Estatistica experimental

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1. Introdução Ainda que o pão feito de farinha de trigo é consumido pela maior parte das pessoas, alguns indivíduos são intolerantes às prolaminas do trigo e às de outros cereais como aveia, centeio e cevada (Sanchez et al., 2004). Esta intolerância, a doença celíaca, se relaciona com a inflamação do intestino delgado, levando à má absorção de nutrientes e ao dano da mucosa intestinal. O único tratamento efetivo para a doença celíaca é a introdução de dieta sem glúten de forma permanente, que, com o tempo resulta na recuperação da mucosa intestinal (Gallagher et al., 2004). O pão é um dos alimentos mais difundidos em nosso país e tem-se constituído numa das principais fontes calóricas da dieta dos brasileiros. De acordo com pesquisa feita pela Associação dos Celíacos do Brasil (ACELBRA, 2006), o produto sem glúten que os celíacos gostariam de encontrar com maior facilidade no mercado é o pão. A substituição do glúten apresenta um desafio tecnológico importante, devido a que as proteínas do glúten são a base da massa, que contribuem para a estrutura e aparência do miolo dos produtos de panificação (Lazaridou et al., 2007). A matriz do glúten é o principal determinante das características reológicas da massa, como a elasticidade, a extensibilidade, a tolerância à mistura e a capacidade de obtenção de gás. Em anos recentes, tem havido interesse crescente pela elaboração de pão sem glúten, com a incorporação de amidos, proteínas vegetais e lácteas, e hidrocolóides em formulações à base de farinhas de arroz e de milho, tentando imitar as propriedades viscoelásticas do glúten para conseguir produtos com características adequadas de estrutura, de palatabilidade, aceitáveis sensorialmente e com vida de prateleira adequada (Ahlborn et al., 2005; Moore et 1

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Exercício de estatística experimental para avaliar one way ANOVA.

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Preparou-se 3,6 kg de massa de po com farinha de arroz e dividiu-se essa massa em 18 fraes de 200 g cada, estas foram subdivididas em 3 grupos de 6 fraes

1. Introduo

Ainda que o po feito de farinha de trigo consumido pela maior parte das pessoas, alguns indivduos so intolerantes s prolaminas do trigo e s de outros cereais como aveia, centeio e cevada (Sanchez et al., 2004). Esta intolerncia, a doena celaca, se relaciona com a inflamao do intestino delgado, levando m absoro de nutrientes e ao dano da mucosa intestinal. O nico tratamento efetivo para a doena celaca a introduo de dieta sem glten de forma permanente, que, com o tempo resulta na recuperao da mucosa intestinal (Gallagher et al., 2004). O po um dos alimentos mais difundidos em nosso pas e tem-se constitudo numa das principais fontes calricas da dieta dos brasileiros. De acordo com pesquisa feita pela Associao dos Celacos do Brasil (ACELBRA, 2006), o produto sem glten que os celacos gostariam de encontrar com maior facilidade no mercado o po.

A substituio do glten apresenta um desafio tecnolgico importante, devido a que as protenas do glten so a base da massa, que contribuem para a estrutura e aparncia do miolo dos produtos de panificao (Lazaridou et al., 2007). A matriz do glten o principal determinante das caractersticas reolgicas da massa, como a elasticidade, a extensibilidade, a tolerncia mistura e a capacidade de obteno de gs.Em anos recentes, tem havido interesse crescente pela elaborao de po sem glten, com a incorporao de amidos, protenas vegetais e lcteas, e hidrocolides em formulaes base de farinhas de arroz e de milho, tentando imitar as propriedades viscoelsticas do glten para conseguir produtos com caractersticas adequadas de estrutura, de palatabilidade, aceitveis sensorialmente e com vida de prateleira adequada (Ahlborn et al., 2005; Moore et al., 2006; Schober et al., 2005). Vrios hidrocolides tem sido pesquisados nesses estudos com a finalidade de obter pes de boa qualidade. Entre os hidrocolides se incluem a hidroxipropilmetilcelulose (HPMC), a metilcelulose (MC) e a carboximetilcelulose (CMC).A farinha de arroz tem sido utilizada para produo de po sem glten e outros produtos base de arroz por diversas razes; uma delas que a farinha um subproduto do beneficiamento do arroz significando que a matria-prima tem um custo baixo e pelas suas caractersticas especiais a aplicao dela torna-se mais competitiva em relao ao trigo. Durante o processo de beneficiamento de arroz produz-se em media 14% de gros quebrados, classificados como quirera, que tem pouco valor industrial, sendo destinados para a indstria cervejeira ou para nutrio animal. A moagem desta quirera d origem farinha de arroz, um item ainda pouco conhecido no mercado brasileiro (Denardin et al., 2005).O delineamento inteiramente casualizado o mais simples dos delineamentos. Os tratamentos se distribuem ao acaso em todas as unidades experimentais e o nmero de repeties por tratamento pode ser igual ou diferente. muito til para o estudo de mtodos e tcnicas de trabalho de laboratrio, ensaios de vegetao e em experimentos com animais. Para sua aplicao, h necessidade que o meio atue de forma uniforme em todas as unidades experimentais e que estas sejam facilmente identificadas para receber o tratamento. 2. Objetivo

O objetivo do trabalho foi determinar a influncia da hidroxilpropilmetilcelulose (HPMC) no volume de pes sem glten produzidos com farinha de arroz em substituio farinha de trigo realizando um experimento inteiramente casualizado e utilizando Anlise de Varincia para tratamento dos dados e determinar se houve diferena entres os teores de HPMC utilizados.3. Metodologia

A formulao do po foi de 2,8 kg de farinha de arroz, 0,14 kg de acar, 0,085 kg de fermento, 0,055 kg de sal, 0,085 kg de gordura e 450 mL de gua.Preparou-se 3,6 kg de massa de po com farinha de arroz e dividiu-se essa massa em 18 fraes de 200 g cada, estas foram subdivididas em 3 grupos de 6 fraes. Trs nveis (3,0%, 2,0% e 1,0%) de concentrao de HPMC foram aleatoriamente designados aos trs grupos, e cada frao de massa dentro de cada grupo teve a adio da quantidade de HPMC sorteado a ela. As massas foram colocadas em formas individuais e levadas ao forno por 20 minutos a temperatura de 220C. Aps a retirada do forno, os pes foram resfriados a temperatura ambiente e tiveram seu volume determinado pelo mtodo de deslocamento de sementes.Com os volumes encontrados realizou-se uma Anlise de Varincia no software Statistica 6.0 for Windows para determinar se houve diferena significativa entre os pes com as diferentes concentraes de HPMC.

4. Resultados e discusso

Os valores encontrados de volume dos pes esto demonstrados na tabela 1.

Tabela 1: Valores de volume especfico do po em cm3 para cada uma das concentraes de HPMCHPMC (%)

3,02,01,0

13,512,712,1

13,012,512,2

13,212,612,3

13,912,711,9

13,813,011,6

14,013,012,2

Na verificao dos pr-requisitos da ANOVA primeiramente observou-se se a varivel resposta volume especfico tinha distribuio Normal. Pde-se observar na Figura 1 que o os valores de p encontrados no teste no foram significativos, comprovando que a varivel se adequou a uma distribuio Normal.

Figura 1: Verificao da Normalidade da varivel volume especfico.

A seguir realizou-se a verificao da homocedasticidade das amostras, conforme apresentado na Figura 2, onde se observou que h 33,88% de probabilidade das varincias dentro dos grupos serem iguais, caracterizando-se assim uma homogeneidade das varincias.

Figura 2: Teste de homocedasticidadeO ultimo pr-requisito analisado foi a no existncia de relao entre as mdias e as varincias. Observa-se na Figura 3 que no h uma tendncia entre estes valores, caracterizando que no h uma relao direta entre eles.

Figura 3: Grfico de mdias x varincias

Tendo sido atendidos os pr-requisitos para a aplicao da Anlise de Varincia determinaram-se os valores dos efeitos para determinao do valor de F que foi de 38,04 conforme demonstrado na tabela 2. O valor de p encontrado para os tratamentos foi menor do que 5 %, demonstrando que h diferena significativa entre os valores mdios encontrados para o volume dos pes.Tabela 2: Valores dos efeitos da ANOVAG.L.S.Q.Q.M.Fp

Interseo12944,0022944,00232391,220,000000

Tratamentos (HPMC)26,9143,45738,040,000001

Resduo151,3630,091

Total178,278

Na Figura 4 est demonstrado o grfico das mdias, onde nota-se que a concentrao de HPMC que apresentou a maior resposta volume foi a de 3 % e a menor foi a de 1%. Para verificar entre quais concentraes a diferena foi significativa realizou-se um teste de Tukey a um nvel de confiana de 5% (Figura 5).

Figura 4: Grfico das Mdias

Figura 5: Valores do teste de Tukey

Atravs destes valores observa-se que h diferena significativa da varivel volume entre todas as concentraes de HPMC utilizadas, demonstrando que ela causa influncia direta na qualidade do po sem glten produzido.

5. Concluso

Os pes tratados com 3% de HPMC foram os que apresentaram valores mdios significativamente maiores de volume especfico. Os tratados com 1% de HPMC foram os que apresentaram menores valores de volume especfico.6. Referncias

AHLBORN GJ, PIKE AO, HENDRIX SB, HESS WM, HUBER CS. Sensory, mechanical and microscopy evaluation of staling in low-protein and glten-free breads. Cer. Chem. 82: 328-335, 2005. ACELBRA (Associao dos Celacos do Brasil). Disponvel em: https://www.acelbra.org.br. Acesso em junho de 2008.

DENARDIN CC, SILVA LP, HECKTHEUR LHR. Propriedades sensoriais e aceitabilidade de bolos elaborados com substituio parcial de farinha de trigo por farinha de arroz. In: IV Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado 2005: 395-396, UFSM, Santa Maria, 2005.GALLAGHER E, GORMLEY TR, ARENDT EK. Recent advances in the formulation of gluten-free cereal-base products. Trends Food Sci.Technol. 15: 143-152, 2004.LAZARIDOU A, DUTA D, PAPAGEORGIOU M, BELC N, BILIADERIS CD. Effects of hydrocolloids on dough rheology and bread quality parameters in glten-free formulations. J. Food. Engin. 79: 1033-1047, 2007.MOORE MM, HEINBOCKEL M. DOCKERY P, ULMER HM, ARENDT EK. Network formation in glten-free bread in application of transglutaminase.SANCHEZ HD, OSELLA CA, LA TORRE MA. Use of response surface methodology to optimize gluten-free bread fortified with sy flour and dry milk. Food Sci. Techn. Intern. 10 (1): 5-9, 2004.

SCHOBER TJ, MESSERSCHMIDT M, BEAN SR, PARK SH, ARENDT EK. Glutenfree bread from sorghum: quality differences among hybrids. Cer. Chem. 82: 394-404, 2005.VIEIRA, S.V.; HOFFMANN, R..Estatstica Experimental. Ed. Atlas: So Paulo, SP, 1989.PAGE 1

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