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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Ilma Aparecida Santos

ESPIRITUALIDADE NO AMBIENTE DE TRABALHO

CURITIBA

2013

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Ilma Aparecida Santos

ESPIRITUALIDADE NO AMBIENTE DE TRABALHO

Artigo apresentado à Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial para a conclusão do MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Orientador: Prof. MSc. Ubiracir Mazanek de Almeida

CURITIBA 2013

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RESUMO

O objetivo deste trabalho é propiciar uma reflexão sobre um tema que tem sido abordado por diversos autores e despertado grande interesse no público em geral e, principalmente, nos gestores de organizações, que é a prática da espiritualidade no ambiente de trabalho, este movimento amplo e crescente influencia positivamente nos resultados da empresa e todos ganham. A empresa já que maximiza seus resultados quando compreende que o lucro pode conviver com a harmonia nas relações com ética, onde os valores são sua base. E os colaboradores encontram um significado para o trabalho, são mais comprometidos, as relações mais harmoniosas e trabalham mais felizes o que reflete na melhoria da qualidade de vida. Porém, para muitos, a espiritualidade no ambiente de trabalho, é mais um modismo que visa manter os níveis motivacionais a busca do comprometimento organizacional e melhoria do clima, mas é difícil praticá-la na integra, pois a força do materialismo presente nas corporações dificulta a adoção de novos paradigmas.

Palavras-chave: espiritualidade no ambiente de trabalho; cultura das organizações qualidade de vida no trabalho, motivação; motivação religiosa.

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1 INTRODUÇÃO

A espiritualidade no trabalho cada vez mais vem tomando seu espaço no mundo das organizações. A espiritualidade é um movimento que busca melhorar as condições de trabalho. O objetivo neste contexto é avançar a reflexão na questão do impacto, da espiritualidade no trabalho. Estudos apontam para um grande impacto positivo da espiritualidade sobre os empregados no trabalho e sobre a performance organizacional. Isto porque há um maior desenvolvimento pessoal, entusiasmo, comprometimento pessoal no trabalho individual e em equipe, como também, melhoria na motivação e na comunicação São benefícios que provocam mais qualidade de vida dos colaboradores de uma empresa. Profissionais espiritualizados são muito mais sensíveis, tornando-os mais próximos do seu grupo de trabalho podendo desempenhar melhor seu papel de líder desenvolvendo um trabalho eficaz em equipe, aprimorando com isso, a relação com seus clientes.

Quando focamos nas organizações e citamos espiritualidade é comum à confusão entre religião e espiritualidade. Este artigo tem como objetivo investigar a cultura organizacional, qualidade de vida no trabalho, a motivação no ambiente de trabalho, motivação religiosa na organização, espiritismo no ambiente de trabalho e também a influência da espiritualidade na gestão. A espiritualidade no âmbito organizacional está sendo observada através de relatos de consultas pela Internet, onde pode se ver que em uma simples pesquisa sobre o assunto pode identificar 143.000 sites sobre o tema, só no Brasil. O objetivo desta pesquisa, é descobrir como a falta da espiritualidade afeta todo o ambiente de trabalho.

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CONCEITOS DE ESPIRITUALIDADE

A espiritualidade se reflete no respeito pelo próximo, na solidariedade, no estilo de liderança e até no trabalho em equipe. Desse modo, a espiritualidade nas empresas refere-se em primeiro lugar ao respeito à vida, isso significa considerar o ser humano na totalidade, respeitando e investindo em todas as dimensões: física intelectual, emocional e espiritual, criando uma cultura corporativa sustentada em valores humanos universais e espirituais. A espiritualidade é o pilar, pois é ela que deve dar sustentação as causas humanistas, não há espiritualidade sem humanização. Os valores devem ser traduzidos em atitudes, o respeito pelo outro, a escuta, a maneira de atender ao cliente, a solidariedade, o estilo de liderança, o trabalho em equipe. Associar a espiritualidade ao trabalho é construir um modelo de gestão que se converta na única forma das organizações se manterem criativas e produzirem resultados positivos. (Arruda, 2005, p. 54). O foco da espiritualidade no trabalho vem crescendo de forma intensa no mundo empresarial. Antes, o que era considerado como algo místico, religioso, hoje se insere como uma dimensão estratégica, na medida em que possibilita a busca de estados mais elevados de consciência e o alinhamento das ações das pessoas (propósitos de vida), com os valores e missão da organização. A consequência dessa visão renovada é o surgimento de um ambiente de trabalho de mais confiança, flexível, com liberdade de expressão e respeito pelo outro, em que são esperados benefícios prováveis como a melhoria da qualidade de vida pessoal e coletiva, comunicação eficaz, criatividade, cooperação e estímulo às situações de crescimento e desenvolvimento financeiro.

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1.1 - O QUE É ESPIRITUALIDADE

Para Espírito Santo (2006), a espiritualidade é autoconhecimento, a consciência de que há esta dimensão no ser humano. Já, para Santos Neto (2006), que inspira a definição de Espírito Santo, é interioridade, consciência de si em níveis corporal, racional e espiritual. Para Dupré e Saliers (1989) vida espiritual é diferente de vida religiosa. A vida espiritual é baseada na presença divina. Saliers (1989) afirma que a espiritualidade tem relação com o desafio de buscar inteireza na existência humana em relação a Deus e ao outro. Para este estudo, essa visão da espiritualidade é interessante, pois não permite que se adentrem em defesa de diferentes denominações religiosas. Entende-se que há a necessidade de se tratar de uma relação com Divino, com uma força que transcende a realidade e por isso instiga que não se negue a existência de Deus, mas deixa que cada indivíduo opte pela maneira como irá se posicionar nessa questão. A visão que se tem do mundo, do homem e de Deus tem relação direta com a definição que se dá à espiritualidade. Estudar a espiritualidade é estudar um campo no qual não existe neutralidade.

A espiritualidade e trabalho dificilmente podem ser complementares, porém a espiritualidade pode em muito facilitar o ambiente de trabalho e torná-lo mais agradável aos funcionários e demais membros que neste ambiente estão relacionados. Podemos ver isso nas palavras de Lane (1981, p. 69) quando esta afirma:

“Quando um grupo de pessoas se reúne para discutir seus problemas, muitas vezes sentidos como exclusivos de cada um dos indivíduos, descobrem existirem aspectos comuns decorrentes das próprias condições sociais de vida; o grupo poderá se organizar para uma ação conjunta visando a solução de seus problemas. E aquelas necessidades, que sozinhos eles não podiam satisfazer, passam a ser resolvidas pela cooperação entre eles.”

Este espírito de grupo é inerente ao ser humano então deve ser sempre levado em consideração em ambientes de trabalho também, já que em termos práticos, por exemplo, um elogio ou uma repreensão sempre serão estendidos a outras pessoas do grupo, formando uma verdadeira teia de energia espiritual, que pode acabar afetando o ambiente material, quer seja pela diminuição de produção ou do aspecto emocional pela desmotivação do quadro de funcionários, já que todos os meios de produção estão intimamente interligados.

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2 - A CULTURA DAS ORGANIZAÇOES

CULTURA ORGANIZACIONAL, nos termos propostos por Edgar Schein (1992), entende-se:

“o conjunto de pressupostos básicos que um determinado grupo inventou, descobriu ou desenvolveu ao aprender a lidar com os problemas de adaptação externa e de integração interna, e que funcionou bem o bastante para serem considerados válidos e ensinados aos novos membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir em relação a esses problemas”.

A cultura de uma organização representa, também, um recorte da cultura social vigente onde essa mesma organização está inserida. Desta forma ao analisarmos determinada organização sob o aspecto cultural encontraremos de forma subjacente, a cultura particular dos indivíduos que a compõem.

2.1 - COMO AS EMPRESAS ADOTAM A CULTURA ESPIRITUAL

Segundo Robbins (2005):

“As organizações constroem cultura espirituais em torno de um propósito significativo. Embora os lucros sejam importantes, não se configuram no valor essencial da empresa.

A maximização dos lucros pode ser meta dos investidores, mas ela não desperta as emoções e a imaginação dos funcionários. As pessoas desejam ser inspiradas por propósitos em que elas acreditam serem importantes e valiosos”.

As organizações espirituais valorizam o ser humano. Elas não são meras

fornecedoras de empregados, buscam criar culturas em que as pessoas possam

aprender e crescer continuamente. Confiança e respeito: As organizações espirituais são caracterizadas pela confiança mútua entre seus membros, pela honestidade e pela transparência. Seus executivos não temem admitir os próprios erros. Eles tratam as pessoas com dignidade e respeito, criando um ambiente livre e

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medos e abusos. Os dirigentes dessas organizações costumam ser sinceros com seus funcionários. O clima de confiança nas organizações espirituais, quando combinado com o desejo de promoção do aprendizado e de crescimento dos funcionários, leva à implementação de diversas práticas humanistas de trabalho. Isso inclui esquemas flexíveis de horários, sistemas de recompensas coletivas ou organizacionais, limitação de diferenças salariais e de status, garantia dos direitos trabalhistas, autonomia dos funcionários e estabilidade no emprego. Tolerância com manifestações dos funcionários: A característica que diferencia a organização espiritual das demais é que ela não impede a expressão das emoções de seus funcionários. Elas permitem que as pessoas sejam autênticas, que expressem seus estados de humor e sentimentos sem culpa nem medo de reprimenda.”

3. QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

3.1- CONCEITO DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO:

O conceito de qualidade de vida no trabalho é muito abrangente, pois envolve não somente as condições físicas, mas também todo um conjunto de condições psicológicas e sociais do ambiente de trabalho.

Segundo Fernandes e Gutierrez apud Limongi-França (2008):

“A QVT se interessa, ainda, por questões comportamentais que dizem respeito às necessidades humanas e aos tipos de comportamentos individuais no ambiente de trabalho, de alta importância, como, entre outros, variedade, identidade de tarefa e retro informação”.

Walton apud Chiavenato (1999) conceitua a QVT como o atendimento de necessidades e pretensões humanas, com base na ideia de humanização e responsabilidade social.

Propõe ainda um modelo com categorias conceituais que devem ser consideradas na QVT:

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a. Compensação adequada e justa: deve-se adotar um padrão de honestidade

que considere uma remuneração adequada, equidade interna e equidade

externa;

Condições de segurança e saúde no trabalho: devem-se considerar horários razoáveis de trabalho de acordo com as normas estabelecidas resultando no bem-estar do trabalhador e no trabalho realizado por este;

b. Oportunidade imediata para a utilização e desenvolvimento da capacidade

humana: consideram-se os aspectos de autonomia no trabalho, habilidades

múltiplas, identidade da tarefa, informações e perspectivas;

c. Oportunidade futura para crescimento contínuo e segurança: valorização do

trabalhador destacando-se dimensões de oportunidade de carreira,

perspectivas da aplicação dos conhecimentos, desenvolvimento pessoal e

segurança;

d. Integração social na organização de trabalho: ênfase as relações interpessoais

no qual assume uma dimensão importante da qualidade de vida no trabalho;

e. Constitucionalismo na organização de trabalho: destacam-se os aspectos de

privacidade, liberdade, equidade no tratamento e aplicação de processo;

f. O trabalho e o espaço total da vida do indivíduo: deve haver equilíbrio entre o

trabalho e as atividades fora deste;

g. Relevância social da vida no trabalho: considera aspectos como a imagem da

empresa, sua responsabilidade social, responsabilidade pelos produtos

desenvolvidos e suas práticas de emprego.

3.2 - O QUE AS EMPRESAS DEVEM FAZER PARA QUE OS FUNCIONÁRIOS TENHAM MELHOR QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO:

Devem proporcionar para os colaboradores:

Manutenção ou elevação dos padrões de saúde;

Técnicas de automotivação;

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Programas de preservação e/ou elevação da resistência física;

Ambiente com ótimo relacionamento interpessoa.

Métodos para aumentar a eficácia e concentração no trabalho,

controle do stress; melhoria da autoestima e controle emocional.

Incentivos para maior participação nos processos.

Treinamento para prevenção da LER (Lesão por Esforço Repetitivo).

Redução do absenteísmo/turnover; do número de acidentes; do custo

com assistência médica;

Criar e manter uma política para retenção dos bons colaboradores na

empresa.

4. MOTIVAÇÃO

De acordo com Steers e Poter apud Casado (2002, p.249). “Antes da revolução industrial a motivação tinha forma de medo, punição física, financeira ou social.”

Verifica-se, então, que a punição era uma forma de motivar os colaboradores em um ambiente organizacional e o medo instalava-se neste ambiente de trabalho. Estas punições não eram realizadas somente de forma psicológica, apareciam também como restrições financeiras, e diversas vezes representavam agressões físicas.

Com a industrialização maciça veio à cultura de produtividade em larga escala, e essa preocupação com produtividade, exigia um melhoramento dos procedimentos e, por conseguinte, novas maneiras de uniformizar as atividades.

Em contrapartida no Taylorismo, o método de racionalizar a produção, de primar a todo custo pelo aumento da produtividade do trabalho, desta forma "economizando tempo”, aperfeiçoou a divisão social do trabalho inserida pelo sistema de fábrica, assegurando definitivamente o controle do tempo do trabalhador pela classe dominante, e difundindo sempre a ideia que para se motivar o trabalhador era necessário que se utilizasse o dinheiro, como forma de gerar a

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motivação e a produtividade. Essas ideias levaram a uma idealização errada de motivação no trabalho

4.1 - COMO AS ORGANIZAÇÕES MOTIVAM SEUS COLABORADORES

Boas condições de trabalho, tais como ambiente aprazível, instalações adequada, bom refeitório e preocupação com segurança, influem para tornar as pessoas mais produtivas.

Um dos problemas básicos em qualquer organização é como induzir as pessoas a trabalhar. No mundo contemporâneo não é uma tarefa fácil, visto que a maioria das pessoas obtém pouca satisfação em seus empregos. Nas grandes organizações, as pessoas devem trabalhar cumprindo ordens que podem não entender nem aprovar, no entanto para que tenhamos funcionários motivados, é preciso fazer com que ele se sinta satisfeito em seu ambiente de trabalho, e para tanto se faz necessário:

• Identificar as necessidades e anseios das pessoas

• Buscar o trabalho que mais atrai cada funcionário

• Reconhecer o desempenho dos colaboradores

• Facilitar o desenvolvimento das pessoas

• Projetar o trabalho de modo a torná-lo atraente

• Adotar um sistema de recompensas ligado ao desempenho

• Aperfeiçoar continuamente as práticas gerenciais

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5. MOTIVAÇAO RELIGIOSA NA ORGANIZAÇÃO

Orientar e esclarecer, ouvir e conversar, oferecer-nos para auxiliar, motivar, nos colocar à disposição para o que for preciso, tratar a todos com educação, simpatia e gentileza. Além dessas, há outras pequenas ações capazes de fortalecer o relacionamento entre a equipe e melhorar o ambiente de trabalho. Imagine dois tipos de lugares: um onde há colegas que não se dão bem, pessoas mal-humoradas que não gostam de seu trabalho e totalmente insatisfeitas com a própria vida. No outro há pessoas que, mesmo não tendo fortes laços afetivos, se respeitam e auxiliam-se mutuamente nas tarefas; aprenderam a gostar e a valorizar do que fazem, entendendo a sua importância e de suas atividades para o desenvolvimento da empresa. Em qual deles nos sentiríamos melhor?

Vale ressaltar que a maioria das pessoas não trabalha com o que realmente gosta. Entretanto, é necessário aprender a gostar do que fazemos, pois precisamos do trabalho material para garantir nossa subsistência e de nossos familiares. Portanto, se não temos condições de trabalhar com aquilo que amamos, é preciso amar o que fazemos.

5.1 - A IMPORTÂNCIA DA EMPRESA PARA A EVOLUÇÃO ESPIRITUAL DOS SEUS COLABORADORES:

Não há como esquecer que o desenvolvimento espiritual é, obviamente, uma decisão individual e particular, mas a empresa pode difundir o ambiente apropriado para os funcionários serem estimulados a seguir esse caminho. É preciso, no entanto, um trabalho árduo para alterar os ultrapassados valores vigentes.

A empresa que quiser antecipar-se no tempo, isto é, a empresa que quiser caminhar para a cultura de valores que serão padrões comuns a todas as instituições, deverá começar a inserir em seu meio o amor (o respeito às pessoas), a integridade, a ética, e a preocupação com o meio-ambiente.

E então, naturalmente criará o clima necessário para o funcionário se espiritualizar. Em outras palavras, estará implantada a espiritualidade na empresa.

Espiritualidade na empresa deve ser vista como ação da religiosidade, ou seja, o fato de o funcionário pôr em prática – em favor do próximo – o que sua religião ensina.

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6. ESPIRITUALISMO NO AMBIENTE DE TRABALHO

Para se entender a espiritualidade nas empresas é essencial o entendimento dos seguintes conceitos de base: o que é o espírito, a espiritualidade e a espiritualidade do trabalho.

A palavra espírito é originada do latim “spiritus” e significa sopro, alento, exalação. Se refere a parte imaterial, intelectual e a alma do homem (MORA, 2005).

Já a espiritualidade envolve questões quanto ao significado da vida e à razão de viver, não limitado a tipos de crenças ou práticas religiosas. Está relacionada com experiências profundas, onde a pessoa entra em contato com o mais profundo do seu ser através de sentimentos que mobilizam o individuo internamente, mexem com sua identidade, estruturam e redirecionam sua vida. É uma experiência subjetiva, muitas vezes compreensível apenas àqueles que a experimentaram e é difícil de expressar. A experiência espiritual pode ser comparada a uma forte relação amorosa e tem como base a vivência comunitária.

De acordo com Vasconcelos (2006): “Mesmo as crises e sofrimentos podem levar a uma experiência espiritual construtiva.”

A espiritualidade do trabalho é pouco comentada de forma direta nos artigos consultados mas está ligada à importância do papel do trabalho na vida do homem. Trabalhar é uma necessidade intrínseca do homem, fonte de saúde mental assim, é importante sempre estar atento em que condições ele acontece e como mudanças sociais e econômicas interferem nas condições em que este trabalho é realizado.

O trabalho é composto por ação e repouso, portanto estes dois momentos devem ser contemplados no seu planejamento, pois o repouso permite à pessoa entrar em seu espaço interior.

De acordo com JOÃO PAULO II (2005): “A espiritualidade nas empresas ou no ambiente de trabalho é definida como a tomada de consciência da empresa da razão de sua existência e sua missão diante de clientes e funcionários.”

Para tanto existe uma unanimidade entre os autores consultados que a empresa que vive sua dimensão de espiritualidade tem que rever seus valores morais e éticos estando voltada a serviço da vida. Seu rol de valores e crenças que determinam a formulação de suas políticas de gestão.

Para que isso seja favorecido Rego, Cunha e Couto (2007) propõem as seguintes dimensões da espiritualidade: “Sentido de comunidade; alinhamento do indivíduo com os valores da organização; sentido de serviço à comunidade (trabalho com significado); alegria no trabalho; oportunidades para a vida interior.”

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Ainda nesta relação com o funcionário. PENTEADO (2007) afirma que: “Diferentemente da cultura que vem de fora para dentro, a espiritualidade é algo que parte do interior da pessoa e que se faz importante no desenvolvimento também da inteligência espiritual que é aquela que ajuda a entender a si próprio e a organizar aquilo que é emocional e racional.”

Enquanto forma de incentivo da espiritualidade no ambiente de trabalho no que se refere a religião há um consenso entre os autores consultados de não associá-la à vivência de religião no sentido confessional/doutrinário, pelo contrário há a preocupação de se delimitar espaços da vivência religiosa e da espiritualidade no trabalho.

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7. A INFLUÊNCIA DA ESPIRITUALIDADE NA GESTÃO EMPRESARIAL

As organizações têm destacado que o ambiente altamente competitivo e o desenvolvimento de uma cultura impessoal e mecanicista, a busca frenética por ganhos de produtividade, reduções de custos e maior eficiência, são fatores que têm afastado a dimensão humana das organizações. A pressão por redução de custos pode ser traduzida na utilização de um número cada vez maior de trabalhadores, com salários cada vez menores; práticas desleais e antiéticas, como, em alguns casos, a utilização de trabalho escravo e infantil, além da degradação do meio ambiente. As condições modernas assim colocadas remetem à percepção de quão estressantes são muitos ambientes de trabalho, apesar do avanço tecnológico.

Além da óbvia insegurança nos empregos, também têm gerado uma menor identificação com o trabalho. É o que aponta Sennett (1998), ao argumentar que as máquinas fáceis de usar permitem que se contratem pessoas com salários mais baixos do que as da época em que as pessoas, e não as máquinas, possuíam as qualificações. Embora hoje todos tenham qualificações técnicas formais mais elevadas, destaca ainda Sennett, que: “os empregados não entendem o que estão fazendo e, por ser assim, é fraca a identificação com o trabalho”.

No entanto, práticas nas organizações que privilegiam a espiritualidade preconizam que as pessoas sejam reconhecidas e tratadas como seres humanos que são, com todas as suas características de personalidade, expectativas, medos, alegrias, tristezas e demais singularidades e imperfeições características de sua condição humana. Seria então, esse mundo dominado pela racionalidade instrumental e por categorias econômicas rigidamente estabelecidas, como diz Chanlat (1996), hostil à espiritualidade nas relações entre o empregado e a organização? Por um lado sim; na sociedade contemporânea são dificultados aspectos importantes do desenvolvimento adequado dessas relações.

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7.1 - AS FORMAS DE SE PROMOVER A ESPIRITUALIDADE NAS PRÁTICAS ORGANIZACIONAIS:

Podem ser inspiradas em diversas fontes.

Veja-se o exemplo clássico de Mary Parker Follett, a qual argumentava que a maneira mais eficaz de exercer autoridade é despersonalizando o ato de dar ordens, enfatizando a importância da tarefa, em vez dos direitos que uma pessoa tem sobre a outra. Certamente, o autoritarismo não é condizente com inúmeras necessidades espirituais, tais como o reconhecimento, a valorização do ser humano e sua autoestima. Empresas espiritualizadas, reforçam Wagner-Marsh e Conley (1999), valorizam seus funcionários como indivíduos e estão comprometidas com o desenvolvimento deles, muito além do desenvolvimento profissional. Nessas empresas há uma ênfase acentuada na seleção de pessoas mais propensas a se adequarem e serem produtivas em uma cultura corporativa espiritual. A ética, que sempre esteve no âmbito das discussões filosóficas, precisa estar presente no âmbito das organizações. Motta (2001) defende que só o constante recurso a uma ética universal é capaz de produzir uma nova perspectiva de solidariedade e de obrigações comunitárias para um ambiente de trabalho mais justo. À luz das provocações teóricas aqui apresentadas, é possível perguntar: o que pode ser considerado uma Gestão de Pessoas com Espiritualidade? Em primeiro lugar, o respeito ao ser humano. Esse valor necessita estar presente em todos os espaços organizacionais. Casos de autoritarismo, de assédio moral e sexual precisam ser repensados e severamente proibidos.

8. QUAIS SÃO AS MELHORIAS ESPERADAS NA EMPRESA ESPIRITUALIZADA

Cultura aberta;

Consciência da missão;

Liderança integrada;

Senso ético;

Felicidade;

Espiritualidade

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9. O QUE AS ORGANIZAÇÕES PODEM ESPERAR DENTRO DO AMBIENTE DE TRABALHO

Portanto, compreender a espiritualidade significa questionar paradigmas usuais, ver uma realidade diferente daquela de costume, encontrar formas menos sofridas de convivência, entender nossa interdependência e necessidade de ajuda mútua. Essas questões ficam veladas pela aparência das coisas, mas nas organizações tornam-se mais visíveis na medida em que nos perguntamos: "quais são as marcas da evolução das organizações empresariais? Não nos é exigido grande esforço para perceber que uma dessas marcas é a fragmentação: foco técnico de um lado e foco humano do outro; departamentos organizadamente separados, cada indivíduo na sua posição hierárquica, realizando a específica função para a qual se especializou. Isto significa que traçamos limites divisórios, mas "o resultado de tal violência, apesar de ser conhecido por muitos outros nomes, é simplesmente infelicidade", diz o bioquímico Ken Wilber.

Traçar limites significa dar origem a antagonismos, inventar batalhas, fomentar competições, criar inimigos. As divisões podem até ser úteis como referenciais, mas quando as transformamos em verdades, temos como consequências o fomento das atitudes defensivas, as quais tendem a imobilizar uma empresa.

A energia humana que poderia ser integralmente utilizada na produtividade, é desviada para a defensividade porque, competição significa ameaça e quem se sente ameaçado se defende. Não há separações como demonstra o físico Albert Einstein: "um ser humano (...) concebe a si mesmo, (...) como algo separado de todo resto, uma ilusão de ótica de sua consciência..."; complementa esse raciocínio o filósofo e matemático Alfred North Whitehead: a "comunidade das realidades do mundo significa que cada acontecimento é fator na natureza de todos os outros..." e os mestres taoístas Sen Tsan dizem: "... a Verdadeira Mente não é dividida, quando nos pedem uma identificação direta, só podemos dizer: Não-Dois", Lao Tsé complementa: "Com o barro o oleiro faz o vaso, mas este só ganha significado pelo seu vazio interior. Assim são as coisas físicas, parecem o principal, mas o valor está na metafísica".

Podemos perceber claramente uma convergência entre físicos e místicos, definindo uma identificação entre espiritualidade e unidade universal.

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CONCLUSÃO

A espiritualidade é uma dimensão da pessoa humana, conferindo-lhe uma natureza interpretativa em relação às suas vivências. Seja qual for a forma como se caracteriza - ateu, agnóstico ou espiritualista – o ser humano necessita encontrar sentido na sua vida e respostas às questões que esta vai apresentando, de forma mais ou menos súbita. Porque o homem pensa, decide e faz-se pessoa através das relações interpessoais. Na esfera social poderemos encontrar o mundo do trabalho e, em particular, as organizações. As organizações são organismos vivos, porque são constituídas por pessoas que entre si tecem teias de relações e comunicação que, em si mesmas, configuram a organização. Nestes tempos conturbados, em que a noção de estabilidade e perenidade se esbateu, cada vez mais a busca de uma vantagem sustentável se baseia na definição clara de uma visão e de uma missão motivadoras que sirvam de base à construção de uma identidade distintiva. Uma gestão capaz de motivar os colaboradores é certamente uma das técnicas mais buscadas atualmente. O local de trabalho, dada a importância de que se reveste, para o indivíduo, para a sua organização, ou para a comunidade, deverá ser encarado não apenas como uma fonte de rendimento monetário, mas também de realização pessoal e social. Porque as organizações são constituídas por pessoas que necessitam satisfazer necessidades de amor, pertença, desenvolvimento e préstimo. A espiritualidade no local de trabalho é um tema relativamente recente nos estudos e práticas na gestão de recursos humanos. Neste virar de século, em que muitas descobertas e avanços já foram conquistados, segue-se uma fase da descoberta interior da própria organização. Não importa somente a imagem exterior, mas também – ou mais – a imagem interna, entenda-se como o clima favorável ao desenvolvimento, realização e bem-estar das pessoas que compõem uma organização empresarial.

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BARCHIFONTAINE, C.P. Espiritualidade nas empresas. O Mundo Da Saúde. abr/jun n.31, v.2. 2007, p. 301-305.

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