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Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia INPA Universidade Federal do Amazonas UFAM Programa Integrado de Pós-Graduação em Biologia Tropical e Recursos Naturais ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DAS ESPÉCIES ARBÓREAS E ARBUSTIVAS DE UMA FLORESTA DE IGAPÓ NO LAGO TUPÉ, MANAUS, AM Jinny Ohana Hamaguchi MANAUS/AM 2009

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Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA

Universidade Federal do Amazonas – UFAM

Programa Integrado de Pós-Graduação em Biologia Tropical e Recursos Naturais

ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DAS ESPÉCIES

ARBÓREAS E ARBUSTIVAS DE UMA FLORESTA DE IGAPÓ NO

LAGO TUPÉ, MANAUS, AM

Jinny Ohana Hamaguchi

MANAUS/AM 2009

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Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA

Universidade Federal do Amazonas – UFAM

Programa Integrado de Pós-Graduação em Biologia Tropical e Recursos Naturais

ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DAS ESPÉCIES

ARBÓREAS E ARBUSTIVAS DE UMA FLORESTA DE IGAPÓ NO

LAGO TUPÉ, MANAUS, AM

Jinny Ohana Hamaguchi

Orientadora: Dra. Veridiana Vizoni Scudeller

MANAUS/AM 2009

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H198 Hamaguchi, Jinny Ohana

Estrutura e composição florística das espécies arbóreas e arbustivas de

uma floresta de igapó no lago Tupé, Manaus, AM / Jinny Ohana

Hamaguchi .--- Manaus : [s.n.], 2009.

vi, 85 f. : il. color.

Dissertação (mestrado)-- INPA/UFAM, Manaus, 2009

Orientador : Veridiana Vizoni Scudeller

Área de concentração: Botânica

1. Inventário florístico. 2. Florestas de igapó - Tupé, Lago (AM).

I. Título.

CDD 19. ed. 581.9811

Sinopse:

Foi realizado um estudo visando analisar a estrutura e composição florística de uma

floresta de igapó localizada as margens do lago Tupé, Manaus/AM. Dando ênfase a

influencia de variáveis ambientais, como gradiente topográfico e irradiância, na densidade e

composição florística de indivíduos arbóreos e arbustivos. Em uma área de cerca de um ha,

foram inventariados todos os indivíduos arbóreos acima de 10 cm DAP. Para análise da

regeneração natural foram avaliados indivíduos acima de 1m de altura e com menos de 10

cm DAP.

Palavras-chave: Florística, Regeneração Natural, Floresta de Igapó, Amazônia Central.

Key-words: Floristic, Regeneration, black-water river floodplain forest, Central Amazonia.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela vida, e por Ele sempre ter me

sustentado e protegido nos momentos mais difíceis desse período.

Agradeço aos meus pais e irmãos, pelo amor e segurança, por saber que

eu posso contar com eles sempre.

À minha orientadora Veridiana, pela colaboração e confiança dados, que

foram imprescindíveis para a realização desse trabalho.

Agradeço ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), pela

oportunidade de desenvolver minha dissertação nesse ecossistema magnífico, o

qual era um sonho para mim.

À coordenação do Curso de Botânica, pela estrutura e incentivo a

realização das atividades de mestrado.

À CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior, pela concessão da bolsa de estudos.

Ao Projeto Biotupé, e seus integrantes pela colaboração e suporte

financeiro para a realização das coletas de campo.

Aos comunitários da Vila São João do Tupé, pelos momentos agradáveis,

em especial ao Seu Jaumir e família, por todo apoio e acolhimento durante a

minha estadia na Reserva.

A todos os amigos e alunos da Botânica que conheci no decorrer do curso,

aos quais podemos compartilhar momentos bons e inesquecíveis, em especial a

Cris, Kath e Jô, pela amizade e incentivo.

Aos parataxônomos Zé Lima, Zé Ramos e Francisco, pela ajuda no campo

e auxílio na identificação das plantas.

Ao Heidson, por todo amor e carinho, e ao nosso futuro filho, que já me dá

forças para seguir em frente e querer buscar o melhor de mim e para o mundo.

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RESUMO

Florestas inundáveis representam de 5 a 10% da Amazônia. O igapó, junto com a

várzea são os mais representativos dentre os diferentes tipos de matas inundadas

existentes na região amazônica. Estima-se que a bacia Amazônica possua uma

área de 15.000 Km2 de igapó. O tipo de água é um importante fator influenciando

na composição florística da vegetação das florestas inundáveis. A área de floresta

de igapó analisada no Lago Tupé apresenta espécies características de áreas

alagadas por rios de águas pretas e claras da Amazônia Brasileira. Tanto para os

indivíduos adultos (≥10 cm DAP), como para os regenerantes (indivíduos >1m

altura e <10 cm DAP), Leguminosae foi a família mais importante. As espécies

mais abundantes foram Sclerolobium sp. (Leguminosae) no levantamento da

população adulta e Leopoldina pulchra (Arecaceae) no levantamento da

regeneração natural. Em nossa área de estudo foram amostradas para a

população adulta 53 espécies, pertencentes a 21 famílias. Para a regeneração

natural, foram encontradas 69 espécies e 27 famílias. O índice de diversidade de

Shannon (H’) para a regeneração natural (H’ reg=3.498) foi maior que para a

população adulta (H’ad=2.295). Isso se deve em parte ao fato de que algumas

espécies de pequeno porte só poderem ser representadas nas parcelas da

regeneração natural. A altitude e a luminosidade apresentam-se correlacionadas

com a composição florística e densidade de indivíduos, sendo a altitude a variável

mais correlacionada com esses parâmetros florísticos. Há uma mudança na

composição das espécies ao longo do gradiente topográfico analisado, contudo

não existem zonas definidas, havendo muita sobreposição de espécies ao longo

do gradiente florístico. Não foi encontrado um aumento gradativo no número de

espécies e na diversidade das cotas mais baixas para as cotas mais altas de

altitude. Contudo, as maiores riquezas foram observadas nas cotas mais altas,

tanto para os indivíduos adultos, como para os regenerantes e espécies

arbustivas.

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ABSTRACT

Floodable forests represent 5% to 10% of the Amazon. Igapó and varzea are the

most representative amongst the different types of flooded forests within the

Amazon region. It is estimated that the Amazon basin has an area of 15.000 Km²

of igapó. The type of water is an important feature which influences the floristic

composition of flooded forests vegetation. The area of igapó forest of Tupé Lake

analysed presents typical igapó species that occur in areas flooded by black and

clear water rivers of the Brazilian Amazon. Either for adult individuals or for

regenerating ones, Leguminosae is far the most important family of the studied

igapó forest. The most abundant species were Sclerolobium sp. (Leguminosae) in

the adult populations (individuals with ≥10cm DBH) and Leopoldina pulchra

(Arecaceae) in natural regeneration (individuals >1m high and <10cm DBH). In the

surveyed area we sampled for the adult population 53 species that belong to 21

families. For natural regeneration we found 69 species and 27 families. The

diversity index Shannon (H’) for natural regeneration (Hreg=3.498) was higher than

that for the adult population (Had=2.295). This is due to the fact that some small

species can only be represented in the natural regeneration plots. There was a

decrease in luminosity with increasing altitude, both variables are correlated with

composition and density of individuals but altitude is the most significant variable

influencing these floristic patterns. There is a zonation of species over the

topographic gradient of the igapó area of the lake. Floristic composition changes

with increasing altitude, however such zones are not well defined and a species

overlap in the floristic succession can be noticed. An increasing number of species

towards the lowest quota was not found. Nevertheless, the highest richnesses

were observed in the highest quota either for adult or shrub and regenerating

individuals.

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SUMÁRIO

SINOPSE iii

AGRADECIMENTOS iv

RESUMO v

ABSTRACT vi

LISTA DE FIGURAS viii

LISTA DE TABELAS x

1. INTRODUÇÃO 1

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4

2.1. Tipos de água e Lagos Amazônicos 4

2.2. Estrutura Florística e Crescimento de árvores em florestas inundáveis 5

2.3.Zonação de espécies e suas adaptações ao alagamento 7

3. OBJETIVOS 10

3.1. Objetivo Geral 10

3.2. Objetivos Específicos 10

4. MATERIAL E MÉTODOS 11

4.1. Área de Estudo 11

4.2. Procedimento amostral 14

4.2.1. Indivíduos adultos 14

4.2.2. Indivíduos regenerantes 16

4.2.3. Variáveis ambientais 17

4.3. Análise de dados 18

5. RESULTADOS 21

5.1. Análise Florística e Estrutural 21

5.1.1. Indivíduos arbóreos (DAP ≥10 cm) 21

5.1.2. Indivíduos regenerantes (acima de 1m e <10 cm DAP) 26

5.2. Variáveis ambientais 27

5.2.1.Composição química do solo 27

5.2.2.Topografia e luminosidade 35

5.3.Distribuição das espécies no gradiente topográfico 48

6. DISCUSSÃO 52

6.1. Análise florística e estrutural 52

6.2.Variáveis ambientais 57

6.2.1.Composição química do solo 57

6.2.2.Topografia e luminosidade 59

7. CONCLUSÕES 64

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 65

ANEXOS

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Delimitação da RDS Tupé, e o centro da cidade de Manaus............................. 12 Figura 2. A RDS Tupé, e os seis povoados existentes dentro de seu perímetro.

1.Agrovila, 4.Julião, 6.Livramento, 7.São João do Tupé, 8.Central, e 9.Tatulândia. Em destaque (círculo vermelho) o Lago Tupé.......................................................................... 13 Figura 3. A localização da área de estudo (ponto vermelho) na margem do Lago Tupé.. 13 Figura 4. Fisionomia da floresta de igapó estudada, vista do lago.................................... 15 Figura 5. Fisionomia da vegetação estudada, observando-se a presença de cipós no subbosque ......................................................................................................................... 15 Figura 6. Configuração do bloco amostral na área de estudo, este se apresenta

subdividido em 103 parcelas contíguas de 10x10m. A regeneração natural será amostrada nas parcelas pontilhadas. As parcelas apresentam-se numeradas, os números em vermelho, azul, laranja, verde e preto representam as parcelas situadas nas classes de 23-24m, 24-25m, 25-26m e 26-27m de altitude, respectivamente............ 16 Figura 7. Classes de diâmetro dos indivíduos arbóreos (>10cm DAP)............................. 25 Figura 8. Classes de altura dos indivíduos arbóreos (≥10cm DAP).................................. 25 Figura 9. Eixo 1 e 2 da Análise de correspondência canônica (CCA), aplicado as

parcelas com indivíduos com DAP≥10 cm, com as variáveis ambientais de solo............. 31 . Figura 10. Eixo 1 e 3 da Análise de Correspondência Canônica (CCA), aplicado as

parcelas com indivíduos com DAP≥10 cm, com as variáveis ambientais de solo............. 32 Figura 11. Eixo 1 e 2 da Análise de correspondência canônica (CCA), aplicado as

parcelas com indivíduos acima de 1m e com DAP<10 cm, com as variáveis ambientais de solo................................................................................................................................ 33 Figura 12. Eixo 1 e 3 da Análise de correspondência canônica (CCA), aplicado as

parcelas com indivíduos acima de 1m e com DAP<10 cm, com as variáveis ambientais de solo................................................................................................................................ 34 Figura 13. Dendograma da Análise Cluster usando distância euclidiana e método de

ligação UPGMA, aplicado as parcelas com indivíduos arbóreos adultos (DAP≥10 cm)... 37 Figura 14. Eixo 1 e 2 da Análise de Componentes Principais (PCA), aplicado as

parcelas com indivíduos com DAP≥10 cm......................................................................... 38

Figura 15. Dendograma da Análise Cluster usando distância euclidiana e método de

ligação UPGMA, aplicado as parcelas com indivíduos acima de 1m e com DAP<10 cm.. 39 Figura 16. Eixo 1 e 2 da Análise de Componentes Principais (PCA), aplicado as 40

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parcelas com indivíduos acima de 1m e DAP<10 cm........................................................ Figura 17. Média da luminosidade por parcela nas diferentes classes de altitude............ 41 Figura 18. Eixo 1 e 2 da Análise de correspondência canônica (CCA), aplicado as

parcelas com indivíduos com DAP≥10 cm, com duas variáveis ambientais (altitude e luminosidade)...................................................................................................................... 43 Figura 19. Eixo 1 e 2 da Análise de correspondência canônica (CCA), aplicado as

parcelas com indivíduos acima de 1m e com DAP<10 cm, com duas variáveis (altitude e luminosidade)................................................................................................................... 44 Figura 20. Número total de indivíduos ≥10cm DAP (1600 m2/cota) e de indivíduos >1 m e <10 cm DAP (800 m2/cota) nas diferentes classes topográficas................................ 47 Figura 21. Número total de espécies ≥10cm DAP (1600 m2/cota) e de espécies >1m e <10 cm DAP (800 m2/cota) nas diferentes classes topográficas....................................... 47

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LISTA DE TABELAS Tabela 1: Espécies amostradas nos levantamentos da população arbórea adulta (≥10cm DAP) e da regeneração natural (indivíduos acima de 1m altura e < 10cm DAP) em uma floresta de igapó de cerca de 1ha no Lago Tupé.................................... 22 Tabela 2. Composição química das 25 parcelas amostradas (0-15 cm de

profundidade) na floresta de igapó do Lago Tupé................................................................................................................................ 28 Tabela 3. Resultados da Análise de Correspondência Canônica (CCA), aplicado as

parcelas com indivíduos acima de 1m e com DAP<10 cm, com as variáveis ambientais de solo.Variância total (inertia)= 4.9769...................................................... 30 Tabela 4. Resultados da Análise de Correspondência Canônica (CCA), aplicado as

parcelas com indivíduos com DAP≥10 cm, com as variáveis ambientais de solo.Variância total (inertia)= 5.4802............................................................................... 30 Tabela 5. Número de parcelas e áreas amostradas nas diferentes classes de

topografia, nos levantamentos da população adulta e da regeneração natural.............. 35 Tabela 6. Resultados da Análise de componentes principais (PCA), nas parcelas do

levantamento dos indivíduos com DAP≥10 cm............................................................... 36 Tabela 7. Resultados da Análise de componentes principais (PCA), nas parcelas do

levantamento dos indivíduos acima de 1m altura e com DAP<10 cm............................ 36 Tabela 8. Resultados da Análise de Correspondência Canônica (CCA), aplicado as

parcelas com indivíduos com DAP≥10 cm, com duas variáveis ambientais (altitude e luminosidade). Variância total (inertia)= 6.2265.............................................................. 42 Tabela 9. Resultados da Análise de Correspondência Canônica (CCA), aplicado as

parcelas com indivíduos acima de 1m e com DAP<10 cm, com duas variáveis ambientais (altitude e luminosidade). Variancia total (inertia)= 5.8000........................... 42 Tabela 10. Numero de indivíduos, numero de espécies, índice de diversidade e de

equitabilidade de Shannon nas diferentes classes de topografia (1600 m2/classe), analisadas no levantamento de indivíduos ≥10cm DAP................................................. 46 Tabela 11. Numero de indivíduos, numero de espécies, índice de diversidade e de equitabilidade de Shannon nas diferentes classes de topografia (800 m2/classe), analisadas no levantamento de indivíduos acima de 1m altura e <10cm DAP............... 46 Tabela 12. Presença de indivíduos (≥ 10cm DAP) das espécies nas diferentes classes topográficas (m).................................................................................................. 49 Tabela 13. Presença de indivíduos (> 1m altura e < 10cm DAP) das espécies nas 51

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diferentes classes topográficas (m)................................................................................. Tabela 14: Estudos florísticos realizados em vegetação de igapó na Amazônia Brasileira.......................................................................................................................... 54

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1. INTRODUÇÃO

Florestas inundáveis representam de 5 a 10% da Amazônia (Pires, 1974).

Os igapós e as várzeas são os mais representativos dentre os diferentes tipos de

matas inundadas existentes na região amazônica (Ayres, 1995). De acordo com

Prance (1979), várzeas sazonais são áreas anualmente inundáveis por rios de

água branca, e igapós sazonais são florestas anualmente inundadas por rios de

água preta ou clara. A várzea está presente em cerca de 3% da Amazônia, com

aproximadamente 200.000 km2, constituindo a maior porção de florestas

inundáveis. Estima-se que a bacia Amazônica possua uma área de 15.000 Km2 de

igapó (Pires, 1974).

O tipo de água é um importante fator influenciando na composição florística

da vegetação das florestas inundáveis. Há espécies endêmicas de regiões de um

tipo de água, enquanto outras ocorrem em vários tipos de florestas inundadas

(Prance, 1979). Alguns autores relatam que as florestas de várzea têm um maior

número de espécies que as florestas de igapó (Ayres 1995, Prance 1979). Para

Worbes (1997), os dados sugerem que a diversidade de espécies na floresta de

igapó é superior a das florestas de várzea. Comparando vários inventários

florísticos existentes em várzea e igapó, Ferreira (1997) não obteve diferença em

relação ao número de espécies e densidade entre os dois tipos de florestas

inundadas.

Kubitzki (1989) salienta que a floresta de várzea apresenta maior

diversidade local, porém o igapó possui maior diferenciação regional, sendo no

geral, a flora de igapó mais rica que a de várzea. Não obstante, a floresta de terra

firme apresenta normalmente maior riqueza de espécies arbóreas comparada com

as florestas inundáveis de várzea e igapó (Campbel et al. 1986; Gama et al. 2005),

um fator que reduz essa diversidade é o stress da inundação sazonal, onde

somente espécies adaptadas a alagação podem habitar esse tipo de ambiente.

O principal período de crescimento para muitas espécies de áreas

alagáveis está na fase terrestre. Na várzea, a cessação do crescimento das

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árvores durante a inundação é compensado pela entrada de nutrientes e

sedimentos, o que não ocorre no igapó (Worbes, 1997). Furch (1997) salienta que

a alta produtividade da várzea viabiliza sua utilização econômica, devido ao alto

conteúdo de nutrientes e sua constante renovação pela deposição de sedimentos

durante a inundação, mas que o igapó devido a sua baixa produtividade deve ser

protegido para retenção e conservação das baixas reservas de nutrientes. As

florestas de várzea são adequadas para a agricultura e exploração seletiva de

madeira, porém, as áreas de igapó possuem baixo potencial para essas

atividades, sendo seu uso desaconselhável.

A amplitude média de inundação na Amazônia Central é de cerca de 10 m,

sujeitando árvores a uma submersão de até 230 dias por ano (Junk, 1989).

Declividades nas margens dos rios causam diferenças na duração da inundação e

condições locais ao longo do gradiente topográfico, conduzindo a uma clara

zonação da vegetação, devido a diferenças na tolerância das espécies de árvores

a inundação (Worbes, 1997; Wittmann et al., 2006). A previsibilidade do pulso de

inundação, a mudança regular de uma fase terrestre para um pronunciado habitat

aquático favorece o desenvolvimento de adaptações em organismos que

colonizam essas áreas (Junk et al., 1989). A tolerância à inundação varia entre

espécies, sendo influenciada pela idade da planta e duração do alagamento.

Complexas interações de adaptações morfológicas, anatômicas e fisiológicas são

necessárias para a sobrevivência dessas plantas ao alagamento (Kozlowski,

1997).

A riqueza, diversidade e distribuição de espécies arbóreas na várzea são

influenciadas pela altura e duração das inundações anuais, sendo as florestas de

várzea baixa menos diversas que as florestas de várzea alta (Wittmann et al.,

2006). A zonação de espécies na várzea apresenta características peculiares

devido a sua dinâmica geomorfológica, durante a inundação ocorre uma alta

deposição de sedimentos carregados pela água. A composição florística ao longo

do gradiente de inundação representa diferentes estágios de sucessão, com

árvores pioneiras habitando os níveis mais baixos do gradiente (Junk, 1989).

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Segundo Ayres (1995), a vegetação de igapó, assim como a de várzea,

também muda com a variação no tempo de inundação, com uma diminuição no

número de espécies em regiões mais baixas, sujeitas a um maior período de

inundação. Outros autores também relatam mudanças na composição florística

em florestas de igapó devido a variações nos níveis topográficos (Keel & Prance,

1979; Piedade, 1985; Ferreira, 1991; Ferreira, 1997a; Ferreira, 2000). Sugerindo

um aumento na diversidade de espécies com a diminuição do período de

inundação (Keel & Prance, 1979; Ferreira, 1991; Ferreira, 1997a). Embora

diferenças na duração da inundação não necessariamente conduzam a diferenças

na riqueza de espécies, como demonstrado em levantamentos realizados em

florestas de igapó por Ferreira (2000), sugerindo que a riqueza de espécies pode

ser influenciada por um conjunto de fatores muito mais complexos.

Este estudo visa contribuir para um maior entendimento dos aspectos

florísticos da vegetação de igapó e as possíveis influências de diferentes variáveis

ambientais que possam explicar alguns parâmetros florísticos observados.

Embora haja um aumento no número de estudos florísticos em áreas de igapó,

ainda há poucos estudos dando ênfase as mudanças estruturais e florísticas ao

longo de gradientes de inundação. A floresta de igapó do lago Tupé apresenta-se

bastante alterada, há residências espalhadas ao longo de toda margem do lago. A

área de floresta de igapó escolhida para este estudo é uma das poucas existentes

ainda bem conservadas na beira do lago. Este estudo visa, além da contribuição

para um maior entendimento desse ecossistema único, a colaboração no

planejamento futuro de eventuais planos de recuperação florestal para essa

vegetação.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Tipos de água e Lagos Amazônicos

Alfred Russel Wallace (1853) foi o primeiro a classificar os rios da Amazônia

em rios de água preta, clara e branca, estes foram posteriormente bastante

estudados por Sioli, quanto às suas características hidroquímicas, e tipos de solo

e vegetação associados (Sioli & Klinge, 1964).

Segundo Ayres (1995), os rios de água preta originam-se nas terras baixas

do terciário da Amazônia, suas águas apresentam baixo nível de sedimentos e

alto conteúdo de substâncias húmicas, o qual é responsável por sua coloração

avermelhada ou marrom escura. Os rios de água branca carregam muitos

sedimentos, originados dos Andes e encostas pré-Andinas. Já os rios de águas

claras têm suas origens nos sedimentos do Cretáceo dos Escudos das Guianas e

Brasileiros, suas águas podem ser pobres em sedimentos, mas em algumas áreas

podem ser ricos em matéria orgânica dissolvida.

A coloração escura dos rios de água preta é o resultado de processos

organogênicos, causados por substâncias orgânicas dissolvidas (ácidos fúlvicos e

húmicos), derivadas da decomposição da liteira foliar sob condições ácidas e

subseqüentes processos edáficos que ocorrem em solos amazônicos. Essas

substâncias ácidas podem ter um alto peso molecular e são resistentes à

decomposição adicional, contribuindo assim para o baixo valor do ph da água

(Junk & Furch, 1985).

Os rios e igarapés são considerados sistemas abertos, suas águas são

permanentemente renovadas e misturadas pela corrente, enquanto que a água

dos lagos persiste ao menos por certos períodos numa mesma área. A água do

lago é fortemente sujeita a processos abióticos e bióticos internos, os quais podem

acumular ou reduzir substâncias de modo diferente dos rios (Junk & Furch, 1985).

Os assim designados por Junk & Furch (1985), lagos rasos de área

alagável, são intermediários entre sistemas abertos e fechados, pois eles recebem

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e armazenam água do rio quando este sobe no período de inundação, e retorna

em parte para o rio quando o nível volta a baixar. Concomitantemente a troca de

água, há a troca de nutrientes, energia e material biológico, havendo uma

influência nos lagos, nos rios e em todas as áreas inundáveis (Junk, 1983). Dentro

desses lagos, a corrente é reduzida, e há a formação de uma estratificação termal

de 2 a 4 ºC de diferença na temperatura entre a camada superficial de água

(epilimnion) e a água próxima ao fundo (hipolimnion). Apesar dessa estratificação

não ser muito estável, ela retarda a mistura de todo corpo d’água durante o

período de enchente.

2.2. Estrutura Florística e Crescimento de árvores em florestas

inundáveis

Para alguns autores (Prance, 1979; Ayres, 1995; Haugaasen & Peres,

2006), a floresta de várzea apresenta um maior número de espécies que as

florestas de igapó. Ao contrário, outros (Worbes, 1997; Ferreira et al. 2005)

relatam uma maior riqueza de espécies no igapó. Segundo Ayres (1995), as

florestas de várzea são freqüentemente mais ricas em espécies e em biomassa

que as florestas inundáveis de águas pretas ou claras. Na Estação Científica

Ferreira Penna na região do baixo Amazonas, Ferreira et al. (2005) encontraram

maior riqueza de espécies na floresta de igapó em comparação com a floresta de

várzea, contudo a área basal foi significativamente menor na floresta de igapó.

A flora dos igapós de água clara parece ser mais empobrecida em

comparação com as regiões de água preta, ao menos na Bacia do Rio Negro

(Kubitzki, 1989). A composição florística de uma floresta de igapó no rio Tapajós,

um rio de água clara é similar a de outras florestas de igapó inundadas por rios de

água preta. Contudo, a riqueza de espécies foi a menor observada em florestas de

igapó da Amazônia, essa baixa diversidade local pode estar correlacionada com o

tipo de água, condições do solo e proximidade do cerrado (Ferreira & Prance,

1998).

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Na região do lago Uauaçú, no baixo rio Purus, onde ocorrem florestas de

terra firme, igapó e várzea, encontrou-se uma maior riqueza de espécies na terra

firme, seguida da várzea e depois do igapó, porém não houve diferenças em

termos de densidade de árvores, área basal e biomassa entre os três tipos

florestais (Haugaasen & Peres, 2006).

Quanto à diversidade de estratégias de crescimento, a floresta de igapó

apresenta menor diversidade comparada com a várzea. As espécies de árvores

no igapó são em sua maioria sempre-verdes e possuem crescimento lento. Na

várzea, ocorrem espécies de crescimento rápido (pioneiras) e lento (não

pioneiras), assim como espécies sempre-verdes e decíduas (Parolin, 2000).

Contudo, a várzea e o igapó exibem maior deciduosidade que a terra firme

(Haugaasen & Peres, 2005). O pico de queda foliar ocorre durante o período de

inundação (Worbes, 1997; Nebel et al, 2001; Schongart et al., 2002; Haugaasen &

Peres, 2005). A inundação reduz a atividade das raízes, por gerar condições

anaeróbicas para estas, diminuindo assim a condutância de água para a copa

(Worbes, 1997). A inundação regular sazonal causa a queda de folhas das árvores

durante a fase aquática, conduzindo a uma dormência cambial, havendo pouco ou

nenhum incremento em diâmetro do tronco durante a fase de maior nível de

inundação, formando assim um anel anual de crescimento. O crescimento em

diâmetro começa novamente após a emergência de novas folhas no final do

período de inundação (Schongart et al, 2002).

A várzea, apesar da dormência cambial durante a fase aquática, apresenta

alta produtividade por causa do alto conteúdo de nutrientes disponíveis para as

plantas na fase terrestre, devido ao grande aporte de sedimentos durante o

período de inundação. De acordo com Furch (1997), o conteúdo de nutrientes total

no solo e a soma estocada na vegetação são muito maiores na várzea do que em

igapó. A eficiência no uso de nutrientes também difere entre os dois sistemas,

sendo que a floresta de igapó demanda menor quantidade de nutrientes

comparada com a várzea. A floresta de igapó apresenta baixa produtividade, a

média de incremento em diâmetro no igapó é de 1.7mm ano-1 enquanto que na

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várzea a média é de 3.5 mm ano-1 (Worbes, 1997). Sendo a produção de madeira

nas florestas de várzea igual ou maior que nas florestas de terra firme (Parolin,

2000). Indivíduos de Tabebuia barbata (E. Mey) Sandw. que habitam áreas de

várzea apresentam mais que o dobro do incremento anual do lenho comparado

com indivíduos da mesma espécie crescendo em áreas inundáveis por rios de

água preta (Parolin & Ferreira, 1998).

2.3. Zonação de espécies e suas adaptações ao alagamento

As florestas de várzea e igapó sofrem variações na composição florística ao

longo de gradientes de inundação (Kell & Prance, 1979; Piedade, 1985; Junk,

1989; Campbell et al., 1992; Ferreira 1991, 2000; Ayres, 1995; Wittmann & Junk

2003), provavelmente devido a diferenças morfológicas, anatômicas e/ou

fisiológicas das espécies para tolerar o alagamento. Espécies que possuem raízes

tabulares ocorrem com mais freqüência nas cotas superiores do gradiente

topográfico, enquanto espécies que produzem raízes adventícias e aéreas são

mais comuns em níveis inferiores. Raízes tabulares parecem oferecer melhor

ancoragem às árvores que habitam os níveis mais altos do gradiente, as quais são

maiores e mais altas, enquanto a função primária das raízes adventícias parece

ser a facilitação da aeração (Wittmann & Parolin, 2005).

De Simone et al. (2002) relataram três diferentes estratégias para tolerar o

alagamento, com relação a traços morfológicos e conduta de queda foliar, em

espécies de várzea. A primeira é representada pela espécie pioneira sempre

verde Salix martiana Leyb., na qual há a formação de aerênquima no córtex da

raiz e o desenvolvimento de raízes adventícias. A segunda estratégia ocorre em

espécies sempre-verdes não pioneiras, essas espécies desenvolveram

suberização na hipoderme da raiz, que previne a entrada de toxinas e ajuda a

manter as condições microaeróbicas no córtex da raiz. A estratégia adaptativa

mais freqüente em espécies de várzea é representada pelas espécies decíduas,

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estas apresentaram completa defoliação, essas espécies suportam o período de

condições desfavoráveis durante a inundação tornando-se dormentes.

A distribuição das espécies ao longo do gradiente de inundação pode ser

explicada pelo menos em parte com biologia reprodutiva e tolerância das plântulas

à inundação (Worbes, 1997). A zonação de espécies que ocorrem em gradientes

de inundação pode ser mais diretamente ligada à tolerância a inundação das

plântulas do que dos indivíduos adultos, os quais dificilmente são totalmente

submergidos durante todo ano (Junk, 1989; Parolin, 2002).

Ferreira & Almeida (2005) estudando a regeneração em clareiras ao longo

do gradiente de inundação da floresta de igapó de um afluente do rio Negro,

verificaram que clareiras situadas em níveis mais baixos do gradiente possuem

menor número de espécies e são colonizadas principalmente por espécies com

grande tolerância à inundação, enquanto que clareiras situadas em cotas

superiores apresentam uma maior riqueza e são colonizadas, sobretudo por

espécies pouco tolerantes ao alagamento.

Espécies restritas as regiões mais baixas podem ser encontradas

regenerando em clareiras nas regiões mais altas, um fator que pode estar

impedindo o crescimento desses indivíduos é a menor disponibilidade de luz nas

cotas superiores, demonstrado pela maior área basal nessas regiões, a

competição com as plantas da região alta também pode ser um fator impedindo a

subida das plantas da região baixa (Ferreira, 1991).

Wittmann & Junk (2003) relatam que a estrutura, a distribuição e a riqueza

de espécies regenerantes em floresta de várzea são altamente relacionadas ao

gradiente de inundação, com a diminuição no número de espécies e indivíduos

com o aumento do período de alagamento. A inundação parece ser o fator mais

limitante influenciando na distribuição de espécies na várzea, porém, a radiação

também influencia na composição de espécies regenerantes.

Na várzea, há uma zonação de espécies e aumento da diversidade dos

níveis mais baixos para os níveis mais altos do gradiente topográfico, poucas são

as espécies capazes de habitar os níveis mais baixos do gradiente, onde ocorre

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uma alta deposição de sedimentos (Junk, 1989).

Ferreira (1997a), amostrando florestas de igapó no rio Jaú em três habitats

diferentes, lago, rio e igarapé, verificou que diferenças encontradas na estrutura

florestal, na composição florística e na riqueza de espécies entre os três locais

podem estar correlacionados com variações no período de inundação.

Keel & Prance (1979), estudando a vegetação de igapó em solo de areia

branca, relatam que embora haja zonação de espécies ao longo do gradiente de

inundação, o limite entre essas zonas não é abrupto. Nos níveis mais altos do

gradiente de inundação, a riqueza aumenta e o espaçamento entre os indivíduos

diminui, comparado com níveis mais baixos. Piedade (1985) também verificou

nítida substituição de comunidades ao longo do gradiente topográfico em duas

florestas de igapó no arquipélago de Anavilhanas, como resposta ao período de

alagamento e modificações na textura do solo.

Na floresta de igapó do Tarumã-mirim, Ferreira (1991) relata mudanças na

composição florística e aumento da riqueza e diversidade de espécies ao longo do

gradiente de inundação, com espécies restritas as cotas mais baixas, espécies

que ocorrem ao longo de todo gradiente e espécies restritas as regiões mais altas.

Revilla (1981) definiu diferentes comunidades de igapó em uma mesma região do

rio Negro de acordo com o tipo de solo onde elas habitam. Houve diferenças

estruturais e de riqueza de espécies entre as diferentes comunidades

encontradas. Ferreira (2000) também encontrou variações na estrutura florestal e

na distribuição das espécies entre áreas com diferentes níveis topográficos no rio

Jaú e Tarumã-Mirim. Contudo, não encontrou diferenças na riqueza e diversidade

de espécies entre essas áreas.

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3. OBJETIVOS

3.1. OBJETIVO GERAL

O presente estudo tem como objetivo analisar a estrutura e a composição

florística da comunidade arbórea e arbustiva de uma floresta de igapó localizada

no lago Tupé, Manaus/ AM.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Analisar a composição florística e a estrutura dos indivíduos adultos (DAP ≥

10 cm) e regenerantes (acima de1m altura e <10 cm DAP) em uma área de cerca

de 1ha em floresta de igapó.

Avaliar a densidade e riqueza dos indivíduos adultos e regenerantes, e a

distribuição horizontal das espécies arbóreas e arbustivas, ao longo de um

gradiente topográfico em floresta de igapó.

Avaliar as influências da luminosidade, do gradiente topográfico e da

composição química do solo na estrutura florística dos indivíduos adultos e

regenerantes.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Área de Estudo

A RDS Tupé possui cerca de 12.000 ha, e localiza-se na margem esquerda

do Rio Negro, distante aproximadamente 25 km do centro da cidade de Manaus

(fig.1). Residem seis povoados dentro da Reserva (fig.2), o povoado São João

situa-se à beira do lago Tupé, com residências espalhadas ao longo de suas

margens e uma pequena vila nas proximidades da Praia do Tupé (Scudeller et al.,

2005).

O estudo foi realizado em uma área de floresta de igapó às margens do

lago Tupé (fig. 3), localizada dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável

do Tupé - RDS Tupé - no município de Manaus, AM. A vegetação de igapó do

Lago não é contínua, como é observado na figura 3, há vários pontos de

desmatamento, onde se situam as residências.

O lago Tupé possui um canal de conexão com o rio Negro, por isso a

amplitude média de variação do lago é semelhante a do rio. Contudo, abaixo da

cota 19 a.n.m (acima do nível do mar), o lago não recebe mais entrada de água

pelo rio, havendo um afluxo de água do lago para o rio, principalmente da

influência dos igarapés que deságuam no lago e da precipitação (Aprile &

Darwich, 2005). A bacia do lago apresenta margens íngremes, com vale em forma

de ´V`, sendo pequena a área inundável da bacia lacustre (Aprile & Darwich,

2005).

O clima da região segundo a classificação Köppen é do tipo ´Am`, quente e

constantemente úmido em sua quase totalidade. A região da RDS encontra-se

entre as isopletas 2.000 e 2.200 mm e apresenta precipitação anual máxima de

2.210 mm (Figueroa & Nobre, 1990 apud Scudeller et al., 2005). Em Manaus, a

pluviosidade é mais intensa nos quatro primeiros meses do ano, e menos

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freqüente nos meses de agosto e setembro, onde normalmente a precipitação não

ultrapassa os 60 mm.

A temperatura média em Manaus é superior a 26º C. A temperatura média

anual no período mais quente do ano, de agosto a novembro, atinge 28º C. O

período menos quente apresenta temperaturas mínimas em torno de 23º C, tendo

mínimas absolutas de 19º C a 20º C. A amplitude térmica é de cerca de 7º C na

região onde se situa a RDS Tupé (Scudeller et al, 2005).

A área onde se encontra a RDS Tupé está inserida dentro das Formações

Solimões e Barreiras com relevos tabuliformes, ondulado e dissecado em cristas e

colinas. Os tipos de solo predominantes são Podzólico Vermelho Amarelo, Laterita

Hidromórfica e Latossolo Amarelo (Radam Brasil, 1978).

Figura 1. Delimitação da RDS Tupé (verde escuro), e o centro da cidade de Manaus. Fonte: site Biotupé.

Manaus

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Figura 2. A RDS Tupé, e os seis povoados existentes dentro de seu perímetro.

1.Agrovila, 4.Julião, 6.Livramento, 7.São João do Tupé, 8.Central, e 9.Tatulândia. Em destaque (círculo vermelho) o Lago Tupé. Fonte: Scudeller et al. (2005).

Figura 3. A localização da área de estudo (ponto vermelho) na margem do Lago Tupé.

Fonte: Google Earth.

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4.2. Procedimento amostral

A fisionomia externa (vista do Lago) da floresta de igapó escolhida é densa,

com árvores de estatura mediana de copas interligadas (fig.4). Dentro da floresta

observou-se um subbosque aberto (fig.5), com poucos indivíduos abaixo de 1 m

de altura, apesar de haver grande quantidade de plântulas se regenerando. Foi

também observado no subbosque uma grande variedade de cipós.

Dentro dessa floresta foi delimitada uma área de 1,03 ha, subdividida em

103 parcelas contíguas de 10x10m (100m2), cobrindo a maior parte de área

inundável possível. A margem e a inclinação do terreno são irregulares, portanto,

o bloco de cerca de 1 ha apresenta parcelas ao longo de um gradiente

topográfico, dispostas em faixas de tamanhos diferenciados, conforme indicado

pela fig. 6.

4.2.1. Indivíduos adultos

Dentro de cada uma das 103 parcelas amostrais, foram inventariados todos

os indivíduos acima de 10 cm de DAP (diâmetro à altura do peito, ou seja, a 1,30

m do nível do solo) de espécies arbóreas e arbustivas, incluindo palmeiras. Foram

mensurados o DAP e a altura de total dos indivíduos e coletadas amostras de

cada espécie. A identificação das espécies no campo foi realizada com auxílio de

um parataxonômo.

Todos os espécimes amostrados foram distinguidos em morfotipos e

classificados ao nível de família, gênero e espécie, com o auxilio de literatura

especializada e comparações com exsicatas em herbário. As amostras botânicas

estéreis e férteis foram herborizadas, sendo o material depositado no herbário do

INPA. Foi utilizado o sistema de classificação da APG II (APG, 2003).

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Figura 4. Fisionomia da floresta de igapó estudada, vista do lago (Foto:

Hamaguchi, 2008).

Figura 5. Fisionomia da vegetação estudada, observando-se a presença de cipós no subbosque (Foto: Hamaguchi, 2008).

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Figura 6. Configuração do bloco amostral na área de estudo, este se apresenta

subdividido em 103 parcelas contíguas de 10x10m. A regeneração natural será amostrada nas parcelas pontilhadas. As parcelas apresentam-se numeradas, os números em vermelho, azul, laranja, verde e preto representam as parcelas situadas nas classes de 23-24m, 24-25m, 25-26m e 26-27m de altitude, respectivamente (Hamaguchi, 2008).

4.2.2. Indivíduos regenerantes

Para análise da regeneração natural, os indivíduos regenerantes foram

inventariados em parcelas alternadas, totalizando 50 das 103 parcelas amostrais

(vide fig. 6). Em cada uma das 50 parcelas de 10x10m (100m2) foram amostrados

todos os indivíduos acima de 1m de altura e < 10 cm DAP, excluindo-se os cipós.

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Para esses indivíduos foram medidos o diâmetro, e estimadas a altura total com

auxílio de uma vara de tamanho conhecido. Cada um dos morfotipos das espécies

regenerantes foi coletado para identificação em herbário.

4.2.3. Variáveis ambientais

Luminosidade

As medições de luminosidade foram realizadas no centro de cada uma das

cinqüenta parcelas da regeneração, o leitor do luxímetro foi posto na posição

horizontal e a cerca de 1m de altura do solo. Foram realizadas três medições de

luminosidade no mês de janeiro de 2009. A quantidade de luz foi registrada

através de um luxímetro digital no mesmo horário, entre 12:00 e 13:00 h, em três

dias de céu claro, sem a presença de nuvens.

Gradiente topográfico

A estimativa da altitude média de cada parcela foi obtida durante o período

de enchente de 2009, através de medições da subida da água do rio nas parcelas

ao longo do gradiente topográfico. Cotas diárias do nível de água do rio Negro

estão disponíveis no site do Serviço Nacional de Portos Hidroviários – SNPH

(www.snph.am.gov.br).

Composição química do solo

Para avaliação das características químicas do solo, foram coletadas

amostras superficiais de solo (0-15 cm de profundidade) em 25 das 50 parcelas da

regeneração. Foi retirada a camada de raízes superficiais e depois coletada com o

auxílio de uma pá, amostras de solo em três pontos aleatórios dentro de cada

parcela. Essas amostras foram em seguida misturadas em um saco plástico de

modo a ficar uma só amostra de cada parcela. O solo foi seco em estufa a uma

temperatura máxima de 40ºC, depois destorroado e peneirado em malha de 2mm.

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As análises foram conduzidas no Laboratório Temático de Solos e Plantas

do INPA. As amostras foram submetidas a análises químicas de pH e dos

macronutrientes (C,N, P, K, Ca e Mg) e micronutrientes (Fe, Zn e Mn) essenciais.

A leitura do pH foi realizada em água. Para a determinação do cálcio (Ca) e

magnésio (Mg) foi utilizada a solução extratora de KCl 1N, e para a análise do

fósforo, potássio e micronutrientes utilizou-se a solução de duplo ácido (Mehlich

1). A determinação do carbono orgânico foi realizada pelo método Walkley &

Black, e o nitrogênio total pelo método Kjeldahl. Todos os métodos utilizados estão

descritos no manual de análises químicas de solos, plantas e fertilizantes da

EMBRAPA (1999).

4.3. Análise de dados

Para análise estrutural da vegetação de igapó foram utilizados os seguintes

parâmetros fitossociológicos: densidade relativa, freqüência relativa, dominância

relativa, índice de valor de importância, índice de valor de cobertura e área basal.

Todos esses parâmetros foram calculados usando o programa Fitopac1

(Shepherd, 1995). A diversidade Florística foi obtida pelo Índice de diversidade e

de equitabilidade de Shannon (Magurran, 1988). O Índice de Similaridade florística

de Sorensen (Mueller-Dombois & Ellenberg, 1974) foi empregado para comparar a

composição florística entre indivíduos adultos e regenerantes. As equações dos

parâmetros florísticos utilizados seguem abaixo:

Índice de diversidade de Shannon (H`)

H` = - ∑ (pi) (log pi)

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onde,

pi = ni / N

ni= número de indivíduos da espécie i

N= número total de indivíduos

Índice de equitabilidade de Shannon (J`)

J`= H`/ ln S

onde,

S= numero total de espécies

Índice de Similaridade de Sorensen (Iss)

Iss = 2c/ a+b x 100

c= número de espécies em comum

a= número total de espécies na amostra A

b= número total de espécies na amostra B

Análises multivariadas foram efetuadas pelo programa PC-ORD (McCune &

Mefford, 1999). Foram elaboradas duas matrizes, uma estrutural e outra

ambiental. A matriz ambiental foi composta de informações das variáveis

ambientais analisadas (características químicas do solo, luminosidade, e níveis

topográficos) levantadas em diferentes parcelas ao longo do gradiente topográfico.

As matrizes estruturais constaram de dados de densidade de cada espécie,

obtidos dos indivíduos arbóreos e arbustivos, sendo o levantamento da população

adulta e da regeneração natural analisados separadamente.

Foi realizado um teste de agrupamento (“cluster analysis”), utilizando a

distância euclidiana, para definir grupos de parcelas baseados em sua

similaridade estrutural. O método de ligação utilizado na Análise foi a media do

grupo - UPGMA. Também com o objetivo de arranjar parcelas de maior

similaridade, foi aplicada a análise de componentes principais (PCA) na matriz

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estrutural, com os escores centralizados (covariância).

A análise de correspondência canônica (CCA) foi aplicada na matriz

estrutural e na ambiental, utilizando os escores centralizados e padronizados por

unidade de variância para retirar a influência das escalas em que foram medidas

as variáveis ambientais. A CCA é usada para detectar padrões de variação nos

dados de espécies que podem ser “melhor” explicados pelas variáveis ambientais

observadas, numa interação entre fatores bióticos e abióticos (ter Braak, 1995).

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5. RESULTADOS

5.1. Análise Florística e Estrutural

5.1.1. Indivíduos adultos (DAP ≥10 cm)

No levantamento florístico realizado em indivíduos arbóreos ≥10 cm de

DAP, foi analisada uma área total de 1,01 ha. Nessa área foram inventariados 855

indivíduos, distribuídos em 53 espécies e 44 gêneros, pertencentes a 21 famílias

botânicas (tab. 1). A curva espécie-área (anexo 1) demonstra que o esforço

amostral foi suficiente para expressar a diversidade local, a curva começa a se

estabilizar entre a octogésima e nonagésima parcela.

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Tabela 1: Espécies amostradas nos levantamentos da população arbórea adulta

(≥10cm DAP) e da regeneração natural (indivíduos acima de 1m altura e < 10cm DAP) em uma floresta de igapó de cerca de 1ha no Lago Tupé.

Família Espécie A R

Annonaceae Duguetia surinamensis R.E.Fries x x

Duguetia sp.

x

Guatteria cf alata Maas & Setten x Apocynaceae Anacampta rupicola (Bth.) Mgf.

x

Malouetia furfuracea Spruce x x Arecaceae Astrocaryum jauari Mart. x

Leopoldina pulchra Mart.

x

Caryocaraceae Caryocar glabrum (Aubl.) Pers. x Chrysobalanaceae Couepia paraensis Benth. ex Hook x x

Licania apetala (E. Mey.) Fritsch. x x

Licania heteromorpha Benth. x x

Licania sp.

x

Licania sp1 x x

Licania sp2

x

Clusiaceae Calophyllum brasiliense Camb. x

Caraipa grandiflora Mart. x x

Combretaceae Buchenavia sp. x x Euphorbiaceae Alchornea sp.

x

Hevea spruceana (Benth.) Muller x x

Mabea nitida Spruce ex Benth. x x

Maprounea guianensis Aubl. x x Flacourtiaceae Casearia cf javitensis H.B.K.

x

Casearia sp.

x

Humiriaceae Sacoglottis sp. x x Lauraceae Endlicheria macrophylla (Meisn.) Mez x x

Ocotea cymbarum H.B.K. x x

Ocotea sp.

x

Lecythidaceae Eschweilera albiflora (A.P. de Candolle) Sfiers x x

Gustavia augusta L.

x

Lecythis sp. x x Leguminosae Abarema sp. x x

Acosmium nitens (Vogel) Yakovlev x x

Aldina latifolia Benth. var latifolia x

Aldina sp.

x

Campsiandra comosa (Benth.) Cowan

x

Cynometra cf spruceana Benth. x x

Crudia amazonica Spruce ex Benth.

x

Heterostemon mimosoides Desf. x x

Inga sp.

x

Macrolobium acaciaefolium (Benth.) Benth. x x

Macrolobium multijugum DC. Benth. x x

Mora paraensis (Ducke) Ducke

x

Ormosia sp.

x

Ormosia sp1 x

Ormosia sp2 x

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Ormosia excelsa Spruce ex Benth. x

Parkia discolor Spruce ex Benth. x x

Pentaclethra macroloba (Willd.) Kuntze x x

Peltogyne venosa (Vahl.) Benth x x

Sclerolobium sp. x x

Sclerolobium sp1 x

Swartzia laevicarpa Amsh. x

Swartzia polyphylla DC. x x

Vatairea guianensis Aubl. x x

Zygia inaequalis (Willd.) Pittier

x

Zygia cf juruana (Harms) L.Rico x x

indet sp. x

Malpighiaceae Burdachia prismatocarpa Mart. x x Melastomataceae Miconia sp. x

Meliaceae Trichilia sp.

x

Myristicaceae Virola elongata (Benth.) Warb.

x Myrsinaceae Cybianthus spicatus (Kunth) G.Agostini x x Myrtaceae Eugenia patrisii Vahl.

x

Eugenia sp.

x

Eugenia sp1

x

Eugenia sp2

x

Myrcia sp. x x

Myrcia sp1

x

Ochnaceae Elvasia calophylla DC. x x Opiliaceae Agonandra sp.

x

Proteaceae Panopsis rubescens (Pohl) Rusby x Quiinaceae Quiina rhytidopus Aubl.

x

Rubiaceae Duroia velutina Hook F. ex Schum x x

Stachyarrhena spicata Hook F. x Sapindaceae Matayba sp.

x

Sapotaceae Himathanthus attenuata Benth. (Woodson) x x

Micropholis sp. x x

Pouteria elegans (A. de Candolle) Baehni x x

Pouteria gomphiifolia (Mart.) Radlkofer x x

Tiliaceae Mollia cf speciosa Mart. x x Violaceae Rinorea sp.

x

Vochysiaceae Erisma cf calcaratum (Link.) Warm.

x

Indet Indet sp

x

A: indivíduos adultos (≥10cm DAP), B: indivíduos regenerantes (>1m altura e <10cm DAP)

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24

Das famílias encontradas, Leguminosae foi a mais importante, com IVI –

índice de valor de importância de 134.29, seguida de Euphorbiaceae (46.68) e

Sapotaceae (29.33), essa seqüência segue também para todos os outros

principais parâmetros fitossociológicos analisados – número de indivíduos,

densidade relativa, dominância relativa, freqüência relativa, IVC - índice de valor

de cobertura e área basal. Leguminosae é de longe a família mais rica, sendo

representada por 20 espécies, Sapotaceae aparece em segundo, com 4 espécies,

seguida de Euphorbiaceae com 3 espécies. Doze famílias foram representadas

por somente uma espécie. No anexo 4 estão listados todos os parâmetros

estruturais avaliados para as famílias.

O índice de diversidade de Shannon (H’) encontrado para as espécies foi

de 2.295. Sclerolobium sp (Leguminosae), Mabea nitida (Euphorbiaceae), Parkia

discolor (Leguminosae) e Pouteria elegans (Sapotaceae) apresentaram o maior

IVI – índice de valor de importância e IVC – índice de valor de cobertura. Essas

mesmas espécies apresentaram também as maiores áreas basais. Essa

seqüência muda um pouco para os outros principais parâmetros analisados, onde

Sclerolobium sp. e Mabea nitida continuam sendo as mais importantes, porém

Pouteria elegans apresenta-se levemente superior a Parkia discolor quanto ao

número de indivíduos, densidade relativa, dominância relativa e freqüência

relativa. Todos os parâmetros fitossociológicos analisados para as espécies estão

apresentados na tabela do anexo 3.

A média de diâmetro dos indivíduos arbóreos (≥10cm DAP) foi de 19,34 cm.

A distribuição dos indivíduos pelas classes de diâmetro (fig.7) mostrou uma típica

curva J invertido, característica de florestas tropicais. Estando a maioria dos

indivíduos na menor classe de diâmetro, de 10 a 20 cm. O diâmetro máximo

alcançado foi de 86,9 cm por um indivíduo de Sclerolobium sp. Os indivíduos

dessa espécie também apresentaram o maior valor de área basal (14,47) de toda

floresta. A área basal total obtida para todos os indivíduos foi de 34.1 m2/ha.

A média de altura das árvores adultas foi 14,8 m. A estratificação dos

indivíduos em classes de altura (fig. 8) mostra a forma piramidal J invertido,

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25

estando a maioria na classe de 14 a 16,9 m, com poucas árvores acima de 20m

de altura. A altura máxima encontrada foi de 26m, apenas um indivíduo de

Sclerolobium sp. alcançou essa altura, essa espécie obteve a maior altura média

(17,2 m) de todas as espécies amostradas.

0

100

200

300

400

500

600

10-

19,9

20-

29.9

30-

39,9

40-

49,9

50-

59,9

60-

69.9

70-

79.9

80-

89,9

>90

Classes de Diâmetro (cm)

mero

de á

rvo

res

Figura 7. Classes de diâmetro dos indivíduos arbóreos (≥10cm DAP)

0

50

100

150

200

250

300

350

400

8-10,9 11-13,9 14-16,9 17-19,9 20-22,9 >23

Classes de altura (m)

de i

nd

ivíd

uo

s

Figura 8. Classes de altura dos indivíduos arbóreos (≥10cm DAP)

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5.1.2. Indivíduos regenerantes (acima de 1m altura e <10 cm DAP)

Para a regeneração natural, foram encontrados em uma área de 0,490 ha,

676 indivíduos pertencentes a 69 espécies, 54 gêneros e 27 famílias (tab. 1). O

índice de diversidade de Shannon (H’) foi de 3.498 para as espécies. A curva

espécie-área (anexo 2) começa a se estabilizar a partir da quadragésima parcela,

demonstrando que a amostragem foi suficiente para representar a diversidade

florística da área de estudo.

Leguminosae foi novamente, assim como no levantamento dos indivíduos

adultos, a família mais importante, com IVI igual a 57.53. Myrtaceae aparece em

segundo com 44.84, seguida de Euphorbiaceae (33.56) e Sapotaceae (32.05). A

freqüência relativa segue essa seqüência. Leguminosae apresenta uma riqueza

muito superior a das outras famílias na área de estudo, sendo representada por 20

espécies, seguida de Chrysobalanaceae com 7 espécies e de Myrtaceae com 5

espécies. Dezesseis famílias foram representadas por somente uma espécie.

Para todos os outros parâmetros estruturais analisados (anexo 6), as quatro

famílias (Leguminosae, Myrtaceae, Euphorbiaceae e Sapotaceae) continuam

sendo as mais importantes, estando Leguminosae e Myrtaceae em primeiro e

segundo lugar, respectivamente. Contudo, Sapotaceae apresenta-se levemente

superior a Euphorbiaceae.

As espécies mais importantes foram, com seus respectivos valores de IVI,

Pouteria elegans (22.18), Leopoldina pulchra (21.49), Mabea nitida, Sclerolobium

sp. e Myrcia sp. Essas cinco espécies continuam sendo as principais na maioria

dos parâmetros analisados, contudo a seqüência de algumas espécies muda

(anexo 5).

A espécie com o maior número de indivíduos foi Leopoldina pulcra (57),

seguida de Myrcia sp. (47), Mabea nitida e Pouteria elegans aparecem

empatadas, ambas com 42 indivíduos e por último vem Sclerolobium sp. com 41

indivíduos. Na freqüência relativa, segue-se essa ordem: Leopoldina pulchra

(5.95), Mabea nitida e Sclerolobium sp., ambos com 5.68, Myrcia sp. (5.41) e

Pouteria elegans (5.14).

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5.2. Variáveis ambientais

5.2.1. Composição química do solo

A tabela 2 mostra a composição química do solo superficial (0 a 15 cm de

profundidade) da floresta de igapó do lago Tupé. Avaliando o valor médio de cada

elemento nas 25 parcelas amostradas. O pH obtido foi de 4.43, sendo este

considerado um solo excessivamente ácido. O solo dessa vegetação apresentou

altos teores de carbono orgânico (55,18 g/kg) e matéria orgânica (95,12 g/kg). O

nível de fósforo (P) obtido foi de 5,71, valores abaixo de 3 são considerados

baixos. Quanto aos cátions analisados, o nível de magnésio (Mg) encontrado foi

considerado alto, enquanto o de potássio foi médio, já o nível de Ca obtido (0.05

cmol/kg) foi muito baixo. Não existem dados de referência para os níveis de

micronutrientes, pelo extrator utilizado (Mehlich). Todos esses valores analíticos

foram extraídos do Manual para Interpretação de Análise de Solo (Tome Jr, 1997).

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Tabela 2. Composição química das 25 parcelas amostradas (0-15 m de profundidade) na floresta de igapó do Lago Tupé.

Nº das pH M.O. N C Ca++ Mg++ K+ P Fe Zn Mn

parcelas H2O g/Kg g/kg g/kg cmolc/kg cmolc/kg cmolc/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg

P2 4.13 119,42 4,91 69,27 0,032 0,132 0,243 11,96 45,0 1,10 0,20

P5 4.23 132,30 4,85 76,74 0,040 0,090 0,180 5,27 38,0 0,60 0,00

P10 4.11 133,73 5,36 77,57 0,032 0,123 0,201 5,56 40,5 1,30 0,30

P14 4.08 140,84 5,37 81,70 0,047 0,111 0,185 7,32 46,0 1,20 0,30

P19 4.17 134,44 5,47 77,98 0,042 0,099 0,219 5,10 41,0 1,30 0,10

P23 4.21 150,17 5,58 87,11 0,055 0,103 0,201 6,89 36,0 1,40 0,40

P27 4.12 115,56 4,95 67,03 0,062 0,144 0,260 10,30 56,5 0,80 1,00

P31 4.04 158,90 6,18 92,17 0,057 0,119 0,174 7,09 57,5 1,20 0,30

P36 4.13 112,67 4,94 65,36 0,050 0,123 0,160 9,94 48,5 1,20 0,40

P40 4.19 168,05 6,67 97,48 0,070 0,128 0,157 4,60 34,5 1,20 0,20

P44 4.08 37,56 2,44 21,79 0,095 0,086 0,096 4,14 100,0 0,70 0,00

P48 4.06 150,95 5,89 87,56 0,040 0,123 0,211 5,50 97,5 1,90 0,60

P53 * 37,19 2,50 21,57 0,037 0,078 0,147 3,91 145,0 0,40 0,00

P57 4.00 96,54 3,42 56,00 0,057 0,128 0,143 6,03 124,5 1,00 0,30

P61 4.33 214,51 7,93 124,43 0,097 0,103 0,151 3,11 27,0 1,60 0,90

P64 3.98 32,50 2,12 18,85 0,040 0,062 0,106 3,74 203,0 0,70 0,00

P68 4.04 88,12 4,37 51,11 0,065 0,140 0,175 5,93 109,0 1,20 0,90

P73 4.06 22,17 1,50 12,86 0,072 0,078 0,075 2,88 359,0 0,70 0,00

P77 4.04 33,95 2,09 19,69 0,032 0,062 0,077 5,63 231,0 0,80 0,00

P81 3.97 97,51 4,48 56,56 0,067 0,119 0,143 5,60 137,5 1,10 0,50

P84 3.87 37,56 1,80 21,79 0,082 0,144 0,066 2,29 315,0 0,80 0,00

P88 4.09 28,60 2,09 16,59 0,025 0,062 0,077 3,28 193,0 0,50 0,00

P92 3.95 65,79 3,26 38,16 0,050 0,066 0,106 3,78 177,5 1,10 0,10

P96 * 27,17 1,79 15,76 0,055 0,074 0,070 3,31 408,0 0,20 0,00

P99 3.89 41,89 2,46 24,30 0,050 0,086 0,097 9,57 180,0 0,90 0,00

média 4.43 95,12 4,10 55,18 0,05 0,10 0,15 5,71 130,02 1,00 0,26

* dados não disponíveis

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Para as análises de Agrupamento (Cluster), de Componentes Principais

(PCA) e de Correspondência Canônica (CCA), foram eliminadas da matriz de

dados do inventário da população adulta (≥10 cm DAP), as parcelas que

apresentavam apenas 1 indivíduo, e as espécies que só foram representadas por

um único indivíduo em todo levantamento. Além disso, foram eliminadas duas

parcelas, muito diferentes das demais, as quais apresentavam um grande número

de indivíduos de uma única espécie (Sclerolobium sp.). No refinamento da matriz

foram eliminadas 10 espécies e 4 parcelas.

O gráfico da Análise de Correspondência Canônica - CCA (eixo 1 e 2), dos

indivíduos ≥10 cm DAP, para as variáveis químicas de solo (fig.9), mostra maior

correlação do ferro do que todos os outros elementos analisados, este, junto com

o cálcio apresentam-se em direção oposta aos outros elementos. Analisando o

gráfico da CCA com três eixos (fig.10), além do ferro, outros elementos como o

potássio, zinco, carbono e nitrogênio apresentam uma maior correlação, tendo o

magnésio (Mg) a menor correlação de todos. A tabela 3 apresenta os resultados

da CCA, aplicado as parcelas com indivíduos com DAP≥10 cm, com as variáveis

ambientais de solo.

Este padrão não muda muito para a CCA (eixo 1 e 2) aplicada aos

indivíduos regenerantes >1m altura e <10 cm DAP (fig.11), sendo o ferro, o

nitrogênio, o carbono e o potássio, os elementos que apresentaram as maiores

correlações, estando novamente o ferro e o cálcio em direção oposta aos outros

elementos. A CCA com três eixos (fig.12) também demonstra essa tendência,

porém o elemento cálcio não se apresenta junto com o ferro em direção oposta às

outras variáveis. Os resultados da CCA aplicado as parcelas com indivíduos acima

de 1m e com DAP<10 cm, com as variáveis ambientais de solo estão

apresentados na tabela 4.

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Tabela 3. Resultados da Análise de Correspondência Canônica (CCA), aplicado as parcelas com indivíduos acima de 1m e com DAP<10 cm, com as variáveis ambientais de solo.Variância total (inertia)= 4.9769.

eixo autovalor % variância explicada % variância acumulada

p

1 0.654 13.1 13.1 0.4100 2 0.428 8.6 21.7 0.4900 3 0.398 8.0 29.7 0.0100

Tabela 4. Resultados da Análise de Correspondência Canônica (CCA), aplicado as parcelas com indivíduos com DAP≥10 cm, com as variáveis ambientais de solo.Variância total (inertia)= 5.4802.

eixo autovalor % variância explicada % variância acumulada

p

1 0.656 12.0 12.0 0.1600 2 0.550 10.0 22.0 0.0900 3 0.484 8.8 30.8 0.0200

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P5

P10 P14P19

P2

P23P27

P31

P36

P40

P44

P48

P57P61

P64

P68

P73

P77P81

P84

P88P92

P99

pHM.O.NC

Ca++Mg++

K+ P

Fe

ZnMn

CCA >10cm solo

Axis 1

Axis

2

Figura 9. Eixo 1 e 2 da Análise de correspondência canônica (CCA), aplicado as parcelas com indivíduos com DAP≥10 cm, com as variáveis ambientais de solo.

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P5

P10

P14

P19

P2

P23

P27

P31

P36

P40

P44

P48

P57

P61

P64

P68

P73

P77

P81

P84

P88

P92 P99

pH

M.O.N

C

Ca++

Mg++

K+

P

Fe

Zn

Mn

CCA >10cm solo

Axis 1

Axis

3

Figura 10. Eixo 1 e 3 da Análise de Correspondência Canônica (CCA), aplicado as

parcelas com indivíduos com DAP≥10 cm, com as variáveis ambientais de solo.

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P10

P14

P19

P23

P44

P48

P53

P57

P61

P64

P68

P73

P77

P81

P84

P88

P92

P96 P99

M.O.N

C

Ca++

Mg++K+

P

FeZn

Mn

CCA >1m solo

Axis 1

Axis

2

Figura 11. Eixo 1 e 2 da Análise de correspondência canônica (CCA), aplicado as parcelas com indivíduos acima de 1m e com DAP<10 cm, com as variáveis ambientais de solo.

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P10

P14

P19

P23

P44

P48

P53

P57

P61

P64

P68

P73

P77

P81

P84P88

P92

P96P99

M.O.NC

Mg++

K+ P

FeZn

Mn

CCA >1m solo

Axis 1A

xis

3

Figura 12. Eixo 1 e 3 da Análise de correspondência canônica (CCA), aplicado as parcelas com indivíduos acima de 1m e com DAP<10 cm, com as variáveis ambientais de solo.

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5.2.2. Topografia e luminosidade

Na área de igapó inventariada foram amostradas parcelas em diferentes

faixas topográficas. A média de altitude da área é de 25,32 m (acima do nível do

mar). O número de parcelas amostradas em cada classe de topografia foi variável

ao longo do gradiente. A tabela 5 mostra o número de parcelas e as áreas

amostradas em cada uma das classes topográficas analisadas. Para o

levantamento da população adulta a menor área amostrada foi de 1600 m2,

enquanto que no levantamento da regeneração natural a menor área foi de 800

m2.

Tabela 5. Número de parcelas e áreas amostradas nas diferentes classes de

topografia, nos levantamentos da população adulta e da regeneração natural.

Classes de altitude (m2)

População adulta (≥10 cm DAP)

População regenerante (>1m altura e <10cm DAP)

Nº de parcelas área (m2) Nº de parcelas área (m2)

23-24 20 2000 8 800

24-25 21 2100 8 800

25-26 18 1800 10 1000

26-27 27 2700 13 1300

27-28 16 1600 8 800

No gráfico de Agrupamento – Cluster (Fig. 13) para os indivíduos arbóreos

adultos (≥10cm DAP), nota-se a formação de grupos. O primeiro grupo (Grupo1)

está bem associado à posição das parcelas no gradiente topográfico, todas elas

apresentam-se restritas as cotas mais baixas de altitude, com nenhuma parcela

ultrapassando a cota de 25 m. O segundo grande grupo (grupo 2) apresenta

parcelas espalhadas ao longo de todo gradiente topográfico na área de estudo.

No gráfico da Análise de Componentes Principais - PCA (Fig. 14), para os

indivíduos ≥10 cm DAP, observa-se a formação de dois extremos, destacados no

gráfico por círculos. Esses dois extremos apresentam-se relacionados com a

altitude de cada parcela. Um extremo (destacado por um círculo azul) é

representado por parcelas nas cotas mais baixas do gradiente, enquanto que o

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36

outro extremo (círculo vermelho) apresenta parcelas amostradas nas cotas mais

altas da área de estudo. A proximidade dos pontos está correlacionada além da

altitude com a proximidade das parcelas dentro da área de estudo. Os resultados

da PCA, aplicado as parcelas do levantamento dos indivíduos com DAP≥10 cm

estão apresentados na tabela 6.

O dendrograma de agrupamento Cluster (fig.15) para os indivíduos acima

de 1m e <10cm DAP demonstra a formação de um gradiente, contudo não se

observa uma relação nítida com as cotas de altitude das parcelas analisadas. O

gráfico da PCA (fig.16) para esses indivíduos mostra um nítido gradiente, com

seus extremos em direções opostas. Estes, assim como para os indivíduos

adultos, também apresentam relação com o gradiente topográfico. Sendo o

extremo superior (círculo azul) representado por parcelas existentes nas cotas

mais altas do gradiente, e o inferior (círculo vermelho) por parcelas ocorrentes nas

cotas mais baixas de altitude. A tabela 7 apresenta os resultados da PCA das

parcelas no levantamento dos indivíduos acima de 1m e com DAP<10 cm.

Tabela 6. Resultados da Análise de componentes principais (PCA), nas parcelas

do levantamento dos indivíduos com DAP≥10 cm.

eixo autovalor % variância explicada

% variância acumulada

Broken-stick autovalor

1 3.811 8.661 8.661 4.373

2 2.588 5.882 14.543 3.373 3 2.410 5.477 20.020 2.873

Tabela 7. Resultados da Análise de componentes principais (PCA), nas parcelas do levantamento dos indivíduos acima de 1m altura e com DAP<10 cm.

eixo autovalor % variância explicada

% variância acumulada

Broken-stick autovalor

1 8.166 12.009 12.009 4.804 2 5.931 8.721 20.731 3.804 3 4.366 6.420 27.151 3.304

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37

cluster DAP>10cm

Distance (Objective Function)

Information Remaining (%)

0

100

1,3E+02

75

2,6E+02

50

3,9E+02

25

5,2E+02

0

P10P11P15P4P3P2P7P5P13P8P18P17P51P21P28P22P35P6P101P32P65P98P72P71P9P40P102P43P26P33P42P34P87P89P92P99P59P52P63P23P60P73P14P58P80P48P94P74P86P93P67P29P53P64P54P79P30P97P19P83P84P82P103P16P20P27P24P25P39P49P61P70P36P62P41P57P66P75P69P55P100P38P90P91P47P46P68P78P76P77P88P96P37P81P44P45P31P50

Figura 13. Dendograma da Análise Cluster usando distância euclidiana e método de

ligação UPGMA , aplicado as parcelas com indivíduos arbóreos adultos (DAP≥10 cm).

grup

o 1

grup

o 2

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38

P10

P100

P101

P102

P103

P11

P13

P14

P15

P16

P17

P18

P19

P2

P20

P21

P22

P23

P24

P25

P26

P27

P28

P29

P3

P30

P31

P32

P33

P34

P35

P36

P37

P38

P39

P4

P40

P41

P42

P43

P44

P45

P46

P47

P48

P49

P5

P50

P51

P52

P53

P54

P55P57

P58

P59

P6

P60

P61

P62

P63

P64

P65

P66

P67

P68

P69

P7

P70

P71

P72

P73

P74

P75

P76

P77

P78

P79

P8

P80

P81

P82

P83

P84

P86

P87

P88

P89

P9

P90 P91

P92

P93

P94

P96

P97

P98

P99

dap>10

Axis 1

Axis

2

Figura 14. Eixo 1 e 2 da Análise de Componentes Principais (PCA), aplicado as parcelas

com indivíduos com DAP≥10 cm.

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39

cluster >1m e DAP<10cm

Distance (Objective Function)

Information Remaining (%)

2E+00

100

2,6E+02

75

5,2E+02

50

7,8E+02

25

1E+03

0

P10P11P101P79P94P96P19P23P28P32P48P90P92P39P70P61P26P59P51P35P44P81P42P99P16P21P55P62P77P86P30P57P68P37P53P64P73P82P14P88P33P46P8P9P103P66P75P84P12

Figura 15. Dendograma da Análise Cluster usando distância euclidiana e método de

ligação UPGMA, aplicado as parcelas com indivíduos acima de 1m e com DAP<10 cm.

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40

P10

P101

P103

P11

P12

P14

P16

P19

P21

P23P26P28

P30

P32

P33

P35P37

P39

P42

P44

P46

P48

P51

P53 P55P57

P59

P61

P62

P64

P66

P68

P70

P73

P75

P77

P79

P8

P81

P82

P84

P86

P88

P9

P90

P92P94 P96P99

>1m e DAP<10cm

Axis 1

Axis

2

Figura 16. Eixo 1 e 2 da Análise de Componentes Principais (PCA), aplicado as parcelas com indivíduos acima de 1m e DAP<10 cm

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41

No gráfico da luminosidade média em cada classe de topografia, é

observada uma diminuição da luminosidade nas últimas cotas de altitude (fig.17).

Até a classe de 25 a 26 m observam-se os maiores valores médios de

luminosidade, com uma pequena variação entre elas, estando a classe de 24 a

25m levemente inferior as outras duas. A partir da classe de 25 a 26m nota-se

uma diminuição da luminosidade, com uma queda da radiação na última classe

topográfica (27 a 28m), esta sendo significativamente inferior a classe de 25 a 26

m (H=10.2722, (p) Kruskall-Wallis= 0.0361, p (3 e 5)= 0.0022).

Figura 17. Média da luminosidade por parcela nas diferentes classes de altitude

O gráfico da Análise de Correspondência Canônica (CCA) dos indivíduos

adultos (fig.18) e regenerantes (fig.19), para as variáveis de luminosidade e

altitude demonstra uma maior correlação da estrutura e composição florística das

parcelas com o gradiente topográfico comparado com a variação da luminosidade,

estas duas variáveis apresentam-se em direções opostas, ou seja, a luminosidade

e a altitude apresentam relação negativa, a medida que uma variável aumenta a

outra diminui. As tabelas 8 e 9 apresentam os resultados da CCA, aplicado as

parcelas com indivíduos de DAP≥10 cm e com indivíduos acima de 1m e com

DAP<10 cm, com as variáveis altitude e luminosidade.

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42

Tabela 8. Resultados da Análise de Correspondência Canônica (CCA), aplicado as parcelas com indivíduos com DAP≥10 cm, com duas variáveis ambientais (altitude e luminosidade). Variância total (inertia)= 6.2265.

eixo autovalor % variância % variância

p explicada acumulada

1 0.426 6.8 6.8 0.0100 2 0.153 2.5 9.3 0.0300 3 0.605 9.7 19.0 1.0000

Tabela 9. Resultados da Análise de Correspondência Canônica (CCA), aplicado as parcelas com indivíduos acima de 1m e com DAP<10 cm, com duas variáveis ambientais (altitude e luminosidade). Variância total (inertia)= 5.8000.

eixo autovalor % variância % variância

p explicada acumulada

1 0.633 10.9 10.9 0.0100 2 0.131 2.3 13.2 0.4400 3 0.521 9.0 22.2 1.0000

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P101

P14

P16

P21

P23

P25P27

P29

P31

P34

P36

P40

P42

P44

P46

P48

P50

P53

P55

P57

P59

P61

P62

P64

P66

P68

P70

P73

P75

P77P79

P81

P82

P84

P86

P88

P90

P92

P94

P96P97

P99

lum

alt

CCA >10cm alt e lum

Axis 1

Axis

2

Figura 18. Eixo 1 e 2 da Análise de correspondência canônica (CCA), aplicado as

parcelas com indivíduos com DAP≥10 cm, com duas variáveis ambientais (altitude e luminosidade)

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P101

P12

P14

P16

P21

P23

P42

P44

P46

P48

P53

P55P57

P59

P61

P62

P64

P66P68

P70

P73

P75

P77

P79

P81 P82

P84

P86

P88

P90P92

P94P96

P99

luminosi

altitude

CCA >1m alt e lum

Axis 1

Axis

2

Figura 19. Eixo 1 e 2 da Análise de correspondência canônica (CCA), aplicado as parcelas com indivíduos acima de 1m e com DAP<10 cm, com duas variáveis (altitude e luminosidade)

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No gráfico do número total de indivíduos nas diferentes classes de

topografia (fig.20), observa-se a diminuição da densidade de indivíduos arbóreos

(≥ 10cm DAP) com o aumento da altitude do terreno a partir da classe de 25-26 m.

Para os indivíduos regenerantes e arbustivos, observa-se a maior abundância de

indivíduos na menor classe topográfica estudada (23 a 24 m), logo após, na

próxima classe (24 a 25m) nota-se uma abrupta queda no número de indivíduos, a

partir daí, a densidade aumenta consecutivamente até a cota máxima de altitude

observada.

O número total de espécies no levantamento da população adulta (fig.21)

não varia muito da mais baixa classe topográfica até a classe de 26 a 27 m,

variando de 21 a 24 espécies. Contudo, a riqueza aumenta repentinamente na

classe topográfica mais alta, de 27 a 28 m (31 espécies). Analisando o índice de

diversidade de Shannon (tab.10), a maior diversidade também se encontra na

maior classe topográfica (H’= 2,82), apesar da diversidade também ser elevada

(H’=2,71) na menor classe observada neste estudo (23 a 24m), devido à maior

equitabilidade (J= 0,88) nas abundâncias das espécies nesta cota. Para os

regenerantes (fig.21), o número de espécies pouco varia nas três primeiras

classes de altitude (de 23 a 25 espécies), porém a riqueza aumenta nas duas

últimas classes de topografia, onde foi encontrado um alto número de espécies

raras, a porcentagem de espécies representadas por somente um individuo foi de

47% em ambas as classes. O índice de Shannon também foi elevado nestas

últimas classes (tab.11), apesar de o maior valor ter sido encontrado na classe de

24 a 25m, onde o índice de equitabilidade (J=0,91) foi maior. Não houve

correlação significativa entre o numero total de indivíduos e o numero total de

espécies no levantamento da população adulta (coeficiente de Spearman (rs)= -

0.2052, t=-0.3631, p=0.7406) e regenerante (rs=0.5000, t=1.000 e p=0.3910) nas

diferentes cotas topográficas observadas.

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Tabela 10. Numero de indivíduos, numero de espécies, índice de diversidade e de equitabilidade de Shannon nas diferentes classes de topografia (1600 m2/classe), analisadas no levantamento de indivíduos ≥10cm DAP.

Classes de topografia

n° de indivíduos

n° de espécies

Índice de diversidade de Shannon (H)

Índice de equitabilidade de Shannon (J)

23-24 144 22 2,71 0,88 24-25 153 24 2,57 0,81 25-26 157 22 2,24 0,72 26-27 125 21 2,06 0,68 27-28 101 31 2,82 0,82

Tabela 11. Numero de indivíduos, numero de espécies, índice de diversidade e de

equitabilidade de Shannon nas diferentes classes de topografia (800 m2/classe), analisadas no levantamento de indivíduos acima de 1m altura e <10cm DAP.

Classes de topografia

n° de indivíduos

n° de espécies

Índice de diversidade de Shannon (H)

Índice de equitabilidade de Shannon (J)

23-24 184 25 2,63 0,82 24-25 85 24 2,91 0,91 25-26 101 23 2,66 0,86 26-27 134 30 2,87 0,84 27-28 126 32 2,89 0,84

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Figura 20. Número total de indivíduos ≥10cm DAP (1600 m2/cota) e de indivíduos >1 m e

<10 cm DAP (800 m2/cota) nas diferentes classes topográficas.

Figura 21. Número total de espécies ≥10cm DAP (1600 m2/cota) e de espécies >1m e <10 cm DAP (800 m2/cota) nas diferentes classes topográficas.

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5.3. Distribuição das espécies no gradiente topográfico

A tabela 12 mostra a ocorrência das espécies ao longo do gradiente

topográfico na floresta de igapó do lago Tupé. Para essa análise, eliminou-se as

espécies que só foram representadas por 1 ou 2 indivíduos. Dentre as espécies

mais representativas, as que ocorreram ao longo de todo o gradiente, foram

Astrocarium jauari, Mabea nitida, Parkia discolor e Sclerolobium sp., sendo essas

espécies muito abundantes na área de estudo. As únicas espécies encontradas

restritas as cotas mais baixas (de 23 a 25m) foram Buchenavia sp., e Cybianthus

spicatus, contudo essas espécies foram pouco representativas na área de estudo.

Dentre as espécies que se encontram nas cotas mais baixas até a cota media (de

25 a 26 m) estão Acosmium nitens, Elvasia calophylla, Eschweilera albiflora, e

Macrolobium acaciefolium. As espécies que apareceram somente nas cotas mais

altas (26 a 29 m) foram Aldina heterophylla, Duguetia surinamensis, Guatteria cf.

alata, Mollia speciosa, Peltogyne cf. venosa e Sacoglotis sp.

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Tabela 12. Presença de indivíduos (≥ 10cm DAP) das espécies nas diferentes

classes topográficas (m).

Espécies 23-24 24-25 25-26 26-27 27-28

Abarema sp. x x x x x

Acosmium nitens x x x

Aldina heterophylla x x

Astrocaryum jauari x x x x x

Buchenavia sp. x x

Burdachia prismatocarpa x x x

Couepia paraensis x x x x

Cybianthus spicatus x x

Cynometra cf. spruceana x x x

Duguetia surinamensis x x

Duroia velutina x x x x

Elvasia calophylla x x x

Endlicheria macrophylla x x x x

Eschweilera albiflora x x x

Guatteria cf. alata x x

Hevea spruceana x x x x

Lecythis sp. x x x

Licania apetala x x x x

Licania heteromorpha x x x x

Mabea nitida x x x x x

Macrolobium acaciaefolium x x x

Macrolobium multijugum x x x x

Maprounea guianensis x x

Micropholis sp. x x x

Mollia cf speciosa x x

Ocotea cymbarum x x x x

Ormosia excelsa x x

Ormosia sp.2 x x

Parkia discolor x x x x x

Peltogyne cf. venosa x x

Pentaclethra macroloba x

Pouteria elegans x x x x

Pouteria gomphiifolia x x x

Sacoglottis sp. x x

Sclerolobium sp. x x x x x

Stachyarrhenia spicata x

Swartzia polyphylla x x x

Zygia cf. juruana x

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Da mesma forma que para os indivíduos adultos, existe uma substituição de

espécies regenerantes ao longo do gradiente topográfico amostrado. A tabela 13

mostra a presença de indivíduos regenerantes e arbustivos distribuídos nas

diferentes classes de altitude. As espécies que ocorreram em todas as classes

topográficas foram Himathantus attenuata, Leopoldina pulchra, Mabea nitida,

Myrcia sp. e Zigia cf. juruana. Eshweilera albiflora apesar de não ter sido

encontrada na cota de 24 a 25m, parece ocorrer em todo gradiente. Acosmium

nitens, Buchenavia sp., Eugenia sp., Macrolobium multijugum, Maprounea

guianensis e Quina rhytipodus foram encontradas somente nas primeiras cotas de

altitude (de 23 a 25 m). As espécies Crudia amazonica, Eugenia sp.1, Lecythis sp.,

Mollia speciosa e Rinorea sp. só apresentaram indivíduos nas cotas superiores

(de 26 a 29 m). Há também espécies que só ocorrem nas cotas inferiores e média

(25 a 26 m), como é o caso de Burdachia prismatocarpa e Duroia velutina. O

contrário também ocorre, Swartzia polyphylla, Virola elongata e Trichilia sp.

aparecem, somente nas cotas superiores e média, não ocorrendo nas cotas

inferiores.

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Tabela 13. Presença de indivíduos (> 1m altura e < 10cm DAP) das espécies nas

diferentes classes topográficas (m).

Espécies 23-24 24-25 25-26 26-27 27-28

Acosmium nitens x

Anacampta rupicola x

Buchenavia sp. x x

Burdachia prismatocarpa x x x

Campsiandra comosa x x

Casearia cf. javitensis x x

Couepia paraensis x x x x

Crudia amazonica x

Cynometra spruceana x x x x

Duroia velutina x x x

Elvasia calophylla x x x

Endlicheria macrophylla x x x

Eschweilera albiflora x x x x

Eugenia patrisii x x x

Eugenia sp. x x

Eugenia sp.1 x

Eugenia sp.2 x

Hevea spruceana x x x

Himathanthus attenuata x x x x x

Lecythis sp. x

Leopoldina pulchra x x x x x

Licania sp. x x x

Licania sp.1 x x x

Mabea nítida x x x x x

Macrolobium multijugum x

Maprounea guianensis x x

Mollia speciosa x

Myrcia sp. x x x x x

Parkia discolor x x

Peltogyne cf. venosa

Pouteria elegans x x x x

Pouteria gomphiifolia x

Quiina rhytidopus x x

Rinorea sp. x

Sclerolobium sp. x x x x

Swartzia polyphylla x x x

Trichilia sp. x x x

Virola elongata x x x

Zigia cf juruana x x x x x

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6. DISCUSSÃO

6.1. Análise florística e estrutural

Considerando os dois levantamentos, o dos indivíduos regenerantes (acima

de 1m a <10cm DAP) e dos indivíduos arbóreos adultos (≥10cm DAP), foram

encontradas 82 espécies, 60 gêneros e 29 famílias. Esse valor parece ser

intermediário, dentre aqueles encontrados em vários outros estudos realizados em

vegetação de igapó na Amazônia Central (ver tabela 14). As menores

diversidades florísticas parecem ocorrer em solos arenosos, principalmente

associados aos rios de água clara. A menor riqueza (21 espécies) foi encontrada

em área de igapó de solo arenoso no Rio Tapajós, um rio de clara.

A vegetação de igapó analisada apresenta espécies típicas de igapó,

ocorrentes em áreas alagadas por rios de águas pretas e claras da Amazônia

Brasileira. Algumas espécies características desse tipo vegetacional e que foram

encontradas nesse estudo foram: Acosmium nitens, Aldina latifolia, Astrocaryum

jauari, Burdachia prismatocarpa, Couepia paraensis, Elvasia calophylla,

Heterostemon mimosoides, Leopoldina pulchra, Licania apetala, Macrolobium

multijugum, Ormosia excelsa, Panopsis rubescens, Parkia discolor, Pentaclethra

macroloba, Quiina rhytipodus, Stachyarrhena spicata, Swartzia laevicarpa, dentre

outras (Prance, 1979; Kubittzki, 1989). Algumas espécies encontradas em nossa

área de estudo também ocorrem em florestas de várzea, como Gustavia augusta,

Hevea spruceana, Heterostemon mimosoides, Mora paraensis, Swartzia

polyphylla, Vatairea guianensis e Virola elongata, sendo algumas características

desse ambiente (Kubittzki, 1989; Worbes, 1997; Parolin et al., 2003).

Heterostemon mimosoides, Vatairea guianensis e Virola elongata também

ocorrem em área de terra firme (Worbes, 1997; Parolin et al., 2003).

Tanto para os indivíduos adultos, como para os regenerantes, a família

Leguminosae foi a mais importante na floresta de igapó estudada, sendo sua

riqueza muito superior a das outras famílias encontradas nessa vegetação.

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Leguminosae também foi a família mais importante em vários outros estudos

realizados em vegetação de igapó (Piedade, 1985; Campbel et al., 1986; Ayres,

1995; Ferreira 1997; Ferreira & Prance, 1998; Parolin et al., 2003; Parolin et al.,

2004). Apesar de Leguminosae ser a família mais importante encontrada na

floresta de igapó do rio Xingu (Campbel et al., 1986), sua composição florística é

bastante diferenciada da nossa área de estudo. Já no rio Tapajós, muitas das

espécies encontradas são comuns a nossa área de estudo, a citar: Acosmium

nitens, Couepia paraensis, Leopoldina pulchra, Licania apetala, Mabea nitida,

Macrolobium multijugum, Ormosia excelsa, Panopsis rubescens, Vatairea

guiannesis e Zygia inaequalis (Ferreira & Prance, 1998).

Pouteria elegans e Sclerolobium sp. foram as espécies mais abundantes

nas florestas de igapó do Parque Nacional do Jaú, muitas outras espécies

encontradas por Ferreira (1997a) também foram comuns a nossa área de estudo.

Alguns parâmetros estruturais são difíceis de comparar com outros estudos

realizados em florestas de igapó, principalmente devido ao esforço amostral e aos

limites de inclusão de DAP serem diferenciados (ver tabela 14).

Tabela 14: Estudos florísticos realizados em vegetação de igapó na Amazônia

Brasileira.

Estudo local solo área (ha)

DAP (cm)

espécies indivíduos

Rodrigues (1961) Rio Negro argiloso 0.035 1 51 264

Kell & Prance (1979)

Rio Negro arenoso 0.22 1 54 1028

Revilla (1981) Rio Negro argiloso 1.22 1 111 5433 Vicentini et al.

(1995) Rio Negro arenoso 0.18 5 69 230

Piedade (1985) Rio Negro - Anavilhanas

argiloso 0.5 10 64 460

Parolin et al.

(2003) Rio Negro - Anavilhanas

argiloso 0.15 * 51 267

Worbes (1986) Rio Tarumã-

Mirim argiloso 0.21 5 61 *

Ferreira (1991) Rio Tarumã-

Mirim argiloso 1.44 1 165 5353

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Parolin et al.

(2004) Rio Tarumã-

Mirim * 0.1 3.2 44 162

Ayres (1995) Rio Japurá argiloso 1 10 119 546

Ferreira (1997) Rio Jaú

margem lago arenoso/argilos

o 1 10 44 777

margem rio argiloso 1 10 103 941

margem igarapé argiloso 1 10 137 1111

Ferreira (dados não publicados)

Rio Jau arenoso/pedreg

oso 0.22 5 32 468

Ferreira (1998) Rio Tapajós arenoso

hectare 1 1 5 21 252

hectare 2 1 5 30 271

hectare 3 1 5 24 489 Campbel et al.

(1986) Rio Xingú arenoso 0.5 10 40 220

Fonte: modificado de Ferreira (1998) / *dados não disponíveis.

A área basal (34,1/ha) obtida para os indivíduos arbóreos adultos (≥10cm

DAP), foi semelhante ao encontrado por Ayres (1995), na floresta de igapó do

igarapé do Taboca (33,9/ha) no lago Amanã, e por Ferreira (2007) em um igapó

as margens de um igarapé no Parque Nacional do Jaú (34,2/ha).

No rio Tarumã-Mirim, um afluente do rio Negro, o local mais próximo da

nossa área de estudo, foram realizados três estudos (Worbes 1986, Ferreira 1991,

Parolin et al 2004). O número de espécies variou muito, de 44 a 165 espécies.

O maior número de espécies foi encontrado por Ferreira (1991), esta maior

diversidade deve ser em parte explicada pelo fato da área amostrada (1.44 ha) ser

maior e o limite de inclusão de DAP (1cm) ser menor, comparado aos outros

estudos realizados neste rio (ver tabela 9). Parolin et al. (2004) encontrou o menor

número de espécies local, porém amostrou a menor área (0.1 ha). Muitas das

espécies ocorrentes nestes estudos também aparecem em nossa área, a citar

algumas: Aldina latifolia, Caraipa grandiflora, Licania heteromorpha, Parkia

discolor, Pouteria elegans, Swartzia polyphylla, Swartzia laevicarpa e Virola

elongata.

Em três florestas de igapó localizadas as margens de um rio, lago e igarapé

no Parque Nacional do Jaú, Ferreira (1997a) encontrou a menor diversidade, pelo

índice de Shannon (H’), no lago (1.6), seguida do rio (2.7) e igarapé (3.1).

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Leguminosae foi a família mais abundante e dominante na margem do rio e

igarapé, e Euphorbiaceae e Leguminosae na margem do lago. As espécies mais

abundantes nos três locais foram Amanoa oblongifolia, Pouteria elegans e

Sclerolobium sp. Ferreira explica que as diferenças encontradas na riqueza e

diversidade de espécies nos três habitats podem ser devido a diferenças no

período de inundação anual de cada área, sendo que a riqueza e diversidade

aumentam com a diminuição do período de inundação.

Piedade (1985), em inventario florístico nas Ilhas Anavilhanas, encontrou

em 0.5 ha, 460 indivíduos pertencentes a 64 espécies. Em outro estudo realizado

nessa ilhas do Rio Negro, Parolin et al. (2003) amostrou todas as árvores, sem

definir um limite mínimo para DAP, nesse estudo foram determinadas 51 espécies,

além de espécies características de igapó, foi também encontrado um alto número

de espécies de várzea e terra firme nunca antes relatadas ocorrerem em áreas

alagáveis por rios de água preta. Parolin et al. (2003) salientam que as espécies

de várzea podem ter encontrado um ambiente adequado por causa da influência

do rio Branco, rico em sedimentos, nesse arquipélago. Espécies de terra firme

podem ocorrer nas regiões mais altas, as quais permanecem alagadas por um

curto período de tempo

A similaridade florística entre o levantamento dos indivíduos adultos e dos

indivíduos regenerantes foi de 65,57%, obtida pelo índice de similaridade de

Sorensen. O índice de diversidade de Shannon (H’) para a regeneração natural

(indivíduos acima de 1m e <10cm DAP) foi maior que para a população adulta

(indivíduos ≥10cm DAP). Isso se deve ao fato de que algumas espécies de

pequeno porte só poderem ser representadas nas parcelas da regeneração

natural, contudo estas não podem ser consideradas como regenerantes de

indivíduos arbóreos.

Algumas espécies bem representadas na área de estudo, mas que só

apareceram nas parcelas da regeneração foram Leopoldina pulcra, Virola

elongata, Anacampta rupicola, Trichilia sp. e todas espécies representantes da

família Myrtaceae, somente um individuo de Myrcia sp., apareceu no levantamento

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dos indivíduos ≥10cm DAP. No levantamento da regeneração natural, esta família

foi considerada a segunda mais importante em todos os parâmetros

fitossociológicos analisados, sendo Myrcia sp. uma das espécies mais

abundantes. Na floresta de igapó estudada, essa família pode ser considerada

representante dessas plantas de pequeno porte, e que dificilmente crescem acima

de 10cm DAP.

Ao contrário, algumas espécies só foram encontradas nas parcelas da

população adulta, esse foi o caso de Astrocaryum jauari, Guatteria cf. alata,

Stachyarrhenia spicata, Aldina heterophylla e Swartzia laevicarpa. Apesar de

Astrocaryum jauari ser uma das espécies mais abundantes na área de estudo, não

foram registrados indivíduos regenerantes dessa espécie, a mortalidade de

indivíduos adultos e já bem estabelecidos deve ser muito baixa, e a regeneração

difícil, poucos devem ser os eventos de substituição dessas arvores na área de

estudo. Isso já deve estar ocorrendo há pelo menos algum tempo nessa área de

igapó. Piedade (1985), estudando a ecologia e biologia reprodutiva de Astrocarium

jauari nas ilhas Anavilhanas, verificou que essa espécie ocorre apenas em ilhas

com vegetação bem estabelecida e que plântulas de ate 90 cm são abundantes,

porem após essa fase ocorre uma drástica redução no numero de indivíduos,

sugerindo que a fase subseqüente e a fase competitiva, onde ocorre a exclusão

de indivíduos. Para essas espécies que não apresentaram indivíduos

regenerantes no levantamento da regeneração natural, há uma maior

possibilidade de extinção futura na área de estudo, se estas não encontrarem

condições adequadas para sua regeneração.

6.2. Variáveis ambientais

6.2.1. Composição química do solo

O valor de pH encontrado no solo do lago Tupé é semelhante aos

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encontrados por Furch (1997), nos solos da Floresta de Igapó do rio Tarumã-Mirim

e da floresta de várzea da Ilha da Marchantaria. Haugassen & Peres (2006)

também amostrou solos fortemente ácidos em florestas de terra-firme, várzea e

igapó no lago Uauaçú, região do Rio Púrus, sendo a menor acidez encontrada nos

solos de várzea.

O conteúdo de carbono, nitrogênio e fósforo estão ligados aos processos

bióticos, e estão concentrados na camada húmica do solo. O conteúdo de

carbono orgânico e matéria orgânica foram bastante elevados, demonstrando ser

este um solo bastante húmico. O nível de Nitrogênio obtido foi superior ao dos

solos de igapó do Rio Tarumã-Mirim, local mais próximo da nossa área de estudo,

enquanto que o nível de fósforo foi superior ao encontrado no solo de igapó do

lago Uauçú. Nessa região, Haugassen & Peres (2006) encontraram similaridade

nutricional entre os solos de terra firme e igapó, apresentando a várzea a maior

concentração de nutrientes.

Furch (1997) salienta que há consideráveis diferenças das condições

nutricionais do solo entre várzea e igapó, a caracterização química do solo é

favorável em todos os aspectos para o crescimento das plantas na várzea,

enquanto que no igapó as condições nutricionais são desfavoráveis, exceto para

nitrogênio, não havendo diferenças significativas quanto ao fósforo e o nitrogênio

disponível. A biomassa da vegetação de igapó e terra firme apresenta baixos

conteúdos nutricionais, principalmente dos elementos Ca, Mg, K e P, enquanto

que a biomassa da floresta de várzea é rica em bioelementos. Contudo, as

diferenças são muito baixas em relação ao nitrogênio na biomassa dessas

florestas (Furch, 1997).

Os macronutrientes, potássio (K), cálcio (Ca) e magnésio (Mg) são

elementos essenciais para o metabolismo das plantas, se acumulando em

grandes quantidades na vegetação. O nível de Mg encontrado no solo de igapó do

lago foi considerado alto, enquanto que o de K foi médio, já o nível de Ca obtido

foi muito baixo. Comparando os valores obtidos com outros estudos em igapó, o

nível de potássio foi superior ao encontrado nos solos de igapó do Tarumã-Mirim,

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e semelhante ao encontrado no igapó do lago Uauçú, contudo os níveis de cálcio

e magnésio foram semelhantes às florestas de igapó do Tarumã e do lago

Uauaçú, exceto pelo cálcio, que foi superior na região do Rio Púrus.

Quanto aos micronutrientes, ferro, zinco e manganês, os valores obtidos

nos solos de igapó do lago Tupé são muito inferiores aos encontrados na floresta

de igapó do lago Uauaçú. Essa floresta de igapó na região do baixo rio Púrus

apresentou uma alta porcentagem de silte, os quais sugerem deposições aluviais,

que podem ter sido determinadas por eventos de inundação por água branca,

essa área está próxima a juntura do Rio Púrus e Solimões, possuindo florestas de

terra-firme, várzea e igapó (Haugassen & Peres, 2006)

Furch (1997) sugere que o pulso de inundação existente nas florestas

alagáveis estimula a dinâmica do solo, com a perda ou acumulação de nutrientes.

Geralmente quanto maior o período de inundação, maior e a soma de cátions (Ca,

Mg, K e Na), contudo esta tendência e muito maior nos solos da várzea

comparado com os solos de igapó. Não há informação a respeito do uso potencial

desses elementos dissolvidos nas águas de inundação pela vegetação, nem o

quanto de nutrientes dissolvidos é perdido do sistema com o regresso das águas.

A Análise de Correspondência Canônica (CCA), para as variáveis químicas

de solo, demonstraram em geral uma maior correlação do ferro, nitrogênio,

carbono e potássio com a composição florística e densidade de indivíduos,

comparado com os outros elementos químicos analisados, tendo o magnésio a

menor correlação de todos. O ferro juntamente com o cálcio apresenta-se em

direção oposta aos outros elementos, evidenciando um grupamento de parcelas

correlacionados com esses elementos. Todos os elementos químicos analisados

neste trabalho são considerados essenciais para o crescimento vegetal, porem os

micronutrientes, como o Ferro são requeridos em quantidade muito pequena pelas

plantas, enquanto que os macronutrientes são requeridos em grandes

quantidades. Contudo, esse requerimento pode ser variável entre espécies e

grupos taxonômicos, estes podem apresentar quantidades altas ou baixas de

certos elementos específicos. Por exemplo, as plantas dicotiledôneas requerem

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59

uma quantidade de cálcio e boro muito maior comparado com as plantas

monocotiledôneas (Raven, 1999).

6.2.2. Topografia e luminosidade

Os gráficos das Análises de Componentes Principais (PCA) demonstram a

formação de um gradiente, principalmente para os indivíduos arbustivos e

regenerantes arbóreos, sendo que os dois extremos do gradiente apresentam-se

correlacionados com a altitude, ou seja, as maiores dissimilaridades florísticas e

estruturais ocorrem entre as parcelas nas regiões mais altas e as parcelas nas

regiões mais baixas do gradiente topográfico. Além da altitude, as parcelas estão

correlacionadas com sua proximidade dentro da área de estudo, ou seja parcelas

mais próximas apresentam uma maior similaridade florística e estrutural.

A luminosidade tende a diminuir com o aumento da altitude a partir da cota

de 26 m, apresentando a última classe topográfica os menores valores de

luminosidade. Wittmann & Junk (2003) também relatam uma diminuição da média

da radiação fotossinteticamente ativa da várzea baixa para a várzea alta, com o

aumento da altitude. Apesar da menor luminosidade nas cotas superiores do

gradiente topográfico, foi encontrada uma menor abundância de indivíduos

arbóreos nessas regiões. No igapó, as árvores nas cotas superiores apresentam

DAP e altura maiores e dossel mais fechado e contínuo, diminuindo assim a

quantidade de radiação luminosa que chega ao solo (Ferreira, 1991).

Os gráficos de Análise de Correspondência Canônica - CCA, para as

variáveis de luminosidade e altitude, demonstraram uma maior correlação da

altitude com composição florística e densidade de indivíduos nas parcelas

comparado com a luminosidade, para ambos, indivíduos adultos e regenerantes.

Wittmann & Junk (2003) relatam que a distribuição e riqueza de espécies, e

densidade de indivíduos regenerantes também estão ligadas ao gradiente de

inundação e radiação em uma floresta de várzea em Tefé. Nessa floresta, a

inundação também parece ser o fator mais importante influenciando na

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distribuição das espécies regenerantes, contudo a composição de espécies

também é dependente da radiação. Na várzea alta, há uma dominância de

espécies tolerantes à sombra, enquanto que na várzea baixa ocorrem ambas,

espécies tolerantes à sombra e demandantes de luz.

Não foi encontrado um aumento gradual no número de espécies e na

diversidade das cotas mais baixas para as mais altas de altitude na floresta de

igapó estudada, apesar disso, as maiores riquezas foram encontradas nas cotas

mais altas de altitude. Embora nem sempre a diversidade seja maior, como no

levantamento dos indivíduos regenerantes, a maior diversidade foi encontrada na

classe topográfica de 24 a 25 m, devido à distribuição mais igualitária das

espécies. Foi encontrado um alto numero de espécies representadas por somente

um individuo nas cotas superiores. Essas porções mais elevadas permanecem

alagadas por um curto período de tempo, as espécies que colonizam essas áreas

não necessitam de grandes adaptações para tolerar o stress da inundação.

Existe uma mudança na composição das espécies ao longo do gradiente

topográfico da floresta de igapó do Lago Tupé. Contudo, não ha zonas definidas,

as espécies vão se substituindo ao longo do gradiente, havendo muita

sobreposição entre elas. Apesar de haver espécies que só ocorrem nas regiões

mais baixas e outras que só ocorrem nas regiões mais altas, a amplitude de

ocorrência ao longo do gradiente é variável entre espécies. Worbes (1997)

destaca que há variações nas comunidades de igapó nos níveis baixos, médios e

altos do gradiente topográfico e que transições entre essas comunidades são

graduais.

Vários outros estudos também relatam mudanças na composição florística

ao longo de gradientes de inundação em florestas de várzea (Ayres 1995,

Campbell 1992, Junk 1989, Wittmann & Junk 2003) e igapó (Ferreira 1991 2000,

Kell & Prance 1979, Piedade 1985). Keel & Prance (1979), estudando uma

vegetação de igapó em solo de areia branca relata que embora haja uma zonação

de espécies ao longo do gradiente de inundação, o limite entre essas zonas não é

abrupto, ou seja, não existem zonas bem delimitadas. O autor salienta que essa

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61

distribuição das espécies é provavelmente devido a diferentes requerimentos de

luz e tolerância a inundação das espécies.

Ferreira (1991) encontrou uma nítida substituição de espécies da cota mais

baixa para a cota mais alta do gradiente de inundação em uma floresta de igapó

no Rio Tarumã-Mirim, relatando também um aumento no número de espécies e na

diversidade, com a diminuição do período de inundação. Contudo, o autor amostra

áreas situadas em cotas topográficas que vão de 21 a 28 m, as cotas situadas

entre 21 e 23,9 m apresentaram baixa riqueza e diversidade de espécies

comparado com as outras cotas. Este também definiu grupos de zonação ao

longo do gradiente observado, com espécies restritas as cotas mais baixas,

espécies que ocorrem ao longo de todo gradiente, e espécies restritas as regiões

mais altas.

Ferreira (1997a) verificou que diferenças encontradas na estrutura florestal,

na composição florística e na riqueza e diversidade de espécies entre três habitats

de floresta de igapó (lago, rio e igarapé) no Parque Nacional do Jau podem estar

correlacionados com variações no período de inundação, sendo que os habitats

inundados por mais tempo apresentaram uma menor riqueza e diversidade de

espécies. Contudo, os autores salientam que outros parâmetros que podem

contribuir para explicar essas diferenças não foram analisados, como variação no

tipo de solo e distância dos habitats para a floresta de terra firme.

Também foi encontrada uma mudança seqüencial na composição de

espécies e na estrutura florestal em áreas de igapó com diferentes níveis

topográficos no rio Jaú e Tarumã–Mirim, provavelmente devido a diferenças

fisiológicas das espécies para tolerar o alagamento (Junk, 1989; Kozlowski, 1997),

apesar de 33 a 37% das espécies encontradas no nível topográfico mais baixo

poderem ser encontradas no nível topográfico médio, e de 15 a 23% dessas

espécies de nível baixo poderem ser encontradas no nível topográfico mais alto.

Contudo apesar dessa mudança na composição florística, a riqueza de espécies

não variou significantemente entre os três níveis topográficos analisados (Ferreira

2000).

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Em florestas de várzea, Junk (1989) relata uma zonação de espécies das

áreas mais baixas, que sofrem um maior período de inundação para áreas mais

altas do gradiente. Wittmann & Junk (2003) também encontraram uma zonação de

espécies regenerantes em uma floresta de várzea em Tefé, relatando que a

riqueza de espécies e a densidade de indivíduos regenerantes diminuem com o

aumento do período de inundação. Campbel et al. (1992) encontraram diferenças

marcantes na composição e diversidade de espécies em três florestas de várzea

no rio Juruá, sujeitas a diferentes períodos de inundação.

Na várzea isso é explicado pela dinâmica geomorfológica, onde os níveis

de sedimentação são muito altos, essas áreas recém formadas apresentam baixa

diversidade e são colonizadas por espécies pioneiras, sendo poucas as espécies

que toleram essa alta deposição de sedimentos, tais como as árvores pioneiras

Salix humboldtiana e Alchornea castaeinifolia. Segundo Junk (1989), estas

espécies colonizam esses ambientes por serem capazes de produzir novas raízes

laterais próximo a superfície do solo. Algumas espécies da comunidade arbustiva

extremamente tolerantes à inundação, como Eugenia inundata, não toleram altas

razões de sedimentação. As comunidades florestais ao longo do gradiente de

inundação nas florestas de várzea representam estágios seriais de uma sucessão

de comunidades de espécies pioneiras para uma floresta de inundação com uma

maior diversidade de espécies nas regiões mais altas (Junk, 1989).

Na floresta de igapó onde os níveis de sedimentação são muito baixos,

parece não haver zonas delimitadas assim como na várzea, há sim uma mudança

na composição das espécies ao longo do gradiente de inundação, mas ela ocorre

de forma gradual, também nesse ambiente ainda não é comprovado de fato, um

aumento na diversidade de espécies das regiões mais baixas para as regiões

mais altas do gradiente topográfico.

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7. CONCLUSÕES

Leguminosae foi a família mais importante na floresta de igapó do lago

Tupé, sendo sua riqueza muito superior a das outras famílias. O índice de

diversidade para a regeneração natural foi maior que para a população adulta.

Isso se deve ao fato de algumas espécies de pequeno porte só poderem ser

representadas nas parcelas da regeneração natural.

Dentre os macro e micronutrientes analisados, o ferro, o nitrogênio, o

carbono e o potássio apresentaram as maiores correlações com a composição

florística e densidade de indivíduos nas parcelas amostradas, tendo o magnésio a

menor correlação de todos.

Foi encontrada uma maior correlação da altitude do terreno com a estrutura

florística das parcelas comparado com a luminosidade.

Existe uma mudança na composição florística ao longo do gradiente

topográfico analisado, porem não há zonas definidas, as espécies vão se

substituindo de forma gradual com a elevação do terreno, havendo sobreposição

entre elas, sendo a amplitude de ocorrência ao longo do gradiente variável entre

espécies.

Quanto à riqueza e diversidade de espécies, não foi encontrado um

aumento gradativo no número de espécies e na diversidade das cotas mais baixas

para as cotas mais altas do gradiente topográfico analisado. Contudo, as maiores

riquezas foram observadas nas cotas mais altas, tanto para os indivíduos arbóreos

adultos, como para os regenerantes e espécies arbustivas.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Worbes, M. 1997. The Forest Ecosystem of the Floodplains in: Junk, W.J. (ed). The Central Amazon floodplains. Ecology of pulsing system. Springer Verlag, Berlin

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ANEXO 1

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ANEXO 2

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ANEXO 3 Número de indivíduos, densidade relativa, dominância relativa, freqüência relativa, índice de valor de importância, índice de valor de cobertura e área basal das espécies inventariadas no levantamento dos indivíduos ≥10cm DAP.

Espécie n° ind. Dens. rel. Dom. rel. Freq. rel. IVI IVC Ar. bas.

Sclerolobium sp. 197 23.04 42.01 14.50 79.56 65.05 144,721

Mabea nitida 139 16.26 9.06 11.83 37.15 25.32 31,201

Parkia discolor 70 8.19 6.32 7.44 21.95 14.51 21,772

Pouteria elegans 74 8.65 5.63 7.63 21.92 14.28 19,391

Macrolobium multijugum 26 3.04 3.62 4.01 10.67 6.66 12,464

Elvasia calophylla 30 3.51 1.60 4.01 9.12 5.11 0.5519

Astrocarium jauari 24 2.81 2.34 3.63 8.78 5.15 0.8069

Endlicheria macrophylla 24 2.81 2.31 3.63 8.74 5.12 0.7960

Swartzia polyphylla 7 0.82 6.29 1.34 8.44 7.10 21,653

Eschweilera albiflora 24 2.81 1.69 2.86 7.36 4.49 0.5812

Abarema sp. 17 1.99 1.42 2.86 6.27 3.41 0.4894

Duroia velutina 17 1.99 0.78 2.86 5.63 2.77 0.2687

Mollia cf speciosa 17 1.99 2.07 1.53 5.59 4.06 0.7146

Couepia paraensis 17 1.99 0.68 2.67 5.34 2.66 0.2327

Acosmium nitens 15 1.75 1.04 2.48 5.27 2.79 0.3578

Maprounea guianensis 15 1.75 0.58 2.10 4.43 2.33 0.1982

Lecythis sp. 13 1.52 0.73 2.10 4.35 2.25 0.2525

Licania heteromorpha 9 1.05 0.91 1.72 3.68 1.96 0.3133

Licania apetala 8 0.94 0.61 1.53 3.07 1.55 0.2108

Cynometra cf. spruceana 8 0.94 0.59 1.53 3.05 1.52 0.2028

Micropholis sp. 5 0.58 1.21 0.95 2.75 1.80 0.4178

Zygia cf. juruana 7 0.82 0.38 1.15 2.34 1.20 0.1308

Burdachia prismatocarpa 8 0.94 0.25 1.15 2.33 1.19 0.0872

Hevea spruceana 6 0.70 0.34 1.15 2.19 1.04 0.1166

Sacoglottis sp. 3 0.35 1.02 0.57 1.94 1.37 0.3505

Buchenavia sp. 6 0.70 0.21 0.95 1.87 0.91 0.0729

Pouteria gomphiifolia 5 0.58 0.29 0.95 1.83 0.88 0.1010

Guatteria cf. alata 5 0.58 0.28 0.95 1.82 0.87 0.0981

Duguetia sp. 5 0.58 0.31 0.76 1.66 0.90 0.1072

Macrolobium acaciaefolium 5 0.58 0.23 0.76 1.58 0.82 0.0793

Pentaclethra macroloba 4 0.47 0.65 0.38 1.50 1.11 0.2225

Peltogyne cf. venosa 3 0.35 0.71 0.38 1.44 1.06 0.2431

Aldina heterophylla 4 0.47 0.38 0.57 1.42 0.85 0.1322

Ormosia sp.2 4 0.47 0.17 0.76 1.40 0.63 0.0569

Ocotea cymbarum 3 0.35 0.44 0.57 1.36 0.79 0.1513

Stachyarrhenia spicata 4 0.47 0.11 0.76 1.34 0.58 0.0386

Calophyllum brasiliense 2 0.23 0.66 0.38 1.28 0.90 0.2288

Ormosia sp.1 2 0.23 0.66 0.38 1.27 0.89 0.2263

Ormosia excelsa 3 0.35 0.30 0.38 1.03 0.65 0.1038

Cybianthus spicatus 3 0.35 0.07 0.57 1.00 0.43 0.0258

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Swartzia laevicarpa 2 0.23 0.12 0.38 0.74 0.35 0.0414

indet sp. 2 0.23 0.09 0.38 0.71 0.33 0.0327

Heterostemon mimosoides 2 0.23 0.08 0.38 0.69 0.31 0.0259

Himathanthus attenuata 2 0.23 0.05 0.38 0.67 0.28 0.0174

Panopsis rubescens 1 0.12 0.35 0.19 0.66 0.47 0.1204

Sclerolobium sp.1 1 0.12 0.07 0.19 0.38 0.19 0.0241

Miconia sp. 1 0.12 0.07 0.19 0.38 0.18 0.0232

Vatairia guianensis 1 0.12 0.05 0.19 0.36 0.17 0.0183

Caraipa grandiflora 1 0.12 0.05 0.19 0.35 0.16 0.0161

Malouetia furfuracea 1 0.12 0.03 0.19 0.34 0.15 0.0115

Licania sp.1 1 0.12 0.03 0.19 0.34 0.15 0.0103

Caryocar glabrum 1 0.12 0.03 0.19 0.33 0.14 0.0092

Myrcia sp. 1 0.12 0.02 0.19 0.33 0.14 0.0082

Número de indivíduos, número de espécies, densidade relativa, dominância relativa, freqüência relativa, índice de valor de importância, índice de valor de cobertura e área basal das famílias inventariadas no levantamento dos indivíduos ≥10cm DAP.

Família n° ind. n° spp Dens. Rel Dom. Rel Freq. Rel. IVI IVC Ar. Bas.

Leguminosae 380 20 44.44 65.17 24.68 134.29 109.61 224,483

Euphorbiaceae 160 3 18.71 9.97 17.99 46.68 28.69 34,349

Sapotaceae 86 4 10.06 7.19 12.08 29.33 17.24 24,753

Chrysobalanaceae 35 4 4.09 2.23 7.71 14.03 6.32 0.7672

Lecythidaceae 37 2 4.33 2.42 6.68 13.43 6.75 0.8337

Lauraceae 27 2 3.16 2.75 5.40 11.31 5.91 0.9472

Ochnaceae 30 1 3.51 1.60 5.40 10.51 5.11 0.5519

Arecaceae 24 1 2.81 2.34 4.88 10.03 5.15 0.8069

Rubiaceae 21 2 2.46 0.89 4.37 7.72 3.35 0.3073

Tiliaceae 17 1 1.99 2.07 2.06 6.12 4.06 0.7146

Annonaceae 10 2 1.17 0.60 2.31 4.08 1.77 0.2053

Malpighiaceae 8 1 0.94 0.25 1.54 2.73 1.19 0.0872

Combretaceae 6 1 0.70 0.21 1.29 2.20 0.91 0.0729

Humiriaceae 3 1 0.35 1.02 0.77 2.14 1.37 0.3505

Clusiaceae 3 2 0.35 0.71 0.77 1.83 1.06 0.2449

Myrsinaceae 3 1 0.35 0.07 0.77 1.20 0.43 0.0258

Proteaceae 1 1 0.12 0.35 0.26 0.72 0.47 0.1204

Melastomataceae 1 1 0.12 0.07 0.26 0.44 0.18 0.0232

Apocynaceae 1 1 0.12 0.03 0.26 0.41 0.15 0.0115

Caryocaraceae 1 1 0.12 0.03 0.26 0.40 0.14 0.0092

Myrtaceae 1 1 0.12 0.02 0.26 0.40 0.14 0.0082

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ANEXO 4 Número de indivíduos, densidade relativa, dominância relativa, freqüência relativa, índice de valor de importância, índice de valor de cobertura e área basal das espécies inventariadas no levantamento de indivíduos >1m altura e <10cm DAP.

Espécie n° ind. Dens. rel. Dom. rel. Freq. rel. IVI IVC Ar. bas.

Pouteria elegans 42 6.21 10.84 5.14 22.18 17.05 0.2460

Leopoldina pulcra 57 8.43 7.12 5.95 21.49 15.55 0.1616

Mabea nitida 42 6.21 9.36 5.68 21.24 15.57 0.2124

Sclerolobium sp. 41 6.07 6.89 5.68 18.63 12.95 0.1563

Myrcia sp. 49 7.25 5.42 5.41 18.07 12.67 0.1230

Eugenia sp. 47 6.95 5.25 2.43 14.63 12.20 0.1191

Couepia paraensis 23 3.40 5.13 3.78 12.32 8.54 0.1166

Zigia cf juruana 34 5.03 1.32 5.95 12.29 6.35 0.0300

Eschweilera albiflora 20 2.96 4.11 3.24 10.31 7.07 0.0933

Eugenia patrisii 37 5.47 1.70 2.70 9.87 7.17 0.0386

Elvasia calophylla 17 2.51 4.58 2.70 9.79 7.09 0.1039

Duroia velutina 11 1.63 4.80 1.89 8.32 6.43 0.1090

Himathanthus attenuata 16 2.37 2.58 3.24 8.19 4.95 0.0586

Cynometra spruceana 21 3.11 1.83 3.24 8.18 4.94 0.0416

Swartzia polyphylla 23 3.40 0.13 3.51 7.04 3.53 0.0029

Maprounea guianensis 9 1.33 3.60 1.62 6.55 4.93 0.0818

Buchenavia sp. 10 1.48 3.60 1.35 6.43 5.08 0.0818

Burdachia prismatocarpa 9 1.33 3.03 1.89 6.25 4.36 0.0687

Virola elongata 16 2.37 0.83 2.43 5.63 3.19 0.0188

Parkia discolor 8 1.18 2.21 1.89 5.28 3.39 0.0501

Anacampta rupicola 18 2.66 0.37 1.89 4.92 3.03 0.0084

Trichilia sp. 10 1.48 1.20 2.16 4.84 2.68 0.0273

Acosmium nitens 9 1.33 1.46 1.08 3.88 2.80 0.0333

Hevea spruceana 6 0.89 0.96 1.62 3.47 1.85 0.0219

Licania sp. 6 0.89 0.55 1.62 3.06 1.44 0.0125

Peltogyne cf venosa 5 0.74 0.63 1.35 2.72 1.37 0.0143

Lecythis sp. 5 0.74 0.48 1.08 2.30 1.22 0.0109

Macrolobium multijugum 3 0.44 1.26 0.54 2.25 1.71 0.0287

Endlicheria macrophylla 4 0.59 0.56 1.08 2.23 1.15 0.0127

Rinorea sp. 8 1.18 0.12 0.81 2.11 1.30 0.0027

Pouteria gomphiifolia 3 0.44 0.81 0.81 2.06 1.25 0.0184

Macrolobium acacifolium 2 0.30 0.97 0.54 1.80 1.26 0.0219

Licania sp.1 4 0.59 0.13 1.08 1.80 0.72 0.0028

Crudia amazonica 3 0.44 0.76 0.54 1.74 1.20 0.0171

Mollia speciosa 4 0.59 0.43 0.54 1.56 1.02 0.0098

Quiina rhytidopus 3 0.44 0.24 0.81 1.49 0.68 0.0055

Casearia cf javitensis 4 0.59 0.03 0.81 1.44 0.63 0.0008

Ocotea cymbarum 2 0.30 0.60 0.54 1.44 0.90 0.0136

Eugenia sp.1 3 0.44 0.03 0.81 1.28 0.47 0.0006

Agonandra sp. 2 0.30 0.40 0.54 1.24 0.70 0.0091

Erisma cf calcaratum 2 0.30 0.28 0.54 1.12 0.58 0.0064

Eugenia sp.2 3 0.44 0.38 0.27 1.09 0.82 0.0086

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Campsiandra comosa 3 0.44 0.10 0.54 1.09 0.55 0.0023

Licania sp2 2 0.30 0.17 0.54 1.01 0.47 0.0039

Licania sp3 2 0.30 0.16 0.54 1.00 0.46 0.0037

Malouetia furfuracea 2 0.30 0.11 0.54 0.95 0.41 0.0026

Casearia sp 2 0.30 0.08 0.54 0.92 0.38 0.0018

Ormosia sp 2 0.30 0.08 0.54 0.91 0.37 0.0018

Zygia inaequalis 2 0.30 0.04 0.54 0.88 0.34 0.0010

Duguetia surinamensis 1 0.15 0.33 0.27 0.74 0.47 0.0074

Licania apetala 1 0.15 0.29 0.27 0.71 0.44 0.0067

Alchornea sp. 1 0.15 0.26 0.27 0.68 0.41 0.0060

Licania heteromorpha 1 0.15 0.23 0.27 0.65 0.38 0.0052

Abarema sp. 1 0.15 0.20 0.27 0.62 0.35 0.0046

Sacoglottis sp. 1 0.15 0.20 0.27 0.62 0.35 0.0046

Moura paraensis 1 0.15 0.18 0.27 0.60 0.33 0.0040

Ocotea sp. 1 0.15 0.15 0.27 0.57 0.30 0.0035

Aldina sp. 1 0.15 0.15 0.27 0.57 0.30 0.0033

Inga sp. 1 0.15 0.06 0.27 0.48 0.21 0.0015

Indet sp. 1 0.15 0.05 0.27 0.47 0.20 0.0012

Cybianthus spicatus 1 0.15 0.04 0.27 0.46 0.19 0.0010

Vatairia guianensis 1 0.15 0.03 0.27 0.45 0.18 0.0006

Duguetia sp. 1 0.15 0.02 0.27 0.44 0.17 0.0005

Gustavia augusta 1 0.15 0.02 0.27 0.44 0.17 0.0005

Micropholis sp. 1 0.15 0.02 0.27 0.44 0.17 0.0004

Caraipa grandiflora 1 0.15 0.01 0.27 0.43 0.16 0.0003

Matayba sp. 1 0.15 0.01 0.27 0.43 0.16 0.0002

Heterostemon mimosoides 1 0.15 0.01 0.27 0.43 0.16 0.0002

Pentaclethra macroloba 1 0.15 0.01 0.27 0.43 0.16 0.0002

Número de indivíduos, número de espécies, densidade relativa, dominância relativa, freqüência relativa, índice de valor de importância, índice de valor de cobertura e área basal das famílias inventariadas no levantamento de indivíduos >1m altura e <10cm DAP.

Família n° ind. n° spp Dens. Rel Dom. Rel Freq. Rel. IVI IVC Ar. Bas.

Leguminosae 163 20 24.11 18.31 15.11 57.53 42.42 0.4157

Myrtaceae 139 5 20.56 12.77 11.51 44.84 33.33 0.2899

Euphorbiaceae 58 4 8.58 14.19 10.79 33.56 22.77 0.3221

Sapotaceae 62 4 9.17 14.24 8.63 32.05 23.41 0.3234

Arecaceae 57 1 8.43 7.12 7.91 23.46 15.55 0.1616

Chrysobalanaceae 39 7 5.77 6.67 8.99 21.43 12.44 0.1514

Lecythidaceae 26 3 3.85 4.61 6.12 14.57 8.46 0.1047

Ochnaceae 17 1 2.51 4.58 3.60 10.69 7.09 0.1039

Rubiaceae 11 1 1.63 4.80 2.52 8.95 6.43 0.1090

Combretaceae 10 1 1.48 3.60 1.80 6.88 5.08 0.0818

Malpighiaceae 9 1 1.33 3.03 2.52 6.88 4.36 0.0687

Apocynaceae 20 2 2.96 0.48 3.24 6.68 3.44 0.0110

Myristicaceae 16 1 2.37 0.83 3.24 6.43 3.19 0.0188

Meliaceae 10 1 1.48 1.20 2.88 5.56 2.68 0.0273

Lauraceae 7 3 1.04 1.32 2.52 4.87 2.35 0.0299

Page 86: ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DAS ESPÉCIES … · floresta de igapó localizada as margens do lago Tupé, Manaus/AM. Dando ênfase a influencia de variáveis ambientais, como

Flacourtiaceae 6 2 0.89 0.11 1.80 2.80 1.00 0.0026

Violaceae 8 1 1.18 0.12 1.08 2.38 1.30 0.0027

Quiinaceae 3 1 0.44 0.24 1.08 1.76 0.68 0.0055

Tiliaceae 4 1 0.59 0.43 0.72 1.74 1.02 0.0098

Opiliaceae 2 1 0.30 0.40 0.72 1.42 0.70 0.0091

Annonaceae 2 2 0.30 0.35 0.72 1.36 0.64 0.0079

Vochysiaceae 2 1 0.30 0.28 0.72 1.30 0.58 0.0064

Humiriaceae 1 1 0.15 0.20 0.36 0.71 0.35 0.0046

Indet 1 1 0.15 0.05 0.36 0.56 0.20 0.0012

Myrsinaceae 1 1 0.15 0.04 0.36 0.55 0.19 0.0010

Clusiaceae 1 1 0.15 0.01 0.36 0.52 0.16 0.0003

Sapindaceae 1 1 0.15 0.01 0.36 0.52 0.16 0.0002