Estudo de Caso Gemeos
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ANTROPOLOGIA CULTURAL E MISSIONÁRIA
Prof. Gedeon J Lidório Jr
Estudo de Caso - gêmeos, filhos de missionários ingleses entre os Batuqui
Em maio de 1973, uma equipe de missionários ingleses devidamente
preparados, tanto na área bíblica, missiológica, quanto linguisticamente foi
enviada para um trabalho de apoio no interior de Níger onde, em um Posto
Missionário junto à tribo “Batuqui”, um casal de missionários enfrentava um
grande problema.
Após longa caminhada por região de savanas áridas, esta equipe composta por
2 missionários experientes, um médico e um missionário-antropólogo chegou à
tribo “Batuqui”.
O casal de missionários que ali trabalhava há 3 anos, John e Magge, havia tido
filhos há cerca de 8 semanas no próprio posto que encontrava-se inserido entre
várias aldeias. A gravidez de Magge foi normal e no parto descobriram que
eram GEMEOS: dois meninos sadios.
Instantaneamente sentiram que todas as aldeias ao redor ficaram inquietas e
pararam de ir até o Posto Missionário, até que, passando duas semanas do
parto, o chefe de toda a tribo na região norte dirigiu-se ao Posto e explicou-
lhes incisivamente que quando nascem dois ou três e não apenas um como é
natural, significa que a ordem natural de todo o mundo foi alterada e pragas,
epidemias, tremores de terra e morte irão acontecer em todas as regiões do
grande mundo, seja ali ou longe. É necessário, portanto, que uma das crianças
seja sacrificada para que a ordem natural se restabeleça no mundo e voltem a
viver tranquilos.
John manifestou-se tentando por três dias explicar-lhe que o nascimento de
gêmeos fazia parte da “naturalidade” e não da “inaturalidade” do sistema
mundial, mas em vão. Por fim disse que não sacrificariam um de seus filhos,
porque era bênção e não maldição.
Saindo dali, o chefe convocou toda a tribo para uma grande reunião e lhes
explicou o que aconteceu e que uma criança não seria sacrificada; desta forma
“como já fizeram nossos ancestrais quando Tunoco fugiu com seus filhos para
que não fossem sacrificados, temos que convocar o ‘hantchumalan’. E todos,
ouvindo isto voltaram em prantos para suas aldeias.
John, perguntando, descobriu que Tunoco foi um homem que viveu cerca de
200 anos atrás e é o único precedente histórico de alguém que, durante toda a
história da tribo, negou um dos seus filhos ao sacrifício quando nasciam
gêmeos ou trigêmeos. Instituiu-se ali então um ritual chamado “hantchumalan”
que significa “todos irão pagar”, onde TODAS as crianças até a “idade de nome”
(cerca de 5 anos) terão que ser SACRIFICADOS coletivamente.
John e Magge não conheciam a cosmovisão “Batuqui” sobre gêmeos ou
trigêmeos até aquele momento. Durante seus 3 anos de trabalho ali não
nasceram nem gêmeos ou trigêmeos em toda a tribo.
O “hantchumalan” foi marcado para quando “a lua estivesse branca e assim
todos pudessem ver nela, refletidos, os rostos e lágrimas de todos os pais
pranteando seus filhos mortos” - cerca de dois meses depois.
Não houve agressividade da tribo para com John e Magge, entretanto, os seis
convertidos com seu trabalho agora estavam em dúvida: “Não nos ensinaram a
amar o outro como amamos a nós mesmos? Se deixamos todas as crianças
morrerem porque não abrimos coração (expressão que significa ‘abrir mão’) de
um de nossos filhos então NÃO SABEMOS O QUE É AMOR!”
Responda:
1. O que faria como missionários nessa situação?
2. O que faria como família dos missionários?
3. O que faria como igreja dos missionários?
4. O que faria como agência enviadora dos missionários?
5. Quais implicações a entrega (e também a não entrega) dos filhos teria
para o Evangelho?