de profecia superior ao dom de lnguas 14:1 a 13

Para demonstrar que o dom de profecia superior ao dom de lnguas, Paulo mostra trs diferenas que h entre eles:

- Quem fala em lnguas fala a Deus e quem profetiza fala a homens. V 2-3

- O que fala em lnguas a si mesmo se edifica, mas o que profetiza edifica a igreja. V 4

- Profetizar mais importante que lnguas porque edifica mais.

Muitas pessoas pensam que o dom de profetizar o mesmo que predizer, mas a Palavra de Deus bem clara quando diz no verso 3 que a profecia para edificar, exortar e consolar. Naturalmente pode haver, ocasionalmente, um elemento de predio, mas o centro a edificao.

Costumo dizer que o trabalho do mdico envolve diagnstico e prognstico. Ao avaliar o paciente ele faz o diagnstico e isto o principal, mas para estimular o paciente ele faz um prognstico da situao. No se trata, pois, de adivinhao, mas proclamar algo com um propsito.

A palavra central nesse texto edificao. Paulo deseja que os irmos cresam e progridam para a edificao da Igreja.

A edificao na igreja algo que deve acontecer inteiramente com a participao da mente. Paulo diz que a edificao por meio da revelao, cincia, profecia e doutrina.

Para reforar o princpio da edificao, Paulo lana mo de algumas ilustraes:

- O instrumento precisa emitir um som claro para que compreendamos o que se est tocando e possamos ser tocados pela msica. V 7

- A trombeta precisa dar o sinal claro para que o soldado caminhe para a batalha. V 8

- Se falo um idioma estrangeiro no posso ajudar aqueles que me ouvem. V 9 a 11

Assim, Paulo no minimizou a importncia de falar em lnguas, mas mostrou a necessidade da interpretao para que toda a congregao seja beneficiada.

Existem muitas ilustraes da Igreja, cada uma delas enfatizando um aspecto em particular. Aqui em Corntios de 12 a 14, Paulo fala do Corpo e da Igreja como assemblia.

No captulo 12 a nfase de Paulo foi sobre o Corpo. O Corpo nos fala de vida e expresso do prprio Cristo. No captulo 14, Paulo fala da Igreja ou assemblia e isso aponta para o governo e administrao de Deus.

Somos um corpo para expressar vida de Deus e a imagem de Cristo, mas quando nos reunimos o alvo a edificao para a administrao e governo de Deus.

As lnguas so importantes para o corpo, mas no so to teis para a administrao de Deus porque edificam menos.

2 O equilbrio entre a mente e o esprito 14:14 a 25

Precisamos entender que Paulo est apenas organizando o culto dos corntios e no proibindo o falar em lnguas. Na verdade ele mostra que existem dois tipos de edificao: a edificao na mente e a edificao no esprito.

No verso 14 ele diz que quem ora em lnguas est orando com o esprito e por isso seu esprito edificado. Nunca pense que esta edificao pessoal sem importncia.

Por outro lado, devemos buscar a edificao do nosso irmo e isso somente possvel se ele compreender com a mente. Paulo ento d a orientao final: orarei com a mente e orarei com o esprito, cantarei com a mente e cantarei com o esprito e assim por diante. preciso haver equilbrio.

Enquanto a edificao na Igreja depende da compreenso da mente, a edificao pessoal pode acontecer apenas no esprito, pois quando falamos em lnguas edificamos a ns mesmos.

No devemos pensar que Paulo seja contra o orar em lnguas. Orar em lnguas algo importante na vida do crente. Podemos ver vrios motivos na Palavra de Deus:

- Quem ora em lnguas fala com Deus em mistrio. Isto significa que podemos falar com Deus sobrenaturalmente.

Pois quem fala em outra lngua ao fala aos homens, seno a Deus, visto que ningum o entende, e em esprito fala mistrios. I Cor 14:2- Quem ora em lnguas engrandece a Deus:

E os fiis que eram da circunciso, que vieram com Pedro, admiraram-se,

porque tambm sobre os gentios foi derramado o dom do Esprito Santo; pois

os ouviam falando em lnguas e engrandecendo a Deus. At 10:45-46

- Quem ora em lnguas edifica a si mesmo:

O que fala em outra lngua a si mesmo se edifica, mas o que profetiza edifica

a igreja. I Cor 14:4

Paulo diz no verso 14 que orar no esprito o mesmo que orar em lnguas. E Judas nos diz que a nossa f edificada orando no Esprito Santo.

Com toda orao e splica, orando em todo tempo no Esprito e para isto

vigiando com toda perseverana e splica por todos os santos. Ef 6:18

Vs, porm, amados, edificando-vos na vossa f santssima, orando no Esprito

Santo. Jd 1:20

Naturalmente podemos orar no esprito com o nosso prprio entendimento funcionando, mas quando falamos em lnguas ns liberamos o nosso esprito em orao diante de Deus.

Quem ora em lnguas permite que o Esprito ore atravs dele. Ns no sabemos orar como convm, mas quando oramos em lnguas o Esprito Santo nos dirige completamente.

Tambm o Esprito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza;

porque no sabemos orar como convm, mas o mesmo Esprito intercede

por ns sobremaneira, com gemidos inexprimveis. Rm 8:26

Quem ora em lnguas alcana o descanso e refrigrio espiritual. Paulo menciona o texto de Isaias em I Corntios 14:21.

Pelo que por lbios gaguejantes e por lngua estranha falar o Senhor a este

povo, ao qual ele disse: Este o descanso, da descanso ao cansado; e este o

refrigrio; mas no quiseram ouvir. Is 28:11-12

Precisamos ser equilibrados nessa questo de falar em lnguas. De maneira geral, o dom de lnguas um dom devocional para ser usado em nossa vida pessoal de orao, para louvar e adorar a Deus falando mistrios e para edificar a nossa f.

No devemos enfatizar o falar em lnguas ou interpreta-las em pblico, quanto devemos zelar por manter o fluir em nossa vida ntima com Deus.

Se, porm, mantivermos constncia falando em lnguas em nossas oraes, desenvolveremos uma grande sensibilidade e receptividade ao Esprito Santo em nosso ntimo.

3 A reunio da Igreja 14:26 a 40

No verso 26 Paulo diz: Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelao, aquele, outra lngua, e ainda outro, interpretao.

A palavra ter aqui significa possuir ou ter meios para fazer certa coisa. Isto significa que quando vamos reunio precisamos ter algo do Senhor para compartilhar com os irmos, seja salmo, doutrina, revelao ou lnguas com interpretao.

Esta lista apenas ilustrativa e no exaustiva. A inteno mostrar que precisamos ter algo com edificar os demais.

Vemos que primeiro vem o salmo, indicando que devemos comear nossas reunies cantando e louvando ao Senhor. Os salmos eram canes de louvor.

Depois necessrio que haja ensino, claro e prtico e, depois bom que haja revelao.

A revelao certamente se refere a profecias. No significa um ensino novo, mas uma luz nova sobre as verdades reveladas. E, por fim, os demais dons devem ter espao para atuarem, sendo as lnguas apenas um exemplo.

No devemos ficar esperando por inspirao, mas devemos ministrar com o entendimento e tambm com o esprito.

Naturalmente Paulo est se referindo aqui s reunies menores, pois isso seria impraticvel numa reunio de celebrao geral. por isso que as clulas so to importantes, elas nos permitem voltar ao padro original de Deus para as nossas reunies.

O segundo aspecto que vemos que tudo deve ser feito para edificao. Mais uma vez Paulo enfatiza esse princpio, mostrando que qualquer coisa que no edifica os demais intil.

O terceiro aspecto a ordem. Ele diz que Deus no um Deus de confuso, mas de ordem. Assim no devem falar em lnguas e nem profetizar todos ao mesmo tempo. Mas apenas dois ou trs o faam e um de cada vez.

No caso de haver lnguas deve haver tambm interpretao e no caso de profecia necessrio que sejam julgadas, indicando que h a possibilidade de erro, engano ou falsidade.

O quarto tpico que Paulo aborda que nas reunies o esprito do profeta deve estar sujeito ao prprio profeta. Isto indica que podemos parar quando queremos e podemos, tambm, exercit-lo quando desejarmos. Assim no h desculpa para a inrcia e nem para os exageros.

Algumas pessoas ficam sempre paradas esperando alguma viso ou inspirao extraordinria. Eles precisam aprender a exercitar o prprio esprito. E h aqueles que dizem no poder parar quando cheios da uno. Eles devem exercitar o esprito controlando-se.

O ltimo tpico diz respeito s mulheres. Paulo no diz que elas no podem profetizar, pois isso est claro no captulo 11.

Toda mulher, porm, que ora ou profetiza com a cabea sem vu desonra a suaprpria cabea, porque como se a tivesse rapada. I Cor 11:5

Porm, s mulheres no permitido ensinar com a autoridade de quem define doutrinas. Nesse sentido elas devem ficar caladas na igreja. Mas obvio que elas podem e devem falar para consolar, edificar e exortar.

E acontecer nos ltimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Esprito

sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizaro, vossos jovens

tero vises, e sonharo vossos velhos. At 2:17

Tinha este quatro filhas donzelas, que profetizavam. At 21:9

Atos diz que as filhas profetizaro e Felipe possua quatro filhas que eram profetizas. Assim vemos que as mulheres podem ministrar nas reunies, mas elas precisam estar debaixo de submisso aos lderes homens da igreja.

Cap. 15 - A ressurreio de Cristo

O tema do captulo 15 a ressurreio de Cristo. Os corntios estavam confusos a respeito da ressurreio dos crentes. Alguns na Igreja estavam abertamente negando a possibilidade de ressurreio e outros estavam espiritualizando a ressurreio, afirmando que ela j havia acontecido. Ainda outros estavam debaixo de influncia de falsos ensinos dizendo que era impossvel uma recriao de um corpo j decomposto.

A resposta de Paulo a esta questo foi simples e contundente: a ressurreio de Cristo a prova e garantia de nossa prpria ressurreio.

Depois de estabelecer esse fato, Paulo trata com as objees mais comuns verdade da ressurreio.

1 O fato da ressurreio de Cristo 15:1-11

Neste trecho podemos conhecer o evangelho que Paulo pregava entre os corntios. Paulo pregava o evangelho da ressurreio.

A ressurreio de Cristo a vida do evangelho. H muitas filosofias e religies na terra, mas nenhuma delas possui vida, pelo contrrio, so mortas. O evangelho, porm, cheio de vida de ressurreio.

A vida de ressurreio a vida que venceu a morte. a vida que entrou na morte e a subjugou.

O evangelho no apenas possui vida, mas tem poder para subjugar, vencer e anular a morte. Ressurreio a vida que venceu a morte.

O evangelho que Paulo pregou aos Corntios

O evangelho aqui o evangelho pleno, que inclui os ensinamentos acerca de Cristo e a Igreja, plenamente desvendado no livro de Romanos (1:1; 16:25).

No versculo 2, sois salvos literalmente significa a caminho da salvao. Depois de justificados em Cristo e regenerados pelo Esprito, estamos no processo de ser salvo pela vida de Cristo.

Porque, se ns, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a

morte de seu Filho, muito mais, estando j reconciliados, seremos salvos pela

sua vida. Rm 5:10

At que chegue o momento em que seremos glorificados.

Porquanto aos que de antemo conheceu, tambm os predestinou para serem conformes imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primognito entre muitos irmos. Rm 8:29No passado fomos regenerados no esprito; no presente somos transformados em nossa alma e no futuro seremos glorificados em nosso corpo. Esses so os trs tempos da salvao.

Os itens bsicos e primordiais do evangelho so a morte de Cristo pelo nosso pecado, Seu sepultamento para destruio do velho homem e Sua ressurreio para nossa vida, segundo as profecias do antigo Testamento (Is 53:5-9, 10-12; Sl 22:14-18; Dn 9:26; Sl 16:9-10; Os 6:2).

Nos versculos 1 e 2 temos quatro pensamentos:

- Pregar o Evangelho;

- Receber o Evangelho;

- Permanecer no Evangelho; e

- Ser salvo (do pecado) pelo Evangelho.

Esses tpicos resumem o processo de nosso relacionamento com a verdade do Evangelho do Senhor Jesus.

A partir do verso 3, Paulo coloca cinco fatos do evangelho:

Fato 1

Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras v 3

A Palavra de Deus confivel. Nela lemos que Deus trino, o Pai, o Filho e o Esprito. Um dia, Deus se tornou homem. Isso foi a encarnao. Depois, Deus encarnado viveu na terra e foi crucificado. Isso um mistrio. Aquele que morreu na cruz no era s homem, mas tambm Deus.

Qual o sentido da encarnao de Cristo? O sentido que o prprio Deus entrou na humanidade e uniu-se a ela. A encarnao no simplesmente a gerao de um Salvador, mas introduzir Deus no homem e unir Deus ao homem.

E o verbo se fez carne e habitou entre ns, cheio de graa e de verdade,

e vimos a sua glria, glria como do unignito do Pai. Jo 1:14

A encarnao introduzir Deus no homem e faze-los um. Que grande prodgio esse! um prodgio ainda maior do que a criao do universo, do homem e de milhes de itens. Por meio da encarnao, Deus veio a ser um com o homem!

Quando Cristo, o Homem-Deus, morreu na cruz, Ele era o Cordeiro de Deus (Jo 1:29). Mediante Sua morte na cruz, Ele cumpriu a redeno.

O significado da crucificao, entretanto, inclui mais que a redeno. A redeno certamente parte crucial da crucificao. Cristo, porm, morreu no apenas para cumprir a redeno por ns, mas para aniquilar toda a velha criao.

Quando Cristo morreu, Ele levou todo item da velha criao cruz. Tudo foi crucificado! Alm do mais, no s fomos crucificados, mas tambm sepultados no tmulo de Jesus. Todo o universo foi sepultado com Jesus.

Fato 2

Cristo foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras v 4

Algumas religies ensinam sobre Jesus, mas no de acordo com a Bblia. Segundo o Coro, por exemplo, Jesus no morreu numa cruz, mas foi levado embora pelos anjos. Para eles, Jesus est nos cus, entretanto eles no crem no Cristo crucificado e ressurreto.

Ns, porm, cremos, de acordo com a Bblia, que Cristo foi crucificado e ressuscitado. O nosso Cristo a prpria ressurreio.

Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreio e a vida. Quem cr em mim, ainda que morra, viver. Jo 11:25

Ele a vida que vence a morte.

Fato 3

Houve testemunhas da sua ressurreio v 5 a 7

Nos versculos 5 a 11, Paulo fala acerca das testemunhas da ressurreio de Cristo. Os primeiros apstolos e discpulos foram testemunhas oculares da ressurreio de Cristo (At 1:22) e sua pregao enfatizava seu testemunho disso (At 2:32; 4:33).

Eles deram testemunho do Cristo ressurreto no s pelo seu ensinamento, mas tambm pelo seu viver. Eles viviam com Ele pelo Seu viver em ressurreio (Jo 14:19).

Todos os discpulos e apstolos que viram Cristo ressurreto no s O viram fisicamente, mas O experimentaram interiormente. Quando eles O viram, Ele entrou e se tornou vida neles. No dia de Pentecostes, esse foi o motivo de estarem vivos, o Cristo ressurreto estava neles.

Fato 4

Paulo mesmo foi testemunha da ressurreio v 8 a 10

Paulo viu a Jesus ressurreto no caminho de Damasco. por isso que ele diz que como um nascido fora do tempo, pois no viu a Jesus quando estava na terra, mas quando j estava glorificado.

A transformao de Paulo apresentada como uma prova da ressurreio. Um homem como ele, perseguidor da Igreja, no iria mudar de lado facilmente.

Sua viso transformou a sua vida e mostra que o homem somente pode ser transformado quando tem uma viso do Cristo ressurreto.

Fato 5

S h um evangelho a ser pregado

Se quisermos conhecer e entender o evangelho, precisamos saber que na criao original de Deus, houve uma rebelio sob a liderana de Satans, o arcanjo, onde muitos anjos se rebelaram contra Deus.

Por isso, mais tarde Deus teve uma segunda criao, que envolveu a criao do homem. Depois da criao do homem, Satans seduziu-o a segui-lo. Como resultado, o homem tambm se rebelou contra Deus. Por isso, houve uma rebelio dos anjos e outra do homem.

Um dia, o prprio Deus veio no Filho como homem. De acordo com Isaias 9:6, o Seu nome maravilhoso. Ele to maravilhoso que ningum pode entend-Lo totalmente. Ele Deus e homem ao mesmo tempo.

Esse Homem-Deus maravilhoso viveu na terra por trinta e trs anos e meio. Ele passou a maior parte da vida no lar de um carpinteiro na cidadezinha de Nazar. Imaginem, o prprio Deus, chamado Deus forte e Pai eterno, viveu em tal condio por mais de trinta anos! Posteriormente, Ele saiu a ministrar. Ele levou a cabo Seu ministrio por trs anos e meio. No final desse tempo, foi levado cruz.

O Senhor foi crucificado na carne. Com cravos nas mos e nos ps, Ele ficou pendurado no madeiro por provavelmente seis horas, das nove da manh as trs da tarde. Nas primeiras trs horas, o homem zombou Dele. Ento, nas ltimas trs horas, Deus veio julg-Lo como nosso substituto.

Enquanto Deus O julgava, Cristo derramou Seu sangue para nos redimir. De Seu lado saiu sangue e gua: sangue para a redeno e gua para liberao da vida. Pela crucificao, Ele cumpriu a redeno e liberou a vida de Deus.

Aps ter morrido, Cristo foi sepultado num tmulo de um homem rico e ao terceiro dia, foi ressuscitado. A Bblia diz claramente que Ele foi ressuscitado, mas tambm diz que Ele ressurgiu, que no precisou que ningum O ressuscitasse. Isso aconteceu porque Ele mesmo a ressurreio.

Cristo se disps a ser sepultado e ir ao Hades. Enquanto estava no Hades, Ele provou a morte, envergonhou-a, venceu-a e subjugou-a. A morte nada podia fazer contra Ele. No tinha poder para ret-Lo ou segur-Lo.

No somos capazes de entender plenamente a Trindade, encarnao, a crucificao ou a ressurreio. De fato, no podemos nem mesmo entender plenamente nossa prpria vida fsica. Certamente seria tolice recusar-nos a cr nela porque no conseguimos entende-la adequadamente. O mesmo ocorre com o respeito Trindade: encarnao, crucificao e ressurreio.

No verso 2 Paulo diz sobre a possibilidade de se crer em vo. Isso talvez signifique crer apenas com o intelecto, sem o corao sentir interesse no assunto; acreditar nas verdades, sem pensar na urgncia delas para si; crer por motivos egostas de interesse prprio sem nenhuma verdadeira apreciao da graa e amor de Deus.

O versculo 9 ensina que Paulo se considerava o menor dos apstolos, que no era digno de ser chamado apstolo, mas que, sem dvida alguma, era apstolo mesmo. (Veja tambm captulo 9.2)

O versculo 10 contm preciosos ensinos. como se Paulo dissesse: Sou, perante Deus e a sua Igreja, apenas o que a Graa de Deus me tem feito. Minha posio social nada vale, nem minha educao aos ps de Gamaliel, nem minha capacidade intelectual. Tudo o que vale aquilo que obra da graa de Deus em mim.

2 As conseqncias de se negar a ressurreio 15:12-19

Na igreja de Corinto, havia pessoas que negavam a ressurreio! O apstolo combate energicamente esse ensino, e afirma a inutilidade do cristianismo sem essa verdade fundamental; mas no manda excluir da comunho os que ignoravam a verdade.

Muitas vezes, para apreciar o positivo, devemos encarar o negativo. Para avaliar um mundo com o Evangelho, precisamos pensar primeiro num mundo (ou um indivduo) sem o Evangelho. Para entender um mundo criado por Deus, devemos pensar num mundo que se tivesse criado a si mesmo. Para saber o que significa a ressurreio de Cristo, devemos imaginar o caso de um Cristo que acabasse de morrer.

O apstolo considera uma variedade de circunstncias ligadas hiptese de no haver a ressurreio dos mortos:

a) nesse caso, Cristo no ressurgiu

A bem-aventurana de haver um Salvador a Mestre vivo, presente, poderoso, fica sendo meramente um fato histrico passado, e o cristo est abraado com um defunto.

Se no houvesse ressurreio, Deus seria Deus de mortos, e no de vivos (Mt 22:32).

Se no houvesse ressurreio, Cristo no teria sido ressuscitado dentre os mortos. Ele seria um Salvador morto, e no o que vive para sempre (Ap 1:18) e capaz de salvar (Hb 7:25).

Se no houvesse ressurreio, no haveria prova viva da justificao por meio de Sua morte (Rm 4:25), no haveria transmisso de vida (Jo 12:24), regenerao (Jo 3:5), renovao (Tt 3:5), transformao (Rm 12:2; II Co 3:18), ou conformidade imagem de Cristo (Rm 8:29).

Se no houvesse ressurreio, no haveria membros de Cristo (Rm 12:5), Corpo de Cristo como Sua plenitude (Ef 1:20-23), a igreja como noiva de Cristo (Jo 3:29) e o novo homem (Ef 2:15; 4:24; Cl 3:10-11).

Se no houvesse ressurreio, o propsito eterno de Deus seria destrudo.

b) Nesse caso, nossa f v.

A f crist abraa, no a um menino no colo da me, nem um mrtir pregado na cruz, mas um Salvador vivo destra de Deus.

No versculo 14 Paulo diz: E, se Cristo no ressuscitou, v a nossa pregao e v, a vossa f. Sem o Cristo vivo em ressurreio, tanto a pregao do evangelho como a f Nele, seriam vazias e ocas, sem realidade. Pregar a morte de Cristo sem pregar Sua ressurreio seria em vo.

A ressurreio de Cristo o que faz a nossa pregao viva e prevalecente. Alm disso, sem a ressurreio de Cristo, a f tambm seria v.

c) Nesse caso, o Evangelho falso

Porque afirma, como sua verdade central, a ressurreio de Cristo. No pode haver um Evangelho sem um Salvador vivo.

No versculo 15, Paulo diz: E somos tidos por falsas testemunhas de Deus, porque temos asseverado contra Deus que ele ressuscitou a Cristo, ao qual ele no ressuscitou, se certo que os mortos no ressuscitam. Esse um ponto veemente na contestao de Paulo.

d) Nesse caso, os pecados no foram purificados

Se Cristo no ressurgiu, no h provas de que a sua morte expiatria tenha sido suficiente.

Se Cristo no tivesse ressuscitado, ainda estaramos em nossos pecados.

A morte de Cristo nos salva da condenao dos pecados, e no do poder do pecado. Sua vida de ressurreio que nos livra do poder do pecado (Rm 8:2). Se Cristo no tivesse ressuscitado, ainda permaneceramos nos pecados e sob o poder do pecado.

Pecados so uma coisa, e o poder do pecado outra. Como os pecados introduzem condenao, tomamo-nos pecadores cheios de pecados e h condenao sobre ns. Mas pela morte de Cristo a condenao foi removida.

Sua morte nos salvou da condenao de pecados, mas no pode salvar-nos do poder do pecado.

Ser salvo da condenao de pecados foi cumprido uma vez por todas, mas ser salvo do poder do pecado dura a vida inteira e dirio. Voc foi salvo da condenao de pecados, mas ainda precisa ser salvo do seu temperamento.

Quando algum lhe pergunta se foi salvo, voc precisa responder com uma pergunta: Quer dizer do inferno e do juzo de Deus ou do poder do pecado? Fomos salvos do pecado, mas ainda precisamos ser salvos do poder do pecado. Para isso, precisamos do poder de ressurreio.

Conforme Romanos 8:2, a lei do Esprito nos liberta da lei do pecado. Podemos vencer o poder do pecado pela ao da poderosa vida de ressurreio de Cristo.

e) Nesse caso, os santos falecidos pereceram, acabaram, no existem mais seno na memria.Os que dormiram esto mortos (I Ts 4:13-16). Aqui a palavra pereceram significa permanecer para sempre na morte, sem nenhuma possibilidade de ressurreio.

Se Cristo no foi ressuscitado dentre os mortos, ento os crentes em Cristo morreram, pereceram. Eles creram em Cristo a fim de serem salvos, mas se Cristo no foi ressuscitado, eles tampouco o sero. Antes permanecero na morte e perecero.

f) Nesse caso, nossa situao lamentvel

A vida fica sem sentido, sem orientao, sem esperana.

Se no houver ressurreio, no teremos futuro nem esperana de futuro, j que Cristo nossa esperana da glria (Cl 1:27), da poro de nossa bno eterna (Dn 12:13), do reino de Cristo no milnio (Ap 20:4 e 6), e do galardo da ressurreio dos justos (Lc 14:14).

No versculo 32 ele diz: Se, como homem, lutei em feso com feras, que me aproveita isso? Se os mortos no ressuscitam, comamos e bebamos, que amanh morreremos. Ele estava disposto a sofrer por meio da vida de ressurreio e pela ressurreio. Ele sabia que haver um dia de ressurreio e que na ressurreio haver galardo.

3 A ordem da ressurreio 15:20-28

No versculo 20, Paulo declara: Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primcias dos que dormem. Esse versculo comea uma seo entre parnteses, que vai at o versculo 28.

Essa seo verifica a verdade da ressurreio, estabelecendo Cristo como suas primcias. Cristo foi o primeiro a ressuscitar dentre os mortos como primcias da ressurreio. Isso era tipificado pelos primeiros frutos (Mt 27:52-53) em Levtico 23:10 e 11, oferecido a Deus no dia imediatamente aps o sbado, o dia da ressurreio (Mt 28:1).

a) Cristo, as primcias dos que dormem

Cristo como primcias da ressurreio o Primognito dentre os mortos para ser a Cabea do corpo (Cl 1:18; Ef 1:20-23). J que Ele, a Cabea do Corpo, ressuscitou, ns, o Corpo, tambm seremos ressuscitados.

O verso 21 diz: Visto que a morte veio por um homem, tambm por um homem veio a ressurreio dos mortos. O homem por quem veio a morte foi Ado, o primeiro homem (v 45). O homem por meio de quem a ressurreio veio Cristo, o segundo homem (v 47).

Ado introduziu a morte mediante o pecado (Rm 5:12); Cristo introduziu a vida de ressurreio mediante a justia (Rm 5:17-18).

A morte introduzida por Ado opera em ns desde que nascemos at a morte fsica. A vida de ressurreio introduzida por Cristo opera em ns a partir de nossa regenerao pelo Esprito Santo (Jo 3:5) para glorificao de nosso corpo (Fp 3:21).

Deus criou o homem, mas este caiu e se tornou sujeito morte. Deus, contudo, no desistiu do homem. Mas havia a necessidade de um remdio. O remdio inclui tanto redeno como ressurreio.

A Redeno lida com o pecado, mas no com a morte. Desse modo, h necessidade de outro passo, e este a ressurreio. A ressurreio destri a morte. Deus derrotou o pecado pela redeno, e a morte pela ressurreio.

O versculo 22 diz: Porque, assim como, em Ado, todos morrem, assim tambm todos sero vivificados em Cristo. Em Ado nascemos na morte e para morrer; estamos mortos em Ado (Ef. 2:1, 5).

Assim que nasce, uma pessoa comea a morrer. No nascemos para crescer e viver, mas para morrer, pois em Ado nascemos na morte.

No versculo 22 Paulo diz que em Ado todos morrem, mas tambm declara que em Cristo todos seremos vivificados. Em Cristo nascemos de novo e fomos ressuscitados para viver. Fomos vivificados Nele (Ef 2:5-6). Em Cristo todos fomos vivificados, fomos ressuscitados para viver.

b) Cada um por sua prpria ordem

No versculo 23 Paulo continua: Cada um, porm, por sua prpria ordem: Cristo, as primcias; depois os que so de Cristo, na sua vinda. Paulo aqui novamente se refere a Cristo como as primcias, o primeiro ressuscitado entre os mortos como as primcias da ressurreio.

Os que so de Cristo so os crentes em Cristo que sero ressuscitados para a vida na volta do Senhor antes do milnio (Jo 5:29; Lc 14:14; Ts 4:16; I Co 15:52; Ap 20:4-6). Eles sero o segundo grupo ressuscitado dentre os mortos.

No versculo 24 Paulo declara: E, ento, vir o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destrudo todo principado, bem como toda potestade e poder. O fim denota o fim de todas as eras e as dispensaes da velha criao. Isso tambm o final do milnio antes do novo cu e nova terra (Ap 21:1).

O milnio ser a ltima de todas as eras e dispensaes, a era do reino, depois do qual todas as disciplinas e realizaes de Deus tero sido totalmente completadas. Esse ser o fim, a concluso de toda a obra divina.

Nesse final, todos os incrdulos mortos, os injustos, sero ressuscitados para o juzo da perdio eterna (Jo 5:29; Ap 20:5, 11-15). Eles comporo o terceiro grupo a ser ressuscitado.

A ressurreio de Cristo marcou o incio da era da igreja. Os crentes em Cristo, que morreram, sero ressuscitados na Sua vinda, no final da era da igreja.

Assim vemos duas ressurreies: a primeira do incio da era da igreja e a segunda na consumao.

O fim no ocorrer no final da era da igreja, mas do milnio. Ento, haver a eternidade com o novo cu e nova terra.

Cristo destruir a autoridade satnica, subjugar todos os Seus inimigos (v. 25), abolir a morte (v 26) e entregar o reino a Deus Pai, ou seja, quando todas as coisas negativas forem extirpadas e cumprido todo o propsito de Deus, a velha criao chegar ao fim.

Quando o Senhor Jesus entregar o reino a Deus? Isso no ser na Sua volta, porque ento Ele trar o reino de Deus a terra. Depois, por mil anos, Ele exercer o reino. Assim, a entrega do reino a Deus tem de ser no final dos mil anos.

Quando Cristo anular todo principado, potestade e poder? Isso s pode ser no final do milnio. Sabemos por Apocalipse 20, que Satans absolutamente no ser anulado antes do milnio. Em vez disso, ficar aprisionado. Ento, no fim dos mil anos ser lanado no lago de fogo (Ap 20:7-10).

Depois de completar a redeno, Cristo foi receber o reino do Pai (Lc 19:12-13, 15). Antes do milnio, Ele, como o Filho do Homem, ter recebido o reino de Deus, do Ancio de dias, para reger as naes por mil anos (Dn 7:13-14; Ap 20:4, 6).

No final do milnio, depois de ter derrotado Satans, o diabo, e seus anjos malignos (assim como toda potestade, principado e poder) e at mesmo a morte e o Hades, colocando todos os inimigos sob Seus ps (I Cor 15:25-26) e lanando todos eles, inclusive a morte e o Hades, no lago de fogo (Ap 20:7-10, 14). Ele devolver o reino a Deus Pai.

No versculo 24, Paulo por duas vezes usa a palavra quando. O vocbulo quando ai no indica tempo determinado, mas que algo poderia acontecer a qualquer hora. Cristo hoje poderia destruir todo o principado, potestade e poder se decidisse fazer isso.

No versculo 25 Paulo diz de Cristo: Porque convm que ele reine at que haja posto todos os inimigos debaixo dos seus ps. Para reinar, Cristo precisa estar em ressurreio. Se no houvesse ressurreio, Cristo ainda estaria no tmulo e no Lhe seria possvel reinar.

Cristo comeou a reinar desde que ressuscitou. Em Mateus 28:18, o Senhor Jesus disse aos discpulos: Toda a autoridade Me foi dada no cu e na terra. Ele, ento, os incumbiu de ir e fazer discpulos de todas as naes. Ele tem autoridade para reinar.

No versculo 26 Paulo diz: O ltimo inimigo a ser destrudo a morte. Imediatamente aps a queda do homem, Deus comeou sua obra para abolir o pecado e a morte. Quando o pecado for extirpado no final da velha criao e Satans for lanado no lago de fogo (Ap 20:7-10), a morte ser abolida. Juntamente com o Hades, ser lanado no lago de fogo o seu poder, depois do juzo ltimo e final no trono branco (Ap 20:11-15).

No versculo 27 Paulo explica: Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos seus ps. E quando diz que todas as coisas lhe esto sujeitas, certamente exclui aquele que tudo lhe subordinou.

Quem sujeitou todas as coisas sob os ps de Cristo Deus. Isso uma citao do Salmo 8:6 acerca de Cristo como o Homem que Deus fez para ter domnio sobre todas as coisas. Isso ter sido cumprido quando todas as coisas mencionadas nos versculos 24 a 26 j tiverem ocorrido.

No versculo 27, a expresso seus ps e o pronome lhe se referem a Cristo como o Homem profetizado no Salmo 8:4-8. A Ele (o Homem ressuscitado, glorificado e exaltado) Deus sujeitou todas as coisas (Hb 2:7-9; Ef 1:20-22). Ele as sujeitou sob os ps de Cristo.

O versculo 28 diz: Quando, porm, todas as coisas lhe estiverem sujeitas, ento, o prprio Filho tambm se sujeitar quele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos. Essa a execuo da administrao de Deus mediante a ressurreio.

Por um lado, para ns como povo escolhido de Deus, Cristo em ressurreio a vida transmitindo-nos vida. Por outro, para as naes, Cristo em Sua ressurreio se tornou o Rei soberano a realizar o governo de Deus.

4 A influncia moral da ressurreio 15:29-34

Ressurreio um fato que tem muito a ver com a vida diria dos cristos. A vida diria do cristo, na verdade, depende da ressurreio. Se no houvesse ressurreio, no haveria esperana e seramos as pessoas mais miserveis.

a) Se no h ressurreio

No versculo 29 Paulo diz: Doutra maneira, que faro os que se batizam por causa dos mortos? A frase batizar-se por causa dos mortos significa ser batizado por quem j morreu. Essa no era uma prtica ensinada pelos apstolos.

Alguns crentes se batizavam em favor dos mortos, pelos quais se preocupavam porque creram no Senhor, mas no foram batizados antes de morrer. Eles faziam isso na esperana de que ressuscitassem dentre os mortos na volta do Senhor (I Ts 4:16).

J que a ressurreio claramente tipificada no batismo (Cl 2:12), o apstolo usa o que eles faziam para fortalecer a verdade da ressurreio. Isso no quer dizer, todavia, que aprovasse que crentes fossem batizados a favor dos mortos.

No versculo 30 Paulo prossegue: E por que tambm ns nos expomos a perigos a toda hora? Se no h ressurreio, ento porque ele se exporia a perigos a toda hora? Por que iria diariamente arriscar a vida? Pelo contrrio, se no houvesse ressurreio, ele devia desfrutar a vida.

No versculo 31 ele continua: Dia aps dia, morro! Aqui o verbo morrer significa arriscar a vida, estar em perigo de morte, enfrentar a morte e morrer para si mesmo. (II Co 11:23; 4:11; 1:8-9; Rm 8:36).

Paulo era como um soldado que arriscava a vida no campo de batalha. Ele lutava pelo reino de Deus e todo o dia morria pelo bem dos corntios. Ele fazia isso por causa da esperana da ressurreio e da recompensa.

No versculo 32 Paulo usa uma figura de linguagem: Se, como homem, lutei em feso com feras, que me aproveita isso? Se os mortos no ressuscitam, comamos e bebamos, que amanh morreremos.

Se no houvesse ressurreio, ns, crentes, no teramos esperana no futuro e desse modo nos tornaramos os mais miserveis de todos os homens (v 19). Se for assim, devemos desfrutar a vida hoje, esquecendo-nos do futuro.

b) Uma advertncia contra as ms companhias

O versculo 33 diz: No vos enganeis: as ms conversaes corrompem os bons costumes. O termo conversaes pode ser traduzido por companhias. Isso uma citao de um provrbio da poca.

Com essa palavra, o apstolo adverte os crentes gregos a no ficar na companhia dos herticos que diziam que no h ressurreio. Tais ms companhias iriam corromper sua f e as virtudes crists.

No versculo 34 Paulo continua sua exortao: Tomai-vos sobriedade, como justo, e no pequeis; porque alguns ainda no tm conhecimento de Deus; isso digo para vergonha vossa. Ser sbrio, como justo, parar de ser bbado.

Dizer que no h ressurreio ofende a Deus e o homem, e pecado. Da o apstolo advertir os corntios extraviados a despertar do seu pecado para a sobriedade a fim de ser retos para com Deus e o homem.

As palavras no tm conhecimento de Deus significam tm ignorncia. Ser hertico em dizer que no h ressurreio no ter conhecimento de Deus, no saber o poder de Deus (Mt 22:29-32). Isso uma vergonha para os crentes.

5 A definio da ressurreio 35-50

No mundo natural temos muitas ilustraes de ressurreio. A semente que cai na terra, primeiro deve morrer para, ento, germinar. Assim a germinao um tipo de ressurreio.

a) O corpo de ressurreio

Os versculos 35 e 36 dizem: Mas algum dir: como ressuscitam os mortos? E em que corpos vm? Insensato! O que semeias no nasce, se primeiro no morrer.

A realidade da ressurreio est contida e oculta na natureza. Um gro plantado na terra morre e vivificado. Isso ressurreio. Isso responde primeira pergunta dos corntios insensatos: Como ressuscitam os mortos?

No versculo 37 Paulo continua: E, quando semeias, no semeias o corpo que h de ser, mas o simples gro, como de trigo ou de qualquer outra semente. O que semeado no a semente, o gro sozinho. Ento a semente cresce e transforma-se no corpo que h de ser.

Continuando esta ilustrao, no versculo 38 Paulo diz: Mas Deus lhe d corpo como lhe aprouve dar e a cada uma das sementes, o seu corpo apropriado. Ele aplica a palavra ao corpo ressuscitado dado por Deus em nvel mais elevado. Isso responde segunda pergunta insensata dos corntios: Em que corpo vm?

O versculo 39 diz: Nem toda carne a mesma; porm uma a carne dos homens, outra, a dos animais, outra, a das aves, e outra, a dos peixes. Do versculo 39 ao 41, o apstolo prova que Deus capaz de dar corpo a todas as vidas ressuscitadas, assim como deu a todos os itens criados.

O corpo semeado em corrupo, desonra e fraqueza, mas ressuscita em incorrupo, glria e poder.

No versculo 44 Paulo declara: Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se h corpo natural, h tambm corpo espiritual. O termo natural literalmente da alma. Um corpo espiritual um corpo ressurreto saturado do esprito e no qual o esprito predomina.

b) Um corpo espiritual com a imagem de Cristo

O versculo 45 diz: Pois assim est escrito: O primeiro homem, Ado, foi feito alma vivente. O ltimo Ado, porm, esprito vivificante. Ado tornou-se alma vivente mediante a criao com corpo fsico.

Cristo tornou-se Esprito vivificante, ou que d vida, mediante a ressurreio com corpo espiritual. Ado, como alma vivente, natural; Cristo, como Esprito que d vida, ressurreto.

Nosso esprito vivificado e ressuscitado com Ele. Por fim, nosso atual corpo tambm se tornar corpo espiritual em ressurreio exatamente como o Dele (v 54-54; Fp 3:21).

Ado, o primeiro homem, era cabea da velha criao. Cristo ser o ltimo Ado implica num trmino e concluso da velha criao. A velha criao termina com um homem, o ltimo Ado. Esse Homem, que ps fim velha criao pela sua vida. Agora esse Esprito de vida o centro da nova criao.

A ressurreio est muito relacionada conosco. Mediante a encarnao, Cristo se tornou homem; tornou-se um de ns. Foi um processo que introduziu Deus na humanidade.

O princpio o mesmo com o processo de ressurreio. Por ela o homem recebeu a natureza de Deus, a prpria vida divina. Na encarnao Deus se faz homem, mas na ressurreio o homem elevado a um com Deus.

No versculo 46 Paulo diz: Mas no primeiro o espiritual, e sim o natural; depois, o espiritual. O espiritual denota Cristo, o segundo Homem; o natural denota Ado, o primeiro homem (v 47).

Segundo a compreenso prtica humana, devemos seguir o primeiro, e no o segundo. Mas na maneira da Bblia, devemos seguir o segundo, e no o primeiro. Por exemplo, voc deve seguir no a Caim, o primeiro, mas devemos seguir Abel, o segundo.

Alm disso, na poca da Pscoa, o primognito que era morto. Isso indica que o juzo de Deus sobre o primognito. O mesmo princpio se aplica primeira criao e nova criao. Deus no quer o que primeiro, mas o segundo.

No versculo 47 Paulo continua: O primeiro homem, formado da terra, terreno; o segundo homem do cu. Da terra denota a origem do primeiro homem, Ado, e terreno denota a sua natureza.

Cristo o ltimo Ado, e tambm o segundo Homem. O primeiro Ado o incio da humanidade; o ltimo Ado o fim. Como primeiro homem, Ado cabea da velha criao, representando-a em ressurreio.

Em todo o universo h esses dois homens: o primeiro homem, Ado, que inclui todos os seus descendentes, e o segundo Homem, Cristo, que compreende todos os crentes.

Ns, crentes, fomos includos no primeiro homem por meio do nascimento e nos tornamos parte do segundo Homem mediante a regenerao.

Nossa f nos transferiu do primeiro homem para o segundo. Como parte do primeiro homem, nossa origem a terra e nossa natureza terrena. Como parte do segundo Homem, nossa origem Deus e nossa natureza celestial.

O versculo 48 diz: Como foi o primeiro homem, o terreno, tais so tambm os demais homens terrenos; e, como o homem celestial, tais tambm os celestiais. Terrenos refere-se ao primeiro homem, Ado, que terreno.

Celestial denota o segundo Homem, Cristo, que celestial. De modo semelhante, tais tambm os celestiais denota todos os crentes em Cristo, que, como Cristo, so tambm celestiais.

No versculo 49 Paulo declara: E, assim como trouxemos a imagem do que terreno, devemos trazer tambm a imagem do celestial. Como parte de Ado, temos a imagem terrena do homem mediante o nascimento. Como parte de Cristo, teremos a imagem do Homem celestial em ressurreio.

Uma lagarta no processo de tornar-se uma maravilhosa borboleta ilustra a nossa situao. Por fim, pela ressurreio, emergiremos totalmente do casulo como borboletas. J no seremos feias lagartas, mas lindas borboletas tendo a imagem de Cristo.

De acordo com Filipenses 3:21, o corpo de nossa humilhao ser transfigurado num corpo de glria e ser como o corpo de Cristo. Isso ocorrer pela ressurreio e em ressurreio.

6 A vitria da ressurreio 15:51-58

Um dos segredos de Deus aqui revelado: nem todos os crentes morrero, mas todos sero transformados. Este trecho, com I Tessalonicenses 4:14-17, d-nos o ensino mais detalhado sobre a segunda vinda de Cristo, embora aqui a sua vinda no seja expressamente mencionada, mas sim seu efeito imediato sobre os crentes falecidos ou vivos. A transformao maravilhosa predita nos versculos 53 e 54.

Notemos o significado da palavra portanto no versculo 58. Podemos examinar a ns mesmos: Sou eu firme?; Sou constante?

Na ltima seo do captulo 15, nos versculos 50 a 58, temos a vitria da ressurreio.

a) A vitria na incorrupo sobre a corrupo

No versculo 50 Paulo diz: Isto afirmo, irmos, que carne e sangue no podem herdar o reino de Deus, nem a corrupo herdar a incorrupo.

Corrupo no capaz de herdar incorrupo. Nosso corpo corruptvel tem de ser ressuscitado num corpo incorruptvel para que herdemos o reino incorruptvel de Deus em ressurreio. Mesmo hoje, se vivermos pela carne e sangue e no pelo esprito, no poderemos praticar a vida da igreja que hoje o reino de Deus.

O versculo 51 diz: Eis que vos digo um mistrio: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos. O mistrio aqui se refere transfigurao, que inclui a ressurreio, de nosso corpo corruptvel para um incorruptvel (Fp 3:21). Isso misterioso e ultrapassa o entendimento humano.

A palavra dormir no versculo 51 significa morrer (I Co 11:30; Jo 11:11-13; I Ts 4:13-16). A palavra transformados significa transfigurados de corrupo, desonra e fraqueza para incorrupo, glria e poder (v 42-43); o corpo de nossa humilhao conformado ao corpo da glria de Cristo.

O versculo 52 diz: num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da ltima trombeta. A trombeta soar, os mortos ressuscitaro incorruptveis, e ns seremos transformados. A ltima trombeta a stima de Apocalipse (Ap 11:15), a trombeta de Deus (I Ts 4:15-17).

b) A vitria da vida sobre a morte

No versculo 54 Paulo prossegue: E, quando este corpo corruptvel se revestir de incorruptibilidade, e o que mortal se revestir de imortalidade, ento, se cumprir a palavra que est escrita: Tragada foi a morte pela vitria.

A ressurreio comea com a vivificao de nosso esprito morto e completada com a transfigurao de nosso corpo corruptvel. No meio h o processo de transformao de nossa alma por meio do Esprito que d vida (II Co 3:18), que a realidade da ressurreio.

Morte significa derrota para o homem. Mediante a salvao de Cristo na vida de ressurreio, a morte ser tragada na vitria para ns, os beneficirios da vida de ressurreio de Cristo. Ressurreio a vitria da vida sobre a morte.

No versculo 55 Paulo pergunta: Onde est, morte, a tua vitria? Onde est, morte, o teu aguilho? Essa a exclamao triunfante do apstolo com respeito vitria da vida de ressurreio sobre a morte.

O versculo 56 diz: O aguilho da morte o pecado, e a fora do pecado a lei. A morte do diabo (Hb 2:14), e nos aferroa at a morte com o pecado (Rm 5:12).

Na redeno de Deus, Cristo foi feito pecado por ns (II Co 5:21) a fim de condenar o pecado por intermdio de Sua morte (Rm 8:3), abolindo assim o aguilho da morte. Ento, por intermdio de Sua ressurreio, a morte tragada pela vida de ressurreio.

O pecado nos traz maldio e condenao por intermdio da lei, tanto em nossa conscincia como perante Deus (Rm 4:15; 5:13, 20; 7:7-8). Da, a lei se torna o poder do pecado para matar-nos (Rm 7:10-11).

Desde que a morte de Cristo cumpriu as exigncias da lei sobre ns (I Pe 3:18; 2:24), o poder do pecado anulado. Dessa forma, a morte de Cristo condenou o pecado e anulou a lei, e Sua ressurreio.

Cap. 16 - O trabalho para Cristo

Este ltimo captulo da carta traz uma srie de recomendaes e aborda assuntos diversos:

- A coleta dos cristos de Jerusalm;

- Os planos de Paulo em visitar Corinto;

- A atitude da Igreja para com seus lderes, e

- Algumas saudaes.

Penso que os princpios mais importantes desse pargrafo dizem respeito ao processo de tomada de decises efetivado pelo apstolo Paulo.

A questo que envolve os cristos na busca do conhecimento da vontade de Deus para as suas decises dirias extremamente delicada. Encontramos cristos completamente indiferentes orientao de Deus para suas vidas, que vivem segundo seus prprios pensamentos.

Por outro lado, tambm encontramos cristos imobilizados em funo da vontade desconhecida de Deus. Ficam paralisados e impedidos de tomar qualquer deciso ou iniciativa.

Este texto nos mostra como o apstolo Paulo tomava decises. Ele era um homem preocupado em agradar a Deus e sua vida reflete nisso. No entanto, aprendemos com o apstolo Paulo que Deus tambm se agrada de um planejamento consagrado e de prioridades claras.

1 Planejamento I Cor 16:5-7

Paulo sabia perfeitamente onde pretendia chegar, o que pretendia fazer e quando. Seu plano estava detalhado: pretendo chegar em Corinto, mas primeiro eu preciso passar pela Macednia; por enquanto vou ficar aqui em feso como vemos no verso 5.

Escrevendo aos Romanos, Paulo diz que pretende passar por l quando estiver a caminho da Espanha, no sem antes ir Jerusalm (Rm 15:14-33). Enfim, ele era um homem que planejava a sua vida.

Mas, agora, no tendo j campo de atividade nestas regies e desejando h muito visitar-vos, penso em faze-lo quando em viagem para a Espanha,pois

espero que, de passagem, estarei convosco e que para l seja por vs encaminhado, depois de haver primeiro desfrutado um pouco a

vossa companhia. Mas, agora, estou de partida para Jerusalm, a servio

dos santos. Rm 15:23-25

Existe uma atitude entre os cristos de que errado fazer planejamento. No tal atitude em Paulo. No havia nele tal passividade a ponto de pensar que devssemos deixar Deus planejar por ns.

Tiago criticou as pessoas que faziam planos sem a dependncia do Senhor. A crtica, porm, no foi ao ato de planejar, mas sim, a atitude com que se planejou: arrogncia e auto-suficincia.

2 Prioridades I Cor 16:4

O planejamento de Paulo no era aleatrio. Isto , ele no escolhia as cidades que lhes eram mais simpticas, ou cujos hotis eram mais confortveis. Seus planos estavam vinculados a uma escala de prioridades onde cada situao era avaliada de modo a saber se vale a pena ou no.

Se convier que eu tambm v, eles iro comigo. I Co 16:4O contexto indica uma possvel viagem Jerusalm, mas Paulo no est bem certo ainda se ela se concretizar. Todavia, uma coisa certa, ele tinha certeza de que no deveria perder tempo nem desviar seu foco ministerial.

Sua conscincia acerca do plano geral de Deus para sua vida ajudava consideravelmente. Ele sabia, por exemplo, que era apstolo aos gentios (Rm 15:16), e que deveria alcanar os no alcanados.

A fim de anunciar o evangelho para alm das vossas fronteiras, sem com

isto nos gloriarmos de coisas j realizadas em campo alheio. II Co 10:16

Em funo dessa clareza de propsito que vemos Paulo dizendo que vai ficar em feso por que uma porta grande e eficaz se lhe abriu.

Ficarei, porm, em feso at ao Pentecostes; porque uma porta grande e oportuna para o trabalho se me abriu; e h muitos adversrios. I Co 16:8-9Em outra ocasio ele optou por ir embora de Trade quando a porta tambm estava aberta.

Ora, quando cheguei a Trade para pregar o evangelho de Cristo, e uma porta se me abriu no Senhor, no tive, contudo, tranqilidade no meu esprito, porque no encontrei o meu irmo Tito; por isso, despedindo-me deles, parti para a Macednia. II CO 2:12-13Paulo, porm, tinha prioridades. Uma porta aberta no significava necessariamente que Paulo devesse entrar por ela.

No caso de Trade, por exemplo, Paulo priorizou o cuidado da prpria igreja de Corinto, de quem Tito traria notcias, e com isso solidificou seu ministrio apostlico que estava sendo questionado. Prioridades nos ajudam a tomar decises.

3 Liberdade I Cor 16:3-9

Veja que em momento algum Paulo nos diz que da vontade de Deus que ele v ou que ele fique. Ele chama a total responsabilidade dos planos para si mesmo, e arca com as conseqncias de cada um deles.

Ele sabe que Deus lhe deu diretrizes gerais e concedeu-lhe liberdade de escolha na maioria das decises. A questo era usar de sabedoria, que Deus mesmo d (Tg 1:5), para escolher as opes mais adequadas dentro de suas prioridades a interesses do Reino de Deus.

A atitude de Apolo confirma este princpio. Paulo no diz que era da vontade de Deus que Apolo fosse a Corinto, diz apenas que julgava razovel que ele fosse. Lembre-se que a igreja estava dividida em grupos e Apolo estava envolvido, ainda que a contra gosto.

Apolo, por sua vez, deve ter usado exatamente este motivo para no ir a Corinto: de modo algum quis ir (I Co 16:12), equivale a um: absolutamente, no! Esperaria melhor ocasio para chegar na cidade.

O prprio Paulo j havia feito a mesma coisa, quando decidiu se entraria ou no pela porta aberta em Trade e feso, uma recusada e outra aceita.

Teremos ns a maturidade suficiente para acreditarmos que Deus nos delega algumas decises e espera que sejamos sbios, prudentes a interessados mais no Seu Reino do que no nosso bem estar?

4 Dependncia I Cor 16:7

A nota de equilbrio deste texto a expresso: se o Senhor o permitir. Este , na verdade, o grande segredo do sucesso cristo de tomada de decises. Deus estabelece os limites da liberdade e nos d liberdade de escolha nas decises no-morais.

No entanto, devemos levar sempre em conta que o universo est sob as mos desse Deus que executa seus propsitos eternos segundo a sua vontade.

Paulo viveu esta situao pelo menos em mais duas ocasies. A primeira, quando Ele tentou pregar o Evangelho na sia e foi impedido pelo Esprito Santo. Veja que ele planejou alcanar a sia, tomou providncias para tentar chegar l, mas o Senhor no o permitiu.

E, percorrendo a regio frgio-glata, tendo sido impedidos pelo Esprito Santo de pregar a palavra na sia, defrontando Msia, tentavam ir para

Bitnia, mas o Esprito de Jesus no o permitiu. E, tendo contornado Msia, desceram a Trade. At 16:6-8

A segunda ocasio foi acerca de seu desejo de chegar a Roma. Diz o apstolo que foi impedido vrias vezes, e nem assim seu desejo arrefeceu.

Ele no disse aos romanos que tentei vrias vezes e no consegui, ento penso que no da vontade de Deus que eu v. Pelo contrrio, ele diz que suas tentativas frustradas no o desanimaram e ele ainda anseia por encontrar aqueles irmos.

Essa foi a razo por que tambm, muitas vezes, me senti impedido de visitar-vos.

Mas, agora, no tendo j campo de atividade nestas regies e desejando h muito

visitar-vos, penso em faze-lo quando em viagem para a Espanha, pois espero que,

de passagem, estarei convosco e que para l seja por vs encaminhado, depois de

haver primeiro desfrutado um pouco a vossa companhia. Rm 15:22-24

Esta atitude de planejar em submisso vontade soberana de Deus recomendada por Tiago.

Atendei, agora, vs que dizeis: Hoje ou amanh, iremos para a cidade tal, e l

passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vs no sabeis o que

suceder amanh. Que a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece

por instante e logo se dissipa. Em vez disso, deveis dizer: Se o Senhor quiser,

no s viveremos, como tambm faremos isto ou aquilo. Tg 4:13-15

Quando nos submetemos assim, estamos livres da apatia, pois planejamos e samos para executar nossos planos. Nos livramos tambm da presuno e auto suficincia, pois sabemos que somente Deus pode nos conduzir ao xito.

E, finalmente, nos livramos da frustrao, pois se Deus no o permitir, algo mais estratgico no Reino est por vir.