Especial Mação
-
Upload
jornal-o-mirante -
Category
Documents
-
view
217 -
download
1
description
Transcript of Especial Mação
02 Julho 2009 | O MIRANTE32 | ESPECIAL MAÇÃO
CERTAME. Para o presidente da Câmara de Mação, Saldanha Rocha (ao Centro) este é um espaço privilegiado de convívio foto arquivo O MIRANTE
Paulo Gonzo, Roberto Leal e Just Girls são os artistas musicais con-vidados para abrilhantarem os dias de festa na XVI Feira Mostra de Mação que se realiza entre os dias 3 e 5 de Julho no Largo Infante D. Henrique, mais conhecido como Largo da Feira, no centro da vila.
Além da música, a gastronomia, o artesanato e as actividades económicas do concelho vão estar em destaque. A Feira Mostra do Concelho de Mação comemora, este ano, duas décadas de existência. Entre 1989 e 2005 designou-se Feira Mostra. Há quatro anos passou
Paulo Gonzo, Roberto Leal e Just Girls cantam na Feira Mostra de MaçãoPrograma com muita animação entre sexta-feira e domingo no Largo da Feira
a denominar-se Feira do Artesanato e Gastronomia.
A XVI Feira Mostra de Mação começa pelas 18h15 de sexta-feira, 3 de Julho, com a arruada da Filarmónica União Maçaense no Cine-Teatro Municipal. Segue-se o lançamento do livro “Guia do Munícipe” no mesmo local com a actuação do Coro Infantil de Mação. A inauguração oficial realiza-se às 19h30 com uma visita aos stands expositores e à Feira do Livro.
Às 20h00 tem início a taça do con-celho em Futsal no polidesportivo do Cerejal e que tem a duração de 24 horas. A apresentação do livro “Fernando
Lopes-Graça – Andamentos de uma Vida”, de autoria do arquitecto Ricardo Cabrita está marcada para as 21h00 no stand da Feira do Livro. A noite termina com a actuação da girls-band portuguesa Just Girls.
A festa prossegue no sábado com a Taça de Futsal que termina às 20h00. O grupo de cantares “Os Maçaenses” actua pelas 21h00. À mesma hora decorre, no stand da Feira do Livro, a apresentação do livro “O Último Bandeirante”, de autoria do jornalista Pedro Pinto. Paulo Gonzo é o artista convidado na noite de sábado.
No último dia da XVI Feira Mostra
destaque para as actuações do Grupo Cantares da Serra, pelas 21h00. O popu-lar cantor luso-brasileiro Roberto Leal encerra as festas que culminam com o tradicional fogo-de-artifício.
Segundo a autarquia, o transporte na vila é assegurado por um comboio turístico que faz o seu percurso duran-te o horário da feira permitindo aos habitantes que se desloquem para o recinto sem levar carro. Existe ainda a possibilidade de se realizarem visitas ao Museu de Arte Pré-Histórica e do Sagrado do Vale do Tejo que vai estar aberto ao público durante o horário da feira.
Para o presidente da Câmara de Mação, Saldanha Rocha (PSD), este evento já se afirmou “como o espaço privilegiado de reunião e convívio dos habitantes do concelho e dos concelhos vizinhos”, disse o autarca na conferên-cia de imprensa de apresentação do certame.
O transporte na vila é assegurado por um comboio turístico que faz o seu percurso durante o horário da feira permitindo aos habitantes que se desloquem para o recinto sem levar carro
O MIRANTE | 02 Julho 2009 ESPECIAL MAÇÃO | 33
Festas ajudam ao negócioCésar Marques, 70 anos, Mação, Comerciante
César Marques considera Mação uma vila perfeita ou não fosse a localidade onde nasceu. As necessidades prendem-se com investimentos que preci-sam ser feitos mas o concelho é pequeno e o dinheiro que vem também não é muito. “Há que criar pequenas indústrias onde as pessoas possam trabalhar. Quem viu Mação há 60 anos como eu vi nem imagina como as coisas eram diferentes. Ha-via o triplo das pessoas. Mas isso não se deve só à fuga dos filhos da terra. A vida mudou e hoje as pessoas já não têm tantos filhos”, adianta.
Faltam pessoas para Mação ser um concelho perfeitoConcelho debate-se com a desertificação e o envelhecimento da população
“Isto é um local privilegiado”João Brízida, 46 anos, Mação, Ge-rente de Artes Gráficas
João Brízida vive em Mação por opção. Apesar de ter nascido na vila foi viver ainda em criança para Lisboa. Há nove anos deci-diu regressar. O bulício e o stress fizeram com que optasse por um local mais calmo. Garante que Mação é uma vila muito atractiva e com muitos espaços de lazer. Falta apenas mais indústria para fixar as pessoas. “Se não fosse a falta de postos de trabalho aposto que as pessoas não saíam daqui. Isto é um local privilegiado”, afirma.
João Brízida destaca as mui-tas actividades culturais da vila nomeadamente aeromodelis-mo, música, teatro e dança. “Os jovens não se podem queixar de falta de coisas para fazer. E ainda
“Uma oportunidade para dançar com as moças”António Catarino, 80 anos, Mação, Comerciante
Para António Catarino ainda falta muita coisa em Mação para tornar a vila mais atractiva. Proprietário de uma loja de fer-ragens, diz que o comércio está estagnado. “Simplesmente não tenho clientes. Uma vez ou outra lá aparece alguém que precisa de algo, mas é muito raro. Ainda não fechei a loja porque é uma forma de estar entretido”, afirma.
Há alguns anos que António Catarino não vai às festas. A saúde já não permite que vá sozinho. Mas o comerciante re-corda os tempos de juventude em que aproveitava para estar com
“É urgente a criação de empresas”Florinda Ferreira, 59 anos, Ortiga, Comerciante
Para Florinda Ferreira faltam pessoas no concelho de Mação para este ser perfeito. Pro-prietária de uma mercearia em Ortiga há 34 anos, a comerciante nunca viu o negócio tão mau. “Os fregueses desapareceram porque não há nada que os prenda à terra”, lamenta.
Florinda Ferreira recorda o movimento nas lojas de Ortiga há duas décadas. Havia o dobro dos estabelecimentos comer-ciais e as pessoas compravam. “Desde que construíram o hi-permercado em Mação que o comércio tradicional morreu. As pessoas deixaram de confiar nos produtos que vendemos”. Para a comerciante é urgente a criação de empresas que tragam postos de trabalho senão o destino de Ortiga e Mação é passarem a ser mais duas localidades do interior sem pessoas.
Em relação às festas de Ma-ção, Florinda Ferreira considera que são importantes pois trazem pessoas de fora para ver os espectáculos e isso é bom para o desenvolvimento. Há alguns anos que deixou de visitar as festas da vila, mas quando era nova gostava de ir. “Ia ver os artistas cantar, conversar com os amigos e comer uma fartura, era muito divertido”, recorda.
“É de animação que o concelho precisa”José Henrique de Matos, 49 anos, Mação, Gerente de Restaurante
José Henrique de Matos considera que falta muita coisa a Mação a começar pelas pesso-as. Proprietário do restaurante Casa Velha, no centro da vila, o empresário é um dos que mais se ressente com a desertificação. “Nos últimos quatro anos o con-celho sofreu uma diminuição enorme de população. A maio-ria, sobretudo os mais jovens, foi embora porque aqui não existiam condições para conso-lidar as suas vidas profissionais e pessoais”, diz. “É urgente criar empregos, espaços de lazer, jardins, creches, um hospital. Sem isso será difícil fazer com que as pessoas regressem às suas origens”, reforça.
José Matos considera que a
realização de festas em Mação é uma aposta que deve continuar e, se possível, aumentar de quali-dade de ano para ano. O gerente e cozinheiro do restaurante não perde um dia de festas. O conví-vio e os petiscos com os amigos fazem-no ficar até bem tarde no Largo da Feira. “É de animação que o concelho precisa pois é isso que traz os jovens e pessoas de fora a Mação. É urgente colocar Mação no mapa de destino com interesse”, conclui.
os amigos a beber e a petiscar. “Era também uma oportunidade para podermos dançar com as moças da terra. Sempre com o máximo respeito, as mães esta-vam sempre a supervisionar”, recorda, acrescentando que este ano, se a filha vier a Mação durante as festas, é capaz de ir lá dar um saltinho para rever os amigos.
por cima são actividades muito interessantes e importantes para a aprendizagem cultural”, diz.
O empresário gosta de todas as festas que se realizam em Mação e não perde uma. É das poucas oportunidades que tem para rever e conviver com os amigos no final de um dia de tra-balho. “Sabe bem aproveitar o bom tempo que faz nesta altura para ficar na rua até mais tarde a conversar com os amigos e a ouvir música”, revela.
“Preciso do sossego do campo”Helena Matias, 66 anos, Ortiga, Doméstica
Helena Matias é uma apaixo-nada pela terra onde nasceu e cresceu. A doméstica que dá uma mãozinha no restaurante do marido, junto à barragem de Belver, não troca a sua terra por nenhuma cidade do mundo. “Vivi mais de sete anos na Ale-manha, mas preciso do sossego do campo. Não há nada como ouvir o chilrear dos pássaros a meio da noite”. Apesar de gostar de sossego, a doméstica conside-
Proprietário do Café César, junto ao recinto de festas, Cé-sar Marques não perde pitada do arraial e dos concertos. Aproveita para dar uma volta e rever alguns amigos, mas o seu posto é atrás do balcão uma vez que, afiança, estes são sempre bons momentos para o negócio.
as festas da vila têm um papel muito importante na divulgação do concelho. “Vêm pessoas de fora assistir aos espectáculos e ficam a conhecer a terra. A câmara deve apostar cada vez mais na qualidade das festas porque isso reflecte-se em todo o concelho”, reflecte.
Helena Ma-tias confessa que há uns anos deixou de visitar as festas e tam-bém nunca foi muito de
sair, mas gostava de ir às festas quando era mais nova. Era uma oportunidade para ver as amigas, colocar a conversa em dia e ouvir música.
ra importante criar mais postos de trabalho para o concelho se desenvolver e haver dinheiro para investir.
Helena Matias acredita que