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Estereoquímica Aula 8 Flaviane Francisco Hilário Universidade Federal de Ouro Preto 1

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Estereoquímica

Aula 8

Flaviane Francisco Hilário

Universidade Federal de Ouro Preto

1

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QUIRAL = Cheir (grego) = Mão

Designa corpos e/ou moléculas não sobreponíveis à sua imagem

especular.

A maioria das moléculas que constitui os animais e vegetais é

quiral, e usualmente, apenas uma das imagens especulares pode

ocorrer em cada espécie.

1 - Quiralidade

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Cada uma das moléculas quirais de um princípio ativo

pode atuar diferentemente no organismo humano.

LIMONENO

H H

ODOR DE LARANJA ODOR DE LIMÃO

Cura náusea matinal Efeitos teratogênicos

TALIDOMIDA

N

N

O O

O

O

N

N

OO

O

O

ANTIINFLAMATÓRIO

IBUPROFENO

H3C

H

OH

O

CH3

H

OH

O

INATIVO

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2 - Estereoisômeros

Isômeros: compostos diferentes que possuem a mesma

fórmula molecular.

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Os enantiômeros são moléculas distintas que não se

convertem espontaneamente uma na outra. Para que haja

tal conversão é necessário ocorrer quebra e formação de

ligações químicas.

CARBONO TETRAÉDRICO ESTEREOGÊNICO (C*) –

um átomo de carbono contendo grupos de tal natureza

que uma interconversão de quaisquer dois grupos

produzirá um estereoisômero. (ESTEREOCENTRO/

CENTRO DE QUIRALIDADE)

CH3CHCH2CH3

OH

* CH3CHCH3

OH

CH3CH2OH CH3CH2CHCH2CH2CH3

Cl

*

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2-butanol

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Estereocentro (centro de quiralidade) do 2-butanol

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CARBONO ESTEREOGÊNICO TRIGONAL PLANO

carbono TETRAÉDRICO estereogênico →

ENANTIÔMEROS.

carbono estereogênico TRIGONAL PLANO →

DIASTEROISÔMEROS.

C

C

Cl H

Cl H

C

C

H Cl

Cl H

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Molécula QUIRAL: NÃO é sobreponível à sua imagem especular.

Molécula AQUIRAL: é sobreponível à sua imagem especular.

Um par de enantiômeros é sempre possível para moléculas que

apresentam um átomo tetraédrico com quatro grupos diferentes ligados a

ele.

O enantiomerismo geralmente ocorre em:

• Moléculas que apresentam apenas um carbono tetraédrico estereogênico

(moléculas com mais de um carbono tetraédrico estereogênico podem ou

não ser quirais – depende do caso);

• Moléculas que NÃO apresentam plano de simetria – plano que corta a

molécula de tal modo que uma das metades seja a imagem da outra.

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Composto meso: é uma molécula aquiral que possui

estereocentros (centros de quiralidade). São oticamente

inativos.

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Regras de Cahn-Ingold-Prelog

1 – A cada grupo ligado ao estereocentro atribui-se uma prioriade. (A ordem

de prioridade é de acordo com o número atômico: o átomo de maior número

atômico tem maior prioridade.)

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3 – Configuração absoluta R/S

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2 – Posiciona-se a molécula de modo que o grupo de menor prioriade fique

mais afastado do observador.

3 – Traça-se uma curva ligando os grupos mais próximos do observador de

acordo com a ordem DECRESCENTE de prioridade. Se a curva obtida ficar

no sentido HORÁRIO o ESTEREOISÔMERO é denominado R, se a curva

obtida ficar no sentido ANTI-HORÁRIO o ESTEREOISÔMERO é

denominado S.

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Quando não dispomos de modelos moleculares

1 – Representa-se a molécula posicionando dois grupos no plano do papel

e projetando-se um grupo para frente e outro para trás.

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2 – Coloca-se o grupo de menor prioridade para trás e o de maior prioridade

para frente.

OHH

HOH

3 – Observa-se qual grupo está à esquerda e qual grupo está à direita do

grupo de maior prioridade, e representam-se tais grupos.

CH2CH3

CH3HOH

CH2CH3

H3C OHH

(R)-2-butanol (S)-2-butanol14

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Compostos com mais de um centro quiral

1 – Determina-se a configuração de cada estereocentro (R ou S);

2 – Indica-se a configuração de cada estereocentro precedida pelo número

do carbono tetraédrico estereogênico correspondente.

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Se uma molécula possuir mais do que 1 CARBONO TETRAÉDRICO

ESTEREOGÊNICO, o número de esteroisômeros possíveis é ≤ 2n,

onde n = número de C*.

C

C

Br CH3

Br CH2CH3

H

H

C

C

BrH3C

BrH3CH2C

H

H

C

C

Br CH3

H3CH2C Br

H

H

C

C

BrH3C

CH2CH3Br

H

H

ENANTIÔMEROS ENANTIÔMEROS

DIASTEROISÔMEROS

CH3CHCHCH2CH3

Br Br

**2 C*: Número de estereoisômeros < 22 < 4

Número de esteroisômeros = 4.

• 2 pares de enantiômeros (são diasteroisômeros um do outro).

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Número de esteroisômeros = 3.

• 1 par de enantiômeros / 1 composto (meso).

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Os enantiômeros apresentam:

Valores de Ponto de Fusão e de Ebulição idênticos;

Espectros de infravermelho idênticos;

Mesma solubilidade em solventes comuns;

Diferente solubilidade em solventes QUIRAIS.

A principal propriedade dos enantiômeros é a ATIVIDADE

ÓTICA (capacidade de desviar a luz plano polarizada).

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Enantiômeros desviam a luz plano polarizada da mesma

quantidade de graus;

Apresentam sentidos opostos no desvio da luz plano

polarizada:

Dextrorrotatório (+) – desvio no sentido HORÁRIO;

Levorrotatório (-) – desvio no sentido ANTI-HORÁRIO.

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4 – Atividade Ótica

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Isomeria Óptica

HOOC- C - CH3

OH

H

CH3- C - COOH

OH

H

Enantiômeros

Ác. (+) d-Láctico Ác. (-) l-Láctico

Luz

polarizada

Luz

polarizada

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NÃO existe correlação entre a configuração de um

enantiômero (configuração absoluta R / S) e o sentido da

rotação da luz plano polarizada!

Quando uma molécula aquiral é atravessada por luz

plano polarizada, não se observa qualquer desvio dessa

luz.

S(+)-cetamina R(-)-cetamina H H

ODOR DE LARANJA ODOR DE LIMÃO

Limoneno

R(+)-limoneno S(-)-limoneno

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ROTAÇÃO ESPECÍFICA

É o número de graus que a solução de um enantiômero

pode girar a luz plano polarizada.

[α]tD = α / (c.l)

Onde: [α] = rotação específica

α = rotação observada

l = comprimento do tubo (dm)

c = concentração da solução amostra (g/mL) ou densidade em

g/mL (para líquidos puros)

• Normalmente, utiliza-se a linha D de uma lâmpada de sódio (λ =

589,6nm).

• Temperatura de 25ºC. 22

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MISTURA RACÊMICA (RACEMATO)

É a solução na qual estão presentes dois enantiômeros

em quantidades equimolares. Esta mistura é

OTICAMENTE INATIVA.

A rotação promovida pelas moléculas de um enantiômero

anula a rotação promovida pelas moléculas do outro

enantiômero.

A mistura racêmica pode ser representada por: (±).

Exemplo: (±)-2-butanol

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EXCESSO ENANTIOMÉRICO

É a solução na qual estão presentes dois enantiômeros

em quantidades NÃO equimolares. Esta mistura é

OTICAMENTE ATIVA.

Apresenta rotação específica diferente da rotação

específica de qualquer um dos enantiômeros puros.

excesso enantiomérico (e.e.) = α da mistura x 100

[α]tD do enantiômero puro

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Exercício: Calcular o excesso enantiomérico de uma mistura

de (±)-2-butanol para a qual se observou um α = + 6,76º.

SEPARAÇÃO DE MISTURAS DE ENANTIÔMEROS

(RESOLUÇÃO)

Enantiômeros

Reação com um enantiômero puro

(formação de diasteroisômeros)

Separação por processos físico-químicos

Regeneração dos enantiômeros 25

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Resolução do Ácido (±)-3-metil-2-fenil butanóico.

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5 – Considerações importantes

Outros diastereoisômeros: Isômeros Cis-Trans

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Átomos diferentes de carbono podem ser assimétricos.

N+CH3CH2CH2 CH2CH3

H

CH3

N+

CH2CH2CH3CH3CH2

H

CH3

Br- Br-

O

POCH2CH3

H

O

PCH3CH2O OCH3

HCH3O

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REAÇÃO ESTEREOSSELETIVA

É aquela que leva à obtenção predominante, ou exclusiva,

de um ESTEREOISÔMERO, independendo da

estereoquímica do substrato ou reagente.

H3CO

COOH

CH2

H3CO

COOH+ H2

(S)-BINAP-Ru(OCOCH3)2

(0,5 mol%)

MeOH

(S)-Naproxeno(um agente antiinflamatório)

(92% de rendimento, 97% de ee)

H3C H

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REAÇÃO DIASTEROSSELETIVA

É aquela que leva à obtenção predominante, ou

exclusiva, de um DIASTEROISÔMERO, a partir de um

ESTEREOISÔMERO (substrato ou reagente).

REAÇÃO ENANTIOSSELETIVA

É aquela que parte de um composto oticamente ativo e

leva à obtenção predominante, ou exclusiva, de um dos

ENANTIÔMEROS.

TODA REAÇÃO ENANTIOSSELETIVA É

ESTEREOSSELETIVA, MAS A RECÍPROCA NÃO É

VERDADEIRA.

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Discriminação de Enantiômeros por

Moléculas Biológicas

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- SOLOMONS, G.; FRYHLE, C. Química Orgânica, vol. 1, 7 ed. Rio

de Janeiro: LTC, 2001.

- BRUICE, P. Química Orgânica, vol.1, 4 ed. São Paulo, Pearson,

2006.

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7 – Bibliografia