Escritores Moçambicanos Paulina Chiziane e Ungulani Khosa Condecorados Em Maputo

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Escritores moçambicanos Paulina Chiziane e Ungulani Khosa condecorados em Maputo Lusa04 Fev, 2014, 22:08 / atualizado em 04 Fev, 2014, 22:08 | Cultura Paulina Chiziane e Ungulani Ba Ka Khosa foram hoje condecorados pelo Estado português, em Maputo, num ato de reconhecimento do mérito e da obra dos dois escritores moçambicanos, e que pretende reforçar as relações entre Moçambique e Portugal. Feita à medida do formato televisivo, uma vez que foi organizada e transmitida pela televisão estatal portuguesa, a cerimónia oficializou a condecoração dos dois autores moçambicanos com o grau de Grande Oficial da Ordem Infante D. Henrique, que o Presidente português, Aníbal Cavaco Silva, lhes atribuiu, no final do último ano. Numa mensagem gravada que marcou o arranque do evento, Cavaco Silva destacou a importância da atribuição das insígnias, num "sinal inequívoco do apreço e do reconhecimento do Estado português" pelos dois escritores moçambicanos, que "têm enriquecido as letras moçambicanas e divulgado Moçambique e as suas culturas".

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Escritores moçambicanos Paulina Chiziane e Ungulani Khosa condecorados em MaputoLusa04 Fev, 2014, 22:08 / atualizado em 04 Fev, 2014, 22:08 | Cultura

Paulina Chiziane e Ungulani Ba Ka Khosa foram hoje condecorados pelo Estado português, em Maputo, num ato de reconhecimento do mérito e da obra dos dois escritores moçambicanos, e que pretende reforçar as relações entre Moçambique e Portugal.

Feita à medida do formato televisivo, uma vez que foi organizada e transmitida

pela televisão estatal portuguesa, a cerimónia oficializou a condecoração dos

dois autores moçambicanos com o grau de Grande Oficial da Ordem Infante D.

Henrique, que o Presidente português, Aníbal Cavaco Silva, lhes atribuiu, no

final do último ano.

Numa mensagem gravada que marcou o arranque do evento, Cavaco Silva

destacou a importância da atribuição das insígnias, num "sinal inequívoco do

apreço e do reconhecimento do Estado português" pelos dois escritores

moçambicanos, que "têm enriquecido as letras moçambicanas e divulgado

Moçambique e as suas culturas".

Em representação do Estado moçambicano, a primeira-dama de Moçambique,

Maria da Luz Guebuza, enfatizou a importância da obra de Chiziane e de

Khosa, que "têm o dom de transformar o potencial da tradição oral através da

escrita em grandes obras-primas de reconhecido mérito", fazendo ainda

menção ao reconhecimento de Portugal, "que espelha as relações de

irmandade" entre os dois povos.

Também o ministro da Cultura moçambicano, Armando Artur, mostrou-se

reconhecido pelo "gesto do Estado português", uma "homenagem às artes e

culturas" do seu país, destacando a "escrita dos dois autores", que "ganha uma

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dimensão acrescida ao agregar à língua portuguesa novos significados

resultantes da diversidade sociolinguística" de Moçambique.

Já o embaixador de Portugal em Moçambique, José Augusto Duarte, sublinhou

o "domínio" que Chiziane e Khosa têm sobre a língua portuguesa, só

comparável "à precisão dos grandes mestres".

Portugal, "embora seja um país longínquo, não deixa de acompanhar com

interesse, um imenso apreço e muita satisfação todos os sucessos e

conquistas de Moçambique e dos moçambicanos", disse ainda o diplomata.

Num discurso emotivo, Paulina Chiziane, primeira romancista moçambicana e

autora de várias obras, entre as quais "Ventos do Apocalipse" e "Na Mão de

Deus", começou por agradecer a Portugal e ao Presidente português a

condecoração que lhe foi atribuída, dedicando-a à paz no seu país.

"Venho de longe, conquistei o mundo de pés descalços. Quero encorajar o

meu povo, as mulheres da minha terra: por muito difícil que as condições

sejam, caminhem descalços e vençam", disse Paulina Chiziane.

Mais sereno, Ungulani Ba Ka Khosa endereçou agradecimentos às autoridades

portuguesas, referindo a intenção do seu trabalho, que passa por dar

"cidadania" às línguas tradicionais moçambicanas.

"A sobrevivência da língua portuguesa, que é nossa língua, neste nosso país,

passa necessariamente pela valorização e cidadania das nossas línguas

nacionais", enfatizou Ungulani, autor de "Ualalapi" e de "Choriro", entre outras

obras.

A cerimónia ficou ainda marcada por vários momentos culturais e pela

transmissão de mensagens de felicitação gravadas dos escritores

moçambicanos Mia Couto e Luís Bernardo Honwana e de personalidades

portuguesas como Gabriela Canavilhas, Nuno Rogeiro, Morais Sarmento,

Paulo Moura Pinheiro e Marcelo de Rebelo de Sousa.