Espíritas - Instruí-vos - A Literatura Espírita

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ESPÍRITAS: INSTRUÍ-VOS A LITERATURA ESPÍRITA

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Está centrado numa das diretrizes máximas da Doutrina Espírita, qual seja: “Espíritas! Amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo”, estabelecida pelo Espírito de Verdade, conjugado a diretiva do próprio Cristo; “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura.” (Jesus – Marcos, 16:15). Contém os fundamentos e a base conceitual – baseadas na Doutrina Espírita, da Comunicação Social Espírita, apresentando os seus primórdios, objetivos e princípios, assim como a importância, os seus marcos históricos e destaques da Imprensa Espírita, em especial no Brasil, pondo em relevo os principais livros e revistas Espíritas no Brasil.

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ESPÍRITAS: INSTRUÍ-VOS

A LITERATURA ESPÍRITA

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 1

2 A COMUNICAÇÃO SOCIAL ESPÍRITA 3

2.1 Considerações Gerais 3

2.2 Primórdios da Comunicação Social Espírita 8

2.3 Objetivos da Comunicação Social Espírita 14

2.4 Princípios da Comunicação Social Espírita 19

2.5 Princípios Éticos do Jornalismo Espírita 25

3 A LITERATURA ESPÍRITA – O Livro 28

3.1 Considerações Gerais 28

3.2 Literatura Espírita – Definição e abrangência 30

3.3 Literatura Espírita – Análise – Critérios 35 3.3.1 Coerência Doutrinária 35 3.3.2 Qualidade Literária 37 3.3.3 Lógica e Bom Senso 38

3.4 Literatura Espírita – Obras de Referência 42

3.5 Literatura Espírita – Disseminação do Livro Espírita 47 3.5.1 Diretrizes 47 3.5.2 Clubes do Livro Espírita 56

3.6 Literatura Espírita Mediúnica – Selecionamento 59 3.6.1 Literatura Espírita Mediúnica – Selecionamento – por parte dos Encarnados 61 3.6.2 Literatura Espírita Mediúnica – Selecionamento – por parte dos Desencarnados 73

3.7 Literatura Espírita Mediúnica – Autenticidade 75 3.7.1 Cartas Familiares via psicografia de Chico Xavier 77 3.7.2 Cartas Familiares via psicografia de Divaldo Franco 83 3.7.3 Poesias Mediúnicas via psicografia de Chico Xavier 85 3.7.4 Poesias Mediúnicas via psicografia de Divaldo Franco 90 3.7.5 Poesias Mediúnicas via psicografia de Waldo Vieira 96 3.7.6 Poesias Mediúnicas via psicografia de Jorge Rizzini 98 3.7.7 Produção literária de Humberto de Campos x Irmão X 101 3.7.8 Produção literária de Honoré de Balzac – Cristo espera por Ti 103 3.7.9 Produção literária de Charles Dickens – Mistério de Edwin Drood 111 3.7.10 Produção literária de John Wilmot Rochester 118 3.7.11 Produção literária de Fernando Pessoa 122 3.7.12 Produção literária de Victor Hugo 126 3.7.13 Outras produções Literárias Mediúnicas 132 3.7.13.1 A Cabana do Pai Tomás – Harriet Beecher Stowe 135 3.7.13.2 Ivanhoé – Sir Walter Scott 139 3.7.13.3 As Dores de Werther – Goethe 141 3.7.13.4 Joana D’Arc e As Confissões de Luiz XI – Ermance Dufaux 143 3.7.13.5 Hafed, o Príncipe Persa e Hermes, o Discípulo de Jesus – David Duguid 148 3.7.13.6 Contos de Glastonbury – Frederich Blegh Bond 151 3.7.13.7 O Mistério de Patience Worth – Pearl Lenore Curran 154 3.7.13.8 Lady Nona – Ancient Egypt Speaks – A Voz do Antigo Egito 164 3.7.13.9 Omm Sety – Abydos: holy city of Ancient Egypt – A Noviça e o Faraó 170 3.7.13.10 Escritos de Cleofas – Geraldine Cummins 173

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3.7.13.11 O Faraó Alado – Joan Grant 176

3.8 Literatura Espírita Mediúnica – Revisão Editorial – Diretrizes 179

3.9 Importância do Livro Espírita 183

3.10 Marcos Históricos – Livros e Congressos Espíritas 211

3.11 Destaques – Os Livros Espíritas Top 10 214

4 A LITERATURA ESPÍRITA – O Jornal/A Revista 224

4.1 Considerações Gerais 224

4.2 Modernização e Melhorias para o século 21 – Revistas / Jornais 232

4.3 Importância da Imprensa Espírita – Revistas/Jornais 238

4.4 Marcos Históricos – Revistas e Jornais 242

4.5 Destaques 245 4.5.1 Revista Espírita – Allan Kardec 245 4.5.1.1 Considerações Gerais 245 4.5.1.2 Revista Espírita – Objetivo 246 4.5.1.3 Revista Espírita – Histórico 247 4.5.1.4 Revista Espírita – Estrutura 250 4.5.1.5 Revista Espírita – Traduções em Português 251 4.5.1.6 Revista Espírita – Ensinamentos 252 4.5.2 Revista Reformador – FEB 255 4.5.3 Jornal “O Clarim” – Matão 257 4.5.4 Revista Internacional do Espiritismo – RIE 259 4.5.5 Jornal “Correio Fraterno do ABC” 262 4.5.6 Jornal “O Semeador” – FEESP 268 4.5.7 Revista Presença Espírita – LEAL 268 4.5.8 Anuário Espírita – IDE 269

5 CONCLUSÃO 272

6 REFERÊNCIAS 273

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 1

1 INTRODUÇÃO

“Espíritas! Amai-vos, eis o primeiro ensinamento.

INSTRUÍ-VOS, EIS O SEGUNDO”.

Espírito de Verdade – O Evangelho segundo o Espiritismo – Cap. 6 – item 5

(Paris, 1862)

Disse-nos o Espírito da Verdade: — “Amai-vos! — eis o primeiro ensino.

Instruí-vos! — eis o segundo”.

Por isso mesmo, podemos acrescentar que amando-nos uns aos outros e

instruindo-nos sempre, entraremos com Jesus na posse da Luz Eterna.

Emmanuel – Intervalos – Cap. 18 – Lê e medita

Este Trabalho está centrado numa das diretrizes máximas da Doutrina

Espírita, qual seja: “Espíritas! Amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos,

este o segundo”, estabelecida pelo Espírito de Verdade, em comunicação em

Paris, datada de 1862 e apresentada no O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap.

6, conjugado a diretiva do próprio Cristo; “Ide por todo o mundo e pregai o

Evangelho a toda a criatura.” (Jesus – Marcos, 16:15).

Contém os fundamentos e a base conceitual – baseadas na Doutrina Espírita,

da Comunicação Social Espírita, apresentando os seus primórdios, objetivos e

princípios, assim como a importância, os seus marcos históricos e destaques da

Imprensa Espírita, em especial no Brasil, pondo em relevo os principais livros e

revistas Espíritas no Brasil.

Este é um trabalho de síntese, sendo que para cada item expresso no texto

foi acrescentado esclarecimentos e diretrizes vindas dos mais diversos Mentores da

Espiritualidade que embasam de forma clara e precisa os pontos lá expressos.

O tempo dedicado ao desenvolvimento deste trabalho foi curto, demandar-

se-ia muito mais para chegar ao ponto que consideramos adequado, mas foi o

possível, tanto pelo aspecto temporal, quanto no aspecto técnico (da Comunicação

Social Espírita). Portanto consideramos este trabalho um esboço incompleto, que

poderá no tempo ser aperfeiçoado e burilado.

Adalberto Coelho

E conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará.

João Evangelista – 8:32

Sê escravo do saber se queres ser verdadeiramente livre.

Sêneca (4 aC – 65 dC) – advogado e escritor romano

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 2

Depois da oração, o Livro é a única escada pela qual o Céu pode descer

à Terra.

Humberto de Campos – Relatos da Vida – Cap. 19 – Livro, dádiva dos Céus

Um País se faz com Homens e Livros.

Monteiro Lobato (1882 – 1948) – escritor e editor brasileiro

Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo

e nunca se arrepende.

Leonardo da Vinci (1452 – 1519) – cientista, pintor e poeta italiano

Oh! Bendito quem ensina,

Quem luta, quem ilumina,

Quem o bem e a luz semeia

Nas fainas do evoluir;

Terá a ventura que anseia

Nas sendas do progredir.

Castro Alves – Parnaso de Além–Túmulo – Cap. 24 – Marchemos

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 3

2 A COMUNICAÇÃO SOCIAL ESPÍRITA

2.1 Considerações Gerais

“Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura.”

Jesus – Marcos, 16:15

Ide, pois, e levai a palavra divina: aos grandes que a desprezarão, aos

eruditos que exigirão provas, aos pequenos e simples que a aceitarão; porque,

principalmente entre os mártires do trabalho, desta provação terrena, encontrareis

fervor e fé.

Arme-se a vossa falange de decisão e coragem!

Mãos à obra!

O arado está pronto; a terra espera; arai!

Erasto – O Evangelho segundo o Espiritismo – Cap. 20 – Item 4 – Missão dos

Espíritas

Uma publicidade em larga escala, feita nos jornais de maior circulação,

levaria ao mundo inteiro, até as localidades mais distantes, o conhecimento das

idéias espíritas, despertaria o desejo de aprofundá-las e, multiplicando-lhes os

adeptos, imporia silêncio aos detratores, que logo teriam de ceder, diante do

ascendente da opinião geral.

Allan Kardec – Obras Póstumas – Projeto 1868

Lembra-te deles, os quase loucos de sofrimento, e trabalha para que a

Doutrina Espírita lhes estenda socorro oportuno. Para isso, estudemos Allan

Kardec, ao clarão da mensagem de Jesus Cristo, e, seja no exemplo ou na atitude,

na ação ou na palavra, recordemos que o Espiritismo nos solicita uma espécie

permanente de caridade – a caridade da sua própria divulgação.

Emmanuel – Estude e Viva – Cap. 79 – Socorro Oportuno

Qualquer mal onde apareça

Roga bondade e perdão,

O bem, quando é bem de todos,

Espera divulgação.

Casimiro Cunha – Estrelas no Chão – Cap. 1 – Serviço e Nós

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Compreendamos que a vossa tarefa na divulgação do Espiritismo é ação

gigantesca, de que não vos será lícito desertar.

(...)

Vivemos um grande minuto na existência planetária, no qual a civilização,

para sobreviver, há de alçar o coração ao nível do cérebro e controlar o cérebro,

de tal modo que o coração não seja sufocado pelas aventuras da inteligência.

Equilíbrio e justiça.

Harmonia e compreensão.

Nesse sentido, saibamos orientar a palavra espírita no rumo do

entendimento fraternal.

Todos necessitamos de luz renovadora.

Imperioso saber conduzi-la, através das tempestades que sacodem o mundo

de hoje, em todos os distritos da opinião.

(..)

Jesus na Revelação e Kardec no Esclarecimento resumem para nós códigos

numerosos de orientação e conduta.

(...)

Reflitamos: sem comunicação não teremos caminho. Estudemos e

revisemos todos os ensinos da Verdade, aprendendo a criar estradas espirituais de

uns para os outros.

Estradas que se pavimentem na compreensão de nossas necessidades e

problemas em comum, a fim de que todas as nossas indagações e questões sejam

solucionadas com eficiência e segurança.

Sem intercâmbio, não evoluiremos; sem debate, a lição mora estanque no

poço da inexperiência, até que o tempo lhe imponha a renovação.

Trabalhemos servindo e sirvamos estudando e aprendendo. E

guardemos a convicção de que, na bênção do Senhor estamos e estaremos todos

reunidos uns com os outros, hoje quanto amanhã, agora como sempre.

Bezerra de Meneses – Revista Reformador – 1977 – Abril – Divulgação Espírita

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 5

Com o nascimento da Doutrina Espírita, porém, há pouco mais de um

século, paulatinamente o Cristo que o mundo olvidou retoma à tela mental e aos

corações da Humanidade, renovando as concepções da vida.

Não mais o "crê ou morre" das velhas e superadas dominações religiosas.

Não mais a cruz da aflição em nome da Fé.

Não mais aparatos impostos e ritos supostamente pertencentes a Jesus

Cristo.

Agora fulgura a nova luz, semelhante àquela que brilhava nas lições

primitivas do Divino Vidente, o legítimo Embaixador do Celeste Pai.

Não basta, pois, simplesmente aceitar as experiências evangélicas de

comunhão com as Esferas Espirituais. É imprescindível propagá-las para

conhecimento de todos.

A mensagem de alento, a revelação que esclarece, o ensino consolador, o

roteiro seguro, a lição que norteia ajudando o homem a vencer-se, equilibrado e

livre, são oportunidades de propaganda honesta que não podemos descurar.

A experiência cristã começou no estábulo, mas não terminou na cruz...

A mensagem espírita surgiu com Allan Kardec e jamais desaparecerá...

Vexilários da renovação cristã ao impositivo das leis do amor expressas na

reencarnação, desdobremos os recursos e avancemos no campo onde nos

encontramos para servir.

E dilatando a claridade do sol espírita conscientemente, através da exposição

e da narrativa, falando ou escrevendo, vivamos a mensagem excelente que reflete o

amor de Deus a todas as criaturas, porquanto, se até ontem recebemos uma fé

desfigurada, enigmática e simbólica, com o Espiritismo, nos moldes com que Allan

Kardec no-lo ofereceu, ressurge a verdadeira religião, apresentando o Senhor Jesus

desvelado e simples, fazendo-se conhecer e amar em nós, por nós e conosco, até o

fim dos tempos!

Vianna de Carvalho – À Luz do Espiritismo – Cap. 30 – Propaganda Espírita

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 6

Quanto mais se aperfeiçoam no mundo as normas técnicas da civilização,

mais imperiosas se fazem as necessidades do intercâmbio espiritual.

À vista disso, nos mecanismos da propaganda, em toda parte, os mostruários

do bem e do mal se misturam, estabelecendo facilitários para a aquisição de sombra

e luz.

Nesse concerto de forças que se entrechocam nas praias da divulgação, em

maré crescente de novidades ideológicas, através das ondas de violentas

transformações, a Doutrina Espírita é o mais seguro raciocínio, garantindo a

alfândega da lógica destinada à triagem correta dos produtos do cérebro humano,

com vistas ao proveito comum.

Daí a necessidade da divulgação constante dos valores espirituais, sem o

ruído da indiscrição, mas sem o torpor do comodismo.

Serviço de sustentação do progresso renovador.

Quanto puderes, auxilia a essa iniciativa benemérita de preservação e

salvamento.

Auxilia a página espírita esclarecedora, a transitar no veículo das

circunstâncias, a caminho dos corações desocupados de fé, à maneira de semente

bendita que o vento instala no solo devoluto e que amanhã se transformará em

árvore benfeitora.

Ampara o livro espírita em sua função de mentor da alma, na cátedra do

silêncio.

Prestigie o templo espírita com o respeito e a presença, com o entendimento

e a cooperação, valorizando-lhe cada vez mais a missão de escola para a Vida

Superior.

Como possas e quanto possas, relaciona as bênçãos que já recebeste da

Nova Revelação, reanimando e orientando os irmãos do caminho.

Disse-nos Jesus: — “Não coloques a lâmpada sob o alqueire”.

Podes e deves, assim, expor a tua ideia espírita, através da vitrina do

exemplo e da palavra, na loja de tua própria vida, para fazê-la brilhar.

Emmanuel – Revista Reformador – 1978 – Agosto – Exposição Espírita / Cura –

Cap. 10 – Divulgação Espírita

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 7

Seja voluntário na propaganda libertadora.

Não aguarde riqueza para divulgar os princípios da fé. Dissemine, desde já,

livros e publicações doutrinárias.

Seja voluntário na imprensa espírita.

Não espere de braços cruzados a cobrança da assinatura. Envie o seu

concurso, ainda que modesto, dentro das suas possibilidades.

Sim, meu amigo. Não se sinta realizado.

Cultive espontaneidade nas tarefas do bem.

“A sementeira, é grande e os trabalhadores são poucos.”

Vivemos os tempos da renovação fundamental.

Atravessemos, portanto, em serviço, o limiar da Era do Espírito!

Ressoam os clarins da convocação geral para as fileiras do Espiritismo.

Há mobilização de todos.

Cada qual pode servir a seu modo.

Aliste-se enquanto você se encontra válido.

Assuma iniciativa própria.

Apresente-se em alguma frente de atividade renovadora e sirva sem

descansar.

Quase sempre, espírita sem serviço é alma a caminho de tenebrosos

labirintos do umbral.

Seja voluntário na Seara de Jesus, Nosso Mestre e Senhor!

Cairbar Schutel – O Espírito da Verdade – Cap. 58 – Seja Voluntário

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 8

2.2 Primórdios da Comunicação Social Espírita

Os primeiros passos em direção à Comunicação Social Espírita foram dados

na França, em 1857, no momento em que Allan Kardec lançou O Livro dos

Espíritos e, mais tarde, em 1858, o primeiro número da Revista Espírita — dois

meios clássicos de comunicação coletiva.

No Brasil, o jornal O Echo d’Além-túmulo, lançado por Luiz Olímpio Teles

de Menezes, em 1869, registrou a primeira incursão do meio espírita brasileiro, no

campo da comunicação social direcionada ao grande público.

Dessa data aos dias atuais, surgiram inúmeras iniciativas, que permitiram ao

comunicador espírita se familiarizar com os novos canais de comunicação,

impressos, eletrônicos e virtuais, gerados pela moderna tecnologia.

Federação Espírita Brasileira – Orientação à Comunicação Social

Espírita – Cap. 1 – Princípios e diretrizes da Comunicação Social Espírita

Segundo os Anais do VII Congresso Brasileiro de Jornalistas e Escritores

Espíritas, realizado no Rio de Janeiro, em 1969, e organizado por Clóvis Tavares,

edição do Instituto Maria, de Juiz de Fora–MG, esses foram os 13 primeiros

periódicos Espíritas do Brasil:

1°) O Echo d’Além-túmulo, de Salvador, Bahia, fundado em 1869, por Luiz

Teles de Menezes;

2°) O Espírita, de Natal, Rio Grande do Norte, fundado em 1874, por

Manoel Gomes;

3°) Revista Espírita, fundada em 1875 e dirigida por Dr. Antônio da Silva

Neto da Sociedade de Estudos Espiríticos — Grupo Confúcio, do Rio de Janeiro;

4°) Revista da Sociedade Acadêmica “Deus, Cristo e Caridade”, fundada

em 1881, no Rio de janeiro, por Antônio Pinheiro Guedes, Carlos Joaquim de Lima

e Cirne, Dr. Francisco Siqueira Dias, José Antônio Val de Vez e Salustino José

Monteiro de Barros, sob a gerência do Prof. Afonso Angeli Tortorelli;

5°) União e Crença, de Areias, de São Paulo, órgão do Grupo Espírita

Fraternidade Areense, cujo primeiro número circulou em 1881;

6º) A Cruz, de Recife, de Pernambuco, fundado em 1881, por Dr. Júlio Cesar

Leal;

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 9

7°) O Espiritismo, fundado em 1881, no Rio de Janeiro, sem identificação

do fundador;

8º) Reformador, do Rio de janeiro, fundado por Augusto Elias da Silva,

depois revista e órgão oficial da Federação Espírita Brasileira;

9º) O Século XX, de Campos, do Rio de Janeiro, fundado em 1885, órgão da

Sociedade Espírita Concórdia, sob a direção de João Barreto;

10°) A Luz, de São Luiz do Maranhão, órgão do Clube Espírita Redenção,

fundado em 1886;

11°) A Nova Era, do Rio de janeiro, com início em 1890, sob a direção de

Antônio Francisco Pereira e Nelson Faria;

12º) Verdade e Luz, de São Paulo, fundado por Antônio Gonçalves, o

Batuíra, depois revista, em circulação;

13º) A Regeneração, do Rio Grande do Sul, fundado em 1890, órgão do

Grupo Espírita Allan Kardec.

Federação Espírita Brasileira – Orientação à Comunicação Social

Espírita – Anexo D – Pioneiros da Imprensa Espírita no Brasil

Enquanto em 1857 aparecia nas livrarias francesas a obra básica da

codificação, o Livro dos Espíritos, em meados de 1860 são publicados por Casemiro

Lieutand no Brasil as obras “Os tempos são chegados” e O Espiritismo na sua mais

simples expressão”

Em 23de setembro de 1863, o Jornal do Commercio do Rio de Janeiro

publicou um comentário favorável ao Espiritismo e no dia 28 desse mês Luiz

Olímpio Telles de Menezes voltou às páginas do jornal para, numa tréplica,

defender a doutrina nascente dos ataques da Gazette Médicale.

Foi Telles de Menezes quem fundou o primeiro grupo genuinamente espírita

do Brasil em 1865 em Salvador, Bahia, sob a denominação de “Grupo Familiar do

Espiritismo”.

A iniciativa frutificou e no seio do Grupo surgiu o primeiro periódico do

Brasil, “O Echo D' Além-túmulo, impresso na tipografia do Diário da Bahia sob a

responsabilidade de Teles de Menezes.

Editou também, em 1869 o primeiro livro de divulgação doutrinária em

versos, “O Espiritismo, meditação poética”, sobre o mundo invisível, de Júlio César

Leal, que mais tarde viria a ser Presidente da Federação Espírita Brasileira (1895).

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 10

(...)

Em 23 de janeiro de 1881, foi fundado em São Paulo, na cidade de Areias,

o Grupo Espírita Fraternidade Areense o qual lançou, no mesmo ano, o jornal

“União e Crença”, sob a direção do coronel Joaquim Silvério Monteiro Leite.

(...)

O segundo periódico espírita surgido comprovadamente em São Paulo foi

Espiritualismo Experimental, de vida efêmera, e que teve seu último número em

setembro de 1886, sob a direção de Santos Cruz Júnior.

Seguiu-se o espiritualista O Evolucionista, posteriormente, o grande marco

do progresso das idéias espíritas em terra bandeirante, “Verdade e Luz”, editado

por Antônio Gonçalves da Silva (1838 – 1909), popularmente conhecido como

Batuíra.

Sua tiragem, iniciada com 2.000 exemplares, atingiu em 1897 a excepcional

quantidade de 15.000 exemplares.

Em 1899, sua Tipografia Espírita, bastante onerada, pois o fruto da venda

do jornal era todo revertido à assistência social, anunciou a redução da tiragem para

os 6.000 exemplares, ainda excepcionais, considerando-se que nem os jornais

diários atingiam tal cifra. Em suas páginas deixaram inscritos seus pensamentos

grandes pioneiros do Espiritismo: Anália Franco, Ewerton Quadros, Antônio

Augusto José da Silva, Edna de Morais Cardoso, Antônio Pinheiro Guedes,

Casimiro Cunha e muitos outros.

Eduardo Monteiro de Carvalho – Cem Anos de Comunicação Espirita em São

Paulo – Cap. 2 – A Imprensa Espírita em São Paulo

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 11

É ao Dr. Travassos (ele era médico) que o Brasil espírita deve a primeira

tradução das obras de Kardec. Foi ele, em 1875, sob o pseudônimo de Fortúnio, a

fazer a primeira tradução para o português de O Livro dos Espíritos, a partir da 20a

edição francesa.

A publicação foi feita pela primeira editora no Brasil a publicar as obras

básicas de Allan Kardec: a B. L. Garnier, fundada em 1844, no Rio de Janeiro, por

Baptiste Louis Garnier, um jovem empreendedor de 21 anos, recém-chegado da

França.

Foi ele também que fez a tradução das demais obras de Kardec:

O Livro dos Médiuns, em 1875, a partir da 12a edição francesa, sem o nome

do tradutor; O Céu e o Inferno, em 1875, a partir da 4a edição francesa, sem o nome

do tradutor; O Evangelho Segundo o Espiritismo, em 1876, a partir da 16a edição

francesa, sem o nome do tradutor.

Como se vê, desde o lançamento de O Livro dos Espíritos, na França, em

18 de abril de 1857, até sua tradução e publicação no Brasil, passaram-se 18 anos!

(...)

Foi assim que, em 15 de novembro de 1897, o Sr. Leymarie concede,

gratuitamente, à Federação Espírita Brasileira, os direitos de publicação, em

português, das obras de Kardec, com o compromisso de manter fidelidade aos

originais.

O responsável por essa transação foi Bezerra de Menezes, que nessa época

era o presidente da Federação Espírita Brasileira. Transferia-se, assim, para o

Brasil, a tarefa de continuar a divulgação da Doutrina Espírita.

Nas primeiras décadas do século XX, outro vulto se destaca: Luís Olímpio

Guillon Ribeiro (1875/1943), que muitas contribuições trouxeram para o

Espiritismo no Brasil.

Dotado de grande inteligência e senso prático (era formado engenheiro

civil), entre os vários serviços prestados à causa espírita, também realizou as

traduções das obras de Kardec para o português.

Maroísa F. Pellegrini Baio – Sociedade Espírita de Auxílio Fraternidade – A

Chegada de "O Livro dos Espíritos ao Brasil

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 12

Entre os seus mais de 20 mil volumes de literatura predominantemente

espírita, possui a Biblioteca de Obras Raras da Federação Espírita Brasileira

verdadeiros tesouros bibliográficos.

Um deles, o opúsculo de 35 páginas, Resumo da lei dos fenômenos espíritas,

editado por Baptiste Louis Garnier em 1874, traduzido por Huss, revisto pela

Sociedade de Estudos Espiríticos do Rio de Janeiro, sem indicação de impressor,

que, devido à sua raridade, passou despercebido até agora, mas é,

cronologicamente, a segunda tradução brasileira de uma obra completa de Allan

Kardec. É posterior à versão anônima de O espiritismo na sua mais simples

expressão, publicada em São Paulo, em 18662 e anterior às traduções de O livro

dos Espíritos, O livro dos Médiuns e O Céu e o Inferno, em 1875, e O Evangelho

segundo o Espiritismo, em 1876, por Joaquim Carlos Travassos e editados também

por B. L. Garnier, na então capital do império.

Na folha de rosto consta a máxima Fora da caridade não há salvação, que

é título do capítulo XV de O evangelho segundo o espiritismo, citada em outras

obras da Codificação.

O pseudônimo Huss, possível referência a Jan Huss, reformador protestante,

apontado como uma das encarnações do Codificador, pode ocultar um dos

integrantes do Grupo Confúcio, como o secretário-geral, Joaquim Carlos Travassos,

o tesoureiro, Casimir Lieutaud ou a conselheira fiscal, Mme. Perret Collard.

(...) No tocante a edições modernas brasileiras, o Resumo da lei dos

fenômenos espíritas foi traduzido inicialmente, em 1982, por Vera Lúcia do

Amaral, para a Sociedade Pró-Livro Espírita em Braille (SPLEB); em 1987, por

Salvador Gentile, para o Instituto de Difusão Espírita (IDE) e, em 2007, por

Evandro Noleto Bezerra, para a Federação Espírita Brasileira, como parte do

volume O espiritismo na sua expressão mais simples e outros opúsculos de Allan

Kardec.

Jorge Brito – Revista Reformador – 2014 – Agosto – Obra de Allan Kardec

traduzida no Brasil há 140 anos

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 13

A primeira tradução para o português de "O Livro dos Espíritos" foi feita

em 1875 pôr Carlos Travassos.

Há 140 anos, era lançada a primeira tradução para o português de O livro

dos espíritos. O tradutor Joaquim Carlos Travassos nasceu em Angra dos Reis, em

1839, formou-se em Medicina e atuou como médico nos Estados do Rio de Janeiro

e de São Paulo.

Ficou viúvo duas vezes, a primeira delas em decorrência de um terrível

acidente com cavalo. Procurou o Espiritismo e tornou-se membro da diretoria do

Grupo Confúcio.

Manteve correspondência com a “Sociedade para a continuação das obras

espíritas de Allan Kardec”, de Paris, e com Pierre-Gaëtan Leymarie.

No começo do ano de 1875, informava sobre a tradução da obra inaugural

de Allan Kardec. Como tradutor, adotou o pseudônimo Fortúnio. O livro dos

espíritos foi traduzido a partir da 20ª edição francesa.

Em 1875, ainda lançou as traduções de O livro dos médiuns e O céu e o

inferno.

No ano seguinte lançou O evangelho segundo o espiritismo. Todas as obras

publicadas por intermédio da Editora B. L. Garnier.

Travassos teve várias atuações no Movimento Espírita e chegou a ser

senador da República. Desencarnou há cem anos, na cidade do Rio de Janeiro, aos

6 de fevereiro de 1915.

Antônio Cesar Perri de Carvalho – Revista Reformador – 2015 – Janeiro –

Tradutores históricos de O livro dos Espíritos

O Espiritismo é aquisição mundial conhecimento e virtude, através do

estandarte das novas revelações, que surgem na esfera de todos os países e de todas

as línguas, por injunções do Plano Superior, e que o Espiritismo com Jesus é serviço

regenerativo, sem o qual a criatura humana permaneceria indefinidamente sem

soerguer-se do abismo em que se projetou.

Afonso Angeli Torteroli – Revista Reformador – 1950 – Julho / Cartas do Alto –

Mensagem de um velho Combatente

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 14

2.3 Objetivos da Comunicação Social Espírita

i. Propiciar um Diálogo Fraterno:

A Comunicação Social Espírita tem por finalidade propiciar condições para o

diálogo fraterno entre aquele que emite a mensagem (emissor) e o interlocutor

(receptor), tornar comuns as notícias e dados de interesse do Movimento Espírita às

pessoas, às instituições e ao público, de modo geral.

ii. Facilitar a troca de conhecimento

Paralelamente, facilitar, pela interação, o conhecimento doutrinário espírita a

esses mesmos públicos, de tal forma que a mensagem esclarecedora e consoladora do

Espiritismo esteja ao alcance e a serviço de todos, no campo moral e espiritual.

Federação Espírita Brasileira – Orientação à Comunicação Social Espírita – Cap.

1 – Princípios e diretrizes da Comunicação Social Espírita

Muito interessa aos espíritas o problema da comunicação.

No contexto da nossa Doutrina, a sua técnica se desdobra em dois aspectos

distintos e complementares, ambos de extrema importância:

a comunicação entre os Espíritos e os encarnados, e aquela que somente

ocorre entre estes últimos.

A primeira, pela sua condição especial, ficou, na terminologia espírita, com

o nome de comunicação mediúnica, por exigir o concurso de um intermediário (o

médium) entre as duas faces da vida.

Na comunicação entre os homens, o processo é direto e prescinde do

médium. Numa, recebemos mensagens reveladoras do mundo espiritual; noutra,

procuramos transmitir ao nosso semelhante as idéias, que constituem a essência da

Doutrina Espírita.

Ao estudarmos com maior atenção as estruturas dos dois processos,

verificamos facilmente que têm pontos fundamentais de identidade e semelhança,

como veremos.

Antes, porém, uma definição. O verbo comunicar vem do latim

communicare, isto é, tornar comum, partilhar, transmitir, divulgar, propagar.

Logicamente, portanto, qualquer sistema de comunicação exige um

instrumento, um aparelho.

Na comunicação mediúnica o médium exerce essa função; nos processos

que se desenvolvem entre os homens, os aparelhos são outros: imprensa, rádio,

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 15

cinema, televisão, todo o instrumental, enfim, da moderna Informática, aliás,

chamado media.

(...)

A decomposição do processo revela o seguinte: em todo sistema de

comunicação — mediúnica ou não — o componente inicial é a idéia, concebida na

mente daquele que deseja transmiti-la a alguém.

(...)

O segundo componente do sistema é a expressão formal do pensamento.

Aquele que deseja transmitir uma idéia, terá de traduzi-la de alguma forma, segundo

o processo que tiver à sua disposição.

Isso porque nós não pensamos em palavras e sim em imagens ou impressões

fugidias que passam pelo nosso consciente como flashes velozes que precisamos

agarrar às pressas para que não se percam.

(...)

O terceiro componente do processo de comunicação, que é a interpretação

por parte daquele que a recebe.

É evidente, portanto, que a mensagem não é recebida na sua forma original,

tal como foi concebida na mente daquele que a enviou, e sim já convertida num dos

meios usuais empregados para torná-la comum, ou seja, para comunicá-la. Isso quer

dizer que ela passou por um processo de codificação, ao ser transformada em sinais

ou símbolos de idéias que surgem no plano do nosso entendimento como

representações das próprias idéias. É que na fase atual da nossa evolução espiritual

ainda não podemos transmitir o nosso pensamento na sua forma original, com a

dispensa dos símbolos criados para comunicá-lo.

(...)

O quarto componente do processo de comunicação quando a reação do

recipiendário ao conteúdo da mensagem recebida é enviada de volta à fonte de onde

proveio (feedback), provocando, por sua vez, eventual reação.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 16

(...)

A outra face da comunicação que interessa a nós, espíritas, é a da divulgação

do conteúdo espiritual da Doutrina entre os homens, através da palavra falada ou

escrita.

Nesse campo temos à disposição todo o vastíssimo e aperfeiçoado

aparelhamento moderno, mas é evidente que esses mesmos métodos que nos

facultam enormes possibilidades de ampliação dos horizontes espirituais da

Humanidade ditam, com igual força, as limitações que nos aprisionam dentro dos

rígidos esquemas da nossa era.

É que a nossa mensagem de paz e de entendimento, de luz e de amor, tem

de competir com todo o imenso alarido que as baterias da publicidade moderna

criaram para disputar a atenção do homem, atraindo-a para fins imediatistas e

materialistas.

(...)

Cabe-nos, pois, estar preparados para a divulgação das nossas idéias. Os

métodos que temos de usar são aqueles que hoje se nos oferecem.

Não estamos mais nos doces tempos de Paulo, quando uma simples epístola

manuscrita, em uma só via, era remetida por mensageiros a pé, através do mundo,

para alcançar Corinto, Roma ou Éfeso. E lá ficavam e de lá se irradiavam

lentamente para outros pontos, de mão em mão, de século em século.

As comunicações são hoje impressas aos milhares, aos milhões, em livros,

jornais, revistas, folhetos e filmes, gravadas em fita magnética, confiadas à memória

dos computadores.

A palavra falada é ampliada por microfones poderosos, espalhada pelo

rádio, pelo cinema e pela televisão, via satélites artificiais que giram acima de

nossas cabeças.

Os fenômenos psíquicos explodem cada dia mais alto, nas manchetes dos

grandes diários da imprensa leiga. Mas, a atenção do homem é errática e superficial,

porque inúmeras outras solicitações veementes pululam à sua volta.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 17

Temos, pois, de estudar os métodos do mundo e aperfeiçoar cada vez mais

a nossa técnica. Seja o nosso falar sim, sim; não, não, como queria o Mestre. Seja a

linguagem direta, sem floreados, que a época não mais comporta, mas com um

conteúdo legítimo de autenticidade, apoiado na coragem moral de declarar alto e

bom som a nossa posição.

Somos espíritas, somos espíritos, temos uma mensagem intemporal de amor

e paz. Se falharmos na transmissão dessa mensagem, quem poderá estimar o

retardamento das conquistas maiores que nos esperam lá na frente, lá no alto?

Naquilo que recebemos dos nossos amigos espirituais, procuramos

encontrar, com honestidade e diligência, a pureza da idéia primitiva que os

impulsionou.

Naquilo que transmitirmos aos nossos irmãos, tratemos de colocar em

ordem o nosso pensamento, para que saia puro o teor da mensagem. Ela corre

sempre o risco de "azedar", se não cuidarmos da limpeza imaculada do vasilhame

que a recebe e a retransmite.

Acima de tudo isso, não abandonemos as fontes de onde flui toda essa água

cristalina que aplaca a nossa sede de luz e de amor: o Evangelho de Jesus e a obra

monolítica de Kardec.

Hermínio de Miranda – Sobrevivência e Comunicabilidade dos Espíritos Cap. 1

– Técnica da Comunicação Espírita

Comunicar é informar ou expor, amar é simplesmente esclarecer.

Comunicar, não raro, implica apresentar fatos que podem trazer

intranquilidade ou conflito;

Amar significa revelar conhecimentos que só possam gerar benefícios.

Comunicar é imaginar, escrever, falar, projetar, transmitir, divulgar;

Amar é sentir, preparar e difundir o que seja justo e bom – o justo que não

crie maiores problemas e o bom que não favoreça o comodismo.

Comunicar é falar verdades ou mentiras,

Amar é falar somente aquilo que edifique o bem.

A comunicação tem duas faces: a da palavra e a do silêncio;

há casos em que o silêncio comunica melhor.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 18

Longa ou rápida comunicação, de grande ou pequena verdade ou mentira,

pode desencadear uma guerra, enquanto um simples gesto de amor é capaz de salvar

milhões de vidas.

A comunicação, na sua mais sublime finalidade, é lâmpada a expandir a

divina claridade do amor.

Romanelli – Grãos de Amor – Cap. Comunicação e Amor

Sobre a divulgação do Espiritismo nos meios de comunicação, o que

você acha?

Eu acredito que a divulgação do Espiritismo está sendo muito bem realizada,

embora ainda se possa fazer muito mais.

Constato que estamos utilizando com sabedoria e parcimônia os veículos da

mídia.

Não seria conveniente nos atirarmos desesperadamente na busca de uma

divulgação desenfreada, porque o Espiritismo não tem necessidade de realizar o

proselitismo de arrastamento, peculiar a outras doutrinas.

A divulgação saudável, principalmente pelos exemplos e obras, faz muito

mais do que aquela de que se utilizam outras correntes filosóficas e religiosas, em

que a conduta de seus profitentes não corresponde à propaganda disseminada.

Divaldo Franco – Aprendendo com Divaldo – Cap. 5 – Divulgação

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 19

2.4 Princípios da Comunicação Social Espírita

i. Cultivo do Amor e a Verdade

Deve refletir o amor e a verdade que estão contidos na Doutrina Espírita.

“Espíritas! Amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o

segundo. No Cristianismo se encontram todas as verdades; são de origem humana

os erros que nele se enraizaram.

O Espírito de Verdade – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 6 –

Item 5 – Advento do Espírito de Verdade (Paris,1862)

ii. Estímulo ao entendimento Fraternal

Deve ser dirigida no rumo do entendimento fraternal, visando dialogar,

informar, orientar, e projetar uma imagem favorável e positiva do Espiritismo.

“Se o Espiritismo, conforme foi anunciado tem que determinar a

transformação da humanidade, claro que esse efeito ele só poderá produzir,

melhorando as massas, o que se verificará gradualmente, pouco a pouco, em

consequência do aperfeiçoamento dos indivíduos”.

Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – Cap. 29 – Item 350 – Rivalidade

entre as Sociedades

iii. Culto do equilíbrio e da harmonia

Deve se revestir de equilíbrio e harmonia, visando contribuir, efetivamente,

para esclarecer, consolar e orientar.

“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para

promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem”.

Paulo de Tarso — Efésios, 4:29

iv. Postura de diálogo e respeito

Deve sempre refletir uma postura dialógica e expositiva e nunca impositiva,

respeitando-se tanto o princípio de liberdade que a Doutrina Espírita preconiza,

como também o público a que se destina que tem faixas de interesse e motivação

que não podem ser violentadas.

“Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e

siga-me.

Jesus — Marcos, 8:34

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 20

v. Ação não personalista

Deve caracterizar-se pelo propósito prioritário de promover a Doutrina

Espírita, sua mensagem, seus princípios e seus benefícios, sem a preocupação de

destaque para a pessoa que a promove.

“É necessário que Ele cresça e que eu diminua”

João Batista — João, 3:30

vi. Respeitar aspectos éticos, legais e técnicos

A seleção de veículos, bem como a forma de utilizá-los, deve observar os

aspectos éticos, legais e técnicos, para refletir em qualidade e natureza, o mesmo

nível elevado dos objetivos colimados.

“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm”.

Paulo de Tarso — I Coríntios, 6:12

vii. Não sensacionalista

A forma de apresentação da mensagem deve primar pela simplicidade,

isentando-se de qualquer conotação sensacionalista, não obstante deva ser

atualizada e dinâmica.

Linguagem sadia e irrepreensível, para que o adversário se sinta

envergonhado, não tendo indignidade nenhuma que dizer a nosso respeito.

Paulo de Tarso — Tito, 2:8

i. Não oportunista

Diante de uma proposta de trabalho de Comunicação Social Espírita,

analisar a oportunidade de sua realização, pois, a despeito do valor que ela

apresente, muitas vezes, o momento pode não ser o mais adequado à sua

concretização ou se mostrar incompatível com os interesses gerais da tarefa que se

pretende realizar.

“Fazendo-lhe então veemente advertência, logo o despediu, e lhe disse:

Olha, não digas nada a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela

tua purificação o que Moisés determinou para servir de testemunho ao povo”.

Jesus — Marcos, 1:43 a 44

Federação Espírita Brasileira – Orientação à Comunicação Social Espírita –

Cap. 1 – Princípios e diretrizes da Comunicação Social Espírita

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 21

Encontramos na enciclopédia virtual Wikipédia a afirmativa de que:

“A comunicação humana é um processo que envolve a troca de

informações, e utiliza os sistemas simbólicos como suporte para este fim.

Está envolvida neste processo uma infinidade de maneiras de se comunicar:

duas pessoas tendo uma conversa face a face, ou através de gestos com as mãos,

mensagens enviadas utilizando a rede global de telecomunicações, a fala e a escrita

que permitem interagir com as outras pessoas e efetuar algum tipo de troca

informacional”.

Entendemos, portanto, que o termo Comunicação Social denomina o

processo de expressão de mensagens dirigidas a um grande público, anônimo,

heterogêneo, através de vários veículos, entre os quais destacamos:

livros, jornais, revistas, filmes, programas de rádio e de televisão e a

internet.

A Comunicação Social Espírita, como colaboradora no processo de

melhoria do organismo social, tem como prioridade apontar a meta da Doutrina dos

Espíritos, que é a de melhorar o homem para que o homem melhore a instituição

humana.

Para tanto, é preciso que se comunique ao homem, pelos meios disponíveis,

sobre a necessidade para o despertamento dos valores da vida, aplicáveis em todas

as circunstâncias, isto é, como lidar com os valores materiais, vitais, estéticos, éticos

e morais no relacionamento humano, nos testes de cada dia, informando-lhe que o

conhecimento e a vivência dos princípios espíritas podem oferecer-lhe valiosos

recursos para a melhora gradativa, no seu desempenho como candidato da sabedoria

do viver com o mundo.

A divulgação espírita tem contribuição valiosa para oferecer ao ser

encarnado, no tocante ao aperfeiçoamento espiritual da humanidade, quando sugere

a aplicação da Lei do Amor como base para a fraternidade entre os homens, no

desafio permanente e constante contra o egoísmo, orgulho, vaidade, ódio, inveja e

violência, pois a pedra angular da nova ordem social é a fraternidade.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 22

(...)

Caros irmãos de ideal: colocarmos ao alcance e a serviço de todos a

mensagem esclarecedora e consoladora que a Doutrina Espírita oferece exige a

contribuição e o trabalho de todos nós. Multipliquemos os resultados somando os

nossos esforços.

Cristo espera o nosso melhor, pois a seara do Senhor é grande. Portanto,

prossigamos intimoratos!

Antônio Nascimento – Revista A Reencarnação No 444 – 2012 – 2o semestre – O

Centro Espírita e seu Compromisso com a Divulgação

Quando da implantação do reino dos céus entre os homens, aqueles que se

fizeram beneficiários das curas realizadas por Jesus tornaram-se naturais

propagandistas da fé, exaltando as excelências do bem de que se viram objeto, entre

exclamações laudatórias e narrações entusiásticas.

Suas vozes atraíam compactas multidões, que se renovavam, sempre ávidas

de mais “sinais” e maior soma de recursos com que se beneficiassem, irrequietas e

levianas...

No entanto, enquanto prosseguia a propaganda arrebatadora, em volta e a

distância do Senhor, a divulgação da Boa Nova encontrava somente raros espíritos

resolutos e dispostos ao engajamento nos seus dispositivos redentores.

O arrebatamento das primeiras horas dava lugar a suspeição e ao

afastamento das diretrizes severas, que impunham o renascimento íntimo de cada

um, embora se sucedessem as expressões de ventura e júbilo, diante das repetidas

conquistas imediatas, de ordem pessoal.

No dia da cruz, porém, os propagandistas afoitos se evadiram, demandando

as distâncias acautelatórias e convenientes.

Mas as lições que renovaram muitos, definitivamente, graças a salutar

divulgação que Ele realizara no ministério da convivência pessoal e do exemplo

sistemático, sé encarregariam de espraiar a mensagem de vida pelas trilhas do

futuro...

Ainda hoje, nas tarefas do Espiritismo encarregado de restaurar o

Cristianismo, na sua primitiva pureza — multiplicam-se os que fazem a propaganda

bombástica, aliciando interessados imediatistas nos recursos da mediunidade, de

que pretendem utilizar-se nem sempre com elevação, ou que procuram aderir a

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 23

Doutrina Espírita somente porque “está na moda”, através de apressada filiação

formal e aparente, sem maiores consequências.

Aplaudem ruidosamente, ovacionam encomiasticamente, cercam de

bajulação dourada e enganosa, intoxicam com homenagens transitórias,

disfarçadas, dizendo que são benéficas para a melhor propaganda da Causa, como

se o Espiritismo necessitasse das exteriorizações e dos ruídos que perturbam,

produzem impacto, sugestionam, mas passam com a mesma rapidez com que

chegam.

Fazem-se agentes da nova fé, defensores dos seus postulados, atormentados

coligidores de estatística, desejando para a Mensagem Reveladora os lugares de

destaque, antes ocupados pelos antigos corretores equivocados da governança

religiosa da Terra...

O divulgador, no entanto, discreto e consciente, é membro do Reino de que

dá notícia, informando com segurança, esclarecendo com paciência e deixando as

sementes do Evangelho plantadas, em definitivo, nas províncias da alma humana

sofredora.

Suas lições trazem a técnica da vivência e da experiência da fé, em que

consubstanciam os seus ensinos, a fim de impregnarem os que ós ouvem, desejosos

de vida nova, nas bases austeras e relevantes do reino de Deus.

Não obstante propaganda e divulgação sejam, lexicamente, a mesma coisa,

merece consideremos, em Espiritismo, que:

O propagandista passa. O divulgador permanece.

Aquele é agente que espera recompensa. Este é servidor que se felicita

ajudando.

Um tem pressa. O outro espera.

O primeiro conhece por informação de outrem. O segundo sabe por

integração pessoal.

O propagandista, por qualquer insucesso, encoleriza-se, reage, sente-se

decepcionado. Anseia pelos resultados expressivos e volumosos. Procura êxitos

pessoais, no labor a que se propõe.

O divulgador ensina e vive, deixando ao futuro os resultados que não

ambiciona colher, porque se reconhece na condição de “servo inútil” porque apenas

“fez o que devia fazer”, e sabe que, para alguém tomar-se espirita, isto nem sempre

depende de um momentâneo ato de querer, porém faz-se indispensável tudo investir

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 24

para poder sê-lo, porquanto o verdadeiro espírita é “tocado no coração, pelo que

inabalável se lhe toma a fé”, como ensinou Allan Kardec, e, para tanto, não se fazem

necessárias as aparências exteriores.

Abdias Antônio de Oliveira – Depoimentos Vivos – Cap. 20 – Propaganda e

Divulgação Espírita

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 25

2.5 Princípios Éticos do Jornalismo Espírita

Por ocasião do 6º Congresso Brasileiro de Jornalistas e Escritores

Espíritas, realizado no período de 15 à 18 de abril de 1976 em Brasília, que contou

com a participação de 400 congressistas brasileiros e de delegações dos Estados

Unidos, Alemanha, Portugal, Itália, Venezuela, Porto Rico e Colômbia, foram

aprovados os princípios éticos do Jornalismo Espírita:

I. O jornalista, em quaisquer setores de comunicação (Imprensa, Rádio e TV) e

outros meios de divulgação, deve orientar-se pelos princípios éticos gerais que

regem a atividade do profissional, neste setor;

II. Como espírita, o jornalista, o editor ou o escritor estão, também, orientados para

a fidelidade aos princípios da Codificação Kardequiana, expressos basicamente

em "O Livro dos Espíritos";

III. Divulgar o fato com precisão, em respeito ao leitor, distinguindo a informação

que veicula da apreciação que faz;

IV. Evitar o sensacionalismo negativo, adotando atitude compatível com a sua

formação doutrinária e o objetivo do Espiritismo, que é a reforma do homem,

caminho para a reforma da sociedade;

V. Disciplinar a publicidade, compatibilizando-a com os princípios da ética e da

Doutrina Espírita;

VI. Obediência às normas que regem o direito do autor e a publicação, quando

justificada, das referências bibliográficas;

VII. Adoção destes princípios pelos membros da Associação Brasileira de

Jornalistas e Escritores Espíritas (ABRAJE)

ABRAJE – Revista Internacional de Espiritismo (RIE) – 2001 – Junho –

Princípios éticos do Jornalismo Espirita – 6º Congresso Brasileiro de Jornalistas

e Escritores Espíritas – Brasília – 18/04/1976

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 26

Nos domínios do Universo,

Ninguém evolui a sós,

A humanidade na Terra

É a soma de todos nós.

Castro Alves – Revista Reformador – 1976 – Junho – Encontro em

Brasília (Marcas do Caminho – Cap.40 – Encontro em Brasília – 6º Congresso

Brasileiro de Jornalistas e Escritores Espírita — Brasília, Distrito Federal,

15.04.1976)

Escrever com simplicidade e clareza, concisão e objetividade,

esforçando-se pela revisão severa e incessante, quanto ao fundo e à forma, de originais que devam ser entregues ao público.

O patrimônio inestimável dos postulados espíritas está empenhado em nossas mãos.

Empregar com parcimônia e discernimento a força da imprensa, não atacando pessoas e instituições, para que o escândalo e o estardalhaço não encontrem pasto em nossas fileiras.

O comentário desairoso desencadeia a perturbação. (...) Purificar, quando não se puder abolir, o teor dos anúncios comerciais e das

notícias de caráter mundano. A imprensa espírita cristã representa um veículo de disseminação da

verdade e do bem. André Luiz – Conduta Espírita – Cap. 15 – Na Imprensa

Optar, como deseje, por essa ou aquela escola literária respeitável, mas

vincular a própria obra aos ensinamentos de Jesus. Emitir com dignidade os conceitos que espose; no entanto, afeiçoar-se

quanto possível, ao hábito da prece, buscando a inspiração dos Planos Superiores. Exaltar o ideal, integrando-se, porém com a realidade. Cultivar os primores do estilo, considerando, em todo tempo, a

responsabilidade da palavra. Enunciar o que pense; entretanto, abster-se de segregação nos pontos de

vista pessoais, em detrimento da verdade. Aperfeiçoar os valores artísticos; todavia, evitar o hermetismo que obstrua

os canais de comunicação com os outros.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 27

Entesourar os recursos da inteligência, mas reconhecer que a cultura intelectual, só por si, nem sempre é fundamento absoluto na obra da sublimação do espírito.

Devotar-se à firmeza na exposição dos princípios que abraça, sem fomentar a discórdia.

Valorizar os amigos, agradecendo-lhes o concurso; no entanto, nunca desprezar os adversários ou subestimar-lhes a importância.

Conservar a certeza do que ensina, mas estudar sempre, a fim de ouvir com equilíbrio, ver com segurança, analisar com proveito e servir mais.

Emmanuel – Ceifa de Luz – Cap. 7 – Legendas do Literato Espírita

Enquanto brilham facilidades e o alarde dos aplausos estruge, ei-los a

postos. Entrementes, logo são chamados ao testemunho do silêncio, no anonimato

ou na ação aparentemente insignificante, debandam rancorosos, com queixas,

estremunhados...

São os que promovem o Espiritismo, promovendo-se também.

Cuida de promover a Causa e olvida as transitórias casas a que te vinculas;

propagando o Espiritismo em toda a sua pureza, fiel aos postulados Kardequianos,

ilumina-te na Sua claridade, deixando a tua pessoa em plano secundário; ampliando

o campo para sementação da Verdade não te iludas...

(...)

A promoção da Doutrina que te honra não deve constituir-te motivo de

destaque personalista, porque o verdadeiro trabalhador ama na semente a planta

futura, e na terra reverdescida encontra a resposta da vida ao esforço desenvolvido.

Joanna de Ângelis – Florações Evangélicas – Cap. 43 – Promoção

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 28

3 A LITERATURA ESPÍRITA – O Livro

3.1 Considerações Gerais

Literatura é:

i. conjunto de obras literárias de reconhecido valor estético, pertencentes a um

país, época, gênero etc.

ii. conjunto das obras científicas, filosóficas etc., sobre determinada matéria ou

questão; bibliografia

iii. conjunto de instruções, boletim, folheto etc. destinados a propaganda ou

esclarecimentos sobre certos produtos

Dicionário Houaiss – Literatura

A Literatura é a técnica de compor e expor textos escritos, em prosa ou

em verso, de acordo com princípios teóricos e práticos; o exercício dessa técnica ou

da eloquência e poesia.

A palavra Literatura vem do latim "litteris" que significa "Letras", e

possivelmente uma tradução do grego "grammatikee".

Em latim, literatura significa uma instrução ou um conjunto de saberes ou

habilidades de escrever e ler bem, e se relaciona com as técnicas da gramática,

da retórica e da poética. Por extensão, se refere especificamente à arte ou ofício de

escrever.

O termo Literatura também é usado como referência a um conjunto escolhido

de textos.

Wikipedia – Literatura

A literatura é a exteriorização perdurável do pensamento humano nesse

mundo. Por ela se aprecia a evolução do homem; por ela se apreciam o seu

aperfeiçoamento, o seu grau de civilização, os seus afetos e os seus ódios; a sua

grandeza ou a sua baixeza.

Ela é o imenso caleidoscópio através do qual se vê a vida e todo o pensamento

humano na Terra, desde que o homem soube pensar e viver.

É a obra do cérebro e a obra do coração humano.

Fernando de Lacerda – Do País da Luz – Vol. 2 – Cap. 32 – Julio Diniz

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 29

Literatura é a arte que se exprime por meio de palavra falada ou escrita (Manuel

Bandeira).

É o conjunto de obras escritas, de uma época, de um povo, de uma nação, que

tenham relação direta ou indireta com o Belo.

A Literatura abrange todas as produções da palavra escrita: o romance, o

dicionário, o livro de poesias, etc.

É a cristalização da cultura de um povo (Max Lerner). Compreende todas as

manifestações da inteligência de um povo: política, economia, arte, criações

populares, ciências (Sílvio Romero, “História da Literatura Brasileira”).

Pedro Franco Barbosa – Espiritismo Básico – 3º Parte – Literatura Espírita

Um livro que nos melhore

E nos ensine a pensar,

É luz acesa brilhando

No amor do Eterno Lar.

Casimiro Cunha – Cartas do Coração – 2ª Parte – Cap. 21 – Na jornada de luz

Considerando o momento grave que se abate sobre as mentes e os corações,

sobre todas as criaturas na Terra de hoje, a advertência do Espírito de Verdade,

inserta em O Evangelho Segundo o Espiritismo, tem urgência de ser vivida,

convidando-nos a que nos instruamos e amemos, a fim de podermos partir na

construção do homem novo e na divulgação correta do Cristianismo através da

visão espírita, que abate a feição negativa que lhe impingiram os homens através

destes quase dois milênios, desfigurando a realidade da filosofia e da moral do

Mestre galileu.

Abílio da Silva Lima – Depois da Vida – 3º Parte – Cap. 9 – O Futuro do

Espiritismo

O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um

morto que vive.

Antônio Vieira – missionário, teólogo, diplomata e orador português

(1608/1697)

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 30

3.2 Literatura Espírita – Definição e abrangência

A Literatura que chamamos Espírita é aquela, mediúnica ou não, que

possui um compromisso claro com a divulgação dos fenômenos espíritas ou da

Doutrina Codificada por Allan Kardec em seu tríplice aspecto: filosófico,

científico e religioso.

José Carlos Leal – Correio Espírita – 2014 – Março – Literatura Mediúnica e

Literatura Espírita

Expressão dos Princípios da Doutrina Espírita:

− MANIFESTAÇÃO: Universalista e progressista.

− TEMAS: Deus, Evolução, Reencamação, Sobrevivência do Espírito,

Comunicação entre vivos e mortos (Mediunidade).

− OBJETIVO: Evangelização do Homem (reforma íntima). Esclarecimento

das almas.

− LINGUAGEM: Compatível. Elevada, harmoniosa, ética, simples,

confortadora, esclarecedora.

Pedro Franco Barbosa – Espiritismo Básico – 3º Parte – Literatura

Espírita

À medida que o Espírito avança, mais fáceis se lhe tornam as conquistas em

todas as áreas do seu desenvolvimento.

A Internet é uma delas, que abre portas e espaço para facilitar o intercâmbio

e desenvolver os valores do Espírito.

Se o indivíduo souber utilizá-la com a nobreza para a qual foi criada,

contribuirá imensamente para a paz e a iluminação das consciências.

Nesse sentido, torna-se extraordinário veículo para a divulgação do

livro espírita, qual já vem ocorrendo mesmo entre nós, no Brasil.

Divaldo Pereira Franco – Aprendendo com Divaldo – Cap. 5 –

Divulgação

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 31

Dois mil títulos! A literatura espírita publicada no Brasil já ultrapassa esta

expressiva quantidade (em 1997).

É impressionante como toda semana surge, pelo menos, um novo título nas

livrarias das capitais e cidades do interior do País. Romances, contos, crônicas,

mensagens, poemas... livros os mais variados para a escolha de todo tipo de leitor;

livros que estão entre os best-sellers, entre os mais vendidos em livrarias que

comercializam literatura em geral!

Esta grande quantidade de obras, infelizmente, nem sempre apresenta a

qualidade que as publicações consideradas espíritas deveriam assegurar.

Geraldo Campetti Sobrinho – Revista Reformador – 1997 – Janeiro –

Literatura Espírita – Uma Breve Reflexão

A Literatura espírita, brasileira já ultrapassa (em 2017) o expressivo

quantitativo de cinco mil títulos, em nós referindo apenas aos livros. Os

periódicos totalizam mais de duas centenas de títulos.

Geraldo Campetti Sobrinho – Biblioteca Espírita – Cap. 2 – Acervo

Documental (2017).

A mente sem estudo que a renove padece retardamento.

Recorda a eternidade da vida e não desistas de aprender.

Abre um parêntese no turbilhão das atividades em que te agitas e consagra

alguns instantes de cada dia à leitura e à reflexão.

O livro nobre é uma lâmpada que o Senhor determinou brilhasse em teu

caminho. Ensina sem exigência, corrige sem alarde, transforma sem ruído e ajuda

sem paga.

Lê e medita… No silêncio do espírito, os pensamentos do Céu iluminam os

pensamentos da Terra e vozes benevolentes e sábias nos falam aos ouvidos, através

do verbo inarticulado da inspiração.

(...) Disse-nos o Espírito da Verdade: — “Amai-vos! — eis o primeiro

ensino. Instruí-vos! — eis o segundo”.

Por isso mesmo, podemos acrescentar que amando-nos uns aos outros e

instruindo-nos sempre, entraremos com Jesus na posse da Luz Eterna.

Emmanuel – Intervalos – Emmanuel – Cap. 18 – Lê e medita

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 32

A literatura Espírita, produzida fartamente no Brasil, é um fenômeno de

importância não apenas religiosa: faz parte da vida cultural e editorial brasileira.

Como referência de sua produção e circulação, tome-se o caso do maior

médium psicógrafo de obras espíritas do mundo, Chico Xavier. Ele tem mais de

400 livros publicados, alguns deles traduzidos para dezenas de línguas; sua obra

mais vendida, Nosso Lar, já ultrapassou a tiragem de 1 milhão de exemplares.

O Brasil possui o título de maior celeiro mundial na produção de literatura

espírita, a qual abrange diversos gêneros e assuntos: são romances, contos, crônicas,

poemas, mensagens, obras de referência, literatura infantil, que abordam temas

ligados à arte, ciência, educação, filosofia, história, religião etc.

Os livros são escritos por estudiosos do espiritismo ou por médiuns, que

atribuem as obras aos chamados autores espirituais.

Entre os tópicos mais constantes, esses livros buscam difundir os valores

cristãos e espíritas e procuram demonstrar a imortalidade do espírito e a existência

de mundos espirituais.

Alexandre Caroli Rocha – A Poesia transcendente de Parnaso de Além-Túmulo

– Introdução

A Literatura Espírita abrange a edição de vários romances, poesias,

dramaturgias, contos e de publicações em periódicos, visando a disseminação dos

ideais espíritas, com o objetivo de estimular os leitores a cultivarem os

ensinamentos morais e espirituais contidos nestas obras.

Normalmente os livros são psicografados, quer dizer, produzidos pelos

espíritos através do médium, que transpõe para o papel as informações transmitidas

mentalmente pelos seres desencarnados.

A partir de um determinado momento, houve a necessidade de estruturar o

movimento espírita, principalmente através da propagação dos princípios

doutrinários. Pode-se afirmar, portanto, que a produção literária espiritual nasceu

no seio dos grupos de estudo, que se formavam justamente para debater as questões

referentes à Doutrina.

Este código moral passou a ser transmitido por meio de variadas obras,

integradas especialmente por livros psicografados.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 33

O Brasil constituiu-se como o berço por excelência desta literatura,

principalmente depois da década de 30.

Surgiram então diversas editoras, já direcionadas para este trabalho de

disseminação dos temas espirituais. Com este movimento literário os adeptos do

Espiritismo pretendem autenticar os eixos essenciais da Doutrina, ou seja, a questão

da reencarnação, ponto nuclear do progresso do espírito, e a possibilidade da

interação entre o mundo dos vivos e a esfera dos mortos.

Esta meta do Espiritismo foi corroborada pelo aflorar de uma preocupação

espiritualista e de uma crença na reencarnação, ao longo do século XIX, entre os

artistas desta época. Victor Hugo, Shelley, Walt Whitman, Edgar Allan Poe, entre

outros, refletiam em suas obras esta influência religiosa.

O contato com os espíritos é a essência desta literatura, que se constitui das

mensagens enviadas pela dimensão espiritual à esfera material. A principal

característica, portanto, destas narrativas, é a psicografia, que não prescinde da

presença do médium, embora ele não seja considerado tecnicamente o autor do

livro. Mas há também um outro filão da literatura espírita, integrado por obras que

resultam de estudos, pesquisas e ensaios de caráter filosófico, histórico e científico,

os quais abordam temas extraídos da doutrina espírita.

Em terras brasileiras destacam-se as produções dos médiuns Chico Xavier

e Divaldo Franco, que já publicaram inúmeras obras reconhecidas em todo o país e

em vários recantos do mundo.

Destes o mais famoso é o mineiro Francisco Cândido Xavier, desencarnado

em 30 de junho de 2002. Seu prolífico trabalho inclui poesia, contos, romances,

publicações científicas e de teor filosófico, depoimentos e mensagens de pessoas já

mortas, transmitidas a inúmeros peregrinos que se dirigiam à cidade de Uberaba

para receber algum sinal de seus entes queridos.

Chico Xavier teve cerca de 25 milhões de livros vendidos; suas publicações

foram traduzidas em pelo menos22 idiomas.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 34

O médium tem mais de 450 obras publicadas. São muito conhecidos os

textos literários concebidos em conjunto com os espíritos de André Luiz – estudos

de natureza científica – e de Emmanuel –romances de cunho histórico,

normalmente abordando os primórdios do Cristianismo e, a partir daí, difundindo

os ideais espíritas, que visam resgatar a essência desta religião, tornando o

Evangelho mais compreensível e acessível aos cristãos.

Nestes livros os acontecimentos registrados pela História, os destinos de

povos e de indivíduos são revelados à luz da Doutrina Espírita.

Ana Lucia Santana – Infoescola – Literatura Espírita

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 35

3.3 Literatura Espírita – Análise – Critérios 3.3.1 Coerência Doutrinária

i. No seu conjunto e nos detalhes a obra não deve CONFLITAR com os

princípios doutrinários contidos nas obras básicas da codificação espírita

ii. Levar em conta a UNIVERSALIDADE das comunicações para legitimar as

novidades.

iii. Utilizar o crivo da razão para aceitação de NOVOS CONCEITOS e para

verificar se a obra corresponde ao Espírito comunicante.

O conteúdo de um candidato a livro, seja mediúnico ou resultado do trabalho

de pesquisas por parte de estudiosos encarnados, deve ser exaustivamente revisado.

Outras pessoas, além do médium ou do autor encarnado, serão encarregadas de

analisar detalhadamente o que está sendo veiculado na publicação. É para isso que

existem os chamados conselhos editoriais.

Idéias confusas, pensamentos truncados, frases mal-elaboradas, meias-

verdades, citações incompletas, erros gramaticais e outros aspectos precisam ser

corrigidos antes de a obra ir a lume. Depois será tarde.

É evidente que, por se tratar de realização humana, sempre haverá detalhes

a serem retificados em futuras edições do livro. Mas isto não justifica o descuido

dos responsáveis pela edição.

(...)

É bom que se diga com clareza e honestidade que nem tudo o que é

originado dos Espíritos é Espiritismo, pelo fato óbvio – mas nem sempre lembrado

de que a desencarnação não torna sábios os Espíritos, mesmo que já possuam

conhecimento da realidade espiritual.

Muitos adeptos da Doutrina Espírita acreditam, por falta de esclarecimento,

que todos os chamados ditados mediúnicos devem ser incorporados ao acervo da

Terceira Revelação como literatura espírita.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 36

Quantos Espíritos dizem o que pensam livremente, como fruto de suas

experiências, às vezes com boas intenções, mas cujos conceitos não resistem a uma

análise mais profunda, fundamentada nos princípios básicos da Doutrina?

O Espiritismo não é seita, nem tem rituais, não está vinculado a práticas

ocultistas e esotéricas, embora, genericamente, se categorize como filosofia

espiritualista.

Há muita gente boa deixando-se enganar e, o que é pior, envolvendo a

Doutrina em sistemas personalistas ou sectários que lhe descaracterizam a essência.

No Movimento Espírita não devem existir facções.

Geraldo Campetti Sobrinho – Revista Reformador – 1997 – Janeiro –

Literatura Espírita – Uma Breve Reflexão

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 37

3.3.2 Qualidade Literária

i. linguagem apropriada aos padrões superiores da revelação espírita

ii. justeza gramatical

iii. qualidade gráfica e correção da língua pátria

“... Os Espíritos Superiores se exprimem com simplicidade, sem

prolixidade. Têm o estilo conciso, sem exclusão da poesia das ideias e das

expressões, claro, inteligível a todos, sem demandar esforço para ser compreendido.

Têm a arte de dizer muitas coisas em poucas palavras, porque cada palavra

é empregada com exatidão.

Os Espíritos inferiores ou falsos sábios, ocultam sob o empolamento, ou a

ênfase, o vazio de suas ideias.”

Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – Cap. 24 – item 267/ 9º - Modos de se

identificar os bons do maus Espírtos

“Convêm afastar das publicações tudo quando é vulgar no estilo e nas ideias

ou pueril pelo assunto...”. “...Todas as precauções são poucas para evitar as

publicações lamentáveis.

Em tais casos, mas vale pecar por excesso de prudência, no interesse da

causa. Publicando comunicações fracas e insignificantes, faz-se mais mal do que

bem.

Allan Kardec – Revista Espírita – 1859 – Novembro – Deve-se publicar

tudo quanto dizem os Espíritos?

Aspectos importantes que deveriam ser minuciosamente analisados para a

editoração de publicações têm sido esquecidos ou desconsiderados pelas principais

pessoas envolvidas nesses trabalhos.

Desde a preparação dos originais à arte-finalização, impressão e acabamento

das obras, há que se tomar rigorosos cuidados.

Os autores e publicadores assumem a responsabilidade pelo bom ou mau

produto que estão gerando.

Geraldo Campetti Sobrinho – Revista Reformador – 1997 – Janeiro –

Literatura Espírita – Uma Breve Reflexão

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 38

3.3.3 Lógica e Bom Senso

i. Existência de contradições no texto

ii. Certas afirmações sem fundamentação...

iii. Erros na abordagem de certos conhecimentos culturais.

“Em se submetendo todas as comunicações a um exame escrupuloso, em

se lhes perscrutando e analisando o pensamento e as expressões, como é de uso

fazer–se quando se trata de julgar uma obra literária, rejeitando-se, sem hesitação,

tudo o que pegue contra a lógica e o bom senso...”

Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – Cap. 24 – Identidade dos Espíritos

Selecionar atentamente os originais recebidos para publicação, em prosa e

verso, de autores encarnados ou de origem mediúnica, segundo a correção que

apresentarem quanto à essência doutrinária e à nobreza da linguagem.

Sem o culto da pureza possível, não chegaremos à perfeição.

André Luiz – Conduta Espírita – Cap. 15 – Na Imprensa

Sem exclusão de autor ou de tema versado, analisar minuciosamente as

obras que venha a ler, para não sedimentar no próprio íntimo os tóxicos intelectuais

de falsos conceitos, tanto quanto as absurdidades literárias em torno das quais giram

as conversações enfermiças ou sem proveito.

Os bons e os maus pensamentos podem nascer de composições do mesmo

alfabeto.

André Luiz – Conduta Espírita – Cap. 41 – Perante o Livro

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 39

Cuidados necessários na redação de textos.

Buscando o exemplo do admirável Codificador, teremos sempre cuidados

em o que divulgar, como divulgar e porque divulgar. Alguns tópicos servem de

introdução ao tema:

• Público alvo que se deseja atingir;

• Tema de interesse comum;

• Prestar atenção à inspiração;

• Perceber as necessidades mais urgentes do público leitor;

• Escolha do título é importante atrativo para incentivar a leitura;

• O título pode ser uma pergunta ou uma afirmação estimulante, sem

apelação;

• Dicas de redação: buscar informações em obras ou profissionais da área

(livros de redação, professores, jornalistas, etc.);

• Introdução/Desenvolvimento/Conclusão;

• Aprofundamento do tema depende do público-alvo;

• Visão sempre otimista e edificadora;

• Esclarecimento e consolo;

• Jamais atacar pessoas ou instituições;

• Somente apresentar ou defender ideias;

• Sempre promover o bem;

• Estímulo à renovação moral;

• Não entrar em polêmicas inúteis e improdutivas;

• Ter claro na mente qual é o objetivo e os efeitos do texto;

• Expor, quando possível, exemplos práticos de como vivenciar o

ensinamento;

• Ser sucinto e claro;

• Não deixar margens para dúvidas quanto aos conceitos espíritas;

• Ao citar ou transcrever outros autores, citar de forma correta e completa a

fonte original.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 40

Com certeza haveria muito mais a ser discutido neste artigo, mas para não

nos alongarmos encerramos com a sabedoria de Allan Kardec:

“Como todo mundo, temos o direito de externar a nossa maneira de pensar

sobre a ciência que constitui o objeto de nossos estudos, e de tratá-la à nossa

maneira, sem pretender impor nossas ideias a quem quer que seja, nem apresentá-

las como leis.

Os que partilham a nossa maneira de ver é porque creem, como nós, estar

com a verdade. O futuro mostrará quem está errado ou quem tem razão.” [1]

[1] KARDEC, Allan. A Revista Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos.

Ano 1859 (novembro); ano 1863 (maio); ano 1864 (novembro)

Luís Roberto Scholl – Revista A Reencarnação – No 444 – 2012 – 2o semestre –

O Que Divulgar?

Parece que tanto autores como editores ficam ansiosos em tornar conhecido

o trabalho que têm em mão.

A literatura espírita está sofrendo desse mal – a precipitação –, que necessita

de ser curado em sua fonte.

Os responsáveis pela editoração de livros espíritas precisam estar

conscientes do trabalho que desenvolvem.

Observa-se que o livro espírita é cada vez mais bem-aceito pela sociedade.

Isto é excelente, pois demonstra que o Espiritismo está chegando a outras mentes e

corações.

O principal problema que o Movimento Espírita enfrenta na atualidade é,

justamente, o da divulgação doutrinária.

Muitos estão se aproveitando e falando em nome do Espiritismo, publicando

em nome da Doutrina. O interesse comercial, às vezes, supera o doutrinário. As

editoras que publicam livros de baixa qualidade, quanto ao conteúdo e à forma,

provavelmente não são espíritas, mas publicam livros ditos espíritas.

E por causa dessa pressa toda, dessa falta de cuidado, a qualidade fica

comprometida, tanto no que se refere ao conteúdo quanto à forma de apresentação

da obra.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 41

Editoras criteriosas dificilmente publicarão obras ruins. É fato que

determinadas editoras recusam muitos originais que lhes são remetidos para

publicação.

Quanto aos originais aproveitáveis, são submetidos a seguro exame no que

se refere ao conteúdo que tais obras abordam e no que concerne à forma. Isto faz

parte do trabalho sério.

Tal rigor deveria estar mais presente na editoração de publicações, pelo que

constatamos na literatura à disposição do público.

Geraldo Campetti Sobrinho – Revista Reformador – 1997 – Janeiro –

Literatura Espírita – Uma Breve Reflexão

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 42

3.4 Literatura Espírita – Obras de Referência

i. Resumo analítico das obras de Allan Kardec.

Autor: BARRERA, Florentino

Tradutor: David Caparelli; ilustrações e notas: Eduardo Carvalho Monteiro.

São Paulo: USE; Madras Espírita, 2003. 190 p. il.

Obra de valor para o estudioso mais experiente ou iniciante da Doutrina

Espírita.

Trata-se de guia orientador para os assuntos levantados pelo Codificador e

pelos Espíritos Superiores nas obras básicas. Os temas, correlacionados entre si, são

comparados, e o estudante, remetido às suas fontes, facilitando-lhes as pesquisas.

Apresenta a gênese de cada obra publicada por Kardec, suas primeiras

edições, as complementações feitas em cada uma de suas edições, e outras

informações importantes. São relatos meticulosos e de serventia para todo

pesquisador.

Apresenta também uma visão geral da Codificação, de seus primórdios, de

suas consequências para o patrimônio espiritual da humanidade, mostrando uma

visão macro da Doutrina Espírita.

ii. Manual e dicionário básico de Espiritismo.

Autor: CAVERSAN, Ariovaldo; ANDRADE, Geziel

Capivari, SP: Do Lar/ABC do Interior, 1988. 106 p.

Reúne 202 verbetes, incluindo assuntos, nomes de pessoas e de instituições

seguidos de definições ou comentários esclarecedores.

O objetivo da obra é facilitar o estudo, a compreensão e a prática do

Espiritismo.

Resume noções básicas da Doutrina Espírita, em seu tríplice aspecto –

filosófico, religioso e científico –, abrangendo também a origem e evolução, teoria

e prática, objetivos, conceitos e pontos de vista, além de dados biográficos dos

vultos mais destacados da Doutrina codificada por Allan Kardec.

Os verbetes são relacionados em ordem alfabética, podendo ser facilmente

acessados por meio de um índice localizado no início da obra.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 43

iii. Prontuário da obra de Allan Kardec.

Autor: DEMÓCRITO, Deoclécio de (Org.).

Porto Alegre, RS: Ed. AGE, 1994. 584 p.

Índice temático das obras de Allan Kardec, com o objetivo de facilitar o

estudo e a compreensão do Espiritismo.

Além do conhecido Pentateuco Kardequiano e da Revista Espírita, foram

utilizadas como fontes de pesquisa as seguintes obras do Codificador: Instruções

práticas sobre as manifestações espíritas; O que é o Espiritismo; O Espiritismo na

sua expressão mais simples; Viagem espírita em 1862; Obras póstumas; e A

obsessão.

São citadas nove referências bibliográficas que apresentam a biografia de

Allan Kardec. Remissivas a assuntos afins acompanham a maior parte dos verbetes.

iv. Moderno dicionário Espírita.

Autor: ESPESCHIT, Antônio

Belo Horizonte, MG: DGF, Ed., 1987. 146 p.

Cataloga e define termos do Espiritismo e também os principais termos da

parapsicologia que guardam íntima relação com o vocabulário espírita.

Notas bibliográficas são incluídas ao final de cada letra quando houve

citação.

Os verbetes são relacionados em ordem alfabética.

v. O Espiritismo de A à Z: glossário.

Autor: Federação Espírita Brasileira

Coordenação: Geraldo Campetti Sobrinho. 4. ed. rev. e ampl. Rio de

Janeiro: FEB, 2008. 968 p.

Esta obra é o produto final de uma das etapas do Projeto Série Bibliográfica,

elaborado e desenvolvido por uma equipe de colaboradores da FEB, de 1990 a

1999, com o objetivo de catalogar e indexar os livros publicados pela editora da

Federação, facilitando assim o acesso ao conteúdo desses livros pelos estudiosos do

Espiritismo.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 44

O glossário compila conceitos e definições de trezentos e vinte títulos

correntes. Após cada definição, é indicada a fonte específica da informação

extraída, por meio de uma numeração que remete às referências localizadas no final

da obra.

vi. Guia de fontes Espíritas

Autor: Federação Espírita Brasileira

Coordenação: Geraldo Campetti Sobrinho. Rio de Janeiro: FEB, 2001.700p.

Índice temático e onomástico das obras publicadas pela FEB, representando

instrumento de pesquisa destinado a estudiosos e curiosos, expositores, monitores,

evangelizadores, autores, pesquisadores e dirigentes espíritas.

Refere-se à segunda e terceira etapas do Projeto Série Bibliográfica da

Federação Espírita Brasileira.

O Guia é constituído de 35.000 referências, organizadas em mais de 2.500

descritores, com quase 15.000 detalhamentos, extraídos de 355 livros editados pela

Federação.

Após cada descritor, é citada a fonte específica de onde se extraiu a

informação referenciada. Inclui referências das obras indexadas e índice dos

descritores.

vii. Indicador Espírita

Autor: GONÇALVES, João

Brasília: LEDE,1996. 275 p.

Esta obra foi publicada por iniciativa de Lauro Carvalho (Brasília, DF).

Apresenta 2671 verbetes, em ordem alfabética, abrangendo uma gama

enorme de assuntos combinados entre si por meio de milhares de referências

cruzadas, que ampliam a abordagem do tema pesquisado.

Cada termo de entrada é seguido de pequeno texto, que por si só representa

uma fonte de estudo.

Inclui, também, um índice de citações bíblicas, ideal para o Estudo.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 45

viii. Índice remissivo de O Livro dos Espíritos.

Autor: CELD

Rio de Janeiro: CELD, 1990. 3 v.

Índice dos assuntos tratados na obra fundamental do Espiritismo, O Livro

dos Espíritos, foi estruturado sob o arranjo de dicionário, com os termos

relacionados alfabeticamente, em duas colunas.

Para facilitar o acesso ao tema pesquisado, foram inseridas nos cantos

superiores direito e esquerdo “as palavras que iniciam e terminam cada assunto

respectivamente naquela página”.

Em cada verbete, reproduz pequeno trecho de O Livro dos Espíritos,

buscando contextualizá-lo na abordagem de Kardec.

Após cada texto, há indicação da fonte onde se encontra a informação

procurada, seja pergunta, resposta, nota, introdução ou conclusão da obra indexada.

ix. Dicionário de Filosofia Espírita.

Autor: PALHANO JR., L.

Rio de Janeiro: CELD, 1997. 378 p. il.

O Departamento Editorial do Centro Espírita Léon Denis publicou esse

importante dicionário, que define, filosoficamente, termos do vocabulário espírita

e apresenta traços biográficos de personalidades que contribuíram para o trabalho e

desenvolvimento do Espiritismo no Brasil e no mundo.

O livro conta com enriquecedor prefácio da Professora Dalva Silva Souza,

autora da obra Os Caminhos do Amor, editada pela FEB. Mais uma vez, Lamartine

Palhano Júnior apresenta alentado serviço para a ampla e correta difusão da

Doutrina Espírita.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 46

x. Léxico Kardequiano: manual de termos e conceitos espíritas.

Autor: Setor de Pesquisas Doutrinárias do Círculo de Pesquisa Espírita

Rio de Janeiro: CELD, 1999. 282p.

Glossário desenvolvido sob os auspícios do Setor de Pesquisas Doutrinárias

do Círculo de Pesquisa Espírita, de Vitória (ES), contendo definições e conceitos

extraídos das obras do Codificador do Espiritismo.

Os verbetes estão relacionados alfabeticamente, acompanhados de breve

explicação, do “parecer de Allan Kardec, suas apreciações e compilações das

instruções dos espíritos a respeito deles”.

Correlaciona diversos temas, citando autores espirituais e encarnados para

fundamentar as explicações dos verbetes.

As indicações bibliográficas das obras citadas são registradas em nota de

rodapé da página e as referências completas são anotadas no final da publicação.

xi. Mediunidade de A à Z.

Autor: SOUZA, José Maria de Medeiros

Pelo Espírito Jean-Marie Lachelier.

Votuporanga, SP: Ed. Didier, 1999. 178 p.

Elucida setenta e quatro temas relacionados à mediunidade, com o objetivo

de facilitar o entendimento dos que trabalham na “Seara do Bem junto aos

imortais”. Além de assuntos como afinidade, animismo, benzeduras, clariaudiência,

incorporação, ovóides, obsessões, psicometria, sonambulismo e telepatia.

Apresenta, também, esclarecimentos sobre as personalidades de Jesus,

Kardec, William Crookes e do Espírito Zéfiro, todos elencados em ordem

alfabética.

Destaca a importância da mediunidade como testemunho da universalidade

dos ensinos emanados dos Espíritos Superiores para a redenção da humanidade.

Geraldo Campetti Sobrinho – Revista Reformador – 2003 – Novembro – Obras

de Referência do Espiritismo

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 47

3.5 Literatura Espírita – Disseminação do Livro Espírita 3.5.1 Diretrizes

Inadiável o entendimento do papel que as publicações espíritas

desempenham na disseminação do conhecimento sobre a realidade espiritual e

na economia que viabiliza a própria divulgação desse conteúdo.

Reconhecendo que a vivência da mensagem espírita é a maior e mais

adequada forma de divulgação do Espiritismo, é justo aditar ao imperativo da

vivência as oportunidades de estudo e divulgação que o livro espírita proporciona

e, desta forma, cuidar do negócio da administração, equilibrando a aplicação de

recursos financeiros ao custeio das publicações e ao dispêndio das ações de

estruturação e desenvolvimento do Movimento Espírita, o qual tem por objetivos

a vivência, o estudo e a divulgação do Espiritismo.

Além de seu aspecto econômico, o negócio do livro possui caráter

central na estruturação do pensamento espírita, por viabilizar a unidade dos

princípios doutrinários, definidores do estudo, da vivência e da divulgação

espíritas.

O papel do livro na garantia da unidade doutrinária do Espiritismo

representa eixo fundamental na universalidade dos ensinos dos Espíritos e na

criação das condições necessárias para o progresso do pensamento espírita, que

não se pode acrisolar das ideias inerentes à Humanidade.

Daí a necessidade de políticas ou diretrizes editoriais, que orientem a

partir do consenso e do estudo do Espiritismo o que se deve publicar, a quem

incumbe tal tarefa, de que forma se deve realizá-la e com que propósitos.

Evitar-se, por outro lado, a mera exploração comercial do conteúdo

espírita exige o estabelecimento de uma política de marketing e comercialização

que promovam a divulgação e a vivência da Doutrina Espírita em todas as

circunstâncias da vida humana, incluindo-se o próprio negócio do livro.

Federação Espírita Brasileira – O livro Espirita e a sustentabilidade do

Movimento Espirita – Cap. 1 – Introdução

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 48

A seleção e a forma de circulação do livro no centro e no Movimento

Espírita precisam orientar-se de modo a cumprir a missão do Espiritismo e a

fortalecer a unificação do Movimento Espírita.

A correta utilização da literatura espírita, enquanto recurso divino,

permite o esclarecimento, a orientação, o consolo e a acolhida cristã aos que

buscam os centros espíritas e aos que tomam contato com o Consolador apenas

por meio da leitura.

De outro lado, a distribuição de obras de conteúdo adulterado ou não

fidedigno e o incentivo à manutenção de cadeias comerciais dissociadas do

Movimento Espírita retardam o cumprimento da tarefa redentora de edificar a

nova era de transformação moral, objetivo do Espiritismo.

(...)

Operação livreira: são ações desenvolvidas no Movimento Espírita

para a disseminação do Evangelho de Jesus, aclaradas pelos princípios do

Consolador Prometido, por meio da edição, publicação e distribuição de obras

de cunho doutrinário fidedigno.

Cadeia do livro: é o caminho percorrido pelo livro até chegar ao leitor.

- A cadeia produtiva do livro impresso congrega a produção autoral,

produção gráfica, edição, distribuição, livreiro e leitor.

- A cadeia produtiva por todos os outros meios, inclusive digitais

(e-book, audiobook, podcast e outros) também compreende a produção autoral,

edição e o acesso ao leitor.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 49

A preservação dessa cadeia assegura o que propôs o Codificador: "que

o produto da operação retorne ao capital comum:

Na condução dos centros espíritas e dos órgãos de unificação, importa

que observemos todos os envolvidos na cadeia do livro espírita, tudo fazendo

para o bem de todos, como preconiza a questão 629 de O Livro dos Espíritos.

Isto significa escolhermos, analisarmos e comercializarmos as obras de

modo que:

− O leitor tenha garantido o acesso ao livro genuinamente espírita;

− O Centro Espírita seja beneficiado com livros que assegurem a unidade

doutrinária, a preservação dos princípios espíritas, e com parte dos recursos

financeiros gerados, favorecendo o cumprimento de sua missão na difusão

do Espiritismo;

− Os órgãos de unificação – federativas estaduais – sejam beneficiados com a

divulgação segura dos princípios doutrinários e seus reflexos no processo

de unificação, haurindo também parte dos recursos financeiros gerados –

que irão manter as ações federativas e de difusão em maior escala, tudo em

prol dos centros espíritas; e

− As editoras que integram o Movimento Espírita sejam beneficiadas com a

distribuição de obras doutrinariamente qualificadas e com o retorno dos

recursos financeiros ao capital comum, permitindo-lhes editar maior número

de livros e alcançar um público cada vez mais amplo.

Federação Espírita Brasileira – O livro Espirita e a sustentabilidade do

Movimento Espirita – Cap. 5.31 – Operação livreira e o Movimento Espírita

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 50

São diretrizes para o negócio da editoração do livro espírita:

a) apresentar valor doutrinário relevante, segundo o tríplice aspecto

do Espiritismo: religioso, filosófico e científico, cujos planos, critérios e diretrizes

estão fundamentados, primordialmente, na orientação moral do Evangelho de

Jesus e nos ensinos dos Espíritos Superiores constantes nas obras da Doutrina

Espírita, codificadas por Allan Kardec;

b) abranger todas as etapas relacionadas à obra espírita encaminhada

para publicação, incluindo análise, seleção de originais, preparação e produção

editorial, divulgação, marketing, distribuição, comercialização, gestão de estoque e

de arquivo digital;

c) ter os direitos autorais das obras, em português e em outros

idiomas, integralmente cedidos à instituição espírita, em caráter irrevogável e

intransferível, preferencialmente, sem remuneração financeira e sem direito

sucessório;

d) as ações estratégicas editoriais devem guardar estreita vinculação

com a missão e propósitos do Movimento Espírita brasileiro, atendendo aos

princípios de estudo, prática e divulgação do Espiritismo, instituídos com base

na Codificação Espírita e dentro dos preceitos orientadores do comportamento

humano referenciados pelo Evangelho, primando-se pela visão sistêmica e pelo

processo de comunicação entre os envolvidos no trabalho;

e) garantir o valor doutrinário, fundamentado na moral do Evangelho

de Jesus e nos ensinos dos Espíritos Superiores, constante nas publicações da

Doutrina Espírita;

f) primar para que as obras editadas reflitam a grandeza

espiritual da Codificação Kardequiana;

g) primar pelo rigoroso controle de qualidade quanto à preparação e

produção editorial;

Federação Espírita Brasileira – O Livro Espirita e a sustentabilidade do

Movimento Espirita – Cap. 7.2.1 – Política Editorial

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 51

A divulgação cultural que vem acompanhando o ritmo de progresso de todos

os sistemas de comunicação existentes na atualidade terrestre, oferece-nos a

possibilidade do livro de bolso, que aplicada ao Espiritismo nos proporciona hoje

o máximo de assuntos espíritas no mínimo de espaço, facultando-nos o

entendimento rápido com o nosso ideal, erguido à posição de órgão consultivo da

consciência.

Todos somos, dia a dia, situados em testes e provas de melhoria e

aperfeiçoamento e, repetidamente, a meditação de um minuto, nos instantes

críticos, vale mais que o planejamento de uma semana fora deles, facilitando o

trabalho de uma existência inteira ou solucionando problema de séculos.

Aproveitemos os valores da evolução e atendamos, juntos, ao estudo

libertador que nos descerra gloriosos portais abertos para o Infinito.

André Luiz – Ideal Espírita – Prefácio

176 — IMPORTÂNCIA E DIVULGAÇÃO

P. — Qual a importância do Livro Espírita no contexto doutrinário do

Espiritismo?

R. — O livro espírita é sempre um amigo disponível para dialogar conosco,

ensinando-nos o melhor caminho para a aquisição da paz e da felicidade que

aspiramos a encontrar.

P. — Como você vê o movimento e o trabalho de divulgação do Livro

Espírita?

R. — Um nobre esforço, a benefício da criatura humana e de toda a

comunidade.

177 — INTERESSE CRESCENTE

P. — Como explicar a grande procura e interesse pelo Livro Espírita,

sobretudo pelos jovens?

R. — O homem, especialmente agora na atualidade do mundo, sente a sede

de conhecimentos superiores para facear os problemas que lhe dizem respeito, no

tocante aos seus próprios destinos de Espírito imortal, em experiências na Terra.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 52

178 — O PASSO MAIS SEGURO

P. — Qual a sugestão literária que você faria a quem deseja iniciar-se no

estudo e conhecimento do Espiritismo?

R. — O estudo meditado das obras de Allan Kardec, a nosso ver, é o passo

mais seguro.

179 — MENSAGEM AOS DIVULGADORES

P. — O que você gostaria de dizer aos confrades que se dedicam com ideal

na tarefa de difusão do Livro Espírita?

R. — O esforço máximo e desinteressado no bem aos outros, segundo nos

parece, é sempre o maior apoio a nós mesmos.

180 — LITERATURA ESPÍRITA INFANTIL

P. — Existe algum programa elaborado pela Espiritualidade Maior sobre a

literatura espírita infantil, especialmente, além das obras já existentes?

R. — Os Benfeitores Espirituais que tenho ouvido, acerca dos livros

espíritas, destinados à preparação espiritual da infância, são unânimes em afirmar

que se encontram ao dispor dos amigos reencarnados que se dedicam a produzi-los,

com base na compreensão e no amor aos pequeninos.

181 — CULTURA DO CORAÇÃO

P. — “Educação da alma; alma da Educação”, você poderia comentar sobre

esta frase de André Luiz?

R. — O nosso amigo André Luiz costuma imprimir uma nova expressão à

frase, asseverando: “o coração da cultura é a cultura do coração”; enfatizando a

nossa necessidade de sublimar os próprios sentimentos.

182 — IMPORTÂNCIA DO EVANGELHO

P. — Qual a importância do Evangelho de Jesus para a Humanidade?

R. — Creio que a importância do Evangelho de Jesus, em nossa evolução

espiritual, é semelhante à importância do Sol na sustentação de nossa vida física.

Emmanuel – Entender Conversando – Cap. 17 – O Livro Espírita

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 53

O mercado editorial espírita tem sido um dos que mais vende livros

atualmente. A que o senhor atribui isso?

A Doutrina Espírita é fonte inexaurível de informações. Suas páginas,

conforme se encontram na Codificação apresentada por Allan Kardec, abrem

horizontes inimagináveis de beleza, sabedoria e consolação.

As obras que lhes são subsidiárias – tanto mediúnicas quanto de autores

encarnados - ampliam-nas, divulgam-nas, confortam e esclarecem aqueles que têm

sede de conhecimento e de apoio moral.

Vivemos o momento da grande transição e é natural que as pessoas se

encontrem aturdidas e insatisfeitas.

Como a mensagem espírita é libertadora pela razão e reconfortante pelo

sentimento, eis que nela se encontram respostas necessárias para a auto-realização

legítima e a diretriz segura para a marcha digna na Terra.

No entanto, com o respeito que nos merecem todos os indivíduos, também

enxameiam informações destituídas de fundamento doutrinário, imaginativas,

enriquecidas de superstições, que o Espiritismo não legitima, despertando apenas o

interesse das pessoas desinformadas da Codificação. Será ideal, que todos aqueles

que se interessam pelo pensamento espírita, sejam informados que devem iniciar a

sua leitura e estudo pelas Obras Básicas, a fim de poderem discernir o joio do trigo

que, infelizmente, se misturam quase que em toda parte.

Desse modo, fatores psicológicos, interesses culturais, despertamentos para

pesquisas científicas, decadência de conteúdos de algumas doutrinas religiosas,

insatisfação, dores acerbas conduzem o homem e a mulher à busca do Espiritismo

que possui os recursos indispensáveis para proporcionar-lhes a almejada felicidade.

Como podemos analisar a proliferação de obras com pouco conteúdo

doutrinário, mas grande apelo comercial?

Como não ignoramos, o processo de desenvolvimento do pensamento e da

consciência é lento, estagiando a criatura humana em diferentes patamares através

das reencarnações.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 54

Um número expressivo de indivíduos ainda permanece, no entanto, em

níveis de pensamento pré-mitológico ou mitológico, assim como de consciência de

sono, preferindo as fantasias, a conquista de prerrogativas que as tomem

privilegiadas, a busca de sonhos dourados, etc.

Assim sendo, editores interessados apenas em ganhar dinheiro,

desvinculados de compromissos com o Espiritismo, aproveitam-se desses fatores e,

através de um bom marketing, promovem livros que atendem a esses interesses, o

que não me parece prejudicial, porque, de alguma forma, estão conduzindo as

mentes em processo de infância psicológica a uma visão mais clara da realidade,

embora ainda vestida de ilusões ...

É claro que, se fossem realmente espíritas, teriam em mente, primeiro, a

informação correta, o esclarecimento iluminativo dos seus leitores.

O mesmo ocorreria com médiuns e escritores que se enquadram na questão,

dando preferência aos conteúdos espíritas e não aos de outra natureza, quaisquer

que sejam eles.

Como anda o livro espírita no exterior?

Excetuando-se os países de língua portuguesa e castelhana, há uma imensa

carência de livros espíritas nos países que tenho visitado, inclusive de traduções das

obras de Allan Kardec, com exceção, naturalmente da França e dos países

francófonos.

E a Internet e livro espírita?

À medida que o Espírito avança, mais fáceis se lhe tomam as conquistas em

todas as áreas do seu desenvolvimento.

A Internet é uma delas, que abre portas e espaço para facilitar o intercâmbio

e desenvolver os valores do Espírito.

Se o indivíduo souber utilizá-la com a nobreza para a qual foi criada,

contribuirá imensamente para a paz e a iluminação das consciências.

Nesse sentido, toma-se extraordinário veículo para a divulgação do livro

espírita, qual já vem ocorrendo mesmo entre nós, no Brasil.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 55

Qual o caminho do livro espírita nesta virada do milênio?

O livro espírita é farol abençoado que aponta rumos na noite das paixões e

abre caminhos na selva densa da ignorância, libertando o ser de sua inferioridade e

impulsionando-o ao avanço.

Assim sendo, acredito que o livro espírita desempenhará papel

preponderante na preparação do milênio próximo, conforme já vem ocorrendo.

Divaldo Franco – Aprendendo com Divaldo – Cap. 5 - Divulgação

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 56

3.5.2 Clubes do Livro Espírita

i. Os clubes do livro espírita constituem hoje o mais eficiente recurso de

divulgação do livro espírita. Como “trabalhador da primeira hora”, nessa

produtiva atividade, poderia nos dizer algo sobre o início desse movimento?

O primeiro clube do qual tomei conhecimento surgiu no início da década de

setenta, no século passado, em Marília, por iniciativa de nosso confrade José Reis.

Em 1972, Leopoldo Zanardi, professor bauruense que trabalhava em Tupã,

perto de Marília, instalou um CLE naquela cidade. Motivado por ele, trabalhei pela

instalação do CLE em Bauru, o que ocorreu em janeiro de 1973, como

departamento da USE–Bauru. O primeiro livro lançado foi Chico Xavier Pede

Licença.

ii. Como você vê esse movimento na atualidade?

Há centenas de CLE espalhados pelo Brasil, dinamizando de forma notável

a divulgação do livro espírita. Quando lançamos a campanha, as editoras espíritas

produziam tiragens de mil a três mil exemplares.

Hoje é comum vermos tiragens de dez mil exemplares. Meu livro Quem tem

medo da morte? da CEAC Editora, já vendeu perto de duzentos e vinte mil

exemplares, em sua maior parte comercializados pelos CLE.

iii. Considerada sua experiência como divulgador do Clube do Livro Espírita, o

que dizer do fato de seus dirigentes priorizarem romances em seus

lançamentos?

É uma visão mercantilista. Romance é a literatura mais aceita no meio

espírita. Daí a preferência. O problema é o conteúdo doutrinário.

O foco do romance é a história, com leves pinceladas sobre reencarnação,

lei de causa e efeito, vida espiritual, sem maior profundidade. Pouco acrescentam

em termos de cultura espírita.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 57

iv. Reclamam os dirigentes que perdem associados quando não oferecem

romances.

O problema geralmente é de motivação.

O livro do mês deve ser entregue ao associado com um boletim de

informações que ofereça uma resenha apresentando o autor, o assunto, ressaltando

o conteúdo e destacando o contexto doutrinário.

O associado deve ser informado quanto à importância de ler o texto que lhe

é apresentado.

v. Um problema grave que afeta muitos CLEs é o esvaziamento do quadro

associativo. Começa bem, com razoável número de associados e aos poucos vai

minguando.

Se isso afeta muitos CLEs, mas não todos, seria interessante consultar

aqueles que não sofrem esse esvaziamento.

Posso adiantar que o recurso maior, nesse particular, são as campanhas

permanentes, envolvendo o movimento espírita da cidade. O ditado “a propaganda

é a alma do negócio” aplica-se muito bem ao CLE.

É preciso divulgar sempre, envolvendo todos os Centros Espíritas da cidade

ou região onde está instalado.

vi. A seu ver, o que seria o mais importante para que o CLE cumpra sua missão

de divulgar a Doutrina Espírita?

Que os espíritas vistam essa camisa. Como já comentei, se a diretoria de um

Centro Espírita tem dez membros, é o suficiente para começar um CLE.

Se cada diretor se dispuser a incluir dois associados, serão trinta.

Se esses trinta estiverem motivados para incluir dois associados, serão

noventa. Isso pode ser uma progressão permanente. Para tanto, os responsáveis pelo

CLE devem enfatizar, em reuniões, palestras, entrevistas, panfletos, cartazes, que a

maior caridade que fazemos em relação à Doutrina Espírita, como diz Emmanuel,

é a sua divulgação.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 58

E a melhor maneira de divulgar a Doutrina Espírita é o livro, esse ginete de

pensamentos, arauto da grande luz, como destaca Castro Alves no seu poema

imortal.

vii. Você acha que o CLE não deve ter lucro?

Nada contra o lucro, até porque sem ele fica impossível sustentar o serviço.

Nada contra, também, que se destine parte do lucro à manutenção da instituição que

o mantém. O problema é fazer do lucro a finalidade maior do CLE, como está

acontecendo, criando sérios embaraços às editoras espíritas.

viii. Poderia exemplificar?

Digamos que um livro de porte médio, 144 páginas, tenha um custo de

produção de cinco reais.

Deve ser comercializado pela editora pelo preço mínimo de oito reais, a fim

de atender à folha de pagamento, correio, água, luz, telefone, aluguel…

No entanto, os responsáveis pelos clubes valem-se do fato de comprar em

quantidade razoável, digamos, mais de cem exemplares, para exigir um preço nada

razoável, em torno de cinco reais e cinquenta centavos. Com isso colaboram para

inviabilizar a própria editora.

ix. A palavra de ordem, portanto…

Seria darmos as mãos, dirigentes de Centros Espíritas, diretores do CLE e

das editoras, tendo por objetivo maior a divulgação do Livro Espírita, considerando

que o maior lucro que devemos almejar é a consciência tranquila por um trabalho

bem feito, sem pretensões mercantilistas, para que o Espiritismo caminhe mais

depressa em sua abençoada missão de esclarecimento e renovação para a

Humanidade.

Lembro uma manifestação feliz de Albino Teixeira, em psicografia de

Francisco Cândido Xavier: Amparar o Livro Espírita e distribuí-lo é participar dos

interesses da Providência Divina, realizando preciosos investimentos de luz e

verdade, amor e renovação entre os homens.

CEAC Editora – O Clube do Livro Espírita – Entrevista com Richard Simonetti

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 59

3.6 Literatura Espírita Mediúnica – Selecionamento

Há uma coisa ainda mais prejudicial ao Espiritismo do que os ataques

apaixonados de seus inimigos: é o que publicam, em seu nome, seus pretensos

adeptos.

Certas publicações são realmente lamentáveis, porque não podem dar do

Espiritismo senão uma ideia falsa e expô-lo ao ridículo.

No interesse da Doutrina, convém, pois, fazer uma escolha muito severa em

semelhante caso, eliminando com cuidado tudo quanto possa, por uma causa

qualquer, produzir má impressão.

Allan Kardec – Viagem Espírita de 1862– Instruções particulares dadas aos

Grupos em Resposta a algumas das Questões Propostas – Item VI

“Convêm afastar das publicações tudo quando é vulgar no estilo e nas ideias

ou pueril pelo assunto...”. “...Todas as precauções são poucas para evitar as

publicações lamentáveis.

Em tais casos, mas vale pecar por excesso de prudência, no interesse da

causa. Publicando comunicações fracas e insignificantes, faz-se mais mal do que

bem.

Allan Kardec – Revista Espírita – Novembro/1859 – Deve-se publicar

tudo quanto dizem os Espíritos?

O verdadeiro mérito, seja do escritor, seja do orador, consiste em fazer

pensar, em provocar nas almas as nobres e santas exaltações, em elevá-las em

direção às alturas radiosas onde elas percebem as vibrações do pensamento divino,

em uma comunhão suprema.

Leon Denis – O Espiritismo na Arte – Parte 4 – Literatura e Oratória

No mundo invisível como na Terra, não faltam escritores, mas os bons são

raros.

(...) Toda precaução é pouca para evitar as publicações lamentáveis. Em tais

casos, mais vale pecar por excesso de prudência, no interesse da causa

Allan Kardec – Revista Espírita – 1863 – Maio – Exame das

comunicações.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 60

O Que Publicar?

Também na Revista Espirita ele [Kardec] nos orienta como deve ser feita a

divulgação espírita:

• O isolamento favorece a fascinação. As reuniões encontram controle da

pluralidade das opiniões: a importância do trabalho em grupo e da apreciação dos

companheiros;

• Considerar o que publicar, especialmente do ponto de vista do público

que se pretende atingir;

• Ideias “inovadoras” são materiais para estudo e pesquisa e não para

publicações para as massas;

• O aprofundamento do estudo espírita torna o leitor mais exigente,

dificultando o trabalho do divulgador: é necessário ter qualidade;

• Utilidade das publicações locais: espalhar nas massas o ensino e

demonstrar a concordância que existe nos seus diversos pontos;

• Afastar tudo quanto seja de interesse privado;

• Não publicar tudo quanto é vulgar no estilo e nas ideias, ou pueril pelo

assunto;

• Uma coisa pode ser excelente em si mesma, muito boa para servir de

instrução pessoal, mas o que deve ser entregue ao público exige condições

especiais;

• Infelizmente, o homem é propenso a achar que tudo o que lhe agrada deve

agradar ao outro.

Luís Roberto Scholl – Revista A Reencarnação – No 444 – 2012 – 2o semestre –

O Que Divulgar?

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 61

3.6.1 Literatura Espírita Mediúnica – Selecionamento – por parte dos Encarnados

O assunto relativo à publicação de comunicações mediúnicas é antigo.

Já em seu tempo Kardec teve que enfrentá-lo durante anos seguidos, editor e

redator que era da Revista Espírita.

Foi na edição de maio de 1863 que ele tratou do assunto de forma clara,

objetiva e profunda.

Vários ângulos do problema foram por ele analisados sem meias

palavras, exatamente porque considerava matéria de máxima importância dentro

do contexto doutrinário.

Com intuito de não adulterar o pensamento cristalino de Kardec em

qualquer segmento de seu estudo, mas atento igualmente em não alongar muito

a apresentação do presente trabalho, transcrevo apenas os tópicos que,

devidamente catalogados, me foram apresentados como chaves para o estudo

sobre o assunto que ainda nos tempos atuais se reveste de suma importância.

Para facilidade de concatenação de idéias, dei aos segmentos

titulações que julguei adequadas.

I – Frequência das mensagens mediúnicas – Confirma-se neste

segmento o que foi dito há pouco: o problema das páginas mediúnicas é,

realmente, antigo.

De início, escreve Kardec:

"Muitas comunicações nos foram enviadas por diferentes grupos, já

pedindo conselho e julgamento de suas tendências, já, como umas poucas, na

esperança de publ icação na Revista.

(...) Fizemos o seu exame e classificação, e não fiquem admirados da

impossibilidade de publicá-las todas quando souberem que além das já

publicadas, há mais de três mil e seiscentas que, por si sós, teriam

absorvido cinco anos completos da Revista."

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 62

II – Freqüência das produções mediúnicas mais extensas – Observa-

se que o número dessas se faz bem mais reduzido:

“(...) Resta-nos dizer algumas palavras sobre manuscritos ou trabalhos de

fôlego que nos mandaram, entre os quais, sobre trinta, encontramos, cinco ou seis

de real valor.''

III – Classificação – Revela-nos este segmento dados curiosos:

“(...) diremos que em 3.600 há mais de 3.000 que são de uma

moralidade irreprochável, e excelentes como fundo; mas que desse número

não há 300 para publicidade, e apenas 100 de um mérito inconteste".

IV – Procedência das comunicações mediúnicas – É neste segmento

que sobressai uma particularidade, a par da observação, a advertência de

Kardec:

“(...) Circunstância digna de nota é que a quase totalidade das

comunicações dessa categoria emana de indivíduos isolados e não de

grupos. Só a fascinação poderia levá-los a ser tornados a sério, e impedir

se visse o lado ridículo. Como se sabe, o isolamento favorece a fascinação,

ao passo que as reuniões encontram controle na pluralidade de opiniões"

A par, contudo, dessa advertência, somos tranqüilizados com um

esclarecimento logo a seguir:

“Reconhecemos, contudo, com prazer que as comunicações dessa

natureza formam, na massa, uma pequena minoria. A maioria das outras

encerra bons pensamentos e excelentes conselhos".

V – Orientações para os médiuns psicógrafos que almejam a publicação

de seus trabalhos e. paralelamente, para os editores e redatores de órgãos da

Imprensa Espírita:

1. “(...) Para apreciar as comunicações, relativamente à

publicidade, não podem ser vistas de seu ponto de vista, mas do público.

Compreendemos a satisfação que se experimenta ao obter algo de bom,

sobretudo quando se começa; mas além de que certas pessoas podem ter

ilusões relativamente ao mérito intrínseco, não se pensa que há centenas de

outros lugares onde s e obtêm coisas semelhantes; e o que é d e poderoso

interesse individual pode ser banalidade para a massa."

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 63

2. "'(...) é preciso considerar que, de algum tempo para cá, as

comunicações adquiriram, sob todos os respeitos., proporções e qualidade

que deixam muito para trás as que eram obtidas há alguns anos. (...) Na

maioria dos Centros realmente sérios, o ensino dos Espíritos cresceu com

a compreensão do Espiritismo. Desde que por toda a parte, são recebidas

instruções mais ou menos idênticas, sua publicação poderá interessar

apenas sob a condição de apresentar qualidades destacadas como forma e

como alcance instrutivo. Seria. pois, ilusão crer que toda mensagem deve

encontrar leitores numerosos e entusiastas. Outrora, a menor conversa

espírita era novidade e atraía a atenção; hoje, que os espíritas e os médiuns

não se contam mais, o que era uma raridade é um fato quase banal e

habitual, e que foi distanciado pela amplidão e pelo alcance das

comunicações atuais, assim como os deveres escolares o são pelo trabalho

adulto".

3. "(...) convém delas (ou seja. Das comunicações mediúnicas)

afastar tudo quanto, sendo de interesse privado, só interessa àquele que lhe

concerne. Depois, tudo quanto é vulgar no estilo e nas idéias, ou pueril pelo

assunto. Urna coisa pode ser excelente em si mesma muito boa para ser-

vir de instrução pessoal; mas o que deve ser entregue ao público exige

condições especiais. Infelizmente o homem é inclinado a supor que tudo o

que lhe agrada deve agradar aos outros. O mais hábil pode enganar-se; tudo

está em enganar-se o menos possível".

VI – Conclusões de Kardec:

1. "Por aí pode julgar-se da necessidade de: não publicar

inconsideradamente tudo quanto vem dos Espíritos, se se quiser atingir o

objetivo a que nos propomos, tanto do ponto de vista material quando do

efeito moral e da opinião que os indiferentes possam fazer do Espiritismo”.

2. "Todas as precauções são poucas para evitar as publicações

lamentáveis. Em tais casos; mais vale pecar por excesso de prudência no

interesse da causa."

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 64

3. "(...) publicando comunicações dignas de interesse, faz-se uma

coisa útil. Publicando as que são fracas, insignificantes ou más, faz-se mais

mal do que bem. Uma consideração não menos importante é a da oportunidade.

Umas há cuja publicação é intempestiva e, por isso, prejudicial. Cada coisa

deve vir a seu tempo. Várias delas que nos são dirigidas estão neste caso e,

posto que muito boas, devem ser adiadas. Quanto às outras, acharão seu lugar

conforme as circunstâncias e o sem objetivo".

Do que foi dado apreciar e atentos à pr6pria vivência doutrinária.

podemos levantar os seguintes conceitos para íntima reflexão:

1. O problema das comunicações mediúnicas é muito delicado,

tanto para o médium quanto para um editor ou redator de periódico espírita.

O assunto :requer o máximo de atenção, pois, a inobservância desse preceito

pode gerar lamentáveis conseqüências para as partes, sem considerar ainda

o leitor, que igualmente será afetado.

2. Possui a Biblioteca Espírita vasta literatura produzida por

estudiosos encarnados e desencarnados. O estudo dessas obras propiciará

ensejo de se enfrentar o problema com o discernimento que o caso requer.

3. Sirvo-me, neste último item, das próprias palavras de Kardec:

“O que dizemos não é para desencorajar de fazer

publicações. Longe disso. Mas para mostrar a necessidade de escolha

rigorosa, condição sine qua non do sucesso”

Kleber Halfeld – Revista Reformador – 1989 – Junho – O Delicado problemas

das Comunicações Mediúnicas

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 65

Comecemos por uma premissa: não devemos aceitar nem rejeitar

sistematicamente tudo quanto vem do Alto.

A respeito de livros e mensagens do Além, há duas posições que nos

parecem muito sistemáticas, senão inconvenientes:

há os que absolutamente repelem qualquer mensagem, qualquer trabalho

mediúnico quando não conhecem o grupo, o ambiente onde a mensagem foi

recebida; e há os que aceitam tudo, sem exame, sem crítica, apenas porque vem do

Alto.

De um lado e do outro, há, evidentemente, exagero, porque é sempre

necessário que prevaleça, antes de tudo, o bom senso. Não devemos aceitar como

verdade tudo quanto nos dizem certos Espíritos, ainda que o façam em boa forma

literária.

O próprio Allan Kardec rejeitou muitas comunicações que não estavam de

acordo com o bom senso e com os conhecimentos universais.

Sem prejuízo desta orientação, que é mais lógica, mais aconselhável, não

devemos repelir tudo imediatamente, sem exame.

Há ocasiões em que alguns trabalhos mediúnicos nos trazem palavras

edificantes, palavras que confortam, embora não possamos identificar o Espírito

comunicante.

Tenho, por exemplo, em mãos, um livro mediúnico intitulado "Orai e

Vigiai", publicado há pouco nesta Capital.

(...) Nele encontro uma comunicação em que a entidade comunicante,

falando sobre a imortalidade da alma, diz:

"A alma traz em si paixões e só depois de vencê-las é que começa a sentir a

paz da imortalidade." Mais adiante afirma ainda:

"Libertai a vossa alma de tudo que possa fazê-la padecer, porque se pensais

que com a morte tudo acaba, é porque ainda não chegastes ao conhecimento da

verdade."

Não há, evidentemente, originalidade nestes conceitos.

Mas ninguém pode negar a exatidão do pensamento que essas palavras

encerram para os que aceitam a imortalidade da alma.

Não procuramos saber a identidade do Espírito, mas concordamos com as

idéias que ele defende.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 66

Queremos dizer com isto que na literatura mediúnica, embora haja muitas

idéias que não podemos aceitar imediatamente, há muitos conceitos aceitáveis,

muitas páginas que nós dão coragem, que nos reerguem espiritualmente.

Não devemos, portanto, condenar tudo, apenas porque não conhecemos a

fonte.

Devemos ler tudo e raciocinar.

Deolindo Amorim – Análises Espíritas – Cap. 8 – Literatura Mediúnica

Face à ciclópica movimentação da vida moderna nos seus variados aspectos,

o espírita honesto e dedicado recorre não poucas vezes, por entusiasmo, à

metodologia da Comunicação para mais ampla difusão dos postulados que abraça

no Espiritismo.

Merece, no entanto, teçamos algumas considerações, a fim de que a

necessária informação doutrinária não experimente o barateamento por parte da

invigilância como da precipitação.

(...)

A Comunicação, no seu valor científico, convida à informação exata e

verdadeira da realidade que esclarece.

A propaganda bombástica conduz a mente do ouvinte ou do leitor a

conclusões infelizes e incorretas, que não correspondem à realidade. Por este

motivo, nem todos os meios, embora lícitos, devem ser utilizados, para que o

Espiritismo logre maior penetração nas massas humanas. A problemática numérica

não é relevante, nem essencial.

(...)

Em nome da Doutrina, não é correta a utilização de conceitos complicados

para chamar a atenção, nem à vulgaridade, através de imagens e figurações literárias

deprimentes, que podem conduzir os nobres ensinamentos da Espiritualidade a uma

conceituação extravagante ou ridícula entre os menos esclarecidos e os que,

sistematicamente, se comprazem na adulteração, no descrédito das lições superiores

da vida.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 67

(...)

Ao invés de colocarmos indivíduos e teorias transitórios em destaque,

sobranceiros, fomentando a consequente veneração deles e situando-os nas

paisagens da nossa alma em detrimento dAquele que nos deve ocupar a província

do espírito, acima dos homens e dos espíritos — Jesus! —, condicionemos líderes

e líderes sob a égide de um único líder: Aquele que constitui e representa as mais

altas aspirações da nossa vida e a quem palidamente todos desejamos, não obstante

a necessidade de sacrifícios, dedicar a vida e servir sem cessar!

O Espiritismo é simples, fácil e claro, dispensando linguagem bombástica e

terminologia complicada.

Se não pode ser entendido por um espírito singelo, em verdade, não conduz

a vera mensagem do Cristianismo autêntico, graças à prosápia ou presunção do

expositor que fala ou escreve.

(...)

Não nos preocupemos, portanto, em competir com as doutrinas que passam

a jazer nos próprios escombros, tentando tomar-lhes o lugar.

Não deve ser da nossa preocupação imediata substituir, tomar lugares vazios

e exercer posições, tornando-nos novos condutores e líderes da Humanidade

atormentada.

A informação espírita é um convite a maduras reflexões, não ao entusiasmo

fugaz; é um apelo ao recolhimento, não à venalidade; é um impositivo à

transformação interior, não à troca de rotulagem externa, não às posições rutilantes

nem às situações de primazia na transitoriedade do mundo...

Cuidemos de aprofundar a mente e o coração nas preciosas palavras do

Codificador e dos Espíritos da Luz, estudando o Espiritismo e fazendo não só que

cada Casa Espírita seja um Templo, mas, sobretudo, se transforme numa Escola de

iluminação de consciências e sabedoria, onde se criem hábitos salutares e o amor

mantenha sua substância, conduzindo as almas para o aprisco do Cristo, nosso

eterno e incessante Condutor.

Vianna de Carvalho – Enfoques Espíritas – Cap. 36 – Na Divulgação Espírita

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 68

O movimento espírita tem sido invadido por uma enxurrada de

publicações que trazem a informação de serem mediúnicas.

Temos visto que os dirigentes, vários deles, não utilizam qualquer critério

de seleção doutrinária. O que nos aconselha? (Federação Espírita do Paraná)

O nosso pudor em torno do Index Expurgatorius da Igreja Romana leva-nos,

sem nos darmos conta, a uma tolerância conivente. Como não nos é lícito

estabelecer um mapa de obras que mereçam ser estudadas em detrimento daquelas

que trazem informações inautênticas em torno dos postulados espíritas, muitos

dirigentes, inadvertidamente, divulgam obras que prejudicam mais a compreensão

do Espiritismo do que aclaram.

É muito comum dizer: mas é muito boa! Mas, muito boa, porém não uma

obra espírita e no que diz respeito à mediunidade, a mediunidade ficou tão

barateada, tão vulgarizada, que perdeu aquele critério com que Allan Kardec a

estuda em "O Livro dos Médiuns".

O médium é médium desde o berço.

Os fenômenos nos médiuns ostensivos começam na infância e quando têm

a felicidade de receber a diretriz da Doutrina, torna-se o que Chico Xavier

denominava com muita beleza: mediunidade com Jesus.

O que equivaleria dizer: a mediunidade ética, a mediunidade responsável,

criteriosa, a mediunidade que não se permite os desvios do momento, os modismos.

Mas a mediunidade natural pode surgir em qualquer época e ela surge como

inspiração. O indivíduo pode cultivá-la, desenvolve-la naturalmente.

Vem ocorrendo uma coisa muito curiosa, pela qual, alguns espíritas

desavisados, de alguma maneira, são responsáveis: se o livro é de um autor

encarnado, não se lê, porque como se ele não tivesse autoridade de expender

conceitos em torno da Doutrina. Mas, se é um livro mediúnico, ele traz um tipo de

mística, de uma chancela, e as pessoas logo acham que é o máximo.

Adotam esse livro como um Vade Mecum, trazendo coisas que chocam

porque vão de encontro aos postulados básicos do espiritismo.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 69

Entra agora uma coisa que é profundamente perturbadora: o interesse

comercial. Vender o livro sob a justificativa de que as Casas Espíritas necessitam

de recursos. Para atender as necessidades, vendem obras de autoajuda, de

esoterismo, de outras doutrinas, quando deveríamos cuidar de divulgar as obras do

Espiritismo, tendo um critério de coerência.

Quando visitei Paris pela primeira vez, em 1967, eu fui ver e conhecer a

Union Spirite Française que ficava na Rua Copernique, número 8. Era período de

férias, agosto a setembro, praticamente a Europa fecha-se e a França,

principalmente. A Union estava fechada. Chamou- me a atenção as vitrinas que

exibiam obras: não tinha uma espírita. Eram obras esotéricas, eram obras

hinduístas, eram obras de Madame Blavatsky.

São todas respeitáveis, mas não temos compromisso com elas.

O nosso compromisso é com Jesus e com Kardec, sem nenhum fanatismo e

sem nenhuma restrição pelas outras obras, que consideramos valiosas para cultura,

para ampliação do entendimento. Mas, temos que optar por conhecer a Doutrina

que professamos.

Verificamos, neste momento, essa enxurrada perniciosa, porque saem mais

de cinqüenta títulos de obras pseudo-mediúnicas por mês, pelo menos que nos

chegam através dos catálogos, tornando-se impossíveis de serem lidas.

O que ocorre?

Eu recebo entre 10 e 20 solicitações mensais, pedindo aos Espíritos

prefácios para obras que ainda estão sendo elaboradas.

A pressa desses indivíduos de projetar a imagem, de entrarem nesse pódium

do sucesso é tão grande que ainda não terminaram de psicografar – quando é

psicográfica – ou de transcrevê-la, quando é inspirada, ou de escrevê-la, quando é

de próprio punho, de própria concepção, já preocupado c o m o prefácio.

Eu lhes digo: Bom, aos Espíritos eu não faço solicitações. Peço desculpas

por não poder mandar o prefácio desejado. Espere, pelo menos, concluir o trabalho.

Pode ser que eu morra, pode ser que você morra e pode ser que o Guia

reencarne antes de terminar a obra.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 70

É uma onda de perturbação para minar-nos por dentro. O Codificador nos

recorda que os piores inimigos estão no próprio Movimento, o que torna muito

difícil a chamada seleção natural. Nós deveremos ter muito cuidado ao examinar

esses livros.

Penso que as instituições deveriam ter uma comissão para lê-los, avaliar a

sua qualidade e divulgá-los ou não, porquanto as pessoas incautas ou

desconhecedoras do Espiritismo fascinam-se com ideias verdadeiramente absurdas.

Tenho ouvido e visto declarações pessoais de médiuns que dizem não serem

espíritas e não terem nenhum vínculo com qualquer "ismo"; são livres atiradores e

as suas obras são vendidas nos Centros Espíritas, porque vendem muito. Até amigos

muito queridos têm, em suas livrarias, nos Centros Espíritas que frequentam, essas

obras que são romances interessantes, como os antigos romances de Agatha

Christie, de M. Dellyt e tais. Mas essas obras não são espíritas, embora ditadas por

um Espírito, mas ditadas ao computador.

Essas obras são muito interessantes, ninguém contesta, mas o tempo que se

gasta, lendo-as, é um desvio do tempo de aprendizagem da Doutrina Espírita. As

pessoas ficam sempre à margem, não se aprofundam. Observo, em nossa

Instituição, pelas perguntas infantis que me fazem.

É necessário que procuremos divulgar a Doutrina, conforme nós a herdamos

do ínclito Codificador e das entidades venerandas, que preservaram essa Doutrina

extraordinária, para que nós possamos contribuir com a construção de um mundo

melhor.

A respeito desses livros que proliferam, me causam surpresa, quando

amigos com quarenta, cinqüenta anos de idade, pessoas lúcidas, pessoas cultas, que

nunca foram médiuns, ou, pelo menos, jamais o disseram, escrevem livros até

ingênuos, que nem são bons nem são maus, e rotulam como mediúnicos e passam

a vender, porque são mediúnicos.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 71

Um dos livros mais vendidos, dito mediúnico, tem verdadeiras aberrações,

em que a entidade fez do mundo espiritual uma cópia do mundo físico, ao invés de

o mundo físico ser uma cópia do mundo espiritual. Inverteu, porque o Espírito está

tão físico no mundo espiritual! E um Espírito do sexo feminino, que tem os fluxos

catamênicos no mundo espiritual e que vai ao banheiro e dá descarga!

Outras obras, igualmente muito graves, falam de relacionamentos sexuais

para promoverem reencarnação no Além. Ora, a palavra reencarnação já caracteriza

tomar um corpo de carne. Como reencarnar no Além, no mundo de energia, de

fluidos, onde não existe a carne?

O Além, com ninhos de passarinhos multiplicando-se, em que as aves vêm,

chocam e nascem os filhotinhos. Não é que estejamos contra qualquer coisa, mas é

que são delírios, pura fascinação.

Acredito que alguns desses médiuns são médiuns autênticos. Ocorre que

eles não perderam a mediunidade, a sua faculdade mediúnica é que mudou de mãos,

daquelas entidades respeitáveis para as entidades frívolas que estão criando

verdadeiros embaraços, porque em determinados seminários, palestras, fazem

perguntas diretas e ficamos numa situação delicada, porque citam os nomes. Toda

vez que dizem os nomes eu me recuso responder. Numa pergunta em tese muito

bem, mas declinar nomes, não. Não tenho esse direito de levar alguém ao escárnio.

Dessa forma, o problema é mais grave do que parece, porque muitos

também estão fazendo disso profissão, embolsam o resultado das vendas. Enquanto

outros justificam obras de má qualidade, por terem um objetivo nobre: ajudar obras

de assistência social. Os meios não justificam os fins."

Divaldo Franco – Conversando com Divaldo Franco I – FEP – Cap. 3 – A

invasão das obras ditas "mediúnicas" no Movimento Espírita.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 72

A seleção do que será escrito ou publicado cabe também ao próprio médium.

Um bom exemplo é narrado por Yvonne Pereira [Devassando o Invisível – O Amigo Beletrista].

Ela conta que em 1930 foi procurada pelo espírito de um escritor, morto em 1911, que pretendia escrever alguns livros por seu intermédio. Em sua nova experiência, como espírito, ele disse que descobrira assuntos preciosos para a literatura.

A médium, por sua vez, não conhecia o escritor nem seus projetos literários, mas dizia estar segura de que só aceitaria psicografar as obras se elas estivessem aos moldes de uma obra espírita e fossem do agrado de seus orientadores espirituais. Antes da explicação do escritor sobre o primeiro livro que tinha em mente,

Yvonne Pereira disse já ter conseguido notar que tratava-se de espírito moralmente vulgar, embora adiantado intelectualmente; na Terra, fora médico e literato. Ele então revelou que pretendia escrever um romance com o objetivo de lançar uma dura crítica à ausência (naquela época) do divórcio no Código Penal Brasileiro.

Tratar-se-ia de um drama real vivido pelo escritor, envolvendo adultério e suicídio por conta de complicações advindas da impossibilidade de um divórcio.

A médium observou que, embora percebesse que o escritor dominava a boa forma literária, seu intento deixava a desejar como literatura espiritual. Foi o que disse ao escritor: não poderia se dispor a lhe intermediar o livro porque o projeto apresentado não estampava o caráter moral e doutrinário exigido por uma obra espírita.

Ela explicou que seria necessário, no romance pretendido, investigar o passado espiritual dos personagens envolvidos, avançar pelo invisível e analisar as conseqüências espirituais dos erros cometidos. A obra deveria conter conceitos que consolassem o leitor, também sujeito a tais infortúnios. Mas, sempre segundo a médium, o escritor insistia, e lhe propôs desta vez que escrevesse o livro e se apresentasse como autora; ele não se importaria se ela omitisse tratar-se de obra mediúnica.

Yvonne Pereira novamente recusou a proposta e sugeriu, visto que ele não fazia questão da presença de seu nome, que inspirasse algum literato, porquanto os escritores também seriam suscetíveis à assimilação de idéias transmitidas espiritualmente.

O espírito do escritor retrucou que já tentara esse meio, mas suas idéias teriam sido desvirtuadas.

Alexandre Caroli Rocha – A Poesia transcendente de Parnaso de Além-Túmulo – Cap. 3.4 – Literatura e Persuasão

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 73

3.6.2 Literatura Espírita Mediúnica – Selecionamento – por parte dos Desencarnados

O compromisso da adequação da literatura espírita de Chico Xavier com os

princípios doutrinários seria fiscalizado por Emmanuel, com suas rigorosas

revisões.

O médium diz que toda sua obra é subordinada aos critérios específicos de

seu orientador espiritual.

Em 1964, Chico Xavier dizia, sobre sua rotina de atividades, que pela manhã

ele trabalhava com os espíritos, “seja psicografando ou revendo com eles as páginas

de autoria deles mesmos, sempre com a assistência de Emmanuel”.

(...)

Na prática psicográfica de Chico Xavier, por vezes é bem indiscreta a

intervenção de Emmanuel. Em 1937, por exemplo, depois de uma reunião de

estudos espíritas, o médium psicografou o seguinte soneto, atribuído a João de

Deus:

Vós que guardais dos mortos a lembrança,

Sois também, nos espaços, recordados,

Nos eternos caminhos aureolados

Pelos clarões da Bem-aventurança!

No país da Verdade e da Bonança,

Nós ouvimos as súplicas e os brados

De pobres corações despedaçados,

No cadinho da mágoa ou da esperança.

Das vibrações ignotas das esferas

Nós que fomos os homens de outras eras,

Queremos mitigar a vossa dor!...

Sois os mortos nos círculos da Vida,

Nos sepulcros de carne apodrecida,

Desejosos de paz, de luz e amor!...

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 74

O último verso do poema, no entanto, não era o que foi acima transcrito,

mas sim este outro: “Mergulhados num sonho enganador!...”, que foi riscado.

Segundo o médium, Emmanuel estava presente e pediu a João de Deus a

substituição do verso.

O supervisor teria dito ao poeta: “Vê que estás escrevendo para uma

assembléia de espíritas! Eles não estão mergulhados em sonhos enganadores!”

(...)

Outro veto de Emmanuel foi a um artigo atribuído a Humberto de Campos,

que tratava do aspecto moral de uma questão em voga à época: deve o homem

comer carne? A resposta veio em forma de parábola, cujo fundo lamentava o

generalizado morticínio dos animais que servem de alimento aos homens. Chico

Xavier conta que Emmanuel leu o texto e exigiu que ele fosse rasgado.

Seria possível que os leitores se influenciassem por aquelas idéias; o próprio

Chico Xavier trabalhava com bois, na Fazenda Modelo; potencialmente, os

problemas sociais envolvidos na aplicação da parábola seriam mais graves do que

os causados pela alimentação carnívora.

Alexandre Caroli Rocha – A Poesia transcendente de Parnaso de Além-Túmulo

– Cap. 3.4 – Literatura e Persuasão

Revisão criteriosa impunha-se nesta obra que há alguns anos me fora

confiada, para exame e compilação, em virtude das tarefas espiritualmente a mim

subordinadas, como da ascendência adquirida sobre o instrumento mediúnico ao

meu dispor.

(...)

Nada se alterou, todavia, na feição doutrinária da obra, como no seu

particular caráter revelatório. Entrego-a ao leitor, pela segunda vez, tal como foi

recebida dos Maiores que me incubaram da espinhosa tarefa de apresentá-la aos

homens.

E se, procurando esclarecer o público, por lhe facilitar o entendimento de

fatos espirituais, nem sempre conservei a feitura literária dos originais que tinha sob

os olhos, no entanto, não lhes alterei nem os informes preciosos nem as conclusões,

que respeitei como labor sagrado de origem alheia.

Leon Denis – Memórias de um Suicida – Introdução – 2º Edição.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 75

3.7 Literatura Espírita Mediúnica – Autenticidade

A apresentação da Doutrina Espírita como um misto de Ciência, Filosofia e

Religião é algo que se encontra em sua base, desde os primeiros estudos

sistematizados no século XIX até as investigações mais recentes realizadas em todo

o mundo.

Pesquisadores de várias áreas do conhecimento dedicam-se a explorar essa

relação, conferindo à Doutrina consoladora um nível de credibilidade da mesma

forma que acontece com as descobertas científicas, relacionadas ao mundo material.

Essa postura cria um novo paradigma dentro da Ciência, contemplando os

fenômenos espirituais e dispensando sobre eles o mesmo tratamento, desenvolvido

há séculos sobre os fatos da natureza visível.

Nesse contexto, vários estudos envolvendo a produção escrita sob diferentes

gêneros se destacam, notadamente, as cartas familiares e os textos literários que

chegam até nós por meio da psicografia de alguns médiuns talentosos.

Entre eles, destacamos a contribuição e a importância do trabalho de Chico

Xavier e Waldo Vieira, aqui no Brasil, além de alguns médiuns Estrangeiros.

Heberth Paulo de Souza – Revista Reformador – 2016 – Outubro – A Literatura

e a psicografia a serviço do Espiritismo

Analisa e organiza as mensagens transmitidas pelos Espíritos, somente

divulgando-as sob aval da direção da Casa Espírita. Kardec aconselha submeter

todas as comunicações mediúnicas “[...] a um exame escrupuloso, em se lhes

perscrutando e analisando o pensamento e as expressões, como é de uso fazer-se

quando se trata de julgar uma obra literária, rejeitando-se, sem hesitação, tudo o

que pegue contra a lógica e o bom senso, tudo o que desminta o caráter do Espírito

que se supõe ser o que se está manifestando [...].”

Federação Espírita Brasileira – Mediunidade e Prática – II – Módulo 1 –

Roteiro 5 – Item 3 – A Prática Mediúnica – Critérios de Avaliação

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 76

Entre as numerosas formas que revestem as manifestações mediúnicas de

natureza inteligente, não nós devemos esquecer das que consistem na produção de

obras literárias, as vezes bem volumosas, ditadas psicograficamente por entidades

que dizem ser espíritos de mortos.

Ha necessidade de notar que grande número dessas produções mediúnicas

não resiste a uma análise crítica, mesmo a mais superficial, de tal modo e evidente

serem apenas o produto de uma elaboração onírico-subconsciente, de natureza

grosseira e mais ou menos incoerente, com personalizações sonambúlicas que se

formaram por sugestão ou auto-sugestão.

Essas personificações devem, em toda parte, nesses casos, ter origem nos

recursos do talento e da instrução própria as personalidades conscientes de que

provem, com a consequência de que as obras literárias dos supostos espíritos que

julgam comunicar-se são, algumas vezes, tão rudimentares, que traem sua origem,

sem que se possa ter a menor dúvida a esse respeito.

Não e menos verdade que, ao lado dos pseudo-médiuns, encontram-se

médiuns autênticos, por intermédio dos quais se obtém, as vezes, obras literárias de

grande mérito, que levam a uma reflexão seria e não podem ser atribuídas a uma

elaboração subconsciente da cultura geral, muito limitada, que se reconhece nos

médiuns que, materialmente, as escreveram.

É então necessário deduzir logicamente daí que essas produções provenham

de intervenções estranhas aos médiuns, tanto mais se se consideram não somente

as provas que se deduzem da forma, estilo, técnica individual da obra literária e

também da identificação de escrita, como outras provas não menos importantes, as

quais consistem, sobretudo, em indicações pessoais ignoradas de todos os

assistentes e das quais se verifica, em seguida, a veracidade; em citações não menos

verídicas e desconhecidas de todos, com referência a elementos históricos,

geográficos, topográficos, filológicos, de natureza complexa e quase sempre rara,

enfim, em descrições minuciosas, coloridas e vivas, de meios e costumes referentes

a povos bem antigos, circunstancias que não poderiam ser esquecidas pela hipótese

cômoda da emergência subconsciente de noções adquiridas e, em seguida,

esquecidas (criptomnésia).

Ernesto Bozzano – Literatura de Além-Túmulo – Cap. 1

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 77

3.7.1 Cartas Familiares via psicografia de Chico Xavier

[…] um torpor pesado, prolongado, me invade. Serão realmente dos nomes

que as assinam as páginas então produzidas?

Eu não poderia responder precisamente, porque, então, a minha consciência

como que dorme. De uma coisa, porém, julgo estar certo: não posso considerar

minhas essas páginas porque não despendi nenhum esforço intelectual, nem ao

grafá-las no papel.

Francisco Cândido Xavier, em entrevista concedida a Clementino de

Alencar. Jornal O Globo, 11/05/1934

Jorge de Souza – Quem é o autor? Um ensaio sobre as mediunidades intuitiva e

de inspiração. São Paulo: Lachâtre, 2004.

A enorme quantidade de cartas familiares que chegaram até nós pelas mãos

de Chico Xavier – estima-se que ele tenha escrito cerca de dez mil em sua vida

mediúnica – foi e continua sendo objeto de análise por vários pesquisadores.

(...) uma das pesquisas de destaque foi realizada por um grupo de estudiosos

ligados à Universidade Federal de Juiz de Fora (MG). [1]

A. C. Rocha, D. Paraná, E. S. Freire, F. Lotufo Neto e A. Moreira-Almeida

selecionaram um conjunto de 13 cartas, escritas na década de 1970, supostamente

ditadas por um mesmo autor espiritual.

O objetivo foi investigar o nível de concordância e exatidão das informações

contidas naqueles textos, contribuindo, assim, para os estudos sobre as

possibilidades de sobrevivência da mente humana (Espírito) após a morte do corpo

físico.

Os pesquisadores identificaram nas cartas 99 itens que correspondiam a

informações que pudessem ser verificadas na realidade. Eles analisaram cada um

desses itens dentro de duas escalas diferentes:

− a escala de concordância (medindo a exatidão das informações

contidas nas cartas, de acordo com os fatos) e

− a escala de vazamento (medindo a probabilidade de Chico Xavier ter

tido acesso às informações contidas nas referidas cartas).

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 78

Conforme o resultado dessa pesquisa, 98 % dos itens analisados foram

identificados como possuindo “concordância clara e precisa” com os fatos reais e

nenhum item foi classificado como “sem concordância”.

Quanto às possibilidades de vazamento de informações para o médium, a

maioria dos itens foi classificada ou como “vazamento altamente improvável” ou

“vazamento.

(...)

Outra pesquisa, baseada nas cartas de Chico Xavier, foi realizada por Cintia

Alves da Silva, em sua dissertação de mestrado pela Unesp, de Araraquara (SP),

intitulada As Cartas de Chico Xavier: Uma Análise Semiótica. [2]

Neste trabalho, a pesquisadora selecionou dez cartas escritas, entre os anos

de 1973 e 1980, atribuídas a três autores espirituais diferentes, e as analisou sob a

ótica de alguns conceitos básicos da semiótica, entre os quais:

− a construção do ethos, concebido como uma imagem ou identidade

do enunciador, que ela descreve em relação a cada um dos três

autores, abordando inclusive as variações estilísticas que acontecem

em relação a um mesmo autor;

− o contrato fiduciário estabelecido entre o autor e o remetente que, no

caso das cartas psicografadas, se manifesta principalmente nos

recursos empregados para convencer o familiar de que quem escreve

é o mesmo ente querido que com ele conviveu em vida e que,

naquele momento, continuava vivo em outra dimensão.

[1] ROCHA, Alexandre Caroli et al. Investigating the fit and accuracy of

alleged mediumistic writing: a case study of Chico Xavier’s letters. Explore, v. 10,

n. 5, 2014, p. 300–308.

[2] SILVA, Cintia Alves da. As cartas de Chico Xavier: uma análise

semiótica. Dissertação (Mestrado em Linguística e Língua Portuguesa).

Araraquara, SP: Faculdade de Ciências e Letras, Unesp, 2012. p. 191.

Heberth Paulo de Souza – Revista Reformador – 2016 – Outubro – A Literatura

e a psicografia a serviço do Espiritismo

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 79

Investigating the fit and accuracy of alleged mediumistic writing: a

case study of Chico Xavier’s letters

Objetivo: Investigar a exatidão das informações transmitidas em cartas

“psicografadas” de Chico Xavier (i.e., cartas cuja autoria é atribuída a uma

personalidade falecida) e explorar as suas possíveis explicações.

Método: Após uma busca sistemática das cartas psicografadas por Chico

Xavier, selecionamos um conjunto de 13 cartas supostamente escritas por um

mesmo autor espiritual (J.P.).

Inicialmente, identificamos nas cartas os itens de informação objetivamente

verificáveis.

A exatidão das informações contidas nesses itens e a probabilidade estimada

de acesso do médium a essas informações através de meios usuais foram avaliadas

através das escalas de Concordância e Vazamento com base em documentos e

entrevistas realizadas com a irmã e amigos de J.P.

Resultados: Identificamos 99 itens de informação verificáveis contidos

nessas 13 cartas; 98% desses itens foram avaliados como “Concordância clara e

precisa”, e nenhum item foi considerado como “Sem concordância”.

Concluímos que as explicações comuns para a exatidão das informações

(i.e., fraude, acaso, vazamento de informações e leitura fria) são apenas

remotamente plausíveis. Esses resultados parecem fornecer suporte empírico para

teorias não reducionistas da consciência.

ROCHA, Alexandre Caroli et al. Investigating the fit and accuracy of

alleged mediumistic writing: a case study of Chico Xavier’s letters. Explore, v. 10,

n. 5, 2014, p. 300–308

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 80

As cartas de Chico Xavier: uma análise semiótica

Este estudo tem como objetivo compreender os processos de construção do

éthos, concebido enquanto “imagem” ou “identidade” do enunciador, nas cartas

familiares escritas por Chico Xavier e atribuídas a “autores espirituais”, sob a

perspectiva da Semiótica greimasiana.

Por meio da análise das cartas psicografadas, pretende-se demonstrar

como a sua configuração semiótica (enunciva e enunciativa) permite caracterizá-

las como um tipo de texto em particular, diferenciando-o dos textos epistolares

“típicos”.

O córpus analisado é composto de dez cartas psicografadas publicadas

entre os anos de 1973 e 1980 e atribuídas a três autores: Augusto César Netto, Jair

Presente e Laurinho Basile.

Entre os conceitos que orientam as análises estão os de práticas

semióticas, contrato fiduciário, presença e as relações entre éthos e estilo.

O percurso analítico deste estudo inicia-se pela definição da carta como

objeto semiótico. Para isso, foram adotadas as contribuições de Jacques Fontanille,

na aplicação de uma hierarquia de níveis de pertinência semiótica.

Essa hierarquia permitiu a delimitação do percurso da carta psicográfica,

desde a sua prática geradora até a sua inscrição em outros objetos-suporte.

As noções de práxis enunciativa, práticas semióticas e gênero auxiliaram a

caracterização do gênero epistolar psicográfico, enquanto objeto produzido no

interior da prática psicográfica epistolar.

A sua articulação com a prática de edição, em um nível estratégico, revelou-

nos de que maneira a intervenção do editor resulta na ressignificação do texto,

inserindo-o, assim, no âmbito editorial.

Após a análise do córpus, foi possível constatar que o texto epistolar

psicográfico é caracterizado por um éthos dual e ambíguo, coerente com os valores

que permeiam a prática da psicografia epistolar.

(...)

Os textos analisados são compostos de dez cartas psicografadas publicadas

entre 1973 e 1980 e atribuídas a três autores: Augusto César Netto, Jair Presente e

Laurinho Basile.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 81

Como pano de fundo, a autora põe em xeque uma ideia bastante comum

entre os espíritas adeptos de Xavier, a de que a escrita do médium seria tão fiel ao

estilo dos espíritos por ele psicografados que se poderia até reconhecer as

expressões e formatos verbais que eles supostamente utilizavam em vida.

O trabalho também buscou caracterizar as cartas psicográficas como um tipo

particular de texto, que se diferencia dos textos epistolares tradicionais. Para a

autora, além de se configurarem como gênero editorial específico, as cartas

psicografadas são escritas de modo tão peculiar que ultrapassam o contexto do

Espiritismo, avançando por vezes para os terrenos da literatura e do memorialismo.

SILVA, Cintia Alves da. As cartas de Chico Xavier: uma análise semiótica

– Resumo

Qual a importância das cartas familiares na obra de Chico Xavier?

Quanto à importância das cartas, devo dizer-lhe que entrevistei nos idos de

70 e 80 mais de uma centena de familiares, muitos dos quais expressaram seu

depoimento nos livros de nossa “coleção Jovens no Além”, além de ter

testemunhado recepção de mensagens pelo Chico, que estão em livros de outras

editoras, e, na sua maioria, perderam-se no anonimato.

Vi familiares sorrirem e vi muitas vezes o Chico chorar. A atuação do Chico,

como medianeiro, a inumeráveis famílias é incomensurável.

O tempo, ao sedimentar com mais detalhes a atuação do grande amigo,

observará que Chico Xavier foi o missionário de Jesus no século XX, uma fusão de

exemplos do passado, transmitidos pelos discípulos de nosso Mestre, que

iluminaram a Terra, através dos tempos.

Nos comentários dos livros Jovens no além e Somos Seis, não encontrei uma

informação que gostaria muito de saber: os jovens Jair e Augusto se comunicavam,

de acordo com as famílias, com o vocabulário que apresentavam nas cartas (uso de

gírias, expressões informais, etc.)?

SILVA, Cintia Alves da. As cartas de Chico Xavier: uma análise semiótica

– Resumo

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 82

Nas entrevistas com os familiares, você chegou questionar se havia

semelhança entre os estilos desses jovens nas cartas e nas suas formas de dizer

enquanto vivos?

Do Jair não me lembro. Particularmente achei o linguajar de ambos

oportuno e interessante para os jovens.

Telefonei agora para a D.Yolanda, mãe do Augusto, e ela me disse que não

era hábito do filho falar em gíria. Perguntou ao Chico, na época do lançamento de

Falou e Disse, e ele explicou que o Augusto, por orientação espiritual, se dirigia,

com aquele jeito de falar, de modo especial, aos jovens envolvidos com droga,

atendendo assim a orientação dos Benfeitores.

Há outros livros do Augusto em que ele se expressa sem gíria, de maneira

reconhecida pela D. Yolanda, como o seu modo habitual de expressar-se.

SILVA, Cintia Alves da. As cartas de Chico Xavier: uma análise semiótica

– Resumo

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 83

3.7.2 Cartas Familiares via psicografia de Divaldo Franco

Queremos destacar neste livro a circunstância em que uma pessoa, ou um

familiar, recebe uma mensagem mediúnica de um ser querido que morreu.

Primeiramente, apesar de haver uma compreensível fragilidade do estado

emocional e psicológico dos familiares que recebem a mensagem mediúnica,

devemos reconhecer que isto não significa que necessariamente eles aceitarão

qualquer coisa que não corresponda a um mínimo de indício da real procedência

daquele que assina a missiva.

Estão arrolados neste livro depoimentos de familiares que são médicos,

advogados, engenheiros, arquitetos, desembargadores, empresários, etc., isto é, não

são pessoas destituídas de condições de fazer uma análise racional e sensata do que

está sendo apresentado a elas.

Outro ponto importante é que, nas sessenta mensagens aqui apreciadas,

constou-se um total de mais de setecentas e cinqüenta particularidades e detalhes,

e, em quase todas, o médium Divaldo Pereira Franco não conhecia quem morreu,

nem alguém de sua família, e algumas vezes a mensagem veio em um primeiro

contato espiritual.

Fica descartada, pois, a hipótese de o médium fazer pesquisas junto ao

histórico dos familiares para apresentar nomes e informações constantes nestas

mensagens.

Além disso, resta considerar a alternativa do animismo, isto é, a eventual

capacidade do médium de captar emissões dos pensamentos dos próprios familiares

presentes (subconsciente ou inconsciente deles), mesmo sem os conhecer, e, por

isso, estaria apto a transmitir todos os detalhes que a mensagem encerra.

Pelo número comunicações de mensagens de familiares aqui presentes,

devemos reconhecer que o médium Divaldo Pereira Franco é fenomenal, pois, por

mais de cinqüenta anos, estaria ocorrendo com ele este pretenso animismo, e ele

continua fazendo essa tarefa gratuitamente, sem nenhum interesse.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 84

Não podemos esquecer que estas mensagens familiares destes sessenta

Espíritos representam cerca de l% das mensagens espirituais de que ele já

psicografou (mais de 6 mil), pois as outras são de Espíritos que foram mais ou

menos conhecidos na Terra e, neste caso, nem se poderia falar de captação do

pensamento de familiares.

Diga-se de passagem, estamos pesquisando também este assunto, para o

qual dedicaremos outros livros específicos par estudar este tema.

As próprias mensagens e suas particularidades não foram incluídas neste

livro, podendo-se encontrá-las nas obras de onde as retiramos e que estão aqui

cuidadosamente discriminadas.

Washington L. N. Fernandes – Consolação diante da Morte de um Ser Querido

– Prefácio

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 85

3.7.3 Poesias Mediúnicas via psicografia de Chico Xavier

A poesia é o bálsamo que se aplica sobre as feridas; a poesia foi dada ao

homem como um maná celeste, e todos os poetas são médiuns que Deus enviou

sobre a Terra para regenerar um pouco o seu povo, e não deixá-los embrutecer

inteiramente; porque, o que há de mais belo! O que fala mais à alma do que a poesia!

Alfred de Musset – Revista Espírita – 1860 – Dezembro - Qual será a influência

da poesia no Espiritismo

Um estudo clássico dentro dessa abordagem foi realizado por Alexandre

Caroli Rocha, tendo como foco poemas de renomados escritores das literaturas

brasileira e portuguesa.

Em sua dissertação de mestrado intitulada “A poesia transcendente de

Parnaso de Além-Túmulo” [1], o autor analisa vários aspectos dos poemas

supostamente ditados por cinco escritores desencarnados:

João de Deus, Antero de Quental, Guerra Junqueiro, Cruz e Sousa e Augusto

dos Anjos, os quais integram a primeira obra psicográfica de Chico Xavier, o

Parnaso de Além-Túmulo, cuja primeira edição foi publicada em 1932.

O autor desse estudo concluiu que é possível identificar estilísticas próprias

nos conjuntos de textos dos autores analisados, atestando a continuidade da

produção poética, feita por eles, por meio da comparação das características

presentes nos textos produzidos post mortem com as características do estilo de

poemas, produzidos por esses mesmos autores quando encarnados. [1] ROCHA, Alexandre Caroli. A poesia transcendente de Parnaso de além-

túmulo. Dissertação (Mestrado em Teoria e História Literária). Campinas, SP: Instituto de

Estudos da Linguagem, Unicamp, 2001. p. 233

Heberth Paulo de Souza – Revista Reformador – 2016 – Outubro – A Literatura

e a psicografia a serviço do Espiritismo

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 86

A poesia mediúnica foi até boje considerada como marginal. A poesia e toda

a literatura mediúnica. Os críticos têm receio de se pronunciar sobre ela e quando o

fazem é de maneira irônica.

Servem-se da ironia para se salvarem dos preconceitos vigentes,

preservarem o prestígio profissional e manterem a sua posição no aquário.

Assim podem servir a Deus e ao Diabo ao mesmo tempo. O aquário é o meio

cultural em que se desenvolveram, com sua rotina, sua água parada e morna, nem

fria nem quente, aquecida por meios artificiais.

Ê uma delícia nadar nessa água sem maiores preocupações, no espaço

limitado pelo grosso vidro da vasilha. Porque pensar nas coisas que poderiam existir

além do vidro?

Mas a obra literária, como todas as coisas feitas por Deus ou pelo homem,

vale por si mesma e não pelos canais da sua realização.

Um poema é o que é. Pouco importa se foi feito por Homero ou por Zé

Mindim numa sitioca da Sorocabana. Tem de ser aceito pelo que ele é, não pela sua

origem.

Uma comédia de Shakespeare é uma comédia, seja dele, de Bacon ou de

quem for. Mas se for um pasticho? Ora, acaso o pasticho também não é arte? Pode

alguém pastichar com valor sem conhecer a obra do pastichado e sem ter habilidade

e aptidão literárias? Mas nada disso pesa na balança.

O crítico tem a sua regra. E se a consciência lhe pesa, usa a ironia. Assim

não deixa de abordar o assunto e pode dar uma colher de chá aos amigos espíritas.

Ah, os espíritas já se acostumaram tanto a ser ironizados! Com raras

excepções, por sinal muito corajosas, nossos críticos e literatos torcem o nariz

ilustre diante da poesia mediúnica.

Monumentos poéticos como o Parnaso de Além Túmulo, a Antologia dos

Imortais, Poetas Redivivos, Sonetos de Vida e Luz, O Espirito de Cornélio Pires

são atirados ao lixo, fora do aquário, nos arrabaldes da cidade das letras, para uso e

gozo da ralé.

O argumento justificativo é sempre o mesmo: trata-se de pasticho ou de

fabulações inconscientes da escrita-automática. Mas boje as coisas mudaram.

Os aquários estão sendo quebrados.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 87

A ciência materialista de há meio século descobriu novas dimensões da

realidade, rompeu para sempre a rotina cultural.

A tese espírita dos universos interpenetrados comprovou-se em laboratório.

A teoria do corpo espiritual, que é o corpo da ressurreição e, portanto, da

sobrevivência, foi confirmada pelos materialistas soviéticos na descoberta do corpo

bioplástico.

Os problemas da morte e da reencarnação, bem como os da comunicação

mental, não só entre os vivos, mas também entre vivos e mortos, foram

incorporados pela investigação científica. A possibilidade da transmissão de obras

literárias por via paranormal, que vale dizer pela mediunidade, é admitida

mundialmente pelos cientistas atualizados. Chegou o momento em que o problema

da literatura mediúnica não deve mais assustar os críticos, mas atrair a sua atenção.

Herculano Pires – Antologia do mais além – A poesia mediúnica como

forma de comunicação paranormal

O livro de poemas mediúnicos Parnaso de além-túmulo, do médium mineiro

Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier), composto por 259 poemas atribuídos a

56 poetas brasileiros e portugueses, é o objeto de estudo desta dissertação.

A intenção do trabalho é levantar algumas questões, do interesse da teoria

literária, suscitadas por esse tipo de literatura, como a autoria, o pastiche, o estilo,

os limites do literário.

A dissertação é formada por três capítulos.

O primeiro trata do histórico das edições de Parnaso; dos poetas

apresentados como os autores espirituais; dos conteúdos da antologia e das

repercussões de Parnaso no meio espírita e na imprensa em geral.

O segundo capítulo é formado por cinco estudos que procuram verificar, a

partir de algumas referências críticas, que tipos de pontos em comum existem entre

poemas de Parnaso e a obra de autores a quem são atribuídos.

Para essa análise, selecionei um corpus de cinco poetas: três portugueses,

João de Deus, Antero de Quental e Guerra Junqueiro, e dois brasileiros, Cruz e

Sousa e Augusto dos Anjos.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 88

Os resultados desses cotejos sugerem que os poemas de Parnaso não seriam

o produto de uma simples imitação literária.

O último capítulo, à guisa de conclusão, é um desdobramento dos resultados

obtidos nas duas primeiras partes do trabalho. Intitulado “O contexto literário de

Parnaso”, estudam-se neste capítulo os seguintes temas: a configuração autoral e a

intenção probatória da antologia; alguns pressupostos do entendimento espírita de

arte; a inspiração literária e o espiritismo; Chico Xavier e a psicografia e, por fim,

os propósitos persuasivos da literatura espírita.

Alexandre Caroli Rocha – A Poesia transcendente de Parnaso de Além-Túmulo

– Resumo

Francisco Cândido Xavier, com mais de cem obras mediúnicas publicadas,

em quarenta anos de exercício da psicografia, já não é mais um caso discutível.

Não houve entre nós condições científicas para o estudo desse médium, mas

a aprovação de críticos literários, professores de literatura, poetas e escritores à sua

obra evidenciaram a legitimidade da mesma.

Criatura humilde, sem nenhuma formação cultural, nascido e criado em

cidadezinha mineira (Pedro Leopoldo) desprovida de ambiente cultural e até

mesmo escolar, Chico Xavier está hoje acima de todas as calúnias e de todas as

interpretações falsas, maldosas ou simplesmente ignorantes dos seus críticos

improvisados.

Herculano Pires – Castro Alves fala a Terra – Prefácio

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 89

No caso vertente não se pode admitir, como explicação o “pastiche”

literário; uma maravilhosa capacidade de imitação de estilo.

Tampouco sumarizar a interpretação em simples caso de fraude ou

mistificação, por prévia elaboração de composições literárias simuladamente

escritas de momento como se então recebidas, ou simples reprodução por memória,

de trabalhos alheios adrede e meditadamente redigidos.

Tais argumentos são por demais elementares e insubsistentes e só podem

ser esposados por quem jamais viu como Chico Xavier os elabora e em que

condições os escreve.

São um “pis aller” que só viria complicar e confundir ainda mais a questão,

já de si tão intrincada.

Só quem nunca presenciou, em circunstâncias diferentes de observação,

Chico Xavier produzir seus trabalhos; só quem nunca, de propósito preconcebido,

lhe falou e com ele trocou ideias, para poder seguramente avaliar-lhe as

possibilidades intelectuais e o ínfimo acervo de seus conhecimentos; só quem não

conhece o meio em que ele vive e os recursos de cultura que oferece; e só quem

nunca lhe leu e analisou a multifária obra escrita é que poderá ingenuamente, falar

em mistificação e sobretudo em “pasticherie” e contrafação de estilo e de autores.

Fazer “pastiche”; imitar o estilo de prosadores e poetas “à lamanière de” —

depende de pendor e jeito especiais, exige prévia e diuturna leitura dos autores a

imitar; paciente esforço de elaboração, de retoques, de policiamento da produção

conseguida e isto em tentativas que demandam tempo.

Fazê-lo, como Chico Xavier o costuma, de improviso, numa elaboração e

redação instantâneas, sem segundos sequer de meditação para coordenar ideias,

passando em sucessão ininterrupta da prosa ao verso, da página de ficção para ade

filosofia, ou moral; trasladando a composição para o papel em escrita manual

vertiginosa que qualquer não consegue em trabalho de cópia ou quando reproduz

um assunto que tenha de cor — é alguma coisa de inexplicável, que não está ao

alcance de qualquer imitador de estilos ou amadores de contrafação literária.

Elias Barbosa - Presença de Chico Xavier – Cap. 16 - Precioso depoimento do

Prof. Dr. J. Melo Teixeira – Chico Xavier: Pastiche Inadmissível

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 90

3.7.4 Poesias Mediúnicas via psicografia de Divaldo Franco

No ano do aparecimento psicográfico de Marco Prisco, em 1949, certa noite

eu estava deitado, quando ouvi uma música de uma beleza indefinível, tocada numa

espécie de cítara.

Ao som dessa música, muito plangente e muito profunda, tive uma visão

belíssima de jardins verdejantes e floridos, cortados por um riacho de águas claras

no qual deslizava uma barca. Nesta, uma Entidade veneranda, de túnica alva, de tez

bem escura, em cuja fisionomia, de serena beleza, sobressaíam os olhos negros,

enormes e brilhantes, e a barba alvinitente, cujos fios pareciam ter cambiantes

prateados.

— Eu sou Rabindranath Tagore, poeta da Índia, e desejo que me grafes

alguns pensamentos — disse-me o Espírito.

Imediatamente, levantei-me e providenciei o material para a psicografia,

entrando em transe mediúnico, logo em seguida, enquanto psicografava, continuei

a ouvir a melodia, penetrante e bela.

Eu confesso, honestamente, que nunca havia ouvido falar neste nome ou

lera qualquer coisa a seu respeito.

A partir dessa noite, durante certo tempo, Tagore foi ditando as várias

mensagens que constituiriam seu primeiro livro, que, no entanto, só veio a ser

publicado muitos anos depois, em 1965, com o título de Filigranas de Luz.

Em 1957 ocorreria um fato muito interessante para mim.

Em visita a Chico Xavier, em Pedro Leopoldo, como habitualmente fazia,

no dia 28 de janeiro desse ano, este convidou-me a ir com ele a Matosinhos,

pequena cidade próxima, onde o médium mineiro, com certa freqüência, participava

do Culto Evangélico em casa da senhora Hermelita Horta.

Na ocasião, Chico psicografou uma mensagem de Tagore, intitulada

"Louvor", e, ao terminá-la, entregou-me, esclarecendo ser o prefácio para o livro

que eu psicografara e que se encontrava guardado.

Grande foi a minha surpresa, pois nada comentara a respeito e nem mesmo

estava a recordar-me do fato, naquele momento.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 91

Em 1960, o Professor Carlos Torres Pastorino e sua esposa, a senhora Elza

Pastorino, foram passar uns dias na "Mansão do Caminho" e aproveitei o ensejo

para mostrar-lhes os originais do livro ditado por Tagore.

Para minha surpresa, o Professor Pastorino, homem de vastíssima cultura,

informou-me que conhecia a obra do poeta hindu no original inglês, no original

indiano e nas traduções de Guilherme de Almeida, e que, portanto, poderia fazer

uma análise cuidadosa.

Ao terminar a leitura, o Professor Pastorino expressou-me sua emoção e

alegria por encontrar, nas páginas psicografadas, não o Tagore traduzido, mas o

original.

E foi tal o seu entusiasmo que ele próprio datilografou o livro, nos dias em

que esteve na "Mansão".

Foi, também, a pedido dele, que Nelson Affonso, diretor do "Grupo de

Estudos SPIRITVS" escreveu um prefácio, com o qual, posteriormente, o livro seria

publicado.

Em 1965, quando o livro finalmente foi lançado, não coloquei o prefácio

recebido por Chico Xavier por timidez.

(...)

Para os Espíritos Superiores, evidentemente, não há pressa. Rabindranath

Tagore, Espírito trabalhado na forja do sofrimento, afeiçoado à disciplina, à

meditação, cuja sensibilidade altamente aprimorada é toda voltada para o Bem,

encontrou, nos anos de trabalho mediúnico de Divaldo, o burilamento

imprescindível para torná-lo seu medianeiro.

O poeta hindu, que foi Prêmio Nobel em 1913, encontra assim, em Divaldo

Franco, o médium ideal para filtrar o seu pensamento, cuja linguagem poética sabe

a mistérios e encantos da Índia.

Suely Caldas Schubert – O Semeador de Estrelas – Cap. 19 – A Estesia de

Tagore

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 92

Músico, poeta, contista, teatrólogo e filósofo, publicou muitas obras de

cunho místico e profundamente humano. Filho de uma família de reformadores

religiosos e sociais, que a todo custo procurou libertar a Índia dos preconceitos

milenares que esmagavam o povo.

Tagore é uma ocidentalização do nome que em sânscrito quer dizer

"homem nobre", "senhor". Em casa era chamado de Rabi que no idioma dos seus

quer dizer "o Sol".

Bem cedo se revelou artista profundamente identificado com a natureza,

apaixonado pelo povo e, sobretudo aberto para o INFINITO. Com 8 anos de idade

já fazia versos, aos 12 teve a satisfação de ver a sua poesia aprovada pelo seu

venerando pai que exclamou: "Se o rei conhecesse a língua da nossa terra e pudesse

apreciar-lhe a literatura, recompensaria por certo o poeta".

Com 15 anos foi para a Inglaterra estudar Direito, 3 anos após regressou à

pátria a chamado da família. Ao regressar recebeu do pai a incumbência de

administrar a propriedade da família.

Casou-se aos 23 anos. E, nesta época, já havia publicado 2 livros de

poemas: Canções da Noite e Canções da manhã, com destaque para o poema O

Despertar de uma Fonte, bem como a novela para crianças O Sábio Real, que mais

tarde serviu de tema à peça intitulada O Sacrifício.

Em 1901, com a venda de uma casa e das jóias da esposa, fundou uma

escola superior de filosofia em Santiniketan, que depois foi transformada em

Universidade, em 1921.

Recebeu o Prêmio Nobel de literatura em 1913 e tornou-se mundialmente

famoso graças ao seu livro de poemas Gitanjali (Oferenda Lírica).

Aclamado por Gandhi como "o grande mestre" e reconhecido por todos os

indianos como "o sol da Índia".

Nasceu em Calcutá, 1861, e faleceu em Santiniketan, Bengala, 1941.

Federação Espírita do Paraná – Momento Espírita – Rabindranath

Tagore

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 93

Sua vida foi marcada pela arte, literatura, espiritualidade e busca por justiça.

Nasceu em 7 de maio de 1861, na cidade de Calcutá, na Índia, sendo o mais novo

dos filhos de Debendranath Tagore e Sarada Devi.

Renascido como Rabindranath Thakura tornou-se Tagore, nome

ocidentalizado que, em sânscrito, significa homem nobre, senhor. Na intimidade,

era carinhosamente chamado de Rabi, O sol. Os indianos chamavam-no de O sol

da Índia. Gandhi chamou-o O grande mestre.

Criança se embevecia com a natureza, suas cores, movimentos e sons, por

isso a escola lhe foi um tormento. Sentia-se tolhido, precisava de espaço para se

expressar, para explorar o mundo, sendo impedido de sonhar por um modelo

educacional castrador.

Depois de cinco anos, seu pai o retirou da escola regular e em casa aprendeu

línguas, música, medicina, astronomia, física e demais matérias.

Aos oito anos, um parente pediu-lhe que escrevesse um poema e ensinou-

lhe a técnica do verso de quatorze sílabas. O suave cantor de Bengala nunca mais

cessou os seus gorjeios.

Com dezesseis anos, publicou sua primeira poesia sob o

pseudônimo Bhanushingho (Sun Lion). Escreveu seus primeiros contos e dramas

em 1877, em bengali, idioma dos bengalis, grupo étnico de Bengala, território

dividido entre a Índia e Bangladesh. Seus romances, histórias, canções, danças

dramáticas e ensaios falavam sobre temas políticos e pessoais.

Não se ligou à nenhuma religião, embora tenha chegado a compor hinos

para a instituição religiosa que seu pai dirigia. Espiritualista, narra um episódio

interessante, ocorrido após a desencarnação de um servidor da família, de nome

Kailash, homem muito brincalhão.

Certa noite, com alguns familiares, utilizando-se da prancheta, obteve a

manifestação do desencarnado. Indagado sobre a vida no além, o servidor deu

provas de sua identidade ao responder jocosamente: De mim é que vocês não

pilharão o menor esclarecimento. É o cúmulo do comodismo, quererem que eu lhes

revele, por tão baixo preço, aquilo que me custou a vida para ficar sabendo.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 94

Aos vinte e três anos, Tagore casou-se com Mrinalini Devi, com quem teve

cinco filhos. Nesse período, começou a trabalhar com o pai na administração da

propriedade rural da família, o que lhe permitiu entrar em contato, pela primeira

vez, com a realidade da vida dos camponeses de Bengala, passando a observar os

rituais das culturas tradicionais, suas alegrias e sofrimentos, vindos principalmente

da rigidez social, além de desenvolver uma profunda devoção à natureza.

Mais do que apenas administrar as terras, uniu-se às comunidades, elaborou

programas de alfabetização, movimentos de cooperação e de autogestão, embora

poucos estivessem interessados em suas mudanças.

Em 1901, fundou a escola de Shantiniketan (Porto de paz), no terreno da

família em Belpur, Bengala, que, vinte anos depois se transformou na Universidade

de Visva-Barathi (A voz universal), aberta a qualquer pessoa. Funcionava ao ar

livre. Tagore afirmava que a verdadeira educação não vem de fontes exteriores,

inculcadas por bomba de pressão, até se empanturrar o educando; ao contrário, ela

ajuda a trazer à superfície a infinita reserva de sabedoria interior.1

Apoiador da Independência da Índia e dos princípios de não violência

conheceu Gandhi em 1914, tornando-se grande amigo e admirador. Chamava-

o Mahatma, que em sânscrito significa Grande alma.

Tagore mobilizou-se contra o preconceito aos dalits, os intocáveis, fazendo

com que fossem heróis em seus contos e poemas, além de conseguir que tivessem

o direito de frequentar o Templo de Guruvayur, na costa sudoeste da Índia.

Rabindranath foi teatrólogo, educador, pintor. Como músico criou um estilo

chamado rabindrasangita. Como escritor produziu e fez sucesso em todos os

gêneros literários: poemas, contos, romances, ensaios de variados tipos, diários de

viagem. Seus livros, traduzidos para vários idiomas, o tornaram conhecido no

Ocidente.

Entre os anos de 1902 e 1907, desencarnaram seu pai, sua esposa e dois

filhos. Ele se recolheu, escrevendo profundos poemas místicos. Em 1913, o

livro Gitânjali, traduzido como A oferenda lírica, recebeu o Prêmio Nobel de

Literatura, sendo o primeiro escritor indiano a receber esse prêmio.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 95

Aos sessenta e três anos, esteve no Peru, ao ensejo da celebração do

centenário da sua Independência. Em seu retorno, atravessou o Brasil, saindo do

país pelo Rio de Janeiro. Foi recebido com entusiasmo pelos intelectuais brasileiros,

em especial por Cecília Meireles.

No dia 7 de agosto de 1941, o pássaro foi chamado a cantar na

Espiritualidade.

Alguns anos depois, em 1947, a Índia alcançou sua independência, embora

tenha permanecido como um domínio da Coroa Britânica até 1950. A canção Jana

Gana Mana, escrita por Tagore em 1911, tornou-se o hino do país.

Liberto, Tagore prossegue cantando e, em uma noite estrelada de 1949,

enviou sua melodia de amor a outro ser iluminado, Divaldo Pereira Franco. Pelas

mãos da psicografia, nos ofertou as obras: Estesia, Filigranas de Luz e Pássaros

Livres, todas editadas pela LEAL.

Federação Espírita do Paraná – Momento Espírita – O Ilustre filho da

Índia

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 96

3.7.5 Poesias Mediúnicas via psicografia de Waldo Vieira

Waldo Vieira, formado em Odontologia e Medicina, com boa formação

cultural, mostrou-se dotado, desde cedo, de excelente mediunidade psicográfica,

tendo trabalhado ao lado de Chico Xavier e adquirido a confiança – do público e

dos estudiosos – que essa posição privilegiada logo lhe conferiu. Hoje praticamente

afastado das lides mediúnicas, possui, entretanto, uma obra psicográfica publicada

que responde pela legitimidade.

Herculano Pires – Castro Alves Fala a Terra – Introdução

Embora tenha sido parceiro de Chico apenas por uma década, o seu

desempenho como medianeiro deve ser considerado de alta qualificação, tanto no

que se refere à fidedignidade às idéias e aos estilos das entidades comunicantes,

como no que tange ao aspecto quantitativo de sua produção mediúnica.

O primeiro livro psicografado em parceria com Francisco Cândido Xavier

foi "Evolução em Dois Mundos"(1959), seguido por "Mecanismos da

Mediunidade" (1960), "Sexo e Destino" (1963) e "Desobsessão" (1964), todos de

autoria de André Luiz.

Recebeu, também em parceria com Chico, numerosas obras de contistas e

poetas. É o caso de "Antologia dos Imortais" (1963) e "Trovadores do Além"

(1965), ambos de autoria de numerosos poetas e trovadores; "Espírito de Cornélio

Pires", do citado autor (1965).

Finalmente, psicografaram algumas estórias destinadas ao público infantil:

"Juca Lambisca" (1961) e "Timbolão" (1962), ambos de autoria de Casimiro

Cunha.

Por outro lado, ele psicografou sozinho as seguintes obras: "Sonetos de Vida

e de Luz", de dezenas de poetas (1966) (ed. IDE).

Waldo Vieira nasceu em Monte Carmelo, no Estado de Minas Gerais em

1933. Radicou-se desde a sua juventude em Uberaba, onde se graduou em Medicina

e em Odontologia e realizou sua especialização em Cirurgia Plástica, no Japão.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 97

Trabalhou na Faculdade em que se formou até 1968, quando transferiu sua

residência para o Rio de Janeiro, onde exerce sua profissão até os dias atuais.

Em Uberaba, atuou intensamente na Comunhão Espírita Cristã, ao lado de

Chico Xavier, desempenhando o papel de parceiro em todas as atividades exercidas

por este último.

Tendo-se retirado do movimento espírita, em 1968, aprofundou-se no

estudo do fenômeno da bilocação (projeção astral) e da exploração do plano

espiritual com o emprego dessa faculdade, criando duas disciplinas paracientíficas:

a Projeciologia e a Conscienciologia, inteiramente alheias aos postulados espíritas,

baseadas em pesquisa bibliográfica e experimental, publicando numerosos livros de

sua autoria.

Y. Shimizu – Mundo Espírita – Literatura Espírita – Waldo Vieira

O pesquisador Hermínio Corrêa de Miranda revela em seus estudos que no

séc. 19 foi o banqueiro Robert Browning, pai do poeta inglês Robert Browning, que

foi o médium Waldo Vieira.

Waldo negava esse fato, porque divulgava que tinha sido o espírito Zéfiro,

amigo espiritual de Kardec, Chico Xavier confirmou a amigos de Uberaba que

Waldo Vieira foi Roberto Browning.

Tal correlação reencarnatória poderia explicar a grande autenticidade

com que o Waldo Vieira recebia mensagens, especialmente poesias.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 98

3.7.6 Poesias Mediúnicas via psicografia de Jorge Rizzini

O caso Rizzini é mais recente, recentíssimo, e poderá suscitar discussões.

Jorge Rizzini é paulista e fez a sua carreira em São Paulo como jornalista, escritor,

radialista e homem de televisão. Médium desde criança, só há alguns meses revelou

sua mediunidade psicográfica.

Esta eclodiu num verdadeiro ímpeto, levando-o a receber, num período de

três meses, poemas de dezenove poetas brasileiros e portugueses, os maiores da

língua, que constituem dois volumes em fase de organização para o prelo: Antologia

do Mais Além e Sexo e Verdade. Pertencem a esses volumes os poemas de Castro

Alves selecionados para esta antologia.

Rizzini mesmo passou por uma crise de consciência antes de admitir a

divulgação dos poemas que recebera. Não podia publicá-los como de sua autoria e

temia revelar os autores espirituais, em face da geral incompreensão do problema

mediúnico. Mas prevaleceu a verdade, que se impôs de tal maneira a lhe dar

coragem para enfrentar a situação.

Será fácil para os adversários inescrupulosos do Espiritismo acusá-lo de

pasticho. Mas para os estudiosos honestos, espíritas ou não, os poemas por ele

recebidos valerão por si mesmos os dotes literários e a cultura de um médium não

são barreiras, mas valiosos recursos para a manifestação psicográfica nesse campo.

O valor das peças recebidas deve ser aferido pelo critério de um julgamento

objetivo e não pela falácia das hipóteses agüentadas.

Acompanhamos passo a passo a eclosão da mediunidade psicográfica de

Jorge Rizzini, que ocorreu acompanhada de fenômenos telepáticos e físicos.

Conhecemos o médium há muitos anos e conhecemos também as suas

possibilidades profissionais.

No tocante à poesia, as tentativas pessoais de Rizzini foram sempre

irrelevantes. O que ele nos oferece pela psicografia não tem termo de comparação

com as suas tentativas particulares e revela conteúdos inegavelmente autênticos em

referência aos poetas comunicantes.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 99

No caso de Castro Alves essa autenticidade se impõe através de toda uma

constelação de motivos, como veremos.

Herculano Pires – Castro Alves Fala a Terra – Introdução

Idealista e contundente em sua obstinada defesa da integridade das obras de

Allan Kardec, Rizzini psicografou dez livros ao longo de sua vida e escreveu muitos

outros. Em sua vasta lista de realizações, há também a introdução das músicas

mediúnicas no movimento espírita.

Veridiana Rizzini Mantovani – Escritores e Fantasmas – Apresentação

Ainda aqui no Brasil, nós tivemos um grande médium musical. Trata-se de

Jorge Toledo Rizzini.

Ele recebeu dos Espíritos de compositores famosos inúmeras músicas

inéditas que serviram para a publicação dos Discos: Compositores do Além,

volumes 1, 2 e 3; Marchas Mediúnicas; e Músicas do Além.

Os Espíritos que lhe transmitiram essas músicas foram: Lamartine Babo,

Ataulfo Alves, Ary Barroso, Francisco Alves, Noel Rosa, Verdi, Puccini, Carlos

Gardel, Duke Ellington, John Philip Souza, dentre outros.

Essas músicas, com o estilo próprio de cada compositor, foram gravadas por

cantores famosos da época, que reconheceram e prestaram depoimentos sobre o

estilo de cada compositor.

Além disso, esse médium realizou os famosos Festivais de Música

Mediúnica, que agitaram a sociedade brasileira, inclusive no famoso Teatro

Municipal de São Paulo.

Quando perguntado sobre a sua formação musical, Jorge Rizzini respondia:

“Nunca estudei música. Não toco nenhum instrumento, nem de ouvido. E o

pior: não canto de modo afinado.”

Carlos Pereira – Blog Manancial de Luz – A Mediunidade Musical de

Jorge Rizzini – 2013 – Setembro

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 100

Jorge Rizzini (São Paulo, São Paulo, 25 de setembro de 1924 — 17 de

outubro de 2008) foi um escritor, jornalista, radialista, publicitário

e médium psicógrafo brasileiro. Destacou-se na recepção de música mediúnica.

Nasceu no seio de uma família espírita.

A partir de 1950 passou a participar ativamente no movimento espírita

brasileiro, empregando os seus conhecimentos na divulgação da doutrina espírita.

Lançou o primeiro programa de televisão espírita – 'Em Busca da Verdade –

, na TV Cultura de São Paulo. Produziu diversos documentários cinematográficos

sobre fatos e personalidades espíritas.

Como pesquisador, escreveu obras sobre personalidades espiritualistas

como Eurípedes Barsanulfo, Allan Kardec, as Irmãs Fox e outros. Publicou a

revista Kardequinho, voltada ao público infantojuvenil.

Foi um divulgador de músicas compostas por compositores famosos já

falecidos através de diversos suportes (discos, fitas-cassete, CDs) e festivais de

música mediúnica.

Obra:

Antologia do Mais Além

Kardec, Irmãs Fox e outros (1994)

Materializações de Uberaba

Guerra Junqueiro, no Aquém e no Além

Escritores e Fantasmas (1982)

Eurípides Barsanulfo, o Apóstolo da Caridade

Castro Alves fala à Terra

A vida de Monteiro Lobato

O Regresso de Glória

J. Herculano Pires, O Apóstolo de Kardec (2000)

Wikipédia – Jorge Rizzini

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 101

3.7.7 Produção literária de Humberto de Campos x Irmão X

O mesmo pesquisador [ROCHA, Alexandre Caroli], dando continuidade a

essa linha de estudos, desenvolveu sua tese de doutorado pela Universidade

Estadual de Campinas (SP), [4] tratando sobre o “caso Humberto de Campos”,

bastante conhecido no meio espírita.

Nessa pesquisa, o autor identifica a “intertextualidade” (diálogo entre

textos) existente entre as obras de Humberto de Campos, quando encarnado, com

os textos supostamente escritos por ele após a sua desencarnação, e os do Irmão X

(pseudônimo adotado por Humberto de Campos depois do processo judicial de

1944, através do qual a família do escritor pleiteou na Justiça os direitos autorais

sobre as obras editadas pela Federação Espírita Brasileira). [4] ROCHA, Alexandre Caroli O caso Humberto de Campos: autoria literária e

mediunidade. Tese (Doutorado em Teoria e História Literária) Campinas, SP: Instituto de

Estudos da Linguagem, 2008. p. 274.

Heberth Paulo de Souza – Revista Reformador – 2016 – Outubro – A Literatura

e a psicografia a serviço do Espiritismo

Entre 1937 e 1969, publicaram-se 12 livros que o médium Francisco

Cândido Xavier atribuiu ao escritor Humberto de Campos e a Irmão X.

O objetivo desta tese é estudar o funcionamento autoral desses textos.

Ela foi dividida em cinco capítulos: uma apresentação de Humberto de

Campos; um breve histórico da mencionada atribuição de autoria; uma análise da

construção de um autor espiritual; uma leitura de cinco textos do conjunto

mediúnico; e uma interpretação das noções autorais despertadas por tais livros

Alexandre Caroli Rocha – O caso Humberto de Campos – autoria literária e

mediunidade – Resumo

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 102

A produção mediúnica de Chico Xavier, conhecido nacionalmente por sua

atuação como líder espiritual, causou alarde no meio literário brasileiro nos anos 30

e 40. O principal acontecimento que gerou discussão acerca de seus textos

psicografados, além do lançamento de Parnaso de além-túmulo, foi o caso

Humberto de Campos.

Entre os anos de 1937 e 1943, a Federação Espírita Brasileira (FEB)

publicou cinco livros psicografados por Chico Xavier e atribuídos ao espírito

Humberto de Campos.

Essas obras obtiveram grande sucesso de público, superando as vendas dos

livros do próprio autor publicados pela W. M. Jackson.

Em 1944, a viúva do escritor maranhense, Catarina Vergolino de Campos,

entrou com uma ação judicial contra o médium e a FEB. Ela pedia que o Ministério

Público julgasse se os livros psicografados eram de fato de autoria de seu falecido

marido e, caso confirmada esta hipótese, se os herdeiros teriam ou não direitos

autorais sobre tais obras.

A peculiaridade da ação, provavelmente a única do gênero no mundo,

colocou à tona o assunto e provocou uma acirrada discussão no meio intelectual a

respeito da psicografia de Chico Xavier.

Embora a contragosto, a Academia Brasileira de Letras, à qual pertencia

Humberto de Campos, transformou-se num dos palcos do debate.

Terminado o processo, cujo veredicto indeferiu o pedido da viúva (os

direitos de uma pessoa findam com sua morte), o tema quase deixou de ser

discutido, provavelmente por causa do incômodo suscitado pela literatura

mediúnica, que carrega consigo um forte estigma religioso, apesar de suas

pretensões estéticas, em alguns casos.

Foi o componente literário, por exemplo, que possibilitou o referido caso

jurídico. Contudo, percebe-se que essa intersecção entre religião e literatura gera,

de antemão, receios e dificuldades quanto aos limites entre os dois domínios.

Alexandre Caroli Rocha – A Poesia transcendente de Parnaso de Além-Túmulo

– Introdução

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 103

3.7.8 Produção literária de Honoré de Balzac – Cristo espera por Ti

Outra análise de texto literário obtido por psicografia, por sinal bastante

minuciosa, foi realizada por Osmar Ramos Filho em sua obra O Avesso de um

Balzac Contemporâneo: Arqueologia de um Pasticho. [1]

Nela, o autor realiza exaustivo levantamento de aspectos nos campos da

História, Geografia, Música, Artes Plásticas, Medicina, Viticultura e muitos outros,

que são utilizados no romance Cristo Espera por Ti, supostamente ditado pelo

Espírito do escritor francês Honoré de Balzac (1799–1850) ao médium Waldo

Vieira. [2]

Na análise crítica da obra, Osmar Ramos Filho identificou uma quantidade

extremamente significativa de características presentes no livro balzaquiano,

produzido post mortem, em comparação com os textos de A Comédia Humana,

principal produção literária de Balzac quando encarnado.

[1] RAMOS FILHO, Osmar. O avesso de um Balzac contemporâneo:

arqueologia de um pasticho. Niterói, RJ: Lachâtre, 1995.

[2] VIEIRA, Waldo. Cristo espera por ti. Pelo Espírito Honoré de Balzac.

10. ed. Araras, SP: IDE, 2014

Heberth Paulo de Souza – Revista Reformador – 2016 – Outubro – A Literatura

e a psicografia a serviço do Espiritismo

Embora de família espírita, e sem rejeitar sumariamente os postulados

doutrinários, Osmar Ramos Filho não foi espírita militante. Deixou, contudo, uma

obra única no gênero, no conteúdo, na qualidade e no arrojo, criada em torno de

uma temática mediúnica. Seu estudo deverá levar algum tempo para ser apreciado

em suas verdadeiras dimensões e alcance.

Seu trabalho é de espantosa erudição, escrito numa linguagem elegante,

criativa e correta. Merece amplamente, a meu ver, um doutorado póstumo. Que, se

não existe, deveria ser criado.

Para nós situarmos no tempo e na temática, levantei alguns dados que nos

permitam um mínimo de visão na contemplação do vasto espaço por ele ocupado

no contexto da cultura internacional.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 104

Tudo começou quando ele recebeu, numa visita a um centro espírita, um

livro de autoria de Honoré de Balzac, o genial criador francês de A comédia

humana.

O livro chamava-se Cristo espera por ti, fora escrito por Balzac, ‘morto’,

pelas mãos do doutor Waldo Vieira, médium espírita, destacado componente da

comunidade que girava em torno de Chico Xavier, em Uberaba, MG.

Osmar achou o título meio piegas. Além disso, era um livro mediúnico!

A curiosidade, contudo, venceu a rejeição inicial. E, ainda com algumas

reservas, começou a folhear a obra. Mal sabia ele que ali estava à sua espera o

trabalho de uma vida inteira.

Para situar os eventos no tempo, elaborei a seguinte tabela cronológica:

1964 – Waldo psicografa o livro, no período inverno e primavera.

1965 – O livro é publicado pela IDE, editora de Araras.

1969 – Osmar, já graduado em psicologia, ganha bolsa de estudos e parte

para Louvain, Bélgica, em busca do mestrado, com o qual foi agraciado no tempo

devido.

Foi lá que, ocasionalmente, se interessou pela temática do pasticho – texto

com o qual um escritor procura imitar o estilo de outro – que usaria mais tarde no

tratamento de sua pesquisa, a fim de não trazer para o bojo de seu estudo a

conotação mediúnica, sempre rejeitada aprioristicamente.

1983 – Já de volta ao Brasil, Osmar descobre o livro de Balzac ‘morto’, ou

melhor, o livro descobre Osmar e Osmar começa a pesquisa.

1994 – Osmar publica o resultado de sua pesquisa sob o título O avesso de

um Balzac contemporâneo, pela Editora Lachâtre.

2007 – O livro intitulado Cristo espera por ti é relançado – já com notas e

comentários de Osmar – pela Editares, do Grupo liderado por Waldo Vieira, em

Foz do Iguaçu, PR.

2011 – (Outubro) – Antes de viajar para Caxambu, MG, onde costumamos

passar o verão, ligo para Osmar, em Valença, RJ, para um dos nossos longos e

costumeiros bate-papos. Entre outras coisas, pergunto-lhe como vai a pesquisa que

ele e Virginia, sua dedicada esposa e competente companheira de trabalho, deram

o título provisório de Dicionário.

Resposta: a obra está praticamente concluída, aí pela página número 1330!

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 105

Isto precisa de uma explicação adicional. Ele descobrira, na França, um site

antológico que oferece à consulta de estudiosos pelo mundo afora toda a obra de

Balzac digitalizada. Era ali que ele punha em confronto o texto em português do

Cristo espera por ti com a vastíssima obra original do genial autor.

Além disso, em mais um de seus achados, havia adquirido mais uma edição

completa dos livros de Balzac no original francês. Essa preciosa raridade

bibliográfica era ilustrada e Osmar resolveu consultar o site francês sobre as

gravuras e lá encontrou novos dados comprobatórios ao seu estudo.

Esta é a história muito abreviada de um trabalho intelectual sobre o qual o

Cristo ficará também à espera de que as mentes daqueles que o lerem se abram e se

convençam de que os chamados ‘mortos’ também escrevem para os ‘vivos’.

Afinal de contas, vivos estamos todos nós, tanto deste lado da vida como do

outro.

Hermínio de Miranda – Correio Fraterno – Edição 444 – 2012 – Março/Abril –

O pesquisador que identificou a presença de Balzac

Muitos de nós, eu inclusive, lemos “Cristo espera por Ti”, simplesmente

como uma estória escrita por Balzac-espírito através do médium Waldo Vieira.

O livro teve apenas duas edições e passou algo despercebido. Tem sido,

aparentemente, mais um romance mediúnico, no qual o leitor acompanha o enredo

sem maiores aprofundamentos e registra um ou outro pensamento doutrinário.

Um dia, porém, o livro foi parar nas mãos do Prof. Osmar Ramos Filho,

graduado em psicologia e com mestrado feito em Louvain, Bélgica. Embora

familiarizado com os postulados fundamentais do Espiritismo, Osmar não é o que

se poderia considerar um estudioso da doutrina e, menos ainda, um militante.

O interesse pela obra atribuída a Balzac não fazia parte, portanto, de uma

programação sistemática de leitura, tratava-se mais de um impulso de curiosidade.

Vira, em Louvain, estudo sobre um pasticho do Balzac; e uma avaliação

preliminar de Osmar foi a de que “Cristo espera por Ti” seria, também, um pasticho.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 106

Como sabe o leitor, o pasticho é um texto com o qual um escritor procura

imitar o estilo de outro, não como o plagiador comum que apenas cópia ou adapta

o escrito alheio e o apresenta como seu.

O pastichador procurar imitar deliberadamente, escrevendo, como se diz em

francês, “à la manière de”, ou seja, à maneira de alguém, usualmente um autor

conhecido e admirado.

Tem havido pastichadores quase tão famosos como seus modelos: como

Marcel Proust, que resolveu escrever uma histona “à la manière de” de Balzac.

O resultado foi apenas medíocre, a despeito do elevado nível intelectual e

cultural do pastichador. Além disso, por mais bem feito que fosse, tratava-se de

uma história curta, de poucas páginas e não de uma narrativa de mais de trezentas

como “Cristo espera por Ti”.

Aos poucos, Osmar foi sendo cativado pela leitura da obra mediúnica,

identificando, aqui e ali, certos modismos do genial criador da Comédia Humana.

Não eram suficientes, contudo, essas impressões preliminares. Muito mais

do que isso se fazia necessário para concluir de maneira satisfatória se a autoria do

livro poderia ou não ser atribuída a Balzac.

Para encurtar a história, Osmar passaria os próximos sete anos a confrontar

o texto psicografado com a vastíssima obra produzida por Balzac em vida, nada

menos de onze mil páginas, nas quais se agitam milhares de personagens, movidas

por surpreendente gama de paixões humanas, num cenário social, econômico e

histórico de vastas amplitudes e de meticulosa reconstrução técnica.

Balzac fez um retrato de corpo inteiro da sociedade de seu tempo e ainda

lhe sobrou talento e imaginação para iluminar épocas passadas.

Ao contrário do pasticho habitual que daria preferência à trivialidade do

óbvio, a fim de caracterizar o autor que está procurando imitar, o texto psicografado

é sutil, cifrado, uma espécie de quebra-cabeça inteligente, construído em cima de

um projeto claramente concebido para mostrar, ao mesmo tempo, um Balzac

modificado pela nova realidade em que passara a viver após a morte e o Balzac que

escrevera no século dezenove, enquanto “vivo”.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 107

O eminente prof. Paulo Rónai, intelectual de conceito internacional,

certamente uma das maiores autoridades contemporâneas em Balzac, ao tomar

conhecimento do estranho livro – por insistência de Osmar – preferiu não entrar no

mérito da questão suscitada pela autoria e a gênese da obra, ou seja, se era ou não

psicografada e por quem. Para ele, não obstante, a "pessoa" que escrevera Cristo

espera por Ti – fosse lá quem fosse – não apenas se revelava familiarizada com a

língua francesa, como demonstrava profundo conhecimento da vasta obra de

Balzac.

Essa respeitável opinião era mais do que suficiente para consolidar, em

Osmar, a convicção de que a pesquisa que lhe consumira tantos anos de estudo,

sobressaltos, descobertas, alegrias e surpresas não fora em vão.

Em suma e para reiterar: fosse qual fosse sua origem, Cristo espera por Ti

constituía um mostruário confiável das características pessoais e da insuperável

técnica fabulística de Honoré de Balzac.

Do ponto de vista meramente literário, no entanto, o livro mediúnico tinha

de ser classificado como um pasticho, mesmo porque Balzac morreu há mais de um

século – em 1850 – e, positivamente, não o escreveu quando vivo, ou, em

terminologia espírita, enquanto encarnado.

Apesar de revelar-se tão bom que somente Balzac poderia tê-lo escrito,

Osmar preferiu deixar o leitor e a leitora à vontade para decidirem por conta própria

o problema da autoria, ante as evidencias por ele oferecidas nas quase seiscentas

páginas de sua primorosa dissertação intitulada “O avesso de um Balzac

contemporâneo – arqueologia de um pasticho”.

Hermínio de Miranda – As Duas Faces da Vida – Pag. 61 – Balzac Morto

escreve para os Vivos

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 108

Em 1965, Waldo Vieira publica um romance que atribui ao espírito de

Honoré de Balzac, tomado de uma história que se passa no início do século XIX,

em Carcassonne, antigo Languedoc.

O ano de tal produção, independentemente de qualquer outro argumento,

escancara, pois, sua condição de pasticho e nos permite também servir-nos do

princípio de Lejeune: um texto só pode funcionar como um pasticho quando for

concluído a seu propósito entre o autor e seu público um contrato de pasticho; aqui,

X imita Y, ou seja, Waldo Vieira psicografa Balzac. É, efetivamente o caso mais

canônico e mais frequente que ilustram, por exemplo, as imitações de Proust, de

Reboux e de Mtiller.

Portanto, se o caráter mediúnico do texto foi alvo de nossa preocupação, só

o foi de maneira indireta, quando, em estudo complementar, “O Avesso de um

Balzac contemporâneo”, procuramos averiguar se seu autor possuía a sensibilidade

e a fineza de análise dos melhores no gênero.

(...)

Estranhamos, sobremaneira, a ausência, na bibliografia espírita, – no espaço

de tempo tão grande dessa doutrina no Brasil, – de um trabalho do gênero daquele

a que nos propúnhamos; e não conseguimos, não obstante o caráter de

excepcionalidade de nosso engajamento, explicar esse fato, quer pela raridade de

pesquisadores, quer pela produção inflacionária de obras medianímicas medíocres.

O certo é que o romance em questão passa despercebido, em seus, à época,

já quase vinte anos de publicação.

A razão seria, estamos certos, objeto de interessantíssimo estudo, que,

entretanto, não só não caberia nas dimensões dessa introdução, como fugiria aos

nossos propósitos, entre os quais o de incluir nesse mesmo espaço algumas

digressões sobre o histórico de nosso encontro com o romance, as resistências que

se lhe opuseram, e enfim, sobre as circunstâncias em que foi se consolidando nosso

engajamento à excentricidade desse projeto.

Foi uma aventura intelectual com início em 1969, quando, usufruindo de

uma bolsa de estudos em Louvain, na Bélgica, travamos conhecimento com uma

lisboeta, que, visando uma tese de doutorado, esmerava-se em estudar O Deputado

de Arcis, obra deixada inacabada por Balzac e completada por um pasticho de

autoria de Charles Rabou.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 109

Despertava dessa convivência nosso gosto pela obra balzaquiana.

Em 1983, inesperada coincidência colocava em nossas mãos uma outra

contrafação do genial romancista, agora sob o invólucro de uma "psicografia";

conduzíamos uma amiga a um centro espírita, quando fomos agraciados com o

volume de um romance trazendo o título que nos pareceu bastante piegas, de “Cristo

espera por ti”, "recebido" pelo médium já citado, e que de imediato fez-nos evocar

outro Rabou, a serviço de suas próprias convicções.

Vencidas as resistências, liberamos o gesto aparentemente simples de abrir

o volume para começar a examinar seu conteúdo.

Osmar Ramos Filho – O Cristo Espera por Tí – Introdução

E o leitor dirá: "será mesmo?"

Decerto, quem nos conhece não espera encontrar Balzac, em tudo

semelhante àquele de mais de século atrás. Imensas transformações se operaram

dentro e fora de nós, tivemos outras experiências, passamos enormes temporadas

sem vestir o burel, sem empunhar a pena, sem ingerir café...

Mas isso não quer dizer que deixamos de ser nós próprio. Quem quiser

averiguá-lo analise com imparcialidade os múltiplos ângulos deste volume e nos

encontrará, intrinsecamente qual éramos, apresentando, não qualquer reedição do

que já escrevemos, mas uma história original.

Hoje, ainda mais profundamente vinculado à verdade, já não jogamos com

as palavras apenas para satisfazer o próprio eu. Exercitamos, por algum tempo, a

maleabilidade da formosa língua, até há pouco estranha aos nossos hábitos, e

imprimimos certa funcionalidade à mensagem que nos propusemos dirigir aos

homens, segundo o caminhar das idéias e a mudança de roteiro que escolhemos,

mais sem qualquer conceito de religião cor-de-rosa. Agora não experimentamos

desejo de nobreza e fortuna; as dívidas já não são as da casa editora, da fundição ou

da tipografia, são outras, de ordem moral.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 110

(...)

Esta não é uma história ad usum delhini [1]. Baseado em fatos,

apresentamos, dentre várias figuras reais, uma personalidade feminina que, a nosso

ver não se inclui na galeria de tipos também nem sempre imaginários da Comédia

Humana, obra à qual faltou a chave da reencarnação. As vidas sucessivas ampliam

ao infinito as perspectivas da existência física.

Na Comédia, se os comparsas voltam de obra em obra, acabam sempre pela

morte; aqui, as personagens regressam, em outros corpos, de existência a existência,

aperfeiçoando caracteres e ideais.

Honore de Balzac – O Cristo Espera por Ti – Introdução

[1] Palavras latinas que significam “para uso do Delfim", menção constante

das edições dos autores latinos, empreendidas por ordem de Luiz XIV para uso do

delfim, seu filho. Eram edições, em que as passagens mais cruas achavam-se

censuradas.

Em linguagem familiar; designa-se por essas três palavras todo livro

depurado, toda frase ou discurso censurado para se acomodar ao interesse de causa

determinada.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 111

3.7.9 Produção literária de Charles Dickens – Mistério de Edwin Drood

Outra obra literária que apresenta particularidades bastante intrigantes é o

romance de um dos mais populares escritores da literatura inglesa, Charles Dickens

(1812–1870), o mesmo autor de David Copperfield e Oliver Twist, entre centenas

de outras obras.

Ainda em vida, Dickens deu início ao romance policial O Mistério de Edwin

Drood [1], que ficou inacabado até o dia da sua morte.

No entanto, o romancista supostamente dá continuidade a essa obra,

completando-a, dois anos depois da sua desencarnação, através da psicografia do

médium norte-americano Thomas P. James.

Apesar do natural controvérsia existente em meio à crítica literária,

recomenda-se [2] a leitura integral da obra que, segundo Hermínio Corrêa de

Miranda, responsável pela tradução do livro em português, apresenta a parte

supostamente ditada por Dickens morto, tão sequenciada com a parte escrita em

vida, “a ponto de não saber o leitor desavisado onde fica a cicatriz porventura

deixada pela clivagem nos textos, simplesmente porque não há censura à vista”.

[1] DICKENS, Charles. O mistério de Edwin Drood. Trad. Hermínio

Corrêa de Miranda. 3. ed. Bragança Paulista, SP: Lachâtre, 2012.

[2] RAMOS FILHO, Osmar. O avesso de um Balzac contemporâneo:

arqueologia de um pasticho. Niterói, RJ: Lachâtre, 1995. Prefácio, p. 11.

Heberth Paulo de Souza – Revista Reformador – 2016 – Outubro – A Literatura

e a psicografia a serviço do Espiritismo

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 112

A inesperada morte do autor em 1870 impediu (temporariamente) que ele

concluísse a narrativa [O mistério de Edwin Drood], sua primeira experiência com

o que seria pouco depois o fecundo ramo da literatura policial.

Aí pelo meado de 1872, presumivelmente já aclimatado às suas novas

condições de vida na dimensão póstuma, Dickens-espírito localizou, nos Estados

Unidos, um jovem mecânico de escassa instrução formal e passou a escrever com

as mãos emprestadas do médium o restante da história.

O livro ficou pronto em julho de 1873, desvendando, afinal, o tenebroso

enigma do desaparecimento do jovem Drood.

O médium publicou o romance por sua própria conta, ali mesmo na obscura

cidadezinha de Brattleboro, estado de Vermont.

Não se sabe qual foi a tiragem. Imagina-se que seja algo entre 100 e 300

exemplares, se tanto.

As sofisticadas rodas literárias pelo mundo afora não tomaram

conhecimento da obra, a não ser esparsamente – o suficiente para rejeitá-la sem a

menor cerimônia e com a arrogância de sempre, sob o argumento tido por

irrespondível, de que gente ‘morta’ não pode escrever porque a vida acaba em nada.

Mas como os mortos não se preocupam com a opinião dos ‘vivos’,

continuam teimosamente a se manifestar e a escrever cartas, mensagens, poemas,

testemunhos e até livros.

O texto foi examinado por diversos críticos literários que o consideram

autêntico em razão de sua semelhança com o estilo de Dickens.

Neste caso, aconteceu um fato digno de nota: um estudioso da obra de

Dickens descobriu, entre as cartas do romancista, um capítulo inteiro destinado a

ser incluído no romance mediúnico ao qual a narrativa de James não fazia a menor

referência.

Achou-se, então, estranho que o autor espiritual houvesse se esquecido deste

capitulo, ao escrever a sua novela.

José Carlos Leal – Correio Fraterno – 2014 – Outubro – Literatura Mediúnica e

Literatura Espírita

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 113

Um dos casos que espantaram o mundo literário foi o do romance que o

grande escritor Charles Dickens deixara inacabado [O mistério de Edwin Drood],

pois falecera antes de terminar o seu trabalho. Calcule-se a admiração dos literatos

quando um mecânico, sem nenhuma cultura, se apresentou, declarando que tinha

recebido do Espírito de Dickens a parte final da obra.

A respeito, escreve Aksakof, em “Animismo e Espiritismo”:

“Quero falar do romance de Dickens, Edwin Drood, deixado incompleto por

seu ilustre autor e completado pelo médium James, um jovem sem instrução.

Diversas testemunhas presenciaram o modo de produção da obra, e juízes

competentes apreciaram o seu valor literário.”

Daremos ligeiro resumo do que escreve Aksakof sobre o fenômeno.

Vários jornais e revistas científicas enviaram seus colaboradores para

investigar o caso. Soube-se que o médium nascera em Boston, fora colocado como

aprendiz em casa de um mecânico, ofício que exercia ao tempo do recebimento do

romance.

Não era analfabeto, mas não manifestava nenhum gosto ou atração pela

literatura. E ainda mais: sempre zombara dos milagres espíritas, considerando-os

pura fraude.

Indo, com essas idéias, a uma sessão, caiu em transe. Iniciaram-se, assim,

os seus trabalhos mediúnicos.

O “Springfield Daily Union” declara “que a narração do romance é

recomeçada no ponto preciso em que a morte do autor a tinha deixado, e isso com

uma concordância tão perfeita que o mais consumado crítico, que não tivesse

conhecimento do lugar da interrupção, não podia dizer em que momento Dickens

deixou de escrever a sua obra.

“As personagens do livro continuam tão vivas, tão típicas, tão bem

caracterizadas na segunda parte como na primeira. Não é tudo. Apresentam-se

novas personagens, conforme o hábito do escritor. Não são bonecos, porém

caracteres tomados ao vivo, verdadeiras criações. Criadas por quem?”

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 114

O correspondente prossegue, notando as semelhanças entre os trabalhos do

escritor vivo e os do escritor morto, com as suas peculiaridades ortográficas, o seu

modo de dizer inconfundível, o conhecimento topográfico de Londres, que estava

fora do alcance do aprendiz de mecânica da América do Norte.

Há ainda as particularidades gramaticais usadas por Dickens, como a

mudança súbita do tempo dos verbos, e outras.

O articulista declara que estava certo, a princípio, de que a tal obra póstuma

não passaria de uma bolha de sabão, e terminou nesta alternativa: “ou um homem

de gênio se utilizou do médium para apresentar uma obra extraordinária, de maneira

extraordinária, ou o livro foi mesmo escrito pelo defunto Dickens”.

O autor afirma, porém, sob sua palavra de honra, que não viu o menor sinal

de embuste.

O Sr. Harrison, no “Spiritualist” do ano 1873, declara, entre outras

considerações:

“É difícil admitir que o gênio e o senso artístico com que esse escrito está

marcado, e que tem tanta semelhança com o gênio e o senso artístico de Dickens,

tenham induzido o seu autor, qualquer que seja, a apresentar-se ao mundo como um

hábil falsificador.” — (A. Aksakof — Animismus und Spiritismus. Na tradução,

conforme os direitos concedidos à FEB, 1903, página 347.)

Em outro período, acrescenta Aksakof:

“No § 4º do cap. III, citei um caso dessa natureza — a conclusão do romance

de Charles Dickens, deixado por acabar, e concluído depois de sua morte pela mão

de um jovem médium iletrado.

O romance completo está impresso, e quem quiser pode julgar se a segunda

parte não é digna da primeira. Não só todo o enredo do romance é seguido, como a

ação é levada ao êxito com mão de mestre, por forma que a crítica mais severa não

pode dizer onde termina o manuscrito original e onde começa a parte mediúnica.

Além disso, particularidades de estilo e de ortografia dão testemunho da identidade

do autor.” — (Ob. cit., pág. 593.)

Miguel Timponi – A Psicografia Ante os Tribunais – Cap. Literatura de

Além-Túmulo – Item 36

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 115

O mistério de Edwin Drood – De Charles Dickens, com final psicografado

por Thomas P. James.

Charles Dickens estava trabalhando neste livro quando morreu subitamente,

em 9 de junho de 1870, aos 58 anos de idade. Seu imenso e fiel público leitor ficou

desolado, ainda mais que o Mistério de Edwin Drood era sua primeira incursão pelo

nascente gênero da literatura policial e ele não deixou qualquer roteiro sobre como

pretendia encaminhar e concluir a estória.

Dois anos depois, Dickens retornava, através da mediunidade de Thomas P.

James, jovem e inculto médium americano, para finalizar a obra.

O livro ficou pronto em julho de 1873, desvendando, afinal, o tenebroso

enigma do desaparecimento do jovem Drood.

O médium publicou o romance por sua própria conta, ali mesmo na obscura

cidadezinha de Brattleboro, estado de Vermont.

Os meios literários internacionais simplesmente ignoraram a metade

mediúnica do livro no pressuposto irrecorrível de que, ao escrevê-lo, Dickens estava

morto e gente morta não pode escrever.

Hermínio resgata esta obra, realiza a sua tradução e acrescenta notas e

informações sobre o fato.

Editora Lachatre – O mistério de Edwin Drood – Apresentação

Charles Dickens foi, na opinião da Enciclopédia Britânica, talvez o maior

romancista inglês e, sem dúvida alguma, o mais popular de seu tempo. Os títulos

de seus livros formam uma lista de sucessos: “Pickwick Papers”, “Oliver Twist”,

“A Christmas Carol”, “The Chines”, “David Copperfield”, “A Tale of Two Cities”

e outros.

Um dia, seu amigo Willie Collins pediu-lhe que escrevesse um romance

policial, que era novidade então. Dickens iniciou, pois, em alguns meses, “The

Mystery of Edwin Drood”.

Contratara a publicação da estória em 12 capítulos mensais numa revista e

fizera questão de especificar, no contrato, que, se morresse, os direitos autorais

seriam pagos aos seus herdeiros, exigência essa que nunca apresentara antes.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 116

Terminado o sexto capítulo, morreu o autor sobre a mesa de trabalho, aos

58 anos de idade. Os leitores que vinham acompanhando mais aquela fascinante

novela do mestre ficaram desolados, sem saber de que maneira Dickens desejava

terminá-la, pois não deixou notas.

O problema, porém, não era insolúvel. No ano seguinte à sua morte, isto é,

em 1871, um jovem americano chamado Thomas P. James, tipógrafo de profissão,

errante por temperamento, foi parar num lugarejo por nome Bratteboro, no Estado

de Vermont. Lá, hospedou-se na casa de uma senhora idosa que alugava quartos.

Thomas tinha um fraco por moças bonitas e justamente ali em frente morava

uma que o interessava no momento. A velha dona da casa praticava o Espiritismo

e o tipógrafo, vez por outra, assistia às sessões. A 3 de outubro de 1872, Thomas

informou à sua hospedeira que iria terminar o livro inacabado de Charles Dickens.

A partir de então, recolhia-se com freqüência ao seu quarto e, ao cabo de

algum tempo de meditação, como se estivesse em transe, escrevia febrilmente

páginas e mais páginas, durante horas.

A despeito da discrição daqueles que sabiam do fato, a coisa acabou por

transpirar e a casa da senhora foi invadida por curiosos e repórteres que desejavam

testemunhar o fenômeno. Thomas P. James tivera pouca oportunidade de freqüentar

a escola. Terminara seus estudos aos treze anos de idade, sem completar nem

mesmo o curso primário. Era de temperamento folgazão e pouco dado à literatura.

Ele próprio dizia, ao escrever os capítulos faltantes de “O Mistério de Edwin

Drood”, que nada daquilo era seu, nada criava; apenas escrevia o que Dickens lhe

ditava.

Por mais que se farejasse fraude, não foi possível admiti-la – a coisa era

limpa e clara; o jovem tipógrafo estava escrevendo tal como Dickens, sabia de cada

personagem, usava a linguagem inconfundível do grande romancista.

O livro está aí para quem quiser ler, até hoje. A não ser que se conheça a sua

gênese, não se pode dizer onde parou o Dickens “vivo” e onde retomou o Dickens

“morto”, através da mediunidade de Thomas.

Sir Arthur Conan Doyle, o imortal criador de Sherlock Holmes, espírita

convicto e esclarecido, mas pesquisador frio, promoveu uma investigação

cuidadosa do assunto. Suas conclusões foram publicadas na “Fortnightly Review”,

em dezembro de 1927.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 117

Thomas P. James nunca revelou talento literário, antes de “Edwin Drood”,

e jamais voltou a escrever qualquer coisa parecida.

No entanto, lá estavam o estilo de Dickens, seu vocabulário, sua técnica

novelística, a psicologia das suas personagens. O veredicto de Sir Arthur é este: “Se

é que isto é uma paródia, tem o raro mérito entre as paródias de nunca destacar ou

exagerar as peculiaridades do original”.

Por ocasião do lançamento do livro, um jornal de Springfield, Mas.,

qualificou Thomas P. James de “digno sucessor de Dickens”. Outro órgão da

imprensa, em Boston, foi mais claro e chegou mais perto da verdade: “James não

poderia ter escrito este livro sem a ajuda de Dickens – seja ela espiritual ou de outra

maneira que desconhecemos”.

Opinião sensata, leitor. Sobrevivente, Charles Dickens quis apenas

demonstrar ao mundo uma verdade elementar que tanto custamos a admitir: a de

que todos nós sobrevivemos à morte física, levamos para o plano espiritual a nossa

bagagem psíquica, cultural e moral e que, finalmente, podemos entender-nos

perfeitamente, Espíritos e homens.

Hermínio de Miranda – Crônicas de Um de Outro – Cap. 4 – O Mistério de

Edwin Drood

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 118

3.7.10 Produção literária de John Wilmot Rochester

Para finalizar nossa sucinta apresentação de pesquisas sobre as obras

literárias que recebemos, ao que tudo indica, do Plano Espiritual, temos o trabalho

de mestrado de Thaís Montenegro Chinellatto, desenvolvido na Universidade de

São Paulo, publicado posteriormente em forma de livro. [1]

Nessa obra, a autora analisa a prosa de John Wilmot Rochester, escritor

inglês do século XVII (1647–1680), a qual chegou até nós pela médium russa Wera

Krijanowsky no final do século XIX.

Ao concluir o trabalho, a pesquisadora mostra-se convicta de que essa

produção literária de Wilmot revolve a questão da sobrevivência do Espírito,

demonstrando que o que o autor pensava no século XVII por intuição é apresentado

nessa obra psicográfica por convicção.

[1] CHINELLATTO, Thaís Montenegro. O espírito da paraliteratura: um

estudo da obra psicográfica de John Wilmot Rochester. São Paulo: Radhu, 1992.

Heberth Paulo de Souza – Revista Reformador – 2016 – Outubro – A Literatura

e a psicografia a serviço do Espiritismo

John Wilmot Rochester, poeta satírico inglês do século XVII (1647 – 1680),

assinou romances psicografados pela médium russa Wera Krijanowsky, no final do

século XIX.

Sua obra totaliza 51 romances e seis contos, abordando temas que percorrem

o Egito Antigo, a antigüidade greco-romana, a Idade Média e o século XIX.

Treze de seus títulos estão traduzidos em português. O gênero de Rochester

expande-se entre o terror gótico, as sagas de família e o fantástico.

A reconstituição histórica é uma de suas marcas discursivas, buscando as

origens míticas, os fatos inaugurais e o que ficou elidido na História.

Sua narrativa alterna o caráter documental realista com a atração romântica

pelo longínquo. A aguda observação da realidade combina em Rochester a epopéia

e a tragédia, produzindo uma escritura em que ganham efeito estético tanto o

grotesco quanto o prosaico, sob as rutilâncias de sua imaginação.

Como psicografia, sua obra revolve a sobrevivência do espírito: o que ele

pensou no século XVII por intuição, admitiu-o no século XIX por convicção.

Editora Espírita Radhu – O Espirito da Paraliteratura – Apresentação

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 119

Com relação à médium Wera Krijanowskala ou Kiijanowski, como ficou

conhecida em francês, sabe-se segundo informações do tradutor de "A Vingança do

Judeu" para o português (no prefácio da obra), que ela foi escolhida e preparada

desde a infância pelo espírito de Rochester, Ambos estiveram juntos em várias

encarnações: como Asnath e José, em O Chanceler de Ferro; Smaragda e

Mernephtah, em O Faraó Mernerphtah; Lélia e Astartos, em Episódio da Vida de

Tibério; Rosalinda e Lotário de Rabenau, em A Abadia dos Beneditinos,

Wera recebeu uma sólida instrução no instituto imperial de São Petersburgo,

mas não se aprofundou em nenhum ramo do conhecimento. Segundo revistas

européias, sua mediunidade "consistia, principalmente, da escrita mecânica, cujo

automatismo lhe era tão peculiar que sua mão traçava as palavras com uma rapidez

vertiginosa e uma inconsciência completa das idéias, narrando acontecimentos

históricos desde épocas bastante remotas, com rara minúcia, beleza e

autenticidade".

Thais Montenegro Chinellatto – O Espirito da Paraliteratura – Introdução

Nos cânones do romance histórico ou do folhetinesco, a literalidade de

Rochester atualiza ou reinterpreta questões universais, como os conflitos de poder

e as veleidades humanas, promovendo a fusão entre o real e o fantástico, numa

atmosfera trágica.

Rochester prodigaliza os fundamentos das leis naturais, relacionando-os a

certos fenômenos da fisiologia humana. Suas ilações emergem do misticismo que

empolgou o primitivo, remetendo o leitor a ciências privilegiadas em suas origens

arcaicas, como a astrologia,

Por essas combinações, Rochester é visto como místico e espiritualista;

esses elementos permitem a ele transitar além da literatura de temática espírita,

numa sobreposição de textos que lhe dá um estatuto documental, ficcional e

fantástico.

Na plasticidade de sua imaginação estão as matrizes de seu projeto estético.

Seu projeto ideológico está na verossimilhança e pluralidade de fatos revisitados: a

História eclode da urdidura romanesca, instaurando os conteúdos de realidades

distanciadas no tempo.

Thais Montenegro Chinellatto – O Espirito da Paraliteratura – Cap. 1.1 – Os

Conteúdos de Rochester

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 120

E assim tivemos a história de John Wilmot, segundo Conde de Rochester,

um Espírito que acabou por se encontrar a si mesmo, a despeito do alarido de suas

paixões desencadeadas. Não apenas isso.

De regresso ao mundo espiritual, depois de pelo menos mais uma vida na

carne, resolveu escrever, através de sua amiga Wera Krijanowski, a mais bela

mensagem do mundo: a de que o Espírito sobrevive e se reencarna tantas vezes

quantas necessárias ao seu reajuste perante as leis de Deus, insistentemente

desobedecidas ao longo do tempo imemorial.

Nada se esquece, nada se perde, tudo serve para a reconstrução do nosso

mundo íntimo, até mesmo as nossas loucuras, porque também com elas aprendemos

a dura lição da vida, que não precisava ser dura se o quiséssemos.

São muito populares no Brasil as obras mediúnicas ditadas por Rochester,

mas uma parte considerável da sua produção histórico-literária ainda é

desconhecida, segundo referências que colhemos no prefácio de "A Vingança do

Judeu", edição da FEB, 1966.

Das obras já traduzidas, além da retrocitada, são mencionadas as seguintes,

cujos títulos darei em português:

− Tibério

− A Abadia dos Beneditinos

− O Faraó Mernephtah

− O Sinal da Vitória

− O Romance de Uma Rainha

− O Chanceler de Ferro

− Herculanun

− Naema, a Bruxa (lenda do século XV)

− A Lenda do Castelo do Conde Montinhoso.

Entre as que ainda aguardam divulgação, citam-se os seguintes títulos em

francês, neste trabalho traduzidos:

− O Festim de Baltasar

− Saul, Primeiro Rei dos Judeus

− O Sacerdote de Baal

− Um Grego Vingativo

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 121

− O Barão Ralph de Derblay

− Diana de Saurmont

− Dolores

− O Judas Moderno

− Narrativas Ocultas

Só a leitura desses títulos nos aguça a curiosidade pelo mundo de revelações

históricas que devem conter essas obras e as trajetórias de tantos Espíritos notáveis,

no bem e no mal.

Em "Dolores", por exemplo, o autor espiritual narra acontecimentos

ocorridos na Espanha e em Cuba, no século 18, quando teria vivido sua mais

recente encarnação .

Há mais, porém: Rochester teria prometido aos amigos encarnados que

compunham o círculo onde se manifestava, escrever "As Memórias de um Espírito"

que, no dizer do prefaciador de "A Vingança do Judeu”, seria “o seu trabalho

capital".

Teria escrito essa obra? Se não o fez, sempre haverá tempo de fazê-lo,

porque a vida se desdobra pelo infinito, as memórias permanecem indeléveis no

substrato do Espírito, e o ser caminha para a realização do amor que marca o nosso

retorno a Deus.

Hermínio de Miranda – Nas Fronteiras do Além – Cap. 3 – O Conde de

Rochester

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 122

3.7.11 Produção literária de Fernando Pessoa

Quatro autores espirituais se manifestaram através da mediunidade de

Fernando Pessoa — três poetas e um prosador: Ricardo Reis, Alberto Caeiro,

Álvaro de Campos e Bernardo Soares. Esclareçamos, ainda, que a produção literária

desses espíritos não tem pontos de contato com a obra do próprio Fernando Pessoa,

o que é fundamental para a melhor avaliação do fenômeno.

E ainda mais: não têm eles ponto de contato um com o outro, nem na

biografia, nem na obra literária que escreveram, quer na forma ou no conteúdo.

São personalidades distintas. Isso deixa evidente que o grande poeta

português foi, como ele mesmo dizia, médium de escrita automática.

Jorge Rizzini – Escritores e fantasmas – Pag. 319 – Poeta Fernando Pessoa,

médium psicógrafo

É mister não confundir as coisas. Fernando Pessoa era médium psicógrafo,

mau, grado a negação, dos críticos infensos ao Espiritismo, que o incluem entre os

“heterônimos", isto é, os que assinam trabalhos de sua autoria com os nomes de

outros autores.

É um sofisma, como tantos outros que se escudam em explicações absurdas

por não quererem aceitar a interpretação simples, racional e cristalina do

Espiritismo.

Indalício Mendes – Revista Reformador – 1964 – Junho – Mediunidade em um

Poeta Português I

Fernando Pessoa demonstrou ser um sensitivo de valor, porquanto, além da

mediunidade psicográfica, incontestável, apesar das inúteis tentativas dos

"heteronimistas" para negá-lo, era vidente e telepata.

Dada a sua personalidade extremamente sensível, ao seu psiquismo

requintado, Fernando Pessoa poderia perfeitamente atuar em casos tipicamente

telepáticos e mesmo anímicos, como, aliás, se depreende do que foi relatado. Mas

nada disso invalida a sua condição de médium, pelo contrário, a reforça.

Supor-se que os seus trabalhos mediúnicos tenham sido de natureza

anímica, mais acertadamente - produtos de auto alucinação, é insubsistente.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 123

Constitui até injúria à memória do grande poeta, o admitir-se sequer haja ele

sido vítima de uma mistificação inconsciente, ao pensar estar recebendo mensagens

de Espíritos desencarnados, quando elas eram mesmo suas.

A argumentação usada para negar-lhe a mediunidade é artificial e frouxa.

(...) Outra não pode ser, ultima ratio, a conclusão de todas as conclusões

aqui encontradas: Fernando Pessoa foi médium psicógrafo e os trabalhos que

apresentou como mensagens recebidas de poetas desencarnados o foram

verdadeiramente captados pela sua mediunidade.

Indalício Mendes – Revista Reformador – 1964 – Julho – Mediunidade em um

Poeta Português II

Creio que podem existir, e de certo existem, mais textos que comprovem

esta tese da mediunidade e da psicografia de Fernando Pessoa, além de outros

heterônimos, ou espíritos que se permitiram ser psicografados pelo poeta português.

São muitos textos diferentes em estilo, temática e compreensão do mundo

para que uma só personalidade, por conta do já falado e decantado, Transtorno

Dissociativo de Identidade, ou transtorno de múltiplas personalidades, pudesse

multiplicar um ser em tantos outros como ele se multiplicou.

Talvez Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Alexander Seach,

Antônio Mora, Rafael Baldaya, Bernado Soares e/ou Vicente Guedes, Barão de

Teive e Frei Maurice, apenas para citar os nove abordados no estudo de Anaxsuell

Fernando da Silva, pudessem voltar e se manifestarem em novas psicografias, o que

aí sim comprovaria esta tese. Aliás, seria glorioso!

Mas a comunicação com os espíritos é uma via de mão única, são eles que

se manifestam, psicografando ou não, por sua própria vontade e não pela nossa, e

seus motivos fogem à nossa compreensão, por mais que desejássemos que o diálogo

com o além fosse mais intenso e fácil. Não é.

O que nos é oferecido é o que podemos conhecer da obra pessoana. Ela está

aí a desafiar nossa inteligência e a comprovar nossa fé. Mas, sobretudo, está aí para

ser lida, pensada, refletida e amada, porque é grandiosa, boa e bela , sobretudo,

porque ela é mediúnica, e acima de tudo, ela é espiritual.

Sérgio Motti Trombelli – As pessoas espirituais de Fernando Pessoa – Cap. 9 –

Uma Conclusão

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 124

Tudo indica que Fernando Pessoa pertencia a uma família de médiuns.

Frequentemente, confessava a amigos que fazia parte de um pequeno grupo

de sessões práticas de Espiritismo. Nelas, sua mãe apresentava, segundo o poeta,

expressivas manifestações mediúnicas.

Além da participação de sua família, ele sempre mencionava sua tia Anica

e uma senhora de nome Maria, ambas médiuns de escrita automática. Consta que

Fernando Pessoa tornou-se médium de escrita automática – psicomecânica e

também médium vidente, aos 28 anos.

Sua primeira comunicação mediúnica foi através da escrita de seu falecido

tio Cunha. A expressiva mediunidade psicomecânica, ou de escrita automática,

como Fernando Pessoa classificava, não interferia na mente do médium, nem havia,

tão pouco, alterações de personalidade, mas, segundo o poeta, por vezes ficava

inconsciente, magnetizado e caindo para o lado.

Quanto à sua mediunidade de vidência, Fernando Pessoa conseguia ver com

absoluta nitidez a sua aura, a irradiação de suas mãos e a presença de Espíritos

benfeitores que o assistiam nas horas de necessidade.

Num difícil momento de sua existência, Fernando Pessoa demonstrou ser

médium sensitivo: quando do suicídio de seu fiel amigo, o poeta Sá Carneiro. Na

ocasião, levado por uma forte depressão, revelou claro sintoma do chamado

envolvimento, quando se dá a imantação de um Espírito em uma pessoa. O fato

ocorreu logo após a morte de Sá Carneiro. O citado fenômeno é comum e

naturalmente tratado nos Centros Espíritas pelos médiuns passistas e doutrinadores.

Em O Livro dos Médiuns, Allan Kardec faz minucioso exame e elucida

todos os gêneros de manifestações mediúnicas. Kardec discorreu a respeito da ação

dos Espíritos sobre a matéria e a importância do comportamento dos médiuns no

intercâmbio espiritual.

Os heterônimos – É muito provável que os heterônimos Ricardo Reis,

Alberto Carrera e Álvaro Campos, com quem Fernando Pessoa assinava seus

poemas, sejam nomes dados por poetas quando encarnados, o que demonstra que a

autoria desses versos seja de Espíritos desencarnados e não dele mesmo.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 125

Para um espírita esclarecido e conhecedor da Doutrina dos Espíritos, é um

caso banal, pois são cientes de que há inúmeros livros de poesia mediúnica já

publicados, entre eles: Parnaso de Além Túmulo (FEB), com poemas recebidos por

Francisco Cândido Xavier; Antologia dos Imortais (FEB), por Francisco Cândido

Xavier e Waldo Vieira; Antologia do Mais Além, por Jorge Rizzini (esgotado);

Novos Cânticos (Edições Correio Fraterno), por Dolores Bacelar.

Deve-se ao heterônimo Álvaro de Campos a manifestação de um elemento

bem fora do comum, que se tornou comum à personalidade de Fernando Pessoa –

o ocultismo.

Fernando Pessoa nunca assumiu a autoria de sua poesia mediúnica, senão

teria posto os nomes de seus verdadeiros autores. Grande poeta e também grande

médium, ele fez uso de sua notável capacidade intelectual, dando mais prioridade

aos interesses espirituais que aos terrestres.

Esta posição com bases nos conhecimentos e esclarecimentos da Doutrina

Espírita são renegados até hoje, por milhares de conterrâneos seus em Portugal, por

ainda possuírem certas traves em suas mentes.

Maria A. Romano – Jornal O Semeador – 2009 – Julho – Fernando Pessoa,

poeta e médium

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 126

3.7.12 Produção literária de Victor Hugo

A partir desse livro [Párias em Redenção], até o Do Abismo às Estrelas,

sentimos uma maior aproximação do Espírito Victor Hugo, trabalhando para

adaptar nossas possibilidades à sua técnica literária.

Certo dia indagamos-lhe se o que ele estava escrevendo era conforme e

coincidente com o que produzira na última encarnação. Asseverou-nos que não, que

após sua desencarnação, não obstante continuasse o mesmo, optou por ajustar-se a

algumas modificações, inclusive de estilo, buscando utilizar-se mais de uma

terminologia compatível com a mensagem do Espiritismo, a fim de que, sob

invólucro romanceado, chegasse melhor ao coração e ao entendimento de um maior

número de criaturas humanas.

Esclareceu-nos ainda, ao início da psicografia da obra Do abismo às

Estrelas, que iria usar da técnica novelística, fazendo resumos dos pensamentos a

serem grafados, procurando ser menos prolixo e mais objetivo.

Da mesma forma, propiciava-nos a visão mental das cenas que ia relatando

ao correr do lápis, e o livro pôde ser concluído em menos de um mês.

Fernando Worm – Vida e obra de Divaldo Pereira Franco – Cap. 6 –

Esflorando a Espiritualidade – Pag. 52 – Romances de Victor Hugo

A obra literária de Victor Hugo – pode dizer-se – é a origem da aparição da

literatura espírita e mediúnica. Esta nova corrente nada terá de raro se recordarmos

de escolas como a dadaísta, cubista, ultraísta, surrealista, romântica e

existencialista, baseadas em recursos estéticos supranormais.

A literatura mediúnica difere dessas correntes ao basear-se numa nova visão

do homem e do universo. E mais, a literatura espírita mediúnica apresenta duas

notáveis modalidades: uma baseada na criação inspirada e outra puramente

mediúnica.

Ambas respondem ao mesmo fim espiritual, social e religioso.

Victor Hugo, iluminado pelos tripés da ilha de Jersey, acentuou de tal

maneira sua criação literária que poetas e escritores europeus, especialmente

espanhóis, trataram de seguir suas geniais pegadas.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 127

(...)

Na América do Sul este tipo de literatura tem produzido obras poéticas

consideráveis.

O psicógrafo brasileiro, Francisco Cândido Xavier, deu à publicidade livros

de poemas como Parnaso de Além-Túmulo, Antologia dos Imortais e outro títulos

de não menos importância que desconcertaram os críticos literários.

O caso dos escritos mediúnicos de Humberto de Campos, notável prosista

brasileiro, resultou em litígio jurídico ante os tribunais, em razão das reclamações

da viúva do escritor, que acreditou que seu esposo havia sido vítima de roubo de

originais ao comprovar a grande similitude de estilo nos escritos recebidos por

Francisco Cândido Xavier.

(...)

A literatura mediúnica é, como se pode ver, uma nova realidade espiritual,

que vem ampliar o campo das letras. Se na literatura e nas artes não se operar um

renascimento sobre a base do gênio mediúnico, ou seja, relação com o mundo dos

espíritos, a alma do homem terminará por afogar-se nos abismos aterradores do

niilismo e do nada.

O médium-poeta e escritor é uma necessidade moral e existencial nos

tempos modernos; sem ele a criação literária se converterá em um jogo de palavras

vazias e áridas.

Victor Hugo sentiu em sua época a necessidade do gênio literário-

mediúnico, razão porque se ufanou ao dar à cultura universal obras de raiz

supranormal, que nunca serão esquecidas.

Experimentou um real e vivo contato com o mundo invisível que,

lamentavelmente, a crítica literária não quer considerar nem reconhecer. Mas seu

elevado espírito está agora gravitando sobre as almas predispostas para isso que foi

chamado "o outro lado das coisas".

Seu canto espiritual está chegando à terra através da mediunidade do homem

e das vozes misteriosas do vento, do trovão e do mar.

Humberto Mariotti – Victor Hugo Espírita – Cap. Advento da Literatura

mediúnica e Espírita

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 128

Análise literária e quantificações: uma prova da imortalidade da alma.

O Espírito Victor Hugo ditou mensagens ou livros através dos médiuns:

Fernando de Lacerda (1865/1918), Carmine Mirabelli (1889/1951) e Zilda Gama

(1878/1969).

Pela mediunidade de Divaldo Franco (1927), Victor Hugo ditou oito obras

(sete livros e uma novela televisiva): Párias em Redenção (Editora FEB/RJ, 1973),

Sublime Expiação (1973), Do Abismo às Estrelas (1975), Calvário de Libertação

(1980), Árdua Ascensão (1985), Os Diamantes Fatídicos (2001) e Quedas e

Ascensão (2003).

Vejamos algumas comparações entre as épocas do escritor encarnado Victor

Hugo e sua obra mediúnica, através de Divaldo Franco.

1) Uso de Latim.

Escritor: apareceu pelo menos 83 vezes nas Obras Completas;

Espírito: pelo menos 64 vezes nas obras mediúnicas;

2) Figuras de Linguagem Retórica (metáfora, hipérbole, metonímia,

catacrese,

sinédoque etc.).

Escritor: pelo menos 732 vezes;

Espírito: pelo menos 1.145 vezes;

3) Mesóclises.

Escritor: pelo menos 25 vezes;

Espírito: pelo menos 321 vezes;

4) Expressões gramaticais reflexivas usando verbos irregulares.

Escritor: pelo menos 38 vezes;

Espírito: pelo menos 63 vezes;

5) Antíteses, paradoxos.

Escritor: pelo menos 5vezes;

Espírito: pelo menos 75 vezes — todos títulos livros mediúnicos;

6) Burlesco (cômico).

Escritor: pelo menos 64 vezes;

Espírito: pelo menos 14 vezes:

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 129

7) Advérbios Formados, derivação, parassintética.

Escritor: pelo menos 15 vezes;

Espírito: pelo menos 50 vezes.

8) Derivação sufixal.

Escritor: pelo menos 41 vezes;

Espírito: pelo menos 15 vezes.

9) Derivação prefixal.

Escritor: pelo menos 114 vezes;

Espírito: pelo menos 527 vezes;

10) Mitologia.

Escritor: pelo menos 84 vezes;

Espírito: pelo menos 47 vezes;

11) Modo descritivo (pessoas, fatos, coisas física e psicologicamente) se

valendo do burlesco, das figuras de linguagem.

Escritor: pelo menos 37 vezes;

Espírito: pelo menos 39 vezes;

12) Repetições como ênfase, valor aproximado superlativo.

Escritor: pelo menos 61 vezes;

13) Cores: branco(a), preto/negro(a), vermelho(a).

Escritor: pelo menos 92 vezes;

Espírito: pelo menos 75 vezes;

Adjetivações:

14) Supremo (a).

Escritor: pelo menos 20 vezes;

Espírito: pelo menos 29 vezes;

15) Sublime.

Escritor: pelo menos 21 vezes;

Espírito: pelo menos 78 vezes; e

16) Abismo.

Escritor: pelo menos 92 vezes;

Espírito: pelo menos 30 vezes;

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 130

17) Citações das quatro estações climáticas.

Escritor: pelo menos 116 vezes;

Espírito: pelo menos 72 vezes;

18) Lista Onomástica.

Escritor: pelo menos 754 pessoas;

Espírito: pelo menos 330 pessoas;

19) Parênteses e Dois Travessões.

Escritor: pelo menos 27 vezes os parênteses e pelo menos 37 vezes os dois

travessões;

Espírito: pelo menos 142 vezes os parênteses e pelo menos 690 vezes os

dois travessões;

20) Citações históricas e geográficas de todo o mundo (cidadania, nomes,

lugares, províncias, cidades, fatos, locais, edificações históricas etc.

Escritor: pelo menos 399 vezes;

Espírito: pelo menos 679 vezes;

21) Citações de obras culturais e personagens.

Escritor: pelo menos 170 vezes;

Espírito: pelo menos 91 vezes;

22) Religiosas.

Escritor: pelo menos 44 vezes;

Espírito: pelo menos 170 vezes;

23) Guerras, guerreiros, militares.

Escritor: pelo menos 161 vezes;

Espírito: pelo menos 23 vezes;

24) Conjunção Enquanto, no Prefácio.

Escritor: 4 vezes;

Espírito: 5 vezes.

Ao se comparar obras de um escritor ou artista quando viveu na Terra, com

obras na condição de Espírito, não se deve esperar encontrar igualdade literária

quantitativa.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 131

Espíritos em evolução, adquirindo conhecimentos e conquistas intelectuais,

morais e sentimentais não ficam paralisados no tempo.

Encontram-se, sim, as nuances, as peculiaridades do ser inteligente.

Victor Hugo escreveu Os Miseráveis em 14 anos; como Espírito, ele

consumiu um mês para ditar Párias em Redenção, aproveitando disponibilidade do

médium.

Mergulhei no universo hugoano por 20 anos, com a leitura de 120 livros

dele e sobre ele, e registrei 70 mil anotações.

Como espírita, busquei indícios de demonstração da vida pós morte.

Há estudos nas áreas científica e ciências psíquicas; com abordagem

literária, melhor a demonstração de que o berço não é princípio da vida, nem o

túmulo o fim da existência...

Washington L. Nogueira Fernandes – 9º Encontro Nacional da Liga de

Pesquisadores do Espiritismo – 2013 – Victor Hugo e Divaldo

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 132

3.7.13 Outras produções Literárias Mediúnicas

Vamos considerar literatura mediúnica o conjunto de textos atribuído a

espíritos desencarnados que se comunicaram através de um médium psicógrafo

consciente ou inconsciente.

A literatura que chamamos espírita é aquela, mediúnica ou não, que possui

um compromisso claro com a divulgação dos fenômenos espíritas ou da Doutrina

Codificada por Allan Kardec em seu tríplice aspecto: filosófico, científico e

religioso

Há uma vasta produção literária obtida através da escrita automática. Este

material pode ser dividido em suas partes: os textos de autores espirituais anônimos

e os que foram assinados por um escritor conhecido, mas desencarnado.

José Carlos Leal – Correio Fraterno – 2014 – Outubro – Literatura Mediúnica e

Literatura Espírita

Vejamos os escritores e poetas. Enorme é o número dos que foram médiuns

ou testemunharam fenômenos mediúnicos.

Victor Hugo, um dos gênios da literatura mundial, fez experiências com as

célebres "mesas falantes" e obteve comunicações do espírito de sua filha

Leopoldina e de eminentes intelectuais falecidos.

Seu parecer sobre o Espiritismo é este: ''A mesa que gira e fala foi muito

ridicularizada; falemos claro: essa zombaria não tem alcance. É do rigoroso dever

da ciência sondar todos os fenômenos. Evitar o fenômeno Espírita, negar-lhe

atenção, é negar atenção à verdade!"

Victorien Sardou, famoso teatrólogo, membro da Academia Francesa, era

médium desenhista.

Conan Doyle, o criador da personagem Sherlock Holmes e precursor da

polícia científica, estudou a fundo o Espiritismo e chegou a escrever, entre outras,

uma obra histórica sobre o assunto.

Balzac, por muitos críticos considerado o maior romancista do mundo, era

médium curador, e da leitura de suas obras Louis Lambert, Seraphita, Ursule

Mirouet etc. deduz-se o quanto conhecia ele os fenômenos mediúnicos e os

problemas da vida extraterrena.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 133

Compreende-se, assim, haja Balzac afirmado: "Temos de viver novas

existências até chegar ao caminho onde a luz brilha. A morte é a estação desta

viagem". (Seraphita)

Théophile Gautier, o grande vulto do romantismo francês e o primeiro a

escrever um romance espírita (é autor de trezentas obras!), colocou suas crenças na

novela Spirite, publicada em 1866, cujo enredo lhe foi sugerido pelos ensinamentos

espiritistas.

Goethe possuía qualidades mediúnicas: desdobramento, vidência, efeitos

físicos.

O dicionarista Maurice Lachâtre, autor de História dos Papas e História da

Inquisição, assim se exprimiu acerca do Espiritismo: ''A doutrina Espírita encerra

em si os elementos de uma transformação de ideias, e esse título merece a atenção

de todos os homens de progresso. Sua influência, estendendo-se já sobre todos os

países civilizados, dá ao seu fundador uma importância considerável e tudo faz

prever que, em futuro talvez próximo, Allan Kardec será tido como um dos

reformadores do século 19" (vide Dictionaire, de Maurice Lachâtre).

(...)

No Brasil, também é grande o número de homens famosos que foram

espíritas; nomes que s nos afiguram importantíssimos à elaboração de uma futura

História do espiritismo no Brasil.

Recordo de início o marquês de Maricá, precursor das ideias espíritas em

nossa terra, autor de Máximas, reflexões e pensamentos; Melo Morais, notável

historiador; José Bonifácio de Andrada e Silva, a principal figura de nossa

Independência; Pedro de Araújo Lima (marquês de Olinda), um dos fundadores do

Instituto Histórico e Geográfico; Visconde de Uberaba; Quintino Bocaiuva, espírita

fervoroso, o qual foi visto, muitas vezes, subindo as escadas da Federação Espírita

Brasileira a fim de solicitar receita mediúnica para seus males físicos ...

Fora estes grandes vultos que, com certeza, fizeram experiências

mediúnicas antes do aparecimento da obra de Allan Kardec no Brasil (e este é um

fato muito simpático e representativo para o Brasil do futuro), há outros que

precisam ser lembrados.

Jorge Rizzini – Escritores e Fantasmas – Cap. 1 – O Espiritismo e os expoentes

da Cultura Universal

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 134

Em nos reportando aos vates imortais de todos os tempos, lembremo-nos de

Allan Kardec, o insigne Codificador, de vez que se comprova, mais uma vez, que a

Doutrina Espírita abre novos campos, horizontes imensos a todos os artistas de

todas as épocas, que após a morte, podem se comunicar através dos médiuns,

conduzindo a bandeira do bem, da beleza e da libertação espiritual, arredando a

morte, vencendo barreiras, transpondo os séculos, por divina demonstração da

perenidade do Espírito!...

Enquanto a ciência moderna pesquisa estradas cósmicas que nos favoreçam

o encontro com os habitantes ele outros mundos – irmãos nossos da Humanidade

Universal, – os poetas da Terra, domiciliados na Espiritualidade Superior, volvem

à estância física ...

Pássaros humanos, habituados aos vôos sublimes ela emoção e do

pensamento, pousam nas grimpas dos mastros da velha embarcação de nossos

princípios, sacudida pela tempestade da transição...

Compadecem-se ele nós, pávidos de assombro, na maré de indagações e elo

angústias que nos caracterizam a viagem no mar do tempo...

E fitando, ao longe, o porto de positiva segurança espiritual que

demandamos, desferem cânticos de alegria e da esperança, como a indicar-nos a luz

da nova era e a dizer-nos em transportes de júbilo:

"Ave Imortalidade”!

Elias Barbosa – Anuário Espírita 1964 – Pag. 42 – A Literatura através da

mediunidade

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 135

3.7.13.1 A Cabana do Pai Tomás – Harriet Beecher Stowe

No primeiro caso, o escritor-médium escreve em estado de transe todo um

romance e, ao final não reconhece o texto como seu.

Este foi o caso da escritora americana Harriet Beecher Stowe (1811– 1896)

que sustentava não se reconhecer como autora do belo romance A Cabana do Pai

Tomás que teria sido escrito por um espírito que se serviu dela, mas não lhe revelou

o nome, preferindo manter-se incógnito.

Seria interessante lembrar aqui a importância deste romance para pôr fim à

escravidão negra nos Estados Unidos.

José Carlos Leal – Correio Fraterno – 2014 – Outubro – Literatura Mediúnica e

Literatura Espírita

Não há muitos livros que tenham vivido uma vida tão atribulada como "A

Cabana do Pai Tomás".

Publicado entre 1851 e 1852 sob a forma de folhetim, num jornal

antiescravagista moderado, "National Era", e recusado pelos primeiros editores a

quem foi proposto sob a forma de livro, "A Cabana do Pai Tomás" acabaria por ser

editado nesse formato a 20 de Março de 1852.

O livro vendeu dez mil exemplares na primeira semana de vendas nos

Estados Unidos e 300.000 exemplares no primeiro ano.

Na Grã-Bretanha, no primeiro ano de edição, venderia um milhão e um

segundo milhão nas suas várias traduções em diversos países.

Segundo as suas próprias palavras, Harriet Beecher Stowe esperava ganhar

com a obra o suficiente para comprar um vestido novo, mas os primeiros três meses

de vendas renderam-lhe a soma de 10.000 dólares – uma pequena fortuna.

Em 1861, nas vésperas da Guerra Civil Americana (1861–1865), a autora

era a mais famosa escritora do mundo e o livro atingia uns fabulosos 4,5 milhões

exemplares vendidos – um número tanto mais espantoso quanto muitos dos estados

do Sul dos Estados Unidos o tinham proibido, quanto havia contra ele uma intensa

campanha política e os cinco milhões de escravos que integravam os 32 milhões de

americanos de então eram praticamente todos analfabetos.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 136

Havia um exemplar de "A Cabana do Pai Tomás" em cada família americana

não militantemente escravagista, o que o tornava o livro mais difundido depois da

Bíblia, da qual era companheiro de estante frequente.

A seguir à Guerra Civil americana, da qual é apontado como uma das causas

diretas (a lenda reza que Abraham Lincoln, durante uma visita de Harriet Beecher

Stowe à Casa Branca, em 1862, lhe terá chamado "a pequena senhora que fez esta

grande guerra"), o livro foi caindo gradualmente no esquecimento e só voltaria ao

primeiro plano após a Segunda Guerra Mundial, para conquistar um lugar cativo no

panteão dos "grandes romances americanos".

(...)

Quem é Harriet Beecher Stowe?

Harriet Beecher Stowe nasceu em 1811, nos EUA. Era filha do pregador

evangelista Lyman Beecher e durante alguns anos trabalhou como professora.

A sua primeira publicação foi um livro sobre geografia para crianças.

Em 1836, casou com um professor de teologia, Calvin Stowe. Durante a

vida, Harriet escreveu poemas religiosos, livros de viagens, histórias para jornais

locais, romances para crianças e também para adultos.

Conheceu e correspondeu-se com Lady Byron, Oliver Wendell Holmes e

George Eliot.

"A Cabana do Pai Tomás" é o seu livro mais conhecido e um poderoso

símbolo de liberdade: a exaltação de princípios contra a escravidão contribuiu para

precipitar a Guerra Civil Americana.

Após a publicação deste livro, Harriet foi convidada para falar sobre a

escravatura na América e também na Europa.

Em 1856, publicou uma segunda novela sobre o tema, "Dred". A

abolicionista Harriet Beecher Stowe morreu com 85 anos, em 1896, em Hartford

Conneticutt.

José Vítor Malheiros – A Cabana do Pai Tomás", de Harriet Beecher Stowe, O

livro que levou ao fim da escravatura americana – 2005

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 137

Toda a gente conhece uma célebre peça — “A Cabana de Pai Tomás”,

principalmente depois que foi exibida por várias vezes, e durante muito tempo, nos

cinemas de toda a parte.

O que poucos sabem, porém, é que se trata de uma obra mediúnica.

Ela foi escrita pela Sra. Beecher-Stowe, que a recebeu dos Espíritos

superiores que tinham a missão divina, talvez, de abolir o cativeiro; e, de fato, muito

contribuiu a obra para a extinção, nos Estados Unidos da América do Norte, da

dolorosa mancha da escravatura.

A autora declara a uma amiga que não foi ela a escritora ou a inventora do

drama.

Não fizera mais do que tomar nota dos quadros fluídicos que lhe

apresentavam mãos invisíveis. Muitas das personagens do romance tiveram um fim

que ela não previa e até lamentara.

Miguel Timponi – A Psicografia Ante os Tribunais – Cap. A Literatura de Além-

Túmulo

Entre os escritores, de cuja mediunidade brotaram obras-primas,

destacaremos Henriette Beecher-Stowe, autora do livro “A cabana do Pai Tomás.”

Que era ela médium vidente, não há duvidar. E médium de incorporação.

Em sua biografia consta que comumente tinha "fases de ausência psíquica". Seu

esposo, o prof. Stowe, também era médium vidente. Muitas vezes via ele, ao seu

redor e pela casa, fantasmas, mas "de maneira tão nítida e natural que, por vezes,

lhe era difícil discernir os espíritos "encarnados" dos "desencarnados", conta-nos o

prof. James Robertson em seu estudo sobre Henriette publicado em Light, ano de

1904.

Sendo médium e partidária da luta pela abolição dos escravos em sua terra,

nada mais lógico que um espírito luminoso se aproveitasse de sua mediunidade a

fim de contribuir, através de uma obra humana e pungente, para o término da

escravatura.

Henriette não se opôs ao espírito e o romance A cabana do Pai Tomás foi

publicado, comovendo o povo e contribuindo para a abolição da escravatura norte-

americana.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 138

Convém notar que Lincoln já fazia sessões espíritas na Casa Branca e, ao

proclamar a liberdade de 4,5 milhões de negros, deixara-se influenciar pela

monumental obra vinda do além-túmulo.

Vejamos alguns dos aspectos de como se processou a realização da obra

(Light, 1898):

(...) Meu irmão é, incontestavelmente, uma bela alma, porém ele não se

preocuparia tanto com este caso se soubesse que este livro não foi escrito por

mim.

– Como, perguntei eu, estupefata, não foi você quem escreveu A cabana

do Pai Tomás?

– Não, respondeu ela, não fiz outra coisa senão tomar nota do que vi.

– Que está dizendo? Então, você nunca foi aos Estados do Sul?

– É verdade, todas as cenas do meu romance, uma após outra, se me

desenrolaram diante dos olhos e eu descrevi o que via.

Perguntei ainda: – Pelo menos você regulou a sequência dos

acontecimentos.

– De modo algum, respondeu-me ela; sua filha Annie me censura por

ter feito morrer Evangelina. Ora, isto não foi por minha culpa; não podia

impedi-lo.

Senti-o mais do que todos os leitores de minha história; foi como se a

morte tivesse atingido uma pessoa de minha família. Quando a morte de

Evangelina se deu, fiquei abatida que não pude retomar a pena por mais de duas

semanas.

Perguntei-lhe então: – E sabia que o pobre Pai Tomás devia, por sua vez,

morrer?

– Sim, respondeu-me ela, isto eu sabia desde o princípio, porém

ignorava de que morte iria morrer. Quando cheguei a este ponto de minha

história, não tive mais visões durante algum tempo.

Aí está por que Henriette, já idosa, com setenta anos, dizia sobre sua

famosa obra: "Deus a escreveu. Foi Ele quem me ditou.

Jorge Rizzini – Escritores e Fantasmas – Pag. 269 – A cabana do Pai

Tomás, obra mediúnica

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 139

3.7.13.2 Ivanhoé – Sir Walter Scott

Um segundo caso não menos interessante é o do escritor escocês Sir Walter

Scott (1771–1832) que escreveu o seu belo romance Ivanhoé em estado de

semiconsciência.

Também ele não estava certo de ter sido o verdadeiro autor deste livro pois,

depois de tê-lo escrito completamente, não se lembrava da maioria das passagens

do romance que lhe pareceram estranhas.

José Carlos Leal – Correio Fraterno – 2014 – Outubro – Literatura Mediúnica e

Literatura Espírita

Walter Scott, ao envelhecer, era sujeito a esse tipo de esquecimento. Um

dia, recitaram diante dele um poema que lhe agradou; perguntou quem era o autor;

era um canto do seu pirata Ballantyne, que lhe serviu de secretário e escreveu-lhe a

vida, exposta com detalhes precisos, como Ivanhoé, em grande parte, foi-lhe

ditado durante uma grave enfermidade.

O livro ficou pronto e foi impresso antes que o autor tivesse conseguido

deixar o leito.

Não conservou dele qualquer lembrança, exceto a idéia mestra do romance,

que era anterior à doença.

Gabriel Delanne – Pesquisas sobre mediunidade – Pag. 53 – O Esquecimento

nos histéricos

Ivanhoé, é um romance histórico do escritor escocês Walter Scott,

publicado em 1820. Narra a luta entre saxões e normandos e as intrigas de João sem

Terra para destronar Ricardo Coração de Leão. É considerado o primeiro romance

histórico do romantismo.

A obra surgiu num momento em que se procurava exaltar o nacionalismo, e

obteve tamanho sucesso que seu autor foi agraciado com título nobiliárquico. Nele

os valores da cavalaria medieval são enaltecidos, assim como o heroísmo inglês.

Embora fosse protagonizado pelo cavaleiro Wilfred de Ivanhoé, são os

personagens quase anônimos que encontram maior destaque do que este, a exemplo

de Brian de Bois Guilbert, um templário, vilão que engendra várias maldades.

Wikipédia – Ivanhoé

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 140

Um dos maiores clássicos do romance de aventuras e a obra que definiu o

romance histórico moderno.

Wilfred de Ivanhoé foi deserdado pelo pai, um nobre saxão, por apoiar o rei

normando Ricardo Coração-de-Leão e por se ter apaixonado por Lady Rowena,

protegida de seu pai e que este pretendia casar com um candidato saxão ao trono.

Ivanhoé acompanha o rei Ricardo às cruzadas e é um dos heróis do cerco a

Acra.

Enquanto Ricardo fica prisioneiro na Áustria, à espera que seja pago um

resgate, Ivanhoé regressa sob anonimato a Inglaterra para tentar o perdão de seu pai

e o favor da sua dama.

Ao longo da sua viagem, Ivanhoé apercebe-se da injustiça com que o rei

João governa e o privilégio que dá à nova nobreza normanda em detrimento da

velha nobreza saxónica. Como cavaleiro, Ivanhoé vai tentando defender os

injustiçados e cruza-se com vários personagens como a judia Rebecca ou Robin de

Locksley (Robin dos Bosques).

Portal da Literatura – Ivanhoé – Sinopse

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 141

3.7.13.3 As Dores de Werther – Goethe

Um outro livro que possui o status de obra mediúnica, ditada ou inspirada é

As Dores de Werther, escrito pelo poeta alemão Johann Wolfgang Goethe (1749–

1832).

Este livro teria sido criado em estado de transe ligeiro. Goethe teria

confessado que havia escrito este livro quase que de modo inconsciente, como se

estivesse em estado de sonambulismo e de ter se maravilhado com a sua leitura

depois da obra pronta. Era como se estivesse lendo o livro pela primeira vez.

José Carlos Leal – Correio Fraterno – 2014 – Outubro – Literatura Mediúnica e

Literatura Espírita

Os sofrimentos do jovem Werther ou no original em língua alemã “Die

Leiden des jungen Werthers” (1774) é um romance de Johann Wolfgang von

Goethe.

Marco inicial do romantismo, considerado por muitos como uma obra-

prima da literatura mundial, é uma das primeiras obras do autor, de

tom autobiográfico – ainda que Goethe tenha cuidado para que nomes e lugares

fossem trocados e, naturalmente, algumas partes fictícias acrescentadas, como o

final.

Neste livro, o suposto Werther envia, por um longo período, cartas

ao narrador, que, em notas de rodapé, afirma que nomes e lugares foram trocados.

O romance é escrito em primeira pessoa e com poucas personagens. Após a

sua primeira publicação, em 1774, teria ocorrido, na Europa, uma onda de suicídios,

atribuída à influência do personagem de Goethe, que foi chamada "efeito Werther".

Werther é marcado por uma paixão profunda, tempestuosa e desditosa.

Werther vê seus sentimentos correspondidos, mas sofre com a impossibilidade de

consumá-los, pois o objeto do seu amor, a jovem Charlotte, fora prometida a outro

homem.

Há fortes indícios de a obra tenha detalhes autobiográficos, pois Goethe teve

um relacionamento de forte amizade com Charlotte von Stein, casada com outro

homem. Para Werther, a vida só tem sentido com sua amada.

A cada gesto, dança e até mesmo em meio a bofetadas, Werther se apaixona

cada vez mais por ela.

Wikipedia – Os Sofrimentos do Jovem Werther

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 142

Reconhece a crítica literária que na primeira parte do genial poema Fausto

introduziu Goethe poucos ensinamentos da chamada, então, "ciência oculta". Por

quê?

A resposta se nós afigura evidente: é que a mediunidade só lhe apareceu

longos anos mais tarde, quando começou a redigir a segunda parte do Fausto.

Ignoramos quando Goethe observou os primeiros fenômenos mediúnicos

que o levariam ao estudo do ocultismo; se nos falta a data, no entanto, podemos

afirmar que se deram quando o poeta estava em plena maturidade intelectual, pois

a segunda parte do Fausto foi terminada 24 anos após a publicação da primeira em

1808.

Goethe concluiu o grande livro em 1832, ano de sua morte. (A doutrina

espírita só apareceria em 1857 com a publicação de O Livro dos Espíritos.)

Iniciou-se Goethe no ocultismo através de Lavater e da sra. De Klettenberg.

Motivos para sua iniciação: os fenômenos vividos pelo poeta e sua paixão

pelas ciências. Como cientista deixou Goethe uma teoria sobre as cores, ainda hoje

respeitada. Também é considerado precursor do transformismo de Darwin e Alfred

Russel Wallace.

(...)

Há quem julgue que Goethe, ao escrever a segunda parte de Fausto, ele o

fez, apenas, dando asas à imaginação... Nada mais falso! É sabido que o maior

escritor alemão, e um dos maiores do mundo, jamais separou de sua obra sua imensa

experiência; a fantasia, Goethe sempre a colocou em plano inferior – não obstante,

poeta! Esse critério, por certo, é devido às suas atividades no campo árido das

ciências naturais.

No Fausto entram dados da célebre lenda e recordações de fatos vividos,

formando um todo harmônico. Quando a crítica materialista não sabe como explicar

certos fatos, os atribui à imaginação!

Jorge Rizzini – Escritores e Fantasmas – Pag. 264 – Goethe e sua

Mediunidade

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 143

3.7.13.4 Joana D’Arc e As Confissões de Luiz XI – Ermance Dufaux

• Joana D`Arc

Na França, por volta de 1850, uma adolescente de 14 anos por nome

Ermance Dufaux, escreveu dois livros chamados respectivamente: Joana D’Arc e

As Confissões de Luiz XI, ditadas pelos próprios protagonistas.

É interessante ressaltar que as particularidades históricas como datas e fatos

principais estão exatas. Ainda em França, entre 1928 e 1931, foi publicada uma

outra obra mediúnica intitulada As Cartas de Pedro com um profundo conteúdo

moral.

José Carlos Leal – Correio Fraterno – 2014 – Outubro – Literatura Mediúnica e

Literatura Espírita

Joana D'Arc, por ela mesma, livro psicografado por Ermance Dufaux, é

um marco na história do Espiritismo.

Publicado em Paris, em 1855 – dois anos antes do lançamento de O Livro

dos Espíritos, de Allan Kardec – é obra de inestimável valor histórico, um clássico

que resgata a memória daquela que foi a heroína da França, médium que, entre

outras percepções, era capaz de profetizar acontecimentos.

Kardec manifesta-se sobre a mediunidade de Joana D’Arc no capítulo ''A

segunda vista", de Obras Póstumas: "Os videntes têm sido diversamente

considerados, conforme os tempos, os costumes e o grau de civilização. Para os

céticos, eles não passam de cérebros desarvorados, de alucinados; as seitas

religiosas os arvoraram em profetas, sibilas, oráculos; nos séculos de superstição

e ignorância, eram feiticeiros e acabavam nas fogueiras. Para o homem sensato,

que acredita no poder infinito da natureza e na bondade inesgotável do Criador, a

dupla vista é uma faculdade inerente à espécie humana, por meio da qual Deus nos

revela a existência da nossa essência espiritual. Quem não reconheceria um dom

dessa natureza em Joana D'Are e em toda uma multidão de outras personagens que

a história qualifica de inspiradas?".

Foi por intermédio da médium Ermance Dufaux, ainda no período de sua

juventude, que Joana manifestou-se.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 144

Sobre a qualificação de Ermance, Kardec assinala na Revista Espírita de

1858: "Embora a faculdade da senhorita Dufaux se preste à evocação de qualquer

espírito, de que nós mesmos tivemos provas nas comunicações pessoais que ela nos

transmitiu, sua especialidade é a História. Do mesmo modo ela escreveu a de Luís

XI e a de Carlos VIII, que serão publicadas como a de Joana D'Arc".

Sobre a idoneidade de Ermance, Kardec ressalta nesse mesmo artigo:

"Como todos os médiuns favorecidos pelos bons espíritos, somente recebeu

comunicações de ordem elevada".

Editores – Editora Petit – Joana D'Arc, por ela mesma – Apresentação

É uma pergunta que nos tem sido feita muitas vezes, esta de saber se os

Espíritos que respondem com maior ou menor precisão às perguntas que lhes são

dirigidas poderiam fazer um trabalho de fôlego.

A prova está na obra a que nos referimos, pois aqui já não se trata de uma

série de perguntas e respostas, mas de uma narração completa e ordenada, como o

faria um historiador, e contendo uma infinidade de detalhes pouco ou nada

conhecidos sobre a vida da heroína.

Aos que poderiam crer que a Senhorita Dufaux inspirou-se em

conhecimentos pessoais, respondemos que ela escreveu o livro na idade de catorze

anos; que sua instrução era a das meninas de família decente, educadas com

cuidado, mas, ainda quando tivesse uma memória fenomenal, não seria nos livros

clássicos que iria encontrar documentos íntimos, dificilmente encontradiços nos

arquivos da época.

Sabemos que os incrédulos farão sempre mil e uma objeções, mas para nós,

que vimos a médium operar, a origem do livro não pode ser posta em dúvida.

Embora a faculdade da senhorita Dufaux se preste à evocação de qualquer

Espírito, de que nós mesmos fizemos prova em comunicações pessoais que nos

foram transmitidas, sua especialidade é a História.

Ela escreveu do mesmo modo a de Luís XI e a de Carlos VIII que, como a

de Joana d’Arc, serão publicadas.

Passou-se com ela um curioso fenômeno. A princípio, era boa médium

psicógrafa e escrevia com grande facilidade.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 145

Pouco a pouco tornou-se médium falante e, à medida que essa nova

faculdade se desenvolveu, a primeira se atenuou.

Hoje escreve pouco e com dificuldade, mas o que é original é que, falando,

sente a necessidade de estar com um lápis na mão e de fingir que escreve. É

necessária outra pessoa para registrar suas palavras, como as da Sibila.

Como todos os médiuns favorecidos pelos bons Espíritos, jamais recebeu

comunicações que não fossem de ordem elevada.

Allan Kardec – Revista Espírita – 1858 – Janeiro – História de Joana D’Arc

ditada por ela própria à Senhorita Ermance Dufaux

• Ermance De La Jonchére Dufaux – 1841 – ????

Ermance De La Jonchére Dufaux nasceu em 1841, na cidade de

Fontainebleau, França. Próxima a Paris, abrigava a residência oficial de Napoleão

III e de outros nobres. O pai de Ermance, rico produtor de vinho e trigo, era um

deles. Tradicional, a família Dufaux residia num castelo medieval, herança de seus

antepassados.

(...)

Com o tempo, os Espíritos também começaram a falar por Ermance.

Em 1855, com 14 anos, Ermance publica seu segundo livro "spiritualiste"

(na época, não existiam os termos espírita, mediunidade, etc). O primeiro a ser

distribuído e vendido: "A história de Joana D'Arc, ditada por ela mesma" (Editora

Meluu, Paris).

Segundo Canuto Abreu, a família Dufaux conheceu Allan Kardec na noite

do dia 18 de abril de 1857. O Codificador teria dado uma pequena recepção em seu

apartamento e os Dufaux foram levados por Madame Planemaison, grande amiga

do professor lionês.

No final da reunião, Ermance recebeu uma belíssima mensagem de São

Luís, que, a partir dali, tornar-se-ia uma espécie de supervisor espiritual dos

trabalhos do Mestre.

Segundo o ex-rei, Ermance, assim como Kardec, era uma druidesa

reencarnada. Os laços entre os dois se estreitaram e ela se tornou a principal médium

das reuniões domésticas do Prof. Rivail.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 146

(...)

Canuto Abreu revelou que Rivail a utilizou como médium na revisão da 2ª

edição de O Livro dos Espíritos.

Em 1859, Ermance não é mais citada como membro da SPEE nas páginas

do mensário kardeciano. Isso leva-nos a crer que ela teria saído da Sociedade.

(...)

Em 1860, ele noticiou a reedição de "A história de Joana D'Arc ditada por

ela mesma", pela Livraria Lendoyen de Paris.

Em 1861, enviou vários exemplares desse livro, junto com suas obras, para

o editor francês Maurice Lachâtre, que se encontrava exilado em Barcelona,

Espanha. O objetivo era a divulgação do Espiritismo em solo espanhol. Esses

volumes acabaram confiscados e queimados em praça pública pela Igreja Católica

no famoso Auto-de-fé de Barcelona.

"A história de Luís IX ditada por ele mesmo", foi liberada pela Censura e

finalmente publicada pela revista La Verité de Paris em 1864.

Federação Espírita Brasileira – Ermance Dufaux – biografia

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 147

• As Confissões de Luiz XI

Falando da História de Joana d’Arc ditada por ela mesma, e propondo-nos

a citar várias passagens, dissemos que a Srta. Dufaux havia escrito da mesma forma

a História de Luís XI.

Esse trabalho, um dos mais preciosos no gênero, contém documentos

preciosos do ponto de vista histórico. Nele Luís XI se mostra o profundo político

que conhecemos. Além disso, dá-nos a chave de vários fatos até aqui não

explicados.

Do ponto de vista espírita, é uma das mais curiosas mostras de trabalhos de

fôlego produzidos pelos Espíritos.

A este respeito duas coisas são particularmente notáveis: a rapidez de

execução, pois bastaram quinze dias para ditar a matéria de um grosso volume, e a

lembrança tão precisa que pode um Espírito conservar de acontecimentos da vida

terrena.

Aos que duvidassem da origem desse trabalho e quisessem atribuí-lo à

memória da Srta. Dufaux, diríamos que na verdade seria preciso que uma criança

de catorze anos tivesse uma memória fenomenal e uma não menos extraordinária

precocidade para que pudesse escrever de uma assentada uma obra dessa natureza.

Mas, admitindo que assim fosse, perguntamos onde essa criança teria obtido

as explicações inéditas da sombria política de Luís XI e se não teria sido mais

interessante que seus pais lhe atribuíssem o mérito.

Das diversas histórias escritas por seu intermédio, a de Joana d’Arc é a única

que foi publicada. Fazemos votos para que em breve as outras o sejam e lhes

prevemos um sucesso tanto maior quanto mais espalhadas hoje se acham as ideias

espíritas.

Allan Kardec – Revista Espírita – 1858 – Março – Confissões de Luís XI –

História de sua vida, ditada por ele mesmo à Srta. Ermance Dufaux

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 148

3.7.13.5 Hafed, o Príncipe Persa e Hermes, o Discípulo de Jesus – David

Duguid

Em 1876, um homem inculto por nome David Duguid escreveu um romance

que se chamou Hafed, O Príncipe Persa que foi recebido mediunicamente.

Dois anos mais tarde, este mesmo médium lançou um outro livro cujo título

era Hermes, O Discípulo de Jesus que estava recheado de informações históricas

que, por certo, Duguid não conhecia.

José Carlos Leal – Correio Fraterno – 2014 – Outubro – Literatura Mediúnica e

Literatura Espírita

• Hafed, o Príncipe Persa

Já se passaram cerca de seis anos desde que comecei a tomar notas dessas

comunicações, feitas por meio de meu amigo, o Sr. David Duguid, em transe; mas,

naquela época, eu não tinha a menor idéia de que eles iriam crescer até as dimensões

de um volume corpulento.

Minhas notas grosseiras foram estendidas principalmente com o objetivo de

lê-las de vez em quando nas reuniões privadas dos espíritas associados de Glasgow,

e sem pensar em mais publicidade.

Foi apenas nos últimos doze meses que fui induzido, pelo pedido

freqüentemente repetido de amigos em cujo julgamento eu confio, a preparar tudo

para a imprensa. Também fui encorajado em meu propósito por uma promessa da

parte dos Espíritos que controlam o Médium, de que eles ilustrariam suas

comunicações por desenhos e escritos diretos, assim, por assim dizer, dando seu

aval à obra.

Afirmei na introdução como e em que circunstâncias as comunicações

foram recebidas. Como eles foram recebidos será facilmente compreendido pelo

Espiritualista, mas pode haver muitos induzidos a ler estas páginas não

familiarizados com o Espiritismo Moderno, a quem eu daria o conselho: Comece

pela Introdução se você quiser ter alguma idéia da natureza e fonte das

comunicações.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 149

A razão pela qual foram dadas é resumidamente declarada por Hafed em seu

discurso de encerramento: – '' Meu principal objetivo era dar a esta época do mundo

algumas experiências de minha vida no corpo, na esperança de que estas,

pertencentes a um agitado período da história do mundo, pode ser de alguma

utilidade no tempo presente ''

Mais adiante, ele diz, no mesmo endereço: "Esta narrativa simples de

minhas experiências que eu dei a você, pode por alguns ser considerada longa e

tediosa; por outros, mero produto da imaginação; eu digo que é verdade. Vivendo

em tempos muito distantes, longe de seu tempo, eu só posso dar a minha palavra.

Não me importo com o que os homens podem dizer o contrário, eu digo

novamente é verdade. Confio, no entanto, que nada do que eu disse ofenderá

ninguém.

Se houver algo dessa natureza, deixe aquele que se ofendeu ponha de lado

e tome apenas aquilo que se recomenda a ele como bom, não tenho desejo de

ofender, mas não me atrevo a reter a verdade.

Morri por ela e, se fosse possível, voltaria a morrer por ela. Algumas das

minhas idéias podem não ter sido transmitidas a você como eu queria; mas você,

não devo esquecer que tive que fazer meu trabalho com um instrumento inferior –

um médium não da melhor cultura – tendo dificuldade às vezes em transmitir meus

pensamentos; mas, além disso, consegui muito e superei muitas barreiras em meu

caminho – graças aos nossos amigos Pintores.

E agora, uma vez que você está determinado a apresentar essas

comunicações aos seus semelhantes, desejo sinceramente que eles as leiam com a

mente honesta; e não espero (nem você deve) que os leitores vejam tudo da mesma

forma – pois isso não acontecerá –, mas acredito que serão guiados pela caridade e

pelo bom senso!

No trabalho de compilação, não reivindico um acabamento literário – isso

será facilmente percebido pelo leitor erudito; mas fiz o que pude para cumprir a

tarefa atribuída a mim pelos Espíritos controladores – transmitir seus pensamentos

expressos por meio do Médium em transe para o mundo exterior.

H. Nisbet – Hafed, o Príncipe Persa – Prefácio

Glasgow, 219 George Street, 30 de novembro de 1875.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 150

• Hermes, o discípulo de Jesus

Hermes, sua vida e trabalho missionário, e as viagens evangelizadoras de

dois Persas (Anah e Zitha), enviados por Hafed; Junto com os incidentes da vida de

Jesus, dados por um discípulo por meio de Hafed.

David Duguid (10 de fevereiro de 1832 – 14 de março de 1907) foi um

escocês espiritualista e de profissão marceneiro.

Duguid nasceu em Dunfermline. Ele trabalhou como marceneiro quando

jovem. Ele começou seu interesse pelo espiritualismo em 1866, frequentando virar

mesa experimentos. Mais tarde, ele assumiu a mediunidade e fotografia de

espíritos. Ele também era conhecido por seu desenhos automáticos e pinturas, que

impressionaram o pesquisador psíquico Edward Trusted Bennett.

Wikipedia – David Duguid

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 151

3.7.13.6 Contos de Glastonbury – Frederich Blegh Bond

Entre 1918 e 1927, com grande ressonância, o arqueólogo Frederich Blegh

Bond, publicou Contos de Glastonbury (The Gate of Remembrance), que conta a

história dessa famosa Abadia que serve de matéria para os contos a Lenda do Rei

Arthur e a Demanda do Santo Graal.

O livro teria sido ditado por monges do século XI e XIV entre os quais se

encontra o monge Johannes Briyant que viveu em Glastonbury entre 1497 a 1534.

José Carlos Leal – Correio Fraterno – 2014 – Outubro – Literatura Mediúnica e

Literatura Espírita

A Abadia de Glastonbury é o berço da identidade religiosa e histórica

britânica.

Foi o local do sepultamento de três reis, o lendário local de descanso do Rei

Arthur, o local da primeira igreja cristã da Inglaterra e um local com conexões com

a verdadeira cruz, o Santo Graal e José de Arimatéia.

Em 1908, a escavação deste local único foi confiada ao respeitado, embora

controverso, arquiteto Frederick Bligh Bond.

Entre 1908 e 1921, ele conseguiu localizar muitos dos elementos-chave da

grande abadia.

Tanto a Igreja quanto os contemporâneos de Bond ficaram surpresos com a

velocidade e a precisão de suas escavações; grande descoberta seguiu-se a

descoberta importante com uma regularidade quase rotineira.

Como isso foi possível?

Em 1918, o livro de Bond, “The Gate of Remembrance”, revelou que ele

mantinha conferências regulares no local com os espíritos de monges medievais e

que sua estratégia de escavação causou uma reação imediata e levou,

eventualmente, à demissão de Bond.

Tim Hopkinson-Ball – Rediscovery of Glastonbury – Apresentação

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 152

Glastonbury, em Somerset, Inglaterra, figura com destaque no folclore e nas

antigas tradições do local.

Historiadores afirmam que o rei Arthur foi enterrado na Abadia de

Glastonbury.

A lenda cristã diz que São José de Arimatéia trouxe o Santo Graal a

Glastonbury e plantou um espinheiro que ainda pode ser visto no local.

Além disso, Glastonbury é, segundo dizem, o lugar onde as pessoas que se

dedicam ao campo da "arqueologia mediúnica" fizeram suas descobertas mais

surpreendentes.

Em 1907, a Abadia de Glastonbury, um monte de ruínas negligenciadas e

cobertas de mato, foi adquirida pelo governo estadual e colocada aos cuidados da

fundação Fé Diocesana, que pretendia fazer escavações no local.

A fundação entregou os trabalhos à Sociedade Arqueológica Somerset, que

escolheu para chefiar as escavações um promissor arquiteto eclesiástico de Bristol,

chamado Frederick Bligh Bond.

Os clérigos e as outras pessoas envolvidas no projeto desconheciam que

Bond era membro da Sociedade de Pesquisas Psíquicas, assim como seu amigo, o

capitão John Bartlett.

Os dois concordaram em empregar a habilidade de psicografia de Bartlett,

pela qual os espíritos supostamente se comunicavam com o mundo dos vivos por

meio da caneta do capitão, para escavar Glastonbury.

Às 16h30 de 7 de novembro de 1907, a experiência teve início.

– Você pode nos dizer alguma coisa sobre Glastonbury? – perguntou Bond.

Bartlett respondeu traçando plantas da abadia, inclusive com medidas, e

redigindo mensagens em uma mistura de latim vulgar e algumas palavras que

pareciam pertencer aos primórdios da língua inglesa, aparentemente ditadas por

monges havia muito falecidos.

Muitas das coisas que aprendeu foram diametralmente opostas ao

conhecimento anterior de Bond, mas mesmo assim ele seguiu em frente.

As descobertas começaram a surgir. Primeiro, uma capela jamais suspeitada

na ala leste da abadia, em seguida uma passagem desconhecida, depois um recinto

abobadado de planta poligonal e uma cripta.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 153

A capacidade de Bligh Bond foi celebrada nos círculos arqueológicos e

eclesiásticos – até 1918, quando ele revelou em seu livro The Gate of Remembrance

como os espíritos dos monges o haviam levado a suas descobertas.

As autoridades, horrorizadas, iniciaram um movimento para destituir Bond

de seu cargo, e conseguiram.

Em seguida, removeram ou alteraram muitos dos registros arqueológicos

que ele deixou no local, e chegaram até mesmo a proibir a venda de seus livros na

abadia.

A despeito do registro de impressionantes descobertas mediúnicas de Bligh

Bond na abadia, e de seu amor pessoal pelo local, ele foi expulso de Glastonbury

por pessoas de mentalidade estreita simplesmente porque empregou técnicas não

convencionais para revelar suas maravilhas.

Charles Berlitz – O Livro dos Fenômenos Estranhos – Psicografia em

Glastonbury Abbey

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 154

3.7.13.7 O Mistério de Patience Worth – Pearl Lenore Curran

Relata o conhecido escritor Hermínio Correia de Miranda que na década de

noventa recebeu de uma amiga o romance “História Triste”, em três volumes, de

autoria de Patience Worth, recebido mediunicamente por Pearl Lenore Curran.

A autora do livro, que adota o pseudônimo Patience Worth (mérito da

paciência), de acordo com as parcas informações fornecidas em suas comunicações,

era natural de Dorsetshire, na Inglaterra, na primeira metade do século XVII, tendo

trabalhado nos campos de sua terra natal até atingir a maioridade; emigrou ainda

jovem para os Estados Unidos, onde viveu o restante de sua existência encarnada.

Durante mais de um quarto de século, a partir de 1913, ditou nove romances,

um drama e uma coleção de provérbios e aforismos e um número extraordinário de

composições poéticas de todas as espécies.

A médium, Pearl Lenore Curran, viveu do último quartel do século XIX à

primeira metade do século XX, em Saint-Louis, Missouri, nos Estados Unidos.

Aos 30 anos de idade, em julho de 1913, começou a receber mensagens

mediúnicas ditadas por Patience Worth, em sessões de trabalhos mediúnicos pelo

método da tábua ouija.[1]

Ditou um extenso romance num dialeto falado na Inglaterra no século XVII,

integrado quase que somente por vocábulos de origem anglo-saxônica, com

pouquíssimos termos de origem latina ou grega, empregando formas de expressão

e modismos do período elisabetano.

A obra recebeu o nome “História Triste”, publicado nos Estados Unidos, em

1917, em 3 volumes, traduzido com muitas dificuldades pelo conhecido escritor

Hermínio C. Miranda, e publicado pela Editora Lachâtre, de São Paulo, em outubro

de 2009, com mais de 820 páginas.

“A História Triste”, ambientado na época de Jesus, na Palestina, descreve

com precisão os hábitos, costumes, características étnicas e linguísticas dos

habitantes daquela localidade, as religiões dominantes, a geopolítica, a economia e

os preconceitos vigentes na época.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 155

O primeiro volume denominado “Panda” relata o nascimento e a infância

do personagem central da narrativa, Hatte, filho natural do imperador Tibério César

e da dançarina Téia, nascido nas proximidades de Belém, quase que na mesma hora

em que nasceu Jesus.

A fase que antecede a vida pública de Jesus é o objeto do segundo volume

que recebe o nome “Hatte”. Aqui são relatadas a inquietação dos romanos e dos

judeus e as peripécias dos integrantes dessa narrativa.

A vida pública de Jesus aparece com bastante nitidez no terceiro volume que

recebe o seu nome “Jesus”, até o trágico momento de sua crucificação e os eventos

relacionados com o personagem central Hatte, executado ao lado do Mestre como

um dos ladrões.

Há, ainda, o volume complementar “O mistério de Patience Worth – a

história do mais extraordinário romance mediúnico”, também publicado pela

Editora Lachâtre, com 108 páginas.

A primeira parte é de autoria de Hermínio C. Miranda, contendo a narrativa

do caso Patience Worth, de como esse romance veio às suas mãos, as numerosas

dificuldades encontradas para a sua tradução.

A segunda parte contém o ensaio “Um extraordinário caso de psicografia”,

do conhecido pesquisador italiano Ernesto Bozzano, traduzido ao vernáculo por

Francisco Klors Werneck, inserido no livro “Literatura de além túmulo”, publicado

pela Editora Eco, do Rio de Janeiro, em 1976.

Y. Shimizu – ADE-PR – Jornal Comunica Ação Espírita – 79ª edição – 05 de

2010

[1] Tabuleiro ouija ou tábua ouija é qualquer superfície plana com letras, números ou outros símbolos em que se coloca um indicador móvel. Foi criado para ser usado como método de necromancia ou comunicação com espíritos.

Os participantes colocam os dedos sobre o indicador que então se move pelo tabuleiro para responder perguntas e trazer mensagens dos supostos espíritos.

No Brasil há variantes conhecidas como brincadeira do copo, jogo do copo, ou ainda sessão de copo, em que um copo faz as vezes do indicador para as respostas. Também é conhecido como brincadeira do compasso, quando se usa um compasso como indicador.

Existem também apoios para a utilização de lápis durante as sessões.

Wikipédia – Tabuleiro Ouija

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 156

Vejamos a descrição da prancheta pelo próprio editor de The sorry tale (ver

Singer in the shadows, de Irving Litvag, p. 26):

"A prancheta-ouija board – é uma peça retangular de madeira de cerca de

16 polegadas (40,6cm) por 24 polegadas (60,9cm) por meia polegada (12,7mm) de

espessura.

Sobre ela, as letras do alfabeto estão dispostas em dois arcos concêntricos,

com os dez numerais embaixo e as palavras ‘Sim’ e ‘Não’ nos cantos superiores.

A prancheta ou ponteiro é uma delgada peça de madeira em forma de

coração que se move sobre três pernas sobre a placa maior, servindo o ponteiro para

indicar as letras das palavras que vão sendo formadas.

Duas pessoas são necessárias para operá-la. Elas colocam a ponta dos dedos

levemente sobre o ponteiro e esperam. Talvez ele se mova, talvez não.

Algumas vezes ele se move a esmo sobre a placa, sem formar qualquer

palavra; às vezes ele forma palavras, mas é incapaz de construir uma sentença; mas

freqüentemente reage com suficiente presteza aos impulsos que o controlam e até

responde inteligivelmente às perguntas, ocasionalmente de forma a provocar a

admiração e até o espanto dos circunstantes.

A força que move o ponteiro tem sido atribuída por alguns à influência

sobrenatural, por outros, ao subconsciente, mas a ciência tem considerado o assunto

com desdém...

" O termo que popularizou a prancheta, pelo menos na língua inglesa (ouija),

teria sido formado do ‘sim’ em francês ‘oui’ e do sim em alemão ‘já’, o que me

parece estranho, porque então não seria sim e não, mas sim e sim... Hermínio de Miranda – O mistério de Patience Worth – Cap. 2 – O Caso

Patience Worth

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 157

Mistério de Patience Worth, O

Dois notáveis pesquisadores juntos para desvendar o enigma do Espírito

Patience Worth e narrar a história do romance considerado o melhor texto

mediúnico sobre a vida de Jesus: A História Triste.

Para Bozzano, "é justamente a cultura histórica, literária e filosófica que

constitui o que há de mais notável nos romances de Patience Worth!".

Para Hermínio, "somente uma pessoa que tenha, de alguma forma,

vivenciado os fatos, poderia ter condições de escrever uma obra como A História

Triste”.

Em parceria com Ernesto Bozzano.

Editora Lachatre – Mistério de Patience Worth, O – Sinopse

O livro “O mistério de Patience Worth” – história do mais extraordinário

romance mediúnico, é dividido em duas partes.

A primeira é uma pesquisa de Hermínio C. Miranda, que retrata a história

desta produção mediúnica, especialmente de A história triste. Investigando jornais,

críticas e livros da época da publicação, o escritor estudou a história e o fenômeno

desta produção literária.

A segunda parte apresenta as descobertas e análises de Ernesto Bozzano,

escritas na primeira metade do século XX, sobre a singular psicografia e a obra da

autora espiritual. Os mistérios deste fenômeno vão sendo apresentados no decorrer

do livro, sob diversos pontos de vista

Editora Lachatre – O Mistério de Patience Worth – Apresentação

Pearl Lenore Curran tinha 14 anos quando abandonou a escola para se

dedicar ao sonho de ser cantora. Como preço dessa escolha, seus conhecimentos

gerais eram vagos e suas inclinações literárias eram exíguas.

Aos 30 anos, porém, Pearl, que também não acreditava em espíritos, passou

a intermediar as comunicações de Patience Worth, espírito que, desde seu

pseudônimo, cercou de mistérios sua origem, pois pretendia ser reconhecida apenas

por seu valor literário, mostrando sua independência da personalidade da médium.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 158

De fato, sua obra impressionou a todos pelo surpreendente conhecimento e

familiaridade com o contexto em que se movem seus personagens, os hábitos e os

acontecimentos desenvolvidos. Sua narrativa carrega tremenda força visual,

transportando o leitor para dentro de seus cenários.

Investigando jornais, críticas e livros da época, o escritor espírita Hermínio

C. Miranda estudou o fenômeno Patience e sua produção literária – principalmente

A história triste, um relato inédito e incrivelmente realista da vida de Jesus,

considerada sua obra-prima. As descobertas de Hermínio C Miranda e Ernesto

Bozzano estão neste livro.

José Carlos Munhoz Pinto – Jornal O Consolador – Ano 4 – N° 189 – 19 de

Dezembro de 2010 – O Mistério de Patience Worth – Sinopse

História Triste, A

Publicada em três volumes (de Patience Worth, psicografado por Pearl

Lenore Curran).

Emocionante história de Hatte, filho ilegítimo do imperador Tibério com

Teia, escrava grega. Na mesma noite em que Jesus vem ao mundo, Teia dá à luz.

Amargurada, batiza seu filho com o nome de Hatte (ódio).

Os caminhos dessas duas crianças vão se cruzar até o fim. Considerada a

melhor narrativa ambientada nos tempos de Cristo.

Publicada em três volumes: I – Panda, II – Hatte e III – Jesus

Editora Lachatre – A História Triste, – Sinopse

No início da década de 1910, um Espírito autodenominado Patience

Worth (algo como “Digna Paciência”) comunicou-se através de uma jovem

médium de nome Pearl Leonore Curran, ditando muitos poemas, vários contos e

alguns poucos romances, dos quais “A sorry tale” é o mais famoso.

Sua fama advém dos detalhes sobre a vida na Palestina à época de Jesus, e

também pela qualidade literária da obra, escrita em um inglês vitoriano e com uso

de neologismos particulares, característicos deste Espírito.

A médium em questão, comprovadamente analfabeta funcional e

extremamente iletrada, jamais poderia ter elaborado por si tal obra, e tudo o mais

que fora comunicado por Patience.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 159

Tal fato, ao invés de dar notoriedade à obra, a levou ao ostracismo, devido

ao preconceito à literatura mediúnica na época, que ainda vigora em alguns espaços

literários. Cabe aqui a nota de que a obra foi escrita valendo-se de uma prancheta,

ao invés da hoje costumeira psicografia.

The last, but not de least, é o fato de a obra ser mais uma daquelas que se

situa nos tempos do Mestre, ainda que, aparentemente, não verse sobre ele

especificamente (apesar de ele ser uma das personagens presentes neste primeiro

volume e ter um volume intitulado com o seu nome), assim como é “Há dois mil

anos” de Emmanuel.

Mais uma vez, o escrito tem tons autobiográficos, ainda que a autora

espiritual assim não o declare, mas os indícios de tal são visíveis e as notas

complementares de Hermínio de Miranda reforçam esta idéia.

Ódio (em inglês, Hate) nasce na mesma noite que Jesus, em condições

semelhantes, ambos nas cercanias de Belém. Filho do futuro Imperador Tibério com

uma “dançarina” de Roma, a mãe abandonada nutre tamanha mágoa com os

acontecimentos pretéritos que impregna sua existência e a de seu rebento com o

ódio do seu desamor, batizando o menino com o nome de Hate, mais tarde alterado

pela tutora judia para Hatte no intuito de minimizar a pecha maldita.

O decurso parece óbvio: uma vida de toda sorte amaldiçoada, para o jovem

e aqueles a sua volta, mas que, graças à presença de espírito, à sensibilidade e ao

amor do ex-escravo Panda é suavizada e apresentada como profunda oportunidade

de redenção de todos os envolvidos.

Os protagonistas do livro são a escória daquele mundo, os amaldiçoados que

procuram manter pura a alma apesar das mazelas a que estão

submetidos: deficiências mentais e físicas, lepra, humilhações, prisões e morte

física.

Os personagens transitam ao lado dos poderosos do mundo e daqueles que

se supõem muita coisa, mesmo sendo quase nada. Encontros e desencontros vão

tecendo a teia da trama do longo romance.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 160

Teia, a mãe de Hatte, é dotada de qualidades proféticas e parece prever o

decurso da vida de Jesus, que parece confundir com o futuro do próprio filho, que

também “herda” as faculdades da mãe. “Ele virá do Oriente” e “o sacrifício do

cordeiro” são visões recorrentes de uma mediunidade descontrolada.

Ela conhece Maria, identifica suas qualidades morais e espirituais e

profetiza seus infortúnios.

Mais tarde, Hatte encontra-se com o jovem Jesus, que o diz que tanto

Ele quanto Hatte encontrariam o Pai, e que ambos eram irmãos.

Jesus obviamente falava de Deus, mas Hatte julga tratar-se do pai

desconhecido, que ele mais tarde descobre ser da nobreza de Roma, um rei, o que

confunde ainda mais o entendimento do jovem, após Jesus afirmar diante do

Templo de Jerusalém que seu Pai habitava aquele lugar.

As falas e os diálogos são todos recheados de poesia e sabedoria, num texto

que flui leve pelos constantes infortúnios e desventuras de seus protagonistas e da

série de coadjuvantes que vão recheando a estória.

Pablo – A História Triste – Vol 1 – Panda – Sinopse

Patience Worth revelava nos seus escritos espantoso conhecimento de

diferentes épocas, manipulando fatos, costumes e ambientes, tanto quanto aspectos

históricos, topográficos, geopolíticos, econômicos, religiosos, o dia-a-dia da vida,

enfim, como se lá estivesse.

Somente uma pessoa que tenha, de alguma forma, vivenciado os fatos

poderia ter condições de escrever uma obra como The sorry tale. Não se trata do

relato de alguém que tenha adquirido conhecimento puramente livresco do que ali

se passou e do contexto em que tudo aconteceu.

A observação, contudo, não se aplica somente à histeria de Jesus; ela

escreveu com a mesma competência e sensação de presença sobre temática

medieval (Telka), sobre a Inglaterra vitoriana (século 19) e sobre a época de

Shakespeare.

Aliás, os pronunciamentos e escritos dela sobre o grande dramaturgo

elisabetano ainda estão à espera de estudo e meditação menos preconceituosos.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 161

(...)

Em suma: para entender o fenômeno Patience Worth e a força de sua

criatividade, de seu conhecimento de diferentes épocas do passado e – como tantos

reconheceram explicitamente – sua genialidade, torna-se inevitável recorrer à

desprezada, ‘perigosa’ e indigesta realidade espiritual subjacente em tudo quanto

ela disse e escreveu.

Em outras palavras mais explícitas: que ela era uma entidade espiritual

independente que operava através do psiquismo – ou melhor, da mediunidade – de

Pearl Curran. Isso era e, de certa forma, continua sendo impensável para a maioria

esmagadora dos intelectuais – escritores, jornalistas, críticos, cientistas,

profissionais das ciências psi e outros pesquisadores da mente.

De minha parte, me alinho entre os ‘suspeitíssimos’ reencarnacionistas há

pouco mencionados e vejo-me obrigado a acrescentar que Patience Worth tinha de

ser, necessariamente – e de fato, era – uma entidade reencarnante.

Ou seja, vivera, como todos nós, numerosas vidas na Terra ou alhures; não

era uma simples estudiosa de diferentes períodos, mas testemunha viva dos cenários

e eventos nos quais situava suas numerosas personagens fictícias ou reais.

Suas histórias não se movem num clima de erudição meramente literária de

quem teria estudado a fundo as épocas a que se refere, ela parece ter ‘estado lá’ em

vista dos convincentes depoimentos testemunhais que oferece, pintando com as

dramáticas cores vivas do realismo os costumes, as línguas que falavam, as religiões

que professavam, as idéias que discutiam.

(...)

Em suma, o fenômeno Patience Worth prossegue indecifrado para muitos e

indecifrável para outros tantos; sua obra morreu porque a linguagem escolhida por

ela, para lhe conferir autenticidade e demonstrar que a médium nada tinha com sua

forma ou conteúdo, foi considerada difícil demais – o que é verdadeiro – e porque

se ‘contaminou’ com o perigoso vírus do ocultismo.

Não tenho a pretensão de achar que resolvi satisfatoriamente o complexo

problema da tradução; procurei reescrever o livro numa linguagem que o tornasse

inteligível.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 162

A obra tem mérito próprio a despeito da peculiar linguagem em que foi

escrita originariamente, quer a gente aceite ou não os conceitos da realidade

espiritual nela contidos.

E isso não apenas por sua beleza literária, mas pelo assombroso

conhecimento que a autora revela daqueles tempos remotos. Ela recria o passado

como se estivesse lá, e não como alguém que apenas ouviu falar do que ali teria

acontecido.

Uma última palavra: não existe nada misterioso ou enigmático no caso

Patience Worth, senão o enigma da próprio autora espiritual, que pouco falou de si

mesma. Uma entidade espiritual, sobrevivente à a morte corporal por intermédio de

uma sensitiva surpreendente e bem articulada história passada no tempo do Cristo.

No entanto, virou tudo o que os franceses chamariam de cause célèbre, um

descomunal e despropositado debate, tão rico em demonstrações de erudição e

cultura quanto de tenaz rejeição e ignorância da realidade espiritual que o tornou

possível.

Hermínio de Miranda – O mistério de Patience Worth – 1º Parte

O notável psiquista Walter Prince teve a felicidade de observar a médium

americana, Sra. Curran, cujos fenômenos principais eram os da mencionada

literatura de Além-túmulo.

O Dr. Prince descreve minuciosamente o fato num livro intitulado — “O

Caso de Patience Worth”. “Patience” é a personalidade que se manifesta.

Examinando, preliminarmente, a capacidade intelectual da sensitiva,

verificou W. Prince que ela era comum, vulgar: a capacidade de uma pessoa inculta.

Entretanto, a entidade revela um conhecimento histórico, literário e filosófico rara

e dificilmente verificável.

“Patience”, o Espírito, a entidade comunicante, conversa num dialeto falado

há 3 séculos; escreve romances e poemas em velhos idiomas e no patrão do tempo

e do lugar em que disse ter existido no nosso triste planeta.

O curioso é que não se engana jamais. Num dos seus romances — “Telka”

— constituído por 70.000 palavras, escritas em inglês arcaico, não se encontra um

único vocábulo posterior ao ano 1600.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 163

Isto é tanto mais de admirar, diz o Prof. Schiller, da Universidade de Oxford,

que na primeira tradução da Bíblia há somente 77% de vocábulos anglo-saxônios,

e é preciso recuar até Layamon, no ano 1205, para atingir-se a percentagem dos

termos anglo-saxônios empregados por Patience Worth.

Toda a análise do assunto, pelo Prof. Schiller, encontra-se nos

“Proceedings” da “Society Psychical Research”, vol. 36, pág. 574.

Gaspar Yost acrescentava:

“Telka é inigualável no que toca à pureza da língua anglo-saxônia. À

exemplo de Shakespeare, ela emprega, por vezes, um advérbio em vez de um verbo,

ou de um nome, ou de um adjetivo, o que se explica pelo estado transitório da língua

inglesa nessa época.” — (Cit. Por Prince, em sua obra, pág. 363.)

Parece, ainda, de mais valor, de maior vulto, a admirável obra recebida

mediunicamente pela mesma senhora e intitulada — “The Sorry Tale” (A História

Triste), cuja ação se desenvolve na Palestina, ao tempo do Cristo.

Na opinião de Bozzano, as cenas aí são representadas de modo

impressionante, geográfica e historicamente irrepreensíveis, e os fatos que a

princípio se consideravam errados, verificou-se mais tarde que eram de impecável

exatidão.

Miguel Timponi – A Psicografia Ante os Tribunais – Cap. Literatura de

Além-Túmulo

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 164

3.7.13.8 Lady Nona – Ancient Egypt Speaks – A Voz do Antigo Egito

Nessa mesma coleção inglesa [romances recebidos por Geraldine

Cummins, em língua inglesa – ver Os Escritos de Cleofas] aparecem dois outros

livros, do Dr. F. H. Wood, ditados por Espírito [Lady Nona ou Lady Ninguém] ainda

mais antigos, e que por isso mesmo nos fazem reviver o passado.

O cenário já é outro, é o antigo Egito. Os títulos desses dois volumes são:

− Ancient Egypt Speaks (“O Antigo Egito nos fala”). Neste, uma antiga princesa

babilônica que se tornou rainha do Egito vem nos falar e demonstrar sua

existência real, servindo-se para isso de uma sua filha adotiva que hoje é a

médium inglesa Rosemary, reencarnada em nossos dias, depois de uma longa

série de reencarnações.

− This Egyptian Miracle (“Este Milagre Egipciano”). É a continuação do

precedente, ampliando, defendendo e justificando aquela revelação do velho

Egito.

Ismael Gomes Braga – Revista Reformador – 1944 – Julho – Nova Fase

Mais notável, mais espantoso, ainda, que todos os casos até agora

apresentados, é a da velha linguagem egípcia, que ressurge depois de 3 mil anos, na

sua forma, na sua sonoridade, trazendo à luz vários problemas linguísticos,

desvendando mistérios que pareciam impenetráveis, visto que jaziam soterrados

pelo tempo, pelo pó, em companhia dos sarcófagos dos velhos faraós. Tudo surgiu

a lume.

O passado se fez presente, instantaneamente, assombrosamente.

Trabalhava, com o Dr. Wood, notável médium que se escondia sob o

pseudônimo de Rosemary. Por ela se manifestava um Espírito que dava o nome de

Lady Nona, dizia ter vivido no Egito, havia longos séculos.

Fornecia, a princípio, recordações pessoais, uma exata descrição de

instrumentos musicais da época, pormenores sobre Mênfis, os faraós, as cerimônias

religiosas, a Esfinge, e pitorescas descrições sobre a vida do povo egípcio.

Inopinadamente, Nona, o Espírito, que falava o inglês, entrou a discorrer em

egípcio.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 165

A médium ouvia sons, falados numa língua desconhecida.

O Dr. Wood fizera conhecimento com um egiptólogo, o Sr. Howard Hulme,

de Brighton, familiarizado com o idioma dos faraós. Nunca dantes, aliás, se

conheceram.

Centenas de frases foram ditadas pela individualidade espiritual, e o Dr.

Hulme reconheceu que se tratava de uma linguagem esquecida há muitos séculos,

pois que se falava no Antigo Egito, na 18ª dinastia, 1576 anos antes da era cristã.

O Dr. Wood apanhava o ditado conforme o som; remetia-o ao Dr. Hulme.

Este, mais tarde, devolvia o trabalho traduzido em hieróglifos egípcios,

acompanhados da tradução em inglês.

O mais interessante — acrescentava Wood — é que as respostas

correspondiam sempre, de maneira espantosa, às nossas perguntas à Entidade, e ao

assunto de que tratávamos. Tal é, num rápido escorço, o que nos refere

desenvolvidamente o Dr.Wood, no periódico “Two Worlds”, em 14 de Outubro de

1932.

O Dr. Wood publica um estudo do caso num livro intitulado — “The

Rosemary Records”, Manchester, 1932.

A respeito, escreve o General Peter, numa revista científica alemã,

“Zeitschrift für Seelenleben”, pág. 57:

“Há três anos Rosemary é “controlada” por Lady Nona, princesa que

esposou, há 3 mil anos, o faraó Amenhotep III, o qual a fez afogar no Nilo.

Tomado de remorsos, o uxoricida quis suicidar-se; ela, porém, o impediu”.

História fantástica, certo, mas o Dr. Wood procurou provas. A descrição dos

instrumentos de música do tempo de Amenhotep foi verificada, depois de inquérito

e pesquisa. O retrato do monarca, feito pelo Espírito, coincidia com o do existente

no British Museum.

As indicações históricas eram perfeitas, conforme se descobriu.

A faraona fala em seu idioma, e o Sr. Hulme, distinto especialista em

dialetos do antigo e moderno Egito, pôde verificar e fiscalizar radicalmente esse

maravilhoso caso de xenoglossia.”

J. J. Prudhon, referindo-se a outro trabalho de Wood, sobre o caso, explica:

— “Trata-se da história de Lady Nona; concubina do faraó Amenhotep III.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 166

Nona procurou estabelecer sua identidade por mais de 300 provas

linguísticas, em puro egípcio antigo, falado, foneticamente registrado pelo autor, e

traduzido em inglês pelo Sr. Howard Hulme. (“Revue Spirite”, 1935, página 399.)

Foram a mais de 800 as mensagens egípcias. Delas trata amplamente e mais

circunstanciadamente o Dr. Wood, no seu último livro — “Ancient Egypt Speaks”,

e, em português, o Sr. F. V. Lorenz, em seu livro — “A Voz do antigo Egito”.

Miguel Timponi – A Psicografia Ante os Tribunais – Cap. Literatura de Além-

Túmulo

O livro do saudoso Francisco Valdomiro Lorenz, "A Voz do Antigo Egito”,

já está em sua 4º edição [1982], perfazendo assim, um total de vinte e cinco mil

exemplares à disposição dos espíritas e daqueles afeitos às boas leituras.

(...)

Na obra em apreço [A Voz do antigo Egito], o Autor delineou claramente o

seu principal escopo – o de reunir, numa síntese para os de língua portuguesa, uma

irreprochável prova, irretorquível demonstração da sobrevivência do Espírito e da

existência da reencarnação, extraída de três livros escritos por Frederic H.

Wood, e publicados por Rider & Co., Londres [Ancient Egypt Speaks, This

Egyptian Miracle e After Thirty Centuries].

Dr. Frederie H. Wood foi professor de música e notável cientista inglês e

pouco antes da primeira guerra mundial falecera-lhe o irmão por acidente em uma

rua de Londres e ele, então, muito impressionado pelo súbito acontecimento,

passou a interessar-se pelo Espiritismo, " ... encontrando alguns médiuns bons e,

por intermédio deles, conseguiu obter comunicações do Espirito de seu querido

irmão''.

Posteriormente, o Dr. Wood veio a conhecer uma jovem chamada Rosemary

que, absolutamente, não se interessava pelos fenômenos espiritistas, mas,

simplesmente, pela música. Certa vez, no ano de 1927, em presença do Dr. Wood,

Rosemary sentiu um forte tremor no braço direito e ele, supondo ser um indício de

mediunidade, propôs a ela que se dedicassem. uma vez por semana, durante

algumas horas, a sessões regulares.

E assim foi feito.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 167

Desenvolveu-se a mediunidade da jovem e, inicialmente, comunicou-se um

Espirito que se chamou Muriel e que dava respostas inteligentes às perguntas do

Dr. Wood.

Após quatro semanas de estudos e dedicação, esse Espírito declarou:

“Estamos preparando a médium para uma missão importante. Quando

tivermos concluído os preparativos, virá substituir-me alguém que poderá dar

mensagens de maior valor do que as minhas."

E no mês de outubro de 1928, escreveu: "Está aqui um Espírito que, de

agora por diante, guiará a médium. O seu nome, entre os Espíritos, é Lady Nona;

viveu no Egito, em tempo muito remoto. É um Espírito elevado e poderoso; parece

de natureza estranha e fria como a água fresca de uma fonte clara e perfeitamente

pura."

Daí partiram as comunicações de Nona através de Rosemary

(...)

Nas 177 páginas de "A Voz do Antigo Egito", o leitor vive a história do

Egito faraônico de três milênios atrás, com riquezas de detalhes descritos por Lady

Nona que, naquele tempo, se chamava Telika, e que fora mãe adotiva da atual

Rosemary, então chamada Vola.

O livro resume dez anos de sessões, trabalhos, pesquisas minuciosas, junto

a arqueólogos, egiptólogos, museus, enciclopédias, etc., convencendo à saciedade

os que desejarem ter mais uma fonte segura sobre comunicabilidade, sobrevivência

e reencarnação dos Espíritos ...

Carlos de Almeida Wutke – Revista Reformador – 1982 – Agosto – Você já leu

"A Voz do antigo Egito"?

A Voz do Antigo Egito

Este livro apresenta 2 partes:

A primeira parte apresenta um retrospecto sobre a origem dos egípcios,

dinastias, divisão social e costumes, ciência, artes e religião

Na segunda parte, compara as comunicações mediúnicas com o que nos diz

a história, mostrando a imortalidade da alma e as vidas sucessivas como meio de

evolução espiritual na Terra.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 168

Milênios nos separam da civilização egípcia e uma rainha da XVIII dinastia

comunica-se com uma médium inglesa que vivera com ela em uma encarnação no

ano 3.300 a.C. Expressando-se na língua do antigo Egito faraônico, ela fala aos

homens do século XX, oferecendo provas da sobrevivência da alma e da

reencarnação.

Editora FEB – A Voz do Antigo Egito – Sinopse

Francisco Valdomiro Lorenz nasceu na Boêmia província da

Checoslováquia, no dia 24 de dezembro de 1872, situada entre a Áustria e a

Alemanha.

Era colaborador espontâneo do Círculo Esotérico da Comunhão do

Pensamento.

Através de suas obras foi um evangelizador do Ocidente. Falava 72 línguas

com seus respectivos dialetos. Desencarnou no dia 24 de maio de 1957, às 13 horas,

em Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul.

(...) Por outro lado, como as vidas se encadeiam sucessivamente, nascemos,

morremos e renascemos ciclicamente, em diferentes contextos históricos,

geográficos, culturais, sociais e econômicos, numa extraordinária diversificação de

experiências enriquecedoras.

Tais experiências vão-se lentamente depositando em camadas psíquicas,

que poderão, em tempo futuro, ser exploradas por processos semelhantes aos da

arqueologia, numa penetração cada vez mais profunda através dos inúmeros

estratos mnemónicos. Com a vantagem de que, em vez de investir tempo, dinheiro,

esforço e erudição na decifração de fragmentos e indícios mudos, as camadas

geológicas’ da memória são lidas, ao vivo, pelo próprio ser que nesses arquivos

secretos registrou suas experimentações com a vida, ou melhor, com as suas vidas.

Selecionamos para este livro uma dessas experiências pioneiras, realizada

entre 1927 e 1937, na Inglaterra, quando o dr. Frederic H. Wood, assessorado pelo

prof. Howard Hulme, assistiu ao ‘milagre’ de ouvir a remota língua dos faraós

falada pela boca da sensitiva Rosemary. Os hieróglifos deixavam de ser mudos.

Hermínio C. Miranda – Arquivos Psíquicos do Egito – Introdução

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 169

Arquivos psíquicos do Egito é uma obra literária, escrita por Hermínio

Correa de Miranda em 1994, que relata e estuda uma experiência

mediúnica psicográfica, começada em 1928 na Inglaterra, em que a Lady Ivy

Beaumont, de pseudônimo Rosemary, e o Dr. Frederic H. Wood comunicavam-se

com Lady Nona (senhora ninguém, em egípcio antigo), espírito de uma mulher que

declarou ter vivido durante a XVIII dinastia egípcia, experiência esta publicada no

livro de Frederic H. Wood Ancient Egypt Speaks.

Neste livro, Hermínio Miranda estuda sobre o que ele acredita que seja uma

experiência incrível ocorrida unicamente, até hoje, na Inglaterra, a comunicação

mediúnica com um espírito que revelou algo de como era a língua falada no Antigo

Egito.

Com os estudos iniciados por Champollion e continuados por diversos

egiptólogos conseguimos hoje estudar e descobrir o que diz os hieróglifos egípcios,

mas a língua egípcia permanece ainda como um grande segredo.

Hermínio Miranda discorre e tenta não deixar cair no esquecimento esta

incrível experiência.

No livro ele conta desde como as personagens se depararam com a

experiência mediúnica até a importância das revelações de Lady Nona. Miranda

chega a relatar até que por psicofonia Lady Nona, utilizando-se da médium Ivy

Beaumont, falou em egípcio antigo a estudiosos da International Institute of

Psychical Research, em 4 de maio de 1936, que gravaram a palestra.

Durante o livro Hermínio Miranda relata o seu aborrecimento de não ter

recursos para ir à Inglaterra estudar os arquivos e gravações da experiência

pessoalmente.

Wikipedia – Arquivos Psíquicos do Egito

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 170

3.7.13.9 Omm Sety – Abydos: holy city of Ancient Egypt – A Noviça e o

Faraó

Bentreshit era uma bela e jovem sacerdotisa do Templo de Osíris, em

Abidos; Seti I, um faraó empreendedor e guerreiro, dos mais bem sucedidos do

antigo Egito.

O amor entre eles, no entanto, era completamente proibido pelas leis do

Templo. A dolorosa punição foi uma separação forçada que durou 3.000 anos.

O reencontro se deu na Inglaterra, em pleno século XX. Esta pode parecer

apenas uma linda história de amor – e realmente o é. Muito além disso, é a mais

espetacular prova da reencarnação de que se tem notícia, narrada pela pena genial

de Hermínio Miranda.

A noviça e o faraó é a extraordinária história de Omm Sety.

É o relato de duas histórias paralelas muito elucidativas para se compreender

como o atual paradigma materialista que se instalou na ciência é insuficiente para

descrever o universo em que vivemos.

O primeiro relato é a história realmente fantástica de uma menina cujas

influências de uma antiga encarnação no Egito transformaram-na numa das maiores

autoridades da arqueologia contemporânea. Dorothy Eady, a personagem em

questão, era dotada de um senso de objetividade e simplicidade aliado a um

profundo conhecimento das questões do antigo Egito que lhe garantiam as

qualidades de meticulosa pesquisadora.

O segundo, que pode passar despercebido pelo leitor empolgado com a

história de Omm Sety (pseudônimo adotado por Dorothy Eady), é o das agruras de

um jornalista norte-americano (Jonathan Cott) que se propõe não apenas a biografar

a enigmática vida da arqueóloga inglesa, mas empreende imensa e vã tentativa de

enquadrá-la dentro do padrão científico atual.

Este é o material de que Hermínio Miranda se utiliza para escrever mais uma

de suas geniais obras.

Arguto, aproveita a estupefação de Cott – a visitar psiquiatras, psicólogos,

parapsicólogos e até místicos, em suas ingênuas tentativas de entender sua

biografada – para questionar o atual modelo dogmático e materialista que tomou

conta dos meios acadêmicos.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 171

Esta, como sabemos, é a 'praia' de Hermínio Miranda, que coleciona textos

primorosos sobre o assunto. Com uma dialética brilhante, impecável lógica e de

posse de fatos contundentes, o renomado escriba desconstrói a estrutura acadêmica

dos dias atuais, suntuoso edifício cujas bases foram construídas sobre a areia.

Hermínio, da autoridade de seus 90 anos, como pesquisador atento e escritor

competente, lembra aquele vinho de excelente qualidade.

José Carlos Munhoz Pinto – Jornal O Consolador – Ano 5 – N° 207 – 1° de

Maio de 2011 – A Noviça e o Faraó – Sinopse

A extraordinária história de Omm Sety é o relato de duas histórias paralelas

muito elucidativas para se compreender como o atual paradigma materialista que

se instalou na ciência é insuficiente para descrever o universo em que vivemos.

O primeiro relato é o da história realmente fantástica de uma menina cujas

influências de uma antiga encarnação no Egito transformaram- na numa das

maiores autoridades da arqueologia contemporânea. Dorothy Eady, a personagem

em questão, era dotada de um senso de objetividade e simplicidade aliado a um

profundo conhecimento das questões do antigo Egito que lhe garantiam as

qualidades de meticulosa pesquisadora.

O segundo relato, que pode passar despercebido pelo leitor empolgado com

a história de 0mm Sety (pseudônimo adotado por Dorothy Eady), é o das agruras

de um jornalista norte-americano (Jonathan Cott) que se propõe não apenas a

biografar a enigmática vida da arqueóloga inglesa, mas empreende imensa e vã

tentativa de enquadrá-la dentro do padrão científico atual.

(...)

Acontece que a história de Omm Sety é real, muito real e bem documentada,

ainda que pontilhada de aspectos tão espantosos que o leitor desprevenido poderá

ser induzido a pensar que se trata de mera ficção científica.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 172

Esta é, aliás, uma das coisas que temos de combinar, leitoras e leitores de

um lado, e eu, de outro: estejam preparados para uma acidentada viagem através da

história de Omm Sety, pois o caminho a percorrer é acidentado e irá proporcionar-

lhes numerosos e inesperados solavancos, que muito exigirão da capacidade de cada

um para aceitação de fenômenos e fatos insólitos, para dizer o mínimo.

De minha parte, assumo o compromisso de reproduzi-los fielmente, sem

questionar-lhes a autenticidade, dado que os testemunhos que temos a respeito

merecem credibilidade, qualquer que seja nossa opinião sobre eles. Como já se

disse alhures: aquele que tem um fato não está à mercê de quem dispõe apenas de

uma opinião ou de um argumento.

Hermínio de Miranda – A Noviça e o Faraó – Introdução

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 173

3.7.13.10 Escritos de Cleofas – Geraldine Cummins

A literatura espírita entrou em uma nova fase que fica marcada pelos

romances mediúnicos de Geraldine Cummins, na Inglaterra, e Francisco Cândido

Xavier, no Brasil. Esses romances escritos por grandes Espíritos que já eram ilustres

quando Jesus desceu à Terra em sua gloriosa missão e que agora voltam para nos

relatar acontecimentos históricos daquele tempo, fazendo assim reviver o

nascimento do Cristianismo, seguem linhas paralelas nos diversos países.

Não são cópia uns os outros; não.

Todos têm originalidade, são escritos por personagens marcantes, depondo

o que sabem e apreciando tudo com seus sentimentos, mas o plano geral é o mesmo:

reviver no coração do homem o Cristianismo primitivo em toda a sua pujante força.

Vejamos a lista apenas dos grandes romances recebidos por

Geraldine Cummins, em língua inglesa, que vão alcançando sucesso mundial, e

notaremos que eles são sobre os mesmos temas tratados por Emmanuel, em livros

escritos pela mão de Francisco Cândido Xavier. Eis essa lista:

The Scripts of Cleophas (“Os manuscritos de Cleofas”). São as notas

escritas por um contemporâneo e discípulo de Jesus, um dos dois a quem o Mestre

apareceu no caminho de Emaús.

The Great Days of Ephesus (“Os grandes dias de Êfeso”). Narração

romântico-histórica dos tempos gloriosos de Êfeso.

After Pentecost (“Depois de Pentecoste”). Relato dos primeiros anos

do Cristianismo.

When Nero was dictator (“Quando Nero era Ditador”). Igualmente

um relato romântico-histórico dos acontecimentos nos dias da ditadura de Nero.

Todos esses livros são apresentados por Espíritos que viveram

naquele tempo, mas em forma de romances históricos, com valor artístico, são

aceitos sem discussão, pois que não são apresentados como obras de ciência, mas

simplesmente como romances.

Ismael Gomes Braga – Revista Reformador – 1944 – Julho – Nova Fase

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 174

Outra escritora-médium de nacionalidade irlandesa foi Geraldine Cummins,

que recebeu páginas de estilo religioso e evangélico que comoveram a crítica

teológica e literária internacional.

Sua obra, Escritos de Cleofas, foi reconhecida como uma ampliação

suplementar para maior conhecimento do livro Os Atos dos Apóstolos, contido no

Novo Testamento.

Foi considerada uma obra mediúnico-literária de verdadeiro valor histórico

e como "crônica sagrada" complementar de Atos dos Apóstolos, que nos chegaram

mutilados em algumas partes, conseqüência da perseguição aos primeiros cristãos

(ver Literatura do Além-Túmulo, de Ernesto Bozzano).

Este livro mediúnico chamou atenção do célebre escritor inglês Sir Arthur

Conan Doyle e de destacadas personalidades católicas. Além disso, nesse mesmo

período brilhante para as letras mediúnicas apareceram escritores médium como

Willian Sharp e Esther Dowen, que receberam as partes não concluídas de trabalhos

de Oscar Wilde e comédias póstumas deste mesmo autor.

Humberto Mariotti – Victor Hugo Espírita – Cap. – Advento da Literatura

Espírita e Mediúnica.

A irlandesa Geraldine Cummins desafiou o senso corriqueiro ao tratar de

assuntos considerados intocáveis por sacerdotes de diversas religiões.

Por intermédio de sua Mediunidade foram dadas notícias e detalhes a

respeito da vida de Jesus e de Paulo, o apóstolo dos gentios.

Aqueles que foram analisar a atuação da médium, com o objetivo de

desmascará-la, encontraram tanta sinceridade e espontaneidade que se propuseram

a ler suas mensagens.

Nelas foram encontrados tantos detalhes envolvendo questões históricas,

referências geográficas e termos utilizados na antiga Palestina, que somente

poderiam ter sido utilizados por quem tivesse vivido ou conhecido profundamente

aquela região e os fatos que lá ocorreram.

Embora o conhecimento daqueles fatos pudessem ser alcançados por algum

estudante dedicado, este não era o caso de Geraldine, que não se interessava por

aqueles assuntos e nunca estivera no Egito ou na Palestina.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 175

As sessões de experimentação foram iniciadas em 1923. Foi assim que

Geraldine, que contava com a ajuda de sua amiga E. B. Gibbes descobriu-se

médium psicógrafa.

Durante dois anos elas trabalharam em busca do desenvolvimento, até que,

em 1925, surgiram mensagens tratando de fatos ligados à história do Cristianismo

primitivo, o autor delas identificou-se pelo nome O Mensageiro.

Ernesto Bozzano esteve acompanhando as reuniões para verificar sua

performance mediúnica e ressaltou que durante um semi-transe que dominou a

médium ela escreveu com incrível rapidez. “(...) 1,500 palavras eram ditadas, sem

interrupção, numa hora. Uma vez terminado, o ditado, ele era imediatamente

retirado, na ignorância do seu conteúdo, com o fim de se evitarem interferências

possíveis de sua subconsciência”. Trecho retirado do livro “As Mulheres Médiuns”,

de Carlos Bernardo Loureiro.

No dia seguinte, Geraldine retomava a mensagem exatamente do ponto que

parara, mesmo não tendo tomado conhecimento sobre o local da interrupção.

No dia 16 de março de 1926, durante uma reunião, ela escreveu mil

setecentos e cinqüenta palavras em uma hora e quinze minutos, com um detalhe:

suas mensagens eram escritas à lápis, o que tornava o processo mais lento.

O primeiro livro mediúnico que ela recebeu foi “The Scripts of Cleophas”

(Os Escritos de Cleofás).

O orientador espiritual de Geraldine informou que se tratava de

suplementação do livro Atos dos Apóstolos e das epístolas de São Paulo.

Neste trabalho foram tratados assuntos do Cristianismo primitivo e do

trabalho dos apóstolos após a “morte” de Jesus, chegando até o momento em que

Paulo partiu da Beréia para Atenas.

Esta obra foi enaltecida por representantes do Protestantismo e do

Catolicismo, pela clareza e detalhes que eram descritos os fatos e lugares relativos

à época em que a história se passou.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 176

3.7.13.11 O Faraó Alado – Joan Grant

Quando chegou minha vez de voltar à Terra, um Mensageiro dos Grandes

Chefes Supremos me alertou dizendo-me que eu deveria renascer em Kam, e que

as duas pessoas encarregadas de moldar o meu corpo me dariam as boas-vindas,

pois haviamos sido companheiros, e os lações que nos uniram eram de amor e não

de ódio.

Joan Grant – O Faraó Alado – Prefácio

Joan Grant ficou famosa após escrever, em 1937, o livro “Winged Pharaoh”

(Faraó Alado), no qual contou a história de Sekeeta, filha de um faraó – a qual alega

ter sido uma de suas reencarnações de vida passada. O que ela conta sobre o Antigo

Egito parece corresponder bem com o que os arqueologistas sabem, e inclusive

adiciona novas descobertas que ainda não haviam sido feitas.

(...)

Joan Grant foi filha de J. F. Marshall, um respeitado entomologista

britânico, e de Blanche Marshall, uma médium que alegava ter previsto o naufrágio

do Titanic.

Em mais de 100 sessões espíritas de recordação, Grant afirma ter ditado os

capítulos de “Winged Pharaoh”. Em um tipo de estado de transe, ela coletou

essas memórias, e as montou posteriormente em narrativa cronológica

Editor – EpochTimes – 2015

Joan Marshall Grant Kelsey (Londres, 12 de abril de 1907 – 3 de fevereiro

de 1989) foi um escritor inglês de romances históricos e reencarnacionista.

(...)

Seu primeiro e mais famoso romance foi o faraó alado (1937). Grant

disparou para a fama inesperada após a publicação. O New York Times saudou como

"Um livro de idealismo bem, profunda compaixão e uma qualidade espiritual pura

e brilhante como chama”. Um sentimento ecoado em comentários publicados em

outras partes do mundo.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 177

O que seus leitores não sabiam oficialmente, por quase mais vinte anos, foi

que Joan alegou ter recordado os eventos no Faraó Alado enquanto estava em

um estado hipnótico, ou estado de transe, ditando gradativamente a vida que ela

acreditava ter vivido.

O livro ainda é considerado um clássico de culto na chamada literatura da

Nova Era . Ele foi seguido por outras fantasias históricas, ou como Grant os

chamou, "livros de memória distante" ou "autobiografias da vida anterior".

O faraó alado foi inicialmente aceito como um romance. Grant estava

consciente de muitos detalhes da história egípcia, tendo acompanhado seu primeiro

marido em suas expedições egípcias. Os ocultistas abraçaram-no como uma

autobiografia de uma existência anterior.

Wikipédia – Joan Grant

Winged Pharaoh é um romance histórico da escritora inglesa Joan Grant ,

publicado pela primeira vez em 1937.

Grant atribuiu a fonte de suas informações neste romance às suas

habilidades extra-sensoriais de "Memória distante", particularmente a capacidade

de lembrar suas próprias vidas passadas.

A história é narrada por Sekhet-a-Ra, conhecido familiarmente como

Sekeeta. A maior parte da história se passa na cidade de 'Me'n-atetiss', Memphis,

Egito , fundada pelo ancestral de Sekeeta 'Meniss' ( Menes ).

No decorrer da narrativa, ela se torna co-Faraó com seu irmão Neyah

durante a Primeira Dinastia do Antigo Egito.

A narrativa segue sua vida e treinamento nas artes da guerra, política e

metafísica.

Todos os membros da família real são rotineiramente treinados no uso

de habilidades extra-sensoriais e ensinam uma doutrina de disciplina

esotérica, reencarnação e carma .

No decorrer da história, ela tem um caso com um homem chamado Dio

de Minoas, e dá à luz uma filha que ela chama de Tchekeea, que se torna o quarto

governante da Primeira Dinastia, Den .

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 178

Sekeeta monta uma carruagem para a batalha e se envolve em um combate

corpo a corpo para defender o Egito da invasão pelo povo de 'Zuma' ( Suméria , que

dizem ser a terra dos precursores dos babilônios ), no 'Anfiteatro de Grain ', agora

o site de Tell el-Amarna .

Sekeeta vive até uma idade avançada, morre e é enterrado em Abidwa, o

moderno Abydos, Egito .

O nome em sua tumba é Meri-Nyet, seu "nome de sacerdote", que pode ser

traduzido mais apropriadamente como Merneith .

Wikipédia – O Faraó Alado

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 179

3.8 Literatura Espírita Mediúnica – Revisão Editorial – Diretrizes

Escrever com simplicidade e clareza, concisão e objetividade, esforçando-

se pela revisão severa e incessante, quanto ao fundo e à forma, de originais que

devam ser entregues ao público.

O patrimônio inestimável dos postulados espíritas está empenhado em

nossas mãos.

André Luiz – Conduta Espírita – Cap. 15 – Na Imprensa

A revisão – seja de obra espírita ou não – é uma atividade não muito

conhecida, um trabalho anônimo, apesar de sua constante presença na publicação

de livros, revistas e jornais.

É um ofício que se configura como "coluna dorsal de qualquer obra escrita

que se deseja prezar”.

Atividade intelectual por excelência, requer sólidos conhecimentos de

gramática, de produção textual e um considerável lastro de conhecimentos gerais.

Quanto melhor a revisão, melhor a qualidade da obra. Afinal, de que

adiantaria um livro, por exemplo, com uma estética impecável, bela capa, excelente

editoração e apresentação, mas com um conteúdo cheio de erros gramaticais,

ambiguidades e erros de digitação?

Dentre os poucos que a conhecem ou atentam-se à sua existência, alguns

acreditam na substituição dos revisores, por causa da chegada cada vez maior de

novas ferramentas virtuais para correção de textos. Porém, é notório,

principalmente para quem entende do assunto, que esses programas não ocupam a

lacuna que a ausência de um profissional causa, principalmente em virtude das

complexidades e nuances da língua que estão presentes nos textos.

Em meio aos tipos de revisão, tratar-se-ão aqui a revisão com enfoque em

obras espíritas e a revisão copidesque, porque no nosso caso – nós, a equipe de

revisão da Editora LEAL, oscilamos entre esses dois estilos.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 180

Para tanto, apresentamos as descrições dicionarizadas desses trabalhos:

Como se pode observar, a função primária do revisor, seja ele copidesque

ou não, é tornar o texto claro, coeso, com ortografia de acordo com a norma-padrão

gramatical vigente. No entanto, para se chegar a esse objetivo, as revisões seguem

caminhos diferentes.

A revisão espírita, por exemplo, apresenta certas idiossincrasias, diferenças

em relação aos demais tipos de revisão e de revisor.

E é por isso que o revisor espírita, como é o nosso caso, quando se trata de

obras psicografadas, precisa ter certos cuidados e limites que não existem, ou

existem em graus diferentes nos outros tipos de revisão, por respeito à escrita, ao

Espírito, ao médium e à própria mensagem.

Quando se trata do trabalho na Revista Presença Espírita, a situação muda

parcialmente de figura. Há flexibilidade, permitindo-nos, ou melhor, exigindo-nos

que atuemos como revisores também copidesques, por existir a necessidade de

adequação dos textos ao espaço que ocuparão, melhorias de coesão e coerência,

acréscimos e até mesmo reestruturação textual, pois que uma redação lógica,

fluente, entendível deve caracterizar qualquer texto, e este é o trabalho do

copidesque, desde que o sentido da obra não seja, em hipótese alguma, alterado, ou

o estilo que caracteriza o autor seja perdido.

Vale ressaltar, entretanto, que não afirma- mos com isso que o revisor

tradicional e o copidesque estão livres para fazer as mudanças que bem desejarem

em algum texto.

Existem, sim, os diversos respeitos supracitados, mas com peculiaridades.

Afinal, é muito mais simples apresentar as mudanças necessárias a serem feitas em

textos "comuns" para seu autor do que em um texto psicografado, dada a

complexidade deste acontecimento.

(...)

Diante de todo esse cenário comparativo explicitado, quando se pensa

especialmente no revisor que lida com o livro psicografado, é fundamental conferir

um tratamento diferenciado ao texto, visto que, como dito, esse é um escrito psico-

gráfico, com marcas estéticas, redacionais, lógicas, temporais que caracterizam a

idiossincrasia de cada autor espiritual.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 181

Nesse sentido, o corretor que trabalha com o texto espírita deve estar

munido, como qualquer outro profissional da área, de conhecimentos linguísticos,

gramaticais e gerais, mas, sobretudo, ser sensível às especificidades que envolvem

a literatura espírita.

Não se pretende nesse contexto pensar o profissional como passivo e refém

daquilo que é posto no texto, até porque este deve estar atento aos problemas tanto

sintáticos quanto semânticos que ocorrem no texto, em face do próprio percurso

que o livro (sobretudo o psicografado) percorre antes de chegar à prateleira das

livrarias – relação Espírito-médium, revisão e digitação do médium, envio para a

editora, edição e diagramação do livro, duas ou três revisões, enfim, é um largo e

complexo percurso.

(...)

Nesse contexto, o profissional de revisão não pode deixar que prevaleçam

em suas revisões somente seus interesses, suas predileções, seus gostos estilísticos,

mas sopesar e pesquisar muito acerca do que está sendo posto, desde um vocábulo

incomum a uma estrutura ou pontuação fora dos padrões comumente vistos, de

modo a evitar remoção ou inserção inadequada de pistas e intencionalidades

textuais, além de anular, em alguns casos, as marcas espaço-temporais que

permeiam qualquer texto, e que no psicografado não é diferente, uma vez que, como

dito, isso é marco de verossimilhança, que pode inclusive marcar a identidade de

cada autor espiritual.

(...)

Em suma, diante desse conjunto de idiossincrasias que permeia estilo e

abordagem, é peremptório perceber que o revisor (sendo ou não copidesque) não

pode nem deve ser indiferente a essas nuances, tampouco olhar os textos por "lentes

que sejam somente as da sua realidade", pois, durante o polimento do texto, deve-

se ter o cuidado, a observação e a auto- doação de um artesão, sem permitir que por

conta do manejo de suas mãos o texto ganhe (ou perca) outra forma, outro sentido.

Equipe Revisão Editora LEAL – Revista Presença Espírita – 2016 – Maio –

Literatura Espírita – Revisão do texto

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 182

Em relação ao processo de edição: quais eram os tipos de intervenção mais

comuns nos textos psicografados? Quais eram os critérios para a correção ou

substituição de palavras nos textos? Em que casos poderia haver a exclusão de

trechos ou informações contidas nas cartas?

Não ocorreram esses problemas. A única revisão feita era sobre pontuação,

para eventuais acertos de vírgulas ou abertura de parágrafos longos, sempre sob a

minha responsabilidade.

Um fato diferente que ocorreu foi com o Somos Seis, em que a genitora de

um dos autores, o Wilson Willian Garcia, jovem falecido no incêndio do Joelma,

muito chocada pela extrema dor, pediu que não colocássemos a foto do filho no

livro.

Em respeito a essa nobre senhora, muito atenciosa e prestativa conosco, não

colocamos fotos de nenhum autor no livro. No início, eu visitava os familiares em

suas casas: estive em Perus, em Santa Rita do Passa Quatro, em Santos, visitei

muitas famílias na capital.

Posteriormente, devido a dificuldades de tempo, passei a recebê-los aqui no

GEEM. Foi uma experiência muito sofrida em que conheci pessoas extraordinárias.

[...] Como curiosidade, a pedido meu, o Chico revia-me os textos e, muitas

vezes, com a educação e fineza de trato que o caracterizava, sugeria modificações,

atenuando construções complexas ou trocando palavras que o tempo desgastou ou

pareciam inadequadas.

Orgulho-me muito da confiança e da paciência que ele demonstrava em

nossos contatos.

Este apêndice reúne questões elaboradas por Cintia Alves da Silva ao editor

Caio Ramacciotti, do GEEM – Grupo Espírita Emmanuel, de São Bernardo do

Campo, SP – acerca das cartas familiares psicografadas por Chico Xavier. As

respostas foram obtidas por e-mail, nos meses de junho de 2011 e Janeiro de 2012.

Cintia Alves da Silva – As Cartas de Chico Xavier – uma análise semiótica –

Entrevista

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 183

3.9 Importância do Livro Espírita

O papel do livro é o do mestre silencioso e quase onipresente, determinando

a renovação do mundo.

(...)

Dele procede a maioria dos movimentos humanos de elevação ou

decadência e, de maneira invariável, segue a romagem da criatura, desde a aurora

da evolução intelectual.

Escrito em pedras e papiros, em pergaminhos, em tabuinhas enceradas, em

placas de metal e em panos, até o império glorioso da imprensa moderna, controla

os pensamentos da Humanidade, através de todas as épocas.

(...)

É por isso que, na arregimentação doutrinária do Espiritismo Cristão, o

poder do livro cresce cada vez mais, espalhando iniciativas de benemerência e luz

divina, por reestruturar a constituição da vida em todos aqueles que se sentem

tangidos pela sede de reforma interior.

Emmanuel – Mentores e Seareiros – Cap. 19 – Em torno do livro

Todo livro que ajuda e consola

Traz a voz de Jesus na grande escola

Da verdade robusta, clara e sã.

Faze o bem ao sol vivo da alegria

E seguirás com o Cristo, dia a dia,

Hoje, agora e amanhã.

Cármen Cinira – Encontros no tempo – Cap. 15 – Em torno do livro

O livro no mundo é a mensagem em que se manifesta o espírito humano.

O livro é sempre uma usina geradora de vibrações, no paraíso dos mais

sublimes ideais da humanidade, ou no inferno das mais baixas ações das zonas

inferiores.

André Luiz – Encontros no tempo – Cap. 15 – Em torno do livro

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 184

O livro edificante é o templo do espírito, onde os grandes instrutores do

passado se comunicam com os aprendizes do presente, para que se façam os Mestres

do futuro.

Nina Arueira – Encontros no tempo – Cap. 15 – Em torno do livro

Amigo:

Escute-me um pouco.

Sou fiel servidor da sua alma nos caminhos da evolução.

Corporifiquei-me, vencendo obstáculos da ignorância e dificuldades do

orgulho para ajudá-lo.

Não me transforme em adorno secundário nas prateleiras das estantes da sua

casa.

Nunca o importunarei!...

Minha voz chegará ao seu cérebro somente quando você se dispuser a

escutar-me.

Jamais me cansarei de repetir-lhe sem enfado e com o mesmo carinho os

mais nobres ensinamentos.

Não me queixarei quando a sua exasperação atirar-me sobre a mesa ou a sua

cólera esfacelar-me o corpo.

Nasci com o sacrifício das árvores e vesti-me de branco para que o suor das

meditações e as lágrimas da experiência dos outros me tingissem as páginas, a fim

de que o amor pudesse bordar-me de luz para clarear as noites do seu pensamento.

Somente eu conseguirei aconselha-lo sem que você enrubesça de pudor ou

constrangimento e apenas eu silenciarei quando você não me quiser ouvir.

Se você buscar penetrar-me, desvelarei horizontes desconhecidos à sua

mente e darei cor aos seus sonhos de felicidade.

Transformar-me-ei em abençoado estímulo e darei forças aos seus pés

claudicantes na romagem difícil, quando necessário.

Farei da bondade o motivo central das suas horas e, compreensivo, ajudá-

lo-ei discretamente a lutar e a vencer.

Influirei na sua vida como você não pode imaginar e com você incutirei, na

comunidade inteira, diretrizes superiores da vida.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 185

Apoie-me e apoiá-lo-ei. Receba-me e abrirei muitas portas para que você

passe livremente.

Se, todavia, você me relegar ao abandono, serei um amigo morto, sem

expressão nem valor.

Emudecido, não tenho significação.

Fechado, sou candidato à inutilidade e ao lixo.

À margem, perco-me em sombras.

Todas as expressões que os minutos me gravaram quedam-se em abandono.

Sem que o seu pensamento me atinja, nada posso fazer para ajudá-lo na perturbação

e, sem o meu concurso, a treva, a breve tempo, terá dominado o seu campo,

deixando-o sem luz nem vida.

Em atividade, porém, proponho-me a enobrecê-lo para que, entre os maus,

o seu caráter não se envileça, nem seu coração se insensibilize na indiferença.

Enquanto você estiver a ouvir-me, escreverá, também, páginas do livro da

sua vida, nelas gravando com os seus atos, palavras e pensamentos, as experiências

que lhe confiarei.

Mesmo que você me despreze, um dia surgirei diante de você, no tribunal

da Vida verdadeira, apresentando ao Mestre Divino a escrituração da sua jornada,

em caracteres firmes e claros, onde você identificará do seu próprio punho, as

experiências malogradas nos dias da insânia e da desídia.

Amélia Rodrigues – Crestomatia da Imortalidade – Cap. 2 – Apelo do livro

Nobre

O bom livro é sublime roteiro de claridades espirituais, constituindo a

presença dos elevados mensageiros da evolução.

Emmanuel – Harmonização – Cap. 10 – Livros

Esse amigo ideal, que a luta não corrompe e o tempo não altera, Deus no-lo

concedeu sob o nome de LIVRO.

Honremos, desse modo, a Dádiva Divina, colocando o Espiritismo nos

caminhos do Livro para que o Livro Espírita enalteça o progresso e santifique o

Bem.

Hilário Silva – Irmãos Unidos – Cap. 19 – Amigo

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 186

Honra o Livro Espírita e difunde-o com o teu carinho pelo bem, e

contemplarás, logo amanhã, a gleba terrena vestida de esperanças à sombra

consoladora do Espiritismo, em cujo seio as almas encontrarão repouso para todas

as fadigas.

*

O Livro Espírita que te liberta da ignorância e da superstição é o amigo

incondicional da tua lucidez, oferecendo-te pão e lume, agasalho e remédio para as

horas difíceis de provança da tua jornada atual.

*

Sendo o Espiritismo a Doutrina do homem integral, seus livros básicos são,

conseqüentemente, verdadeiros tratados de Pedagogia Integral, de Higiene Mental,

de Psicoterapia, valiosos para todas as circunstâncias da vida.

*

O livro espírita guarda o hálito superior da vida para a manutenção das

aspirações da Terra, no justo momento em que, desajustados, os indivíduos se

atiram em louca e desabalada correria pelos sombrios meandros da indiferença, do

descaso, do cinismo e da criminalidade.

*

O livro espírita, preservando a palavra do Mundo Maior para a clarificação

do mundo menor, transcende a própria contextura, pois que nele são registradas as

experiências dos que passaram pela Terra e superaram o portal de cinza e lama da

sepultura.

*

Semeemos o livro espírita e estaremos libertando desde agora o mundo de

amanhã, com a madrugada da Era Nova de que o Espiritismo se faz mensageiro.

*

Agradecendo-te todas as doações com que nos armaste para a vitória sobre

nós mesmos, reconhecemos que no livro espírita possuímos o pão de vida e a água

lustral para a total manutenção em nossa reencarnação salvadora.

Um livro espírita liberta e conduz.

Joanna de Angelis – Repositório de Sabedoria – Volume 2 – Livro

Espírita

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 187

Um livro restaurador e enobrecido é um sábio que ampara em silêncio, um

médico que auxilia sem alarde e um professor que esclarece sem atritos”.

Emmanuel – Mãos Unidas – Prefácio – Mensagens Esparsas

Habitue-se a uma leitura otimista, diariamente, qual homeopatia salutar para

o seu espírito.

O livro superior – e nesse particular, o livro espírita – ainda é o mais precioso

e discreto amigo para as necessidades do dia-a-dia.

Marco Prisco – Ementário Espírita – Cap. 8 – No dia a Dia

Doemos à expansão da luz as nossas melhores forças, conscientes de que o

esclarecimento, quanto aos nossos princípios, se realizará, de coração a coração,

através de páginas a página, e de que a cultura espírita, capaz de operar a renovação

do mundo, se fará livro a livro.

Emmanuel – Caminho Espírita – Cap. 25 – Cultura Espírita

No câmbio dos valores morais, o livro espírita pode ser:

Lido – negócio importante;

Cultivado – crédito permanente;

Ofertado – cheque ao portador;

Sustentado – rendimento constante;

Extraviado – abono sem endereço;

Achado – auxílio indireto;

Difundido – riqueza pública;

Vendido – tesouro sem preço;

Emprestado – socorro imprevisto;

Conservado – reserva segura;

Amparar o livro espírita e distribuí-lo é participar dos interesses da

Providência Divina,

realizando preciosos investimentos de luz e verdade, amor e renovação entre

os homens.

Albino Teixeira – Caminho Espírita – Cap. 29 – Livro Espírita

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 188

O livro edificante é sementeira da Luz Divina, aclarando o passado,

orientando o presente e preparando o futuro…

André Luiz – Relicário de Luz – Cap. 3 – O bom Livro

O livro com Jesus é sempre, na vida, o mestre silencioso, na fé, o templo da

alma e na dor, a fonte de reconforto.

(...) O livro cristão é alimento da vida eterna.

Espalhá-lo é servir com Jesus.

André Luiz – A Verdade Responde – Cap. 14 – O Livro

A ascensão da altura exige o incessante intercâmbio com o livro.

Emmanuel – Indulgência – Cap. 20 – Evangelho em Casa

O livro representa vigoroso ímã de força atrativa, plasmando as emoções e

concepções de que nascem os grandes movimentos da Humanidade.

Emmanuel – Pensamento e Vida – Cap. 4 – Instrução

O livro edificante é o templo do espírito, onde os grandes instrutores do

passado se comunicam com os aprendizes do presente, para que se façam os Mestres

do futuro.

Nina Arueira – Encontros no Tempo – Cap. 15 – Em torno do livro

E como o Espiritismo foi apresentado numa Codificação, que tem por base

vigorosa e abençoada O Livro dos Espíritos, estude, analise, ensine e divulgue o

livro espírita para que os Espíritos possam encontrar em você o médium do

esclarecimento que constrói a nova humanidade sobre as bases salutares do

exemplo espírita.

Marco Prisco – Ementário Espírita – Cap. Na base vigorosa e

abençoada

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 189

O mundo vivia em grandes perturbações.

As criaturas andavam empenhadas em conflitos constantes, assemelhando-

se aos animais ferozes, quando em luta violenta.

Os ensinamentos dos homens bons, prudentes e sábios eram rapidamente

esquecidos, porque, depois da morte deles, ninguém mais lhes lembrava a palavra

orientadora e conselheira.

A Ciência começava com o esforço de algumas pessoas dedicadas à

inteligência; entretanto, rapidamente desaparecia porque lhe faltava continuidade.

Era impraticável o prosseguimento das pesquisas louváveis, sem a presença dos

iniciadores.

Por isso, o povo, como que sem luz, recaía sempre nos grandes erros,

dominado pela ignorância e pela miséria.

Foi então que o Senhor, compadecendo-se dos homens, lhes enviou um

tesouro de inapreciável importância, com o qual se dirigissem para o verdadeiro

progresso.

Esse tesouro é o livro. Com ele, apareceu a escola, com a escola, a educação

foi consolidada na Terra e, com a educação, o povo começou a livrar-se do mal,

conscientemente.

Muitos homens de cérebro transviado escrevem maus livros, inclinando a

alma do mundo ao desespero e à ironia, ao desânimo e à crueldade, mas, as páginas

dessa natureza são apressadamente esquecidas, porque o livro é realmente uma

dádiva de Deus à Humanidade para que os grandes instrutores possam clarear o

nosso caminho, conversando conosco, acima dos séculos e das civilizações.

É pelo livro que recebemos o ensinamento e a orientação, o reajuste mental

e a renovação interior.

Dificilmente poderíamos conquistar a felicidade sem a boa leitura.

O próprio Jesus, a fim de permancer conosco, legou-nos o Evangelho de

Amor, que é, sem dúvida, o Livro Divino em cujas lições podemos encontrar a

libertação de todo o mal.

Meimei – Pai Nosso – 8º Parte – Cap. 38 – A História do Livro

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 190

Companheiro do Livro Espírita-Cristão,

Emissário dos Céus nos caminhos da Terra,

Prossegue no ideal que te descerra

O trabalho da fé, sob a luz da razão.

O livro que se entrega é semelhante ao pão

Que, por amor, se doa ao faminto que erra;

É fonte de água pura a descer pela serra,

Socorrendo o sedento em grande provação...

Deus te conserve as mãos no cultivo do Bem,

Divulgando, tranquilo, as verdades do Além,

No sublime labor ao campo que te espera...

Converte a própria vida em Evangelho vivo

E, junto com Jesus, o Mestre Redivivo,

Farás brilhar no mundo o Sol da Nova Era!

Eurícledes Formiga – Jardim de Estrelas – Cap. Companheiro

(Página a todos os Companheiros que se dedicam à divulgação da

mensagem espírita, através do Livro.)

Amigo:

Atende-me para que te possa atender.

Não me dilaceres o corpo, nem me relegues ao canto escuro da prateleira

morta.

Trago-te o ensinamento de todas as épocas na palavra da ciência, na

mensagem da filosofia e na revelação da fé.

Em minha companhia penetrarás, sem alarde, os santuários da arte e da

cultura, da sublimação e do progresso.

Sou alma, pensamento, esperança e consolo…

Emmanuel – Cura – Cap. 26 – Súplica do Livro

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 191

Compreendendo, porém, que os livros da libertação exterior não

conseguiriam quebrar as algemas das paixões subalternas que encadeiam as

criaturas nas trevas da alma, trouxe-lhes Jesus, em pessoa, o código da libertação

íntima, com os livros do Evangelho, instituindo o reino de Deus em cada coração.

Ainda assim, os homens criaram facções e grupos, seitas e círculos,

preconceitos e ilusões, nos quais, apesar dos séculos transcorridos, continuaram

acalentando a guerra fria e quente, declarada e oculta do egoísmo e da vaidade, da

opressão e do orgulho, da crueldade e da usura, do crime e da violência, da rebelião

e do vício, muitas veze sem nome do próprio Cristo.

Surgiram, então, na Terra, os livros da Doutrina Espírita, revivendo o

pensamento libertador do Mestre Divino, consolando e instruindo, coma exaltação

do amor puro e com a fé raciocinada, demonstrando a reencarnação por instituto

imprescindível do progresso e ensinando que a alma, em qualquer posição, é

responsável pelos próprios destinos…

Como é fácil de observar, os livros nobres são, em todos os tempos, as forças

renovadoras e educativas da Humanidade; no entanto, é imperioso reconhecer que

sustentar hoje a expansão e a dignidade do livro espírita é iluminar o espírito

humano, em plenitude de felicidade e emancipação para sempre.

Humberto de Campos – Irmãos Unidos – Cap. 15 – Livros

Depois, a nova era, a fé profunda e clara,

O apostolado ardente, enriquecendo a seara…

Depois de tudo, um livro — o Evangelho fecundo…

E o livro, arca da vida, em que a luz se condensa,

Traz o Cristo até nós por Eterna Presença,

Vencendo gerações para a glória do mundo!…

Constâncio Alves – Poetas Redivivos – Cap. 55 – O Cristo e o Livro

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 192

O livro espírita suprime a penúria moral.

O traje compõe o exterior.

O livro espírita harmoniza o íntimo.

O teto abriga da intempérie.

O livro espírita resguarda a criatura contra os perigos da obsessão.

O remédio exclui a enfermidade.

O livro espírita reanima o doente.

A cirurgia reajusta os tecidos celulares.

O livro espírita reequilibra os processos da consciência.

A devoção prepara e consola.

O livro espírita reconforta e explica.

A arte distrai e enternece.

O livro espírita purifica a emoção e impele ao raciocínio.

A conversação amiga e edificante exige ambiente e ocasião para socorrer os

necessitados da alma.

O livro espírita faz isso em qualquer lugar e em qualquer tempo.

A força corrige.

O livro espírita renova.

O Alfabeto instrui.

O livro espírita ilumina o pensamento.

Certamente é dever nosso criar e desenvolver todos os recursos humanos

que nos sustentem, e dignifiquem a vida na Terra de hoje; todavia, quanto nos seja

possível, auxiliemos a manutenção e a difusão do livro espírita que nos sustenta e

dignifica a vida imperecível, libertando-nos da sombra para a luz, no plano físico e

na esfera espiritual, aqui e agora, depois e sempre.

Emmanuel – Caminho Espírita – Cap. 15 – Livro Espírita e Vida

Esse inesquecível benfeitor do mundo é o livro edificante. Por isto, não nos

esqueçamos de que todo livro consagrado ao bem é um companheiro iluminado de

nossa vida, merecendo a estima e o respeito universal.

Neio Lúcio – Alvorada Cristã – Cap. 42 – O Amigo Sublime

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 193

A história da Humanidade tem, no livro nobre, seu gloriosos repositório. Em todos os tempos o livro tem sido o condutor das mentes e o

mensageiro da vida. (...) A Bíblia – antigo Testamento – historiando as jornadas de Israel, oferece

a concepção sublime do deus Único, Soberano e Senhor de todas as coisas. (...) O Evangelho de Jesus Cristo, traduzido para todos os idiomas e quase

todos os dialetos do globo, faz do amor o celeiro de bênçãos da Humanidade. (...) Camões, com pena de mestre, compôs Os Lusíadas e registra os feitos

heróicos de Portugal, repetindo os lances de Flávio Josefo em relação aos judeus e dos historiadores greco-romanos de antes de Jesus Cristo.

(...) Leão XIII compôs a Encíclica Rerum Novarum para solucionar as dificuldades nascidas nos desajustes de classes, oferecendo aos operários humildes, bem como aos patrões, os métodos do equilíbrio e da paz; todavia, a própria Igreja Romana continuou a manter-se longe da Justiça Social...

E o livro continua libertando, revolucionando, escravizando... Clássico ou moderno, rebuscado ou simples, o livro campeia e movimenta

mentes, alargando ou estreitando os horizontes do pensamento. É, em razão disso, que um novo livro, recordando todos os livros, oferece

ao homem moderno resposta nova às velhas indagações, propondo soluções abençoadas em torno do antiqüíssimo problema da felicidade humana.

O Livro Espírita, como farol em noite escura, é também esperança e consolação.

Esclarecendo quem é o homem, donde vem e para onde vai, sugere métodos mais condizentes com o Cristianismo – Cristianismo que é a Doutrina Espírita – num momento de desesperação de todas as criaturas.

Renovador, o Livro Espírita encoraja o espírito em qualquer situação; esclarece os enigmas da psique humana; filosófico, desvela os problemas do ser; religioso, conduz o homem a Deus, e abrange todos os demais setores das atividades humanas.

Desse modo, o Livro Espírita – no momento em que a literatura de desumaniza e vulgariza, tornando-se serva dos interesses subalternos de classe e governo, política e raça, fronteira e poder – disseminando o amor e propagando a bondade, oferece ao pensamento universal as excelentes oportunidades de glória e imortalidade.

Saudemo-lo, pois! Vianna de Carvalho – A Luz do Espiritismo – Cap. 26 – O Livro Espírita

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 194

O bom livro é o farol que o pensador acende nas trevas do mundo para

guiar os homens em sua eterna viagem no espaço infinito.

Sem a materialização do pensamento, por meio dos símbolos da linguagem

escrita; sem o veículo que a imprensa e o livro representam; sem esse processo de

comunicação entre os homens, a Humanidade jamais poderia criar, edificar,

iluminar, engrandecer civilizações.

(...) É incontestável, pois, o poder do Livro, principalmente do bom livro. E

se o livro de caráter edificante, nas especialidades criadoras e históricas, é bom, o

Livro Espírita é ótimo porque elucida o espírito sobre o seu Destino Eterno,

sobre a Vida Eterna no espaço infinito, quer esteja jungido ao corpo carnal,

perecível, na superfície de planetas como a Terra, quer viva nas esferas ou regiões

celestes, densas ou rarefeitas, obscuras ou luminosas ou sublimes, de acordo com o

mérito de cada um, conquistado através de lutas, esforços e sacrifícios

indescritíveis.

Sobre o Livro Espírita é que temos de edificar o templo da verdadeira

Sabedoria. É nesse templo que a Humanidade futura terá de fruir a tranquilidade

de que necessita para alcançar a felicidade com que sonha.

Difundamos, portanto, o Livro Espírita de modo contínuo,

ininterrupto, por toda a parte e em todas as línguas, a fim de que seja

estabelecido, na Terra, o reino da fraternidade espiritual que almejamos.

Lins de Vasconcelos – Revista Reformador – 1950 – Abril – O poder do Livro

O livro é o bom companheiro

Que me educa, que me alerta,

A todo instante é o roteiro

Que me traça a estrada certa.

João de Deus – Jardim da Infância – Cap. 8 – O Livro

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 195

Cada livro edificante é porta libertadora. O livro espírita, entretanto, emancipa a alma, nos fundamentos da vida. O livro científico livra da incultura; O livro espírita livra da crueldade, para que os louros intelectuais não se

desregrem na delinquência. O livro filosófico livra do preconceito; O livro espírita livra da divagação delirante, a fim de que a elucidação não

se converta em palavras inúteis. O livro piedoso livra do desespero; O livro espírita livra da superstição, para que a fé não se abastarde em

fanatismo. O livro jurídico livra da injustiça; O livro espírita livra da parcialidade, a fim de que o direito não se faça

instrumento de opressão. O livro técnico livra da insipiência; O livro espírita livra da vaidade, para que a especialização não seja

manejada em prejuízo dos outros. O livro de agricultura livra do primitivismo; O livro espírita livra da ambição desvairada, a fim de que o trabalho da gleba

não se envileça. O livro de regras sociais livra da rudeza de trato; O livro espírita livra da irresponsabilidade que, muitas vezes, transfigura o

lar em atormentado reduto de sofrimento. O livro de consolo livra da aflição; O livro espírita livra do êxtase inerte, para que o reconforto não se acomode

em preguiça. O livro de informações livra do atraso; O livro espírita livra do tempo perdido, a fim de que a hora vazia não nos

arraste à queda em dívidas escabrosas. Amparemos o livro respeitável, que é luz de hoje; no entanto, auxiliemos e

divulguemos, quanto nós seja possível o livro espírita, que é luz de hoje, amanhã e sempre.

O livro nobre livra da ignorância, mas o livro espírita livrada ignorância e livra do mal.

Emmanuel – Doutrina e Vida – Cap. 14 – O Livro Espírita ( Mentores e Seareiros – Cap. 20 – O Livro livra)

Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em reunião

pública da Comunhão Espírita Cristã, na noite de 25/2/1963, em Uberaba (MG), e transcrita em Reformador, abr. 1963, p. 9

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 196

O progresso de um povo surge no progresso da escola.

Cresce a civilização e racionaliza-se o imperativo da instrução.

Há, entretanto, práticas e diretrizes endereçadas à vida do corpo e da alma,

tanto quanto existem recursos específicos de orientação destinados ao

aproveitamento do carro e ao senso do motorista.

Daí a necessidade da difusão e da sustentação do livro espírita na obra

construtiva que lhe compete.

O livro de arquitetura inspira o plano da residência.

O Livro Espírita ilumina a pessoa, para que a pessoa integre a equipe

familiar sem fracassos desnecessários.

O livro de educação sexual informa, com segurança, sobre os fenômenos

inerentes aos órgãos genésicos.

O Livro Espírita imuniza contra a calamidade afetiva.

O livro de psicanálise examina os conflitos psicológicos.

O livro espírita, estudando a mediunidade, oferece providências

adequadas, quando se trata de obsessão.

O livro de puericultura traça roteiro à proteção da criança.

O Livro Espírita, clareando os temas da reencarnação, guia, com êxito,

a formação infantil.

O livro técnico assegura a competência profissional.

O Livro Espírita promove a respeitabilidade do trabalho.

O livro de boas maneiras disciplina os gestos exteriores.

O Livro Espírita cria a sinceridade.

O livro de princípios gramaticais aperfeiçoa a linguagem.

O Livro Espírita dá crédito à palavra.

O livro de indicações úteis previne dificuldades.

O Livro Espírita garante a calma nas mais ásperas circunstâncias.

Todo livro digno de apreço é agente precioso que auxilia a viver e acertar.

O Livro Espírita, no entanto, não apenas auxilia a viver e acertar, mas

igualmente a viver para o bem de todos, o que significa acertar sempre mais na

conquista do próprio bem.

Emmanuel – Luz no Caminho – Cap. 5 – Em torno do Livro Espírita

(Fonte de Paz – Cap. 20)

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 197

Repositório feliz da trajetória histórica da Humanidade, o livro é o silencioso mensageiro dos tempos, apresentando os fastos das culturas do passado e as narrativas sobre homens e mulheres que desfilaram pelas páginas das diferentes épocas e jazem hoje amortalhados, porém vivos, aguardando ser consultados.

(...) Apesar da missão sublime de que se encontra investido, nem sempre aqueles que o escrevem dão-se conta da sua significação e objetivo.

Por isso, no livro espírita encontramos a mensagem de vida eterna desvestida de sortilégios e dogmatismos, refletindo a transparente claridade da Vida exuberante.

(...) Por essas razões, exaltamos o livro espírita, nele encontrando Jesus descrucificado e libertado dos mitos com que O ocultaram através dos tempos, retornando ao planeta, a fim de erguê-lo na escala dos mundos e impulsioná-lo no rumo do Pai.

Vianna de Carvalho – Espiritismo e Vida – Cap. 1 – Exaltação ao Livro Espírita

Ei-lo! Facho de amor que redivivo assoma Desde a taba feroz em folhas de granito Da Índia misteriosa e dos louros do Egito Ao fausto senhoril de Cartago e de. Roma! Vaso revelador retendo o excelso aroma Do pensamento a erguer-se esplêndido e bendito, O Livro é o coração do tempo no Infinito Em que a ideia imortal se renova e retoma. Companheiro fiel da virtude e da história Guia das gerações na vida transitória, E' o nume apostolar que governa o destino; Com Hermes e Moisés, com Zoroastro e Buda, Pensa., corrige, ensina., experimenta, estuda E brilha com Jesus no Evangelho Divino.

Olavo Bilac – Parnaso de Além-Túmulo – Cap. 48 – O Livro ( Revista Reformador – 1950 – Junho – O Livro)

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 198

Onde encontraremos o Senhor? Prosseguem perguntando os inumeráveis

viajadores da vida…

Nos castelos primorosos da fé?

Nos monumentos que consagram o domínio exclusivista?

Nas cerimônias suntuárias do culto exterior?

Nos preciosos discursos da convicção dogmática?

Eis, porém, que a claridade cintilante da ideia conduz o coração que se faz

simples e sincero ao Evangelho da Vida e o livro, em seu humilde arcabouço de

papel, representa anova manjedoura, em que realizamos o nosso encontro com o

Espírito do Senhor…

Veremos no livro o santuário de nossa ascensão espiritual.

Quando o povo missionário se desvairava na idolatria, o Todo Poderoso

salvou-o, com o livro dos Dez Mandamentos, por intermédio de Moisés.

Quando o Mestre Divino veio trazer à Terra as justas diretrizes da redenção,

determinou o Todo Compassivo que um livro — O Evangelho da Boa Nova — lhe

fixasse a luz.

Quando a civilização se desequilibrava com as tempestades morais,

luminosas e destruidoras, da Revolução Francesa, o Todo Sábio amparou o mundo,

então no declive de tenebrosos despenhadeiros, oferecendo-lhe O Livro dos

Espíritos, através de Allan Kardec.

Depois da oração, o livro é a única escada pela qual o Céu pode descer

à Terra.

Em verdade, quando um povo abandona o livro, começa a penetrar, sem

perceber, o vale da estagnação e da morte.

Humberto de Campos – Relatos da Vida – Cap. 19 – O Livro, dádiva do

Céu

O livro é o comando mágico das multidões e só o livro nobre, que esclarece

a inteligência e ilumina a razão, será capaz de vencer as trevas do mundo.

Emmanuel – Seara dos Médiuns – Cap. 26 – Fenômenos e Livros

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 199

O livro edificante é sementeira da Luz Divina, aclarando o passado,

orientando o presente e preparando o futuro…

− Instrutor do espírito – esclarece sem exigências,

− Médico da alma – cura sem ruído,

− Sacerdote do coração – consola sem ritos exteriores.

− Amigo vigilante – ampara em silêncio,

− Companheiro devotado – jamais abandona,

− Cooperador eficiente – não pede compensações.

− Semeador do infinito – fecunda os sentimentos,

− Benfeitor infatigável – permanece fiel,

− Arquiteto do bem – constrói no espírito imorredouro.

− Altar da simplicidade – revela a sabedoria,

− Fonte inesgotável – jorra bençãos de paz,

− Campo benfazejo – prepara a vida eterna.

− Lâmpada fulgurante – brilha sem ofuscar,

− Árvore compassiva – frutifica sem condições,

− Celeiro farto – supre sem perder.

André Luiz – Relicário de Luz – Cap. 3 – O Bom Livro

Existe, no entanto, certa maravilha de sempre que, acessível a todos, é o

tesouro mais vasto de todos os povos da Terra.

Por ela, comungam entre si as civilizações de todos os tempos, no que

possuem de mais valioso e mais belo. Exuma os ensinamentos dos séculos mortos

e permite-nos ouvir ainda as palavras dos pensadores egípcios e hindus à distância

de milênios…

Faz chegar até nós a ideia viva de Sócrates, os conceitos de Platão, os versos

de Vergílio, a filosofia de Sêneca, os poemas de Dante, as elucubrações de Tomás

de Aquino, a obra de Shakespeare e as conclusões de Newton…

(...) Essa maravilha de sempre é o LIVRO. Sem ela, ainda que haja Sol no

Céu para a Terra, a noite do espírito invadiria o mundo, obscurecendo o pensamento

e matando o progresso.

Humberto de Campos – Relatos da Vida – Cap. 6 – A maravilha de

sempre

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 200

O livro — esse audaz guerreiro

Que conquista o mundo inteiro

Sem nunca ter Waterloo...

Oh! Bendito o que semeia

Livros à mão cheia

E manda o povo pensar!

O livro, caindo n'alma

É germe – que faz a palma,

É chuva – que faz o mar!

Fazei desse "rei dos ventos"

— Ginete dos pensamentos,

— Arauto da grande luz!...

Bravo! a quem salva o futuro

Fecundando a multidão!...

Num poema amortalhada

Nunca morre uma nação.

Castro Alves – Espumas Flutuantes – O Livro e a América

Oh! Bendito quem ensina,

Quem luta, quem ilumina,

Quem o bem e a luz semeia

Nas fainas do evoluir;

Terá a ventura que anseia

Nas sendas do progredir.

Castro Alves – Parnaso de Além-Túmulo – Cap. 24 – Marchemos

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 201

Na escuridão hostil da primeira caverna,

Enquanto o homem larval grita, sonha e tateia,

Deus acende na furna humílima candeia

Sobre simples sinais da natureza externa.

A princípio é clarão de pálida lanterna,

Frágil, treme, vacila, ondula e bruxuleia;

Depois, é tocha imensa a crepitar sem peia,

Descortinando ao mundo a Majestade Eterna!

Facho excelso e imortal, desde então se fez guia

Da civilização que fulge e se irradia

Em sublime esplendor flamífero e disperso…

E essa Chama Divina é o Livro soberano,

Hífen de sol, ligando o entendimento Humano

À grandeza da Vida e à Glória do Universo.

Olavo Bilac – Assembleia de Deus – Cap. 9 – Chama Divina

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 202

O livro com Jesus é sempre:

Na vida — o mestre silencioso.

Na fé — o templo da alma.

Na luta —o observador sereno.

Na dificuldade — o amigo vigilante.

No caminho — o companheiro sábio.

Na dor — a fonte do reconforto.

Na dúvida — a luz do conhecimento.

Na jornada — a árvore benfeitora.

Na construção espiritual — o tijolo incorruptível.

Na enfermidade — o remédio oportuno.

No lar — o bom conselheiro.

No trabalho — a coragem constante.

Na terra do espírito — a semente da santidade.

Na imaginação — o incentivo fertilizante.

Na aflição — o bálsamo salutar.

Na alegria — o impulso de auxiliar a todos.

Na fartura — o controle benéfico.

Na escassez — a graça Celestial.

O livro cristão é alimento da vida eterna.

Espalhá-lo é servir com Jesus.

André Luiz – A Verdade Responde – Cap. 14 – O Livro

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 203

Quando o canhão ameaça e a bomba dizima, o livro consegue

silenciosamente modificar o status quo e erguer os ideais que jazem amortalhados

sob o pavor ou dormem em baixo das cinzas da destruição, ou vencidos pelas

labaredas do ódio, de modo a renovar as expressões da criatura em nome da paz, da

liberdade e do amor.

O Livro Espírita, nesse sentido, guarda o hálito superior da vida para

a manutenção das aspirações da Terra, no justo momento em que desajustados,

os indivíduos se atiram em louca e desabalada correria pelos sombrios meandros da

indiferença, do descaso, do cinismo e da criminalidade.

O Livro Espírita, preservando a palavra do Mundo Maior para a

clarificação do mundo menor, transcende a própria contextura, pois que nele são

registradas as experiências dos que passaram pela Terra e superaram o portal de

cinza e lama da sepultura.

Bem-aventurado seja, pois, aquele que esparze alegria, o que doa pão, o que

oferta medicamento, o que distende linfa generosa, o que concede agasalho, mas,

sobretudo, o que planta o futuro, luarizando com a palavra espírita inserta no

livro libertador a grande noite da ignorância, na qual padecem os espíritos jugulados

ao passado delituoso ou atados às reminiscências dolorosas sob o talante com que

renasceram para resgatar e libertar-se.

Jesus, o Mestre por excelência, até hoje trabalha, ensina e, tomando a

Natureza como motivação superior, dela faz um livro divino para ofertar-nos

preciosas lições de amor e sabedoria com que prossegue conclamando-nos à ventura

plena e à paz integral.

Semeemos, pois, o Livro Espírita, e estaremos libertando desde agora o

mundo de amanhã, com a madrugada da Era Nova de que o Espiritismo se faz

mensageiro.

Joanna de Angelis – Florações Evangélicas – Cap. 29 – Louvor ao Livro

Espírita

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 204

Que seria o mundo sem a bênção do livro? Existiria, acaso, qualquer

civilização sem ele?

Veículo do pensamento, confia-nos a luz espiritual dos grandes orientadores

do passado.

Graças a ele, Hermes e Moisés, Sócrates e Platão acham-se vivos na Terra,

com a mesma sabedoria e com a mesma sublimidade do momento remoto em que

passaram entre os homens.

(...) É pelo concurso do livro que o Senhor e seus continuadores diretos se

comunicam com os discípulos contemporâneos.

Através dos serviços gráficos, recebemos as interpretações renovadoras do

ensinamento cristão para todos os climas culturais da atualidade.

E não fosse a cooperação do livro, que seria da religião, da ciência, da

filosofia, da política, da técnica industrial, da arte e da socialização?

O posto da caridade que alimenta e agasalha é, indubitavelmente, sublime;

mas sem a colaboração direta e eficiente da escola que educa e aperfeiçoa, pode

converter-se em tutela da ociosidade e do vício.

(...) Quando a treva se estende, é imperioso que as acendamos; mas, se não

houver usina que as sustente, de que nos valeria a elevada expressão em que se

alinham?

Quando a dor alonga os tentáculos da aflição sobre a vida, de que nos

serviriam milhões de mãos e pés, sem equilíbrio, sem orientação adequada, sem

ideal edificante ou sem estímulo ao bem?

Humberto de Campos – Revista Reformador – 1952 – Abri – Em Louvor

do Livro Espírita (Irmãos Unidos – Cap. 10)

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 205

Livro espírita – alegria

Da verdade clara e boa,

Escola que aperfeiçoa,

Instrui, consola, auxilia...

Socorro – beneficia,

Refúgio – guarda e abençoa,

Ampara toda pessoa

Que à luz dele se confia.

Livro espírita – colmeia

De apelos à nova idéia,

Templo, lâmpada, charrua...

Onde serve de atalaia,

A morte recebe vaia

E a vida se perpetua.

Alfredo Nora – Carta do Alto – Cap. 40 – Livro Espírita (Revista

Reformador – 1969 – Abril )

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 206

Melhore suas aquisições, buscando algo novo.

Mas compre o livro espírita, que lhe indicará o caminho para mais alta

renovação.

Ampare a escola que alfabetiza.

Mas sustente o livro espírita que educa.

Consulte o noticiário, com respeito aos sucessos do mundo.

Mas ouça o livro espírita, a fim de erguer-se a horizontes mais vastos.

Compareça às obras de socialização e progresso.

Mas ajude o livro espírita na consolidação da verdadeira fraternidade.

Brinde o companheiro com a novidade do dia.

Mas dê-lhe o livro espírita, que é valor para toda hora.

Aconselhe a utilização dos produtos que favoreçam a saúde e o asseio do

corpo.

Mas divulgue o livro espírita, que mantém o equilíbrio e a higiene da alma

Observe o cinema, o rádio, a televisão e as outras formas da arte, buscando

conhecer.

Mas atenda ao livro espírita, que ensina a discernir.

Prestigie os métodos da lavoura e as técnicas da indústria, o comércio e as

obras coletivas, tanto quanto os outros campos de ação e produção.

Mas estimule o livro espírita, que ilumina o trabalho.

Socorra esse ou aquele irmão caído, entre as sombras da prova.

Mas ofereça-lhe o livro espírita, que aclara o entendimento.

Enriqueça o ambiente próprio com fatores de conforto e alegria.

Mas recorde que o livro espírita é bênção de Jesus, aprimorando a vida com

você e em você.

André Luiz – Chico Xavier, mandato de amor – 3ª Parte – Capítulo 7 –

Ante o livro espírita

Sempre que você puder socorrer alguém, nas necessidades reais da alma, dê

a esse alguém a bênção de um livro espírita.

Albino Teixeira – Caminho Espírita – Cap. 20 – Anotação Espírita

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 207

Os empecilhos para que eu não levasse adiante a tarefa mediúnica do livro

foram e continuam sendo inúmeros…

Se eu me dispusesse a detalhar as perseguições que me foram movidas ao

longo deste tempo todo, muita gente iria dizer que Chico Xavier ficou louco.

Às vezes, para ter um pouco de paz, eu tinha, inclusive, que procurar o

banheiro, para escrever.

Vejo tanto médium reclamando disto ou daquilo, escrevendo

confortavelmente em seus gabinetes…

Não estou reclamando e nem fazendo crítica.

O médium que se dispõe a produzir com os Amigos Espirituais tem que estar

consciente da luta; vivemos num planeta em que os raios do Sol, para chegarem até

nós, têm que ser filtrados…

Nunca me faltou a proteção de Emmanuel, mas os Espíritos infelizes sempre

estiveram à espreita…

A vida inteira me senti, em minha imensa desvalia, um soldado raso

recebendo as ordens do general a quem me competia obedecer na trincheira de

combate…

Francisco Cândido Xavier – O Evangelho de Chico Xavier – Capítulos

59 e 60 – A tarefa mediúnica do livro

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 208

O teto abriga da intempérie.

O livro espírita resguarda a criatura contra os perigos da obsessão.

O remédio exclui a enfermidade.

O livro espírita reanima o doente.

A cirurgia reajusta os tecidos celulares.

O livro espírita reequilibra os processos da consciência.

A devoção prepara e consola.

O livro espírita reconforta e explica.

A arte distrai e enternece.

O livro espírita purifica a emoção e impele ao raciocínio.

A força corrige.

O livro espírita renova.

O alfabeto instrui.

O livro espírita ilumina o pensamento.

Certamente é dever nosso criar e desenvolver todos os recursos humanos

que nos sustentem, e dignifiquem a vida na Terra de hoje; todavia, quanto nos seja

possível, auxiliemos a manutenção e a difusão do livro espírita que nos sustenta e

dignifica a vida imperecível, libertando-nos da sombra para a luz, no Plano Físico

e na Esfera Espiritual, aqui e agora, depois e sempre.

Emmanuel – Caminho Espírita – Cap. 15 – Livro Espírita e Vida

O bom livro é sublime roteiro de claridades espirituais, constituindo a

presença dos elevados mensageiros da evolução.

(...)

É indispensável que recebamos as páginas edificantes, de coração e mente

levantados ao Altíssimo.

Emmanuel – Harmonização – Cap. 10 – Livros

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 209

Alguns dos efeitos do livro espírita evangélico, lido e aplicado em diversos setores da experiência humana, tais quais sejam:

no sentimento — renovação; no raciocínio — lógica; na palavra — dignidade; no trato — gentileza; nas relações — amor fraterno; nos compromissos — lealdade; no lar — entendimento; na família — amparo mútuo; na sociedade — compreensão; na equipe — entrosagem; na solidão — companhia; na ciência — responsabilidade; na filosofia — critério; na religião — discernimento; na arte — elevação; no trabalho — rendimento; na luta — altruísmo; na profissão — eficiência; no estudo — orientação; no repouso — segurança; na distração — proveito; na queda — reerguimento; no remorso — reajuste; na tentação — defesa; na alegria — temperança; na dor — paciência; na prova — reconforto; na aflição — alívio; no abatimento — esperança; na mocidade — guia; na velhice — apoio; na saúde — preservação; na doença — remédio; na fraqueza — força; na angústia — socorro; na morte — vida imperecível. Em todas as situações, o livro espírita-cristão é caridade e serviço, e, onde

estejam o serviço e a caridade, aparece o auxílio positivo, tanto aos outros quanto a nós.

Albino Teixeira – Irmãos Unidos – Cap. 5 – Efeitos do Livro Espírita

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 210

Legaste-nos o livro espírita, a fim de que em hora alguma estivéssemos sem

o valioso auxiliar para compreender a razão da existência, os percalços das lutas, as

necessárias provações, e pudéssemos converter os tesouros transitórios do mundo

em fortunas indestrutíveis da imortalidade.

Nele, Senhor, perpassem as Tuas Lições Superiores e Eternas quais de raras

belezas que insculpem em nosso espírito as claridades libertadoras que nos apontam

rumos felizes...

Depositário das belezas que se refletem de Mais Alto, é o companheiro

abençoado da soledade e o mestre discreto, sempre às ordens para ajudar.

Agradecendo-Te todas as doações com que nos armastes para a vitória sobre

nós mesmos, reconhecemos que no livro espírita encontramos o pão da vida e a

água lustral para a total manutenção em nossa reencarnação salvadora.

Por tudo, louvado sejas sempre, Senhor!

Joanna de Ângelis - Celeiro de Bênçãos – Cap. 60 – Gratidão ao Livro Espírita

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 211

3.10 Marcos Históricos – Livros e Congressos Espíritas

ANO EVENTO DESCRIÇÃO OBS

1852 Jornal Espiritualista É publicado nos EUA o primeiro jornal espiritualista do mundo, o The Spiritual Telegrafh.

1857 Livro dos Espíritos 1º livro da Doutrina Espírita

Paris/França

Allan Kardec

1858 Revista Espírita 1º Revista de Espirita do Mundo

Paris/França

Allan Kardec

1860 Livro: Os Tempos são Chegados

1º Livro Espírita editado no Brasil

Rio de Janeiro/Brasil

Casimir Lieutuad

1865 Ignorado Amor 1º Romance Espírita do Mundo Théophile Gautie

1881 Congresso Espírita 1º Congresso Espírita Brasileiro

Rio de Janeiro/Brasil/Outubro

Afonso Torderoli

1882 Tradução das Obras de Kardec

1º edição de A GÊNESE em português

Rio de Janeiro/Brasil

Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade

1882 Exposição Espírita 1ª Exposição Espírita do Brasil

Rio de Janeiro/Brasil/Agosto

Afonso Torderoli

1884 Revista Reformador Revista da Federação Espírita Brasileira

Rio de Janeiro/Brasil

Augusto Elias

1897 Biblioteca Espírita da FEB

Fundação da Livraria da Federação Espírita Brasileira/RJ

1905 Jornal O Clarim 1º Jornal Espírita do interior/ Matão/SP

Cairbar Schutel

1908 Livro: Do País da Luz

Livro de Mensagens mediúnicas

Lisboa/Portugal

Fernando de Lacerda

1932 Livro: Parnaso de Além-Túmulo

1º livro pela mediunidade de Chico Xavier

Francisco Cândido Xavier

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 212

ANO EVENTO DESCRIÇÃO OBS

1936 Programa Radiofônico

1º Programa Espírita Radiofônico

Matão-SP

Caibar Schutel

1939 Congresso de Jornalistas e Escritores

1º Congresso Brasileiro de Jornalistas e Escritores Espíritas

Rio de Janeiro/Brasil

Deolindo Amorim

1941 Livro: Paulo e Estevão

1º Romance Espírita de Emmanuel

Pedro Leopoldo/Brasil

Emmanuel

1943 Livro: Nosso Lar 1º Livro da Série A Vida no Mundo Espiritual

Pedro Leopoldo/Brasil

André Luiz

1946 Congresso da USE 1º Congresso da USE

Congresso Brasileiro de Unificação Espírita (16 estados)

São Paulo/ Brasil

Herculano Pires

Lins de Vasconcelos

1946 Semana Espírita 1º Semana Espírita, em Campinas, SP.

1948 Congresso de Jovens 1º Congresso das Mocidades Espíritas do Brasil

Rio de Janeiro/Brasil

Leopoldo Machado

1949 Congresso educacional Espírita

1º Congresso Educacional Espírita de São Paulo

1949 Feira do Livro Espírita

Realizada a 1º Feira do Livro Espírita, no Rio de Janeiro

1953 Livros espíritas em Braille

Fundação da Sociedade pro Livro Espírita em Braille

Rio de janeiro/Brasil

Luiz Antônio Millecco Filho

1955 Livro: Memórias de um Suicida

1º livro pela médium Yvonne Pereira

Rio de Janeiro/Brasil

Yvonne Pereira

1963 IBPP Fundação do IBPP (Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas), em São Paulo (SP), presidido por Hernani Guimarães Andrade.

Hernani Andrade

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 213

ANO EVENTO DESCRIÇÃO OBS

1964 Livro: Messe de Amor

1º livro pelo médium Divaldo Franco

Salvador/Brasil

Divaldo Franco

1970 Clube do livro Espírita

1º Clube do Livro Espírita – Marília/SP

Richard Simonetti

1976 ABRAJEE Fundação da Associação Brasileira de Jornalistas e Escritores Espíritas (ABRAJEE)

Deolindo Amorim

1995 Congresso Espirita Mundial

1º Congresso Espírita Mundial

Brasília/Brasil

Nestor Masotti

1999 Congresso Espírita Brasileiro

1º Congresso Espírita Brasileiro

Goiânia/Brasil

Bezerra de Meneses

2004 A Arte Espírita 1º Fórum Nacional de Arte Espírita

Fortaleza/Brasil

2015 Congresso Jurídico 1º Congresso Jurídico-Espírita Brasileiro

Brasília/Brasil

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 214

3.11 Destaques – Os Livros Espíritas Top 10

A Livraria Candeia realizou uma pesquisa para a escolha dos 10 maiores

livros espíritas do século XX e convidou estudiosos do Espiritismo, dentre eles

inúmeros escritores, alguns dirigentes e todos os presidentes das Federações e

Órgãos Estaduais, que fazem parte do Conselho Federativo Nacional da Federação

Espírita Brasileira.

A todos eles solicitou-se uma lista contendo os dez melhores livros, seus

autores e, se necessário, comentários e impressões pessoais acerca das obras. Com

vistas a comprovar a lisura da pesquisa e do seu resultado, a direção das

Organizações Candeia enviou cópias das participações de cada convidado à

Federação Espírita Brasileira e à Associação de Editoras, Distribuidoras e

Divulgadoras do Livro Espírita (ADELER).

Qual o resultado?

A obra suprema do Espiritismo produzida no século que terminou é Nosso

Lar.

Esta obra, segundo o escritor Alysson Mascaro, tem o mérito de ter sido a

primeira grande descrição do plano espiritual que influenciou, de maneira decisiva,

os estudos e as pesquisas espíritas brasileiras e mundiais.

O autor inconteste, com sete indicações, é Francisco Cândido Xavier, com

mais de 400 livros psicografados que o colocaram na posição de o mais respeitado

dos autores espíritas do século!

Além das obras psicografadas por Francisco Cândido Xavier, os outros

títulos indicados foram: O Problema do Ser, do Destino e da Dor, de Léon Denis;

Memórias de um Suicida, de Yvonne A. Pereira; e O Espírito e o Tempo, de J.

Herculano Pires.

Outros autores consagrados também se destacaram na pesquisa com várias

citações.

É o caso de Arthur C. Doyle, Carlos Imbassahy, Carlos Toledo Rizzini,

César Lombroso, Deolindo Amorim, Divaldo P. Franco, Ernesto Bozzano,

Francisco Thiesen, Gabriel Dellane, Dr. Jorge Andréa, Hermínio C. Miranda, Dr.

Hernani G. Andrade, Ney Lobo, Pedro Granja e Waldo Vieira.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 215

Quem participou da pesquisa os nossos agradecimentos aos autores que, ao

atender nosso pedido, responderam prontamente o questionário. São eles: Adalgiza

Campos Balieiro, Adelino da Silveira, Alexandre Sech, Alysson Leandro Mascaro,

Amílcar Del Chiaro Filho, Ariston S. Telles, Armando Fernandes de Oliveira, Ary

Lex, Carlos de Brito Imbassahy, Celso de Almeida Afonso, César Soares dos Reis,

Clayton B. Levy, Domério de Oliveira, Durval Ciamponi, Éder Fávaro, Eliseu F.

Mota Jr., Felipe Antônio G. Macedo Salomão, Francisco Cajazeiras, Hércio M.C.

Arantes, Humberto Carlos Pazian, Ivan Renê Franzolim, Juvanir Borges de Souza,

Lamartine Palhano Júnior, Maria Gertrudes Coelho, Marilusa M. Vasconcellos,

Nancy Puhlmann Di Girolamo, Nélson Moraes, Ney Lobo, Oneida Terra, Orson

Peter Carrara, Ricardo Di Bernardi, Ricardo Magalhães, Rita Foelker, Rogério

Coelho, Saara Nousiainem, Suely Caldas Schubert, Telmo J. Souto Maior, Vítor

Ronaldo Costa, Waldo Lima do Valle, Walter Oliveira Alves e Washington Luiz

Nogueira Fernandes

Todos disseram da dificuldade que encontraram em compor uma lista tão

exígua, contendo apenas 10 títulos, uma vez que obras importantes publicadas no

período tiveram de ficar de fora e mais justa seria uma relação composta de um

número maior de livros.

A relação final, com “Nosso Lar” em primeiro lugar, foi esta:

1º – Nosso Lar

2º – Paulo e Estevão

3º – Parnaso de Além-Túmulo

4º – O Problema do Ser, do Destino e da Dor

5º – Memórias de um Suicida

6º – A Caminho da Luz

7º – O Espírito e o Tempo

8º – Há 2.000 anos...

9º – Evolução em Dois Mundos

10º – Missionários da Luz

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 216

1º – Nosso Lar

− Gênero: Vida no Além, FEB,

− Ano: 1943

− Ditado pelo Espírito de André Luiz

− Psicografia de: Francisco Cândido Xavier

− Instrutores/Mentores: Clarêncio

− Sinopse:

O Autor narra sua experiência após a desencarnação, descrevendo

minuciosamente o sofrido estágio no Umbral, detalhando-o também; A seguir,

conta a emoção de ter sido socorrido e ser levado para uma cidade espiritual

denominada "Nosso Lar". A partir daí o livro abre um leque de informações

absolutamente inéditas sobre o Plano Espiritual − Pontuação: 233 pontos

2º – Paulo e Estevão

− Gênero: Romance, FEB,

− Ano:1941

− Ditado pelo Espírito de Emmanuel

− Psicografia de: Francisco Cândido Xavier

− Sinopse:

Reconstrói a história do Cristianismo, de 34 d.C. pra cá, apresentando a

história dos irmãos convertidos, Abigail e Jeziel, que cruzam o caminho do

fariseu Saulo de Tarso, então perseguidor de cristãos.

O destaque do livro fica por conta da trajetória de martírio, até a morte

vivido, pelo hebreu Jeziel e infringido por Saulo de Tarso. Jeziel se converteu ao

cristianismo, com o nome de Estêvão, e tornou-se o expoente da doutrina

defendendo-a e pregando-a seus últimos dias.

Reconta a trajetória da transformação do rabino Saulo de Tarso em Paulo de

Tarso, apóstolo de Cristo que percorreu dezenas de cidades – desembarcando até

em Roma – com o único objetivo de difundir a “Boa Nova”, a mensagem de que o

Messias anunciado por Moisés, o Cristo Vivo filho de Deus, já havia chego à Terra.

− Pontuação: 194 pontos

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 217

3º – Parnaso de Além-Túmulo

− Gênero: Poesia, Trova, FEB,

− Ano: 1932

− Ditado por diversos Espíritos

− Psicografia de: Francisco Cândido Xavier

− Sinopse:

Primeiro livro psicografado por Francisco Cândido Xavier, médium que se

tornou um dos mais profícuos instrumentais da espiritualidade superior, com um

grande número de obras editadas. Parnaso de Além-Túmulo, ditado por 56 poetas

da língua portuguesa, brasileiros e portugueses, é uma preciosa coletânea, seja pela

variedade de assuntos ou pela superior inspiração, apresentando uma das provas

subjetivas mais robustas em favor da sobrevivência da alma após a morte terrena.

Constituindo verdadeiro marco na história da humanidade, traz mensagens

de consolo e esperança em diversos temas, inspiradas por poetas do plano espiritual.

− Pontuação: 144 pontos

4º – O Problema do Ser, do Destino e da Dor

− Gênero: Filosófico, FEB,

− Ano: 1908 (1919 – ano da tradução para o Português)

− Autor: Léon Denis

− Sinopse:

Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos?

Fundamentando-se nos princípios da Doutrina Espírita, este trabalho busca

responder a questões que, como estas, desafiam a mente humana há séculos.

Entre os temas analisados estão a evolução do pensamento, a vida no mundo

espiritual, provas históricas da reencarnação, a lei dos destinos, as potências da alma

e diversos outros tópicos que permanecem atuais.

Unindo lógica e sentimento, exalta a realidade da sobrevivência do Espírito

após a morte física, a partir de valioso conjunto de ensinamentos e reflexões para a

evolução do homem e da realidade que o cerca

− Pontuação: 103 pontos

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 218

5º – Memórias de um Suicida

− Gênero: Vida no Além, FEB,

− Ano: 1954

− Autor espiritual: Camilo Castelo Branco

− Psicografia de: Yvonne do Amaral Pereira

− Sinopse:

Com orientação do espírito Léon Denis, o autor espiritual Camilo Castelo

Branco, sob o pseudônimo Camilo Cândido Botelho, descreve sua dolorosa

experiência após a desencarnação pelo suicídio.

Com valiosos ensinamentos, mostra a grandeza da misericórdia divina para

com os suicidas arrependidos, trazendo-lhes a oportunidade de conhecer o universo

e a vida em sua integral dimensão.

A gênese planetária, evolução do ser, imortalidade da alma, a moral cristã e

outros temas relevantes são estudados, para a compreensão de que nenhuma

tentativa para o reerguimento moral será eficiente se continuarmos presos à

ignorância de nós mesmos. Há um caminho de reconstrução para os arrependidos.

Há sempre esperança, porquanto a reabilitação é possível.

− Pontuação: 84 pontos

6º – A Caminho da Luz

− Gênero: Filosófico, FEB,

− Ano: 1938

− Autor espiritual: Emmanuel

− Psicografia de: Francisco Cândido Xavier

− Sinopse

O livro aborda a história da civilização, destacando fatos que transformaram

o planeta, a partir da ótica da espiritualidade, como frisa o autor na sua introdução.

Temas abordados:

A gênese planetária;

A civilização egípcia;

A Índia;

A família indo-europeia;

Os hebreus;

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 219

A China milenária,

A Grécia e a missão de Sócrates;

Roma e os desvios do Império Romano;

A vinda de Jesus e o movimento cristão subsequente;

A invasão dos bárbaros;

A Igreja medieval;

As Cruzadas e o abuso do poder religioso;

A renascença do mundo;

A Reforma Protestante;

A Revolução Francesa;

Outros temas históricos.

− Pontuação: 78 pontos

7º – O Espírito e o Tempo

− Gênero: Científico, EDICEL,

− Ano: 1964

− Autor: José Herculano Pires

− Sinopse

Este livro é o produto de um Curso de Introdução Antropológica ao

Espiritismo, ministrado por J. Herculano Pires na União das Mocidades Espíritas

do Estado de São Paulo, nos anos 60.

Analisa as fases pré-histórica e histórica, abordando o tríplice aspecto da

doutrina espírita e a prática mediúnica.

O homem e as gerações humanas morrem no tempo mas o espírito não, pois

ele é a centelha oculta que nunca se apaga e reacenderá a chama quantas vezes

forem necessárias para que a serenidade, coerência e o amor o resgatem na duração

dos séculos e milênios. O tempo é o campo de batalha em que os vencidos tombam

para ressuscitar. Quem poderia deter a evolução do espírito no tempo?

− Pontuação: 59 pontos

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 220

8º – Há 2.000 anos...

− Gênero: Romance, FEB,

− Ano:1939

− Autor espiritual: Emmanuel

− Psicografia de: Francisco Cândido Xavier

− Sinopse:

Emmanuel descreve a existência física em que foi Publius Lentulus,

orgulhoso senador designado para o cargo na região da Palestina quando Jesus

apresentava os ensinos de seu evangelho à humanidade. Tendo como cenário o

Cristianismo nascente do século I, mostra embates entre a arrogância das famílias

patrícias e a simplicidade fraterna dos primeiros cristãos, numa trama em que

opostos como sofrimento e alegria, esplendor e miséria, poder e escravidão,

crueldade e benevolência, perdão e vingança se entrelaçam na realidade familiar de

Publius Lentulus, interferindo em sua relação com os filhos e a amada esposa Lívia,

convertida aos sublimes ensinamentos de Jesus, a contragosto do esposo.

− Pontuação: 59 pontos

9º – Evolução em Dois Mundos

− Gênero: Científico, FEB,

− Ano: 1958

− Autor Espiritual: Emmanuel

− Psicografia: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira

− Instrutores/Mentores: André Luiz

− Sinopse:

Discorre sobre temas como fluido cósmico, o corpo espiritual e sua

evolução, a alma, mecanismos da mediunidade, aspectos morfológicos, sociais e

morais dos desencarnados.

− Pontuação: 57 pontos

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 221

10º – Missionários da Luz

− Gênero: Vida no Além, FEB,

− Ano: 1945

− Autor espiritual: André Luiz

− Psicografia de: Francisco Cândido Xavier

− Instrutores/Mentores: Alexandre

− Sinopse:

Essa obra descreve vários processos mediúnicos e como se

desenvolvem as providências do plano espiritual, antes, durante e após

as reuniões mediúnicas. Há descrição da sublimidade da reencarnação.

Raramente se encontrará na literatura espírita fonte igual de

ensinamentos sobre a programação da existência terrena.

− Pontuação: 39 pontos

Observação: As obras de Kardec não estão listadas por não pertencerem ao

século XX.

Os mais importantes do Século XX

Recentes e oportunas pesquisas foram realizadas por editoras espíritas,

através de questionário respondido por escritores e dirigentes de instituições, sobre

quais os dez livros mais importantes publicados no Brasil durante o século XX.

As respostas foram bastante parecidas, destacando-se as obras mediúnicas

de Chico Xavier, Yvonne Pereira, Divaldo Franco e autores como Herculano Pires,

Deolindo Amorim, Canuto de Abreu, Hermínio Miranda e outros.

Unanimidade absoluta, em primeiro lugar, foi dada, em todas as pesquisas,

à obra psicografada por Chico Xavier, salientando-se o livro "Nosso Lar" como

representativo da série de livros que a ele se seguiram com o mesmo estilo,

ilustrando as teses básicas da Doutrina Espírita e inaugurando um estilo inédito na

literatura nacional.

Anotemos que ficou ressaltado o valor da casuística que, sem qualquer

dúvida, veio preencher uma das maiores necessidades do conhecimento após a

codificação kardeciana.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 222

Os livros que fundamentam a doutrina espírita surgiram para a cultura

moderna na metade do século XIX, precisamente a partir da publicação de "O Livro

dos Espíritos", em 1857. Apresentam a teoria, seus referenciais fundamentais e sua

base, nos princípios gerais da vida.

No século XX, após 1931, com a apresentação de Emmanuel, guia do jovem

médium mineiro, desenvolveu-se uma casuística extremamente importante, ainda

pela sua atualidade.

Primeiro vieram poetas do além-túmulo, identificados pelo estilo próprio,

depois os romances reescrevendo a história, as mensagens, as respostas às perguntas

da época moderna e, a partir de 1943, os livros-depoimentos, o jornalismo

inesperado contendo reportagens, entrevistas, diálogos, descrições e detalhes da

vida dos desencarnados, nas diversas circunstâncias da metassociedade do além-

túmulo.

Após a série de livros assinados por André Luiz, surgiram as mensagens de

consolação a parentes e amigos da parte de jovens e adolescentes mortos em

acidentes ou doenças dolorosas.

Tem-se que destacar a relevância e objetividade dos livros que se seguiram

a Nosso Lar, pelo alto valor dentro da casuística reforçando, pela variedade de

ilustrações, os princípios que fundamentam a obra de Allan Kardec.

Podemos refletir que o livro Nosso Lar construiu um marco no

comportamento dos que o leram e alterou os rumos principalmente na assistência

social.

Inicia um processo didático, em estilo peculiar, que persiste em todos os

outros livros da série, reformulando o desgastado conceito de caridade.

Começa a nos deslocar de um conceito meramente formal e exterior de ação

social para reinterpretar a vida em sua integralidade.

Define o significado da verdadeira prestação de serviço como fonte central

da convivência, sem usar nenhuma definição.

Traça direções e rumos para uma fundamentação metodológica sem se

referir diretamente a isso; distingue o serviço social profissionalizado da assistência

empírica paternalista abrindo para ambos uma terceira dimensão de trabalho na qual

a promoção humana atinge seu cume.

E ainda causa impactos utilíssimos para a desacomodação humana.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 223

Um desses impactos é o da material idade ambiental da colônia "Nosso Lar"

com sua organização e disciplina próprias, sua hierarquia funcional, seus registros,

mapas, planos, prédios e departamentos. Certamente, movimentando-se em outra

dimensão, as comparações facilitam o entendimento sobre a sociedade dos

desencarnados.

Por outro lado, sobressai a atitude de franqueza cristã e honestidade no

relacionamento entre seus habitantes, sempre de forma a vencer a acomodação e a

auxiliar erguendo.

Mostra a ausência do sentimentalismo piegas e a intenção renovadora de

dentro para fora, além da interdependência entre estado mental e físico, mesmo sem

o corpo terreno.

Em última análise, o comportamento dos assistidos e dos assistentes causa

surpresa; é inspirado dentro do tradicionalismo dos hábitos, em modelos terrenos

comuns, decalcando que a morte é uma alteração mais formal que essencial.

A fome, o frio, o hospital, os médicos, os enfermeiros, os visitadores de

saúde, o caldo reconfortante, a arquitetura, a fauna, a flora e até os problemas para

a conscientização comunitária ..., tudo enfim aparece como um próximo e possível

vir a ser para os terrenos.

Os que não estudaram o espiritismo poderão entender os relatos de André

Luiz como utopias romanceadas. Mas tão relevante depoimento aponta a

continuidade da vida entre nascer, morrer e renascer para a repetição das

oportunidades que a lei misericordiosa do Pai divino dá a todas as suas criaturas.

Admira-se como ainda há pessoas que afirmam nada ter sido dito sobre o

"após a morte" e que "ninguém voltou para contar". Que lástima!

Nos tumultuados dias de hoje é mais oportuna a leitura e releitura do 1ivro

"Nosso Lar”, seguido de todos os outros, para profunda reflexão sobre a dignidade

e a responsabilidade dos atos da vida.

Toda a literatura que autores desencarnados e médiuns psicógrafos e

inspirados escreveram sobre a sociedade do além-túmulo em estilo depoimento,

está modelado na grande obra da série André Luiz e até agora nenhum desses outros

livros a excedeu em valor e verdade.

Nancy Puhlmann – Jornal Terra Azul – 2000 – Maio/Junho – Pag. 2 – Os mais

importantes livros do século XX

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 224

4 A LITERATURA ESPÍRITA – O Jornal/A Revista

4.1 Considerações Gerais

Diante da Imprensa Espírita, considere as próprias responsabilidades e

deveres.

Arrebentando as amarras do obscurantismo e da noite medieva, a Imprensa

fez fulgir, em plena treva da ignorância, o farol do esclarecimento, e ainda hoje é

baluarte da Verdade e da Vida, embora muitas vezes malsinada pelos campeões da

impiedade e do egoísmo.

(...)

Graças a Imprensa, em pequeno espaço do lar, você amontoa tesouros de

sabedoria e moedas de luz em forma de livros nobres e libertadores.

Nos seus caracteres desfilam homens e civilizações atualizando os fatos da

história, que ficam ao alcance das suas meditações.

Nesse particular, a Imprensa Espírita, embora entibiada e fraca, lentamente

vence os bastiões da ignorância moderna e do preconceito em que o homem se

locomove no século da técnica para fazê-lo librar nos altiplanos da vida.

Claudicante e desconsiderada pode, no entanto, ser comparada a uma estrela

fulgurante e solitária em céu macilento, sombrio, apontando com segurança rumos

salvadores.

Quando o Codificador recebeu a investidura sublime de apresentar a palavra

do Espírito de Verdade, valeu-se do livro e, logo depois da Revista, a fim de que

veiculassem como licor revigorante as dimensões incomensuráveis da Mensagem

Consoladora, traçando rotas definidas no chavascal do pensamento e balsamizando

feridas morais purulentas no organismo gasto da sociedade.

Verdadeiros heróis ignorados, os articulistas das primeiras horas do

Movimento Espirita ergueram o facho do esclarecimento, divulgando as lições da

Nova Filosofia, em órgãos de breve duração de incomparável valor, por estarem

fechadas as pesadas portas das organizações divulgadoras, como ainda hoje, dando

preferência ao sensacionalismo vil, subornadas pelos interesses mesquinhos que os

tem contra os nobres ideais da Humanidade...

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 225

Passaram os pioneiros da Imprensa Espirita deixando rastros fulgurantes

que hoje são rota abençoada para outros lidadores incansáveis da divulgação da

Verdade.

E aí estão a página espirita, o jornal espirita, a revista espirita e o livro

espírita materializando o pensamento dos Espíritos nas mentes e nos sentimentos

humanos, apesar das dificuldades assoberbantes mas não desanimadoras.

(...)

A Imprensa Espírita, que hoje é antídoto eficaz ao anarquismo e à dissolução

dos costumes, que é pábulo nutriente e linfa refrescante, guia seguro para toda hora,

não prescinde do espírita que lhe pode oferecer os recursos indispensáveis à

subsistência, na coletividade.

(...)

Lembre, por fim, que o Espiritismo, que hoje lhe clareia a vida e conduz,

continua inconfundível, sem adendos nem intercalamentos perniciosos, consoante

o recebeu Allan Kardec das Vozes, graças ao livro e à Revista Espírita

permanecendo inamovível e atual, mesmo depois de um século passado.

E como a homenagear a imprensa libertadora e sadia que o Espiritismo

representa, o Codificador desencarnou após atender a um caixeiro de livraria, que

viera buscar exemplares da “Revue”, deixando na Codificação a luminosa flama

que ficaria ardendo na pira da esperança como marco da nova família humana.

Lins de Vasconcelos – Crestomatia da imortalidade – Cap. 42 – Imprensa

Espírita (Revista Reformador – 1969 – Julho)

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 226

A REVISTA ESPÍRITA

Pergunta — Tenho a intenção de publicar um jornal espírita: julgais que o

conseguirei e me aconselhais a fazê-lo?

Resposta — Consegui-lo-ás, com perseverança.

Eu pretendia publicar um primeiro número como ensaio, a fim de lançar o

jornal e marcar data, e continuar mais tarde, se for possível. Que vos parece?

A idéia é boa, mas um só número não bastará; entretanto, é conveniente e

mesmo necessário, para abrir caminho.

Será preciso que lhe dispenses muito cuidado, a fim de assentares as bases

de um bom êxito durável.

A apresentá-lo defeituoso, melhor será nada fazer, porquanto a primeira

impressão pode decidir do seu futuro.

De começo, deves cuidar de satisfazer à curiosidade; reunir o sério ao

agradável: o sério para atrair os homens de Ciência, o agradável para deleitar o

vulgo.

Esta parte é essencial, porém a outra é mais importante, visto que sem ela o

jornal careceria de fundamento sólido.

Em suma, é preciso evitar a monotonia por meio da variedade, congregar a

instrução sólida ao interesse que, para os trabalhos ulteriores, será poderoso

auxiliar.

Allan Kardec – Obras Póstumas – 2º Parte – A Revista Espírita – 15 de

novembro de 1857 (Em casa do Sr. Dufaux; médium: Sra. E. Dufaux) NOTA — Apressei-me a redigir o primeiro número e fi-lo circular a 1º de janeiro

de 1858, sem haver dito nada a quem quer que fosse.

Não tinha um único assinante e nenhum fornecedor de fundos.

Publiquei-o correndo eu, exclusivamente, todos os riscos e não tive de que me

arrepender, porquanto o resultado ultrapassou a minha expectativa.

A partir daquela data, os números se sucederam sem interrupção e, como previa o

Espírito, esse jornal se tornou um poderoso auxiliar meu.

Reconheci mais tarde que fora para mim uma felicidade não ter tido quem me

fornecesse fundos, pois assim me conservara mais livre, ao passo que outro interessado

houvera querido talvez impor-me suas idéias e sua vontade e criar-me embaraços. Sozinho,

eu não tinha que prestar contas a ninguém, embora, pelo que respeitava ao trabalho, me

fosse pesada a tarefa.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 227

O jornalismo espírita deve pugnar pela ética profissional e doutrinária.

Muitos órgãos, alegando a causa da verdade, fazem noticiário hostilizante, muita

vez inferior, incitando réplicas insidiosas e desnecessárias, gerando dúvidas e

insegurança nos leitores catalizando forças "arquetípicas" de rebeldia.

A verdade deve ser preservada e os instrumentos de comunicação devem

prestar-se ao serviço de denunciá-la sempre que haja, como atesta São Luiz, o

prejuízo a terceiros.

O "status quo", os sistemas perniciosos à causa, as teorias insensatas, enfim,

tudo que mereça uma ponderação para tomada de posição e esclarecimento podem

compor as quadras do jornal espírita, contudo, seus redatores e instituições

promotoras devem aferir as intenções da denúncia. Denunciar, em certas

circunstâncias, pode ser necessário. Porém, saibamos de nossos intuitos quais serão:

denegrir, defender ideologias, esclarecer ou ser coerentes com a verdade?

A verdade deve ser dita, no entanto, indiscutivelmente, para que guarde

propósitos nobilitantes deve ser, em muitas circunstâncias, dosada e muito bem

apresentada pelos articulistas.

E mesmo dosando-a, utilizemos de técnicas atuais da crítica sensata

conciliada com a indulgência. Muita vez a denúncia pode ser feita realçando o bem,

a correção, sem que haja destaque às feridas e às ocorrências infelicitantes.

Guardando a ética do amor, nossa mensagem será construtiva e eficaz.

Ataques personalistas e exagerada atenção às ocorrências políticas de nossa

Seara deveriam ter pouco ou nenhum espaço em nosso jornalismo. Falemos do eixo

em torno do qual se encontra nossa segurança: os fundamentos doutrinários.

O excessivo interesse pela matéria jornalística escandalosa deve ficar para

a mídia do materialismo.

Saibamos imprimir em nossos tablóides o otimismo, a lógica, a informação

científica, o serviço comunitário, a campanha sanitária, a necessidade da

espiritualização, os eventos e cursos, os temas acadêmicos, o texto edificante, a

imagem de sensibilidade, as chamadas para o serviço doutrinário, a divulgação da

literatura espiritualizante.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 228

O jornal espírita é a peça gráfica nômade que passa de olhos a olhos levando

a linguagem do mundo novo de paz, que todos temos que construir nesse próximo

milênio. Edifiquemos nossos órgãos divulgadores; façamo-lo, quando no mínimo,

um mensário.

Seja sua consistência bastante motivadora para incitar a participação que lhe

garanta subsídios financeiros e doutrinários à perseverança.

Façamos com unção e zelo a tarefa do jornal doutrinário.

Hoje, com o recurso da internáutica, apresentamo-lo virtualmente ao mundo

todo, abrindo ainda mais sua abrangência e interatividade.

Honremos nosso jornalismo com qualidade e tratemos dele como abençoado

recurso de difusão e entrelaçamento.

Os comunicadores e suas associações congreguem debates e fóruns

propiciadores de subsídios e técnicas, experiências validadas e cuidados, para que

melhoremos o fato noticioso.

Se o jornal faz do fato a notícia, em nossas lides de ação, a notícia deve

espiritualizar o fato.

Trabalhamos hoje e sempre pela comunicação de nossa Doutrina.

Paz.

Teles de Menezes – A Casa do Espiritismo – Jornalismo Espírita

http://www.acasadoespiritismo.com.br/reflexoes/searabendita/jornalismo%20espirita.

htm

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 229

No jornalismo profissional, que é muito diferente do jornalismo que

fazemos no meio espírita, o redator escreve o que lhe mandam escrever.

Justamente por isso, muitas e muitas vezes, diz o que não sente, por força

do ofício. Ganha para isso...

Claro que existem exceções. Quando certos redatores têm influência na

orientação do jornal, evidentemente escrevem com relativa autonomia e podem, às

vezes, tomar posições que não conferem com a posição do órgão a que servem. Não

é regra, porém.

(...)

Vejamos, por exemplo, no meio espírita, em que todos os órgãos de nossa

imprensa doutrinária (jornais, revistas, boletins, etc.) defendem os mesmos

princípios, sustentam as mesmas teses, e assim por diante, mas cada um tem o seu

feitio, as suas colocações próprias, o seu modo especial de ventilar e apreciar uns

tantos problemas.

Lá fora, como se diz, no âmbito da imprensa diária ou da grande imprensa,

o jornalista profissional adapta-se naturalmente à bitola do jornal, ainda que,

particularmente, não concorde com algumas posições.

Mas é preciso saber, antes de tudo, como é que a direção do jornal pensa.

Quando ocorre um acontecimento, por exemplo, toda a imprensa se ocupa do

assunto, porém cada jornal dá a sua versão, vê o fato por um prisma, segundo a sua

linha de orientação.

A notícia em si é geral, a bem dizer, pois o fato não muda de natureza, e,

por isso, a principal função do jornal é comunicar a informação.

Entretanto, a parte crítica, a apreciação do fato, dando-lhe relevo ou

diminuindo-lhe a importância, é inerente ao critério de cada jornal. Tudo isso se

aprende na tarimba jornalística.

No meio espírita, como é óbvio, a situação muda inteiramente de figura.

Ninguém faz profissão na imprensa espírita, ninguém recebe ordem para

escrever desta ou daquela maneira. Tudo é espontâneo e desinteressado.

A responsabilidade, por isso mesmo, torna-se muito maior ou mais grave. O

jornalista profissional pode alegar em último caso: É a política do jornal e eu nada

tenho com isto!

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 230

O mesmo não se dá no meio espírita. O jornalista espírita, aquele que

escreve pela e para a Doutrina, evidentemente não o faz por mero prazer intelectual,

mas por um compromisso com a causa. Sente-se mais à vontade nesse campo de

trabalho e procura ser útil, pois a seara espírita oferece muitas áreas de

oportunidade. É um jornalismo de responsabilidade pessoal, acima de tudo, pois

quem escreve para qualquer publicação espírita naturalmente pensa nas

conseqüências de um artigo ou de um comentário, de vez que uma frase menos

clara, uma afirmação nebulosa podem causar muita confusão.

E quantas e quantas vezes se faz a matéria e, depois de tudo pronto, logo se

verifica que alguma coisa não está ceda, algum ponto talvez não seja bem

compreendido.

Rasga-se o artigo, faz-se tudo de novo. Que significa isto? Consciência de

responsabilidade.

Vê-se, pois, que o jornalista espírita, embora não seja profissional e,

portanto, não tenha interesse material no que escreve, vive os seus dramas íntimos

por causa da posição que assume perante a coletividade que lê o jornal espírita.

O jornalismo espírita é, na maioria dos nossos órgãos, um tipo de jornalismo

diletante, mas nem por isso deixa de ser muito responsável.

O fato de escrever relativamente fácil, quando se tem gosto e oportunidade,

não quer dizer seja igualmente fácil explanar matéria doutrinária com o necessário

cuidado de dosar bem as idéias, a fim de que não fique a menor confusão entre os

leitores.

É verdade que o nosso público espírita é homogêneo nos aspectos

fundamentais, mas é bastante diversificado em suas preferências, reações e

tendências.

Então, o jornalista deve ter a necessária flexibilidade para transmitir o

ensino da Doutrina ou relatar os fatos de um modo capaz de ser entendido tanto

quanto possível pelo maior número de leitores.

Tudo nos leva, afinal, a reconhecer, pela vivência constante, que não é fácil,

não é simples fazer jornalismo espírita, principalmente porque não é um jornalismo

de meio de vida: é um jornalismo de ideal!

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 231

Quando escrevemos – é sempre bom acentuar este ponto –, não

respondemos somente perante a nossa comunidade, que nos conhece, que nos

estimula, mas respondemos antes de tudo, perante a nossa consciência e perante o

mundo espiritual, que nós observa nas intenções e nos atos.

Claro que não somos autômatos. Temos livre-arbítrio até certo ponto e,

conseqüentemente, somos responsáveis pelo que escrevemos. Não vamos atribuir

esta responsabilidade, que é nossa, ao mundo espiritual. Todavia, a ética de

consciência nos adverte, nas mínimas como nas grandes coisas, para o bom uso dos

talentos, de que fala a mensagem evangélica.

Deolindo Amorim – Análises Espíritas – Cap. 18 – Vida de Jornal

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 232

4.2 Modernização e Melhorias para o século 21 – Revistas / Jornais

Como está a imprensa espírita hoje?

Respeitando o valioso esforço dos abnegados trabalhadores da saudável

Imprensa Espírita, saindo de nossos arraiais e alcançando o grande público, as

massas, os homens de pensamento, a fim de que os fatores multiplicadores

alcancem a Humanidade necessitada e sofredora.

É muito valiosa a contribuição de cada órgão, todavia, chega o momento de

serem usados todos os poderosos recursos da Imprensa em todos os seus aspectos,

a fim de alcançarmos as metas a que nos propomos.

Nesse sentido, cabe à ABRADE a tarefa relevante de impulsionar a

Imprensa Espírita, fiel ao lema seguido por Allan Kardec: “Trabalho, Solidariedade

e Tolerância”, investindo a mente e o coração no esforço de realizar um ministério

que corresponda às aspirações superiores que todos mantemos, seguindo as

diretrizes vívidas, ensinadas por Jesus Cristo.

Estabeleça correlação entre os tempos atuais e a época do lançamento

do O Echo d’Além-Túmulo, no que se refere às facilidades ou dificuldades da

ação espírita.

No passado, ao lado de impositivos dogmáticos e perseguições policiais, as

dificuldades multiplicavam-se, amparadas pela ignorância fomentadora da

superstição e dos medos injustificáveis.

Campeavam, voluptuosos, os desgovernos da impiedade, em combates

sistemáticos contra as ideias novas e libertadoras.

Por outro lado, o idealismo incendiava os homens, que não receavam os

testemunhos e optavam com decisão pela defesa dos postulados que lhes vicejavam

no íntimo.

Com a fé raciocinada, os homens fracos faziam-se fortes e os desprezados

recuperavam a dignidade, entregando-se ao combate da luz contra a treva, da

verdade contra a mentira.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 233

Nos dias presentes, as facilidades amolentam muitos homens de valor, que

acreditam não mais deverem acrescentar, considerando que o tempo fará o restante

no momento próprio.

O momento, porém, é este: a hora das grandes transformações da Terra.

Graças às admiráveis conquistas da ciência aliada à tecnologia, dispõe o

homem em geral, e o espírita em particular, de recursos valiosos que facilitam a

informação atraente, propiciando os meios de divulgar o Espiritismo com eficiência

e correção.

Os Espíritos estamos convocando os encarnados à boa luta, ao trabalho de

consolidação dos postulados espíritas nas atividades humanas, promovendo o

progresso geral.

Telles de Meneses – Revista Reformador – 2019 – Novembro – 150 anos

da Imprensa Espírita

Nota:

Entrevista publicada originalmente no jornal Bahia Espírita, órgão de

comunicação da Federação Espírita do Estado da Bahia (FEEB), exemplar de

julho/agosto de 1989.

Respostas psicografadas pelo médium Divaldo Pereira Franco, na sessão

mediúnica do Centro Espírita Caminho da Redenção, na noite de 21 de agosto de

1989, em Salvador (BA).

O título da entrevista, que citava 120 anos, foi atualizado pelo editor de

Reformador para 150 anos, visto que em 2019 comemoramos o sesquicentenário da

imprensa espírita no Brasil.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 234

A imprensa espírita, como a imprensa em geral, enfrenta grandes desafios

na atualidade.

Numa época de aceleração digital, com excesso de informações disponíveis

e gratuitas, não tem sido fácil manter a continuidade de periódicos impressos.

Há quem diga que exista público para todos os tipos de veículos e que, assim

como a televisão não acabou com o rádio, também as versões digitais não

substituirão totalmente as impressas. O tempo dirá.

É indubitável a questão da economia de custos gráficos e de distribuição

para a produção de conteúdos divulgados em papel.

Hoje também assistimos à incrível capilaridade proporcionada pela

divulgação em rede sociais, com a explosão de criadores e participantes de sites,

blogs, canais de áudio e vídeo.

No formato digital, tudo é mais rápido. São lives, cursos, palestras, shows e

eventos variados, com praticidade de acesso e possibilidades de interação. Em

segundos, milhares ou milhões de pessoas são atingidas.

Isso não quer dizer, todavia, que todos estejam sendo contemplados com a

divulgação de tanto conteúdo, tendo em vista a existência ainda de uma população

desprovida dos recursos tecnológicos e equipamentos necessários.

Ainda há muito a se fazer e, como sempre, fechar o circuito da comunicação

para que a mensagem chegue com eficiência do emissor ao receptor ainda continua

a exigir muita atenção, convidando-nos a responder logo de início a quatro

perguntas bem básicas:

Quem é o nosso receptor (público)? Onde se encontra? O que ele deseja? O

que necessita?

Acontece que, nesses tempos realmente revolucionários para a

comunicação, o maior desafio a ser enfrentado não está em encontrar a informação,

mas em desenvolver a capacidade de filtrar tanto conteúdo com que somos

bombardeados todos os dias.

(...)

A imprensa espírita tenta acompanhar a evolução que se opera nessa nova

forma de comunicação.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 235

E é aqui nos defrontamos com um problema sério, que exige diálogo e

reflexão urgentes no movimento espírita, tendo em vista ser o espiritismo obra de

educação. “O espiritismo é uma questão de fundo; prender-se à forma seria

puerilidade indigna da grandeza do assunto”, tão sabiamente alertou-nos Kardec no

século 19, empenhado que estava em combater dois inimigos comuns: a

incredulidade e o fanatismo.

Para a divulgação das ideias espíritas não basta empenhar-se, portanto,

apenas em conquistar a atenção por um instante, por uma curtida, mas em manter o

foco na orientação, esclarecimento e acolhimento do simpatizante do espiritismo

para que, também em doutrina espírita, possa ele ter um dia condições de filtrar o

que lê, ouve e assiste.

A imprensa espírita, que tanto auxiliou para tornar conhecido o espiritismo,

tem agora o papel fundamental de compromisso com seus postulados doutrinários,

devendo funcionar como facilitadora na separação do joio e do trigo nesse mundo

de informações para que se fomente o tesouro maior da vida humana: o

conhecimento que liberta e consola.

(...)

Allan Kardec, na Revista Espírita esboçou alguns apontamentos

interessantes para nortear a imprensa espírita.

O mais importante, porém, é que não nos esqueçamos da responsabilidade

do servir, enaltecendo a caridade, a ética, a clareza e a simplicidade da informação,

para que a mensagem espírita seja generosa, fraterna em seu objetivo primordial de

auxílio aos problemas humanos, apontando possibilidades para o desenvolvimento

de olhares mais abrangentes sobre a vida, sobre a espiritualidade, abrindo as portas

do conhecimento com lógica e lucidez, e as janelas do coração, com muito amor e

esperança.

Eliana Haddad – Dirigente Espírita – 2020 – Setembro/Outubro – O desafio da

Imprensa Espírita

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 236

O que pode melhorar

• adequação da linguagem: eruditismo, palavras arcaicas, termos

específicos, discurso excludente, conotação pregatória já não têm espaço no mundo

atual.

• identidade visual atual: o amadorismo emperra a excelência da

comunicação e o avanço da difusão do espiritismo além das fronteiras. É preciso

atentar para os padrões do leitor globalizado.

• ética jornalística: em reproduções de trechos de obras, artigos de

jornal, dentre outros, é preciso fazer valer o que recomenda a ética jornalística: citar

a autoria, a fonte primária e não se render à tentação de alterar o texto original.

“Reconheci que fora uma felicidade não ter tido quem me fornecesse

fundos, pois assim eu me conservara mais livre, ao passo que outro interessado

houvera talvez impor-me suas idéias e sua vontade e criar-me embaraços. Sozinho,

eu não tinha que prestar contas a ninguém, embora, pelo que respeitava ao trabalho,

me fosse pesada a tarefa.”

Allan Kardec – Obras Póstumas – 2º Parte – A Revista Espírita – 15 de

novembro de 1857 (Em casa do Sr. Dufaux; médium: Sra. E. Dufaux)

• Ter conexão com a realidade: O Espiritismo interfaceia com todas

as áreas do conhecimento que instigam a Humanidade, o que só por essa razão, já

não seria difícil arregimentar leitores.

“A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano”.

Ela “nos oferece, enfim, a única solução possível e racional de uma multidão de

fenômenos morais e antropológicos, dos quais, diariamente, somos testemunhas, e

para os quais se procuraria, inutilmente, a explicação em todas as doutrinas

conhecidas”.

Allan Kardec – Revista Espírita – 1858 – Janeiro – Introdução

• Respeitar a crença do outro: embora o espiritismo não seja adepto

à prática proselitista, existe um comportamento generalizado, quase sempre negado,

de se colocar o espiritismo como o único caminho para o progresso espiritual,

reflexo da indiferença e preconceito em relação às crenças e religiões.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 237

“O estudo de uma doutrina, qual a doutrina espírita, só pode ser feito com utilidade por homens sérios, perseverantes, livres de prevenções e animados de firme e sincera vontade de chegar a um resultado. Abstenham-se, portanto, os que entendem não serem os fatos dignos de sua atenção. Ninguém pensa em lhes violentar a crença; concordem, pois, em respeitar a dos outros”.

• Dar voz ao interlocutor: grande parte do que é publicado hoje na imprensa espírita não inclui a experiência do desconhecido que experimenta o espiritismo em sua vida, como fazia Kardec no tempo da Revista Espírita, que convidava a todos para escrever sobre as manifestações que ocorriam, sobre pressentimentos, lendas e crenças populares; aparições e outros.

• Proporcionar a instrução e a reflexão: a coerência dos fundamentos espíritas deve despertar os sentimentos e fazer emergir a fé pela razão. Porém ninguém convence verdadeiramente ninguém a nada. O papel da imprensa espírita é muito maior que o de agente de conversão ou de pregação religiosa.

• Ter em vista o objetivo da divulgação: A melhor forma de reconhecer o valor do trabalho daqueles que nos antecederam na tarefa da comunicação é nos empenharmos para que as idéias espíritas transitem pela contemporaneidade, de maneira livre e integrada, acompanhada de nossas ações coerentes, servindo de apoio para que as pessoas reflitam sobre si, caminhem de forma mais plena consigo mesmas, entendendo sua relação com a Criação e com o próximo.

"O Espiritismo parte do Alto, e não chegará às massas senão liberto das idéias falsas, inseparáveis das coisas novas.”

Allan Kardec, RE, 1858. Izabel Vitusso & Eliana Haddad – Jornal Correio Fraterno – 2010 –

Mail/Junho – Modernização da Imprensa Espírita Izabel Vitusso é editora do jornal Correio Fraterno. Co-autora do livro

Atos de Amor (Minas Editora) e autora de Terra Fértil, semente lançada na história do espiritismo em Uberlândia (AME – Uberlândia-MG). Vice-presidente do Lar da Criança Emmanuel – São Bernardo do Campo-SP. Expositora e articulista espírita.

Eliana Ferrer Haddad é jornalista responsável do jornal Correio Fraterno. Formada em Comunicação Social, atua na imprensa espírita há vários anos. Participa do programa Vida Além da Vida, é palestrante e expositora do IEEF- Instituto Espírita de Estudos Filosóficos.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 238

4.3 Importância da Imprensa Espírita – Revistas/Jornais

No século passado, enquanto se digladiam as correntes religiosas, que

tentam sobreviver, com o materialismo nascente, que dita novas diretrizes, Allan

Kardec — o insigne postulante da Nova Era — através da pena, em singela página

da “Revista Espírita”, põe por terra os caducos argumentos da fé tradicional, gerada

e mantida pela ignorância em séculos sucessivos e ilumina, espiritualizando a

ciência ateia, ao proclamar a imortalidade da alma, encontrada nos experimentos

resultantes da indagação e do exame. “Fé legitima, somente é aquela que pode

enfrentar a razão face a face” — escrevia o iluminado em ardentes construções

literárias.

Já, há um século anteriormente, a imprensa, pelos enciclopedistas e

pensadores, derrubara a Casa dos Bourbons, ateando fogo na França e em toda a

Europa, para que a Justiça serena e forte pudesse inscrever seu nome nas glórias da

Liberdade.

Agora, a liberdade, através do jornalismo, pela férrea lógica do Espiritismo,

inscrevia os deveres do homem no quadro dos direitos sob os acenos honrosos do

“Trabalho, Solidariedade e Tolerância”.

Era o triunfar da inteligência sobre a brutalidade, da ideia sobre a força.

O direito triunfava da escravidão.

“Imprensa e Liberdade são termos de uma mesma equação” — escrevera

Ruy Barbosa.

Espiritismo, liberdade e jornalismo são partes do mesmo todo na dualidade

do “amai-vos” e “instrui-vos”, para a felicidade do homem.

A imprensa tem sido o maior veículo de manifestação pensante e o

jornalismo é o mensageiro dessa manifestação entre os povos livres.

Com a nova era que o Espiritismo inaugurou para a humanidade, o

jornalismo, nos seus aspectos mais diversos, representa o grande veículo para as

ideias que transformam cada lar num santuário e cada templo numa escola, sob a

égide de Jesus, o arquiteto sublime das nossas vidas.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 239

No Brasil, a imprensa espiritista tem feito época desde as horas dos

articulistas do “Eco do Além-Túmulo”, na Bahia, de Max, no Rio de Janeiro, até a

atualidade pelas tiragens luminosas de “Reformador”, “Mundo Espírita”, e outros

tantos periódicos que, em luta, tem mantido acesa a labareda posta no velador pelo

vexilário lionês, assegurando, assim, o direito de defesa dos ideais expostos pelo

Espiritismo, que o passar de um século não pode modificar ou substituir.

(...)

Quando nos referimos à imprensa espírita, não aludimos ao jornalismo

religioso, entibiado pela intolerância vulgar, mas à ideia ampla, portadora da

liberdade filosófica, de conceituação científica e das consequências morais, com

todo seu sentido cristão.

É mister que se recordem os lidadores da “Boa Causa”, que as ideias

expressas verbalmente passam como os ventos e que só os pensamentos grafados

permanecem como monumentos.

Não acreditemos que o pioneirismo passou. As horas de Elias da Silva,

Ewerton Quadros, Bezerra de Menezes, Sayão e toda a equipe de lutadores

inflamados se dilatam, sejam na praça pública ou nas colunas do jornal, na rua ou

no santuário mediúnico do intercâmbio, preparando os alicerces do porvir.

Há muito ainda a fazer: vales cheios de lágrimas, corações despedaçados,

ignorância pontificando em muito lugar, desespero e angústia povoando a Terra, à

nossa espera.

De todo lado, a perversão dos costumes, a astúcia e o crime ceifam

inteligências, torturam corações e aniquilam esperanças.

Calar, nem sempre traduz evolução evangélica e silenciar ante a injustiça e

o crime só raramente significa humildade e submissão...

Em muitas ocasiões o brado da legalidade e do bem deve fazer-se ouvido

para interceptar a marcha da estupidez no soberano reinado do mal.

É pela coluna do jornal e da revista, pelo livro, por todos os meios ao

alcance, que o cristão se deve manifestar, erguendo a arma poderosa da pena sadia

que sempre venceu a espada hedionda e selvagem.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 240

E se é verdade, como muitos creem, que o glorioso pioneirismo passou com

os idos de ontem, não olvidemos que aí está muita terra virgem a desbravar, muito

sertão a conquistar e muita mata escura a vencer.

Não acreditemos que o rádio e a televisão já tenham dito tudo e que todos

saibam de tudo. Pelo contrário. Ainda estão perdidas muitas almas, aguardando

roteiro e iluminação, bem como aventureiros cansados de mentir e enganar,

esperando socorro e compaixão, em todo lugar.

Precisamos de crescer em pensamento, construindo a realidade da ação.

E o jornal espírita-cristão dos tempos modernos ainda é uma lâmpada

poderosa, levando na vanguarda dos seus esclarecimentos o baluarte glorioso do

Espiritismo, para consolar corações e conduzir almas ao porto seguro da Verdade.

Escrevamos, portanto, cartas, narremos mensagens, componhamos

crônicas, transformemos em reportagens vivas os fatos da vida e apresentemo-los,

à luz meridiana da Terceira Revelação, ao homem e estaremos prestando estimável

serviço à obra renovadora da humanidade, através do jornalismo, porque

Espiritismo e jornalismo são ainda alicerces poderosos do grandioso templo da

Fraternidade nos dias do futuro.

Lins de Vasconcellos – Crestomatia da Imortalidade – Cap. 52 – Jornalismo e

Espiritismo

Meus amigos, muita Paz.

A obra do livro e do jornal, no campo do Espiritismo Evangélico, é tão

vital para o progresso do mundo quanto a sementeira de trigo ou a canalização de

fontes renovadoras e puras, destinadas a sustentar a segurança, o bem-estar e a

saúde da coletividade.

(...)

O tempo, contudo, não cessa de verter sobre a humanidade os recursos

incessantes de elevação e aperfeiçoamento sobre a utilização dos quais cada um de

nós é interpelado, a seu tempo, perante as forças equilibrantes que integram o

tribunal da Justiça Divina.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 241

Reconhecemo-nos, pois, à frente de obstáculos escuros e inquietantes em

todos os trilhos do pensamento, e não encontramos, sinceramente, outra solução

que não seja a de converter a imprensa espiritista cristã em claridade ascendente,

cujas irradiações alcancem os mais recônditos setores da atividade comum.

O livro é, no fundo, o material vivo de construção do eterno domicílio da

alma imortal, que se vai engrandecendo e iluminando, à medida que se sublima o

usufruto de suas vantagens salvadoras, que é o próprio homem, ao passo que o

jornal é, a nosso ver, a mesa permanente de pão emocional e idealístico, para a

criatura que já abandonou as bases da vida primitivista, em voo para a glória da

virtude e do conhecimento.

Assim, pois, meus amigos, saciemos a fome do corpo, e atendamos ao nosso

irmão menos afortunado da senda terrestre, oferecendo-lhe agasalho e conforto,

mas não nos esqueçamos de fazer mais luz para o raciocínio e para o sentimento,

incentivando a escola e a imprensa, em cujo sistema de socorro espiritual

aprendemos a ouvir os orientadores do passado, a receber o influxo das almas

redimidas e abnegadas, que nos amparam no presente, e a sentir as sugestões e

estímulos do futuro, para a exaltação do Evangelho, que é o livro divino, a cuja

claridade imortal preparamo-nos, pelo estudo e pelo trabalho, pelo amor e pela dor,

para encontrar a alegria divina de servir vitoriosamente, em perfeita sintonia com

Jesus, Nosso Mestre e Senhor.

Emmanuel – Chico Xavier Inédito – Cap. 10 – Tão vital como o trigo

Psicografia realizada pelo médium Francisco Cândido Xavier, em sessão

realizada na cidade de Pedro Leopoldo, Estado de Minas, durante a visita dos

confrades D’Ângelo Neto e Heitor Giuliani, representantes do Clube dos Jornalistas

Espíritas, no dia 3 de abril de 1950, quando Chico completava 40 anos, transmitiu-

lhes esta bela mensagem que se constituiu num vigoroso incentivo à Campanha do

Livro Espírita que o Clube dos Jornalistas estava liderando.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 242

4.4 Marcos Históricos – Revistas e Jornais

ANO EVENTO DESCRIÇÃO OBS.

1875 Jornal Two Worlds Fundação do jornal Two Worlds, em Londres, Inglaterra, pela escritora e médium Emma Harding Britten, transformado em revista, no ano de 1960.

Emma Britten

1858 Revista Espírita 1º Revista de Espirita do Mundo

Paris/França

Allan Kardec

1884 Revista Reformador Revista da Federação Espírita Brasileira

Rio de Janeiro/Brasil

Augusto Elias

1905 Jornal O Clarim 1º Jornal Espírita do interior/ Matão/SP

Cairbar Schutel

1925 Revista Internacional do Espiritismo

1º Revista Espírita de Matão/SP Cairbar Schutel

1934 Revista Reencarnação

A criação da Revista A Reencarnação, sendo seu primeiro Diretor Oscar Breyer, em 03 de outubro de 1934. Órgão de divulgação da FERGS

Oscar Breyer

1936 Programa Radiofônico

Lançado o 1º programa espírita radiofônico do Brasil, por Caibar Schutel, em Araraquara (SP).

Cairbar Schutel

1939 Congresso de Jornalistas e Escritores

1º Congresso Brasileiro de Jornalistas e Escritores Espíritas

Rio de Janeiro/Brasil

Deolindo Amorim

1944 Jornal O Semeador A Federação Espírita do Estado de São Paulo lança o jornal O Semeador.

Pedro de Camargo (Vinicius)

1948 Clube dos Jornalistas Espíritas

Fundação do Clube dos Jornalistas Espíritas – SP/SP

Herculano Pires

1964 Anuário Espírita 1º número do Anuário Espírita do Instituto de Difusão Espírita de Araras.

Lauro Michelin

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 243

ANO EVENTO DESCRIÇÃO OBS.

Destinado a publicação de textos e notícias, como um registro histórico do movimento espírita, surgiu a partir de sugestão do médium Francisco Cândido Xavier

1966 Programa da TV “Em busca d Verdade” [1]

Programa de entrevistas e debates, foi criado e apresentado ao vivo por Jorge Rizzini na TV Cultura de São Paulo, às segundas, das 2l às 22 horas.

Jorge Rizzini

1967 Jornal Correio Fraterno do ABC

Em 3 de outubro de 1967, com quatro páginas, formato 23 x 33cm, o jornal Correio Fraterno, entrava em circulação, partindo de São Bernardo do Campo, SP

Raymundo Rodrigues Espelho,

1974 Folha Espírita Jornal Folha Espírita, lançado em 18 de abril de 1974.

1º jornal doutrinário a ganhar as bancas de jornais do país, trazendo uma nova linguagem e um novo direcionamento para a imprensa espírita

Freitas Nobre

1974 Revista Presença Espírita

órgão de divulgação do Centro Espírita Caminho da Redenção.

Nilson Souza Dias

1976 ABRAJEE Fundação da Associação Brasileira de Jornalistas e Escritores Espíritas (ABRAJEE)

Deolindo Amorim

1989 ADE Fundação da Associação dos Divulgadores do Espiritismo - ADE–SP. ( AJE – Associação dos Jornalistas Espíritas até 1995)

Wilson Garcia

1994 Simpósio Paulista de Comunicação Espírita

1º Simpósio Paulista de Comunicação Espírita com apoio da USE e da Rádio Boa Nova de Guarulhos.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 244

[1] Pioneiro na TV na história do Espiritismo no Brasil, Em Busca da

Verdade estreou na noite de 2 de maio de 1966 com uma entrevista realizada por

Rizzini com os médiuns Chico Xavier e Waldo Vieira, atingindo logo grande

audiência, apesar de o Espiritismo em 1966 ser ainda por demais combatido pelo

clero católico.

O Diário da Noite publicava às segundas-feiras um anúncio do programa

com 24 cm de altura por l5 de largura.

Um dos programas memoráveis foi o que revelou ao público a vida de Allan

Kardec, por meio de perguntas de Rizzini e respostas alternadas de Herculano Pires

e Júlio Abreu Filho. Em Busca da Verdade foi, também, apresentado por Jorge

Rizzini no Rio de Janeiro, na TV Continental.

O programa iniciado em maio de 1966 em São Paulo terminou em novembro

de 1967. Um ano e meio de duração, tempo suficiente para promover importantes

debates com opositores da Doutrina Espírita e realizar entrevistas históricas com

Chico Xavier, Deolindo Amorim, Pietro Ubaldi e, entre outros, o filósofo argentino

Humberto Mariotti.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 245

4.5 Destaques 4.5.1 Revista Espírita – Allan Kardec

4.5.1.1 Considerações Gerais

A Revista Espírita, muita vez, representa para nós um terreno de ensaio,

destinado a sondar a opinião dos homens e dos Espíritos sobre alguns princípios,

antes de os admitir como partes constitutivas da Doutrina.

Allan Kardec – A Gênese – Introdução – Paragrafo final.

Revista Espírita: uma variada coletânea de fatos, de explicações teóricas e

de trechos destacados que completam a exposição das duas obras precedentes,

e que representa de alguma maneira a sua aplicação. Sua leitura pode ser feita ao

mesmo tempo que a daquelas obras, mas será mais proveitosa e mais compreensível

sobretudo após a de O Livro dos Espíritos.

Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – 1º Parte – Cap. 3 – Do Método –

Item 35

Até agora, o Espiritismo só foi conhecido no Brasil através dos cinco

volumes da Codificação.

Só agora dispomos da coleção da “Revista Espírita” do tempo de Kardec,

tão importante que ele mesmo a incluiu no rol das leituras necessárias para o

bom conhecimento da doutrina, como vemos em “O Livro dos Médiuns”.

Herculano Pires – A Pedra e o Joio – Cap. A Questão Metodológica –

Pag. 11

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 246

4.5.1.2 Revista Espírita – Objetivo

Seria desnecessário contestar a utilidade de um órgão especial que ponha o

público a par do progresso desta nova ciência e a premuna contra os exageros da

credulidade, tanto quanto do cepticismo.

É uma tal lacuna que nos propomos preencher com a publicação desta

Revista, com o fito de oferecer um meio de comunicação a todos quantos se

interessam por estas questões e de ligar, por um laço comum, os que

compreendem a Doutrina Espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática

do bem e a caridade evangélica para com todos.

(...)

Como se vê, nosso quadro compreende tudo quanto se liga ao conhecimento

da parte metafísica do homem. Estudá-la-emos no seu estado presente e no futuro,

pois estudar a natureza dos Espíritos é estudar o homem, porque este um dia

participará do mundo dos Espíritos. Eis por que adicionamos ao título principal, o

subtítulo jornal de estudos psicológicos, a fim de dar a compreender toda a sua

importância.

Allan Kardec – Revista Espírita – 1858 – Introdução.

A Revista foi até agora, e não podia deixar de ser, uma obra pessoal, visto

que fazia parte de nossas obras doutrinárias, constituindo os Anais do Espiritismo.

Por seu intermédio é que todos os princípios novos foram elaborados e entregues

ao estudo.

Allan Kardec – Obras Póstumas – Cap. 10 – A Constituição do

Espiritismo

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 247

4.5.1.3 Revista Espírita – Histórico

• Novembro/1857 – Os Antecedentes

15 de novembro de 1857 (Em casa do Sr. Dufaux; médium: Sra. Ermance

Dufaux)

Pergunta — Tenho a intenção de publicar um jornal espírita: julgais que

o conseguirei e me aconselhais a fazê-lo? A pessoa a quem me dirigi, Sr. Tiedeman,

não parece resolvida a me prestar o seu concurso pecuniário.

Resposta — Consegui-lo-ás, com perseverança. A idéia é boa; preciso se

faz, porém, deixá-la amadurecer mais.

P. — Temo que outros me tomem a dianteira.

R. — Importa andar depressa.

P. — Não quero outra coisa, mas falta-me tempo. Tenho dois empregos que

me são necessários, como o sabeis. Desejara renunciar a eles, a fim de me consagrar

inteiramente à minha tarefa, sem outras preocupações.

R. — Por enquanto, não deves abandonar coisa alguma; há sempre tempo

para tudo; move-te e conseguirás.

P. — Eu pretendia publicar um primeiro número como ensaio, a fim de

lançar o jornal e marcar data, e continuar mais tarde, se for possível. Que vos

parece?

R. — A idéia é boa, mas um só número não bastará; entretanto, é

conveniente e mesmo necessário, para abrir caminho. Será preciso que lhe

dispenses muito cuidado, a fim de assentares as bases de um bom êxito durável.

A apresentá-lo defeituoso, melhor será nada fazer, porquanto a primeira

impressão pode decidir do seu futuro.

De começo, deves cuidar de satisfazer à curiosidade; reunir o sério ao

agradável: o sério para atrair os homens de Ciência, o agradável para deleitar o

vulgo.

Esta parte é essencial, porém a outra é mais importante, visto que sem ela o

jornal careceria de fundamento sólido.

Em suma, é preciso evitar a monotonia por meio da variedade, congregar a

instrução sólida ao interesse que, para os trabalhos ulteriores, será poderoso

auxiliar.

Allan Kardec – Obras Póstumas – 2º Parte – A Revista Espírita

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 248

• Janeiro/1858 – O Lançamento da Revista Espírita

Apressei-me a redigir o primeiro número e fi-lo circular a 1º de janeiro de

1858, sem haver dito nada a quem quer que fosse.

Não tinha um único assinante e nenhum fornecedor de fundos.

Publiquei-o correndo eu, exclusivamente, todos os riscos e não tive de que me

arrepender, porquanto o resultado ultrapassou a minha expectativa.

A partir daquela data, os números se sucederam sem interrupção e, como

previa o Espírito, esse jornal se tornou um poderoso auxiliar meu.

Allan Kardec – Obras Póstumas – 2º Parte – A Revista Espírita

• Revista Espírita – Pós Kardec

Quando Kardec inicia a publicação da Revista Espírita e de suas obras e dá

início às sessões de estudos e experimentações, pode contar com três jovens

obscuros e desconhecidos, médiuns que se desenvolveriam sob sua orientação e

que, apesar de posteriormente apresentarem destinos diferentes, seriam iguais no

devotamento, na fidelidade e nos trabalhos prestados à Doutrina. Eram Camille

Flammarion, Victorien Sardou e Pierre-Gaëtan Leymarie.

Com o desencarne de Kardec, Leymarie foi nomeado administrador da

Sociedade Científica de Espiritismo – sociedade anônima criada por Kardec, à qual

legou seus bens para assegurar o desenvolvimento do Espiritismo – e, ao mesmo

tempo, redator-chefe e diretor da Revista Espírita.

(...)

Leymarie permaneceu no comando da revista durante trinta anos,

desencarnando em 10 de abril de 1901. Nessa época a Revista Espírita era

patrimônio dos espíritas do mundo inteiro, sendo publicada sob responsabilidade

da União Espírita Francesa.

Após o desencarne de P.G. Leymarie, a revista passou por muitas

modificações no seu conteúdo.

Eliana Haddad – Jornal Correio Fraterno – Revista Espírita: O

laboratório iluminado de Kardec no Espiritismo

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 249

Em 1968 a “Revue Spirite”, fundada por Allan Kardec em 1858, passa a ser

propriedade pessoal de Hubert Forestier, presidente da então União Espírita

Francesa, registrado em seu nome pessoal no Instituto Nacional de Propriedade

Industrial – INPI.

Com a desencarnação de Forestier, em 1971, os herdeiros transferem os

direitos para André Dumas, então redator da revista, pelo valor simbólico de um

franco.

A União Espírita Francesa deixa de existir em abril de 1976 para dar lugar

a “Union Scientifique Francophone pour L´Investigation Psychique et L´Etude de

la Survivance de l´Ame”, uma associação não espírita. E com isso, a revista deixou

de existir e integrou uma nova publicação, não espírita, “Renaitre 2000”, também

de propriedade de André Dumas.

Em 1985 foi criada por Roger Perez e outros companheiros de fé e de raça,

a “Union Spirite Française et Francophone”, com sede em Tours.

A União Espírita Francesa e Francophone, numa batalha judicial que durou

dois anos, em 1989, obteve em sentença judicial a recuperação do direito de

utilização do título “Revue Spirite”, por não ter André Dumas renovado os direitos

de propriedade do título da revista, em tempo hábil.

Depois de 12 anos de interrupção, finalmente, como a fênix que renasce de

suas próprias cinzas, “Revue Spirite” ressurge no 4º. Trimestre de 1989, sob o

número 1, ano 132, representando uma nova era para o Espiritismo na França.

Anita Becquerel – Revista Internacional de Espiritismo (RIE) – 2000 – Agosto –

Revista Espírita

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 250

4.5.1.4 Revista Espírita – Estrutura

• Características Principais

A história da Doutrina Espírita é, de certo modo, a história do Espírito

Humano. Teremos que estudá-la em todas as fontes, que nos facultarão um veio

inesgotável de observações tão instrutivas quão interessantes, sobre os fatos

geralmente pouco conhecidos. Esta parte nos dará oportunidade de explicar a

origem de uma porção de lendas e de crenças populares que participam da verdade,

da alegoria e da superstição.

No que concerne às manifestações atuais, relataremos todos os

fenômenos patentes que testemunharmos ou que chegarem ao nosso

conhecimento, sempre que nos parecerem merecedores da atenção dos nossos

leitores.

Do mesmo modo o faremos em relação aos efeitos espontâneos, por vezes

produzidos entre pessoas alheias às práticas espíritas, que ora revelam um poder

oculto, ora a independência da alma. Tais são as visões, as aparições, a dupla vista,

os pressentimentos, os avisos íntimos, as vozes secretas, etc.

Ao relato dos fatos juntaremos a explicação, tal qual ressalta do conjunto

dos princípios. A este respeito faremos notar que esses princípios são decorrentes

do ensino dado pelos Espíritos, e que faremos sempre abstração de nossas próprias

ideias. Não se trata, pois, de uma teoria pessoal, mas da que nos foi comunicada e

da qual seremos simples intérpretes.

Largo espaço será igualmente reservado às comunicações escritas ou

verbais dos Espíritos, desde que tenham um fim úteis, assim como às evocações

de personagens antigas ou atuais, conhecidas ou obscuras, sem desprezar as

evocações íntimas que, muitas vezes, nem por isso são menos instrutivas. Numa

palavra: abarcaremos todas as fases das manifestações materiais e inteligentes

do mundo incorpóreo.

À citação dos fatos juntaremos a pesquisa das causas que poderiam tê-

los produzido. Da apreciação dos atos brotarão, naturalmente, ensinamentos úteis,

quanto à linha de conduta mais conforme à sã moral.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 251

Em suas instruções os Espíritos superiores têm sempre o objetivo de

despertar nos homens o amor do bem pela prática dos preceitos evangélicos, por

isso mesmo traçam-nos o pensamento que deve presidir à redação desta

coletânea.

Como se vê, nosso quadro compreende tudo quanto se liga ao

conhecimento da parte metafísica do homem. Estudá-la-emos no seu estado

presente e no futuro, pois estudar a natureza dos Espíritos é estudar o homem,

porque este um dia participará do mundo dos Espíritos. Eis por que adicionamos ao

título principal, o subtítulo jornal de estudos psicológicos, a fim de dar a

compreender toda a sua importância.

Allan Kardec – Revista Espírita – 1858 – Introdução.

4.5.1.5 Revista Espírita – Traduções em Português

• 1968 – 1º tradução – EDICEL

Em português, a primeira tradução da Revista Espírita foi produzida

pela EDICEL – Editora Cultura Espírita, de São Paulo, no ano de 1968, cabendo a

Júlio de Abreu Filho a tradução dos textos, e a José Herculano Pires a das poesias.

• 1988 – 2º tradução – IDE

Na década de 1980, surgiu uma nova tradução, pelo IDE – Instituto de

Difusão Espírita, de Araras, SP, na tradução de Salvador Gentile, comercializada

inicialmente em fascículos, com a revisão de Elias Barbosa.

• 2004 – 3º tradução – FEB

Em 2004, a FEB – Federação Brasileira publicou uma nova tradução, essa

feita por Evandro Noleto Bezerra (Inaldo Lacerda Lima verteu as poesias).

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 252

4.5.1.6 Revista Espírita – Ensinamentos

O Espiritismo, tendo por objetivo a melhoria dos homens, não vem em

absoluto buscar os que são perfeitos, mas aqueles que se esforçam por se

transformar colocando em prática os ensinos dos Espíritos.

O verdadeiro Espírita não é aquele que chegou ao objetivo, mas é aquele

que quer seriamente atingi-lo. Quaisquer que sejam então seus antecedentes, ele

será um bom espírita desde que reconheça suas imperfeições e que seja sincero e

perseverante em seu desejo de se corrigir.

Allan Kardec – Revista Espírita – 1861 – Dezembro – Organização do

Espiritismo

Os fenômenos, longe de serem a parte essencial do Espiritismo, não são

senão o acessório, um meio suscitado por Deus para vencer a incredulidade que

invade a sociedade: essa parte (essencial) está, sobretudo na aplicação de seus

princípios morais. É aí que se reconhecem os espíritas sinceros.

Allan Kardec – Revista Espírita – 1865 – Março – O Processo Hillaire

A força do Espiritismo não reside na opinião de um homem nem de um

Espírito; ela está na universalidade do ensinamento dado pelos últimos.

Allan Kardec – Revista Espírita – 1864 – Abril – Sociedade Espírita de Paris

Os Espíritos são aquilo que são, e não podemos mudar a ordem das coisas;

não sendo todos perfeitos, não aceitamos suas palavras senão sob análise e não

com a credulidade das crianças; julgamos, comparamos, tiramos as consequências

de nossas observações, e mesmo seus erros são para nós ensinamentos, porque

não fazemos abnegação de nosso discernimento.

Allan Kardec – Revista Espírita – 1859 – Julho - Discurso de

encerramento do ano social 1858-1859

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 253

Inscrevendo no frontispício do Espiritismo a lei suprema do Cristo (Fora da

caridade não há Salvação), abrimos a via do Espiritismo Cristão; fomos, pois,

instituídos a lhe desenvolver os princípios, como também os caracteres do

verdadeiro espírita sob esse ponto de vista. Que outros possam fazer melhor do que

nós, não iremos contra, porque jamais dissemos: “Fora de nós não há verdade”.

Nossas instruções sendo, pois, para aqueles que as acham boas, são aceitas

livremente, e traçamos uma rota sem restrições, segue-a quem quer; damos

conselhos àqueles que no-los pedem, e não àqueles que crêem poder dispensá-los;

não impomos nada a ninguém, não temos qualidade para isso.

Allan Kardec – Revista Espírita – 1866 – Abril – O Espiritismo Independente

O Espiritismo, repito, em demonstrando, não por hipótese, mas por fatos,

a existência de um mundo invisível e o porvir que nos espera, muda totalmente o

curso das ideias; dá ao homem a força moral, a coragem e a resignação, porque

não trabalha mais somente para o presente, mas para o futuro.

Allan Kardec – Revista Espírita – 1864 – Novembro – O Espiritismo é uma

Ciência positiva

O Espiritismo, marchando com o progresso, não será jamais

ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe mostrarem que está em erro sobre

um ponto, ele se modificará nesse ponto; se uma nova verdade se revela, ele a

aceita.

Allan Kardec – Revista Espírita – 1867 – Setembro – Caráter da

Revelação Espírita (A gênese, Cap. 1, n.55)

O Espiritismo não é uma concepção pessoal nem o resultado de um

sistema preconcebido. É a resultante de milhares de observações feitas em todos os

pontos do globo e que convergem para o centro que os colige e coordena.

Allan Kardec – Revista Espírita – 1869 – Setembro – Ligeira Resposta aos

Detratores do Espiritismo

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 254

O Espiritismo combate o princípio da fé cega, que impõe ao homem a

abdicação de seu próprio julgamento; diz que toda fé imposta é sem raiz. É por isso

que inscreveu na lista de suas máximas: “Não há fé inabalável senão aquela que

pode enfrentar a razão face a face em todas as épocas da humanidade. ”

Allan Kardec – Revista Espírita – 1869 – Setembro – Ligeira Resposta

aos Detratores do Espiritismo

O Espiritismo é uma fé íntima; está no coração e não nos atos exteriores,

não prescreve nada que seja de natureza a escandalizar aqueles que não

compartilham dessa crença, recomendando disso se abster por espírito de caridade

e de tolerância.

Allan Kardec – Revista Espírita – 1864 – Agosto - Suplemento ao Capítulo das Preces da Imitação do Evangelho

O Espiritismo é a aplicação da moral evangélica pregada pelo Cristo em

toda a sua pureza.

Allan Kardec – Revista Espírita – 1861 – Maio – Vinde a Nós

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 255

4.5.2 Revista Reformador – FEB

Em 1869 surgiu na Bahia o primeiro órgão da imprensa espírita brasileira,

O Écho d’Além-Túmulo – Monitor do Espiritismo no Brasil, fundado e dirigido por

Luís Olímpio Teles de Menezes.

Outras experiências foram tentadas também na cidade do Rio de Janeiro,

com o objetivo de divulgar a Doutrina Espírita por meio da imprensa. Prova disso

foi a Revista Espírita, dirigida pelo Dr. Antônio da Silva Neto, vice-presidente do

Grupo Confúcio, a qual teve vida efêmera, aparecendo em 1º de janeiro de 1875 e

desaparecendo ao fim de seis meses.

Também no mesmo ano de 1875, O Espírita, jornal quinzenal, fundado em

Natal (RN), em 1 de setembro, por um grupo de jovens.

Outra tentativa foi a Revista da Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e

Caridade, que subsistiu de janeiro de 1881 a julho de 1882.

O jornal União e Crença foi fundado em 24 de março de 1881, na Tipografia

do Timbira, jornal mensal de propriedade do Grupo Espírita Fraternidade Areense,

editado pelo coronel Joaquim Silvério Monteiro Leite e Afonso de Távora na cidade

de Areias, São Paulo.

A Cruz – Semanário Espírita, fundada em 6 de julho de 1881, pelo Dr. Júlio

César Leal na cidade de Recife, Pernambuco.

O Espiritismo – Órgão dedicado à verdade, fundado em 22 de outubro de

1881, na cidade do Rio de Janeiro (FEB, 2012b).

O Renovador – órgão espírita, fundado na cidade do Rio de Janeiro em 28

de agosto de 1882 pelo major Salustiano José Monteiro de Barros e Afonso Angeli

Torteroli, encerrou suas atividades em 1883.

Em meio a essas tentativas é que o fotografo, português, Augusto Elias da

Silva, em 21/1/1883 idealiza e funda o “Reformador — Órgão Evolucionista, a

serviço da Grande Causa”.

Até o ano de 1888 a redação do periódico funcionou na residência de seu

fundador. Inicialmente possuía quatro páginas de texto, formato tablóide, medindo

44 x 36 cm e de periodicidade quinzenal ou bimensal.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 256

A tiragem girava em torno de apenas 300 a 400 exemplares. Dividia-se nas seguintes seções: doutrina, coletânea, fenomenologia, romântica, bibliografia, colaboração, conferências, ditados.

A partir de janeiro de 1903, assume o formato de revista, medindo 27 x 18,5cm, com 16 páginas e com várias seções: ecos e fatos, notícias do Brasil, folhetim, lírica, informações, catálogos de livros à venda, pensamentos, transcrição, além do expediente.

A publicação continuou quinzenal, mantendo-se assim por mais trinta e quatro anos, de 1903 a 1937 (54 anos ao todo). A partir de então, a revista aumenta de tamanho e passa a ter quarenta e oito páginas. A periodicidade tornou-se mensal a partir de janeiro de 1938.

Em 1939, a FEB adquiriu e instalou as máquinas impressoras próprias, nas dependências dos fundos do prédio da Avenida Passos na cidade do Rio de Janeiro.

Já há longo tempo Reformador se constituiu no mais antigo periódico da imprensa espírita brasileira, enquanto em relação ao resto do mundo, ocupa o quinto lugar em antiguidade.

Os Anais da Biblioteca Nacional em seu volume 85 informa que o Reformador é um dos quatro periódicos surgidos no Rio de Janeiro, de 1808 a 1889, que sobreviveram até os dias de hoje. São eles, pela ordem: Jornal do Commercio (1827); Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (1839); Diário Oficial (1862); Reformador (1883). À exceção do Diário Oficial, Reformador é o único que jamais teve interrompido sua publicação.

Cabe aqui salientar que a revista Reformador teve sua publicação suspensa temporariamente, nos meses de outubro, novembro e dezembro do ano de 1893, tendo em vista conturbações políticas por ocasião da Revolta da Armada na cidade do Rio de Janeiro. Embora a situação conturbada da Capital Federal, a numeração não sofreu interrupção.

Em 1884, o periódico foi incorporado por seu fundador e proprietário à Federação Espírita Brasileira – FEB, criada por iniciativa do mesmo e mais membros, em 2 de janeiro daquele ano, tornando-se então porta voz da FEB.

Pedro Paulo Amorim – A Revista Reformador e a memória espírita brasileira – Anais do XIV Encontro Estadual de História – Tempo, memórias e expectativas,

19 a 22 de agosto de 2012, UDESC, Florianópolis, SC

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 257

4.5.3 Jornal “O Clarim” – Matão

O Clarim, fundado no pequeno município de Matão pelo exponencial líder

espírita Cairbar Schutel (1868 – 1938), produziu em termos de impacto e de

propaganda dos postulados espíritas.

Ferrenho defensor dos princípios doutrinários, líder inconteste, cuja fama

ultrapassou as fronteiras do país sem nunca as tê-la cruzado e raramente ter deixado

sua trincheira no sertão paulista, Cairbar Schutel fundou em 1905 “O Clarim” que,

como ele mesmo concebeu, era para a divulgação da Doutrina junto aos simples e

para defendê-la dos ataques do clero.

Em 1925, segreda a seu companheiro Luís Carlos Borges desejar dar

divulgação a materiais mais aprofundados, científicos, que costumava receber de

todo o Brasil e do Exterior.

Juntos criaram, então, a Revista Internacional do Espiritismo (RIE) para

pessoas mais ilustradas e que igualmente ao O Clarim, existe até hoje espargindo

esclarecimento e consolo a todos aqueles que buscam na Doutrina dos Espíritos as

realidades da Vida na Outra Dimensão.

Em sua época, O Clarim tinha edições normais de 10.000 exemplares, mas

em algumas épocas, como Finados, chegou a atingir a fabulosa tiragem de 47.000

exemplares!

(...)

Até 1907, quando adquiriu tipografia própria, O Clarim era impresso em

Taubaté por Francisco Veloso e Ernesto Penteado (diretor de O Alvião).

Com quase 100 anos de existência, O Clarim apenas uma vez deixou de

circular. A tiragem normal era de 10.000 exemplares semanais, mas em épocas de

dificuldades o jornal circulava quinzenal ou mensalmente.

De algumas edições especiais chegaram a ser tirados até 47.000 exemplares,

principalmente na época dos Finados, quando Cairbar os enviava a espíritas de

diversas cidades do Brasil e do Exterior para serem distribuídos gratuitamente nos

cemitérios.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 258

Para manter O Clarim, e, posteriormente, A Revista Internacional do

Espiritismo (1925), Schutel revelou-se, acima de tudo, um previdente empresário,

montando uma boa equipe de representantes que viajavam vendendo assinaturas e

fazendo as devidas cobranças.

Dentre seus colaboradores estavam João Leão Pitta (Piracicaba), Mariano

Rango D'Aragona (Rio de Janeiro), Umberlo Brussolo (São Paulo), João Fusco (Rio

Preto) e outros.

Após o desencarne de Cairbar Schutel em 1938, outros diretores mantiveram

vivo o ideal de seu criador: José da Cunha, José da Costa Filho, Wallace Leal

Rodrigues, Antoninha Perche, Watson Campello, Ítalo Ferreira, Joaquim Alves,

Carlos Vital Olson, sendo atualmente seu responsável o confrade Aparecido O.

Belvedere.

A Redação funcionava à época de Cairbar, à Rua Rui Barbosa, esquina com

Av. 28 de Agosto.

Eduardo Monteiro de Carvalho – Cem Anos de Comunicação Espirita em São

Paulo – Cap. 2 – A Imprensa Espírita em São Paulo

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 259

4.5.4 Revista Internacional do Espiritismo – RIE

Fundada em 15 de fevereiro de 1925, por Cairbar Schutel, a Revista

Internacional de Espiritismo (RIE) é um dos órgãos de divulgação da Doutrina mais

antigos do Brasil. E, também, dos mais respeitados.

Com textos de qualidade e profundidade, expande o conteúdo religioso do

Espiritismo para explicações filosófico-científicas.

A criação da revista veio complementar a fundação do jornal O Clarim,

também de iniciativa de Schutel, cujo público eram as pessoas mais simples de

instrução.

Para tornar viável o novo veículo, Schutel contou com a colaboração de Luís

Carlos de Oliveira Borges, de Dourado, interior paulista, que, tornando-se fã do

jornal O Clarim, decide visitar Matão, no princípio da década de 1920, para

conhecer suas instalações. Àquela época, Cairbar Schutel recebia vasto material em

outros idiomas com conteúdo mais elaborado, mas que não poderiam ser publicados

em O Clarim.

Falando sobre esse material, Schutel revela a Borges que gostaria de

encontrar um meio de divulgar esses artigos, mas não possuía recursos para tal.

Borges, então, confiante na proposta idealista de seu interlocutor, garante que

bancaria os primeiros recursos necessários à instalação da Revista Internacional de

Espiritismo. E assim, com esforço conjunto, foi possível a primeira edição da RIE

em fevereiro de 1925, impressa em São Carlos/SP.

Na ocasião, tendo como subtítulo “Publicação mensal de estudos anímicos

e espíritas”, a RIE deixava claro o seu propósito de explorar os novos estudos

abordados pelo Espiritismo.

No editorial de abertura, Cairbar Schutel justifica a adoção do título e do

subtítulo da revista: “O título e o subtítulo que adotamos para esta publicação

compreendem uma vasta área de trabalhos e conhecimentos que marcam na hora

atual um movimento de acentuado progresso na marcha da humanidade. (...) Por

toda parte do mundo congregam-se esforços para a divulgação da Ideia Espírita.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 260

Associações, federações de associações, congressos nacionais e

internacionais, dão conta dos progressos que o Espiritismo vai realizando”.

Com 32 páginas e bem ilustrado, o primeiro número trouxe importantes

matérias, como um retrato do poeta francês Victor Hugo e, fazendo jus ao nome do

periódico, notícias de Cuba, Itália, Dinamarca, Suécia, Grã-Bretanha, França,

Argentina e Estados Unidos.

A partir do terceiro número, a RIE começou a ser impressa na gráfica em

Matão e continuou dessa forma até a edição de janeiro de 2011, quando a produção

foi terceirizada para uma gráfica em Ribeirão Preto/SP.

Em suas primeiras edições, a RIE transcrevia artigos traduzidos do francês,

espanhol, alemão, inglês e italiano, de grandes periódicos, como: “Light”, “La

Revue Spirite”, “Vie d’Outre Tombe”, “Hoy”, “The Harbingerof Light”, “City

News”, “Kálpale”, “Luce e Ombra”, “The Two Worlds”, “Luz dei Porvenir”, “La

Tribune de Genéve”, “Ghost Stories” e “Psychic Science”. Tais artigos eram

assinados por grandes escritores e pesquisadores da época, como Sir Oliver

Lodge, Camille Flamarion, Ernesto Bozzano e Sir Arthur Conan Doyle, entre

outros. Muitos deles frequentemente trocavam cartas com Cairbar Schutel, que se

encarregava de fazer as traduções(especificamente, francês e espanhol). Além dele,

também foram tradutores Ismael Gomes Braga, Severiano Ivens Ferraz e Watson

Campello.

O rótulo que a Revista Internacional de Espiritismo recebe não é por acaso.

Mesmo nos primórdios, quando Cairbar trocava correspondências com ilustres

personagens estrangeiros e traduzia diversas matérias para publicação, sua vocação

internacional já se fazia presente.

Atualmente, a revista circula regularmente (com assinatura) em 26 países,

além do Brasil: Estados Unidos da América, França, Portugal, Suíça, Áustria,

México, Holanda, Luxemburgo, Bélgica, Inglaterra, Canadá, Espanha, Uruguai,

Itália, Colômbia, Nigéria, Venezuela, Cuba, Equador, Argentina, Moçambique,

Porto Rico, Angola, Honduras, Austrália e Bolívia.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 261

De grande importância, a RIE traz, frequentemente, notícias de congressos,

seminários e palestras internacionais, além de eventualmente divulgar informações

sobre novas instituições fundadas e suas respectivas programações.

Finalmente, no livro na obra Cairbar Schutel, o Bandeirante do

Espiritismo, Eduardo Carvalho Monteiro e Wilson Garcia assim resumem a Revista

Internacional de Espiritismo: “Não diríamos ter sido mais um órgão de divulgação

espírita no Brasil, mas a Revista Internacional de Espiritismo foi, na realidade, um

capítulo todo da história do Espiritismo”.

Redação – O Clarim

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 262

4.5.5 Jornal “Correio Fraterno do ABC”

Em 3 de outubro de 1967, com quatro páginas, formato 23 x 33cm, o

jornal Correio Fraterno, entrava em circulação, partindo de São Bernardo do

Campo, SP, ganhando a cada edição novas cidades do Brasil.

Dos mil exemplares impressos, primeiramente, quinhentos seguiram

postados pelos Correios e os restantes, entregues em casas espíritas e em pontos

comerciais.

Assim se iniciava a caminhada do Correio Fraterno, que alcança hoje 477

edições, ininterruptamente preparadas com o ideal de levar aos leitores a visão

espírita atrelada aos mais diversos assuntos – da ciência à religião, da filosofia aos

problemas atuais da humanidade.

"Lutamos com algumas dificuldades, mas nunca nos faltou amparo. Houve

tropeços, períodos difíceis, mas como o bem sempre se sobrepõe, a luz também se

fez presente, e aqui estamos, felizes pelo caminho trilhado", assinala Raymundo

Rodrigues Espelho, idealizador do projeto, junto a outros companheiros espíritas.

Nove anos depois, a editora espírita Correio Fraterno se lançava no desafio

da publicação de livros, começando a tecer um novo capítulo da sua história,

reunindo atualmente cerca de cem títulos publicados, quarenta em catálogo e mais

de um milhão de exemplares vendidos.

Basta folhear as antigas edições do acervo do jornal ou a coleção de todos

os livros publicados até hoje para se reconhecer o valor do trabalho realizado pelas

diversas equipes que no decorrer desses 50 anos passaram pela editora.

Trata-se de um retrato da própria história do movimento espírita, escrita em

grande parte por escritores e articulistas renomados, como: Hermínio Miranda,

Deolindo Amorim, Herculano Pires, Jorge Rizzini, Iracema Sapucaia, Lamartine

Palhano Junior, Heloisa Pires, Dora Incontri, Sueli Caldas Schubert, Wilson Garcia,

Humberto Mariotti, Aureliano Alves Neto, Amilcar Del Chiaro, Richard Simonetti,

Carlos Imbassay, Alberto de Souza Rocha, Altamirando Carneiro, J. G. Pascale,

Carlos Toledo Rizzini, Domério de Oliveira, Rita Foelker. A lista é bem grande...

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 263

"A partir de 2004, quando assumi a coordenação da editora, já havia uma

boa base construída através da participação desses escritores, tão presentes no

movimento espírita. Essa história foi aos poucos sendo ampliada, com a chegada de

novos autores e articulistas, que traziam também projetos editoriais inovadores no

campo da comunicação espírita, dentre os quais: André Trigueiro, Tatiana Benites,

Alexandre Fontes da Fonseca, Lygia Barbiére Amaral, Jader Sampaio, Umberto

Fabbri, Arandi Gomes Teixeira, Marco Milani, David Monducci etc.", comenta a

jornalista Izabel Vitusso.

O bom alicerce

Experimentando grande impulso no início dos anos de 1990, o jornalismo

espírita era pautado em congressos e encontros realizados pelas principais entidades

do movimento espírita, principalmente a Associação dos Jornalistas Espíritas do

Estado de São Paulo.

Esses eventos procuravam abranger os diversos segmentos de atuação da

imprensa espírita, reunindo jornalistas, escritores, colaboradores dos periódicos

espíritas, além dos dirigentes das casas espíritas.

E o Correio Fraterno sempre esteve presente, fazendo parte dessas

iniciativas, que marcaram a história do espiritismo no Brasil.

O escritor e jornalista Deolindo Amorim teve grande atuação nesse campo,

sendo o idealizador do Congresso Brasileiro de Jornalistas e Escritores Espíritas,

realizado pela primeira vez na cidade do Rio de Janeiro no ano de 1939. Era

articulista sempre presente no Correio Fraterno.

Não menos importante, Herculano Pires, que se notabilizou-se por sua

variada atuação nos meios de comunicação, como repórter, redator, secretário,

cronista parlamentar e crítico literário dos Diários Associados, também deu seu

incentivo e colaboração ao projeto editorial do Correio Fraterno. São da editora os

três livros contendo 124 crônicas de sua autoria, publicadas no Diário de São

Paulo entre 1957 e 1970 sobre os mais diversos temas analisados sob a ótica espírita

– O mistério do bem e do mal, O homem novo e O infinito e o finito. Depois ainda

viriam Visão espírita da Bíblia e Educação para a morte.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 264

Hermínio Miranda também apoiou o projeto, não somente escrevendo para

o jornal, como entregando à editora a coleção "Histórias que os espíritos contaram"

(A dama da Noite, O exilado, As mãos de minha irmã, A irmã do Vizir). Ainda pela

editora, seriam publicados pela série "Começar" O que é fenômeno mediúnico e O

que é fenômeno anímico e Os procuradores de Deus. Também é o tradutor de A

feira dos casamentos (Rochester). Aliás, de Rochester, a editora ainda receberia da

médium Arandi Gomes Teixeira outras emocionantes histórias: Vos sois deuses, A

força do amor, A pulseira de Cleópatra, A encarnação de uma rainha, O condado

de Lancaster, O príncipe do Islã e o mais recente, O exílio.

Romances importantes psicografados por Dolores Bacelar também fazem

parte dessa história: dentre os quais A mansão Renoir e os da série "Às margens do

Eufrates" (O alvorecer da espiritualidade, Guardiães da verdade, Os veladores da

luz e O voo do pássaro azul), hoje reunidos em Mesopotâmia, luz na noite do

tempo.

Novos projetos, novos tempos

A preocupação em oferecer um contexto literário para todas as idades não

demorou a chegar.

Foi assim que, em 1978 surgia o "Suplemento Literário" no jornal, trazendo

análise de obras e autores espíritas.

A seguir, As aventuras do Fraterninho, de Iracema Sapucaia, marcou época

nas páginas do jornal, inicialmente como textos para o público infantil, numa seção

de passatempos e, 30 anos depois, como revistas em quadrinhos encartadas nas

edições.

"Sabemos que é grande a nossa responsabilidade em cada trabalho que

chega, contando com o auxílio da espiritualidade para analisarmos a utilidade e a

mensagem que se quer levar para que as pessoas possam ter um bom conteúdo

acrescido pela leitura em suas vidas", revela Vitusso. Um excelente exemplo é o

livro Viver é a melhor opção, a prevenção do suicídio no Brasil e no mundo, escrito

pelo jornalista André Trigueiro, com direitos autorais doados para o CVV. "São

mais de 40 mil exemplares vendidos e a obra marca uma fase de desbravamento do

assunto-tabu".

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 265

São desafios constantes que fazem a editora Correio Fraterno se manter

jovem, atuante – desde a preocupação com a estética, nas mãos de profissionais de

arte como Hamilton Dertonio e André Stenico.

Há ainda uma longa estrada a desbravar, inclusive a digitalização dos

exemplares antigos desses 50 anos de jornalismo espírita para futuras pesquisas.

Alguns mais recentes já estão disponibilizados na internet. E o site do

correio também traz uma infinidade de informações em entrevistas, artigos,

crônicas, curiosidades, textos especiais. "Recentemente, passamos a disponibilizar

gratuitamente alguns e-books e cursos em vídeos. Trabalho é o que não falta nesse

projeto de amor, com tratamento jornalístico, profissional, sem proselitismos, não

perdendo de vista que muitos leitores ainda estão começando a entrar em contato

com o conteúdo espírita", informa Vitusso.

Apesar de todas as dificuldades encontradas ao longo de sua história,

o Correio Fraterno tem se mostrado atual, um jornal com espírito de renovação

constante. "É essa busca pelo melhor que nos faz correr atrás das necessidades

atuais. A busca pela modernização e aprimoramento da linha editorial e

apresentação gráfica continuam a ser palavras de ordem da equipe Correio

Fraterno, a fim de tornar cada edição, cada livro, cada iniciativa, um trabalho mais

completo ante as necessidades de seu público leitor".

Eliana Haddad – Correio Fraterno – No 477 – 2017 – Setembro/Outubro – Os 50

anos do Correio Fraterno

Hoje o jornal Correio Fraterno, com quase 450 edições, já faz parte da

história do espiritismo. Conte-nos como tudo começou.

Por estímulo de amigos, em setembro de 1959, aos 22 anos, saí de

Catanduva, cidade onde nasci, para São Bernardo, uma cidade já bastante

promissora em termos profissionais. Desde jovem eu pensava em fundar um jornal.

Tanto que quando me mudei, em pouco tempo chegamos a publicar, junto a outros

companheiros, um boletim mimeografado, o Voz Juvenil. Passei a frequentar o

Centro Espírita Emmanuel, onde se pretendia instituir um lar para crianças órfãs.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 266

Acabei fazendo parte da comissão. Um ano depois, em 30 de março de 1960,

era fundado o Lar da Criança Emmanuel, de cujas atividades participei com muito

carinho. O jornal Correio Fraterno também acabou sendo um dos projetos do

pessoal do Lar e de um grupo de jovens da então UME – União Municipal Espírita

da cidade de São Bernardo, da qual eu fazia parte.

A primeira edição do jornal é de outubro de 1967. Como era fazer um

jornal espírita naquela época?

Na época, era tudo feito de forma artesanal. Após preparadas as matérias –

muitas necessitavam ser datilografadas – levávamos ao Diário do Grande ABC, em

Santo André, onde os textos eram compostos nas oficinas em linotipo.

Fazíamos, eu e mais dois companheiros, a revisão que depois retornava para

as emendas, tudo feito no chumbo, para depois ser impresso na gráfica em Utinga

(Distrito de Santo André), dois ou três dias depois.

O jornal era bimestral, tinha apenas quatro páginas, formato ofício e uma

tiragem de mil exemplares. Aos poucos foi crescendo em formato, quantidade de

páginas, alcançando a casa dos 12 mil exemplares e passando a uma circulação

mensal também maior, chegando a diversos países.

As dificuldades financeiras eram frequentes e as contas sempre justas.

Embora a distribuição fosse grande, a luta para a conscientização dos confrades

sobre a necessidade de se fazer assinatura dos periódicos espíritas, apoiando estas

iniciativas, sempre foi grande.

Como o senhor analisa a história do Correio Fraterno?

Penso que o movimento espírita, por conta das imperfeições humanas, teve

altos e baixos. Agora nos encontramos em uma fase muito boa, graças a Deus.

Realmente temos no Correio uma síntese de importantes acontecimentos

ocorridos nestes 45 anos. São muitas histórias, reportagens e tantos articulistas que

passaram por suas páginas, falando sobre os mais diversos assuntos. É engraçado

que desde o início sempre houve a preocupação editorial do Correio de se

contextualizar os temas doutrinários. Em alguns momentos houve desacertos.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 267

Fruto da impulsividade de muitos que compunham a equipe na época. Mas

isso também faz parte da comunicação, que é atuante e busca a inovação.

Quais os personagens do movimento espírita que figuravam nas

primeiras décadas do jornal?

Tivemos uma grande alegria, quando em nossa segunda edição, passou a

colaborar conosco o reconhecido orador, escritor e jornalista Paulo Alves Godoy,

permanecendo conosco por muitos anos. Ele fora também presidente da Federação

Espírita do Estado de São Paulo.

Contamos sempre também com Carlos Jordão da Silva, que muito nos

orientou administrativamente, tendo sido também presidente da FEESP. Aureliano

Alves Netto, de Caruaru, PE, Antônio Fernandes Rodrigues, de São Paulo, Domério

de Oliveira, de Catanduva.

Sem falar dos expoentes Deolindo Amorim, Alberto de Souza Rocha,

Hermínio Miranda, Sérgio Lourenço, Francisco Klörs Wernek, Abstal Loureiro e

tantos outros.

Eliana Haddad – Correio Fraterno do ABC – Edição Especial de 45 anos – 2012

– Setembro/Outubro – Entrevista com Raymundo Rodrigues Espelho

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 268

4.5.6 Jornal “O Semeador” – FEESP

Fundado em 1º de março de 1944, órgão oficial da Federação Espírita do

Estado de São Paulo. O jornal era impresso na Tipografia Argus, de Natalino Graziano, à Rua

Asdrubal do Nascimento, no 114, tinha como diretor Pedro de Camargo (Vinicius) e na equipe: Edgar Armond, Godoy Paiva, Manoel Quintão, Luiz Monteiro de Barros, Carlos Brito Imbassahy, Carlos Shalders.

No cabeçalho trazia a figura de um lavrador jogando a semente e, junto à data, a frase: A semente é a palavra de Deus.

Desfilaram por suas páginas grandes escritores e jornalistas espíritas: Paulo Alves Godoy, Reynaldo Pinheiro, Carlos Jordão da Silva, Rodolfo Calligaris, Arnaldo S. Thiago, Julio de Abreu Filho, Hernani Guimarães, Ary Lex, Carlos Imbassahy e muitos outros.

Dimensões e Formato: 36,50 x 28,50, com 4 páginas (no 1) e mais um suplemento de 2 páginas a partir do no 2.

Eduardo Monteiro de Carvalho – Cem Anos de Comunicação Espirita em São Paulo – Cap. 3 – fatos, fotos e personagens

4.5.7 Revista Presença Espírita – LEAL

Editada desde 1974, pela Livraria Espírita Alvorada Editora – LEAL,

bimestralmente. De temática variada, a Revista discute tanto questões fundamentais da

Doutrina como informa sobre as atividades do Movimento Espírita em geral e da Mansão do Caminho e Divaldo Franco em particular.

Há mais de 41 anos, com o propósito de iluminar mentes e consolar corações, a Revista Presença Espírita vem sendo um valoroso veículo de divulgação da Doutrina Espírita, dentro do seu tríplice aspecto: Ciência, Filosofia e Religião, muito bem estruturados, elaborados, embasados e com o mais elevado teor, contando sempre com mensagens inéditas da mentora Joanna de Ângelis, além de colunas com salutares reflexões.

Como órgão de divulgação do Centro Espírita Caminho da Redenção, proporciona informações seguras, de forma agradável, apresentando diversas seções, em mais de 50 páginas, algumas delas consagradas, a exemplo da “Mensagem do Bimestre”, “Primeira Página”, “Problemas e Soluções” e destaque para o livro do bimestre.

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 269

4.5.8 Anuário Espírita – IDE

Lançado o primeiro número do Anuário Espírita do Instituto de Difusão

Espírita de Araras: Anuário Espírita 1964

Destinado a publicação de textos e notícias, como um registro histórico do

movimento espírita, surgiu a partir de sugestão do médium Francisco Cândido

Xavier e continua sendo publicado anualmente até os nossos dias.

“E tudo começou com uma carta de Chico Xavier, em 1958, endereçada ao

Dr.Lauro Michielin, que já havia editado, nos anos de 1955 e 1956, o livro

Libertação (Seleções Espíritas), já com características de anualidade.

Uma grande ideia que veio a ser colocada em prática em 1963, quando

Chico Xavier voltou a sugerir a edição de um livro anual que registrasse os

principais acontecimentos do movimento espírita no Brasil e no Mundo, além de

outras seções de interesse doutrinário, culminando com significativa mensagem

psicofônica de Bezerra de Menezes, através desse médium, exortando os

trabalhadores de Araras à realização desse projeto.

A própria denominação Anuário Espírita, bem como, a sigla IDE, ou seja,

Instituto de Difusão Espírita, foram sugestões do querido médium mineiro, assim

como diversas idéias de seções a serem implementadas nesse Anuário.

E, assim, realizou-se, em 19.09.63, a assembléia geral de fundação,

aprovação do estatuto, eleição e posse da primeira diretoria do Instituto de Difusão

Espírita que, com a data de prefácio de 03.10.63 (três de outubro lembrando o

nascimento do Codificador Allan Kardec), tradição que se mantém até hoje, foi

lançado o AE 1964.

A partir daí, todos os anos, a primeira pessoa que recebia, em mãos, o AE

era o médium amigo, na cidade de Uberaba, com exceção do ano de 1972, quando

Chico Xavier nos ofereceu a grande alegria de sua presença em nossa cidade de

Araras, nas dependências do IDE, para uma festiva Tarde-Noite-Madrugada de

Autógrafos.

Durante quatro décadas, o irmão Chico colaborou com o AE, através de

páginas publicadas, além de suas sábias orientações e sugestões com referência ao

material a ser divulgado em nossas edições.

Editor – Anuário Espírita – 2008 – Apresentação

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 270

No ano de 1963, a pedido do médium Francisco Cândido Xavier, alguns

espíritas da cidade de Araras (SP), que já realizavam trabalhos doutrinários e

mediúnicos, bem como distribuição de alimentação aos mais necessitados,

estiveram em Uberaba (MG), e o querido Chico sugeriu a eles a edição de um

Anuário Espírita, cuja finalidade seria a de publicar os mais importantes

acontecimentos do ano anterior, a fim de que se constituísse um registro histórico

do movimento espírita nacional e internacional.

Também se referia à publicação de artigos, estudos, mensagens, enfim, tudo

o que se constituísse em leitura edificante e cristã.

E assim foi fundado o IDE — Instituto de Difusão Espírita, e o Anuário

Espírita, ambas denominações criadas e sugeridas por Chico Xavier.

Já no ano seguinte, 1964, foi lançado, então, o Anuário Espírita, que perdura

até os dias de hoje, sendo que, desde esse primeiro número, Chico Xavier

colaborou, através da mediunidade psicográfica, com mensagens, poemas, trovas,

cartas, entrevistas, até o ano de 2002, quando retornou ao Plano Espiritual

Editor – Chico Xavier e suas mensagens no Anuário Espírita –

Apresentação

Senhor Jesus!

No concerto das forças que te servem, na construção da Era Nova,

suplicamos-te apoio e inspiração para os lidadores da imprensa espírita, quase

sempre mantidos em condições sacrificiais para sustentarem a lavoura do bem.

Sobretudo, Mestre, permite possamos mencionar, diante do teu amparo,

aqueles a que a abnegação situou nos mais duros misteres:

Os que são escarnecidos pela sinceridade com que se devotam aos assuntos

da alma;

Os que se arrostam com ingratidão e desvalimento por não esmorecerem na

exposição da verdade;

Os que são tentados com vantagens dinheirosas e preferem suar no rigor da

carência, sem te deslustrarem a confiança;

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 271

Os que amargam incompreensão e abandono, às vezes entre as paredes do

lar, e continuam fiéis à tua mensagem libertadora;

Os que são tidos à conta de obsessos, tão somente por te exemplificarem os

ensinos, distanciados de humanas conveniências;

Os que trabalham gratuitamente na exaltação da tua causa, entre as fadigas

do corpo e as exigências da profissão;

Os que compreendem a dignidade da ideia espírita, elevando-a sempre, sem

jamais rebuçá-la em sarcasmo ou crueldade, a pretexto de esclarecer os

semelhantes;

Os que molham a pena, no fel das próprias lágrimas, a fim de que as páginas

edificantes da tua Doutrina se façam clarões permanentes, orientando os que se

tresmalham nas sombras;

E os que, ainda mesmo temporariamente submetidos à enfermidade ou à

penúria, olvidam a si mesmos, transfundindo a dor em cântico e a dificuldade em

lição!…

Senhor!

Conduziste-nos o coração para Deus, ensinando-nos a solicitar-lhe o pão

nosso de cada dia…

Deixa, assim, te roguemos também proteção e auxílio para que as letras

espíritas nos garantam na Terra o Pão de luz!

Emmanuel – Anuário Espírita – 1964 – 1º edição – prefácio (Fé e Vida –

Cap. 23 – Ante os lidadores das letras)

Em 1964, foi editado em Araras, pela primeira vez, o Anuário Espírita pelo

Instituto da Difusão Espírita (IDE).

Seu primeiro Diretor foi Lauro Michelin e grandes jornalistas e escritores

espíritas já escreveram em suas páginas.

Médiuns reconhecidos como Chico Xavier, Ivone Pereira, Dolores Bacelar,

Waldo Vieira, Zilda Gama, Antônio Baduy Filho, Carlos Bacelli, Divaldo Percira

Franco estiveram e estão no anuário.

Eduardo Monteiro de Carvalho – Cem Anos de Comunicação Espirita em São

Paulo – Cap. 5 – Registros Importantes

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 272

5 CONCLUSÃO

Ao fecho deste trabalho diríamos primeiramente que a Comunicação Social Espírita, representa para as Instituições Espíritas no ontem, no presente, como no futuro, umas das pedras basilares de sua contribuição para o progresso material, moral e espiritual do ser humano.

Esta contribuição reflete a luz de um dos conceitos centrais da Doutrina Espírita, nas palavras do Espírito de Verdade, – “Espíritas: Instruí-vos”, ou de outra forma – é através da ação pacífica, permanente e amorosa de cada um de Nós em prol da disseminação da Doutrina Espírita perante a Sociedade é que estaremos contribuindo de forma efetiva para que haja e se distenda a Evolução, a Paz, a Luz no Planeta.

Adalberto Coelho O Espiritismo veio para ficar. Sua meta‚ o homem e guiá-lo com

segurança‚ o seu fanal.

Joanna de Ângelis – No Limiar do Infinito – Cap. 1

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 273

6 REFERÊNCIAS

Esta relação bibliográfica não está, intencionalmente, seguindo os padrões

usuais – está numa forma mais sintética, fazendo uma correlação direta entre o texto

do trabalho e os livros/mensagens.

# Autor – Livro ou Revista – Cap. ou Item – Título 1 Abílio da Silva Lima – Depois da Vida – 3º Parte – Cap. 9 – O Futuro

do Espiritismo 2 ABRAJE – Revista Internacional de Espiritismo (RIE) – 2001 – Junho –

Princípios éticos do Jornalismo Espirita – 6º Congresso Brasileiro de Jornalistas e Escritores Espíritas – Brasília

3 Albino Teixeira – Caminho Espírita – Cap. 20 – Anotação Espírita

4 Albino Teixeira – Caminho Espírita – Cap. 29 – Livro Espírita

5 Albino Teixeira – Irmãos Unidos – Cap. 5 – Efeitos do Livro Espírita

6 Alexandre Caroli Rocha – A Poesia transcendente de Parnaso de Além-Túmulo – Introdução

7 Alexandre Caroli Rocha – A Poesia transcendente de Parnaso de Além-Túmulo – Cap. 3.4 – Literatura e Persuasão

8 Alexandre Caroli Rocha – A Poesia transcendente de Parnaso de Além-Túmulo – Resumo

9 Alexandre Caroli Rocha – A Poesia transcendente de Parnaso de Além-Túmulo – Introdução

10 Alexandre Caroli Rocha – O caso Humberto de Campos – autoria literária e mediunidade – Resumo

11 Alfred de Musset – Revista Espírita – 1860 – Dezembro - Qual será a influência da poesia no Espiritismo

12 Alfredo Nora – Carta do Alto – Cap. 40 – Livro Espírita (Revista Reformador – 1969 – Abril)

13 Allan Kardec – A Gênese – Introdução – Paragrafo final

14 Allan Kardec – Céu e o Inferno – 1º Parte/Cap. 7/8

15 Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – 1º Parte – Cap. 3 – Do Método – Item 35

16 Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – Cap. 24 – Identidade dos Espíritos

17 Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – Cap. 24 – item 267/ 9º - Modos de se identificar os bons do maus Espíritos

18 Allan Kardec – O Livro dos Médiuns – Cap. 29 – Item 350 – Rivalidade entre as Sociedades

19 Allan Kardec – Obras Póstumas – 2º Parte – A Revista Espírita – 15 de novembro de 1857

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 274

# Autor – Livro ou Revista – Cap. ou Item – Título 20 Allan Kardec – Obras Póstumas – 2º Parte – A Revista Espírita – 15 de

novembro de 1857 21 Allan Kardec – Obras Póstumas – Cap. 10 – A Constituição do

Espiritismo 22 Allan Kardec – Obras Póstumas – Projeto 1868

23 Allan Kardec – Revista Espírita – 1858 – Introdução

24 Allan Kardec – Revista Espírita – 1858 – Introdução.

25 Allan Kardec – Revista Espírita – 1858 – Janeiro – História de Joana D’Arc ditada por ela própria à Senhorita Ermance Dufaux

26 Allan Kardec – Revista Espírita – 1858 – Janeiro – Introdução

27 Allan Kardec – Revista Espírita – 1859 – Julho - Discurso de encerramento do ano social 1858-1859

28 Allan Kardec – Revista Espírita – 1859 – Novembro – Deve-se publicar tudo quanto dizem os Espíritos?

29 Allan Kardec – Revista Espírita – 1861 – Dezembro – Organização do Espiritismo

30 Allan Kardec – Revista Espírita – 1861 – Maio – Vinde a Nós

31 Allan Kardec – Revista Espírita – 1863 – Maio – Exame das comunicações

32 Allan Kardec – Revista Espírita – 1864 – Abril – Sociedade Espírita de Paris

33 Allan Kardec – Revista Espírita – 1864 – Agosto - Suplemento ao Capítulo das Preces da Imitação do Evangelho

34 Allan Kardec – Revista Espírita – 1864 – Novembro – O Espiritismo é uma Ciência positiva

35 Allan Kardec – Revista Espírita – 1865 – Março – O Processo Hillaire

36 Allan Kardec – Revista Espírita – 1866 – Abril – O Espiritismo Independente

37 Allan Kardec – Revista Espírita – 1867 – Setembro – Caráter da Revelação Espírita (A gênese, Cap. 1, n.55)

38 Allan Kardec – Revista Espírita – 1869 – Setembro – Ligeira Resposta aos Detratores do Espiritismo

39 Allan Kardec – Revista Espírita – 1869 - Novembro – Deve-se publicar tudo quanto dizem os Espíritos?

40 Allan Kardec – Viagem Espírita de 1862– Instruções particulares dadas aos Grupos em Resposta a algumas das Questões Propostas – Item VI

41 Amélia Rodrigues – Crestomatia da Imortalidade – Cap. 2 – Apelo do livro Nobre

42 Ana Lucia Santana – Infoescola – Literatura Espírita

43 André Luiz – A Verdade Responde – Cap. 14 – O Livro

44 André Luiz – Chico Xavier, mandato de amor – 3ª Parte – Capítulo 7 – Ante o livro espírita

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 275

# Autor – Livro ou Revista – Cap. ou Item – Título 45 André Luiz – Conduta Espírita – Cap. 15 – Na Imprensa

46 André Luiz – Conduta Espírita – Cap. 41 – Perante o Livro

47 André Luiz – Encontros no tempo – Cap. 15 – Em torno do livro

48 André Luiz – Ideal Espírita – Prefácio

49 André Luiz – Relicário de Luz – Cap. 3 – O Bom Livro

50 Anita Becquerel – Revista Internacional de Espiritismo (RIE) – 2000 – Agosto – Revista Espírita

51 Antônio Abdias – Depoimentos Vivos – Cap. 20 – Propaganda e Divulgação Espírita

52 Antônio Cesar Perri de Carvalho – Revista Reformador – 2015 – Janeiro – Tradutores históricos de O livro dos Espíritos

53 Antônio Lucena – Revista Internacional de Espiritismo – RIE – 1997 – Fevereiro – Maria Augusta – Biografia

54 Antônio Nascimento – Revista A Reencarnação No 444 – 2012 – 2o semestre – O Centro Espírita e seu Compromisso com a Divulgação

55 Auta de Souza – Auta de Souza – Cap. 12 – Agora

56 Bezerra de Meneses – Revista Reformador – 1977 – Abril – Divulgação Espírita

57 Cairbar Schutel – O Espírito da Verdade – Cap. 58 – Seja Voluntário

58 Carlos de Almeida Wutke – Revista Reformador – 1982 – Agosto – Você já leu "A Voz do antigo Egito"?

59 Carlos Pereira – Blog Manancial de Luz – A Mediunidade Musical de Jorge Rizzini – 2013 – Setembro

60 Cármen Cinira – Encontros no tempo – Cap. 15 – Em torno do livro

61 Casimiro Cunha – Cartas do Coração – 2ª Parte – Cap. 21 – Na jornada de luz

62 Casimiro Cunha – Estrelas no Chão – Cap. 1 – Serviço e Nós

63 Casimiro Cunha – Junto Venceremos – Cap. 13 – Mais Trabalho

64 Castro Alves – Espumas Flutuantes – O Livro e a América

65 Castro Alves – Parnaso de Além–Túmulo – Cap. 24 – Marchemos

66 Castro Alves – Revista Reformador – 1976 – Junho – Encontro em Brasília (Marcas do Caminho – Cap.40 – Encontro em Brasília – 6º Congresso Brasileiro de Jornalistas e Escritores Espírita — Brasília, Distrito Federal, 15.04.1976)

67 CEAC Editora – O Clube do Livro Espírita – Entrevista com Richard Simonetti

68 Charles Berlitz – O Livro dos Fenômenos Estranhos – Psicografia em Glastonbury Abbey

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 276

# Autor – Livro ou Revista – Cap. ou Item – Título 69 Cintia Alves da Silva – As Cartas de Chico Xavier – uma análise

semiótica – Entrevista 70 Clarêncio – Nosso Lar – Cap. 13 – No Gabinete do Ministro

71 Constâncio Alves – Poetas Redivivos – Cap. 55 – O Cristo e o Livro

72 Deolindo Amorim – Análises Espíritas – Cap. 18 – Vida de Jornal

73 Deolindo Amorim – Análises Espíritas – Cap. 8 – Literatura Mediúnica

74 Divaldo Franco – Aprendendo com Divaldo – Cap. 5 – Divulgação

75 Divaldo Franco – Conversando com Divaldo Franco I – FEP – Cap. 3 – A invasão das obras ditas "mediúnicas" no Movimento Espírita

76 Divaldo Franco – Jornal Terra Azul – 2006 – Julho/Dezembro – Pag. 12 – IBNL – 60 anos

77 Editor Anuário Espírita – Chico Xavier e suas mensagens no Anuário Espírita – Apresentação

78 Editorial – Jornal Terra Azul – Ano 1 – No 1 – 1998 – Maio

79 Eduardo Monteiro de Carvalho – Cem Anos de Comunicação Espirita em São Paulo – Cap. 2 – A Imprensa Espírita em São Paulo

80 Eduardo Monteiro de Carvalho – Cem Anos de Comunicação Espirita em São Paulo – Cap. 3 – fatos, fotos e personagens

81 Eduardo Monteiro de Carvalho – Cem Anos de Comunicação Espirita em São Paulo – Cap. 5 – Registros Importantes

82 Elias Barbosa - Presença de Chico Xavier – Cap. 16 - Precioso depoimento do Prof. Dr. J. Melo Teixeira – Chico Xavier: Pastiche Inadmissível

83 Eliana Haddad – Correio Fraterno – No 477 – 2017 – Setembro/Outubro – Os 50 anos do Correio Fraterno

84 Eliana Haddad – Correio Fraterno do ABC – Edição Especial de 45 anos – 2012 – Setembro/Outubro – Entrevista com Raymundo Rodrigues Espelho

85 Eliana Haddad – Dirigente Espírita – 2020 – Setembro/Outubro – O desafio da Imprensa Espírita

86 Eliana Haddad – Jornal Correio Fraterno – 2015 – Março – edição 462 – Nancy Puhlmann – Entrevista

87 Eliana Haddad – Jornal Correio Fraterno – Revista Espírita: O laboratório iluminado de Kardec no Espiritismo

88 Elias Barbosa – Anuário Espírita 1964 – Pag. 42 – A Literatura através da mediunidade

89 Emmanuel – Anuário Espírita – 1964 – 1º edição – prefácio (Fé e Vida – Cap. 23 – Ante os lidadores das letras)

90 Emmanuel – Através do Tempo – Prefácio

91 Emmanuel – Caminho Espírita – Cap. 15 – Livro Espírita e Vida

92 Emmanuel – Caminho Espírita – Cap. 25 – Cultura Espírita

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 277

# Autor – Livro ou Revista – Cap. ou Item – Título 93 Emmanuel – Ceifa de Luz – Cap. 7 – Legendas do Literato Espírita

94 Emmanuel – Chico Xavier Inédito – Cap. 10 – Tão vital como o trigo

95 Emmanuel – Cura – Cap. 26 – Súplica do Livro

96 Emmanuel – Doutrina e Vida – Cap. 14 – O Livro Espírita (Mentores e Seareiros – Cap. 20 – O Livro livra)

97 Emmanuel – Entender Conversando – Cap. 17 – O Livro Espírita

98 Emmanuel – Estude e Viva – Cap. 79 – Socorro Oportuno

99 Emmanuel – Harmonização – Cap. 10 – Livros

100 Emmanuel – Indulgência – Cap. 20 – Evangelho em Casa

101 Emmanuel – Intervalos – Cap. 18 – Lê e medita

102 Emmanuel – Intervalos – Emmanuel – Cap. 18 – Lê e medita

103 Emmanuel – Jóia – Pag. 10

104 Emmanuel – Luz no Caminho – Cap. 5 – Em torno do Livro Espírita (Fonte de Paz – Cap. 20)

105 Emmanuel – Mãos Unidas – Prefácio – Mensagens Esparsas

106 Emmanuel – Mentores e Seareiros – Cap. 19 – Em torno do livro

107 Emmanuel – Pensamento e Vida – Cap. 4 – Instrução

108 Emmanuel – Religião dos Espíritos – Cap. 80 – Doutrina Espírita

109 Emmanuel – Revista Reformador – 1978 – Agosto – Exposição Espírita / Cura – Cap. 10 – Divulgação Espírita

110 Emmanuel – Seara dos Médiuns – Cap. 26 – Fenômenos e Livros

111 Emmanuel – Testemunhos de Chico Xavier – Pag. 247 (carta de 09/12/1948)

112 Equipe Revisão Editora LEAL – Revista Presença Espírita – 2016 – Maio – Literatura Espírita – Revisão do texto

113 Erasto – O Evangelho segundo o Espiritismo – Cap. 20 – Item 4 – Missão dos Espíritas

114 Ernesto Bozzano – Literatura de Além-Túmulo – Cap. 1

115 Eurícledes Formiga – Jardim de Estrelas – Cap. Companheiro

116 Federação Espírita Brasileira – Ermance Dufaux – biografia

117 Federação Espírita Brasileira – Mediunidade e Prática – II – Módulo 1 – Roteiro 5 – Item 3 – A Prática Mediúnica – Critérios de Avaliação

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 278

# Autor – Livro ou Revista – Cap. ou Item – Título 118 Federação Espírita Brasileira – O livro Espirita e a sustentabilidade

do Movimento Espirita – Cap. 1 – Introdução 119 Federação Espírita Brasileira – O livro Espirita e a sustentabilidade

do Movimento Espirita – Cap. 5.31 – Operação livreira e o Movimento Espírita

120 Federação Espírita Brasileira – O Livro Espirita e a sustentabilidade do Movimento Espirita – Cap. 7.2.1 – Política Editorial

121 Federação Espírita Brasileira – Orientação à Comunicação Social Espírita – Cap. 1 – Princípios e diretrizes da Comunicação Social Espírita

122 Federação Espírita Brasileira – Orientação à Comunicação Social Espírita – Anexo D – Pioneiros da Imprensa Espírita no Brasil

123 Federação Espírita do Paraná – Momento Espírita – O Ilustre filho da Índia

124 Federação Espírita do Paraná – Momento Espírita – Rabindranath Tagore

125 Fernando de Lacerda – Do País da Luz – Vol. 2 – Cap. 32 – Julio Diniz

126 Fernando Worm – Vida e obra de Divaldo Pereira Franco – Cap. 6 – Esflorando a Espiritualidade – Pag. 52 – Romances de Victor Hugo

127 Francisco Cândido Xavier – O Evangelho de Chico Xavier – Capítulos 59 e 60 – A tarefa mediúnica do livro

128 Gabriel Delanne – Pesquisas sobre mediunidade – Pag. 53 – O Esquecimento nos histéricos

129 Geraldo Campetti Sobrinho – Biblioteca Espírita – Cap. 2 – Acervo Documental

130 Geraldo Campetti Sobrinho – Revista Reformador – 1997 – Janeiro – Literatura Espírita – Uma Breve Reflexão

131 Geraldo Campetti Sobrinho – Revista Reformador – 2003 – Novembro – Obras de Referência do Espiritismo

132 H. Nisbet – Hafed, o Príncipe Persa – Prefácio

133 Heberth Paulo de Souza – Revista Reformador – 2016 – Outubro – A Literatura e a psicografia a serviço do Espiritismo

134 Herculano Pires – A Pedra e o Joio – Cap. A Questão Metodológica – Pag. 11

135 Herculano Pires – Antologia do mais além – A poesia mediúnica como forma de comunicação paranormal.

136 Herculano Pires – Castro Alves Fala a Terra – Introdução

137 Herculano Pires – Castro Alves fala a Terra – Prefácio

138 Hermínio C. Miranda – Arquivos Psíquicos do Egito – Introdução

139 Hermínio de Miranda – A Noviça e o Faraó – Introdução

140 Hermínio de Miranda – As Duas Faces da Vida – Pag. 61 – Balzac Morto escreve para os Vivos

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 279

# Autor – Livro ou Revista – Cap. ou Item – Título 141 Hermínio de Miranda – Correio Fraterno – Edição 444 – 2012 –

Março/Abril – O pesquisador que identificou a presença de Balzac 142 Hermínio de Miranda – Crônicas de Um de Outro – Cap. 4 – O Mistério

de Edwin Drood 143 Hermínio de Miranda – Nas Fronteiras do Além – Cap. 3 – O Conde de

Rochester 144 Hermínio de Miranda – O mistério de Patience Worth – 1º Parte

145 Hermínio de Miranda – O mistério de Patience Worth – Cap. 2 – O Caso Patience Worth

146 Hermínio de Miranda – Sobrevivência e Comunicabilidade dos Espíritos Cap. 1 – Técnica da Comunicação Espírita

147 Hilário Silva – Irmãos Unidos – Cap. 19 – Amigo

148 Honore de Balzac – O Cristo Espera por Ti – Introdução

149 Humberto de Campos – Irmãos Unidos – Cap. 15 – Livros

150 Humberto de Campos – Relatos da Vida – Cap. 19 – O Livro, dádiva do Céu

151 Humberto de Campos – Relatos da Vida – Cap. 6 – A maravilha de sempre

152 Humberto de Campos – Revista Reformador – 1952 – Abri – Em Louvor do Livro Espírita (Irmãos Unidos – Cap. 10)

153 Humberto Mariotti – Victor Hugo Espírita – Cap. Advento da Literatura mediúnica e Espírita

154 Indalício Mendes – Revista Reformador – 1964 – Julho – Mediunidade em um Poeta Português II

155 Indalício Mendes – Revista Reformador – 1964 – Junho – Mediunidade em um Poeta Português I

156 Ismael Gobbo – Folha Espírita – 2009 – Novembro – Nancy Puhlmann - Entrevista

157 Ismael Gomes Braga – Revista Reformador – 1944 – Julho – Nova Fase

158 Izabel Vitusso & Eliana Haddad – Jornal Correio Fraterno – 2010 – Mail/Junho – Modernização da Imprensa Espírita

159 Joan Grant – O Faraó Alado – Prefácio

160 Joanna de Angelis – Florações Evangélicas – Cap. 29 – Louvor ao Livro Espírita

161 Joanna de Ângelis – Florações Evangélicas – Cap. 43 – Promoção

162 Joanna de Ângelis - Celeiro de Bênçãos – Cap. 60 – Gratidão ao Livro Espírita

163 Joanna de Ângelis – No Limiar do Infinito – Cap. 1

164 Joanna de Angelis – Repositório de Sabedoria – Volume 2 – Livro Espírita

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 280

# Autor – Livro ou Revista – Cap. ou Item – Título 165 João de Deus – Jardim da Infância – Cap. 8 – O Livro

166 Jorge Brito – Revista Reformador – 2014 – Agosto – Obra de Allan Kardec traduzida no Brasil há 140 anos

167 Jorge de Souza – Quem é o autor? Um ensaio sobre as mediunidades intuitiva e de inspiração. São Paulo: Lachâtre, 2004

168 Jorge Rizzini – Escritores e Fantasmas – Cap. 1 – O Espiritismo e os expoentes da Cultura Universal

169 Jorge Rizzini – Escritores e Fantasmas – Pag. 264 – Goethe e sua Mediunidade

170 Jorge Rizzini – Escritores e Fantasmas – Pag. 269 – A cabana do Pai Tomás, obra mediúnica

171 Jorge Rizzini – Escritores e fantasmas – Pag. 319 – Poeta Fernando Pessoa, médium psicógrafo

172 José Carlos Leal – Correio Fraterno – 2014 – Outubro – Literatura Mediúnica e Literatura Espírita

173 José Carlos Munhoz Pinto – Jornal O Consolador – Ano 4 – N° 189 – 19 de Dezembro de 2010 – O Mistério de Patience Worth – Sinopse

174 José Carlos Munhoz Pinto – Jornal O Consolador – Ano 5 – N° 207 – 1° de Maio de 2011 – A Noviça e o Faraó – Sinopse

175 José Vítor Malheiros – A Cabana do Pai Tomás", de Harriet Beecher Stowe, O livro que levou ao fim da escravatura americana – 2005

176 Kleber Halfeld – Revista Reformador – 1989 – Junho – O Delicado problemas das Comunicações Mediúnicas

177 Lameira de Andrade – Seareiros de Volta – Pag. 77 – Em vossas artérias

178 Leon Denis – Memórias de um Suicida – Introdução – 2º Edição

179 Leon Denis – O Espiritismo na Arte – Parte 4 – Literatura e Oratória

180 Lins de Vasconcellos – Crestomatia da Imortalidade – Cap. 52 – Jornalismo e Espiritismo

181 Lins de Vasconcelos – Crestomatia da imortalidade – Cap. 42 – Imprensa Espírita (Revista Reformador – 1969 – Julho)

182 Lins de Vasconcelos – Revista Reformador – 1950 – Abril – O poder do Livro

183 Luís Roberto Scholl – Revista A Reencarnação – No 444 – 2012 – 2o semestre – O Que Divulgar?

184 Marco Prisco – Ementário Espírita – Cap. 8 – No dia a Dia

185 Marco Prisco – Ementário Espírita – Cap. Na base vigorosa e abençoada

186 Maria A. Romano – Jornal O Semeador – 2009 – Julho – Fernando Pessoa, poeta e médium

187 Maroísa F. Pellegrini Baio – Sociedade Espírita de Auxílio Fraternidade – A Chegada de "O Livro dos Espíritos ao Brasil

188 Meimei – Pai Nosso – 8º Parte – Cap. 38 – A História do Livro

189 Miguel Timponi – A Psicografia Ante os Tribunais – Cap. Literatura de Além-Túmulo – Item 36

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 281

# Autor – Livro ou Revista – Cap. ou Item – Título 190 Neio Lúcio – Alvorada Cristã – Cap. 42 – O Amigo Sublime

191 Nina Arueira – Encontros no Tempo – Cap. 15 – Em torno do livro

192 O Espírito de Verdade – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 6 – Item 5 – Advento do Espírito de Verdade

193 Olavo Bilac – Assembleia de Deus – Cap. 9 – Chama Divina

194 Olavo Bilac – Parnaso de Além-Túmulo – Cap. 48 – O Livro ( Revista Reformador – 1950 – Junho – O Livro)

195 Osmar Ramos Filho – O Cristo Espera por Tí – Introdução

196 Pablo – A História Triste – Vol 1 – Panda – Sinopse

197 Pedro Franco Barbosa – Espiritismo Básico – 3º Parte – Literatura Espírita

198 Pedro Paulo Amorim – A Revista Reformador e a memória espírita brasileira – Anais do XIV Encontro Estadual de História – Tempo, memórias e expectativas, 19 a 22 de agosto de 2012, UDESC, Florianópolis, SC

199 Raul Teixeira/Camilo – Visão Espírita para o Terceiro milênio – Prefácio

200 Redação – Revista Internacional de Espiritismo – 1998 – Abril – Nancy Puhlmann - Entrevista

201 Roberto Carlos – É preciso saber Viver – 1968

202 Rocha, Alexandre Caroli et al. Investigating the fit and accuracy of alleged mediumistic writing: a case study of Chico Xavier’s letters. Explore, v. 10, n. 5, 2014, p. 300–308

203 Romanelli – Grãos de Amor – Cap. Comunicação e Amor

204 Sérgio Motti Trombelli – As pessoas espirituais de Fernando Pessoa – Cap. 9 – Uma Conclusão

205 Shimizu – ADE-PR – Jornal Comunica Ação Espírita – 79ª edição – 05 de 2010

206 Silva, Cintia Alves da. As cartas de Chico Xavier: uma análise semiótica – Resumo

207 Suely Caldas Schubert – O Semeador de Estrelas – Cap. 19 – A Estesia de Tagore

208 Tânia de Lucca – Olhai as Aves do Céu – Prefácio – 3º Edição – 2002

209 Teles de Menezes – A Casa do Espiritismo – Jornalismo Espírita

210 Telles de Meneses – Revista Reformador – 2019 – Novembro – 150 anos da Imprensa Espírita

211 Thais Montenegro Chinellatto – O Espirito da Paraliteratura – Cap. 1.1 – Os Conteúdos de Rochester

212 Thais Montenegro Chinellatto – O Espirito da Paraliteratura – Introdução

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 282

# Autor – Livro ou Revista – Cap. ou Item – Título 213 Tim Hopkinson-Ball – Rediscovery of Glastonbury – Apresentação

214 Veridiana Rizzini Mantovani – Escritores e Fantasmas – Apresentação

215 Vianna de Carvalho – A Luz do Espiritismo – Cap. 26 – O Livro Espírita

216 Vianna de Carvalho – À Luz do Espiritismo – Cap. 30 – Propaganda Espírita

217 Vianna de Carvalho – Enfoques Espíritas – Cap. 36 – Na Divulgação Espírita

218 Vianna de Carvalho – Espiritismo e Vida – Cap. 1 – Exaltação ao Livro Espírita

219 Washington L. N. Fernandes – Consolação diante da Morte de um Ser Querido – Prefácio

220 Washington L. Nogueira Fernandes – 9º Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo – 2013 – Victor Hugo e Divaldo

221 Y. Shimizu – Mundo Espírita – Literatura Espírita – Waldo Vieira

Espíritas: Instruí-vos – A Literatura Espírita 283

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