Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

65
 Escola Superior de Enfermagem de Santa Maria 3º Ano | 6º Semestre Estágio I   Comunidade Estudo de Caso Familiar USF Bom Porto Trabalho realizado por: Inês Villegas, 27.2012 Penélope Terra, 48.2012 Porto, 2015

Transcript of Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 1/65

 

Escola Superior de Enfermagem de Santa Maria

3º Ano | 6º Semestre

Estágio I –  Comunidade

Estudo de Caso Familiar

USF Bom Porto

Trabalho realizado por:

Inês Villegas, 27.2012

Penélope Terra, 48.2012

Porto, 2015

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 2/65

 

Escola Superior de Enfermagem de Santa Maria

3º Ano | 6º Semestre

Estágio I –  Comunidade

Estudo de Caso FamiliarUSF Bom Porto

Trabalho realizado por:

Inês Villegas, 27.2012

Penélope Terra, 48.2012

Professora Orientadora:

Mestre Fátima Ferreira

Enfermeiras Orientadoras:

Enfermeira Mónica Lopes

Enfermeira Sílvia Guimarães

Porto, 2015

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 3/65

 

“As pessoas que passam por nós nunca vão sós. Deixam um pouco de si. Levam um

 pouco de nós.” 

Antoine de Saint –  Exupéry

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 4/65

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 5/65

 

CHAVE DE SIGLAS

CIPE  –   Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem

CSP  –   Cuidados de Saúde Primários

DGS  –   Direção Geral de Saúde

EAM  –   Enfarte Agudo do Miocárdio

FACES  –   Family Adaptability and Cohesion Evaluation Scale

HTA  –   Hipertensão Arterial

IMC  –   Índice de Massa Corporal

INEM  –   Instituto Nacional de Emergência Médica

MDAIF  –   Modelo Dinâmico de Avaliação e Intervenção Familiar

OMS  –   Organização Mundial de Saúde

PNV  –   Plano Nacional de Vacinação

SAPE  –   Sistema de Apoio à Prática de Enfermagem 

SINUS  –   Sistema de Informação para Unidades de Saúde

USF  –   Unidade de Saúde Familiar

VD  –   Visitação Domiciliária

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 6/65

 

RESUMO ANALÍTICO

O trabalho que se apresenta consiste no estudo que realizámos durante o Estágio I  –  

Comunidade na USF Bom Porto. Este estudo baseou-se numa família por nós escolhida.

Assim, integra o estudo pormenorizado de uma família, para a qual executámos um plano

de cuidados adequado. Procedemos posteriormente à respetiva avaliação dos resultados

obtidos, tendo como base os dados obtidos na Consulta de Enfermagem efetuada no

domicílio.

A realização deste trabalho tem como principal objetivo aprofundar os conhecimentos no

âmbito da prática de Enfermagem, especificamente em contexto comunitário. Deste

modo, para a avaliação da família, recorremos ao MDAIF (Modelo Dinâmico de

Avaliação e Intervenção Familiar), que pretende “dar resposta às necessidades dos

enfermeiros relativamente às práticas direcionadas à família, enquanto unidade dinâmico

co-evolutiva.” (Figueiredo, 2012)

A metodologia utilizada na elaboração do presente estudo de caso centrou-se nos

seguintes aspetos: pesquisas bibliográficas em bases de dados científicas, conhecimentos

teóricos previamente aprendidos, troca de conhecimentos entre os membros da Equipa de

Enfermagem e observação direta e descritiva, no que se refere ao Processo de

Enfermagem. Para além do MDAIF recorremos também a escalas de avaliação, que serãodescritas no decorrer do trabalho.

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 7/65

 

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 11 

1.  ENQUADRAMENTO TEÓRICO ....................................................................... 13 

1.1. CONCEITO DE FAMÍLIA E SUA EVOLUÇÃO .......................................... 13

1.2. CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS .......................................................... 14

1.3. ENFERMAGEM DE FAMÍLIA ...................................................................... 17

1.4. VISITAÇÃO DOMICILIÁRIA ....................................................................... 18

2.  ENQUADRAMENTO EMPÍRICO ..................................................................... 20 

2.1. APLICAÇÃO DO MDAIF .............................................................................. 20

2.1.1.  Avaliação Estrutural da Família ........................................................... 22

2.1.3.  Avaliação Funcional ................................................................................ 34

2.2. PLANO DE CUIDADOS ............................................................................. 41

2.2.1.  Plano de Cuidados do Sr. J. F. ............................................................... 43

2.2.2.  Plano de Cuidados da Sra. B. C. ............................................................ 50

CONCLUSÃO ............................................................................................................... 61 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 63 

ANEXO .......................................................................................................................... 64

ANEXO I - MODELO DINÂMICO DE AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO FAMILIAR

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 8/65

 

ÍNDICE DE TABELAS

Quadro I: Avaliação Familiar …………………………………………………..  20Quadro II: Tipo de Família ……………………………………………………..  22 –  23

Quadro III: Escala de Graffar …………………………………………………..  26

Quadro IV: Edifício Residencial ……………………………………………….  27

Quadro V: Avaliação Desenvolvimental (dimensões) ……………………........ 30

Quadro VI: Papel Familiar ……………………………………………………..  36

Quadro VII: Escala de FACES II …………………………………………........ 37 –  39

Quadro VIII: APGAR FAMILIAR ….……………………………………........ 39 –  40

Quadro VIX: Aceitação do estado de saúde demonstrada ………………….......  43 –  44

Quadro X: Adesão à vacinação demonstrada …………………………………..  44 –  45

Quadro XI: Andar comprometido …………………………………………........ 45 –  46

Quadro XII: Escala de Morse ………………………………………………….. 46

Quadro XIII: Risco de cair ………………………….………………………….  46 –  47

Quadro XIV: Autovigilância adequada ……………………….………….......... 47 –  48

Quadro XV: Gestão do regime terapêutico adequado ……………………......... 48 –  49

Quadro XVI: Dor vascular …………………………………….………………..  49 –  50

Quadro XVII: Aceitação do estado de saúde demonstrada …………………….  51

Quadro XVIII: Adesão à vacinação demonstrada ……………………………...  52

Quadro XIX: Autovigilância adequada ………………………………………...  52 –  53

Quadro XX: Gestão do regime terapêutico adequada ……………………......... 53 –  54

Quadro XXI: Andar comprometido…………………….…………………......... 55

Quadro XXII: Escala de Morse …………………………………….………….. 55

Quadro XXIII: Risco de cair ………………………….………………………...  56

Quadro XXIV: Obesidade ……………………………………………………... 56 –  57

Quadro XXV: Hipertensão Arterial ……………………………………............. 57 –  58

Quadro XXVI: Ferida traumática na face externa do calcâneo direito ………...  58 –  59

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 9/65

 

Quadro XXVII: Dor por ferida em grau elevado ………………….……………  53 –  54

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 10/65

 

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura I: Família Extensa …………………………………….………….............  23

Figura II: Genograma …………………………………….……………...............  24

Figura III: Ecomapa …………………………………….………………..............  25

Figura IV: Ciclo Vital …………………………………….……………...............  29

Figura V: Processo Familiar …………………………………….……….............  35

Figura VI: Crenças …………………... ………………………………….............  40

Figura VII: Focos de Atenção (Sr. J. F.) ………...……………………….............  43

Figura VII: Focos de Atenção (Sra. B. C.) ………………………………............  50

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 11/65

11

INTRODUÇÃO

 No âmbito do Estágio I –  Comunidade, que decorreu entre os dias 11 de Maio e 12 de

Junho, na USF Bom Porto foi-nos proposto a realização de um Estudo de Caso Familiar.

À partida um Estudo de Caso é uma investigação que envolve todos os aspetos

relacionados com os doentes em causa, estando implícita a colheita de dados realizada

com os mesmos, respetiva família e/ou prestadores de cuidados. (Patricia A. Potter, 2006)

 Neste que se apresenta acrescenta-se o contexto Família, uma vez que, ao contrário de

momentos anteriores não nos centrámos apenas num utente e nas suas patologias. A

essência deste estágio passa mesmo pelo estudo pormenorizado de uma Família. Tal, permitiu-nos a realização de Consultas de Enfermagem no domicílio, o que nos

 possibilitou a observação direta das condições físicas em que a Família e cada um dos

seus membros estão inseridos.

A Família escolhida é constituída pelo casal –  ele com 85 anos de idade e ela com 84 anos

de idade, dois filhos –  um que trabalha e reside noutro concelho e outro que morreu aos

dois anos de idade. Do filho têm dois netos, que não mantêm contacto com os avós. O

casal tem uma série de patologias e vive em condições precárias. Costumam contactar

com o filho. No entanto, são as pessoas da vizinhança a sua primeira linha de apoio. A

escolha desta família relacionou-se com o facto de ser um casal constituído por duas

 pessoas idosas, com uma série de patologias e que mesmo contando com o apoio de

vizinhos e da Paróquia, levam um nível de vida sofrível. Acabam por ser o prestador de

cuidados um do outro.

Tendo em conta que o nosso ponto de partida foi a Família recorrermos ao MDAIF  –  Modelo de Dinâmica e Avaliação da Intervenção Familiar, uma vez que, o MDAIF “foi

construído na prática, e é importante na medida em que norteia intervenções de

enfermagem adequadas tendo em conta a unicidade de cada família.” (Figueiredo, 2012)

De notar que o modelo em questão não foi preenchido na sua totalidade, pois tivemos em

conta a fase do ciclo vital em que a família se encontra. Recorremos ainda a outras escalas

de avaliação, que serão apresentadas de seguida.

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 12/65

12

A realização deste trabalho consistiu na construção de um caminho cuja meta foi a

vivência da Enfermagem Comunitária. Adquirir as competências preconizadas para um

Enfermeiro de Cuidados Gerais na Comunidade. Mas também extrapolar este objetivo e

saber ser e estar como um Enfermeiro especialista em Saúde Comunitária, visando

conhecer, inquirir, ouvir e potencializar a Comunidade, ajudando cada membro, tendo

sempre como perspetiva ganhos em Saúde.

O trabalho está dividido em duas partes. A primeira consiste numa dimensão teórica, onde

explicamos o conceito de família e sua evolução, bem como nos debruçamos sobre os

Cuidados de Saúde Primários, a Enfermagem de Família e a Visitação Domiciliária. Após

a apresentação de conhecimentos teóricos segue-se o confronto das definições de cada

dimensão e eixo do MDAIF com a situação da família em estudo. Ainda no mesmo

capítulo surgem os planos de cuidados estruturados e realizados com o intuito de obter

ganhos em Saúde na família em estudo. Por fim, apresentamos a conclusão onde

refletimos sobre os resultados obtidos e a sua eficácia, referimos as dificuldades sentidas

durante a realização deste estudo de caso e também onde mencionamos as mais-valias

obtidas com a realização do mesmo.

Para a elaboração deste estudo recorremos à metodologia descritiva, interrogativa e deobservação direta sempre sustentada pela colheita de dados efetuada a partir da Consulta

de Enfermagem concretizada em contexto de domicílio e também às opiniões das

Enfermeiras Orientadoras e Enfermeiros da Equipa, uma vez que todos eles conhecem o

casal em análise. Os materiais utilizados foram o MDAIF, a CIPE versão 2, o sistema

informativo SAPE, livros e internet.

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 13/65

13

1.  ENQUADRAMENTO TEÓRICO

 Neste capítulo são abordados pormenorizadamente os conceitos de Família, Cuidados de

Saúde Primários, Enfermagem de Família, Cuidados Domiciliários e é apresentado oMDAIF.

1.1.CONCEITO DE FAMÍLIA E SUA EVOLUÇÃO

Juridicamente, referimo-nos, portanto, ao artigo 1576.º do Código Civil Português, a

família é constituída pelas pessoas que se encontram ligadas pelo casamento, pelo

 parentesco, pela afinidade e pela adoção (Portugal, Lei n.º 23/2010 Código Civil

Português, 2010). Analisando esta definição, conceitos como família nuclear, famíliaalargada, família de origem não são tidos em conta.

Frei Fernando (2002, citado em Fernandes, 2015, p.23) escreve sobre este mesmo assunto

afirmando: “Família cobre realidades diferentes; no entanto, em comum, tem uma

 perspetiva de ascendência, semelhança, de proximidade, de estrutura e cruzamento.”

Somando, assim, o fator afetividade aos laços sanguíneos. Maria e Torres (1999, citadas

em Fernandes, 2015, p.26) em consonância com este pensamento afirmam que a família

não é apenas o lugar de reprodução, mas é também um lugar denso e rico de afeto, de

solidariedade, transmissão de conhecimentos e do saber.

Por mais definições que se construam para o conceito de Família, todos eles são

influenciados pela autonomia e liberdade, pelo aumento da instabilidade conjugal –  que

muitas vezes resulta em separação ou em divórcio  – , pelo aumento dos conflitos e do

sofrimento psicológico, pelo empobrecimento das famílias monoparentais, pelas

alternativas ao casamento, pelo aumento dos nascimentos de crianças fora da união

matrimonial, pelas questões ligadas às uniões homossexuais e às uniões culturais.

(Pedroso e Branco, citados em Fernandes, 2015, p. 17) Aboim (2006, citado em

Fernandes, 2015, p.26) acrescenta ainda que estamos perante uma vida familiar em

mudança, a um ritmo quase vertiginoso, decorrente dos movimentos de modernização da

sociedade. A família em estudo é o espelho desta situação. Trata-se de um casal

 proveniente de Lanhedos, pertencente ao distrito de Viana do Castelo, que logo depois de

terem contraído matrimónio deixaram o suporte familiar  –   pais, irmãos, sobrinhos e

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 14/65

14

 primos –  para virem viver para o centro do Porto, casa onde ainda hoje residem, à procura

de uma vida melhor. Com o objetivo de terem melhores condições de vida mudaram-se

 para o Porto. Durante anos o marido trabalhou como motorista, enquanto a esposa para

além de se responsabilizar pela educação dos dois filhos –  o mais novo morreu de doença

aos dois anos de idade – , trabalhava ainda como costureira.

Continuando na procura da definição ideal de Família, a Classificação Internacional para

a Prática de Enfermagem versão 2 (2011) define família como um grupo. Passamos a

citar: “Família –  Grupo: Unidade social ou todo coletivo composto por pessoas ligadas

através de consanguinidade, afinidade, relações emocionais ou legais, sendo a unidade ou

o todo considerados como um sistema que é maior do que a soma das partes.”

Depois de muitos artigos lidos e de várias conversas com o casal em questão parece-nos

que a melhor definição, aquela que se adequa à sua mística é a de Wright e Leahey que

diz: “Família é quem os seus membros dizem quem são.” (Wright e Leahey, 2009, citadas

em Fernandes, 2015)

Figueiredo (2009) parte do pressuposto que Família é um sistema constituído por

subsistemas, cuja multiplicidade, quer das configurações familiares, quer das interações

mantidas entre os seus elementos e entre os seus ambientes, confere-lhe unicidade num

contexto de diversidade. A mesma autora afirma ainda que a saúde familiar será

maximizada e otimizada perante os Cuidados de Enfermagem que se centrem nos seus

 padrões internacionais e que integrem as dimensões do espaço e do tempo numa

abordagem multidimensional do potencial de saúde familiar. Assume também que pela

natureza dos Cuidados de Saúde Primários, que serão abordados no subcapítulo a seguir,

todas as famílias são passíveis de serem avaliadas. Aliás, será esta avaliação familiar que

 permitirá a identificação dos recursos e forças da família, bem como, as suas

necessidades, aliadas com a sua autenticidade. Daí o planeamento das intervenções

especializadas à família ser uma questão essencial tendo sempre como base uma avaliação

detalhada de cada membro que a constitua e de todos no geral.

1.2.CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS

Os CSP (Cuidados de Saúde Primários) constituem a principal estrutura de um sistema

de saúde, quer pela dimensão de problemas que resolvem (80 a 85%), quer pela

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 15/65

15

diversidade de intervenções que asseguram. Estes atuam no decorrer de todas as fases da

vida e integram todas as formas de intervenção em saúde: promoção da saúde, prevenção

da doença, diagnóstico precoce, terapêutica adequada, reabilitação e reinserção social. Os

CSP estão próximos da população e são pró-ativos relativamente aos cidadãos,

nomeadamente com os mais vulneráveis, contribuindo para promover a equidade e

garantir o acesso aos cuidados de saúde. Promovem a participação ativa dos cidadãos no

seu processo de saúde e no dos outros, pelo que conferem mais efetividade e eficiência

aos sistemas de saúde. (Nunes et al., 2012)

Os cuidados de saúde prestados pelos CSP diferenciam-se, em muitos aspetos, dos que

são praticados nos CSH (Cuidados de Saúde Hospitalares), na medida em que:

o  Preocupam-se com toda a população, tanto na saúde como na doença

Os CSP preocupam-se com toda a população, quer com as pessoas saudáveis quer com

as pessoas em situação de doença, independentemente de serem situações agudas ou

crónicas, visando proteger e melhorar o estado de saúde da população, promovendo

comportamentos e atitudes saudáveis, desenvolvendo estratégias de prevenção primária

e secundária, diagnosticando as doenças o mais precoce possível para que haja cura e não

resultem sequelas. Assim, os CSP caracterizam-se pela prestação de cuidados holísticos,

e pela iniciativa que têm de contactar as pessoas quando estas não comparecem para vigiar

ou tratar a sua saúde. (Nunes et al., 2012)

o  Promovem a continuidade de cuidados e a coordenação dos processos

assistenciais

 No processo de prestação de cuidados aos doentes, as equipas de saúde familiar assumem

o papel de “gestores do processo assistencial”, uma vez que são os primeiros a prestar

cuidados aos doentes, e encaminham os doentes para os CSH para realizarem meios

complementares de diagnóstico mais sofisticados e/ou serem observados e tratados pelos

especialistas hospitalares, recebendo-os após a alta hospitalar, acompanhando-os na

evolução de todos os tratamentos, garantindo a sua continuidade e integração. (Nunes et

al., 2012)

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 16/65

16

o  Promovem a saúde e o empoderamento dos cidadãos, das famílias e da

comunidade

Define-se empoderamento como o processo através do qual os indivíduos adquirem ummaior controlo sobre as decisões e ações que afetam a sua saúde. A nível individual,

refere-se à capacidade do indivíduo para tomar decisões e exercer controlo sobre a sua

vida pessoal. Por sua vez, a nível comunitário, refere-se à atuação em conjunto dos

indivíduos, de modo a controlarem e influenciarem os determinantes da saúde e a

qualidade de vida da comunidade. (Apontamentos cedidos pela Prof.ª Fátima Ferreira,

2015)

Os CSP, com os contributos de todos os seus profissionais (médicos de família, médicos

de saúde pública, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, assistentes

sociais, higienistas orais, técnicos de saúde ambiental, podologistas, entre outros),

 promovem a melhoria do estado de saúde das pessoas e potenciam o empoderamento dos

cidadãos, das famílias e da comunidade e das suas instituições. (Nunes et al., 2012)

o  Podem e devem atingir uma capacidade resolutiva muito elevada

Os CSP podem responder à grande maioria dos problemas e das necessidades em saúde

decorrentes dos problemas de saúde crónicos e agudos, induzindo uma diminuição da

 procura de cuidados hospitalares, reduzindo a necessidade de recurso a cuidados mais

complexos e a tecnologia mais dispendiosa que as fases mais avançadas das doenças

requerem. (Nunes et al., 2012)

Para que os enfermeiros assumam um entendimento profundo sobre a prestação de

cuidados no decorrer do ciclo de vida familiar no âmbito dos CSP, é necessário que

reconheçam a unidade familiar como alvo dos seus cuidados. (Figueiredo, 2012)

Uma das formas de aplicação dos CSP foi através da criação das USF, cuja missão é

manter e melhorar o estado de saúde da população abrangida, através da prestação de

cuidados de saúde gerais, garantido acessibilidade e continuidade, tendo em conta os

contextos sociofamiliares dos utentes, incluindo os cuidados informais. (Apontamentos

cedidos pela Prof.ª Fátima Ferreira, 2015)

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 17/65

17

As USF caracterizam-se por terem equipas multiprofissionais, constituídas por médicos,

enfermeiros e por pessoal administrativo, na medida em que as USF têm autonomia

organizativa, funcional e técnica, que se encontra integrada numa lógica de rede com

outras unidades funcionais do centro de saúde ou da unidade local de saúde.

(Apontamentos cedidos pela Prof.ª Fátima Ferreira, 2015)

Assim, a atividade das USF orientam-se por princípios como a prestação de cuidados de

saúde personalizados, tendo em conta os objetivos de eficiência e qualidade, cooperação

entre os elementos da equipa e gestão participativa, como forma de melhorar o seu

desempenho e satisfação profissional. (Apontamentos cedidos pela Prof.ª Fátima Ferreira,

2015)

Relativamente à distribuição da população numa USF, a cada enfermeiro devem ser

confiados os utentes correspondentes ao número de cerca de 200 famílias por determinada

área geográfica. (Apontamentos cedidos pela Prof.ª Fátima Ferreira, 2015)

1.3.ENFERMAGEM DE FAMÍLIA

A conceção de uma enfermagem centrada no trabalho com as famílias enfatiza a figura

do enfermeiro de família enquanto pivô no seio de uma equipa multiprofissional e

entidade corresponsável pela prestação contínua de cuidados, durante todo o ciclo de vida

familiar, e em todos os acontecimentos de vida críticos, envolvendo a promoção e

 proteção da saúde, a prevenção da doença, a reabilitação e a prestação de cuidados aos

indivíduos doentes ou em estadios terminais de vida. (Nunes et al., 2012)

Assim, a família emerge como foco dos cuidados de enfermagem e, como tal, deverá ser

entendida como unidade básica da sociedade que tem vindo a sofrer alterações a nível

estrutural e dinâmico, revelando fragilidades e potencialidades que determinam a saúde

dos seus membros e da comunidade onde se insere. (Nunes et al., 2012)

 Neste sentido, para a compreensão da família é essencial entender a sua complexidade,

globalidade, reciprocidade e multidimensionalidade, numa abordagem que considera,

tanto a historicidade da família, quanto o contexto. (Nunes et al., 2012)

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 18/65

18

Assim, o Enfermeiro de Saúde Familiar é o profissional de referência e suporte

qualificado que, em complementaridade funcional e numa perspetiva de intervenção em

rede, dá resposta às necessidades da família no exercício das suas funções, entre as quais,

a identificação precoce de determinantes da saúde com efeitos na dinâmica familiar, o

reconhecimento do potencial do sistema familiar como promotor de saúde, como elo de

ligação entre a família, os outros profissionais e os recursos da comunidade, garantindo a

equidade no acesso aos cuidados de saúde, particularmente, aos de enfermagem e, por

fim, como mediador na definição das políticas de saúde dirigidas à família. (Nunes et al.,

2012)

 Neste contexto, os cuidados especializados em enfermagem de saúde familiar focam a

sua atenção nas dinâmicas internas da família e nas suas relações, valorizando também a

estrutura da família e o seu funcionamento, tal como o relacionamento dos diferentes

subsistemas com a família, uma vez que este pode gerar mudanças nos processos

intrafamiliares e na interação da família com o seu ambiente. (Nunes et al., 2012)

1.4.VISITAÇÃO DOMICILIÁRIA

A VD (Visitação Domiciliária) pode ser definida como uma atividade dirigida à família,

que determina o tipo de ensino orientado para a solução de problemas de vivência em

situações da vida real no contexto familiar, assenta no princípio de que todas as atividades

de enfermagem para com a família têm um objetivo eminentemente educativo, cuja

finalidade consiste em auxiliar a família a ajudar-se a si mesma. (Apontamentos cedidos

 pela Prof.ª Fátima Ferreira, 2015)

Deste modo, os objetivos da VD são a prestação de cuidados de enfermagem no domicílio

sempre que necessário, supervisionar os cuidados delegados à família, obter informaçõessobre as condições socioeconómicas da família e orientar/educar um ou mais membros

da família na prestação de cuidados. (Apontamentos cedidos pela Prof.ª Fátima Ferreira,

2015)

 Neste sentido, as vantagens da visitação domiciliária para o enfermeiro consistem em

 pormenorizar o conhecimento sobre o utente (meio ambiente, condições de habitação,

relações afetivo-sociais da família), facilitar a adaptação do planeamento da assistência

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 19/65

19

de enfermagem de acordo com os recursos da família, melhorar o relacionamento do

grupo familiar com o profissional de saúde, na medida em que é sigiloso mas menos

formal, e permitir uma maior liberdade para os utentes exporem os diversos problemas,

na medida em que o enfermeiro apresenta maior disponibilidade. (Apontamentos cedidos

 pela Prof.ª Fátima Ferreira, 2015)

Por sua vez, as limitações da visitação domiciliária consistem num aumento de custos,

devido à necessidade de mais recursos económicos e humanos, maior disponibilidade de

tempo do enfermeiro (deslocação), fatores que impossibilitam a marcação da VD, como

não estar ninguém em casa, o endereço estar errado ou o utente não residir mais daquele

endereço, e a recusa dos utentes/famílias em relação à VD. (Apontamentos cedidos pela

Prof.ª Fátima Ferreira, 2015)

Deste modo, o enfermeiro durante a visitação domiciliária desenvolve as suas ações e

interações com a família, evitando considerar apenas os problemas apresentados pelo

utente, e a componente educativa permite a mudança de padrões de comportamento,

 promovendo a qualidade de vida através da prevenção de doenças e promoção da saúde.

(Apontamentos cedidos pela Prof.ª Fátima Ferreira, 2015)

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 20/65

20

2.  ENQUADRAMENTO EMPÍRICO

Quando se estuda uma família Figueiredo (2012) defende que existem três áreas de

atenção que se devem ter em linha de conta. O quadro que se segue menciona e especifica

cada uma delas:

AVALIAÇÃO FAMILIARESTRUTURAL DESENVOLVIMENTO FUNCIONAL

Rendimento FamiliarEdifício Residencial

Precaução de SegurançaAbastecimento de Água

Animal Doméstico

Satisfação ConjugalPlaneamento FamiliarAdaptação à Gravidez

Papel Parental

Papel de Prestador deCuidados

Processo Familiar

Quadro I –  Avaliação Familiar  

Segundo o pensamento de Figueiredo (2012) a Avaliação Estrutural está diretamente

relacionada com a estrutura da família. Refere-se, portanto, à sua composição, os vínculos

que existem entre os seus membros, bem como, os subsistemas que a compõem, dando a

 possibilidade de a partir daqui se levantar possíveis riscos de saúde.

2.1.APLICAÇÃO DO MDAIF

A recolha de dados durante as visitações domiciliárias fundamentou-se no modelo

dinâmico de avaliação e intervenção familiar.

Deste modo, a família em estudo é constituída por um casal: Sra. B. C.C e Sr. J.F.

A Sra. B. C.C tem 84 anos, e apresenta como antecedentes clínicos: Obesidade,

Hipertensão Arterial; Artrite Reumatóide e ferida traumática no calcâneo, que serão de

seguida descritos.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) define a Obesidade como uma doença em que

o excesso de gordura corporal acumulada pode atingir graus capazes de afetar a saúde e

que resulta de sucessivos balanços energéticos positivos, nos quais a quantidade de

energia ingerida é superior à quantidade de energia despendida.

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 21/65

21

A avaliação da acumulação de gordura pode ser feita através do IMC (Índice de Massa

Corporal), avaliação da distribuição da gordura corporal e medida das pregas da pele.

(DGS, 2005)

De acordo com a DGS, a HTA (Hipertensão Arterial) define-se pelo aumento persistente

da pressão arterial sistólica  –  valores iguais ou superiores a 140mmHg, e da pressão

arterial diastólica –  valores iguais ou superiores a 90mmHg. (DGS, 2013)

A Artrite Reumatóide é uma doença sistémica inflamatória de etiologia autoimune, que

está associada a fatores de risco como o aumento da pressão arterial, tabagismo,

Hipercolesterolemia, idade e Diabetes Mellitus. (Associação Médica Brasileira, 2007)

De acordo com a CIPE Versão 2 (2011), define-se ferida traumática como “uma solução

de continuidade inesperada de tecido na superfície do corpo, associada a lesão mecânica

devido a agressão ou acidente; lesão irregular da pele, mucosa ou tecido, tecido doloroso

e magoado, drenagem e perda de soro e sangue; associada a tecido pouco limpo, sujo ou

infetado” 

O regime medicamentoso da Sra. B. C.C consiste em: Clotrimoxazol 800 + 160mg;

Hidroclorotiazida + Amilorida 50 + 5mg; Ácido Alendrónico 70 mg; Sulfassalazina

500mh e Povidona 50 mg/ml.

Por sua vez, o Sr. J.F tem 85 anos, é portador de pacemaker desde 2011 e apresenta como

antecedentes clínicos: Insuficiência Cardíaca, Doença Cardíaca Isquémica; Fibrilhação

Auricular e Obesidade.

A Insuficiência Cardíaca está relacionada com a incapacidade do músculo cardíaco para

 bombear o sangue numa frequência proporcional às necessidades metabólicas dos

tecidos. (DGS, 2011)

A Fibrilhação Auricular é uma taquiarritmia com elevada morbi-mortalidade, decorrente

do comprometimento hemodinâmico originado pela taquicardia e pela ocorrência de

fenômenos tromboembólicos. (Abreu, Dallan, & Oliveira, 2005)

O regime medicamentoso do Sr. J.F consiste em: Cordaron; Carvedilol; Trimetazidina;

Aldactone; Furosemida e Nitroglicerina (SOS)

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 22/65

22

2.1.1.  Avaliação Estrutural da Família

Figueiredo (2012), contempla nesta dimensão –  Avaliação Estrutural –  os seguintes itens:

o  Composição da Família

A autora explica que este item remete para a identificação da ordem de nascimento(s) ou

adoção(s) e subsistemas, considerados essenciais na avaliação dinâmica e ecológica da

família.

Em suma, esta integra a informação sobre quem faz parte da família, a identificação dos

elementos, o vínculo entre os mesmos, datas de nascimento e outros dados que possam

ser considerados relevantes para a compreensão da estrutura familiar, como situações

decorrentes de óbitos, divórcios, novos casamentos ou casos de adoção.

A família em estudo é constituída por um casal: Sra. B. C.C e Sr. J.F, e pelo seu filho:

F.F, que é casado e tem dois filhos –  o mais velho é estudante de Medicina em Coimbra

e a mais neta é atleta profissional.

o  Tipo de Família

 Neste item a família é classificada de acordo com a sua composição e os vínculos entre

os seus elementos, que determinam algumas das suas funções  –   internas e externas  –  

associadas ao seu desenvolvimento. De notar que este tipo de identificação permite ao

 profissional, defende Figueiredo (2012), incorporar de diversos modos formas de

organização familiar. Passamos então a mencionar os diferentes tipos de família segundo

Figueiredo (2012):

Casal Família Nuclear Família Reconstruída

Homem e mulher ou parceiros do mesmo sexo

que podem ou não serlegalmente casados

Homem e mulher com umou mais filhos biológicos ouadotados e podendo ou não

ser legalmente casados;casal do mesmo sexo com

um ou mais filhos adotadose podendo ou não serlegalmente casados

Casal em que pelo menosum dos elementos tenha

uma relação maritalanterior e um filhodecorrente desserelacionamento

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 23/65

23

Família Monoparental Coabitação Família InstitucionalConstituída por umafigura parental única e

 presença de uma ou mais

crianças, com aidentificação do géneroda pessoa que representaa figura parental

Homens e mulheres

solteiros, partilhando amesma habitação

Reporta-se a conventos,

orfanatos, lares de idosose/ou internatos

Comuna Unipessoal Alargada

Grupos de homens,mulheres e crianças semdelimitação expressa desubsistemas associados a

grupos domésticos

Uma pessoa numa habitação

Constituída por trêsgerações ou casal ou famílianuclear e outros parentes ou

 pessoas com outrosvínculos que nãos os de

 parentescoQuadro II –  Tipo de Família 

Apesar de ter um filho, assumimos que a família em estudo classifica-se como família do

tipo casal, uma vez que o filho não reside com eles.

o  Família Extensa

 Neste item Figueiredo (2012) afirma que se deve identificar o tipo e a intensidade do

contacto, além das relações estabelecidas entre os membros da família e os elementos dafamília de origem e outros parentes, que não sejam contemplados no sistema familiar.

O casal é muito unido entre si. Mantêm contacto semanal com o filho. No entanto, referem

que não contactam regularmente com os netos, uma vez que, um se encontra a estudar em

Coimbra e outra, devido à profissão, passa muito tempo fora de casa. Referem também

que a nora não os costuma visitar.

O diagrama que se segue ilustra os termos utilizados neste item segundo Figueiredo(2012):

FamíliaExtensa

Companhiasocial

Apoioemocional

Guiacognitivo ede conselhos

Regulaçãosocial

Ajudamaterial e deserviços

Acesso anovos

contactos

Fig. I –  Família Extensa

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 24/65

24

O casal em estudo paga mensalmente uma quantia para receber o apoio da Paróquia. Este

consiste na realização dos cuidados de higiene parciais de segunda a sexta-feira e na

confeção e entrega do almoço. Conta ainda com o apoio dos donos da frutaria da rua onde

vivem, que costumam comunicar com frequência com o filho. O Sr. J. F. e a Sra. B. C.

 pagam também a uma senhora que, uma vez por semana, se responsabiliza pela limpeza

da casa. Por fim, contam também com o apoio de uma cabeleireira, que vai a casa cuidar-

lhes da imagem pessoal uma vez por mês.

o  Sistemas mais amplos

Figueiredo (2012) contempla neste item as interações sociais entre contextos em que a

família participa. Podem ser instituições sociais ou pessoas significativas não

 pertencentes à família extensa. Assume-se que este tipo de interação é uma mais-valia

 para a família, uma vez que, será ajudada pela pessoa e/ou instituição. Para facilitar a

compreensão deste tipo de interação recorre-se á construção do genograma e do ecomapa.

Fig. II –  Genograma

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 25/65

25

Fig. III –  Ecomapa

Fig. III –  Ecomapa

o  Classe Social

Uma vez atribuída a classe social a que a família pertence será mais fácil a perceção do

 profissional em relação ao fator  stress, visto que, este está intimamente associado aos

aspetos económicos, de instrução, grupo profissional e ainda de contexto residencial. A

classe social influencia ainda o modo de organização das famílias. Como estas

estabelecem as suas crenças e valores, como também, como utilizam os serviços de saúde

e outros serviços sociais, daí a pertinência da sua avaliação. Recorre-se, por isso, à Escala

de Graffar Adaptada. (Figueiredo, 2012) 

Segue-se, então, a apresentação da Escala de Graffar preenchida tendo em conta a família

em estudo.

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 26/65

26

 NOTAÇÃO SOCIAL DAS FAMÍLIAS (GRAFFAR) POSIÇÃOPROFISSÃO INSTRUÇÃO

FONTEPRINCIPAL

TIPO DEHABITAÇÃO

LOCAL DERESIDÊNCIA

ESTRATO PTS

I

Grandesindustriais ecomerciantes.

Gestores. Grandesempresas eAdministraçãoPública.Profissõesliberais.

DoutoramentoMestradoLicenciatura

Propriedade Luxuoso Bairro eleganteI

CLASSEALTA

II

Médiosindustriais,comerciantes eagricultores.Dirigentesintermédios equadros técnicosde empresas eAdministraçãoPública.

BacharelatoCurso Superior

Altosvencimentos ouhonorários

Espaçoso econfortável

Bom local

IICLASSEMÉDIAALTA

III

Pequenosindustriais ecomerciantes.Empregados eoperáriosqualificados.

CursoComplementarEnsino Superior

Vencimentoscertos

Bemconservado comcozinha e casade banho.Eletrodomésticos essenciais

Zona antigaIII

CLASSEMÉDIA

IV

Pequenosagricultores.Operáriossemiqualificados.Escriturários.

Escolaridadeobrigatória

Remuneraçõesincertas

Com cozinha ecasa de banhodegradadas e ousemeletrodomésticos 

Bairro operáriosocial

IVCLASSEMÉDIABAIXA

19

VMão-de-obraindiferenciada.

 Nãoescolaridadeobrigatóriacompleta

Assistencial Imprórpio Bairro de lataV

CLASSEBAIXA

Quadro III –  Escala de Graffar  

Como é referido na obra “Classification and Occupations” General Register   Office

(London Satationary Office, 1951) esta escala deve ser preenchida com base na profissão

exercida pelo pai. Adaptámos ao Sr. J. F.

O Sr. J. F. trabalhou como motorista, pelo que, foi atribuído o 4º grau.

Em relação ao nível de instrução, uma vez que o Sr. J. F. fez a 4ª Classe foi atribuído o 4º

grau, que diz respeito ao ensino primário completo.

Em relação às fontes de rendimento familiar deve-se ter em conta a principal fonte de

rendimentos da família. Tanto o Sr. J. F. como a Sra. B. C. recebem a reforma todos os

meses, pelo que foi atribuído o grau 3, que corresponde a vencimento mensal fixo.

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 27/65

27

Considerámos a habitação onde o Sr. J. F. e a D. B. vivem, um alojamento impróprio para

uma vida decente, uma vez que, esta não se encontra adaptada às necessidades de ambos

os membros do casal. Assim, foi atribuído o 5º grau. Esta encontra-se numa zona antiga

do centro da cidade, pelo que foi atribuído o 3º grau.

Somando todas as categorias, a família em estudo obteve 19 pontos, pertencendo, assim

à Classe Social Média Baixa.

o  Edifício Residencial

O edifício residencial trata-se do espaço habitacional onde a família e que lhe proporciona

abrigo e proteção. Figueiredo (2012) engloba neste item os seguintes aspetos a ter emconta:

EDIFÍCIO RESIDENCIAL

EDIFÍCIO

RESIDENCIAL

Categorias estruturantes

Aspetos de habitação relacionados com a existência de barreirasarquitetónicas

Tipo de aquecimento e de abastecimento de gás

Higiene de habitação

Quadro IV –  Edifício Residencial 

 Neste item avaliam-se as barreiras arquitetónicas tendo como ponto de partida as

necessidades de cada membro da família e averiguar se as estruturas físicas se adequam

ou não à família. (Figueiredo, 2012)

A habitação do casal em estudo trata-se de um edifício velho e degradado. Tem três

andares –  rés-do-chão, 1º andar e 2º andar, onde o casal vive. O Sr. J. F. e a Sra. B. C.

Para irem à rua têm que subir e descer trinta e três degraus –  tábuas de madeira bastante

danificadas. A Sra. B. C. há muito tempo que não sai de casa, por não ter condições para

o fazer. No entanto, o Sr. J. F. costumava fazê-lo regularmente, mas desde que caiu em

sua casa há um mês refere ter medo de descer as escadas. Também não existem

campainhas, pelo que, nos momentos da Consulta Domiciliária o Sr. J. F. tinha que se

dirigir para o outro lado da casa e debruçar-se sobre a varanda para nos atirar as chaves.

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 28/65

28

 Numa primeira observação, apesar de se tratar de uma casa antiga, esta parece ter boas

condições. No entanto, após uma observação mais atenta é possível identificar uma série

de infraestruturas que dificultam o dia-a-dia do casal. A habitação tem uma área muito

grande e as divisões são distantes entre si. O piso é constituído por tábuas de madeira

antigas e algumas danificadas. O casal dividiu a casa em duas áreas. Sala de estar, quarto,

cozinha e casa de banho, que se encontram do lado interno do edifício e uma sala com

uma grande área do lado externo do edifício, que dá para a rua, que não é utilizada.

Tem acesso a água canalizada, luz elétrica e gás. No Inverno o casal refere que para

combater as baixas temperaturas utilizam o aquecedor a gás e botijas de água quente. No

Verão o casal recorre à ventoinha.

A casa de banho é constituída por banheira –  barreira arquitetónica para a Sra. B. C., uma

vez que esta não consegue entrar nem sair da banheira, o que faz com que o autocuidado

higiene, apesar de ser diário, ser parcial – , por sanita e lavatório.

A cozinha é a divisão mais pequena da casa. Tem fogão e micro-ondas. Os seus móveis

encontram-se bastante danificados.

A sala de estar é grande e é onde se encontra a televisão. É nesta divisória que o casal

 passa a maior parte do dia.

Por fim, descrevemos o quarto: este é constituído por uma cama, que é baixa em altura.

O que dificulta a entrada e saída de ambos os membros. O Sr. J. F. refere também que nos

últimos tempos a Sra. B. C. tem caído várias vezes da cama durante o sono.

Como referimos anteriormente, o casal paga uma quantia a uma senhora para tratar da

limpeza da casa uma vez por semana. Dentro das possibilidades do casal a habitação

encontra-se limpa e cuidada.

o  Sistema de Abastecimento

Este item diz respeito ao abastecimento de água e ao serviço de tratamento de resíduos,

considerados com aspetos primários na manutenção da saúde dos indivíduos e famílias.

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 29/65

29

O abastecimento de água diz respeito à acessibilidade de água potável essencial para a

manutenção das condições necessárias à promoção da saúde.

Como referimos anteriormente, a casa tem acesso à água de rede pública. O tratamentode resíduos é realizado pela rede pública.

o  Ambiente Biológico

Figueiredo sobre este item afirma: “O risco biológico que advém do contacto com animais

domésticos, justifica a inserção das condições de vigilância, segurança e higiene do

Animal Doméstico, considerado qualquer animal domesticado para convívio com os seres

humanos.” (Figueiredo, 2012, p. 77)

O casal em estudo não tem animais domésticos.

2.1.2.  Avaliação Desenvolvimental

Em relação à Avaliação de Desenvolvimento, Figueiredo (2012) defende que esta

 possibilita a compreensão de fenómenos associados ao crescimento da família. Deste

modo, prossegue a autora, será mais fácil aplicar os cuidados antecipatórios com o

objetivo de promover a capacitação da família através do desenvolvimento das tarefas

essenciais para cada etapa e prepará-la para futuras transições, tornando-se a abordagem

do ciclo vital fundamental no contexto dos cuidados de Enfermagem centrados na família.

Assim, assume as etapas do ciclo vital de Relvas (2010):

Fig. IV –  Ciclo Vital 

“Partindo sempre do pressuposto que as transformações inerentes ao desenvolvimento

familiar envolvem transformações impulsionadoras de mudanças a nível do

funcionamento da família, da sua estrutura e dos seus processos de interação.”

(Figueiredo, 2012, p. 79) Assim, ao identificarmos a etapa do ciclo vital em que a família

Formação doCasal

Família comfilhos

 pequenos

Família comfilhos na

escola

Família comfilhos

adolescentes

Família comfilhos adultos

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 30/65

30

em estudo se encontra a sua compreensão contextual será facilitada, à luz do pensamento

de Figueiredo (2012).

O casal em estudo encontra-se na última etapa do ciclo vital –  Família com filhos adultos.

 Neste momento de avaliação tem-se em linha de conta os seguintes parâmetros:

DEFINIÇÕES À DIMENSÃO DE DESENVOLVIMENTO

Satisfação conjugalPlaneamento

FamiliarAdaptação à

GravidezPapel Parental

- Relação dinâmicado casal- Comunicação docasal- Interação Sexual- Função Sexual

- Fertilidade- Conhecimentosobre vigilância

 pré-concecional- Uso decontracetivo- Conhecimentosobre reprodução

- Conhecimento- Comunicação- Comportamento àadesão

- Conhecimento do papel- Comportamentosde adesão- Adaptação dafamília à escola- Consenso do

 papel- Conflito do papelSaturação do papel

Quadro V –  Avaliação Desenvolvimental (Dimensões)

o  Satisfação Conjugal

Começámos então por descrever a satisfação conjugal. A satisfação conjugal refere-se

aos processos de conjugalidade relacionados com a continuidade de uma relação

satisfatória. Com o passar dos anos os processos de conjugalidade do casal

metamorfizam, muitas vezes associados às transições dos elementos que compõem a

esfera familiar, bem como, as pressões internas e/ou externas de outros subsistemas a que

estes têm que dar resposta. (Figueiredo, 2009)

  Relação Dinâmica

Figueiredo (2009) defende que a relação dinâmica corresponde à partilha de

responsabilidades, à possibilidade de expressar sentimentos e emoções e também à

flexibilidade de papéis. O casal em estudo tem uma dinâmica muito própria. As

responsabilidades pertencem ao Sr. J. F. É ele o responsável pelos pagamentos às várias

entidades com que interagem e também é ele que assume a manutenção da casa. No

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 31/65

31

entanto, a Sra. B. C. também tem noção dos pagamentos e colabora na manutenção da

casa dentro das suas possibilidades. Enquanto o Sr. J. F. é mais efusivo, a Sra. B. C. é

mais tímida. Daí se complementarem e serem um casal muito unido.

  Comunicação do Casal

A comunicação do casal diz respeito à interação entre marido e mulher, caracterizando a

relação e promovendo a satisfação processual. É a comunicação entre o casal que

 possibilita a partilha e diminui o conflito. A comunicação enfatiza o diálogo sobre as

expectativas e receios, a aceitação face à discordância de opinião e a satisfação face ao

 padrão de comunicação de cada um dos elementos. (Figueiredo, 2009) Como referimos,

o casal em estudo é bastante unido. A comunicação entre eles, apesar de dificultada

devido à hipoacusia do Sr. J. F., permite-lhes partilhar entre si as suas emoções, tendo

sempre em vista sua estabilidade enquanto casal.

  Interação Sexual

A interação sexual reporta-se à expressão da sexualidade. É constituída pela avaliação da

satisfação do casal com o seu padrão de sexualidade e o conhecimento sobre a

sexualidade. A sexualidade é tida como uma energia impulsionadora de emoções e

sentimentos positivos que influenciam as interações. Deste modo, observa-se como cada

 pessoa expressa os afetos, contribuindo, assim, para a aceitação do prazer e afetividade

nas interações sexuais. A expressão dos afetos na intimidade, a frequência das relações

sexuais e as oportunidades de intimidade relacionadas como recursos associados ao

tempo, ao espaço e à privacidade, são alguns dos aspetos que, influenciando a satisfação

do casal, integram a definição de padrão de sexualidade (Figueiredo, 2009).

  Função Sexual

A função sexual trata-se da aptidão cognitiva, sócio afetiva e comportamental para a

 participação na relação sexual, que integra dados que têm como finalidade avaliar a

existência de disfunções sexuais e o conhecimento do casal sobre estratégias de resolução

das mesmas (Figueiredo, 2012). “As disfunções sexuais são perturbações nos processos

que caracterizam o ciclo de resposta sexual, podendo levar a dificuldades no

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 32/65

32

relacionamento interpessoal” (Associação Americana de Psicologia, 2002, citado po r

Figueiredo, 2012, p.81).

o  Planeamento Familiar

O planeamento familiar define-se como sendo um processo de tomada de decisão do casal

relativamente à regulação do número de filhos e espaçamento entre os mesmos. Assim,

assume-se que os casais possuem conhecimentos e têm ao seus dispor métodos de

 planeamento familiar  –   seguros e eficazes  –   e ainda que têm acesso a consultas pré-

concecionais que ofereçam aos casais as melhores oportunidades de terem filhossaudáveis. O planeamento familiar contempla, deste modo, o conhecimento sobre a

fertilidade e a reprodução, o conhecimento do casal sobre a vigilância pré-concecional e

o uso de contracetivo. (Figueiredo, 2009)

Este parâmetro não se aplica ao casal, uma vez que devido à idade de ambos os elementos

do casal, bem como, à fase do ciclo vital em que se encontram estes não planeiam ter

filhos.

o  Adaptação à Gravidez

O nascimento do primeiro filho leva a que a função conjugal do casal passe a ser uma

função parental, isto é, de ambos os elementos do casal. Surge, por isso, no período de

gravidez a necessidade de adaptação às mudanças físicas levando o casal a dar resposta

ao desafio de reorganizar os papéis na estrutura familiar, para, assim, abrir espaço para onovo filho. Torna-se, portanto, muito importante o conhecimento prévio sobre o processo

de transição associado à gravidez, tal como a comunicação positiva entre o casal, o que

 promove a aquisição da identidade parental ajustada e a conjugalidade satisfatória. A

adaptação à gravidez engloba conceitos como conhecimento da gravidez, comunicação

durante a gravidez e comportamentos de adesão à gravidez (Figueiredo, 2009).

Tendo novamente em conta que o casal em estudo se encontra na fase de filhos adultos

do Ciclo Vital, este item não é aplicável

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 33/65

33

o  Papel Parental

O papel parental está diretamente relacionado com os padrões comportamentais dos

membros da família face à expectativa e crença sobre o papel, resultante, entre outros,fatores do modelo funcional do sistema e dos fatores culturais adjacentes à co construção

desse modelo.

O papel parental está relacionado com a reciprocidade interacional entre o(s) membro(s)

que exercem o papel, o(s) membro(s) a quem se dirige o mesmo e o sistema como um

todo, interdependente e auto organizativo, o que leva a que o papel contenha uma

componente dinâmica. Para além disto o papel possui uma componente de conteúdo, onde

se inserem as expectativas e a reciprocidade relacional, determinada pelo grau de poder e

relação afetiva. (Figueiredo, 2012)

O exercício do papel parental relaciona-se, assim, com as funções familiares. Algumas

das funções primordiais da família, relacionadas com o crescimento e desenvolvimento

das crianças são operadas pela interação entre estas e o subsistema parental. A este cabe-

lhe, entre outras, as funções de educação e proteção dos filhos (Minuchin, 1990; Relvas,

1996; Alarcão, 2002; Josephson, Bernet & Bukstein, 2007, citados em Figueiredo, 2012).

É no exercício da parentalidade que os pais podem exercer a função parental, de acordo

com os padrões de comportamento inerentes ao modelo familiar (Wright & Leahey, 2002,

citadas em Figueiredo, 2012).

Tendo em conta a família em questão temos que dividir a definição de papel parental em

duas partes. A primeira, que diz respeito à família com filhos pequenos, família com filhos

na escola e família com filhos adolescentes não se aplica, uma vez que, como referimos

anteriormente, estamos a estudar uma família com filho adulto. A segunda parte, a quediz respeito ao conhecimento do papel, aos comportamentos de adesão e consenso de

 papel é positiva, visto que o casal apresenta um excelente relacionamento entre si e um

 bom relacionamento com o filho. Identifica-se, por isso, uma relação próxima entre o

casal e o filho, baseada no apoio e respeito, o que leva à não existência de conflitos e

saturação do papel.

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 34/65

34

2.1.3.  Avaliação Funcional

Por fim, a Avaliação Funcional, diz respeito aos padrões de interação familiar, o que

 permite o desempenho das funções e tarefas familiares a partir da complementaridade.

Figueiredo (2012) integra duas dimensões: a instrumental e a expressiva. A dimensão

instrumental diz respeito às atividades quotidianas da família. Já a dimensão expressiva

dá relevo às interações entre os membros da família. “ (…) na avaliação funcional as

seguintes definições: Papel de Prestador de Cuidados que enfatiza a dimensão

instrumental do funcionamento familiar e, Processo Familiar que destaca a dimensão

expressiva.” (Figueiredo, 2012, p. 91)

Tendo em conta a família em estudo é essencial abordarmos o Papel de Prestador de

Cuidados. O avançar da idade implica diminuição da autonomia, maior suscetibilidade à

doença e diminuição da atividade física e mental. Neste item possibilita-se o

entendimento sobre as estratégias adotadas pela família para dar resposta às necessidades

de um dos seus membros, resultantes das limitações nas suas tarefas e atividades

quotidianas. (Figueiredo, 2012)

Com base nas visitações domiciliárias realizadas e nas conversas tidas com as

Enfermeiras Orientadoras assumiu-se que o Sr. J. F. é o prestador de cuidados da Sra. B.

C.

 Neste item, defende Figueiredo (2012), integra-se a avaliação sobre a dependência

relativamente aos vários tipos de autocuidado. Passamos a cita-los: vestuário, comer,

 beber, ir ao sanitário, comportamento sono –  repouso, atividade de lazer e atividade física.

De notar, que o autocuidado abrange todo o conjunto de ações desenvolvidas pelos

indivíduos que visam a manutenção da vida e da saúde, o conhecimento sobre a

dependência relativa às ações auto-iniciadas no âmbito da gestão do regime terapêutico,

da autovigilância. Tal, possibilita uma apreciação mais generalizada, isto é, permite uma

avaliação das necessidades de cada membro da família, que apresentam compromisso do

autocuidado, bem como, uma avaliação da família, enquanto unidade dinâmica e

funcional.

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 35/65

35

Enquanto prestador de cuidados o Sr. J. F. auxiliar a sua mulher, a Sra. B. C., nos

autocuidados: vestuário, comer, beber, ir ao sanitário, comportamento sono  –  repouso e

também no da atividade de lazer, ainda que este seja muito limitado.

Foi, aliás, este o motivo pelo qual escolhemos esta família para desenvolvermos o nosso

estudo de caso. Trata-se de uma casal idoso, com diversas delimitações, tanto fisiológicas

(patologias), como físicas (condições onde habitam), mas que se entreajudam. Numa

 primeira análise a situação ideal para o casal seria a sua integração num Lar, onde

receberiam cuidados especializados e teriam apoio de forma ininterrupta. No entanto,

observando a dinâmica que existe entre si conclui-se que o balanço entre disponibilizar

cuidados especializados a cada um e a separação do casal seria negativo.

Em relação ao processo familiar Figueiredo (2012) afirma que as dimensões operativas

da área de atenção da Enfermagem de Saúde Familiar delimitam-se aos seguintes itens,

que se encontram interligados entre si:

Fig.V –  Processo Familiar

A comunicação familiar abrange a linguagem verbal e a linguagem não-verbal. Assume-

se também em linha de conta a comunicação emocional e a comunicação circular.

ProcessoFamiliar

ComunicaçãoFamiliar 

CopingFamiliar 

Interações

de PapéisFamiliares

RelaçãoDinâmica

CrençasFamiliares

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 36/65

36

 Na comunicação familiar deve-se avaliar quem na família expressa mais os sentimentos;

a satisfação dos membros da família face ao estado emocional de cada membro da família

e o impacto que os sentimentos de cada um têm na família.

Por sua vez, tanto na comunicação verbal como na não-verbal, deve-se avaliar todos os

membros da família que são claros e diretos no discurso; o que cada um compreende de

forma clara o que os outros dizem e todos na família que se expressam claramente quando

comunicam.

Em relação à comunicação circular deve-se ter em linha de conta a satisfação dos

membros sobre a forma como se comunicam na família, bem como, o impacto que tem

na família a forma como cada um se expressa. (Figueiredo, 2012)

Coping  traduz-se em solução de problemas. Figueiredo (2012) acrescenta ainda que este

termo se define como comportamentos de mobilização de estratégias e recursos que

 permitem a manutenção do funcionamento familiar, dando resposta aos fatores de stress 

intra ou extrafamiliares.

De notar que “A capacidade da família na resolução de problemas anteriores e as

experiências de sucesso são fatores que condicionam o sistema na tomada de decisão

sobre os problemas atuais, sendo também importante identificar com a família os seus

 padrões de solução de problemas.” (Figueiredo, 2012, p. 98)

A interação de papéis refere-se à função formal ou informal que cada membro da família

exerce. (Figueiredo, 2012)

PAPEL FAMILIAR

Papel de Provedor Relacionado com a entrada de bens financeirosPapel de GestãoFinanceira

Integra as tarefas associadas à administração da economiadoméstica

Papel de CuidadorDoméstico

Está associado ao desempenho e responsabilidades domésticas

Papel RecreativoRelaciona-se com a iniciativa de atividades lúdicas, temposlivres e estimulação da família em participar recreativasconjuntas

Papel de ParenteResponsabiliza-se pela manutenção do contacto com a restantefamília e amigos, permitindo a consolidação de laçosfamiliares.

Quadro VI –  Papel Familiar

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 37/65

37

 Na família em estudo, o Sr. J. F. assume os papéis de provedor, gestão financeira,

recreativo e de parente. A Sra. B. C. assume também o papel de parente, pois estabelece

com frequência o contacto telefónico com o filho. Apesar de demonstrar períodos de

confusão a Sra. B. C. exerce também o papel de gestão financeira, como foi presenciado

numa Visitação Domiciliária.

A relação dinâmica, que também é contemplada no Processo Familiar, tem como foco de

atenção a partilha de responsabilidades, sentimentos e emoções e está diretamente

relacionada com a aptidão para a flexibilidade de papéis. Figueiredo (2012) afirma ainda

que esta contribui para o desenvolvimento do conhecimento de aspetos específicos do

contexto familiar direcionados para a identificação das suas forças e dos seus recursos.

A mesma autora defende que no âmbito da relação dinâmica e para complementar a

avaliação familiar se deve recorrer à Escala FACES II e ao APGAR Familiar de

Smilkstein, pelo que apresentaremos de seguida. Estes instrumentos, escreve a autora,

auxiliam no entendimento de aspetos fundamentais do funcionamento familiar, como a

coesão e a adaptabilidade da família, como também, a perceção dos seus membros sobre

a funcionalidade da mesma.

A Escala de FACES II é admitida como a escala mais precisa e de maior acesso ao sistema

familiar e marital. (Sawin e Harrigan, 1995, citados em Fernandes, 2011)

Escala de FACES II Quasenunca

De vez emquando

Àsvezes

Muitasvezes

Quasesempre

1Em casa ajudamo-nos uns aosoutros quando temos dificuldade

1 2 3 4 5

2 Na nossa família cada um podeexpressar livremente a sua

opinião 

1 2 3 4 5

3

É mais fácil discutir os problemascom pessoas que não são dafamília do que com elementos dafamília

1 2 3 4 5

4Cada um de nós tem uma palavraa dizer sobre as principaisdecisões familiares

1 2 3 4 5

5Em nossa casa costuma-se reunirtodos na mesma sala

1 2 3 4 5

6Em nossa casa os mais novos têmuma palavra a dizer na definição

das regras de disciplina

1 2 3 4 5

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 38/65

38

7 Na nossa família fazemos ascoisas em conjunto

1 2 3 4 5

8Em nossa casa discutimos os problemas e sentimo-nos bem

com as soluções encontradas

1 2 3 4 5

9 Na nossa família cada um segue oseu próprio caminho

1 2 3 4 5 

10As responsabilidades da nossacasa rodam pelos várioselementos da família

1 2 3 4 5 

11Cada um de nós conhece osmelhores amigos dos outroselementos da família

1 2 3 4 5 

12É difícil saber quais são asnormas que regulam a nossafamília

1 2 3 4 5 

13Quando é necessário tomar umadecisão, temos o hábito de pediropinião uns aos outros

1 2 3 4 5 

14Os elementos da família sãolivres de dizer aquilo que lhesapetece

1 2 3 4 5 

15Temos dificuldade em fazercoisas em conjunto com a família

1 2 3 4 5 

16Quando é preciso resolver problemas as sugestões dos filhossão tidas em conta

1 2 3 4 5 

17 Na nossa família sentimo-nosmuito chegados uns aos outros 1 2 3 4 5 

18 Na nossa família somos justosquanto à disciplina

1 2 3 4 5 

19Sentimo-nos mais chegados a pessoas que não da família do quea elementos da família

1 2 3 4 5 

20A nossa família tenta encontrarnovas formas de resolver os problemas

1 2 3 4 5 

21Cada um de nós aceita o que afamília decide

1 2 3 4 5 

22  Na nossa família todos partilhamresponsabilidade 1 2 3 4 5 

23Gostamos de passar os temposlivres uns com os outros

1 2 3 4 5 

24É difícil mudar as normas queregulam a nossa família

1 2 3 4 5 

25Em casa os elementos da nossafamília evitam-se uns aos outros

1 2 3 4 5 

26Quando os problemas surgemtodos fazemos cedências

1 2 3 4 5 

27 Na nossa família aprovamos aescolha de amigos feita por cadaum de nós

1 2 3 4 5 

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 39/65

39

28Em nossa casa temos medo dedizer aquilo que pensamos

1 2 3 4 5 

29Preferimos fazer as coisas apenascom alguns elementos da família

do que com a família toda

1 2 3 4 5 

30Temos interesse e passatemposem comum uns com os outros

1 2 3 4 5 

Quadro VII –  Escala de Faces II (versão familiar) versão portuguesa de Otília MonteiroFernandes (Coimbra, 1995)

Foi solicitado a cada elemento do casal que respondesse a cada item na escala, pois é

assim que é preconizado. Coincidentemente ambos responderam da mesma forma.

 Numa primeira análise o casal em estudo obteve 17 pontos no eixo da coesão e 47 pontos

no eixo da adaptabilidade, pelo que se considera uma família relativamente coesa eadaptável às circunstâncias.

Caeiro (2011) afirma que o Índice de APGAR Familiar de Smilkstein é um instrumento

que avalia o modo como o indivíduo sente a sua posição dentro da família num dado

momento da vida avaliando a família como funcional ou disfuncional. Caeiro (1991) na

sua explicação sobre o Índice de APGAR Familiar vai mais longe, afirmando que este

avalia a adaptação do indivíduo –  modo como os recursos são partilhados, bem como, o

grau de satisfação pela assistência recebida quando um dos membros tem de recorrer à

família  – , participação  –   modo como as decisões são partilhadas associando-se à

satisfação de um dos membros pela reciprocidade na comunicação e pela solução de

 problemas  – , crescimento  –  modo como a maturidade é partilhada aliada ao grau de

satisfação de um membro da família pela liberdade concedida, no que respeita a mudança

de funções até se atingir o crescimento físico e emocional  – , afeto  –  modo como as

experiências emocionais são partilhadas, isto é, o grau de satisfação de um membro com

a intimidade e interação emocional que existe na família  –  e também a decisão  –  modocomo o tempo é partilhado, avaliando a satisfação de um membro da família com o tempo

que os outros dedicam à família.

APGAR FAMILIAR

Estou satisfeito(a) com a ajuda que recebo da minha família,sempre que alguma coisa me preocupa.

Quase sempre 2Algumas vezes 1

Quase nunca 0Quase sempre 2

Algumas vezes 1

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 40/65

40

Estou satisfeito(a) pela forma como a minha família discuteassuntos de interesse comum e compartilha comigo a soluçãodo problema.

Quase nunca 0

Acho que a minha família concorda com o meu desejo deencetar novas atividades ou de modificar o meu estilo de vida.

Quase sempre 2

Algumas vezes 1Quase nunca 0

Estou satisfeito com o modo como a minha família manifesta asua afeição e reage aos meus sentimentos, tais como irritação,

 pesar e amor.

Quase sempre 2Algumas vezes 1

Quase nunca 0

Estou satisfeito com o tempo que passo com a minha família.Quase sempre 2

Algumas vezes 1Quase nunca 0

Quadro VIII –  APGAR Familiar (Smilkstein)

Tal como aconteceu com a Escala de FACES II o casal de respondeu de igual forma.

Ambos obtiveram 10 pontos, o que corresponde a uma família altamente funcional.

Por fim, o item que completa o processo familiar é o das crenças. Figueiredo (2012)

menciona que as crenças dizem respeito aos valores integrados pelas famílias que

influenciam a tomada de decisão relativamente à solução de problemas e aos

comportamentos de saúde. Associa, assim, um sistema de valores, conhecimentos e práticas, num espaço de socialização e humanização. A figura que se segue contempla os

vários eixos do item em análise.

Crenças deSaúde

CrençaReligiosa

CrençaEspiritual

Crença emValores

Crenças sobre aintervenção dos profissionais de

saúde

Crença Cultural

Fig. VI –  Crenças

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 41/65

41

Ambos os elementos do casal são católicos, mas não são praticantes. Acreditam e

valorizam os cuidados de saúde que recebem.

2.2.PLANO DE CUIDADOS

Potter e Perry (2003) afirmam que o plano de cuidados se trata de uma diretiva escrita,

que tem como objetivo orientar todos os elementos da Equipa de Enfermagem na

 prestação de cuidados ao utente, bem como, dá conta aos restantes membros da Equipa

Multidisciplinar os cuidados de saúde, nomeadamente, os prioritários. As autoras

 prosseguem, defendendo que a realização do plano de cuidados é uma mais-valia tanto

 para o utente como para o Enfermeiro, uma vez que a sua realização assegura a

continuidade dos cuidados. À luz do pensamento de Potter e Perry, bem como, as

indicações da Faculdade os planos de cuidados que iremos apresentar de seguida são

constituídos por:

- Foco de Enfermagem;

- Atividades de Diagnóstico;

- Intervenções de Enfermagem;

- Resultados de Enfermagem;

- Avaliação de Enfermagem.

De notar que recorremos à linguagem do sistema operativo SAPE para a realização dos

 planos de cuidados, uma vez que é este o sistema utilizado na USF Bom Porto.

Uma vez que Figueiredo (2009) pretende fazer do seu modelo uma ferramenta de trabalhodinâmica e interativa, a autora definiu a partir de áreas de atenção diagnósticos

direcionados diretamente para a família. Estes têm como base a identificação das suas

forças e recursos e permitem esboçar um plano de cuidados ajustado aos seus projetos de

saúde.

A autora defende que se se atuar ao nível de família como contexto, inerentemente será

feita uma avaliação dirigida ao indivíduo que será o foco do plano de cuidados respetivo.

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 42/65

42

Figueiredo (2009) acrescenta ainda que se a abordagem for elaborada tendo a família

como cliente, a avaliação é dirigida simultaneamente ao indivíduo, aos subsistemas e ao

sistema familiar. Assim, o planeamento deve ser discutido com a família propondo

estratégias alternativas a partir das sugestões dos seus membros. (Potter, 2005;

Friedemann, 1989, citados em Figueiredo, 2009) No seguimento deste pensamento, a

família deve ser incluída no planeamento e prestação de cuidados, numa abordagem

colaborativa, que respeite os recursos internos da família e que ao mesmo tempo lhe

forneça apoio para encontrar soluções que lhe permita (r)estabelecer o equilíbrio. Trata-

se, portanto, de uma fase em que a parceria da família é essencial, aumentando, deste

modo, a probabilidade de se obter resultados, pois como afirmou Hanson (2005, citado

em Figueiredo, 2009, p. 163) “(…) a implementação eficaz de um plano de cuidadosrequer a aceitação e a participação da família como cliente.”  Hanson (2005, citado em

Figueiredo, 2009) salienta também que as intervenções de Enfermagem não são apenas

instrumentos ou estratégias, mas são também tudo o que o Enfermeiro diz ou faz com as

famílias influenciando, assim, o sistema familiar. Ângelo e Bousso (2008, citados em

Figueiredo, 2009) referem que neste conjunto estão incluídas as respostas afetivas e

cognitivas que decorrem no contexto da interação entre o Enfermeiro e a família.

Os cuidados de Enfermagem, segundo Carnaevali e Thomas (1993, citados em

Figueiredo, 2009) referem que podem ser enquadrados em diferentes níveis. São eles: a

 prevenção de um problema potencial, a minimização do problema e/ou a estabilização do

 problema.

A avalização de resultados, como última etapa do plano de cuidados, termina quando os

objetivos são alcançados, isto é, tendo em conta os objetivos estabelecidos previamente

com a família. Depois de analisados os resultados obtidos pela família, Figueiredo (2009)defende que o Enfermeiro deve ponderar a formulação de novos diagnósticos e

consequentes estratégias de intervenção.

Esta avaliação é transversal para todos os níveis de intervenção em Enfermagem de

Família (Friedemann, 1989, citado em Figueiredo, 2009), cujos resultados obtidos,

decorrentes das intervenções de Enfermagem desenvolvidas com a família, correspondem

aos ganhos em saúde sensíveis aos cuidados de Enfermagem.

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 43/65

43

2.2.1.  Plano de Cuidados do Sr. J. F. 

Tendo em conta as condições físicas e psicológicas do Sr. J. F., bem como, os recursos

internos e externos a que este tem acesso decidimos levantar os seguintes focos de atençãoe respetivos diagnósticos:

Fig. VII –  Focos de atenção (Sr. J.F.)

A Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem versão 2versão 2 (2011,

 p.37) define o foco de atenção aceitação do estado de saúde como: “Status: Reconciliação

com as circunstâncias de saúde.” 

FOCO DEENFERMAGEM

Aceitação do estado de saúde

ATIVIDADES DEDIAGNÓSTICO

Avaliar atitude face a aceitação do estado de saúde

CRITÉRIOS DEDIAGNÓSTICO

O utente tem Insuficiência Cardíaca, Doença Cardíaca Isquémica,Fibrilhação Auricular e Obesidade.O utente é portador de pacemaker  desde 2011.O utente aceita o seu estado de saúde e contribui para que não haja

um agravamento da sua saúde.

Sr. J.F.

Aceitaçãodo estadode saúde

Adesão àvacinação

Andar 

Auto-vigilância

Gestão doregime

terapêutico

Risco decair 

Dorvascular 

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 44/65

44

DIAGNÓSTICODEENFERMAGEM

Aceitação do estado de saúde demonstrada

OBJETIVOSPromover o conforto e bem-estar

Evitar o agravamento da sintomatologia

INTERVENÇÕESDEENFERMAGEM

- Apoiar a tomada de decisão- Encorajar a comunicação expressiva de emoções- Encorajar a interação social- Ensinar o utente sobre estratégias de coping  - Ensinar sobre estratégias de adaptação- Facilitar a comunicação expressiva de emoções- Facilitar suporte familiar- Promover uma comunicação expressiva- Providenciar apoio emocional

RESULTADOS

DEENFERMAGEM Aceitação do estado de saúde presente

AVALIAÇÃO DEENFERMAGEM

O utente aceita o seu estado de saúde e contribui para que não hajaum agravamento da sua saúde. Expressa os seus sentimentos eemoções em relação ao que pensa e sente.

Quadro IX –  Aceitação do estado de saúde

Adesão é um status definido pela Classificação para a Prática Internacional de

Enfermagem (2011, p. 38) como uma “É um status descrito como sendo uma ação auto-iniciada para promoção de bem-estar, recuperação e reabilitação, seguindo as orientações

sem desvios, empenhado num conjunto de ações ou comportamentos. Cumpre o regime

de tratamento, toma os medicamentos como prescrito, muda o comportamento para

melhor, sinais de cura, procura os medicamentos na data indicada, interioriza o valor de

um comportamento de saúde e obedece às instruções relativas ao tratamento.

(Frequentemente está associado ao apoio da família e de pessoas que são importantes para

o cliente, conhecimento sobre os medicamentos e processo de doença, motivação docliente, relação entre o profissional de saúde e o cliente)” 

FOCO DEENFERMAGEM

Adesão à vacinação

ATIVIDADES DEDIAGNÓSTICO

Avaliar adesão à vacinação

CRITÉRIOS DEDIAGNÓSTICO

Avaliar se o utente cumpre o PNV, através da pesquisa de dadosno sistema operativo SAPE e no SINUS

DIAGNÓSTICODE

ENFERMAGEM

Adesão à vacinação demonstrada

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 45/65

45

OBJETIVOSIncentivar a adesão à vacinaçãoPlanear vacinação

INTERVENÇÕESDEENFERMAGEM

- Instruir sobre vacinação- Ensinar sobre vacinação

- Supervisionar adesão à vacinação- Incentivar a adesão à vacinação- Explicar sobre a importância à adesão à vacinação- Informar sobre complicações da não adesão à vacinação- Elogiar adesão à vacinação- Planear vacinação- Orientar antecipadamente sobre resposta à vacina- Vigiar resposta/ reação à vacina

RESULTADOSDEENFERMAGEM

Adesão à vacinação demonstrada

AVALIAÇÃO DEENFERMAGEM

O utente apresenta o boletim de vacinas atualizado,demonstrando-se interessado em cumprir o PNV. Reconhece edemonstra conhecimento sobre a importância da vacinação.

Quadro X –  Adesão à vacinação demonstrada

A Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem versão 2(2011, p. 39) define

andar da seguinte forma: “Mobilizar -se: movimento do corpo de um lugar para o outro,

movendo as pernas passo a passo, capacidade de sustentar o peso do corpo e andar com

uma marcha eficaz, com velocidade que vão do lento ao moderado ou rápido. Andar,subir e descer escadas e rampas.” 

FOCO DEENFERMAGEM

Andar

ATIVIDADES DEDIAGNÓSTICO

Avaliar a capacidade de andar

CRITÉRIOS DEDIAGNÓSTICO

O utente caiu há um mês

DIAGNÓSTICODEENFERMAGEM

Andar comprometido

OBJETIVOSDiminuir o risco de quedaAvaliar os fatores predisponentes ao risco de queda

INTERVENÇÕESDEENFERMAGEM

- Gerir a segurança do ambiente- Gerir ambiente físico- Promover o conforto do utente- Ensinar técnicas adaptativas- Incentivar a deambulação- Aconselhar dispositivos de apoio

RESULTADOSDEENFERMAGEM

Andar comprometido

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 46/65

46

AVALIAÇÃO DEENFERMAGEM

O utente após o acidente que sofreu há um mês andacautelosamente. Recusou os instrumentos de apoio.

Quadro XI –  Andar comprometido

Cair, segundo a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem versão 2(2011,

 p.42), consistem em: “Realizar –  descida de um corpo de um nível superior para um nível

inferior devido a desequilíbrio, desmaio ou incapacidade para sustentar pesos e

 permanecer na vertical.” 

Segue-se a apresentação da Escala de Morse, a que recorremos para avaliar o risco de cair

do Sr. J. F.:

Uma vez que o Sr. J. F. obteve 80 pontos na Escala de Morse, este tem um alto risco de

cair, pelo que levantámos o seguinte diagnóstico:

FOCO DEENFERMAGEM CairATIVIDADES DEDIAGNÓSTICO

Monitorizar o risco de queda (Escala de Morse para a avaliação dorisco de queda)

CRITÉRIOS DEDIAGNÓSTICO

O utente obteve 80 pontos na Escala de Morse, o que correspondea alto risco de cair.O utente teve um acidente de queda há um mês.

DIAGNÓSTICODEENFERMAGEM

Risco de cair

OBJETIVOS Ausência de quedas e risco de cair controlado

ESCALA DE MORSE PARA O RISCO DE QUEDAHistorial de quedas; nesteinternamento/urgência ou nos últimos trêsmeses

Sim 25

Diagnósticos secundários Sim 15Ajuda para caminhar Apoia-se no mobiliário para andar 30Terapia intravenosa/ cateter periférico comobturador/heparina

 Não 0

Postura no andar e na transferência Debilitado 10

Estado mental Consciente das suas capacidades 0TOTAL 80

Quadro XII –  Escala de Morse

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 47/65

47

INTERVENÇÕESDEENFERMAGEM

- Gerir a segurança do ambiente- Gerir ambiente físico- Promover o conforto do utente- Ensinar sobre a prevenção de quedas

- Instruir sobre possíveis complicações de quedasRESULTADOSDEENFERMAGEM

Ausência de quedas

AVALIAÇÃO DEENFERMAGEM

O utente mantém Alto Risco de Queda –  80 pontos na Escala deMorse.O utente aprendeu as técnicas sobre prevenção de quedas.

Quadro XIII –  Risco de cair

O foco de atenção autovigilância não é contemplado na Classificação Internacional para

a Prática de Enfermagem, mas sim no SAPE.

FOCO DEENFERMAGEM

Autovigilância

ATIVIDADES DEDIAGNÓSTICO

Avaliar autovigilância

CRITÉRIOS DEDIAGNÓSTICO

O utente tem Insuficiência Cardíaca, Doença Cardíaca Isquémica,Fibrilhação Auricular e Obesidade.O utente é portador de pacemaker  desde 2011.

DIAGNÓSTICODEENFERMAGEM

Autovigilância adequada

OBJETIVOS Incentivar à autovigilância

INTERVENÇÕESDEENFERMAGEM

- Avaliar atitude face à gestão de regime terapêutico (adesão aoregime alimentar adequado, adesão ao exercício físico e adesão aoregime medicamentoso)- Ensinar sobre a relação entre autovigilância e prevenção decomplicações- Avaliar atitude face à fisiopatologia da doença

- Ensinar sobre os sinais da dor pré-cordial- Instruir sobre a autovigilância- Incentivar à autovigilância- Vigiar autovigilância

RESULTADOSDEENFERMAGEM

Autovigilância adequada

AVALIAÇÃO DEENFERMAGEM

O utente afirma fazer a autovigilância, pois tem conhecimento dasconsequências de não o fazer. Afirma que cumpre o regimemedicamentoso. Em relação ao regime alimentar observámos queo utente não cumpre o adequado ao seu estado de saúde. O utente

refere que a comida confecionada pela Paróquia não é do seu

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 48/65

48

agrado. O utente confeciona, sempre que pode, as refeições parasi e para a sua mulher. O casal come apenas três vezes por dia  –  

 pequeno-almoço, almoço e jantar.Preocupa-se em ter um comportamento de procura de saúde, para

ser acompanhado e também vigiado pelas equipas de Enfermageme Médica.Quadro XIV –  Autovigilância adequada

O foco gestão do regime terapêutico também não é contemplado na Classificação

Internacional para a Prática de Enfermagem, mas sim no SAPE.

FOCO DE

ENFERMAGEM Gestão do regime terapêuticoATIVIDADES DEDIAGNÓSTICO

Avaliar a gestão do utente face ao regime terapêutico

CRITÉRIOS DEDIAGNÓSTICO

O utente cumpre o regime alimentar dentro das suas possibilidades, mas não pratica exercício físico, uma vez queapresenta dificuldade em andar desde o acidente que sofreu há ummês. O utente cumpre o regime medicamentoso.

DIAGNÓSTICODEENFERMAGEM

Gestão do regime terapêutico adequada

OBJETIVOS

Incentivar à gestão do regime terapêutico

Incentivar à autovigilância

INTERVENÇÕESDE

ENFERMAGEM

- Avaliar atitude face a gestão de regime terapêutico (adesão aoregime alimentar adequado, adesão ao exercício físico, adesão aoregime medicamentoso)- Avaliar atitude face à fisiopatologia da doença- Monitorizar peso corporal e tensão arterial- Ensinar sobre complicações da gestão do regime terapêuticoineficaz- Ensinar sobre sinais de complicações- Ensinar sobre a dieta- Ensinar sobre hábitos alimentares- Ensinar sobre regime alimentar- Ensinar sobre regime medicamentoso- Ensinar sobre repouso- Incentivar à atividade física- Ensinar sobre a autovigilância- Ensinar sobre a relação entre autovigilância e prevenção decomplicações- Incentivar à autovigilância

RESULTADOSDEENFERMAGEM

Gestão do regime terapêutico demonstrado

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 49/65

49

AVALIAÇÃO DEENFERMAGEM

O utente apresenta uma boa gestão do regime terapêutico dentrodas suas possibilidades: cumpre um razoável regime alimentar,cumpre o regime medicamentoso, tem uma boa atitude face àfisiopatologia da doença e realiza a autovigilância.

Quadro XV –  Gestão do regime terapêutico adequado

A Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem versão 2(2011, p.51) define

dor vascular como: “Dor –   sensação de dor com origem no sistema vascular em

consequência de dilatação ou insuficiência vascular, possivelmente referida como

 perfurante, surda e profunda, incómoda, como uma cólica intensa associada a sensações

de enjoo ou asfixia.” 

FOCO DEENFERMAGEM

Dor vascular

ATIVIDADES DEDIAGNÓSTICO

Avaliar e monitorizar dor

CRITÉRIOS DEDIAGNÓSTICO

O utente tem Insuficiência Cardíaca, Doença Cardíaca Isquémica,Fibrilhação Auricular e Obesidade.O utente é portador de pacemaker  desde 2011.Devido aos antecedentes médicos o utente tem um elevado riscode sofrer um Enfarte Agudo do Miocárdio.

 No dia 16 de Maio durante uma visitação domiciliária foi chamadoo INEM, porque o utente se apresentava asténico, taquicárdico,referia dor pré-cordial e tinha as extremidades cianóticas –  sinaise sintomas do EAM.

DIAGNÓSTICODEENFERMAGEM

Dor vascular

OBJETIVOSO utente saber identificar os sinais e sintomas do EAM, solicitarajuda e gerir terapêutica SOS (Nitroglicerina, via sublingual)

INTERVENÇÕESDEENFERMAGEM

- Avaliar dor (Escala de Faces)- Monitorizar dor (Escala Numérica de Dor)

- Ensinar o utente sobre os sinais e sintomas do EAM- Instruir o utente sobre os sinais e sintomas do EAM- Treinar o utente sobre os sinais e sintomas do EAM- Ensinar o utente a solicitar ajuda- Instruir o utente a solicitar ajuda- Treinar o utente a solicitar ajuda- Ensinar o utente a gerir terapêutica SOS- Instruir o utente a gerir terapêutica SOS- Treinar o utente a gerir terapêutica SOS

RESULTADOSDE

ENFERMAGEM

O utente soube identificar os sinais e sintomas do EAM, percebeu

a importância de pedir ajuda imediatamente após o aparecimento

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 50/65

50

da sintomatologia e soube identificar o comprimido que devetomar em SOS.

AVALIAÇÃO DEENFERMAGEM

O utente soube identificar os sinais e sintomas do EAM. Aprendeutambém que a partir do momento que sente o seu aparecimento

deve pedir à mulher que ligue para o INEM. A utente já sabe quena chamada deve referir que o marido tem problemas no coração,que tem um pacemaker  e que tem uma dor muito forte no braçoesquerdo, que irradia para as costas. O utente sabe que enquantoespera pela assistência médica deve colocar debaixo da língua a

 Nitroglicerina.Quadro XVI –  Dor vascular

2.2.2.  Plano de Cuidados da Sra. B. C. 

Tendo em conta as condições físicas e psicológicas do Sr. J. F., bem como, os recursos

internos e externos a que este tem acesso decidimos levantar os seguintes focos de atenção

e respetivos diagnósticos:

Sra.B. C.

Aceitaçãodo estado de

saúdeAdesão à

vacinação

Auto-vigilância

Gestão doregime

terapêutico

Andar 

Risco decair 

Obesidade

HTA

Ferida nocalcâneodireito

Dor por

ferida

Fig. VIII –  Focos de atenção (Sra. B.C.)

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 51/65

51

A Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem Versão 2 (2011, p.37) define

o foco de atenção aceitação do estado de saúde como: “Status: Reconciliação com as

circunstâncias de saúde.” 

FOCO DEENFERMAGEM

Aceitação do estado de saúde

ATIVIDADES DEDIAGNÓSTICO

Avaliar atitude face a aceitação do estado de saúde

CRITÉRIOS DEDIAGNÓSTICO

A utente tem Obesidade, HTA, Artrite Reumatoide e uma feridatraumática no calcâneo direito.A utente aceita o seu estado de saúde e contribui para que não hajaum agravamento da sua saúde.

DIAGNÓSTICODE

ENFERMAGEM

Aceitação do estado de saúde demonstrada

OBJETIVOSPromover o conforto e bem-estarEvitar o agravamento da sintomatologia

INTERVENÇÕESDEENFERMAGEM

- Apoiar a tomada de decisão- Encorajar a comunicação expressiva de emoções- Encorajar a interação social- Ensinar o utente sobre estratégias de coping  - Ensinar sobre estratégias de adaptação- Facilitar a comunicação expressiva de emoções- Facilitar suporte familiar- Promover uma comunicação expressiva- Providenciar apoio emocional

RESULTADOSDEENFERMAGEM

Aceitação do estado de saúde presente

AVALIAÇÃO DEENFERMAGEM

A utente aceita o seu estado de saúde e contribui para que não hajaum agravamento da sua saúde. Expressa os seus sentimentos eemoções em relação ao que pensa e sente.

Quadro XVII –  Aceitação do estado de saúde demonstrada

Adesão é um status definido pela Classificação para a Prática Internacional de

Enfermagem (2011, p. 38) como uma “É um status descrito como sendo uma ação auto-

iniciada para promoção de bem-estar, recuperação e reabilitação, seguindo as orientações

sem desvios, empenhado num conjunto de ações ou comportamentos. Cumpre o regime

de tratamento, toma os medicamentos como prescrito, muda o comportamento para

melhor, sinais de cura, procura os medicamentos na data indicada, interioriza o valor de

um comportamento de saúde e obedece às instruções relativas ao tratamento.

(Frequentemente está associado ao apoio da família e de pessoas que são importantes para

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 52/65

52

o cliente, conhecimento sobre os medicamentos e processo de doença, motivação do

cliente, relação entre o profissional de saúde e o cliente)” 

FOCO DEENFERMAGEM Adesão à vacinaçãoATIVIDADES DEDIAGNÓSTICO

Avaliar adesão à vacinação

CRITÉRIOS DEDIAGNÓSTICO

Avaliar se a utente cumpre o PNV, através da pesquisa de dadosno sistema operativo SAPE e no SINUS

DIAGNÓSTICODEENFERMAGEM

Adesão à vacinação demonstrada

OBJETIVOSIncentivar a adesão à vacinaçãoPlanear vacinação

INTERVENÇÕESDEENFERMAGEM

- Instruir sobre vacinação- Ensinar sobre vacinação- Supervisionar adesão à vacinação- Incentivar a adesão à vacinação- Explicar sobre a importância à adesão à vacinação- Informar sobre complicações da não adesão à vacinação- Elogiar adesão à vacinação- Planear vacinação- Orientar antecipadamente sobre resposta à vacina- Vigiar resposta/ reação à vacina

RESULTADOS

DEENFERMAGEM Adesão à vacinação demonstrada

AVALIAÇÃO DEENFERMAGEM

A utente apresenta o boletim de vacinas atualizado,demonstrando-se interessado em cumprir o PNV. Reconhece edemonstra conhecimento sobre a importância da vacinação.

Quadro XVIII –  Adesão à vacinação demonstrada

O foco de atenção autovigilância não é contemplado na Classificação Internacional para

a Prática de Enfermagem, mas sim no SAPE.

FOCO DEENFERMAGEM

Autovigilância

ATIVIDADES DEDIAGNÓSTICO

Avaliar autovigilância

CRITÉRIOS DEDIAGNÓSTICO

A utente tem Obesidade, HTA, Artrite Reumatoide e uma feridatraumática no calcâneo direito.A utente demonstra, por vezes, períodos de confusão.A utente aceita o seu estado de saúde e contribui para que não hajaum agravamento da sua saúde.

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 53/65

53

DIAGNÓSTICODEENFERMAGEM

Autovigilância adequada

OBJETIVOS Incentivar à autovigilância

INTERVENÇÕESDEENFERMAGEM

- Avaliar atitude face à gestão de regime terapêutico (adesão aoregime alimentar adequado, adesão ao exercício físico e adesão aoregime medicamentoso)- Ensinar sobre a relação entre autovigilância e prevenção decomplicações- Avaliar atitude face à fisiopatologia da doença- Ensinar sobre os sinais da dor pré-cordial- Instruir sobre a autovigilância- Incentivar à autovigilância- Vigiar autovigilância

RESULTADOSDEENFERMAGEM

Autovigilância adequada

AVALIAÇÃO DEENFERMAGEM

A utente apresenta períodos de confusão. Quem realiza avigilância é o seu prestador de cuidados, o marido. É o marido quesupervisiona o cumprimento do regime alimentar e pratica ocumprimento do regime medicamentoso.A utente preocupa-se, supervisionada pelo seu prestador decuidados, em ter um comportamento de procura de saúde, para seracompanhada e também vigiada pelas equipas de Enfermagem eMédica.

Quadro XIX –  Autovigilância adequada

O foco gestão do regime terapêutico também não é contemplado na Classificação

Internacional para a Prática de Enfermagem, mas sim no SAPE.

FOCO DEENFERMAGEM

Gestão do regime terapêutico

ATIVIDADES DE

DIAGNÓSTICOAvaliar a gestão da utente face ao regime terapêutico

CRITÉRIOS DEDIAGNÓSTICO

A utente demonstra, por vezes, períodos de confusão.A utente cumpre o regime alimentar dentro das suas

 possibilidades, mas não pratica exercício físico, porque referemuita dificuldade em andar. A utente cumpre o regimemedicamentoso.

DIAGNÓSTICODEENFERMAGEM

Gestão do regime terapêutico adequada

OBJETIVOSIncentivar à gestão do regime terapêuticoIncentivar à autovigilância

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 54/65

54

INTERVENÇÕESDEENFERMAGEM

- Avaliar atitude face a gestão de regime terapêutico (adesão aoregime alimentar adequado, adesão ao exercício físico, adesão aoregime medicamentoso)- Avaliar atitude face à fisiopatologia da doença

- Monitorizar peso corporal e tensão arterial- Ensinar sobre complicações da gestão do regime terapêuticoineficaz- Ensinar sobre sinais de complicações- Ensinar sobre a dieta- Ensinar sobre hábitos alimentares- Ensinar sobre regime alimentar- Ensinar sobre regime medicamentoso- Ensinar sobre repouso- Incentivar à atividade física- Ensinar sobre a autovigilância

- Ensinar sobre a relação entre autovigilância e prevenção decomplicações- Incentivar à autovigilância

RESULTADOSDEENFERMAGEM

Gestão do regime terapêutico demonstrado

AVALIAÇÃO DEENFERMAGEM

A utente, com o auxílio do prestador de cuidados, apresenta uma boa gestão do regime terapêutico dentro das possibilidades docasal: cumpre um razoável regime alimentar, cumpre o regimemedicamentoso, tem uma boa atitude face à fisiopatologia dadoença e realiza a autovigilância.

Quadro XX –  Gestão do regime terapêutico adequada

A Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem versão 2(2011, p. 39) define

andar da seguinte forma: “Mobilizar -se: movimento do corpo de um lugar para o outro,

movendo as pernas passo a passo, capacidade de sustentar o peso do corpo e andar com

uma marcha eficaz, com velocidade que vão do lento ao moderado ou rápido. Andar,

subir e descer escadas e rampas.” 

FOCO DEENFERMAGEM

Andar

ATIVIDADES DEDIAGNÓSTICO

Avaliar a capacidade de andar

CRITÉRIOS DEDIAGNÓSTICO

A utente tem Artrite Reumatoide e é obesa.A utente refere dor de grau elevado devido à presença de umaferida traumática (Novembro 2014) na face externa do calcâneodireito.A utente demonstra, por vezes, períodos de confusão.

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 55/65

55

DIAGNÓSTICODEENFERMAGEM

Andar comprometido

OBJETIVOSDiminuir o risco de queda

Avaliar os fatores predisponentes ao risco de queda

INTERVENÇÕESDEENFERMAGEM

- Gerir a segurança do ambiente- Gerir ambiente físico- Promover o conforto do utente- Ensinar técnicas adaptativas- Incentivar a deambulação- Aconselhar dispositivos de apoio

RESULTADOSDEENFERMAGEM

Andar comprometido

AVALIAÇÃO DE

ENFERMAGEM

A utente demonstra dificuldade em andar. Apesar de se ter dado

início ao pedido de um andarilho a utente recusou, por este não serfuncional tendo em conta as infraestruturas da sua habitação.Quadro XXI –  Andar comprometido

Cair, segundo a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem versão 2(2011,

 p.42), consistem em: “Realizar –  descida de um corpo de um nível superior para um nível

inferior devido a desequilíbrio, desmaio ou incapacidade para sustentar pesos e

 permanecer na vertical.” 

Segue-se a apresentação da Escala de Morse, a que recorremos para avaliar o risco de cair

do Sra. B. C.:

Uma vez que a Sra. B. C. obteve 55 pontos na Escala de Morse, esta tem um alto risco de

cair, pelo que levantámos o seguinte diagnóstico:

ESCALA DE MORSE PARA O RISCO DE QUEDAHistorial de quedas; nesteinternamento/urgência ou nos últimostrês meses

 Não 0

Diagnósticos secundários Sim 15Ajuda para caminhar Apoia-se no mobiliário para andar 30Terapia intravenosa/ cateter periféricocom obturador/heparina

 Não 0

Postura no andar e na transferência Debilitada 10Estado mental Consciente das suas capacidades 0

TOTAL 55Quadro XXII –  Escala de Morse 

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 56/65

56

FOCO DEENFERMAGEM

Cair

ATIVIDADES DEDIAGNÓSTICO

Monitorizar o risco de queda (Escala de Morse para a avaliação dorisco de queda)

CRITÉRIOS DEDIAGNÓSTICO

A utente obteve 55 pontos na Escala de Morse, o que correspondea alto risco de cair.A utente tem Artrite Reumatoide e é obesa.A utente apresenta, por vezes, períodos de confusão.O prestador de cuidados referiu que nos últimos tempos a utentecaiu várias vezes da cama durante a noite.

DIAGNÓSTICODEENFERMAGEM

Risco de cair

OBJETIVOS Ausência de quedas e risco de cair controlado

INTERVENÇÕESDEENFERMAGEM

- Gerir a segurança do ambiente

- Gerir ambiente físico- Promover o conforto do utente- Ensinar sobre a prevenção de quedas- Instruir sobre possíveis complicações de quedas

RESULTADOSDEENFERMAGEM

Ausência de quedas

AVALIAÇÃO DEENFERMAGEM

A utente mantém Alto Risco de Queda –  55 pontos na Escala deMorse.A utente aprendeu as técnicas sobre prevenção de quedas.

Quadro XXIII –  Risco de cair  

 No processo clínico da utente é referido que esta é obesa desde 2011. A Classificação

Internacional para a Prática de Enfermagem versão 2versão 2 (2011, p. 63) refere que

obeso é: “Excesso de peso –  condição de elevado peso e massa corporal, habitualmente

mais de 20% acima do peso ideal, aumento anormal na proporção de células gordas,

 predominantemente nas vísceras e tecido subcutâneo, associado a ingestão excessiva e

contínua de nutrientes, alimentação em excesso e falta de exercício, durante longos

 períodos de tempo.” 

FOCO DEENFERMAGEM

Obesidade

ATIVIDADES DEDIAGNÓSTICO

Avaliar obesidade

CRITÉRIOS DEDIAGNÓSTICO

O Sr. J. é considerado uma pessoa obesa pois tem um IMC acima donormal.

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 57/65

57

DIAGNÓSTICODEENFERMAGEM

Obesidade

OBJETIVOS

Reduzir as complicações associadas à patologia

Reduzir risco cardiovascular associadoPromover estilos de vida de hábitos saudáveis

INTERVENÇÕESDEENFERMAGEM

- Avaliar a autoimagem- Avaliar o bem-estar físico e psicológico- Encorajar as afirmações positivas- Facilitar a capacidade para comunicar sentimentos- Promover a autoestima- Providenciar apoio emocional- Ensinar sobre regime de dieta- Educar sobre hábitos alimentares- Ensinar sobre complicações do excesso de peso- Monitorizar altura corporal, peso corporal e IMC

RESULTADOSDEENFERMAGEM

Obesidade presente

AVALIAÇÃO DEENFERMAGEM

A utente cumpre o regime alimentar dentro das suas possibilidades. Como tem dificuldade em andar, não praticaexercício físico.

Quadro XXIV –  Obesidade

A Hipertensão é definida pela Classificação Internacional para a Prática de Enfermagemversão 2 (2011) como sendo um “processo circulatório comprometido, onde a bombagem

do sangue através dos vasos sanguíneos é feita com pressão superior à normal.” 

FOCO DEENFERMAGEM

Hipertensão

ATIVIDADES DEDIAGNÓSTICO

Avaliar tensão arterial

CRITÉRIOS DE

DIAGNÓSTICO

A utente apresenta HTA como diagnóstico clínico, o que tornanecessário a realização da vigilância da tensão arterial, através da

sua monitorização 2 vezes por ano e sempre que se justificar.DIAGNÓSTICODEENFERMAGEM

Hipertensão

OBJETIVOS

Reduzir os valores da tensão arterial para valores consideradosnormais;Reduzir as complicações associadas à patologia;Reduzir risco cardiovascular associado;Promover estilos de vida e hábitos saudáveis.

INTERVENÇÕESDE

ENFERMAGEM

- Avaliar atitude face a gestão de regime terapêutico (adesão aoscuidados alimentares, adesão ao exercício físico, adesão ao regime

medicamentoso e avaliar atitude face à fisiopatologia da doença)

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 58/65

58

- Monitorizar tensão arterial (2 x ano, SOS)- Monitorizar peso (2 x ano, SOS)- Monitorizar IMC (2 x ano, SOS)- Monitorizar frequência cardíaca (2 x ano, SOS)

- Realizar teste de Microalbuminúria (1 x por cada 3 anos)- Ensinar sobre hábitos alimentares- Instruir sobre o regime medicamentoso

RESULTADOSDEENFERMAGEM

Hipertensão presente

AVALIAÇÃO DEENFERMAGEM

A consulta do 1º semestre foi realizada em Março de 2015  –  128/82 mmHg; 65 Kg; 28,9 (acima do peso); 60 bpm; Normal.

Quadro XXV –  Hipertensão Arterial

Em Novembro de 2014 a Sra. B. C. fez uma ferida traumática no calcâneo direito. A

ferida, desde então, tem sido tratada pela Enfermeira de Família em contexto de Visitação

Domiciliária. Uma vez que a Sra. B. C. não apresenta controlo de esfíncteres, se recusa a

usar fralda e tem dificuldade em andar, a cicatrização da ferida está comprometida.

A Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem versão 2 (2011, p. 55) define

ferida traumática como: “Ferida  –   solução de continuidade inesperada de tecido na

superfície do corpo, associada a lesão mecânica devido a agressão ou acidente; lesão

irregular da pele, mucosa ou tecido, tecido doloroso e magoado, drenagem e perda de

soro e sangue; associada a tecido pouco limpo, sujo ou infetado.” 

FOCO DEENFERMAGEM

Ferida traumática

ATIVIDADES DE

DIAGNÓSTICO

- Monitorizar ferida traumática (identificar presença de exsudadoe suas características –  cor, quantidade e consistência; avaliar os

 bordos da ferida e os tecidos presentes (granulação, epitelização,

fibrina e necrose) e medir ferida traumática (comprimento, largurae profundidade);- Vigiar ferida traumática 

CRITÉRIOS DEDIAGNÓSTICO

Em Novembro de 2014 a Sra. B. C. fez uma ferida traumática nocalcâneo direito. A ferida, desde então, tem sido tratada pelaEnfermeira de Família em contexto de Visitação Domiciliária.Uma vez que a Sra. B. C. não apresenta controlo de esfíncteres,recusa-se a usar fralda e tem dificuldade em andar, a cicatrizaçãoda ferida está comprometida.Ferida traumática no membro inferior direito que se encontraedemaciado (sinal de Godet +) com 1,5 cm de diâmetro; pele

circundante seca, ligeiramente descamativa e circulação

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 59/65

59

comprometida; bordos regulares e leito da ferida constituído natotalidade por tecido epitelial.

DIAGNÓSTICODE

ENFERMAGEM

Ferida traumática na face externa do calcâneo direito

OBJETIVOS- Promover a cicatrização da ferida traumática;- Promover o desenvolvimento de tecido viável à ferida (tecido degranulação e de epitelização)

INTERVENÇÕESDEENFERMAGEM

- Gerir ambiente físico- Vigiar penso da ferida traumática- Vigiar ferida traumática- Monitorizar ferida traumática- Executar tratamento à ferida traumática (1 x semana, SOS) -Limpeza dos bordos e do leito da ferida com solução de limpeza(Prontosan®) + espuma (Askina® Transorbent) + penso oclusivo

com compressas esterilizadas e ligadura elástica. Aplicação decreme hidratante nos bordos e pele circundante. 

RESULTADOSDEENFERMAGEM

16/05/2015: Penso ligeiramente repassado. Foi executadotratamento.09/06/2015: Penso limpo e seco externamente. Foi executadotratamento.

AVALIAÇÃO DEENFERMAGEM

A utente mantém a ferida, que não cicatriza totalmente devido à presença de urina. A utente afirmou que vai começar a usar fraldacom mais frequência após uma conversa em que foi explicada anecessidade de a ferida não receber humidade e agentes

 patogénicos para cicatrizar na sua totalidade.Quadro XXVI –  Ferida traumática na face externa do calcâneo direito

Devido à ferida traumática que a utente apresenta na face externa do calcâneo direito, esta

apresenta dor de grau elevado, tendo sido aplicada a Escala de Faces, uma vez que a

utente apresenta períodos de confusão.

O foco dor por ferida é definido na Classificação Internacional para a Prática de

Enfermagem versão 2 (2011, p.51) como: “Dor Cutânea –  Sensação de dor com origem

numa ferida ou na periferia de uma ferida, consoante a natureza desta; habitualmente

descrita como uma dor aguda, cortante ou lacerante ou como uma dor embotada, surda,

incómoda, com hipersensibilidade, a menos que a lesão tenha destruído as terminações

nervosas e as sensações de dor.” 

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 60/65

60

FOCO DEENFERMAGEM

Dor por ferida

ATIVIDADES DEDIAGNÓSTICO

Avaliar dor

CRITÉRIOS DEDIAGNÓSTICO

A utente tem uma ferida traumática na face externa do calcâneodireito desde Novembro de 2014.Têm sido realizados tratamentos com frequência regular desde então.A ferida não cicatriza devido à presença de urina.A utente refere dor em grau elevado quando pousa o pé no chão.

DIAGNÓSTICODEENFERMAGEM

Dor por ferida em grau elevado

OBJETIVOS Diminuir grau de dor

INTERVENÇÕESDEENFERMAGEM

- Avaliar a dor- Monitorizar a dor (Escala de Faces)- Ensinar a utente a procurar posição antiálgica- Instruir a utente a procurar posição antiálgica- Treinar a utente a procurar posição antiálgica

RESULTADOSDEENFERMAGEM

Dor por ferida em grau moderado

AVALIAÇÃO DEENFERMAGEM

A utente continua a referir dor, mas com grau de intensidademenor, após ter aprendido a aplicar a posição antiálgica.

Quadro XXIX –  Dor por ferida

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 61/65

61

CONCLUSÃO

O presente estudo de caso reflete o primeiro contacto do grupo com utentes no âmbito

comunitário, mais precisamente a nível de uma USF, o que nos proporcionou experiências profissionais num contexto real, tanto a nível de contacto com os utentes, como com a

equipa multidisciplinar de Enfermagem.

Deste modo, a realização deste estudo de caso permitiu-nos aprofundar temas pouco

conhecidos por parte do grupo a nível prático, nomeadamente as implicações da reforma

sofrida por parte dos Cuidados de Saúde Primários e o quotidiano de um Enfermeiro de

Família.

Outra competência que a elaboração deste estudo de caso nos permitiu desenvolver foi a

aplicação do Modelo Dinâmico de Avaliação e Intervenção Familiar, que apesar de ter

sido explorado nas aulas teóricas, nunca o tínhamos aplicado em contexto real e, de facto,

ter acesso ao processo clínico do Sr. J.F e da sua esposa, Sra. B.C possibilitou a recolha

das informações necessárias para fazer este trabalho, interpretando, analisando e

registando todos os dados relevantes, considerando o contexto socioeconómico e o

ambiente em que a família está inserida. Como já referimos durante o período de estágio

tivemos a oportunidade de nos cruzar com muitos utentes, cada um deles com a sua

 peculiaridade. A nossa escolha sob o Sr. J. F. e a Sra. B. C. deveu-se ao facto de ser um

casal idoso, ambos debilitados, mas muito unidos entre si e que mesmo com necessidades

aumentadas e meios diminuídos prestam cuidados um ao outro. A questão central desta

família é: “A partir de que momento, ao se conseguir colocar o casal na rede de Cuidados

Continuados e proporcionar a cada um o apoio especializado, a sua dinâmica não será

abalada?” 

A maior dificuldade sentida pelo grupo na elaboração deste trabalho incidiu na adaptação

ao modelo do estudo de caso, na medida em que nos ensinos clínicos anteriores estes

centravam-se na patologia dos utentes e respetivo regime medicamentoso. Enquanto que

em contexto comunitário há uma visão holística dos utentes, considerando essencial as

dinâmicas internas e externas da família para uma avaliação completa.

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 62/65

62

Assim, tendo em conta que os objetivos da realização deste estudo de caso se concentram

em apresentar a família em estudo, focando a avaliação estrutural, de desenvolvimento e

funcional, integrando dados que permitem o conhecimento profundo e global da família,

demonstrando a aplicação do MDAIF, evidenciando as vantagens da visitação

domiciliária, podemos considerar que estes foram atingidos de modo eficaz.

Com o intuito de obter respostas no caso de dúvidas, recorremos sempre que necessário

a diversos membros da equipa multidisciplinar de enfermagem da USF –  Bom Porto, que

se mostraram completamente disponíveis para responder e debater connosco qualquer

questão associada.

Deste modo, é possível concluir que a realização deste estudo de caso enriqueceu o nosso

conhecimento, na medida em que nos permitiu relacionar os conceitos teóricos

aprendidos, com a prestação de cuidados no âmbito da prática de Enfermagem

Comunitária.

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 63/65

63

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Abreu, C. A. C., Lisboa, L. A. F., Dallan, L. A. O., & Oliveira, S. A. (2005). Tratamento

cirúrgico da fibrilação atrial. Revista Braz J Cardiovasc Surg, 167 –  173. Recuperado a

27 de maio, 2015, da SciELO (Scientific Electronic Library Online):

http://www.scielo.br/pdf/rbccv/v20n2/25418.pdf  

Brenol, C. V., Monticielo, O. A., Xavier, R. M., & Brenol, J. C. T. (2007).  Artrite

reumatoide e aterosclerose. Revista Associação Médica Brasileira, volume 53. São

Paulo. Recuperado a 24 de maio, 2015, da SciELO (Scientific Electronic Library Online):

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-42302007000500026&script=sci_arttext 

Caeiro, Rui Trabucho (1991). Registos clínicos em medicina familiar. Lisboa: Ministério

da Saúde. Direção –  Geral dos Cuidados de Saúde Primários.

Fernandes, D. M. A. (2011).  Dor crónica: adaptabilidade e coesão familiar. Tese de

mestrado, Universidade Católica, Lisboa.

Fernandes, C. S. (2015).  A família como foco dos cuidados de enfermagem. Loures:

Lusodidacta.

Figueiredo, M. H. (2009).  Enfermagem de família: um contexto do cuidar. Tese de

doutoramento, Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Porto.

Figueiredo, M. H. (2012). Modelo dinâmico de avaliação e intervenção familiar. Loures:

Lusociência.

 Nunes, Carlos, et al. (2012). Os cuidados de saúde primários nas unidades locais de saúde. [S. l.]: Administração Central do Sistema de Saúde. Recuperado em 1 de junho,

2015: http://www.acss.min-saude.pt/Portals/0/6-ulsecsp_2012.09.30.pdf  

 Nunes, C., et al. (2012). Papel do enfermeiro de saúde familiar nos cuidados de saúde

 primários. Pressupostos para a sua implementação. [S. l.]

Ordem dos Enfermeiros (2011, fevereiro). Classificação Internacional para a Prática de

 Enfermagem (CIPE/ICNP) Versão ® 2. Loures: Lusodidacta

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 64/65

64

Potter, Patricia A. & Perry, Anne G. (2006). Fundamentos de Enfermagem: Conceitos e

 Procedimentos (5ª ed.). Loures: Lusociência. 

Sérgio, António, et al. (2005).  Programa nacional de combate à obesidade.  Lisboa:Direção Geral de Saúde.

ANEXO

7/23/2019 Estudo de Caso - USF Bom Porto - Inês Villegas e Penélope Terra

http://slidepdf.com/reader/full/estudo-de-caso-usf-bom-porto-ines-villegas-e-penelope-terra 65/65

ANEXO I –  MDAIF