Estudo da reocinética de cura de resinas epoxídicas por meio de ...

download Estudo da reocinética de cura de resinas epoxídicas por meio de ...

If you can't read please download the document

Transcript of Estudo da reocinética de cura de resinas epoxídicas por meio de ...

  • UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

    MARIANE MARTIM SOBROSA PASSOS DE ABREU

    Estudo da reocintica de cura de resinas epoxdicas por meio de diferentes tcnicas de

    anlise

    Lorena

    2008

  • MARIANE MARTIM SOBROSA PASSOS DE ABREU

    Estudo da reocintica de cura de resinas epoxdicas por meio de diferentes

    tcnicas de anlise

    Dissertao apresentada Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de So Paulo para obteno do ttulo de Mestre em Engenharia de Materiais. rea de concentrao: Materiais Metlicos, Cermicos e Polimricos Orientador: Prof. Dr. Carlos Yujiro Shigue

    Lorena

    2008

  • AUTORIZO A REPRODUO E DIVULGAO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

    Ficha Catalogrfica

    Elaborada pela Biblioteca Especializada em Engenharia de Materiais USP/EEL

    Abreu, Mariane Martim Sobrosa Passos de

    Estudo da reocintica de cura de resinas epoxdicas por meio de diferentes tcnicas de anlise. / Mariane Martim Sobrosa Passos de Abreu ; orientador Carlos Yujiro Shigue. --Lorena, 2008.

    118 f.: il. Dissertao ( Mestrado em Engenharia de Materiais ) Escola

    de Engenharia de Lorena - Universidade de So Paulo.

    1. Epxi 2. Caracterizao 3. Estgios de cura 4. Anlise cintica I. Ttulo.

    CDU 669.018

  • DEDICATRIA

    Aos meus pais Angela e Davi, com imensa admirao, gratido, respeito e amor, pelo infinito

    companheirismo, dedicao, apoio e interesse ao longo de todo o perodo de elaborao deste

    trabalho.

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus, pelos ensinamentos de vida proporcionados, pelas bnos alcanadas e pelo

    fortalecimento da f.

    Ao Prof. Dr. Carlos Yujiro Shigue, que desde os primeiros anos de convivncia, meu

    mentor cientfico e profissional, muito me ensinando com sua sabedoria e experincia, e

    sempre com uma boa histria para contar.

    Escola de Engenharia de Lorena, pela oportunidade de realizao do curso de mestrado.

    Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico, pela concesso da

    bolsa de mestrado e apoio financeiro.

    Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo e Companhia Paulista de Fora

    e Luz pelo apoio financeiro para realizao deste trabalho.

    Ao Prof. Dr. Pedro Carlos de Oliveira e ao Prof. Dr. Amilton Martins dos Santos, por

    colocarem disposio a rea experimental e laboratorial do Laboratrio de Polmeros do

    Departamento de Engenharia Qumica desta instituio.

    Ao Prof. Dr. Alain Laurent Marie Robin pela disponibilizao do laboratrio de

    Espectroscopia de Impedncia.

  • Aos colegas de laboratrio e amigos Jrika, Denise, Suellen, Carol, Joice, Alex, Gustavo,

    Ulisses, e Antnio pela amizade e companheirismo.

    s minhas estimadas colegas de turma Reny e Liana, pelos anos de amizade e pelo ombro

    amigo.

    Aos meus colegas de sala Heide e Rodrigo, pela receptividade sentida e pelas boas conversas.

    Ftima, pelo esprito sempre solcito e amigvel.

  • EPGRAFES

    O que sabemos uma gota, o que ignoramos um oceano.

    Isaac Newton

    No se pode ensinar tudo a algum. Pode-se apenas, ajud-lo a encontrar por si mesmo.

    Galileu Galilei

  • RESUMO ABREU, M. M. S. P. Estudo da reocintica de cura de resinas epoxdicas por meio de diferentes tcnicas de anlise. 2008. 118 f. Dissertao (Mestrado em Engenharia de Materiais) Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de So Paulo, Lorena, 2008. As aplicaes comerciais e cientficas das resinas epoxdicas dependem diretamente da combinao entre resina/endurecedor/acelerador, tornando-o um sistema reativo bastante complexo, cuja determinao dos seus parmetros de cura um problema multivarivel de tempo, temperatura e concentrao de reagentes. necessrio o conhecimento de suas etapas de cura e de seu mecanismo cintico para obteno das melhores propriedades mecnicas, eltricas e trmicas, com a finalidade de conseguir uma resina epoxdica de alto desempenho. As tcnicas analticas comumente empregadas na determinao da cura de resinas epoxdicas como tambm de diversas outras resinas polimricas so: a calorimetria exploratria diferencial (DSC) e a anlise dinmico-mecnica (DMA). Neste trabalho, dois sistemas reativos foram analisados: o primeiro, resultante da combinao de resina DGEBA com endurecedor base de amina aliftica; o segundo composto pela resina DGEBA reagida com endurecedor base de anidrido e catalisado por amina terciria. apresentada a metodologia empregada na determinao dos parmetros cinticos para os dois sistemas epxi utilizando a anlise por DSC isotrmica e no isotrmica, a tcnica DMA isotrmica, e como complementos anlises isotrmicas por anlise reolgica e anlise dieltrica (DEA) para determinao dos tempos de gelificao e vitrificao que caracterizam cada um dos distintos estgios de cura. Enquanto o sistema epxi-amina se caracteriza por uma cintica de reao rpida, o sistema epxi-anidrido apresenta cintica de reao lenta, sendo necessria a adio do acelerador para acelerar a reao, que otimizada em altas temperaturas. O modelo cintico de Sourour-Kamal e o mtodo Isoconversional foram aplicados respectivamente aos dados experimentais isotrmicos e no-isotrmicos de DSC para obteno de constantes de reao do sistema. Os resultados encontrados apresentaram excelente concordncia com o descrito na teoria de que possvel detectar estgios de cura pelas tcnicas de anlise dieltrica e dinmico-mecnica. Tambm possvel comprovar a eficcia do modelo de Sourour-Kamal, pois apresenta um excelente ajuste com os dados experimentais, enquanto o mtodo Isoconversional, eficiente na previso do tempo de cura isotrmico de resinas epoxdicas a partir de dados experimentais no-isotrmicos. As energias de ativao encontradas para as resinas epxi-amina e epxi-anidrido tem correspondncia com o descrito na literatura. Conclui-se que as tcnicas analticas utilizadas neste trabalho so complementares entre si. Palavras-chave: Epxi. Anlise Trmica. Estgios de cura. Anlise cintica.

  • ABSTRACT ABREU, M. M. S. P. Study of cure reokinetic of epoxy resins by different analytical techniques. 2008. 118 f. Dissertation (Master of Science in Materials Engineering) Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de So Paulo, Lorena, 2008. The commercial and scientific applications of epoxy resins depend upon the combination between resin/curing agents/catalyst, turning it a reactive system relatively complex, whose cure parameters determination is a multivariable problem of time, temperature and reagents concentration. It is necessary the knowledge of its curing kinetics mechanism to obtain the best mechanical, electrical and thermal properties, aiming at get high performance epoxy resins. The analytical techniques mostly used in cure determination of epoxy resins as well as in other polymeric thermoset resins are the Differential Scanning Calorimetry (DSC) and the Dynamic Mechanical Analysis (DMA). In this work, two reactive systems were analyzed: the first, based on DGEBA resin with aliphatic amine hardener; the second, composed by DGEBA resin cured by anhydride hardener and tertiary amine catalyst. It is presented the methodology used to determinate the kinetics parameters for the two epoxy systems utilizing isothermal and non-isothermal analysis by Differential Scanning Calorimetry; isothermal analysis by Dynamic Mechanical Analysis, and complementarly Rheological analysis and Dielectric Analysis for determining gelation and vitrification times which describe each one of distinct cure steps. The epoxy-amine system is characterized by a fast reaction kinetic, while the epoxy-anhydride system presents low reaction kinetic, being necessary the addiction of a catalyst for accelerating the reaction, which is improved at high temperatures. The kinetic model of Sourour-Kamal and the Isoconversional method were applied to obtain the kinetics parameters to the isothermal and non-isothermal DSC data, respectively. The experimental results presented good agreement with the theory, making possible to detect the cure stages by dielectric and dynamic mechanical analyses. It is also observed the efficiency of Sourour-Kamal model, because it presented an excellent fitting with the experimental data, while the Isoconversional method is efficient to predict the isothermal cure time by the non-isothermal experimental data. The calculated activation energies for both epoxy-amine and epoxy-anhydride resins have agreed with the literature values. The DMA and DEA analytical techniques are complementary between themselves. Keywords: Epoxy. Thermal analysis. Cure steps. Kinetics analysis.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1. Estrutura molecular de um anel oxirnico, que caracteriza o grupo epxi ............. 27

    Figura 2. Estgios de cura em polmeros termorrgidos ....................................................... 30

    Figura 3. Viscosidade em funo do tempo de cura: reocintica de cura .............................. 31

    Figura 4. Clula esquemtica de DSC de compensao de potncia .................................... 37

    Figura 5. Clula esquemtica de DSC de fluxo de calor ....................................................... 38

    Figura 6. Apresentao de uma curva de DSC ..................................................................... 39

    Figura 7. Curva isotrmica (a) e no-isotrmica (b) de DSC, com esquema para clculo de

    entalpia de reao parcial ..................................................................................................... 40

    Figura 8. Grficos esquemticos de reaes de ordem n (a) e reaes autocatalticas (b) ..... 42

    Figura 9. Apresentao do ajuste dos dados experimentais por DSC da resina Stycast 1266

    por trs modelos cinticos .................................................................................................... 46

    Figura 10. Esquema do clculo da energia de ativao por meio do mtodo Isoconversional48

    Figura 11. Solicitao cclica do tipo senoidal e dois tipos de resposta: em fase ou elstica (a)

    e fora-de-fase ou plstica (b). ............................................................................................... 50

    Figura 12. Resposta de um corpo viscoelstico a uma solicitao cclica do tipo senoidal ... 50

    Figura 13. Modo de flexo em trs pontos (ASTM D 4065-06, 2006) ................................. 52

    Figura 14. Curva tpica de DMA para um polmero termorrgido em ensaio isotrmico, e a

    indicao dos tempos de gelificao e vitrificao, respectivamente tgel e tvit. ........................... 53

    Figura 15. Modelo de movimento de placas para um fludo, em fluxo laminar, sob tenso de

    cisalhamento ........................................................................................................................ 54

    Figura 16. Viscosmetro de cilindros concntricos: o cilindro interno o rotor, e o cilindro

    externo o recipiente da amostra. ........................................................................................ 55

    Figura 17. Esquema do processo de orientao de dipolo ao se aplicar um campo eltrico .. 60

  • Figura 18. Componente real e imaginria da impedncia. .................................................... 61

    Figura 19. Circuito equivalente da amostra ......................................................................... 61

    Figura 20. Jogo de braadeiras para anlise em flexo em trs pontos ................................. 70

    Figura 21. Dimenses do Spindle #4 ................................................................................... 72

    Figura 22. Suporte da amostra, com escala em milmetros ................................................... 73

    Figura 23. Sistemas para medidas de anlise dieltrica ........................................................ 74

    Figura 24. Termogramas da resina Stycast 1266 .................................................................. 75

    Figura 25. Comparao entre os dados experimentais de converso () e de taxa de

    converso () e os dados ajustados pelo modelo cintico () para a resina Stycast 1266,

    curada a 20 C...................................................................................................................... 76

    Figura 26. Comparao entre os dados experimentais de converso () e de taxa de

    converso () e os dados ajustados pelo modelo cintico () para a resina Stycast 1266,

    curada a 30 C...................................................................................................................... 77

    Figura 27. Comparao entre os dados experimentais de converso () e de taxa de

    converso () e os dados ajustados pelo modelo cintico () para a resina Stycast 1266,

    curada a 40 C...................................................................................................................... 77

    Figura 28. Comparao entre os dados experimentais de converso () e de taxa de

    converso () e os dados ajustados pelo modelo cintico () para a resina Stycast 1266,

    curada a 50 C...................................................................................................................... 78

    Figura 29. Comparao entre os dados experimentais de converso () e de taxa de

    converso () e os dados ajustados pelo modelo cintico () para a resina Stycast 1266,

    curada a 60 C...................................................................................................................... 78

    Figura 30. Ajuste linear para clculo energia de ativao a partir da constante de reao k1 (a)

    e da constante de reao k2 (b) ............................................................................................. 80

    Figura 31. Termograma da Royapox E-502H com 1% de acelerador ................................... 80

  • Figura 32. Comparao entre os dados experimentais de converso () e de taxa de

    converso () e os dados ajustados pelo modelo cintico () para a resina Royapox E-502H

    (1%acelerador), curada a 100 C .......................................................................................... 81

    Figura 33. Comparao entre os dados experimentais de converso () e de taxa de

    converso () e os dados ajustados pelo modelo cintico () para a resina Royapox E-502H

    (1%acelerador), curada a 110 C .......................................................................................... 82

    Figura 34. Comparao entre os dados experimentais de converso () e de taxa de

    converso () e os dados ajustados pelo modelo cintico () para a resina Royapox E-502H

    (1%acelerador), curada a 120 C .......................................................................................... 82

    Figura 35. Comparao entre os dados experimentais de converso () e de taxa de

    converso () e os dados ajustados pelo modelo cintico () para a resina Royapox E-502H

    (1%acelerador), curada a 130 C .......................................................................................... 83

    Figura 36. Ajuste linear para clculo da Energia de ativao a partir da constante de reao k1

    (a) e da constante de reao k2 (b), para a resina Royapox E-502H ....................................... 84

    Figura 37. Ensaios dinmicos da resina epxi/amina no DSC a constante indica as razes

    de aquecimento a que a amostra foi submetida. .................................................................... 85

    Figura 38. Energia de ativao versus converso para a Stycast 1266 .................................. 86

    Figura 39. Fator de freqncia em funo do tempo, da resina Stycast 1266 ........................ 86

    Figura 40. Previso do tempo de cura da resina Stycast 1266, temperatura de 40 C ......... 87

    Figura 41. Previso do tempo de cura da resina Stycast 1266, temperatura de 50 C ......... 87

    Figura 42. Previso do tempo de cura da resina Stycast 1266, temperatura de 60 C ......... 88

    Figura 43. Ensaios dinmicos da resina epxi/anidrido/acelerador no DSC a constante

    indica as razes de aquecimento a que a amostra foi submetida. ........................................... 89

    Figura 44. Fator de freqncia em funo do tempo, da resina Stycast 1266, a diferentes

    temperaturas de cura ............................................................................................................ 90

  • Figura 45. Previso do tempo de cura da resina Royapox E-502H (1% de acelerador),

    temperatura de 100 C.......................................................................................................... 90

    Figura 46. Previso do tempo de cura da resina Royapox E-502H (1% de acelerador),

    temperatura de 110 C.......................................................................................................... 91

    Figura 47. Previso do tempo de cura da resina Royapox E-502H (1% de acelerador),

    temperatura de 120 C.......................................................................................................... 91

    Figura 48. Energia de ativao versus converso para a Royapox E-502H (1% de acelerador)

    ............................................................................................................................................ 92

    Figura 49. Ensaio isotrmico no DMA da resina Stycast 1266, temperatura de 40 C ....... 93

    Figura 50. Ensaio isotrmico no DMA da resina Stycast 1266, temperatura de 50 C ....... 93

    Figura 51. Ensaio isotrmico no DMA da resina Stycast 1266, temperatura de 60 C ....... 94

    Figura 52. Ensaio isotrmico no DMA da resina Royapox E502H (1% de acelerador) a vrias

    temperaturas de cura ............................................................................................................ 95

    Figura 53. Ensaio isotrmico no DMA da resina Royapox E502H (2% de acelerador) a vrias

    temperaturas de cura ............................................................................................................ 96

    Figura 54. Viscosidade da resina Stycast 1266 em funo do tempo, em diferentes

    temperaturas de cura ............................................................................................................ 97

    Figura 55. Aumento relativo na temperatura de transio vtrea como funo da converso,

    para uma amostra de resina Stycast 1266 curada a 60 C ...................................................... 98

    Figura 56. Termograma de DSC isotrmico da resina Stycast 1266, temperatura de 60 C,

    mostrando os pontos de determinao da temperatura de transio vtrea ............................. 99

    Figura 57. Curvas experimental e calculada da razo entre a viscosidade no tempo t e a

    viscosidade inicial 0 da resina Stycast 1266, temperatura de 20oC .................................. 100

    Figura 58. Curvas experimental e calculada da razo entre a viscosidade no tempo t e a

    viscosidade inicial 0 da resina Stycast 1266, temperatura de 30oC .................................. 100

  • Figura 59. Curvas experimental e calculada da razo entre a viscosidade no tempo t e a

    viscosidade inicial 0 da resina Stycast 1266, temperatura de 40oC .................................. 101

    Figura 60. Curva de viscosidade da resina Royapox E-502H (1% de acelerador),

    temperatura de 85 C.......................................................................................................... 101

    Figura 61. Impedncia imaginria em funo do tempo da resina Stycast 1266, temperatura

    de 40 C e freqncia de 10 kHz ........................................................................................ 102

    Figura 62. Impedncia imaginria em funo do tempo da resina Stycast 1266, temperatura

    de 50 C e freqncia de 10 kHz ........................................................................................ 103

    Figura 63. Impedncia imaginria em funo do tempo da resina Stycast 1266, temperatura

    de 60 C e freqncia de 10 kHz ........................................................................................ 103

    Figura 64. Viscosidade e resistividade em funo do tempo da resina Stycast 1266,

    temperatura de 40 C e freqncia de 10 kHz ..................................................................... 104

    Figura 65. Impedncia imaginria em funo do tempo da resina Royapox E502H,

    temperatura de 85 C e freqncia de 10 kHz ..................................................................... 105

    Figura 66. Impedncia imaginria em funo do tempo da resina Royapox E502H, em

    diferentes temperaturas e freqncia de 10 kHz .................................................................. 105

    Figura 67. Planilha Excel apresentando os coeficientes otimizados do modelo de Sourour-

    Kamal ................................................................................................................................ 116

    Figura 68. Planilha Excel apresentando a minimizao feita no resultado da soma do

    quadrado do valor residual. ................................................................................................ 117

    Figura 69. Janela de comando da funo Solver, do programa computacional Microsoft Excel

    .......................................................................................................................................... 118

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Caractersticas da Stycast 1266 parte A ........................................................... 66

    Tabela 2 Caractersticas da Stycast 1266 parte B ........................................................... 66

    Tabela 3 Caractersticas da resina Royapox E-502 H ........................................................ 67

    Tabela 4 Caractersticas do endurecedor E-502 H ............................................................. 67

    Tabela 5 Condies de ensaio isotrmico por DSC das resinas epxi/amina e

    epxi/anidrido/acelerador ..................................................................................................... 69

    Tabela 6 Condies de ensaio no-isotrmico por DSC das resinas epxi/amina e

    epxi/anidrido/acelerador ..................................................................................................... 69

    Tabela 7 Condies de ensaio isotrmico por DMA das resinas epxi/amina e

    epxi/anidrido/acelerador ..................................................................................................... 71

    Tabela 8 - Condies de ensaio viscosimtrico isotrmico para amostras de resina Stycast

    1266 e Royapox E-502H ...................................................................................................... 72

    Tabela 9 - Parmetros cinticos calculados para a resina Stycast 1266 a partir dos dados de

    converso isotrmica empregando-se o modelo de Sourour-Kamal modificado .................... 79

    Tabela 10 - Parmetros cinticos calculados para a resina Royapox E-502H (1%acelerador) a

    partir dos dados de converso isotrmica empregando-se o modelo de Sourour-Kamal

    modificado ........................................................................................................................... 83

    Tabela 11 Ponto de gel e ponto de vitrificao da resina Stycast 1266, pela tcnica DMA 94

    Tabela 12 Ponto de gel e ponto de vitrificao da resina Royapox E-502H, pela tcnica

    DMA ................................................................................................................................... 96

    Tabela 13 - Constantes da equao WLF e fator de correlao para trs temperaturas ......... 99

    Tabela 14 Ponto de gel e ponto de vitrificao da resina Stycast 1266, pelas tcnicas DMA,

    DSC e DEA ....................................................................................................................... 104

  • LISTA DE SIGLAS

    DGEBA ter diglicidil de bisfenol A

    DSC Calorimetria exploratria diferencial

    DTA Anlise trmica diferencial

    HHPA Anidrido hexahidroxiftlico

    DMA Anlise dinmico-mecnica

    CP Corpo de prova

    DEA Anlise dieltrica

    RC Resistncia-capacitor

    WLF Williams-Landel-Ferry

  • LISTA DE SMBOLOS

    t Tempo (min)

    tgel Tempo de gelificao (min)

    tvit Tempo de vitrificao (min)

    Tg Temperatura de transio vtrea (C)

    k Constante de reao (s-1)

    k1, k2 Constante da reao cataltica epxi/amina (s-1)

    k1', k2' Constante da reao no-cataltica epxi/amina (s-1)

    T Temperatura (C)

    T Diferena de temperatura entre a amostra e a referncia (C)

    r Razo de reatividade (adimensional)

    CP Capacidade trmica (J/kgC)

    Tc Temperatura de cristalizao (C)

    Tm Temperatura de fuso (C)

    Tpico Temperatura do pico exotrmico ou endotrmico de DSC (C)

    H Entalpia (J)

    Hf Entalpia de calor de fuso (J)

    Hc Entalpia de calor de cristalizao (J)

    Hr Entalpia de calor de reao (J)

    ti Tempo qualquer (min)

    Ti Temperatura no tempo ti (C)

    qi Fluxo de calor no tempo ti (mW)

    Razo de aquecimento (C/min)

    Hi Entalpia parcial de reao no tempo ti (J)

  • HT Entalpia total de reao (J)

    dH/dt Variao de entalpia com o tempo (J/s)

    Converso (adimensional)

    d/dt Taxa de converso (min-1)

    f() Concentrao de reagentes

    A Fator de freqncia (s-1)

    Ea Energia de ativao (J/mol)

    R Constante universal dos gases (8,314 J/molK)

    m, n Expoentes

    dx/dt Taxa de consumo de epxi

    x Concentrao de epxi consumida

    e Concentrao molar de epxi

    a1 Concentrao molar de amina primria

    a2 Concentrao molar de amina secundria

    e0 Concentraes iniciais de epxi

    a0 Concentraes iniciais de amina primria

    c0 Concentrao inicial de impurezas

    k1 Constante relativa reao de ordem n

    k2 Constante relativa reao autocataltica

    (t) Deformao a um dado tempo

    0 Deformao na amplitude mxima

    Freqncia de oscilao (rad/s)

    (t) Tenso a um dado tempo (N/m2)

    0 Tenso mxima (N/m2)

    ngulo de fase (rad)

  • ' Tenso em fase com a deformao (N/m2)

    " Tenso fora de fase (N/m2)

    E Mdulo elstico (mPas)

    E' Mdulo de armazenamento (mPas)

    E" Mdulo de perda (mPas)

    E* Mdulo de elasticidade complexa do sistema (mPas)

    tan Tangente de perda

    F Fora (N)

    A rea (m2)

    Tenso de cisalhamento (N/m2)

    Taxa de cisalhamento (1/s)

    Viscosidade (Pas)

    dx Distncia entre as placas (m)

    dv Velocidade (m/s)

    E A energia de ativao do fluido viscoso (J/mol)

    0 Fator pr-exponencial da viscosidade (Pas)

    M Torque (Nm)

    N Velocidade do rotor (rpm)

    Rb Raio do cilindro interno (cm)

    Rc Raio do cilindro externo (cm)

    Tg0 Temperatura de transio vtrea do material no curado (C)

    Tg Temperatura de transio vtrea do material completamente curado (C)

    *Ta Coeficiente de deslocamento de temperatura

    Tr Temperatura de referncia (C)

  • c1, c2 Constantes

    vi Velocidade dos ons presentes na resina (m/s)

    E Campo eltrico

    n Nmero de ons presentes na resina

    Condutividade inica

    qi Intensidade de carga eltrica

    ui Mobilidade inica

    td Tempo de relaxao de dipolo (min)

    V Voltagem (V)

    ngulo de fase (rad)

    Z Impedncia ()

    Z Componente real da impedncia ()

    Z" Componente imaginria da impedncia ()

    |Z| Mdulo de impedncia ()

    iV Fasor tenso de excitao do circuito RC (V)

    I Fasor corrente do circuito (A)

    iV Valor eficaz do fasor de tenso iV . (V)

    f Freqncia (Hz)

    C Capacitncia (farad)

    Permissividade eltrica do epxi

    A rea de seo transversal do capacitor (m2)

    d Distncia entre os eletrodos (m)

    Y Admitncia equivalente do circuito RC

    C0 capacitncia do ar (farad)

  • ' componente real da permissividade (farad/m)

    " componente imaginria da permissividade (farad/m)

    0 permissividade eltrica no vcuo (8,8510-12 farad/m)

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ............................................................................................................ 25

    1.1 ESTRUTURA MOLECULAR DA RESINA EPXI ............................................. 26

    1.2 SNTESE DE RESINAS EPOXDICAS ................................................................ 27

    1.3 ESTGIOS DE CURA DE RESINAS EPOXDICAS ........................................... 29

    2 REVISO BIBLIOGRFICA ...................................................................................... 33

    2.1 MECANISMOS DE REAO DE CURA DE SISTEMAS EPXI ...................... 33

    2.2 ANLISE POR CALORIMETRIA EXPLORATRIA DIFERENCIAL ............... 35

    2.3 ANLISE CINTICA ........................................................................................... 41

    2.3.1 Cintica Isotrmica Modelo de Sourour-Kamal modificado ......................... 43

    2.3.2 Cintica no-isotrmica Mtodo Isoconversional ......................................... 46

    2.4 ANLISE DINMICO-MECNICA (DMA) ....................................................... 49

    2.5 ANLISE REOLGICA ....................................................................................... 53

    2.6 ANLISE DIELTRICA (DEA) ........................................................................... 57

    3 MATERIAIS E MTODOS ......................................................................................... 65

    3.1 MATERIAIS UTILIZADOS ................................................................................. 65

    3.2 ANLISE CINTICA POR DSC .......................................................................... 68

    3.3 ANLISE DINMICO-MECNICA (DMA) ....................................................... 70

    3.4 ANLISE REOLGICA ....................................................................................... 71

    3.5 ANLISE DIELTRICA ...................................................................................... 73

    4 RESULTADOS E DISCUSSO ................................................................................... 75

    4.1 ANLISE CINTICA POR DSC .......................................................................... 75

    4.1.1 Anlise isotrmica para a resina Stycast 1266 ................................................. 75

    4.1.2 Anlise isotrmica para a resina Royapox E-502 H (1% de acelerador) ........... 80

  • 4.1.3 Anlise no-isotrmica da resina Stycast 1266 ................................................ 85

    4.1.4 Anlise no-isotrmica da resina Royapox E-502H (1% de acelerador) ........... 89

    4.2 ANLISE DINMICO-MECNICA DA RESINA STYCAST 1266 ................... 92

    4.3 ANLISE DINMICO-MECNICA DA RESINA ROYAPOX E-502H ............. 95

    4.4 ANLISE REOLGICA ....................................................................................... 97

    4.5 ANLISE DIELTRICA DA RESINA STYCAST 1266 .................................... 102

    4.6 ANLISE DIELTRICA DA RESINA ROYAPOX E-502H .............................. 105

    5 CONCLUSES .......................................................................................................... 107

    6 TRABALHOS FUTUROS .......................................................................................... 110

    REFERNCIAS................................................................................................................. 111

    ANEXO ............................................................................................................................. 116

  • 25

    1 INTRODUO

    Dentre as mais diversas classes de oligmeros existentes, as resinas epoxdicas so os

    mais versteis polmeros termorrgidos, porque apresentam abrangncia de aplicaes. O

    mercado global destas resinas responde aproximadamente por 1,2 milhes de toneladas/ano, e

    a demanda global cresce em mdia 5% ao ano desde 2002 (TINTAS..., 2006). Os sistemas

    constitudos base de resinas epxi so utilizados na fabricao de adesivos, tintas,

    revestimentos, argamassas e na formulao de materiais compsitos de alto desempenho

    mecnico (UGLEA, 1998). Estes sistemas so bastante requisitados no segmento de tintas

    anticorrosivas, pois so os que apresentam o melhor desempenho em ambientes agressivos

    (ESMALTES..., 2007). Resinas epoxdicas tm largo emprego como impregnante na

    fabricao de equipamentos eltricos de potncia por exibirem excelentes caractersticas

    mecnicas e dieltricas (KREIBICH; LOHSE; SCHMID, 1979). Desta forma, a indstria de

    tintas e a indstria eletrnica respondem globalmente, cada uma, por 40% do consumo.

    Atualmente, o quilo da resina comercializado no mercado internacional por valores entre

    US$ 4,50 e US$ 5,00 (EPXI..., 2003; EPXI..., 2004).

    Como estas resinas so visadas na indstria aeronutica, aeroespacial, eltrica e de

    construo, sofisticadas formulaes so exigidas. Nos dias atuais, com o desenvolvimento de

    equipamentos eltricos supercondutores operando em temperaturas criognicas (4,2 K e 77

    K), os sistemas epxi devem ser formulados com diferentes combinaes de resina,

    endurecedor e acelerador, para se obter as melhores propriedades mecnicas e eltricas em

    baixas temperaturas (EVANS; MORGAN; STAPLETON, 1968).

    As principais caractersticas apresentadas pelos sistemas a base de resinas epxi para

    uso em equipamentos eltricos supercondutores so:

    Facilidade de processamento e manuseio;

  • 26

    Baixa viscosidade em temperatura ambiente;

    Tempo de gelificao longo;

    Resistncia mecnica em temperatura ambiente e criognica;

    Elevada tenacidade fratura em temperaturas criognicas.

    A resina epxi ainda apresenta outras caractersticas que a tornam interessante no

    mbito comercial e cientfico:

    Disponvel na forma lquida ou na slida e em p;

    Excelente adeso (antes e durante a cura) a cermica, metal, vidro, concreto, e outros

    materiais;

    Elevado mdulo de Young;

    Elevada constante dieltrica (isolante eltrico).

    Para assegurar que essas caractersticas sejam atingidas, necessrio o uso de tcnicas

    de medio dos parmetros de cura do epxi nas etapas de formulao, manuseio,

    impregnao e cura do epxi durante a fabricao de dispositivos supercondutores. Neste

    trabalho, quatro tcnicas analticas sero utilizadas para anlise de resinas epoxdicas: a

    anlise por calorimetria exploratria diferencial (DSC), a anlise dieltrica (DEA), a anlise

    dinmico-mecnica (DMA) e a anlise reolgica.

    1.1 ESTRUTURA MOLECULAR DA RESINA EPXI

    A macromolcula de epxi contm anis oxirnicos (Figura 1) na sua extremidade,

    sendo no mnimo um polmero bifuncional. Alm disso, contm estruturas aromticas e

    hidrxidos alifticos que conferem uma alta polaridade resina, e com a presena de grupos

    ter servem para criar ligaes polares entre a resina e a superfcie a ser aderida.

  • 27

    CH

    O

    CH2 Figura 1. Estrutura molecular de um anel oxirnico, que caracteriza o grupo epxi

    1.2 SNTESE DE RESINAS EPOXDICAS

    O composto qumico mais comum utilizado para sintetizar resinas epxi o bisfenol A

    (2,2-bis(2,3-epoxipropoxifenil)-propano), que reage com epicloridrina (2,3-epoxi-1-

    cloropropano), para produzir diglicidil ter de bisfenol A (DGEBA).

    Nas reaes demonstradas abaixo (equaes 1 e 2), dois moles de epicloridrina reagem

    com uma soluo bsica de bisfenol A, para produzir DGEBA (UGLEA, 1998):

    CH

    O

    CH2CH2Cl OH C OHCH3

    CH3

    OHCH

    OHCH

    CH2

    O C OCH3

    CH3

    CH2

    CH2

    CH2

    Cl Cl

    2 +

    NaOH

    bicloridrina de bisfenol A

    epicloridrina bisfenol A

    (1)

    O

    CH

    CH2O C O

    CH3

    CH3

    CH2

    CH2

    CH

    O

    CH2

    2 NaOH

    + 2 NaCl

    diglicidil ter de bisfenol A (2)

    primeira vista, a reao mostra ser claramente composta de duas etapas: a primeira

    utilizando hidrxido de sdio como acelerador, e a segunda utilizando hidrxido de sdio

    como reagente. Porm, a prtica adotada industrialmente de introduzir o acelerador em

  • 28 excesso no incio da reao, que conduzida em apenas uma etapa. Sob estas condies, a

    epicloridrina e o diglicidil ter de bisfenol A competem entre si para reagir com bisfenol A

    no-consumido. Como conseqncia, macromolculas de bisfenol A so sempre produzidas

    (equao 3) (UGLEA, 1998).

    Em produes comerciais de resina epxi de baixa massa molecular, a produo de

    macromolculas suprimida atravs da adio de um alto excesso de epicloridrina. Mesmo

    assim, uma tpica resina epxi lquida contm em torno de 88% de molculas de DGEBA e

    12% de macromolculas de DGEBA.

    O

    CH

    CH2O C O

    CH3

    CH3

    CH2

    CH2

    CH

    O

    CH2

    OH C OH

    CH3

    CH3

    CH

    O

    CH2CH2O C O

    CH3

    CH3

    O C OCH3

    CH3

    CH2

    O

    CH CH2 CH2CH

    OH

    CH2n

    CH

    O

    CH2CH2Cl

    +

    +

    poli(diglicidil ter de bisfenol A)

    epicloridrina

    bisfenol A

    diglicidil ter de bisfenol A

    (3)

  • 29

    1.3 ESTGIOS DE CURA DE RESINAS EPOXDICAS

    Cura significa na terminologia qumica a completa ou total cura, onde todos os grupos

    reativos, como grupo epxi ou cidos carboxlicos, ou todos os stios ativos, como uma

    insaturao ou hidroxila, presentes em uma molcula de resina so consumidos durante a

    etapa de reao.

    A cura de resinas epoxdicas pode ser dividida entre cura com endurecedores (ou

    agentes de cura) e cura com aceleradores. Os endurecedores so compostos qumicos

    polifuncionais que so usados em conjunto com uma resina epoxdica em uma proporo

    estequiomtrica ou no-estequiomtrica. Por outro lado, os aceleradores so compostos que

    promovem a autopolimerizao da resina, e so adicionados a uma concentrao muito abaixo

    da estequiomtrica (UGLEA, 1998).

    Em termos estruturais, a cintica de polimerizao de resinas epxi apresenta trs

    etapas bem distintas (HADAD, 1988; PRIME, 1997; UGLEA, 1998), ilustradas na Figura 2:

    Inicialmente, com a mistura dos reagentes, ocorre apenas a difuso no estado lquido

    das molculas de resina e endurecedor, caracterizando-se como uma etapa de Induo

    (a).

    Aps um tempo t, inicia-se o crescimento e ramificao das cadeias polimricas (b),

    em que ligaes covalentes comeam a cruzar-se em uma rede reticulada (c). Esta

    segunda etapa a Gelificao, e governada pela cintica qumica de Arrhenius. O

    material passa de um estado lquido para um estado de borracha, adquirindo

    propriedades elsticas no presentes em molculas de baixo peso molecular, e pr-

    polmeros lineares ou ramificados. A viscosidade, ento constante, cresce

    exponencialmente. Esta transio denominada tempo de gelificao tgel.

  • 30

    Quando a reticulao das cadeias torna-se total, forma-se uma estrutura rgida, e as

    reaes qumicas cessam, permitindo apenas fenmenos de difuso no estado slido.

    Ocorre ento a Vitrificao (d), marcada por uma transio (tempo de vitrificao

    tvit) de um estado lquido ou estado de borracha para um estado vtreo, como uma

    conseqncia do incremento no peso molecular antes da gelificao, ou incremento na

    densidade de emaranhamento depois da gelificao.

    (a)

    (b)

    (c)

    (d)

    Figura 2. Estgios de cura em polmeros termorrgidos

    A Figura 3 mostra o comportamento tpico da viscosidade de sistemas reativos em

    funo do tempo de cura (PASCAULT et al, 2002), e sua correlao com as etapas de cura de

    polmeros termofixos. Nos tempos iniciais de cura (Induo), os monmeros esto dispersos

    em uma nica fase denominada de sol, e a viscosidade constante. Na etapa de gelificao,

    rapidamente as molculas de pr-polmero comeam a reagir entre si e formar estruturas

    compactas internamente reticuladas, que so freqentemente denominadas de microgis. Os

  • 31

    microgis constituem outra fase dentro do sistema reativo: a fase gel. Desta forma, a

    gelificao consiste na formao de um sistema bifsico sol-gel, onde a matriz a fase sol, e a

    disperso a fase gel. Nesta etapa, a curva de viscosidade tem uma leve inclinao, pois uma

    mudana de regime de fluxo aconteceu no sistema. medida que o tempo de cura avana, a

    quantidade de micropartculas reticuladas maior do que a quantidade de monmeros no-

    consumidos, ocorrendo uma inverso de fase: a matriz agora a fase gel, e a disperso a

    fase sol. Esta inverso de fase marcada pelo tempo de gelificao (tgel), e contribui para o

    aumento na viscosidade. Depois de tgel, ocorre a percolao, que a agregao qumica das

    micropartculas atravs do material, originando uma grande estrutura denominada macrogel,

    onde a viscosidade cresce exponencialmente, tendendo para o infinito.

    Microgel MacrogelPercolao

    Tempo de cura

    / 0

    Induo Microgel

    Macrogel

    Figura 3. Viscosidade em funo do tempo de cura: reocintica de cura (PASCAULT et al, 2002)

    Resinas epxi podem ser convertidas a um estado termorrgido atravs da reao com

    de mais de 50 classes de compostos qumicos. Aminas, poliamidas, anidridos, cidos de

    Lewis, urias, melamina, BF3, aminas complexas, imidas e outras, tm sido utilizadas como

    endurecedores para resinas epoxdicas (UGLEA, 1998).

  • 32 Ao reagir com a resina epoxdica DGEBA em temperatura ambiente, aminas alifticas

    apresentam cintica de reao mais rpida (devido a sua baixa viscosidade inicial), gerando

    uma reao altamente exotrmica e alcanando baixos valores de transio vtrea (Tg). So

    geralmente utilizados na obteno de resinas de alta resistncia ao choque trmico e resinas

    impregnantes em dispositivos eltricos. Por outro lado, poliamidas reagem mais lentamente

    do que as aminas alifticas, por causa de sua alta viscosidade inicial, e caracterizam-se por

    uma reao pouco exotrmica. So utilizadas no desenvolvimento de resinas para

    revestimentos, por causa de suas boas propriedades adesivas, e pela resistncia presena de

    gua (TANAKA; BAUER, 1988).

    O segundo agente de cura mais utilizado o endurecedor base de anidrido. Este

    composto reage mais lentamente do que a poliamida, requerendo reaes de cura em

    temperaturas elevadas para melhorar suas propriedades e alcanando alto valor de Tg.

    preferido em algumas aplicaes amina, por fornecer longa vida til s resinas, por

    apresentar pequenos picos exotrmicos e boas propriedades eltricas e ser menos irritante em

    contato com a pele. Geralmente requer um acelerador para acelerar a velocidade de reao

    (MIKA; BAUER, 1988).

  • 33

    2 REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 MECANISMOS DE REAO DE CURA DE SISTEMAS EPXI

    Na literatura (TANAKA; BAUER, 1988), o sistema epxi-amina tem sido bastante

    estudado por apresentar etapas bem definidas de reao de cura. O mecanismo de reao de

    polimerizao de uma resina epxi com uma amina como agente de cura est apresentada

    pelas equaes (4) a (6):

    CH

    O

    CH2 NH2 CH CH2OH

    NH

    +k1, k1'

    (4)

    CH

    O

    CH2 CH CH2OH

    NH

    CH CH2OH

    N

    CH CH2OH

    +k2, k2'

    (5)

    CH

    O

    CH2 CH

    OH CH2 CH

    OH

    CH

    O

    +k3

    (6)

    onde: k1, k2 constantes da reao cataltica

    k1', k2' constantes de reao no-cataltica

    Razo de reatividade: r = k2/k1 ~ 0,5

    Trs principais reaes de cura ocorrem aqui: a adio da amina primria, a adio da

    amina secundria, e a reao de eterificao do epxi com hidroxilas geradas na reao

    (SCHECHTER, 1956; PRIME, 1997; UGLEA, 1998). A reao ocorre por dois mecanismos

  • 34 competitivos: 1) o primeiro, catalisado pelos grupos hidroxilas inicialmente presentes no pr-

    polmero de epxi; 2) o segundo, por um mecanismo no-cataltico identificado por uma

    reao de 2 ordem. O mecanismo autocataltico desaparece em altas temperaturas por causa

    da dificuldade na formao do complexo de transio ternrio. Por outro lado, a reao no-

    cataltica ocorre em todas as faixas de temperatura. Nos estgios iniciais de cura, quando a

    temperatura de transio vtrea menor do que a temperatura de cura, a cintica controlada

    pelas taxas de reaes qumicas pelo modelo de Arrhenius.

    J os sistemas epxi que utilizam anidrido como agente de cura produzem meios

    reativos com cintica de reao mais lenta por causa da baixa reatividade desse tipo de

    endurecedor, necessitando do uso adicional de um acelerador. Nas equaes 7 a 10 est

    mostrado o mecanismo de polimerizao de uma resina epxi anidrido hexahidroxiftlico

    como agente de cura e um acelerador base de amina (UGLEA, 1998):

    C

    C

    O

    O

    OC

    C

    O

    O

    O

    R3NN+R3

    nion carboxila

    +

    (7)

    C

    C

    O

    O

    O

    CH2O

    CH XC

    C

    O

    O

    O CH2

    CH

    O

    X

    N+R3+

    N+R3

    nion alcxido (8)

  • 35

    C

    C

    O

    O

    O CH2

    CH

    O

    X

    C

    C

    O

    O

    O

    C C O

    OO

    O

    C

    C

    O

    O

    O CH2

    CH

    X

    N+R3+

    N+R3

    (9)

    C

    O

    O

    C

    C

    O

    O

    O CH2

    CH

    X

    C

    O

    OO CH2

    CH2

    C

    O

    OO CH2

    CH

    X

    C

    C

    O

    OC

    O

    O

    O CH2

    CH

    X

    N+R3+

    + R3N

    (10)

    2.2 ANLISE POR CALORIMETRIA EXPLORATRIA DIFERENCIAL

    Quando uma substncia sofre uma mudana fsica ou qumica, observada uma

    variao correspondente na entalpia. Se este processo for promovido por uma variao

    controlada de temperatura, isto constitui a base da tcnica conhecida como calorimetria

    exploratria diferencial (DSC) (LUCAS; SOARES; MONTEIRO, 2001). Esta tcnica

    analtica consiste na medio da energia necessria para estabilizar a zero a diferena de

    temperatura entre uma substncia e um material de referncia, quando ambos os materiais so

    submetidos a um regime de temperatura constante ou aquecidos a uma taxa controlada

    (DIFFERENTIAL, 2002).

  • 36 A tcnica DSC derivada da Anlise trmica diferencial (DTA). Nesta ltima, a

    diferena de temperatura entre a amostra e a referncia (T) medida em funo da

    temperatura ou do tempo. Alteraes qumicas ou fsicas na amostra polimrica como fuso e

    cristalizao so registradas num grfico na forma de picos; j o deslocamento da linha-base

    relacionado com a transio vtrea. Outras mudanas tambm podem ser detectadas, como

    decomposio, reticulao, e indicadores de existncia de formas polimrficas. O valor de T

    medido funo da condutividade trmica, densidade e capacidade trmica da amostra, e

    ainda da variao de entalpia e da resistncia trmica total ao fluxo de calor. A necessidade de

    ser considerada a influncia destes fatores impossibilita a converso direta da rea do pico de

    T em picos de energia (MACHADO; MATOS, 2004).

    Desta forma a tcnica DSC foi desenvolvida para corrigir a deficincia de informaes

    do DTA. As curvas geradas por DSC representam realmente a quantidade de energia

    fornecida ao sistema, assim as reas sob os picos so proporcionais s variaes de entalpia

    que ocorrem em cada transformao, e so obtidas atravs da calibrao do instrumento com

    uma substncia padro por exemplo, metal ndio (In) cuja capacidade trmica conhecida

    (CP (In) = 232 J/kgC).

    Existem dois tipos de configuraes possveis para o equipamento de DSC, que

    diferem entre si na maneira como a amostra e o material de referncia so dispostos no seu

    interior:

    1) DSC de compensao de potncia: amostra e referncia so aquecidas ou resfriadas

    em fornos de aquecimento separados e idnticos (Figura 4). Se a amostra sofre

    alterao de temperatura devido a um evento endotrmico ou exotrmico, os

    termopares detectam a diferena de temperatura entre ela e a referncia, e para igualar

    a temperatura de ambos, a potncia de entrada de um dos fornos modificada

    (DIFFERENTIAL, 2002).

  • 37

    2) DSC de fluxo de calor: amostra e referncia so aquecidas em uma mesma cmara de

    aquecimento (clula do DSC) (Figura 5). A montagem da clula consiste nos seguintes

    componentes: um bloco cilndrico prateado, que dissipa calor para os espcimes

    atravs de um disco de constantan que preso ao bloco prateado. O disco tem duas

    plataformas em relevo no qual os cadinhos da amostra e referncia so colocados. Um

    disco e um filamento de cromo so presos na parte de baixo de cada plataforma, e os

    termopares de cromo-constantan resultantes so utilizados para determinar as

    temperaturas diferenciais de interesse. Filamentos de alumnio presos aos discos de

    cromo formam as junes cromo-alumnio usados para medir separadamente as

    temperaturas da amostra e referncia. Outro termopar encaixado no bloco prateado

    serve como controlador de temperatura para o ciclo de temperatura programada. Um

    gs inerte (gs de purga) passado atravs da clula a uma razo constante. No

    experimento a ser realizado, a mudana na entalpia ou na capacidade trmica da

    amostra causa uma diferena de temperatura em relao temperatura da referncia.

    Esta diferena de temperatura medida e relacionada com o fluxo de calor (q) emitido

    ou absorvido pela amostra.

    Sensores de Platina Cadinho de Referncia Cadinho da Amostra

    Fontes de aquecimento individuais

    Cmaras de aquecimento individuais

    Figura 4. Clula esquemtica de DSC de compensao de potncia

  • 38

    Cmara de Aquecimento

    Cadinho de RefernciaCadinho da Amostra

    Tampa

    Gs de Purga

    Disco de Cromo

    Bloco de aquecimento

    Disco de Cromo

    Filamento de AlumnioFilamento de Cromo

    Juno do Termopar

    Disco termoeltrico(Constantan)

    Figura 5. Clula esquemtica de DSC de fluxo de calor

    Dois tipos de experimentos podem ser realizados por esta tcnica:

    1) Anlise isotrmica: a amostra submetida a um regime de temperatura constante, e o

    fluxo de calor emitido ou absorvido pela amostra medido em funo do tempo de

    ensaio.

    2) Anlise no-isotrmica (ou anlise dinmica): a amostra submetida a um regime

    controlado de temperatura, a uma razo de aquecimento ou resfriamento constante, e o

    fluxo de calor emitido ou absorvido pela amostra medido em funo da temperatura.

    Dentre as transies dos polmeros que modificam as curvas DSC, podem ser citadas:

    1) Determinao das temperaturas de transio: temperatura de transio vtrea (Tg),

    temperatura de cristalizao (Tc), temperatura de fuso (Tm).

  • 39

    2) Medidas quantitativas: capacidade trmica (CP), calor de fuso (Hf), calor de

    cristalizao (Hc), calor de reao (Hr)

    3) Identificao de misturas, grau de cristalinidade, deteco da presena de aditivos,

    acompanhamento da cintica de polimerizao isotrmica e no-isotrmica.

    O equipamento DSC utilizado neste trabalho enquadra-se na categoria fluxo de calor.

    Na construo das curvas de fluxo de calor em funo do tempo ou da temperatura,

    convencionou-se que os eventos endotrmicos fossem representados por picos descendentes, e

    os eventos exotrmicos por picos ascendentes. O sentido do fluxo de calor indicado por

    setas acompanhadas da palavra exo ou endo (Figura 6).

    rea do picoexotrmico

    Variao de CP

    Pico endotrmico

    Tpico Temperatura

    Flux

    o de

    cal

    orex

    oen

    do

    Linha base

    Figura 6. Apresentao de uma curva de DSC

    A tcnica de DSC comumente usada para estudar a cintica de cura de sistemas

    epoxdicos, onde a entalpia de reao envolvida na cura proporcional converso do pr-

    polmero (PRIME, 1997; SOUROUR; KAMAL, 1976).

    Ao se realizar experimentos isotrmicos para monitorar o processo de cura, valores de

    converso (ou grau de cura, ) e taxa de converso (d/dt, expressa em min-1) so obtidos a

  • 40 partir do clculo da rea abaixo da curva de fluxo de calor versus tempo (esquema de clculo

    demonstrado na Figura 7-a). O valor encontrado de rea equivalente ao valor da entalpia

    (H, expresso em J) de reao do sistema. Desta forma, o valor de (equao 15) em um

    tempo ti qualquer igual entalpia parcial de reao no tempo ti (Hi) dividido pela entalpia

    total de reao (HT). J o valor de d/dt (equao 16) calculado pela razo do fluxo de

    calor emitido pelo material no tempo ti (qi, expresso em mW) pela entalpia total de reao.

    J em experimentos no-isotrmicos, a entalpia parcial de reao calculada a partir

    da rea abaixo da curva fluxo de calor versus temperatura (esquema de clculo demonstrado

    na Figura 7-b). A converso do sistema e a taxa de converso so tambm obtidas pelas

    equaes (15) e (16).

    Hi

    qi

    TTi Temperatura

    Flux

    o de

    cal

    or

    Hi

    qi

    tti Tempo

    Flux

    o de

    cal

    or

    (a) (b)

    Figura 7. Curva isotrmica (a) e no-isotrmica (b) de DSC, com esquema para clculo de entalpia de reao parcial

    0lim

    ttdt (11)

    0lim

    TTdT (12)

    dTdt

    ( = razo de aquecimento)

    (13)

    t

    ii dtqH 0 (14)

  • 41

    T

    i

    HH

    (15)

    T

    i

    T Hq

    HdtdH

    dtd

    / (16)

    2.3 ANLISE CINTICA

    Determinar o mecanismo cintico que rege o sistema reativo em estudo oportuno no

    entendimento e controle das etapas reativas e conseqentemente influencia no projeto do

    material para uso comercial ou cientfico. A modelagem cintica tem grande utilidade na

    caracterizao de cura e degradao de polmeros termorrgidos, e para comparar a influncia

    de diferentes resinas e aceleradores, o efeito da adio de aditivos e as condies do meio

    externo (PRIME, 1997).

    O propsito de qualquer estudo cintico a medida do grau de reao como funo do

    tempo e da temperatura. A frao de reagentes consumidos, a frao de produtos formados ou

    qualquer outro parmetro quantitativamente relacionado reao, no tempo t, utilizado no

    clculo da converso do sistema, e tambm da taxa de converso (BROWN, 2001;

    GALWEY; BROWN, 1998).

    Uma equao bsica (equao 17) introduz todos os estudos cinticos, e determina que

    a taxa de converso seja funo da concentrao de reagentes f(), multiplicada pela constante

    de reao k, cuja dependncia em relao temperatura expressa pela equao de Arrhenius

    (equao 18):

    )( fkdtd (17)

    )exp( RTEAk a

    (18)

  • 42 onde: A = fator de freqncia (s-1); Ea = energia de ativao (J/mol); e R = constante universal

    dos gases (8,314 J/molK).

    Os primeiros modelos desenvolvidos para determinar os parmetros cinticos de

    resinas termorrgidas por DSC foram o modelo autocataltico (ESTK; BERGGREN,

    1971) e o modelo de ordem n (BORCHARDT; DANIELS, 1957).

    Tempo

    Flux

    o de

    cal

    or

    (a)

    Tempo

    Flux

    o de

    cal

    or

    (b)

    Figura 8. Grficos esquemticos de reaes de ordem n (a) e reaes autocatalticas (b)

    Nos experimentos isotrmicos, se a cintica de ordem n, a reao qumica tem incio

    to logo a temperatura comea (Figura 8-a) e a taxa mxima de converso ocorre em t = 0.

    Este modelo cintico representado pela equao (19), onde a taxa de converso

    proporcional concentrao do material no reagido (1-), k uma constante de reao (s-1) e

    n um expoente que pode ser um nmero inteiro ou fracionrio, mas raramente superior a 2:

    nkdtd 1 (19)

    J as reaes autocatalticas (Figura 8-b) so caracterizadas por uma taxa acelerada

    de reao isotrmica, atingindo seu mximo entre 20 e 40 % de converso. Este modelo

  • 43

    cintico representado pela equao (20), onde o produto da reao o acelerador da

    reao, k uma constante de reao e m e n so os expoentes, termos de ordem da reao:

    nmkdtd 1 (20)

    2.3.1 Cintica Isotrmica Modelo de Sourour-Kamal modificado

    A partir do mecanismo de reao epxi-amina ilustrado pelas equaes (4) a (6),

    desenvolveu-se um modelo cintico (HORIE, 1970; PRIME, 1997) considerando que grupos

    hidroxilas (OH) formados na reao ou hidroxilas ou impurezas (HX)0 presentes no pr-

    polmero de epxi atuam como aceleradores e no so consumidos nas reaes, o que conduz

    ao esquema mostrado a seguir (equaes 21 a 25).

    A1 + E + (OH) k1

    A2 + (OH) (21)

    A2 + E + (HX)0 k1'

    A2 + (HX)0 (22)

    A2 + E + (OH)k2

    A3 + (OH) (23)

    A2 + E + (HX)0k2'

    A3 + (HX)0 (24)

    E + (OH)k3

    Et + (OH) (25)

    onde: E = resina epxi; A1 = amina primria; A2 = amina secundria; e A3 = amina terciria.

  • 44 A etapa da eterificao (equao 25) geralmente mais lenta do que as reaes amina-

    epxi e s se torna significativa acima de 150 C, quando a amina primria totalmente

    consumida. A presena de impurezas devido ao subproduto formado na reao da

    epicloridrina com o bisfenol A: o cido HCl, que formado e depois neutralizado com uma

    soluo bsica. Mesmo aps a remoo do NaCl, ainda h um resduo de ons cloretos

    presente em resinas DGEBA da ordem de dezenas de ppm.

    A taxa de consumo de epxi dada por:

    0222201111 '' ecakexakecakexakdtdx (26)

    onde: x a concentrao de epxi consumida; e, a1 e a2 so respectivamente, a concentrao

    molar de E, A1 e A2 no tempo t; e0 e a0 so as concentraes iniciais de E e A1; e c0 a

    concentrao de (HX)0. Admitindo-se que k2/k1= k2'/k1' = 0,5 quando as reatividades de todas

    as aminas so iguais, temos:

    )2/)()('( 00011 xaxeckxkdtdx (27)

    A equao (27) facilmente convertida na equao (28), admitindo-se que a

    converso do sistema expressa por 0ex :

    ))(1)('( 11 Bkkdtd (28)

    onde: k1 = 0,5k1e02; k1' = 0,5k1'e0c0 e B = 2a0/e0 a razo inicial de equivalente amina por

    equivalente epxi. A equao (28) apresentada como o modelo de Sourour-Kamal

    (SOUROUR, KAMAL, 1976), onde k1' a constante cintica relativa adio de amina por

    molculas (HX)0 e k1 a constante cintica relacionada pela adio de amina catalisada por

  • 45

    grupos hidroxila. A equao (28) apresenta o modelo cintico fenomenolgico de cura de

    sistemas epxi-amina: as hipteses consideradas no modelo tornam a aplicao do mesmo em

    diferentes sistemas reativos epoxdicos particular composio estequiomtrica e a presena

    de diluentes. Desta forma, a modificao do modelo de Sourour-Kamal considerando o ajuste

    experimental a dados cinticos de uma variedade de sistemas epxi-amina levam

    formulao expressa pela equao (29):

    nmkkdtd )1)(( 21 (29)

    A equao (29) denominada de Modelo de Sourour-Kamal modificado (RYAN;

    DUTTA, 1979), e personifica as observaes experimentais que a mxima velocidade de cura

    correspondente ao pico exotrmico num ensaio isotrmico por DSC ocorre a t > 0 e que a taxa

    de cura a t = 0 finita (PRIME, 1977).

    Em estudo realizado anteriormente (ABREU, 2006), constatou-se que as curvas DSC

    das resinas epoxdicas apresentam uma cintica de reao semelhante ao do grfico da Figura

    7-a, com a mxima taxa de converso ocorrendo para valores de t > 0. Ou seja, a reao de

    cura destas resinas tem caractersticas tanto autocatalticas quanto de ordem n. Por exemplo,

    na Figura 9, est apresentado o ajuste de um termograma da resina Stycast 1266 pelos

    modelos cinticos autocataltico, de ordem n e o pelo Sourour-Kamal modificado. Somente o

    ltimo modelo cintico apresenta total equivalncia com os dados experimentais, e os outros

    modelos cinticos juntos representam uma concatenao do modelo de Sourour-Kamal

    modificado. Desta forma, este modelo cintico foi adotado neste trabalho para as anlises

    isotrmicas por abranger toda a curva DSC.

  • 46

    0 100 200 300 400 500

    0,000

    0,001

    0,002

    0,003

    0,004

    0,005

    0,006

    d/d

    t (m

    in-1)

    Tempo (min)

    Stycast 1266 T = 30 C Modelo de Sourour-Kamal

    modificado Modelo autocataltico Modelo de ordem n

    Figura 9. Apresentao do ajuste dos dados experimentais por DSC da resina Stycast 1266 por trs modelos cinticos

    2.3.2 Cintica no-isotrmica Mtodo Isoconversional

    Existem muitos casos em que o mecanismo do processo de cura de polmeros

    termorrgidos desconhecido ou complicado demais para ser caracterizado por um simples

    modelo cintico. Tambm tendem a ocorrer em mltiplas etapas, que tem diferentes

    reatividades e taxas de cura. Para descrever estas cinticas, freqentemente utilizado um

    mtodo que aproxima o processo a uma nica etapa. Este mtodo denominado Mtodo

    Isoconversional (IMON, 2004; IMON, 2005), e se caracteriza por ser um mtodo free-

    model kinetics, sem a necessidade de adoo de um modelo cintico para prever a converso

    do sistema.

    A principal idia deste mtodo simples, no qual h somente duas suposies bsicas:

    a) O desenvolvimento cintico baseia-se nas equaes bsicas de reao descritas

    anteriormente (equaes 17 e 18) e citadas novamente a seguir:

  • 47

    )( fkdtd (30)

    )exp( RTEAk A (31)

    b) Os parmetros de Arrhenius so obtidos de um conjunto de corridas cinticas de

    temperatura versus razo de aquecimento (para mtodos integrais e incrementais com

    razo de aquecimento linear) ou de taxa de converso versus temperatura (para o

    mtodo diferencial). A avaliao realizada a uma converso constante .

    O mtodo Isoconversional pode ser dividido em dois grupos: mtodo isotrmico e

    mtodo em aquecimento linear. O ltimo grupo pode ser subdividido em mtodo diferencial,

    integral e incremental. Neste trabalho foi adotado o mtodo diferencial, em aquecimento

    linear, que ser demonstrado a seguir, pois apresenta os valores reais de energia de ativao

    (IMON, 2004).

    Para condies no isotrmicas, a combinao das equaes (30) e (31) fornece as

    seguintes equaes:

    )(exp)( fRTEaAkf

    dtd

    (32)

    TB

    ARTEaAf

    dTd

    dtd expexp)( (33)

    onde: (d/dt) e T significam respectivamente a taxa de converso e a temperatura em uma

    converso fixa qualquer. A equao (33) geralmente usada depois de uma transformao

    logartmica:

  • 48

    TBA

    dtd

    lnln (34)

    onde o grfico de ln(d/dt) versus 1/T determina os parmetros cinticos sendo a inclinao

    da reta dada por - E/R e o coeficiente angular por ln A (esquema de clculo demonstrado na

    Figura 10):

    1/T

    ln (d

    /dt)

    tan -Ea/R

    Figura 10. Esquema do clculo da energia de ativao por meio do mtodo Isoconversional

    O valor dos parmetros isoconversionais permite modelar o processo reacional sem

    um estudo profundo de seu mecanismo. Este o principal mrito do modelo Isoconversional.

    Pela combinao das equaes (30) e (31) temos a equao (35), que permite prever o

    comportamento isotrmico de uma resina polimrica atravs de seus dados experimentais no-

    isotrmicos:

    t

    dtTBA

    0

    exp (35)

    Para integrar a equao (35), ambos os parmetros A e B so necessrios. A

    temperatura T pode ser uma funo do tempo. Esta equao pode ser usada para avaliar a

  • 49

    converso alcanada a um dado tempo t, ou o tempo alcanado a uma dada converso.

    Usando a equao (33), a taxa de converso d/dt pode ser avaliada.

    2.4 ANLISE DINMICO-MECNICA (DMA)

    Quando uma tenso senoidal aplicada a um material elstico, dentro do seu limite de

    elasticidade linear, este responde imediatamente (ou seja, sem atraso de tempo), atravs de

    uma deformao tambm senoidal (Figura 11-a). Por outro lado, quando um material plstico

    (ou viscoso) solicitado nas mesmas condies, a resposta tambm senoidal, mas defasada

    em 90 com relao solicitao (Figura 11-b).

    Os materiais polimricos apresentam comportamento viscoelstico, ou seja, quando

    deformados apresentam caractersticas simultneas de materiais elsticos e plsticos. Dessa

    forma, quando submetido a uma tenso cclica (por exemplo, senoidal), sua resposta tambm

    na forma de uma deformao senoidal, atrasada de um ngulo com relao solicitao

    (Figura 12). Isto causado pelo tempo gasto para que ocorram rearranjos moleculares

    associados ao fenmeno de relaxao da cadeia polimrica ou de segmentos dela, ou ainda de

    grupos laterais ou partes deles (CANEVAROLO JNIOR, 2004).

  • 50

    Solicitao cclica

    Tempo (ou ngulo)

    For

    a / D

    efor

    ma

    oResposta em fase(elstica)

    (a)

    Solicitao cclica

    Tempo (ou ngulo)

    Resposta fora-de-fase(plstica)

    For

    a / D

    efor

    ma

    o = 90

    (b)

    Figura 11. Solicitao cclica do tipo senoidal e dois tipos de resposta: em fase ou elstica (a) e fora-de-fase ou plstica (b).

    Solicitao(ex.: fora)

    Tempo (ou ngulo)

    For

    a / D

    efor

    ma

    o

    Resposta(ex.: deformao)

    Figura 12. Resposta de um corpo viscoelstico a uma solicitao cclica do tipo senoidal

    Em um ensaio tpico de deformao cclica, temos a equao (36), onde (t) a

    deformao a um dado tempo, 0 a deformao na amplitude mxima, a freqncia de

    oscilao e t o tempo. A resposta a esta solicitao com uma tenso tambm cclica

    (equao 37), onde (t) uma tenso a um dado tempo, 0 a tenso mxima e o ngulo

    de fase. Estendendo a equao (37), temos a equao (38):

  • 51

    )()( 0 wtsent (36)

    )()( 0 wtsent (37)

    )]()cos()cos()([)( 0 senwtwtsent (38)

    )cos()(' 0 wtsen (39)

    )()cos(" 0 senwt (40)

    A equao (39) representa a tenso em fase com a deformao, e a equao (40) a

    tenso fora de fase. Para cada componente da tenso, pode-se calcular um mdulo de

    elasticidade para cada caso. Como o mdulo elstico E = /, temos:

    )cos(''' 0

    E (41)

    )(""" 0

    senE (42)

    A varivel E' denominada de mdulo de armazenamento e a componente elstica

    em fase com a deformao. J a componente E" chamada de mdulo de perda e a

    componente fora de fase com a deformao. A soma vetorial destas duas variveis fornece o

    mdulo de elasticidade complexa do sistema E* (equao 43) e a soma escalar dada pela

    equao (44). A razo entre o mdulo de perda e o de armazenamento denominado de fator

    de perda tan (equao 45):

    "'* EEE (43)

    22 "'* EEE (44)

  • 52

    '"tan

    EE

    (45)

    Por esta tcnica de caracterizao, podem-se realizar experimentos de trao, toro,

    flexo, entre outros. Porm, uma das tcnicas mais comumente utilizada a tcnica de flexo

    em trs pontos (Figura 13), que permite desde a medio de Tg em polmeros quando a

    deteco de estgios de cura como o tempo de gelificao (tgel) como o tempo de vitrificao

    (tvit).

    Figura 13. Modo de flexo em trs pontos (ASTM D 4065-06, 2006)

    No processo de cura de uma resina epoxdica, os valores de E e E so diretamente

    influenciados pela reao de cura, podendo indicar tgel e tvit. Deste modo, ensaios isotrmicos

    so realizados para obter as mudanas de E, E e tan com o tempo. No h um consenso

    em como se determinar tgel e tvit. Alguns pesquisadores assumem o cruzamento das curvas de

    E e E como o indicador, porm o mais recomendado por outros pesquisadores

    (CADENATO, 1997) a utilizao dos picos de tan (Figura 14), que ser adotado neste

    trabalho.

  • 53

    tan E"

    Tempot gel t vit

    Figura 14. Curva tpica de DMA para um polmero termorrgido em ensaio isotrmico, e a indicao dos tempos de gelificao e vitrificao, respectivamente tgel e tvit.

    2.5 ANLISE REOLGICA

    Sendo a definio de reologia: o estudo da mudana de forma e fluxo dos materiais,

    seguindo elasticidade, viscosidade e plasticidade (MORE..., 2000), ou de maneira resumida,

    o estudo de comportamento de fluxo, a reometria consiste na determinao experimental

    das propriedades viscoelsticas do material.

    Desta forma, duas equaes preliminares (equaes 46 e 47) definem os parmetros

    fundamentais da reologia, considerando a definio de viscosidade dada por Isaac Newton,

    que caracterizou um fluido laminar por um movimento de placas paralelas cisalhando entre si

    (Figura 15):

    dxdv

    AF (46)

    (47)

  • 54 onde: F = fora (N), A = rea de aplicao da fora (m2), = tenso de cisalhamento (N/m2);

    = taxa de cisalhamento (1/s); e = viscosidade (Pas).

    F

    dv

    dx

    A

    Figura 15. Modelo de movimento de placas para um fludo, em fluxo laminar, sob tenso de cisalhamento.

    A viscosidade dos sistemas epxi demonstra uma complexa dependncia com a

    temperatura, taxa de cisalhamento, presso, tempo e composio qumica. Em relao

    temperatura, esta dependncia pode ser explicada por dois fenmenos (VYAZOVKIN;

    SBIRRAZZUOLI, 2003). Primeiro: a um peso molecular constante, a viscosidade decresce

    com o aumento de temperatura. A teoria de Eyring da viscosidade (REE; EYRING, 1958)

    est relacionada lei de Arrhenius de dependncia com a temperatura:

    RTE

    0 exp (48)

    onde E a energia de ativao do fluido viscoso, 0 fator pr-exponencial da viscosidade

    e R a constante universal dos gases. Segundo, um incremento de temperatura acelera a cura,

    e conseqentemente, promove um aumento da massa molecular e da viscosidade. Este

    processo resulta em vitrificao no ltimo estgio de cura.

    H diversas conformaes de aparelhos para medio de viscosidade, e um deles o

    Remetro de Cilindros Concntricos, aparelho utilizado neste trabalho. Este equipamento se

  • 55

    caracteriza por aplicar um torque amostra por meio de um rotor cilndrico coaxial ao

    recipiente da amostra. Devido sua geometria caracterstica (Figura 16), os equacionamentos

    para clculo da tenso e taxa de cisalhamento so os seguintes:

    )(2

    222

    22

    bc

    bc

    RRrRR

    drdv

    (49)

    N

    602

    (50)

    bRFM . (51)

    LRM

    AF

    b22

    (52)

    onde: M = torque (Nm), N = velocidade do rotor (rpm), = velocidade angular, Rb = raio do

    cilindro interno e Rc = raio do cilindro externo.

    L

    Rb

    Rc

    Figura 16. Viscosmetro de cilindros concntricos: o cilindro interno o rotor, e o cilindro externo o recipiente da amostra.

    Na anlise do efeito da reticulao nas propriedades fsicas dos polmeros,

    DiBenedetto (DIBENEDETTO, 1987; PASCAULT; WILLIAMS, 1990) derivou uma

    equao relacionando a temperatura de transio vtrea (Tg) com a converso do sistema

  • 56 (equao 53). O incremento relativo na temperatura de transio vtrea maior a altas

    converses, um fato que consistente com o incremento na densidade da estrutura reticulada

    alm do ponto de gel.

    )1(10

    0

    gg

    gg

    TTTT

    (53)

    A relao entre a viscosidade e o grau de converso pode ser descrita pela equao

    de Williams-Landel-Ferry (WLF) (HESEKAMP; BROECKER; MANFRED, 1998):

    )0,()0*,(

    )0,(),(*

    rrT T

    TT

    Ta (54)

    onde: *Ta =coeficiente de deslocamento de temperatura pela equao WLF temperatura T*,

    = grau de converso temperatura T, e Tr = temperatura de referncia.

    Aplicando logaritmo, a equao (54) transforma-se em:

    oreticuladalunciaatemperaturdaadependnci

    rr TT

    TT

    TT

    inf

    )0,()0*,(ln

    )0,()0,(ln

    )0,()0*,(ln

    =

    )0,()0*,(ln)(

    2

    1

    TT

    TTcTTc

    r

    r

    (55)

    onde T* = T + Tg(=0) Tg(). Desta forma:

  • 57

    0,2

    0,1

    )(2

    )(1

    2

    1 )()()()0,()0,(ln

    g

    g

    g

    g

    r

    r

    r TTbTTb

    TTbTTb

    TTcTTc

    TT

    (56)

    Finalizando na equao (57), onde 0 a viscosidade inicial:

    )()(

    exp02

    010

    g

    g

    TTCTTC

    (57)

    2.6 ANLISE DIELTRICA (DEA)

    A anlise dieltrica por impedncia complexa uma tcnica analtica muito utilizada

    para o monitoramento do processo de cura de resinas polimricas, pois fornece informaes

    sobre o comportamento de materiais dieltricos em nvel molecular, sendo apropriada para

    estudo de relaxao molecular de polmeros termorrgidos (MCKUBRE; MACDONALD;

    MACDONALD, 1987).

    Esta tcnica vem sendo empregada no monitoramento in-situ de processos de

    fabricao de compsitos de matriz polimrica (KRANBUEHL, 1990; MCILHAGGER;

    BROWN; HILL, 2000; NIXDORF; BUSSE, 2001). Por causa da sensibilidade do sinal

    dieltrico s transformaes reocinticas, essa tcnica tambm pode ser usada na avaliao

    dos parmetros cinticos de cura e de evoluo da viscosidade em funo do tempo

    (BIDSTRUP; SHEPPARD; SENTURIA, 1989; MARTIN; TUNGARE; GOTRO, 1990).

    A variao das propriedades dieltricas com o grau de polimerizao de sistemas

    epxi pode ser devido aos seguintes fatores:

    1. Reduo da condutividade inica devido ao aumento da viscosidade (por causa da

    reduo da mobilidade inica). Senturia e Sheppard (1986) estabeleceram que a

  • 58

    condutividade inica fosse devida presena de ons de Na e Cl na resina epxi,

    introduzidos durante a fabricao da resina.

    2. Orientao e oscilao dos dipolos eltricos permanentes com a intensidade do campo

    eltrico, atravs de mecanismos de relaxao do tipo e observados em anlise

    espectroscpica em altas freqncias (BELLUCI et al., 1994).

    3. Diminuio do momento dipolar por unidade de volume devido ao aumento do

    comprimento da cadeia polimrica e da densidade de reticulao e por causa da

    substituio de grupos funcionais presentes nos monmeros por dipolos OH que

    aparecem durante a reao (BUTTA et al., 1995).

    Por ser a anlise dieltrica uma tcnica que mede indiretamente os parmetros

    reolgicos e cinticos e que requer clculos relativamente complexos que levam em conta os

    parmetros eltricos de circuito equivalente, normalmente esses resultados so comparados

    com resultados cinticos obtidos por anlise trmica diferencial (SZYMANSKI;

    BUKOWSKA; BUKOWSKI, 2000), por anlise reolgica (MARTIN; TUNGARE; GOTRO,

    1990) e por calorimetria diferencial exploratria (HE, 2001; KOIKE, 1993). Szymanski,

    Bukowska e Bukowski (2000) correlacionaram a resistncia eltrica medida por aplicao de

    corrente eltrica contnua (c.c.) com a taxa de converso de cura analisada por DTA e

    encontraram excelente concordncia entre os dois resultados. Martin, Tungare e Groto (1990)

    compararam os resultados de anlise dieltrica com os valores de viscosidade ajustados pelo

    modelo de viscosidade de Arrhenius de dois coeficientes e pelo modelo de Williams-Landel-

    Ferry (WLF) em condies isotrmicas para sistema epxi-amina. He (2001) comparou

    resultados de DSC isotrmico e no-isotrmico com anlise dieltrica e correlacionou o fator

    de perda " com o comportamento reolgico e cintico tambm em sistema epxi-amina.

    Koike (1993) mostrou que a regra de Walden, na qual o produto da viscosidade pela

  • 59

    condutividade eltrica constante a uma dada temperatura, vlido para um sistema reativo

    constitudo por resina epxi e endurecedor amina.

    Na anlise dos fatores responsveis pela resposta dieltrica, dois efeitos volumtricos

    devem ser considerados: a condutividade inica e a orientao molecular de dipolo

    (SENTURIA; SHEPPARD JUNIOR, 1986). Em resinas epxi, a condutividade inica est

    relacionada presena de ons cloreto e sdio remanescentes da fabricao do DGEBA. Se o

    campo eltrico aplicado em resinas epxi for E, as n espcies de ons adquirem velocidade vi.

    Se admitirmos em comportamento linear, vi proporcional a E:

    Euv ii (58)

    Se existem Ni ons da espcie i por unidade de volume, com a intensidade de carga de

    qi nos n ons, a condutividade inica pode ser expressa por:

    i

    iii uNq (59)

    Com a lei de Stokes, a relao entre a mobilidade dos ons e as propriedades das

    resinas pode ser examinada quantitativamente. A mobilidade de uma esfera de raio ri em um

    meio com viscosidade e sujeito a uma fora qiE dada pela equao (60). Desta forma, o

    sistema da resina atua como um eletrlito, ento todos os efeitos da polarizao do eletrodo

    observados em eletrodos comuns tambm podem ser observados nas resinas.

    i

    ii r

    qu6

    (60)

  • 60 A Figura 17 ilustra um esquema de orientao de dipolos com a aplicao de campo

    eltrico. Na cura da resina, os dipolos esto dispersos em um meio viscoso e so impedidos de

    se unirem pelo crescimento da cadeia. O processo de orientao requer um tempo

    caracterstico, chamado de tempo de relaxao de dipolo (td). Durante uma reao de cura

    tpica, td curto no incio da cura, e comea a aumentar quando a resina vitrifica.

    Orientao aleatria Incio da Orientao Polarizao

    + -

    + -

    + -

    + -

    + -

    + -+ -

    + -+ -

    + -

    + -

    + -

    + -

    + -

    + -

    + -+ -

    + - + -

    + -

    + -

    + -+ -

    + -

    + - + -

    + -

    + -+ -

    + -

    + -

    + -

    + -

    + -

    + - + -

    + -+ -+ -

    + -

    + -+ -

    + -+ -

    + -

    + -+ -

    + -+ -

    + -

    + -+ -

    + -+ -

    + -

    + -

    + -

    + -

    + -

    - + - +

    Figura 17. Esquema do processo de orientao de dipolo ao se aplicar um campo eltrico

    Na anlise dieltrica, o meio dieltrico (a amostra) submetido a uma tenso alternada

    peridica para medio de sua condutividade eltrica. Um gerador de funo senoidal produz

    um sinal de excitao peridico de amplitude Vi. O sinal de sada amplificado e comparado

    com o sinal de excitao, e decompe-se em dois sinais contnuos: o valor eficaz do sinal de

    resposta V0 e o ngulo de fase entre o sinal de excitao e o sinal de resposta

    (DIEFENDERFER, 1979).

    J a impedncia Z definida como a oposio total oferecida a um dispositivo ou

    circuito pelo fluxo de corrente alternada a uma dada freqncia. um importante parmetro

    para caracterizar circuitos eltricos, e representada como uma quantidade complexa no

    diagrama de Argand-Gauss como um vetor, e consiste de uma componente real Z e uma

    componente imaginria Z (equaes 61 a 65 e Figura 18):

  • 61

    |Z|Z"

    Z'

    Figura 18. Componente real e imaginria da impedncia.

    "' ZjZZ (61)

    cos' ZZ (62)

    senZZ " (63)

    22 )"()'( ZZZ (64)

    '"

    ZZtg (65)

    O circuito equivalente da amostra um circuito RC (Figura 19), que pode ser

    equacionado pela equao (66), cuja soluo para a tenso iV dada pela equao (67):

    RP

    C

    Figura 19. Circuito equivalente da amostra

    IZVi (66)

  • 62

    tjii eVV (67)

    onde: iV = fasor tenso de excitao do circuito RC; Z = impedncia equivalente do circuito;

    I = fasor corrente do circuito; 1j ; iV = valor eficaz do fasor de tenso iV , = ngulo

    de fase da tenso.

    A impedncia equivalente ao circuito RC mostrado acima calculada como:

    222

    2

    222 11 CRCRj

    CRRZ

    P

    P

    P

    P

    (68)

    onde: f 2 = freqncia angular; e f = freqncia em Hz. Lembrando que a capacitncia

    igual a:

    dAC (69)

    onde: = permissividade eltrica do epxi; A = rea de seo transversal do capacitor, e d =

    distncia entre os eletrodos, logo a impedncia real e a imaginria so:

    2221'

    CRRZ

    P

    P

    (70)

    222

    2

    1"

    CRCRZP

    P

    (71)

    A partir de RP e C, a permissividade complexa * caracteriza as propriedades de um

    material eltrico:

  • 63

    000

    1*CC

    CRjCjY

    P

    (72)

    00

    1*CR

    jCC

    P (73)

    "'* j (74)

    0

    'CC

    e 0

    1"CRP

    (75)

    dAC 00 (76)

    onde: Y = admitncia equivalente do circuito RC;

    C0 = capacitncia do ar;

    ' = componente real da permissividade;

    " = componente imaginria da permissividade;

    0 = 8,8510-12 farad/m = permissividade eltrica no vcuo

    A relao entre as componentes real e imaginria da permissividade complexa com as

    componentes real e imaginria da impedncia se d pela equao (77):

    20

    "'ZC

    Z

    e 20

    '"ZC

    Z

    (77)

    Observa-se que a relao entre ' e " com Z e Z se d de forma inversa. A relao

    matemtica entre a permissividade imaginria " e a condutividade eltrica e descrita pela

    equao (78):

    "relax"

    0 (78)

  • 64

    Para anlises em baixas freqncias, o termo relativo relaxao dipolar "relax

    pouco significativo, podendo ento ser desprezado e a condutividade eltrica pode ser

    calculada pela equao (79):

    0 " (79)

    Admitindo que a resistividade descrita pela equao (80):

    1 (80)

  • 65

    3 MATERIAIS E MTODOS

    3.1 MATERIAIS UTILIZADOS

    Dois sistemas epxi foram utilizados neste trabalho, resultantes da combinao da

    resina epxi bifuncional ter diglicidil de bisfenol A (DGEBA) com dois distintos agentes de

    cura: um a base de amina aliftica e outro a base de anidrido, sendo que este ltimo utiliza

    tambm um acelerador a base de amina.

    O primeiro sistema epxi estudado tem o nome comercial de Stycast 1266,

    produzido pela Emerson & Cuming (Estados Unidos), e apresenta-se na forma de dois

    componentes:

    Stycast 1266 parte A: composto pelo pr-polmero de epxi DGEBA, que vem de

    fbrica previamente misturado com um diluente reativo (ter o-cresil glicidlico);

    Stycast 1266 parte B: composta pelo agente de cura (endurecedor) base de amina

    aliftica (3,3-oxibis(etilenoxi)bis(propilamina)).

    As Tabelas 1 e 2 apresentam as caractersticas principais dos componentes da Stycast

    1266 fornecidas pelo fabricante. A resina e o endurecedor foram misturados na seguinte razo

    estequiomtrica (TECHNICAL..., 1999):

    Stycast 1266 parte A ......................................................................... 100 partes/peso;

    Stycast 1266 parte B ........................................................................... 28 partes/peso.

    O segundo sistema epxi analisado tem o nome comercial de Royapox E-502 H,

    comercializado pela RVD Materiais Dieltricos (Valinhos-SP) e apresenta trs componentes:

    Resina E-502 H: tambm composta pelo pr-polmero de epxi DGEBA;

    Endurecedor E-502 H: base de anidrido hexahidroxiftlico (HHPA);

  • 66

    Acelerador 610: base de amina terciria.

    Tabela 1 Caractersticas da Stycast 1266 parte A

    Estrutura

    CH

    O

    CH2CH2O C OCH3

    CH3

    O C OCH3

    CH3

    CH2

    O

    CH CH2 CH2CH

    OH

    CH2n

    Nome ter diglicidil de bisfenol A

    Aparncia Lquido branco transparente

    Viscosidade 8,5 Pa.s

    Massa especfica 1,16 g/cm

    Diluente reativo CH3

    O CH2

    CH

    CH2

    O

    Nome ter o-cresil glicidlico

    Concentrao: 1 10 %

    Tabela 2 Caractersticas da Stycast 1266 parte B

    Estrutura NH2 O

    OO NH2

    Nome 3,3-oxibis(etilenoxi)bis(propylamina)

    Aparncia Lquido amarelo transparente

    Viscosidade 0,035 Pa.s

    Massa especfica 1,00 g/cm

  • 67

    As Tabelas 3 e 4 apresentam as caractersticas fsicas e qumicas dos componentes da

    Royapox E-502 H fornecidas pelo fabricante. A resina, o endurecedor e o acelerador foram

    misturados na seguinte proporo estequiomtrica (ROYAPOX..., 2004):

    Resina E-502 H ......................................................................................100 partes/peso

    Endurecedor E-502 H .............................................................................80 partes/peso

    Acelerador 610 .................................................1 parte/peso

    Tabela 3 Caractersticas da resina Royapox E-502 H

    Estrutura

    CH

    O

    CH2CH2O C OCH3

    CH3

    O C OCH3

    CH3

    CH2

    O

    CH CH2 CH2CH

    OH

    CH2n

    Nome ter diglicidil de bisfenol A

    Aparncia Lquido branco transparente

    Viscosidade 11,0 16,0 Pa.s

    Peso especfico 1,14 g/cm

    Tabela 4 Caractersticas do endurecedor E-502 H

    Estrutura C

    C

    O

    O

    O

    Nome anidrido hexahidroxiftlico

    Estado fsico Lquido amarelo transparente

    Viscosidade 0,03 0,20 Pa.s

    Massa especfica 1,22 g/cm

  • 68 3.2 ANLISE CINTICA POR DSC

    O equipamento utilizado neste trabalho foi o Calormetro Exploratrio Diferencial

    modelo Q10, fabricado pela TA Instruments, e pertence categoria de DSC de fluxo de

    calor. A calibrao do equipamento foi realizada com o metal ndio (99% de pureza Hf =

    28,59J/g Tf = 156,6 C), e a linha-base foi determinada. As amostras analisadas foram

    pesadas, encapsuladas em cadinhos hermticos de alumnio, e submetidas a ensaios

    isotrmicos e no-isotrmicos, sob atmosfera de N2 (vazo de 50 mL/min). As condies dos

    ensaios esto descritas nas Tabelas 5 e 6.

    Curvas de fluxo de calor versus tempo de reao e curvas de fluxo de calor versus

    temperatura foram obtidas respectivamente dos experimentos isotrmicos e no-isotrmicos.

    Atravs dos valores de fluxo de calor foi possvel calcular a converso do sistema, e

    por fim, os valores de taxa de converso em funo do tempo para a anlise isotrmica. A

    estes dados experimentais, foi aplicado o Modelo de Sourour-Kamal modificado. Seus

    expoentes (m e n) e suas constantes cinticas (k1 e k2) foram calculados para cada temperatura

    de cura atravs da anlise de regresso no linear. Com o conjunto de dados de k1 e k2, foram

    calculados os valores de Energia de ativao (Ea) relativos a cada constante cintica. A anlise

    de regresso linear foi realizada por meio do programa de computador Solver (vide Anexo),

    um poderoso pacote suplementar de otimizao disponvel na planilha do programa Microsoft

    Excel, que fornece resultados de forma iterativa do