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PAULA MAEHLER ESTUDO DAS SOBRECARGAS POSTURAIS EM ACADÊMICOS DE ODONTOLOGIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE – CASCAVEL Cascavel 2003

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PAULA MAEHLER

ESTUDO DAS SOBRECARGAS POSTURAIS EM ACADÊMICOS DE ODONTOLOGIA DA UNIVERSIDADE

ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE – CASCAVEL

Cascavel 2003

PAULA MAEHLER

ESTUDO DAS SOBRECARGAS POSTURAIS EM ACADÊMICOS DE ODONTOLOGIA DA UNIVERSIDADE

ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE – CASCAVEL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus Cascavel, para obtenção do Título de graduado em Fisioterapia. Orientador: Celeide A. Peres

Cascavel 2003

PAULA MAEHLER

ESTUDO DAS SOBRECARGAS POSTURAIS EM ACADÊMICOS DE ODONTOLOGIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO

PARANÁ – UNIOESTE DA CIDADE DE CASCAVEL

BANCA EXAMINADORA

............................................................................................

Profª. Mestre Celeide P. A. Peres – Orientadora

............................................................................................

Prof°. Mestre José Muhamed Vilagra

............................................................................................

Profª. Mestre Marilú Mattei Martins

Aprovada _______/______/______ em Cascavel.

“No nosso corpo estão as marcas da nossa história, do nosso esforço, de nossas perdas

e de nossas vitórias. Assim, o ser humano é o seu corpo e não apenas tem um corpo”.

“Os homens passam, as descobertas científicas permanecem e a história trata de

registrá-las”.

Munhoz.

Dedico este trabalho aos meus pais, Norivaldo Maehler e Edelzina Maehler que me

conduziram à vida com amor, dignidade e paciência.

Ao meu amigo Joel Basso que permeou este trabalho com carinho e incentivo.

Ao Dirceu Barbosa, uma pessoa especial.

As minhas colegas de estágios, principalmente a Grasiele Soares de Oliveira pelo

apoio e compreensão.

AGRADECIMENTOS

À Porfª. Celeide A. Peres, pela orientação na elaboração e conclusão deste trabalho.

Ao Diretor da Clínica de Odontologia da Unioeste e aos Professores do curso, pela

atenção e colaboração.

Aos Acadêmicos do 5° ano de graduação do curso de Odontologia da Unioeste, pelo

interesse e colaboração.

Aos Professores e acadêmicos do curso de Fisioterapia da Unioeste, que de alguma

forma contribuíram de maneira relevante à conclusão do trabalho.

RESUMO

TÍTULO: ESTUDO DAS SOBRECARGAS POSTURAIS EM ACADÊMICOS DE

ODONTOLOGIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ –

UNIOESTE – CASCAVEL

AUTORA: Paula Mehler. ORIENTADOR: Profª Celeide Aguiar Peres.

As dores e os problemas posturais sempre foram motivos de muitas reclamações

por parte dos cirurgiões-dentistas. Atualmente com os equipamentos mais

ergonômicos muitos dos problemas diminuíram, mas mesmo assim, ainda há

dificuldades de se evitar os problemas posturais. Pretendeu-se nesse estudo

verificar e descrever a prevalência de distúrbios posturais decorrentes da sobrecarga

de atendimento e postura que acometem os acadêmicos de graduação do curso de

Odontologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste, bem como

verificar as posturas mais constrangedoras e os procedimentos que causam maior

desconforto para o profissional desde a fase acadêmica, observar os locais das

dores ou desconfortos físicos referidos pelos acadêmicos, verificar os hábitos

posturais, assim como analisar as possíveis causas das algias referidas. A pesquisa

foi do tipo descritiva de campo e a população constitui-se de 21 acadêmicos de

odontologia que atuam na Clínica Escola de Odontologia da Unioeste em Cascavel

(PR) e cursam o 5° ano de graduação. Como instrumento de estudo foi utilizado um

questionário contendo 43 questões abertas e fechadas aplicado individualmente aos

acadêmicos. Os dados foram tratados por estatística descritiva, com utilização de

tabelas de freqüência e gráficos. Constatou-se através da análise dos resultados

que todos os acadêmicos que participaram da pesquisa apresentam ou já

apresentaram algum desconforto decorrente da atividade profissional, que as dores

na maioria dos casos aparecem por volta do quarto ano de curso, sendo que a

coluna cervical é a região corporal mais acometida pelas algias e que a má postura é

a principal causa do desconforto na opinião dos acadêmicos.

Palavras-chave: postura corporal, sobrecarga postural, procedimentos odontológicos

ABSTRACT

TITLE: I STUDY OF THE SOBRECARGAS POSTURAIS IN ACADEMICS OF

DENTISTRY OF THE STATE UNIVERSITY OF THE WEST OF PARANÁ -

UNIOESTE – RATTLESNAKE

AUTHOR: Paula Mehler. GUIDING: Profª Celeide Aguiar Peres.

The pains and the problems posturais were always reasons of a lot of complaints on

the part of the surgeon-dentists. Now with the most ergonomic equipments many of

the problems decreased, but even so, there are still difficulties of avoiding the

problems postures. It was intended in that study to verify and to describe the prevail

of disturbances current postures of the service overload and posture that attack the

academics of graduation of the course of Dentistry of the State University of the West

of Paraná - Unioeste, as well as to verify the most constraining postures and the

procedures that cause larger discomfort for the professional from the academic

phase, to observe the places of the pains or physical discomforts referred by the

academics, to verify the habits postures, as well as analyzing the possible causes of

the referred pain. The research was of the type descriptive of field and the population

is constituted of 21 academic of dentistry that act at the Clinical School of Dentistry of

Unioeste in Rattlesnake (PR) and they study the 5° year of graduation. As study

instrument was used a questionnaire containing 43 open and closed subjects applied

the academics individually. The data were treated by descriptive statistics, with use of

frequency tables and graphs. It was verified through the analysis of the results that all

the academics that participated in the research present or they already presented

some discomfort due to the professional activity, that the pains in most of the cases

appear about the fourth year of course, and the cervical column is the corporal area

more attacked by the pain and that the bad posture is the main cause of the

discomfort in the academics' opinion.

Word-key: body posture, overload posture, procedures dentistry

SÚMARIO

RESUMO........................................................................................................................07

ABSTRACT....................................................................................................................08

LISTA DE FIGURAS......................................................................................................11 LISTA DE TABELAS.......................................................................................................12 LISTA DE ANEXOS........................................................................................................13 LISTA DE ABREVEATURAS..........................................................................................14 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................15

1.2 PROBLEMA DA PESQUISA.................................................................................17

1.3 OBJETIVOS..........................................................................................................19

1.3.1 GERAL ...........................................................................................................19

1.3.2 ESPECÍFICOS ...............................................................................................19

1.4 JUSTIFICATIVA....................................................................................................20

1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ...............................................................................21

1.6 PERGUNTA..........................................................................................................21

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................................22

2.1 POSTURA CORPORAL .......................................................................................22

2.1.1 POSTURA EM PÉ..........................................................................................23

2.1.2 POSTURA SENTADA....................................................................................24

2.2 ASPECTOS BIOMECÂNICOS DA POSTURA .....................................................25

2.2.1. ANATOMOFISIOLOGIA DA POSTURA SENTADA......................................26

2.2.1.1 MEMBROS SUPERIORES NA POSTURA SENTADO............................29

2.2.2 SOBRECARGAS POSTURAIS RELACIONADOS AO TRABALHO

SENTADO...............................................................................................................31

2.2.3 DISTÚRBIOS POSTURAIS RELACIONADOS AO TRABALHO....................32

2.2.3.1 DOR.........................................................................................................33

2.2.3.2 CERVICALGIA TENSIONAL ...................................................................36

2.2.3.3 LOMBALGIAS..........................................................................................36

2.2.4 POSTURAS ADOTADAS NO TRABALHO ODONTOLÓGICO......................38

2.3 CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE PROFISSIONAL........................................40

3 METODOLOGIA..........................................................................................................42

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA....................................................................42

3.2 POPULAÇÃO .......................................................................................................43

3.3 AMOSTRA............................................................................................................43

3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS...........................................................43

3.5 COLETA DE DADOS............................................................................................44

3.6 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS PARA A COLETA DE DADOS..........................45

3.7 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO POSTURAL ............................................................45

3.7.1 MÉTODO MRI................................................................................................45

3.7.2 MÉTODO RULA.............................................................................................46

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................48

4.1 ANÁLISE E DISCUSSÃO DO QUESTIONÁRIO ..................................................48

4.2 ANÁLISE DO MÉTODO RULA .............................................................................54

CONCLUSÕES ..............................................................................................................56

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................................59

ANEXOS..........................................................................................................................62

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Lordose lombar na postura sentada e em pé........................................27

FIGURA 2 – Atrito entre tendão e ligamento pelo afastamento do braço..................29

FIGURA 3 – Conseqüências do afastamento do braço maior que 60°......................29

FIGURA 4 – Porcentagem de incidência de dor causada na postura de trabalho

sentada.......................................................................................................................33

FIGURA 5 – Esquema gráfico ISO/FDI......................................................................39

FIGURA 6 – Horas dispendidas ao atendimento na Clínica Escola de Odontologia da

Unioeste.....................................................................................................................48

FIGURA 7 – Procedimentos de maior queixa de desconforto....................................49

FIGURA 8 – Posturas adotadas pelos acadêmicos durante atendimento na Clínica

Escola de Odontologia da Unioeste...........................................................................50

FIGURA 9 – Posições mais adotadas pelos acadêmicos de Odontologia da Unioeste

durante atendimento segundo Classificação ISSO/FDI.............................................51

FIGURA 10 – Tipos de desconforto referido pelos acadêmicos de Odontologia da

Unioeste após atendimento na Clínica Escola de Odontologia da Unioeste.............51

FIGURA 11 – Locais de dor e desconforto referido pelos acadêmicos relacionados

as atividades na Clínica Escola de Odontologia da Unioeste....................................52

FIGURA 12 – Outras manifstações relatadas pelos academicos de Odontologia da

Unioeste.....................................................................................................................53

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Motivo da não utilização do encosto......................................................53

LISTA DE ANEXOS

ANEXO 1 – Requerimento de Autorização................................................................62

ANEXO 2 – Questionário............................................................................................62

ANEXO 3 – Solicitação de Avaliação Questionário....................................................67

ANEXO 4 – Questionário de Avaliação......................................................................68

ANEXO 5 – Tabela de Avaliação do Questionário.....................................................74

ANEXO 6 – Tabela do MRI........................................................................................75

ANEXO 7 – Planilha do RULA....................................................................................77

ANEXO 8 – Resultado Planilha do RULA..................................................................78

LISTA DE ABREVEATURAS

ISO – Inténacional Standard Organization FDI – Fedération Dentaire Internacionale

MRI – Método de Registro a Intervalos

SNC – Sistema Nervoso Central

RULA – Rapid Upper Limb Assessment (Análise Rápida do Membro Superior)

1 INTRODUÇÃO

A postura pode ser definida como uma posição ou atitude do corpo, o arranjo

relativo das partes do corpo para uma atividade específica, ou uma maneira

característica de alguém sustentar seu corpo (KISNER; COLBY, 1998).

A boa postura é imprescindível para o bem-estar do indivíduo. A estrutura e

função do corpo proporcionam todas as potencialidades para obter e manter a boa

postura (KENDALL; McCREARY; PROVANCE, 1995).

Os padrões culturais da civilização moderna e os avanços tecnológicos

associados às sobrecargas sobre as estruturas básicas do corpo humano para a

realização de atividades cada vez mais especializadas e limitadas, que incitam a

manutenção de posturas por longos períodos, fazem com que se torne necessárias

influências compensatórias de modo a obter a função ideal sob as condições

impostas por esse estilo de vida (KENDALL; McCREARY; PROVANCE, 1995).

Nesse aspecto, segundo Santos e Barreto (2001) a odontologia tem sido

considerada uma profissão “estressante”, sendo freqüentemente associada a

agravos à saúde, tanto de ordem física como psíquica.

A alta incidência de desconfortos posturais nessa classe profissional

relaciona-se com sua tendência para um padrão de atividade especializado e

repetitivo. Estudos sistemáticos sobre os distúrbios músculo-esqueléticos em

cirurgiões dentistas vêm sendo realizados desde a década de 50, e são

responsáveis pelas primeiras propostas de modificações nos processo de trabalho

dos dentistas, inclusive a mudança do trabalho da posição ortostática para a posição

sentada (SANTOS, 2001).

Entretanto, permanecer sentado durante horas a fio, mesmo em atividades

pouco exaustivas, pode causar fadiga, distúrbios circulatórios e dores físicas. E, com

a atenção voltada ao trabalho e concentração na tarefa realizada, cria-se tensões e,

conseqüentemente, fica fácil assumir, com o passar do tempo, posturas que serão

prejudiciais à saúde (CHAFFIN, ANDERSON; MARTIN, 2001).

A correção dessas condições existentes depende da compreensão das

influências de fundo e da implementação de um programa de medidas educacionais

positivas e preventivas. Ambas requerem uma compreensão da mecânica do corpo

e sua resposta às sobrecargas e tensões impostas a ele (KENDALL; McCREARY;

PROVANCE, 1995).

As complexas relações funcionais entre as facetas articulares, articulações

intervertebrais, músculos e sistema nervoso no esqueleto axial constituem um

desafio para o terapeuta em termos de avaliação, análise dos problemas e

desenvolvimento de um programa de exercícios terapêuticos que trate dos mesmos

(KISNER; COLBY, 1998).

Por ser a odontologia uma profissão passível de distúrbios osteomusculares e

posturais, tornam-se de grande relevância o estudo e caracterização do perfil

profissional do odontólogo desde a fase de preparação para a profissão, para que se

possa orientá-los de maneira a prevenir e/ou minimizar os distúrbios posturais

osteomusculares decorrente do trabalho.

1.2 PROBLEMA DA PESQUISA

Inicialmente, os cirurgiões-dentistas trabalhavam utilizando a posição em pé,

ao lado da cadeira com o paciente sentado. Os equipamentos utilizados não

permitiam um bom posicionamento. Os equipos eram fixos e ficavam longe forçando

os cirurgiões-dentistas a realizar inclinações e rotações que influenciavam o

posicionamento correto, levando a problemas de coluna e fadiga. O avanço

tecnológico e os estudos ergonômicos tornaram os equipamentos mais adequados

para a atuação desses profissionais. Com o surgimento do mocho (assento com

encosto destinado ao profissional da odontologia) o dentista passou a trabalhar

sentado, porém ainda de forma incorreta devido a falta de adaptações. As cadeiras

odontológicas antigas não baixavam o suficiente, não permitindo ao cirurgião uma

boa visão e acesso à boca do paciente; não lhes era possível posicionar os

membros inferiores embaixo do encosto, para aproximar-se do paciente; os braços

largos obrigavam os odontólogos a flexionar a coluna dorsal e aumentar a protusão

de cabeça para obter uma melhor visualização. (FLENK, 1989).

Com as mudanças da filosofia de trabalho, a prática odontológica teve grande

desenvolvimento, e o dentista passou da posição de pé ao lado da cadeira para uma

posição sentada. Com o avanço tecnológico, cadeiras mais apropriadas, o mocho

regulável e os equipos mais móveis e bem posicionados diminuíram os problemas,

no entanto, os cirurgiões-dentistas continuam sendo uma população alvo de muitas

dores articulares e musculares, decorrentes das más posturas (GENOVESE, 1991).

O fato de trabalhar sentado não é suficiente para diminuir o desgaste físico da

prática odontológica, pois os esforços do cirurgião-dentista na posição sentado

podem ser maiores, o que torna seus movimentos mais cansativos (GENOVESE,

1991).

Durante seu trabalho, o dentista utiliza grupamentos musculares específicos

para cada movimento. Com a manutenção da tensão nos mesmos, as repetições no

decorrer do trabalho, associado às posturas inadequadas e estresses emocionais,

ocorre fadiga e isquemia muscular localizada e, conseqüentemente, o recrutamento

de músculos acessórios para auxiliar na realização das tarefas, o que proporciona

um aumento do quadro álgico (OLIVEIRA, 1998).

Segundo Viel e Esnault (2000) as lombalgias e cervicalgias são conhecidas

pelas pessoas que permanecem longo tempo sentadas. Figlioli e Porto (1986)

referem que as dores nas costas, decorrentes da má postura sentada, são as

queixas de um grande número de cirurgiões-dentistas em todo o mundo. Estudos

sobre a sua incidência têm revelado que um terço dos profissionais em exercício,

sofrem de dores na região lombar e que um, entre dois dentistas, tem patologias na

coluna lombar relacionados com o trabalho.

Santos e Barreto (2001) referem em seu estudo que os profissionais

odontólogos estão entre os primeiros em afastamentos do trabalho por incapacidade

temporária ou permanente.

Para Figlioli (1987) no trabalho sentado, é fundamental que o dentista

mantenha a postura ergonomicamente correta, ou seja, deve trabalhar com as

costas relativamente retas e apoiadas no encosto do mocho; as coxas paralelas ao

chão e formando um ângulo de 90o (graus) com as pernas; os pés apoiados no

chão; manter os cotovelos junto ao corpo ou apoiados em local que esteja no

mesmo nível; a cabeça ligeiramente inclinada para frente; a distância entre os olhos

do dentista e a boca do paciente deve ser de aproximadamente 30 a 40cm e

posicionar o apoio de cabeça do paciente para baixo, nos trabalhos realizados na

maxila e para cima, na mandíbula.

De acordo com Kapandji (1980) pesquisas ortopédicas têm comprovado a

relação entre a postura sentada e o aumenta a pressão intradiscal, o que imprime

que esta postura está associada a um aumento do desconforto e alterações do disco

e da coluna. Estudos afirmam também que o mocho adequado deve ter um apoio

para as costas na região lombar. Ainda, as posturas corporais viciosas, pois no

exercício de sua profissão, o cirurgião-dentista adota uma mesma posição corporal

durante a maior parte da jornada de trabalho, normalmente a postura sentada, e as

exigências visuais, as posições rígidas das mãos e os esforços repetitivos que

implicam em posições contraídas, acarretam distúrbios posturais na porção superior

do corpo (pescoço, ombros, braços e mãos).

Dados obtidos por Santos (2001) em uma pesquisa realizada em Belo

Horizonte, Minas Gerais, investigando a atividade ocupacional e prevalência de dor

osteomuscular em Cirurgiões dentistas, constatou a prevalência de 58% de dor no

segmento superior, 22% no braço, 21% na coluna, 20% no pescoço e 17% no

ombro, sendo que 26% relataram dor diária e 40% moderada/forte.

Mesmo com o avanço tecnológico e ergonômico, que vem em socorro da

profissão, o exagero nas horas de trabalho e a predisposição idiopática de cada

indivíduo a certos tipos de degenerações esqueléticas que comprometem a coluna,

colocam esses profissionais em situações que geram desconforto. Por isso, torna-se

imprescindível uma melhor preparação dos mesmos para as sobrecargas físicas

diárias.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 GERAL

Verificar a incidência de sobrecargas posturais em acadêmicos de

odontologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) decorrentes

da prática de atividade clínica durante sua formação profissional, passíveis de

causar distúrbios álgicos.

1.3.2 ESPECÍFICOS

Identificar os procedimentos clínicos dos acadêmicos do curso de

odontologia da Unioeste que produzem maior incidência de dor.

Identificar as posturas constrangedoras na atividade prática

odontológica na posição sentada dos acadêmicos do curso de

odontologia da Unioeste.

Analisar os eventos posturais de maior freqüência na prática

odontológica que possam estar interferindo nas posturas dos

acadêmicos do curso de odontologia da Unioeste.

1.4 JUSTIFICATIVA

Hábitos posturais inadequados, como os impostos pela atividade estática e

prolongada do cirurgião-dentista, agindo sobre o organismo de forma repetitiva, são

capazes de levar a dor e, seus vários mecanismos de defesa, a ações

compensatórias (MUNHOZ, 1995).

Com a permanência numa mesma posição corporal, associada ao trabalho

sedentário, com a utilização exclusiva e sobrecarregada dos membros superiores,

podem gerar alterações significativas no alinhamento corporal, além de apresentar

dor ou desconforto na musculatura mais utilizada. Conseqüentemente há aquisição

de vícios posturais, além de outros problemas que, se não forem prevenidos ou

amenizados, afetam a médio e longo prazo o desempenho do cirurgião-dentista no

dia-a-dia e na saúde (OLIVEIRA, 1998).

Para Genovese e Lopes (1991) e Hamill e Kuntzen (1999) a boa postura

gasta menos energia, proporciona um melhor funcionamento das estruturas e

órgãos, proporcionando um mínimo desgaste das estruturas, seja em ortostatismo

ou sentado. A partir daí, pode-se inferir que estando o corpo, como um todo, em

perfeita harmonia com a força gravitacional, este corpo estará protegido dos

distúrbios que junto venham a prejudicar a sua postura. Conseqüentemente, o

odontólogo terá uma melhor prática da profissão, em virtude de seu bem estar diante

dos equipamentos.

Muitos estudos foram elaborados analisando as posturas e gestos do

profissional durante a realização de procedimentos odontológicos (FIGLIOLI, 1987;

PORTO, 1994). Entretanto, se faz necessário um aprimoramento destes estudos

também em acadêmicos para uma melhor conscientização preventiva, uma

educação precoce dos mesmos de modo a levá-los a novas condições posturais e

melhor desempenho profissional.

Sendo assim, observa-se a importância de se realizar tal estudo, objetivando

verificar os hábitos posturais dos acadêmicos de odontologia, as causas dos

desconfortos físicos e as regiões corporais mais acometidas, com auxílio dos

métodos de análise MRI (Método de Registro a Intervalos) e RULA (Rapid Upper

Limb Assessment – Análise Rápida do Membro Superior).

1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Esta pesquisa delimitou-se em verificar a principais posturas constrangedoras

ocupacionais que acometem os odontólogos na fase acadêmica.

Utilizou-se um questionário com 43 questões, abertas e fechadas, aplicadas

individualmente. Foram questionados 21 acadêmicos de odontologia da Unioeste –

Universidade Estadual do Oeste do Paraná, da cidade de Cascavel, de ambos os

sexos, que atuam na Clínica Escola de Odontologia da mesma, com idade que

variam de 22 a 24 anos.

Realizou-se também a análise das posturas adotadas durante a realização de

procedimentos dos acadêmicos na clínica de odontologia da Universidade. A

escolha dos acadêmicos foi aleatória.

Os dados de posturas foram analisados pelos métodos MRI e RULA.

1.6 PERGUNTA

Quais procedimentos na atividade clínica, durante a formação do acadêmico

de odontologia, levam a distúrbios posturais?

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 POSTURA CORPORAL

Postura é um termo geral definido como uma posição ou atitude do corpo no

espaço, não apenas na posição ereta. É a disposição relativa das partes do corpo

para uma atividade específica, uma maneira característica de sustentar o próprio

corpo (SMITH, WEISS; LEHMKUHL, 1997; MAFFAT; VICKERY, 2002; KISNER;

COLBY, 1998).

É um conceito dinâmico e não estático. Raramente o corpo permanece

parado mais do que alguns momentos e, com freqüência, ele realiza movimento de

grande variedade de extensão e direção. Dessa forma, a posição estática serve para

simplificar e explicar os mecanismos posturais. É considerada correta quando é

utilizada com máxima eficiência e mínimo esforço. Quando uma pessoa apresenta

uma postura não compatível, todo o sistema vertebral e tecidos correlacionados

estarão descompensados, iniciando assim a indução de uma dor e limitação de

movimento (CAILLIET, 1985; GENOVESE; LOPES, 1991).

Portanto, as posturas são usadas para realizar atividades com a menor

quantidade de energia. Assim, postura e movimento são intimamente associados; o

movimento começa em uma postura e pode terminar em outra. Na função normal, os

“pontos” e ajustes posturais são rápidos e automáticos (SMITH, WEISS; LEHMKUHL

1997).

Elas, ainda, têm importantes implicações na saúde e no bem-estar geral de

grande parte do corpo por determinar a quantidade e a distribuição do esforço sobre

os vários ossos, músculos, tendões, ligamentos e discos. A “boa postura” mantém o

esforço em seu mínimo, distribuindo-o para as estruturas mais aptas a suportá-lo. Já

a “má postura” tem efeito contrário, aumentando o estresse total, distribuindo-o para

estruturas menos capazes de suportá-lo (MAFFAT; VICKERY, 2002).

As costas e a região lombar são extremamente sensíveis a boa ou a má

postura. Qualquer má postura coloca as costas e o pescoço em risco de vários

distúrbios. Alguns tipos de má postura também deslocam a escápula, interferindo

com o livre movimento da articulação do ombro; pode provocar dor de curta duração

em uma ou mais áreas; exacerbar algum problema já existente; ser for continuada

ou repetida pode originar dor crônica e graves danos a longo prazo (MAFFAT;

VICKERY, 2002).

2.1.1 POSTURA EM PÉ

A postura correta é o alinhamento vertical do corpo, desde a parte de cima da

cabeça, passando pelo centro do corpo, até a sola dos pés. Pode-se passar uma

linha reta à frente e atrás, que o corpo será dividido ao meio desde a face inferior do

esterno até a metade da distância entre os joelhos e os pés. Na lateral, a linha reta

vai do lobo da orelha ao ombro, passando logo abaixo da articulação do quadril, ou

seja, levemente posterior ao centro da articulação, e na frente das articulações do

joelho e do tornozelo (MAFFAT; VICKERY, 2002).

Na postura ereta em pé, ocorre mais atividade nos eretores da espinha que

em uma atividade em pé relaxada. Na postura relaxada, a maior parte da

responsabilidade pela manutenção da postura é passada para os ligamentos e

cápsulas (HAMILL; KUNTZEN, 1999).

Uma postura relaxada ou inclinada para frente aumenta o estresse sobre os

discos vertebrais. Porém, uma postura totalmente ereta, com a região lombar para

frente, as escápulas para trás e a cabeça empurrada para trás exige atividade

excessiva de todos os músculos da coluna vertebral. Ambas as posturas podem

provocar dor, então, para manter uma posição neutra da coluna vertebral é

necessário conservar a cabeça ereta, com o queixo levemente empurrado para trás,

com um bom alinhamento do quadril, joelhos, tornozelos e pés (MAFFAT; VICKERY,

2002).

2.1.2 POSTURA SENTADA

O modo de vida atual impõe a necessidade de se passar uma grande parte da

jornada sentado em razão de se deslocar em automóveis, de permanecer sentado

durante o trabalho por longos períodos, durante uma parte do tempo de lazer e

todas as refeições. Todavia, a posição sentada foi identificada como um fator de

risco para a coluna vertebral e isto incitou certos terapeutas a aconselhar a “viver o

ritmo das posições sentadas”, interpondo períodos de repouso e marcha entre as

obrigações do trabalho sentado (VIEL; ESNAULT, 2000).

De acordo com os mesmos autores, a lombalgia e a cervicalgia, assim como

insônia e as dispepsias são consideradas “pequenos males” para os quais a

medicina não oferece um tratamento convincente. Por essa razão, saber proteger a

coluna é um conhecimento essencial.

A postura na posição sentada requer menor gasto de energia e impõe menor

carga sobre o membro inferior em comparação com a posição em pé. Contudo,

posições sentadas prolongadas podem ter efeitos prejudiciais sobre a coluna

lombar. Sentar sem suporte é similar a ficar em pé, já que ocorre maior atividade na

região torácica do tronco com poucos níveis de atividade nos músculos abdominais

e psoas (HAMILL; KUNTZEN, 1999).

De acordo com Viel e Esnault (2000) o simples fato de se sentar traz

conseqüências. Sentar-se em uma cadeira tradicional produz uma retificação

acentuada da lordose lombar. Isso provoca uma tensão nos ligamentos da porção

posterior, bem como das fibras posteriores dos discos intervertebrais. Desse modo,

o disco, a nível lombar, é deslocado e submetido à deformação. Já na porção

anterior, os discos se encontram esmagados e essa compressão desencadeia os

efeitos nocivos.

Portanto, a postura sentada correta deve permitir manter as curvaturas das

costas, com a cabeça ereta e o queixo puxado um pouco para trás. Deve-se evitar

uma curva torácica exagerada e queda da cabeça. O encosto deve ser duro,

principalmente se for permanecer por muito tempo nessa posição. Deve-se se

encostar para trás de forma que a região lombar apóie-se no encosto da cadeira. A

altura do assento deve permitir que os pés apóiem-se no solo e que os joelhos

fiquem logo abaixo do nível dos quadris (MAFFAT; VICKERY, 2002).

Ainda de acordo com os mesmos autores, numa visão geral, a postura

sentada poderia ser considerada vantajosa em relação a postura em pé, porque

cansa menos, exige menor gasto energético, diminui os movimentos das pernas,

entre outras vantagens. No entanto, ela sobrecarrega o corpo, principalmente

quando se permanece muito tempo nessa postura e em condições inadequadas.

Vários estudos indicam um aumento do risco de dores lombares e dorsalgias

em indivíduos que trabalham na posição sentada por causa da “fixação postural”, ou

seja, a manutenção da mesma postura por longos períodos de tempo, em que os

movimentos são limitados ou estereotipados (CHAFFIN, ANDERSON; MARTIN,

2001).

Para compreender melhor o que acontece na postura sentada, é preciso

entender o que acontece com a coluna vertebral quando se senta.

2.2 ASPECTOS BIOMECÂNICOS DA POSTURA

A coluna vertebral, também conhecida como coluna dorsal, é uma estrutura

de ossos e cartilagens que se estende da base do crânio à pélvis. Ela protege a

medula espinhal, e dá sustentação e flexibilidade ao tronco e à cabeça. Ou seja,

garante a estabilização da postura ereta do homem e permite os movimentos

necessários do corpo. O maior movimento da coluna ocorre na parte cervical e

lombar (HAMILL; KUNTZEN, 1999).

Uma coluna vertebral bem alinhada passa pelo centro do corpo, desde de trás

da cabeça até o cóccix. Observada lateralmente, a coluna vertebral apresenta três

curvas naturais, possuindo o formato da letra S. A coluna funciona como uma

enorme mola flexível, que permite o movimento, e dura, para dar sustentação ao

corpo. Ela conta com 33 ossos ou vértebras. Os últimos 9 se dividem em dois grupos

que formam o sacro e o cóccix, ossos que formam a base da sua coluna vertebral. O

sacro é uma estrutura triangular formada por 5 vértebras soldadas que apóiam a

coluna e a liga a pélvis. O cóccix é formado por quatro vértebras e não possui função

específica (HAMILL; KUNTZEN, 1999; EMOKA, 2000).

O envelhecimento dos ossos pode levar a desgastes, e estes desgastes

causam alterações nos segmentos da coluna vertebral. A diminuição da qualidade

do tecido do disco intervertebral é provocada por posturas erradas, longos períodos

em pé ou sentado, posição forçada, trabalho com postura inclinada, levantar e

carregar cargas pesadas. A parte mais afetada por essas condutas incorretas é a

coluna lombar (EMOKA, 2000).

Segundo Barros (1991) na posição sentada, os músculos dorsais e ventrais

em maior grau, são os mais requisitados e a superfície de apoio propriamente dita,

são os ísquios, ossos que fazem parte da pelve e se localizam na região glútea.

A postura correta reduz sensivelmente a carga da coluna vertebral. Discos

intervertebrais, tendões, articulações e músculos das costas descarregam o peso

sobre a coluna vertebral, a qual recupera-se melhor na posição deitada. Nesta

posição, o sistema biológico do disco intervertebral relaxa e absorve líquido

aumentando seu volume e melhorando, assim, a sua função de defesa. Desse

modo, alternâncias entre cargas e descargas sobre os discos é a condição para a

saúde da coluna vertebral (HAMILL; KUNTZEN, 1999).

2.2.1. ANATOMOFISIOLOGIA DA POSTURA SENTADA

Em vista lateral, a coluna normal exibe curvaturas fisiológicas de

concavidades anterior (região torácica) e posterior (região cervical e lombar)

(KAPANDJI, 1980).

Na postura sentada, a parte inferior da coluna, a lordose lombar, é reduzida,

sofrendo uma diminuição ou eliminação de sua curvatura fisiológica, tornando-se

reta ou mesmo invertendo-se. Assim, diminui-se o espaço existente na parte da

frente das vértebras e aumenta-se o de trás, forçando o núcleo pulposo, que estava

no centro do disco, para trás (Figura 1) (COURY, 1995).

FIGURA 1 – Lordose lombar na postura sentada e em pé.

FONTE – COURY (1995)

Nessa postura a pressão dentro do disco aumenta em 35%, ocorre um

alongamento das estruturas posteriores da coluna, ligamentos e nervos,

especialmente o nervo espinhal, que submetido à tração, recebe menos sangue

para a sua nutrição, podendo sofrer alterações na sua função. Esse processo ocorre

quando a pelve é roda posteriormente em torno de 10° e a lordose lombar diminui

em média 38°, principalmente quando sem apoio lombar adequado. Quanto menor

for o ângulo entre o tronco e as coxas, maior tenderá a ser a pressão dentro do disco

(RODGHER, COURY; SANDE, 1996; CHAFFIN, ANDERSON; MARTIN, 2001).

As mensurações realizadas por Schoberth (apud VIEL; ESANULT, 2000, p.5)

demonstram que, quando sentado numa superfície horizontal (90°), não se

consegue obter 90° de flexão dos quadris, mas somente 60° e que os 30° restantes

devem ser realizados pela região lombar baixa, daí a retificação da lordose ou o

aparecimento de uma cifose lombar.

Esses fatores, ocasionados pela postura sentada e a ação de se inclinar para

a frente, aparentemente benigna, associados ao processo de envelhecimento e a

permanência na mesma posição por longos períodos de tempo, tem como

conseqüência a pressão intradiscal que pode levar a alterações do disco, como a

hérnia de disco causada por microtraumatismos repetidos, que levam a um aumento

nos elementos fibrosos do anel e uma diminuição do número relativo de elementos

elásticos (SMITH; WEISS; LEHMKUHL, 1997; VIEL; ESNAULT, 2000).

A hérnia de disco sempre foi uma lesão associada a trabalho pesado,

contudo, alguns estudos recentes têm relatado cada vez mais esse distúrbio em

indivíduos que trabalham na postura sentada (VIEL; ESNAULT, 2000).

Além disso, a permanência prolongada nessa postura tende a reduzir a

circulação de retorno dos membros inferiores, promover desconfortos na região do

pescoço, quando este permanecer estático, e nos membros superiores,

principalmente quando são executados movimentos repetitivos ou associados ao

uso de força (CHAFFIN, ANDERSON; MARTIN, 2001).

Coury (1995) aborda algumas conseqüências da postura sentada sobre as

pernas e membros superiores:

Quanto as pernas, o principal problema na postura sentada é a

dificuldade de retorno venoso, que com o passar do tempo leva a uma

diminuição da temperatura nas pernas, sensação de formigamento,

dormência, dor e inchaço. Um indivíduo (sem qualquer problema

circulatório) que trabalha 8 horas por dia, fazendo intervalos normais

para almoço e lanche, chega ao final da jornada de trabalho com um

aumento de até 5 a 7% no volume total de suas pernas.

Quanto aos membros superiores, a postura inadequada, ausência de

descanso, mobília e equipamentos mal projetados, repetição de

movimentos, uso de força excessiva nos movimentos, posturas fixas

por longos períodos, são as principais causas das dores e

desconfortos. Quando se trabalha sentado, existem dois movimentos

do braço que ocorrem com freqüência: o deslocamento do braço para

frente e o deslocamento do braço para o lado; esses movimentos são

prejudiciais quando forem amplos e freqüentes.

2.2.1.1 MEMBROS SUPERIORES NA POSTURA SENTADO

Com relação ao ombro, segundo Coury (1995) a contração muscular estática

prolongada torna os músculos doloridos ou mesmo inflamados, sobrecarregando os

tendões. Se o braço for afastado do corpo, o ligamento córaco-acromial se atrita aos

tendões do ombro que passam entre o osso e o ligamento (Figura 2).

FIGURA 2 – Atrito entre tendão e ligamento pelo afastamento do braço.

FONTE – COURY (1995)

Se o braço for afastado do corpo mais que 60°, num nível acima dos

cotovelos, resulta em abdução dos ombros, com aumento do estresse sobre estas

articulações, assim como sobre os músculos da região dos braços e pescoço. Esse

atrito facilita o aparecimento de tendinites, que podem acometer posteriormente as

bursas, ligamentos e a própria articulação, se os movimentos não cessarem. Os

nervos e vasos sangüíneos também podem ser afetados, dando a sensação de

formigamento e dor que podem ser sentidos localmente ou de forma referida nas

mãos, punhos e coluna (Figura 3). Recomenda-se um ângulo de abdução dos

ombros de 15° a 20° ou menos para trabalhos prolongados (CHAFFIN, ANDERSON;

MARTIN, 2001; COURY, 1995).

FIGURA 3 - Conseqüências do afastamento do braço maior que 60° .

FONTE – COURY (1995)

Os movimentos do cotovelo e punho, extensão ou flexão, particularmente os

do punho, são perigosos, principalmente quando maiores de 25°, por causar atrito

entre os tendões, ligamentos e ossos, que podem levar a dor, dormência,

formigamento e diminuição de movimento. Estes podem ser desencadeados

também pelos movimentos repetitivos de pinça (CHAFFIN, ANDERSON; MARTIN,

2001; COURY, 1995).

Saquy e Pécora (1996) recomendam como ideal, a inclinação média da

coluna vertebral no sentido anteroposterior, justificando que nesta posição é menor o

grau de exigência dos músculos de sustentação e conseqüentemente há menor

fadiga muscular.

Figlioli e Porto (1987) e Chaffin, Anderson e Martin (2001) recomendam que

os pés permaneçam completamente apoiados sobre o solo, distribuindo o peso

uniformemente, reduzindo a carga sobre as nádegas e sobre a região posterior das

coxas, além de manter a posição de equilíbrio. Pois, a pressão aplicada na região

poplítea pode levar a edema das pernas e pressão sobre o nervo ciático.

Aconselham, também, que as coxas devem estar paralelas ao chão e o

ângulo formado entre a perna e as coxas deve estar entre 90° e 120°, pois quanto

mais aumenta essa angulação, maior será a compressão da circulação venosa de

retorno, o que causa desconforto e favorece o aparecimento de varizes nos

membros inferiores. Referem, ainda, que a posição da cabeça do dentista deve ser

ligeiramente inclinada para frente e para baixo, evitando a curvatura excessiva do

pescoço, e a distância média recomendada entre os olhos do profissional e a boca

do paciente deve ser de 30 a 40 cm.

2.2.2 SOBRECARGAS POSTURAIS RELACIONADOS AO TRABALHO SENTADO

Por melhor que seja o posicionamento sentado ele impõe carga biomecânica

significativa sobre os discos intervertebrais, principalmente lombares. Se o trabalho

proporciona pouca movimentação, uma carga estática sobre certos segmentos

corporais é produzida e, mesmo não sendo intensa, se for muito prolongada

associada à inércia músculo-ligamentar causa fadiga (BAÚ, 2002).

Para Chaffin, Anderson e Martin (2001) em geral, a postura de um indivíduo

sentado depende não somente do formato da cadeira, mas também dos hábitos

pessoais de postura e da tarefa a ser desenvolvida, pois, sentar-se corretamente

não é uma atitude contemplada pela nossa cultura e, quando um indivíduo

permanece nesta posição por mais de quatro horas diárias, sua postura poderá

afetar pescoço, ombros e costas, bem como membros inferiores. Além disso, a

altura e a inclinação do assento da cadeira, a posição, forma e inclinação do encosto

e a presença de outros tipos de apoio influenciam na postura. É relevante que a

cadeira permita alterações posturais, pois pequenas mudanças nas dimensões e na

organização do ambiente de trabalho podem mudar, consideravelmente, a postura

ideal e, além disso, não há uma única postura ideal e, mesmo uma postura de

repouso não pode ser mantida indefinidamente.

Um posicionamento que seria correto na posição sentada é a seguinte:

Pescoço com flexão até no máximo de 30o, sendo ideal o alinhamento

com 10o de flexão, onde a musculatura dos olhos está na posição de

menor exigência, evitando atividade lateralizada da cabeça e torções

(ocorre redução do espaço do forame de conjunção pela postura, no

lado da lateralização, provocando dores musculares e, com o tempo

possíveis lesões das articulações intervertebrais);

Ângulo tronco-coxa em torno de 100° a 110o, preferindo utilizar o

encosto do assento, onde reduz significativamente a sobrecarga dos

discos intervertebrais lombares e a tensão sobre cervical e cintura

escapular;

Ângulo coxa-perna em torno de 90° a 120°;

Braços na posição vertical, alinhados ao tronco, formando um ângulo

de 90° a 110o com antebraços, sendo para atividades leves de esforço;

Punho em alinhamento natural com antebraços, evitando flexão ou

extensão extrema, ou seja, variando de 0° a 20o, tanto para flexão

como para extensão – estudos relatam que o ponto neutro do túnel do

carpo é de 10o de flexão (BAÚ, 2002).

2.2.3 DISTÚRBIOS POSTURAIS RELACIONADOS AO TRABALHO

De acordo com Baú (2002) além da predisposição, o hábito de manter

posturas extremas e sua freqüência durante o trabalho levam o indivíduo a

desenvolver certas patologias músculo-esqueléticas, tais como:

Tendinite do Ombro – manutenção de ombros elevados e/ou abduzidos

acima de 45o, onde entra o esforço do músculo supra-espinhoso;

Tendinite do Ombro e Síndrome do Desfiladeiro Torácico – braços

mantidos acima do nível;

Tendinite do Bíceps – antebraços fletidos sobre os braços

acompanhado de posição supina dos antebraços;

Compressão do Nervo Mediano do Túnel do Carpo – extensão mantida

de punho;

Compressão do Nervo Mediano do Túnel do Carpo e Epicondilite

medial – extensão de punho associado à força;

Doença de DeQuervain – desvio do punho na direção ulnar;

Fadiga e Dor no Trapézio – braços mantidos em sustentação;

Tendinite da Face Ventral do Punho – flexão repetitiva dos dedos do

carpo;

Tendinite da Face Dorsal do Punho – extensão do carpo e dedos;

Tendinite dos Finos Tendões Flexores dos Dedos e Nódulos –

compressão mecânica na superfície ventral dos dedos ou carpo.

2.2.3.1 DOR

De acordo com Guyton (1993) a dor é um mecanismo protetor do corpo.

Ocorre sempre que qualquer tecido é lesado, e determina uma reação do indivíduo

para remover o estímulo doloroso.

Entretanto, não existem termos específicos que permitam descrever uma dor,

e a vítima de um desconforto sério é obrigada a lançar mão de analogias

freqüentemente descritivas: dor em queimação, picada, torcer, transfixante,

fulgurante, paralisante etc. sendo a descrição imprecisa (VIEL; ESNAULT, 2000).

Na Figura 4, anatomicamente, estão assinaladas as percentagens de

incidência das dores que afligem indivíduos que trabalham na postura sentada.

Nenhuma parte do corpo escapa de uma incidência menor ou maior de dor quando o

assento não proporciona o devido suporte à estrutura óssea e, associado à postura

incorreta, causa pressão indevida sobre os tecidos moles do corpo interferindo na

circulação sangüínea (VOTELLER, 2002).

FIGURA 4 – Porcentagem de incidência de dor causada na postura de trabalho sentada.

FONTE – Voteller, 2002

A dor é uma qualidade sensorial complexa, freqüentemente não relacionada

ao grau de lesão tecidual. A interpretação da sensação dolorosa envolve não

apenas os aspectos físico-químicas a nocicepção, mas também os componentes

sócio-culturais dos indivíduos e as particularidades do ambiente onde o fenômeno

nociceptivo é experimentado. Para que ocorra é preciso que haja a transformação

dos estímulos ambientais em potenciais de ação que, das fibras nervosas

periféricas, são transferidos para o SNC (Sistema Nervoso Central) (TEIXEIRA,

1994; RANNEY, 2000).

A dor não é devida a estimulação excessiva de todos os nervos sensitivos

presentes, mas ao estímulo de fibras específicas para a dor (SELKURT, 1986).

Os receptores nociceptivos ou receptores da dor são representados por

terminações nervosas livres presentes nas fibras mielínicas finas A-delta e

amielínicas C. De acordo com Ranney (2000) essas pequenas fibras C

desmielinizadas são sensíveis nos tecidos após trauma. Os nociceptores

relacionados com as fibras C respondem a estimulação mecânica, térmica e/ou

química de forma lenta e, os relacionados as fibras A-delta, a estimulação mecânica

e/ou térmica de forma rápida. A atividade dos receptores nociceptivos é modulada

pela ação de substâncias químicas algogênicas, neurotransmissores, (acetilcolina,

prostaglandinas, histamina, serotonina, bradicinina, substância P, entre outras)

liberadas nos tecidos, em decorrência de processos inflamatórios, traumáticos e/ou

isquêmicos. Das substâncias químicas a bradicinina parece ser a mais dolorosa de

todas. Por esta razão, muitos pesquisadores sugeriram que a bradicinina poderia ser

o agente individual mais responsável por provocar o tipo de dor de lesão tecidual

(TEIXEIRA, 1994; RANNEY, 2000).

Ao chegarem a medula espinhal pelas raízes espinhais-dorsais, as fibras de

dor sobem e descem pelo feixe de Lissauer, onde as fibras projetam-se nas

unidades celulares do corno posterior da substância cinzenta na medula. Da medula

espinhal, os sinais de dor seguem por duas vias diferentes até o encéfalo. Pelo feixe

neoespinotalâmico, que conduz as fibras rápidas tipo A-delta, unilateral, mas que

cruza, terminando algumas fibras nas áreas reticulares do tronco cerebral e outras

no tálamo, terminando em sua maior parte no complexo ventrobasal, de aspectos

discriminativos. E, pelo feixe paleoespinotalâmico, que transmite a dor de forma

lenta através das fibras tipo C, trajeto bilateral que distribui amplamente a inflamação

álgica terminando difusamente no tronco cerebral e apenas um décimo das fibras

seguindo até o tálamo, terminando também em múltiplas áreas do bulbo, na ponte e

no mesencéfalo, relaciona-se com aspectos emocionais da dor. Ambos os feixes

cruzam para o lado oposto da medula pela comissura anterior e depois sobem ao

encéfalo pelas colunas ântero-laterais (GUYTON, 1993).

A informação para o cérebro não depende só do estímulo direcionador

aferente, mas também das influências moduladoras de neurotransmissores que

atuam sobre o sistema. Observou-se que o estresse emocional de indivíduos no

momento da lesão altera os sintomas. Registros indicam que durante a guerra ou em

catástrofes, os pacientes gravemente feridos não sentiam nenhuma dor no momento

da lesão, devido ao estresse ou à emoção. Isso indica que os impulsos neurais

descendentes, que se originam do cérebro e atuam sobre as células, na medula,

podem determinar quais os tipos de impulsos ascendentes alcançarão o cérebro

(SELKURT, 1986).

Se a transmissão do impulso nociceptivo pode ser modulada ao nível da

medula espinhal, a transmissão total da dor pode ser bloqueada (p. ex., a

administração intratecal de um anestésico local pode ser efetuada para o bloqueio

de todo impulso sensitivo). Embora os neurotransmissores preferenciais à medula

espinhal não sejam bem conhecidos, é bem sabido que opiáceos exógenos, como a

morfina, atuam preferencialmente nas fibras A-delta/C nos receptores de opiáceos, e

atuam no bloqueio da descarga dos impulsos da dor pelas fibras A-delta/C. Hoje já é

sabido que o corpo possui substâncias endógenas próprias denominadas endorfinas

que exercem a mesma ação que os alcalóides opiáceos exógenos no bloqueio da

atividade evocada pelas fibras A-delta/C inibindo seletivamente a dor (O’SULLIVAN;

SCHMITZ, 1993).

2.2.3.2 CERVICALGIA TENSIONAL

É uma desordem orgânica e funcional provocada pelo trabalho repetitivo,

aumentando a carga muscular estática, secundária a postos de trabalho

inadequados (Ex. flexão acentuada cervical ou extensão) ou falta de orientação

postural no trabalho (BAÚ, 2002).

O indivíduo sente dor na região cervical e ombros, cefaléia, fraqueza que é

mais evidente nas fibras superiores do músculo trapézio e fadiga muscular, além de

parestesia e tontura. Apresenta-se com contratura da musculatura cérvico-torácica

com “nódulos” (pontos gatilhos) dor a palpação, limitação da movimentação cervical

e redução da lordose cervical e ombros deprimidos (BAÚ, 2002).

2.2.3.3 LOMBALGIAS

A coluna vertebral é a estrutura que permite o amortecimento de cargas, tanto

aquelas decorrentes de pesos colocados sobre a cabeça ou carregados pelos

próprios membros superiores, como aquelas decorrentes de pancadas. Devido ao

fato dos músculos das costas estarem próximos ao centro de apoio (alavanca) na

hora de elevar um peso do chão com as costas dobradas (sem dobrar os joelhos) os

músculos têm que desenvolver uma força dezessete vezes maior que o peso da

carga que está sendo elevada. Os discos intervertebrais, que são 23, são estruturas

encarregadas de amortecer cargas e pressões ao longo da coluna vertebral, sendo o

mais importante o último disco (entre a quinta lombar e o osso sacro) onde a

sobrecarga é maior na hora do esforço (BAÚ, 2002).

Os movimentos mais agressivos para a coluna lombar são:

Abaixar-se e elevar-se com torção do tronco, isto aumenta imensamente a

pressão dentro do disco intervertebral e exige muito da musculatura,

causando dor;

Flexionar as costas para apanhar um objeto com os joelhos estendidos, os

joelhos devem ser dobrados na hora de elevar um objeto, para reduzir a

sobrecarga lombar;

Permanecer muito tempo em uma única posição, tanto sentado quanto em pé,

isto aumento a produção de ácido lático nos músculos, causando dor;

Elevar um peso longe do corpo. Todo peso deve ser elevado e transportado o

mais próximo possível do tronco e de maneira simétrica, distribuindo igual,

nunca só de um lado;

Movimentos amplos, quando o indivíduo apresenta encurtamento muscular,

por exemplo, não consegue alcançar as mãos até o chão com joelhos

estendidos, isto predispõe a distensões musculares por falta de alongamento,

aumentando o esforço nas alavancas da coluna vertebral.

Quando a carga do trabalho ultrapassa a capacidade aeróbica (boa

oxigenação dos tecidos) as pausas se tornam indispensável como forma de

prevenção da fadiga crônica. Quantos mais freqüentes as pausas, mesmo de curta

duração, permite ao indivíduo manter seu ritmo de trabalho por longo tempo com

melhor qualidade física e com uma quantidade total de trabalho bem maior do que

se a atividade fosse desenvolvida de forma contínua (BAÚ, 2002).

Índices demonstram que 80% da população é afetada por lombalgias entre os

30 e 40 anos. Associado a má posturas e manuseios ocupacionais inadequados,

elas aparecem precocemente, com casos de jovens de 20 anos de idade, que à

primeira instância são robusto e suportam um ritmo com maior cadência de trabalho,

porém como qualquer indivíduo, também têm limites e, acabam muito cedo com

danos precoces, como: desgaste intervertebral, levando a artrose, antes mesmo da

estabilização estrutural da coluna que ocorre por volta dos 25 anos de idade (BAÚ,

2002).

2.2.4 POSTURAS ADOTADAS NO TRABALHO ODONTOLÓGICO

O objetivo da ergonomia na odontologia é obter meios e sistemas para

prevenir fadiga, oferecer maior conforto e simplificação do trabalho, tanto para o

cirurgião-dentista quanto para o paciente, ou seja, racionalização do trabalho

odontológico, diminuído estresse físico e mental, prevenindo doenças relacionadas

com a prática odontológica (BARROS, 1991).

São preconizadas diversas posições e posturas para o cirurgião-dentista ter

melhor acesso e visibilidade. As posições de trabalho podem ser classificadas

numericamente de acordo com o esquema gráfico ISO (Inténacional Standard

Organization) e pela FDI (Fedération Dentaire Internacionale) que descrevem o

espaço físico de um consultório, onde o dentista deve trabalhar.

O esquema consiste no mostrador de um relógio imaginário colocado sobre a

cadeira odontológica, com o número 12 sobre o apoio da cabeça da mesma e o

número 6 sobre a outra extremidade, isto é, no local onde ficam os pés do paciente,

como demonstrado na Figura 5. Conforme o número do mostrador para o qual

estiver voltada a costa do dentista no momento de trabalho, será denominada a

posição de trabalho. Em torno do centro, a partir da boca do paciente na cadeira

odontológica, são traçados três círculos concêntricos de raios 0,5, 1,0 e 1,5 metros.

Assim, o eixo 6-12 horas divide a sala em duas áreas: à direita (área do dentista) e à

esquerda (área do auxiliar) (FLENK, 1989; IIDA, 1990).

De acordo com Iida (1990) a área limitada pelo círculo de 0,5 de raio ou 1,0

metro de diâmetro, corresponde a chamada área de transferência, onde tudo que se

transfere à boca do paciente deve estar situado nesse espaço, como os

instrumentos e as pontas do equipo. Também devem estar aí dois mochos para o

cirurgião e auxiliar. O círculo de 1,0 metro de raio limita a área útil de trabalho

(espaço máximo de pega) que pode ser alcançado com movimentos, com o membro

superior estendido. É onde devem estar localizadas as mesas auxiliares e o corpo

dos equipos. O círculo maior limita a área total do consultório, que não deve,

portanto, ter mais de 3 metros de largura para não ser anti-ergonômico, ou seja, com

espaço ocioso que impõe mobilização exagerada do cirurgião durante atendimento.

Nesta área ficam as pias e armários fixos, sendo que as gavetas desde quando

abertas devem cair dentro do segundo círculo (BARROS, 1993).

FIGURA 5 – Esquema gráfico ISO/FDI.

FONTE – FLENK, 1989

Vale salientar que o esquema gráfico descrito é válido para o cirurgião-

dentista que trabalha com auxiliar, para aqueles que trabalham sozinhos a área de

trabalho é diferente.

Segundo Saquy (1996) o dentista deve assumir uma posição de 7 a 12 horas,

sendo a posição de 11 horas a mais universal para se trabalhar em muitas áreas da

boca. Dessa forma, as posições de 7 e 9 horas são freqüentemente usadas para

trabalhar no segmento inferior posterior direito. A de 12 horas é usada geralmente

para trabalhar nos segmentos anteriores. Para odontólogos sinistros, a posição de 1

hora corresponde a 11 horas, e assim por diante.

Mondelli (1979) afirma que as posições de trabalho variam de acordo com o

arco dentário e região em que se trabalha. Nas regiões inferiores, trabalha-se com

visão direta, porém, nos dentes superiores trabalha-se com visão indireta nas faces

oclusivas e proximais, na posição de 12 horas.

Para Barros (1991) quando o paciente encontra-se totalmente reclinado na

cadeira, o dentista tem visão direta da mandíbula na posição de 9 horas. Também

pode ser usada para tratamento na maxila reclinando-se o apoio de cabeça e

levando a cabeça do paciente para baixo. Porém, nesta posição a cabeça do

paciente deve sempre estar voltada para o dentista e o auxiliar na posição de 1 a 3

horas.

Em estudo sobre os problemas relacionados com a postura, Figlioli (1987)

verificou que as posições mais vantajosas, na visão ergométrica, para o cirurgião-

dentista são as de 9 e 11 horas, movimentando-se o apoio da cabeça do paciente de

modo a oferecer máximo acesso, visibilidade e conforto para ambos.

Barros (1991) refere que a postura sentada dinâmica, a qual permite

alterações contínuas, auxilia na redução da fadiga, oferece estabilidade, maior

equilíbrio além de deixar livre os pés para controle dos pedais.

2.3 CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE PROFISSIONAL

De acordo com Bautzer e Bautzer (1987) a profissão odontológica teve um

início modesto, preocupando-se, apenas, com o cuidado com o dente. Decorrido

algum tempo, sobreveio à compreensão de que o paciente é um todo e não apenas

um dente. Isto ampliou o campo de ação de seus profissionais, pois o dente esta

implantado em um osso e aderente à gengiva, relacionado a uma boca, língua e

todos os seus anexos, constitui parte indivisível de um organismo vivo.

Cabe a este profissional, não só o zelo pela saúde do seu paciente, bem

como, manter este nos padrões estéticos adequados socialmente, prevenir

processos patológicos através de orientação educativa, e acima de tudo, fornecer a

orientação referente a higienização bucal adequada, tudo em processos

individualizados, usando para isto técnicas adequadas para cada paciente, seja qual

for a sua especialidade.

Portanto, muitas vezes, o odontólogo constantemente encontra-se envolvido

com problemas que colocam o paciente e o profissional em condições

desconfortáveis e até mesmo dificultando sua atuação.

Apesar da evolução da tecnologia, esses profissionais continuam sendo uma

classe que apresenta grandes incidências de afastamento do trabalho. E um dos

motivos é a má postura, associado a repetição e manutenção dos mesmos

(SANTOS; BARRETO, 2001).

O acadêmico de odontologia também está sujeito a esses fatores. E,

associado a eles, tem-se, também, a falta de experiência, que favorece a fixação de

vícios posturais nessa classe.

3 METODOLOGIA

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Este trabalho caracteriza-se por ser uma pesquisa de campo de natureza

descritiva, na qual o pesquisador procura conhecer e interpretar a realidade, sem

nela interferir para modificá-la; interessa-se em descobrir e observar fenômenos e

procura descrevê-los, classificá-los e interpretá-los (LAKATOS; MARKONI, 1990).

Foram seguidos os seguintes procedimentos:

Entrevista com o coordenador da clínica de Odontologia da Unioeste,

explicando-lhe os objetivos e finalidades da pesquisa e requerimento

de autorização do mesmo (Anexo 1);

Visita ao serviço da clínica odontológica da Unioeste para análise

ambiente;

Esclarecimento aos alunos do 5° ano do curso de odontologia da

Unioeste sobre os objetivos da pesquisa;

Elaboração e aplicação do questionário individual, com propósito de

caracterizar a população em estudo, conhecer as características do

trabalho, sintomas de dor, relação com o desconforto postural e a vida

atual;

Observações abertas e sistemáticas das atividades de trabalho dos

acadêmicos;

Registro das atividades para confirmação dos dados que foram

coletados nas observações abertas e sistemáticas;

Cronometragem do tempo realizado em certas posturas para análise

com o método MRI e RULA;

Avaliação dos dados coletados e elaboração do diagnóstico da

situação de trabalho;

3.2 POPULAÇÃO

A população foi composta por indivíduos de ambos os sexos, com idade

variando de 22 a 24 anos, devidamente matriculado e cursando o 5° ano de

graduação do curso de Odontologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

3.3 AMOSTRA

A amostra analisada foi formada por acadêmicos do curso de Odontologia da

Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste, que cursam o 5° ano de

graduação, na cidade de Cascavel – PR, e atuam na Clínica Escola de Odontologia

da Unioeste realizando atividades de clínica geral e que responderam ao

questionário.

3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Utilizou-se inicialmente para a coleta de dados um questionário do tipo

padronizado, cujas “perguntas são apresentadas a todas as pessoas com as

mesmas palavras e na mesma ordem” (LAKATOS; MARKONI, 1990). Foram

abordados três módulos constituídos por questões abertas, fechadas e mistas

(Anexo 2).

Para validade e clareza, o questionário foi submetido à apreciação de cinco

fisioterapeutas e cinco acadêmicos de fisioterapia, que o analisaram-no a partir dos

critérios a seguir (Anexo 4):

INVÁLIDO POUCO VÁLIDO VÁLIDO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Na análise dos dados adotou-se os seguintes critérios: os módulos que

receberam nota de zero a quatro foram excluídos, os com nota entre cinco e sete

reformulados, e os com nota entre oito e dez mantidos com a redação original.

Obteve-se no questionário um índice de clareza e validade de 9,18 (Anexo 5).

Para avaliar a fidedignidade, o questionário foi entregue a dez acadêmicos de

Odontologia do 4° ano da Unioeste, os quais não fizeram parte da amostra do

estudo.

3.5 COLETA DE DADOS

A coleta de dados teve seu início com a revisão da literatura que foi realizada

através de revistas especializadas, artigos, dissertações e livros das áreas aqui

tratadas.

O questionário foi aplicado pela autora a cada acadêmico de Odontologia da

Unioeste individualmente. Os dados foram coletados no local de trabalho dos

acadêmicos (Clínica Escola de Odontologia da Unioeste) durante horário de

atendimento.

Os dados referentes a postura dos acadêmicos de Odontologia no momento

da realização dos procedimentos inerentes à profissão foram obtidos por meio de

observação direta e filmagem durante as visitas a Clínica Escola de Odontologia da

Unioeste.

3.6 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS PARA A COLETA DE DADOS

Os dados pessoais foram obtidos por meio de questionário. Para análise do

ambiente foi realizada observação visual direta e, com uma fita métrica, mensurou-

se o espaço disponível. Para registro dos dados referentes à postura do acadêmico

durante atendimento foi utilizado uma filmadora.

3.7 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO POSTURAL

3.7.1 MÉTODO MRI

De acordo com Fagundes (1983) MRI é um método de registro a intervalos.

Para efetuá-lo é necessário usar uma folha quadriculada ou uma folha comum,

dividida em caselas, as quais indicarão os intervalos de tempo, de duração sempre

igual. A escolha de duração é arbitrária. Os intervalos de 5 a 30 segundos são muito

utilizados, sendo mais comuns intervalos de 10 a 15 segundos (Anexo 6).

Em cada casela, anota-se a ocorrência (o comportamento ocorreu na casela)

ou não (o comportamento não ocorreu) e não a freqüência absoluta (quantas vezes

ocorreu, em uma casela).

Neste método, o observador olha para o sujeito durante todo o tempo, só

desviando o olhar nos momentos de indicar ou as ocorrências ou as não-

ocorrências, cuidando com atenção dos limites temporais dos intervalos. As não-

ocorrências devem ser indicadas com um sinal qualquer, para não se correr o risco

de pular alguma casela ou de se anotar uma ocorrência em casela errada.

3.7.2 MÉTODO RULA

É um método de estudo desenvolvido para ser usado em investigações

ergonômicas de postos de trabalho onde existe a possibilidade de desenvolvimento

de lesões por esforços repetitivos em membros superiores, ou seja, RULA é a

Análise Rápida dos Membros Superiores. Não precisa de equipamentos especiais

para ser realizado e oferece uma rápida análise das posturas de pescoço, tronco e

membros superiores junto com a função muscular e a carga externa recebida pelo

corpo (MCATAMNEY; CORLETT, 1993).

A planilha Rula (Anexo 7) usa diagramas de posturas do corpo e três tabelas

que avaliam o risco de exposição a fatores de risco como fatores de carga externos

que incluem:

1. Número de movimentos;

2. Postura estática;

3. Força;

4. Postura de trabalho determinada por equipamentos e mobiliários;

5. Tempo de trabalho e pausa;

O método foi desenvolvido para:

Focalizar de maneira rápida fatores de risco de uma população às

doenças dos membros superiores associados ao trabalho;

Identificar os esforços musculares relacionados a postura de trabalhos

estáticos ou repetitivos que possam contribuir para a fadiga muscular;

Fornecer resultados que permitem a avaliação epidemiológica, física,

mental, ambiental e dos fatores organizacionais.

Foi desenvolvida em três fases:

1. Coleta de dados relacionados as posturas adotadas no trabalho;

2. Desenvolvimento de um sistema de escore;

3. Desenvolvimento de uma escala de níveis de ação que permite a

elaboração de um guia para níveis de risco e a necessidade de uma

avaliação mais detalhada.

O corpo foi dividido em segmentos que forma dois grupos (A e B). No primeiro

estão incluídos os braços, antebraço e pulso, enquanto que no segundo, estão o

pescoço, o tronco e as pernas, o que assegura que todas as partes do corpo sejam

observadas.

A taxa de movimento para cada parte do corpo é dividida em sessões

numeradas, onde o número 1 é dado a postura de trabalho onde os fatores de risco

presentes são mínimos, sendo os números maiores para as posturas mais

constrangedoras, indicando um aumento dos fatores de risco.

O início da avaliação se dá com a observação do indivíduo durante vários

ciclos do trabalho com a finalidade de selecionar as tarefas e posturas a serem

avaliadas, que pode ser feita baseada na duração do procedimento ou no grau de

constrangimento, ou seja, selecionando a pior postura adotada pelo trabalhador no

ciclo observado.

Os dados são lançados numa planilha do método RULA. Cada parte do corpo

é avaliada e os resultados são levados a diversos quadros que fornecerão um

escore final.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 ANÁLISE E DISCUSSÃO DO QUESTIONÁRIO

De acordo com os resultados obtidos do estudo, no que diz respeito ao

gênero e a idade, constatou-se que 42% dos acadêmicos de odontologia

questionados eram do sexo masculino e 58% do sexo feminino; sendo a amostra

constituída de 21 acadêmicos do curso de Odontologia da Unioeste. A faixa etária

variou entre 22 e 24 anos de idade, onde a média de idade é de 23 anos. Quanto à

lateralidade, 100% dos acadêmicos questionados tem dominância destra.

Todos os acadêmicos questionados cursavam o 5° ano de graduação do

curso de Odontologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste. Os

mesmos cumpriam uma carga horária de atendimento, na Clínica Escola de

Odontologia da Universidade, em média de 8,3 horas, onde dois (10%) acadêmicos

realizam 5 horas de atendimento por dia, dois (10%) realizam 6 horas, quatro (19%)

10 horas, e treze acadêmicos (61%) realizam 8 horas diárias de atendimento (Figura

6); cinco dias por semana com uma média de 6 pacientes por dia. Os atendimentos

eram realizados no período da manhã, tarde e noite.

FIGURA 6 – Horas dispendidas ao atendimento na Clínica Escola de Odontologia da Unioeste

Fonte – Autora

10%

10%

61%

19%

Cinco horas Seis horas Oito horas Dez horas

Os acadêmicos realizam atividades de clínica geral (cirurgia, dentística,

periodontia, e outros) conforme necessidade do paciente. O maior relato de

desconforto é para a atividade de endodontia com 47,6% (dez acadêmicos) seguida

pela periodontia com 38,1% (oito acadêmicos) e dentística com 14,3% (três

acadêmicos) (Figura 7).

Figura 7 – Procedimentos de maior queixa de desconforto

FONTE - Autora

As posturas mais adotadas pelos acadêmicos durante o atendimento podem

ser visualizadas na Figura 8. As posições de maior desconforto são a manutenção

da abdução e elevação do ombro, com flexão de cotovelo e punho, anteriorização

exagerada e rotação de tronco.

Endodontia Periodontia Dentística

47,60%38,10%

14,30%

FIGURA 8 – Posturas adotadas pelos acadêmicos durante atendimento na Clínica Escola de Odontologia da Unioeste

FONTE - Autora

Como pode ser observado, a maioria dos acadêmicos realizam as atividades

clínicas na postura sentada, com anteriorização de tronco, rotação cervical, flexão de

cotovelo e punho direito e esquerdo, mantidos e repetidos por longos períodos,

preferindo a posição, segundo a classificação ISO/FDI, de nove horas, para a

maioria dos procedimentos, e com o ângulo formado entre a região posterior da coxa

e da panturrilha entre 90° e 115° (Figura 9). Isso pode levar a desconfortos e

distúrbios posturais futuros para essa classe profissional. Os sintomas que os

acadêmicos já apresentam podem ser vistos na Figura 10, onde o principal

desconforto referido pelos mesmos é o cansaço muscular (vinte e um acadêmicos –

25%) e dor incaracterístico após período de atendimento (dezoito – 22%).

5

21 2120

1716

15

19

13

21

17

20

16

Em Pé SentadoSentado com Anteriorização Tronco Sentado com Rotação Troncocom Rotação Cervical Com Abdução Ombro DCom Abdução Ombro E Com Elevação Ombro DCom Elevação Ombro E Com Flexão Cotovelo DCom Flexão CotoveloE Com Flexão Punho DCom Flexão Punho E

FIGURA 9 – Posições mais adotadas pelos acadêmicos de Odontologia da Unioeste durante atendimento segundo Classificação ISSO/FDI

10

21

46

Sete horas Nove horas Onze horas Doze horas

FONTE - Autora

FIGURA 10 – Tipos de desconforto referido pelos acadêmicos de Odontologia da Unioeste após atendimento na Clínica Escola de Odontologia da Unioeste

22%

10%

8%

19%

25%

8%8%

Dor incaracterístico Dor em queimaçãoFormigamento CãibrasCansaço muscular Perda de força MMSSLimitação de movimento MMSS

FONTE – Autora

O local mais freqüente da dor é a região cervical, com 24% (treze

acadêmicos) seguida da região dorsal com 19% (dez acadêmicos) a região lombar

com 17% (nove acadêmicos) ombros com 13% (sete acadêmicos) punho e mãos

com 11% (seis acadêmicos) tornozelos e pés com 9% (cinco acadêmicos) e, por

último, os joelhos com 7% (cinco acadêmicos) como demonstrado na Figura 11.

FIGURA 11 – Locais de dor e desconforto referido pelos acadêmicos relacionados às atividades na Clínica Escola de Odontologia da Unioeste

13

109

76

45

Cervical

Dorsal

Lombar

Ombros

Punhos/Mãos

Joelhos

Tornozelos/Pés

FONTE - Autora

Outros sintomas referidos são fadiga física, irritabilidade, nervosismo e

ansiedade, sendo até citada a falta de interesse pela atividade acadêmica e

depressão (Figura 12).

FIGURA 12 – Outras manifestações relatadas pelos acadêmicos de Odontologia da Unioeste

20 6 6 8 4 6 3 3

Fadiga FísicaAnsiedadeFadiga PsíquicaIrritabilidadeInsôniaNervosismoPerda de interesse pelas atividades acadêmicasDepressão

FONTE - Autora

Todos os acadêmicos questionados têm conhecimento dos equipos utilizados

e das vantagens ergonômicas dos mesmos para a postura, como por exemplo, o uso

encosto do mocho, entretanto, 47,6% dos entrevistados não utilizam o encosto

alegando que com a anteriorização do tronco tem-se um melhor acesso e

visibilidade do campo operatório. A Tabela 1 mostra outros motivos da não utilização

do encosto, dado pelos acadêmicos. Somado a isso, o tempo prolongado nesta

postura, sem apoio lombar, muitas vezes com a pelve rodada para frente, faz com

que a região lombo-sacra e os ílios sofram uma deformação, que juntamente com a

imobilidade prolongada, agrava as dores e leva a patologias dessa região (HUET;

MORAES, 2002).

Tabela 1 – Motivo da não utilização do encosto

MOTIVO Freqüência Porcentagem

Esquecimento 2 20%

Falta de Hábito 2 20%

Dificuldade para Visualização 6 60%

TOTAL 10 100%

Quando questionados com relação as prováveis causas de desconfortos,

todos são unânimes em afirmar que as posturas incorretas durante o atendimento,

juntamente com a manutenção por um longo período são as principais “vilãs”.

Entretanto, a grande maioria dos acadêmicos refere não fazer nada para mudar ou

aliviar sintomas (45%) alguns referem solicitar auxílio de outro acadêmico (18%) ou

até mesmo diminuir o tempo de cuidado com o paciente (17%) outros referem

procurar utilizar melhor a mecânica corporal (20%).

Dentre os acadêmicos questionados, apenas dois, ou seja, 9,5% procuraram

auxílio médico e fisioterapêutico por causa dos sintomas.

O tipo de visão utilizada pelos dentistas pode estar denotando a inter-relação

entre instrumentos de trabalho, modo de realização da atividade e esforço físico. A

visão indireta, isto é, utilizando-se o espelho durante os procedimentos, foi

associado a menores freqüências de dor no pescoço, possivelmente porque o

espelho facilita e ameniza os movimentos para exame da cavidade oral (SANTOS,

2001). Como poucos acadêmicos utilizam a visão indireta (33%, 8 acadêmicos) teve-

se nesta pesquisa uma alta incidência de dor cervical (24%). A associação inversa

entre queixa de dor no ombro e altura dos indivíduos pode ser explicada pelo menor

esforço dos acadêmicos mais altos para o alcance e manuseio dos instrumentos e

do paciente, o que confere com o questionário aplicado aos acadêmicos, pois os que

referiram dor na região do ombro apresentavam uma média de estatura de 1,70

metros de altura (65%).

4.2 ANÁLISE DO MÉTODO RULA

Os resultados do método RULA (Anexo 8) demonstraram que:

As posturas analisadas não são aceitáveis, pois todas atingiram

escores finais acima de 2;

As posturas adotadas durante o procedimento cirúrgico são as de

maior constrangimento, com escores acima de 6, tanto para lado direito

quanto esquerdo, com flexão e rotação de tronco, o que exige uma

orientação do acadêmico e correção imediata;

A revisão de prótese, apesar de ser um procedimento de pequena

duração, merece uma melhor investigação, para um posicionamento

mais correto do acadêmico. Por ser uma fase que não necessita uma

visualização perfeita, o acadêmico faz flexão de tronco e cervical

aceitáveis, porém os movimentos de alcance exagerados dos membros

superiores, que são prejudiciais, estão presente;

As posturas adotadas durante o procedimento de restauração

merecem ser melhor analisadas, para poder orientar sobre possíveis

mudanças posturais, pois se obteve um escore acima de 6, o que

indica necessidade de mudanças imediatas.

CONCLUSÕES

Através da análise dos resultados obtidos pela pesquisa e conforme os

objetivos propostos pelo estudo, pode-se concluir que os acadêmicos de odontologia

já apresentam sintomas de desconfortos ocupacionais que são relatados por

profissionais da área. Isso ocorre devido à manutenção ou repetição de posturas

incorretas durante atividades em clínica, as quais podem levar a muitos danos na

biomecânica corporal e a saúde em geral do individuo. Por isso é relevante para

uma boa saúde e bem estar do corpo, adotar, sempre que possível, uma boa

postura em todas as atividades da vida diária. Isso não significa evitar esforços e

outras atividades vigorosas que, no decorrer da ação, podem, ocasionalmente,

alterar a postura correta. Dentro dos limites, tais movimentos são até benéficos para

o corpo.

Observando-se o trabalho acadêmico, tem-se a impressão inicial de que a

região mais afetada seja a lombar, devido a postura adotada. Isso poderia contrariar

as incidências descritas por vários autores. Entretanto, as prevalências encontradas

nesta investigação são próximas aos achados da literatura, destacando-se os

sintomas cervical e dorsal. Os fatores associados a queixa de dor também foram

consistentes com aqueles encontrados em outros estudos, fatores ergônomico-

posturais, de produtividade associada à carga horária, características individuais,

como por exemplo, altura e psicossociais.

Estudos epidemiológicos recentes confirmam a relação dos movimentos de

esforço, repetição e sobrecarga estática na origem de muitos problemas músculo-

esqueléticos. Englobando como mecanismos fisiopatológicos as contrações

contínuas e aumento de pressão intramuscular, interrupção do aporte sangüíneo e

compressões de feixes nervosos, levando ao sofrimento muscular crônico.

Vale salientar que a maioria dos acadêmicos, independente da posição

adotada, não faz uso de posturas corretas, não realiza atividade física nem pausas

durante os atendimentos, o que facilita a instalação de distúrbios posturais.

Outrossim, a própria terapêutica odontológica leva, tanto o acadêmico quanto

o profissional, a adotar posturas, muitas vezes constrangedoras, para poder ter

melhor acesso e visibilidade do campo operatório. Geralmente colocam-se na

posição de 11 e 9 horas (ISO/FDI) ao lado do paciente o que exige durante o

atendimento que o operador faça muitas acomodações para chegar mais próximo do

campo operatório, isso provoca sobrecargas na coluna vertebral. Muitas vezes, o

acadêmico se coloca numa postura que mantém altura diferente de ombros, o que

leva a maior tensão e desconforto.

A posição de 9 horas, mais adotada pelos acadêmicos devido a falta de

experiência, exige uma inclinação para frente que, dependendo do grau pode ser

fisiologicamente aceitável, pois os braços podem ser mantidos mais próximos do

corpo, porém a perna direita fica impossibilitada de uma maior aproximação. Já na

posição de 11 horas a perna esquerda pode entrar por sob o encosto da cabeça e o

dentista tem acesso visual direto dos dentes inferiores e indireto dos superiores.

Com isso, conclui-se que devem ser feitas orientações aos acadêmicos dos

benefícios dessa posição em relação a de 9 horas.

Fica evidente, com a pesquisa, que os acadêmicos necessitam de orientação

e modificações urgentes quanto as posturas adotadas e aos métodos de

relaxamento e preparação corporal para as sobrecargas no trabalho odontológico a

fim de minimizar e/ou evitar as dores e os problemas posturais decorrentes da

profissão, e proporcionar uma melhor qualidade de vida no trabalho.

Orientações propostas:

Criar trabalhos que esclareçam, conscientizem e orientem os

acadêmicos, desde o início do curso, quanto aos hábitos posturais

corretos e a importância da ergonomia, para que aprendam a trabalhar

de forma a evitar problemas posturais futuros;

Orientar a importância de pequenas pausas entre os pacientes, os

quais permitem um relaxamento muscular, pois a movimentação e o

alongamento melhoram o aporte sangüíneo para as regiões tensas,

prevenindo desconfortos posturais;

Incentivar a prática de atividade esportiva, pois a permanência na

postura sentada a maior parte do dia agrava situações estressantes

inerentes a profissão;

Elaborar de um programa de exercícios e alongamentos que possa ser

executado pelos acadêmicos e profissionais no ambiente de trabalho;

Orientar a intercalação das várias posições de trabalho, de forma a

evitar as mesmas posturas por longos períodos; evitar posturas

estáticas por muito tempo e movimentos repetitivos; apoiar membros

superiores sempre que possível;

Orientar a utilização correta dos equipos, como o encosto do mocho,

regulação da altura, para uma melhor postura durante trabalho; evitar

rodar o tronco e pescoço e manter por longo período, prevenindo,

assim, os “encurtamentos“ musculares; utilizar rotação do mocho.

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ANEXO 1 REQUERIMENTO DE AUTORIZAÇÃO

Cascavel, fevereiro de 2003.

Paula Maehler

Rua Londrina, 2448

Centro – Cvel – PR

Fone: (045)222-1244

Prezado Diretor da Clínica de Odontologia

Sou aluna da graduação em Fisioterapia, e atualmente estou desenvolvendo

trabalho de conclusão de curso, cujo tema é “Estudo das sobrecargas posturais em

acadêmicos de Odontologia da Unioeste”.

Por esta razão, venho através desta solicitar sua colaboração no sentido de

autorizar a filmagem dos acadêmicos durante o procedimento na clínica de

Odontologia da Unioeste, que constitui um instrumento de mensuração da pesquisa.

Outrossim, informo que será garantido anonimato dos acadêmicos e sigilo das

informações. Contando com a colaboração antecipadamente agradeço.

Atenciosamente

Paula Maehler

ANEXO 2 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE

Trabalho de Conclusão de Curso

Questionário

A. Dados Pessoais: 1.1 Iniciais do nome:___________________________

1.2 Data de nascimento:___/___/___

1.3 Sexo:( )F ( )M Idade:___ Altura:___

Peso:___

1.4 Lateralidade: ( )Destro ( )Sinistro

1.5 Acadêmico: ( )3a série ( )4a série ( )5a série

B. Atuação Quanto Acadêmico; 2.1 Período de atividade prática na Clínica de Odontologia:

( )Manhã ( )Tarde ( )Noite

2.2 Quantas vezes por semana: ( )Uma ( )Duas ( )Três ( )Quatro ( )Cinco ( )Seis ( )Sete

2.3 Quantas horas por dia:___________________________

2.4 Qual número de atendimento/dia:__________________ 2.5 Que tipo de atividade desenvolve na Clínica Odontológica:

2.6 Qual postura você adota durante esta atividade: ( )Sentada(o) ( )Sentada com rotação do tronco ( )Com rotação Cervical

( )Sentada(o) com inclinação do tronco e região cervical para frente

( )Em pé ( )Elevação lateral do ombro D ( )Elevação lateral do ombro E

( )Com elevação anterior do ombro D ( )Com elevação anterior do ombro E

( )Com flexão do cotovelo D ( )Com flexão do cotovelo E

( )Com flexão do punho D ( )Com flexão do punho E

Outros:_______________________________________________________

2.7 Se você adota postura sentada(o) qual ângulo aproximado formado na articulação do joelho:

( )Menor que 90o ( )de 90 a 115o

( )Maior que 115o (afastando a perna da cadeira)

2.8 O mocho possui encosto: ( )Sim ( )Não

2.8.1 Você usa o encosto: ( )Sim ( )Não

2.8.2 Se não usa, qual o motivo:_______________________________

2.9 Qual o lado da cadeira odontológica você atua normalmente: ( )Direito ( )Esquerdo

2.10 Os equipamentos de manuseio e o mocho ficam a que distância,

aproximadamente, da cadeira odontológica:

( )Menos de um metro ( )Mais de um metro

2.11 Qual a visão adotada durante o atendimento:

( )Direta ( )Indireta

2.12 Realiza intervalos de descanso:( )Não ( )Sim

2.13.1 Qual tempo, freqüência e o que faz durante o intervalo:

_________________________________________________________

2.13 Imaginando um relógio, onde o centro é a boca do paciente, estando o paciente na horizontal, qual a posição adotada durante o trabalho:

( )Posição de sete horas

( )Posição de nove horas

( )Posição de onze horas

( )Posição de doze horas

( )Outra posição, qual:_______________________________________

2.14 Realiza alguma atividade física:( )Não ( )Sim

2.14.1 Qual(is) atividade(s):___________________________________

2.14.2 Com que freqüência: 2.14.3 Qual a duração da atividade: ( )1vez por semana ( )Menos de 15 minutos

( )2 vezes por semana ( )15 a 30 minutos

( )3 vezes por semana ( )Mais de 30 minutos

( )Todos os dias ( )Há quanto tempo pratica

C. Quanto à Saúde: 3.1 Sente alguma dor ou desconforto físico:( )Não ( )Sim

3.1.1 Onde:( )Coluna cervical ( )Coluna dorsal ( )Coluna lombar

( )Ombro ( )Cotovelo ( )Punho e mãos

( )Quadril ( )Joelho ( )Tornozelos e pés

( )Outros:______________________________________

3.1.2 Característica da dor:( )Leve ( )Moderada ( )Intensa

3.1.3 Há quanto tempo vem sentindo dor:______________________

3.2 Fatores que pioram a dor:___________________________________ 3.3 Fatores que melhoram a dor:_________________________________ 3.4 Já apresentou algum(s) dos sintomas a baixo: ( )Dor ( )Cansaço muscular ( )Formigamento

( )Alterações de sensibilidade ( )Queimação ( )Cãibras

( )Perda de força muscular, onde:_________________________________

( )Limitação nos movimentos, quais:_______________________________

Local:________________________________________________________

3.4.1 Quando eles se apresentam (sintomas):

( )Todos os dias ( )Meio da semana ( )Final de semana

( )Antes do trabalho( )Após o trabalho ( )Durante o trabalho

( )À noite ( )Contínuos ( )Intermitentes

3.5 Na sua opinião qual(is) a(s) causa(s) deste(s) sintoma(s): 3.6 Consultou algum médico por causa dos sintomas:( )Não ( )Sim

3.7 Se visitou, qual dos seguintes distúrbios foi diagnosticado:

( )Tendinite/Inflamação dos tendões

( )Tenossinovite/Inflamação dos tecidos que revestem os tendões

( )Miosite/Inflamação nos músculos

( )Bursite/Inflamação das bursas

( )Epicondilite/Inflamação das estruturas do cotovelo

( )Cervicobraquialgia/ Dor na região cervical, referindo-se para o braço

( )Ombro doloroso/Compressão de nervos e vasos na região do ombro

( )Síndrome do túnel do carpo/Comprometimento ao nível do punho

( )Outros:____________________________________________________

3.8 Consultou um fisioterapeuta por causa do distúrbio:( )Não ( )Sim

3.9 Precisou parar com a atividade desenvolvida temporariamente por causa do distúrbio:( )Não ( )Sim, quanto tempo:________________

3.10 Precisou alterar os hábitos de vida:( )Não ( )Sim

3.11 Precisou usar órteses (Talas, bandagens, etc.): ( )Não ( )Sim, qual:

3.12 Ocorrência de outras manifestações durante os sintomas do(s) distúrbio(s):( )Não ( )Sim, qual: ( )Depressão ( )Ansiedade ( )Nervosismo

( )Fadiga física ( )Fadiga psíquica ( )Irritabilidade

( )Insônia ( )Perda de interesse pela atividade acadêmica

3.13 Alterações nos hábitos de atendimento:( )Não ( )Sim

3.14 Em caso positivo, o que tem feito para modificar (marque quantas

forem necessárias):

( )Mudança de posição de atendimento freqüente

( )Solicita auxílio de outro acadêmico

( )Alteração na jornada de atendimento (redução de tempo de atividade)

( )Pára de atender quando os sintomas se agravam (quantos minutos:___)

( )Diminui o uso de técnicas manuais

( )Faz mais intervalos ou pausas durante a jornada da atividade prática

( )Utiliza melhor a sua mecânica corporal

( )Diminui o tempo de cuidado ao paciente

( )Faz ginástica laboral

( )Outros:____________________________________________________

3.15 No tempo livre, que tipo de atividade realiza: ( )Atividades manuais ( )Trabalhos domésticos leves ( )Tv/vídeo

( )Usa computador ( )Trabalhos domésticos pesados

( )Leitura/estudo ( )Outros:________________________________

ANEXO 3 SOLICITAÇÃO DE AVALIAÇÃO QUESTIONÁRIO

Cascavel, fevereiro de 2003.

Paula Maehler

Rua Londrina, 2448

Centro – Cvel – PR

Fone: (045)222-1244

Prezado Senhor

Sou aluna da graduação em Fisioterapia, e atualmente estou desenvolvendo

trabalho de conclusão de curso, cujo tema é “Estudo das sobrecargas posturais em

acadêmicos de Odontologia da Unioeste”.

Por esta razão, venho através desta solicitar sua colaboração para verificar a

validade do questionário em anexo, que se constitui um dos instrumentos de coleta

de dados dessa pesquisa. Solicito que avalie conforme a escala abaixo de cada

questão, colocando um X no número escolhido. Constando com a colaboração

antecipadamente agradeço.

Atenciosamente

Paula Maehler

ANEXO 4

Data:___/___/___

A. Dados Pessoais: 1.1 Iniciais do nome:___________________________

1.2 Data de nascimento:___/___/___

1.3 Sexo:( )F ( )M Idade:___ Altura:___

Peso:___

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

1.4 Lateralidade: ( )Destro ( )Sinistro

1.5 Acadêmico: ( )3a série ( )4a série ( )5a série

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

B. Atuação Quanto Acadêmico; 2.1 Período de atividade prática na Clínica de Odontologia:

( )Manhã ( )Tarde ( )Noite

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

2.2 Quantas vezes por semana: ( )Uma ( )Duas ( )Três ( )Quatro ( )Cinco ( )Seis ( )Sete

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

2.3 Quantas horas por dia:___________________________

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

2.4 Qual número de atendimento/dia:__________________

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

2.5 Que tipo de atividade desenvolve na Clínica Odontológica:

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

2.6 Qual postura adota durante esta atividade: ( )Sentada(o) ( )Sentada com rotação do tronco ( )Com rotação Cervical

( )Sentada(o) com inclinação do tronco e região cervical para frente

( )Em pé ( )Com abdução do ombro D ( )Com abdução do ombro E

( )Com elevação do ombro D ( )Com elevação do ombro E

( )Com flexão do cotovelo D ( )Com flexão do cotovelo E

( )Com flexão do punho D ( )Com flexão do punho E

Outros:_______________________________________________________

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

2.7 Se você adota postura sentada(o) qual ângulo aproximado formado na articulação do joelho:

( )Menor que 90o ( )de 90 a 115o ( )Maior que 115o

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

2.8 O mocho possui encosto: ( )Sim ( )Não

2.8.1 Você usa o encosto: ( )Sim ( )Não

2.8.2 Se não usa, qual o motivo:_____________________________

____________________________________________________________

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

2.9 Qual o lado da cadeira odontológica você atua normalmente: ( )Direito ( )Esquerdo

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

2.10 Os equipamentos de manuseio e o mocho ficam a que distância,

aproximadamente, da cadeira odontológica:

( )Menos de um metro ( )Mais que um metro

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

2.11 Qual a visão adotada durante o atendimento:

( )Direta ( )Indireta

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

2.12 Realiza intervalos de descanso:( )Não ( )Sim

2.13.1 Qual tempo, freqüência e o que faz:_____________________

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

2.13 Imaginando um relógio, onde o centro é a boca do paciente, estando o paciente na horizontal, qual a posição adotada durante o trabalho:

( )Posição de sete horas

( )Posição de nove horas

( )Posição de onze horas

( )Posição de doze horas

( )Outra posição:________________________________________

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

2.14 Realiza alguma atividade física:( )Não ( )Sim

2.14.1 Qual(is) atividade(s):_________________________________

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

2.14.2 Com que freqüência: 2.14.3 Qual a duração da atividade: ( )1vez por semana ( )Menos de 15 minutos

( )2 vezes por semana ( )15 a 30 minutos

( )3 vezes por semana ( )Mais de 30 minutos

( )Todos os dias ( )Há quanto tempo pratica

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

C. Quanto à Saúde: 3.1 Sente alguma dor ou desconforto físico:( )Não ( )Sim

3.1.1 Onde:( )Coluna cervical ( )Coluna dorsal ( )Coluna lombar

( )Ombro ( )Cotovelo ( )Punho e mãos

( )Quadril ( )Joelho ( )Tornozelos e pés

( )Outros:______________________________________

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

3.1.2 Característica da dor:( )Leve ( )Moderada ( )Intensa

3.1.3 Há quanto tempo as dores vêm aparecendo:_______________

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

3.2 Fatores que pioram a dor:___________________________________ 3.3 Fatores que melhoram a dor:_________________________________

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

3.4 Já apresentou algum(s) dos sintomas a baixo: ( )Dor ( )Cansaço muscular ( )Formigamento

( )Alterações de sensibilidade ( )Queimação ( )Cãibras

( )Perda de força muscular, onde:_________________________________

( )Limitação nos movimentos, quais:_______________________________

Local:________________________________________________________

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

3.4.1 Quando eles se apresentam (sintomas):

( )Todos os dias ( )Meio da semana ( )Final de semana

( )Antes do trabalho ( )Após o trabalho ( )Durante o trabalho

( )À noite ( )Contínuos ( )Intermitentes

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

3.5 Na sua opinião qual(is) a(s) causa(s) deste(s) sintoma(s):

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

3.6 Consultou algum médico por causa dos sintomas:( )Não ( )Sim

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

3.7 Se visitou, qual dos seguintes distúrbios foi diagnosticado:

( )Tendinite/Inflamação dos tendões

( )Tenossinovite/Inflamação dos tecidos que revestem os tendões

( )Miosite/Inflamação nos músculos

( )Bursite/Inflamação das bursas

( )Epicondilite/Inflamação das estruturas do cotovelo

( )Cervicobraquialgia/ Dor na região cervical, referindo-se para o braço

( )Ombro doloroso/Compressão de nervos e vasos na região do ombro

( )Síndrome do túnel do carpo/Comprometimento ao nível do punho

( )Outros:____________________________________________________

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

3.8 Consultou um fisioterapeuta por causa do distúrbio:( )Não ( )Sim

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

3.9 Precisou parar com a atividade desenvolvida temporariamente por causa do distúrbio:( )Não ( )Sim

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

3.10 Precisou alterar os hábitos de vida:( )Não ( )Sim

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

3.11 Ocorrência de outras manifestações durante os sintomas do(s) distúrbio(s):( )Não ( )Sim

( )Depressão ( )Ansiedade ( )Nervosismo

( )Fadiga física ( )Fadiga psíquica ( )Irritabilidade

( )Insônia ( )Perda de interesse pela atividade acadêmica

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

3.12 Alterações nos hábitos de atendimento:( )Não ( )Sim

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

3.13 Em caso positivo, o que tem feito para modificar (marque quantas

forem necessárias):

( )Mudança de posição de atendimento freqüente

( )Solicita auxílio de outro acadêmico

( )Alteração na jornada de atendimento (redução de tempo de atividade)

( )Pára de atender quando os sintomas se agravam (quantos minutos:___)

( )Diminui o uso de técnicas manuais

( )Faz mais intervalos ou pausas durante a jornada da atividade prática

( )Utiliza melhor a sua mecânica corporal

( )Diminui o tempo de cuidado ao paciente

( )Faz ginástica laboral

( )Outros:____________________________________________________

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

3.14 No tempo livre, que tipo de atividade realiza: ( )Atividades manuais ( )Trabalhos domésticos leves ( )Tv/vídeo

( )Usa computador ( )Trabalhos domésticos pesados ( )Leitura/estudo

( )Outros:___________________________________

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA

ANEXO 5

ANEXO 6 TABELA MRI

Intervalos/Min Upper Arm Lower Arm Wrist Wrist Twist Neck Neck Twist

0 – 15 16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15

16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15

16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15

16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15

16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15

16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15

16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15

16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15

16 – 30 31 – 45 46 – 60

Intervalos/Min Neck Sidebend Trunk Trunk Twist Trunk Sidebend Legs Muscle Use / Force ; Load

0 – 15 16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15 16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15 16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15 16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15 16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15 16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15 16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15

16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15

16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15

16 – 30 31 – 45 46 – 60

ANEXO 7

ANEXO 8 RESULTADO ANÁLISE RULA

RULA - Rapid Upper Limb Assessment Grand Score (right/left): 7/7

A score of one or two indicates that posture is acceptable if it is not maintained or repeated for

long periods.

A score of three or four indicates further investigation is needed and changes may be required.

A score of five or six indicates investigation and changes are required soon.

A score of seven or more indicates investigation and changes are required immediately.

PROCEDIMENTO – ENDODONTIA ABERTURA DE CANAL

+2 +1 0/0

Upper Arm left Lower Arm left Wrist left Wrist Twist left Muscle Use / Force ; Load

1/0

Neck Neck Twist Neck Sidebend Trunk Trunk Twist Trunk Sidebend Legs Muscle Use / Force ; Load

+2 +1 0/0

Upper Arm right Lower Arm right Wrist right Wrist Twist right Muscle Use / Force ; Load

RULA - Rapid Upper Limb Assessment Grand Score (right/left): 7/7

PROCEDIMENTO – DENTÍSTICA COLOCAÇÃO PRÓTESE

+2 +1 0/0 Upper Arm right Lower Arm right Wrist right Wrist Twist right Muscle Use / Force ; Load

+2 +1 0/0 Upper Arm left Lower Arm left Wrist left Wrist Twist left Muscle Use / Force ; Load

1/0 Neck Neck Twist Neck Sidebend Trunk Trunk Twist Trunk Sidebend Legs Muscle Use / Force ; Load

RULA - Rapid Upper Limb Assessment Grand Score (right/left): 7/7

PROCEDIMENTO – PERIODONTIA

+2 +1 0/0 Upper Arm right Lower Arm right Wrist right Wrist Twist right Muscle Use / Force ; Load

+2 +1 0/0 Upper Arm left Lower Arm left Wrist left Wrist Twist left Muscle Use / Force ; Load

1/0

Neck Neck Twist Neck Sidebend Trunk Trunk Twist Trunk Sidebend Legs Muscle Use / Force ; Load

RULA - Rapid Upper Limb Assessment Grand Score (right/left): 6/6

PROCEDIMENTO – DENTÍSTICA RESTAURAÇÃO

+2 +1 0/0 Upper Arm right Lower Arm right Wrist right Wrist Twist right Muscle Use / Force ; Load

+2 +1 0/0 Upper Arm left Lower Arm left Wrist left Wrist Twist left Muscle Use / Force ; Load

1/0 Neck Neck Twist Neck Sidebend Trunk Trunk Twist Trunk Sidebend Legs Muscle Use / Force ; Load