Especial ExpoLondrina 2014

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ABRIL DE 2014 ESPECIAL EXPOLONDRINA PECUÁRIA REVIGORADA Preços reanimam a bovinocultura de corte. Com rebanho menor, Paraná aposta em confinamentos e ganha eficiência na produção. Consumo define duração do ciclo que reformula o setor Soja promete nova expansão na safra 2014/15 Público gigante faz da ExpoLondrina mais que uma feira agro

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Segunda edição da revista especial do Agronegócio Gazeta do Povo em 2014.

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ABRIL DE 2014ESPECIAL EXPOLONDRINA

PECUÁRIA REVIGORADA

Preços reanimam a bovinocultura de corte. Com rebanho menor, Paraná aposta em confinamentos e ganha eficiência na produção. Consumo define duração do ciclo que reformula o setor

Soja promete nova expansão na safra 2014/15 Público gigante faz da ExpoLondrina mais que uma feira agro

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4 GAZETA DO POVO Abril de 2014AGRONegócio

[editorial

O Norte do Paraná não é mais o mesmo. Aliás, nunca foi o mesmo. Com vocação natural ao agronegócio, a história da região e da economia regional sempre foi marcada por ciclos de produção. Da madeira e do café, da pecuária

e dos grãos, da cana, das frutas e do algodão, cadeias produtivas que surgiram em períodos diferentes, mas que com o tempo passaram a conversar entre si. Na integração ou na diversificação, por necessida-de ou opção, o fato é que hoje a região produz, industrializada e exporta. Não mais ou apenas commodities, mas conteúdo, valor agregado e tecnologia.

Como cidade polo, Londrina acaba sendo o representante natural desse novo ambiente, dessa nova realidade, de oportunidades, desa-fios e inovação. Uma cidade que é a casa e a cara do agronegócio. Sede de alguns dos maiores e mais renomados institutos de pesquisa do Brasil e do mundo, Londrina tem muitos doutores. Mas doutores de verdade, profissionais com formação de doutorado e a serviço do bem comum, neste caso do agronegócio: Embrapa Soja, Iapar, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Fundação Meridional e tantos outros geradores e multiplicadores de conhecimento.

Mas na outra ponta, Londrina e o Norte do Paraná têm muitos produtores, homens do campo, pessoas comuns e com grande espírito empreendedor. Personagens, protagonistas ou coadjuvantes de uma história bastante curta, que ainda está no começo, embora com gran-des conquistas e muitas emoções. Agentes de um legado que também tem a ver com outro marco e referência do município, a ExpoLondrina, motivação primeira desta revista. Com um ambiente dedicado a discutir e entreter, reunir e promover, não apenas o município, mas a região, o estado e país, a exposição traz em seu DNA a diversificação, de um povo, de uma cultura e de uma produção. Boa Leitura!

Ciclo de diversificação

Giovani Ferreira, Agronegócio Gazeta do [email protected]

EXPEDIENTE

A revista Agronegócio é uma publicação da Editora Gazeta do Povo. Diretora de Redação: Maria Sandra Gonçalves. Edito r Execu tivo: Giovani Ferreira. Edição: José Rocher. Edito r Execu tivo

de Imagem: Marcos Tavares. Edito res de Arte: Alexandre L. De Mari, Carlos Bovo e Dino R. Pezzole. Projeto Gráfico: Dino R. Pezzole, Joana dos Anjos e Marcos Tavares. Diagra ma ção: Kako Frare.

Tratamento de Imagem: Edilson de Freitas. Foto Capa: Josué Teixeira. Re da ção: (41) 3321-5050. Fax: (41) 3321-5472. Co mer cial: (41) 3321-5904. Fax: (41) 3321-5300. E-mail: agro@gazeta-

dopovo.com.br Site: www.agrogp.com.br. Endereço: R. Pedro Ivo, 459. Curitiba-PR. CEP: 80.010-020. Não pode ser vendido separadamente. Impressão e acabamento: Gráfica Serzegraf

Duplicação em curso As obras na BR-376 avançam em Campo Largo e Ponta Grossa. Escoamento de grãos terá pista dupla em toda a Rodovia do Café em 2021

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Festa na expolonDrina Com programação reforçada e investimento de R$ 9 milhões na organização, a feira espera 500 mil visitantes

13 a 15

ano De prova para o milho Brasil confere em 2014 se conquistou ou não espaço para 20 milhões de toneladas por safra no exterior

20

tem exceção nos caFezais Em ano de quebra climática, lavouras irrigadas rendem bem e produção ganha status de café especial

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Janela para o trigo Paraná vai tentar aproveitar preços do início da colheita, antes da chegada das safras gaúcha e argentina

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[índice

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Bovinocultura recupera vigor A área da pecuária de corte caiu no Paraná, mas a produção está entrando numa fase lucrativa. Mercado estimula a produtividade8 a 12

Da laranJa ao caqui A produção de frutas

cresce como alternativa de renda em áreas

agrícolas. Bem cuidados, pomares de laranja,

caqui e até coco-da-baía mostram-se viáveis

soJa soBe Degrau O plantio deve crescer novamente na safra 2014/15 na América do Sul, mesmo com a expansão nos Estados Unidos

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16

[destaques

Josué Teixeira/ Gazeta do Povo

Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

Josué Teixeira/ Gazeta do Povo

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6 GAZETA DO POVO Abril de 2014AGRONegócio

Carlos Guimarães Filho

:: Na próxima década, o escoamento da produção de grãos que depende da BR-376 deve ser 24% mais rápido até o Porto de Paranaguá. Esperadas ansiosamente pelo agronegócio, as obras de duplicação de 231 quilôme-tros da Rodovia do Café, ligando Apucarana, no Norte do Paraná, até Ponta Grossa, começam a andar.

A rodovia é utilizada para o trans-porte de commodities, principalmente milho e soja produzidos no Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Atende ainda, em parcela menor, Goiás, São Paulo e o vizinho Paraguai, que escoam parte da colheita pelo Paraná.

A duplicação, considerando o calen-dário de obras da concessionária CCR Rodonorte, foi antecipado. O contrato de concessão previa o início da obra apenas em 2015. A mudança atende a uma demanda do setor produtivo, já que a lentidão no trecho encarece os custos do setor. A previsão de que o tem-po de viagem será reduzido em 24% é da própria CCR Rodonorte.

Obra de duplicação de 231 quilômetros da Rodovia do Café começa a andar. Conclusão está prevista

para 2021, quando viagens serão 24% mais rápidas, conforme avaliação da CCR Rodonorte

Década é de obras na BR-376

[ infraestrutura

“A duplicação é um pedido antigo da sociedade. Como [a rodovia] é o principal caminho de escoamento da safra brasileira, aumentará a agilida-de no transporte de grãos. O fluxo de caminhões também deve aumentar futuramente”, af irma Claudio Soares, diretor da concessionária. Conforme a empresa, 3,8 mil cami-nhões carregados com milho e soja passam todos os dias pela praça de pedágio em Ponta Grossa.

Apesar de não fazer parte do traça-do de 231 quilômetros, a primeira parte da obra começou no final de 2013, considera a concessionária. Trata-se da duplicação do contorno de Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba. Essa

duplicação de 7 quilômetros deve estar pronta em maio.

Paralelamente, a construção de uma segunda pista em 11 quilôme-tros (entre os km 465 e 476) a partir do Trevo do Caetano, em Ponta Grossa, sentido Apucarana, também está em andamento. A nova faixa, com 7,2 metros de largura, será sepa-rada da atual por um canteiro central de 9 metros. O projeto ainda inclui a construção de dois viadutos sobre a rede ferroviária, quatro retornos e correção horizontal e vertical de cur-vas. Pouco à frente deste ponto (km 461), será refeita a ponte sobre o Rio Tibagi. O prazo para conclusão desse pacote é de 15 meses.

Ainda não há calendário para as próximas obras na rodovia. Segundo Soares, uma comissão definirá o cro-nograma de trabalho conforme o volume de tráfego. “As prioridades são definidas com base no maior número de carros. Podemos fazer outra região e depois voltar. O próxi-mo trecho aprovado, por exemplo, sai de Apucarana em direção a Ponta Grossa.”

R$ 1 bilhãoserá investido na duplicação dos 231 quilômetros da BR-376 ao longo de sete anos. O recurso é próprio, ou seja, proveniente dos pedágios cobrados ao longo da rodovia.

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7GAZETA DO POVO AGRONegócio

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8 GAZETA DO POVO Abril de 2014AGRONegócio

sai do vermelhoPECUÁRIA

Cassiano ribeiro

:: Com cotações recordes, custos de produção estabilizados e previsão de muito churrasco pelo mundo, a bovinocultura brasileira entra numa fase de prosperidade, mostram os núme-ros do setor. Os preços da arroba de boi (14,688 kg) subiram 17% no Paraná e 20% em Mato Grosso nos últimos 12 meses e voltaram a cobrir os custos com folga. A meta é avançar em genética e aumentar a concentração de bois por hectare.

Conforme dados do Laboratório de Pesquisas em Bovinocultura da Universidade Federal do Paraná (Lapbov) e da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab), a rentabi-lidade por cabeça de gado vai de R$ 300 a R$ 400 no Paraná, depois de um período negativo. Um ano atrás, as despesas eram de R$ 102 por arro-ba, aponta o Lapbov, quando a cotação estava em R$ 95. Um animal de 500 quilos dava preju-ízo de R$ 240 nas fazendas com custo padrão. Com gastos e preços menores, os estados do Centro-Oeste seguem a mesma tendência.

O que mudou foram os preços. Os custos estão praticamente nos mesmos patamares de 2013, mas a arroba ultrapassou R$ 110, com picos acima de R$ 120 nas principais praças do país.

Preços alcançam picos de R$ 120 por arroba e voltam a

superar os custos. Num momento de expansão das

lavouras, mercado estimula engorda em confinamento.

Novo ciclo freia abate de matrizes e terá duração

definida pelo consumo

[boi lucrativo

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9GAZETA DO POVO AGRONegócio

A tendência, segundo os especialistas, é que esse ciclo de alta vá além do ano de Copa do Mundo e seja estimulado também pela onda de consumo até as Olimpíadas de 2016. A perspectiva leva em conta também o tempo que a atividade vai levar para recompor a ofer-ta de animais.

“O abate tem sido antecipado e isso encurta os ciclos de altas e baixas nos preços. Estamos entrando num ciclo de alta que pode durar três anos”, afirma o analista de mercado Antônio Guimarães, da Scot Consultoria. O exterior promete comprar mais do Brasil, acrescenta. “Os Estados Unidos estão com o menor rebanho dos últimos 60 anos e a Austrália também tem problemas de oferta.”

Resposta à pressãoA pecuária brasileira limitou o rebanho não só pelas cotações apertadas. As lavouras de grãos “roubaram” 6 milhões de hectares da bovino-cultura no Brasil, devido principalmente à valo-rização da soja e do milho (veja gráfico na próxi-ma página).

Parte dessa área foi arrendada para agricul-tores e parte transformada em plantação pelos próprios pecuaristas, aponta o zootecnista Paulo Rossi Júnior, professor da UFPR que coor-dena o Lapbov. “Hoje é que começamos a ver o

impacto disso no mercado. No Paraná, o espaço de pastagem perdido produzia bezerros. O reba-nho encolheu principalmente pelo abate de matrizes.”

RetomadaCom margem de lucro, a pecuária retoma investimentos. “Os preços devolvem renda e estimulam a engorda em confinamento. Esse ciclo [de preços remuneradores] deve durar de um a dois anos. Quem dita o futuro é o consumo”, aponta o analista de mercado Aedson Pereira, da Informa Economics FNP.

Em Mato Grosso, as pastagens ganham resistência frente aos grãos. “O aumento da arroba gera demanda para quem cria bezer-ro, porque uma hora o plantel precisará ser reposto. Além disso, a lotação por hectare no estado, que hoje está entre 1,20 e 1,26 animal por hectare, tende a subir. Apesar de o preço da soja ainda estar favorável, a recuperação do boi deve conter o avanço da oleaginosa sobre os pastos”, avalia o analista de bovino-cultura do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), Fabio Dias. Para o próximo ano, a estimativa é de cresci-mento do rebanho, atualmente em 28 milhões de cabeças no estado, maior produ-tor nacional, e em 202 milhões no país.

A valorização do boi em pé está relaciona-da aos verani-cos dos últimos meses. A estia-gem obrigou os pecuaristas a antecipar o abate dos ani-mais, que agora fazem falta.

A densidade de bovinos no campo conti-nua baixa no Brasil, em cerca de 1,34 animal por hectare em 2013. Cinco anos antes, o índice era de 1,26.

Gado nelore em área de integração lavoura-pecuária-floresta em Bandeirantes (MS). Concentração de animais por hectare deve aumentar.

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10 GAZETA DO POVO Abril de 2014AGRONegócio

Cassiano ribeiro

::As exportações brasileiras de car-ne bovina, que no primeiro bimes-tre deste ano ficaram 30% acima do volume registrado no mesmo perí-odo do ano passado, devem conti-nuar em alta nos próximos meses. A expectativa da indústria nacional é fechar 2014 com US$ 8 bilhões faturados no mercado externo, valor 40% maior que o registrado nos doze meses de 2013.

Para alcançar essa meta, os exportadores pretendem consoli-dar as vendas em mercados cativos e também abocanhar parte das regi-ões de domínio de outros importan-tes players, como os Estados Unidos, que estão com o menor rebanho dos últimos 60 anos (87,7 milhões de cabeças para corte).

“O Brasil não é um grande com-petidor em mercados dominados por Austrália e Estados Unidos. Eles ocupam um espaço de carne gour-met que nós ainda estamos procu-rando, por isso podemos chamá-los mais de parceiros do que concor-rentes”, define o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Jorge Camardelli. Ele pre-vê que os embarques nacionais vão alcançar US$ 8 bilhões e que há mais espaço a ser ocupado.

O analista de mercado Aedson Pereira, da Informa Economics FNP, aponta que as oportunidades estão em países da Ásia, da Europa e da própria América Latina. “Obser-vamos uma ocidentalização dos costumes asiáticos, que tem aumentado o consumo de carne bovina. Até a Índia, que tem o maior rebanho do mundo (mas não comercial) e não exportava come-çou a entrar no mercado.”

O maior nicho, porém, está no continente com países de grande população. Entre eles, Pereira des-taca a China, Japão, Coreia do Sul e Indonésia. “Hoje não conseguimos enviar nem sequer um quilo para esses países”, acrescenta Camar-delli.

Ano da Copa promete US$ 8 bilhões nas exportações

PASTO CONVERTIDOA valorização da soja no Paraná e no Brasil fezreduzir o espaço destinado à bovinoculturabrasileira, especialmente após a crise da aftosa,em 2005. A redução dos pastos foi de um milhãode hectares ao ano, em média, entre 2006 e 2013.

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), Scot Consultoria eSecretaria de Agriculutura e Abastecimento do Paraná (Seab). Infografia: GP.

Rebanhoem milhões de cabeças

206200 202

196

210 213 211207

Soja no ParanáPreço médio em R$ por saca de60 kg no mês de março no Paraná

2429

43 43

31

4348

53

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Área de pastagemem milhões de hectares

160 159 158 157 156 155 155 154

Churrasco gratuito abre mercadosPara ampliar as exportações, a

indústria brasileira tem ousado em suas estratégias e realizado churrascos gratuitos em grandes eventos de países onde o consumo é crescente. “Obser-vamos que havia muitos intermedia-dores para abertura de novos merca-dos. Com esses churrascos nós conse-guimos atingir diretamente o varejo de outros países, afirma o presidente da Abiec.

Na última feira da Alemanha, foi consumida uma tonelada de carne em quatro dias, relata Antônio Jorge Camardelli. "É muita carne. Isso sina-liza que tem apelo, tem consumo.”

Outras quatro rodadas de chur-rasco brasileiro no exterior estão programadas para este semestre (Espanha, Singapura, França e Rússia). “Este é um ano com cozi-nha positiva para nós”, diz ao ser questionado sobre a interferência da Copa do Mundo no consumo de carne. (CR)

1,34 boi por hectarede pastagem era o índice de concentração da pecuária em 2013, informa o IBGE.

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11GAZETA DO POVO AGRONegócio

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O pecuarista André Carioba, da Fazenda Cachoeira, alcança abate de 10 mil animais por ano.

Fazendas se especializam e engordam animais em

menos tempo. Número de cabeças em confinamento

cresce 18% e chega a 102 mil no Paraná

Menos boi e mais carne

[ pecuária intensiva

LONDRINAFábio Cavazotti, espeCial para a Gazeta do povo

::O número de cabeças de gado do Paraná vem caindo continuamente desde 2002. A redução chega a 17% (de 10 milhões para 8,3 milhões de animais). Porém, o volume de carne produzido se mantém praticamente inalterado em 520 mil toneladas anuais. Os números são do Sindicarne e Anualpec e mostram intensifica-ção da atividade, com redução no ciclo dos plantéis de corte.

De acordo com produtores e espe-cialistas ouvidos pelo Agronegócio Gazeta do Povo, a redução do reba-nho está ligada à transformação de pastagens em lavouras, estimulada pela valorização internacional dos grãos. Com área menor, a bovinocul-tura busca ganho de produtividade por meio de qualidade genética e tec-nologia no manejo. Os resultados apareceram no encurtamento do período de engorda. Com novo per-

fil, a pecuária obtém animais de maior peso em menos tempo.

“Estamos fazendo pecuária com mais tecnologia. Antes, o gado era abatido com 3 a 4 anos, hoje consegui-mos abater entre 24 e 30 meses”, afir-ma o pecuarista e presidente da Fundação Meridional, Luís Meneghel Neto. “O desenvolvimento do comple-xo genético e as melhorias na alimen-tação têm contribuído de forma muito grande.”

Segundo Meneghel Neto, que foi pioneiro em melhoramento genético de gado limousin, o ganho de produti-vidade é imprescindível para a susten-tabilidade da pecuária diante da maior rentabilidade dos grãos e da cana-de--açúcar no Paraná. “Em um hectare, a cana e os grãos dão faturamento de até R$ 4,5 mil ou mais por ano. Na pecuá-ria, com duas cabeças por hectare, você chega a R$ 3 mil por ano mais ou menos. Essa diferença contribuiu para a migração de atividade.”

Além da genética, houve incre-mento nas plantas de confinamento.

Enquanto num pasto de boa qualida-de o boi ganha, no máximo, 800 gra-mas por dia, num confinamento eficaz chega a engordar 1,5 quilo.

“Num estado como o Paraná, onde a competição com a produção agrícola é muito forte, o confinamento otimi-za a produção e aumenta a rentabili-dade por hectare”, afirma Bruno de Jesus Andrade, gerente executivo da Associação Brasileira de Confinadores (Assocon). “É esse o caminho da pecu-ária.”

Segundo dados da Assocon, entre 2011 e 2012 o número de animais em confinamento aumentou 18% nas pastagens paranaenses – de 86.320 para 102.076 cabeças. O número total de animais ainda é baixo em compara-ção com o de estados do Centro-Oeste, mas coloca o Paraná em quinto no ranking dos maiores confinadores do Brasil. “Se o produtor souber diversifi-car a atividade, o confinamento acaba servindo como uma ‘terceira safra’ para quem planta soja e milho”, afir-ma Andrade.

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12 GAZETA DO POVO Abril de 2014AGRONegócio

Fábio Cavazotti, espeCial para a Gazeta do povo

::Os investimentos em tecnologia e confinamento têm revolucionado a criação de gado na Fazenda Cachoeira, em São Sebastião da Amoreira (Norte Pioneiro). Com licenciamento ambien-tal e alta produtividade, a unidade é considerada modelo pela Associação Brasileira de Confinadores. Estão sen-do abatidos 200 animais por semana – o equivalente a 10 mil por ano.

Com capacidade estática para 2.160 bovinos, uma área de 3,3 hectares tem o piso inteiramente recoberto por con-creto e captação completa de dejetos. Com o novo modelo, o tempo de engor-da para abate caiu de 260 para apenas 80 dias – com ganho de 1,5 kg a cada 24 horas. A rentabilidade média da ati-vidade chegou a 4,5% ao mês, de acor-do com o proprietário da Fazenda Cachoeira, André Carioba.

Economia de terraO confinamento também permitiu

a redução do espaço utilizado para produção de alimentos para o gado. Entre área de confinamento e de culti-vo de matéria-prima para silagem, são usados 629 hectares. Se o mesmo reba-nho fosse criado no pasto, seriam necessários 7,3 mil hectares, estima o pecuarista.

“A sinergia com outras atividades é que é bonita: a ração é produzida com os cereais que cultivamos aqui e com folhas do tomate que plantamos. Só o sal é que vem de fora. Os dejetos da pecuária vão como adubo para a lavou-ra. E no futuro, queremos trabalhar com geração de energia”, conta Carioba.

Os custos da pecuária intensiva, por outro, crescem sempre que o preço do milho sobe no mercado internacional, o que não ocorre na criação a pasto. A saca de 60 quilos do cereal, hoje cotada em cerca de R$ 20, passou de R$ 30 no Paraná na safra passada. Mesmo diante desses altos e baixos, a intensificação é considerada mais lucrativa.

a produtividade dos confinamentos e das fazendas de pastagem ainda tem espaço para crescer no país. A conversão de ração em carne estaria sendo suspensa precocemente, por limitações da genética dos animais e do próprio manejo. “Nos Estados Unidos, o gado é abatido com média 600 quilos; no Brasil, a média não chega a 450 quilos”, compara. Em

sua fazenda, o abate ocorre com aproximadamente 540 kg.

Essa mudança requer investimen-to de peso. Carioba gastou aproxima-damente R$ 5 milhões para chegar ao modelo atual. Por outro lado, os resultados estimulam ampliação do negócio. Ele deve investir mais R$ 1,5 milhão para incrementar o abate em 3 mil cabeças por ano.

“Hoje, 35% do faturamento da fazenda vêm do gado [e o restante da produção de grãos]. Estamos muito satisfeitos. A pecuária, além de tudo, gera fluxo de caixa o ano inteiro, dife-rentemente da agricultura. Isso faz muita diferença”, afirma. (FC)

Confinamento acelera engorda e promete retorno com mais tranquilidade

Bois poderiam ser abatidos com 100 quilos a mais::Com 32 anos de experiência em pecuária, André Carioba aponta que

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8 em cada 10hectares de pastagens são liberados para a agricultura quando fazendas de criação extensiva de gado são convertidas em confinamentos. O modelo intensivo, no entanto, assume ritmo industrial e exige altos investimentos.

Criadouros intensivos usam sistema próprio de produção de silagem.

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13GAZETA DO POVO AGRONegócio

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Fernando & Sorocaba vão reviver início da carreira em Londrina.

Luan Santana, que mora no município, faz show perto de sua mansão.

Bruno & Marrone vão dividir noite com a dupla João Bosco & Vinícius.

LONDRINAFábio Cavazotti, espeCial para a Gazeta do povo

:: Por um lado, uma festa popular: 11 dias de programação; oito noites de shows; três dias de rodeios. Por outro, uma feira da agropecuária: 10 mil ani-mais de 30 diferentes raças em exposi-ção; 18 leilões de gado, 45 cursos, sete encontros estaduais e seminários. Com esse perfil duplo e investimento de R$ 9 milhões na organização, a ExpoLondrina 2014 – que ocorre de 3 a 13 de abril no Parque Ney Braga, em Londrina – promete novamente fatu-ramento de R$ 400 milhões e público de 500 mil visitações, alcançados no ano passado.

Diante desses números, a Sociedade Rural do Paraná (SRP) atribui à 54ª edi-ção da ExpoLondrina o título de “A melhor do Brasil”. “É a mais completa. Nenhuma outra exposição no país con-segue apresentar o que há de melhor em tantas áreas diferentes quanto a Exposição de Londrina. É um megae-

vento”, define o presidente da SRP, Moacir Sgarioni.

Além das atrações para o público e eventos técnicos, a Exposição traz para o Parque Ney Braga a maior parte das concessionárias de veículos do país, fabricantes de tratores e implementos agrícolas, agências bancárias e coope-rativas de crédito. Segundo o presiden-te da Rural, junto com essas empresas vêm opções diferenciadas de comercia-lização e de financiamentos. “Por tudo isso, no ano passado, tivemos 500 mil visitantes. Acreditamos que, se conti-nuarmos assim, já será motivo para grande comemoração.”

ShowsA grade de shows da Exposição para

este ano contempla oito noites de apre-sentações: Lucas Lucco e Pedro Paulo & Alex (3/4), Bruno & Marrone e João Bosco & Vinícius (4/4), César Menotti & Fabiano e Marcos & Belutti (5/4), Milionário & José Rico e Jads & Jadson (6/4), Thalles e Angela & Tizziani (7/4), Fernando & Sorocaba (8/4), SPC (9/4) e

Luan Santana (10/4). Nos dias 11, 12 e 13 será a vez dos rodeios Bull Riders.

Na área técnica, a novidade de 2014 é a apresentação de um grande aquário demonstrativo da criação de alevinos. Trata-se de um tanque com 13 mil litros de água e espécies como tilápia, pirarucu e pintado. “Teremos também um escritório de negócios para mostrar aos visitantes a viabilidade econômica do negócio”, contou o presidente da Rural. A responsabilidade técnica da piscicultura ficará a cargo do presiden-te da Associação Brasileira de Criadores de Tilápia, Ricardo Neu-kirchner – que também é diretor de Piscicultura da SRP.

Os espaços agropecuários da Via Rural e a Fazendinha, tradicionais na Exposição de Londrina, estão com ocu-pação completa. Participam órgãos técnicos como Emater, Iapar, Embrapa e Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SEAB).

Feira para o agronegócio.Festa para o grande público

[ expolondrina

SERVIÇO

Veja a programação completa em

www.expolondrina2014.com.br.

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14 GAZETA DO POVO Abril de 2014AGRONegócio

NOTAS

PASSAPORTE ANTECIPADO

A venda de ingressos para a ExpoLondrina começou na primeira semana de março, logo após o Carnaval. A Sociedade Rural do Paraná (SRP) instalou pontos de venda em shoppings e, desde então, oferece entrada no Parque Ney

Braga para dias de semana por R$ 10 e para sábado e domingo por R$ 12. O ingresso para noite de rodeio custa R$ 18 (sexta-feira, dia 11) e R$ 20 (sábado e domingo, dias 12 e 13). Os bilhetes para as noites de shows musicais saem por R$ 25 e dão direito a acesso ao parque. O link para compras on-line está no site www.expolondrina2014.com.br.

ENTRADA GRATUITAA formação do público da ExpoLondrina é estimulada com visitas de crianças e idosos, que são gratuitas e passam de 10% do público total. No ano passado, chegaram a 66,6 mil (13,2%), conforme a Sociedade Rural. As escolas e instituições sociais precisam de permissão dos organizadores: (43) 3378 2000.

ESTABILIDADEA ExpoLondrina teve expansão em 2013 e deve, pelo menos, manter o

público e o faturamento em 2014. Em abril do ano passado, chegou a 502,2 mil visitações, crescendo 6,5% ante a marca de 471,6 mil do ano anterior. A movimentação financeira passou de R$ 355,3 milhões para R$ 402,5 milhões, um avanço de 13%. Os negócios foram fomentados pelas concessionárias de automóveis, que agora tentam repetir a venda de 30 veículos por dia.

MODA COUNTRYMaior feira agropecuária do Paraná, considerando o número de visitantes, a ExpoLondrina movimenta também o comércio da cidade. Nos meses que antecedem o evento, as lojas de roupas, botas e chapéus expõem a moda country em suas vitrines. Os artigos ganham pontos de venda também no Parque Ney Braga e viram uniforme entre os participantes da feira.

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Page 15: Especial ExpoLondrina 2014

15GAZETA DO POVO AGRONegócio

Meio milhão de pessoasNum momento em que as principais feiras do país assumem a missão de expor o agronegócio para o grande público, a ExpoLondrina se diferencia por conseguir atrair 500 mil pessoas ao Parque Ney Braga, índice só comparado ao da Expointer, realizada em Esteio (RS). Para o presidente da Sociedade Rural do Paraná, Moacir Sgarioni, a popularidade é uma marca cultural da exposição. A população toma conta do parque Ney Braga e faz o evento.

❚❚ LONDRINA

❚❚ Fábio Cavazotti,❚❚ especial para a Gazeta do Povo

Como a SRP mantém esse público?Nem todas as exposições tem essa cultura de passar informações e atrair o grande público. Temos mais de 20 mil crianças de escolas municipais e

ENTREVISTA Roberto Custódio/Jornal de Londrina

estaduais que visitam a feira gratuitamente. E temos a Fazendinha, os eventos técnicos. É, verdadeiramente, uma grande exposição do que é o agronegócio.

Há dois anos, a tentativa de trans-formar a ExpoLondrina em feira oficial do Paraná teve resistência de outros municípios. É assunto superado?Sou sócio e diretor da Sociedade Rural de Maringá. A relação é excelente com todas as cidades. Para ter uma feira do Paraná, ela deveria ser itinerante. Seria mais simpático com todo mundo. Mas aí esbarramos em falta de estrutura e de recursos. É uma boa ideia que acabou não sendo implementada.

Como anda o campo refletido na feira?O mundo terá 9 bilhões de habitantes em 2020 e a produção mundial de alimentos terá que crescer perto de 70% para alimentar essas pessoas. O Brasil continuará sendo o grande celeiro do mundo, mas temos que investir em infraestrutura. O Brasil não investe nem um décimo do que a China investe. Temos que repensar essa conta.

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luana Gomes

:: Mesmo depois de dois anos de forte ampliação na América do Sul e dian-te da perspectiva de uma safra maior nos Estados Unidos no próximo ciclo, a soja continua estimulando planos de expansão no Brasil. Com preços sustentados e elevados, a oleaginosa vai continuar sendo a opção mais rentável na safra de verão 2014/15, apontam especialistas. Os analistas preveem um incremento de 2% a 3% no plantio na próxima temporada, a partir de setembro.

Étore Baroni, analista de mercado da FCStone, ressalta que a expansão não deve ocorrer na magnitude com que vinha ocorrendo nos últimos dois ou três anos. “Para que esse rit-mo fosse mantido, precisaríamos de preços tão competitivos quanto os da virada da safra de 2012 para a 2013/14”, justifica. “[O plantio] vai avançar mais dentro da média histó-

rica, quebrando aquele ritmo de 7% a 10% ao ano das últimas duas ou três safras”, reforça Aedson Pereira, ana-lista de mercado da Informa Economics FNP.

Nas últimas duas temporadas, os produtores brasileiros adicionaram 4,5 milhões de hectares à oleaginosa – um salto de 18%, superior ao cresci-mento registrado na América do Sul (15%). Juntos, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai cultivam hoje qua-se 54 milhões de hectares – 7 milhões (ha) incorporados nos últimos dois anos.

A América do Sul despontou como uma grande opção de fornecimento de soja para o mercado global. No último ciclo, contudo, o incremento da oferta sul-americana já não ocorreu nos níveis que o mercado esperava. As pro-jeções de colheita, que rondavam as 160 milhões de toneladas no início da temporada 2012/13, foram reajustadas para a casa das 150 milhões (t). “Com

Mesmo após confirmação de crescimento no plantio dos Estados

Unidos, a América do Sul deve ampliar a área da oleaginosa na

temporada 2014/15, preveem os especialistas

Soja avança nos dois hemisférios[ aperto nos estoques

2% a 3% de incremento no plantio de soja em 2014/15 deve ser registrado no Brasil. Em 2013/14, foram semeados 29,49 milhões de hectares, apurou a Expedição Safra Gazeta do Povo. Considerando essa área, o aumento de 3% representa uma expansão de 885 mil hectares, menos da metade da área extra do último ano, quando a oleaginosa ganhou 1,94 milhão de hectares no país.

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Em ano com preços altos, o produtor João Manoel Martins ampliou área em 8% e teve produtividade 10% maior em Abelardo Luz (SC).

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isso, a queda que era desenhada para as cotações em 2014 acabou não ocor-rendo. Então, a soja ainda tem uma gordura para queimar antes de come-çar a pressionar a condição de rentabi-lidade do produtor brasileiro e perder terreno para o milho no verão”, avalia Pereira.

“Faz quatro a cinco anos que o mun-do não consegue produzir uma safra normal nas duas Américas”, destaca Baroni. Ele ressalta que isso tem difi-cultado o processo de recomposição dos estoques mundiais (veja gráfico), o que deve manter as cotações sustenta-das em níveis atraentes.

“Se a safra norte-americana for bem, os preços vão recuar um pouco mais, mas a soja não deixará de ser ren-tável”, considera o analista da FCStone. “Mas para não perder muito o compas-so ou o ritmo de remuneração, a caute-la é o termo ideal para 2014/15”, adver-te Pereira.

Até o último grãoA demanda internacional aquecida

tem feito os dois principais produtores de soja do mundo zerarem seus esto-ques ao final da temporada. Nos últi-mos anos, norte-americanos e brasilei-ros vêm liquidando praticamente até o último grão.

Há pelo menos três safras, os Estados Unidos encerram a temporada com reservas inferiores a 5 milhões de toneladas – nível mínimo considera-do confortável pelo mercado. No Brasil, os estoques finais da oleaginosa caíram abaixo de 1 milhão de tonela-das em 2011/12 e em 2012/13.

VENTOS DO NORTE

Os resultados da safra dos Estados Unidos vão influenciar as decisões do Hemisfério Sul.

ÁREADepois de dois anos em queda, a área destinada à soja deve voltar a crescer nos Estados Unidos na temporada 2014/15. As projeções são de incremento de 1,2 milhão de hectares, mas consultorias privadas sinalizam salto de mais de 2 milhões de hectares.PRODUÇÃOCom as apostas de plantio definidas, os Estados Unidos prometem colher a maior safra de todos os tempos no próximo ciclo. Se tiver uma resposta favorável do clima, têm

potencial para mais de 95 milhões de toneladas de soja.ESTOQUESAs reservas mundiais vêm sendo lentamente recompostas, mas os estoques norte-americanos estão baixos. Enquanto o mundo tem excedente para 96 dias de consumo, os EUA mantêm estoques para apenas 16 dias.

“Para que esse ritmo [de expansão dos últimos anos] fosse mantido, precisaríamos de preços tão competitivos quanto os da virada da safra de 2012 para a 2013/14.”

Étore Baroni, analista de mercado da FCStone.

“[O plantio] vai avançar mais dentro da média histórica, quebrando aquele ritmo de 7% a 10% ao ano das últimas duas ou três safras.”

Aedson Pereira, analista de mercado da Informa Economics FNP.

PARTICIPAÇÃO CRUZADAAo longo dos últimos 20 anos, a participação daAmérica do Sul na produção mundial de soja seinverteu com a dos Estados Unidos. Enquanto obloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai eUruguai passou de 30% de toda a oleaginosacolhida no mundo na safra 1994/95 para 54% naatual, os norte-americanos despencaram de 50%para 31%, no mesmo período.

Fonte: Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda).Infografia: Gazeta do Povo.

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Christian Rizzi/ Gazeta do Povo

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José roCher

:: O aumento da produção de grãos na América do Sul tende a ocorrer mais pela superação das marcas de produtividade em áreas consolida-das do que pela expansão das lavou-ras, registra a Expedição Safra Gazeta do Povo, que nesta tempora-da acrescentou o Uruguai à série de roteiros cumpridos anualmente no Brasil, Argentina e Paraguai. O ren-dimento aumenta até 10% em áreas que inovam no sistema de manejo ou que adotam novas tecnologias.

As várzeas situadas na fronteira do Brasil com o Uruguai são um exemplo emblemático. Produtores

de arroz gaúchos e uruguaios colhem 2,7 mil quilos de soja por hectare em terras que eram conside-radas inaptas para o cultivo da olea-ginosa. E, nas coxilhas que cercam essas zonas inundadas, as marcas passam de 3 mil kg/ha. Isso em fazen-das que não alcançavam 2 mil kg/ha cinco anos atrás. E essas novas mar-cas acabam abrindo espaço para a soja, numa relação de sinergia, rela-ta o brasileiro Aquiles Stefanello, agricultor no Uruguai.

As expectativas são de produtivi-dade cada vez maior também entre os produtores que adotam sementes resistentes a insetos e tolerantes a glifosato. Mesmo em regiões do

Brasil consideradas altamente pro-dutivas. Os multiplicadores de sementes aderiram ao cultivo de variedades que carregam essas tec-nologias e dizem que haverá insumo para mais que dobrar os 2 milhões de hectares de lavouras comerciais des-ta temporada. A nova soja começa a ser anunciada na Argentina e no Paraguai.

As marcas acima de 3 mil quilos por hectare só devem ser derrubadas por problemas climáticos. As últi-mas previsões, no entanto, indicam que há 50% de chance de 2014/15 contar com El Niño, fenômeno que favorece o rendimento das lavouras no Hemisfério Sul.

Produtores desenvolvem manejo que torna a soja viável em áreas agrícolas de várzea. Novas sementes

prometem rendimento maior também em zonas que tradicionalmente colhem mais do que a média

Produtividade a favor da expansão[ américa do sul

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O brasileiro Aquiles Stefanello mostra área com potencial para 3 mil quilos de soja por hectare no Uruguai.

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luana Gomes

:: Na safra 2012/13, a colheita de uma safra recorde em um ano de baixa produção na América do Norte per-mitiu ao Brasil “tomar” dos EUA a posição de maior exportador de milho do mundo. Foi a primeira vez em quatro décadas que os norte-ame-ricanos cederam o posto. Mas preten-dem retomá-lo já neste ano. Do lado brasileiro, as expectativas são de que as exportações cheguem ao menos perto de 20 milhões de toneladas, consolidando o novo patamar de par-ticipação no mercado internacional do cereal.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê que o Brasil vai embarcar de 19,5 milhões de toneladas em 2014 . O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) confirma essa tendência e aposta em 20 milhões (t). Em seu relatório anual de perspecti-vas de longo prazo, o Baseline Trade Projections, o governo norte-ameri-cano estima que as exportações de milho do Brasil devem oscilar entre 17 milhões e 22 milhões de toneladas nos próximos dez anos. A menor marca, de 17,1 milhões (t), é prevista para a safra 2014/15 e a maior, de 22,7 milhões (t), para 2022/23.

Com 38,2 milhões de toneladas vendidas até agora (18,9 milhões já embarcadas), os EUA querem fechar

a temporada 2013/14, em agosto, com 41,2 milhões de toneladas exportadas – mais que o dobro do previsto para o Brasil.

Os brasileiros não eram exporta-dores de milho, lembra Étore Baroni, analista de mercado da FCStone. Mas, com a consolidação da safra de inverno, que hoje é maior que a safra de verão, o país tem gerado um exce-dente cada vez maior produção. Na última década, calcula o analista, a produção praticamente dobrou, enquanto o consumo interno cres-ceu em média um milhão de tonela-das por ano. “Justamente de dez anos para cá, tem uma demanda aquecida lá fora”, destaca.

“O Brasil conquistou, sim, espaço no cenário internacional”, afirma Aedson Pereira, analista de mercado da Informa Economics FNP. Ele pon-tua, contudo, que o custo logístico elevado pode dificultar a consolida-ção do país como um grande exporta-dor do cereal. “Precisamos de uma taxa de câmbio elevada, de um preço internacional em valorização, de quebras climáticas em grandes exportadores, como Estados Unidos, Argentina, Ucrânia, África do Sul, ou problemas na produção de trigo...”, enumera.

Instrumento de subsídio ao frete criado para viabilizar o escoamento da produção em áreas com logística mais difícil como o Centro-Oeste, o

Brasil tenta embarcar perto de 20 milhões de toneladas num ano em que os

EUA recuperam o posto de maior fornecedor, com volume duas vezes maior

Exportações de milho em busca de sustentação

[ disputa por mercado

26,6 milhõesde toneladas de milho foram exportadas pelo Brasil em 2013, quando a barreira dos 20 milhões foi rompida pela primeira vez. O país superou 10 milhões de toneladas em 2007.

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Recuo no cultivo em Mato Grosso e no

Paraná soma 460 mil hectares.

Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor) apoiou, no ano passado, a exportação de 8,85 milhões de tone-ladas do cereal.

“O Brasil soube aproveitar as opor-tunidades, mas não se tornou, neces-sariamente, uma opção certa de for-necimento”, crava Pereira. Essa con-solidação definitiva deve ocorrer nos próximos anos, à medida que o mer-cado começar a perceber o país como uma fonte garantida de milho, consi-dera Baroni, da FCStone.

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21GAZETA DO POVO AGRONegócio

OFERTA DOSADA

Safrinha recua para patamar “sustentável”

Carlos Guimarães Filho

Depois de cinco anos em expansão, o milho de inverno perde área no Brasil. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima o recuo em cerca de 5% (400 mil hectares), para um total de 8,6 milhões hectares. E o setor produtivo prevê que essa inversão ajudará a sustentar os preços durante 2014.

O milho safrinha registrava avanço acima de 1 milhão de

hectares por temporada desde a safra 2009/10. A sequência foi freada após recorde de área plantada e colheita, sustentado pelos dois principais estados produtores. Mato Grosso, líder na safrinha, está com 3,1 milhões e o Paraná com 1,9 milhão de hectares. Juntos, reduziram a área plantada em 460 mil hectares. A expansão em outras regiões rebate parte dessa diferença.

A estimativa da Conab é que o inverno renda 43,7 milhões de toneladas, 3 milhões a menos do que em 2013. Essa diferença vem praticamente toda de Mato Grosso. A safra do estado atravessa dificuldades com produtores rebaixando a tecnologia utilizada nas lavouras, plantio fora da janela ideal e muita chuva que obrigou o replantio em algumas regiões.

Geovano Ceratti, consultor em gerenciamento de risco da FCStone, afirma que a redução contribui para o aquecimento do mercado interno. A contenção de grandes volumes de milho dentro do país colabora para cobrança de preços menos pesados para a engorda de frangos, suínos e gado confinado. “O Brasil produziu [nas últimas temporadas] muito mais milho do que pode consumir”, aponta o analista.

Pedro Dejneka, presidente da PHDerivativos Consultoria, de Chicago (Estados Unidos), acrescenta que o mercado tem de procurar equilíbrio na curva de oferta versus demanda. “Com a demanda constante, eventualmente os preços voltarão a patamares vantajosos”, afirma.

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22 GAZETA DO POVO Abril de 2014AGRONegócio

Carlos Guimarães Filho

:: Após temporadas consecutivas de falta de liquidez e preços apertados, a safra de trigo promete bons resulta-dos no Paraná neste ano. Com as cota-ções sustentadas em R$ 40 por saca desde o ano passado (43% acima da média de 2012) e a expansão de 20% na área de cultivo (para 1,2 milhão de hectares), os triticultores paranaen-ses esperam que os preços se mante-nham até o início da colheita, em agosto. O estado tem mais chances de aproveitar a cotação acima dos cus-tos, por colher primeiro que Rio Grande do Sul, Argentina e Paraguai.

“A safra do Paraná será colhida no momento em que os moinhos e indústrias estarão com necessidade de compra. O preço vai estar bom na hora da liquidez”, aponta Elcio Bento, analista da consultoria Safras & Mercado.

O Paraguai começa a colher cerca de um mês depois do Paraná, em setembro. Rio Grande do Sul e Argentina só disponibilizarão suas

produções em novembro. Os triticul-tores argentinos têm a renda limita-da também pelas restrições de Buenos Aires às exportações.

“O Paraná se beneficia de ter colheita precoce, principalmente no Norte do estado. Os produtores podem se antecipar e travar os pre-ços”, diz Gabriel Ferreira, analista de mercado da AF News.

A área nacional destinada ao cere-al no próximo inverno deve ficar entre 2,5 e 2,7 milhões de hectares, mostram números oficiais do Rio Grande do Sul e do Paraná, onde mui-tos produtores migrassem da safri-nha para o trigo. Confirmadas essa projeção, o país terá a maior área coberta dos últimos 10 anos – em 2003/04 o país plantou 2,7 milhões de hectares, conforme a Conab.

A produção depende essencial-mente do clima, já que o cereal é sen-sível a chuvas excessivas e às geadas tardias. Porém, com base na estima-tiva de área, a consultoria Safras & Mercado projeta que o Brasil irá pro-duzir 7,3 milhões de toneladas de

Primeiro a disponibilizar o cereal ao mercado, Paraná espera encontrar

facilidade na comercialização da safra e boas cotações

Trigo testa limites do mercado

[ lavoura ampliada

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Mesmo com previsão de aumento na produção, o Brasil continuará dependendo de fornecimento estrangeiro.

trigo, a maior colheita da história.Caso ocorra, as importações

devem ser menores que a produção interna após quatro anos . Historicamente, o país precisa, apro-ximadamente, de 12 milhões de toneladas para suprir o consumo. Assim, seria obrigado a comprar ape-nas 5 milhões.

5,9 milhões de toneladas foram produzidas no Brasil na safra 2010/11, contra 5,7 milhões importadas. Essa foi a última vez que a produção superou as importações, o que tende a se repetir na atual temporada.

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23GAZETA DO POVO AGRONegócio

#expoeuvou

APRESENTA

O MELHOR DO AGRONEGÓCIO, DA TECNOLOGIAE DO ENTRETENIMENTO ESTARÃO PRESENTES

AQUI NA EXPOLONDRINA 2014.

PATROCÍNIO REALIZAÇÃO

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24 GAZETA DO POVO Abril de 2014AGRONegócio

[cafeicultura

LUPIONÓPOLISFábio Cavazotti, espeCial para a Gazeta do povo

::Num ano de crise para a cafeicultu-ra, a adoção de técnicas modernas de manejo e irrigação oferece lucro a cafeicultores do Norte e Norte Pioneiro do Paraná. A irrigação por gotejamento, por exemplo, garantiu umidade aos cafezais durante a forte estiagem do início do ano. As planta-ções apresentam grãos vistosos como os de cafés especiais – geralmente encontrados em terras de maior alti-tude.

A recuperação dos preços amplia o valor da colheita, que ocorre entre abril e maio. A saca, cotada a R$ 300 em 2013, chegou a R$ 450 no início deste ano, depois de confirmada a quebra climática (leia sobre a quebra na próxima página).

Um dos produtores que está dri-blando o clima e se beneficiando das novas cotações, Jorge Atherino plan-ta 120 hectares de café às margens do Rio Paranapanema, em Lupionópolis (Norte). Como sua propriedade não foi atingida pelas geadas do inverno de 2013, a expectativa é de 80 a 100 sacas por hectare.

“A irrigação literalmente salvou a lavoura. Praticamente não tivemos perda e a qualidade está muito boa”, conta. “É um bom momento para nós, só não é melhor porque não gos-tamos de ver a desgraça dos outros.”

Atherino utiliza na propriedade a irrigação por gotejamento, uma téc-nica trazida de Israel que deposita a água, gota a gota, diretamente no pé da planta. A eficiência do sistema reduz a demanda de água a 1% do

volume usado em sistemas como o de pivô central. Além disso, o sistema melhora a eficiência na aplicação de defensivos e de adubo líquido. “A dosagem de micro e macro nutrien-tes é muito mais eficiente”, garante o cafeicultor.

O agrônomo e consultor em cafei-cultura irrigada Denilson Luis Pelloso diz que a irrigação por goteja-mento combinada com aplicação precisa de insumos confere ao produ-to final um status próximo ao dos cafés especiais. “O café especial geral-mente está ligado à altitude e a um bom manejo de colheita. Porém, a irrigação bem aplicada tem gerado grãos vistosos, mais bonitos, que têm ótima aceitação em cafeterias. E o mercado tem pago a mais por isso”, explica Pelloso, que presta consulto-ria a 15 cafeicultores de alta tecnolo-gia no Norte e Norte Pioneiro do Paraná.

Margem extraO cafeicultor Reeè Van der Goot,

de Carlópolis (Norte Pioneiro), conta que a valorização do café de qualida-de pode chegar a 20% na comerciali-zação. Em sua propriedade, toda a produção tem rastreabilidade e é segregada por qualidade, tipo de bebida e local de plantio.

“Num ano como este, em que o setor teve uma perda enorme, o investimento na irrigação pratica-mente se pagou”, conta Van der Goot. Animado, dentro de 30 dias ele pre-tende lançar sua própria marca de café. Fruto de um planejamento de vários anos, a criação da marca pro-mete agregar valor à produção e dobrar a lucratividade.

Cafezais irrigados por gotejamento no Norte e no Noroeste

driblam seca e geada e ganham status de grãos especiais

Vantagem em ano de crise

Colheita terá qualidade só alcançada em regiões altas. Jo

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25GAZETA DO POVO AGRONegócio

::A safra de café do Paraná, que oscila historicamente de 1,2 milhão a 2 milhões de sacas, deve ter quebra de 60% a 80% em 2014. A colheita tende a se limitar a 400 mil sacas. Além disso, os proble-mas climáticos devem ter ref lexos também em 2015.

O Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Deral/Seab) estimava as perdas em 60% até dezembro e indicava erradicação de 29% dos cafezais do estado. Eram considerados apenas os pre-juízos das geadas do ano passado. Com a estiagem de janeiro, os pró-ximos relatórios tendem ampliar em até 20 pontos. A quebra do café se concentra nas áreas sem irriga-ção, que predominam no estado.

“É uma situação horrível, de bai-xa produtividade e de baixa quali-dade do café que será colhido”, resume o presidente da Associação

de Produtores de Cafés Especiais do Norte Pioneiro, Luis Roberto Saldanha Rodrigues.

De acordo com ele, nem mesmo a valorização de preço nos últimos meses vai salvar o setor. “A maior parte dos produtores estava desca-pitalizada e não investiu em adu-bação. Do jeito que está, [o cafeicul-tor] não vai conseguir nem pagar as contas”, diz.

Safra 2015Além da quebra já consolidada

em 2014, a estiagem de janeiro inibiu o crescimento dos ramos que darão origem aos grãos de 2015. Com isso, o setor também antevê perdas de pro-dutividade na próxima safra. Ainda não há estimativas sobre esse impac-to.

“Os ramos da próxima safra deve-riam ter crescido agora, mas, com a estiagem, as plantas jogaram energia para o enchimento dos grãos e os ramos cresceram menos que o nor-mal. Seria mera especulação falar em percentual, mas é certo que o poten-cial para 2015 caiu bastante”, conta o responsável técnico por cafeicultu-ra do Deral, Paulo Franzini.

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Gotejamento economiza água e permite aplicação de fertilizantes líquidos.

Geada seguida por seca faz do lucro um privilégio de áreas irrigadas.

RETRAÇÃO

Os cafezais têm 23 mil hectares a menos do que no ano passado no Paraná, um recuo de 29%.

Safra 2013 Safra 2014Área em produção (ha) 65.150 34.750Área em formação (ha) 16.810 23.320Área total (ha) 81.960 58.070

Fonte: Deral/Seab

Safra cai a menos da metade e terá redução também em 2015

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26 GAZETA DO POVO Abril de 2014AGRONegócio

LONDRINAFábio Cavazotti espeCial para a Gazeta do povo

:: Pequenos e médios agricultores do Norte do Paraná estão encontrando na fruticultura uma nova e significa-tiva fonte de renda. Sem deixar de lado a soja e o milho, integram cadeias de produção cada vez mais organizadas. Com manejo que dis-pensa plantio anual ou grande inves-timento em maquinário, frutas pere-nes se encaixam na agricultura e passam a alimentar agroindústrias.

Uma das principais iniciativas, o Projeto Sucos, da Cooperativa Integrada, expande a produção de laranja no Norte Pioneiro. Iniciado há sete anos, já cobre uma área de 12 mil hectares, que renderam 740 mil caixas em 2013 e prometem 1,5 milhão em 2014. Segundo o agrôno-mo Reginaldo Sabio, coordenador de Citricultura da Integrada e responsá-vel técnico do projeto, toda a produ-ção de suco concentrado tem sido exportada para Europa e Ásia.

“É um projeto sustentável que veio para ajudar o produtor a diver-sificar as atividades. Eles entram com a matéria-prima e a cooperativa com a construção da fábrica de esmagamento da laranja”, conta Sabio. A fábrica, localizada em Assaí, custou R$ 15 milhões à coope-rativa e o projeto já integra 120 agri-cultores. Em muitos casos, a

Integrada financiou a formação de pomares.

Segundo Reginaldo Sabio, o Projeto Sucos foi desenhado, calcu-ladamente, num momento de recuo nos polos de produção (em São Paulo e nos Estados Unidos). “A Flórida (EUA) sofreu muito com doenças, mas todos os relatórios que temos indicam que o consumo continua estável no mundo.”

Um dos produtores que fazem parte do projeto é Marcos Chinaglia, de Cambé, que cultiva a laranja em 15% da propriedade de 35 hectares. Segundo ele, o preço de comerciali-zação ainda não chegou ao espera-do, mas a produtividade tem sido o dobro do que se previa. “Eu esperava colher 2 mil e poucas caixas, e deu 4 mil. Se o preço melhorar, vai ficar muito bom”, conta. No restante da propriedade, Chinaglia planta soja e milho e mantém um aviário de fran-go.

Além da Integrada, a antiga Corol, hoje incorporada pela Cocamar, também mantém agroin-dústria de suco de laranja, alimenta-da por produtores do Norte e do Noroeste. Nessas duas regiões, há cerca de 20 mil hectares plantados.

Com os novos projetos, os laran-jais do Paraná passam de 30 mil hec-tares, após crescimento de 50% em cinco anos, apontam números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Fábrica de sucos absorve produção de laranja de 12 mil hectares

no Norte Pioneiro. Cultivo cresceu 50% no estado em cinco anos

[ fruticultura

Quando o pomar vira negócio

R$ 270 milhõessão arrecadados pelos produtores de laranja anualmente no Paraná. Cinco anos atrás, o valor da produção estava na casa de R$ 120 milhões.

Indústria de sucos da cooperativa Integrada exigiu

investimento de R$ 15 milhões.

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:: O caqui deu certo numa proprieda-de, chamou a atenção de vizinhos e está se espalhando por fazendas e sítios do Norte do Paraná. Essa adesão vai contra a tendência registrada no estado, que reduziu a área da fruta em um terço nos últimos cinco anos, para 1 mil hectares.

De forma espontânea e baseada no empreendedorismo de famílias de japoneses, Mauá da Serra forma um novo polo de produção de caqui. Conforme o último levantamento da Emater, duas dezenas de proprieda-des dedicam 52 hectares à fruta, com produtividade média de 20 mil qui-los por hectare, 5 mil a mais do que a média estadual.

“É uma cultura que tem crescido apesar da competição com os grãos. O retorno demora uns 10 anos para aparecer e o investimento inicial é alto”, conta o agrônomo Hernandes Takeshi Kanai, da Emater de Mauá da Serra. Na região de Curitiba, que con-centra 450 hectares de caqui, a ten-dência é inversa. Cinco anos atrás, os pomares tinham o dobro do tama-nho. O principal problema é a produ-tividade, 40% menor que de Mauá da Serra.

Os resultados animam os produ-tores do novo polo de fruticultura. O agrônomo Carlos Kamiguchi, um dos pioneiros do caqui, diz que a rentabi-lidade alcança 35% do capital inves-

Caqui ganha espaço com produtividade elevada

tido. Num sábado à tarde de início de colheita, a Gazeta do Povo o encon-trou no barracão da fazenda, com outros dez trabalhadores da família e contratados, fazendo a seleção e o encaixotamento das frutas em ritmo industrial.

“A exploração da fruticultura é para complementação de renda. Estamos muito satisfeitos com o caqui”, disse Kamiguchi. Numa pro-priedade de 350 hectares, o caqui ocupa área de 17 hectares – sendo 12 em produção e cinco em forma-

ção. São 6 mil pés, sendo 2 mil aden-sados, que devem produzir 200 tone-ladas neste ano. Na última safra, foram 150 toneladas (25% a menos).

:: Em Colorado, considerada capital do rodeio do Paraná, uma empreen-dedora de muita personalidade vem ajudando a transformar a paisagem rural com a fruticultura. É dona Isaura Rocha de Oliveira, que há 14 anos iniciou uma plantação de coco-da-baía e hoje abastece o mer-cado de Londrina, Maringá e de outras cidades da região.

A plantação rende 500 mil cocos por ano – com faturamento aproxi-mado de R$ 800 mil. Na atividade,

Coco-da-baía no meio da lavoura

são empregadas nove pessoas, todas com registro em carteira. “Até agora não vi nada que desse o mesmo ren-dimento do coco. Você tem a venda garantida, sem atravessador e sem depender do governo”, conta.

A plantação de coco se estende por 24 hectares – e já inspirou outros produtores da região. Segundo o Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Deral/Seab), outras cidades do Norte/Noroeste também estão formando coqueirais.

O valor da produção de coco do Paraná passou de R$ 1,3 milhão para R$ 3 milhões nos últimos cinco anos. (FC)

Arquivo/Fábio Dias/Gazeta Maringá

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Safra rende R$ 3 milhões ao ano no PR.

No pomar que ocupa 5% da propriedade, Kamiguchi comemora colheita crescente.

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29GAZETA DO POVO AGRONegócio

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30 GAZETA DO POVO Abril de 2014AGRONegócio OVTIL CUEU

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31GAZETA DO POVO AGRONegócio

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