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Estrutura de Sentimento de Raymond Williams...Teixeira Revista Diálogos – N.° 10 – Novembro de 2013 95 Estrutura de Sentimento de Raymond Williams: uma abordagem devocional do festejo do glorioso São José de Ribamar d.o.i. 10.13115/2236-1499.2013v1n10p95 Edvaldo Rogério Santos Teixeira 1 (Mestrando da UMESP) RESUMO Este artigo tem como objetivo fazer uma abordagem entre a Estrutura de Sentimento de Raymond Williams e a devoção popular do festejo do glorioso São José de Ribamar. Para nos auxiliar no desenvolvimento desta pesquisa apresentaremos como quadro teórico, a colaboração dos seguintes autores: Raymond Williams, que ao salientar a estrutura de sentimento, enquanto sentimento social, vivido e sentido numa determinada época, ajudam a compreender o presente. Partindo para o campo da fenomenologia da religião destacaremos Émile Durkheim e Mircea Eliade que apontam um conceito sociológico da religião. No que concerne à religiosidade popular, citaremos alguns documentos da Igreja, tais como: O documento de Medellín e Evangelli Nuntiandi, que desenvolvem a conceituação e a prática votiva da piedade popular. Nesse intuito, o presente trabalho, amplia esta reflexão a outros que desejarem enveredar a sua linha 1 Graduado em Teologia e especialista em Catequética pelo Instituto de Estudos Superiores do Maranhão. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Paulista São José. Graduado em Comunicação Social (Jornalista) pela Faculdade São Luís. Especialista em Docência em Ensino Superior pelo Centro Universitário Barão de Mauá. Mestrando em Comunicação Social pela UMESP. Email: [email protected]

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Revista Diálogos – N.° 10 – Novembro de 2013 95

Estrutura de Sentimento de Raymond Williams: uma

abordagem devocional do festejo do glorioso São José de

Ribamar d.o.i. 10.13115/2236-1499.2013v1n10p95

Edvaldo Rogério Santos Teixeira1

(Mestrando da UMESP)

RESUMO

Este artigo tem como objetivo fazer uma abordagem entre a

Estrutura de Sentimento de Raymond Williams e a devoção

popular do festejo do glorioso São José de Ribamar. Para nos

auxiliar no desenvolvimento desta pesquisa apresentaremos como

quadro teórico, a colaboração dos seguintes autores: Raymond

Williams, que ao salientar a estrutura de sentimento, enquanto

sentimento social, vivido e sentido numa determinada época,

ajudam a compreender o presente. Partindo para o campo da

fenomenologia da religião destacaremos Émile Durkheim e

Mircea Eliade que apontam um conceito sociológico da religião.

No que concerne à religiosidade popular, citaremos alguns

documentos da Igreja, tais como: O documento de Medellín e

Evangelli Nuntiandi, que desenvolvem a conceituação e a prática

votiva da piedade popular. Nesse intuito, o presente trabalho,

amplia esta reflexão a outros que desejarem enveredar a sua linha

1 Graduado em Teologia e especialista em Catequética pelo Instituto de

Estudos Superiores do Maranhão. Licenciado em Filosofia pela Faculdade

Paulista São José. Graduado em Comunicação Social (Jornalista) pela

Faculdade São Luís. Especialista em Docência em Ensino Superior pelo

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UMESP. Email: [email protected]

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de pesquisa na Estrutura de Sentimento no intuito de entender o

sentimento das estruturas socioculturais que regem a atualidade.

Palavras – chave: Estrutura de Sentimento, experiências, época,

piedade popular, ex-votos.

Conhecendo Raymond Williams

Na fronteira que dividia o país de Gales e a Inglaterra,

nascia no ano de 1921, na pequena Vila de Pandy (Pais de Gales),

Raymond Williams. Era filho de um assalariado ferroviário que

pertencia ao partido trabalhista britânico e neto de agricultores

que prestavam serviços às grandes fazendas. A saber, os

fazendeiros faziam parte dos Liberais. Esses dois grupos vão

viver em certos momentos uma guerra fria e em outros uma

guerra declarada, mas havia uma relação de proximidade. Fora

esses conflitos, “as relações entre esses dois grupos eram bem

próximas. Era comum ir à guarita do sinaleiro e encontrar um ou

dois agricultores sentados conversando com os ferroviários”.

(WILLIAMS, 2003b, p. 88)

De certo modo, essas duas realidades, como aponta

Williams (2003), colaboraram para a sua formação sociocultural

e também para a sua maneira de ver a sociedade. Devido à

localização geográfica, Pandy, por ser uma vila de fronteira,

despertava no sentimento dos galeses, uma forte dúvida quanto à

nacionalidade galesa. Como descreve Williams (2003b, p. 90):

As pessoas sempre se perguntavam o que o

país de Gales realmente é, porque percebem

que todos os galeses perguntam a si mesmo o

que é ser galês. [...]. Havia um sentimento

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curioso no qual podíamos falar tanto do galês

como do inglês como estrangeiros, como não

sendo nós.

Diante da dúvida que pairava no sentimento do povo

galês, Williams em meio às duas grandes Guerras Mundiais, vai

viver uma infância e adolescência conturbada pela grande crise

econômica que essas guerras vão causar. Essa crise vai mexer não

só com as estruturas econômicas do Estado, mas também nas

estruturas familiares.

Por isso, as guerras vão ser consideradas as principais

geradoras da crise econômica da época. E, por conseguinte, vão

incentivar a migração de um grande numero de famílias atingidas

pela crise econômica, às grandes cidades em busca de melhores

condições de vida. Inclusive as mulheres que buscavam nas

cidades emprego doméstico como forma de sustentabilidade. Ao

referir-se à sua mãe, Williams (2003b, p. 91) destaca: “Fazia chá,

endereçava e distribuía a correspondência, mas não tinha muitas

atividades políticas. Mas minha mãe tinha suas próprias

opiniões”.

De família socialista Williams deixou a escola de Pandy

para estudar como bolsista na King Henry VIII Grammar School.

“Não havia nenhum sentido no qual a educação fosse sentida

como algo curioso na comunidade” (WILLIAMS, 2003b, p. 93).

Frequentou a Universidade onde cursou Letras, serviu o exercito

na Segunda Guerra Mundial, fato que devido a algumas

mudanças políticas e religiosas o levou a fazer uma reflexão

sobre a cultura.

Constatei que uma única palavra me

preocupava, cultura, que parecia escutar-se

com muito mais frequência: não só em

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comparação com as conversas em um

regimento de artilharia ou em minha própria

família, senão em um cortejo direto com o

ambiente universitário de poucos anos atrás.

(WILLIAMS, 2003a, p. 16)

No período pós-guerra as estruturas sociais, econômicas e

políticas da Europa vão estar fragilizadas. Por isso, o termo

cultura vai ganhar duas resignações, segundo Williams (2003, p.

16), “no campo literário indica uma formação de valores; nas

discussões gerais modo de vida particular”.

Na trajetória intelectual vai ser conhecido como uma das

mentes mais insígnias do pensamento Marxista do período pós-

guerra. Escreveu varias obras que mais tarde influenciaram os

estudos culturais. Na visão de Cevasco (2001, p. 184), a

inquietude de Williams era aprofundar os autores consagrados

com intuito de responder à pergunta: “Como esses autores estão

lidando com a forma herdada do século XVIII, respondendo às

pressões e limites do seu tempo?”

Como grande pensador Williams, vai buscar na literatura

e na arte a retratação de um sentimento social que marcou uma

determinada época. Por isso, segundo ele, “a mais forte barreira

ao reconhecimento da atividade cultural humana é essa

transformação imediata e regular da experiência em produtos

acabados”. (WLLIAMS, 1979, p. 130)

Williams abriu as portas, a partir da estrutura de

sentimento, às gerações posteriores ao entendimento de um

sentimento sociocultural não fixado em um saudosismo, mas, sim

a um sentimento que vive em constante transformação. É certo

que a estrutura de sentimento de Williams pode ser identificada,

além do campo sociocultural, também nos campos da política, da

religião, da econômica, etc.

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Portanto, as reflexões feitas por Williams sobre a estrutura

de sentimento presentes na arte e na literatura, que o levou a

compreender a vida sociocultural do seu tempo, devem ser

consideradas um verdadeiro legado à compreensão da estrutura

de sentimento que perdura na vida social e cultural nos tempos

atuais. Devido a essas reflexões, Raymond Williams vai ser

considerado, pelos grandes estudiosos, um dos fundadores dos

estudos culturais e um grande pensador da cultura e das analises

literárias e sociológicas.

Abordando a Estrutura de sentimento de Raymond Williams

Todos os acontecimentos socioculturais que marcaram

épocas e que hoje são estudados e aprofundados por nós,

defendiam uma ideologia identitária que tinha em si um valor

inestimável, uma vez que, a sociedade em meio a tantas

transformações, tende a reproduzir os acontecimentos afastando-

se da vivencia de uma época. É certo que os acontecimentos,

embora sendo analisados após o ocorrido, estão em constante

transformação.

Diante dessa análise sociocultural, Raymond Williams vai

chegar à conclusão de que por detrás dos acontecimentos sociais

há uma estrutura de sentimento, pois ele vai procurar articular a

experiência intelectual à sua prática concreta.

Esse conceito foge, segundo a intenção de Williams

(1979), aos parâmetros das estruturas institucionais formadas que

devido aos acontecimentos do momento podem manter-se ou não

vivas. Segundo ele:

A análise se centraliza então nas relações

entre essas instituições produzidas, formações

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e experiências, de modo que agora, como

naquele passado produzido, somente formas

fixas explícitas existem, e a presença viva se

está sempre por definição, afastando.

(WILLIAMS, 1979, p. 130)

Na concepção de Williams os acontecimentos sociais não

podem ser resumidos, simplesmente, a um sentimento que ficou

no passado. Embora as instituições sociais apresentem alguns

valores que sustentem na sua trajetória uma ideologia, não podem

ser avaliadas como produtos acabados ou fixados, mas, sim como

instituições vivas e atuantes que carregam, no presente momento,

sentimentos que estão em constante transformação na vida social

e cultural.

Se o social é sempre passado, no sentido de

que é sempre formado, temos na verdade de

encontrar outros termos para a experiência

inegável do presente: não só o presente

temporal, a realização deste instante, mas o

presente específico de ser. (WILLIAMS,

1979, p. 130)

A fixação das formas sociais como vimos acima, vão ser

criticadas ironicamente por Williams (1979, p. 130), quando

afirma que “elas existem e são vividas de forma específica e

definitiva, em formas singulares e em desenvolvimento”.

Na análise e aprofundamento dos sentimentos há

complexidades de valores que são reconhecidos pelo autor, como

ele mesmo salienta: “Estamos então definindo esses elementos

como uma ‘estrutura’: como uma série, com relações internas

específicas, ao mesmo tempo engrenadas e em tensão”.

(WILLIAMS, 1979, p. 134).

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A estrutura de sentimento presente na literatura e na obra

de arte não serve somente de elo entre uma geração e uma época,

mas também para compreender alguns fenômenos socioculturais,

cujas convenções se renovam. Segundo Williams (1979, p. 18):

Muitas vezes, quando essa estrutura de

sentimento tiver sido absorvida, são as

conexões, as correspondências, e até mesmo

as semelhanças de época, que mais saltam à

vista. O que era então uma estrutura vivida é

agora uma estrutura registrada, que pode ser

examinada, identificada e até generalizada.

[...] O que isso significa na prática é a criação

de novas convenções e de novas formas.

Em meio a essa estrutura existente na obra de arte, é

possível “relacionar uma obra de arte com qualquer aspecto da

totalidade observada pode ser, em diferentes graus, bastante

produtivo. [...], e só pode ser percebido através da própria

experiência da obra de arte.” (CEVASCO, 2001, p. 152).

Segundo Cevasco (2001), Williams querendo contrapor o

conceito de ideologia e a visão de mundo criou o termo

sentimento e, por outro lado, a palavra estrutura que “opera nos

mais delicados e intangíveis aspectos de nossas atividades” (p.

152). Neste sentido, estrutura de sentimento, na visão de Cevasco

(2001), está associada às práticas e hábitos sugestivamente

sociais e mentais. Segundo Williams (1979, p. 13):

A ideia de uma estrutura de sentimentos pode

ser especificamente relacionada à evidência

de formas e convenções, figuras semânticas,

que na arte e na literatura estão quase sempre

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entre as primeiras indicações que tal estrutura

está se formando.

Seguindo essa linha de pensamento Cevasco (2001, p.

150) ao analisar a estrutura de sentimento discorre que “Ideologia

se apresenta, em seus diversos sentidos, como um sistema

relativamente formal de valores, crenças e ideias que pode ser

abstraído de um todo social, como uma visão de mundo ou de

classe”. Por conseguinte, Williams (1979, p. 131) referindo-se à

arte, afirma que a estrutura “é sempre um processo formativo

com um presente especifico”.

No cenário sociocultural, Williams (1979) observa que a

realidade, uma vez afirmada e vivenciada na prática, apresenta

nas próprias formas um universo oposto a outras formas vigentes.

Nos apontamentos feitos por Williams (1979, p 131) são

observados “O subjetivo em distinção do objetivo; a experiência

em oposição à crença; o sentimento em oposição ao pensamento;

o imediato em oposição ao geral; o pessoal em oposição ao

social”.

Em julgamento a esses elementos que se opõem o social

se reduz a formas fixas, por isso, a estrutura de sentimento

presente no social vem sendo substituída por elementos

subjugados aquém da estrutura sociocultural pré-estabelecida.

Conhecendo o campo da Religiosidade Popular

Ao estudarmos o campo religioso, é compreensível defini-

lo como um espaço que envolve duas realidades: visível e

transcendental. A realidade visível se refere ao mundo físico,

enquanto que a realidade transcendental se refere ao metafísico

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(sagrado). Na abordagem feita pela fenomenologia da religião, o

ser humano de todos os tempos é considerado por natureza um

ser religioso.

Na Gênesis do universo, Deus criou o homem (ishi) e a

mulher (ishá) à sua imagem e semelhança (cf. Gn 1, 27). Como

diz o salmista: “Pouco abaixo dos anjos o fizeste e o coroaste de

glória e esplendor” (Sl 8, 6). Isso significa dizer que no principio,

o homem e a mulher, eram sem mácula, viviam a perfeição de

Deus. Mas a desobediência, fruto do pecado, os fez maculosos

(cf. Gn 3, 1- 24).

Essa realidade de pecado que envolveu o coração humano

causou o desligamento do humano como o sagrado. Esse fato

gerou a necessidade de um reencontro, de um religamento (re

ligari), dai surge à expressão religião, cujo intuito é religar a

natureza humana à natureza divina. Além de ver a religião como

um fenômeno coletivo, o sociólogo Durkheim (2000, p. 32), a

apresenta como:

Um sistema solidário de crenças e de prática

relativas a coisas sagradas, isto é, separadas

proibidas, crenças e prática que se reúne

numa mesma comunidade moral, chamada

Igreja, todos aqueles que a elas aderem.

Partindo para o campo da fenomenologia da religião “todo

rito, todo mito, toda crença ou figura divina reflete a experiência

do sagrado e, por conseguinte, implica as noções de ser,

significação e verdade” (ELIAD, 1989, p. 45). Nesse caso, a

experiência com o sagrado se submete a duas realidades: uma

subjetiva (sujeito individual) e outra coletiva (sujeito interativo).

Em meio à coletividade do sujeito, o campo religioso,

devido à interação entre os sujeitos, que parte da subjetividade

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para a coletividade, o sujeito coletivo, agora se torna, sujeito

criador de manifestações religiosas, dentre elas podemos citar a

religiosidade popular, que abordaremos agora neste item da

pesquisa.

A religiosidade popular, cuja denominação se volta para o

popular massivo e o sagrado, vai ser definida pela Conferência de

Medellín como:

A expressão religiosidade popular é fruto de

um estudo aprofundado de uma evangelização

do tempo da Catequista, com características

especiais. É uma religiosidade de votos e

promessas, peregrinação e de sem-número de

devoções, baseada na recepção dos

sacramentos [...]. Percebe-se na expressão

religiosidade popular uma enorme reserva de

virtudes autenticamente cristãs, especialmente

na linha da caridade. (MEDELLÍN n. 13)

Antes do Concilio Vaticanos II, surgiu outra expressão

referente à religiosidade popular, a chamada piedade popular, que

o Vaticano II, vai oficializar os termos religiosidade e piedade

popular como sendo a mesma manifestação, diferenciando-as

apenas em termos nominais. Ambas apontam para a mesma

direção, o Sagrado (transcendente).

A religiosidade popular apresenta aspectos

positivos como senso do sagrado e do

transcendente; disponibilidade para ouvir a

palavra de Deus [...], capacidade para rezar;

sentido de amizade, caridade e união familiar;

capacidade de sofrer e reparar; significação

cristã em situações irreparáveis;

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desprendimento das coisas materiais.

(EVANGELLI NUNTIANDI n. 19).

A realidade votiva que a religiosidade popular apresenta,

transporta o fiel devoto, no âmbito imagístico, à realidade

transcendental. Pois, nesse âmbito, “o peregrino vive a

experiência de um mistério que supera, não só da transcendência

de Deus, mas também da Igreja que transcende sua família e seu

bairro” (EVANGELLI NUNTIANDI n. 260).

Por conseguinte, é plausível destacar, que mesmo sendo

uma expressão votiva que aglomera multidões, a piedade popular

não é uma espiritualidade massiva, pois cada fiel, embora

fazendo parte do mesmo ambiente litúrgico (comunitário), tem a

maneira própria de relacionar com o sagrado.

Nos diferentes momentos da luta cotidiana,

muitos recorrem a algum sinal do amor de

Deus: um crucifixo, um rosário, uma vela que

se acende para acompanhar um filho doente

em sua enfermidade, um Pai- Nosso recitado

entre lágrimas, um olhar entranhável a uma

imagem de Maria, um sorriso dirigido ao Céu

em meio a uma alegria singela.

(EVANGELLI NUNTIANDI n. 261).

Na prática votiva da piedade popular, há na vida dos

devotos, uma identificação autêntica com Cristo sofredor. Por

isso, no pagamento de promessas o devoto apresenta situações

diversas: velas do tamanho do devoto, objetos de cera que

representa a parte do corpo (cabeça, braços, pernas, etc.) que

ficou curada, penitências, tais como andar de joelho, deitar no

chão com velas envolto ao corpo, etc. É certo que o “nosso povo

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se identifica particularmente com o Cristo sofredor, olham-no,

beijam-no ou tocam seus pés machucados”. (EVANGELLI

NUNTIANDI n. 262)

Portanto, a religiosidade popular, é para a vida do fiel

devoto, um legado cheio de espiritualidade e riqueza humanitária.

O simples fato de o devoto querer assemelhar-se a Cristo sofredor

resgata a humanidade do homem (ishi) e da mulher (ishá), que no

principio da criação foram feridos pelo pecado. É um legado,

também, aos estudos da folkcomunicação. Por ser um campo

complexo, a religiosidade popular, apresenta em termos

comunicacionais, uma estrutura que carrega em si um sentimento

de uma época que é passado ou assimilado de uma geração a

outra, enaltecendo, dessa forma, a experiência votiva dos tempos

hodiernos.

Abordagem da estrutura de sentimento na devoção popular

do festejo de São José de Ribamar

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE), no senso realizado em 2000, o município de São José de

Ribamar possui uma área de 434,2 km2. Com uma população,

como destaca Reis (2001), concentrada em sua maioria nos

centros urbanos.

Distante aproximadamente 32 km de São Luís (Capital do

Estado do Maranhão), é uma cidade pesqueira, artesanal e votiva,

cuja maior fonte de rende é a festa do Glorioso São José de

Ribamar. A saber, a cidade foi fundada com o nome do seu Santo

Padroeiro. De acordo com Reis (2001, p. 51), a cidade de São

José de Ribamar, antes de ser elevada a condição de município,

era aldeia dos índios Gamelas:

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As terras de São José de Ribamar, onde

estavam às aldeias dos índios Gamelas, foram

dadas, em 1627, para os jesuítas, conforme

afirmou-se acima, por pedido do padre Luiz

Figueiredo (o padre figueira escreveu a

primeira gramática do idioma brasílico,

editada na Bahia em 1851, (Memórias do Dr.

Cândido Mendes, tomo 1, também citado no

livro do TOMBO no item acima identificado),

que já possuía uma légua de terra doada por

Pedro Dias ex-artilheiro da Armada de

Alexandre Moura, e sua, mulher, Apolônia

Bustamante, na Vila do Paço do Lumiar.

Elevada a condição de município em 1952, dados contidos

no Plano Trianual da Prefeitura de São José de Ribamar, a cidade

começou a ser construída em torno da Igreja de São Jose de

Ribamar, que aos pouco fora se tornado um lugar atrativo para os

devotos do “Glorioso Santo”. Por outro lado, junto à história da

cidade nasce também, a lenda que narra à história da chegada da

imagem do Glorioso São José de Ribamar em terras maranhenses,

como atesta Reis (2004, p. 190):

As versões são inúmeras, mas o âmago da

temática é praticamente o mesmo e narram a

respeito de um navio que, vindo de Portugal

para o Maranhão entrou errado na baía de

Guaxenduba, hoje denominada de São José,

em meio a um temporal, bateu fortemente nos

arrecifes e por verdadeiro milagre não houve

o naufrágio. Na ocasião do desespero, e

vendo a situação piorando a todo segundo, o

comandante da embarcação fez súplica e toda

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tripulação o acompanhou no clamor a São

José de Botas, que era o protetor dos

navegadores europeus, oriundos da escola

naval de Sagres. .Valei-nos! Oh! São José

proteja-nos, abrande esse vento, acalme o mar

e salve a todos nós com vida. Num grande

agradecimento, traremos a sua gloriosa

imagem para este lugar. Não tardou e o

pedido foi atendido, quando uma onda

gigante bateu contra o casco da caravela e a

jogou sobre uma croa, tendo logo encalhado

em um lugar seguro.

Essa lenda é a mais conhecida pelos devotos fieis do

Glorioso São José de Ribamar, o santo de botas. E hoje faz parte

do imaginário votivo dos fieis que visitam o santuário a ele

dedicado. Fazendo uma referência ao tema deste artigo, podemos

a partir da narrativa lendária, destacar que a estrutura de

sentimento dessa narrativa é puramente votiva. E, portanto, por

fazer parte de um imaginário coletivo se renova na força de novos

devotos que buscam, no Glorioso São José de Ribamar, os

auxílios necessários aos pedidos rogados a Deus.

Nos estudos folkcomunicacionais, a partir da análise feita,

o festejo de São José de Ribamar esta incluso na festa dos grupos

culturalmente marginais urbanos, estudados por Luis Beltrão

(1980, p. 61):

As festas religiosas urbanas são grandes

concentrações do povo em honra de um santo

(católicas), de um orixá (Umbanda-

Candomblé) ou de participação em uma

experiência mística extraordinária (benção,

batismos coletivos, sessões públicas de oração

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e cura de diferentes congregações

evangélicas), ou manifestações mediúnicas

espiritistas, que atraem multidões.

Os fenômenos religiosos têm a sua expressão máxima,

dentro das Igrejas que cultuam os santos de maneira votiva, como

comunicadores entre o humano e o Divino. Diante desse ponto de

vista, o ser humano é por natureza um ser religioso, que através

de orações, promessas, e simbologias manifestam a sua fé no

sagrado. “O sagrado manifesta-se sempre como uma realidade de

uma ordem inteiramente diferente das realidades naturais”.

(ELIADE 1956, p. 20)

Por ser uma cidade que se abastece do turismo religioso

durante o mês de setembro, período mais importante para a vida

da cidade, obedecendo ao tradicional calendário Lunar, na

semana da lua cheia, dar-se inicio ao tradicional Festejo de São

José de Ribamar, cujo espaço citado torna-se pequeno.

A cidade balneária de São José de Ribamar,

no período das festas do seu protetor muda de

hábito, radicalmente, pela enorme quantidade

de pessoas que a visita, seja para pagar

promessas, batizar, casar, passear, pedir

graças, agradecer milagres alcançados pela

intercessão do glorioso São José de Ribamar

ou então simplesmente entregar-se a

momentos de oração. (REIS, 2004, p.177)

Diante dessa realidade votiva, convém salientar, que os

sentimentos depositados aos pés do santo de devoção, podem ser

experimentados por muitos devotos como uma forte expressão da

cultura religiosa massiva que liga uma geração a outra. Neste

sentido, é importante destacar que “metodologicamente a

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estrutura de sentimento é uma hipótese cultural, derivada na

prática de tentativas de compreender esses elementos se suas

ligações numa geração ou período” (WILLIAMS, 1979, p. 135).

Na devoção a um santo, essa hipótese cultural, é resultante de

profunda experiência histórica que é transmitida de pai para filho.

Portanto, há uma estrutura denominada sentimento que não é uma

estrutura ideológica como estamos habituados a definir.

Ao avaliar a obra de arte Raymond Williams destaca o

sentimento passado pelo artista, que parecendo isolado do mundo

transmite à sua arte uma estrutura que posteriormente pode ser

partilhado por outros artistas ou amantes da arte.

Quando as obras estavam sendo feitas, seus

criadores muitas vezes pareciam, tanto para si

mesmos quanto para os outros, estar sozinhos

isolados, e serem ininteligíveis [...]. Em nosso

próprio tempo, antes que isso aconteça, é

provável que aqueles para quem a nova

estrutura seja mais acessível, ou em cujas

obras ela está se formando de maneira mais

clara, percebam sua experiência como única:

como o que os isola das outras pessoas, ainda

que o que os isolem sejam de fato as

formações herdadas e as convenções e

instituições que não mais exprimem e

satisfazem os aspectos mais essenciais de suas

vidas. (WILLIAMS, 1979, p. 19)

Na própria caminhada votiva, a experiência com o

sagrado é sempre única, pois a estrutura moldada abrange os

fenômenos socioculturais, contribuindo assim, para a atualização

de um passado que se torna sempre presente nessas

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manifestações, acima de tudo, quando envolve o imaginário

religioso de um lugar.

Na grande procissão, ponto máximo do festejo, “os

esforços são sobre-humanos para pelo menos tocar em um dos

adornos do andor, pois para os devotos todo e qualquer sacrifício

vale a pena em consideração a fé”. (REIS, 2001, p. 299).

Neste sentido as estruturas do sentimento votivo deparam-

se constantemente com o sentimento emocional do fiel devoto,

como atesta Reis (2004, p. 177):

É comum depararmo-nos com homens e

mulheres com lágrimas nos olhos tomados

pela emoção da fé que alimenta a esperança

na busca de curas e milagres considerados

aparentemente impossíveis, mas cujas graças

acabam sendo alcançadas pelos fiéis.

Na demonstração desses sentimentos manifestos pelos

devotos, voltemos à atenção a estrutura de sentimento proposta

por Williams. Como já foi dito anteriormente, as analises das

estruturas feitas por Williams como salientou Paul Filmer (2003)

nos leva a entender os fenômenos socioculturais.

Raymond Williams (1979) alertava que todo grupo possui

um corpo de práticas e um ethos em comum, que, muito

provavelmente, vai se chocar contra as práticas e o ethos de um

ou mais grupos distintos. Por isso, muitas vezes analisar um

escritor implica analisar o grupo do qual faz parte, levando em

conta as ideias e as atividades manifestas e também as ideias e

posições implícitas dos demais artistas do mesmo grupo, isto é,

torna-se relevante debruçar-se sobre os laços de amizade e os

relacionamentos constituídos entre os participantes.

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A partir dessa análise, o festejo de São José de Ribamar,

apresenta uma linguagem formada por uma serie de elementos

culturais que buscam na própria estrutura um entendimento

sociocultural. Esses elementos vão desde os benditos oferecidos

ao santo às historias em quadrinhos que narram a lenda da

chegada do santo à cidade a ele consagrada. Neste sentido, para

Williams (1979), a relação de estrutura pode demonstrar um

principio organizador que rege grupos sociais.

Nessa linha de pensamento, Cevasco (2001, p. 153)

aponta que a união dos grupos sociais ou a respostas dos artistas

sejam reunidas como “característica de um grupo ou formação”.

Em aprofundamento ao pensamento da autora deve ser levado em

conta o lugar social, o lugar desses atores, para assim determinar

a visão de mundo que eles produzem a partir de tais

manifestações.

Na festa de um santo, acima de tudo uma festa cuja

dimensão social, religiosa e cultural é complexa, há varias formas

de manifestação votiva, que podemos denominar dentro da

estrutura de sentimento como característica própria de um grupo.

Dentre elas destacaremos a estrutura comunicacional dos ex-

votos, que simbolicamente são oferecidos em forma de

agradecimento pela graça alcançado. Leach (1976, p. 16)

discorre: As formas e canais através dos quais nos

comunicamos uns com os outros são bem

diversos e complexos, mas como uma

primeira abordagem, objetivando apenas uma

análise inicial, concluirei que a comunicação

humana é alcançada através de ações

expressivas que operam como sinais, signos e

símbolos.

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Revista Diálogos – N.° 10 – Novembro de 2013 113

Na concepção de Leach (1976) os ex-votos são símbolos

padronizados que publicamente geram informações. No santuário

de São José de Ribamar, os ex-votos, tornaram-se tradição, pois ir

ao santuário e não acender uma vela, ou não oferecer algo ao

santo em sinal de agradecimento é não obter, segundo o

imaginário do fiel devoto, a graça rogada a Deus pela intercessão

do santo padroeiro, o Glorioso São José.

Na própria analise votiva o ex-voto é uma estrutura

inovadora que mantém a vida hegemônica das instituições que

atuam no campo religioso, cujas mudanças acontecem de acordo

com a elaboração litúrgica adaptada para um determinado local.

Por exemplo, no Santuário de São José de Ribamar o corpus

litúrgico ajuda a sustentar a estrutura votiva ao santo padroeiro e

esta, por sua vez, não deixa de exercer certa dominação a vida

social da cidade, que de acordo com a festa dedicada ao Santo

muda durante esse período.

Ao aplicar a estrutura de sentimento, na organização

social e suas respectivas mudanças, Cevasco (2001, p. 157)

salienta:

A estrutura de sentimento é então uma

resposta a mudanças determinadas na

organização social, é a articulação do

emergente, do que escapa à força acachapante

da hegemonia, que certamente trabalha sobre

o emergente nos processos de incorporação,

através dos quais transforma muitas de suas

articulações para manter a centralidade de sua

dominação.

Na análise literal de um hino dedicado ao Glorioso São

José, encontraremos na letra apresentada, a estrutura de

sentimento presente na realidade complexa da época e

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consequentemente à sua realidade social. Por exemplo, no hino

da benção de São José:

Nós pedimos a são José a sua benção, sua

benção e proteção. É de todo coração que vos

pedimos sua benção e proteção. Para todos os

desempregados a sua benção [...]. Para todos

os doentes a sua benção [...]. Para todos os

romeiro a sua benção... (CORAÇÃO

SERENO, 2003)

Todos esses elementos fazem parte de um contexto que

culturalmente foi implantado na estrutura votiva de um povo. No

contexto em que foi escrito percebe-se a posição do compositor

em relação à realidade sociocultural (desemprego, doenças,

Romarias votivas, etc.) e ao mesmo tempo o sentimento religioso

(vos pedimos sua benção e proteção). Neste sentido, Williams

(1979) apresenta que a linguagem não tem neutralidade, por isso,

produz na vida social, cultural e religiosa, sentidos e valores que

legitimam a sua ideologia.

A partir dessa visão sociocultural que o hino nos fornece,

a devoção ajuda a formalizar com papel ativo os processos sociais

de incorporação de novos valores e de percepções uma nova

estrutura de sentimento “como experiências sociais em solução,

distintas de outras formações semânticas sociais que foram

precipitadas, [...] evidente e imediata” (WILLIAMS, 1979, p.

136).

Nos estudos culturais, podemos afirmar com Raymond

Williams que a prática humana não pode ser esgotada pela

cultura. Williams (2011) especifica que nas culturas dominantes,

há a distinção entre formas residuais (experiências, significados e

valores que não podem ser verificados, são resíduos de formações

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sociais anteriores) e formas emergentes (novos valores e

experiências estão sendo criados).

Contudo, em cada festejo são acrescidos ao hino de São

José, novos pedidos. Isso significa que as formas emergentes da

cultura votiva são renovadas e, portanto, colabora para o

nascimento de uma nova estrutura de sentimento, que se abstendo

de uma ideologia não se limita ao passado estático, mas sempre

se atualiza a partir de novas convicções que nascem como fruto

de uma experiência histórica e não ideológica. Para Williams

(1979) a consciência desses fenômenos sociais não é perceptível

em sua construção, portanto só será perceptível com a passagem

do tempo.

Diante dos estudos realizados para elaboração deste

trabalho cientifico, é cabível destacar, nesta conclusão, a

importância da estrutura de sentimento elaborada por Raymond

Williams aos Estudos Culturais, pois na própria manifestação

cultural, no caso a devoção popular que abordamos neste artigo,

há uma estrutura de sentimento que expressa uma experiência

vivida em uma época que, por sua vez, tem na atualidade o seu

reflexo na vida sociocultural de um povo.

Considerações Finais

Na reflexão de Williams, como vimos no decorrer desta

pesquisa, a arte e a literatura expressam muito bem a estrutura de

sentimento da vida sociocultural de um determinado período da

história, que não deve ser interpretado como um sentimento

ideológico, como alguns críticos literários tendem a interpretar.

Em suma de entendimento, estudar a estrutura de

sentimento com abordagem ao sagrado, é abrir uma porta à

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estrutura transcendental que, historicamente, sustenta uma relação

sempre atuante entre o fiel crente e o sagrado.

Seguindo essa linha de pensamento, é conclusivo dizer

que na vida cultural e religiosa do festejo do Glorioso São José de

Ribamar, foi identificado à estrutura de sentimento que move a

estrutura votiva dos fieis devotos, que desde os hinos, pagamento

de promessas ao corpus litúrgico que leva o fiel a viver e a sentir

o sentimento de uma época como expressividade sociocultural de

um presente atuante, as estruturas presentes nessas manifestações

em confronto com as estruturas ideológicas, geram ou atualizam

novas estruturas que fazem o “passado” se tornar sempre

“presente”, enquanto elemento critico da consciência histórica.

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