Estetica.foto.2014

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Fotografa

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Fotografia

FotografiaParadoxoSusan Sontag percebeu que, apesar de passados vrios sculos, a humanidade ainda viveria na caverna platnica

O que isso que dizer?

No se esqueam de que o mundo em que vivemos, de acordo com Plato, seria a cpia, a imagem de outro mundo o mundo das ideia, o mundo perfeito. Portanto, viveramos observando cpias, elementos segundos em relao a algo primeiro. Exemplo: a cadeira que tocamos agora seria apenas uma duplicata, uma cpia, isto , uma imagem imperfeita e perecvel de outra cadeira esta sim, real e perfeita e imperecvel, existenta no mundo original.Tem maisNo que diz respeito s artes, pensemos aqui nas artes visuais, especialmente na pintura, elas seriam uma cpia da cpia. Da seguinte forma: temos a cadeira original do mundo primeiro (das ideias) que, por sua vez, replicada aqui, no nosso mundo (o perecvel). Ora, quando um pintor pinta a cadeira que ele v aqui, no nosso mundo, ele estaria, portanto, fazendo uma cpia de uma cpia!!Ponto importanteNos sculos XX (quando ela escreveu) e no XXI, mais do que nunca, temos uma relao com a realidade objetiva marcada pela mediao das imagens

Pensar na nossa poca significa, em certa medida, observar o modo como a realidade posta em imagensPeculiaridadePeculiaridade que, no presente, essa relao se tornou mais intensa, ou melhor, mais densa, mais visceral

Problema: ser educado por fotos no a mesma coisa do que ser educado por imagens antigas (por pinturas, por exemplo)

A fotografia foi uma condio do sculo XX e o modo como ela incide sobre nossa percepo diferente do modo como pinturas clssicas incidiam sobre a percepo de homens e mulheres na Idade Mdia

Novo cdigo visualCria um novo cdigo visual e, por isso, afeta nossa percepo = o que vale a pena ser visto e fotografado? (Barthes)

Pensar a linguagem como uma artefato humano que afeta nossos sentidos. Cinema (e suas imagens em sequncia). No incio, as pessoas saiam da sala de exibio ou pulavam de suas cadeiras, quando o trem vinha em sua direo!

Novo cdigo visual = uma nova maneira de ver diferente, por exemplo, da pintura ImportanteNovo cdigo visual

Afeta percepo

Prope novas questes: o que vale a pena ser visto e, por isso, fotografado?Contexto: capitalismoNasce no auge do capitalismo: explorao e aquiso (lucro)

Aquisio de lucro no pode ser pensada apenas em termos economicos. Ela se reflete no prprio olhar que fotografa = insaciabilidade do olhar

Fazer do mundo uma espcie de coleo de imagensTrocando em midosO nosso desejo por dinheiro e lucro se faz traduzir em nosso desejo por imagens, por conquistar o mundo no apenas na sua dimenso econmica, mas tambm simblica (as imagens)

Iremos descontruir o aspecto unilateral dessa viso mais tardeApropriaoFotografar apropriar-se da coisa fotografada, estabelecendo uma espcie de caa com o objeto ou a pessoa que se fotografa

Ela sempre traz consigo uma dimenso de certa conquista do objeto ou do sujeito fotografadoDas caractersticasOra, mas pensemos agora no apenas nas relaes que se estabelecem entre ns e a realidade por meio da fotografia e que j so perpassadas pelo poder; pensemos, agora, nas prprias caractersticas da fotografia que conferem a ela por sua prpria natureza certo poderPedaos do mundoOra, quando temos uma pintura ou um ensaio sobre algum, tais coisas se apresentam como uma interpretao

O ardil fotogrfico consiste em que ela se apresenta como um verdadeiro pedao do mundo

TestemunhoOra, se as fotos se apresentam como um pedao do mundo, elas tendem a fornecer um testemunho Rua do Ouvidor, Rio, Sculo XIX

Em grande medida, no se percebe que a fotografia, enquanto signo, est sujeita interpretao do olhar de quem fotografa e, no presente, est cada vez mais sujeita manipulao por meio das novas tecnologiasPoder incriminadorTendo em vista seu carter testemunhal, os fotos tm poder incriminador e passam a ser usadas pela prpria polcia parisiense contra os revolucionrios da Comuna de Paris, em 1871

Estado: vigilncia e punioNesse sentido, a fotografia passa a ser usada pelos aparelhos de vigilncia e punio do Estado Moderno contra pessoas concebidas como marginais, acusados de crimes, sedio etcFotos de presos

Jornais

Presuno de verdadeH na fotografia uma espcie de presuno de veracidade que lhe confere autoridade, como um objeto que traz na sua pelcula o real na sua mais pura transparncia

Mais uma vez: um pedao do real

A poltica da imagem!Mas sabemos que a dose de subjetividade na fotografia pode ser to dramtica quanto na pintura!

A posio (espacial mesmo) de um (a) fotgrafo diante de um evento poltico , aqui, to poltica (ou mais!) que o prprio evento!!Projeto sobre SeguranaO projeto levado a cabo por vrios fotgrafos mostrou claramente o bvio: que a fotografia seleo, construo parcial, subjetiva de cada fotgrafo

ngulo, luminosidade, tipo de lente, posio etc etc etc expressam a viso subjetiva do fotografo

Crnica visual e nostalgiaComemorao de conquistas, batizados, noivados e cerimnias

Conjunto de imagens que narra a prpria saga burguesa = rito de vida em famlia

Famlia nuclear clssica estava em perigo com o processo de industrializao

FundamentalPela primeira vez, com a convergncia digital, houve a possibilidade de que os segmentos sociais mais baixos lanam mo da fotografia para narrar visualmente suas prprias histrias

Pela primeira vez, populao narra sua prpria crnica de vida

ReflexoSelf, arbtrio do Estado e Luciano HulkFoto e turismo: atestar experinciaFotos oferecem provas incontestveis de que a viagem se realizou

Um modo de atestar a experincia, tirar fotos tambm um modo de recus-la ao limitar a experincia a uma busca do fotognico, ao converter a experincia em uma imagem, um souvenir (S. Sontag)

O senso da situao se articula com a posse da cmera: a melhor situao aquela que melhor se transforma em imagemFacebookEsta relao com a imagem fotogrfica no turismo parece ter sido elevada milsima potncia com o Facebook a experincia humana formatada na sua relao com a estilizao da imagem. O momento pose!No intervenoFoto marcaria uma das condies da modernidade a no interveno

Exemplos: fotos do monge vietnamina, filme Janela Indiscreta

Deciso entre registrar ou intervir

Ponto para reflexoSe voc registra, voc tambm interfereAto fotogrficoO ato fotogrfico visto como caa, agresso

Fotografia substitui as armas nos safaris na medida em que natureza perde sua condio agora, mortal (prestes a ser extinta) e, portanto, necessita de proteo

Quanto temos medo, atiramos, mas quando ficamos nostlgicos, tiramos fotos (S. Sontag)Memento moriTirar fotografias participar da mortalidade e da vulnerabilidade da pessoa (ou coisa) fotografada

As cmeras comeam a duplicar o mundo em um momento de grande transformao = vrias formas de vida comeam a ser extintas e surge um dispositivo capaz de imortaliz-lasQuadros de sentidoPblico americano no viu fotos da Guerra da Coria pois no havia ideologicamente espao para tais fotos

Guerra vista como luta entre Bem X Mal

Americanos tiveram acesso a fotos vietnamitas porque os jornalistas se sentiam respaldados pela opinio pblica j que evento foi definido como mais uma guerra colonialista (voltar foto)O carter ideolgico, os quadros de sentido pelos quais se v uma guerra, fundamental para o efeito poltico do material fotogrfico

Existncia de uma conscincia poltica que ir dar sentidos polticos s fotografias; do contrrio, nossa relao pode ser apenas de horror moral