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ESTRATÉGIAS DE LEITURA: FORMAÇÃO DO LEITOR COMPETENTE A

PARTIR DO GÊNERO TEXTUAL CONTO

Ana Gláucia Zirondi Estel (PDE-UEM)1

Orientador: Prof. Ms. Wagner Vonder Belinato2

Resumo Este artigo descreve e apresenta os resultados obtidos na implantação do projeto integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), direcionado a alunos do Ensino Fundamental, 9º ano, do Colégio Estadual Nestor Víctor, na cidade de Pérola/PR. Tal projeto de intervenção pedagógica teve como tema a viabilidade do uso das estratégias de leitura capazes de formar leitores eficientes e críticos que compreendam os textos lidos a partir do estudo de contos, oportunizando a possibilidade de um posicionamento crítico perante a leitura. Como encaminhamento metodológico desse trabalho com o gênero textual conto, propôs-se as ações de leitura baseadas na teoria de Isabel Solé sobre estratégias de leitura e as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná de Língua Portuguesa. Palavras-chave: Estratégias; Leitura; Contos.

ABSTRACT

This article describes and presents the results obtained in project implementation integrant of the Educational Development Program (EDP) aimed at elementary school students, 9th grade, Colégio Estadual Victor Nestor, in Pérola. This pedagogical intervention project had as theme the viability of the use of reading strategies capable of forming efficient readers and critics to understand the texts read from the study of short story, allowing the possibility of a critical position before the reading. How routing methodology of this work with the genre tale, it was proposed actions based on the theory of Isabel Solé on reading strategies and the Basic Education Curriculum Guidelines of the State of Paraná Portuguese Language.

Keywords: Strategies, Reading; Short stories.

Introdução:

Sabe-se que a leitura é importante para a vida e para formação intelectual dos

indivíduos na sociedade, pois traz benefícios inquestionáveis ao ser humano. Ela é uma

1 Professora de Língua Portuguesa e Inglesa na Rede Estadual de Ensino – Paraná; 2 Professor de Língua e Literatura Francesas (DLE - UEM), Mestre em Letras – Literatura (PLE-UEM), Doutorando em Letras – Literatura (PLE - UEM);

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forma de lazer e de prazer, de aquisição de conhecimentos e enriquecimento cultural, de

ampliação de condições, de convívio social e de interação. Além disso, a leitura tem

papel relevante para que os alunos compreendam a si mesmos e ao mundo que os cerca,

podendo interferir nas decisões e expressar seus pontos de vista.

Deve-se ainda considerar que a aprendizagem da leitura é base para a

aprendizagem de todas as disciplinas do currículo escolar e o seu desenvolvimento pode

contribuir, automaticamente, para o sucesso da escolarização.

A escola tem de ser um lugar privilegiado para estimular o gosto pela leitura,

mas infelizmente, as salas de aula não formam bons leitores. Os jovens se formam sem

entender os benefícios da leitura e acabam não se tornando leitores eficazes.

Frequentemente, professores se deparam com alunos com dificuldade de

interpretação em várias disciplinas do currículo, alunos que reclamam que não sentem

prazer no ato de ler.

Em nosso dia a dia, enfrentamos vários problemas em relação ao ensino e

aprendizagem da leitura, mas é possível fazer pequenas mudanças a fim de formar um

leitor ativo, que consiga extrair informações úteis dos textos e as aplique em suas

atividades cotidianas.

Para tentar amenizar essa questão, foram propostas atividades com o objetivo de

contribuir para formação de leitores críticos, por meio da leitura de contos, que

levassem o educando à construção de sentido do texto.

O material didático produzido durante a pesquisa foi desenvolvido segundo

ações de leitura baseadas na teoria de Isabel Solé sobre estratégias de leitura e nas

Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa do Estado do Paraná. De acordo com Solé

(1998), para que haja aprendizagem é necessário que o indivíduo possa fazer uma

representação do assunto proposto como objeto de aprendizagem. Sendo assim, o leitor

deverá atribuir significado ao elemento estudado, relacionando aquilo que já era

conhecido sobre o objeto ao que irá aprender.

Segundo a autora, leitura é um processo de interação entre leitor e texto (SOLÉ,

1998, p.22). É construída pelo ato de ler que envolve o leitor, o texto e o autor. O

significado que se atribui ao texto é o resultado de um diálogo entre texto e leitor, no

qual atuam um conjunto de estratégias, mediadas por conhecimentos prévios de quem

lê. É um processo complexo que vai além da decodificação de signos, requer

compreensão e inferência do leitor com o texto. Nesse sentido, a leitura é um conteúdo

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de ensino que, por sua complexidade, requer situações didáticas organizadas visando

aprendizagens significativas.

Chamamos de estratégias de leitura as formas empregadas pelo indivíduo para

realizar as tarefas de leitura. O trabalho com estratégias que englobam o antes, o durante

e depois da leitura devem esclarecer aos alunos os objetivos da leitura, para que os

mesmos possam selecionar, analisar e utilizar as habilidades e estratégias que estejam

de acordo com o solicitado. O educador instrui o estudante a organizar o seu próprio

pensamento, levando-o a se tornar cada vez mais independente no processo de ler e

aprender com um texto, ajudando na retomada e na reflexão sobre as relações

estabelecidas anteriormente, para auxiliar o aluno a desenvolver vários tipos de

atividades cognitivas, as quais permitirão ao discente criticar, elaborar opiniões, fazer

comparações, fazer conexões pessoais com outras obras, estabelecer a causa e o efeito

presentes no enredo da obra, considerar as intenções e pontos de vista do narrador do

conto e aplicar as informações novas, adquiridas com a leitura.

No processo de desenvolvimento e aplicação das estratégias de leitura, a autora

Isabel Solé afirma que o leitor deverá perceber que os propósitos do ato de ler diferem e

se constroem com base nos objetivos traçados por aquele que lê. Todo esse processo

possibilita ao estudante construir, gradativamente, suas próprias práticas de trabalho,

por meio do contato com os métodos praticados por outros alunos e pelo educador,

usando a diversidade de textos com os quais mantém contato.

Desenvolvimento:

Fundamentação teórica:

Durante muito tempo a educação brasileira preocupou-se em estudar e propor

métodos renovadores de alfabetização, pesquisas sobre hábitos e preferências de leitor e

discussões de problemas relativos ao ensino da literatura. Entretanto, com o

desenvolvimento das ciências da linguagem, a leitura ganhou lugar, libertando-se de

seus vínculos mais estreitos com a alfabetização e a aprendizagem da escrita, ampliando

seu âmbito de atuação e abrangência.

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Mesmo assim, evidenciaram-se, por meio de pesquisa, problemas particulares

aos educandos, referentes à leitura, tais como as deficiências do processo de

alfabetização nas escolas, a baixa quantidade de leitura dos textos em sala de aula e a

má qualidade do material a ser lido, além da dificuldade de integração dos meios de

comunicação de massa e tecnologias, que fizeram com que as pessoas deixassem a

leitura de livros de lado.

A leitura confundiu-se, por muito tempo, com a alfabetização do indivíduo. Ler

não é apenas decodificar sinais gráficos. A maior parte da população adulta é

funcionalmente analfabeta, não consegue ler com compreensão adequada e está

impedida de informar e de formar sua opinião sobre vários assuntos de seu interesse. É

buscando sanar tais deficiências que as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do

Estado do Paraná (doravante DCE’s) elucidam que:

[...] é preciso que a escola seja um espaço que promova, por meio de uma gama de textos com diferentes funções sociais, o letramento do aluno para que ele se envolva nas práticas de uso da língua. [...] Destaca-se que o letramento vai além da alfabetização. (DCE, 2008, p.50)

Enquanto a alfabetização é vista como aquisição da habilidade de codificar a

língua oral em escrita e decodificar a língua escrita em oral, o letramento é visto como o

desenvolvimento da leitura e da escrita, é o resultado da ação de ensinar e aprender as

práticas sociais de leitura e escrita, ou seja, o estado ou condição que adquire um

indivíduo ou um grupo social como consequência de ter-se apropriado da leitura e

escrita e de suas práticas.

Nesta perspectiva, o professor assume papel primordial no sentido de tentar

transformar esta pessoa alfabetizada em uma pessoa letrada, o que se dá por meio de

incentivos variados no que diz respeito à leitura de diversos gêneros textuais e também

da utilização de estratégias de compreensão de diferentes textos, em que várias

ferramentas possam ser utilizadas.

Mas, afinal, o que é leitura? Definir leitura não é uma tarefa fácil. A leitura pode

ser entendida convencionalmente como receber, tirar, transmitir conhecimentos, ou

ainda como a decifração da escrita, mas possui outro sentido que há muito tempo supera

esse pensamento inicial. A partir dos estudos sobre o processo de leitura, essa

concepção se expandiu em direção a uma visão interativa e dinâmica. Hoje, a leitura é

vista como uma atividade dialógica, um processo de interação que se realiza entre o

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leitor e o autor, mediado pelo texto, estando todos os elementos envolvidos situados em

determinado momento histórico-cultural.

AS DCE’s de Língua Portuguesa tratam a leitura como:

[...] um ato dialógico, interlocutivo. O leitor, nesse contexto tem um papel ativo no processo da leitura, e para se efetivar como co-produtor, procura pistas formais, formula e reformula hipóteses, aceita e rejeita conclusões, usa estratégias baseadas no seu conhecimento lingüístico, nas suas experiências e na sua vivência sócio-cultural. (DCE, 2008, p.71)

Percebe-se, portanto, que a leitura é muito mais do que a simples apropriação do

código: ela é uma atividade de recriação, de reconstrução de ideias e sentidos presentes

no texto através de marcas formais, deixadas pelo autor como pistas para reconstrução

do caminho que ele percorre durante a produção do texto. Já o leitor, enquanto sujeito

ativo, usa seu conhecimento de mundo, procura pistas formais, levanta hipóteses, aceita

ou rejeita conclusões, interage com a informação presente no texto para tentar chegar a

uma conclusão.

O leitor, à medida que lê, produz sua própria leitura a partir de suas experiências

e conhecimento de mundo, faz previsões e inferências, tenta perceber o sujeito presente

no texto e tomar uma atitude responsiva diante dele, dando sentido à sua leitura,

tornando-se crítico e atuante nas práticas do letramento da sociedade.

Assim sendo, cabe ao professor oportunizar o contato do aluno com a leitura de

modo a levá-lo a refletir sobre tais aspectos pensando o momento histórico em que os

textos foram produzidos, quais seus objetivos e meios de circulação, interagindo como

coprodutor do texto.

Com a prática de leitura procura-se formar leitores que consigam construir

significados para além da superfície do texto, observando as funções sociais da leitura e

da escrita nos mais variados contextos, a fim de levá-los a participar de múltiplas

práticas sociais.

As práticas sociais mobilizam diversas atividades de linguagem, que envolvem

diferentes maneiras de expressão, por via dos gêneros textuais que, segundo Bakhtin,

são tipos “relativamente estáveis” de enunciados que se caracterizam pelo conteúdo

temático, pelo estilo e pela construção composicional. O gênero é um instrumento que

utilizamos para nos comunicar, são de números infinitos, e que circulam em nossa vida

diária, em esferas sociais específicas.

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Tendo, ainda, como referência as DCE’s de Língua Portuguesa que propõem

como conteúdo estruturante o Discurso enquanto prática social e conteúdo específico

Contos, o tema proposto desse projeto é o uso das estratégias de leitura a partir do

gênero textual conto como meio de desenvolver a formação leitora.

O conto possui atributos que o diferenciam dos gêneros mais populares da

ficção e que vão além da definição de narrativa curta. O conto tem como objeto o estado

de tensão. Sem a subjetividade da poesia e o prosaísmo do romance, permite num grau

de total eficácia a invenção na linguagem e a possibilidade de reflexão do mundo

externo à obra, viabilizando o processo de humanização do leitor - como pretendido por

Antônio Cândido.

O conto é aquela obra que carrega mais de uma história: uma, a aparente, a que

está aos olhos de todos e a outra – ou outras – está por trás, nas entrelinhas: o que se

pode chamar de subtexto. Esse último requer, muitas vezes, uma considerável bagagem

literária para ser alcançado. É o que se pode rotular como enigma ou estranhamento –

aquilo que faz o leitor, logo após a leitura, intrigar-se, tendo a necessidade, ou mesmo a

vontade de reler o texto, pois ele compreende a história aparente, porém, finda-a com

certo incômodo por saber que há algo nela que está ali e não foi percebido, desvendado,

e que não se trata de uma alegoria, mas de uma história oculta.

Ricardo Piglia (2004), em sua “Tese sobre o conto”, absorve os ensinamentos

daqueles que o precederam, trabalhando diretamente com o que se esconde por trás da

história aparente. Sua teoria caminha junto com a teoria do iceberg, de Hemingway: a

verdadeira história está oculta no conto. Piglia afirma que o conto narra, em primeiro

plano, o que passa a chamar de história aparente, ocultando, em seu interior, a história

cifrada. Uma história visível esconde uma história secreta, narrada de modo elíptico e

fragmentário. “O efeito de surpresa se produz quando o final da história secreta aparece

na superfície”. (2004, p. 90)

Segundo Piglia, o conto é uma obra que abandona o final surpreendente e a

estrutura fechada. A tensão entre as duas histórias nunca é resolvida. Conta-se a história

secreta de modo cada vez mais disfarçado, fundindo-se ela com a história aparente. O

mais importante não se conta. A história secreta – o subtexto – constrói-se com o que

não se diz, com o subentendido.

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Metodologia:

Como encaminhamento metodológico deste trabalho com o conto, foram

propostas ações de leitura baseadas na teoria de Isabel Solé sobre estratégias de leitura

(1998). Segundo a autora, para que haja aprendizagem, é necessário que o indivíduo

possa fazer uma representação do assunto proposto como objeto de aprendizagem.

Sendo assim, o leitor deverá atribuir significado ao elemento estudado, relacionando

aquilo que já era conhecido sobre o objeto ao que irá aprender.

O significado de um texto está vinculado à aprendizagem significativa, que

ocorre quando se estabelecem relações entre os conceitos e os conhecimentos e

experiências já presentes no mediado. A aprendizagem é significativa, portanto, quando

a nova informação se relaciona com as informações já existentes.

A leitura deve envolver a compreensão, tornando-se, assim, um instrumento útil

para aprendizagem significativa:

Aprender algo equivale a formar uma representação, um modelo próprio daquilo que se apresenta como objeto de aprendizagem, também implica poder atribuir significado ao conteúdo em questão, em um processo que leva a uma construção pessoal de algo que existe objetivamente. (SOLÉ, 1998, p.44-45)

Na opinião da autora, para que a compreensão leitora se torne um instrumento,

esta deve envolver dois aspectos importantes. O primeiro seria a possibilidade de a

criança se apropriar dos significados oferecidos pelo texto e ir além deles, criando suas

próprias opiniões, ideias e significados. Já o segundo aspecto seria a percepção, por

parte do leitor, dos diferentes tipos de textos e gêneros existentes na realidade. Desse

modo, o leitor deveria saber qual texto utilizar, a fim de atingir os objetivos que almeja.

Implementação da produção didático-pedagógica:

Segundo Isabel Solé “[...] as estratégias de leitura envolvem a presença de

objetivos a serem realizados, o planejamento das ações que se desencadeiam para

atingi-los, assim como sua avaliação e possível mudança [...]” (1998). Tais

procedimentos são trabalhados em três momentos: antes, durante e depois da leitura

mesmo que, para a autora as fases possam se misturar, quando menciona que “não é

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possível estabelecer limites claros entre o que acontece antes, durante e depois da

leitura” (idem).

Desta feita, o material didático atendendo cada fase de sua implantação e tendo

em vista os objetivos a serem alcançados foi preparado pelo professor. A aplicação

ocorreu no segundo semestre do ano letivo de 2011 e foi desenvolvida a partir de

módulos, que se encontram em anexo a este artigo.

O primeiro módulo (anexo 1) foi desenvolvido para que os alunos tomassem

ciência sobre o trabalho pedagógico, bem como os objetivos e finalidade do mesmo.

Também foram levantados os conhecimentos prévios dos alunos sobre leitura e sua

compreensão e sobre o gênero textual conto, seguindo os preceitos de Solé, levando os

alunos a selecionar, analisar e utilizar as habilidades e estratégias que estejam de acordo

com o solicitado. Essas estratégias objetivaram fornecer aos alunos informações sobre o

que saber e o que fazer, conforme os elementos propostos.

O entendimento de um texto antes da leitura requer que os discentes usem seus

conhecimentos prévios que, para Kleiman (2002), são aquelas informações que o leitor

já tenha vivenciado, ou seja, adquirido ao longo da vida. Kleiman (2002) salienta, ainda,

que existem diversos níveis de conhecimentos trazidos pelo aluno que agem na

construção do processo de leitura. Tais conhecimentos seriam o conhecimento

linguístico, o conhecimento textual e o conhecimento de mundo, os quais auxiliam o

leitor a construir os sentidos do texto e a interagir com o mesmo.

Corroborando as afirmações da pesquisadora, foi possível observar, durante a

aplicação do módulo, que os alunos já tinham um bom conhecimento sobre leitura e

narrativa e que a partir desses conhecimentos poderia agregar outros que estavam

presentes nos módulos seguintes.

O segundo módulo (anexo 2) foi desenvolvido em torno de uma dinâmica de

grupo que permitiu aos alunos levantar seus conhecimentos prévios sobre o gênero

textual conto, a socialização de contos levados pelo professor e lidos, primeiramente,

em voz alta por um aluno para compartilhar as primeiras impressões sobre conto.

Depois cada aluno leu silenciosamente outros contos, com os quais foram feitos, com a

mediação do professor, comentários sobre a estrutura, os elementos dos contos, os

sentimentos provocados, a história sem contar o final do conto.

Em virtude disso, foi proposta a leitura de “O conto se apresenta” de Moacir

Scliar, ainda se baseando nas assertivas de Solé (1998, p.118), a formulação de

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perguntas e de previsões sobre o que foi lido, o esclarecimento de possíveis dúvidas,

assim como o resumo de ideias contidas no texto.

Desta feita, são as ações de leitura realizadas nesse momento permitiram que os

alunos fizessem inferências sobre o texto lido, ou seja, que busquem informações que

não se encontram explícitas, mas sim nas entrelinhas.

O terceiro módulo (anexo 3) se iniciou com a motivação para a leitura,

determinação dos seus objetivos, ativação dos conhecimentos prévios sobre o conteúdo

do texto, a partir do título do conto, e levantamento de hipóteses do que trataria o texto.

Antes que a leitura se efetivasse, foi feita uma dinâmica indicando a temática do texto

aos alunos, para que pudessem relacioná-la com suas experiências e recuperar na

memória informações que já tinham sobre a temática. Os alunos relacionaram a palavra

“clandestina”, com algo ilegal, fora da lei e chegaram à conclusão de que o conto

trataria de uma felicidade que prejudicaria alguém.

Em um segundo momento, a leitura foi marcadamente silenciosa, para em

seguida ser compartilhada, feita em voz alta pelo professor e aluno com momentos de

interrupção para recapitular, verificar hipóteses levantadas, estabelecer previsões,

formular perguntas e esclarecer possíveis dúvidas (Solé, 1998, Kleiman, 2002).

Após essas etapas, foram feitas atividades para verificarem a compreensão dos

alunos e a confirmação ou não de suas expectativas sobre a leitura, com participação

satisfatória de todos.

As atividades que seguiram “Pensando e buscando no conto” e “Trazendo para

vida”, levaram os alunos a refletir sobre a leitura e contextualizar a temática do conto,

melhorando, assim, a sua compreensão leitora e sua análise crítica do assunto abordado.

Foram selecionados alguns aspectos sobre o uso da língua para que os educandos

pudessem analisá-los e compreendê-los de forma contextualizada.

Foi relevante complementar essa proposta colocando os alunos em contato com

narrativas presentes em outro gênero textual, como a crônica “Felicidade Realista” da

escritora Martha Medeiros, que possibilitou a ampliação de conhecimento sobre a

temática e outro posicionamento sobre o mesmo assunto. As leituras se tornaram

interessantes e instigaram a vontade dos alunos vez que mexeram com o psicológico e

emocional desses, aguçando a curiosidade e reflexão sobre a temática e observaram a

sua atemporalidade.

O quarto e último módulo (anexo 4) seguiu a mesma estrutura anterior.

Motivados, os alunos ativaram seus conhecimentos prévios e levantaram hipóteses a

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partir do título do conto “A Caolha”. Os alunos fizeram a descrição de uma pessoa com

tal deficiência visual e sugeriram o assunto que o conto abrangeria, como dificuldades

que uma pessoa encontra para viver socialmente enxergando com apenas um olho.

Após essa discussão os alunos iniciaram a leitura a qual, sempre que necessário, foi

interrompida para que fosse feita recapitulação, verificação das hipóteses levantadas e

novas previsões (Solé, 1998; Kleiman, 2002).

Durante a leitura, os alunos esboçaram seus sentimentos de nojo, pena, raiva e

compaixão, participando efetivamente da leitura. Os alunos também perceberam que o

texto retrata uma época um pouco distante e que mesmo assim sua temática é atual e

compararam-na com duas novelas, que até então, eram apresentadas pela mídia.

Puderam constatar que os fatos vividos pelos personagens são possíveis de acontecerem

na vida de qualquer ser humano independentemente de tempo e lugar.

Para ilustrar melhor o conto os alunos assistiram a um vídeo representado pela

atriz Marília Pêra. Foi um dos momentos mais agradáveis para os alunos. Eles se

encantaram ao assistir a atriz contando a narrativa com tanta expressividade e

caracterizada como a personagem caolha. Em seguida, foram analisados os elementos e

a estrutura do conto nos quais os alunos puderam analisar os personagens, o enredo e a

sequência dos fatos narrados.

Oportunizou-se então aos educandos uma compreensão e interpretação ampla e

profunda do conto com o intuito de levar os alunos a pensar, refletir, fazer inferências,

estabelecer relações dialógicas dando condições a eles de posicionar consciente e

criticamente perante a leitura.

Foi relevante complementar esta proposta colocando os alunos em contato com a

reportagem “Brincadeira sem Graça”, com depoimentos de pessoas que sofreram

bullying quando eram crianças. Os alunos ficaram surpresos com os depoimentos que

eles leram e puderam constatar o sofrimento que o ser humano enfrenta ao deparar-se

com determinada situação. Dessa forma, esta atividade propôs reflexões e enriqueceu

este trabalho.

Conclusão

Se, por um lado, o trabalho resultou em visível melhora na capacidade de leitura

dos alunos, sua discussão em aberto com professores da Rede Estadual de Ensino do

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Estado do Paraná que compuseram o curso do GTR- Grupo de Trabalho em Rede

puderam conhecer, discutir e acompanhar a aplicação do projeto. O objetivo foi

proporcionar aos professores da Rede Pública Estadual subsídios teórico-metodológicos

que viessem a redimensionar suas práticas pedagógicas através do desenvolvimento de

ações educacionais sistematizadas, caracterizando-se pela interação virtual entre o

professor PDE e os demais professores da Rede Pública Estadual.

Durante as postagens das atividades do fórum e diário pode-se concluir que as

estratégias de leitura do antes, durante e depois da leitura são muito válidas e

interessantes, que motivam o aluno à leitura, que permitem uma compreensão bem clara

do tema, da ideia principal e o gênero proposto e, que, além disso, a temática faz-nos

refletir sobre o cotidiano dos alunos e permite discussões a cerca do comportamento

humano.

Destaca-se, aqui, o relato da professora Rosangela Aparecida Scaloni

Vendaramini:

O desenvolvimento da leitura é essencial na escola como um todo, não só na aulas de Língua Portuguesa, mas também em todas as disciplinas. Afinal, a leitura está presente em qualquer área. Vivenciamos, com frequência, colegas de trabalho buscando formas de fazer com que seus alunos leiam mais e com qualidade, ou seja, que sejam capazes de compreender o que estão lendo. Um projeto dessa natureza só tem a contribuir para o universo escolar.

O uso de vídeos, que reproduz a história apresentada pelo conto, foi apreciado

pelos professores. Segundo eles, tal ferramenta auxilia a compreensão dos contos lidos e

chamam atenção do aluno. O desinteresse que alguns alunos apresentam em relação à

leitura e o seu desempenho nas avaliações nacionais também foram mencionados, o que

aponta para uma deficiência em leitura e interpretação de textos.

Pôde-se constatar, também, que todos os professores reconhecem e valorizam a

leitura, que o desenvolvimento da leitura é essencial na escola como um todo, não só

nas aulas de Língua Portuguesa, mas também em todas as disciplinas, que ampliam

nossos conhecimentos nas mais variadas dimensões, desenvolvem nossa criatividade,

nos faz entender melhor o mundo e as ideologias, e nos abre espaços para compreender

o que, muitas vezes está nas entrelinhas e, que pequenas ações podem contribuir com o

despertar da consciência leitora e desenvolver o hábito e o gosto pela leitura.

A partir dos estudos realizados sobre leitura, estratégias de leitura e formação

leitora construiu-se um material didático que buscasse alternativas para contribuir com a

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solução de tais problemas bem como para a melhoria da formação profissional dos

educadores da Rede Pública Paranaense.

Nesse sentido, assegura-se que as estratégias de leitura utilizadas no decorrer do

processo de implantação do material didático, mostraram-se bastante significativas.

Por meio de um processo de formação leitora, foi possível ensinar aos

educandos novas formas de ler, desde a motivação, o levantamento de conhecimentos

prévios e elaboração de hipóteses. Durante a leitura compartilhada foi possível realizar

o diálogo com o texto, o mundo e a cultura na qual o aluno está inserido, fazendo

inferências sobre o que foi lida e logo após, atividades de reflexão sobre as relações

estabelecidas anteriormente, compreendendo o tema, as ideias principais e secundárias,

permitindo ao educando a elaboração de opiniões e comparações.

Desse modo, a prática da leitura produziu sentido e sua produção de significados

resultou no entendimento do texto lido, por meio da utilização das estratégias

empregadas pelo leitor e de acordo com os objetivos que ele desejou alcançar ao ler.

A implantação mostrou que, quando se prepara atividades que favorecem o

desenvolvimento das estratégias de leitura, essas práticas compartilhadas pelo grupo

abrem as portas da sala de aula para uma práxis pautada no diálogo e, por conseguinte,

na escuta em que todos os envolvidos eram importantes e responsáveis pela

compreensão alcançada. Tal fato indicou aos alunos que podemos interagir com os

outros, possibilitando assim momentos de ouvir e sermos ouvidos.

Além disso, as estratégias de leitura ajudaram a inserir a maioria dos alunos nas

discussões e propiciaram a percepção de que todos os leitores envolvidos podem servir

de modelos de leitura, não somente o professor, pois “aprende-se a ler, lendo, vendo

outras pessoas lerem, tentando e errando, sempre guiados pela busca do significado ou

pela necessidade de produzir algo que tenha sentindo” (SOLÉ, 1998, p. 61).

Em síntese, ao conciliar a leitura de contos com a teoria das estratégias de leitura

de Isabel Solé (1998), fez-se com que os educandos desenvolvessem e usassem seus

procedimentos mentais e, ao mesmo tempo, ampliassem a sua compreensão, já que

conseguiram entender os textos lidos.

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Referências:

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KLEIMAN, A. Texto e Leitor: Aspectos cognitivos da leitura. Campinas: Pontes, 2002; MORICONI, I. Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, c2000. 618 p.

MENEGASSI, R. J. Leitura e Ensino. Maringá: EDUEM, 2005;

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação, Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Língua Portuguesa. Curitiba: 2008;

PIGLIA, R. Formas Breves. São Paulo: Companhia das Letras, 2004;

SILVA, E. T. A produção da leitura na escola, Pesquisas x Propostas. São Paulo: Ática, 2005;

SILVA, E.T.; ZILBERMAN, R. (org.). Leitura Perspectivas Interdisciplinares. São Paulo: Ática, 2005;

SILVA, I. M. M. Literatura em sala de aula: da teoria à prática escolar. Recife: Programa de Pós-Graduação da UFPE, 2005;

SOLÉ, I. Estratégias de leitura. Porto Alegre: Artmed, 1998.

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ANEXOS:

Anexo 1:

MÓDULO 1 -

INTRODUÇÃO

Caro aluno, este trabalho pedagógico tem como finalidade usar estratégias que

os levem as melhorar a compreensão de suas leituras. Para o uso dessas estratégias

foram escolhidos alguns contos que espero que contribuam com sua formação leitora.

- O que é leitura para você?

- Você se considera um bom leitor?

- Por que e para que lemos?

- Quando você lê usa alguma estratégia de leitura para melhor compreender o

texto?

Anexo 2:

MÓDULO 2 -

1- DENTRO DO CONTO TEM...

Vamos agora ativar o conhecimento prévio textual sobre contos e introduzir

mais conhecimentos sobre esse gênero, além de despertar a curiosidade para leitura de

outros.

Motivação e ativação dos conhecimentos prévios

- Você sabe o que é conto?

- Você já ouviu ou leu algum conto?

- Quais contos você costumava ler ou ouvir quando era pequeno?

- Quais eram os personagens dos contos que você se lembra? Tente descrevê-los.

- O que é necessário para que haja um conto?

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ELEMENTOS DO CONTO

Agora, cada aluno escolha um conto dos que estão no centro do círculo, para ser

lido silenciosamente. Após a leitura silenciosa, um aluno lerá em voz alta o conto

selecionado, para que sejam levantados, em conjunto, os seguintes elementos:

Titulo

do

Conto

Autor Personagens Espaço Tempo Enredo

Vamos ler novamente em silêncio o conto que cada um escolheu e identificar os

mesmos elementos.

ESTRUTURA DO CONTO

Anote, aqui, resumidamente, a estrutura do seu conto.

-

Apresentação:___________________________________________________________

______________________________________________________________________

- Conflito:______________________________________________________________

______________________________________________________________________

- Clímax:_______________________________________________________________

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______________________________________________________________________

- Desfecho:_____________________________________________________________

______________________________________________________________________

- Como o conto começa?

- Em que momento surge algum problema?

- Qual é o momento de maior apreensão, tensão?

- Como termina o conto?

PUXANDO OUTRO CONTO

Motivação, ativação dos conhecimentos prévios e previsões sobre a leitura

- Alguém aqui já contou alguma história?

- Como que você imagina que surgiu o conto?

- Você já contou ou escreveu algum conto?

Vamos ler um conto chamado de “O conto se apresenta” de Moacyr Scliar que

foi um grande escritor brasileiro, nascido em Porto Alegre, no dia 23 de março de 1937

e que faleceu este ano no dia 27 de fevereiro. Formou-se em medicina trabalhou como

médico especialista em saúde publica e professor universitário. Publicou mais de setenta

livros, entre crônicas, contos, ensaios, romances e literatura infanto-juvenil.

- O que será que esse texto irá nos apresentar?

O CONTO SE APRESENTA

Para ler o conto

acesse:http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=19003

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Anexo 3:

MÓDULO 3 -

TEXTO 1:

FELICIDADE CLANDESTINA

ANTES DA LEITURA

O conto que leremos, Felicidade Clandestina, é muito interessante e apaixonante,

é de uma escritora ucraniana, naturalizada brasileira. Após a leitura do conto saberemos

um pouco da época e o lugar em que Clarice Lispector viveu, bem como alguns

aspectos de sua vida.

Motivação e ativação do conhecimento prévio:

- O que será que este título quer dizer?

- O que é felicidade para você?

- Todos sabem o significado da palavra clandestina?

- Por que será que essa felicidade é clandestina?

Vocês, agora, vão receber um papel em branco. Vocês irão desenhar, nesse

papel, o que significa felicidade clandestina para cada um. Qual a imagem que vem a

sua mente quando se fala nisso?

Estabelecer previsões sobre o conto

- Se o nome do conto é Felicidade Clandestina, o que você acha que vai

encontrar no conto?

- Se você fizesse um conto com esse nome, o que você escreveria no texto?

DURANTE A LEITURA.

Apresentação do texto, leitura silenciosa e leitura compartilhada

FELICIDADE CLANDESTINA

Para ler o conto acesse:

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http://grupocontoaconto.blogspot.com/2007/11/felicidade-clandestina.html

Clarice Lispector

Nasceu na Ucrânia. Quando veio ao Brasil tinha apenas dois meses de idade. Ela,

juntamente com sua família, chega em março de 1922, em Maceió. Em 1924 a família

mudou-se para o Recife. Aos nove anos, perdeu a mãe. Três anos depois, transferiu-se

com seu pai e suas irmãs para o Rio de Janeiro. Em 1939 Clarice Lispector ingressou na

faculdade de direito, formando-se em 1943, ano em que se casou com o diplomata

Maury Gurgel Valente, com quem viveria muitos anos fora do Brasil. O casal teve dois

filhos, Pedro e Paulo. Seu primeiro romance foi publicado em 1944, "Perto do Coração

Selvagem". No ano seguinte a escritora ganhou o Prêmio Graça Aranha, da Academia

Brasileira de Letras. Dois anos depois publicou "O Lustre”. Separada de seu marido,

radicou-se no Rio de Janeiro. Em 1960 publicou seu primeiro livro de contos, "Laços de

Família", seguido de "A Legião Estrangeira" e de "A Paixão Segundo G. H.",

considerado um marco na literatura brasileira. Em 1967 Clarice Lispector feriu-se

gravemente num incêndio em sua casa, provocado por um cigarro. Sua carreira literária

prosseguiu com os contos infantis de "A Mulher que matou os Peixes", "Uma

Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres" e "Felicidade Clandestina". Nos anos 1970

Clarice Lispector ainda publicou "Água Viva", "A Imitação da Rosa", "Via Crucis do

Corpo" e "Onde Estivestes de Noite?". Reconhecida pelo público e pela crítica, em 1976

recebeu o prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal, pelo conjunto de sua obra.

No ano seguinte publicou "A Hora da Estrela", seu ultimo romance, que foi adaptado

para o cinema, em 1985. Clarice Lispector morreu de câncer, na véspera de seu

aniversário de 57 anos.

DEPOIS DA LEITURA

- A felicidade clandestina sugerida no conto é como você pensava?

- Como você define felicidade. Depois da leitura do conto você mantém a

mesma definição sobre felicidade?

- Há palavras ou expressões no texto que você desconhecia? Você consegue

apreender seu significado a partir do texto?

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ATIVIDADES ESCRITAS

1- ANALISANDO OS ELEMENTOS E A ESTRUTURA DO CONTO

O texto Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector, é um exemplo de conto,

texto narrativo curto, de caráter ficcional, que ocorre em um curto espaço de tempo,

com a participação de poucos personagens, e se organiza a partir de um conflito, fato

que desencadeia uma tensão que organiza os fatos.

Com base nessas informações e as adquiridas nas aulas anteriores responda:

a) Quais são os personagens e como são caracterizados?

b) O conto apresenta três

personagens um protagonista, um

antagonista e outro secundário.

Identifique-os.

_____________________________________

________________________________________

________________________________________

________________________________________

________________________________________

Protagonista ou personagem principal: personagem mais

importante da obra, no qual a história gira em torno dele.

Geralmente é o herói.

Antagonista: personagem que rivaliza o protagonista, quase

sempre batalha com o mesmo. Geralmente é o vilão.

Coadjuvante ou personagem secundário: é o personagem

que ajuda o protagonista. A importância dele pode variar

dependente da obra.

c) Onde e quando se passam os fatos?

d) De acordo com a estrutura do conto, ele pode ser divido em quatro partes.

Identifique os parágrafos correspondentes a cada uma das partes:

- Apresentação:________________________________________________

- Conflito:_____________________________________________________

- Clímax:______________________________________________________

- Desfecho:____________________________________________________

2- PENSANDO E BUSCANDO NO CONTO

a) Que características interiores, psicológicas, podemos enxergar na filha do

dono da livraria?

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b) A menina prometeu o livro para o dia seguinte. Transcreva do texto o trecho

que mostra como a protagonista se sentia nessa espera pelo “dia seguinte”.

c) “Dessa vez nem caí... andei pulando pelas ruas como sempre e não caí

nenhuma vez.”

Por que, por duas vezes, ela faz questão de dizer que não caiu?

d) Transcreva do oitavo parágrafo o trecho onde fica evidente que a tortura

psicológica não era uma coisa improvisada.

e) “Ela nos espiava em silêncio: a potência da perversidade de sua filha

desconhecida...”

Por que filha desconhecida?

f) Assim que recebeu o livro, o que fez a menina?

g) Nos três últimos parágrafos, temos a menina em casa, de posse do livro.

Como foram aqueles momentos?

h) Pela leitura do conto, podemos perceber que para cada uma das personagens

o livro tinha um significado diferente. O que representava o livro para filha do dono da

livraria e o que representava para narradora?

i) O conto deixa claro o sentimento da narradora em relação ao livro. E a filha

do dono da livraria que motivos a levaram a agir dessa maneira? Observe como a

narradora a descreve no início da narrativa.

3- TRAZENDO PARA VIDA

a) O que é crueldade para você?

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b) Você conhece o sentimento amor? Tente defini-lo. Você exerce esse

sentimento por algo ou alguém?

c) Assim como a personagem do conto, cada um de nós possui uma história de

leitura, positiva ou não. Como é a sua história com a leitura?

4- REFLETINDO SOBRE O USO DA LÍNGUA

Quem conta a história e chamado de narrador.

Narrador em 1ª pessoa: é um narrador-personagem que participa da história.

Narrador em 3ª pessoa: tem narrador-observador que não participa da história,

limita-se a contar o que vê e o narrador-onisciente e aquele que tudo sabe, expondo o

universo emocional, psicológico dos personagens.

a) Classifique o tipo de narrador do conto e justifique com alguns exemplos de

verbos.

b) Adjetivo e uma palavra que caracteriza um substantivo. De acordo com o

texto lido, coloque os adjetivos abaixo correspondentes a cada personagem.

- Narradora:______________________________________________________

- Filha do dono da livraria:__________________________________________

c) O texto é fortemente marcado por marcas temporais, caracterizando o

chamado tempo cronológico. Retire do texto palavras que marcam essa temporalidade.

d) No último parágrafo há uma figura de linguagem denominada personificação,

que consiste na atribuição, a objetos inanimados ou seres irracionais, sentimentos ou

ações próprias do seres humanos. Tente descobrir em que o livro (objeto inanimado) se

transforma para narradora.

PUXANDO OUTRO TEXTO

FELICIDADE REALISTA

http://www.nossosaopaulo.com.br/Reg_SP/Barra_Escolha/A_Felicidade_Realista.htm

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Após a leitura e discussão sobre felicidade, leia o que a escritora gaúcha, Martha

Medeiros, escreveu sobre felicidade e discuta com seus colegas se você concorda com

ela.

Martha Medeiros (1961) é gaúcha de Porto Alegre, onde reside desde que nasceu. Fez

sua carreira profissional na área de Propaganda e Publicidade, tenho trabalhado como

redatora e diretora de criação em várias agências daquela cidade. Em 1993, a

literatura fez com que a autora, que nessa ocasião já tinha publicado três livros,

deixasse de lado essa carreira e se mudasse para Santiago do Chile, onde ficou por oito

meses apenas escrevendo poesia.

De volta ao Brasil, começou a colaborar com crônicas para o jornal Zero Hora,de

Porto Alegre, onde até hoje mantém coluna no caderno ZH Donna, que circula aos

domingos, e outra — às quartas-feiras — no Segundo Caderno. Escreve, também, uma

coluna semanal para o sítio Almas Gêmeas e colabora com a revista época. A autora

é casada e tem duas filhas.

ATIVIDADE COMPLEMENTAR

Acesse o site: <http://www.youtube.com/watch?v=MeJwrxTxl2c&feature=related>

para assistir ao curta-metragem do conto Felicidade Clandestina, produzido por alunos

do Ensino Médio. Você vai curtir muito!

Anexo 4:

MÓDULO 4 -

TEXTO 2:

A CAOLHA

ANTES DA LEITURA

Vamos, agora, ler e estudar outro conto chamado “A Caolha”. É um texto muito

comovente da escritora Júlia Lopes de Almeida.

Motivação e ativação do conhecimento prévio:

- A que nos remete o título do conto?

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- Como podemos descrever uma pessoa caolha?

- Você conhece alguém que enxergue apenas com um olho? Ela sofre algum tipo

de preconceito?

Estabelecer previsões sobre o conto

- Sobre o que falaríamos num conto chamado “A Caolha”? Quais são suas

expectativas sobre o tema?

- Você já leu alguma história sobre uma pessoa com deficiência visual?

DURANTE A LEITURA

Apresentação do texto e leitura compartilhada

A CAOLHA

Disponível no site: http://www.quemtemsedevenha.com.br/caolha.htm

Júlia Valentina da Silveira Lopes de Almeida – nascida e falecida no Rio de Janeiro

(1862-1934) – autora de vários romances, contos e peças teatrais, além da intensa

atividade jornalística nos periódicos da época, é um exemplo de intelectual preterido

pela crítica. Viveu parte da infância em Campinas, S.P. Onde estreou sua carreira de

escritora, em1881, escrevendo na Gazeta de Campinas. Desde cedo mostrou forte

inclinação pelas letras, embora no seu tempo de moça não fosse de bom-tom nem do

agrado dos pais, uma mulher dedicar-se à literatura. Em 28/11/1887 casou-se com um

jovem escritor português, Felinto de Almeida, Sua produção literária foi vasta, mais de

40 volumes abrangendo romances, contos, literatura infantil, teatro, jornalismo,

crônicas e obras didáticas. Em sua coluna no jornal, O Pais, durante mais de 30 anos,

discutiu variados assuntos e fez diversas campanhas em defesa da mulher.Foi

presidenta honorária da Legião da Mulher Brasileira, sociedade criada em 1919; e

participou das reuniões de formação Academia Brasileira de Letras da qual ficou

excluída por ser do sexo feminino.

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Para ajudar na compreensão do texto, vamos assistir ao conto representado pela

expressiva atriz Marilia Pera disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=BX9v2T7j36w

DEPOIS DA LEITURA

- Qual o assunto do conto?

- Suas expectativas foram confirmadas? Por quê?

- O título do conto e pertinente em relação às idéias apresentadas no conto?

- Que palavras vocês não conseguiram entender o significado?

- Este fato é possível de acontecer apenas na ficção, ou pode acontecer também

na vida real?

ATIVIDADES ESCRITAS

1- ANALISANDO OS ELEMENTOS E A ESTRUTURA DO CONTO

a) Quais são os personagens envolvidos na história e como são caracterizados?

b) Onde acontecem os fatos narrados?

c) Qual é o tempo de duração dos fatos relatados no conto?

d) Numere, de 1 a 5, colocando em ordem a sequência dos fatos do conto “A

Caolha”, formando assim o enredo do texto.

( ) O menino, com o tempo, percebe que é motivo de chacotas e ironias, devido a um

terrível defeito no olho de sua mãe.

( ) Ele se arrepende e quando vai pedir perdão, com a madrinha, descobre que ele tinha

sido quem a deixou caolha quando ele era apenas uma criança.

( ) Ao descobrir-se apaixonado, resolve afastar-se de sua mãe, segundo exigência de

sua namorada para tê-la como esposa.

( ) A mãe lavadeira, zela pela casa e tem no único filho, Antonico, a razão de sua vida.

( ) A mãe reage expulsando o rapaz de casa.

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2- PENSANDO E BUSCANDO NO CONTO

a) A descrição física da caolha está bem clara e evidente. Tente por meio das

ações da personagem, ou do que o narrador diz sobre ela, identificar algumas

características psicológicas.

b) Qual é o papel da descrição no desenvolver dessa narrativa?

c) De acordo com o conto, qual era a condição social dos personagens?

Comprove com fragmentos do texto.

d) “Daquele filho vinha-lhe todo bem e todo mal.” Como era o relacionamento

entre mãe e filho?

e) Como as pessoas se comportavam mediante os atributos da caolha?

f) Como Antonico regia aos insultos sofridos fora de casa?

g) Por que Antonico quis separar-se de sua mãe?

h) No final do conto a mulher desprovida de um olho, conseguiu realmente ver.

Em que momento ela se rebelou? Por quê? Qual atitude foi tomada pela mãe?

i) A história retrata um conflito marcado pelo sofrimento financeiro e emocional

vivido pelos personagens. Identifique-os.

3- TRAZENDO PARA VIDA

a) Você se sente vítima de algum tipo de preconceito? Em caso afirmativo, como

você reage a essa situação?

b) Que outros tipos de preconceito você conhece além do que aparece no texto?

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c) O amor é elemento necessário ao ser humano, independentemente da cultura

ou sociedade em que está inserido. Você concorda ou discorda com essa afirmação?

Justifique.

d) Você já ouviu falar em amor incondicional? Discuta com seus colegas esse

tema e tente defini-lo.

4- REFLETINDO SOBRE O USO DA LÍNGUA

a) Que tipo de narrador o conto “A Caolha” apresenta? Justifique sua resposta.

b) De acordo com o texto lido, aponte os adjetivos referentes a cada substantivo

pertencentes à personagem caolha:

Mulher:_____________________________Unhas:_______________________

Peito:______________________________Cabelo:______________________

Busto:______________________________Boca:_______________________

Braços:_____________________________Pescoço:_____________________

Mãos:______________________________Dentes:______________________

c) Comparação é uma figura de linguagem que consiste em atribuir

características de um ser ou objeto a outro, em virtude de uma determinada semelhança,

feita por meio de um conectivo. Ex: “Esta laranja está doce como mel”. Identifique

no texto o emprego dessa figura de linguagem.

d) No conto “A Caolha” há a presença do discurso direto e indireto. Retire do

conto dois exemplos de discurso direto e dois exemplos de discurso indireto.

e) Nesse conto há também o uso do discurso indireto livre. No trigésimo sétimo

parágrafo está bem evidente o seu uso. Transcreva-o.

PUXANDO OUTRO TEXTO

Sabe aqueles apelidos e comentários maldosos que circulam entre os alunos?

Consideradas "coisas de estudante", essas maneiras de ridicularizar os colegas podem

deixar marcas dolorosas e por vezes trágicas. Isso é chamado de bullying. Esse

fenômeno começou a ser observado nos anos 1970 e um dos conjuntos de notas que

compõem a seção Guia, VEJA lista uma série de sintomas diagnosticados por

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especialistas em vítimas do bullying. Vamos fazer uma reflexão sincera sobre como

essa prática prejudica o desenvolvimento psíquico de crianças e adolescentes, derruba a

autoestima dos adultos e pode até levar ao suicídio.

BRINCADEIRA SEM GRAÇA

Para ler a reportagem acesse: http://veja.abril.com.br/080206/p_098.html