Estudo de Caso Burocracia

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Estudo de caso: Você vai se aposentar? Há dez anos, Joana resolveu se aposentar. Havia trabalhado durante 31 anos, sendo 23 em um banco e em uma empresa de serviços, e tinha os registros desses empregos em sua carteira profissional. Quando estava perto de cumprir o tempo de serviço previsto para aposentadoria, Joana foi buscar informações sobre como deveria proceder, e foi informada de que, em seu caso, o processo seria muito rápido, pois seus dois únicos empregos estavam com os registros adequados e a contagem de tempo seria imediata, sem burocracia. Mas não foi isso que aconteceu... Ao decidir se aposentar, Joana dirigiu-se a uma das agências da Previdência Social. Era preciso fazer um agendamento do atendimento, acertado para dali a 15 dias. No entanto, antes da data prevista, os funcionários da Previdência entraram em greve com uma paralisação que durou meses. Quando acabou a greve, havia uma série de serviços em atraso, e os serviços essenciais foram então priorizados, como licença gestante e licença saúde. Joana foi à agência diversas vezes durante sete meses. Já estava desolada. Em uma dessas visitas, um dos funcionários da agência lhe mostrou um cubículo, com cerca de quatro metros quadrados de área, que continha caixas e mais caixas de processos; o funcionário lhe disse que seu processo era um daqueles e que não havia data certa para sua análise. O que era um sonho esperado acabou se transformando em um pesadelo! Acontece que Joana não era mulher de ‘ficar parada’. Estava se aposentando com pouco mais de quarenta anos e tinha qualificação para conseguir outro emprego. Assim, enquanto esperava pela aposentadoria, Joana começou uma nova trajetória de carreira que havia escolhido para sua maturidade. Ao mesmo tempo em que trabalhava oito horas por dia em uma empresa de serviços, à noite dava aulas em uma faculdade privada. O novo trabalho lhe exigia muita energia, mas ao mesmo tempo a mantinha sempre atualizada, pois vivia em contato com jovens universitários. Como dizia um amigo seu: “Todos os anos os professores ficam um ano mais velhos, mas os alunos têm a mesma idade!”. Foram dois anos estafantes, com duas jornadas de trabalho diárias que, somadas, iam das 8 horas da manhã às 10 horas da noite. Até que, finalmente, Joana recebeu uma notificação da Previdência Social de que sua aposentadoria havia sido liberada! Após mais algumas visitas à agência, exigência de alguns documentos, preenchimento de formulários e pagamentos de algumas taxas. Joana conseguiu se aposentar. Poucos anos mais tarde, houve uma mudança nas regras para liberação do Fundo de Garantia de Serviço (FGTS). Foi autorizado o saque do Fundo para aqueles profissionais que continuarem trabalhando, após se aposentarem, no mesmo que tinham antes. Esta era a situação de Joana, que tinha valores do FGTS recolhido após a aposentadoria em seu emprego como professora. A possibilidade de sacar esse montante de dinheiro vinha em boa hora, pois ela estava fazendo alguns investimentos e esse dinheiro poderia complementar o valor necessário.

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Page 1: Estudo de Caso Burocracia

Estudo de caso: Você vai se aposentar?

Há dez anos, Joana resolveu se aposentar. Havia trabalhado durante 31 anos, sendo 23 em um banco e em uma empresa de serviços, e tinha os registros desses empregos em sua carteira profissional. Quando estava perto de cumprir o tempo de serviço previsto para aposentadoria, Joana foi buscar informações sobre como deveria proceder, e foi informada de que, em seu caso, o processo seria muito rápido, pois seus dois únicos empregos estavam com os registros adequados e a contagem de tempo seria imediata, sem burocracia. Mas não foi isso que aconteceu...

Ao decidir se aposentar, Joana dirigiu-se a uma das agências da Previdência Social. Era preciso fazer um agendamento do atendimento, acertado para dali a 15 dias. No entanto, antes da data prevista, os funcionários da Previdência entraram em greve com uma paralisação que durou meses. Quando acabou a greve, havia uma série de serviços em atraso, e os serviços essenciais foram então priorizados, como licença gestante e licença saúde. Joana foi à agência diversas vezes durante sete meses. Já estava desolada. Em uma dessas visitas, um dos funcionários da agência lhe mostrou um cubículo, com cerca de quatro metros quadrados de área, que continha caixas e mais caixas de processos; o funcionário lhe disse que seu processo era um daqueles e que não havia data certa para sua análise. O que era um sonho esperado acabou se transformando em um pesadelo!

Acontece que Joana não era mulher de ‘ficar parada’. Estava se aposentando com pouco mais de quarenta anos e tinha qualificação para conseguir outro emprego. Assim, enquanto esperava pela aposentadoria, Joana começou uma nova trajetória de carreira que havia escolhido para sua maturidade. Ao mesmo tempo em que trabalhava oito horas por dia em uma empresa de serviços, à noite dava aulas em uma faculdade privada. O novo trabalho lhe exigia muita energia, mas ao mesmo tempo a mantinha sempre atualizada, pois vivia em contato com jovens universitários. Como dizia um amigo seu: “Todos os anos os professores ficam um ano mais velhos, mas os alunos têm a mesma idade!”.

Foram dois anos estafantes, com duas jornadas de trabalho diárias que, somadas, iam das 8 horas da manhã às 10 horas da noite. Até que, finalmente, Joana recebeu uma notificação da Previdência Social de que sua aposentadoria havia sido liberada! Após mais algumas visitas à agência, exigência de alguns documentos, preenchimento de formulários e pagamentos de algumas taxas. Joana conseguiu se aposentar.

Poucos anos mais tarde, houve uma mudança nas regras para liberação do Fundo de Garantia de Serviço (FGTS). Foi autorizado o saque do Fundo para aqueles profissionais que continuarem trabalhando, após se aposentarem, no mesmo que tinham antes. Esta era a situação de Joana, que tinha valores do FGTS recolhido após a aposentadoria em seu emprego como professora. A possibilidade de sacar esse montante de dinheiro vinha em boa hora, pois ela estava fazendo alguns investimentos e esse dinheiro poderia complementar o valor necessário.

Entretanto, para efetuar esse saque, Joana deveria dirigir-se a uma das agências da Previdência Social para solicitar a emissão de uma certidão específica para levantamento do Fundo. Então, um dia Joana toma coragem e vai a uma das agências próximas à sua casa. Pega uma senha de atendimento e aguarda sua vez. Trinta e cinco minutos mais tarde, Joana fica sabendo que poderia ter solicitado o documento diretamente em sua residência, pela Internet. Ela não acredita no que houve! A Previdência se modernizara e a burocracia parecia coisa do passado! Entretanto, foi informada de que, apesar dessa possibilidade, o documento não seria emitido imediatamente: demoraria 15 dias para chegar à sua residência, pelo correio. Aliás, Joana fica sabendo que outros serviços prestados pela Previdência também poderiam ser feitos pela Internet, mas para alguns deles havia necessidade de uma senha apenas liberada pessoalmente ao segurado. Os procedimentos burocráticos, nesses casos, são adotados para evitar fraudes no sistema. Joana pensa consigo: “Dessa vez a burocracia está a favor da gente!”

Questões:1. Faça uma pesquisa no site da web da Previdência Social e identifique em quais serviços a

burocracia ajuda aos segurados. Justifique sua resposta.2. Identifique, dentre as empresas prestadoras de serviços com que você entra em contato, alguma que

tenha estrutura semelhante à da Previdência Social; aponte os pontos fortes e fracos dessa estrutura.3. Como é o processo de compra de ingressos para um show ou teatro pela Internet? Há burocracia

nesse processo? Justifique sua resposta.