VARIÁVEIS CANÔNICAS EM GENÓTIPOS DE AVEIA PRETA

Sydney A. F. Kavalco1; Diego Baretta2, Eder L. Groli3, Rodrigo Danielowski4, Liamara B. Thurow4, Rafael Nornberg4, Enrique Moliterno5, José A. G. Silva5,

Antonio Costa de Oliveira5.

A aveia preta (Avena strigosa) é um cereal de grande importância para

a agricultura brasileira, sendo cultivada para produção de grãos, como cobertura de solo e para produção de feno e silagem. Cultura alternativa de inverno, utilizada principalmente, no Centro-Sul do Brasil, é uma alternativa viável para a integração lavoura-pecuária, por possibilitar no período de inverno a produção de forragem de alta qualidade para a alimentação animal além de cobertura vegetal para o plantio direto das culturas de verão. O feno obtido através do corte da aveia é um alimento de alta qualidade e custo relativamente baixo. A análise por Variáveis Canônicas, proposta por Rao em 1952 é um processo alternativo para a avaliação do grau de similaridade entre acessos que leva em consideração tanto a matriz de covariância residual quanto a covariância entre médias fenotípicas dos caracteres avaliados. Estas técnicas procuram, com base em um grande número de características originais correlacionadas, obter combinações lineares dessas características de tal forma que a correlação entre essas variáveis seja nula (KENDALL, 1950). Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo estudar os índices de Variáveis Canônicas em genótipos de aveia preta para determinação dos autovalores, formação de grupos e importância dos caracteres.

O experimento foi conduzido no ano agrícola de 2012 no campo experimental do Centro de Genômica e Fitomelhoramento, situado no Centro Agropecuário da Palma, pertencente à Universidade Federal de Pelotas, localizado no município de Capão do Leão-RS. A semeadura foi realizada manualmente, com densidade de aproximadamente 60 sementes por metro linear. O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso, com três repetições, sendo a unidade experimental representada por 3 linhas de 3 metros, espaçadas 0,2 metros, formando uma área de 1,8 m² cada. A avaliação de massa de forragem foi realizada quando os materiais estavam próximos à fase V6, realizando um corte para estimar seu potencial de fenação, deixando residual de 10 cm. A matéria verde colhida foi pesada para estimação do rendimento de massa fresca. Posteriormente em laboratório, através de uma amostra de 300 g, seca em estufa a 70° C até obtenção do peso constante, foi determinado o rendimento de massa seca. Foram utilizados para o experimento 19 populações híbridas fixas assim como seus genitores sendo 10 linhagens e 3 cultivares de Avena strigosa (AGROZEBU, EMBRAPA 140 e UPFA 21- Moreninha). As variáveis analisadas foram massa fresca total (MAF), matéria seca total (MAS), número de afilhos (NAF) e estatura total de plantas

1 Eng°. Agrônomo, Pós Graduando em Biotecnologia – Fitomelhoramento – PPGB/CDTEC/UFPEL – skavalco@gmail.com;

(EST). A análise de variância e de Variáveis Canônicas foi realizada utilizando o programa computacional Genes (CRUZ, 2006).

Pela análise de variância, foi possível observar a ocorrência de diferenças estatísticas significativas a 1% de probabilidade, entre os genótipos, para os caracteres NAF, MAS e MAF (Tabela 1). Pela análise de variância das variáveis transformadas (Tabela 2) observaram-se os menores valores associados a Z1 e Z2, e os maiores valores a Z3 e Z4.

Pela análise de variáveis canônicas, com a utilização das variáveis 1 e 2 foi possível explicar 77,67% da variabilidade entre os genótipos. Sendo 52,89% relativo a VC1 e 24,78% a VC2 (Tabela 3). A ordem crescente de magnitude nos autovetores determinou como caráter de maior importância o NAF. Como o caráter EST não obteve diferenças significativas para a análise de variância e também foi considerado o de menor importância para os autovetores, poderia ser desconsiderado na análise para futuros trabalhos. Observou-se a formação de 11 grupos entre os genótipos avaliados, sendo eles: 1°) Genitor A94112; 2°) Genitor A94108; 3°) Genitor UPFA21; 4°) Linhagem D17; 5°) Linhagens CF e D16; 6°) Genitor A94157 e linhagem EC; 7°) Linhagens A3 e CB; 8°) Linhagens AD, AE e genitor Agrozebu; 9°) Genitor A94053 e linhagens D10, D2 e D30; 10°) Linhagens C6, D18, D41 e DB; 11°) Genitores A94004, A94069, A94087, A94113, A94206, Embrapa 140 e linhagens BD, BF, CA e DF.

Conclui-se com este trabalho que os genótipos A94112, A94108, UPFA21 e A94157 são os mais divergentes em relação ao grupo de genótipos avaliados. Que o caráter NAF possui grande importância na análise canônica em aveia preta e que levando-se em consideração a variabilidade dos grupos formados pelas variáveis canônicas, sugere-se a utilização dos seguintes genótipos em blocos de cruzamentos AE, C6, D10, D17, UPFA21, A94112, A94108, A94157, D41 e DB.

Referências Bibliográficas:

CRUZ, C. D. Programa Genes : Aplicativo computacional em genética e estatística. Viçosa: UFV, 2001. 648p. KENDALL, M.G. Factor analysis as a statistical techiniques. J. R. Statist. Soc ., B, 22: 60-73, 1950. Tabela 1: Quadrados médios da análise de variância para caracteres avaliados em Aveia Preta. CGF/FAEM/UFPel, 2012.

FONTE DE VAR. GL EST NAF MAS MAF Blocos 2 102.6 2437.5 30094222.5 185697.1 Tratamentos 30 12.8ns 1541.3** 8818355.5** 87266.1** Resíduo 60 13.2524 676.5 3377286.5 37161.8 Média 74.12 206.85 14805.65 1526.44 CV(%) 4.91 12.57 12.41 12.63

“ns” não significativo e “*, **” significativo a 1 e 5% de probabilidade pelo teste F.

Tabela 2: Análise de variância para variáveis transformadas de caracteres avaliados em Aveia Preta. CGF/FAEM/UFPel, 2012.

Variância das Variáveis Transformadas

Z1 Z2 Z3 Z4

13.25 655.86 3091592.04 19733.81

Tabela 3: Estimativa dos Auto-Valores Associados a dispersão para variáveis avaliadas em Aveia Preta. CGF/FAEM/UFPel, 2012.

Auto-Valores Associados RAIZ Raiz (%) % Acumulada 1.35 52.89 52.89 0.63 24.79 77.68 0.40 15.76 93.44 0.17 6.56 100.00

Figura 2: Dispersão gráfica da Variável Canônica 1 (VC1) em relação ao escores da Variável Canônica 2 (VC2).