estresse saude ocupacional sintese.pdf
-
Upload
eduardo-garcia -
Category
Documents
-
view
28 -
download
0
Transcript of estresse saude ocupacional sintese.pdf
1
O ESTRESSE E A SAÚDE OCUPACIONAL DO MÉDICO-INTENSIVISTA:
ESTUDO DE CASOS EM UTI DE BRASÍLIA
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 2
2 DESENVOLVIMENTO .......................................................................................................... 3
2.1 PROBLEMA E SUA IMPORTÂNCIA .................................................................................. 3
2.2 Os Objetivos ....................................................................................................................... 8
2.3 A Metodologia .................................................................................................................. 10
2.3.1 Local e Fonte de Dados e Informações .................................................................. 11
2.5 DISCUSÃO E RESULTADOS .......................................................................................... 11
3 PRINCIPAIS RECOMENDAÇÕES E CONCLUSÕES ........................................................ 13
5 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 14
Brasília, DF Janeiro de 2010
2
RESUMO
Em Unidades de Tratamento Intensivo UTI, observa-se, com frequência, porém sem os necessários e
devidos registros, análises e estudos, estados variáveis de estresse e de respostas não-específicas do
organismo às exigências de estímulos nocivos, fisiológicos ou psicológicos, que provocam tensão e
disrupções de equilíbrios dinâmicos orgânicos. São efeitos causados por diversos fatores que interagem,
desde causas internas biológicos e genéticas até externas como os econômicos, sociais, culturais e de
competição profissional com, paradoxalmente, pouco ou insuficiente reconhecimento pelo médico, de
limites naturais psicológicos e biológicos no exercício profissional daquele que procura preservar e/ou
restaurar a saúde de outros e dar exemplos de restabelecimento do equilíbrio interior afetado por
síndromes gerais da adaptação às exigências do meio. Por vezes, são alterações de origem e natureza
estressantes com início na residência médica (...) que evoluíram em profissionais sem gerar mecanismos
comportamentais e psicofisiológicos de adaptação ao estresse.
1 INTRODUÇÃO
As transformações contemporâneas, com a introdução de inovações tecnológicas e
organizacionais, trouxeram, junto com inegáveis conquistas de melhorias e aumentos da efetividade em
processos e resultados, substituições e conflitos em locais de trabalho por causa, dentre outros fatores, a
natureza estressante em ambiente, exigências “impostas” pela competitividade e perdas de valores e
referências, como as humanas, na organização. Os profissionais da saúde são afetados por essas
substituições e efeitos negativos da competitividade e por relações que impõem desafios e passam a se
constituírem fatores estressantes (McCORMICK, 2008)
O ambiente e condições do trabalho de profissionais da saúde têm-se caracterizados, com
variabilidade e inquietação, - fontes de estresse, como, além de insalubres, penosos, árduos e repetitivos,
por fatores e condições que contribuem para provocar lesões físicas e distúrbios emocionais,
comportamentais, cognitivos (...) muitas vezes irreversíveis. Incluem-se, além de categorias profissionais
como as de enfermagem, fisioterapeuta e paramédicos que desempenham movimentos repetitivos em seu
cotidiano laboral, os médicos – intensivistas que enfrentam, no dia-a-dia, situações limites, em especial
durante o trato com pacientes internados: pressões para atender grande número de pacientes, - sobrecarga
assistencial e excessiva carga horária de trabalho; isso define o desatendimento, com regularidade e ainda
com privações, às necessidades vitais como as do sono, boa alimentação, descanso, convívio familiar,
lazer etc. (BATES, HINTON e WOOD, 1973; LEUNG e BECKER, 1992; ASKEN e RAHAM, 1983).
Profissionais que convivem em ambientes fechados e expostos a riscos químicos, biológicos, físicos,
ergonômicos e psíquicos, potencialmente capazes de provocarem problemas de saúde, - físicos e mentais.
3
São efeitos, - os dos fatores estressantes no local de trabalho, que minam as defesas naturais do
organismo, aceleram a pressão arterial, provocam doenças e alteram comportamentos caracterizados por
estados como os de tristeza profunda; apatia e desinteresse; falta de concentração; sentimentos como os
de raiva, indignação, incompetência, culpa e agressão; e pensamentos mórbidos recorrentes sobre a morte
ou o suicídio.
2 DESENVOLVIMENTO
O estresse, na atividade ocupacional do médico intensivista, passou a se constituir importante
fonte de preocupação, não apenas pelos efeitos (potenciais) nocivos que podem se acumular e afetar, em
níveis variáveis, o bem-estar psicossocial e desempenho no exercício desse profissional, mas, pelas
conseqüências sociais e econômicas desses efeitos “resistentes” em seu reconhecimento e com escassos
estudados. Por isso, passa a se constituir um objeto de pesquisas para descrever a complexidade do
problema e a necessidade de cuidados a serem orientados para descobrir e tratar o estresse relacionado
ao trabalho. Um processo que se instala por vezes de forma silenciosa e que responde por transtornos
depressivos e por afecções como a síndrome metabólica, a síndrome da fatiga crônica e a síndrome de
Burnot. Isso, aliado à frustração profissional, ao estresse relacional (...), manifestar-se-ão em arritmias,
perdas de concentração e distúrbios cognitivos com aumento de riscos de erros médicos por leituras e
interpretações falhas ou precipitadas.
2.1 PROBLEMA E SUA IMPORTÂNCIA
O médico ativo e ambicioso, competitivo e respeitado, entusiasta e amigo, atributos que
privilegiam a classe, pode facilmente frustrar-se na satisfação de suas necessidades ao não ver ou não
sentir o reconhecimento de seus atributos, não apenas por uma retribuição salarial digna, mas, por causa
de outras formas depressivas da organização e cultura – ambiente de trabalho que não consideram a
importância e gravidade do desgaste físico e emocional – psíquico (Gráfico 1 e Figuras que seguem)
não apenas de residentes, mas de quase todos profissionais da saúde em instituições públicas e privadas.
Esse profissional, quando submetido a excessivas cargas assistenciais e horárias, a privações do sono e
com irregular atendimento (ou com privações) de necessidades básicas, nem tempo necessário para o
lazer, para a vida familiar e social (...), poderá apresentar arritmias, perdas de concentração, distúrbios
cognitivos (...); causalidades por aumentos de riscos, - de incertezas, em erros médicos, devidas às
observações-leituras e interpretações-decisões falhas ou precipitadas.
4
Núcleo do trato
TRONCO CEREBRAL
Núcleo pré-ganglionares
simpáticos
Sistema Límbico
Doenças/ traumatismos /
distúrbios, ameaças etc.
R e a i s o u f i c t í c i a s
Diante de e s t r e s s o r e s Respostas psico – neuro - imuno-
endócrinas: preparativas, adaptativas e
desadaptativas: estresse. Fatores de risco
Gráfico 1 Efeitos seqüenciais de liberações neuroendocrinológicas em fases de estresse
C ó r t e x
Mineralocorticóides
Glicocorticorticoides.
Cortisol / DHEA
Hipotálamo
CRF
Hipófises
ACTH
Respostas fisiológicas e o que
representam: aumento da pressão
sanguínea e da frequência cardíaca para
“irrigar” o cérebro, pulmões e
extremidades levando mais oxigênio e
suprimentos; aumento da respiração em
profundidade e frequência para suprir
aumentos de exigências musculares;
aumento da tensão muscular para a
contração muscular e preparar para agir;
aumento da sudorese para refrigerar
musculatura aquecida; aumentos dos
níveis de glicêmicos e de ácidos graxos
poli insaturados para melhorar o
suprimento energético de pronta
utilização; aumento do fator de
coagulação e do colesterol para acelerar
a coagulação e evitar perdas sanguíneas
dos ferimentos; redução da capacidade
digestiva porque a preferência é para
atendimento de órgãos envolvidos na
luta ou na fuga: cérebro e músculos
Respostas fisiológicas adaptativas
(transitória) e o que elas indicam: aumento
dos níveis de glicocorticóides para a
conversão de proteína em energia de pronta
utilização; aumento dos mineralocorticóides
para a retenção do sódio; aumento do nível
gastroduodenal para a aceleração dos
processos digestivos a fim de repor, com
rapidez, estoques de nutrientes, etc.
Respostas fisiológicas de resistência
douradora e o serviço delas: aumento dos
níveis de glicocorticóides para o controle de
níveis plasmáticos de glicose em riscos de
hipo ou hiperglicemia; aumento de níveis
mineralocorticóides para a manutenção de
níveis pressóricos de riscos de doenças
cérebro – cardiovasculares; aumento do nível
gastroduodenal do suco gástrico para o
controle de gastrites; bloqueio dos receptores
pós sinápticos de serotonina pelo excesso de
cortisol para o controle do humor depressivo,
entre outras respostas e manifestações.
M e d u l a
Adrenalina
Noradrenalina
Suprarrenais
5
Figura 1 Destaque de aspectos fisiológicos, - os da neurociência, no estresse
Fonte: Salles: Projeto qualidade de vida (20010;simplificado e adequado ao texto)
A atitude de evitar ou minimizar fatores de estresse e de
possibilitar manter a resistência às mudanças ambiente
obedece a respostas neuroendócrinas com a ativação de um
circuito que conecta o corpo ao cérebro; é o eixo
hipotalâmico–hipofisário–adrenal (HPA): um circuito que
liga hipotálamo, glândula pituitária e córtex supra-renal,
pela circulação sanguínea; um processo de retro-controle de
fatores negativos à saúde e que podem provocar estresse
6
P
ro
cr
as
t
in
aç
ão
Desrespeito:
fatores
ergonômicos e
antropométricos
Excesso da
jornada de
trabalho
Monotonia de
movimentos e falta
de intervalos
1os. S
into
ma
s
Ag
ir
Figura 2. Fatores de risco de LER / DORT; destaque para os fatores de estresses
Posturas indevidas
em função de
condições físicas no
local de trabalho
Estresse
profissional
Estresse
pessoal
LER / DORT
Disfunções
osteomusculares;
Fadiga→inflamação;
Formigamento,
dormência; tensão,
rigidez,
redução/perda de
habilidade, de força e
de coordenação (...)
EFEITOS
Dor (...). Sociais
Econômicos (...)
D I S T R E S S E
7
PI Outros. Perfil do indivíduo:
- Relações familiares, sociais, culturais
- Status econômico, social (...).
- Hábitos: esporte, lazer etc.
- Expectativas. Aspirações
- COPING (...)
PE Perf i l da empresa em relação:
- Natureza do trabalho: tecnologia etc. (...)
- Ambiente e condições do trabalho (...)
- Política, missão, visão e cultura (...)
- Padrões de seleção, avaliação, capacitação (...)
- Planejamento, controle e gestão do trabalho (...)
P T P e r f i l d o t r a b a l h a d o r :
- Fisiológico, genético, ambiente-desenvolver
- Habilidades e competências não atendidas (...).
- Expectativas. Aspirações não-consideradas (...).
- Idade, sexo. - Sociocultural. Econômico (...)
- COPING (...)
Identificação
PI PE
Seleção
Treinamento
Alocação
Remuneração
Pro
tela
r F
ato
res
de.
Ris
co
nã
o-e
rgo
nom
ia (
...)
Avaliação
Decisão
Ação
Enfrentar
Adiar
Fugir
Avaliação
Decisão
Ação
Enfrentar
Adiar
Fugir
Estresse: A curva funcional humana
Z O N A S D E S A Ú D E :
Tensão Conforto F a t i g a Exaustão Falência
Alertar Preparar Atender Minimizar Evitar
De
se
mp
en
ho
Fa tores de r i sco de est resse
Estresse positivo 1 Estresse negativo 2
Exaustão com agravamento e
incapacidade resiliente
Estresse limitante, excludente,
aposentadoria (...) morte
Preparação não feita:
procrastinação
Alerta: manifestações
não atendidas
Fatiga não tratada pelas suas
causas, perda de capacidade
1 Tensão com equilíbrio entre esforço, tempo, realização e resultados, como uma atitudes positivas em relação ao trabalho:
satisfação, aspiração, expectativas etc. : eutresse.
2 Tensão capaz de romper o equilíbrio biopsicosocial por excesso ou falta de esforço e por incompatibilidades com o tempo, com
o resultados e com a realização no trabalho: frustração, insatisfação profissional etc.: distresse.
Figura 3 Relações entre o perfil do trabalhador (e outros do indivíduo) e o perfil da empresa que
quando não harmonizados podem determinar níveis de estresse ocupacional em zonas de saúde
relacionadas com fases estressantes
Estr
ess
e r
esis
te
nte
8
2.2 Os Objetivos
O objetivo geral é o de contribuir, com novas informações de experiências sistematizadas e de
resultados de análise de dados, os de diagnoses de pacientes afetados por essas doenças, no processo de
educação para:
a) a conscientização da gravidade do problema e da necessidade da organização, em seu planejamento
e gestão de pessoas: adotarem os devidos “cuidados” que venham a minimizar ou a evitar graves
problemas como os de afastamentos, “prematuras” aposentadorias e acometimentos de estresse em
médicos intensivistas;
b) prevenir, pela racionalidade de ações e comportamentos ao se tomarem decisões sustentáveis e
com oportunidade: minimizar ou evitar o agravamento de doenças provocadas pela persistência de
fatores estressantes no ambiente de trabalho com incalculáveis custos econômicos e sociais;
O estresse é o somatório potencializado de fatores físicos que se alastram, pelo descuido de
administrações, má gestão de pessoas e recursos, insuficientes recursos financeiros e aumento da
demanda de serviços, entre outros fatores que ultrapassaram os limites de riscos à saúde, - os de
resiliência e homeostase na medicina do trabalho (ver SALLES, 2010).
São limites críticos, a serem conhecidos, com os das condições do trabalho adversas à pessoa
(automatização; obrigatoriedade para manter um ritmo de atendimento, alcançar uma meta, etc. com uma
mesma infraestrutura e equipamentos; com pressões administrativas e gerenciais, de diversas ordens,
porém com efeitos estressantes; de ambiente e relacionamentos inadequados; de mobílias que não
atendem critérios modernos da ergonomia, entre outros) e psicossociais (emocionais) de fontes internas e
externas de estresse.
A Figura 4 sintetiza, conforme os problemas levantados e apresentados - sintetizados na Figura 2,
os objetivos do estudo.
9
Entre problemas e objetivos há uma orientação para o pesquisador, na forma de hipótese, que se
ilustra para apenas um caso (Quadro a seguir).
Figura 4. Objetivos no controle de LER / DORT; destaque para os fatores de eutresse
LER / DORT
Função osteo -
muscular regular;
EFEITOS: mínimos
Sem dor (...). Sociais
Econômicos (...)
toleráveis
E U T R E S S E
Ag
ir
o
bs
er
va
r,
tr
at
ar
,
ev
it
ar
1
os
. Sin
tom
as
Mo
nit
or
ar
, a
va
lia
r
Conhecer-respeitar-
internalizar: fatores
ergonômicos e
antropométricos que
cada caso requeira (...)
“Dosagem” da
jornada de
trabalho conforme
indicadores (...)
Diversidade de
movimentos e com
intervalos regulares
critérios exigidos (...)
Posturas corretas em
função de boa
condição física no
local de trabalho
Não-estresse
profissional
Não-
stresse
pessoal
: monitorar/avaliar/controlar mínimos / toleráveis
10
Quadro 1 Relações de fatores causais e objetivos, intermediadas por hipóteses, no
controle e gestão do estresse em ambiente de trabalho
PROBLEMA HIPOTESE OBJETIVO
Não se conhecm (ou se
conhecidas, não são
devidamente consideradas,
valorizadas) características
resilientes de forças psicológicas
e biológicas do trabalhados em
relação ao trabalho
O serviço de atendimentos ao
trabalhador com pessoal
capacitado e infraestrutura
eficiente, com base em critérios
técnico-científicos, na
ergonomia, na legislação (...)
oferecem condições para
monitorar, avaliar e agir com
oportunidades: assegurar a
resiliência
Conhecer, respeitar, valorizar e
internalizar no ambiente, na
organização, na visão, na gestão
(...) as características resilientes
de grupos de trabalhadores
escolhidos, treinados e alocados
em funções que permitam
manter estados de saúde e
equilíbrio corpo e mente em
suas melhores condições.
Em práticas e padrões de seleção
e treinamentos de pessoal na
organização não são
devidamente consideradas
habilidades, competências,
desejos-aspirações e conflitos-
dificuldades do trabalhador
Investir no departamento de
seleção, treinamento,
monitoramento, gestão de
pessoal
Conhecer, habilidades,
competências, desejos-
possibilidades e conflitos-
dificuldades, traduzindo-as em
planos gerenciáveis com
propósitos como os de
“satisfação” do trabalhador
porque se identifica, gosta e é
estimulado
. . . . . . . . .
. . . . . . . . .
2.3 A Metodologia
Pesquisa qualitativa, descritiva com base em dados de 17 médicos – intensivistas de uma UTI
adulto em hospital terciário de Brasília – DF; hospital de grande porte e referência regional, com 600
leitos, em 2009.
A UTI - Adulto, local de trabalho dos profissionais pesquisados, disponibiliza 22 leitos, divididos
nas áreas: Trauma (8), Coronária (8) e Geral / Cirúrgica (6), com taxa de ocupação mensal próxima ao
100%. Seu corpo clínico é composto de 23 médicos plantonistas, além de enfermeiros, fisioterapeutas e
enfermagem, chefias médica e de enfermagem.
11
2.3.1 Local e Fonte de Dados e Informações
A amostra foi composta por plantonistas convidados a responder um rápido questionário com
dados pessoais e posteriormente o questionário de avaliação de estresse da Sociedade Brasileira de
Psicologia e o Inventário de Sintomas de Stress de Lipp para adultos - ISSL. Participaram do estudo 12
médicos, os demais se recusaram ou não foram contatados. i
- Formulário de Características Demográficas: o objetivo de seu preenchimento foi o
delineamento do perfil da amostra. Os itens considerados foram: idade, sexo, estado civil, religião, tempo
de formado, tempo de atuação em UTI, qualidade da atividade, tempo dedicado à UTI e tipo de
instituição onde trabalha.
- Inventário de Sintomas de Stress para Adultos, de Lipp (ISSL): instrumento construído e
publicado por Lipp (2000). Foi utilizada a terceira edição, revisada em 2005. Visa identificar a
sintomatologia apresentada, se sua predominância é somática ou psicológica, e em que fase de estresse se
encontra o participante.
Omitem-se, nesta apresentação sumária, os principais aspectos de coleta, síntese e análise de dados
com o emprego de técnicas e métodos como os de análise numérica com a teoria de trabutos;
categorização de variáveis, por indicadores, em tipificações eustréssicas, - ou tensões com equilíbrios
entre esforço, tempo, realização e resultado e distréssicas – ou de tensões devidas a estressores com
rompimentos de equilíbrios biopsicossociais; regressões e simulações (Gráfico e Figuras).
2.5 DISCUSÃO E RESULTADOS
Quanto ao sexo dos participantes, 58,3% eram masculinos e 41,7% femininos. A idade variava de
32,0 anos até 63,0 anos, com idade média de 46,3 anos. Dos quatorze, 11 são casados e 3 solteiros. Em
sua maioria, 10 dos participantes declararam-se católicos, 3 espíritas e 1 evangélico. Quanto ao tempo de
formado, 5 dos participantes tinham mais de trinta anos, 2 mais de vinte anos, 4 mais de dez anos, e 3
mais de cinco; 41,7% dedicavam 100% de seu tempo na UTI; igual participação de participantes se
registrou em 50,0% a 75,0% do tempo e de 25,0% manifestaram se dedicarem 25,0% na UTI.
A relação tempo de formado para tempo de UTI dos participantes na amostra piloto mostrou que
12 tinham relação maior que 50%, evidenciando a grande experiência da equipe estudada.
Quanto ao levantamento das fontes de estresse observou-se que a partir de 18 respostas positivas
das 30 apresentadas, associava-se com “muitíssimas/inúmeras fontes de estresse no dia-a-dia” e com
Índice de Stress (Lipp) na Fase de Resistência com sintomatologia predominantemente física. Entre os 7
12
considerados estressados, 6 apresentaram os atributos acima. Um dos participantes mostrou-se em Fase
de Exaustão com sintomatologia mista – física e psíquica. Houve um predomínio do sexo feminino com
5 entre as 7 participantes com manifestações de estresse.
Destaca-se, dos diversos aspectos técnicos da pesquisa de estresse em médicos intensivistas, apenas
um, sintetizados na Tabelas 1.
Tabela 1. Dados por gênero e resposta, com especificações por faixa etária, ao Teste de Lipp em
médicos intensivistas de Brasília, 20009.
GÊNERO
FAIXA ETÁRIA
NÚMER
O
RESPOSTA AO TESTE LIPP EM TRÊS NIVEIS
ALERTA RESISTÊNCIA EXAUSTÃO
M (TOTAIS)
Menores de 35
Entre 35 e 50
Maiores de 50
8
0
1
7
26
0
1
25
38
0
2
36
42
0
1
41
F (TOTAIS)
Menores de 35
Entre 35 e 50
Maiores de 50
9
4
5
0
28
12
16
0
51
21
31
0
51
21
30
0
Não se apresentam, nesta amostra, os principais aspectos da pesquisa orientada para definir
indicadores e estabelecer relações como as indicadas na Figura 3, com a tipificação de zonas de saúde
em tensão para acionar mecanismos de alerta; acomodação para indicar como se preparar; fatiga para, se
não evitar, aliviar; exaustão, se não evitar, minimizar; e falência para sempre evitar quando conhecidos
os fatores estressantes.
13
3 PRINCIPAIS RECOMENDAÇÕES E CONCLUSÕES
O estudo confirmou a hipótese de o médico plantonista da UTI passar por momento, variáveis e
preocupantes de estresse. Dos quatorze participantes do estudo sete mostraram-se estressados, sendo que
um deles com características crônicas com envolvimento físico e psíquico em suas manifestações. O
coping como estratégia de enfrentamento do processo de estresse não pôde ser considerado pela falta de
elementos, pois apenas dois dos participantes responderam ao quesito sobre o tema. Chama atenção que
um dos itens propostos no levantamento de fontes de estresse foi respondido afirmativamente por todos
os participantes: preocupar-se com a própria saúde, mas não dispor de tempo para a prática de esportes;
uma prática importante para manter a homeostase combatendo assim os possíveis efeitos maléficos do
estresse.
Viver com qualidade e ter qualidade de vida são estados almejados pelo profissional que, quando
consciente, deveria procurar conciliar trabalho e vida pessoal, evitar – controlar o estresse para, como
efeito, reduzir o cansaço, a irritação, a ansiedade, a tensão muscular (...); um dos maiores desafios
perturbado por comportamentos como os da procrastinação: uma questão de priorização afetada por
condições de mercados e pressões sociais; pela falta de relaxamento e terapias; pela forma estreita de
percepção e pouca flexibilidade. Desafios, procura e estado não equacionados em obrigações, aspirações
e vida pessoal, mas com manifestações que apontam, entre outras direções, para fazer novas pesquisas na
procura de soluções para aqueles que se ressentem de não ter tempo para a família – convívio social, para
o lazer - descanso e para a saúde – esportes; para aqueles que se apavoram quando começam a perceber e
sentir os sinais de estresse provenientes da agitação, pressões, cobranças, conflitos (...). Para os que se
refugiam ou acreditam em ações – comportamentos de passageiros ou supostos alívios em
medicamentos, drogas (...). Soluções para uma melhor qualidade de vida ao procurar atitudes
preventivas, criar ambientes de entusiasmo e harmonia, fazer com paixão e equilibrar razão e emoção;
praticar concessões e ter flexibilidade para lidar com opostos e diferenças.
14
5 REFERÊNCIAS
AACH R.D. et al. Stress and impairment during residency training: strategies for reduction,
identification and management. Ann Intern Med 1988; 109: 154-61.
ALVARENGA, R. Palavra de médico. Disponível em: < http://www.palavrade
medico.kit.net/tema25.htm>. Acesso em: 8 de Nov. de 2009.
BATES, E. M.; HINTON, J.; WOOD, T. J. Unhappiness and discontent: a study of junior resident
medical officers. Med J Aust. v. 2, p. 606-612, 1973.
BOOTH, R.; PETRIE, K. Emotional expression and Health Changes: Can we identify biological
pathways? In: S. Lepore & J. Smyth (Orgs.). The writing cure: How expressive writing promotes health
and emotional well-being. Washington: American Psychological Association. pp. 157-176, 2002.
BUTTERFIELD, P.S. The stress of residency: a review of the literature. Arch Intern Med. n. 148, p.
428-435.1988.
ESTRESSE, qual medico deve ir pra diagnosticar? Disponível em: < http://br.
answers.yahoo.com/question/index?qid =20070510102410AAThjck>. Acesso em 8 de nov. de 2009.
LACAZ, F. A. Saúde do trabalhador: um estudo msobre as formações dicursivas da academia, dos
serviços e do movimento sindical. Campinas: Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de
Campinas, 1996 (Tese).
LAZARUS, R.; FOLKMAN, S. Stress, appraisal and coping. New York: Springer, 1984.
FIAMONCINI, R. L.; FIAMONTINI R. E. O stress e a fadiga muscular: fatores que afetam a qualidade
de vida dos indivíduos. Revista Digital. Buenos Aires, v. 9, nº 66, Nov. 2003.
FOLKMAN, S. et al. Dynamics of stressful encounter: cognitive appraisal, coping, and encounter
outcomes. Journal of Personality and Social Psychology, v. 50, n. 5, p. 992-1003, 1986.
LEUNG, l.; BECKER, C. E. Sleep deprivation and house staff performance. J Occup Med . v. 34, p.
1.153-1.160. 1992.
FORD C.V. Emotional distress in internship and residency: a questionnaire study. Psychiatr Med. n. 1,
p. 143-150.1983.
MATTAR, R.; AZZI, R.J. Conduta médica nas lesões por esforços repetitivos. In: CODO, W;
ALMEIDA, M.C.C.G. (Ed.). LER: diagnóstico, tratamento e prevenção. Petrópolis: Vozes, 1995. p. 59-
88.
15
McCORMICK, I. Coping with stress and change: A personal survival strategy. Weellington: Booksprint
Associates, 2008.
MOTA, C.; MATOS, P. Coping across situations questionnaire – CASQ numa amostra de adolescentes
portugueses. Psychologica, v. 43, p. 211-226, 2006.
MUROFUSE, N.T.; ABRANCHES, S.S.; NAPOLEÃO, A.A. Reflexões sobre estresse e Burnout e a
relação com a enfermagem. Rev Latino-am Enfermagem. 2005, v. 13, n. 2, p. 225-61, mar - abr. 2005.
NARDI, H. Saúde do trabalhador. In.: TRABALHO E TECNOLOGIA; dicionário crítico. Ed. Cattani,
A. Petreópolis: Vozes, 1997, p. 219 – 224.
O´NEILL, M. J. Prevenir é conhcer. Disponível em: < http://www.psicologiapravoce.com.br/ dicas
terapêuticas .asp?nr=50>. Acesso em 8 de Nov. de 2009.
PROJETO Qualidade de Vida. Conceito, classificação e fisiologia do estresse. Disponívels em: <
http://qdv1.tripod. com/textos/Estresse.pdf>. Acesso em: 8 de Nov. de 2009.
STRESS Management for Patient and Physician. Disponível em: <
http://www.mentalhealth.com/mag1/p51-str.html>. Acesso em: 8 de Nov. de 2009.
VALKO R.J.; CLAYTON, P.J. Depression in the internship. Dis Nerv System; .v. 36, p. 26-29. 1975.
i Destacar, tanto o fornecimentos de dados primários, guardando o sigilo necessários – legal, quanto a revisão do
texto pro profissional da área; neste caso Dr. Marcio Moreira Salles, - Médico do Trabalho – MS Ergonomia. Rg.
MTB. No. 13629.