Estudo de Caso de Tratamento Fisioterapeutico de Uma Crianca No Processo de Pre Protetizacao Trans...

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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE FISIOTERAPIA ESTUDO DE CASO DE TRATAMENTO FISIOTERAPEUTICO DE UMA CRIANÇA NO PROCESSO DE PRÉ – PROTETIZAÇÃO TRANSTIBIAL. ANDREZA CRISTIANE VILHENA TORRES MÁRCIA CRISTINA GIRARD FIGUEIREDO PAULA CARDOSO DA SILVA Belém – Pará 2007

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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE FISIOTERAPIA

ESTUDO DE CASO DE TRATAMENTO FISIOTERAPEUTICO DE

UMA CRIANÇA NO PROCESSO DE PRÉ – PROTETIZAÇÃO

TRANSTIBIAL.

ANDREZA CRISTIANE VILHENA TORRES MÁRCIA CRISTINA GIRARD FIGUEIREDO

PAULA CARDOSO DA SILVA

Belém – Pará

2007

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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE FISIOTERAPIA

ESTUDO DE CASO DE TRATAMENTO FISIOTERAPEUTICO DE

UMA CRIANÇA NO PROCESSO DE PRÉ – PROTETIZAÇÃO

TRANSTIBIAL.

ANDREZA CRISTIANE VILHENA TORRES MÁRCIA CRISTINA GIRARD FIGUEIREDO

PAULA CARDOSO DA SILVA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Fisioterapia do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA (UNAMA), como requisito para a obtenção do grau de Fisioterapeuta, orientado pelo professor e fisioterapeuta Said Kalume Kalif.

Belém – Pará 2007

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ESTUDO DE CASO DE TRATAMENTO FISIOTERAPEUTICO DE

UMA CRIANÇA NO PROCESSO DE PRÉ – PROTETIZAÇÃO

TRANSTIBIAL.

ANDREZA CRISTIANE VILHENA TORRES

MÁRCIA CRISTINA GIRARD FIGUEIREDO

PAULA CARDOSO DA SILVA

Avaliado por:

Elaine Valéria Rodrigues

___________________________________________

Data: ______/______/______

Glauce Oliveira Aguiar

___________________________________________

Data: ______/______/______

Belém – Pará

Universidade Da Amazônia – UNAMA

2007

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LISTA DE TABELAS TABELA 1: Possíveis intercorências e os recursos utilizados para o tratamento.................... 22

TABELA 2: Avaliação do coto ................................................................................................ 43

TABELA 3: Perimetria de coxa ............................................................................................... 44

TABELA 4: Perimetria de perna .............................................................................................. 45

TABELA 5: Goniometria de quadril ........................................................................................ 45

TABELA 6: Força muscular de coxa ....................................................................................... 48

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Percentual do grau de amplitude de extensão de joelho inicial e final.................. 46

Gráfico 2 – Percentual do grau de flexão do joelho inicial e final ........................................... 47

Gráfico 3 – Grau de força do membro íntegro ao inicio e térmico do tratamento

fisioterapêutico ........................................................................................................................ 48

Gráfico 4 – Grau de força do membro residual ao inicio e término do tratamento

fisioterapêutico ......................................................................................................................... 48

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Perimetria do coto ..................................................................................................... 25

Figura 2: Técnica de goniometria............................................................................................. 25

Figura 3: Teste de força muscular ............................................................................................ 28

Figura 4: Avaliação do equilíbrio estático................................................................................ 28

Figura 5: Aplicação de ultra-som ............................................................................................. 29

Figura 6: Aplicação da Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea....................................... 30

Figura 7: Aplicação do infravermelho...................................................................................... 30

Figura 8: Aplicação da massoterapia........................................................................................ 31

Figura 9: Alongamento da musculatura flexora de joelho ....................................................... 32

Figura 10: Contração isométrica de adutores do quadril.......................................................... 33

Figura 11: Exercício de fortalecimento de flexores de quadril com uso de faixa elástica ....... 34

Figura 12: Exercício de fortalecimento dos músculos extensores do joelho com uso de faixa

elástica ...................................................................................................................................... 35

Figura 13: Exercício de fortalecimento dos membros superiores ............................................ 36

Figura 14: Exercício de ponte para fortalecimento de paravertebrais ...................................... 36

Figura 15:– Exercício de fortalecimento da musculatura abdominal ....................................... 37

Figura 16: Treino de equilíbrio sentado com padrão diagonal................................................. 38

Figura 17: Treino de equilíbrio em pé com rotação de tronco ................................................. 38

Figura 18 Treino de marcha de propulsão descendo rampa ..................................................... 39

Figura 19: Enfaixamento do coto ............................................................................................. 40

Figura 20: Coto ao inicio do tratamento................................................................................... 43

Figura 21: Coto ao final do tratamento..................................................................................... 43

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RESUMO

TORRES, Andreza Cristiane Vilhena, FIGUEIREDO, Márcia Cristina Girard & SILVA, Paula Cardo da. Estudo de caso de tratamento fisioterapêutico de uma criança no processo de pré-protetização transtibial.Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), Dezembro de 2007.

As amputações de extremidades inferiores são cada vez mais freqüentes tornando-se um importante problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Na criança esta pode ser uma excelente alternativa de tratamento para deformidades complexas, evitando que o paciente seja submetido a múltiplas intervenções cirúrgicas, com resultados, às vezes, frustrantes. As repercussões físicas produzidas no menor pela amputação, podem ser minimizadas em parte pela plasticidade motora própria dessa época da vida, que lhe será, portanto, tanto maior quanto mais precoce acontecer a amputação. Uma reabilitação bem feita é um ponto chave para o sucesso no uso da prótese por um amputado de membro inferior.Visto que, um membro residual cônico e fortalecido possibilita o encaixe protético. Dessa maneira a pesquisa teve como enfoque verificar a importância da orientação e atendimento de fisioterapia o paciente no processo de pré - protetização transtibial. Para isso foi realizado um estudo de caso em uma criança de 8 anos com etiologia de acidente ofídico. A mesma realizou 20 atendimentos fisioterapêuticos, objetivando melhorar o processo de cicatrização e conicidade do coto, aumento da amplitude de movimento articular, fortalecimento muscular, entre outros. Após a coleta dos dados foi realizada uma comparação com a avaliação inicial e final do menor, concluindo através dessa análise que houve diferença satisfatória entre as mesmas.

DESCRITORES: Amputação, criança e pré- protetização.

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ABSTRACT TORRES, Andreza Cristiane Vilhena, FIGUEIREDO, Márcia Cristina Girard & SILVA, Paula Cardo da. Estudo de caso de tratamento fisioterapêutico de uma criança no processo de pré-protetização transtibial. Work Completion of Course (TCC), December 2007. The amputations of lower extremities are increasingly frequent becoming a major public health problem in Brazil and the world. In children it can be an excellent alternative treatment for deformities complex, avoiding that the patient is subjected to multiple surgical interventions, with results sometimes frustrating. The physical effects produced by the lower amputation, can be minimized in part by the motor plasticity of this season's own life, which is, therefore, the greater the more early happen to amputation. A successful rehabilitation is a key point for success in the use of the prosthesis for an amputated a member inferior.Visto that, a member residual tapered and strengthened enables plug protético. Thus the search has focused verify the importance of guidance and care of the patient physiotherapy in the process of pre-protetização transtibial. For this we carried out a case in a child of 8 years with etiology of accident ofídico. It took 20 attendances fisioterapêuticos, aiming to improve the process of healing and conicidade of coto, increased range of motion articulate, muscle strengthening, among others. After the collection of data was performed to compare with the initial and final evaluation of the child, through this analysis concluding that there was satisfactory difference between them.

KEY-WORDS: Amputation, child, Prosthesis.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................10

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................................13

3. METODOLOGIA.................................................................................................................23

3.1 Tipo de estudo.....................................................................................................................23

3.1.1 Casuística.........................................................................................................................23

3.1.2 Critério de inclusão..........................................................................................................23

3.1.3 Critério de exclusão.........................................................................................................23

3.2 Local de realização do estudo.............................................................................................23

3.3 Procedimento de aprovação do trabalho.............................................................................23

3.4 Apresentação do caso..........................................................................................................24

3.5 Avaliação físico - funcional................................................................................................24

3.6 Tratamento fisioterapêutico................................................................................................28

3.7 Análise dos dados................................................................................................................41

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................................................42

5. CONCLUSÃO......................................................................................................................50

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................51

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1. INTRODUÇÃO

As amputações de extremidades inferiores são cada vez mais freqüentes tornando-se

um importante problema de saúde pública no Brasil e no mundo (GAMBA et al,2004).

Nos Estados Unidos e na Inglaterra, estima-se que em torno de 50.000 amputações são

realizadas por ano, não há estimativas quanto ao número de amputações realizadas

anualmente no Brasil, a maioria das publicações concordam que este número certamente seja

maior, devido, entre outras razões, a uma maior ocorrência de acidentes de transito, à

incidência de certas moléstias tropicais como a hanseníase e a pouca atenção que ainda é dada

em nosso meio ao paciente diabético (LIANZA, 2001 e BRANDÃO et al, 2003).

A amputação é uma palavra derivada do latim, com o seguinte significado: ambi = ao

redor de / em volta de e putatio = podar / retirar. Podendo ser definida como a retirada,

geralmente cirúrgica, total ou parcial de um membro (CARVALHO, 2003).

A amputação freqüentemente ocorre após todas as tentativas possíveis para se salvar

uma extremidade acometida seja por vasculopatia, trauma, tumor ou infecção (MOURA &

SILVA, 2005).

Em termos didáticos, as indicações consistem em três Ds (referente às expressões em

língua inglesa Dead, Dangerous e Damn nuisance): necrose, que decorre, de modo geral, de

doença vascular periférica; risco de vida, que pode ser conseqüente ao alojamento de um

tumor maligno ou devido a uma lesão por esmagamento, na qual a liberação da compressão

pode resultar em falência renal; e dano permanente que pode ser resultante da dor, de

malformações grosseiras, de sepse recorrente ou de perda funcional grave (APLEY &

SOLOMON, 2002).

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A amputação dos membros inferiores na criança pode ser uma excelente alternativa de

tratamento para deformidades complexas, por evitar que o paciente seja submetido a múltiplas

intervenções cirúrgicas, com resultados, às vezes, frustrantes (BELANGERO et al, 2001).

Na criança as causas mais comuns podem ser classificadas como adquiridas ou

congênitas.As adquiridas são normalmente traumáticas (75%) ou devido a tratamento

cirúrgico por lesões ou doenças (25%). As amputações traumáticas mais freqüentes ocorrem

entre 2 e 4 anos e são mais comuns nos membros superiores. Quando devidas a doenças, são

mais freqüentes nos membros inferiores (BOCCOLLINI, 2000 e CARVALHO, 2003).

De acordo com MEYER et al (2003), as amputações transtibiais ocorrem em 50% dos

casos, vindo em segundo lugar às amputações tranfemorais. Em relação a variável sexo,

estudos mostraram que o maior índice de amputação ocorre em homens, em média 75% dos

casos (PASTRE et al, 2005).

As repercussões físicas produzidas nas crianças pela amputação dos membros

inferiores, podem ser minimizadas em parte pela plasticidade motora própria dessa época da

vida, que lhe será, portanto, tanto maior quanto mais precoce acontecer a amputação

(CARVALHO, 2003).

O fisioterapeuta desempenha papel fundamental quanto à reeducação funcional,

acompanhando o paciente em todos os estágios do programa de reabilitação, fazendo parte de

equipe multidisciplinar, supervisionando e tratando desde o estágio pré e pós - operatório na

educação de mobilidade pré e pós-protética e, se necessário, em cuidados de manutenção das

funções músculo - esqueléticas. A presença do fisioterapeuta é importante no processo

dinâmico, criativo, progressivo, educativo e objetiva a restauração ótima do indivíduo, sua

reintegração à família, comunidade e sociedade (PASTRE et al, 2005).

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Uma reabilitação bem feita é um ponto chave para o sucesso no uso da prótese por um

amputado de membro inferior (MORAES et al, 2006). Visto que, um membro residual cônico

e fortalecido possibilita o encaixe protético (BOCCOLINI, 2000).

O objetivo final traçado em um programa de reabilitação pré - protetização consiste

em proporcionar ao paciente amputado: habilidades para realização de todas as atividades

possíveis sem o uso da prótese, preparar o coto de amputação para que possa ser protetizado e

desenvolver programas de alongamento, fortalecimento, propriocepção, equilíbrio e

coordenação visando a uma deambulação independente futura (CARVALHO, 2003).

Devido dados e bibliografias escassas sobre as amputações de extremidades inferiores,

principalmente em crianças, buscou-se agregar as técnicas cirúrgicas e procedimentos pós-

operatórios às técnicas fisioterapêuticas. Evidenciando a importância do tratamento

fisioterapêutico para preparar a criança amputada para possível protetização e retorno as suas

atividades de vida diária.

O problema adotado neste estudo foi: Será que a criança submetida a este tratamento

fisioterapêutico estará preparada ao final do mesmo para ser protetizada?

E, portanto o objetivo geral e principal deste estudo é verificar a importância da

orientação e atendimento de fisioterapia ao paciente no processo de pré - protetização

transtibial.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Após duas guerras mundiais, havia um grande contingente de amputados que

necessitavam de protetização. Desde então, a técnica ortopédica evoluiu muito e

desenvolveram-se componentes pré – fabricados e padronizados, possibilitando melhor

reabilitação funcional com necessidade de participação efetiva do fisioterapeuta. (PASTRE et

al, 2005).

Amputação é uma palavra temida, cujo significado é o terror, mutilação e derrota

(BOCCOLINI, 2000). Sua definição é a retirada, geralmente cirúrgica, total ou parcial de um

membro (MEYER et al, 2003).

A amputação é realizada quando a cirurgia reconstrutora arterial fracassou ou

tecnicamente possível. Também é realizada onde o estado de um membro é tal, que uma boa

função não pode ser obtida (THOMSON, 2002).

Nas crianças, as repercussões físicas produzidas pelas amputações dos membros

podem ser minimizadas em parte pela plasticidade motora própria dessa época da vida, que

lhes confere grande capacidade de adaptação. Esta capacidade será, portanto, quanto maior

quanto mais precoce acontecer à amputação. Assim, as crianças com malformações e

amputações congênitas, mesmo que múltiplas, surpreendentemente adaptam-se e conseguem

boa qualidade de vida (CARVALHO, 2003).

As causas de amputação na criança podem ser classificadas como congênitas ou

adquiridas. As congênitas são secundárias as mal formações vasculares, as bandas de

contricção aminiótica e aos defeitos de formação ou de diferenciação embriológica, enquanto

que as adquiridas são, nas sua maioria, secundárias a traumas, infecções, e tumores

(CARVALHO, 2003).

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Apesar de se utilizar os mesmos princípios básicos da técnica cirúrgica de amputação

do adulto nas crianças, algumas diferenças importantes merecem ser destacadas. Visto que se

deve levar em consideração a grande importância dos fatores de crescimento geral do corpo e

do coto. No planejamento da amputação deve-se preservar o máximo de comprimento do

membro e, sempre que possível, as placas de crescimento ósseo. Nas amputações

transdiáfisárias, o canal medular permanece aberto com conseqüente diminuição da pressão

intra – medular, atrofia óssea e formação de espículas ósseas na extremidade do coto

(CARVALHO, 2003).

O sobrecrescimento ósseo ocorre na maioria das amputações de crianças e requer

algumas revisões do coto com ressecção do excesso ósseo. A presença da epífise impede o

crescimento ósseo terminal causado pela aposição do tecido ósseo neo-formado, que não está

relacionado com a atividade da placa de crescimento da extremidade proximal do coto

(BOCCOLINI, 2000 e BELANGERO et al, 2001)

A criança, diferentemente do adulto, tolera suturas sob tensão e enxerto de pele sobre

o coto e apresenta menor número e freqüência de complicações como a dor fantasma e o

desenvolvimento de neuromas, que são praticamente inexistentes nesta faixa etária

(BELANGERO et al, 2001).

As amputações são indicadas de forma eletiva ou de urgência. A primeira está

relacionada aos pacientes portadores de seqüelas e processos mórbidos e a outra aos casos

mais graves, os quais trazem risco à vida para o paciente (GUEDES, 2000).

Depois de indicada, é necessário definir o nível de amputação do membro, que vai

depender do estado do mesmo. Para o membro inferior existem cerca de quatorze níveis de

amputação que vão desde desarticulação interfalangiana do pé até a desarticulação sacroilíaca

(CARVALHO, 2003; THOMSON, 2002 e LUCCIA, 2003). Sendo que o objetivo do presente

estudo é abordar apenas o nível de amputação transtibial.

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A amputação transtibial, também chamada de amputação de perna ou amputação

abaixo do joelho, compreende toda amputação realizada entre o tornozelo e a articulação do

joelho (LIANZA, 2001).

Quando é feita uma amputação muito proximal (tuberosidade anterior da tíbia), perde-

se a função do joelho, devido à perda de inserção do tendão patelar; e se muito distal (pilão

tibial), haverá problemas decorrentes da ausência de revestimento muscular e da

vascularização precária desta área; por isto, nem sempre um coto com o maior braço de

alavanca possível, será o mais funcional. O Nível ideal para este procedimento é o da

transição músculo tendínea, pois propicia boa cobertura muscular e vascularização adequada

(MOURA & SILVA, 2005). Classicamente, os ossos são seccionados conforme a eleição, de

maneira que a tíbia tenha sua extremidade antero-distal esculpida em bisel, para evitar

concentração excessiva de pressão nessa área durante a marcha com prótese.A fíbula deve ser

seccionada cerca de 1 a 3cm mais curta que a tíbia. (PINTO et al, 2000 e CARVALHO, 2003)

Durante o procedimento cirúrgico, deve ser realizada a mioplastia, na qual os

músculos antagonistas serão fixados aos agonistas, obtendo proteção para a extremidade

óssea; Com estes procedimentos, ocorre uma ação muscular ativa na movimentação do coto

(contração de agonista e antagonista), melhor irrigação e circulação sangüínea

(BOCCOLINI,2000).

Também, deve-se realizar na extremidade óssea a “desperiostização” na extensão de 2

a 3 cm para evitar a formação de espículas ósseas, a ponta deve ser arredondada com grosa,

sem bordas agudas e vivas que possam agredir as partes moles; a hemostasia, sendo obtida

ligando-se as principais veias e artérias; a secção dos nervos, sendo seccionados

cuidadosamente com uma lâmina afiadíssima após leve tração para se alojarem entre os

grupos musculares; e por fim, as partes moles devem ser suturadas em planos separados,

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deixando um comprimento tal, que haja uma ligeira tensão das mesmas contra a ponta óssea

(CARVALHO, 2003 e BOCCOLINI, 2000).

Nesse nível de amputação, o coto tende a apresentar deformidades em flexão do joelho

e em alguns casos um valgismo.(MOURA & SILVA, 2005) As amputações transtibiais

apresentam uma reabilitação mais satisfatória do que as transfemorais, esta vantagem está

fundamentada na preservação da articulação do joelho, mantendo assim a sua função

proprioceptiva, além de permitir o uso mais fácil da prótese por ser resistente e possibilitar um

suporte circunferencial com 30% do peso suportado por cada um dos côndilos femorais e 40%

por meio do tendão patelar (MEYER et al, 2003).

A amputação não resulta apenas em perda física, mas também na perda de todo

mecanismo integrado entre tronco e membros responsável pelo funcionamento harmônico do

sistema locomotor (CARVALHO, 2003).

O paciente amputado apresenta implicações sensoriais significativas, perde a

informação sensorial da pele, das articulações, tendões e músculos. Se os músculos não forem

reinseridos sobre a extremidade óssea com relação comprimento / tensão normal, a

informação dada ao sistema nervoso central será errônea bem como diminuída, interferindo

no estado excitatório central e conseqüentemente com o controle motor (LIANZA, 2001).

A reabilitação do paciente amputado envolve o trabalho de uma equipe

multidisciplinar, que visa a melhor qualidade de vida possível, utilizando ou não uma prótese.

E apresenta, nesta área o conceito relacionado com a restauração da locomoção através da

deambulação. E a meta desta reabilitação vai desde ensinar ao paciente uma simples mudança

de decúbito na cama até dar condições ao paciente de desenvolver atividades esportivas

(LIANZA, 2001).

O programa de reabilitação pode ser dividido em 4 estágios: pré-amputação ou pré-

operatório, pré-protético, com encaixe provisório e com prótese definitiva ou estágio protético

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(LIANZA, 2001 e THOMSON, 2002). No presente estudo visamos à reabilitação

fisioterapêutica durante a fase pré-protética.

Nesta fase, pré-protética, que compreende desde o pós-operatório imediato, que é

quando o paciente sai do centro cirúrgico com o coto protegido por curativo gessado ou não, e

apresenta como principal objetivo à preparação física e psicológica do indivíduo para a

reabilitação protética, sendo importante que seja evitada posições que possam levar o coto a

contraturas das articulações proximais; o paciente é estimulado a olhar e manipular o coto

para ajudar no processo de aceitação do novo órgão; além de exercícios de mobilidade no

leito, movimentos ativos assistidos e conforme o progresso, exercícios ativos e contra

resistência (LIANZA, 2001).

Se não houver complicações o paciente recebe alta por volta do quarto ou quinto dia

pós-operatório, já se deslocando em cadeiras de rodas ou deambulando com muletas,

devidamente orientado (LIANZA, 2001).

Entre as principais causas de complicações e intercorrencias no coto estão: formação

de hematomas, edema, infecção, necrose, ulceração do coto, neuromas, aderência cicatricial,

contratura muscular e articular, hipotrofia muscular, dor no coto, dor no membro fantasma,

distorção de esquema corporal e debilidade geral (BRANDÃO et al, 2003). A partir dessa

fase hospitalar o paciente é encaminhado a uma unidade de reabilitação para continuar seu

programa de reabilitação, agora a nível ambulatorial.

O paciente amputado deve ser avaliado o quanto antes para que se possa dar início aos

programas de reabilitação, sendo parte integral do tratamento pré-protético, onde tem como

finalidades definir e mensurar as capacidades e incapacidades durante as atividades simples e

mais complexas (O`SULLIVAN & SCHMITZ, 1998).

A avaliação inicia-se desde o primeiro contato com o paciente amputado, sendo

observado como o mesmo se apresenta: carregado no colo, sentado em cadeiras de rodas,

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usando muletas, saltitando e deambulando com ou sem apoio. Posteriormente, analisa-se o

grau de motivação do paciente, pois o mesmo influência no processo de reabilitação. A partir,

dessas observações iniciais, a avaliação segue-se com a coleta de dados, exame físico geral,

observação de membros superiores e membro inferior não-amputado, e posteriormente

membro residual, ou seja, do coto de amputação, sendo um exame mais detalhado e

complexo, composto pelos seguintes itens (O`SULLIVAN & SCHMITZ, 1998; MOURA &

SILVA, 2005 e CARVALHO,2003):

• Formato do coto: o ideal é aquela onde não existe excesso de partes moles na sua

extremidade (MOURA & SILVA, 2005);

• Cicatrização: Deve ser observada a sua localização, processo de resolução e sua

regularidade. O importante é que não sejam hipertróficas, não estejam em região de

descarga e que não existam aderências (MOURA & SILVA, 2005);

• Pele: Deve ser íntegra, sem ulcerações, áreas de hiperemia ou de enxertia (MOURA &

SILVA, 2005);

• Dor: Deverá ser avaliada através da palpação do coto, tanto superficial quanto profunda.

Lembrar também de pesquisas a “dor fantasma” que é a sensação desagradável de

persistência do membro amputado (MOURA & SILVA, 2005);

• Neuromas: É um fenômeno natural de reparação que ocorre em qualquer transecção de

um nervo periférico. Quanto mais distal o neuroma, maior a sensibilidade notada pelos

pacientes, os quais relatam uma sensação de choque no coto de amputação

(CARVALHO, 2003);

• Edema: o edema está presente em todos os amputados nunca protetizados

(CARVALHO, 2003);

• Tônus, trofismo e força muscular: Os amputados devem apresentar cotos firmes e

fortes.Para a avaliação, aplicam-se testes musculares manuais, principalmente nos

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extensores e abdutores do quadril que serão importantes na deambulação do paciente

devendo ser constantemente monitorados (O`SULLIVAN & SCHMITZ, 1998 e

CARVALHO,2003);

• Sensibilidade: Térmica, Vibratória, Tátil e Dolorosa. Deverá ser testada com cuidado

especial para pontos de futuro contato e apoio da prótese (MOURA & SILVA, 2005 e

CARVALHO,2003);

• Condição circulatória: Avaliar pulsos, observar áreas de cianose e

hiperemia,temperatura e condições do membro contra-lateral (MOURA & SILVA,

2005);

• Amplitude de movimento: Para observar a presença de encurtamentos e limitações às

amplitudes articulares. São necessárias mensurações goniométricas específicas de flexão

e extensão, adução e abdução sendo monitoradas ao longo de todo o período pré-

protético (O`SULLIVAN & SCHMITZ, 1998 e MOURA & SILVA, 2005);

• Coxim terminal: É definido como o revestimento musculocutâneo da região distal de um

membro amputado, onde foram realizados os procedimentos cirúrgicos, além de

desenvolver proteção óssea, desenvolve funções de controle e suspensão da prótese,

melhoram a propriocepção e o potencial de irrigação e estimulam a circulação local. Ele

deve ser firme, não podendo ser escasso e nem volumoso (CARVALHO, 2003);

• Deformidades: Decorrentes de encurtamentos musculares e contraturas articulares

proximais à amputação, dificultando o processo de reabilitação e de protetização em um

amputado (CARVALHO,2003);

• Espículas ósseas: Observadas apenas através da análise radiográfica, resultam em

dores localizadas durante a palpação ou com o uso da prótese, podendo comprometer a

protetização (CARVALHO, 2003);

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• Enxertos cutâneos: Tem sido muito utilizados na tentativa de melhorar a manutenção

de cotos mais distais, devendo ser analisado o local, a maturação dos enxertos e a

sensibilidade (CARVALHO, 2003);

• Equilíbrio e Mobilidade: Realização de testes de equilíbrio sobre o membro não

amputado e transferência de deitado e sentado para em pé (MOURA & SILVA, 2005);

• Complicações e intercorrências: Como complicações do próprio coto, neurológicas,

sensoriais, psicológicas e clínicas (CARVALHO, 2003);

Também devem ser consideradas as limitações físicas, psíquicas e ambientais, ou seja,

as dificuldades que podem interferir na adaptação do paciente a nova situação (BRANDÃO

et al, 2003).

Posteriormente a avaliação, inicia-se a reabilitação o quanto mais precoce possível

para obter potencial de sucesso, que apresenta metas especificas a longo e curto prazo, como o

presente estudo refere-se apenas a fase pré-protética, deteremos apenas às metas a curto prazo,

que são (O`SULLIVAN & SCHMITZ, 1998):

- Conificação do coto (O`SULLIVAN & SCHMITZ, 1998);

- Promover cicatrização da incisão (O`SULLIVAN & SCHMITZ, 1998);

- Prevenção de deformidades (O`SULLIVAN & SCHMITZ, 1998; THOMSON, 2002 e

CARVALHO, 2003);

- Controle de edema do coto (O`SULLIVAN & SCHMITZ, 1998; THOMSON, 2002 e

CARVALHO, 2003);

- Manter a força do corpo e fortalecer os músculos que controlam o coto (O`SULLIVAN &

SCHMITZ, 1998; THOMSON, 2002 e CARVALHO, 2003);

- Manutenção de mobilidade geral (PASTRE et al, 2005);

- Melhora do equilíbrio e transferências (PASTRE et al, 2005);

Page 21: Estudo de Caso de Tratamento Fisioterapeutico de Uma Crianca No Processo de Pre Protetizacao Trans Tibial

21

- Reeducação da marcha (O`SULLIVAN & SCHMITZ, 1998; THOMSON, 2002;

CARVALHO, 2003 e PASTRE et al, 2005);

- Restauração da independência funcional (THOMSON, 2002);

- Tratar a dor no membro fantasma (THOMSON, 2002 e CARVALHO, 2003).

O objetivo final traçado em um programa de reabilitação pré-protetização consiste em

proporcionar ao paciente amputado (CARVALHO, 2003):

• Habilidades para a realização de todas as atividades possíveis sem o uso de próteses;

• Preparar o coto de amputação para que possa ser protetizado;

• Desenvolver programas de alongamento, fortalecimento, propriocepção, equilíbrio e

coordenação visando uma deambulação independente futura.

A presença do fisioterapeuta é importante no processo dinâmico, criativo, progressivo,

educativo e, objetiva a restauração ótima do indivíduo, reintegração a família, comunidade e

sociedade (PASTRE et al, 2005).

Na fase de reabilitação pré-protética o amputado apresenta intercorrências que

precisam ser tratadas para sua possível protetização e que estão listados na tabela 1 com seus

possíveis recursos fisioterapêuticos de tratamento (CATARINA & PINTO, 2006).

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Tabela 1 - Possíveis intercorrências e os recursos utilizados para o tratamento.

Intercorrências Recursos 1. Cicatrização com aderência/retração

a. Massoterapia: técnicas de compressão, deslizamento, amassamento, enrolamento e fricção. b. Eletroterapia: ultra-som e laser c. Hidroterapia: turbilhão

2. Neuromas

a. Massoterapia: técnicas de deslizamento superficial e profundo e fricção. b. Eletroterapia: ultra-som pulsátil e estimulação transcutânea (TENS) c. Hidroterapia: turbilhão d. Percussão

3. Edema

a. Orientação postural b. Hidroterapia: turbilhão c. Massoterapia: técnica de bombeamento d. Cinesioterapia: contrações isométricas e. Dispositivos pneumáticos f. Meias compressivas g. Enfaixamento

4. Dores e sensações fantasmas

a. Enfaixamento b. Ginástica à distância c. Eletroterapia: TENS e ultra-som

5. Deformidades e contraturas

a. Orientação postural b.Cinesioterapia: mobilização das articulações proximais, alongamento dos grupos musculares encurtados e exercícios de fortalecimento.

Fonte: CATARINA, A & PINTO, E. Tratamento fisioterapêutico em pacientes amputados a nível transfemoral na fase pré – protética. Trabalho de Graduação. Belém 2006.

Depois de tratada essas intercorrências o paciente amputado inicia exercícios ativos

que visam o fortalecimento muscular do membro superior, tronco e membro inferior,

exercícios de equilíbrio, propriocepção e esquema corporal (CARVALHO, 2003). A

fisioterapia nessa fase tem como objetivo principal preparar o indivíduo para a protetização,

trabalhando globalmente com o mesmo, visando uma maior independência, simetria e redução

das compensações em todas as atividades (MOURA & SILVA, 2005).

Page 23: Estudo de Caso de Tratamento Fisioterapeutico de Uma Crianca No Processo de Pre Protetizacao Trans Tibial

23

3. METODOLOGIA

3.1-Tipo de Estudo:

Estudo de Caso.

3.1.1 – Casuística:

Paciente amputado a nível transtibial na fase pré – protética.

3.1.2 - Critérios de Inclusão:

Fez parte deste estudo uma criança amputada unilateralmente ao nível transtibial no

terço distal que ainda não havia iniciado a fase pré-protética de reabilitação, apresentando

tempo 2 meses de amputação.

3.1.3 - Critérios de Exclusão:

Foram excluídos os indivíduos que não se enquadram nos critérios de inclusão.

3.2 – Local de realização do estudo:

O presente estudo foi realizado na Clínica Escola de Fisioterapia - FISIOCLINICA,

localizada na Av. Alcindo Cacela nº 359, entre Rua Oliveira Belo e Pedro Miranda, situada na

cidade de Belém no estado do Pará.

3.3 - Procedimento de Aprovação do Trabalho:

Este estudo foi iniciado após ser submetido a processo de aprovação pelo Comitê de

Ética e de Pesquisa da Universidade da Amazônia – UNAMA (apêndice I), bem como a

aceitação do orientador (apêndice II), da instituição onde foi realizado o mesmo (apêndice

Page 24: Estudo de Caso de Tratamento Fisioterapeutico de Uma Crianca No Processo de Pre Protetizacao Trans Tibial

24

III), e a aceitação do paciente através do termo de consentimento livre e esclarecido (apêndice

IV).

3.4 – Apresentação do Caso:

Menor ACL, 8 anos, sexo masculino, pardo, natural do município de Chaves (interior

da Ilha do Marajó), vítima de acidente ofídico em 14 de Julho de 2007, deu entrada no

Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB) no dia 20 de Julho de 2007 com

quadro de necrose, foi submetido a amputação transtibial em perna direita (membro

dominante) em 26 de Julho de 2007. Realizou algumas sessões de fisioterapia no período pós-

operatório durante 1 mês no mesmo hospital. Posteriormente sendo encaminhado para

atendimento pré-protético na FISIOCLINICA, sendo então submetido à avaliação e

tratamento fisioterapêutico pré-protético.

3.5– Avaliação Físico – Funcional:

Como foi citado anteriormente, o menor foi submetido a uma criteriosa avaliação ao

inicio e término do tratamento fisioterapêutico, a ficha de avaliação foi elaborada pelas

pesquisadoras (apêndice V), tendo como parâmetros avaliados:

• Avaliação do Coto: foi realizada de acordo com MEYER et al (2003), observando os

seguintes requisitos:

- Conicidade do coto;

- Edemas;

- Cicatrização;

- Dor fantasma;

- Dor a palpação;

- Excesso de partes moles;

- Presença de espículas ósseas;

- Circunferência do coto.

Page 25: Estudo de Caso de Tratamento Fisioterapeutico de Uma Crianca No Processo de Pre Protetizacao Trans Tibial

25

• Na perimetria do coto foi utilizada uma fita métrica de 150 cm da marca CORRENTE

e realizada de acordo com MEYER et al (2003), no qual foram feitas três demarcações no

membro não amputado com intervalos de 5cm a partir da borda superior da patela, e no coto

com intervalos de 3 cm a partir do platô tibial; conforme mostra a Figura 1:

Figura 1: Perimetria do coto.

Fonte: Dados do autor, 2007.

• Goniometria: Técnica utilizada para avaliar a amplitude de movimento articular:

flexão / extensão, adução / abdução do quadril e flexão / extensão do joelho, o qual pode ser

visualizado na Figura 2 a seguir, sendo utilizada para a mesma um goniômetro da marca

CARCI, Ind.e Com. de aparelhos cirúrgicos e ortopédicos ltda. São Paulo - Brasil, sendo

baseados nas amplitudes padrões da tabela da KENDALL E MCCREARY(anexo A)

Figura 2: Técnica de Goniometria. Fonte: Dados do autor, 2007.

E considerando o procedimento de medição realizado de acordo com NORKIN &

Page 26: Estudo de Caso de Tratamento Fisioterapeutico de Uma Crianca No Processo de Pre Protetizacao Trans Tibial

26

WHITE (1997), onde para:

- Movimento de Flexão de quadril: Paciente na posição supina (decúbito dorsal), com o

quadril em abdução, adução e rotação de zero grau. Alinhar o braço proximal do goniômetro

ao longo da linha média lateral da pelve, estando o eixo do goniômetro centrado sobre o

trocânter maior, e o braço distal alinhado com a linha média lateral do fêmur, usando, como

referência, o epicôndilo lateral. Depois, realizar a flexão de quadril, sendo que, inicialmente, o

joelho encontra-se estendido, mas à medida que é completada a amplitude de movimento

(ADM) de flexão do quadril, permita-se sua flexão.

- Movimento de extensão de quadril: Paciente em posição prona (decúbito ventral), com o

quadril em abdução, adução e rotação de zero grau. Alinhar o goniômetro do mesmo modo da

flexão de quadril e realizar a extensão de quadril, sendo realizada com o joelho estendido.

- Movimento de abdução de quadril: Paciente em posição supina (decúbito dorsal), com o

quadril em flexão, extensão e rotação de zero grau. Alinhar o braço proximal do goniômetro

com as espinhas ilíacas ântero-superiores (EIAS), o eixo do goniômetro deve estar sobre a

EIAS e o braço distal é alinhado com a linha média da patela. Depois, realiza a abdução de

quadril, sendo realizada com o joelho estendido. Embora, o goniômetro esteja a 90 graus, esta

é a posição inicial de zero grau.

- Movimento de adução de quadril: A posição do teste é semelhante à usada para medir a

abdução de quadril. Todavia, faz-se a abdução do quadril contralateral, permitindo que o

quadril que está sendo medido a ADM complete sua amplitude. O alinhamento do goniômetro

é o mesmo da abdução de quadril. Depois, de alinhar o goniômetro realiza o movimento de

adução.

- Movimento de flexão do joelho: Paciente em posição supina (decúbito dorsal), com o joelho

em extensão. Inicialmente, o quadril está em extensão, abdução e adução de zero graus, mas

quando o joelho começa a fletir ocorre também a flexão do quadril. Alinhar o eixo sobre o

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epicôndilo lateral do fêmur, o braço proximal deve ser alinhado com a linha média lateral do

fêmur, usando, como referência o trocânter maior. E o braço distal é alinhado com a linha

média lateral da fíbula, usando, como referência, o maléolo lateral e a cabeça da fíbula.

- Movimento de extensão do joelho: A posição do teste e o alinhamento são os mesmos da

medida da flexão do joelho, sendo que neste, deve-se estabilizar o fêmur, evitando a rotação,

abdução e adução do quadril.

• Força muscular no coto e no membro contralateral: Foi utilizado um teste manual

(Figura 3) obedecendo à graduação de 0 a 5 proposta por HISLOP & MONTGOMERY, no

qual os autores consideram que:

- Grau 5 (normal): completa a amplitude disponível e mantém a posição terminal contra

uma resistência máxima;

- Grau 4 (bom): completa a amplitude disponível e a mantém contra uma resistência de

intensa a moderada;

- Grau 3 (regular): completa a amplitude de movimento e mantém a posição terminal

somente contra a ação da gravidade;

- Grau 2 (precário): completa a amplitude de movimento sem qualquer resistência e com

atrito mínimo a ausente;

- Grau 1 (traço): contração palpável muscular, porém nenhum movimento da parte;

- Grau 0 (zero): nenhuma contração palpável.

Page 28: Estudo de Caso de Tratamento Fisioterapeutico de Uma Crianca No Processo de Pre Protetizacao Trans Tibial

28

Figura 3: Teste de Força muscular. Fonte: Dados do autor, 2007.

• Equilíbrio estático: Segundo BOCCOLINI (2000), deve-se colocar paciente em pé

com o auxilio da barra paralela, sem apoio, se houver equilíbrio, deve-se empurrar o paciente

de um lado e do outro e observar sua habilidade de se equilibrar. (Figura 4)

Figura 4: Avaliação do Equilíbrio estático. Fonte: Dados do autor, 2007.

3.6- Tratamento Fisioterapêutico:

Após a avaliação físico – funcional do menor, foi aplicado o protocolo de tratamento

fisioterapêutico, baseado na literatura pesquisada e que variou de acordo com a necessidade

do mesmo.

Page 29: Estudo de Caso de Tratamento Fisioterapeutico de Uma Crianca No Processo de Pre Protetizacao Trans Tibial

29

O menor foi atendido na FISIOCLINICA, no período matutino, cinco vezes na semana

(segunda a sexta-feira), salvo feriados, durante 20 sessões, com supervisão do orientador da

pesquisa. Cada sessão teve duração de aproximadamente 50 minutos, no período de 2 meses.

Baseados em AGNES (2004), iniciou-se a sessão de fisioterapia com a aplicação dos

recursos eletrotermoterapêuticos, o ultra-som, a estimulação elétrica nervosa transcutânea

(T.E.N.S.) e Infravermelho.

Aplicação do ultra-som modo pulsátil de freqüência de 1MHz e intensidade de 0,8

W/cm2 da marca KW e de um gel da marca CARBOGEL, por 3’ no coto com o objetivo de

melhorar a sensibilidade (Figura 5).

Figura 5: Aplicação do ultra-som. Fonte: Dados do autor, 2007.

Foi aplicada estimulação elétrica nervosa transcutânea (T.E.N.S.) com o objetivo de

diminuir dores e sensações fantasmas, bem como melhorar a alteração sensitiva do coto,

sendo o aparelho TENS/ FES Neurodyn portable, da marca IBRAMED, utilizado na

modalidade convencional o qual variou de freqüência e intensidade de acordo com a sensação

de dor referida pelo paciente utilizando-se dois eletrodos de tamanho médio, durante 20’,

como mostra a Figura 6.

Page 30: Estudo de Caso de Tratamento Fisioterapeutico de Uma Crianca No Processo de Pre Protetizacao Trans Tibial

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Figura 6: Aplicação da Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea.

Fonte: Dados do autor, 2007.

A utilização do Infravermelho teve como objetivo acelerar o processo de cicatrização

do coto, tendo em vista os seguintes efeitos terapêuticos: redução da dor, aumento do

metabolismo, redução de edema, melhora da circulação e bactericida. O Infravermelho de

mesa utilizado foi da marca CASSI, com um tempo de aplicação de 15 minutos (Figura 7).

Figura 7: Aplicação do Infravermelho. Fonte: Dados do autor, 2007.

Logo em seguida foi aplicado a massoterapia com as técnicas de deslizamento

superficial, profundo e a fricção objetivando melhorar a cicatriz com aderência e retração,

conforme mostra Figura 8.

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Figura 8: Aplicação da Massoterapia. Fonte: Dados do autor, 2007.

E seqüencialmente, foram realizados alongamentos nas musculaturas encurtadas,

tendo como base a literatura de CARVALHO (2003), KISNER & COLBY (2000) e MOURA

(2005).

• Alongamento da musculatura flexora de quadril: Paciente em decúbito ventral

mantendo-se relaxado. O fisioterapeuta deve, com uma das mãos, apoiar sobre a região

lombar e, com a outra, espalmada sobre a face anterior da coxa, realizar uma pressão no

sentido da extensão do quadril. Manter essa posição durante 20 segundos e repetir por 3

vezes.

• Alongamento da musculatura extensora de quadril: Paciente em decúbito dorsal,

membro não-amputado estendido. Fisioterapeuta, com uma das mãos, estabiliza a pelve do

lado contra-lateral e, com a outra mão, na face posterior da coxa realiza uma pressão no

sentido da flexão do quadril. Manter essa posição durante 20 segundos e repetir por 3 vezes.

• Alongamento da musculatura adutora de quadril: Paciente em decúbito dorsal,

membros em abdução, rotação externa, joelho e quadril semifletidos. Fisioterapeuta, de

frente para o paciente, apoiando uma mão em cada lado, na face medial do joelho realiza

uma pressão no sentido da abdução do quadril. Manter essa posição durante 20 segundos e

repetir por 3 vezes.

Page 32: Estudo de Caso de Tratamento Fisioterapeutico de Uma Crianca No Processo de Pre Protetizacao Trans Tibial

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• Alongamento da musculatura abdutora de quadril: Paciente em decúbito dorsal,

membro não-amputado estendido, e o contra-lateral com flexão de joelho e quadril, o

fisioterapeuta estabiliza a pelve com uma das mãos e com a outra ele leva o membro

amputado em máxima adução de quadril, alongando os abdutores. Manter essa posição

durante 20 segundos e repetir por 3 vezes.

• Alongamento da musculatura extensora do joelho: Paciente em decúbito ventral, o

fisioterapeuta deve estabilizar o quadril com uma das mãos apoiada sobre a pelve e com a

outra sobre a face anterior do coto, e realizar a flexão passiva do joelho até o paciente sentir

o alongamento muscular. Manter a posição durante 20 segundos e repetir por 3 vezes.

• Alongamento da musculatura flexora do joelho: Paciente em decúbito ventral, o

fisioterapeuta deve estabilizar a articulação do joelho, com uma das mãos na face posterior

da coxa e com a outra na parte distal do coto, realizando uma pressão para estender o joelho.

Deve-se manter a posição durante 20 segundos e repetir por 3 vezes. (Figura 9)

Figura 9: Alongamento da musculatura flexora de joelho. Fonte: Dados do autor, 2007.

Após os alongamentos, foram realizadas as contrações isométricas do coto baseadas

em CARVALHO (2003), a fim de manter trofismo muscular, tônus muscular e a amplitude de

movimento (ADM).

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• Exercício de contração isométrica de adutores do quadril: Paciente em decúbito

dorsal, posicionar uma bola entre os membros e solicitar ao paciente a adução do membro

amputado. Deve-se ter cuidado para que o paciente não realize uma força maior com o

membro não-amputado sobre o membro amputado, mantendo e sustentando essa posição por

6 segundos. Realizando esse exercício em três séries de dez repetições cada (Figura 10).

Figura 10: Contração isométrica de adutores do quadril. Fonte: Dados do autor, 2007.

• Exercício de contração isométrica do quadríceps: Paciente em decúbito dorsal,

colocar uma toalha enrolada ou bola sob o coto de amputação, pedindo que o paciente realize

uma força contra a mesma, mantenha e sustente essa posição por 6 segundos. Realizando esse

exercício em três séries de dez repetições cada

Conforme a evolução do paciente foi efetuada a cinesioterapia ativa livre bem como a

cinesioterapia ativa resistida para o fortalecimento dos músculos tanto do coto, quanto do

membro contralateral, do tronco e membros superiores. A resistência foi dada com o uso de

faixas elásticas da marca THERABANDS, bolas, halteres e pela resistência manual do

fisioterapeuta. Seguem os exercícios abaixo baseados em KISNER & COLBY (2000) e

CARVALHO (2003):

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• Exercícios para fortalecimento dos flexores de quadril: Paciente sentado, com as

mãos apoiadas na maca, e o membro não-amputado apoiado num banquinho,o fisioterapeuta

envolverá então a face distal da coxa com a faixa elástica de resistência amarela, e deve

realizar uma leve pressão no sentido podálico e o paciente deverá fazer pressão no sentido

oposto ao exercido pelo fisioterapeuta. Realizando o exercício em 3 séries de 10 repetições.

(Figura 11).

Figura 11: Exercício de fortalecimento de flexores de

quadril com uso de faixa elástica. Fonte: Dados do autor, 2007.

• Exercício de fortalecimento dos extensores do quadril: Paciente em decúbito dorsal,

membro não-amputado fletido com o pé apoiado na maca, deve-se apoiar a face posterior da

coxa em uma bola ou em um rolo, realizando uma força contra o mesmo, estendendo o

quadril e elevando as nádegas. Suportar a pressão por alguns segundos e relaxar; o mesmo

exercício poderá ser realizado com uma resistência maior, só que imposta pelo fisioterapeuta,

contra o movimento de extensão, apoiando as mãos sobre as cristas ilíacas ântero-superiores.

• Exercício para fortalecimento dos adutores do quadril: Paciente em decúbito lateral o

membro amputado, deve estar alinhado ao plano do tronco, membro superior apoiado sob a

cabeça, e o membro não-amputado deve estar fletido para frente com o pé apoiado na maca. O

paciente deve erguer seu coto de baixo para cima em adução, manter por alguns segundos e

relaxar.

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• Exercícios para fortalecimento dos abdutores do quadril: Paciente em decúbito lateral

sobre o membro amputado apoiado sobre um travesseiro, e o membro não-amputado em

flexão de quadril e joelho a 90°. Em seguida, o paciente realiza uma força em abdução então o

quadril irá elevar-se, a seguir pede-se para manter essa posição por alguns segundos e relaxar;

o mesmo exercício pode ser realizado em decúbito lateral sobre o membro não-amputado com

o terapeuta exercendo uma resistência contra o movimento de abdução.

• Exercício de fortalecimento dos extensores do joelho: Paciente sentado, com as mãos

apoiadas na maca, e o membro não-amputado apoiado num banquinho, o fisioterapeuta

envolverá então a face distal do coto com a faixa elástica de resistência amarela, e deve

realizar uma leve pressão no sentido posterior e o paciente deverá fazer pressão no sentido

oposto ao exercido pelo fisioterapeuta, realizando desta forma, a extensão do joelho.O

exercício deverá ser feito em 3 séries de 10 repetições. (Figura 12)

Figura 12: Exercício de fortalecimento dos músculos extensores do joelho com uso de faixa elástica. Fonte: Dados do autor, 2007.

• Exercício de Fortalecimento dos músculos flexores do joelho: Paciente em decúbito

ventral, o fisioterapeuta pode exercer uma pressão na face posterior do coto, enquanto o

paciente realiza a flexão de joelho. Realizando o exercício em 3 séries de 10 repetições.

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Em relação ao membro contralateral, foi utilizada uma cadeira extensora de

quadríceps, e tornozeleiras que variaram de peso conforme o progresso do paciente. Para os

quais podem ser utilizados os mesmos exercícios citados anteriormente do membro amputado.

E para o fortalecimento dos membros superiores o uso de halteres e o peso do próprio

corpo foram utilizados (Figura 13). Essa musculatura deve ser trabalhada pela sua

importância quanto a transferências e essencialmente quanto ao uso de meios auxiliares de

marcha, como muletas, andadores e cadeiras de rodas.

Figura 13: Exercício de Fortalecimento de membros superiores. Fonte: Dados do autor, 2007.

Com relação ao tronco, os exercícios têm como objetivo manter uma melhor postura

com um melhor equilíbrio, sendo trabalhados exercícios para paravertebrais e músculos

abdominais. Os paravertebrais têm um importante papel em algumas fases da marcha, tais

como no contato inicial, na fase de apoio e de balanço. Enquanto, os músculos abdominais

são importantes para estabilização do tronco e agem durante algumas fases da marcha

(MOURA & SILVA, 2005).

• Exercício de Fortalecimento de Paravertebrais: Paciente em decúbito dorsal, com

joelho do membro não-amputado fletido a 90 graus e com o pé apoiado, deve elevar as

nádegas da maca e realizar uma extensão do quadril, permanecendo nessa posição por 20

segundos e repetir 3 vezes (Figura 14).

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Figura 14: Exercício de Ponte para fortalecimento de paravertebrais. Fonte: Dados do autor, 2007.

• Exercícios para fortalecimento dos músculos abdominais: Paciente em decúbito

dorsal, com os braços cruzados sobre o tórax e elevar a cabeça, os ombros e o tronco

superior da maca. Realizar 4 séries de 10 repetições (Figura 15).

Figura 15: Exercício de fortalecimento da musculatura abdominal. Fonte: Dados do autor, 2007.

Baseado em MOURA & SILVA (2005), foram realizados exercícios de equilíbrio. O

paciente deve ser treinado para reagir contra a gravidade em todas as posições, rápida e

automaticamente.

• Equilíbrio sentado: Paciente sentado numa superfície estável, como uma cadeira ou

maca, sem apoio nas costas, o terapeuta faz movimentos para frente, para trás, e para os

lados, pede-se para que o paciente que mantenha o equilíbrio utilizando a musculatura

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abdominal. Repetir 10 vezes. Estes exercícios também podem ser feitos em uma superfície

instável.

• Equilíbrio sentado usando bola num padrão diagonal: Paciente sentado numa

superfície estável, com o pé apoiado, levanta uma bola num padrão diagonal, do quadril

direito até o ombro esquerdo e depois do quadril esquerdo até o ombro direito. Repetir 10

vezes (Figura 16).

Figura 16: Treino de equilíbrio sentado com padrão diagonal.

Fonte: Dados do autor, 2007.

• Equilíbrio em pé: Paciente em pé sobre uma superfície estável, estabelece o equilíbrio

sobre o membro não-amputado. Manter essa posição no tempo máximo que tolerar.

Também, progredido a atividade, utilizar uma superfície instável.

• Equilíbrio em pé com rotação de tronco: Paciente em pé sobre uma superfície estável,

estabelece o equilíbrio sobre membro não amputado, o mesmo deverá realizar uma rotação

de tronco para os lados, com os membros superiores em flexão de ombro de

aproximadamente 90 graus segurando uma bola. Repetir 10 vezes. (Figura 17).

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Figura 17: Treino de equilíbrio em pé com rotação de tronco.

Fonte: Dados do autor, 2007.

Posteriormente, foi realizado o treino de marcha com auxilio de muletas canadenses,

onde foi realizado o posicionamento da mesma, obedecendo a CARVALHO (2003):

• A braçadeira deve ficar situada sobre a parte mole proximal posterior do antebraço a 5

cm abaixo do cotovelo, e deve realizar 30º flexão do cotovelo;

• A empunhadura deve ficar ao nível da cabeça femoral do fêmur;

• A altura da haste metálica deve ser feita com a ponteira em diagonal a cerca de 8 a 10

cm à frente da ponta do pé.

De acordo com MOURA & SILVA (2005), o paciente treinou a marcha de propulsão,

na qual o mecanismo se inicia com as muletas à frente e o membro preservado se impulsiona

chegando à mesma direção das ponteiras (Figura 18).

Figura 18: Treino de marcha de propulsão descendo rampa. Fonte: Dados do autor, 2007.

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E finalizando o tratamento fisioterapêutico, foram feitas orientações e demonstração

quanto à técnica de enfaixamento do coto que foi mantido na presença de edema.A técnica

de enfaixamento foi ensinada ao paciente, e o mesmo treinou até realizar a mesma de forma

independente (Figura: 19).

Figura 19: Enfaixamento do coto. Fonte: Dados do autor, 2007.

Para este procedimento foram utilizadas faixas elásticas da marca TENSOR ®, a

técnica que foi utilizada para amputação transtibial, foi baseada em CARVALHO (2003)

tendo como objetivo a redução do edema, a conificação do coto, extensão do membro e

melhora da circulação e sensibilidade. O enfaixamento deve ser realizado em oito de distal

para proximal com maior pressão distal, as paredes laterais devem ser regulares, não deve

existir tecido descoberto e não deve causar desconforto ao paciente. Para melhor

entendimento encontra-se com sua seqüência:

- Com o paciente sentado mantendo o coto semifletido;

- Coloca-se a extremidade da faixa posteriormente a linha poplítea com a faixa parcialmente

esticada, tônea distalmente sobre a extremidade do coto, levando-a até a face anterior na

tuberosidade da tíbia.

- Realiza-se, então, uma volta ao redor do coto passando a faixa por sobre sua extremidade na

face posterior. Ao final dessa volta, desça com a faixa diagonalmente sobrepondo metade da

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faixa sobre o primeiro enfaixamento e a outra metade sobre a região distal do coto descoberta,

com uma leve tensão elástica.

- Realiza-se novamente outra volta, cruzando a face posterior do coto e descendo

diagonalmente com a faixa cruzando a face anterior sobre o outro lado descoberto. Repete-se

mais duas vezes o enfaixamento diagonal, sempre envolvendo a extremidade do coto;

- Assim que a extremidade distal estiver bem firme, realizam-se voltas pelo coto até a

tuberosidade da tíbia. Terminando o enfaixamento, efetua-se uma volta pela região supra

condiliana do fêmur, retornando-a para o coto e fixando-a.

- Ao final do enfaixamento deve ser observado se não existe tecido fora da faixa, se as

paredes estão regulares, se a pressão distal é maior que a proximal, se a articulação do joelho

está livre e se o paciente está sentindo-se confortável.

Após o término das sessões de fisioterapia, o menor foi submetido a uma reavaliação,

sendo observados os mesmos parâmetros da avaliação inicial. A fim de verificar os resultados

do tratamento ao qual ele foi submetido.

3.7- Análise dos dados:

Os dados coletados nas avaliações do período de pré-tratamento serão comparados ao

final do período de tratamento, a partir de uma reavaliação com os dados pós-tratamento no

programa Microsoft Excel.

Page 42: Estudo de Caso de Tratamento Fisioterapeutico de Uma Crianca No Processo de Pre Protetizacao Trans Tibial

42

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao comparar os dados da avaliação físico – funcional inicial e final do menor,

obtivemos os seguintes resultados:

Com relação à avaliação do coto (Tabela 2), observamos que o menor apresentou uma

melhora na conicidade do mesmo, que está relacionado com a diminuição no excesso de

partes moles e a redução do edema (CATARINA & PINTO, 2006).

Ao contrário do que afirmam BELANGERO et al (2001): “a criança apresenta menor

número e freqüência de complicações como a dor fantasma e o desenvolvimento de

neuromas, que são praticamente inexistentes nesta faixa etária”, o menor apresentava dor

fantasma e dor a palpação inicialmente, mas houve uma melhora nestes quadros, esta se deve

ao uso da estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS), que de acordo com AGNE

(2004), o TENS tem o objetivo de estimular as fibras nervosas grossas A-alfa de condução

rápida, sendo que esta ativação a nível central desencadeia os sistemas analgésicos

descendentes de caráter inibitório sobre a transmissão nocioceptiva conduzida pelas fibras não

mielinizadas de pequeno calibre, gerando a redução da dor fantasma e também da

sensibilidade diminuída.

De acordo com CARVALHO (2003) a permanência do quadro de espículas ósseas no

menor, ocorre devido o canal medular permanecer aberto ocasionando a diminuição da

pressão intramedular, atrofia óssea e formação de espículas ósseas na extremidade do coto. E

BOCCOLINI (2000) afirma que o sobrecrescimento ósseo ocorre na maioria das amputações

de crianças que requer algumas revisões do coto com ressecção do excesso ósseo.

Page 43: Estudo de Caso de Tratamento Fisioterapeutico de Uma Crianca No Processo de Pre Protetizacao Trans Tibial

43

Tabela 2: Avaliação do Coto.

AVI AVF

Coto de forma Cônica X

Presença de Edema X

Cicatrização correta X

Dor fantasma X

Dor a Palpação X

Excesso de partes moles X

Presença de espículas ósseas X X

Circunferência do coto 11cm 9,5 cm AVI = Avaliação Inicial. AVF= Avaliação Final. Fonte: Dados do autor, 2007.

A melhora do processo de cicatrização (Figura 20 e Figura 21) do membro residual

ocorreu devido à utilização de recursos eletrotermoterapêuticos e massoterapia, confirmando

o que diz a literatura, que de acordo com AGNE (2004) o Infravermelho acelera a cicatrização

através do aumento do metabolismo e melhora da circulação; e o ultra-som pulsátil que

segundo CARVALHO (2005) ocorre a extensibilidade do colágeno em cicatrizes e os

processos de regeneração tecidual. O mesmo autor afirma que a aplicação da massoterapia

restaura a habilidade de mobilidade dos tecidos moles.

Figura 20: Coto ao inicio do tratamento. Figura 21: Coto no final do tratamento. Fonte: Dados do autor, 2007. Fonte: Dados do autor, 2007.

Page 44: Estudo de Caso de Tratamento Fisioterapeutico de Uma Crianca No Processo de Pre Protetizacao Trans Tibial

44

Analisando os resultados da perimetria de coxa (Tabela 3) realizada em 5 cm, 10 cm e

15 cm a partir da borda superior da patela, observou-se que houve um aumento de 0,5cm na

marcação 5cm e ganho de 1cm nas marcações 10cm e 15cm em ambos os lados, para tanto

essa diferença foi mínima entre o antes e o depois do tratamento fisioterapêutico.

Tabela 3: Perimetria de Coxa.

Avaliação Inicial Avaliação Final

Nível

Coxa

5cm 10cm 15cm 5cm 10cm 15cm

D 23 cm 25 cm 29 cm 23,5 cm 26 cm 30 cm

E 27cm 30cm 32cm 27,5cm 31cm 33cm D: Direita E: Esquerda Fonte: Dados do autor, 2007.

Observando os resultados da perimetria de perna do menor (Tabela 4), realizada em

3cm, 6cm e 9cm a partir do platô tibial, nota-se que no membro não amputado o menor teve

um ganho de 0,5cm nas marcações de 3cm e 6cm, e um aumento de 1cm na marcação de 9cm.

No membro residual houve uma diminuição nas medidas, 1cm na marcação 3cm, 0,5 cm na

marcação 6cm e, 2cm na marcação 9cm. Podemos relacionar tal fato à diminuição do edema e

redução do excesso de partes moles. Apesar de obtermos um resultado tanto quanto “bom”,

ainda assim o mesmo não foi satisfatório, visto que as medidas do coto não se igualaram às

medidas do membro íntegro entre o antes e depois do tratamento fisioterapêutico, este

resultado reforça a literatura de MEYER et al (2003), que relataram “(...) de um modo geral

os resultados sobre perimetria foram favoráveis, porém não expressos de forma significativa”.

Page 45: Estudo de Caso de Tratamento Fisioterapeutico de Uma Crianca No Processo de Pre Protetizacao Trans Tibial

45

Tabela 4: Perimetria de Perna.

Avaliação Inicial Avaliação Final

Nível

Perna

3cm 6cm 9cm 3cm 6cm 9cm

D 23cm 21,5cm 21cm 22cm 21cm 19cm

E 22,5cm 23,5cm 24cm 23cm 24cm 24cm D: Direita E: Esquerda Fonte: Dados do autor, 2007.

Com relação à avaliação da amplitude de movimento(ADM) do quadril que foi

realizada por meio da goniometria, e pode ser observada na Tabela 5, conclui-se que aqueles

movimentos que encontravam-se diminuídos tiveram um aumento da ADM, como no

movimento de flexão, e nos demais movimentos foi obtida a amplitude máxima da articulação

como nos movimentos de extensão, abdução e adução de quadril, conforme segue tabela a

seguir:

Tabela 5: Goniometria de Quadril.

Avaliação Inicial Avaliação Final

Quadril

Movimento

D

E

D

E

Abdução 40º 45º 45º 45º

Adução 10º 10º 10º 10º

Flexão 80º 100º 120º 110º

Extensão 7º 10º 10º 10º D: Direita E: Esquerda Fonte: Dados do autor, 2007.

No Gráfico 1 nota-se que se compararmos o percentual da extensão de joelho do coto

ao inicio e término do tratamento, percebemos um aumento de 25%, logo o menor obteve um

regular ganho na ADM dessa articulação. Tal valor não foi maior devido à limitação do

Page 46: Estudo de Caso de Tratamento Fisioterapeutico de Uma Crianca No Processo de Pre Protetizacao Trans Tibial

46

menor em manter o membro em extensão total de joelho, confirmando o que foi descrito pela

literatura de CARVALHO (2005) e MOURA & SILVA (2005), onde ambos afirmam nesse

nível de amputação transtibial, o coto tende a apresentar deformidades em flexão do joelho,

dificultando assim a extensão do mesmo.

Enquanto que o membro íntegro manteve o seu grau de amplitude, que é considerado

normal, haja vista que o mesmo permaneceu com 100% da ADM.

46%

71%

100% 100%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Inicial Final

DireitoEsquerdo

Gráfico 1: Percentual do grau de amplitude de extensão de joelho inicial e final. Fonte: Dados do autor, 2007.

Ao realizar a analise do Gráfico 2, verificou-se que o menor obteve um resultado

regular (aumento de 18%), visto que o menor apresentava um considerável encurtamento da

musculatura extensora do joelho, e tal deformidade dificultou a extensão total conforme foi

citado anteriormente.

Devido o menor apresentar tal deformidade a goniometria partiu de 65graus, e não de

0º.

O ganho da ADM está relacionado à aplicação da técnica de alongamento muscular

que segundo KISNER & COLBY (2000) este é um termo geral usado para descrever qualquer

manobra terapêutica elaborada para aumentar o comprimento de estruturas de tecidos moles

patologicamente encurtadas e desse modo aumentar a amplitude movimento.

Tendo em vista que, para que haja amplitude de movimento normal é necessário haver

mobilidade e flexibilidade dos tecidos moles que circundam a articulação, ou seja, músculos,

Page 47: Estudo de Caso de Tratamento Fisioterapeutico de Uma Crianca No Processo de Pre Protetizacao Trans Tibial

47

tecidos conjuntivos e pele, e mobilidade articular. E também tal fato deve-se a utilização do

enfaixamento do coto, que segundo MOURA & Silva (2005) este tem como um dos objetivos

manter o membro em extensão, evitando assim, que o membro residual adotasse o padrão de

flexão de joelho.

53%

71%

100% 100%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Inicial Final

DireitoEsquerdo

Gráfico 2: Percentual do grau de amplitude de flexão de joelho inicial e final. Fonte: Dados do autor, 2007.

Quanto a força muscular de coxa (Tabela 6) e perna (Gráficos 3 e 4) podemos

observar que houve um aumento em todos os grupos musculares trabalhados tanto no membro

residual quanto no membro íntegro. De acordo com a literatura de KISNER & COLBY

(2000), a medida em que o músculo se contrai for feita uma resistência contra ele, o mesmo se

tornará mais forte depois de um certo período de tempo. MEYER et al confirma a literatura

supracitada: “se tivesse um tempo maior de estudo, também seria possível acompanhar um

encaixe protético bem-sucedido e uma marcha independente”. Hipótese esta é fortalecida por

O`SULLIVAN & SCHIMITZ (1998), onde afirmam que músculos mais fortes melhoram o

equilíbrio e a qualidade da marcha, especialmente entre aqueles pacientes com um coto curto.

Page 48: Estudo de Caso de Tratamento Fisioterapeutico de Uma Crianca No Processo de Pre Protetizacao Trans Tibial

48

Tabela 6: Força muscular de coxa.

Avaliação Inicial Avaliação Final

Coxa

Movimento

D E D E

Abdução Grau 4 Grau 4 Grau 5 Grau 5

Adução Grau 3 Grau 5 Grau 4 Grau 5

Flexão Grau 5 Grau 5 Grau 5 Grau 5

Extensão Grau 3 Grau 5 Grau 5 Grau 5 D: Direita E: Esquerda Fonte: Dados do autor, 2007.

4 4

5 5

0

1

2

3

4

5

Inicio Término

Flexão Extensão

Gráfico 3: Grau de força do membro íntegro ao inicio e término do tratamento fisioterapêutico. Fonte: Dados do autor, 2007.

2 2

4 4

0

1

2

3

4

Inicio Término

Flexão

Extensão

Gráfico 4: Grau de força do membro residual ao inicio e término do tratamento fisioterapêutico. Fonte: Dados do autor, 2007.

E por fim, com relação ao equilíbrio estático com e sem apoio o menor evoluiu de

regular para bom, em ambas as posições avaliadas. De Acordo com PASTRE et al (2005) o

equilíbrio pode ser definido com o a capacidade de manter o centro de gravidade sobre a base

Page 49: Estudo de Caso de Tratamento Fisioterapeutico de Uma Crianca No Processo de Pre Protetizacao Trans Tibial

49

de apoio e este depende da capacidade de manter uma posição, de se estabilizar durante as

atividades voluntárias e de reagir às perturbações externas, e ele pode ser alterado através de

uma amplitude de movimento inadequada ou uma fraqueza nas extremidades inferiores, o

sistema de controle postural receberá informações distorcidas podendo desencadear um

desvio de alinhamento do centro de gravidade dentro dos limites de estabilidade o que

ocasiona movimentos alterados e aumenta o risco de quedas, o que pode ser exemplificado

com o caso dos amputados transtibiais.

O menor apresentou uma rápida adaptação aos exercícios propostos com ênfase nos

treinos de equilíbrio, partindo da premissa de que as crianças amputadas se adaptam

facilmente a situações expostas, isto deve-se em parte pela plasticidade motora própria dessa

época da vida (CARVALHO,2003).

No geral podemos dizer que as metas do tratamento fisioterapêutico a curto prazo:

Promover cicatrização da incisão, prevenção e melhora de deformidades, controle de edema

do coto, manter a força do corpo e fortalecer os músculos que controlam o coto, melhora do

equilíbrio, reeducação da marcha, restauração da independência funcional e tratar a dor no

membro fantasma, afirmado por vários autores (O`SULLIVAN & SCHMITZ, 1998;

THOMSON, 2002; CARVALHO, 2003 e PASTRE et al, 2005) foram alcançadas.

O menor ao final do tratamento mostrava-se bastante independente, realizando todas

as suas atividades de vida diária, isto é de grande relevância porque de acordo com o que diz

CATARINA & PINTO (2006), a visão da sociedade sobre a pessoa portadora de deficiência

física é alterada drasticamente quando essa pessoa demonstra independência para as

atividades de vida diária, pois vai de encontro ao preconceito social existente relacionado ao

peso social e financeiro que o portador de deficiência acarreta para a sociedade. Isto é, uma

vez demonstrando independência, o indivíduo apresenta capacidade ou potencial para exercer

seu papel social e produtivo perante a sociedade.

Page 50: Estudo de Caso de Tratamento Fisioterapeutico de Uma Crianca No Processo de Pre Protetizacao Trans Tibial

50

5. CONCLUSÃO

O presente estudo sugere que o tratamento fisioterapêutico traz a criança amputada

melhorias fundamentais, pois a partir do mesmo houve à melhora e ganho da amplitude de

movimento, força muscular, equilíbrio e grau de independência com relação às atividades de

vida diária.

Este estudo contribuiu imensamente para o conhecimento das pesquisadoras, no

sentido de termos colocado em prática os conhecimentos adquiridos no decorrer da vida

acadêmica. Além de ter oferecido a oportunidade de tratamento fisioterapêutico a uma criança

amputada que, em Belém, a demanda no geral é grande, mas faltam profissionais capacitados

para atendê-las.

Desta forma, espera-se que novas pesquisas sejam realizadas levando em consideração

uma amostra maior de amputados, visto que as pesquisas locais sobre o assunto são escassas.

E também um tempo maior de intervenção fisioterapêutica, pois um curto tempo não permite

alcançar os máximos benefícios da reabilitação em criança amputada a nível

transtibial.Buscamos tornar efetivo o programa de reabilitação, possibilitando o retorno ao

estilo de vida que o menor possuía antes da amputação.

Page 51: Estudo de Caso de Tratamento Fisioterapeutico de Uma Crianca No Processo de Pre Protetizacao Trans Tibial

51

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Reabilitação. Rio de Janeiro, Atheneu, 2002.

BELANGERO, W.D. et al. Amputação dos membros inferiores na criança. Relato e experiência em 21 casos. Acta Ortop Brás, 9(3) - JUL/SET, 2001. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-78522001000300002&lng=pt . Acesso em 20 de Setembro 2007.

BOCOLINI, F. Reabilitação: amputados, amputações e próteses. 2 ed. São Paulo: Robe editorial, 2000.

BRANDÃO, ML. et al. Fisioterapia no pós-operatório de amputação de membro inferior por doença arterial obstrutiva crônica. Revista de Angiologia e Cirurgia Vascular, 2003.

CARVALHO, José André. Amputações de membros inferiores: em busca da plena reabilitação. 2.ed. São Paulo: Manole, 2003.

CATARINA, A & PINTO, E. Tratamento fisioterapêutico em pacientes amputados a nível transfemoral na fase pré – protética. Trabalho de Graduação. Belém 2006.

GAMBA, M. et al. Amputações de extremidades inferiores por diabetes mellitus: estudo de caso-controle. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v.38, n.3, p.399-404, junho 2004.

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HISLOP, H.J. & MONTGOMERY. Provas de Função Muscular. 6.ed. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 1996.

KISNER, C. & COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 3 ed. São Paulo: Manole, 1998.

LIANZA, Sergio. Medicina de reabilitação. 3.ed.Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2001.

LUCCIA, N. Reabilitação pós-amputação. Angiologia e cirurgia vascular: Guia ilustrado. Maceió, 2003. Disponível em: www.lava.med.br/livro.

MEYER, B. et al. Estudo dos efeitos do tratamento fisioterapêutico ambulatorial de amputados de membros inferiores. Revista de Fisioterapia UNICID, São Paulo, v.2,n.2,p.101-109, jul./dez.2003.

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52

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PINTO, MAGS. et al. Ponte óssea na amputação transtibial. Revista Brasileira de Ortopedia, São Paulo, v. 33, n.7, p.525-531, Julho 2000.

THOMSON, Ann; SKINNER, Alison; PIERCY, Joan. Fisioterapia de Tidy. 12.ed. São Paulo:Santos Livraria,2002.

Page 53: Estudo de Caso de Tratamento Fisioterapeutico de Uma Crianca No Processo de Pre Protetizacao Trans Tibial

53

APÊNDICES

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54

APÊNDICE I - ACEITE DO COMITÊ DE ÉTICA

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55

APÊNDICE II - ACEITAÇÃO DO ORIENTADOR

Eu, Said Kalif, aceito orientar o trabalho de conclusão de curso de autoria da(s) aluna(s) Andreza Cristiane Vilhena Torres, Márcia Girard e Paula Cardoso, declarando ter total conhecimento das normas de realização de Trabalhos Científicos vigentes, segundo a ABNT que será adotado pelo curso de Fisioterapia da UNAMA, estando inclusive ciente da necessidade de minha participação na elaboração do projeto de pesquisa, bem como na banca examinadora por ocasião da defesa do trabalho.

Belém, 7 de Fevereiro de 2007.

________________________________________

Orientador: Said Kalif

___________________________________

Orientanda: Andreza Torres

__________________________________

Orientanda: Márcia Girard

__________________________________

Orientanda: Paula Cardoso

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56

APÊNDICE III – ACEITE DA CLÍNICA ESCOLA DA UNAMA

Page 57: Estudo de Caso de Tratamento Fisioterapeutico de Uma Crianca No Processo de Pre Protetizacao Trans Tibial

57

APÊNDICE IV - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

PROJETO: “ESTUDO DE CASO DE TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO DE UMA CRIANÇA NO PROCESSO DE PRÉ – PROTETIZAÇÃO TRANSTIBIAL”.

A pesquisa constará de um estudo de caso do paciente ACL, 8 anos, sexo masculino, solteiro,

residente temporariamente no bairro do Guamá - Pará e que encontra-se no acervo de pacientes da FISIOCLINICA, a Clinica

Escola da Universidade da Amazônia. Tendo como objetivo verificar a importância da orientação e

atendimento de fisioterapia ao paciente no processo de pré - protetização transtibial,

melhorando desta forma a formação do coto, bem como a condição da pele deste coto,

aumentando o condicionamento cardio – pulmonar, promovendo um amadurecimento do

equilíbrio estático e dinâmico, e principalmente mostrando aos serviços de saúde a

importância do fisioterapeuta na equipe multiprofissional.

O paciente passará por uma prévia avaliação físico – funcional, e receberá orientações das atividades de vida

diária, treinamento de enfaixamento do coto e atendimento fisioterápico diário (Segunda a Sexta), com um total de 20 sessões

e será reavaliado no inicio e final do tratamento.

É importante ressaltar você não terá prejuízos quanto a seu tratamento

clínico.

Os autores pedem permissão e autorização a você (ou ao responsável), para que

participe da pesquisa. Assim sendo os autores comprometem-se a manter as informações

colhidas neste trabalho em sigilo absoluto, preservando o nome, imagem e quaisquer dados

que direta ou indiretamente possam identificá-lo; apenas os autores deste estudo poderão ter

acesso direto aos dados. Informa-se também que a sua participação no projeto depende,

sobretudo, de sua livre escolha, sem que para isso seja oferecido a você nenhum tipo de

remuneração pela participação no estudo.

Por parte dos pesquisadores ou instituição envolvida, também lhe é garantida a

retirada deste consentimento em qualquer fase do trabalho, sem prejuízo ao seu tratamento, se

assim o achar necessário. O pesquisador responsável (Professor Said Kalume Kalif), e as

orientandas (Acadêmicas de Fisioterapia da UNAMA: Andreza Cristiane Vilhena Torres,

Márcia Cristina Girard Figueiredo e Paula Cardoso da Silva), estarão a sua disposição para

esclarecer qualquer dúvida que venha surgir.

Desde já agradecemos sua atenção e colaboração dada para a realização desta

pesquisa.

Eu, _______________________________________________, portador da Cédula de

identidade RG______________________, e inscrito no

Page 58: Estudo de Caso de Tratamento Fisioterapeutico de Uma Crianca No Processo de Pre Protetizacao Trans Tibial

58

CPF/MF________________________, responsável pelo menor

______________________________________________, portador da cédula de identidade

RG _______________________, concordo de livre e espontânea vontade a participação como

voluntário(a) do estudo “Estudo de Caso de Tratamento Fisioterapêutico de uma criança no

processo de Pré – Protetização Transtibial”, e declaro que obtive todas as informações

necessárias, bem como todos os eventuais esclarecimentos quanto às dúvidas por mim

apresentadas.

Estou ciente que:

I) Possuo a liberdade de desistir ou de interromper a colaboração neste estudo no

momento em que desejar, sem necessidade de qualquer explicação;

II) Possuo a liberdade de não responder a todas as perguntas realizadas no questionário de

avaliação; III) Para participar de todos os atendimentos deverei estar devidamente trajado(a) com roupa apropriada e descalço(a);

IV) Há risco na pesquisa, porém é mínimo, e que caso ocorra alguma intercorrência no momento do atendimento serei

encaminhado ao médico da própria instituição; V) Os dados colhidos no estudo serão mantidos em sigilo, mas concordo que sejam divulgados

em publicações científicas, desde que os meus dados pessoais não sejam mencionados;

VI) Caso eu desejar, poderei pessoalmente tomar conhecimento dos resultados, ao final

desta pesquisa.

( ) Desejo conhecer os resultados desta pesquisa.

( ) Não desejo conhecer os resultados desta pesquisa.

Belém, ____ de _______________ de 2007

_________________________________________

Participante ou Responsável

_______________________________________

Orientador: Said Kalume Kalif

Tel: 8142-2784

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59

____________________________________

Orientanda: Andreza Torres

Tel: 8157-8172

_____________________________________

Orientanda: Márcia Girard

Tel: 8801-4008

_____________________________________

Orientanda: Paula Cardoso

Tel:8159-7432

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APÊNDICE V -PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO FISICO - FUNCIONAL NOME: ________________________________________________________ IDADE:__________________ SEXO: ____________________ PESO:___________________ ALTURA:_________________ TELEFONE:______________ DATA DA AVALIAÇÃO:____________ ETIOLOGIA:____________________________________________________ MEMBRO INFERIOR AMPUTADO: DIREITO ( ) ESQUERDO ( )

1- AVALIAÇÃO DO COTO

1.1- COTO DE FORMA CÔNICA? SIM ( ) NÃO ( ) 1.2- APRESENTA EDEMAS? SIM ( ) NÃO ( ) 1.3- CICATRIZAÇÃO CORRETA? SIM ( ) NÃO ( ) 1.4- SENTE DOR FANTASMA? SIM ( ) NÃO ( ) 1.5- REFERE DOR A PALPAÇÃO? SIM ( ) NÃO ( ) 1.6- EXCESSO DE PARTES MOLES SIM ( ) NÃO ( ) 1.7- PRESENÇA DE ESPÍCULAS ÓSSEAS SIM ( ) NÃO ( ) 1.8- CIRCUNFERÊNCIA DO COTO _______________

2-PERIMETRIA

2.1- COXA DIREITA: (5 cm)______ (10 cm)______ (15 cm)_______ 2.2- COXA ESQUERDA: (5 cm)______ (10cm)______ (15 cm)_______ 2.3- PERNA DIREITA: (3 cm)______ (6 cm)______ (9 cm)_______ 2.4- PERNA ESQUERDA: (3 cm)______ (6 cm)______ (9 cm)_______

3- GONIOMETRIA

3.1-COXA DIREITA: FLEXÃO:________________ EXTENSÃO:______________ ABDUÇÃO:______________ ADUÇÃO:________________ 3.2- COXA ESQUERDA: FLEXÃO: ________________ EXTENSÃO:______________ ABDUÇÃO: ______________ ADUÇÃO: ________________

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61

3.3- PERNA DIREITA: FLEXÃO: ________________ EXTENSÃO: ______________ 3.4- PERNA ESQUERDA: FLEXÃO: ________________ EXTENSÃO:______________

4-FORÇA MUSCULAR: (GRAU 0 A GRAU 5) 4.1- COXA DIREITA: FLEXÃO:________________ EXTENSÃO:______________ ABDUÇÃO:______________ ADUÇÃO:________________ 4.2- COXA ESQUERDA: FLEXÃO: ________________ EXTENSÃO: ______________ ABDUÇÃO: ______________ ADUÇÃO: ________________ 4.3- PERNA DIREITA: FLEXÃO: ________________ EXTENSÃO: ______________ 4.4- PERNA ESQUERDA: FLEXÃO: ________________ EXTENSÃO: ______________

5- AVALIAÇÃO DO EQUILIBRIO ESTÁTICO 5.1- EQUILIBRIO EM PÉ: ( ) BOM ( ) REGULAR ( ) MAU ( )SEM EQUILIBRIO 5.2 – EQUILIBRIO EM PÉ COM APOIO: ( ) BOM ( ) REGULAR ( ) MAU ( )SEM EQUILIBRIO

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62

ANEXO

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63

ANEXO A

AMPLITUDES MÉDIAS DE MOVIMENTO DAS EXTERMIDADES

INFERIORES EM GRAUS, DE ACORDO COM KENDALL E MCCREARY.

Articulação Movimento Grau

Quadril Flexão

Extensão

Abdução

Adução

Rotação Lateral

Rotação Medial

0-125

0-10

0-45

0-10

0-45

0-45

Joelho Flexão

Extensão

0-140

0-140

Tornozelo Dorsiflexão

Flexão Plantar

Inversão

Eversão

0-20

0-45

0-35

0-20

Fonte: NORKIN, C.C. & WHITE, D. J. Medida do movimento articular: manual de goniometria. 2 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.