Esperar ou parar · (cfr Mt 23, 4). Abre trilhos de felicidade. “A alegria do Evangelho enche o...

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AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo

Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira, LuísFilipe Santos, Margarida Duarte, Sónia Neves, Carlos Borges,

Catarina PereiraGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes

Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar Campos

Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D - 1885-076

MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

04 - Editorial: Cónego João Aguiar Campos06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional12 - Opinião D. Pio Alves14 - A semana de... Luís Filipe Santos16- Entrevista Padre António Pedro Monteiro28- Dossier Construir Esperança

40 - Espaço ECCLESIA42- Internacional46 - Cinema48 - Multimédia50 - Estante52 - Vaticano II54 - Agenda56 - Por estes dias58 - Programação Religiosa59 - Minuto YouCat60 - Liturgia62 - Fundação AIS64 - Aplicações Pastorais66 - LusoFonias

Tema do dossier da próxima edição:Papa Francisco, a Alegria do Evangelho

Foto da capa: D.RFoto da contracapa: Agência Ecclesia

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Opinião

Investigadora dePortugal na SantaSé[ver+]

Esperança eempreendedorismo[ver+]

Papa criacomissão paraproteção demenores[ver+] D. Pio Alves |Cónego João AguiarCampos | Jacinto Jardim | Júlio Rocha |Ricardo Freire | Tony Neves

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Esperar ou parar

João Aguiar CamposDiretor do SecretariadoNacional dasComunicações Sociais

1. Se aquela rua fosse uma pessoa, teria“imensa pena” dela, como costuma dizer-se. Defacto, as máquinas rasgaram-na com periódicaimpertinência -- como se um qualquer pretextobastasse para mais dois sulcos e ascorrespondentes cicatrizes: todos sabemos, naverdade, como, uma vez remexido, o piso nuncamais volta a ser o mesmo…Os motivos pareceram, contudo, semprejustificáveis: a rede de esgotos precisava deampliação; o abastecimento de água carecia demais polegadas; o gás queria chegar, dentro dedias, fora da tradicional botija; as operadorasadotavam caminhos novos de oferecer o sinal;etc., etc.Nunca nada disto me espantou e até me sintograto pelas benfeitorias. O que sempre estranheifoi cada necessidade a cumprir um calendário: oseu. Sem uma coordenação que imagino arentabilizar máquinas, tempo e incómodos.Não me atrevo a afirmar que a solução estivesseao alcance de um telefonema entre serviços ouque uma reunião haveria de revelar-seindispensável. Sem dúvidas, porém, afirmo que –naquela rua ou noutras circunstâncias -- muito seganharia se cada um soubesse que não está sóe, com os outros, preparasse o futuro de todos.Sem improvisos descuidados.

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Não ignoro que a paixão peloimproviso é uma das piorescaracterísticas nacionais. Oiço mesmo falar deste defeitocomo se de uma virtude se tratasse:“somos bons a desenrascar-nos” –diz-se por aí. Sem nos darmos contaque assim se confessa, afinal, afrequência com que esquecemos otempo e as horas… 2. Nesta edição de Ecclesia abana-se a árvore pacata dos nossosimprovisos, procurando avivar aurgência de Portugal se prepararpara o período pós-troika. Maspreparar mesmo, sublinhe-se!Gato escaldado, não vejo desde jábons sinais nos discursos político-partidários inconsequentes edesgarrados em torno de nuancessemânticas, esquecendo ofundamental: os adultos saudáveisandam pelo seu próprio pé e sujamas mãos; algumas vezes tropeçam emuitas

outras caem; mas negam-sea prostração choramingas e a autocompaixão.É tempo de nos sentirmosempurrados do ninho; é tempo departir por dentro do céu ou, pelomenos, até à árvore mais próxima,saboreando o desconforto que nosfaz crescer. 3 A espera é, nesta perspetiva,apenas um intervalo. É, além disso,um intervalo ativo, que se vive nocaminho, em permanente tensão –de modo que nem o descanso sejaparagem e, muito menos,desistência.Melhor que muitos outros, nós, oscristãos, temos porventura mais vivaesta obrigação de compreender queo que melhor conserva a vida é,afinal, o compromisso e nunca ofrigorífico!... Realmente, «quem temesperança, vive diversamente; foi-lhe dada uma vida nova», lê-se naabertura da Spe Salvi (n.9).

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Trabalhadores aguardam decisões para o futurodos estaleiros de Viana do Castelo © LUSA

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“Obrigado pelo vosso acolhimento eajudem-nos pela oração paraguardarmos a esperança. Apesardos sofrimentos vamos reconstruir onosso país”.D. Samir Nassar, arcebispo deDamasco, Síria durante a Vigíliapela Paz promovida pela FAIS,30/11/2013 “Este é um Papa muito forte, queconquistou o carinho e a amizadede tanta gente, crentes e nãocrentes. A sua força, alimentadapela sua profunda espiritualidade,levá-lo-á muito longe!”Nello Scavo, em entrevista àAgência Ecclesia, 3/12/2013 “O Papa Francisco é alguém quesegue os ensinamentos de Cristo,alguém de muita humildade, sentidode empatia com os pobres. Creio,primeiro que tudo e sobretudo isso,pensa em acolher as pessoas e nãoa recusá-las, procura o que é bompara as pessoas, em vez de ascondenar."Barack Obama, presidente dosEstados Unidos da América, ementrevista ao canal de televisãoCNBC, 3/12/2013

"Muitos governos na Europa queimpõem medidas de austeridadeesqueceram as suas obrigações emmatéria de direitos humanos,especialmente os direitos sociais eeconómicos dos mais vulneráveis, anecessidade de garantir o acesso àjustiça e o direito a tratamentoigual."Nils Muiznieks, comissário doConselho da Europa para osDireitos Humanos ao apresentar umestudo sobre o impacto da crise,Rádio Renascença, 4/12/2013 "Fazemos um apelo ao senhorprimeiro-ministro e ao senhorPresidente da República. Ostrabalhadores dos estaleiros navaisde Viana do Castelo não queremindemnizações, nem queremdinheiro, querem trabalho".António Costa, presidente dacomissão de trabalhadores dosestaleiros de Viana do Castelo,4/12/2013

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Investigadora portuguesa no ComitéPontifício de Ciências HistóricasO Papa Francisco nomeou a vice-reitora da Universidade do Porto,Maria de Lurdes Correia Fernandes,como membro do Comité Pontifíciode Ciências Históricas, anunciou oVaticano. A especialista disse àAgência ECCLESIA que se sente"honrada” com esta nomeação eque sente a “granderesponsabilidade” do cargo que vaiocupar, sendo a “única portuguesa”no comité.A professora da Faculdade deLetras é especialista nos temas daCultura Portuguesa (séculos XV aXVIII), da História do “sentimentoreligioso” e a literatura hagiográfica.A nomeada fez uma tese dedoutoramento sobre “O casamentona península ibérica na épocamoderna” e desenvolveuinvestigações no âmbito do“sentimento religioso e das práticasreligiosas”.Entre as suas obras destacam-se oestudo e índices que acompanhama reprodução fac-similada da ediçãode 1652

do ‘Agiológio lusitano’, de JorgeCardoso (2002), “um trabalho degrande investigação”, sublinhou.A autora publicou ainda a obra ‘Abiblioteca de Jorge Cardoso (1669),autor do Agiológio Lusitano: cultura,erudição e sentimento religioso noPortugal Moderno” (2000). Ainvestigadora teve também umacolaboração na ‘História Religiosade Portugal’, no volume relativo àépoca moderna.Maria de Lurdes Correia Fernandesé irmã do padre Manuel CorreiaFernandes, diretor do jornal ‘VozPortucalense’, e manteve “sempreuma ligação muito forte” às origens,na zona de Arouca.O Comité Pontifício de CiênciasHistóricas foi criado em 1954 peloPapa Pio XII, herdando a tradição daComissão Cardinalícia para osEstudos Históricos que Leão XIIIinstituiu em 1883, após a aberturaaos estudiosos, entre 1879 e 1880,do Arquivo Secreto do Vaticano.O organismo tem cerca de 30membros, de vários países,

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e assume desde a sua instituição amissão de representar a Santa Sénos organismos internacionais dosetor, como o Comité Internacionaldas Ciências Históricas.

Este comité colabora com váriosorganismos da Santa Sé e tem entreos seus objetivos ""odesenvolvimento do estudo dasdisciplinas humanistas", emparticular das línguas clássicas.

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Voluntários junto de quem sofreA Confederação Portuguesa doVoluntariado (CPV) destacou hoje opapel desempenhado por milharesde voluntários junto das pessoasatingidas pela crise económica nopaís, apelando a um compromissoda sociedade em favor do “bemcomum”. “Nestes últimos anos acrise económica e financeira tornou-se o centro das preocupações detoda a sociedade portuguesa. Deuma maneira ou de outra, todosfomos afetados e, de certo modo,despertámos a nossa consciênciapara muitos cidadãos e cidadãs quevivem numa situação reveladora deempobrecimento”, destaca amensagem da CPV que assinala oDia Internacional dos Voluntários,enviada à Agência ECCLESIA.O texto é assinado pelo presidenteda Confederação, EugénioFonseca, o qual recorda que paramuitas pessoas a presença dosvoluntários e voluntárias é “sinónimode estima, amizade, conforto,atenção”. “Os voluntários evoluntárias oferecem, com o seucompromisso e criatividade, umaresposta às necessidades da

nossa sociedade quotidiana”,acrescenta.A mensagem elogia os voluntárioscomo sinal da “dádiva, da entregagratuita ao outro”. Segundo otambém presidente da CáritasPortuguesa, é necessáriocompreender que o voluntariado“ultrapassa as barreiras doenvolvimento temporário”. “Servoluntário é colocar ao serviço dobem comum o tempo, ascapacidades, os recursos e istotambém deve ser reconhecido portodos e exige um envolvimentocomprometido de todas as partesque beneficiam deste trabalho,muitas vezes, silencioso”, precisaEugénio Fonseca.

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Papa deixa apelo a sair de siO patriarca de Lisboa considera queo Papa Francisco, na sua primeiraexortação apostólica, faz um apelo“à Igreja, à sociedade em geral e àpolítica internacional” a “não ficardentro do seu ciclo e do seu círculo”.“Quer em relação à Igreja, àscomunidades cristãs, quer emrelação à sociedade em geral, atémesmo política internacional, oapelo pode-se resumir a estaquestão de ‘sair de si’, ou seja, nãoficar dentro do seu ciclo e do seucírculo mas olhar para os outros”,começa por explicar à AgênciaECCLESIA D. Manuel Clemente,sobre a ‘Evangelii Gaudium’ (Aalegria do Evangelho).O patriarca de Lisboa explicou queo Papa Francisco pede aos paísesque têm mais têm maisdisponibilidade que a partilhem,mesmo em termos de riqueza “depensamento e know-how”, que“olhem para aqueles que não têmdisponibilidade nenhuma e nemconseguem ser países propriamenteditos”. “Não nos conformemos com omal dos outros fazendo aqui umabarreira que é até uma barreira atépsicológica de não nos

preocuparmos, é precisamente ocontrário”, acrescenta.Para D. Manuel Clemente, aexortação do Papa apresenta o“sentido de missão” para ascomunidades cristãs e para associedades onde “consegueencontrar palavras e frases fortes,acutilantes que não deixamadormecer” mas despertam em talsentido”.Neste momento de crise financeiraque afeta a sociedade - pessoas,instituições e empresas - ocontributo do cristão devematerializar-se através do exemplode Jesus, na parábola do “BomSamaritano” onde para além deajudar o interlocutor também deixa“disposições em termos de futuro,para a convalescença do sinistrado”.

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Porta da fé

D. Pio AlvesPresidente da ComissãoEpiscopal da Cultura,Bens Culturais eComunicações Sociais

A porta do Ano da Fé acaba de ser fechada. Nãoa porta da fé, “que introduz na vida de comunhãocom Deus e permite a entrada na sua Igreja: estásempre aberta para nós” (Porta fidei, 1).Foram meses em que, por todo lado, se abriramespaços de encontro e diálogo; se criaramoportunidades de aprofundamento da fé; e,principalmente, se potenciou a busca doessencial: “estar com o Senhor para viver comEle” (Porta fidei, 10). Na realidade, sem isso, osesforços feitos, as energias despendidas, teriamservido apenas para alimentar vagos e inócuossentimentos religiosos.A apresentação, no mesmo dia 24 de novembro,da Exortação apostólica A alegria do Evangelho(EG) não é mera coincidência: é uma felizcontinuação. Bastaria o título para perceber acontinuidade. O Santo Padre,independentemente das questões concretas queaborda, volta a centrar-se no essencial: JesusCristo.Deus que vem ao nosso encontro – na radicalnovidade da encarnação, na Sua entrega plenapor amor, na vitória sobre a morte – não inventacomplicados caminhos de fidelidade; fardospesados e insuportáveis que devemos carregar(cfr Mt 23, 4). Abre trilhos de felicidade. “A alegriado Evangelho enche o coração e a vida inteiradaqueles que se encontram com Jesus. Quantosse deixam salvar por Ele são libertados do

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pecado, da tristeza, do vazio interior,do isolamento. Com Jesus Cristo,renasce sem cessar a alegria” (EG1).Temo que, como vem sendo hábito,na leitura do documento papal, osfocos isolem questõesantropológicas e sociaisimportantes, mas desligadas dotronco. Temo que seja feitauma leitura de nãos.Seria o caminho mais curto parafabricar fardos, fechar caminhos,apagar luzes. Seria o modo maisgarantido de afundar o buraco quetemos vindo a cavar. “Quando avida interior se fecha nos própriosinteresses, deixa de haver espaçopara os outros, já não entram ospobres, já não se ouve a voz de

Deus, já não se goza da docealegria do seu amor, nem fervilha oentusiasmo de fazer o bem. Este éum risco, certo e permanente, quecorrem também os crentes. Muitoscaem nele, transformando-se empessoas ressentidas, queixosas,sem vida. Esta não é a escolhaduma vida digna e plena, este não éo desígnio que Deus tem para nós,esta não é a vida no Espírito quejorra do coração de Cristoressuscitado” (EG 2).“Há cristãos que parecem terescolhido viver uma Quaresma semPáscoa” (EG 6), escreve o PapaFrancisco. Para já, e glosando oSanto Padre, há cristãos queparecem ter escolhido um Adventosem Natal. Não convém fechara porta da fé!

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A musicalidade da sinfonia daalegriaFantástico… A partitura da«Evangelii Gaudium» é uma obramusical digna de ser interpretadapela melhor orquestra. O maestroFrancisco deu o tom, agoracompete aos músicos tocarem todosna pluralidade sinfónica e vocal.A inspiração musical para esta obraescrita a quatro mãos, duas divinase duas humanas, ficará nos anaisda história. A sonoridade altiva doviolino não colide com asmetamorfoses da harpa. O astutosaxofone acompanha a melancólicaguitarra. A retilínea flauta eleva otimbre do piano. Todas estascaracterísticas musicais estão na«Evangelii Gaudium».Certo dia, o compositor alemão,Ludwig Beethoven (1770-1827),disse que «quem entender a minhamúsica nunca mais será infeliz».Quem perceber a intensidade eritmo da «Evangelii Gaudium»nunca mais ficará igual. Aquele guiamelódico é um autêntico manjarmusical que merece ser deglutido.Não é preciso ser melómano paraentender os acordes da sinfonia docompositor Francisco.

A subida gradual das notas mostra oaltruísmo dos tenores e aassertividade dos barítonos. Odinamismo musical da «EvangeliiGaudium» enche a sala comunitáriae faz apelos universais. É umprocesso maiêutico esta obramusical.O programa do concerto envolvetoda a comunidade. Nada detalheres de prata, nem fatos degala. A refeição musical é lagostapara os pobres e sandes barradascom manteiga para os poderosos.Comparar palácios com vidasdesnudadas é tarefa hercúlea, masao abrigo desta caridade musicalnada é impossível. A «Evangelii Gaudium» ajuda aobliterar a sinfonia da realidadecontemporânea.Com a exortação musical, o pano dopalco está aberto. O maestro já deuas últimas indicações aos músicos.As suas mãos laboriosas estãoconcentradas no fermento dapartitura. Este concerto é natalício.Os instrumentos musicais têm obrilho pictórico do evangelho.A sinfonia musical não direciona asluzes e o ouvido apenas para omaestro. Aquele todo é a

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unidade do classicismo que «nosobriga» a melodiar lentamente.Estímulo forte, para uns. Dor paraoutros… Vou esquecer o lado doloroso da«Via Lucis» traçada pelo PapaFrancisco. Ele não lava as mãos noadvento das luzes, mas está com aescuridão dos sons pascais. Paraele não existem mordomos doevangelho, chama todos para amudança. A escritora portuguesa,Agustina Bessa-Luis sublinha «Setodos os artistas da terra parassemdurante umas horas, deixassem deproduzir

uma ideia, um quadro, uma nota demúsica, fazia-se um desertoextraordinário». Por sua vez, ofilósofo alemão, Friedrich Nietzsche(1844-1900), refere «Sem música avida seria um erro». O PapaFrancisco deixou-nos uma pautaonde cada nota musical ocupa umespaço na comunidade.Vamos solfejar…. Convido o leitorpara escutar a melodia para o natalde cada um. Encerrei o intróito.Maestro a batuta é sua e comece oconcerto «Sinfonia EvangeliiGaudium».

Luis Filipe Santos,Agência ECCLESIA

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Fragilidade como construção daEsperançaA Igreja Católica assinala o tempo de Advento.Este é, para os cristãos, um caminho de esperança porqueesperam o nascimento de Jesus. A ECCLESIA entra no Hospital deSanta Maria, pela mão do sacerdoteAntónio Pedro Monteiro, que integraa equipa do Serviço de AssistênciaEspiritual e Religiosa (SAER) doCentro Hospitalar de Lisboa Norte,que compreende ainda o HospitalPulido Valente, para encontrar aesperança. Sacerdote há três anos,está no SAER há um ano, aaprender a ser padre, entre aspalavras e os silêncios. De batabranca vestida, guarda os rostoscom quem partilhou lágrimas esorrisos porque este é um lugaronde Deus nasce mas também ondese vivem inesperadas sextas-feirassantas. Agência ECCLESIA (AE) -Humanamente falando, que lugar éo Hospital de Santa Maria?Padre António Pedro Monteiro(APM) - Dizer lugar já diz muito. Osteóricos gostam de distinguir

entre «espaço» e «lugar» namedida em que «espaço» é o queeu tenho de cruzar e «lugar» é ondehabito e construo a minha biografia.É bom pensar que o Hospital podepassar de um «espaço» a um«lugar». De facto é um espaço namedida em que eu ali recorroquando tenho um problema e tenhode inevitavelmente passar umashoras ou uns dias. Mas se eu nesseespaço puder repensar a minhavida, aprender com o facto de serfrágil, avaliar o que coloco no centroe mudar as prioridades da vida,esse espaço pode ser um lugar deconstrução do que sou.Nesse sentido, o Hospital é umespaço privilegiado. Não precisonecessariamente do espaçohospitalar para construir a minhavida mas, na inevitabilidade de terde o habitar, podemos aprendermuito.

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AE - Lugar também porquehabitado por pessoas?APM - Lugar habitado por pessoassempre e quanto mais humanizado,mais divino: algumas pessoasporque vêm buscar o sustento dodia, outras a saúde que falta.Percebemos que há inúmerasmotivações para habitar esteespaço, mas queremo-lo o maishumanizado possível.Essa é talvez a missão principal dequem está na Capelania – contribuirpara que seja um espaçohumanizado, agradável para seviver e não um espaço inevitável depassagem. AE - O «humano» é parte dotratamento?APM - Quem o diz é a OrganizaçãoMundial de Saúde. Se saúde é essecompleto bem-estar físico, social,psíquico e não só a ausência dedoença, tudo o que contribuir paraesse bem-estar holístico é processoterapêutico.Habituamo-nos a que o corpohospitalar trate apenas do bem-estar físico mas percebemos quequando não há possibilidade deuma cura física, o queverdadeiramente importa é,

pelo menos, a devolução daautonomia, da liberdade, do nome enão ser apenas «o senhor da cama38». É dignamente um que ésemelhante e não é menos por estarprivado de bem-estar. E nessesentido, o que é humano étratamento de cura. AE - Quando é que, na sua vida,percebeu que o Hospital é esselugar de possibilidades?APM - Quando passamos por umaexperiência de fragilidade onde sesente a limitação ou perda do poderde decisão, eventualmente, atéperda do nome, percebemo-nos queuma série de palavras que dizemosa quem está pior deixa de fazersentido.Quando, mais novo estive internado,a pessoa, no quarto, ao meu ladoacabou por falecer. Não se sabe sea pessoa vai ficar melhor, nãoadianta prometer aquilo que nãosabemos; dizer «as melhoras» dizpouco; «está quase a sair daqui», épouco; dizer: «não digas isso» ou«não sintas isso», também não diznada.Há tantas frases que não têmsentido e que não confortam e nãotrazem saúde.

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AE - Deus está entre a palavra e o silêncio?APM - Deus está no silêncio e na palavra e habita a relação. Sea vida é relação, se o que esperamos na vida inteira, eenquanto cristãos é rumar a uma relação plena no encontrocom Deus, não se pode pensar em Deus sem relação. Tudo oque acontece neste hospital é em ordem à relação. Não podeser um parêntesis na vida onde a relação não é precisa. Quer-se relação, o mais humana possível, e quanto mais humanapara habitada por Deus.

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AE - O que é que se diz? Se é quese diz alguma coisa…APM - Uma das coisas que seaprende e se ensina a quem integraa pastoral da saúde é a calar.Quando alguém que diz que estárevoltado com Deus, que sente oabandono de Deus, não temospalavra para responder perante averdade que é sentir isso.Sabemos, pela vida inteira, queDeus é um amante ausente e,possivelmente, numa altura desofrimento experimenta-se isso desobremaneira. Ele não vem aliviar osofrimento e é uma verdade quandose diz que se sente abandonadocomo tantas vezes se diz nestehospital. Se vamos bater nas costase dizer «não digas isso, porque eleama-te», estamos a tapar a boca dodoente e ainda acrescentamos umproblema porque o paciente senteque não é compreendido.Fazemos com que se fale. Se osilêncio ajudar a que se fale entãoeu calo-me. Se tiver de repetir quesente que Deus o abandonou, seisso for bom

para que a pessoa continue afalar… Percebemos que sófalando é que se liberta, só falandoé que se percebe que pode não serassim, só falando é que se revê oque se diz, e, muitas vezes, não hánada a dizer. AE - Quando é que Deus nasce nohospital?APM - Ele está sempre a nascer esempre vivo. Mas como um bompresente de Natal tem de serembrulhado. A alegria donascimento de Jesus, quecelebramos diariamente no hospital,vem embrulhada nesse fatorsurpresa que tantas vezes édespoletado por um toque, umapalavra, um processo de descobertade sentido no meio da doença ou dotrabalho, pensando nosprofissionais.Somos surpreendidos com umpequeno gesto, com proximidade,acolhimento, que revela um Deusque nasce, uma alegria querenasce, porque se vê melhor. Seassim for, Deus nasce todos os dias.

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AE - Há rostos que ajudam aalimentar essa esperança?APM - Claro que sim. É fácil sorrir epensar que é uma vitória, não minhamas da pessoa que ao hospital veioencontrar saúde e sentido.Ao fim de meses de internamentosentir que se esteve perto de umapessoa que trazia um «Deusdomesticado» mas que emdeterminada altura tudo sedesconstrói, a agressividade e arevolta vêm à flor da pele, porqueum Deus que se pensava dedetermina forma se revela deoutra…

É gratificante, e para mim muitopedagógico, olhar para quem fez umcaminho, que entrou com Deus pelamão domesticado à sua maneira,revoltou-se e avaliou, e foiconstruindo outra imagem de Deus,a seu lado a sofrer consigo.Casos que acompanhei e que memarcaram muito, alguns ondeencontrei a morte reconciliada. Écomplicado ser bem entendido, massentir alguém a morrer feliz,sentindo que viver vale a pena, sãoos episódios mais fascinantes ereconfortantes.

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AE - Percorrendo os corredores doHospital de Santa Maria, onde 17mil pessoas se cruzam diariamente,onde se encontra a esperança?APM - O Hospital é uma caixa desurpresas. Quando se fala emesperança e associamos a serviçosde pediatria, a criança é o protótipoda esperança da Humanidade evendo um filho em perigo de vida,questionamos se vale a penaacreditar num Deus que mata gente,que chama a si gente amada.Nesse sentido o hospital é umacaixinha de surpresa porque emqualquer serviço e corredor seencontram pessoas a repensarprioridades, a rever a imagem deDeus e do sentido da sua vida. AE - Que palavra, que silêncio ouque gesto tem o assistenteespiritual quando essa criança,esperança da humanidade, seencontra em situação defragilidade?APM - Para não dar respostasabstratas relembro o que aconteceucomigo. Dei por mim, há dias comum rapaz internado em pediatria,com várias doenças muito graves,revoltado com o Deus que aos mausparece

facilitar a vida, e ele, com 18 anosnão conhece o que é ter saúde. Eu,calado, mão na mão, dei por mim achorar com ele.Não significa que o padre está aquipara chorar. Mas catecismos efrases feitas caem por terra quandonos é tirado o tapete; caem quandoé verdade o que alguém sente porDeus não estar.Não vale a pena contra-argumentar,fazer catequese. Nessa alturaquando mais humanizarmos maisevangelizamos. Chorar com os quechoram também é evangélico. AE - Como é que o padre cultiva aesperança para a dar aos outros?APM - Se isso for entendido comouma arte, é algo que se aprendefazendo. Um colega quando soubeque eu ficaria a trabalhar numHospital disse-me «isso deve sermuito duro» - como se houvessevidas moles. «Isso deve ser precisorezar muito». Se eu acho que oevangelista Mateus (capitulo 24,ndr) tem razão quando nos diz que«quando estive doente foi a mimque visitaste», se eu esqueço isso,é claro que vou precisar de

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muita oração. Se eu esqueço que aoração se dá no encontro com Deuse, esse encontro se dá com apessoa que está na horizontal,fragilizada, que quer a minhapresença e não quer que eu diganada, e se eu não entendo issocomo oração e como encontro comDeus, se calhar “estou a jogar nocampeonato ao lado”.A oração é fundamental, otempo pessoal de gestão dos

sentimentos e histórias, muitas delasduras, acredito que seja importante– e para mim tem sido – mas se nãonos lembrarmos que vamos visitarDeus e, por isso, se o vamos visitarnão precisamos de ter Deus naboca a toda a hora porque nãovamos falar de Deus a Deus, massim escutá-lo - se não me lembrardisto - perco o que é o trabalho deuma Capelania, de um padre.

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AE - Uma das leituras, que marca oAdvento, relata a Anunciação, peloAnjo Gabriel, a que Maria responde«Faça-se em mim segundo a tuapalavra». Isso é possível noHospital?APM - Já vi doentes a morrer, asorrir e a dizerem isso. Háprocessos dolorosos que permitemchegar à conclusão «aconteça»,«eu entrego». A verdadeira pazacontece quando, sendo frágil,aposto a minha vida desta forma esei que vou chegar ao fim,morrendo em paz.Pode parecer chocante mas nãosomos educados para pensarassim. Pelo contrário. Aprendemosmuita coisa que sem precisamos –aprendo a cozinhar porque nuncase sabe, a conduzir porque podedar jeito. Apostamos oconhecimento em eventualidades enão somos educados para a únicacerteza que temos – vamos morrer.A morte chega como umainevitabilidade.Se eu puder lidar com essa certeza,vivendo até ao fim, e sabendo que avida, tendo um fim tem umafinalidade, a vontade seria viver atéao fim, com sentido. Então, sim,«faça-se a tua vontade», «euofereço a minha vida, até ao fim».

AE - A esperança está nesseaceitar, no «faça-se a tua vontade»?APM - Julgo que sim. Esperança éum conceito complicado de articulara vida inteira e, talvez no Hospital,mais ainda.Relembro a história da Pandora,que tinha a caixa de onde tudo saiue a ela, à pressa, fecha o jarro ondeguardava o alimento, a bios, e fica a‘elpis’, a esperança. Por issodizemos que a «esperança é aúltima a morrer» e «enquantohouver vida há esperança».O que percebemos é que aesperança acaba por ser alimento,alimentamo-nos de esperança etambém é o que resta, o que fica nojarro.Nós, cristãos, não estamoshabituados a falar de esperança enão revemos o conceito. Aesperança pode ser o que eu colocono centro. O Hospital é uma boaescola porque, no sofrimento - queera bom que não existisse mas deonde podemos tirar lições –repensamos o que está no centroda minha vida, para onde e paraque é que corro.A esperança cristã, eu não consigoperceber isso nos Evangelhos, nãoé um rebuçado dado aos mais bemcomportados no final,

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não é uma recompensa – atéporque parece que Jesus dá osmelhores rebuçados aos piores.A esperança cristã será aantecipação do que eu espero. Se oque eu espero é o encontro plenocom Deus, a esperança

cristã vai ser a antecipação desseencontro, nos irmãos, na relação.Por isso o Hospital é e será um lugarde esperança na medida em que euperceber o que coloco no centro daminha vida.

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AE - A esperança está no aceitar,no «faça-se a tua vontade»?APM - Julgo que sim. Esperança éum conceito complicado de articulara vida inteira e, talvez no Hospital,mais ainda. Relembro a história daPandora, que tinha a caixa de ondetudo saiu e a ela, à pressa, fecha ojarro onde guardava o alimento, abios, e fica a elpis, a esperança. Porisso dizemos que a «esperança é aúltima a morrer» e «enquanto

houver vida há esperança».O que percebemos é que aesperança acaba por ser alimento,alimentamo-nos de esperança etambém é o que resta, o que fica nojarro.Nós, cristãos, não estamoshabituados a falar de esperança enão revemos o conceito. Aesperança pode ser o que eu colocono centro. O Hospital é uma boaescola porque, no sofrimento - queera bom que não

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existisse mas de onde podemos tirarlições – repensamos o que está nocentro da minha vida, para onde epara que é que corro. A esperançacristã, eu não consigo perceber issonos Evangelhos, não é umrebuçado dado aos mais bemcomportados no final, não é umarecompensa – até porque pareceque Jesus dá os melhoresrebuçados aos piores.A esperança cristã será aantecipação do que eu espero. Se oque eu espero é o encontro plenocom Deus, a esperança cristã vaiser a antecipação desse encontro,nos irmãos, na relação.Por isso o Hospital é e será umlugar de esperança na medida emque eu perceber o que coloco nocentro da minha vida. AE - O Evangelho do I domingo doAdvento, de São Mateus, dizia«Vigiai porque não sabeis em quedia virá o Senhor». A vinda doSenhor pode ser a vinda de Sexta-Feira Santa, ou de uma Páscoa.APM - Vigiai porque a vida é umasurpresa, abri os olhos porque sefechamos os olhos, ou os óculos

estão sujos, não percebemosmetade da beleza que a vida podeter. Sextas-feiras Santas, empercentagem é o que mais há;momento de sofrimento e de morte,o Hospital conhece bem. Mas também diria que, apesar dashistórias fantásticas de diagnósticosque afinal mostram estar erradosporque afinal há, inexplicavelmente,uma cura, mais do que pensar emefeitos especiais ou milagres, omistério pascal é um mistério desentido.É possível e eu sei, com casosconcretos de rostos e nomes, edaqui para a frente sei quevai continuar a ser assim – essesmomentos pascais acabam por ser,em momentos de paixão, de dor ede morte, um encontrar de sentido.Inevitavelmente a fragilidade tem asentença final. Mas eu não queroentendê-la como sentença, antescomo sentido até ao fim e comobusca de sentido.A surpresa de Deus, a Páscoa,relaciona-se com encontrar sentidoe com o «valeu a pena viver até aoúltimo instante».

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Inspirados na esperança

Toda a história bíblica éatravessada pela esperança, entrepromessa e realização. Como inícioevocamos Abraão, cuja longacaminhada de fé é sintetizada porPaulo nestas palavras: “contra todaa esperança e na esperança,Abraão acreditou” (Rm 4,18). Dahistória fazemos parte todos nósque, iluminados pela vinda de JesusCristo, “esperamos, de acordo coma promessa, novos céus e novaterra, onde habita a justiça” (2Pe3,13), reevocando as promessas deDeus, pela boca de Isaías (cf. Is65,17; 66,22). Estas palavrastomam, hoje, novo significado, nãoapenas pelo tempo de advento quevivemos, mas também pela situaçãode crise financeira que hoje se vivee que, recentemente o PapaFrancisco quis definir comobaseada antes de mais sobre uma“crise antropológica profunda” (EG55), apontando, porém, para estemundo renovado, pelo qual todosos

cristãos têm de se empenhar, quaiscooperadores de Deus nesta novacriação que esperamos:“Todos oscristãos, incluindo os Pastores, sãochamados a preocupar-se com aconstrução dum mundo melhor” (EG183).É importante, contudo, não perderde mira o fundamento da esperançaque é Jesus Cristo. Já dissemos queEle é a realização da promessa;assim o viu o Evangelho de Mateusao apontar para a realização daEscritura, retomando o Servo doSenhor, exatamente na base daesperança, não já apenas do Povode Israel, mas de todos os povos:“No seu nome esperarão todos ospovos” (Mt 12,17-21; cf. Is 42,1-4).Quando nos perguntarmos sobre oporquê de esperar, podem surgirmuitas respostas. Penso no entantoque estaremos de acordo com umaque vem dos Salmos: esperamosporque desejamos a felicidade. Estaé, de facto, uma das metasantropológicas

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que nos impomos. Ora, no contextobíblico, a felicidade não se podedesligar da esperança fundada emDeus e na sua Palavra. O orante deIsrael é proclamado feliz por ter “oseu auxílio no Deus de Jacob”, porter “esperança no Senhor, seuDeus” (Sl 146,5).Inerente a um processo deesperança é a natureza das coisasque se esperam. E nem a isso aBíblia é alheia. Paulo reconhece, defacto, que faz sentido esperarporque se espera o que não se vê;caso contrário não teria sentido aesperança (cf. Rm 8,24).Consequentemente, porque não sevê o que se espera, facilmente secai na desilusão. Essa é a noçãodos discípulos de Emaús, no iníciodo caminho com Jesus; falam daesperança no passado:“esperávamos”. Hoje, como

a eles, Jesus pede-nos ainteligência e o espírito de fé naPalavra dos Profetas, na suaPalavra, mostra-se uma vez maiscomo Aquele que realiza a promessa(cf. Lc 24,13-35).Todo este processo se faz decaminho paciente, de integraçãopessoal e comunitária daquilo quese acredita e daquilo que se espera,de modo que se possa responder,hoje mais que nunca, ao pedido dePedro: “confessai Cristo comoSenhor, sempre dispostos a dar arazão da vossa esperança a todoaquele que vo-la peça” (1Pe 3,15).Também aqui o Papa Franciscoensaiou uma resposta: a Palavra deDeus, sine glossa (cf. EG 271).

Padre Ricardo Freire,biblista

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Pensar para Agir e Recriar O tempo que vivemos, este nossotempo, desafia toda a pessoa a“arregaçar as mangas” e a dar umadireção à sua existência. Numcontexto de imprevisibilidade e deinsegurança, há que, com lucidez ecoragem, tomar a iniciativa eapostar naquilo que consideramosessencial. Analisando a biografia de muitosempreendedores, encontramosalguns traços que poderão inspirara abertura a novas oportunidades eao despertar da esperança. Segueuma lista de competênciasespecíficas de quem se distinguepor pensar com lucidez e de agircom coragem para realizar os seussonhos e de contribuir para odesenvolvimento da sociedade. 1. Visão: refere-se ao facto de osempreendedores viverem tãofocalizados e dominados por umaideia, sonho, projeto, negócio ouobjetivo, que conseguem identificara oportunidade única para realizaraquilo que acrescenta valor a elespróprios e à sociedade.

2. Decisão: prende-se com o factode os inovadores saberem tomardecisões acertadas com rapidez esegurança, apesar dasadversidades, erros e oposições,distinguindo-se dos demais pela suacapacidade de implementar açõescoerentes com as suas visões, aoponto de se dedicarem, porexemplo, aos seus projetos,exaustivamente, mas com prazer. 3. Conhecimentoespecializado: tem a ver com ofacto de os criadores seremcuriosos, atentos, perspicazes,astutos, sedentos de conhecimentose aprenderem continuamente, tantoatravés das suas experiênciasquotidianas e das informaçõesfornecidas por quem temempreendimentos semelhantes aosseus, como através de formações epublicações especializadas. 4. Relacionamento social: aludeao facto de os empreendedores sedistinguirem dos demais pela suacapacidade de estabelecer relaçõesinterpessoais, as quais deverãoprogressivamente constituir o seucapital social

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(clientes, fornecedores, consultores,pessoas influentes no ramoespecífico), elementos cruciais naconsolidação dos seus projetos. 5. Liderança: refere-se ao facto deos inovadores lideraremnaturalmente com autoridade, umavez que aliam ao seu poder deinfluência pela argumentação o dapersuasão pela valorização quefazem dos seus colaboradores.

Assim sendo, atraem profissionaiscompetentes e dedicados, sendoinclusivamente assessorados porespecialistas nas áreas que nãodominam, e formam equipasvencedoras, eficazes ecomprometidas. 6. Planificação: indica o facto de,tendo em mente um foco preciso epermanente, planificaremsistematicamente cada momento,dia, semana, mês, ano; e, alémdisso, organizarem e distribuírem

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eficazmente todos os recursoshumanos, financeiros, tecnológicose materiais necessários de quedispõem para a consecução dosobjetivos a curto, médio e longoprazo. 7. Criatividade: aponta para ofacto de, quando dominados poruma ideia, percorrerem as etapassucessivas do seu planorespondendo a questões

pragmáticas, tais como: como fazeracontecer? Como resolver?Comomelhorar? Como inovar? Comodiferenciar? 8. Assunção de riscos: refere-seao facto de os empreendedoresserem dotados de um instintonatural para assumir riscoscalculados, possivelmente porque jápassaram anteriormente pelaexperiência da perda, devido

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a cálculos mal feitos, por exemplo, oque lhes permitiu desenvolver acapacidade para possuir intuiçõesconvenientes ao seu tipo denegócio. 9. Determinação: prende-se com ofacto de os criadores se envolveremtotalmente nos seus objetivosprincipais, os quais mobilizam todosos seus pensamentos, emoções ecomportamentos.

10. Diferenciação: consubstancia ofacto de os empreendedores sedistinguirem dos demais pelo seumodo de ser único, ao ponto dehaver sempre alguma caraterísticaidiossincrática que os diferencie dosoutros indivíduos, em geral, e dosoutros empreendedores, emparticular.Existem motivos mais do quesuficientes para pensarmos eagirmos deixando-nos inspirar poraqueles que têm coragem de inovar.É hora de recriar.

Jacinto Jardim,professor universitário

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Fé e literatura:três ensaios sobre a esperançaSe, como dizia Simone de Beauvoir,em todas as lágrimas há umaesperança, é porque esta virtude,quase sempre escondida, brilhasobretudo nos momentos críticos dacondição humana. Os primeiroscristãos definiam-na como umaâncora na margem do Além, e nósnão podemos fugir a este sentidotranscendente, a que chamamosesperança cristã.Tarefa apaixonante é procurar, nagrande literatura, os sentidos quesão dados à esperança ou aodesespero, a forma que osescritores lhes dão, enquantomedidores da respiração dahumanidade ao longo do tempo.Tomemos como exemplo trêsautores de três épocas diferentes:Dostoiévski, Kafka e Hemingway. E,deles, três pequenas obras que, porisso mesmo, têm uma densidadepoderosa: O Grande Inquisidor , quecompõe um capítulo de «Os IrmãosKaramázov», A Metamorfose e OVelho e o Mar .Em O Grande Inquisidor , há umabipolaridade de personagens: oinquisidor e Jesus, a palavra

e o silêncio, a razão e a alma, opoder dos argumentos e afragilidade do Amor. O desespero darazão (Dostoiévski é um dostradutores da crise da razão)embate contra o silêncio de Jesus,num estranho jogo de alteridade,onde as acusações do inquisidormais parecem ser pedidos desocorro. É no desespero de simesmo que se encontra, residual, aesperança no Outro.N’A Metamorfose, o jogo é entre ointerior de Gregor Samsa e o seuexterior, inexoravelmente separadospela carcaça de um inseto. Numadas mais angustiantes narrativas dahumanidade, assistimos à tragédiada solidão do homem preso na suaincomunicabilidade. Há, no entanto,uma esperança que nasceprecisamente da angústia: que oOutro, o não-Eu me salve, apesarde tal nunca acontecer. Há sempre,em Kafka, uma eternização daespera.Talvez mais terrível, porque menostrágico, é o inexorável destino doVelho de Hemingway. O que

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mais parece um conto de poucosdias de aventura transmuta-se, pelaarte do escritor americano, numametáfora da Geração Perdida, noretrato de uma civilizaçãocrepuscular, onde as grandesconquistas não passam de ilusões ea partida não é mais que umregresso ao ponto de onde separtiu. E o velho regressaexatamente ao mesmo lugar, àmesma solidão, ao mesmo passado,numa espécie de

aceitação do destino, sem dor nemesperança.Sentir a respiração de obras comoestas coloca-nos de caras com ohomem diante da sua condição. E,sobretudo, coloca-nos o desafio deencontrar em Jesus, e na Suamensagem, uma resposta deplenitude e de sentido àsesperanças de cada homem emulher do nosso tempo.

Júlio Rocha

Hemingway Dostoiévski kafka

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Confiança e valorização da vidaO padre Vasco Pinto Magalhãesafirmou que é necessário encontraros “fundamentos” da vida para “avalorizar”.“A ideia não é só trazer um ventinhofresco mas realmente que aspessoas encontrem fundamentos nasua própria vida para a valorizar”,explicou o religioso da ProvínciaPortuguesa da Companhia de Jesus(jesuítas).Em declarações à agênciaECCLESIA, o padre Vasco PintoMagalhães comentou a 10ª sessãode estudos de espiritualidadeinaciana, que analisou o tema“Entre medos e confiança,reacreditar na vida”.“Considero que ninguém encontraum caminho se não apostar” e casonão exista a capacidade de“reacreditar”, acontece uma“corrente de descrença”, assinalou.O padre José Frazão, tambémjesuíta, apresentou o tema“Reacreditar na vida e a fé”, namanhã de sábado, e considerouque “reacreditar na vida entremedos e confianças é tambémreorientar a atenção para aquiloque possa ser elementar”.Para o sacerdote, os mistérios

da fé e a vida elementar de todos osdias não parecem articular-se umavez que parecem “dois campos quedeixaram de falar um ao outro”: “A fénão sabe como falar à vida e a vidanão sabe muito bem o que há defazer com a proposta da fé. Epodemos correr o risco que oscampos não se toquem”.“Às vezes temos a nossa vida edepois ao lado uma espécie de‘sidecars’. A fé às vezes também éuma coisa que anda assim, ao lado,em vez de ser o interior e o todo davida”, prosseguiu o padre VascoPinto Magalhães.O sacerdote explicou que estesencontros surgiram do trabalho deum grupo específico - ReflexãoTeológica e Pastoral Inaciana – queestá encarregado de dinamizar ateologia e a espiritualidade, ondetambém estão inseridos leigos.“Passamos por várias fases,algumas muito intelectualizadas noprincípio, de estudo profundo dosexercícios espirituais de SantoInácio, e ultimamente temos vindo aaterrar em temas concretos, mascom esses óculos”, assinalou.

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“Ninguém encontra um caminho se não apostar, se não arriscar, senão reacreditar. Dá a ideia, passa assim uma corrente de descrença –não digo tanto religiosa, no homem, nas instituições, na política, naescola, na juventude, nos velhos.Num mundo tantas vezes triste, superpreocupado mas que quasenão faz nada, porque tudo parece levar a lado nenhum, um bocadogasto – apesar desta renovação com o Papa Francisco -, a ideia é aspessoas encontrarem fundamentos, na sua própria vida, paravalorizar a vida”. Padre Vasco Pinto Magalhães

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Testemunho e ação dos cristãosna sociedade portuguesaAntónio Matos Ferreira, diretor doCentro de Estudos de HistóriaReligiosa (CEHR), e Manuel Bragada Cruz, antigo reitor daUniversidade Católica Portuguesa(UCP), destacaram à AgênciaECCLESIA a importância dotestemunho e ação dos cristãos nasociedade portuguesa.Na sociedade atual o papel e a açãodas comunidades cristãs “pode sersempre múltiplo” começando pelosimples “acolher as pessoas”,considera António Matos Ferreira,para quem é “importante” a formacomo as pessoas “vivem econcretizam” o que a “Igreja fala ediz abstratamente”.“Enquanto a Igreja for um meio, umsinal, uma mediação dessarealização das pessoas eu acho quetem todo o papel e pertinência”,desenvolve o diretor do CEHR quedestaca as alterações de umespaço público diferente de há 30ou 20 anos e que “revelafragilidades”.“Na realidade politica mas tambémeclesial, da vida daquelas pessoasque se

valorizam e se reconhecem comocrentes e nomeadamente comocatólicos. Porque as própriaspessoas procuram novas formas deestarem presentes nesse espaço”,acrescenta.Segundo Manuel Braga da Cruz, aIgreja tem um papel muitoimportante a desempenhar emmomentos de crise como o atual,que são “momentos de incerteza, dedúvida, de angústia” porque“anuncia algo que não é dúbio, quenão é incerto, algo que não édramático mas é pacificador,tranquilizante e que dá ânimo àspessoas para enfrentar asdificuldades que estão a viver”.O antigo reitor da UCP destaca trêsníveis de contributos da Igreja nasociedade portuguesa: O social“sobretudo em ações desolidariedade que sãorelevantíssimas”; “uma presençamuito importante no mundo cultural”para as pessoas “verem” que osmomentos de crise “podem sermomentos de renascimento, dereconversão” e a nível politico aIgreja “tem chamado a atenção paraa necessidade de

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atender para os mais carenciados”.Segundo Alexandre Sá, professorauxiliar na Faculdade de Letras daUniversidade de Coimbra, o papelda Igreja Católica na sociedade foisempre “desde logo social”, cujaimportância torna-se “fundamentalem períodos” como o atual.

“A Igreja tem desde logo a missãode fazer com que cada crente, etestemunhar junto dos não crentes,que vejamos a própria vida de outromodo e dizer isso não é dizeralguma coisa vaga e indiferente”,acrescenta.

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Sacrosanctum Conciliumfoi aprovada há 50 anosA constituição do Concílio Vaticano IIsobre a Liturgia, ‘SacrosanctumConcilium’, foi “profundamenteinovadora”, disse à AgênciaECCLESIA o padre Luís ManuelSilva, professor na Faculdade deTeologia na Universidade Católica.“Esta constituição é profundamenteinovadora na história da Igreja,porque é o Concílio Vaticano II oprimeiro do qual sai explicitamenteum documento cujo tema, doprincípio ao fim, é a Liturgia”,assinala o especialista, a respeitodo documento aprovada há 50anos, no dia 4 de dezembro.Segundo o pároco da Sé de Lisboa,o decreto continha em si “todas asgrandes ideias, as grandessementes” dos trabalhos conciliares,que se prolongariam até 1965, soba presidência de Paulo VI.A constituição em causa, uma dasquatro aprovadas no Vaticano II,apresenta “diretivas claras para arenovação da Liturgia do RitoRomano, principalmente”.

“Temos de considerar que estes 50anos foram de atualizaçãodesse desejo, dessa diretivaexpressa pelos padres conciliares”,explica.O sacerdote destaca, nodocumento, a recuperação da“centralidade do Mistério Pascal” e alibertação de conceções ligadasapenas ao “cerimonial, aorubricismo, a uma visão jurídica purae simples”.A reforma das estruturas dascelebrações e dos livros litúrgicosobedeceu a estas indicações, comdestaque para “o desejo daparticipação ativa da assembleia”que se reúne para celebrar. “Aprimeira realidade de qualquer açãolitúrgica é uma assembleia reunida”,recorda o docente da UCP. Oespecialista sublinha que o últimomeio século foi de “grandetransformação” na Liturgia Romana,que “desde sempre se pautou pelasobriedade, pela nobreza”.Entre as mudanças mais visíveisestão a posição de quem

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preside à Missa, “virado para opovo”, e a possibilidade decelebração nas línguas vernáculas.“Não é uma novidade no sentido deter sido o Concílio a trazer isso, aIgreja já conheceu essa formacelebrativa, mas de facto acentuou-se muito”, acrescenta.

O padre Luís Manuel Silva refereainda que “nunca esteve proibida acelebração em Latim”, frisando queé natural celebrar na “língua que aspessoas usam” para promover “umaparticipação ativa e consciente”.

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Papa cria comissãopara proteção de menoresO Papa decidiu instituir uma“comissão para a proteção dascrianças”, que vai coordenar ocombate e prevenção de abusossexuais na Igreja Católica, anunciouhoje o Vaticano. A medida é umadas conclusões da segunda reuniãode Francisco com o conselho deoito cardeais dos cinco continentesque se iniciou na terça-feira e seconcluiu esta tarde.A decisão foi comunicada, emconferência de imprensa, pelocardeal Seán Patrick O'Malley,arcebispo de Boston (EstadosUnidos da América), um dosmembros do conselho consultivo, oqual adiantou que esta novacomissão tem como missãoaconselhar o Papa "a respeito docompromisso da Santa Sé naproteção das crianças" e na“atenção pastoral às vítimas deabusos”.Em concreto, a comissão vaianalisar o “estado atual” dosprogramas para a proteção dosmenores, formular sugestões para"novas iniciativas" por parte da

Cúria Romana e propor "nomes" deespecialistas em diversas áreaspara uma aplicação “sistemática” danova iniciativa, em colaboração comas conferências episcopais einstitutos religiosos.“A composição e as competênciasda comissão serão indicadasproximamente com maior detalhepelo Santo Padre, com umdocumento apropriado”,acrescentou o cardeal norte-americano.D. Seán Patrick O'Malley declarouque esta decisão vem “na linha” daação iniciada pelo Papa Bento XVI.Segundo o responsável, a novacomissão vai ajudar em questõescomo “linhas de orientação para aproteção das crianças, programasde formação, protocolos para umambiente seguro, cooperação comas autoridades civis, pastoral deapoio às vítimas e familiares,colaboração com peritos”, entreoutras.O arcebispo de Boston frisou que acompetência nas investigações aeventuais casos de abusos sexuaiscontinua a ser

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dos bispos e superiores religiosos,em ligação com a Congregaçãopara a Doutrina da Fé.O diretor da sala de imprensa daSanta Sé, padre Federico Lombardi,adiantou por sua vez que oconselho de cardeais concluirá asua primeira análise às váriascongregações da Cúria Romana."Começamos a fazer algumasrecomendações, mas o nossotrabalho está apenas no começo",

precisou o cardeal O'Malley, a esterespeito.A próxima reunião vai decorrer entre17 e 18 de fevereiro do próximoano, precedendo o consistório doColégio Cardinalício, nos dias 20 e21 do mesmo mês, e o consistóriopara a criação de novos cardeais, a22, festa litúrgica da Cátedra de SãoPedro. Nos dias 24 e 25 de fevereirode 2014 vai decorrer uma reuniãoda Secretaria do Sínodo dos Bispos.

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Papa reza por religiosassequestradasO Papa Francisco apelou àlibertação de cinco religiosassequestradas esta segunda-feira naSíria, na localidade cristã deMaaloula, próxima da capitalDamasco. “Desejo convidar todos arezar pelas monjas do mosteirogreco-ortodoxo de Santa Tecla, emMalula, Síria, que há dois dias foramlevadas à força por homensarmados”, disse, no final daaudiência pública semanal quedecorreu na Praça de São Pedro.Francisco pediu que todoscontinuem a “rezar e a atuar juntospela paz” na Síria, evocando ainda“todas as pessoas sequestradas porcausa do conflito em curso”.“Rezemos por estas monjas, estasirmãs”, acrescentou.D. Antoine Audo, bispo de Alepo epresidente da Cáritas Síria, disse àRádio Vaticano que as religiosassequestradas, a superiora e quatroirmãs, foram levadas para Yabroud,uma cidade próxima, mas que aindanão há notícias delas.O prelado destacou que Maaloula é“um símbolo muito importante, nãosó para os cristãos mas tambémpara os muçulmanos

da Síria e do Médio Oriente, porquesabem que ali se fala ainda hoje alíngua de Cristo, um dialetoaramaico”.D. Antoine Audo fala num ataquesem precedentes a um “lugarsagrado” do Cristianismo e deixavotos de que as religiosas possam“ser libertadas quanto antes”.Rebeldes sírios, incluindo 'jihadistas'da Frente al Nosra, assumiram ocontrolo total de Maaloula estasegunda-feira, após cinco dias decombates, informou o ObservatórioSírio dos Direitos Humanos.

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Cáritas lança campanhaglobal contra a fomeA confederação internacional daCáritas vai lançar na próxima terça-feira, Dia Internacional dos DireitosHumanos, uma campanhainternacional contra a fome,intitulada ‘Uma só família humana,alimento para todos’. A CáritasPortuguesa associa-se a estainiciativa e vai apresentar acampanha aos jornalistas, nomesmo dia 10 de zembro, pelas09h00, na Centro CulturalFranciscano, em Lisboa.A iniciativa promovida pela ‘CaritasInternationalis’ conta com o apoio daConferência Episcopal Portuguesa etem como objetivo “alertar osgovernos, as Nações Unidas e todosos cidadãos para o Direito àAlimentação”.A campanha apela à erradicação dafome no mundo até ao ano de 2025e vai começar com uma “onda deoração”, desde a ilha de Samoa,que irá percorrer o mundo inteiroenvolvendo à mesma hora “todas asorganizações Cáritas e muitasoutras pessoas, em todos oscontinentes”.

O presidente da ‘CaritasInternationalis’, cardeal OscarRodríguez Maradiaga, afirma numamensagem que “há comidasuficiente para alimentar o planeta”e que é possível “acabar a fome até2025” com a ajuda da sociedadecivil, dos governos e das NaçõesUnidas.O Papa Francisco também se vaiassociar à iniciativa com umamensagem que será divulgada nodia do lançamento da campanha,em Roma, numa conferência deimprensa com a presença dosecretário-geral da CáritasInternacional, Michel Roy.

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O som ao redor

Num bairro da zona do Recife,Brasil, as ruas são dominadas pelafamília de seu Francisco que, emestilo mafioso, oferece segurança eproteção à vizinhança recebendoem troca toda a liberdade paradesenvolver os seus própriosnegócios ilícitos. A chegada de umaempresa de segurança privada aobairro vem naturalmente ameaçareste sistema: enquanto os vizinhossubjugados aderem prontamenteaos serviços da empresa oferecidospelos afoitos vigilantes de serviço,seu Francisco preparacautelosamente a forma de manterdomínio sobre o bairro.Inicia-se assim uma guerra

dura, aparentemente silenciosa,entre o direito e a lei do mais fortenum bairro de classe média ondepulsam tensões e contrastes. Nomeio desta guerra, desdobram-sepersonagens que os vigilantes,divulgando os seus serviços, nosvão descobrindo de dentro para foradas casas que visitam.As primeiras imagens de ‘O Som aoRedor’, uma composição a preto ebranco evocando tempos deescravatura e senzalas em grandesfazendas, evidenciam a preposiçãodo realizador brasileiro KleberMendonça Filho aoestabelecer uma relação históricaentre as expressões passada epresente de

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exploração humana. Testando,assim, o seu conceito.Crónica de uma atualidadebrasileira denunciando o enormedesequilíbrio social num país emcrescimento económico, feito dedesigualdades e injustiça,habituámo-nos a acompanhá-la noregisto cinematográfico enérgico,vibrante e ruidoso de ‘Cidade deDeus’ (Fernando Meirelles), ‘Cidadedos Homens’ (Paulo Morelli) ou,mais recentemente, em ‘Tropa deElite’ (José Padilha).Aqui, no entanto, há um ritmo e umagramática totalmente diferentes,apostados numa inteligente fluideznarrativa que o realizador,constituído como mero mas atentoobservador, desenrola aos nossosolhos e pensamento. Fluideznarrativa e boa gestão decontrastes entre o anúncio de

uma paz aparente nas ruas e adenúncia de tensões ocultascrescentes, aos poucos sugeridas.Progressivamente, sob um hábil usodo som e do silêncio, bem como dacâmara, espaço público e privadoentrarão em conflito, um invadindo ooutro, e a narrativa adensa-se,gritando, sem qualquer ruído, acomplexidade das relações,desigualdades sociais, oaprisionamento, a solidão e odesejo, para alguns, de os vencer.‘O Som ao Redor’, que seapresentou pela primeira vez emPortugal na última edição doIndielisboa e estreia agora nocircuito comercial, tem merecido oaplauso da crítica um pouco portodo o mundo, além de inúmerosprémios nos festivais internacionaisde cinema por onde tem passado:Gramado, Rio de Janeiro, Roterdãoe São Paulo.

Margarida Ataíde

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Paulus editora onlinehttp://www.paulus.pt/ Na passada terça-feira, dia 26 denovembro, a Igreja celebrou a festado Beato Tiago Alberione, fundador,entre outras congregações, dosPaulistas. Nesse mesmo dia aeditora Paulus lançava a sua maisrecente versão do seu sítio online. APaulus é uma “editora multimédia aoserviço do Evangelho e da culturacristã, utilizando os meios maismodernos, as técnicas mais eficazese uma organização que permitainvestir em novos projetos,procurando a promoção integral dohomem atual”. Ao mesmo tempo“procura também promover a vidaem todas as suas formas”, e aindadivulgar e promover a formaçãobíblica.Ao digitarmos o endereçowww.paulus.pt entramos numespaço graficamente muito bemdesenhado e com uma quantidade equalidade de conteúdossimplesmente magníficos. Logo napágina inicial temos os habituaisdestaques, as ultimas notícias, osmais recentes lançamentos, ospróximos

eventos, o livro da semana, algunsconteúdos multimédia e aindaligações para as principais redessociais.Na opção “Paulus editora”, podemosconhecer um pouco melhor ahistória desta editora em territórionacional, perceber a linha editorialque a norteia e ainda aceder aoscatálogos comerciais em formatodigital.Uma das principais áreas encontra-se disponível em “loja virtual”, poisesta “continua a ser uma grandeaposta e agora com uma novaexperiência de compra bastantesimplificada”. Com um excelente ediversificado catálogo, temos umaenormidade de conteúdosdisponíveis, agrupados pelas maisdiversas áreas (Bíblia Sagrada,livros, promoções, DVD, revistas,CD, coleções, e-books). Referimosainda que constantemente estãopresentes promoções, ofertas eexcelentes descontos.Passamos agora para os projetosque esta editora é responsável. Oprimeiro é a “Revista Cristã”, onde“há praticamente 60 anos queprocura informar e formar, todos osmeses, as famílias, através

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de uma informação honesta ecorreta, abordando temas atuais,numa perspetiva cristã”. Depois a“liturgia diária” que “é uma revistaprática para a participação eanimação da Eucaristia de todos osdias do mês”. De seguida o“Youcat”, onde a novidade sedesigna “Minuto Youcat”, pois “todasas semanas uma pergunta doYoucat dá origem a um vídeo queserá publicado neste espaço”. Afinalizar os projetos, o

“Caminho de Emaús” que é umprograma de rádio que pode serouvido online.De facto a sugestão desta semanaparece-nos de todo muito relevantee merecedora de uma visitaconstante. Podemos facilmenteacompanhar esta editora quenasceu com o objetivo de “viver edar ao mundo Jesus Mestre,caminho, verdade e vida”.

Fernando Cassola Marques

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A Lista de Bergogliomostra coragem do atual PapaNello Scavo, autor do livro “A Listade Bergoglio”, disse que Franciscoé um Papa “muito forte”, está a criar“muitos inimigos” e não foi cúmplicecom a ditadura na Argentina “Eleestá a criar muitos inimigos porquetem a coragem, por exemplo, dedenunciar a alta finança, os grandesbancos, o poder político que não seocupa dos pobres nem dos últimos”,referiu o jornalista italiano ementrevista à Agência ECCLESIA.Para Nello Scavo, Francisco é um“Papa muito forte” que está “amudar a forma de viver até dentroda própria Igreja, a forma como defora se encara a Igreja” e aconquistar “o carinho e a amizadede tanta gente, crentes e nãocrentes”.Após a eleição de Jorge Bergoglio,Scavo começou a investigaracusações “muito estranhas” decumplicidade do cardeal de BuenosAires com a ditadura, nos anos 80 e90, desmentidas por algunstestemunhos de pessoas que diziam“ter sido ajudadas ou protegidas porBergoglio. “Faço

jornalismo na área da investigaçãocriminal e de guerra einstintivamente comecei a investigara consistência destas acusaçõesque eu considerava muito graves”,referiu Nello Scavo sobre notíciasque inicialmente publicou no jornalitaliano onde trabalha “Avennire”.O jornalista recorda algumas provas“estranhas” contra o cardealargentino, como uma fotografia queo mostrava em 1994 “a dar acomunhão ao general Videla, onzeanos depois da queda da ditadura”.“Aquela fotografia estavamanipulada para que não sepercebesse quem era o sacerdote.Eu encontrei o original daquelafotografia e percebe-se claramenteque não se trata de Bergoglio masde um sacerdote argentino de idademuito avançada”, constatou NelloScavo.“Eu pude verificar com documentose testemunhos precisos averacidade destes factos, chegandoà conclusão de que Bergoglio, bemcomo os jesuítas argentinos, com acolaboração de

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jesuítas brasileiros, desenvolveramtoda uma atividade de proteção dedissidentes e pessoas perseguidaspela ditadura”, refere o autor dolivro “A Lista de Bergoglio”. “Umaatividade extraordinária que o fezcorrer um risco muito elevado masque permitiu salvar muitas pessoas”,refere Scavo.Após a recolha de testemunhospara publicação do livro, editado

em Portugal pela Paulinas Editora, ojornalista italiano refere que JorgeMario Bergoglio é verdadeiramenteum “pastor da Igreja que não temepôr em risco a sua reputação, a suavida, para que possa salvar, nemque seja apenas uma ovelha do seurebanho”. “É isto que podemosverificar na coragem que ele está ademonstrar no seu pontificado”,referiu.

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Inter Mirifica faz 50 anos O Papa assinalou na rede social Twitter os 50 anos

do decreto do Concílio Vaticano II sobre aComunicação Social, ‘Inter Mirifica’ (De entre asmaravilhosas invenções...). "Há 50 anos, o Vaticano IIfalou de comunicação. Escutemos, dialoguemos elevemos a Cristo todos os que encontramos na vida",escreveu Francisco, na conta '@pontifex'.A data foi também assinalada com o lançamento deuma página especial dedicada ao documento. “O dia4 de dezembro de 1963 marca uma etapafundamental no diálogo entre a Igreja e os media”,destaca o texto de apresentação do portal multimédialançado pelo Conselho Pontifício das ComunicaçõesSociais (Santa Sé).A iniciativa visa “celebrar o aniversário desta ‘CartaMagna das Comunicações’, marco histórico nasrelações entre a Igreja e o mundo da comunicação”.O portal www.intermirifica50.va apresenta entrevistas,artigos e vídeos sobre o aniversário do ‘Inter Mirifica’,incluindo imagens conservadas na Filmoteca doVaticano relativas à votação do dia 4 de dezembro de1963, “em que se escreveu uma página da históriada Igreja”.O Conselho Pontifício destaca que com estedocumento se introduz o conceito de “ComunicaçãoSocial” e reconhece a importância desta para a açãoda Igreja Católica.O decreto determinou a celebração anual, nodomingo depois da solenidade litúrgica da Ascensão,do Dia Mundial das Comunicações Sociais, quese repete desde 1967, com uma

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mensagem escrita pelo Papa. “AComunicação Social começou afazer parte oficialmente doprograma da Igreja Católica”,destaca o portal comemorativo doVaticano.A última aprovação dos padresconciliares levou apenas 12minutos, com 1960 votos favoráveise 164 contrários.A votação anterior, a 25 denovembro de 1963, registou, noentanto, aquele que viria a ser omaior número de votos negativospara um documento conciliar: 503contra 1598 votos favoráveis e 11abstenções.Manuel Pinto, docente daUniversidade do Minho,

destacou o aniversário daaprovação do decreto num textopublicado no blogue ‘Religionline’,frisando que “o documento exprime,ainda que com cautelas e reservas,um espírito assinalável de aberturaao fenómeno mediático,nomeadamente ao impacto dosmeios audiovisuais”.O especialista fala num “documentode referência na pastoral dos mediae da comunicação”, com o qual “aIgreja Católica dá um passo salienteno sentido da demarcação de umaabordagem protecionista face aosmedia, em favor de uma abordagemcrítica, assente na capacitação daspessoas”.

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Dezembro 2013Dia 06* Setúbal - Sarilhos Grandes (Igrejade São Jorge) (21h30m) - Concertocom o grupo «BarVox» queapresenta as suas «Canções deNatal». * Vaticano - Chegada ao Vaticanoda árvore de Natal, proveniente daBaviera, Alemanha.* Lisboa - Bombarral (Senhor Jesusdo Carvalhal) - Conferência «Jesusde Nazaré» por D. Nuno Brás. * Portalegre - Oleiros (Igreja Matriz)- Encontro internacional de Corosde Natal. * Lisboa - Colares - Conferênciasobre «Lumen Gentium» por D.Joaquim Mendes.* Braga - Colunata de eventos doBom Jesus (20h00m) - Noite defados em favor das obras naBasílica do Sameiro.

* Porto - UCP (Campus Foz) -Encontro no âmbito do programa«Aprender a Educar – Sessões paraProfessores e Educadores» dedicada ao «Dificuldades deaprendizagem: porquê e como?»com Lurdes Veríssimo, docente daFaculdade de Educação ePsicologia da Católica Porto.* Vaticano - Encerramento (início a02 de dezembro) da assembleiaplenária da Comissão TeológicaInternacional.* Vaticano - O Papa Franciscorecebe os membros da ComissãoTeológica Internacional.* Leiria - Teatro José Lúcio da Silva -Concerto solidário organizado pelogrupo coral AdesbaChorus.* Braga - UCP (Faculdade deCiências Sociais) - V Forum dasInstituições Sociais.* Coimbra - Casa de Retiros dePenacova - Retiro diocesano deAdvento sobre «Criar dinamismo dediscipulado missionário nosmembros da comunidade cristã». (06 a 08)* Lisboa - Exterior da Basílica dosMártires - Iniciativa «Presépio naCidade». (06 a 24)

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Dia 07* Porto - Igreja de São Lourenço -Inauguração da exposiçãodocumental alusiva aos 150 doSeminário Maior do Porto com apresença de D. Pio Alves.* Lisboa - Caldas da Rainha - Conselho diocesano de Outono doCPM com o tema «DialogoConjugal» apresentado por FurtadoFernandes.*Évora - Iniciativa «Rota das Igrejasd´Évora» com o tema «Ciclo daNatividade» com visita à Sé deÉvora e ao Museu de Arte Sacra.* Vaticano - Encerramento (início a05 de dezembro) da assembleiaplenária do Conselho Pontifício paraos Leigos dedicada ao tema«Anunciar Cristo na era digital». * Fátima - Inauguração oficial daUnidade de Cuidados ContinuadosBento XVI da União dasMisericórdias Portuguesas. * Guarda - Covilhã - Curso deiniciação de catequistas * Quénia - Nairobi - A irmãRosemary Nyirumbe recebe oprémio «Honoris Causa» em Letras,da ‘DePaul University’, de Chicago,Estados Unidos da América, peloseu trabalho em ajudar mulheres asuperar traumas de violência.

* Guarda - Centro Apostólico -Conselho Pastoral Diocesano.* Aveiro - Mercado Municipal ManuelFirmino - Venda de Natal promovidapelos Vicentinos da paróquia daGlória para angariar fundos paraauxiliar os mais desprotegidos. * Braga - Centro Pastoral e Cultural- Encontro anual de formação paracoordenadores de âmbito diocesanoda pastoral juvenil. * Setúbal - Igreja Matriz da Amora -Vigilia de oração pelas ordenações.* Portalegre - Seminário doImaculado Coração de Maria -Reunião da Assembleia Sinodal. * Évora - Direção Geral deEstabelecimentos Escolares-Encerramento da exposição comtrabalhos de vários “cidadãos com esem deficiência” e promovida peloMovimento Fé e Luz. * Leiria - Seminário de Leiria - Acçãode formação para catequistas sobre«Chamados a acolher, viver etestemunhar o amor» com o padreJosé Augusto Rodrigues.* Porto - Associação Católica doPorto - Conferência «O movimentocatólico portuense na segundametade do século XIX: a Fundaçãoda Associação Católica do Porto»

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A União das Misericórdias Portuguesas vai inaugurar aUnidade de Cuidados Continuados Bento XVI. Umacasa construída de raiz para proporcionar o melhortratamento a pessoas com demências, entre elas oAlzheimer. Uma aposta que merece ser valorizadaporque é desenvolvida por uma União, a dasMisericórdias, porque se dirige a doentes quedificilmente encontram tratamento específico dequalidade. Também porque a inauguração acontece jácom a casa em funcionamento. No domingo a Diocese de Aveiro encerra a MissãoJubilar. Durante mais de um ano, toda a comunidadediocesana se envolveu num projeto que atingiu, entreoutros, dois objetivos: realizar a experiência crente noquotidiano de cada pessoa, profissional e familiar;anunciar a todas as pessoas a mensagem doEvangelho, levada a cabo pelos “Mensageiros”, emcada mês. Uma iniciativa com eventos mediáticos esobretudo com metodologias que deixamtransformações nas pessoas e nas comunidades. Amerecer investigações académicas… A Banda Jota tem já 10 anos de história! E assinala o10º aniversário com a apresentação de um novo CD.Gostando-se ou não do estilo de música que propõe,é necessário que existam projetos nesta área e sefaçam incursões nesse meio, com persistência e comqualidade e profissionalismo. Essa tem sido adeterminação da Banda Jota. Também agora com “NãoVou Parar”.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h22Domingo, dia 08 - MissãoJubilar em Aveiro: memóriasde um itinerário quetransformou a Diocese. RTP2, 18h00Segunda-feira, dia 09 -Entrevista sobre a MissãoJubilar na Diocese de Aveiroao padre Francisco Melo,coordenador da Missão, ePedro Bandeira, da equipacoordenadora.Terça-feira, dia 10 -Informação e apresentação da campanha da CáritasInternaiconal: "Ums só família humana: alimento paratodos"Quarta-feira, dia 11 -Informação e apresentação decampanhas de adventoQuinta-feira, dia 12 - Informação e apresentação decampanhas de adventoSexta-feira, dia 13 - Apresentação da liturgia dominicalpelo cónego António Rego e irmã Luísa Almendra. Antena 1Domingo, dia 8 de dezembro, 06h00 - Diocese deAveiro: Retrato da Missão Jubilar Segunda a sexta-feira, dias 9 a 13 de dezembro -Família: respostas pastorais da Igreja local no âmbitodo inquérito para o Sínodo dos Bispos - Vinha deRaquel; Cursos de Preparação para oMatrimónio; Homossexualidade; Planeamento familiarna Humanae Vitae; Reparar.

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MINUTO YOUCAT

O que tem a minha fé a ver com aIgreja?

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Ano A - 2.º Domingo do AdventoSolenidade da Imaculada Conceiçãoda virgem Santa Maria Acolher o simde Maria

Por feliz coincidência, neste segundo domingo doAdvento celebramos a Solenidade da ImaculadaConceição. Ao propor-nos o exemplo de Maria deNazaré, a liturgia convida-nos a acolher, com umcoração aberto e disponível, os planos de Deus paranós e para o mundo.A primeira leitura mostra, recorrendo à história míticade Adão e Eva, o que acontece quando rejeitamos aspropostas de Deus e preferimos caminhos deegoísmo, de orgulho e de autossuficiência. Viver àmargem de Deus leva, inevitavelmente, a trilharcaminhos de sofrimento, de destruição, de infelicidadee de morte.O Evangelho apresenta a resposta de Maria ao planode Deus. Ao contrário de Adão e Eva, Maria rejeitou oorgulho, o egoísmo e a autossuficiência e preferiuconformar a sua vida, de forma total e radical, com osplanos de Deus. Do seu sim total, resultou salvação evida plena para ela e para o mundo.O evangelista Lucas apresenta o diálogo entre Maria eo anjo. A conversa começa com a saudação do anjo.Na boca deste, são colocados termos e expressõesligados a contextos de eleição, de vocação e demissão. Estamos diante do relato da vocação deMaria: a visita do anjo destina-se a apresentar à jovemde Nazaré uma proposta de Deus.A Maria, Deus propõe que aceite ser a mãe de umfilho especial, que ela aceite ser a mãe desse

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messias que Israel esperava, olibertador enviado por Deus ao seuPovo para lhe oferecer a vida e asalvação definitivas.A resposta de Maria começa comuma objeção, mas o anjo garante aMaria que o Espírito Santo virásobre ela e a cobrirá com a suasombra. Apesar da fragilidade deMaria, Deus vai, através dela,tornar-se presente no mundo paraoferecer a salvação a todos oshomens.O relato termina com a respostafinal de Maria: “eis a serva doSenhor; faça-se em mim segundo atua palavra”. Maria reconhece queDeus a escolheu, aceita comdisponibilidade essa escolha emanifesta a sua disposição decumprir, com fidelidade, o projeto deDeus.A história vocacional de Maria, deixaclaro que, na perspetiva de Deus,não são o poder, a riqueza aimportância ou a visibilidade socialque determinam a capacidade paralevar a cabo uma missão. Deus ageatravés de homens e mulheres,independentemente das suasqualidades humanas. O que édecisivo é a disponibilidade e oamor com que se acolhem e

testemunham as propostas de Deus.Que o exemplo de vida de MariaSantíssima, nossa Mãe Imaculada epadroeira de Portugal, nos fortaleçana caminhada do Advento,fomentando em nós e à nossa voltao amor e a ternura, a simplicidade eo serviço, a justiça e a paz.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Lisboa: Bispo iraquiano denuncia perseguição aosCristãos

“Ajudem-nos, por favor!”No Iraque há cada vez menosCristãos. A violência, omedo, a falta de trabalho ede segurança, empurram-nospara fora do país, para longedas suas famílias. D.Shlemon Warduni esteve emPortugal e contou-nos, deviva voz, uma tragédia semfim “O futuro dos Cristãos no Iraque e,direi mesmo, em todo o MédioOriente, é muito obscuro e podedizer-se mesmo que existe um planopara o esvaziar de Cristãos.”D. Shlemon Warduni, 70 anos, bispoauxiliar de Bagdade, definiu assim,num parágrafo, a situação terrívelem que se encontram os Cristãosno seu país e em toda a região.De visita a Portugal, a convite daFundação AIS, D. Warduni recordoutodo um historial de violência eintolerância que se tem vindo aexercer sobre as comunidadescristãs no Iraque nos últimos anos.“Deveis ter

ouvido falar sobre os ataques contraos Cristãos em Bagdade, Mosul eoutros lugares. Queriam, à força,que os Cristãos deixassem as suascasas, ameaçaram-nos de morte oupara que se tornassemmuçulmanos. Depois ocorreu umaoutra tragédia para os nossosCristãos de Mosul, onde foramassassinados alguns, e muitasfamílias foram obrigadas a fugir dacidade com muito medo… Então,como podem viver os Cristãos nestasituação trágica?” Como viver assim?Este medo explica o êxodo dosCristãos do Iraque, reduzidos, hoje,a não mais de 400 ou 500 mil emtodo o país.Defendendo um caminho de paz,alicerçado na oração, o Bispoiraquiano afirmou que “é precisocondenar todas as guerras, todasas formas de terrorismo e, comamor, construir uma cultura onde ohomem pode ser alvo e viver comdignidade”.

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Agradecendo a oportunidadeoferecida pela Fundação AIS, paraexplicar aos portugueses o que sepassa no seu país, o Bispo lançouainda um apelo: “ajudem-nos, porfavor, com as vossas orações, e queNossa Senhora nos proteja!” Paulo Aido | Departamento deInformação | www.fundacao-ais.pt

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APLICAÇÕES PASTORAIS

Advento 2.0O Padre Pablo de Lima publicou nosite Pátio dos Gentios estepensamento a propósito doAdvento: Estamos demasiadohabituados a associar a palavra“advento” com vinda ou chegada.Por isso, consideramos este tempocomo a preparação para onascimento de Jesus ou Natal.Porém, é possível associar apalavra latina “adventus” àquilo queela deu origem em italiano,“avvenire” e, francês, “avenir”, isto é,futuro. O advento é o nosso futuro.Podemos assim virar a nossaatitude espiritual de uma “espera”para uma “marcha”: não é Ele quevem (já veio! Já está aqui!), somosnós que vamos. Caminhamos para ofuturo, não esperamos que elechegue até nós. Não esperamosque chegue “aqui”, vamos nós para“lá”.Servindo-se de várias tecnologias,muito cristãos estão em marchacaminhando para o Senhor.Apresentamos 7 exemplos. 1. Advento com o <papaA Agência Ecclesia na sua páginado facebook preparou umacaminhada de advento commensagens do papa Franciscosendo atualizada diariamente.Sabemos bem como têm sidodesafiadoras as suas palavras.

2. The Walking ChristmasA comunidade iMissio preparou umacaminhada inspirada no Livro LeveDeus no coração, Oficina do Livro.Na página do Facebook, ao final dodia, somos brindados com umamúsica: #MusicalAdventCalendar. 3. Retiros onlineA Família Missionária Verbum Deicriou um blogue onde propõe umretiro online durante o advento.Cada dia é composto pelo Bom diaSenhor; segue-se a Palavra deDeus; algumas pistas para a oraçãode cada dia; uma música; e, por fim,uma proposta para viver o dia emoração. 4. Esperar na AlegriaO portal Cristo Jovem procura lançarpistas, enquadradas com perguntasdo YouCat, para uma oração emeditação que nos ajude a prepararpara a chegada de Jesus. 5. Rezar no adventoTodos os anos a Edições Salesianaspreparam um subsídio para rezar oadvento. Este ano rezamos comEvangelista Mateus, Ano A. Napágina do facebook

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somos surpreendidos com váriosvídeos e pensamentos ao longodeste tempo. 6. Caminhemos à luz do SenhorDinamizada pelo portal Laboratórioda Fé, de Braga. A Fé celebrada emque se tem presente «Quatroperguntas, a refletir durante estetempo de nevoeiro e de procura(Advento): temos consciência deque a liturgia é uma ação ondedamos glória a Deus e recebemos asua salvação? A liturgia nutre a vidada comunidade, que é chamada acrescer na comunhão e nacaridade? Há de facto uma estreitarelação entre a celebração e aação

evangelizadora? Já compreendemoso significado profundo deste tempodo Ano Litúrgico? [...] 7. Peregrinação do AdventoO Secretariado Nacional da Pastoralda Cultura preparou umaperegrinação do advento avente emquatro momentos: Um presente apedir a Deus; Uma reflexão para ocaminho; Uma passagem bíblicapara o caminho e Palavras para a aviagem.Um bom tempo de advento nos dêDeus.

Bento Oliveira

@iMissiohttp://www.imissio.net

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LUSOFONIAS

D. Manuel Vieira Pinto,o Missionário de Nampula

Tony Neves

Encontrei-o em Nampula no ano 2000. Fui visita-lo ao Paço Episcopal, porque queria entrevista-lo. Fui recebido sem qualquer espécie decerimónias como, percebi, era costume. Semprotocolos, levou-me para o seu gabinete detrabalho, uma sala grande, não muito arrumada,mas muito simples.Fiz-lhe bastantes fotos mas, quando insisti emfazer uma entrevista, ele lá me foi dizendo queera melhor só conversarmos. Depois - garantiumas nunca cumpriu - mandaria respostas maiselaboradas pelo correio. Até hoje.A conversa foi fantástica, como toda a sua vidapor terras de Moçambique. Depois de muita lutapastoral através do Movimento ‘Por um MundoMelhor’, foi enviado para o norte deMoçambique, talvez para o afastar de Portugalcontinental. Enganou-se bem quem o tentousilenciar ou, pelo menos, retirar, das luzes daribalta. Antes e durante a guerra colonial, elecolocou-se do lado dos mais pobres e defendeuas populações autóctones das arbitrariedadesde alguns dos colonos. Em Março de 1974, foi‘expulso’ por ter defendido a independência deMoçambique, mas o 25 de Abril fê-lo voltar pelaporta grande.Na hora da independência, era uma das rarasfiguras da hierarquia da Igreja que as novasautoridades do país respeitavam. Tal nãoimpediu que o governo de Samora Machelmandasse confiscar todos os edifícios da

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Igreja e impedisse a circulação dosMissionários. Como respostapastoral, D. Manuel e outros bispose missionários lançaram o projetodas comunidades ministeriais, ondeo padre não aparecia mas oslíderes leigos asseguravam a vida eas celebrações das Comunidades.Talvez por esta contingência dahistória, hoje Moçambique tem umaIgreja bastante descentralizada ecom muito empenho dos leigos navida e missão das Comunidadescristãs.A idade foi avançando e a saúdepiorando. D. Manuel deixouNampula e veio até ao Porto, suaDiocese natal onde ficaria a residirna Casa Diocesana de Vilar. Foi láque o reencontrei e foi nessemomento que percebi porque é queele nunca respondera às minhasperguntas, conforme prometera. Amemória tinha-lhe fugido e ele jánão conhecia bem as pessoas e,muito menos, alinhava as ideias.

Coisas da fragilidade da nossacondição humana…Nasceu a 8 de Dezembro de1923,em S. Pedro de Aboim-Amarante. 90 anos é muito tempo, émuita vida dedicada á causa doEvangelho. D. Manuel é um homemalegre. Em Nampula, tive a alegriade partilhar um tempinho com umpastor feliz. A meio do encontro,levantou-se da sua cadeira, foi aopátio da casa onde tinham chegadocrianças e começou a distribuirsaudações e rebuçados. Era, peloque me disseram, um ritual habitualque as crianças muito apreciavam,num tempo em que um rebuçadoera uma pequena preciosidadenaquelas paragens.Se pudesse, ia dar-lhe um abraço.Sei que ele não o compreenderia,mas eu gostava de lhe exprimir aadmiração que tenho por ele e portantos homens e mulheres que, emtempos difíceis, ousaram anunciar oEvangelho da Justiça, da Paz e daAlegria.

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Não temas, menino!... Empurra a tua bola até ao limite. Equando a fadiga vier não desistas: chama outros meninos eergue uma montanha branca – pois só as montanhas que ascrianças sonham têm pedaços de céu dentro delas.

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