ESPECIAL FUSÕES E AQUISIÇÕES · 2018-03-26 · [email protected]. II | 23 março 2018...

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23 março 2018 | ESPECIAL ESPECIAL FUSÕES E AQUISIÇÕES Cristina Bernardo Este suplemento faz parte integrante do Jornal Económico Nº 1929 não pode ser vendido separadamente O mercado nacional de fusões e aquisições (M&A) teve em 2017 um dos seus melhores anos de sempre, com o anuário especiali- zado TTR a contabilizar 327 ope- rações no valor de 11,4 mil mi- lhões de euros. Setores como o imobiliário, o turismo e as tecno- logias destacaram-se pela positiva, num ano recheado de atividade para as sociedades de advogados, as consultoras, os bancos de inves- timento e as boutiques especializa- das que prestam assessoria jurídica e financeira a estas operações (ver páginas seguintes deste Especial). Para 2018, as perspetivas man- têm-se positivas. Mas o que explica esta conjuntura? A resposta é sim- ples: o crescente interesse por parte de investidores estrangeiros, cujo apetite saiu reforçado com as recen- tes melhorias no rating de Portugal. “Considerando os três primeiros meses deste ano, antecipa-se um grande dinamismo das transações de M&A em Portugal no ano de 2018, com a presença cada vez mais acentuada de investidores es- trangeiros”, disse ao Jornal Econó- mico o advogado Diogo Perestre- lo, sócio de Corporate e M&A da PLMJ. “O turismo, o imobiliário, as in- fraestruturas e a energia são os se- tores da economia que estão a gerar mais oportunidades de negócio. As operações imobiliárias associadas ao M&A acompanharam o mesmo movimento. No que se refere às in- fraestruturas, antevemos transa- ções nos setores das concessões ro- doviárias, telecomunicações e pers- petivas de investimento público no setor da saúde e dos transportes”, defendeu Diogo Perestrelo. Por sua vez, Miguel Farinha, partner da EY, concorda que este ano o fervilhar do mercado de M&A deverá manter-se. “A tendência continua a ser de consolidação deste mercado, sen- do expectável um aumento de alie- nações por parte dos fundos de ca- pital de risco nacionais, agora que vários fundos estão na fase de saída do seu ciclo de investimento”, ex- plicou o sócio da EY. João Sousa Leal, partner da KPMG, antecipa que, após uma vaga de transações nos setores de infra-estruturas, energia, imobi- liário e financeiro, “haverá mais apetite pelos setores de retalho e indústria especializada, como quí- micos, plásticos e moldes”. “No sector financeiro, acredita- mos que devemos continuar a as- sistir a um processo acelerado de venda de ativos, como NPL e imo- biliário”, defendeu. Equipas multidisciplinares, conhecimento dos dossiers, rapidez e preço são decisivos Mas como podem os advisers jurí- dicos e financeiros tirar pleno par- tido desta conjuntura? O que faz a diferença para o cliente, na hora de escolher, numa altura em que não falta oferta no mercado e em que alguns players, como as grandes consultoras, têm áreas de atuação cada vez mais abrangentes? “O que faz a diferença é a capa- cidade de - com inovação se neces- sário - estruturação e equipas plu- ridisciplinares, com eficiente capa- cidade de obedecer a um exigente cronograma de concretização”, disse ao Jornal Económico o mana- ging partner da SRS Advogados, Pedro Rebelo de Sousa. Acrescen- tando: “A um custo competitivo”. Diogo Leónidas Rocha, sócio da Garrigues, vai no mesmo sentido. “Numa operação de M&A, a ex- periência, o conhecimento do se- tor e a dimensão da equipa assu- mem posição de destaque. São ti- picamente transações que impli- cam o envolvimento de muitos ad- vogados. Por outro lado, é impor- tante que a sociedade de advogados possa oferecer um vas- to leque de especialidades nas di- versas áreas do direito por forma a que possam dar respostas com ra- pidez e eficiência, já que cada vez mais os clientes querem ver redu- zido o tempo entre a decisão e a concretização do investimento”, defendeu o advogado. Vários fundos de capital de risco nacionais estão na fase de saída do seu ciclo de investimento, em 2018, pelo que se prevê um aumento do número de alienações de empresas este ano Do turismo à saúde, estrangeiros dão energia ao M&A em Portugal FILIPE ALVES [email protected]

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23 março 2018 | ESPECIAL

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FUSÕES E AQUISIÇÕES

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Este suplemento faz parte integrante do Jornal Económico Nº 1929 não pode ser vendido separadamente

O mercado nacional de fusões eaquisições (M&A) teve em 2017um dos seus melhores anos desempre, com o anuário especiali-zado TTR a contabilizar 327 ope-rações no valor de 11,4 mil mi-lhões de euros. Setores como oimobiliário, o turismo e as tecno-logias destacaram-se pela positiva,num ano recheado de atividadepara as sociedades de advogados,as consultoras, os bancos de inves-timento e as boutiques especializa-das que prestam assessoria jurídicae financeira a estas operações (verpáginas seguintes deste Especial).

Para 2018, as perspetivas man-têm-se positivas. Mas o que explicaesta conjuntura? A resposta é sim-ples: o crescente interesse por partede investidores estrangeiros, cujoapetite saiu reforçado com as recen-tes melhorias no rating de Portugal.

“Considerando os três primeirosmeses deste ano, antecipa-se umgrande dinamismo das transaçõesde M&A em Portugal no ano de2018, com a presença cada vezmais acentuada de investidores es-trangeiros”, disse ao Jornal Econó-mico o advogado Diogo Perestre-lo, sócio de Corporate e M&A daPLMJ.

“O turismo, o imobiliário, as in-fraestruturas e a energia são os se-tores da economia que estão a gerarmais oportunidades de negócio. Asoperações imobiliárias associadasao M&A acompanharam o mesmomovimento. No que se refere às in-fraestruturas, antevemos transa-ções nos setores das concessões ro-doviárias, telecomunicações e pers-petivas de investimento público nosetor da saúde e dos transportes”,defendeu Diogo Perestrelo.

Por sua vez, Miguel Farinha,partner da EY, concorda que esteano o fervilhar do mercado deM&A deverá manter-se.

“A tendência continua a ser deconsolidação deste mercado, sen-do expectável um aumento de alie-nações por parte dos fundos de ca-pital de risco nacionais, agora quevários fundos estão na fase de saídado seu ciclo de investimento”, ex-plicou o sócio da EY.

João Sousa Leal, partner da

KPMG, antecipa que, após umavaga de transações nos setores deinfra-estruturas, energia, imobi-liário e financeiro, “haverá maisapetite pelos setores de retalho eindústria especializada, como quí-micos, plásticos e moldes”.

“No sector financeiro, acredita-mos que devemos continuar a as-sistir a um processo acelerado devenda de ativos, como NPL e imo-biliário”, defendeu.

Equipas multidisciplinares,conhecimento dos dossiers,rapidez e preço são decisivosMas como podem os advisers jurí-dicos e financeiros tirar pleno par-tido desta conjuntura? O que faz adiferença para o cliente, na hora deescolher, numa altura em que nãofalta oferta no mercado e em quealguns players, como as grandesconsultoras, têm áreas de atuaçãocada vez mais abrangentes?

“O que faz a diferença é a capa-cidade de - com inovação se neces-

sário - estruturação e equipas plu-ridisciplinares, com eficiente capa-cidade de obedecer a um exigentecronograma de concretização”,disse ao Jornal Económico o mana-ging partner da SRS Advogados,Pedro Rebelo de Sousa. Acrescen-tando: “A um custo competitivo”.

Diogo Leónidas Rocha, sócio daGarrigues, vai no mesmo sentido.

“Numa operação de M&A, a ex-periência, o conhecimento do se-tor e a dimensão da equipa assu-mem posição de destaque. São ti-picamente transações que impli-cam o envolvimento de muitos ad-vogados. Por outro lado, é impor-tante que a sociedade deadvogados possa oferecer um vas-to leque de especialidades nas di-versas áreas do direito por forma aque possam dar respostas com ra-pidez e eficiência, já que cada vezmais os clientes querem ver redu-zido o tempo entre a decisão e aconcretização do investimento”,defendeu o advogado. ●

Vários fundosde capital de risconacionais estãona fase de saída do seuciclo de investimento,em 2018, pelo que seprevê um aumento donúmero de alienaçõesde empresas este ano

Do turismo à saúde, estrangeirosdão energia ao M&A em PortugalFILIPE [email protected]

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II | 23 março 2018

ESPECIAL FUSÕES E AQUISIÇÕES

O programa de ajustamento econó-mico e financeiro de Portugal, a car-go da troika formada pelo BancoCentral Europeu (BCE), ComissãoEuropeia e Fundo Monetário Inter-nacional (FMI), ficou concluído em2014. Desde então, o mercado de fu-sões e aquisições (M&A) portuguêscresceu 30%, recuperando da crise deconfiança vivida durante a crise,com os grandes negócios em áreascomo o imobiliário e as tecnologias aroubarem o protagonismo às opera-ções envolvendo empresas em difi-culdades ou em reestruturação.

O ano passado arrancou logo comgrandes negócios, sobretudo na ban-ca: a compra do Novo Banco peloLone Star, a OPA da EDP à EDP Re-

nováveis e a compra de 84,5% do BPIpelo CaixaBank. No conjunto de2017, foi movimentado um total de11,4 mil milhões de euros nas fusõese aquisições de empresas portugue-sas, um valor que representa um au-mento de 13,58% face ao ano ante-rior.

Segundo o anuário especializadoTransactional Track Record (TTR),as sociedades de advogados mais ati-vas, por valor de operações assesso-radas, foram a Morais Leitão, GalvãoTeles, Soares da Silva (1,6 mil mi-lhões de euros), a PLMJ (1,2 mil mi-lhões de euros) e a Vieira de Almeida& Associados (mil milhões de euros).No ranking pelo número de opera-ções apoiadas, a PLMJ lidera com 24deals, seguida da Morais Leitão e daGarrigues, ex aequo, com 15 cada. Dotop 10 constam ainda as firmas DLAPiper ABBC, Uría Menéndez -

Proença de Carvalho, Cuatrecasas,Serra Lopes-Cortes Martins, Linkla-ters e RRP Advogados (ver tabela).

A recuperação económica, o cres-cente apetite por parte de investido-res internacionais e as taxas de jurohistoricamente baixas fazem comque as expetativas sejam positivastambém para 2018, tal como referemos advogados, consultores e ban-queiros de investimento ouvidospelo Jornal Económico, no Fórumque pode ser consultado nas páginas8, 9, 10 e 11 deste Especial.

Ainda segundo o TTR, os doisprimeiros meses de 2018 já assisti-ram a 47 transações de M&A emPortugal, no valor de 1,2 mil milhõesde euros, o que representa um cresci-mento de 52,7% comparativamentea fevereiro do ano passado. Os advo-gados ouvidos pelo Jornal Económi-co destacam o interesse crescentepor parte de fundos de pensões e deprivate equity. Ainda que sobretudo osetor imobiliário, devido ao boom tu-rístico, e financeiro (banca e seguros)continuem a destacar-se como pro-tagonistas de movimentos de conso-lidação, perspetivam-se várias ope-rações nas áreas de infraestruturas,energia, tecnologia, telecomunica-ções e indústria.

Espanhóis e chineses sãoquemmais aposta emPortugalAo longo de 2017, os investidores es-trangeiros que efetuaram mais tran-sações em território português fo-ram os espanhóis, que adquiriram 33empresas portuguesas, num investi-mento de 965 milhões de euros. János primeiros dois meses de 2018, oschineses lideram em termos de valordo investimento, com a anunciada

Morais Leitão,PLMJ e VdAlideram no M&A

MARIANA [email protected]

Assessoria ao grupo Macquariena ompra da Empark(1.000 milhões de euros)

LUÍS PAISANTUNESManagingPartnerda PLMJ

Assesoria ao Novo Bancona venda de 75% ao Lone Star(1.000 milhões de euros)

JOÃO VIEIRADE ALMEIDAManagingPartnerda Vieira deAlmeida &Associados

Assessoria à Magnum Capital navenda da Generis Farmacêutica àAurobindo (135 milhões de euros)

JOÃOMIRANDADE SOUSAManagingPartnerda GarriguesPortugal

Assesoria à EDP na OPAsobre a EDP Renováveis(1,2 milhões de euros)

NUNOGALVÃOTELESManagingPartnerda MLGTS

“Antes de 2014o investimento emprivate equity estavaparado, era umdeserto. A contraçãodo investimento faziacom que Portugal nãoconstasse do mapa.Hoje essa questãonão se coloca”, disseHelena Vaz Pinto,sócia co-responsávelde M&A da VdA

Escritórios de advogados e bancos de investimento ganham com ano degrande atividade nas fusões e aquisições. Tendência positiva mantém-se.

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compra da Partex, petrolífera daFundação Calouste Gulbenkian,pelo grupo chinês CEFC, numa ope-ração avaliada em 500 milhões de eu-ros. Outros estrangeiros que deverãocontinuar a marcar presença emPortugal serão os investidores britâ-nicos e angolanos, entre outros.

Private Equitya todo o gásUm dos principais destaques domercado transacional português, noano passado, foram as 43 operaçõesrealizadas por firmas de privateequity. O TTR contabilizou o valorde 16 dessas operações, num total de5,6 mil milhões de euros, o que, sópor si, representa um aumento de53% em relação ao ano precedente.Ao Jornal Económico, DuarteSchmidt Lino, sócio coordenador dePrivate Equityda PLMJ, frisou o “in-

cremento brutal” neste segmento,com especial atenção nas PME, de-fendendo que “a crise financeira ebancária criou as primeiras equipasde private equity com experiência eabriu espaço para outros investido-res onde a banca agora já não entra”.

“Acredito que Portugal vai conti-nuar a crescer no turismo e a saúdepode gerar oportunidades, que secruzam com o setor”, disse. Apesarde o ano ter arrancado mais calmopara o capital privado, contando-seduas transações em janeiro e três emfevereiro, sem valores revelados, He-lena Vaz Pinto, sócia co-responsávelde M&A e Corporate Finance daVieira de Almeida, prevê novo dina-mismo. “Antes de 2014 o investi-mento em private equity estava para-do, era um deserto. Hoje essa questãonão se coloca”, afirmou. ● Com F.A.

A Natixis Partners, o BBVA e oMillennium bcp foram os assesso-res financeiros que se destacaramem 2017 por valor de operações,somando 2.591 milhões de euros,1.129 milhões de euros e 1.033 mi-lhões de euros, pela mesma ordem,segundo o relatório anual da Tran-sactional Track Record (TTR).Em relação ao número de transa-ções, foi a Haitong Securitiesquem encabeçou os apoiantes fi-nanceiros dos negócios de M&A,seguindo-se novamente do BBVAe do BCP, ambas com quatro tota-lizadas (com base nas operaçõesanunciadas entre 1 de janeiro e 31de dezembro do ano passado).

De destacar são também os nú-meros do Caixa BI, do DeutscheBank e da TC Capital, com mil mi-lhões de euros cada.

“A internacionalização das em-presas nacionais, o seu posiciona-mento em nichos de mercado e aaposta de alguns setores como ostêxteis e o calçado nas suas pró-prias marcas, tornou-as relevantespara multinacionais e fundos in-ternacionais. Este facto, associadoa uma alteração de mentalidadedos empresários, sobretudo porparte dos mais jovens, que já enca-ram a suas empresas com menosemoção e mais razão, permite umconsentimento mais fácil numprocesso de venda total ou par-cial”, refere Joaquim Castro, dire-tor do Bankinter Banca de Investi-mento Portugal, instituição queentrou recentemente no mercadoportuguês.

O Jornal Económico contactou aTTR, que fez uma seleção das cin-co maiores transações de Portugalem 2017, incluindo Private Equitye Venture Capital e excluindo glo-bal deals, compras de ativos e JointVentures. Do grupo de operaçõesque marcaram 2017, nas quais umadas partes (comprador ou vende-dor) é de origem portuguesa, so-bressai o setor energético e, emparticular, a EDP, empresa lidera-da por António Mexia.

O maior negócio foi a venda daNaturgas Energía Distribuciónpela EDP, a um consórcio de in-vestidores internacionais, por2.591 milhões de euros. A NatureInvestments contou com o apoiofinanceiro da Natixis Partners (e aWhite Summit Capital com a daEY España), o que justificará o seuprimeiro lugar como principal as-sessor financeiro em termos de va-

lor das operações assessoradas.Ainda no mesmo setor de ativi-

dade, quando a REN adquiriu aEDP Gás por 532 milhões de eu-ros, a assessoria financeira da EDPficou a cargo do BBVA e do Mil-lennium BCP. Por sua vez, a asses-soria financeira à REN foi da res-ponsabilidade do Haitong BankPortugal.

Na banca, o destaque esteve navenda de 75% do Novo Banco - oterceiro maior banco português -ao fundo americano Lone Star,uma operação de mil milhões deeuros que foi apoiada peloDeutsche Bank e pelo TC Capital.

A completar o leque de transa-ções-rainhas no mercado portu-guês no ano passado, surge a com-pra da portuguesa Empark pelaMacquarie European Infrastructu-re Fund 5, gerido pelo grupo aus-traliano Macquarie, com assesso-ria financeira do Caixa BI (GrupoA. Silva & Silva) e da EY España(Empark). ●

BBVA e BCPà frente na assessoriafinanceira

BANCA DE INVESTIMENTO

Quer em número quer em valor de transações, os bancos estão no top dosrankings da TTR. Natixis, Haitong, Caixa BI e Deustche também se destacam.

MARIANA [email protected]

O setor da energiadestacou-se em 2017,com a venda daNaturgas e da EDPGás pela empresaliderada por AntónioMexia

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ESPECIAL FUSÕES E AQUISIÇÕES

As intervenções da KPMG, EY,PwC e Deloitte - as chamadas bigfour da auditoria e consultoria - nomercado de assessoria a operaçõesde M&A têm colocado estas firmasem concorrência direta com osbancos de investimento e mesmocom as sociedades de advogados.

Considerando que a atuação nomercado de M&A “é muito seme-lhante” à dos bancos de investimen-to, em termos de processo, comofatores de diferenciação, João SousaLeal, partner da KPMG em Portu-gal, elenca o posicionamento de in-dependência; as equipas altamenteespecializadas em diferentes setoresde atividade e a participação emoperações de M&A cross-border, ala-vancada pelo facto de estarem inse-ridos numa rede global (mais de150 países).

João Sousa Leal destaca este as-peto da presença a uma escala glo-bal já que lhes permite apoiar osclientes em transações em diferen-tes geografias “e aportar sempreum conhecimento profundo domercado em questão”, acrescen-tando ainda que, esta atuação inte-grada das equipas de M&A, tam-bém permite prestar assessoria avários clientes internacionais emaquisições em Portugal, bem comoa clientes nacionais que decidiraminternacionalizar o seu negócio deforma inorgânica.

O responsável dá ainda nota deque, no que se refere particular-mente às firmas de advogados,atuam de forma complementar,trabalhando em estreita parceria,sendo que em Portugal não ofere-cem serviços de assessoria legal.

No caso da EY, o fator diferencia-ção é alicerçado numa abordagemintegrada ao mercado de consultoriafinanceira, apoiando os clientes emtodo o processo de gestão do seu ca-pital, nomeadamente nas compo-nentes de definição estratégica, duediligence em diversas áreas, avaliaçãode empresas, restruturação financei-ra e assessoria em todo processo deM&A. “O que nos diferencia clara-mente da banca de investimento oudas firmas de advogados que apenasapoiam em vertentes parcelares des-te processo”, reforça Miguel Farinha,partnere HeadofTransactionAdvisoryServicesda EY.

A estratégia de crescimento daconsultora nos últimos quatro anos,que levou a equipa a quadruplicar asua dimensão, passou pela integra-ção de serviços adicionais aos tradi-cionalmente oferecidos por empre-sas de consultoria financeira, culmi-nando com a recente integração daAugusto Mateus & Associados, quevisou reforçar as suas competênciasna vertente estratégica.

Na hora de escolher umassessor, o que faz a diferença?

Relativamente às valências que fa-zem a diferença, João Sousa Leal des-taca essencialmente três fatores: oposicionamento de independência; acapacidade de execução e envolvi-mento direto dos sócios bem como, acapacidade de identificar e promoveroportunidades de investimento auma escala global. No que se refereaos serviços a prestar, para a KPMGé essencial oferecer aos clientes umaassessoria integrada: além daassesso-ria tradicional de M&A, é funda-mental apoiar os clientes no proces-so financiamento das transações, no‘due diligence’ e no processo de inte-gração pós transação.

Para além da complementarida-de de serviços, a EY aponta fatorescomo a experiência em transações,de quem participa em mais de umacentena de transações por ano.

A consultora frisa ainda, no seucaso, o peso que assume o facto deser uma empresa mundialmenteintegrada, que facilmente mobilizarecursos de qualquer parte domundo. ●

‘Big four’também queremuma fatia do boloKPMG, EY, PwC e Deloitte apostam em força na assessoria a fusõese aquisições, disputando o mercado aos bancos e às firmas de advogados.

SÓNIA [email protected]

ASSESSORIA A FUSÕES E AQUISIÇÕES (M&A)

A KPMG apresenta como vantagemcompetitiva o facto de ter equipas“altamente especializadas” einseridas numa rede em 150 países.

SIKANDERSATTARPresidenteda KPMGPortugal

A EY procura apoiar o clientenas componentes de definiçãoestratégica, due dilligencee reestruturação, entre outras.

JOÃO ALVESCountryManagingPartner daEY Portugal

A PwC tem assessorado váriasoperações de concentraçãoem Portugal, em diversas áreasde atividade.

JOSÉMANUELBERNARDOPresidenteda PwC

A área de Financial Advisory da firmapresta serviços de consultoriafinanceira especializada em matériade fusões e aquisições.

LUÍSMAGALHÃESManagingPartnerda Deloitte

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ESPECIAL FUSÕES E AQUISIÇÕES

‘Boutiques’ ganham terrenona assessoria financeira

Os tempos em que os grandes ban-cos de investimento dominavampor completo o mercado de assesso-ria financeira a fusões e aquisições(M&A) parecem ter terminado.Não só os grandes bancos de inves-timento nacionais, como o CaixaBI, o Haitong (ex-BESI) e o BCP In-vestimento, foram alvo de reestru-turações profundas nos últimosanos (em alguns casos sendo inte-grados nos bancos comerciais seusacionistas), cada vez mais as empre-sas portuguesas procuram boutiquesespecializadas, que conseguem sermais ágeis e procuram compensar amenor dimensão com parcerias in-ternacionais.

Trata-se de uma tendência inter-nacional, sobretudo quando se tratade empresas com volumes de negó-cio anuais inferiores a 100 milhõesde euros. Segundo dados daThomson Reuters, no início do sé-culo, as boutiques financeiras arreca-davam 20% dos fees relativos a ope-rações de M&A no Velho Continen-te. Em 2016, este número já era de44%. O nosso país não escapa a estatendência e têm surgido cada vezmais firmas de menor dimensão quecompetem diretamente com a bancatradicional. O Jornal Económico fa-lou com os líderes de quatro destasfirmas, para perceber de que formaprocuram diferenciar-se dos bancos.

“No meu entender o que pode fa-zer diferenciar um assessor no mo-mento da escolha é a estrutura inter-nacional, a proximidade e disponibi-lidade que a equipa tem para o clien-te, o track record e em alguns casos aespecialização setorial que pode terdentro da sua estrutura”, disse ao Jor-nal Económico João Santos, mana-gingpartnerda Tradinvest, firma quepresta assessoria a operações deM&A, entre outros serviços.

Acrescentou que a “facilidade comque o cliente se relaciona com o seuassessor é fundamental para os resul-tados finais. O cliente tem que inter-agir facilmente com assessor e a pos-sibilidade de existencia desse canal decomunicação é um factor muito im-portante na hora da decisão”.

Por sua vez, Carlos Carvalho, ma-

naging partner da Fingest, destacou aimportância de tornar a banca de in-vestimento acessível às PME, queconstituem a esmagadora maioria dotecido empresarial português.

“Identificámos que as PME nãotêm ao seu alcance serviços de bancade investimento de forma ágil e comcondições competitivas. A nossa fi-losofia é tornar acessível às PMEportuguesas os serviços de banca de

investimento, tais como assessoriaem operações de M&A, capitalizaçãode empresas, private equity, divida,abertura de capital, venda de partici-pações, avaliações, business planning,etc, à escala global e com grande cele-ridade de concretização”, disse Car-los Carvalho ao Jornal Económico.

Também a Optimal Investments,que tem entre os seus sócios dois ges-tores históricos da banca de investi-mento portuguesa, Jorge Tomé e Jo-sé Maria Ricciardi (ex-presidentesdo Caixa BI e do BESI/Haitong, res-petivamente), procura tirar proveitoda agilidade que a sua estrutura maisleve lhe permite.

“Seguimos a tendência internacio-nal, estruturas mais leves, mais ágeise que conseguem do mesmo modoatrair talento”, disse ao Jornal Eco-nómico fonte oficial da Optimal. Omesmo responsável acrescentou que“as parcerias e alianças com playersinternacionais, nomeadamente coma Arcano, operador de banca de in-vestimento em Espanha com 150profissionais, permite estar presentejunto dos mercados da Europa, Ásiae Estados Unidos, sem a estrutura deum banco tradicional”.

“Estruturamos operações de fi-nanciamento, montamos e estrutu-ramos operações de M&A, quer desell side, quer de buy side e consegui-mos propor aos nossos clientes

oportunidades de investimento e definanciamento por forma a assegura-rem um suportado crescimento dosseus negócios”, realçou.

Menor risco de conflitosde interesse?Por sua vez, a Triple A - Capital &Finance procura posicionar-se numsegmento distinto daquele em queatuam os bancos tradicionais. “Pro-curamos operações de PME nacio-nais e internacionais, não estandofocados nos clientes de maior di-mensão que interessam à banca deinvestimento”, disse ao Pedro Xa-vier, partner e CEO da AAA CapitalFinance.

“Acreditamos no nosso potencialde crescimento no segmento deMID Market - empresas com factu-ração entre os 10 milhões e os 100milhões de euros. Os bancos de in-vestimento tradicionais continua-rão a ter o seu espaço na assessoria àgrandes empresas, com facturaçãoacima de 100 milhões”, disse ainda.Acrescentou que entre as vanta-gens face aos bancos de investi-mento tradicionais estão a “proxi-midade humana”, que permiteconstruir “relações de longa dura-ção”, bem como a inexistência depotenciais conflitos de interesseque possam pôr em causa a inde-pendência do assessor financeiro. ●

Firmas especializadas procuram compensar menor dimensão estabelecendo relações mais próximas com os clientes e mantendoparcerias com grupos internacionais. Mercado alvo são as empresas com faturação entre 10 e 100 milhões de euros.

FILIPE [email protected]

ASSESSORIA A OPERAÇÕES DE M&A

“Ao contrário dosconflitos de interessesque possam existirentre as várias áreasdos bancos eparceiros, nós temostotal imparcialidadee liberdade paraanalisar a fundomercado e apontarrealmente quais sãoas melhores soluçõespara cada caso”,defendeu PedroXavier, CEO da AAACapital Finance

“O que pode diferenciar um assessorno momento da escolha é a estruturainternacional, a proximidadee a disponibilidade que a equipatem para o cliente”, defendeu.

JOÃOSANTOSManagingPartner daTradinvest

A Optimal é liderada pelo ex-CEO doBanif e pelo ex-presidente do BESI.

JORGE TOMÉCo-chairmanda OptimalInvestments

“A nossa filosofia é tornal acessívelàs PME portuguesas os serviços debanca de investimento, incluindo emoperações de M&A”, explicou.

CARLOSCARVALHOManagingPartnerda Fingest

“Procuramos operações de PMEnacionais e internacionais, nãoestando focados nos clientesde maior dimensão”, afirmou.

PEDROXAVIERManagingPartner daAAA CapitalFinance

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JOSÉ MARIARICCIARDICo-chairmanda OptimalInvestments

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VIII | 23 março 2018

ESPECIAL FUSÕES E AQUISIÇÕES

AS GRANDES TENDÊNCIAS DO MERCADOO Jornal Económicoouviu os líderes naassessoria jurídicae financeira para mediro pulso ao mercado deFusões e Aquisições(M&A). Advogados ebanqueiros deinvestimento estão deacordo: 2017 foiparticularmentepositivo em termos deatividade e a tendênciadeverá manter-se esteano, embora as apostasem termos de setorescom mais potencialnão sejamconsensuais.

“ENERGIA E INFRAESTRUTURASTÊM MAIS POTENCIAL”

2017 foi um ano muito forte na áreade M&A. A recuperação da economianacional e a confiança que se voltou agerar à volta do nosso país,instituições e governo atraiu umgrande número de investidores paraPortugal, sobretudo fundos deinvestimento à procura deoportunidades para investir nas áreasde energia, infraestruturas,imobiliários, entre outras.Para 2018, e tendo em atenção opipeline de operações em curso,antecipamos uma manutenção datendência de crescimento da atividadede M&A. À semelhança do que tem aacontecido no passado, penso queserão os sectores da energia e dasinfraestruturas que terão maiorpotencial de crescimento. Nototambém um maior interesse deinvestidores estrangeiros pela área daSaúde, quer na dimensão hospitalar,quer na dimensão da gestão dasinfraestruturas hospitalares. O sectordo grande retalho pode também serpalco de algumas operações de M&Adurante o ano de 2018.

RICARDO ANDRADE AMAROSócio da Morais Leitão, GalvãoTeles, Soares da Silva (MLGTS)

1QUE BALANÇOFAZ DO ANO PASSADO,NA ÁREA DE M&A?

2O QUE ESPERAPARA ESTE ANO?

3QUAIS OS SETORESCOM MAIORPOTENCIAL?

“BANCA E INDÚSTRIA SERÃONOVAMENTE OS SETORES QUENTES”

Penso que é consensual que foi umano bastante positivo para o mercadoportuguês. Na CMS, pela nossapresença global, pudemos perceberque a nível global a atividade de M&Arecuou ligeiramente, quer a nível devalor, quer de número de negóciosconcretizados. Na Europa, aconteceuprecisamente o contrário, com umaumento superior a 10% no númerode negócios e uma estabilização facea 2016 quando olhamos para osvalores globais. Em particular naEuropa, entrámos em 2017 com osinvestidores bastante alerta para osurgimento de movimentos políticospró-nacionalistas e pouco amigos de

FRANCISCO XAVIER DE ALMEIDASócio de Direito Societário da CMSRui Pena & Arnaut

“EM 2018, ANTECIPAMOSUM CRESCENDO”

Nesta área, o ano de 2017 foi lentono início mas acelerando ao longo dosegundo semestre. Para 2018,antecipamos um crescendo comênfase ou em algumas seletivas “bigticket transactions” ou no âmbito demúltiplas operações com médiasempresas. Quanto aos sectores daeconomia onde vemos maispotencial para fusões e aquisições,são indústria e serviços.Em termos de nacionalidades, osinvestidores que estão a ter mais

PEDRO REBELO DE SOUSAManaging Partnerda SRS Advogados

“MOVIMENTOS DE CONCENTRAÇÃOPROSSEGUEM NO SETORFINANCEIRO”

O ano de 2017 foi excelente paraesta área. Houve um importantevolume de transacções no mercadoque gerou elevados níveis deatividade.As perspectivas para este ano sãoigualmente positivas. A conjunturaque propicia a actividade nesta áreamantém-se estável. Há váriosfactores, como os níveishistoricamente baixos das taxas dejuro ou a presença no mercado deinvestidores de perfil muito variadocom grandes disponibilidade deliquidez, que enquanto não semantiverem, continuarão a propiciara realização de transacções emPortugal.Há vários sectores que apresentampotencial para a concretização deoperações de M&A. Prosseguem osmovimentos de concentração ouajustamento nos sectores bancário,financeiro e segurador, e asoportunidades de investimento quesurgem em sectores como o dasinfra-estruturas, energia, imobiliário,turismo, tecnologia e industriacontinuam a despertar grandeinteresse. Mantendo-se as actuaiscondições é previsível que vejamosvárias operações nestes sectoresnos próximos meses.

FRANCISCO BRITO E ABREUSócio de M&A da Uría-MenéndezProença de Carvalho (UM-PC)

“FENÓMENO É TRANSVERSALA TODOS OS SETORES”

O balanço de 2017 é extremamentepositivo. Terá sido o ano em que setornou verdadeiramente evidente amudança de paradigma nasoperações de fusões e aquisições.

RODRIGO ALMEIDA DIASManaging Partner da FCB Glocal

“O SETOR BANCÁRIOE FINANCEIRO PODERÁ ASSISTIRA ALGUMA CONSOLIDAÇÃO”

O ano de 2017 na área de M&Aevidenciou uma moderadarecuperação da economia portuguesae a subida do rating para um nível deinvestment grade, o que permitiu aentrada de novos investidores nomercado. Particularmente ativosestiveram o sectores dos seguros,imobiliário e de certa forma o setorbancário.Em 2018, a tendência de recuperaçãoda economia portuguesa continua,notando-se a entrada de novosinvestidores não só na aportação decapital como na concessão de

DIOGO LEÓNIDAS ROCHASócio da Garrigues

operações transnacionais. Esse riscoacabou por não se materializar naseconomias mais importantes do bloco– a Alemanha e França – e foi, porisso, possível retomar e até reforçaras operações de M&A.Mesmo o Brexit, cujas implicaçõescontinuam a ser bastante incertas,acabou por favorecer os negóciosuma vez que enfraqueceu a moedabritânica e teve o efeito de promoverconsolidações em muitos setores,como forma de proteção para o queresultar das negociações.Sobre Portugal em particular, notamosque a atividade de M&A tem crescidode forma muito significativa desde2014, coincidindo com o final doprograma de ajustamento. E Em2017, e falando da CMS Rui Pena &Arnaut, voltou a ser uma área defranco crescimento em que tivemos aoportunidade de acompanharalgumas das operações maisrelevantes, nomeadamente no setorda aviação e não só. Diria ainda queum dos setores mais ativos foi o dabanca e certamente que será umadas tendências que se manterá em2018. As perspetivas são para maisum ano de crescimento significativo. Anível global, os Estados Unidos serãoum grande protagonista, com o cortedos impostos para as empresas a darum novo fôlego financeiro. Na Europa,as perspetivas de crescimento e obaixo custo do financiamento (astaxas de juro do BCE vão continuarmuito baixas até, pelo menos 2019)vão certamente garantir mais um anoforte em operações de M&A eacreditamos que a banca e a indústriaserão novamente sectores quentes.Quanto a Portugal, aquilo que nosparece para já, é que o imobiliário e oturismo vão continuar a ser oscatalisadores de crescimento mas nãosó. Na banca, no setor da energia eno que nós chamamos de TMC –Tecnologia, Media e Comunicações,será um ano bastante ativo.

interesse em Portugal, de acordocom a nossa experiência, sãoasiáticos, europeus do espaço daUnião Europeia, americanos e,pontualmente, brasileiros.

Até então, na génese da maioria dasoperações, encontrávamosestratégias de restruturação esaneamento financeiro, por um lado,e, por outro, aquisições de estruturasem situação financeira débil por partede operadores concorrentes ouvocacionados para a recuperação,neste caso tendo em vista a posterioralienação. No ano transacto,ressurgiram as fusões e aquisiçõesmotivadas pelas mais tradicionaisestratégias de investimento edesenvolvimento de médio e longoprazo, num claro sinal de que aeconomia regressou a um cicloascendente. E o que se podeesperar para 2018? Sem dúvida, umincremento acelerado deste tipo deoperações. Os dados preliminares doprimeiro trimestre de actividade donosso departamento de M&A indicamum aumento quer do número deoperações, quer do valor dasmesmas. Antecipamos, porconseguinte, um ano muitíssimopositivo neste sector.A nossa experiência mais recenteleva-nos a concluir que o fenómenoé, de certa forma, transversal aosdiferentes setores da economia. Noentanto, olhando aos sectoresprioritários na nossa estratégia debusiness development para 2018,podemos assinalar, num primeirogrupo mais tradicional, o sector doimobiliário (corporate real-estate) edo turismo; e, num segundo grupo,Telecomunicações, Media eTecnologias de Informação, maisconcretamente no âmbito deprojectos de IT de cariz financeiro,onde as competências técnicas devárias empresas portuguesascomeçam a ser cada vez maisreconhecidas e consequentementea suscitar mais interesse a nívelinternacional.

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23 março 2018 | IX

DE M&A EM 2018

“IMOBILIÁRIO, INFRAESTRUTURASE REESTRUTURAÇÕES VÃOCONTINUAR A DESTACAR-SE”

O ano de 2017 foi um anointeressante, embora grande partedas transações se tenha concentradonum número restrito de setores (ex.:energia, seguros, imobiliário). Umoutro aspecto interessante, resultada capacidade acrescida de fazer (oucoordenar) transacçõesmultijursidicionais, diretamente comclientes ou firmas internacionais.Em 2018, no mercado doméstico, épossível que existam movimentaçõesrelevantes em alguns setorescapazes de originar transações comalguma relevância, sendo que omercado das vendas secundárias, detransações associadas ao mercadoimobiliário, das infraestruturas eresultantes de reestruturaçõesdeverá continuar. No mercado forade portas, as expetativas sãoelevadas em particular em Angola,onde se vê um ímputo reformistapassível de gerar movimentosimportantes em termos deprivatizações de empresas públicasrelevantes e concentraçõesderivadas do reestruturação do setorbancário. Há também algumaexpetativa em tormo do há muitoadiado mercado de capitais.O sector financeiro e seguradordeverá gerar oportunidades paratransações resultante danecessidade de ajustamento do setorou de decisões estratégicas dealguns investidores.

PAULO TRINDADE COSTASócio da Vieira de Almeida& Associados

Sinopse: Com 2017 a revelar-se umano muito positivo e de francocrescimento para o mercado de Fu-sões e Aquisições em Portugal, du-rante o qual o setor do imobiliárioliderou o ranking destas operações,entramos no novo ano com altasexpectativas sobre a sua evolução.Com um dinamismo que se estendea setores como os serviços, distri-buição, construção, telecomunica-ções e tecnologia, importa aferir atendência de evolução e que seto-res se revelam mais promissores.

A tendência da evolução para 2018 afigura-se no sentido dacontinuidade do crescimento, expetativa que se espera con-cretizar dado o comportamento padrão que os players dosmercados relevantes têm vindo a adotar ao longo dos últimosanos e as circunstâncias que têm favorecido o investimentoestrangeiro em Portugal.Podemos afirmar que esse percurso sustentado tem sido fa-vorecido pela cada vez maior preparação revelada pelos in-tervenientes nestes mercados para acolher o crescente dina-mismo dos mais variados setores.São de destacar algumas premissas e circunstâncias determi-nantes nesse crescimento que se manterão, expetavelmente,ao longo de 2018, como a estabilidade política, o clima de pazsocial e de segurança, o baixo custo do dinheiro e das taxas dejuro, a mão-de-obra qualificada e de baixo custo por compa-ração com a homóloga da UE, a considerável liquidez exis-tente, o dinamismo do private equity, a consolidação da re-cuperação económica do País, reconhecida pelas instituiçõescomunitárias e agências financeiras internacionais, que faci-litam e incentivam naturalmente a confiança dos mercados edos investidores estrangeiros em Portugal e nas empresasportuguesas, nomeadamente como mercado vendedor, comoé o caso da nossa vizinha Espanha e da França.Tudo leva a crer que os setores mais promissores continuarãoa ser, desde logo, o imobiliário e o turismo, mas também ou-tros se poderão consolidar e até surpreender positivamente.Não espantará assim que os setores da construção, tecnoló-gico (incluindo internet) e também as denominadas fintech(note-se as crescentes oportunidades de e-commerce e a en-trada em vigor da nova Diretiva dos Serviços de Pagamentos)sejam aqueles onde residem expectativas no sentido de umincremento relevante. O setor financeiro e a banca, com pro-vas dadas nas relevantes transações recentemente concreti-zadas, poderão prosseguir o seu movimento de recuperação,constituindo um fator de alavancagem dos mercados.De acordo com os mais recentes números publicados, o mer-cado de fusões e aquisições em Portugal continua em ascen-são, apresentando em 2018, pelo segundo mês consecutivo,um aumento considerável no valor total movimentado emrelação ao período homólogo do ano transato. No entanto,sendo os mercados particularmente concorrenciais e sensí-veis a alterações do clima favorável que vivemos, dever-se-áassegurar também uma estabilidade jurídica, motivando osplayers nos mercados, designadamente ao nível da legislaçãofiscal e laboral.Só assim manteremos bons ventos e mais casamentos em2018.

Bons ventose mais casamentosem 2018

PAULAALBERGARIA SILVA

Managing Partner“TURISMO, IMOBILIÁRIO, ENERGIA EINFRAESTRUTURAS ESTÃO A GERARMAIS OPORTUNIDADES DE NEGÓCIO”

O ano de 2017 foi muito positivo paraa área de M&A, dando continuidadeao crescimento que se vemverificando desde 2015. Não só ovolume das transações foi assinalável,como o tipo de investimento realizadoé revelador de uma alteraçãoprogressiva dos padrões que vigaramnos anos da crise. Já não se verificauma prevalência das operações derestruturação e de distressed M&A,assistindo-se cada vez mais ainvestimentos em ativos consolidados,com a presença de fundos de privateequity e de infraestruturas nacionais einternacionais. Para este balançopositivo contribuiu sem dúvida amelhoria da imagem de Portugal noestrangeiro, destacando-se ocrescimento da economia, a melhoriada notação de Portugal pelasagencias de rating e a saída doprocedimento por défice excessivoque marcaram o ano de 2017 etornaram Portugal num país maisatrativo para o investimentoestrangeiro.Para este ano, considerando os trêsprimeiros meses, antecipa-se umgrande dinamismo das transações deM&A em Portugal no ano de 2018,com a presença cada vez maisacentuada de investidoresestrangeiros. A longo prazo, aperspetiva é mais incerta,dependendo nomeadamente daevolução da economia mundial,Europeia e nacional, da políticamonetária que for seguida pelo BancoCentral Europeu, da evolução políticanacional e das escolhas legislativasque forem feitas. É por exemplo certoque uma subida das taxas de jurospelo Banco Central Europeu ou umaalteração do quadro legislativo laboralem Portugal poderão afetarnegativamente o mercado Português.O turismo, o imobiliário, asinfraestruturas e a energia são ossetores da economia que estão agerar mais oportunidades de negócio.Em 2017 bateram-se recordes noturismo em Portugal, prevendo-se quea tendência de crescimento continue,com uma forte componente deinvestimento estrangeiro. Asoperações imobiliárias associadas aoM&A acompanharam o mesmomovimento. No que se refere àsinfraestruturas, antevemos transaçõesnos setores das concessõesrodoviárias, telecomunicações eperspetivas de investimento públicono setor da saúde e dos transportes.

DIOGO PERESTRELOSócio de Corporate/M&Ae Private Equity da PLMJ

financiamentos. O mercado portuguêsestá a assistir a um fenómeno deshadow banking, onde diversasformas de financiamento estão a serconcedidas por entidades nãotradicionalmente bancárias, comoprivate equities, fundos de pensões,etc., especialmente no setorimobiliário.Julgo que o setor bancário efinanceiro poderá assistir a algumfenómeno de consolidação eestabilização de bases acionistas.O setor bancário poderá continuarainda ativo. “CONTINUAM A FALTAR REFORMAS

ESTRUTURAIS NA NOSSA ECONOMIA”

2017 foi um ano crescentementepositivo, e para isso contribuíramdiversos fatores. Em setembro, umadas principais agências de notaçãofinanceira retirou Portugal da categoria“lixo”, seguindo-se semelhantealteração foi efetuada, com a subidade nível por outra agência de notaçãofinanceira. São sinais de uminequívoco reforço da confiança dosinvestidores na economia nacional. Aconcretização de alguns investimentosrelevantes por investidores globais einstitucionais é o maior exemplo desseelemento essencial para ocrescimento. No nosso casoespecífico, foi um ótimo ano: a nívelglobal, a DLA Piper é, há 8 anosconsecutivos, a sociedade deadvogados que mais operações deM&A assessorou, facto que consolidaas nossas capacidades e experiêncianesta matéria. Em Portugal tivemosdois sócios distinguidos no TOP 10 doTransactional Track Record para osmelhores assessores jurídicos emFusões e Aquisições.Vemos o ano de 2018 com bastanteotimismo. Portugal tem tido umainequívoca e relevante evoluçãoeconómica e financeira, associada aum claro incremento da confiança dosinvestidores, de que a melhoria dorating de Portugal pelas agências denotação financeira é um reflexo.Nessa medida antecipamos 2018como um ano de grande dinâmica aonível do investimento estrangeiro emPortugal, que continua a ser ummercado com valor e com excelentesoportunidades de investimento, e doinvestimento das empresasPortuguesas.Continuam, no entanto, a faltaralgumas reformas estruturais para anossa economia, e continua a seressencial dar aos investidores umamaior segurança no investimento, empontos como uma justiça célere, umaprevisibilidade legislativa e umaestabilidade fiscal.Em termos de setores, 2018 vai serum ano de consolidação do quesucedeu em 2017, pelo que nãoesperamos uma alteração material.Realço os desafios do setor financeiro,em termos de consolidação dos ráciosde capital e com os desafiosregulatórios existentes, a continuaçãode uma exposição dos investidores aosetor imobiliário, e uma continuaçãoda procura de valor em inúmerosprojetos portugueses por investidoresinternacionais.

NUNO AZEVEDO NEVESSócio da DLA Piper ABBC

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X | 23 março 2018

ESPECIAL FUSÕES E AQUISIÇÕES

“EMPRESÁRIOS ENCARAMAS EMPRESAS COM MENOSEMOÇÃO E MENOS RAZÃO”

O dinamismo das fusões eaquisições demonstra que aeconomia portuguesa entrou numanova etapa do seu desenvolvimento.A internacionalização das empresasnacionais, o seu posicionamento emnichos de mercado e a aposta dealguns setores como os têxteis e ocalçado nas suas próprias marcas,tornou-as relevantes paramultinacionais e fundosinternacionais. Este facto, associado

JOAQUIM CASTRODiretor, BankinterBanca de Investimento Portugal

“IMOBILIÁRIO, ENERGIA,TELECOMS, MEDIA, FINANCEIROE SETORES EXPORTADORESTÊM MAIOR POTENCIAL”

2017 continuou a ser um ano decrescimento acentuado nasoperações de M&A no mercadoPortuguês, batendo anterioresmáximos de número e volume detransações. Na nossa atividade esteefeito foi notório no crescimentoalcançado e, principalmente, novolume de clientes queassessorámos durante o ano,sendo que notámos uma alteraçãono tipo de investidores, com umamaior preponderância deinvestidores externos. Em relação a2018, e com base nos primeiros 3meses do ano, a tendência continuaa ser de consolidação destemercado, sendo expectável umaumento de alienações por partedos fundos de capital de risconacionais, agora que vários fundosestão na fase de saída do seu ciclode investimento.Para além do óbvio interesse pelosetor imobiliário que tem sido umaimportantíssima alavanca domercado de M&A em Portugal, e irácontinuar durante 2018, vemos commaior potencial transacionável, querem volume e em valor, setorescomo a energia, telecomunicações,media, financeiro e toda a indústriacom carácter exportador.

MIGUEL FARINHAPartner responsável pelos serviçosde assessoria da EY

“NÚMERO DE TRANSAÇÕES DEVERÁMANTER-SE, MAS DIMENSÃOMÉDIA VAI TER REDUÇÃO”

2017 foi um bom ano para o mercadode M&A e para a KPMG. Em 2017,concluímos várias transacções nossectores de infra-estruturas, saúde,retalho e financeiro (Banca eSeguros). As perspectivas para 2018são positivas. Contudo, tendo emconsideração que nos últimos quatroa cinco anos assistimos a umelevado número de transacções degrande dimensão no nosso mercado,é normal que agora se inicie umperíodo de consolidação destesinvestimentos.Antecipamos que em 2018 eprovavelmente ainda em 2019, onúmero de transacções deverámanter-se mas a dimensão médiadeverá apresentar uma redução,perspectivando-se um aumento donúmero de operações outboundefectuadas por empresasportuguesas.Recentemente, além dos típicosmandatos de assessoria a PrivateEquities e clientes internacionaisestamos também a colaborar comvárias empresas portuguesas no seuprocesso de internacionalização eem processos de sucessão familiar.Após uma vaga de transacções nossectores de infra-estruturas, Energy& Utilities, imobiliário e financeiro,entendemos que haverá mais apetitepelos sectores de retalho e indústriaespecializada (químico, plásticos,moldes, etc.).No sector financeiro, acreditamosque devemos continuar a assistir aum processo acelerado de vendaactivos (NPL’s, Imobiliário, etc.).

JOÃO SOUSA LEALPartner da KPMG em Portugal

a uma alteração de mentalidade dosempresários, sobretudo por parte dosmais jovens, que já encaram a suasempresas com menos emoção emais razão, permite umconsentimento mais fácil numprocesso de venda total ou parcial.Se, numa primeira análise, se podeafirmar que a economia portuguesaestá a perder o domínio de boasempresas, a acumulação de capitalque estas transações permitem temcomo resultado uma mais-valia parao país, pois passam a existirinvestidores nacionais capazes deapoiar novos projetos empresariaisou outros projetos com potencial masdebilitados por um baixo nível decapital.

“PODERÁ HAVERALGUM ABRANDAMENTO”

O balanço de 2017 é muito positivo.Até melhor que 2016. Assessorámosvários clientes (principalmenteinvestidores estrangeiros) eminúmeras transações queenvolveram fusões e aquisições.Quanto a 2018, tudo indica que este

ano continuará a ser interessante naárea de M&A, mas poderá haveralgum abrandamento. Apesar de

ALBERTO GALHARDO SIMÕESSócio da Mirandaresponsável pela área de M&A

“A IMAGEM DE PORTUGALNO MERCADO INTERNACIONALÉ UM ATIVO”

Para nós, 2017 foi um ano muitointeressante, não só em operações‘In-Bound’ como ‘Out-Bound’. Emgeral e em Portugal, as transaçõesde M&A registaram um crescimentorelativamente a 2016 com mais de330 transações, o que representa umacréscimo face a 2016 de cerca de9% no número de transaçõesencerradas. Neste crescimentohouve uma grande expressão dosetor imobiliário que se contrapôs aosetor financeiro que de acordo comos dados disponíveis, registou umaqueda expressiva. Se olharmos paraa atividade tendo em conta o tipo deinvestidores, temos os Fundos dePrivate Equity responsáveis por umdesempenho interessante sendoresponsáveis por 43 transacções. Aonível dos Fundos de Venture Capital,continuam a ter uma atividade muitoresidual em termos de valoresmovimentados, atendendo aohabitual baixo valor dosinvestimentos que são feitos.Em 2018, vai continuar a crescer emtermos de transações de um modomais estruturado, possivelmente maisseletivo e com um peso no setorimobiliário ainda grande mas menorface ao registado nos anos anteriores.A imagem de Portugal no mercadointernacional é de facto um ativo comque contamos cada vez mais, fazendocom que investidores estratégicos efinanceiros de diversas nacionalidadeolhem para o nosso país comrecorrência e atenção. Além disso, amaior estabilidade das contaspúblicas, a maior facilidade de acessoa linhas de crédito e a entrada dealguns promotores de Private Debt,são de facto bons instrumentos deapoio às transações de M&A,antevendo um bom ano de 2018.Portugal tem potencial em inúmerossectores, no entanto, tentandoenumerar alguns sectores quesentimos estarem com uma dinâmicatransacional muito interessante, possoreferir o Real Estate, o Turismo, oLazer, a Energia e entendo que pelaatenção do mercado internacional àsnossas IT, quer em fases mais EarlyStage, quer mais maduras e

JOÃO SANTOSManaging Partner da Tradinveste

“PIPELINE EXISTENTE FAZEMANTEVER 2º TRIMESTRE FORTE”

2017 foi um ano em que o mercadode M&A esteve particularmenteativo em Portugal, tendo-seregistado uma subida acentuada novolume de transações e no valormédio das transações em queestivemos envolvidos. Fazemos umbalanço muito positivo do ano de2017, tanto numa análise demercado como em relação ao anoque tivemos no escritório. O ano de2018 será seguramente positivo.Resta apurar se o ano será positivode modo parcial, designadamenteaté ao Verão, ou se todo o ano de2018 mantém esse mesmo sinalpositivo.Isto porque o início do anoevidenciou a mesma intensidade de2017, continuando o mercado deM&A forte tanto a nível mundialcomo a nível nacional. Osresultados já alcançados no 1.ºtrimestre e o pipeline existentefazem antever um 2.º trimestreigualmente forte, com acontinuidade da atenção dosinvestidores internacionais aomercado português sendo que esseapetite se deverá em parte àaparente liquidez dos mercados.A antevisão dos 3º e 4º trimestrestorna-se mais difícil face a algunssinais contraditórios que vãosurgindo. Se é um facto que aatividade não tem dado sinais deabrandamento, outros sinais comouma relativa volatilidade dosmercados, evidenciada pelo recentemini-crash das bolsas americanas,ou os impactos que a aproximaçãoda data prevista para o Brexit,poderá trazer ou uma eventualevolução negativa de potenciaisconflitos comerciais que envolvamas maiores potências mundiais, sãoaspetos que poderão levar a umarrefecimento da atividade na partefinal de 2018 ou no início de 2019.É por este motivo que tendo acerteza que o ano será muito forte

MARCOS DE SOUSA MONTEIROSócio responsávelpelo departamento de Corporateda Linklaters LLP em Lisboa

“SENTIMOS UM MAIOR INTERESSEDOS FUNDOS DE PRIVATE EQUITYESTRANGEIROS”

O balanço de 2017 é extremamentepositivo, consolidando-se umcrescimento sustentado do mercadode M&A. Se analisarmos o mercadoem termos de volume de operações,quer em termos de valor dasoperações, não subsistem dúvidasque o mercado de M&A em 2017cresceu em termosmateriais.Naturalmente, houvesectores em que este mercado estevemais dinâmico do que outros.Sectores como o retail, o imobiliário,turismo, health, energia, sobretudorenováveis, ou o sector tecnológicotiveram em 2017 um crescimentorelativo muito significativo.2018 será mais um ano decrescimento sustentado do mercadode M&A e o primeiro trimestreconfirma-o. Sentimos um maiorinteresse dos fundos de private equityestrangeiros e de players industriaisinternacionais por activos em sectoresespecíficos. A maior liquidez, umamaior facilidade de acesso ao créditobancário e empresas targets comexposição internacional e exportadorasão claramente drivers destecrescimento.Tendo em conta a nossa experiência,sectores como o imobiliário, o turismo,health e o sector tecnológico são ossectores com maior potencial parafusões e aquisições. A energiarenovável continuará a ser objecto deoperações importantes de M&A.

JOSÉ DIOGO HORTA OSÓRIOSócio de Corporate/M&Ada Cuatrecasas em Portugal

fevereiro ter aparentemente sido ummês muito bom em termos devolume e número de transações, arealidade é que em 2017 foramconcluídas várias operações degrande dimensão e não me pareceque se consiga manter estatendência em 2018. Seráprovavelmente um mercado maismarcado pelo número detransações do que pelo seu valor,ou pelo menos tem sido essa anossa experiência no primeirotrimestre.Imobiliário, tecnologia e energiasrenováveis são os setores daeconomia com maior potencial parafusões e aquisições,

até ao Verão, não deixará de haveralguma incerteza quanto à reta finalde 2018.Os setores em que constatam maisatividade em 2017 e 2018 centram--se nos setores financeiro,infraestruturas, energia, imobiliárioe alguns segmentos do setorindustrial português. Antevendoainda que estes setorescontinuarão a dinamizar o mercado,juntamente com alguma atividadeou mesmo crescimento de setorescomo o de Healthcare e TMT.

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23 março 2018 | XI

Fusõese Aquisiçõesem Portugal –uma alteraçãode paradigma

O mercado português de Fu-sões e Aquisições (“F&A”)continua a registar máximosanuais de crescimento, confir-mados pelo crescimento ocor-rido em 2017, com os investi-dores a demonstrarem umaespecial apetência pelo sectorimobiliário, mas igualmentesecundado por outros sectoresda economia portuguesa.

Enquanto no período póscrise financeira, o mercadoportuguês de F&A foi bastan-te marcado por operações emempresas em distress, princi-palmente por parte de fundosde capital de risco nacionais, atendência verificada nos últi-mos anos passou por um reto-mar da atenção de investido-res internacionais para o mer-cado Português. Inicialmenteesta atenção e as maiores ope-rações ocorreram com inves-tidores asiáticos, mas nos últi-mos dois anos voltou a verifi-car-se um interesse cada vezmaior por parte de outros in-vestidores internacionais, no-meadamente fundos de inves-timento sedeados em Londresou nos EUA.

No que concerne aos secto-res de atividade, tal como re-ferido em cima o imobiliárioassume uma clara posição dedestaque, no entanto o inte-resse é transversal à economiaPortuguesa, com procura poroportunidades em sectorescomo a Energia, telecomuni-cações, media, serviços finan-ceiros e indústria com carác-ter exportador.

De acordo com os últimosestudos efetuados pela EY,

MIGUEL FARINHAPartner e Head of Transaction

Advisory Services da EY Portugal

como o EY Global CorporateDivestment Study 2018 e oGlobal Capital ConfidenceBarometer, a generalidade dosinvestidores estão confiantesna melhoria do desempenhoeconómico mundial, pois pela1ª vez desde o fim da crise fi-nanceira, os principais moto-res da economia mundial(Zona Euro, China e EUA) es-tão agora sincronizados numatrajetória ascendente. Este fa-tor poderá fomentar os resul-tados das empresas, o queconjugado com as taxas dejuro baixas (com outlook está-vel) e a maior disponibilidadede crédito conduzirá a um au-mento do investimento nassuas operações e, consequen-temente, no mercado de F&A.

Obviamente que estas con-clusões a nível macro têm umimpacto no mercado Portu-guês que se constata pelas li-nhas anteriores.

Na EY temos acompanhadoeste movimento de operaçõescom particular atenção, tendoapostado numa clara diversifi-cação dos serviços de consul-toria financeira, quadrupli-cando a nossa equipa de Tran-saction Advisory Services eoferecendo uma abordagemintegrada às necessidades dosnossos clientes, apoiando emtodo o processo de gestão doseu capital, nomeadamentenas componentes de definiçãoestratégica, due diligence emdiversas áreas, avaliação deempresas, restruturação fi-nanceira e assessoria em todoprocesso de M&A. ●

OPINIÃO

No período pós--crise, o mercadoportuguês foimarcado poroperações comempresas emdistress. Hoje issojá não acontece

“O FLUXO DE TRABALHOPARA AS SOCIEDADES AUMENTOU”

De um modo geral, 2017 foi um bomano. O fluxo de trabalho para associedades de advogados aumentou,em grande parte devido aoinvestimento estrangeiro, sobretudono que diz respeito aos setores doimobiliário e financeiro. Também aCCA ONTIER acompanhou estatendência e registou um aumento dointeresse por parte de investidoresinternacionais em Portugal, tendocomo objetivo a expansão da suaatividade e negócio.Penso que, nos próximos anos, asFusões & Aquisições irão manter-sede forma inquestionável nas agendasdos escritórios de advogados. Oinvestimento estrangeiro continuará aser uma realidade a médio prazo, oque aumentará o número e o nível deaquisições ‘cross-border inbound’,que contribuem para a boa dinâmicaque o mercado M&A portuguêsatravessa.Apesar de as operações de M&Aserem transversais a diversossetores, neste caso, os principaissetores são o bancário e financeiro,imobiliário e turismo e novastecnologias (TMT).

DOMINGOS CRUZManaging Partner da CCA ONTIER

consolidadas, este sector terá umaatividade muito interessante no anode 2018, perspetivando-se algumastransações de referência.Acredito que o ano de 2018 vaicontinuar a crescer em termos detransacções de um modo maisestruturado, possivelmente maisselectivo e com um peso no sectorimobiliário ainda grande mas menorface ao registado nos anos anteriores.A imagem de Portugal no mercadointernacional é de facto um activo comque vamos contando cada vez mais,fazendo com que investidoresestratégicos e financeiros de diversasnacionalidade olhem para o nossopaís com recorrência e atenção. Paraalém disso a maior estabilidade dascontas públicas, a maior facilidade deacesso a linhas de crédito e a entradade alguns promotores de Private Debt,são de facto bons instrumentos deapoio às transacções de M&A,antevendo um bom ano de 2018Portugal tem potencial em inúmerossectores, no entanto, tentandoenumerar alguns sectores quesentimos estarem com uma dinâmicatransaccional muito interessante,posso referir o Real Estate, oTurismo, o Lazer, a Energia eentendo que pela atenção domercado internacional às nossas IT,quer em fases mais Early Stage, quermais maduras e consolidadas, estesector terá uma actividade muitointeressante no ano de 2018,perspectivado-se algumastransacções de referência.

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