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ESTUDO DAS CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DO BULLYING NA ESCOLA

PÚBLICA

Autora: IVANIR ALVES RIBEIRO MENDES1

Orientador: ELIAS CANUTO BRANDÃO2

Resumo:

Este artigo propõe analisar as condições e as prováveis causas da Violência Escolar observada na escola, tendo como consequência o fenômeno bullying. Tem como objetivo dar conhecimento ao fenômeno supracitado, despertando nas pessoas a ideologia do trabalho preventivo, possibilitando a inibição de ações de violência que possa acontecer na escola, na rua, em casa e no meio virtual. A investigação pedagógica foi focada nos alunos do curso de Educação Geral e nas alunas do curso de Formação de Docentes, subsidiado por estudos bibliográficos, discutindo conceitos de bullying e violência com possibilidades de ações de enfrentamento aos conflitos desencadeados e vivenciados no ambiente escolar, visando promover a aprendizagem que é a função social primeira da escola.

Palavras-chave: Indisciplina; Incivilidade; Violência: Bullying.

1 INTRODUÇÃO

Este artigo relata a experiência da implementação do projeto “Estudo das

Causas e Consequências do Bullying na Escola Pública”, com o tema “Bullying:

Brincadeira ou Agressão”, proporcionada pelo Programa de Desenvolvimento

Educacional – PDE – da Rede Pública Estadual do Paraná.

1 Pedagoga efetiva do Quadro Próprio do Magistério do Estado do Paraná, licenciada em Pedagogia

pela Fundação Municipal de Educação Ciências e Letras de Paranavaí e com especializações em Psicopedagogia Institucional e Administração, Supervisão Orientação Escolar. 2 Doutor em Sociologia. Professor do Departamento de Educação, Universidade Estadual do Paraná

(UNESPAR – Campus Paranavaí).

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE

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O trabalho foi realizado no Colégio Estadual James Patrick Clark E.M.N.

escola de porte médio, localizado na região noroeste do Estado do Paraná, na

cidade de Terra Rica.

A preocupação com a questão da violência escolar ocupa lugar de destaque

para todos aqueles envolvidos com a educação, caracterizando-se como um dos

desafios educacionais contemporâneos, estabelecidos pela Secretaria Estadual do

Estado do Paraná. Por isso, a importância e necessidade de discutir o assunto nas

escolas, de forma a adquirir e aprofundar conhecimentos sobre o tema, preparando-

se para o seu enfrentamento e mediação.

Um dos objetivos dessa pesquisa foi conscientizar os pais, professores e

demais profissionais da educação sobre a importância da construção de ações

preventivas, diagnósticos e atuação a comportamentos de bullying na escola,

transformando atitudes agressivas em companheirismo e solidariedade, orientando o

enfrentamento e habilitando os agressores a uma convivência sadia e segura.

Objetivamos fornecer subsídios teóricos metodológicos para as alunas do Curso de

Formação de Docentes para o enfrentamento do fenômeno bullying nas séries

iniciais do Ensino Fundamental.

Para concretizar o estudo realizamos pesquisa bibliográfica, o que nos

possibilitou um amplo alcance de informações, permitindo a utilização de dados na

construção de textos sobre a temática, o qual foi desenvolvido na prática no Colégio

Estadual James Patrick Clark EM-FD, em Terra Rica-PR.

A pesquisa discutiu conceitos de violência e bullying para o enfrentamento

dos conflitos vivenciados no interior da escola. Coletou-se e foram analisados dados

que possibilitaram investigar o perfil dos alunos em relação ao tema estudado. O

público participante da pesquisa foram os alunos do curso de Educação Geral e as

alunas do curso de Formação de Docentes, no período matutino e vespertino.

Foi desenvolvido um trabalho juntamente com professores da Rede de Ensino

através do GTR – grupo de Tutoria em Rede, demonstrando a importância da

conscientização e o conhecimento necessário para a intervenção na tentativa de

reduzir o comportamento agressivo, incutido no ambiente escolar.

Para a compreensão do bullying, buscamos compreender as diferentes

formas de violência escolar, em especial a indisciplina e a incivilidade.

2 DESENVOLVIMENTO

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2.1 BULLYING: BRINCADEIRA OU AGRESSÃO?

O tema do projeto é: Bullying: brincadeira ou agressão? Por muito tempo o

bullying foi visto como simples brincadeira, não sendo levado a sério, porém a

incidência de acontecimentos nos ambientes escolares provoca preocupações em

pais, estudantes e professores. Este tipo de violência pode ocasionar problemas e,

estudos revelam que a recorrência da violência prejudica o desenvolvimento

psíquico, cognitivo, físico, moral e afetivo social dos alunos que de alguma forma

estejam envolvidos com esse tipo de situação.

Os educadores envolvidos neste trabalho concordaram com a necessidade de

desenvolver um trabalho prático, demonstrando a importância da conscientização e

o conhecimento necessário para a intervenção pedagógica na tentativa de reduzir o

comportamento agressivo incutido no ambiente escolar, visto que o bullying não é

uma brincadeira, pelo contrário, é algo muito sério, que pode causar muitos danos e

que precisa ser combatido em nossa sociedade.

Vivemos em uma sociedade marcada pela desigualdade social, resultante de

uma economia capitalista, calcada na exploração do homem pelo próprio homem.

Paulo Freire, ao discutir as histórias das dominações, mostra que quem

detém a dominação do saber, detém, por consequência, o poder sobre todas as

outras esferas, trazendo com isso, a divisão social do trabalho, com retribuições

diferenciadas, conforme os saberes. Esta divisão social do trabalho gera, além da

divisão de classes, a exploração das pessoas e a miséria social. (GUARESCHI e

SILVA, 2008, p. 42).

Essa miséria social é que determinam os diferentes tipos de ações e

comportamentos violentos que acontecem em nossa sociedade, tendo raízes na

desigualdade social e na organização econômica que a configura e a sustenta. A

escola, neste meio, vivência um grande desafio: como agir diante da violência cada

vez mais presente em seu interior?

Os estudos indicaram que a escola não se sente preparada para enfrentar

tais desafios e não é possível ater-se a todo conhecimento sobre a violência,

conhecendo, e discutido pouco sobre esses enfrentamentos, sempre pareceu que a

violência era algo que acontecia apenas distante, fora dos muros da escola.

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Na educação contemporânea não se pode deixar de ver os conflitos. Estes

precisam ser analisados, estudados e entendidos para que possam ser enfrentados.

É necessário discutir as questões ligadas à violência no contexto escolar,

compreendendo suas variadas formas, procurando alternativas que propiciem o seu

enfrentamento.

A violência social, à medida que se multiplica, torna-se uma prática natural,

cotidiana. Incorporadas como normal, descaracterizam-se no coletivo, tornando-se

imperceptíveis, desencadeando sentimentos de banalizações e levando os cidadãos

a ficarem indiferentes diante da gravidade dos acontecimentos, resultando no

desenvolvimento de comportamentos que interferem no bem estar e nas ações dos

envolvidos, sobretudo dos praticantes do bullying, levando-os à irracionalidade do

que pratica, impedindo-os de perceberem a dimensão dos seus atos.

Fonte profunda de estresse nas relações interpessoais, a indisciplina, que é

um dos problemas mais complexos vivenciado pela escola, especificamente ao

associar-se a situações de conflitos no interior da sala de aula, tem caracterizado

dificuldades para o desenvolvimento da aprendizagem.

Com certeza esse não é um problema vivenciado por uma ou outra escola e

sim, pela grande maioria, espalhadas pelo mundo inteiro, independente das

condições políticas, econômicas e culturais. Por essa razão desenvolvemos uma

análise e reflexão sobre o assunto, procurando responder alguns questionamentos:

O que se entende por indisciplina, por incivilidade, por conflitos e por violência

escolar?

Mediante essas preocupações discutimos o objetivo proposto com todos os

membros do segmento escolar, analisando os índices e as possíveis causas das

diversas situações de indisciplina e/ou incivilidade ocorrida no interior da escola e

suas devidas consequências, buscando trabalhar de acordo com os aspectos que os

constituem.

O que caracteriza a indisciplina como tal? A busca de sua compreensão

indica uma tarefa complexa, visto não se manifestar como um fenômeno estático,

que conserva suas características ao longo do tempo.

As nuances da indisciplina escolar vem se modificando a cada dia. Para

alguns professores, a indisciplina é entendida como um conjunto de contrariedades

no cotidiano de suas práticas pedagógicas, principalmente as que acontecem em

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sala de aula: desordens, ofensas verbais, grosserias, enfim, toda falta de respeito

com o próximo.

De acordo com Tiba:

A indisciplina escolar é um conjunto de regras que devem ser obedecidas para o êxito do aprendizado escolar. Portanto, ela é uma qualidade de relacionamento humano entre o corpo docente e os alunos em uma sala de aula e, consequentemente, na escola. Como em qualquer relacionamento humano, na disciplina, é preciso levar em conta as características de cada

um dos envolvidos: professor, aluno e ambiente. (1996, p. 99)

Oposto à indisciplina encontra-se a disciplina. Mas o que é ela? Segundo o

dicionário, disciplina3 é uma palavra que tem a mesma etimologia da palavra

“discípulo”, significando “aquele que segue”. A palavra deriva-se de “discípulo” e

tanto uma quanto outra palavra tem origem do termo latino para pupilo que, por sua

vez, significa instruir, educar, treinar, dando ideia de modelagem total de caráter.

Assim, a palavra disciplina é utilizada para indicar, em educação, a disposição dos

alunos em seguir os ensinamentos e as regras de comportamento.

Portanto, a partir dessas considerações é possível abordar o assunto que

muito preocupa e tem tirado o sono de professores, pedagogos, diretores e pais.

Gotzéns afirma que:

Disciplina refere-se ao conjunto de procedimentos, normas e regras mediante os quais se mantém a ordem na escola, e cujo valor é basicamente favorecer a consecução dos objetivos propostos ao longo do processo de ensino-aprendizagem do aluno. (2003, p. 75).

Se compreendermos disciplina escolar como obediência a ensinamentos,

normas de conduta dentro de sala de aula e regras a serem obedecidas, o que vai

contra isso é classificado como indisciplina.

Portanto, faz-se necessário, um questionamento sobre o referido assunto.

Não se pode falar em indisciplina sem se referir à questão de limites. Muitos

educadores, professores, pedagogos e pais de alunos, costumam questionar sobre

como as coisas chegaram ao ponto em que estão agora, quando se presencia

recorrentes situações de indisciplina, que muitas vezes resultam na violência

escolar.

Esclarecimentos sobre conceitos de “indisciplina”, segundo Ferreira,

3 http://pt.wikipedia.org/wiki/Disciplina

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O termo “indisciplina” é relacionado intimamente ao conceito de “disciplina” e tende a ser definido pela negação ou privação desta, ou pela desordem provavelmente da quebra de regras estabelecidas. “Indisciplina refere-se, portanto, ao “procedimento, ato ou dito, contrário à disciplina”“. Sendo assim, indisciplinado “insurge contra a disciplina; rebelde; que não tem disciplina”. (1986, p. 931).

Na escola, muitas vezes professores não conseguem estabelecer limites na

sala de aula e não sabem como agir mediante comportamentos apresentados pelos

alunos no interior da escola. Os grandes vilões do momento: a indisciplina e a

incivilidade sempre farão parte da escola, sempre irão existir decorrentes de

questionamentos inerentes ao próprio ambiente escolar. Sempre quando se referem

à indisciplina, o vocábulo incivilidade o acompanha. É um termo pouco conhecido,

que precisa ser entendido. Garcia afirma que:

As incivilidades englobam comportamentos desafiantes que rompem regras e esquema da vida social, sejam tácitos ou explicitados contratos sociais. Mas as chamadas incivilidades não rompem, necessariamente, com acordos, regras e esquemas pedagógicos. Antes, rompem com expectativas do que pode estar tacitamente esperado como boa conduta social. Destaca-se entre as incivilidades reportadas nas queixas usuais dos professores, a falta de respeito. Essa alegação, em particular, sugere a ocorrência em sala de aula, de prática de incivilidade na forma de insensibilidade aos direitos de cada um de ser respeitado como pessoa. (2006, p. 4).

Quando se procura conhecer um pouco mais sobre incivilidade, termo tão

pouco utilizado encontra-se que:

Por incivilidade se entende uma grande gama de fatos indo de indelicadeza, má criação das crianças ao vandalismo, passando pela presença de vagabundos, grupos juvenis. As incivilidades mais inofensivas parecem ameaças contra a ordem estabelecida transgredindo códigos elementares da vida em sociedade, o de código de boas maneiras. Elas podem ser do barulho, sujeira, impolidez. Tudo que causa desordem... (DEBARBIEUX, apud LATTERMAN, 2000, p. 37).

Nessa procura de conhecimentos para enfrentar os conflitos que se

apresentam é necessário conhecer em que categoria se insere. Para entendermos

melhor o que seja conflito, toma-se o conhecimento de Ferreira (1986, p. 451), que o

qualifica como sendo “luta, combate, guerra, desavença, discórdia”. Numa outra

visão:

Várias pesquisas apresentam o conflito como o desacordo que conduz a uma luta de poder. O conflito se instala quando há divergência de ideias, quando o papel por desempenhar choca-se com os princípios de outras pessoas. É impossível eliminar os conflitos: eles trazem parte da condição humana. “O homem conflita consigo mesmo, procurando superar-se”. (GALO, 2005, p. 3)

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A escola de hoje vivencia situações de conflitos, passando da incivilidade à

indisciplina. É o mal atual que atinge o século. Cabe-nos questionarmos o que fazer

para enfrentarmos as questões que se apresentam cotidianamente e com muito

mais frequência do que se imaginava acontecer.

Sempre pareceu que a violência acontecia somente fora dos muros da escola,

mas é momento de prestar mais atenção para a realidade que acontece no ambiente

escolar e resolver os conflitos existentes nela. As questões ligadas à violência no

contexto escolar devem ser discutidas, procurando alternativas que propiciem o seu

enfrentamento, observando as situações sociais, políticos, culturais e regionais da

instituição.

Ao final da década de 1990, os estudos envolvendo violência escolar

aumentaram muito. Segundo Tigre,

Percebemos que a utilização do termo “violência” nos trabalhos mais recentes (CANDAU, 1999; NASCIMENTO, 1999; PERALVA, 1997; CARDIA, 1997; GUIMARÃES, 1996), passa a ser empregada sem nenhum receio em ser considerado pesado demais para os conflitos que a escola vem enfrentando. (2007, p. 63).

De acordo com Fante (2005), o termo violência para alguns autores é

complexo e apresenta diferentes sentidos. Para tanto, a autora oferece diversos

esclarecimentos e orientações às causas e consequências danosas a que estão

sujeitas às vítimas e os agressores com danos psicológicos, morais e sócio-

educativos.

O que pensam alguns estudiosos sobre a violência? Para Chauí:

A violência é o uso da força física e do constrangimento psíquico para obrigar alguém a agir de modo contrário à sua natureza e ao seu ser. A violência é violação da integridade física, da dignidade humana de alguém.

(2000, p.337).

Nogueira (2007) apresenta um estudo feito com alunos de duas escolas, com

o intuito de analisar e refletir a temática “violência nas escolas”, onde conclui que,

independentemente, de classe social e lugar, existe a ocorrência de violência, porém

de formas diferenciadas.

Já Oliveira (2007) em sua dissertação de mestrado defende que a escola,

além de sua função educativa, deve oferecer meios para desenvolver as relações

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sociais oferecendo normas para uma boa convivência entre seus envolvidos: pais,

alunos, professores, funcionários da escola e comunidade em geral.

Pereira (2002) após fazer uma revisão bibliográfica de estudos sobre o

bullying apresenta em seu livro “para uma escola sem violência: estudo e prevenção

das práticas agressivas entre crianças”, informações sobre esse tipo de violência

escolar e recomenda formas de intervenção para a prevenção do seu aparecimento

e redução de casos bullying no ambiente escolar.

Fante (2005) coloca aos educadores um desafio urgente: mudar a prática de

ensino não humanizante, tradicional e autoritário ainda adotado por muitos, pela

busca da realização de uma educação pela paz. Afirma que o comportamento

agressivo ou violento nas escolas é hoje o fenômeno social mais complexo e difícil

de ser compreendido, por atingir a sociedade como um todo, atingindo diretamente

pessoas de todas as idades, em todas as escolas e em todos os países do mundo.

Guareschi e Silva, (2008) colocam seu livro como uma prestação de serviço à

sociedade, na medida em que pensam o social, o psicossocial e o pedagógico,

abordando o fenômeno violência, no olhar bullying numa discussão detalhada e

profunda, analisando não apenas o fenômeno, mas as relações intrínsecas no

universo escolar.

Chauí argumenta que a violência é um fenômeno social e diferenciado

histórica e culturalmente. Para a autora,

Desde a Antiguidade Clássica (greco-romana) até nossos dias, podemos perceber que, em seu centro, encontra-se o problema da violência e dos meios para evitá-la, diminuí-la, controlá-la. Diferentes formações sociais culturais instituíram conjunto de valores éticos como padrões de condutas, de relações intersubjetivas e interpessoais, de comportamentos sociais que pudessem garantir a integridade física e psíquica de seus membros e a conservação do

grupo social. (CHAUÍ, 2000, p. 336).

Juridicamente, violência é uma espécie de coação, ou forma de

constrangimento, posta em prática para vencer a capacidade de resistência de

outrem, ou para demovê-lo da execução de um ato, ou para levá-lo a executá-lo,

mesmo contra sua própria vontade. Fante, em pesquisa realizada acerca de vários

referenciais nos revela a agressividade como “qualidade de ser agressiva,

capacidade para agredir”. O termo agressivo define-se como ofensivo, que agride e

agressão é definida como “ferimento, pancada, acometimento, provocação, insulto,

ofensa”. (2005, p. 156).

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A violência que mais vemos no dia a dia é a juvenil e não podemos fechar os

olhos diante dela, como se fosse normal. A violência neste momento, direta ou

indiretamente tem interferindo no processo educativo, sendo um assunto

emblemático da sociedade, promovendo uma discussão sistematizada sobre o tema.

A escola é uma instituição social organizada com um conjunto de normas,

regras e obrigações e onde ocorre uma intensa troca de culturas. Portanto é o lugar

propício a aparecer problemas de comportamento e de relacionamentos, devido à

diversidade de pessoas que nela convivem e atuam. Esses problemas podem dar

origem a diversos tipos de violências, como: indisciplina, vandalismo, delinquência e

também a casos de vitimação, onde os alunos são intimidados, como no caso de

bullying.

Em relação ao termo bullying, Fante (2005) estabelece que:

Bullying é uma palavra de origem inglesa, adotada em muitos países para definir o desejo consciente de maltratar outra pessoa e colocá-la sobtensão. Por definição universal, bullying é um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimento. Insultos, intimidações, apelidos cruéis, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos levando-os à exclusão, além de danos físicos, morais e materiais, são algumas das manifestações do comportamento bullying (p. 27-29).

A autora deixa evidente que o bullying está se disseminando entre os

escolares. Em sua pesquisa nos diz que:

Este fenômeno estimula a delinquência e induz a outras formas de violência explícita, produzindo em larga escala, cidadãos estressados, deprimidos, com baixa autoestima, capacidade de auto-aceitação e resistência à frustração, reduzida capacidade de auto-afirmação e de auto-expressão, além de propiciar o desenvolvimento de sintomatologia de estresse, de doenças psicossomáticas, de transtornos mentais e psicopatológicos graves. (IBIDEM, p. 9).

Observando esses conceitos e, como documenta a página da dia-a-dia

educação do Paraná4, violência, indisciplina, incivilidade, bullying, entre outros,

estão interligados e há resistências de algumas escolas em admitir as violências no

seu interior, colocando os conflitos como se fossem unicamente questões de

indisciplina.

4 http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/34-4.pdf

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A escola precisa sair do mundo das ideias para buscar compreender os

problemas que lhes rodeia e as diferentes formas de conflitos existentes, encará-los

e buscar soluções antes que se tornem incontroláveis. Encarar e resolver os

conflitos e violências, entre eles o bullying, pode e deve ser educativo.

O bullying não deve ser apenas identificado, mas prevenido e trabalhado em

todo o âmbito escolar, visto que é incontestável a sua presença. Guareschi e Silva

afirmam que:

O bullying determina um clima não favorável à aprendizagem, pois ele é responsável “pela criação de um ambiente no qual o que predomina é um clima tenso, de medo e perplexidade por parte das vítimas e também dos espectadores que, indiretamente, se envolvem nessa prática [...]” (2008, p. 50).

Nas escolas, a violência acontece e é tratada de forma pontual, isolada do

conjunto e do contexto social, na maioria das vezes com advertências aos pais e ou

punições ao aluno, sem um trabalho preventivo, podendo levar o aluno a ficar mais

revoltado do que já é ou se encontra, resultando em transtornos psicológicos e

vinganças.

Pouco estudado no Brasil, esse fenômeno tem ganhado espaços de

investigação na academia científica e por psicólogos, além de preocupação nas

gestões educacionais. O bullying é um fenômeno crescente e assustador nas

escolas do Brasil, com consequências ao desenvolvimento intelectual dos cidadãos

envolvidos, tornando-se objeto de nossa investigação para compreendê-lo e levantar

pontos de ações que contribuam nos trabalhos preventivos às instituições de ensino,

evitando vítimas e culpados.

O tema violência sempre esteve presente, incomodando-nos pelas suas

características e formas na sociedade, sobretudo a violência enquanto bullying. Por

esta razão, estudá-lo e compreendê-lo a partir de diferentes concepções teóricas foi

nosso propósito, enriquecendo o debate, sobretudo porque os professores – por

inúmeras vezes – podem ter presenciados sinais de violências que podem ser

bullying e que as leituras e estudos poderão ajudar na discussão e compreensão da

temática. Tais fenômenos se passam dentro de instituições de ensino (pública ou

privada) e de modo geral, os professores têm dificuldades em lidar com os mesmos.

Todo o momento atos de violência é presenciado em nosso cotidiano pela mídia

televisiva ao repassar à sociedade episódios que nos deixam perplexos e

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amedrontados. Como adianta Arrieta, estamos carregados de “incertezas, tensões,

falta de valores, com a perda da noção de limite entre o bem e o mal, conceitos

esses que regem justamente o nosso comportamento em âmbito social” (ARRIETA,

2000, p. 84).

O bullying em si, começou a ser pesquisado na Europa, durante a década de

1990, quando na Noruega descobriram o que estava resultando nas inúmeras

tentativas de suicídio entre os adolescentes. A partir de então, foram realizadas

inúmeras pesquisas e campanhas para reduzir os casos de comportamentos

agressivos nas escolas.

Cléo Fante, ao descrever o histórico do fenômeno, diz que foi o professor

Dan Olweus, pesquisador da Universidade de Bergen, na Noruega, que relatou os

[...] primeiros critérios para detectar o problema de forma específica permitindo diferenciá-lo de outras possíveis interpretações como incidentes e gozações ou relações de brincadeiras entre iguais, próprias do processo de amadurecimento do indivíduo (2005, p. 45).

Seguindo a mesma linha trazida por Fante, a Associação Brasileira

Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (ABRAPIA), acrescenta que,

tudo teve início com os trabalhos do Professor Dan Olweus, na Universidade de

Bergen – Noruega (1978 a 1993) e com a Campanha Nacional Anti-Bullying nas

escolas norueguesas (1993).

No início dos anos de 1970, Dan Olweus iniciava a investigação na escola

sobre problema dos agressores e suas vítimas, embora não se verificasse um

interesse das instituições sobre o assunto. Já na década de 1980, três rapazes entre

10 e 14 anos, cometeram suicídio. Estes incidentes pareciam ter sido provocados

por situações graves de bullying, despertando a atenção das instituições de ensino

para o problema.

Olweus pesquisou inicialmente cerca de 84.000 estudantes, 300 a 400

professores e 1.000 pais entre os vários períodos de ensino. Um fator fundamental

para a pesquisa sobre a prevenção do bullying foi avaliar a sua natureza e

ocorrência. Como os estudos de observação direta ou indireta são demorados, o

procedimento adotado foi o uso de questionários, o que serviu para fazer a

verificação das características e extensão do bullying, bem como avaliar o impacto

das intervenções.

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Nos estudos noruegueses utilizou-se um questionário consistindo de 25

questões com respostas de múltipla escolha, onde se verificava a frequência, locais

de maior risco, tipos de agressores e percepções individuais quanto ao número de

agressores (OLWEUS, 1993). Este instrumento destinava-se a apurar as situações

de vitimização/agressão segundo o ponto de vista da própria criança. Ele foi

adaptado e utilizado em diversos estudos, em vários países, inclusive no Brasil, pela

ABRAPIA, possibilitando assim, o estabelecimento de comparações interculturais.

Os primeiros resultados sobre o diagnóstico do bullying foi informado por

Olweus (1989), onde foi verificado que um em cada sete estudantes estavam

envolvidos em caso de bullying. Em 1993, Olweus publicou o livro “Bullying at

School” – Bullying na escola – apresentando e discutindo o problema. Além dos

resultados de seu estudo, o projeto de intervenção apresentou uma relação de sinais

ou sintomas que poderiam ajudar a identificar possíveis agressores e vítimas. Essa

obra deu origem a uma Campanha Nacional, com o apoio do Governo Norueguês,

reduzindo em cerca de 50% os casos de bullying nas escolas. Sua repercussão em

outros países, como no Reino Unido, Canadá e Portugal, incentivou-os a

desenvolverem suas próprias ações.

Cléo Fante, afirma que:

[...] o comportamento agressivo ou violento nas escolas é hoje o fenômeno social mais complexo e difícil de compreender, por afetar a sociedade como um todo, atingindo diretamente pessoas de todas as idades, em todos às escolas e em todos os países do mundo (2005, p. 31).

O programa de intervenção proposto por Olweus tinha como características

desenvolver regras claras contra o bullying nas escolas, alcançar um envolvimento

ativo por parte dos professores e pais, aumentar a conscientização do problema,

avançando no sentido de eliminar alguns mitos sobre o bullying e prover apoio e

proteção para as vítimas.

Segundo Olweus (apud FANTE, 2005, p. 46), “[...] os dados de outros países

indicam que as condutas bullying existem como relevância similar ou superior as da

Noruega, como é o caso da Suécia, Finlândia, Inglaterra, Estados Unidos, Canadá,

Países Baixos, Japão, Irlanda, Espanha e Austrália”.

Fante acrescenta que nos Estados Unidos o bullying aumentou entre os

alunos das escolas, levando os pesquisadores a classificar o bullying como “um

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conflito global”, destacando que em permanecendo essa tendência, haverá muitos

jovens que “se tornarão adultos abusadores e delinquentes” (IBIDEM).

O estudo e análise do fenômeno bullying indicou que o mesmo está

ocorrendo nas escolas do mundo inteiro, inclusive no Brasil. Alguns estudos da

ABRAPIA nos mostram que nas escolas brasileiras o bullying apresenta índices

superiores aos de países europeus.

Os estudos apontam uma diferença em relação aos dados internacionais,

pelo fato “de que aqui os estudantes identificarem a sala de aula como o local de

maior incidência desse tipo de violência, enquanto, em outros países, ele ocorre

principalmente fora da sala de aula, no horário do recreio” (ABRAPIA).

Tratando do bullying e não havendo tradução para o termo na língua

portuguesa, o mesmo é definido por Cléo Fante como “Síndrome de maus tratos

repetitivos (FANTE apud SMAR, 2005, p. 9)”.

Fante esclarece que “bully, enquanto nome é traduzido como “valentão”,

“tirano” e, como verbo, “brutalizar”, “tiranizar”, “amedrontar”“. Segundo a autora, a

expressão bullying é entendida como um “subconjunto de comportamentos

agressivos, sendo caracterizado por sua natureza repetitiva e por desequilíbrio de

poder” (p. 28), onde a vítima fica impossibilitada de se defender com facilidade.

De acordo com estudos de Guareschi e Silva,

No Brasil, o bullying ainda é pouco estudado e por isso não é possível obter uma visão global do fenômeno para que possamos fazer uma comparação com outros países. O que constatamos é que em relação a outros países, estamos muitos anos atrasados (GUARESCHI, 2008, p. 16).

Fante, ao alertar sobre o bullying, diz que o mesmo está se disseminando

entre os escolares e acrescenta:

Este fenômeno estimula a delinqüência e induz a outras formas de violências explícitas, produzindo em larga escala cidadãos estressados, deprimidos, com baixa autoestima, não capacidade de auto-aceitação e resistência a frustração, reduzida capacidade de auto-afirmação e de auto-expressão, além de propiciar o desenvolvimento de sintomatologia de estresse, de doenças psicossomáticas, de transtornos mentais (FANTE, 2005, p. 9).

A autora ainda define “[...] o bullying como um comportamento cruel,

intrínseco nas relações interpessoais, em que os mais fortes convertem os mais

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frágeis em objetos de diversão e prazer, através de ‘brincadeiras’ que disfarçam o

propósito de maltratar e intimidar” (IBIDEM, 2005, p. 29).

Foi realizado um estudo para classificar o bullying em 14 países diferentes,

onde foram coletados dados com crianças em idade de 14 anos. Foram identificadas

67 palavras relacionadas a esse tipo de comportamento, entre elas agredir,

sacanear, colocar apelidos, humilhar, ofender, gozar, discriminar, isolar, empurrar,

chutar, aterrorizar...

Assim como outros países, também o Brasil adotou o termo bullying. Estudo

de Guareschi e Silva indica que “muitas crianças vítimas de bullying desenvolvem

medo, pânico, depressão, distúrbios psicossomáticos e geralmente evitam retornar à

escola quando esta nada faz em defesa da vítima” (2008, p. 18).

A criança manifesta medo ao ir à escola o medo pode estar relacionado a

algum tipo de violência acompanhada do silêncio da vítima. Ela teme denunciar aos

pais à direção da escola, correndo o risco de piorar sua situação diante do agressor.

A família e a direção da escola só tomam conhecimento quando começam a

perceber os efeitos e danos causados pelo agressor, podendo ser tarde devido às

sequelas deixadas pelo tempo em que a agressão velada ocorreu. De acordo com

Beaudoin, “[...] quando os problemas se tornam desmedidos na escola, os

educadores acabam despendendo uma quantidade tremenda de tempo e energia

para lidar com esses problemas, em vez de se concentrarem na vida acadêmica,

seu objetivo inicial” (2006, p. 16).

O bullying está presente sob todas as formas de assédio e, quando o

assédio tem um foco seja ele de cor, sexo ou raça, ele é expresso como preconceito

racial ou assédio sexual, causando nas vítimas muito sofrimento, tanto como nos

educadores que presenciam comportamentos inadequados em sala de aula,

prejudicando o desenvolvimento das aulas e conseqüentemente a aprendizagem

dos alunos.

Para Beaudoin “[...] o bullying geralmente acontece nas culturas em que os

meninos precisam mostrar que são durões; os adolescentes somente rebela-se

contra os adultos naquelas culturas que lhes conferem pouco poder na juventude”

(IBIDEM, p. 26).

Esse é um assunto que interessa às crianças e adolescentes e

principalmente à família como um todo e reprimir o bullying com outra violência,

talvez não seja a alternativa. As instituições têm autonomia para pensar projetos

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além do ensinar, evitando ou diminuindo o fenômeno bullying nas escolas, apesar de

muitas se esquivarem por falta de conhecimento ou iniciativas, optando por viver no

comodismo educacional.

Assim, faz-se necessário que o fenômeno bullying não seja apenas

identificado, mas que seja realmente prevenido nos ambientes escolares. É

imprescindível evidenciar a importância de um trabalho educativo para disseminar

informações que alcancem todos os campos de atuação em que o bullying possa

estar presente.

Ao organizar slides sobre bullying, Costa (2011) descreve que o mesmo não

é tratado como uma brincadeira despretensiosa, mas como uma violência que se

sobrepõe ao limite lúdico, incentivando a violência e delinquência, produzindo

vítimas e agressores, culpados e inocentes.

Por meio de slides, Costa (2011), coloca que o bullying na escola pode

deixar cicatrizes em toda a idade adulta, prejudicando o desempenho escolar,

evitando que as pessoas alcancem o seu potencial. A lesão psiquiátrica de bullying

na infância pode também causar danos em longo prazo à saúde física e mental.

A prática do bullying pode tornar os jovens antissociais, com

comportamentos violentos, com atitudes anti-normais, delinquência e com práticas

criminosas. Alguns dos muitos casos citados na imprensa, como o ocorrido na

cidade de Taiúva, interior de São Paulo, no início de 2003, no qual alunos entraram

armados na escola, atirando contra quem estivesse a sua frente, retratavam reações

de crianças vítimas de bullying. Também o caso ocorrido no Columbine Institute, no

Colorado (EUA), na qual dois alunos entraram e mataram colegas de turma e

professores. E muito recentemente, no mês de abril, ano de 2011, bairro de

Realengo na cidade de Rio de Janeiro, o ex-aluno Wellington Menezes de Oliveira

invadiu a Escola Municipal Tasso da Silveira, matou doze estudantes, feriu outros

doze e cometeu suicídio.

2.2 IMPLEMENTAÇÃO

A aplicação do projeto objetivou socializar os estudos desenvolvidos, com

educadores da rede estadual de educação, onde o tema foi discutido com um grupo

de professores que comungam das mesmas ideias apresentadas no projeto em

questão. Esta foi uma experiência interessante, pois proporcionou a troca de

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conhecimentos entre professores que atuam em diferentes regiões do Estado do

Paraná e que enfrentam as mais diversas realidades no seu cotidiano de sala de

aula.

No decorrer deste trabalho, foi apresentado ao grupo o Projeto de Intervenção

Pedagógica e o Material Didático Pedagógico, produzidos nos primeiro e segundo

períodos do programa e que também se configuram como uma exigência do mesmo.

Estes materiais foram analisados e discutidos por estes professores, que tiveram a

oportunidade de dar suas opiniões sobre o que lhes fora apresentado e também de

sugerirem experiências práticas, que tenham desenvolvidos com seus alunos e que

poderiam vir a enriquecer o material apresentado.

O material utilizado para ser trabalhado no GTR foi elaborado e pensando no

cotidiano de sala de aula, considerando a experiência profissional dos professores e

seus saberes, para atuar em uma realidade diversificada e complexa, visando à

melhoria da qualidade de ensino, embasada no enfrentamento de uma das

problemáticas mais recorrentes do cotidiano de nossas escolas, a violência escolar e

o bullying. Essa formação objetivou servir de referência e de motivação ao professor

na tarefa de conduzir os alunos ao real conhecimento do fenômeno bullying e a uma

formação verdadeiramente humana.

Foram também levantados questionamentos sobre as dificuldades

encontradas pelos professores no trato com o bullying e também foram

apresentadas sugestões sobre como minimizar esta problemática, tendo em vista

que o enfrentamento destes problemas se faz necessário para o desenvolvimento de

um processo de ensino/aprendizagem significativo.

2.2.1 DA INTERVENÇÃO COM AS ALUNAS DO CURSO DE FORMAÇÃO

DOCENTE.

A discussão sobre o bullying não ficou apenas no levantamento bibliográfico e

leitura sobre o fenômeno. Como já adiantado, realizamos um trabalho de formação

intitulado de implementação ou intervenção pedagógica. Segundo Fernández

(2005), a intervenção é

[...] uma análise das estratégias de atuação nos diferentes âmbitos educativos a partir de perspectiva eclética. Por eclética queremos

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dizer que, sem aderir a nenhuma teoria em particular, a proposta é analisar e atuar por consequência. Isso implica não rejeitar nenhum procedimento que possa ser considerado eficaz em sua adoção por esta ou aquela escola (2005, p.72).

A autora explica que a escola é um ambiente que acolhe um grande

contingente de pessoas com diversidade de pensamento e que, portanto deve tentar

resolver os problemas apresentados da melhor forma possível.

É importante o papel que a escola exerce sobre a sociedade e também no

desenvolvimento das relações pessoais, surge então à necessidade de uma

metodologia de trabalho diferenciada, primando pela educação, às boas maneiras e

condutas adequadas no trato para com as outras pessoas.

A escola deve buscar ações que possibilitem fortalecer o relacionamento

escolar, uma vez que todos os caminhos a serem percorridos passam pela questão

da convivência. Para que o enfrentamento aconteça é necessário e importante ter

um caráter preventivo e educativo, passível de questionamentos da ação educativa

e dos objetivos propostos.

Em meados de agosto de 2010, iniciaram-se por parte desta professora PDE,

estudos sobre o tema escolhido, sendo constituído de leitura da bibliografia sugerida

pelo professor orientador e participações em seminários. Essa foi à base para se

cumprir o objetivo do programa de Desenvolvimento Educacional de que os

professores participantes adquiram subsídios teórico-metodológicos que os levem a

redimensionarem sua prática educativa, podendo contribuir para a melhoria da

escola em que atuam e também da educação paranaense. Também caracterizou a

preparação para a próxima atividade a ser desenvolvida: a proposta de

implementação pedagógica na escola.

A implementação ocorreu no próprio colégio onde a professora PDE trabalha.

Realizou-se reuniões, grupos de estudos, palestras, debates e cines-fórum,

finalizando com a apresentação dos conteúdos trabalhados, com exposição do

material confeccionado no decorrer da implementação e com apresentações dos

participantes.

Após estudos e preparação do plano de ação à implementação, escolha do

material didático pedagógico, disponibilidade de tempo dos envolvidos, juntamente

com a Direção, Equipe técnico-pedagógica, professores(as), foi feita a escolha do

público alvo do estudo do tema, definindo-se pela terceira e quarta séries do curso

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de Formação de Docentes, por serem alunas concluintes, com maturidade suficiente

para compreenderem e vivenciarem o bullying no contexto escolar.

Este projeto foi desenvolvido com o objetivo de preparar as alunas para o

enfrentamento do fenômeno bullying, possibilitando bagagem teórica para

trabalharem e entenderem este tipo de violência, contribuindo com a formação de

possibilidades teóricas e práticas de conscientização de toda a comunidade escolar

em relação a esta prática. Partiu-se do pressuposto de que a familiaridade com o

fenômeno pode favorecer ações de prevenção e minimização desta problemática.

Segundo Gil:

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas (1999, p. 65).

O mais interessante é o conhecimento para trabalharem em sala de aulas

com alunos das séries iniciais, em anos futuros.

Procuramos desenvolver os estudos, a partir da necessidade observada no

ambiente escolar, com objetivos claros e definida, oportunizando um ambiente

seguro que proporcione o ensino aprendizagem eficaz, através de uma pesquisa

sobre o bullying com todos os alunos do período matutino e vespertino do

estabelecimento, a fim de assegurar uma transformação positiva alicerçada em

valores morais, primando por uma cultura de paz, buscando um ambiente sereno, de

respeito e amor ao próximo.

Para a realização da implementação, trabalhamos de acordo com a

metodologia da problematização do ensino dentro de uma proposta pedagógica, no

sentido da plena efetivação, enfrentamento onde ocorrerá uma perfeita interação

entre os envolvidos no processo, vinculados pela motivação, interesse que o tema

bullying vem proporcionando.

Partimos do princípio que os procedimentos não deveriam estar prontos e

estáticos, podendo ser reavaliado e corrigido sempre que necessário, portanto

flexível.

As intervenções foram realizadas em todas as turmas do período matutino e

vespertino, ou seja: 1º, 2º, 3º séries do curso de Educação Geral e 2º, 3º e 4º anos

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do Curso de Formação de Docentes, perfazendo o total de 263 alunos, participação

essa de forma voluntária.

A apresentação do Projeto aconteceu depois da motivação pedagógica,

oportunizada aos alunos presentes que ouviram a explanação teórica da proposta.

Em seguida foram convidados a preencherem um questionário para registro,

prevalecendo o anonimato.

O interesse despertado pela pesquisa levou os alunos e professores a

participarem e fazerem parte de todo o processo desse trabalho, levando o tema

para dentro das salas de aulas. Dessa forma foi desenvolvido o projeto com as

alunas, valendo certificação com carga horária de 48 horas e certificadas pela

Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR – Campus Paranavaí).

As alunas participaram de uma técnica acompanhada de uma mensagem

intitulada “pessoas são presentes”, levando-as a refletirem sobre a embalagem em

que as pessoas vêm embrulhadas, umas em embrulhos bonitos, papéis dourados,

laços de fitas, outras em papéis comuns, cor pardas, sem brilho, por vezes sujas e

amassadas.

Essa técnica foi relacionada às pessoas que sofrem o fenômeno bullying, e

define bem como as mesmas são julgadas e rotuladas.

Em seguida as alunas foram divididas em grupo e foi entregue a elas cópias

do projeto para que as mesmas pudessem analisar e tomar conhecimento do

trabalho que seria realizado.

O projeto foi socializado com a sala e cada equipe expôs sua opinião a

respeito do mesmo.

Foi apresentado o vídeo intitulado “O martelo e a pedra”5, onde destacou as

agressões e as ações desrespeitosas praticadas contra colegas, sem nenhuma

motivação evidente por meios de atos e violências que causam danos a quem sofre,

observa ou agride.

As alunas foram motivadas a refletirem sobre o que viram e em seguida

produziram um texto sobre as causas e consequências do bullying no ambiente

educacional. Os textos foram apresentados e discutidos com o coletivo da sala.

Com a finalidade de investigar se ocorre ou não o bullying em nosso colégio,

foi aplicado um questionário para todos os alunos do colégio do período matutino e

5 http://www.youtube.com/watch?v=W01H55c90Uo

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vespertino onde foram realizadas questionamentos sobre o bullying, com a

finalidade de se obter dados sobre o assunto. O questionário foi aplicado no primeiro

momento pela professora PDE às alunas, depois as mesmas aplicaram a pesquisa

aos alunos.

Essa etapa consistiu na aplicação de um questionário (sem identificação do

aluno) demonstrando o levantamento da realidade escolar. Foi impressos pelas

próprias alunas todo o material necessário para realizar a pesquisa e sua

divulgação.

Após a aplicação do questionário foi realizada a análise e tabulação do

resultado para a confecção de um gráfico. A pesquisa objetivou investigar e analisar

se o bullying ocorre no ambiente escolar. Depois de realizado o levantamento dos

dados obtidos no questionário, o resultado foi apresentado ao coletivo da escola.

Também foram elaborados cartazes, banners, peças teatrais apresentadas

por alunos do colégio, pintura realizada pelas alunas do curso de Formação

Docentes e frases de sensibilização escritas no muro da escola sobre o bullying.

Como fechamento do trabalho, foram impressas Cartilhas sobre Bullying, contendo

ações com caráter pacificador, visando que o aluno que pratique a violência e

bullying tenha a possibilidade de aprender atitudes positivas e melhorar seu

comportamento com o auxílio de seus companheiros (FANTE, 2005, p. 118). O

trabalho foi encerrado com a palestra da psicóloga Ana Paula Costa dos Santos e

apresentação do trabalho da professora PDE, realizado na Casa da Cultura na

cidade de Terra Rica.

2.2.2 DA PESQUISA REALIZADA JUNTO AOS ALUNOS

De posse do resultado dos 263 questionários aplicados aos alunos,

extraímos as seguintes informações: 201 alunos responderam que tinham sido

vítimas de bullying e 62 alunos responderam que não, ou seja, mais da metade de

nossos alunos sofreram ou sofrem bullying, indicando que a aplicabilidade de nosso

trabalho serviu de forma substancial para o entendimento e enfrentamento do

fenômeno bullying.

Ainda no questionário emitiram opiniões e sugestões para que ações fossem

desenvolvidas, oportunizando conscientizações para esse problema.

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Verificamos pela análise das respostas que os alunos demonstram

preocupação e interesse em obter maiores esclarecimentos sobre o bullying,

exigindo medidas pontuais, como a aplicabilidade de um projeto de prevenção

contra o bullying, já que o mesmo faz parte do cotidiano escolar, dentro e fora das

salas de aulas.

Os alunos ao relatarem suas experiências pessoais como vítimas ou

agressores, relataram como se estivessem pedindo socorro.

2.2.3 DEPOIMENTOS

Algumas respostas selecionadas de alunos que poderão servir de

embasamento para ações contra o bullying. Os depoimentos são aleatórios e os

números não correspondem ao número da chamada dos participantes. A pergunta

realizada foi: o que é violência?

É maltratar alguém sem essa pessoa nunca ter feito nada para você e bater em um parceiro sem motivos e matar alguém só por diversão, ou até por uma briga (ALUNO Nº 17). É o ato de agredir um indivíduo com ou sem razão através de palavras ou agressões físicas e psicológicas (ALUNO Nº 11). Violência é um ato de agressão sejam elas físico ou psicológico, muitas vezes deixando marcas para o resto da vida, manchas que nunca se apagarão (ALUNO Nº 08). E uma agressão feita por pessoas muitas vezes fora de si à maioria dos agressores sofreu quando crianças e acabam descontando a sua fúria em outras pessoas (ALUNO Nº 03).

Questionado sobre a presença de formas variadas de violência no espaço

escolar, afirmaram:

Sim, isso acontece diariamente, mas passa despercebido diante de nossos olhos, ou fazemos de conta que não acontecem (ALUNO Nº 02). Sim, seja de forma verbal ou física, a violência se tornou algo comum no ambiente escolar e visível diariamente (ALUNO Nº 06). Sim, entre elas a mais comum no nosso ambiente escolar é a violência verbal, onde os seres humanos têm que ser melhor que os outros e por isso acabam agredindo o seu próximo, humilhando, intimidando (ALUNO Nº 05).

Por outro lado, constatamos haver preocupações e sugestões dos alunos,

como identificado pelo questionário:

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Na escola, poderiam ser realizadas mais palestras falando sobre violência e bullying e punir os agressores ensinando o que é certo. Ter uma psicóloga onde os alunos que sofreram agressões pudessem falar de seu caso para conscientizar os outros alunos. Uma vez por mês estudar os casos e divulgar, dando assim mais segurança e vontade de vir para a escola (ALUNO Nº 16). Acho que poderia vir dos agressores essa resposta, pois tinha que saber o que eles pensam para fazer essa coisa errada (ALUNO Nº 23). (Fazer um trabalho de conscientização na escola desde os anos iniciais até que eles compreendam e aprendam a conviver com as diferenças ALUNO Nº 10) .Acho que esse problema é gravíssimo, mais se tratado de forma inteligente, direção, professores e alunos, todos juntos tentassem uma mobilização para tentar conscientizar os outros alunos, talvez houvesse solução (ALUNO Nº 06). É importante uma boa educação familiar e educacional e ter uma base religiosa. Porém tem que haver uma modificação nas leis desse país, punindo quem pratica o bullying (ALUNO Nº 25 ).

2.3 MEDIDAS PEDAGÓGICAS SOBRE O BULLYING.

A escola, no decorrer dos tempos abrangeu os processos oriundos da

formação originária da educação familiar. Na sociedade atual – capitalista – é

necessário que a escola se atualize e se prepare para trabalhar além da educação,

dos problemas criados pela sociedade moderna e contemporânea, entre eles o

bullying, o que pode ser iniciado por meio de levantamento e diagnóstico dos

problemas que a escola enfrenta e que deverá estar preparada juntamente com a

direção, equipe pedagógica, professores, alunos e órgãos auxiliares como

Associação de Pais, Mestres e Funcionários, Conselho Escolar, Grêmio Estudantil e

sociedade onde a escola esteja inserida, para enfrentá-lo. É necessário que o

coletivo da escola conheça o bullying e compreenda suas implicações,

desenvolvendo medidas que ultrapasse o ato punitivo, repreensivo e o confronto.

A escola é responsável nos casos de bullying, pois são o lugar onde os

comportamentos agressivos e transgressores se evidenciam ou se agravam na

maioria dos casos. Devido a isso se faz necessário promover ações de prevenção

na escola e é fundamental ter uma parceria com pais-escola para o trabalho de

prevenção, ele deve ter data para começar, todavia não possui data de término.

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O combate ao comportamento agressivo e transgressor entre estudantes

deve ser incorporado ao dia-a-dia da escola de forma continuada e deve fazer parte

da vida acadêmica de alunos, professores, pais e demais profissionais de educação.

Os educadores e pais devem se munir de informações sobre o tema, terem

consciência de seu papel e procurar ajudas especializadas sempre que sentirem

necessidades. Atitudes descontroladas não podem ser toleradas, mas sim coibidas

de forma responsável e comprometida.

3 CONCLUSÃO

É importante que as escolas levem a sério, entre outros assuntos, a

discussão do bullying. Cada escola precisa tomar uma posição firme contra o

bullying e incluir nas políticas de gestão educacional ações que conscientize alunos

e educadores sobre a violência social dentro e fora do ambiente escolar,

esclarecendo os prejuízos que, sobretudo o bullying, pode causar a quem sofre. É

necessário caminhar em direção a uma melhor compreensão do problema, agindo

sempre na prevenção.

A intolerância, a ausência de parâmetros que orientem a convivência pacífica e a falta de habilidades para resolver os conflitos são algumas das principais dificuldades detectadas no ambiente escolar. Atualmente, a matéria mais difícil da escola não é a matemática ou a biologia; a convivência, para muitos alunos e de todas as séries, talvez seja a matéria mais difícil de ser aprendida. (FANTE, 2005, p. 91).

Por fim, o estudo objetivou debater o fenômeno visando alertar profissionais

da esfera educacional para adotarem urgentes práticas e estratégias que possam

convergir para uma pretensa erradicação do bullying ou pelo menos para uma

possível e real minimização junto às escolas, espaço onde o protagonista deve ser a

educação. Como afirma Felizardo (2011), “[...] para cada vítima que encontre

entendimento para o seu sofrimento ou para cada agressor que se dê conta de sua

transgressão, renova-se a esperança de um mundo mais justo e solidário”.

À medida que educadores sejam motivados pelos representantes do Estado

de direito a estudar e discutir as diferentes formas de violência, também poderá

contribuir com o debate e sua diminuição.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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