Estruturação do contexto organizacional para o monitoramento sócio ambiental de stakeholders
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Transcript of Estruturação do contexto organizacional para o monitoramento sócio ambiental de stakeholders
Msc. Edilson Giffhorn
PhD. Leonardo Ensslin
Msc. Núbia Alves de Carvalho Ferreira
Dra. Sandra Rolim Ensslin
Msc. William Barbosa Vianna
Estruturação do Contexto Organizacional para o Monitoramento
Sócio-Ambiental de Stakeholders
XLI simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional1. – 4.9.2009, Porto Seguro - Bahia
Universidade Federal de Santa Catarina
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção
Laboratório Multicritério de Apoio à Decisão - LabMCDA
Objetivo:
O objetivo do artigo é propor a utilização da fase de Estruturação da metodologia MCDA-C (Multicritério de Apoio à Decisão – Construtivista) para monitorar os impactos sócio-ambientais junto a stakeholders.
Justificativa:
O estudo se justifica pela necessidade de construir indicadores da qualidade ambiental baseados na prática, nos documentos e processos já implantados na organização (5S, SGQ, ISO 9000 / ISO 14000 e SIG) do estudo de caso.
1. Introdução
A partir da década de 1970 (Clube de Roma) há uma crescente preocupação com a necessidade de se estabelecerem limites ao crescimento econômico e suas conseqüências danosas para a humanidade (HARDJONO e KLEIN, 2004).
Só a partir dos anos 1980 que emergiu o desenvolvimento sustentável, desencadeando discussões sobre o passivo ambiental e as conseqüências que o modelo econômico ainda vigente produz.
Nova realidade:
A sociedade passou a ser mais crítica, mais exigente e a reivindicar com maior presença seus direitos, suas expectativas e interesses. Consequência: maior poder de influência na execução de projetos que possam vir a ter algum impacto sócio-ambiental.
Problemas:
Gestores admitem apenas que sua responsabilidade está na maximização da riqueza por meio da valorização das ações (HILL;
STEPHENS; SMITH, 2003).
Os instrumentos usuais de gestão não são suficientes para a nova realidade sócio-ambiental: baseados em opiniões, conceitos e julgamentos pré-estabelecidos, pré-existentes e frameworks generalistas.
Skinner (1986), Keeney (1992) e Neely, Gregory e Platts (2005) já alertaram para a necessidade do desenvolvimento do monitoramento por meio de indicadores de desempenho personalizados ao contexto.
Risco de afetar segmentos da sociedade não identificados previamente, provocar reações sócio-ambientais inesperadas, comprometer o sucesso e a imagem da organização executante.
Essa lacuna faz com que recursos sejam destinados para sanar consequências não desejadas.
Pergunta de pesquisa:
Como desenvolver o entendimento do contexto organizacional, a um gerente, de forma a permitir o monitoramento dos impactos sócio-ambientais.
Instrumento de Intervenção:
Metodologia Multicritério de Apoio à Decisão – Construtivista
(MCDA-C)
MCDA-C por ser adequada para contextos em que os decisores:
Necessitam de apoio para explicitar e mensurar seus valores e preferências;Desejam ter em conta seus valores e preferências, e não valores e preferências genéricos ou de outros casos similares;Desejam compreender e visualizar as consequências de suas decisões em seus objetivos;Desejam estabelecer as performances de referência em cada objetivo (critério) segundo sua percepção;Desejam compreender a contribuição de cada critério nos objetivos estratégicos;Desejam valer-se da expansão do conhecimento para identificar oportunidades de aperfeiçoamento.
2. Inclusão da Perspectiva Sócio-Ambiental no Contexto Organizacional
Décadas de 1950 e 1960: maior grau de competitividade forçou as organizações a se remodelarem para garantir a sobrevivência.
Décadas seguintes: novas demandas –
Organizações públicas - aumento de cobrança da sociedade por maior transparência na utilização dos recursos públicos.
Organizações privadas - clientes aumentam a exigência por produtos de melhor qualidade e que não cause impacto ao meio ambiente.
Não mais bastava produzir ou construir mais rápido e mais barato. Mas também, mais adequado às expectativas dos clientes, em conformidade com regras ambientais mais rígidas e com responsabilidade social.
Necessário prover aos gerentes, um instrumento que, ao proporcionar maior entendimento do contexto de atuação de sua organização, permita monitorar os impactos sócio-ambientais por meio de indicadores de desempenho.
3. Indicadores de Desempenho
As rápidas mudanças tecnológicas, os menores ciclos de vida dos produtos e das inovações, associados à redução na importância do trabalho direto, do aumento da intensidade do capital e do poder de influência dos stakeholders minaram o papel das medidas tradicionais.
As medidas de desempenho precisam ser selecionadas para que o sistema de avaliação seja dinâmico, para (Tapinos; Dyson; Meadows,
2005):
(i) Ser sensível às alterações no ambiente;
(ii) Permitir a revisão e alteração de objetivos ante mudanças;
(iii) Permitir a disseminação dos objetivos e prioridades que garantam o alinhamento estratégico;
(iv) Assegurar os ganhos obtidos por meio de aperfeiçoamentos.
Razões apresentadas por executivos para não mudar o sistema de medidas tradicionais:
Um sistema de gestão que utilize somente indicadores tradicionais, baseados em custo, prazo e escopo, não atende às demandas do novo ambiente corporativo.
Instrumento de intervenção: Metodologia Multicritério de Apoio à Decisão – Construtivista (MCDA-C).
4. Metodologia Multicritério de Apoio à Decisão – Construtivista
Principal objetivo:
Desenvolver o conhecimento do decisor sobre o contexto.
Fases da MCDA-C:
Estruturação: identifica, organiza e mensura ordinalmente as preocupações para a avaliação do contexto.
Avaliação: constrói escalas cardinais e taxas de substituição para representar as preferências locais e globais.
Recomendações: compreender as consequências de decisões nos critérios e no contexto como um todo.
5. O Caso da Fertilizantes Fosfatados S.A.
5.1 Contextualização
A Fertilizantes Fosfatados S.A. (Fosfertil) foi criada como empresa estatal em 1977 com o objetivo de promover a pesquisa, lavra, concentração e comercialização da rocha fosfática da jazida de Patos de Minas (MG).
Década de 1980:
Verticalização a tornou a mais complexa indústria do ramo na América Latina (LOPES, 1988).
Década de 1990: Privatização; Expansão ao adquirir outras empresas do ramo.
A Fosfertil pertence à holding Fertifós (Bunge, Mosaic e YARA, entre outras marcas).
O Complexo Industrial de Uberaba, uma das oito unidades da Fosfertil, produz:
ácidos sulfúrico, fosfórico e fluossílico; fosfato de monoamônio; superfosfato simples (SSP); superfosfato triplo (TSP) e granulado.
Matéria-prima: rocha fosfática que recebe via mineroduto (amônia e enxofre são importados).
Localização:
Fonte: Google maps
Ações tomadas para ajustar a indústria à realidade do mercado:
(i) Terceirização;
(ii) Automação;
(iii) Redução do endividamento;
(iv) Produtividade com padrões internacionais;
(v) Ações preventivas em segurança, saúde e meio ambiente.
Fonte: Google maps
5.2 A Gestão da Qualidade Ambiental na Fosfertil
Reestruturação pós-privatização:
(i) Reorganização estrutural e administrativa;
(ii) Investimentos nos processos e foco em resultados (atualização tecnológica);
(iii) Ênfase nos recursos humanos, saúde, segurança, qualidade e meio ambiente, certificações de qualidade e Sistema Integrado de Gestão.
Etapas do processo integrado de qualidade:
1ª Fase - Mudança no modelo gerencial e tático:
Difusão da importância da qualidade; adoção do programa 5S, implantação do SGQ (Sistema Geral de Qualidade) e certificação ISO 9000. Em 2000 inicia a preparação para a ISO 14000.
2ª Fase – Ações táticas:
2002 - implantação do SIG (Sistema Integrado da Qualidade) como uma estratégia guarda-chuva para a gestão da qualidade, do meio ambiente, da saúde e da segurança do trabalho.
3ª Fase – Ações estratégicas:
O sistema SIG (Sistema Integrado de Gestão) reflete a estratégia voltado à atuação conjunta e simultânea da Qualidade, Segurança, Saúde e Meio Ambiente.
Uso de indicadores de desempenho ambiental alinhados com a política de gestão do meio ambiente da empresa e à visão estratégica da mesma.
Fonte de dados para a construção da proposta de Estrutura Hierárquica de Valor:
Interpretação da evolução histórica da implantação da gestão ambiental na Fosfertil (Ferreira, 2006) e contatos primários com gestores da companhia.
Simulação de Estrutura Hierárquica de Valor:
Estágio atual da pesquisa:
Os indicadores construídos foram apresentados aos gestores para validação.
Alguns já utilizam (há alinhamento); Em execução análise de viabilidade para adoção dos demais indicadores (aprimorar alinhamento).
Próximo estágio da pesquisa:
Acompanhamento temporal da utilização dos indicadores e uso que se irá fazer com as informações obtidas a partir deles (informações irão apoiar decisões na gestão ambiental?)
6. Considerações Finais
O estudo apresentado é uma proposta de estruturação do contexto visando o monitoramento sócio-ambiental dos stakeholders da unidade produtiva.
Foi gerado, aos decisores, maior entendimento das consequências de suas ações ao utilizar um processo que:
(i) Identifica os Pontos de Vista Fundamentais (PVFs);
(ii) Constrói Descritores que mensurem os PVFs;
(iii) Constrói escalas ordinais personalizadas aos valores e preferências dos decisores.
Os decisores passam a contar com um instrumento que oportuniza o monitoramento dos stakeholders quanto aos impactos sócio-ambientais.
A metodologia MCDA-C contribuiu com: Os processos de transformação dos dados documentais em um modelo de avaliação de desempenho.
A simulação da Estrutura Hierárquica de Valor, com os correspondentes Descritores e escalas ordinais.
Referências:
Bititci, U. S.; Turner, T.; Begemann, C., Dynamics of performance measurement systems, International Journal of Operations & Production Management, v. 20, n. 5-6, p. 692-704, 2000.
Bourne, M.; Neely, A.; Platts, K.; Mills, J., The success and failure of performance measurement initiatives: perceptions of participating managers, International Journal of Operations & Production Management, v. 22, n. 11, p. 1288-1310, 2002.
Denton, D. K., Measuring relevant things, International Journal of Productivity and Performance Management, v. 54, n. 4, p. 278-287, 2005.
Ferreira, Núbia A. C. F., Empresas multinacionais e o estabelecimento de padrão ambiental corporativo global: a indústria de matérias-primas para fertilizantes. Dissertação (Mestrado), Programa de Pós-graduação em desenvolvimento regional e Meio Ambiente, centro Universitário de Araraquara-SP, 2006.
Hardjono, T. E; Klein, P. Introduction on the European corporate sustainability framework. Journal of Business Ethics, v. 55, n. 2, p. 99-113, 2004.
Hill, R.P.; Stephens, D.; Smith, I. Corporate social responsibility: an examination of individual firm behavior. Business and Society Review, v. 108, n. 3, p. 285-424, 2003.
Skinner, W. (1986). The productivity paradox. Management Review, 75, 41-45.
Keeney, R. L. (1992). Value-focused thinking: a path to creative decisionmaking. Harvard University Press, London.
Lopes, M.A.B. Fosfértil. 10 anos. Uberaba; Fosfértil, 1988.
Neely, A; Gregory, M.; Platts, K., Performance measurement system design: a literature review and research agenda, International Journal of Operations & Production Management, v. 25, n. 12, p. 1228-1263, 2005.
Tapinos, E.; Dyson, R. G.; Meadows, M., The impact of performance measurement in strategic planning, International Journal of Productivity and Performance Management, v. 54, n. 5-6, p. 370-384, 2005.
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