Estágio - Relatório - Sociologia

5
RELATÓRIO DE ESTÁGIO O seguinte relatório tem o objetivo de constatar as experiências e impressões adquiridas durante o estágio obrigatório que pretende auxiliar a formação dos docentes. O estágio foi realizado nas classes do ensino médio da Escola Estadual Professor Soares Ferreira, contando com a supervisão do professor W.D. Durante os nossos primeiros passos nesta jornada preparatória à docência, foi permitido fazer observações de grande utilidade para o ingresso na difícil e nobre carreira de professor. No período anterior, foi possível levantar dados e conclusões sobre o espaço e tempo escolar e também as relações sociais e políticas dos alunos e professores. Porém não foi possível perceber ou levantar dados relevantes voltados à metodologia de ensino e didática. E a partir desse momento voltamos os nossos olhares para esse ponto fundamental. Desse modo, em nosso segundo momento como estagiários para o ensino de sociologia, pudemos perceber uma imensa dificuldade que os docentes comportam em sua vivência laboral. Nessa perspectiva podemos citar que esse grande obstáculo com os quais os professores em suas rotinas se deparam, são exatamente os problemas relacionados à metodologia de ensino e didática, que como consequência também colaboram com os problemas que afetam o comportamento dos alunos dentro de sala de aula. Enfim, a principal queixa ou problema, é exatamente a falta de interesse dos alunos nas aulas e práticas realizadas, gerando assim problemas de falta de atenção ou casos de indisciplina. Vale lembrar que em nossa impressão, as aulas de sociologia eram consideradas como aulas de menor relevância, ou seja, acreditamos que a maioria dos alunos creem que a disciplina de sociologia é uma matéria de menor importância. Chegamos a pensar que o motivo de tal desmotivação seria causado exclusivamente pela ausência da família no processo educativo ou também

description

Relatório de estágio

Transcript of Estágio - Relatório - Sociologia

  • RELATRIO DE ESTGIO

    O seguinte relatrio tem o objetivo de constatar as experincias e

    impresses adquiridas durante o estgio obrigatrio que pretende auxiliar a

    formao dos docentes. O estgio foi realizado nas classes do ensino mdio da

    Escola Estadual Professor Soares Ferreira, contando com a superviso do

    professor W.D.

    Durante os nossos primeiros passos nesta jornada preparatria

    docncia, foi permitido fazer observaes de grande utilidade para o ingresso na

    difcil e nobre carreira de professor. No perodo anterior, foi possvel levantar

    dados e concluses sobre o espao e tempo escolar e tambm as relaes

    sociais e polticas dos alunos e professores. Porm no foi possvel perceber ou

    levantar dados relevantes voltados metodologia de ensino e didtica. E a partir

    desse momento voltamos os nossos olhares para esse ponto fundamental.

    Desse modo, em nosso segundo momento como estagirios para o

    ensino de sociologia, pudemos perceber uma imensa dificuldade que os

    docentes comportam em sua vivncia laboral. Nessa perspectiva podemos citar

    que esse grande obstculo com os quais os professores em suas rotinas se

    deparam, so exatamente os problemas relacionados metodologia de ensino

    e didtica, que como consequncia tambm colaboram com os problemas que

    afetam o comportamento dos alunos dentro de sala de aula.

    Enfim, a principal queixa ou problema, exatamente a falta de interesse

    dos alunos nas aulas e prticas realizadas, gerando assim problemas de falta de

    ateno ou casos de indisciplina. Vale lembrar que em nossa impresso, as

    aulas de sociologia eram consideradas como aulas de menor relevncia, ou seja,

    acreditamos que a maioria dos alunos creem que a disciplina de sociologia

    uma matria de menor importncia.

    Chegamos a pensar que o motivo de tal desmotivao seria causado

    exclusivamente pela ausncia da famlia no processo educativo ou tambm

  • pelos limites impostos pela prpria direo em relao autonomia e prticas

    pedaggicas inovadoras. Ou seja, acreditvamos que apenas os fatores

    externos sala de aula que estavam dificultando a realizao dos trabalhos

    docentes. Mas por outro lado, percebemos que a maioria absoluta dos alunos da

    disciplina de sociologia, mantinham uma relao amigvel e estreita com o

    professor, ele no adotava nenhum elemento coercitivo ou foroso sobre os seus

    alunos.

    Foi ento que iniciamos as nossas atividades de reflexo e conclumos

    que no poderamos atribuir o insucesso das nossas pretenses apenas aos

    alunos ou a realidade que os cercavam, ao contrrio, tambm deveramos

    encontrar as respostas nas aes dos docentes. Diante de toda observao e

    questionamentos feitos durante o perodo de estgio, percebi que essas aes

    eram fundamentadas em um entendimento raso da pedagogia e nas polticas

    escolares tradicionais. Acreditamos que esse entendimento no era nada mais

    que um conjunto de ideias apoiadas em ideologias e no senso-comum.

    Indiscutivelmente, no consegui encontrar traos de um projeto poltico-

    pedaggico executvel ou uma filosofia de trabalho que fossem fundadas em

    metodologias ou estudos pedaggicos.

    A partir dessa anlise, racionalizamos e buscamos prticas

    fundamentadas em metodologias. Tentamos buscar elementos motivacionais

    que fossem estimulantes e ao mesmo tempo ferramentas que possibilitariam

    trabalhar com teorias, temas e conceitos fundamentais da sociologia do ensino

    mdio. Assim, as metodologias que melhor adaptariam seriam as que buscavam

    uma maior compreenso da realidade daqueles alunos. Edgar Morin demonstra

    como devemos pensar essa compreenso:

    Considerando a importncia da educao para a compreenso, em todos os nveos educativos e em todas as idades, o desenvolvimento da compreenso pode reforma das mentalidades. Esta deve ser a obra para a educao do futuro. (MORIN, 2003, p. 17)

    Ainda segundo Edgar Morin:

    [...] a realidade no facilmente legvel. As idias e teorias no refletem, mas traduzem a realidade, que podem traduzir de maneira

  • errnea. Nossa realidade no outra seno nossa idia da realidade. Por isso, importa no ser realista no sentido trivial (adaptar-se ao imediato), nem irrealista no sentido trivial (subtrair-se s limitaes da realidade); importa ser realista no sentido complexo: compreender a incerteza do real, saber que h algo possvel ainda invisvel no real. (MORIN, 2003, p. 85)

    Ainda reforando a ideia de motivao, buscamos solues em Bergamo:

    O uso de variedade na metodologia uma opo do professor. Cada qual escolhe: a preguia e a inrcia ou o desafio e a criatividade. claro que s o uso de novas metodologias no garante uma boa aula ou uma aula participativa necessrio que os alunos estejam motivados e abertos para vivenciar esta experincia. Para Antnio Carlos Gil, motivar os alunos no significa contar piadas, mas identificar quais os interesses do aluno para o contedo ou tema, sendo necessrio estabelecer um relacionamento amistoso com o aluno, s assim possvel motivar o aluno para o aprendizado. (BERGAMO, 2010, p. 7)

    Em uma tentativa de buscar o entendimento de prtica de sentido

    daqueles alunos, que foi uma forma de compreende-los e respeita-los,

    trouxemos ideias de temticas como o esporte, que poderiam ser trabalhadas

    em conjunto com a sociologia. Ou seja, os conhecimentos apresentados

    anteriormente em uma aula tradicional, talvez no possussem validade

    epistemolgica para aqueles alunos, e atravs da apropriao de elementos que

    possuem valor para eles, trabalhados em conjunto com a sociologia foi possvel

    perceber um avano em nossa prtica docente. Essa interdisciplinaridade no

    esgotava a possibilidade de transmitir valores, conceitos, temas e teorias. Pelo

    contrrio, ela poderia ser uma grande facilitadora por diversos fatores, como por

    exemplo motivar e envolver os alunos. Assim afirmaremos tal constatao

    adiante como uma surpresa extremamente positiva.

    Dentro dessa lgica, o modelo desejado para as aulas que seriam

    apresentadas na escola surgiu um momento aps as reflexes que

    demandavam obter o interesse e o envolvimento dos alunos nas mesmas. E

    seria possvel realizar uma atividade que motivasse e despertasse o interesse

    da maioria dos alunos? Sim, as experincias obtidas no PIBID/Cincias

    Sociais/UEMG permitiram responder essa pergunta antes que executssemos

    uma aula no estgio.

  • Atravs do PIBID, foi possvel utilizar temas como a Sociologia do Esporte

    e executar oficinas ao longo do mesmo semestre. O plano de aula escolhido (em

    anexo) que executaramos, j havia sido realizado nas oficinas do PIBID na

    Escola Estadual Professor Alberto Vieira, e as mesmas obtiveram sucesso.

    Ocorre que as oficinas do projeto ocorriam em perodo extra turno e os alunos

    envolvidos no projeto no eram obrigados a ter frequncia regular. Uma vez que

    as mesmas prticas nunca foram feitas no horrio de aula e com um pblico que

    possua frequncia obrigatria, tememos no obter um resultado semelhante ao

    do PIBID. Porm como o estgio permite diversas oportunidades de

    aprendizado, alm de acreditarmos que tanto os acertos assim como os erros

    so de extrema importncia nossa formao, foi decido realizar a mesma

    proposta apresentada no projeto de iniciao docncia.

    Logo no incio da aula, os alunos mostraram espanto e empolgao ao

    realizar uma atividade de sociologia em uma quadra de futebol. A surpresa foi

    muito positiva, pois ela foi um fator motivacional, os alunos mostraram interesse

    no que seria feito, alm de demonstrarem imenso prazer. Vale apontar que

    tambm houve um aspecto negativo. Alguns alunos demonstraram tamanha

    empolgao, que tememos ter um prejuzo referente ateno dos mesmos, e

    para que isso no ocorresse foi necessrio intervir no momento de euforia deles.

    A atividade foi realizada sem problemas e confuses. O comprometimento

    e participao dos alunos foi gratificante. O mesmo sucesso obtido no PIBID,

    tambm foi colhido no estgio.

    As principais consideraes e lies aprendidas durante esse perodo de

    estgio, est relacionado com a autonomia do professor em relao a sua

    criatividade. A rotina cansativa e enfadonha, por vezes devemos quebrar o

    ciclo da aula tradicional e oferecer algo que motive e cative os alunos. Pensar e

    criar atividades que agrade os alunos pode parecer algo extremamente rduo de

    fazer, mas quando buscamos entender o que faz sentido no mundo deles, o

    docente adquire chaves que permitem a insero do professor no espao e na

    realidade deles. Somente assim obteremos temas que podem ser relacionados

    com a sociologia, e os mesmos temas que so valorizados pelos discentes,

    permitiro alcanar a motivao e a ateno que todo professor almeja possuir.

  • Referncias:

    MORIN, Edgar. Os sete Saberes Necessrios Educao do Futuro. 8a. ed. So Paulo. Cortez; Braslia, DF: UNESCO, 2003.

    BERGAMO, M. O uso de metodologias diferenciadas em sala de aula: uma experincia no ensino superior. Disponvel em: http://www.univar.edu.br/revista/downloads/metodologiasdiferenciadas.pdf