Estruturalismo e Teoria Da Linguagem
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7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem
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7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem
2/25
W '
* * * 1 -. - f .~ -
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. , . . . f . . . . ., . M . - ~ . ~ . ~ _ p , . ~ .1 . ~ . ~ . _ . = _
_
- I
:w c m = w f = . - :
2
f f
vi
z
r .
ii
si
w w . -
v f . v m ~
u u w < v u . v n M . a
1-
MICHEL
FOUCAULT
Sbre_ a
Arqueologia
das
Clencias
Resposia ao Crculo Epistemolgico
Perguntas
a
Michel Foucault
NO
HOUVE
outro
d e se jo n as qu es t e s
que s o
aqui
colucadas
ao
Autor
de
llsiairc
de
la
Folie,
de Naissance de la
Cli-
nique e de le s Mots ct le s Choses
seno
o de l h . e pedir
que
enunciasse,
sbr e sua teoria
e a s implicaes d e s e u mtodo,
proposies
crticas
que
fundam
sua
possibi l dacle. O intcrsse
do Circulo
levou
a pedir-
lh e que definisse suas r espostas em re la o a o estatuto da cincia,
de
sua histria
e de
se u
conceito.
Da
epsteme
e da
rutura epstemolgica
A noo de futura epistemolgica
serve,
desde a obra de Ba -
chelard, para
des ignar
a descont nuidade
que
a filosofia e a historia
da s
cincias
crem ma r c a r
en t re
0 nasc imen to de qualqucr cincia
e 0 tecido de e r ros posit vos, tenazes, solidrios retrospectiva-
men te
r econhec ido como
a
precedente . O s exemplos tpicos de Ga -
li le u , N ew ton ,
de Lavoisier,
mas ,
t amb m , de Eins te in e
Mend l e f f ,
i lustram a perpetuao
horizontal dessa
ruptura.
O autor de le s Mots e t le s C hos es ma r ca um a
descont inuidade
vertical
ent re
a configurao
epis tmica
de
um a
poca
e
a
seguinte.
9
/
F
x
k
V
-
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3/25
Perguntamos-lhe: quais
a s
relaes que m an t m e ntre si esta
horizontalidade
e esta
verticalidade.
'
A pe rio dz a o
arqueolgica delimita no cont nuo co nj un t os s in -
crnicos, reunindo
o s
sa be re s na
forma
d e sistemas
unitrios.
E la
apaga ao m esm o
t empo
a
di fe rena
que,
ao s olhos de Bache lard,
separa a todo ins tan te os discursos cient f icos dos outros e, atribun-
do
a
cada
um sua s temporalidades espec ificas, faz d e sua simulta-
neidade
e
d e sua soiidariedade
um efeito d e
superficie.
Pe rgun tamos se
0 a r qu e lo go que r essa supresso, ou se q ue r, a i,
distinguir
dois registros, hie rarqu izados
ou
no.
S e
verdade que se obtm uma confgurao
epistmica
por art i -
culao
d e
traos
pertinentes
escolhidos
e m
um
conjunto d e enuncia-
dos, perguntamos-lhe:
_
o
que governa
a
seleo
e
justiiica por exemplo, a
seguinte
t ranse : Seuls
ceux
qui n e s ave nt p as lire
s'tonneront que
je l'ai
appris p lus c la ir emen t chez Cuvier, chez Bopp,
c h e z
Ricardo que
c h e z Kan t
o u
Hegel
( le s Mot s e t le s Choses, p . 318)?
que
valida
a configurao
obtida?
e m
sentido
perguntar 0
que
define u m a e pis te m e em gera l?
P e r gu n tamo s -l he ma i s : deve a arqueologia
conhecer
um conceito
da cincia? um concei to da cincia que n o e ste ja e sg ota do p ela
diversidade de
suas
fo rmas ('figures')
his t r icas?
Da leitura
Qual
o
uso
da
letra
que
a
arqueologia
supe?
lsto
:
que
operaes
praticar sb r e
um
enunc iado para deciirar,
a t ravs do que
diz,
suas
condes
d e
possibilidade e assegurar-se d e que s e atingiu o no-
pensado que,
fora d l e ,
nle , o suscita e sistematiza?
Reconduzir um
discurso
a seu impensado
torna
v o dar - lhe
as
es truturas in te rnas
e recompor-lhe o funcionamento
autnomo?
Que
r e lao fa z e r e n tr e
estas duas
sis temat izaes
concor rentes?
H
um a
arqueologia das doutrinas tilosiicas a
opof
tecnologia dos siste-
mas filosficos, ta l como a pratica Mart ia l Gueroult?
O exemp lo de Desca r t es pod eria te r, a qui, valor discriminante
(Histoire de
la
Folie, pp. 54-57).
1
Tente-se r e tomar
nesta
questo a passagem
seguinte
du artlgo de C i.
C a n guil hem c on s ag ra d a
ao
llvro de
M. Foucault (Critique,
nv 2 42, pp.
612 -3 ) :
Tratando-se de um sabe r
t er ico,
p os sl ve l p e n sa r
na
especlficldade de
se u
concel to
sem
referncia a qualquer norma? En t r e os dlscursos tericos con*
slderados
conformes ao
sis tema
ep ls temlco dos
sculos
XVII e XVlli,
alguns.
como a histria natural, to ram
r ele ga do s p ela e pis le m e
do
sculo
XIX,
m as
aiguns
outros
loram
integrados.
Apesar
de te r
servido de modelo aos
fisiolo-
gistas
da economia
a n im a l d ur a nt e
0 sculo
XVIII,
a fisica de Newton n o
caminhou
com
ela.
Buffon
refu tado p or D a rw in . se n o o
por
tienne
Geoffroy Saint-Hilaire. Ma s Newton n o
mais
refu tado p or E in st e in do que
p or M a x we ll. Darwin
n o
r e iu ta d o p or
Mende l e
Morgan.
A sucesso
Gall leu,
Newton, Einstein n o a pr es e nt a
rup turas
semelhantes
s
que
se
es tabe lecem
na
sucesso
Tournefort, Lineu,
Engler em
sistemt ica botnica.
10
.
. . . s . .
l y .
_ s _ ..
-
. .
* , ' * - * r * 1 ' * ' ' i _ . ' ' '
**
-
I
1 K `
Da
doxologia
Como definir a r e lao
que
articula a configurao epis tmica
aos conflitos d e opinio que
s e
desenrolam
e m
sua superficie?
O n ive l da s opinies
s
te m propr iedades negativas: desordem,
Sepa rao, dependnc ia?
O sistema d e opinies
que
define
um
autor
n o
pode obedecer a
um a le i
prpria, de
tal sorte que
se poderiam
es t abe l ece r
reg ras
que
governem
e m um a
episteme
a
variedade
dossistemas
doxolgicos,
a
presena
de tal opin i o imp li ca n do ou exclu indo tai outra no in-
terior d e um m esm o sistema?
Por
que
necessrio que a r e ia o en tr e
o s
sistemas d e opinies
t ome s empr e a forma d e contlito?
Das ormas
de
t ransio
Na s iormas de t rans o que asseguram a passagem de um a grande
configurao a outra, o captulo
Vi,
par te ill, de le s Mots et le s
Choses,
explica
que se, no
caso
da
histria
natural
e
da gramtica
gera l , la mutation s'est
faite
brusquement,...
e n
r evanche le mode
d'tre de la m onn aie e t de la r ichesse, parce qu'il tait li toute
une
praxis, tout
un ensemble institutionnel, avait
um
indice
de
viscosit historique beaucoup plus lev (p . 19 2 e 2 1 8 ) .
Perguntamos d e que teoria a possibilidade e m geral d e uma
ta l
viscosidade pode se r o
objeto?
De que
manei ra e
segundo que
relaes (causalidade,
correspon-
dncia,
etc.)
uma
forma
cl e
transio
pode
se r
determinada
por
ta l
viscosidade?
As descont inuidades que
se
es tabe lecem
ent re conf iguraes que
se
sucedem s o tdas,
de direito,
do mesmo tipo?
Qual 0 motor
que
transforma
um a configurao e m outra? O
princpio da
arqueologa
quer a
reduo desta questo?
Da
historcidade e
da
finitude
Pe rgun tamos
ao
Autor de Histoire
de la
Folie, de Naissance de
la
Clinique e de le s Mots
et le s Choses
como definiria o
ponto
de onde
pode levantar a terra ep is tm i ca . Q ua nd o le
atirma
que para
falar
da
loucura
uma
langage
sans
appui tait
ncessaire
(p. X ) , _
que
na ciin ica a lgo comea a mudar hoje, ou simplesmente
que
o fm _ c l e
l ' l1omme
e st
prochaine ,
que
estatuto conferiria a
sse
pronuncia-
mento
mesmo?
Pode,
le
hoje, situar sua prpria
coniigurao?
Se se
chamasse historicidade de um autor o
fato
de que pe r t ena
ep is teme de
s ua poc a,
e
finitude o
nome
que
um a
poca
_-
notadamente
a
nossa
--
daria
a
seus
prprios
limites,
que
relaoes
11
x
|
i
\
r
-
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ou no-relaes
manter iam, segundo le , e ss a historicdade
e
e s s a
finitude?
Aceitaria que
um a alternativa lh e f sse proposta en t re um histo-
r ic ismo radical (a a rqueolog ia pode r ia predizer sua prpria
re ins -
cr io
em um
nvo discurso)
e um a e sp c ie d e
sabe r
absoluto (do
quai a lgun s a ut r es p od er ia m ter o
pr essen t imen to
independente-
men te
da s r e s t ri es ep is tm icas )?
O
CiRcuLo
D F .
EPisrE.uoLoom
ResP0srA Ao
Cizcuco
D E E P I S T E M O L O G I A
1 . A Histria e a
descontinudade
Um cur ioso en tr ec ruz amen to.
H dezenas
d e anos
que
a
a t eno dos
his tor iadores
se voltou pre fe renc ia lmen te
para
o s perodos longos. E ra
como
s e ,
debaixo
das peripcias
politicas
e
d e
seus episdios, buscassem
revelar
o s equilibrios
estveis e
ditceis
de rompe r , os processos insensveis, as
r egu la es cons tan t es , os f e nmenos tendenciais que culmi-
na m
e
s e invertem aps contnuidades seculares, os movi-
mentos
d e
acumulao
e
a s
saturaes lentas,
a s
grandes
bases imveis
e mudas que
0 ema r anhado
da s
narrativas
t rad ic ionais recob r ia com
um a cam ada
d e acontecimentos.
Pa r a
conduzir essa anl ise, os
h is t or iado r e s d ispunham
de
ins t rumentos
que, em par te ,
mo l da r am
e em
par te r e c ebe r am :
modelos
d e
c rescimen to econm ico, anlis e quantitativa dos
iluxos de
t rocas, per f is
dos
desenvo lv imentos
e
da s
regresses
demogrticas,
estudo das
oscilaes
do clima.
stes
instru-
mentos
permi t i ram-lhes
distinguir, no c am po da histria, ca -
madas sed imenta r es diversas; as sucesses l ineares,
que ti-
nham
sido
at ento
o ob je to da
pesquisa,
foram subs t ituidas
por
um
jgo de disjuncs e m protunddade. Da mobilidade
politicas s lentides prprias
da
cvilzao
matcrial>,
o s
nveis
d e anlise
s e
mult ipl icaram;
cada um tem
suas
ruptu-
ra s
especificas; cada
um
comporta
um recorte que s
a le
per t ence ;
e ,
medida
que se
desce
em di reo s camadas
mais
profundas,
a s
escanses
s e
fazem cada
ve z
maiores. A
velha
ques to da
histria (que ligao
es tabe lece r en t re
acon-
12
a a . .
tecimentos
descontnuos?)
substituida
d e
agora em
diante
por um jgo
d e
interrogaes dificeis: que estratos _ preciso
isolar un s dos
outros?
Que tipo 0 que critro de
pe r iodizao
preciso
adot a r par a c ada um dle s?
Que sistema
de
relaes
(hierarquia, dominncia, clsposio horizontal, determinao
unvoca,
causalidade circular) pode -sc obse r va r
entre um e
outro?
O ra , m ais
ou m enos na
mesma poca,
na s
disciplinas
que
s e chamam histria
das idias,
das c incias , da filosoiia, do
pensamen to,
e
t ambm da literatura ( sua espec if ic idade
pode
se r
negligenciada
por
um
instante),
na s disciplinas
que,
apesar
d e
s e u
titulo,
escapam em
gr ande par te
ao t rabalho
do
historiador
e a seus mtodos, a a t eno se deslocou, ao
contrrio, das
vastas
Lmidades
que formam poca ou
s-
c u l o > ,
em
dirco
a o s fenmenos de
ruptura.
Sob a s grandes
continuidades do pensamen to, sob a s man it e sta es mac i as
e homogneas do espirito, sob
o realizar-se
obstinado
d e
um a
cincia
que luta para existir
e
para
s e
real izar
desde
s e u
como,
procura-se, agora , de tecta r a incidnca das in terrup-
e s .
G.
Bachelard delimitou l im ia res ep is temolgicos que
rompem
0 acmulo
indefinido dos
conhc cimen tos ; M . Gue -
routl desc reveu s is temas
fechados,
arquiteturas conceituais
fechadas que escandem
0
espao
do
discurso
filosfico; G.
Canguilhem analisou
a s
mutaes,
o s
deslocamentos,
a s
t rans-
formaes no campo de
validadc
e regras de uso dos
con-
ceitos.
Quanto
anlise l i terria,
a
es trutura in te r na da
obra -_ menos ainda: do
texto
ue ela intcrroga.
M as que sse en t r ecruzamen to
no
i luda.
No
se deve ima -
ginar, confiando na aparncia, que algumas
das
disciplinas
hs t r icas caminharam
do
continuo a o descont nuo, enquanto
que
a s outras
ara dizer a verdade: a
histria
tou t cou rt :
caminhar iam
do
formigamento
das
descontinuidades
s
g ra nde s u nid a d e s
ininterruptas.
D e
fato,
a
noo de
des-
continuidade
que mudou
d e
estatuto.
Para
a
histria,
sob
sua forma clssica, o descontnuo era a o
mesmo
tempo o
dado e o mpensve l : 0
que
se oterecia
sob
a
forma dos
acon-
tccimentos,
das instituies, das
idias ou
das prticas
dis-
persas; e o que devia
ser,
pelo
discurso do historiador,
con-
tornado, reduzido, apagado, para que
aparecesse
a
continui-
da de dos
encadeamentos. A descontinuidade e ra
o
estigma
1 3
v fi f .
,
. _
1
1
z
1
I
i
-
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A flfl-* *'1' ~ fl'*W.'f * ` * F* *- v* i* :\ 'P~ ~.R.r
-
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6/25
Quando desde
o
inicio dste sculo, as pesquisas psicana-
v
.
-
l t icas, l ingisticas
e , em seguida, as e t nologicas , dcsp iram
o sujeito da s le is de seu
dcseio,
da s
formas
de sua palavra,
da s
regras
de
sua
ao
e dos
sistemas de seus dscursos,
.
_
. -
a
miticos, aque le s que , @ H U G l1 S S e
dlspusefam
3 Pf fee f
t radio historiogrfica no
cessaram
de
r e sponde r : s im , m a S
a
h i s t o r i a
_
..
A
h i s t o r i a
q ue n a o
e s t r u f u r a _ i 1 1 = . * s _ d e u i L ,
q u e
_
.
-
-
-
'
'
s
na o simultaneidade
m a ^ _ sa
p ra ic a; ue na o e forma mas d
h o
conscincia que
s e re toma
a si mesma
t entan
o
reassei i _ _
rr-se
de si
mesmo
a t o
mais
profundo de sua s
cond.t0.r.
a
Historia que
n o e
descontinuidade
mas l o i i _ g a _ p a c u ; * . n _ i
ininterrut a.
M as para
canta r esta
l i tania
d a con te st a a o,
ser ia
necessrio desviar
0 olhar do t rabalho dos historiadi-
r e s: r e cusa r -s e a
ve r
o que
s e passa atua lmente
em
sua piv-
tica
e em seu discurso; t echar os olhos grande
mflaao
de
sua
disciplina; pe rmanece r
obst inadamente c e _ g o d a 0 c 1 t S 0
de que a
historia talvez
n ao s eia ,
para
a
soberania
aue os
cincia,
um
lugar
melhor
abr igado, menos arr isca 0 q
mitos,
a
l inguagem ou a sexual idade; em r e _ s u m o , se ria n e-
cessrio
reconsti tuir , como
medida
de salvaao, u m a ' h _ 1 S t f _ l 2
como no s e faz
mais.
E ,
n o c a s o e m
q u e
e S S a
h 1 S 0 fl a 1 1 2 0
oferecesse segurana
bastante,
ao devir do pensamento,
-
' ' cia
dos
conhec imen tos , do s ab e r ,
e _
ao
devir
de
um a
C O I I S C I C I 1
sempre prx ima dela mesma , indef inidamente l igada
a
se u
passado, e presente
em
todos
os
seus momentos, que s e pe -
dria para
salvar
0 que dever ia se r
salvo:
quem ousaria
privar
o
sujeito
de
sua
prpr ia histr ia?
Clamar -se- ia, entao,
que a historia t inha
sido assassinada
cada
vez
que e m um a
anlise
histr ica
(e , sobretudo, s e s e
t ra ta
do
conhecimcnto),
o uso da
descontinuidade s e
t or n ass e demasiado
visivel.
Mas
n o h n cc es sid ad e
de
engano: o que s e last ima
t o grave-
m ente no
a
supresso da
historia,
o
desaparec imento
dessa
fo rma
de
histria que
e ra
s ec re t amen te _ ~ mas intlei-
ramente- refer ida a t iv idade s in t e t ica do suieito. Acumu a -
r am - se to dos
os
tesouros
de outrora na
velha c r dade la de st a
his tr a; n s a j ulgvamos s li da porque a
haviamos
sacra-
l izado
e porque
e la
e ra
o
u lt imo luga r do pei isamento
an t ro-
polgico. Mas h muito t empo que os historiadores par t i ram
para
t r aba lha r
em outras reas. N o mais p re c iso con t ar
16
Estrutura l smo
e
Teoril . . .
l
l
i
m.. HIIIUUHIL- - - Y - -
-
~ _ * ~ - > *
- - ~ ~ ~ * - v ~ : ~ * ~
' '^ * **-~*-~~=. , . ,_. . , - . ~ . . . . .
~wm_wWMr,a
com eles para guardar os prvilgios, nem para r ea f i rmar
m ais um a vez _- ainda
que
tenhamos grande necessidade
disso na angustia de hoie _que
a
historia, pelo me nos e la ,
e
viva e continua.
2 .
0
campo dos
acontecime ntos discursvos
Se se
quer
apl car
sis temt icamente
(isto , definir,
utiiizar
d e tuma ma n e ir a
t o
ger a l qua n to pos sive l
e
val idar)
o con-
ce i o de
descontinuidade a esses dominios, t o i nce r tos quan to
a
suas
f rontei ras, t o
indccisos em
se u contedo que se
- . . . ,.
Y *
chama
historia
das ideias, ou do pens amen to , ou da s ciencias,
ou dos conhecimentos,
encont ra -se um ce rto n m e ro
de
problemas. '
Antes
de
mais nada, ta refas negatvas. E ' preciso s e 11 -
ber t a r de
todo
um jgo de noes que esto l igadas ao pos-
tulado
de
continuidade.
Sem
dvida,
elas
n o tm um a e str u
tura.
conceitual
mu it o r igor osa , m as sua funo muj to
p re c is a. C om o
a
noao
de t radio, que
pe rmi t e
ao mesmo
t empo del imi tar
qualquer novidade
a
partir de um sis te m a
de coo rde riadas pe rmane n t e s e de
da r um estatuto
a
um
conjunto de fe n menos const ant e s. Como
a
noo de influn-
.
.
C 1 8
que
d
um
Suporte-
antes
mgico
que
substanc ia l
.
aos fatos de t ransmissao e
de
comun ica o . Como a noo
.
de
desenvolvimento,
que permi te d es cr ev er um a sucesso de
a co nt ec im e n tos com o s cn do
a
manifestao de um nco e
mesmo
principio organizador.
Como a noo, simt r ica e
inversa,
de
teleologia ou
de
evoluo
em
direo
a
um estgio
0 fma 1 V 0- C 0m0,
aiflda, a s
n o e s d e
mentalidade
ou d e
e5P1'lt0 de um a poc a que permitem
es ta b c lc ce r e n tr e
fen -
menos simultneos ou
sucessivos
um a
comunidade
de
sent ido
. .
_
1 ,
de la os
simbl icos,
um Jgo de
semelhanas e
de espe lh os . f
'
1 -
1
E pre ciso abandona r essas
sinteses
ia feitas, esses
agrupa-
mentos
que se
admitem
antes de qualquer exame, sses
laos
cuia
val idade
admi t ida
ao inicio do jgo;
destruir
as formas
e
as
foras obscuras
p ela s qu ais temos 0 hbi to de ligar
ent re
si
os
pensamentosdos
homens e
seus
d iscursos; ace i ta r
que s
s e
t ra ta , em pr imei ra instncia, de um conjunto de
acontecimentos
dispersos.
,I
-
7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem
7/25
N o preciso, t ampouco,
toniar como vlidos os
recortes
(
-
7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem
8/25
*sr .2 1*
vs
_
_ _ , ,, ,
....=:,_ s T,/_ __ F
4M _ J \H _
< ` _ _ 0 V _ Y W
V W
M ` www i rr _ W n A
~ * ^
*vw f '-~*
.
-~. .,__ V-g
_.,,.
., .
v .. [email protected],_q_/ ___ \
t f k 5
c ionar os esquemas
abandonados?
E que e sta tuto d ar s
cartas, s notas,
s conversaes
relacionadas,
aos propsitos
transcri tos
pelos auditores, enf m,
a
essa imensa mult ido
de traos
verba is que
um indivduo deixa em t r no de si no
momento
de
sua
mor t e , que falam em um en t rec ruzamen to
indef in ido t a nt a s l inguagens d if e re n t e s e
demanda ro
sculos,
m i ln ios t a lvez,
a nte s de
se
a pa ga re m ? E m qua lq ue r
caso,
a
denotao
de
um
tex to
pelo nome
Mal l a rm
sem
dvida
n o
do
mesmo tipo
s e s e
trata de t emas
inglses,
da s
t radues
de Edga r Poe,
dos p oe m a s ou
da s
respostas
a pesqusas. Da
mesma mane i ra , n o a mesma re lao que e xis te e n tr e
o
nome de
Nietzsche
de
um lado e
de outro
lado
as
autobio-
grat ias
da juventude, as dissertaes
escolares,
os
art igos
filolgicos,
Zaratust ra,
Ecce homo,
a s cartas,
os lt imos
car tes postais assinados
po r
Dionysos ou Ka i se r N ie t zs che ,
as i nume rve s cade rne tas em que
s e
emaranham as notas de
lavancleria e
os projetos de
atorismos.
D e ato, a
nica
unidade que se poderia reconhecer na
obra de um
autor
se ria um a c e rta fu n o
de
expresso.
S upe -se que a de ve
haver
um nvel
( t o p ro fu ndo
que
necessrio
sup-lo) em que a
obra
se revela
em todos os s eus
f ragmentos, mesmo os minsculos e os ma is aces s r io s, como
a
expresso
do
pensamento,
ou da
experincia,
ou
da
imagi -
n a o, ou
do
inconsciente
d o a uto r,
ou das
dete rminaes
histr icas na s
quais estava envolvido.
Mas
v-se
logo que
essa
unidade da opus , longe
de
se r da da imedia tamente,
consti tuda po r um a
operao;
que e st a operao in te rpre-
tativa (n o
sentido
de que
e la
decira,
no texto,
a
expresso
ou a t ranscr io de alguma coisa
que
le csconde e manifesta
ao mesmo t empo ) ;
que, inalmente, a op er a o que deter-
mina a opus em sua unidade e , po r consegunte, a obra mesma
como re sul ta do dessa ope r a o, n o sero
as
mesmas
se
s e
t rata
do
autor do Th tre e t son
double
ou do autor do
Tractatus. A
obra n o
pode se r
considerada nem com o um a
un id ade imed a ta ne m como
um a unidade
cer ta, ne m com o
um a u nid ad e homognea.
En f im , a l t ima
medida
para p r
fora
de
circuito
as con-
t inuidades i r refletidas
pe la s qua is s e
organiza, de
antemo,
e em um me io -segrdo, o
discurso
que
s e
quer anal isar : re -
nunciar a dois
postulados
que
esto
l igados
ent re
si e que
20
s e
opoem. tlm supe que
j ama is
possvel
a ss in a la r , n a
ordem do
discurso,
a r rupo
de um
acontec imento ve rda-
deiro;
que alm de todo como a pa re nte h sem pre um a
origem secreta_o s e cr e ta e
t o originria que
n o s e pode
nunca retom- la in te i ramente n e la m e sma . Se bem
que
ser ia-
m os
f c lmen t e reconduz idos,
atravs
da
ingenuidade da s
cronologas,
em
direo
a
um
ponto nf ini tamente
recuado,
Jamais
presente
em qualquer historia; le prpr io n o
seria
senao seu
prpr io
vazo, e , a partir
dle,
todos
os comeos
s poder iam se r
recomo
ou ocultamcnto (n a
verdade,
em
um unico e mesmo gesto, isso
e aquilo). A
ste t ema
est
ligado
o de que
t odo d iscurso mani lesto r epousa sec re tamen te
sobre
um j dito; m as
que
ste j dito
n o
simplesmente
um a trase j pronunciada, um texto j escrito,
m as
um
J ama is d t o , um
discurso
se m
corpo,
um a
voz
t o
silencosa
quanto
um spro,
um a
escri tura que
apenas
o co de seu
prpr io
t rao.
Supe-se, a ss im , que tudo
que o
discurso
tormula j
s e encont ra
art iculado
nsse
meio-si lncio que
lhe
e prvio,
que
continua
a
cor r e r obst in a damen t e sob le, m as
que le recobre e fa z
calar. O d is cu rso man i fe s to
seria,
apenas, at inal de contas,
a
p re se n a d e pr e ss iv a do que n o
diz e esse no-di to se ra um co que
an ima do
in te r ior tudo
0 que se
cliz. O
p r ime ir o mo t ivo
dest ina
a
anlise histrica
do
discurso
a
se r
procura
e
repet io
de
um a
origem
que
escapa.a qua lque r dc te rminao
de or igem;
o
outro, a
dest ina
a se r mterp re tao ou escuta de um j-dito que se ra ao
mesmo
t empo
um no-dito.
E '
preciso renuncia r a
todos
stes
temas, que
tm po r
funo
garant i r a
infinita contnuidade
do discurso e s ua s ec re ta p re se n a em
si no
jgo
de
um a
ausn c a s emp re reconduzida. E ' preciso
acolher
cada m o-
m e nto do discurso em
sua i r rupo de
acontec imento;
nessa
pontualdade em que apar e ce e
nessa
disperso t empora l que
lhe
pe rmi t e se r
r e pe ti do , s a b ido, esquecido,
t ransformado,
apagado
at
em seus
meno res
t raos,
enterrado, be m
longe
de todos os olhares, na
poera
dos l ivros. No
preciso
r eme te r o discurso
longnqua p re se n a d a
or igem;
pre -
ciso
t rat- lo no
jgo
de sua
instncia.
U m a ' ve z afas tadas estas fo rma s p r via s
de
continuidade,
es ta s sm te ses m al cont roladas do
discurso,
todo
um
domnio
se encont ra l iberado. U m dom n io imenso,
m as
que se pode
21
r
r
1
i
l
-
7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem
9/25
definir:
consti tuido
pelo
conjunto de
todos
os enunciados
e f e tiv os ( que tenham
sido ditos e escri tos),
em
sua disperso
de acontecinientos e na instncia que prpr ia
a
cada um .
Antes de es tar rclacionado a
uma c i nc ia ,
ou a
romances,
ou
a
discursos
politicos, ou
obra
de um
autor, ou
mesmo
a
um
l ivro,
o mater ia l , que
s e
te m que t ratar em sua neutral i -
dade
pr me i ra , ie
un i
conjunto
de
acontecmentos
n o e spa o
clo
discurso
em
geral.
Aparece assim o
projeto
de um a
des-
crio
para
dos
fatos
do d iscurso. Es t a descrio
se distingue
fc i lmente da a n lise da l ingua. Ce r tamen te , s
s e
pode
esta-
be lecer
um
sistema
liiigistco (se no o const ruimos artifi-
cia lmente)
uti l zando
um
corpus
de
enunciados ou um a
coleo
de
fatos
de discurso; mas
t ra ta -se, ento,
de definir,
a
partir
dste conjunto, que
te m
valor
de
amostra, regras
que
perm tam construir eventualmente
outros
enunciados di-
fe r en te s d aque le s. M e sm o que tenha
desaparecido h
mu to
tempo, mesmo
que
ningum
a
tale
mais e
que
tenl ia sido
restaurada
a
partir
de
poucos f ragmentos, um a lingua scmprc
coristitui um siste m a para enunciados possiveis: um con-
junto
finito de
regras
que autoriza um nme ro
infinito
de
performances.
O
discurso,
ao contrar io,
o conjunto sempre
*iinito e
atua lmente
l imitado
pela s n icas s eqnc ia s
l ingis-
tica
que foram
formuladas; elas
podem se r inumerveis,
podem,
po r
s ua ma ss a,
u lt r apassa r qua lquer capacidade
de
registro, de
menir ia ,
ou de
lei tura: const it uem, en t re t an to ,
um conjunto t n to . A questo que coloca
a
an lis e da l ingua,
propsito
de
um
fato
de
d iscurso qua lque r ,
sempre : se -
gundo
que
regra [...
ta l
enuncado
fo i
construdo, e , po r
conseginte,
segundo que regras
. _
_] outros
enunciados
se -
melhantes poderiam se r construidos? A d esc ri o d o discurso
coloca
um a que st o
i ii te i r amente d ife r en te : com o um
deter-
minado e nun c iado apa rcceu e nenhum outro em se u
lugar?
V-se, igua lmente,
que essa descr io do
discurso s e
ope
anlise
do pen samen to . Ai t amb m , s s e pode reconsti tuir
um
sistema
de
pensaniento
a partir de un i conjunto defindo
de
d iscursos . Mas sse conjunto
t ra tado de
ta l mane i ra que
s e busca reencont ra r ,
a l m dos prprios
enunciados,
a inten-
o do
sujeito que fala,
sua
atividade
consciente, o que
le
quis
dizer ou, ainda, o jgo inconsciente que
aparece,
malgr
lui,
no
que le
disse ou n a qua se impercept ivel f ra tura de
2 2
suas pa lav ras n ian if est as,
Trata-se de reconsti tuir
um
outro
discurso,
de reencont rar a palavra muda, murmuran t e ,
ines-
gotvel, que an ima do interior
a
voz que s e ouve,
de
es tabe-
lecer 0 texto mido e invisivel que pcrcorre o
interst icio
das
l inhas
escritas e ,
s
vzes,
a s
s ub ve rt e. A
anlise
do
pensa-
men to sempre alegrica em re lao
ao
discurso
que
utiliza.
Sua
questo
in ta l ive lmentez
o
que
s e
dizia, pois,
no
que
cstava
dito?
Mas
a anlise do d is cu rso
or ientada de
m a-
neira in te i ramente d ife r e n te ; tr a ta -s e de compreender o
enunciado
na estreiteza c singular idade de se u
acontec imento;
de
de t e rmna r as condies de sua exstncia, de f ixar, o
mais precisamente
possivel,
seus
l imites,
de
es tabe lecer suas
corre laes com outros enunciados
aos
quais
_possa
es tar
l igado, de niostrar que out ra s fo rma s de enunciaao exclui.
N o s e
busca,
sob o que e st manifesto,
a
t a ga r e lic e s em i -
silenciosa
de um
outro discurso; deve-se most rar
po r
que na o
poderia
se r diferei i te
do
que , em que
XClUd9f19 de
qua lque r outro , como a ss ume , c m
meio aos
outros e
em
re -
lao
a e le s, um lugar que nenhum
outro
pode r ia ocupa r ._A
questo
prpria
anlise do d is cu rso pode r ia se r
assim
for inulada: qua]
essa r regular
existncia
que
surge
no que
s e diz e em nenhum
out ro luga r ?
Pode-se perguntar para que serve f ina lmente essa
colo-
cao
em
suspenso
de
tdas
as
unidades
admit idas,
essa
busca obst inada da descontnudade, s e s e t ra ta, afinal ,
de
l iberar um a poeira
de acontecimentos
discursivos,
de
acolh-
los
e
de
conserv-los em sua absoluta d is pe r so. De fato,
a
supresso S istem t ica
da s unidades
in te i ramente dadas
pe r -
mite inicial inente resttuir ao enunciado sua
singular idadc
de
acontec imento:
le n o mais
cons ide rado s implesmen t e
como [. . . a colocao em
jgo de
um a est r i itura l ingis tica,
ne m como]
man fes tao
episdica
de
um a
sgnificao
mais
profunda que
le;
t ra tado
em
sua i r rupo
histrica; o
que
s e t e nt a obse r va r
a incso que consttui, i r redut ive l _
mu t o fr e q e nte me n te n i n sc ula
_
emergncia.
P or
mais
bana l
que s eja ,
po r
menos impor tante
que
o
imaginemos
em
suas conseqncias,
po r
mais r p idamen t e e squec ido que
pos sa s er depois de sua a pa ri o, por
pouco
e n te n did o ou
m al
decifrado que o
suponhemos,
po r
mais
rpido que possa
se r
devorado
pe la noit e , um enuncado sempre um aconte-
23 .
l
i
i
-
7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem
10/25
c imento
que ne m a l ingua,
ne m
o
sent ido
podem
esgotar in-
t e iramen t e . Acon t ec ime n to
es tranho,
ce r tamen t e : in ic ia lmen t e ,
porque est l igado po r
um lado
a um
gesto
de escri tura ou
art iculao de
um a fala
(parole) , mas
que,
p or outr o
lado, abre
a si m e sm o
um a
existncia
remanescente
no
campo
de
um a mem r i a ou na
mater ia l idade
dos manuscr i tes,
dos
l ivros
e
n o
impor ta
de
que
formas
de
registro;
em
seguida,
J
que
nico
como
qualquer
acontecimento, mas
que se
oferece
repet io,
t ranstormao,
rea t ivao; f inalmente,
porque
l igado ao mesmo tempo a
situaes
que 0 provocam
e a
conseqncas
que
inci ta, m as
est
l igado,
ao m esm o
tempo, e segundo
um a
moda lid ad e in t e ir amen t e di ferente a
enunciados
que
o
precedcm e
o que o
seguem.
Mas s e se isola, em re lao lingua e ao pensamento,
a
instncia do
acontec imento
enunciat ivo,
n o para
t rat- la
em si
mesma
como
se e la f sse independen te , solitria e so-
be rana . E ', ao contr a r io , pa ra comp r e e nde r como sses
enun-
c iados , enquan to
acontecmentos
e em sua especif icidade t o
e s tr a n ha , podem - se ar t icular com acontecmentos
que no
so de
na tureza d iscurs iva ,
mas
que pod em
se r de
ordem
tcn ica,
prtica,
econmica,
social,
polt ica,
etc. Faze r apa-
recer em sua
pureza
o espao em que
s e dispersam
os
acon-
tecmentos discursivos n o
t en ta r
estabelec-lo
em um c or te
(
-
7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem
11/25
tora
de
qualquer me t to ra geol g ic a ,
se m
nenhuma citao
de
origem,
sem o m e n or ge st o em
direo
ao como
de
um a
arche' _aze r o que
poderia
chamar ,
segundo
os direi tos
ldicos da etimologia, algo como um a arqueologia.
Esta
, mais ou menos, a problemt ica de l'Histoire de la
Folie, de
la
Naissance de
la C lin ique ,
de le s Mots e t le s
Choses.
Nenhum
dstes
textos
autnomo
e
sut ic ie n t e por
si
mesmos; apiam-se
un s s bre os
outros,
na medida em
que
s e
t rata em cada
caso
de
exp lo ra o mu to
parcia l de
um a r e gi o l m ta d a. Devem
se r
lidos como um conjunto
apenas e sbo ado
de exper imentaes
descrit ivas.
Ent r e t an to ,
s e n o
necessrio
justi t ic-los po r serem
t o
parciais e
la -
cunares, preciso
explicar
a escolha que ob e de ce m . Pois
s e
0
campo gera l dos acontecmentos discursivos n o permite
nenhum
recorte ( < < d c o u p e > > ) a priori,
excluido, ent re tanto,
que s e
possa descrever de
um a ve z
tdas as
relaes carac-
ter ist icas do arquivo. E ' preciso, ento, em um a
pr imei ra
aproximao,
acei ta r
um recorte (. M as isso n o pa ssa
de
um
privi lgio
de
part ida. E ' p re c is o ma n te r
bem
presentes
no espir i to
dois
tatos: que a
anlise
dos acontecmentos clis-
cursivos e a descrio do
arquivo
n o esto de nenhuma
f orma lim i tados a um domnio semelhante e que, po r outro
lado,
o
recorte
(
-
7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem
12/25
3.
As formaes discursivas e as postividades
Busquei,
ento, descrever
a s
relaes de
coexistncia
entre
enunciados.
T ome i c uid ad o
para
n o levar
em considerao
nenhuma da s
unidades
que
podiam
se r
propostas e que
a
t radio colocava
minha disposio,
quer
seja
a
obra
de
um
autor, a c oe s o de
um a
poca, a
evoluo
de
um a cincia.
At ive-me p re se n a n ic a dos acontecmentos vizinhos a
meu
prpr io
discurso,
cer to de t r a ta r de
um
conjunto
coe-
rente s e
eu chegasse
a
descrever
ent re
les um s iste m a de
relaes.
Pareceu-me, in ic ia lmente, que ce rt os e nun c iados podiam
fo rmar um conjunto na
medida
em que s e re fe rem a um nic o
e mesmo objeto.
Afinal,
os enunciados que dizem respeito
po r
exemplo,
loucura, n o
tm
todos, cer tamente ,
o
mesmo
nivel fo rmal ( e st o longe de obedecer ,
todos,
aos cri tr ios
requeridos po r um
enunciado cientifico); n o
per tencem
todos
ao mesmo
campo
semnt ico
(uns
orginam-se da
semnt ica
mdica, outros da
semnt ica
juridica ou adminis t rat iva;
outros
utilizam um
lxico literrio),
mas
les todos s e
re la-
cionam
a sse
objeto que
se
apresenta
de
diferentes mane i ras
na
exper inc ia
individual ou
social
e que
s e pode
designar
po r
louc ur a. O r a, lo go nos apercebemos que
a
un id ad e d o
objeto no permite
individual izar
um conjunto de enunciados
e
e s ta b e le ce r e n tr e les um a
re lao ao
mesmo
t empo
des-
critiva e constante. E
isso
po r
duas r a z es. E ' que
0
objeto,
longe
de se r aquilo
em
re lao a que se pode definir
um
conjunto de enunciados, , antes,
consti tuido
pelo conjunto
dessas formulaes; es tar amos
errados
em p ro cu ra r j un t o
doen a men t a l
a
unidade do discurso psicopatolgico ou
psiquitr ico; enganar-nos- iamos, ce r tamen te ,
s e perguntsse-
m os ao
se r m e sm o de sta doe n a,
a seu
contedo secreto,
sua
v er da de muda e fechada
em si, o que se
pde
dizer
dela
em
um momento
dado;
a doena menta l
fo i consti tuda
pelo
conjunto
do
que pde se r dito no grupo de
todos
os enuncia-
dos que
a
nomeavam, recortavam (
-
7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem
13/25
aparec imento
de
um a s rie
de
medidas
discr iminat ivas
e
re -
pressivas
(com seu objeto prprio),
o_aparecimentod_de
conjunto de prticas
codif icadasyeni rece i tas ou
em
me ica0
(com seu
objeto
especifico). E ,
pois,
o coniunto das
regras
que d o
conta, n o espec i a lmentedp prpr io
_ 0b ] 0 e m
Sua
ident idade,
m as
de
sua
no-coincidencia consigo
iiiesrno,
de
sua pcrptua
di ie rena,
de seu
afastamento e
de sua
disper-
so. Alm da unidade dos discursos sobre
a
loucura, e
o
logo
da s
regras
que
definem a s t ransforniaes
dsses
diferentes
objetos,
sua
no- ident idade atravs do tempo,
a ruptura que
se produz
nles,
a descon t inu idade in te rna que suspende Sua
permanncia . De um a
f orma pa radoxa l, definir um coniunto
- ' ' ' ' it
em
de enunciados no
que
ele
te m
de
individuil
n i a j o
dconrl
edw-
individual izar seu obleto, em fixar sua 1
enu
a e , i ' _
crever
os
caracte res
que conserva
pe rmanen t emfiflfih
B_1S'
t amen te
o contrr io
descrever
a
disperso dsses
obgetos,
.
- ' * d
a s
comprcender todos
os
mterst icios
que os
separ21m m _ U '
_
distncias
que
re in am e ntre
les _em o utr os tc rm o s
.
~
- '
^
' 5 1
fo rmular sua le i de
r e pa r ti a o. Na o c ha ma re i
a
esse s i s t e m _
domnio
de
objetos
(pois
a palavra
implica
antes em :m -
dade, fechamento, viz inhana prx ima
do
qu S P Z l'
men to e
a disperso);
d a r - l h _ - B 1 ,
U m
P O U C O afb'tfa(l'L'2la>;
o
nome
de
re ferenc ia l ,
e
direi,
po r
exemplo,
que
2 2 1 1
ro
osi
n o ob je to ( ou r e fe r en te ) .comum a up i g r U p _ 0 P P b_
es m as o refercncial,
ou
le i de
disperso
de
diferentes
o
1 e -
)
.a
'
un
tos ou r e fe ren tes pos tos
em 10g0
p0 h im Cfmlunto _d
en
ciados, cuja
unidade s e encont ra
precisamente d e fin id a p or
e st a le i.
_
_
_ _ _
O
segundo crtrio que
s e
poderia
utilizar_pa_ra
consti tuir
con jun tos d iscurs ivos seria o t ipoudelenunciaao
uti l izada.
Pareceu-me , po r
exemplo,
que a c ie n cia m d ic a a
partir do
sculo XIX s e caracter izava menos po r seus obietos
ou
con-
ceitos
(d e
que uns
pe rma i iece ram idn ticos
e
outros
foram
intei ramente
t ransformados) que
po r um_ce r to
e s 1 l 0 , _ U l 1 1 l
cer ta fo rma constante de
enunciaao: .assis ti r -se- ia
ins ta-
lao
de
uma c i n cia desc r it iva . Pe la pr imei ra vez, -a medic ina
n o mais cons t ituida por um conlunto de
t radioes,
obser -
vaes, r e ce itas he te rogeneas e sim po r um corpus
de
conhe-
cimentos
que supe um m e sm o olhar
lanado sobre
as mesmas
cois as , um
mesmo
esquadrinhamento
do
campo
pereeptivo,
30
_._,_._ ___ *-_*
a ._ .__; .~
,_e:__ -_ ,-~~ri---V-.~ -_
-
--_---~- -
_
_ .
_._r . . . ._
.
um a mesma
anlise
do
f a to pa tolgi co
segundo o espao vi-
sve l do
corpo, um m esm o s is tema de
t ranscr io
daquilo
que
s e
percebe
pa ra aquilo que s e diz (mesmo
vocabulrio,
mesmo
jgo de met foras ) ; en f im, pareceu-me que a medi -
cina s e
formal izava,
s e podemos
assim
dizer, como um a s rie
de enunciados
descrit ivos.
Mas, ainda
ai ,
fo i
preciso
a ban -
donar
esta
hiptese
inicial.
Reconhecer
que
a
medc ina
clinica
e ra tanto um conjunto
de
prescries politcas,
de
decises
eeonmicas,
de
regras
inst i tucionais, de modelos de
ensino,
quanto um conjunto
de
descres;
que
ste,
de
qualquer
mane i ra ,
n o
podia
se r abst ra ido
daqueles
e
que
a enunciao
descri t iva n o
passava
de
um a da s iormulaes
presentes
no
grande
discurso
clinico.
Reconhecer
que
esta d e sc ri o n o
ce ss ou d e
s e
de slo ca r , s e ja
porque,
de
Bichat
patologia
celular, deixou-se
de
descrever a s mesmas cois a s, seja porque
da inspeo visual,
da auscultao e
da
palpao
ao uso
do
microscpio,
o
sistema
de inforniao fo i modificado,
seja
ainda
porque, da
corre lao
anatomoclinica simples
anlise
re i inada
dos
processos fisiopatolgcos,
o lxico
dos
signos
e se u decif ramento
fo i
i n te i ramen t e recons ti tu do, seja, final-
mente ,
porque
o
in-dico deixou pouco a pouco
de ser,
le
prprio, o lugar de
registro e de interpretao da
i n fo rmao
e porque,
ao lado
dle,
fora
dle,
consti tuiram-se
massas
documen t r ias , inst rume n tos
de
corre lao,
e
tcnicas
de
an -
lise que le te m ce r tamen te que uti l izar, m as que
modif icani ,
em
re lao ao doente, sua posio de sujeito observante .
Tdas essas al te raes que n os fazem
t al ve z sa ir ,
hoje,
da
medcina c l n ica , depos it a ram-se len tamente , no decorrer do
sculo
XIX,
no interior do
discurso
cl inco
e no
espao
que
le
desenhava.
S e
s e quisesse definir sse discurso po r um a
f orma cod it ic ada de
enuncao, (por
exemp lo, desc ri o de
um c erto
nme ro
de elementos determinados na superficie do
corpo, e
inspecionados
pelos
olhos,
ouvidos e
dedos
do
m -
dico;
ident if cao da s unidades
sinal i t icas
e dos signos com-
p lexos ava lia o
de
sua
s ign if icao provve l;
p r e sc ri o da
t e ra pu ti ca cor r e sponden te ) , s e ria p r e ciso reconhecer que a
medc ina
clinica f racassou assim
que apa re ceu e
que prt ica-
mcn te s conseguiu
formular -se em Bichat
e em
Lannec.
Na
verdade,
a
unidade
do
discurso
cl inco n o
um a
fo rma
de -
terminada de enunciados, mas
o conjunto da s
regras que
31
, M
1 1
l
i .
l
il
. t
l
. i
r
F
l
-
7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem
14/25
- , = - -W
-
-
- *
-* - -M
MW`,w____,,_~_,,_,.N..,......M.
. . . . . - .H
tornaram
possiveis,
s imultnea ou sucess ivamente , descr ies
puramen te pe r cep tiv a s,
mas, t amb m ,
observaes
mediat i -
zadas
po r
ins t rumentos, protocolos
de
experincias
de
labo-
ratr ios, clculos estat st icos,
constataes
epidemiolgicas
ou d em o gr fic as , r egr as
inst i tucionais,
decises
politicas.
Todo
sse conjunto n o p od e
obedecer
a um m ode lo
nico
de
encadeamento
l inear :
t ra ta-se
de
um
grupo
de
enuncia-
es
diversas que e st o longe de obedecer as mesmas
regras
iormais,
longe
de
te r
as mesmas
exigncias
de validao,
longe
de
man t e r um a
re lao constan te com a
ve rdade , longe
de te r a mesma funo operatr ia .
O
que
s e
deve caracter izar
como medc ina
clinica a coexistncia dsses enunciados
dispersos e l ieterogneos;
o
s is tema que re ge
sua r epa r -
t io, o
apoio
que
estabelecem
entre si, a
m a n eir a p ela qua l
s e
implicam
ou s e excluem,
a t ransformao
que sofrem, o
jgo de seu revezamento, de sua
disposio
e de sua subst i-
tuio. Pode-se
fazer coincidir
no tempo
a
apar io
de
dis-
curso com a introduo
em
medc ina
de
um tipo privlegiado
de
enunciao.
Mas
este no tem um papel
consti tuinte
ou
normativo.
Abaixo
dsse
i enmeno
e em t rno dle d es en -
volve-se
um
conjunto de fo rmas
enunciat ivas
diversas
e
a
regra
gera l
dsse
desenvolvimento
que constitui,
em sua in -
dividualidade, o
discurso
c lin ic o. A r e gr a de fo rmao dsses
enunciados
em
sua
heterogeneidade,
em
sua
impossibi l idade
mesma de
s e
in tegrarem em um a nica cadeia sintt ica,
o
que chama re i
de
desvio enunciativo ( < < . c a r t nonciat i fa) . E
di re i que a
medc ina
clinica
s e carac ter iza ,
como coniunto
discursivo
individualizado,
p elo d es vio ou le i de disperso
que
rege
a diversidade d e se us enunciados.
O t e rce iro cri trio segundo o qual s e poder iam es tabe lecer
grupos unitr ios de enunciados
e
a
existncia
de
um
jgo de
conceitos
permanentes e coe r en te s e n tr e
si.
Pode - se supor ,
po r
exemplo,
que a
anlise da l inguagem e dos fa tos gr a-
matcais
repousava nos
c lssicos (desde Lancelot at
o
fim
do sculo XVIII) em um
nme ro
detinido de conceitos cujo
contedo e uso es tavam es tabe lec idos de um a vez
po r
t das:
o
conceito
do j ulgam ento def in ido
como
a fo rma gera l
e
nor -
mat iva de
qua lque r f rase , os conceitos
de sujei to
e de
at r ibuto
reagrupados sob
a categoria mais
gera l
de substantivo, o
conceito
de
verbo
uti l izado
como equivalente do
de
cpula
32
lgca, o
conceito
de palavra que
s e define como signo
de
um a
representao. Poder-se- ia
assim reconsti tuir a
arqui-
tetura conceitual da gramt ica c l ss ic a . Mas ainda a
encon-
t rar -se- iam,
logo,
l imi tes: apenas, sem dvida, poder -se- iam
descrever com
tais
elementos a s anlises
fei tas
pelos autores
de
Por t -Royal .
E ,
logo,
ser amos obrigados a consta ta r o
aparec imento
de
novos conceitos.
Alguns t a lvez de r ivados
dos
primeiros, m as os outros lh es s o heterogneos e alguns
so,
mesmo, incompat ive is com les. As n o e s d e
ordem
sintt ica
natural
ou
inver t ida,
a
de
complemento
( in t roduzida
no inicio
do sculo XVIII po r B eauz e) p od e m , sem dvida, i n t egra r -
se
ainda no sistema conceitual da
gramt ica de Port -Royal .
Mas ne m a idia de um valor or iginr iamente
expressivo
dos
s on s, n em
a de um
saber
primitivo envolvido na s
palavras
e
t ransmi t ido obscuramente
po r elas,
ne m
a de
um a regular i -
dade na evoluo histr ica das
consoantes
podem
se r
dedu-
zidas
do
jgo
de conceitos uti l izado pelos gramticos do
sculo
XVIII.
Ainda
mais a
concepo
do
ve rbo como
simples
substant ivo que pe rm i te d es igna r um a a o ou uma ope r a o,
a
def inio da
frase
no m ais como proposio at r ibut iva,
m as
com o um a
srie de
e lementos des igna tivos cu jo
conjunto
reproduz uma r e pr e se n ta o, tudo isso r igorosamente in -
compat ve l com
o conjunto
dos conceitos
que Lancelot
ou
Beauze
podiam
usar.
E '
necessrio
admitir
nessas
condies
que
a gramt ica s aparen temen te consti tui um conjunto
coerente, e
que
um a
falsa
unidade
ste
conjunto de enun-
ciados, anlses,
descries,
prncpios
e conseqncias, de -
dues, que s e perpetuou
sob
ste
nome
durante
ma is
de um
sculo?
NaVed3as
op menos heterogneos
da
gramt ica clssica, definir W
s is tema comum que
abagu
a WSe de_
E ste siste m a n o
coristitudo
de con ce it os ma is gerais
e
mais abst ra tos que
aqueles
que
aparecem
na superficie e so
ma n ipulados os tens ivamen t e ;
consti tuido
antes po r um con-
3 u n t o _
de
regras
de t o rmao dos conceitos.
s te
conjunto se
subdivide ele prpr io
em_qua tro g rupos subo rd in ados . H
o
grupo que r ege a fo rmaao dos conceitos que pe rmi t em
des-
crever e anal isar
a
frase com o um a unidade em que os ele-
Estrutural lsmo
e Teora . .
. _
3
33
i
E
I
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il
,i
l
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I
5
r
v
-
7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem
15/25
mentos (a s
palavras) n o e st o s implesmente
justapostoS
m as relacionados uns aos
outros;
s te _ c o _ r i] _ u n to de regras e
0
que
se pode
chama r
a teoria da
otribuia0_; @
@ m que e la
prpr ia
seja
modi f icada, esta teoria
da at r ibuia0
Pde
@ a f
lugar aos conceitos de verbo-cpula oude
verbo-substai i t io
espec ific o da a o, ou
de verbo- l igaao dos
e lemen tosd
a
representao.
H a
tambtm
0
grUPO
que
fef
3
f01'ma0
_ f S
conceitos que permitem descrever as relaoes
@ P i re O S
d x 9'
r e nt e s e lemen tos
significantes
da
frase
e
os
diferentes
e le -
m e ntos d o que
representado po r esses s i g n 0 _ S ;
e
a
teoria
da ar t iculao que pode, em sua unidade
especif ica,
da r contla
de
conceitos
t o
diferentes quafl0
0
d a P a la vfa
como r es
'
tado de um a
anlse
de pensamn0 G 0 da
Palavffcom
i ns t rumemo pelo qual s e pode fazer semelhante analise.
teoria da desigiiao rege
a
emergencia de.C0nC10S _ C _ > m
0 de
signo
arb i t rr io e eonvencional ( p e _ r r n i t l 1 1 C 1 0 C0US@q '
temente ,
a
construo
de
um a
linguaartificial)
mas,
tamhei,
como
o de
s gno espontneo,
natural ,
imed ia t amen t e ca r rega
0
de valor
expressivo
(permi t indo, assim, reintroduzir.a ins-
tncia da l ingua no devir,
rea l
ou id ea l, d a humanl01ad)-
Fina lmen t e , a teoria da de r iv a o ab r a nge
a
fo rmaao
de
.U m
jgo de
noes
mu to dispersas
e
mui to hete rogeneas . a
ideia
de
um a
imobil idade
da lingua que s
est
submet idfl H
t ransformao
pelo
efeito
de
acidentes
exter iores;
fi
ldelfl
d f *
uma cor re la o histrica ent re
o
devir da lingua e _ a S _ C f 1 P - a c l :
dades
de
anlse,
de
reflexo, de
conliecimento dosindividuos,
a
ideia
dc um a r e la o reciproca entre
a s
inst ituies P _ 1 1 ' s
e
a
coniplexidade da
gramt ica; a
idia de
um a
cle te rminao
circular ent re
as formas
da lingua,
as
da escr i tura ,
as
d0
sabe r e da cincia, a s d a ' o r g fl 1 1 1 Z 2 a f _ > 5 0 0 2 1 1 _ d e n 1 ' e mg
progresso histrico; a ideia da
P P ? - _ S 1 a Once 1 a ,IO as
um a certa
uti l izao
do Vocabular io 6 da gfamawa' m
como
o
mov imen to espontneo
da
lllfgua deSl?ad'seet'
e spa o da iniaginao hun 'i& flfl que 9 HO ' na ure tZa 't r 2 e S _
fr ica. Essas quatro
< < t e o r 1 a s _
_
que
0 90m0
fm?
_ _ S
quemas
formadores de conceitos _em entre _ s i relaoe
descrit veis
(e las
s e supem
entre si ; elas se Opoem _ a
duas; elas der ivam um a da
outra
e, HCadeafld0 'S
hgam
em um a s figura
(tigure>>)
discursos que
n o p0fflm S 2 1 '
nem unificados ne m superpostos). E las const it ue in
o
que se
34
t
l
I
I
i
i
L
poder ia
chama r um a rde
ie ric a . Po r esta palavra n o se
deve entender um grupo de conceitos fundamentais que r e a -
grupar iam
todos os outros e permi t i r iam recoloc-los na
unidade
de um a arquitetura dedutiva, mas,
sim,
a le i gera l
de sua
disperso,
de
sua
hete rogene idade,
de
sua
incompa-
t bi l idade (quer e la seja simultnea ou sucessiva): a
regra
de
sua
insupervel plural idade.
E ,
s e
lcito
r ec on he ce r n a
g ra m t ic a g er a l um
conjunto
individualizvel
de
enunciados,
na
medida
em que
todos
os conceitos que
a i
f guram, que
s e encade iam, s e ent recruzam,
se
i n t e r f e rem, s e perseguem
uns aos outros,
s e
mascaram, se dispersam, s o formados a
partir
de
um a nica e
mesma rde
terica.
Fina lmente, pode r -se - ia t en ta r consti tuir
unidades
de
dis-
curso
a
partir
de
um a dent idade
de opinio.
Na s
cincias
humanas , des t nadas
polmica,
oferecidas
ao jgo da s
prefernc ias
ou dos in te rsses , t o pe rmeve is a te mas filo-
sficos
ou
mora is, t o
prontas
em certos casos
uti l izao
poltica, t o vizinhas,
igualmente,
de
ce rt os dogmas
religio-
sos,
legit mo
em
pr imei ra
in s t nc ia supor
que
um a certa
temt ica seja capaz de
ligar
e de a r ruma i ' como um organismo
que
te m
suas
necessidades,
sua
fra in terna e suas capaci -
dades de
sobrevivncia, um conjunto
de
discurso. Se r que,
po r e xe m p lo, n o
s e
poderia consti tuir como
unidade
tudo
aquilo
que,
de
Buffon
a
Darwin ,
constituiu
o
discurso evo-
lucionista?
Tema
a princpio mais flosfico que cientifico,
mais
prx imo
da cosmologia que da
biologia;
te m a que a nte s
dirgiu de
longe
pesquisas que
nomeou,
recobriu
e
explicou
resultados; t ema que supunha
sempre
mais do que s e sabia ,
mas coagia a partir dessa escolha fundamenta l
a
t r ans formar
em sabe r discursivo o que e sta va e sb o ado c om o hiptese
ou c om o exigncia. Ser que n o
s e
poderia da m e sm a
fo rma
falar da id ia f is io cr tic a ? Id ia que postulava,
a lm de
qualquer
demonst rao
e antes
de
qualquer anl se , o carter
natural da s
tr es r en da s
fundir ias; que supunha, em conse-
qnca,
0 pr imado
econmico e
politico
da
propr iedade
agr r i a ; que ex c lu ia qua lque r
anlse
dos
mecanismos
da
produo
industrial; que
implicava,
ao contrar io,
na descrio
do
circuito
do
dinhe ro no in te r ior de um
Estado,
de sua dis-
t r ibuo
ent re
as d if e ren tes ca t egor ias sociais e dos canais
atravs dos
quais
le voltava produo;
que,
f inalmente,
3
3 5
W
_,
,_,,
,
-
-
* -
4
1 ,
i i
i
-
7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem
16/25
_ _
-
5
casos em
ue essa
conduzlu
Rardo
a
s e
mter rogar sl l i re em que
seqpoderia
tripla
renda
n ao apa re cia , em
con__
O arbitrflo do te ma
t o rmar ,
e a
denuncia r,
po r
conseguin
e ,
. . .
_
9
fislocrancol
t'
d e
semelhante tentativa s o m o s le v a d 0S 3
fazer
d
Manttaes
inversas
e comP1em a reS ' E m um ca so'
as .
.
-
-~
mat ica
a
mesma
es-
m e s m o
fato
d e
pml.a'
a d m - e s l g a
o t s a d e conceitos
d e
dois
-
1
colha s e articula 2 1 Partr _ d e c a _ < : S O l S g d e ob je tos pe r f e it amen t e
pos
de
dlsctlds' dilucoiista
gm sua
f0ffFlU1a0 mais gera l
i ferentes: a i e ia
ev _ Dderot
,
't
de Mai l le t , Bordeu ou 1
e talvez
a
mesma em
Benoi
we l _ _
_ _ dada 0 que a t oma
poss
e em Darwin, mas, na ve r ,
_ 1 .
_
.
mesma or de m a qu i e
a.
coe r e rit e n ao e
de forrlla
a 1 g ? _ _ g _ 3 _ _ _ _ : _ a uma e s co lh a operada
No
seculo
XVIII, a ideiiod S
bem
d e _ e m _ _ _ _ a d a S _ ou
be m
a
partir de duas possi
ii a
e _
_
_ _ c0nti_
-
da s
especies
fo rma
um
s e admite
que
0
parentesco , t
_ _ _ . . . ue s a s c ata s r 0
G S
nuidade intei ramente lida
p a _ 1 _ r _ 1 _ i _ _ l 1 _ _ 1 _ e _ _ a _ S
as
p e _ t u _ _ _
da natureza,
S o a
his
r i : _ _ _ _ _ _ S e c 0 a mte r romperam
e como
b a o e s d e u m ( _ t c m _ p _ % o e S _ _ _
m p o
q u e
criou a desc0nfinui_
a
am
e e
.
(leragqic
excli i i o evolucionism0) O U bem
s e admlte
que
.
- ~
da
natureza
t inuidade, as mudanas
e o t empo
que
criou
a
con
_
- diferentes dos
s a t oma r caracte res
_
que m am ' b os olhos do natura-
' ' como o af loramento so _
qas
especii
um a eSPes5ura
de
y e m p o -
N
Seculo
XIX' a
l s l s t a ' de l c`onista um a e scolh a
que
n o se mama ma is ' ia evo u i . .
Sb
as
- -
*
' C 1 0 quadro
da s
especies, mas
sobre
a consti tuiao _
todos
_
- ~
or anismo
de
que
modal idades
de _ i n t e a _ ; ; a o 0 : n r m L _ l m m e _ 0 g
que m e O fe
suas
os
elementos
sao soi
a ri
_ _ '_
arm
de
. - - -
'
c a ideia m a s
a P
condioes reaisdde vid: __Uma un i
dois
sistemas
e esco a. _ _ _ _ ne a
AO
ntrrio'
no ca sc da
flsxotcratepsaeo
d m z e e s r m g sis-
escolha de
Q U B S U Y
repousa x am . 1
t ema de con ce it os que a
opiniao
inversa sustentada 1 3 8 0 5
d
chamar util i taristas Nessa poca,
a
analise da s
que s e
po
e - ^ '
'tos
re la t ivamente limi-
riquezas
comportava_u_m ]0g0
( _ i e d c c ; n c ( f _ i a v a _ S _ _ _ _ m esm a de fi_
2\d0 E
que
e ra
admmdo
po r
-O ,
e
s t in ha va lo r Pela m a-
nio da moeda , que e ra um s lg a dsse
signo.
daVa_5e a
ter ia l idade
pr t icamente
necess ri
36
l
l
l
mesma
explicao
de um p re o p elo
mecanismo
da
t roca
e
pe la quan ti dad e
de t rabalho necessra
para a ob te n o d a
mercador a ; f ixava-se da m esm a forma o
preo
de um tra-
ba lho:
o que
custava
a
manu teno
de
um operrio e
de
sua
fam ilia
durante o tempo de t r aba lho) .
Ora ,
a
partir
dsse
jgo
conceitual
nico,
havia
duas
formas
de
explicar
a for-
mao
do
valor :
a partir
da
t roca
ou da
ret r ibuio
jornada
de t rabalho. Estas duas possib il idades inscr it as na teoria
econmica e na s regras
de
seu jgo conceitual deram
lugar,
a partir dos m e sm os elementos,
a
duas opinies diferentes.
Es t a r iamos
errados,
sem dvida, em procurar nsses fatos
de op in i o p r nc p ios
de individualizao de
um
discurso.
O
que define a
unidade
da
histria
natural n o
a
permanncia
de
c er ta s id ia s c om o a
de
evoluo; o
que
define a unidade
do
discurso
econmico do s culo XVIII
n o
o confl i to
ent re
os t isocratas
e
os uti l i taristas ou os
de fe n so re s da
propr ie-
dade fundiria ou os partidrios do com r cio e da
indst r ia .
O
que permi te individual izar um
discurso e
de
lhe conceder
um a existncia independente
o
sistema dos pontos
de
es-
colha
que le
deixa
livre a
partir
de um
campo
de
objetos
dados, a
partir
de
um a gam a enuncia t iv a d e te rm inada ,
a
partir
de um jgo de conceitos definidos em seu contedo e
em
seu
uso
seria, pois,
insuficiente
procurar
em
um a op o
rer ca
o
f undamen to ge ra l
de
um
discurso
e
a
fo rm a g lo b al
de
sua dent idade
histr ica,
pois um a m esm a opc o pod e
reaparecer em dois
tipos
de discursos, e um s
discurso
pode
da r
lugar a
vrias
opes
diferentes. Ne m
a
permanncia
da s
opinies
a tr av s d o te m po, ne m a dialt ica de
seus
confltos
b asta pa ra
individual izar um conjunto de enunciados. E '
necessrio para
is so que se possa
dema rca r
a repar t i o dos
pontos
de
escolha
e que
s e def ina, aqum
de
tda
opo, um
campo de possibi l idades estratgicas.
S e
a
an l se dos fiso-
cratas
fa z
parte d os me smos discursos que
a
dos
uti l i taristas,
n o porque
viviam
na m e sm a poca , n o porque s e de -
f rontavam no in te r ior de
um a
mesma
soc iedade, no
porque
seus intersses s e emaranhavam em um a mesma economia,
porque
suas d ua s op es s e originavam de
um a
nica
e
mesma repar t i o dos
pontos
de escolha, de um nico e
mesmo
campo estratgico.
sse campo
n o
o total de todos
os elementos em
confl i to,
n o
tampouco
um a obscura uni-
37
,l
t
ti
t
ii
i
la
Il
i l
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if
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tr i
-
7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem
17/25
dade dividida contra e la m esm a e
recusando-se
reconhecer
sob a
mscara
de
cada adversr io,
_ a le i de fo rmaao e de
disperso
de
tdas a s opes possiveis.
E m resumo, cis-nos
em
presena de
qua t ro c r it r io s que
pe rmi t em reconhecer
unidades
discursivas que no so a s
unidades
t radiconais
(quer
seja o texto, a < < o b r a , a cin-
cia,
ou
o
que se ja
o
domnio
ou
a
forma do d is cu rso,
os
conceitos
que utilza, ou as esco lh a s que man fes ta ) . stes
qua t ro c r it r io s
no
smente
no so incompat ive is, como
se cha m am un s aos outros: o
pr imei ro
define
a unidade de
um discurso pela regra
de
fo rmao de todos os
seus
objetos_;
o outro pela regra de fo rmao de
todos
os seus t ipos s in t a -
t icos; o
t e rce iro pela
regra de
formao
de
todos o s _ _
seus
e lementos
semnt icos;
o quarto pela regra de fo rmaao
de
t das
as
suas even tua lidades ope ra t r ias.
Todos os aspectos
do discurso esto assim cobe rtos . E quando, em um grup0_de
enunciados, se
pode dema rca r
e
d es cr ev er um re ferenc ia l ,
um tipo de desvio enunciat ivo, um a rde t er ica, um ca mpo
de possibilidades
estratgicas, e nt o p od em o s e st ar
certos de
que les per tencem a o que se poderia
chama r
_ u m a fo rmaao
discursiva.
Essa
fo rmao agrupa todo um coniunto de acon-
tecmentos
enuncat ivos.
E la
n o coincide
evidentemente ,
ne m
e m se us cri tr ios, nem em seus l imites, ne m e_ m suas re laoes
in ternas,
com
as
unidades
imedia tas
e
visiveis,
sob
as
quais
s e te m
o hbi to de reagrupar os enunciados.
Revela,
en tre ps
fenmenos de
enuiiciao, relaes
que pe rmanec iam a te e n ta o
obscuras e
n o s e encon t ra v am imed ia tamen t e
t ranscr i tas na
superficie dos d is cu rs os . Mas o que e la
revela na o e
um
segrdo, a
unidade
de um
sent ido
oculto,
ne m um a
forma
gera l e nica; um sistema regulado de
diferenas
e de dis-
perses. sse sistema
de
quatro niveisi
que
rege ma fm
mao discursiva e deve da r con ta n o
de s e u s _
e lementos
comuns mas do jgo de sua s var iaes, de seus interst icios,
de
suas distncias
_e
alguma
fo rma de
suas la cun as ma is
que de
suas
superficies
cheias _
isso que
eu
me propflre l
chama r
sua posit i i i idade.
3 8
i
i
i
4. 0 saber
No ponto de par t ida, o problema e ra
definir,
sob as
formas
apressadamente admi t idas de
sintese, unidades
que
seria
legit imo
instaurar no
c am p o t o d es m es ur ado dos aconteci-
mentos enuncat ivos. A
esta
questo
eu
me esforara
em
da r
um a r e sp os ta
que f ss e
emp r ica (e
articulada
a
pesquisas
prec isas)
e cri t ica (pois
que
dizia
respeito
ao lugar de onde
eu colocava a
questo,
a regio que a
situava,
a unidade es-
pontnea no
in te r ior
da qual
eu
pod ia c re r que
falava).
Dai
essas
investigaes no domnio dos discursos
que instaura-
vain
ou p re t end ian i ins tau ra r
um
conhecimento cienti fico
d o h om e m vivo, que
fala
e t rabalha. Essas investigaes
re -
vela ram
conjuntos de enunciados que chame i
formaes
discursivas e s is temas que
sob o
nome
de
posit ividades
devem aba rca r sses conjuntos. Mas, afinal , n o
t e re i
fei to
pura
e
s implesmente
um a
histria da s
cincias
humanas
_
ou, s e quisermos, dsses conhecimentos in e xa to s c ujo
acmulo
n o pde ainda consti tuir um a
cincia? Se r
que
n o fiquei prso em
se u
recorte (
-
7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem
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cincia, ou
como forma
autnoma de discurso na
poca_est_u-
dada . Ass im ,
o sistema de posit ividade
analisado
na Histoire
de la
Folie
n o aba rca exc lus ivamen t e , ne m mesmo de um a
fo rma
privi legiada, o que os mdicos pud e ra m d iz e r, riessa
poca, sbre a doena menta l , define
antes o
re ferenc ia l , a
gama
enunciat iva,
a
rde t er ica,
os
pontos
de escolha que
tornaram
possiveis
em
sua
disperso
mesma
os
enunciados
mdicos, as
regras
inst i tucionais,
a s
medidas
administrativ_as,
os textos juridicos, as
expresses l i terr ias,
as
form_ulaoes
filosficas. A fo rmao discursiva,
const it uida_e desc ri ta pela
anlse, ex t ravasa la rgan ien t e
o que
s e pode r ia con t a r c0m0
sendo
a pr-historia da psicopatologia ou
como
a ge ne se d e
seus conceitos.
E m
le s Mots
e t
le s
Choses,
a
situao
inversa.
As posi-
t ividades obtidas
pela
descrio
isolam
formaes
discursivas
que s o menores que os domnios cientificos reconhecidos
em
pr imei ra
instncia. O
sistema da Histr ia natural permite
aba rca r um certo nme ro
de
enunciados
que
dizem respeito
semelhana e diferena entre os
sres, a s constituies
dos
ca rac te res especi fi cos ou genricos,
a repar t i o dos paren-
tescos
no e sp a o
gera l
do
quadro;
m as e la
n o
rege as
an-
lises
do mov imen to
involuntrio,
ne m
a teoria
dos gneros,
ne m
as explicaes quimicas
do crescmento.
A
existncia,
a
autonomia,
a
consis tnc ia interna,
a
l imi tao
dessa
fo rmao
discursiva, p re c is am e n te um a da s
razes
pelas
quais
um a
cincia
gera l
da vida n o
s e
constituiu no periodo
clssico.
Da
mesma forma, a posit ividade que, na me s ma poc a,
regeu
a anlse
da s
r iquezas n o de te rm ina va t odos os enunciados
concernentes s
t rocas,
aos circuitos comercais e aos preos:
e la deixava
de
lado
as
aritmtticas
poli t icas que
s ent ra -
ra m no campo da teoria econmica mu to mais
t ar de , quando
um
nvo
s is tema de posit ividade
t o rnou poss ive l e necessria
a introduo nsse tipo de discurso da anlse
econmica;
A
gramt ica
gera l
n o
d con ta t ampouco
de tudo o que p od e
se r dito sbre a l inguagem na poca clssica
(quer
seia
pe los exege tas
de
t ex tos re l ig iosos ,
filsofos,
ou tericos da
obra literria). E m ne nhum
dstes
trs casos
s e
t ratava de
reencon t ra r
o
que os
homens
puderam pe nsa r d a l inguagem,
da s
riquezas
ou da vida em
um a
poca em que
s e
consti tuiam,
lenta e s ec re tam e nte , um a biologia, um a
economia
e um a
4 0
l
i
l
i
l
l
l
~
-------se-a..
filologia; n o
se t ra tava,
tampouco,
de
descobr i r
o
que ainda
s e misturava
de
erros, preconceitos, confuses, fantasmas,
talvez
a
conceitos em via de formao:
n o
se t ra tava de
saber
ao preo de que
cortes
( >
_
ou a nte s, pois a
palavra
n o
pode te r
significao
nesta
anlse, de
aba rca r
a
apa ri o s mu lt nea
de_um
certo
nmero
de enunciados
cujo
nivel
de
cienti fieidade,
cuia
forma,
grau
de
elaborao podem
bem , ret rospect iva-
mente , parecer-nos heterogneos.
A formao discursiva
analisada
na Naissance de
la
Clini-
que
representa um terceiro
caso. E '
be m
maio r
que
0
digufsg
1 _ 1 _ : ; ` l _ _ i c o no sent ido
estr i to
do t rmo (g i
reg]-ia
denfifca da
a , de
suas_formas,
de
suas
dete rminaoes, e dos instru-
mentos
teraput icos);
e la eng loba t da uma s rie de re f lexes
oli t icas de
programas
de reforma, de
medidas
legislativas,
e
re
u
amentos
adminis t rat iv '
~ -
mas, or outro la do , n o integ' tsocggi i resn am rals,
_ , poca
estudada, podia se r conhecido a respeito do corpo humano,
de seu func ionamento, de suas corre laes anatomofsiol-
gicasf da s P e 1 ' U f b a S
de que podia
se r passivel.
A
unidade
do
d i s _ c _ u r s _ o
clinco
n o
de
nenhuma
fo rma
a
unidade
de
u m a c ie n cia
ou de um conjunto de
conhecimentos t entando
da r um
estatuto
centi fico.
E '
um a
unidade
complexa:
n o
s e lhe podem apl icar
os cri tr ios pe los qua is
podemos
_ou
pelo me nos pe n sa mos poder _distnguir um a
cincia
de
U _ F t 1 2 l _ 0 u t r a _
(por
exemplo,
a fisiologia
da
patologia),
um a
c i e n _ c i a
mais elaborada de
um a
que o menos
(por
exemplo,
a _ bioquimica da neurologia),_um
discurso
ve rdade i ramen t e
ientifico__(co_mo a hormonologia) _ d e
um a
simples codficao
a
expe r ie n c ia ( como
a semiologia) ,
um a verdadeiya
dncia
( como a microbiologia)
de
um a c i nc ia que no
o
fsse
( como
a f renologia) . A c lin ic a n o consti tui ne m
um a
ver -
dadeira cincia nem um a falsa cincia,
s e bem
que em nome
de _ nossos
cri tr ios contemporneos
podemos
dar -nos o
di-
rei to
de reconhecer como v e rdade ir os a lguns
de seus
enun-
ciados, e como
fa ls os a lgun s out ro s.
E la um conjunto
cnunciativo ao
mesmo t empo terico e prtco, descri t ivo
e
4 1
1
i
i
i
i
-
7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem
19/25
inst itucional , ana l it ico
e regulamentar, cpmposto tanto
de
in -
ferncias
quanto de dec ises , de
af i rmaoes
como_de_decretos.
As forma e s discursivas n o so, pois, ne m c ienc ias a tua l
em vias de
gestao, ne m
cincias
outrora
r e conhe ci das e n -
quanto
t ais , d ep ois
caidas em
desuso
e _ abandox iadasem
funo da s
exigncias
novas
de
nossos cri ter ios. Sao unida-
de s
de
um a
natureza
e
de
um
nivel diferentes daquilo
que
_ S
ch am a h oje (ou do que s e pde
chama r
outrora)
_ c i e n _ c _ i a .
Para ca rac te r iz - las , a disti i iao c l _ o
cienti fico
e
nao-cient l ico
n o
per t inente:
elas s a o _
epistemologicamente n eu r as.
Quanto aos
sistemas
_ d e positividade que lhe s a s _ S t _ _ l _ 1 fi 1 _ 1 _ 1 e
grupamento
unitr io,_esses nao
sa_o_estruturas_rCi0S
_ _ _ _ _ . _ e
as
fampuuco
jogos, equil ibr ios,
oposioes_ou
_ d i a
e _ i c a _
_ ( _ _ _ -
formas de racional idade
e ent re
C _ 0 0 e
'_fa' _ alS*_a a ra
t ino do
racional
e de
seu cont rar io
na_o_e_]_Jr'flefl
PM S
d e sc re v -la s, p ois n o s o leis
de
inteligibilida
e , _ sa o
de
de fo rmao de
todo
um c