ESCOLAS DE FORMAÇÃO NAS ARTES DO CINEMA: UM ESTUDO … · localizadas dentro do Polo...

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ISSN 2176-1396 ESCOLAS DE FORMAÇÃO NAS ARTES DO CINEMA: UM ESTUDO SOBRE O POLO CINEMATOGRÁFICO DE PAULÍNIA/SP Cleber Fernando Gomes 1 - UNIFESP Grupo de Trabalho Educação, Arte e Movimento Agência Financiadora: FAPESP Resumo A pesquisa faz uma análise sobre a existência de duas escolas de formação nas artes do cinema, localizadas dentro do Polo Cinematográfico da cidade de Paulínia, no interior do Estado de São Paulo. O objetivo principal foi levantar dados sobre as atividades dessas escolas, assim como, analisar posteriormente a relevância da formação em cursos e oficinas voltados para o campo do cinema brasileiro. O Polo Cinematográfico de Paulínia/SP, foi inaugurado no ano de 2008, idealizado pela Secretaria de Cultura do Município, sendo responsável, desde então, pela produção de diversos filmes brasileiros que, conseguiram atingir projeções nacionais e internacionais. Dessa forma, salientamos a importância de pesquisar, analisar e compreender as ações dessas duas escolas de artes em cinema, direcionadas para a formação de crianças, adolescentes e adultos, uma vez que esse fenômeno poderá contribuir para fortalecer o campo cultural cinematográfico no Brasil, e oferecer aos envolvidos, uma nova oportunidade de atuação profissional e de conhecimentos significativos que vão agregar novos valores para o desenvolvimento pessoal. A escola, Paulínia Magia do Cinema, subordinada à Secretaria de Cultura, tem como objetivo a formação e qualificação da mão de obra especializada no campo cultural cinematográfico brasileiro, formando profissionais em diversas áreas do cinema, desde a pré-produção, a produção e, pós-produção em audiovisual. E a escola, Paulínia Stop Motion, subordinada à Secretaria de Educação, tem como objetivos, estimular a nova geração para o conhecimento e a prática da arte direcionada a indústria cinematográfica, através de um projeto em parceria com a multinacional dinamarquesa Lego. Nesse caso, podemos concluir com base em uma pesquisa de campo e bibliográfica que, as duas escolas, quando em pleno funcionamento, tem a capacidade de oferecer a sociedade, ações educativas essenciais para o desenvolvimento das habilidades e competências de futuros cidadãos conscientes e produtivos, seja em âmbito profissional ou social. Palavras-chave: Escolas de Artes. Cinema. Polo Cinematográfico. Paulínia/SP. História. 1 Sociólogo pela PUC-Campinas/SP, Pós-Graduado (especialização) em Artes Visuais, Intermeios e Educação pela UNICAMP, Pós-Graduado (especialização) em Estudios Culturales pelo Consejo Latino-americano de Ciencias Sociales-CLACSO/Argentina e, Mestrando em História da Arte pela Universidade Federal de São Paulo- UNIFESP, com bolsa de pesquisa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo-FAPESP. E-mail: [email protected] / [email protected]

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ISSN 2176-1396

ESCOLAS DE FORMAÇÃO NAS ARTES DO CINEMA: UM ESTUDO

SOBRE O POLO CINEMATOGRÁFICO DE PAULÍNIA/SP

Cleber Fernando Gomes1 - UNIFESP

Grupo de Trabalho – Educação, Arte e Movimento

Agência Financiadora: FAPESP

Resumo

A pesquisa faz uma análise sobre a existência de duas escolas de formação nas artes do cinema,

localizadas dentro do Polo Cinematográfico da cidade de Paulínia, no interior do Estado de São

Paulo. O objetivo principal foi levantar dados sobre as atividades dessas escolas, assim como,

analisar posteriormente a relevância da formação em cursos e oficinas voltados para o campo

do cinema brasileiro. O Polo Cinematográfico de Paulínia/SP, foi inaugurado no ano de 2008,

idealizado pela Secretaria de Cultura do Município, sendo responsável, desde então, pela

produção de diversos filmes brasileiros que, conseguiram atingir projeções nacionais e

internacionais. Dessa forma, salientamos a importância de pesquisar, analisar e compreender as

ações dessas duas escolas de artes em cinema, direcionadas para a formação de crianças,

adolescentes e adultos, uma vez que esse fenômeno poderá contribuir para fortalecer o campo

cultural cinematográfico no Brasil, e oferecer aos envolvidos, uma nova oportunidade de

atuação profissional e de conhecimentos significativos que vão agregar novos valores para o

desenvolvimento pessoal. A escola, Paulínia Magia do Cinema, subordinada à Secretaria de

Cultura, tem como objetivo a formação e qualificação da mão de obra especializada no campo

cultural cinematográfico brasileiro, formando profissionais em diversas áreas do cinema, desde

a pré-produção, a produção e, pós-produção em audiovisual. E a escola, Paulínia Stop Motion,

subordinada à Secretaria de Educação, tem como objetivos, estimular a nova geração para o

conhecimento e a prática da arte direcionada a indústria cinematográfica, através de um projeto

em parceria com a multinacional dinamarquesa Lego. Nesse caso, podemos concluir com base

em uma pesquisa de campo e bibliográfica que, as duas escolas, quando em pleno

funcionamento, tem a capacidade de oferecer a sociedade, ações educativas essenciais para o

desenvolvimento das habilidades e competências de futuros cidadãos conscientes e produtivos,

seja em âmbito profissional ou social.

Palavras-chave: Escolas de Artes. Cinema. Polo Cinematográfico. Paulínia/SP. História.

1 Sociólogo pela PUC-Campinas/SP, Pós-Graduado (especialização) em Artes Visuais, Intermeios e Educação

pela UNICAMP, Pós-Graduado (especialização) em Estudios Culturales pelo Consejo Latino-americano de

Ciencias Sociales-CLACSO/Argentina e, Mestrando em História da Arte pela Universidade Federal de São Paulo-

UNIFESP, com bolsa de pesquisa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo-FAPESP. E-mail:

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Introdução

A educação formal no Brasil e no mundo está passando por diversas transformações em

busca de novas alternativas para conviver com os avanços de uma nova era repleta de novidades

a cada dia. As ciências, em sua ampla gama de diversidade contribui para as mutações da

sociedade, alterando os costumes e modos de vida de milhares de indivíduos e grupos. O

desenvolvimento constante das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) são uma

realidade que precisam ser enfrentadas com novas propostas para a inclusão e acesso as mais

diversas formas de educação, sejam elas, formal, não formal e informal. Para Paulo Freire

(1983), “o mundo humano é, desta forma, um mundo de comunicação” (FREIRE, 1983, p.44).

A partir dessa perspectiva, este trabalho levantou dados que materializam essa realidade

existente atualmente na sociedade contemporânea, principalmente pelo fenômeno

cinematográfico que, surpreende a cada novo lançamento de filme com todas as suas evoluções

tecnológicas. As duas escolas de cinema analisadas nesse trabalho, revelam a importância de

uma formação contínua no campo cultural, por causa dos seus resultados no campo econômico,

profissional e educacional.

O cinema está inserido, desde a sua criação, na história da educação mundial e,

posteriormente na história das escolas brasileiras, principalmente nas décadas de 1920 a 1930,

com a criação do Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE). Nesse caso, arte e educação

são dois fenômenos que caminham juntos na história da humanidade, favorecendo os processos

de relações, criação e trocas de conhecimentos.

Com pouco tempo de existência, o Polo Cinematográfico de Paulínia, localizado no

interior do Estado de São Paulo, possui em sua história, registros importantes de bens culturais

produzidos em seu espaço, assim como, a formação de profissionais e alunos no campo

cinematográfico. Nas duas escolas de cinema situadas dentro do Polo Cinematográfico de

Paulínia, existem projetos importantes para o desenvolvimento cultural, econômico e

educacional no Brasil.

Sobre responsabilidade da Secretaria da Cultura, a escola Paulínia Magia do Cinema,

tem como objetivo principal, oferecer cursos para o desenvolvimento técnico e profissional em

diversos setores do audiovisual, desde a pré-produção, a produção e, a pós-produção de obras

cinematográficas. A escola Paulínia Stop Motion, atende um público diferenciado, direcionando

seus cursos de acordo com critérios da Secretaria de Educação do Município da cidade de

Paulínia, nesse caso, o objetivo é priorizar a participação e o desenvolvimento de crianças e

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jovens adolescentes que estão matriculados em escolas públicas da cidade. O projeto tem como

foco o cinema de animação, em parceria com a multinacional do setor de brinquedos e jogos

infanto-juvenis, a empresa dinamarquesa LEGO.

Os resultados dessas duas escolas, primeiro, pode ser observado pela alta procura por

cursos e oficinas em seus espaços, assim como, o número de participantes em suas atividades,

principalmente na escola Paulínia Stop Motion, que continua ativa, recebendo alunos da rede

pública municipal de ensino. Outro resultado positivo, é observado nos produtos audiovisuais

produzidos na escola que conseguem atingir público em Mostras e Festivais de cinema de

animação. No caso específico da escola Paulínia Magia do Cinema, seus formandos já

conseguiram acesso de trabalhos em produções cinematográficas realizadas no próprio Polo

Cinematográfico de Paulínia.

Cinema, Educação e História

O cinema sempre foi pensado como recurso possível a educação escolar. No Brasil e no mundo,

essa relação entre cinema e educação esteve presente na perspectiva de educadores, religiosos,

cineastas e políticos. O fenômeno cinematográfico é resultado do avanço e desenvolvimento da

ciência e tecnologia, nesse caso, sempre esteve interligado a educação, seja nas pesquisas para

o seu aprimoramento, ou como meio de difusão cultural e educacional.

Seja como forma de garantir conhecimento, ou reproduzir ideologias, esse recurso didático que

faz uso da imagem em movimento consegue atrair a atenção de todas as faixas etárias, tanto na

educação básica (infantil, fundamental e média), como também na educação profissionalizante

de jovens e adultos, seja no ensino técnico ou superior, essa relação faz parte da história do

cinema:

A relação entre cinema e educação, inclusive a educação escolar, faz parte da própria

história do cinema. Desde os primórdios da produção cinematográfica a indústria do

cinema sempre foi considerada, inclusive pelos próprios produtores e diretores, um

poderoso instrumento de educação e instrução. A relação entre cinema e

conhecimento, no entanto, extrapola o campo da educação formal (MIRANDA,

COPPOLA & RIGOTTI, 2006, p.01).

Esse fenômeno pode ser observado em diversos períodos da história do cinema em relação a

sua interação com a educação. É importante registrarmos os resultados da pesquisa histórica da

professora Rosana Elisa Catelli, publicado na revista Educação & Sociedade de Campinas. Em

Catelli (2010), observamos que as contribuições cinematográficas ao conhecimento estão

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presentes a partir de 1889, quando Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon realiza uma

Comissão para fazer expedições no sertão brasileiro.

Figura 1: Comissão Rondon, Mato Grosso (MT), 1912.

Fonte: Gomes, 2015.

Podemos entender que nessas expedições Marechal Rondon contribuiu para a produção

de um cinema científico e etnográfico, pois nessas expedições foram feitos uso de câmeras

fotográficas e cinematográficas, com base na criação da “Secção de Cinematographia e

Photographia, que colocava sob a direção do Major Thomaz Reis” (HAAG, 2012, p.75), a

responsabilidade de registrar o que se via nas viagens. Esse material é de suma importância

para os estudos antropológicos sobre a cultura indígena no Brasil, porque contribuíram para

institucionalizar as pesquisas científicas no país, inclusive sobre a flora e a fauna brasileira.

Em 1896, em Paris, a cinematografia também teve papel importante na educação

médica. Eugéne Louis Doyen, um médico e professor de cirurgia em uma universidade

francesa, consegue registrar suas experiências exercendo sua profissão como cirurgião, criando

posteriormente, uma metodologia para o ensino cirúrgico através do uso do equipamento

cinematográfico. A partir de 1902, esse método de ensino cirúrgico, foi difundido por muitos

países. Na França a partir de 1908, o cinema documentário passa contribuir com a ciência,

através da visão positivista de transformação social e política.

É nesse contexto que surgem “Os Arquivos da Terra”, material cinematográfico que

criou uma coleção visual de inúmeros fenômenos da sociedade. Esses arquivos continham

imagens que enriqueceram a geografia, pois os mesmos eram feitos por geógrafos que viajaram

mais de quarenta países em busca de conteúdos que mostrassem as várias realidades sociais e

políticas de diversos cantos do planeta. Destacamos que esses registros cinematográficos,

estavam aliados a fotografia, que era muito mais utilizado naquela época.

No ano de 1910 foi criada a Filmoteca do Museu Nacional. Podemos considerar como

sendo a primeira filmoteca de cinema educativo criada no Brasil. Com acervos de filmes

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documentários, o médico Edgard Roquette-Pinto, disponibiliza material antropológico

realizado no Estado de Rondônia:

Também no setor do cinema educativo, Roquette-Pinto foi pioneiro no Brasil. O

emprego do cinema no ensino e na pesquisa científica no país data de 1910, quando

foi iniciada a filmoteca do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Em 1912, Roquette-

Pinto trazia de Rondônia os primeiros filmes, tirados por ele, dos índios nambiquaras,

películas que foram projetadas no salão de conferências do museu em 1913. Mas até

1930, pelo menos no dizer de Jonatas Serrano e Venâncio Filho, “o cinema educativo

não teve em nosso país organização sistemática, planos definitivos, com recursos

capazes de garantir completo êxito” (ROQUETTE-PINTO, 2002-2003, p.15).

Anos mais tarde, em 1927, surge a Comissão de Cinema Educativo, com objetivos de

se apoiar no poder do uso da imagem para pensar um plano nacional de educação, ou melhor,

pretendia-se com o uso da cinematografia, criar vínculos entre comunicação e educação.

Observamos que havia um consenso entre políticos, educadores e cineastas de que era possível

promover a educação do povo brasileiro através do cinema.

Em 1929 há uma determinação por parte do governo, com base nos ideais da Escola

Nova, de que todas as escolas deveriam instalar aparelhos de projeção para fazer uso do cinema

em sala de aula. No Rio de Janeiro, em 1933, é criada a Biblioteca Central de Educação para

prover filmes as escolas públicas do Estado, por intermédio do departamento de cinema

educativo. O cinema estava ganhando espaço na educação brasileira e o governo federal da

época (Getúlio Vargas) não deixou de aproveitar a oportunidade de fazer uso desse recurso

imagético para reformar as políticas educacionais do país.

Em 1937 cria-se o Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE). Sob a perspectiva

da Escola Nova (movimento que visionava renovar o ensino), Roquette-Pinto, diretor do INCE,

ajudou alavancar a produção e uso de filmes na educação escolar e científica, inclusive no

ensino de medicina:

Para promover a educação do povo, Roquette-Pinto buscou os mais diferentes

instrumentos que pudessem atingir todo o território nacional e encurtar as distâncias

geográficas. Os meios de comunicação foram o seu maior aliado nesta batalha em

favor da educação popular (CATELLI, 2010, p.608).

Nesse período do século XX, observamos que o Brasil buscava se transformar

politicamente implementando uma educação moderna. Mesmo recebendo críticas, a ideia era

popularizar a educação, pois com o cinema era possível percorrer longas distâncias,

aproximando pessoas e trazendo-as para a escola.

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É importante registrar que conflitos ideológicos entre políticos, religiosos, cineastas e

educadores eram frequentes nesse período da história educacional do país, pois alguns

acreditavam no cinema educativo como forma de modernizar a escola brasileira e outros

criticavam politicamente no sentido de usarem o cinema para controlar as massas e transmitir

ideologias. No século XX, o cinema em âmbito mundial despertava interesses diversos, não só

na área educacional, mas também na política. Em vários países como Inglaterra, França,

Alemanha, União Soviética, e EUA, o cinema foi tido como recurso para propagar ideologias

(nazistas, fascistas, comunistas).

No final da década de 1980 até meados de 1990, houve uma iniciativa da Fundação para

o Desenvolvimento da Educação (FDE) do Estado de São Paulo em criar uma Videoteca para

uso de filmes nas escolas públicas do Estado. Foram publicados 103 números através da série

Apontamentos (tais filmes eram acompanhados de textos para auxiliar o professor nas

atividades). Os professores também tinham um vídeo didático para saber usar o filme em sala

de aula, a Videoteca Pedagógica com duração de 25 minutos. Além da série Apontamentos,

também foi lançada a coletânea Lições com Cinema e a revista Quadro a Quadro.

Entre os anos de 2008 a 2010, o governo paulista, novamente através da FDE, lança o

Caderno de Cinema do Professor (volumes 1, 2, 3, 4). Esse material tem como objetivo

aproximar o cinema da sala de aula, voltado para o ensino médio. Têm o intuito de auxiliar os

professores na articulação de questões da nossa contemporaneidade, abordando questões

ligadas aos temas transversais, trazendo para dentro da escola a tão esperada

interdisciplinaridade. Nesse contexto, observamos que a relação do cinema com a educação

sempre esteve presente desde o surgimento do mesmo no século XIX e, essa simbiose pode ser

muito favorável e aproveitada, como já provou a história.

Polo Cinematográfico de Paulínia

O Polo Cinematográfico de Paulínia começa a ser pensado pela Secretaria de Cultura

do Município de Paulínia/SP, a partir do ano de 2005, no ano de 2008 é inaugurado com uma

estrutura que comporta quatro estúdios de gravação de audiovisual, assim como um estúdio de

animação, e as duas escolas de formação nas artes do cinema: Paulínia Magia do Cinema e,

Paulínia Stop Motion.

Com um espaço destinado a produção e ao ensino das artes cinematográficas, o Polo

Cinematográfico de Paulínia, recebeu investimentos públicos contabilizados em mais de R$

400 milhões de reais, distribuídos para a construção de sua infraestrutura, e na produção de

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diversos filmes através de editais da Prefeitura do Município da cidade. Na figura 2, observamos

o projeto inicial, construído parcialmente, com planos para serem desenvolvidos no decorrer de

sua história, porém, os prédios visualizados na figura 2, já estão sendo utilizados para a

produção fílmica e também para o ensino e formação em cinema.

Figura 2: Complexo Cinematográfico Paulínia

Fonte: Gomes, 2015.

Esse complexo também conta com o Theatro Municipal e um Shopping interligado ao

terminal rodoviário. No levantamento de dados e informações sobre o Polo Cinematográfico de

Paulínia, observamos que há um duelo político existente na historiografia do Polo, fazendo com

que ocorra sucessivas trocas no poder executivo do município. Esse fenômeno fez com que o

Polo Cinematográfico fosse paralisado várias vezes, afetando diversas atividades importantes

no campo cultural e educacional, assim como, a produção de filmes, o festival de cinema, e o

funcionamento das escolas de formação em cinema.

No ano de 2015, as atividades voltam a ser realizadas, parcialmente, como podemos

observar na utilização dos estúdios do Polo Cinematográfico para a realização das gravações

de parte da nova novela, Escrava Mãe, da Rede Record de Televisão, em parceria com a

produtora Casablanca. A Rede Record já tinha firmado parceria anteriormente com o Polo

Cinematográfico de Paulínia, quando utilizou seus estúdios para gravação dos programas de

televisão da apresentadora Sabrina Sato e, dos apresentadores Rafael Cortez e Rodrigo Faro.

A escola Paulínia Stop Motion, também está com suas atividades em funcionamento,

disponibilizando cursos e oficinas de criação e produção em cinema, para alunos da rede pública

de ensino do município. No campo da educação, ainda falta voltar a funcionar a escola Paulínia

Magia do Cinema, que está temporariamente com suas atividades suspensas devido a uma

reestruturação do seu projeto de formação técnica e profissionalizante.

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O complexo do Polo Cinematográfico de Paulínia apresenta-se como um espaço

essencial para a produção e educação em cinema no Brasil. Ao observamos a tabela 1, notamos

que sua estrutura, ainda parcialmente desenvolvida, contribuiu para fomentar a produção de

diversas obras cinematográficas no país. Alguns desses filmes conseguiram atingir espectadores

em âmbito nacional e internacional, entrando inclusive para a disputa em concorrer com o

prêmio de maior visualização do cinema mundial, como no caso dos filmes Salve Geral (Sergio

Rezende, 2009) e, O Palhaço (Selton Mello, 2011), indicados para concorrer a uma vaga de

melhor filme estrangeiro no Oscar de 2010 e 2013, respectivamente.

Tabela 1: Relação de filmes produzidos em Paulínia/SP.

Fonte: Gomes, 2015, p.03.

Apesar de sua importância para a produção de bens culturais no Brasil e, o

desenvolvimento educacional no campo das artes do cinema, o Polo Cinematográfico continua

com seus impasses sobre o pleno funcionamento de suas atividades, principalmente no que diz

respeito a produção de filmes por meio de editais de fomento da prefeitura do município, e do

esperado festival de cinema que já contabilizou a sua 6ª edição. No início do ano de 2015, a

prefeitura de Paulínia cancelou o editou de R$ 8 milhões lançado para selecionar projetos para

Ano Filme Diretor

2009 Cabeça a Prêmio Marco Ricca, M.Aquino, F.Braga

2009 Jean Charles Henrique Goldman

2009 Salve Geral Sergio Rezende

2009 O Menino da Porteira Jeremias Moreira Filho

2009 Hotel Atlântico Suzana Amaral

2010 Chico Xavier Daniel Filho

2010 De Pernas Pro Ar Roberto Santucci

2010 Eu e Meu Guarda Chuva Toni Vanzolini

2010 Topografia de um Desnudo Teresa Aguiar

2011 Corações Sujos Vicente Amorim

2011 Bruna Surfistinha Marcus Baldini

2011 Estamos Juntos Toni Venturi

2011 Meu País André Ristum

2011 O Palhaço Selton Mello

2011 Onde Está a Felicidade? Carlos Alberto Ricelli

2011 O Homem do Futuro Cláudio Torres

2011 Trabalhar Cansa Juliana Rojas e Marco Dutra

2012 Acorda Brasil Sergio Machado

2012 As Doze Estrelas Luiz Alberto Pereira

2012 A Última Estação Márcio Curi

2012 O Vendedor de Passados Lula Buarque de Hollanda

2012 O Tempo e o Vento Jayme Monjardim

2012 Totalmente Inocentes Rodrigo Bittencourt

2012 Transeunte Eryk Rocha

2012 Trinta Paulo Machine

2013 Vai que dá Certo Maurício Farias

2013 Somos Tão Jovens Antonio Carlos da Fontoura

2013 Colegas Marcelo Galvão

2013 A Busca Luciano Moura

2014 Confia em Mim Michel Tikhomiroff

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a produção de 10 obras cinematográficas. Em sequência, a prefeitura da cidade também

suspendeu a realização do 7º Paulínia Film Festival, ainda sem previsões de ocorrer nesse ano.

A Escola Paulínia Magia do Cinema

As duas escolas de formação nas artes do cinema, localizadas no complexo do Polo

Cinematográfico de Paulínia, apresentam resultados positivos no que diz respeito a contribuição

para o desenvolvimento das habilidades e competências das pessoas envolvidas em seus

projetos. Atendendo uma população que varia desde o público infantil até os adultos, as escolas

seguem uma formatação diferenciada nos seus projetos de cursos, direcionando suas atividades

com base no desenvolvimento da educação e da cultura.

Figura 3: Escola Paulínia Magia do Cinema.

Fonte: Gomes,2015.

Na figura 3, observamos a escola Paulínia Magia do Cinema, que está subordinada à

Secretaria de Cultura do Município, e tem como foco a criação e o desenvolvimento de cursos

e oficinas voltados para o aperfeiçoamento técnico e profissional de jovens e adultos que

queiram ingressar no mundo do trabalho dos setores cinematográficos.

Mesmo estando temporariamente desativada no ano de 2015, podemos observar que no

decorrer de sua história, a escola já ofereceu cursos nas diversas modalidades do cinema,

principalmente tendo como objetivo, criar mão de obra qualificada para atender a demanda de

profissionais, para exercer funções dentro do próprio Polo Cinematográfico da cidade. Porém,

a criação da escola e seus cursos não se baseiam somente em desenvolver mão de obra de

pessoas interessadas em trabalhar no próprio Polo Cinematográfico, um dos objetivos da

Secretaria Municipal de Cultura é fomentar a economia do município através do turismo

cinematográfico gerado pelo próprio complexo de estúdios e escolas.

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Em análise ao vídeo de inauguração da escola (Figura 4), realizado no ano de 2007,

observamos alguns dados destacados, naquele momento, pela Secretária de Cultura, Tatiana

Stefani Quintella, enfatizando a importância da escola Magia do Cinema. Na ocasião, foram

mencionados uma alta procura por vagas nos cursos da escola que estava sendo inaugurada,

nesse caso, 1740 inscrições foram realizadas para preencher 440 vagas e, posteriormente

selecionar 90 estudantes da escola Magia do Cinema para estagiar em 9 produções

cinematográficas contempladas por lei de incentivo.

No discurso de Tatiana Quintella, notamos um entusiasmo em anunciar a qualificação

da mão de obra da população da cidade de Paulínia, tendo como possibilidades aliar teoria e

prática no decorrer de realização dos cursos. O entusiasmo também é visível no discurso de

Wellington Miranda, gerente do Senac, responsável pela parceria do Polo Cinematográfico de

Paulínia, assim como com a Fundação Getúlio Vargas, que teve como representante, Antonio

Carlos Porto, naquele momento, diretor da área de cursos corporativos da FGV.

Figura 4: Vídeo Inauguração Escola Magia do Cinema

Fonte: Gomes, 2015.

No decorrer dos anos de atuação da escola Paulínia Magia do Cinema, houve diversos

impasses políticos com a ativação e desativação de suas atividades. Porém, nos registros de sua

breve história, a escola contou com a realização de diversos cursos profissionalizantes,

ministrados em parcerias com professores do Senac e da FGV, nas áreas de direção, roteiro,

interpretação, produção, além de outros cursos voltados para o desenvolvimento e criação de

cinema. A importância desse tipo de escola é valorizada a partir da realidade observada do

fenômeno do cinema como indústria com capacidade de geração de emprego e desenvolvimento

social, econômico e cultural de uma determinada região, e principalmente pela capacidade de

oferecer à homens e mulheres, a oportunidade de conhecimento e experiências em áreas de

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trabalho e cultura que, até então, estavam disponíveis a uma certa elite escolarizada e com poder

econômico.

Homens e mulheres, pelo contrário, podendo romper esta aderência e ir mais além do

mero estar no mundo, acrescentam à vida que têm a existência que criam. Existir é,

assim, um modo de vida que é próprio ao ser capaz de transformar, de produzir, de

decidir, de criar, de recriar, de comunicar-se. Enquanto o ser que simplesmente vive

não é capaz de refletir sobre si mesmo e saber-se vivendo no mundo, o sujeito

existente reflete sobre sua vida, no domínio mesmo da existência e se pergunta em

torno de suas relações com o mundo. O domínio da existência é o domínio do trabalho,

da cultura, da história, dos valores – domínio em que os seres humanos experimentam

a dialética entre determinação e liberdade (FREIRE, 1981, p.53).

Essa capacidade de conhecer o mundo através de novas oportunidades de trabalho,

sejam elas oferecidas pelo cinema, ou por outras formas de relações sociais, é

significativamente necessário em uma sociedade que prioriza a educação e o domínio de

técnicas do fazer. O domínio do campo cultural pode ser um meio de transformação para

homens e mulheres se lançarem na busca por novos horizontes do aprender a conhecer, a

conviver, a fazer, e essencialmente, aprender a ser. O mundo do cinema pode ser o caminho.

A Escola Paulínia Stop Motion

A escola Paulínia Stop Motion está vinculada à Secretaria de Educação e, desenvolve

um trabalho com cursos voltados para o público da educação básica, desde a faixa etária da

educação infantil, até aos adolescentes do ensino médio. A escola tem como objetivo inserir os

alunos da rede pública de ensino do município, no universo do cinema, através do aprendizado

das técnicas de criação cinematográfica, nesse caso, voltadas ao cinema de animação,

proporcionando uma vivência semiprofissional no espaço físico da escola que simula uma

produtora de cinema.

Em parceria com a multinacional de brinquedos e jogos, a dinamarquesa LEGO, a escola

desenvolve um projeto importante no campo cinematográfico, despertando o interesse nos

alunos para uma área de trabalho que movimenta uma economia do entretenimento, cada vez

mais crescente na sociedade contemporânea. O cinema é uma arte coletiva que necessita de

diversos profissionais envolvidos em um único projeto e, esse fenômeno faz com que surja

oportunidades de trabalho para diversas categorias, desde o pré-projeto, a execução do projeto

e, na pós-produção. Dessa forma, os alunos envolvidos entram em contato com uma realidade

cultural que vai oferecer diferentes maneiras de se relacionar e descobrir o mundo, estando

propícios a um universo lúdico, porém, com capacidades de transformar as suas próprias vidas:

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Os educandos necessitam descobrir o que há por trás de muitas de suas atitudes em

face da realidade cultural para assim enfrentá-la de forma diferente. A admiração de

sua anterior admiração da realidade é necessária para que isto se faça. A capacidade

que têm os educandos de conhecer em termos críticos – de ir mais além da mera

opinião – se vai estimulando no processo de desvelamento de suas relações com o

mundo histórico-cultural. Mundo de que os seres humanos são os criadores (FREIRE,

1981, p.44).

A oportunidade de conhecer e experimentar coisas novas, transforma a vida desses

alunos quando estão em contato com o mundo da criação e produção de cinema. Nesse caso,

observamos que as experiências dessa escola de cinema de animação, utilizando as técnicas do

Stop Motion, conseguiram despertar o interesse de diversas crianças e jovens das escolas

públicas do município, indo mais longe com suas ações, uma vez que despertou também o

interesse e a demanda de alunos das escolas privadas da cidade de Paulínia.

Através da parceria com a LEGO, usando os blocos de montar da multinacional, foi

possível criar um espaço para desenvolver cursos com crianças da educação infantil, uma ação

importante para o despertar da criatividade e do interesse, desde a infância, para criação e

produção de cinema. Nesses cursos, voltados para o público infantil, a escola adaptou as aulas

para conseguir transmitir os conteúdos e valorizar suas iniciativas.

Figura 5: Escola Paulínia Stop Motion

Fonte: Gomes, 2015.

Na figura 5, observamos a fachada da escola onde podemos destacar a existência de uma

estrutura com diversas salas de aula para o aprendizado e as experiências com a criação de

cinema. Esses espaços de aprendizado em cinema estão direcionados para as várias etapas da

produção cinematográfica, assim como, a elaboração de roteiro, as experiências na direção,

produção executiva, foley (sons criados em estúdios) e trilha sonora, design e animação. Todas

essas áreas existentes na produção de cinema estão disponíveis na escola Paulínia Stop Motion.

No decorrer de sua história, essa escola já recebeu diversos alunos da rede pública de

ensino da cidade de Paulínia e, segundo informações de um funcionário da escola, existe uma

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ideia de inserir as atividades da escola de Stop Motion, no currículo na educação básica do

município, caso o período integral de aulas seja concretizado pela Secretaria de Educação.

Dessa forma, os alunos teriam que cumprir os créditos de aulas com as atividades da escola,

desenvolvendo assim, as habilidades e competências integradas a cultura e tecnologia.

É importante destacar que a escola desenvolve um projeto de ensino e inclusão da

robótica através de um curso que estimula a criação e o desenvolvimento de um protótipo com

o uso de peças LEGO, em uma Sala Aberta de Robótica, específica para alunos do 9º ano. Essa

iniciativa é essencial para estimular o “pensamento computacional” tão desejado nos dias atuais

dentro das escolas públicas, pois ciência e tecnologia avançam vertiginosamente e tornam-se

primordiais para a evolução do país.

(...) o Pensamento Computacional envolve desde a estruturação do raciocínio, até o

comportamento humano para a ação de resolução de problema, podendo ser

observado nos processos de leitura, escrita e matemática como parte integrante da

habilidade analítica das crianças desde a idade infantil (...) Logo, o Pensamento

Computacional deve ser para todos e em qualquer lugar. Por exemplo, as máquinas

estão aprendendo novos métodos de automação para analisar e identificar padrões e

anomalias em bases de dados em diversas áreas, como mapas astronômicos, imagens

de ressonância magnética, compras de cartão de crédito, sequenciamento de genoma

e representação de processos dinâmicos encontrados na natureza (WING, 2006-2008

apud RAMOS, 2014, p.27).

No senso comum, pensamos o cinema como fonte de entretenimento e lazer, porém, a

considerada sétima arte é, resultado de pesquisas científicas e do avanço e desenvolvimento

tecnológico. Dessa forma, ao inserirmos o cinema dentro das atividades curriculares para alunos

da educação básica, estamos contribuindo para que esses alunos aprendam ciência e tecnologia

de forma lúdica e animada, despertando nesses futuros profissionais a importância de valorizar

a pesquisa científica, principalmente nos alunos de escolas públicas que, convivem com as

dificuldades e descasos políticos com a educação. Para Cezar Migliorin, professor de

comunicação da Universidade Federal Fluminense-UFF, “não há ensino de cinema que também

não seja em si um processo de emancipação” (MIGLIORIN, 2014, p.2).

Esse processo de emancipação poderá ser observado nos resultados futuros referente a

essa iniciativa municipal junto ao Polo Cinematográfico. Destacamos que essa atitude é

primordial em políticas públicas, pois poderá transformar de forma positiva e a longo prazo as

estruturas do currículo escolar da educação na cidade. Dar continuidade as atividades do projeto

e, até mesmo, a Parceria Público Privada (PPP) com uma multinacional, mesmo existindo nessa

relação, questões complexas a serem analisadas e discutidas, oferece aos alunos da rede pública

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de ensino, uma excelente oportunidade de aprender novos conhecimentos no campo

cinematográfico que, será útil no decorrer de suas vidas.

Outras iniciativas da Prefeitura Municipal de Paulínia, são necessárias para o

funcionamento pleno dessas duas escolas de formação nas artes do cinema. Primeiramente,

prover essas unidades de professores qualificados para o exercício do ensino no campo

cinematográfico, principalmente porque a escola, Paulínia Stop Motion, atualmente no segundo

semestre do ano de 2015, está com defasagem de professores para atender a demanda da escola,

fazendo com que, muitas salas de aulas fiquem vazias, uma vez que existe a possibilidade de

atender mais de mil alunos da rede pública de ensino da cidade. E ainda, acelerar a

reestruturação da escola, Paulínia Magia do Cinema, para oferecer a população de jovens e

adultos da cidade, a oportunidade de formação em cursos no campo cinematográfico.

Considerações Finais

O estudo de caso realizado sobre as duas escolas existentes no Polo Cinematográfico de

Paulínia, nos revela um fenômeno importante que precisa ser amplamente analisado em

pesquisas futuras. Nesse caso, observamos uma demanda aos cursos oferecidos pelas duas

escolas de cinema, criando uma expectativa positiva sobre o desenvolvimento de uma indústria

cinematográfica na cidade. Dessa forma, há uma esperança em continuidade dos projetos

lançados no Polo Cinematográfico, principalmente por visionar um crescimento do número de

campos de emprego e trabalho nas áreas da cultura e do turismo. Segundo Paulo Freire (1983),

“o homem, como um ser de relações, desafiado pela natureza, a transforma com seu trabalho;

e que o resultado desta transformação, que se separa do homem, constitui seu mundo. O mundo

da cultura que se prolonga no mundo da história” (FREIRE, 1983, p.44).

Diversos outros estudiosos do cinema enfatizam a importância de investir na formação

das artes cinematográfica, pois sabemos que esse campo cultural necessita de uma diversificada

mão de obra na produção de seus filmes. O cinema é uma arte coletiva e precisa de muitos

profissionais envolvidos, e de atualizações constantes, uma vez que essa arte de fazer cinema

está diretamente interligada com ciência e tecnologia, que por sua vez, se renova a cada dia,

com novos equipamentos e novas ideias.

Em Noronha (2013), observamos que “As mudanças na profissão estão ocorrendo muito

rapidamente e em pouco tempo diversos jovens profissionais são absorvidos pelo mercado, que

muitas vezes exigem desses jovens mais do que eles estão preparados”. Essa realidade no

campo cinematográfico revela a importância cada mais de escolas de cinema em pleno

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funcionamento, para assim, suprirem a demanda do mercado de trabalho. Fatores políticos não

deveriam impedir o funcionamento das duas escolas, Paulínia Magia do Cinema e Paulínia Stop

Motion, localizadas no Polo Cinematográfico de Paulínia, pois sabemos das necessidades

desses cursos estarem ativos, formando mão de obra qualificada para atuação no campo do

cinema e, de outras áreas que também demandam profissionais com esse tipo de formação.

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