ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE...
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ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE SETÚBAL
MANUTENÇÃO
ENGENHARIA ELECTROMECÂNICA
ENGENHARIA MECÂNICA ENERGIA
ENGENHARIA AMBIENTE
3º ANO
ENGENHARIA MECÂNICA PRODUÇÃO
5º ANO
Prof. Filipe Didelet
Prof. José Carlos Viegas
2001/2002
Introdução
Estes apontamentos da disciplina de Manutenção, leccionada no 3º ano dos cursos de
Engenharia Electromecânica, Mecânica Térmica e Energia e Ambiente, bem como no 4º
ano do curso de Engenharia Mecânica Produção, não pretendem evitar a consulta de
outras obras relacionadas com os temas abordados na disciplina. Pretende-se apenas
reunir, numa única fonte de consulta, todos os temas abordados e ordenados segundo a
sequência que terão ao longo do semestre.
Estes apontamentos cobrem os temas focados na disciplina devendo ser usados como
elementos de estudo e preparação para as diferentes provas e exames necessários à
avaliação na disciplina.
Todas estas matérias têm em comum o facto de serem ferramentas necessárias a uma
iniciação à gestão da Manutenção nas empresas industriais ou de serviços e de se
cruzarem com muitos outros temas tratados de forma mais profunda no curso como, por
exemplo, a Fiabilidade, Tribologia , Vibrações ou o Planeamento da Manutenção.
De notar que não se pretendeu com estas folhas construir um trabalho original e que
alguns dos conceitos descritos se podem encontrar em obras citadas na bibliografia.
Exemplo disso é o livro, da autoria do Engº José Saraiva Cabral, Manutenção Centrada
na Fiabilidade, que saudamos de uma forma particular.
Os autores
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Índice Pág.
Introdução 2
1.Conceitos gerais 5
1.1 Definição de Manutenção 5
1.2 A função Manutenção 5
1.3 Objectivo da função Manutenção 6
1.4 Funções que interagem com a Manutenção 7
1.5 Funções normalmente a cargo de um serviço de Manutenção 8
2. Tipos de Manutenção 8
2.1 Manutenção Planeada e Manutenção Não Planeada 8
2.2 Manutenção Curativa e Manutenção de Melhoria 8
2.3 Manutenção Preventiva Sistemática 9
2.4 Manutenção Preventiva Condicionada 9
3. Níveis de Manutenção 10
4. Objectos de Manutenção 12
4.1 Organização Funcional 12
4.2 Identidade dos Objectos de Manutenção 18
4.3 Cadernos de máquina 21
4.4 Centros de Custo 23
5. Ordens de Trabalho 23
5.1 Definição 23
5.2 Elementos de Gestão de uma Ordem de Trabalho 26
5.3 Grau de prioridade 28
5.4 Preparação do Trabalho 30
5.5 Elaboração da Ordem de Trabalho 34
5.6 Pedidos de Trabalhos e Estados e Circuitos da Ordem de Trabalho 39
6. Planeamento e Programação de Trabalhos 44
6.1 Planeamento dos Vários Tipos de Manutenção 45
6.2 Programação dos Trabalhos de Manutenção 46
6.3 Definição do executante e contratação de serviços de Manutenção 47
7. Avarias, Relatórios de Trabalhos e Histórico 48
7.1 Avarias – definição e tipos 48
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7.2 Relatórios de Trabalhos 50
7.3 Histórico 52
8. Custos de Manutenção 54
8.1 Custos Indirectos 54
8.2 Custos Directos 54
8.3 Custos Contabilísticos 55
8.4 Cálculo dos Custos de Manutenção 55
9. Manutenção Condicionada 57
9.1 Filosofia da manutenção Condicionada 57
9.2 Técnicas de Inspecção 57
9.3 Controlo de Condição 71
10. RCM Manutenção Centrada na Fiabilidade 74
10.1 Conceito de Fiabilidade 74
10.2 Conceito de Manutibilidade 77
10.3 Conceito de Disponibilidade 78
11. TPM Manutenção Produtiva Total 78
11.1 Objectivos do TPM 79
11.2 Papel do Operador e os Indicadores de Desempenho 80
11.3Os Oito Pilares do TPM 83
11.3 Desafio Zero-Avarias 83
11.4 Resultados Esperados com o TPM 84
Bibliografia 86
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1. Conceitos Gerais
1.1 Definição de Manutenção
Entende-se por manutenção o conjunto das acções que têm por fim executar as
operações necessárias para que os equipamentos sejam mantidos ou restabelecidos num
estado especificado ou com possibilidade de assegurar um serviço determinado, por um
custo global mínimo. Em termos operacionais pretende-se que:
• seja permitida uma execução normal das operações fabris nas melhores condições
de custo, segurança e qualidade, como é o caso da manutenção dos equipamentos da
produção.
• seja fornecido um serviço nas melhores condições de conforto e custo, como é o
caso de serviços prestados na área dos transportes, hospitais e serviços em geral.
Fazer manutenção é, portanto, efectuar as operações de lubrificação, observação dos
equipamentos, reparação e melhoramentos, que permitem conservar o estado do
equipamento, de forma a assegurar a continuidade e qualidade da produção, sendo que
fazer uma boa manutenção é executar todas estas operações por um custo global mínimo.
1.2 A Função Manutenção
Para responder à realização das acções que devem ser efectuadas sobre os equipamentos,
de modo a garantir a respectiva operacionalidade, as organizações que os utilizam têm
que compreender, de forma explícita ou não, uma função de Manutenção. Se essa
compreensão for levada a cabo de forma explícita, a organização compreende um serviço
de Manutenção.
A função Manutenção deve ser efectuada ao longo do ciclo de vida de um equipamento,
compreendendo, de uma forma alargada, todas as acções que sobre este se realizem e que
tenham como objectivo garantir a sua operacionalidade de uma forma eficaz e
económica.
Não se deve entender a função Manutenção apenas como o conjunto de intervenções
realizadas directamente sobre o equipamento. Pelo contrário, a função Manutenção
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compreende também as acções relacionadas com a fase de decisão sobre o tipo de
equipamento a adquirir (sem incluir a decisão da própria aquisição), o estudo do espaço
envolvente para a sua implantação (de modo a garantir as acessibilidades e todo o tipo de
intervenções ao longo da vida útil), as questões específicas do projecto relacionadas com
a manutibilidade (facilidade de realização de acções de manutenção) e a formação de
operadores de manutenção do equipamento (actuais e futuros).
A Manutenção tem que ter em conta a facilidade de obtenção de materiais consumíveis e
de peças de reserva, as condições de trabalho e a economia de custos, incluindo os custos
indirectos relacionados com as perdas de produção devidas a avarias.
1.3 Objectivos da Função Manutenção
Os objectivos da função manutenção são o de melhorar a fiabilidade dos equipamentos,
diminuindo o número de avarias verificados, melhorar a manutibilidade dos
equipamentos, diminuindo os tempos de reparação e, consequentemente, aumentando a
disponibilidade, através do aumento da relação (tempo de funcionamento)/(tempo de
não funcionamento).
Se estes objectivos forem conseguidos, outros de carácter económico se seguirão,
nomeadamente em relação a:
Menores custos directos – devido à maior produtividade do trabalho provocada pela
maior fiabilidade obtida nos equipamentos.
•
•
•
•
•
Menor imobilizado em peças de reserva – dado que, num ambiente planeado, se
procura ter só o que se vai necessitar, encomendando o estritamente necessário.
Economia de energia – resultante do melhor rendimento obtido nos equipamentos.
Enriquecimento da empresa – que se traduz pelo “know-how” adquirido ao longo de
anos pela empresa na área da manutenção, que deixa, assim, de ficar disperso,
ficando finalmente bem arrumado e pronto a render benefícios.
Intangíveis – representados por quebras na produção, na qualidade, atrasos dos
prazos de entrega, agressões ao ambiente e outros acidentes, que podem traduzir-se
na perda de um contrato, de um cliente, de um negócio, na extinção da própria
empresa.
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1.4 Funções que interagem com a Manutenção
Face ao exposto em 1.1 e 1.2, a Manutenção interage com outras funções da
organização que serve. De entre elas destacam-se:
- a função produção ou os utilizadores dos equipamentos alvo de manutenção
- a função aprovisionamento (de peças de reserva, componentes e
consumíveis)
- a função segurança
- a função contabilística (definidora de centros de custo)
- a função qualidade
A interacção com os utilizadores dos equipamentos aparece como óbvia, tendo em conta
que há que transmitir informação sobre o funcionamento e respectivas condições, a
programação de intervenções e de paragens, etc.
Os aprovisionamentos são responsáveis pelo fornecimento de todos os items
incorporados nos equipamentos, tratando também dos aspectos administrativos ligados à
aquisição destes. Deverão também assegurar a organização dos “stocks” e ter uma
palavra nos sistemas de codificação.
A função segurança trata dos aspectos relacionados com o risco associado à operação
dos equipamentos e às condições em que se processa a intervenção nos mesmos. Há que
garantir que os utilizadores e operadores dos equipamentos, os operadores de segurança
e todos os que se encontram no raio de acção de eventuais ocorrências danosas
provocadas por acidentes com os equipamentos e os bens que aí se encontrem não sejam
prejudicados em circunstância alguma.
Os aspectos relacionados com os custos de manutenção e respectivo orçamento de
funcionamento são tratados através da função contabilística ou financeira.
A manutenção é ainda um factor indissociável da Qualidade cujo controlo se situa, cada
vez mais, a montante do produto final, isto é, ao nível do equipamento que o produz.
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Não há garantia de qualidade sem um bom serviço de manutenção, sendo que a
certificação da qualidade na empresa passa sempre pela auditoria ao seu serviço de
manutenção. É curioso notar que muitas vezes as auditorias para certificação da
qualidade são a pedra de toque para implantar um sistema de gestão da manutenção.
Para além disto há ainda interacções com a função administrativa e com os recursos
humanos (recrutamento, formação, etc.). Os desempenhos da manutenção como o de
todas as outras funções da organização vão ainda reflectir-se na função que é o
objectivo primeiro da organização, a função comercial.
1.5 Funções normalmente a cargo de um Serviço de Manutenção
Em empresas de pequena ou média dimensão, há a tendência para agregar aos serviços
de manutenção funções como sejam a gestão de energia, a segurança industrial, a gestão
de peças de reserva e consumíveis ou até pequenos projectos.
Esta é uma situação que se compreende pois a natureza destas funções enquadra-se no
tipo de funções que habitualmente são abrangidas pela manutenção.
2. Tipos de Manutenção
2.1 Manutenção Planeada e Manutenção não Planeada
De acordo com a forma de actuar em relação a uma dada avaria ou anomalia, as
intervenções de manutenção podem ser, essencialmente, de duas naturezas:
• Manutenção não planeada, no caso em que as avarias ocorrem de forma súbita e
imprevisível ;
• Manutenção planeada, no caso de a degradação de um dado equipamento se dar de
uma forma progressiva, de que é exemplo um ruído crescente e, portanto, permitir o
planeamento da acção de manutenção no momento mais oportuno.
2.2 Manutenção curativa e manutenção de melhoria
A manutenção curativa é efectuada após a constatação de uma anomalia num órgão, com
o objectivo de restabelecer as condições que lhe permitam cumprir a sua missão. Como
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será o caso de uma anomalia se verificar de forma súbita, interrompendo o
funcionamento do equipamento; dizemos, neste caso, que ocorreu uma avaria catalítica e
a manutenção tem de intervir de emergência.
Quando o restabelecimento das condições de funcionamento só é possível através de
alguma alteração ao equipamento ou quando as condições de manutenção, tendo em vista
a melhoria da manutibilidade e/ou da fiabilidade, recomendam que essas alterações se
façam, diz-se que a manutenção é correctiva ou de melhoria.
2.3 Manutenção preventiva sistemática
As intervenções de manutenção preventiva sistemática desencadeiam-se
periodicamente, com base no conhecimento da lei de degradação aplicável ao caso do
componente particular e de um risco de falha assumido.
Um exemplo típico de tarefas que são efectuadas em regime de manutenção preventiva
sistemática é o que respeita às operações de lubrificação. Entre elas contam-se as
mudanças de óleo para equipamentos de pequeno e médio porte e as chamadas rotinas
de lubrificação.
As rotinas diárias saem sob a forma de programa de rotinas diárias, constituído por uma
lista organizada segundo o melhor percurso onde cada linha assinala uma rotina
indicando o responsável pelo trabalho. A ordenação desta lista tem em consideração o
melhor itinerário na instalação podendo ainda contemplar a agregação lógica de
funcionário, produtos ou métodos de lubrificação.
2.4 Manutenção preventiva condicionada
As intervenções por controlo de condição desencadeiam-se no fim de vida útil dos
componentes – momento em que é possível prever, medindo as tendências dos
parâmetros que reflectem a sua degradação através das técnicas de controlo de condição,
a taxa de degradação do componente até ao eventual colapso/falha.
De acordo com esta filosofia de manutenção, deve-se proceder ao controlo sistemático da
condição dos equipamentos através da medição de parâmetros que o caracterizam de
modo a detectar as situações em que se ultrapassam os valores de referência para os
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parâmetros seleccionados, o que significa estar-se perante uma situação de início de
avaria.
A detecção de anomalias pode ser obtida de várias formas: análises de vibrações, de
temperaturas, de contaminantes nos óleos ou, ainda de acordo com a natureza das
anomalias, por gamografia, ultrasonografia, líquidos penetrantes ou outras formas de
diagnóstico.
A manutenção condicionada difere da manutenção sistemática por se ter passado da
execução de uma manutenção de forma sistemática para a execução de um controlo de
condição de forma sistemático, executando-se a manutenção só quando esta se torna
necessária.
Podemos generalizar e descrever as diferentes formas de manutenção segundo a forma
ilustrada na figura seguinte.
Fig. 2.1Formas de Manuteção
Sistemática Condicionada
Preventiva Correctiva/Curativa
Planeada
Curativa
NãoPlaneada
Manutenção
3. Níveis de manutenção
Para além dos diferentes tipos de manutenção (curativa, preventiva sistemática e
preventiva condicionada) podem considerar-se diferentes níveis de intervenção. Estes
níveis são definidos a partir da complexidade dos trabalhos a executar e do
correspondente nível técnico do executante ou equipa técnica que o virá a executar.
As normas AFNOR definem 5 níveis de manutenção caracterizados da seguinte forma:
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1º Nível – Natureza do Trabalho – Afinações simples previstas pelo construtor
sem desmontagem do equipamento ou substituição de elementos acessíveis com
toda a segurança.
Executante – Operador da máquina.
2º Nível – Natureza do Trabalho – Reparações através de substituição de
elementos “standard” previstos para este efeito ou operações menores de
manutenção preventiva (rondas).
Executante – Técnico habilitado. Em algumas situações, o operador.
3º Nível – Natureza do trabalho – Identificação e diagnóstico de avarias,
reparação por substituição de componentes funcionais, reparações mecânicas
menores.
Executante – Técnico especializado no local ou equipa de manutenção.
4º nível – Natureza do trabalho – Trabalhos importantes de manutenção
correctiva ou preventiva.
Executante – Equipa de manutenção.
5º nível – Natureza do trabalho – trabalhos de renovação, de construção ou
reparações importantes numa oficina central ou por sub-contratação.
Executante – Equipa completa de manutenção polivalente.
A definição de níveis de manutenção nomeadamente no que se refere ao executante
poderá ter definições que variarão de firma para firma. Com a introdução de novas
filosofias de manutenção, nomeadamente com o TPM cada vez mais operações de
manutenção tem cabimento à equipa de operadores da máquina.
Cada operação ou conjunto de operações preventivas para um dado equipamento, no
sistema de intervenção proposto, incluir-se-á necessariamente num destes níveis. O
mesmo se passará em relação à manutenção correctiva que venha a ter lugar durante a
laboração normal.
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4. Objectos de Manutenção
A organização, codificação e nomenclatura do parque de máquinas ou de objectos de
manutenção é um domínio muito importante para o bom funcionamento de qualquer
sistema de gestão de manutenção.
Modernamente toda a gestão da manutenção assenta sobre um sistema informático
associado, que tem em conta os princípios de organização do parque bem como outros
conceitos que seguidamente desenvolveremos.
Actualmente, está bem consolidada a prática de codificação englobando três aspectos
fundamentais:
• Funcionalidade, que determina a função do objecto na instalação. Pode designar-se,
também, por localização funcional.
• Individualidade que identifica univocamente o objecto. O objecto adquire uma única
identidade que o acompanha durante toda a vida funcional, permitindo acumular o
seu histórico ( independentemente de poder vir a mudar a sua posição funcional ).
Deverá ter um código com um formato do tipo ME 0023, que os anglo-saxónicos
designam por “tag number” , em que ME exprime o tipo de equipamento e 0023 é
um número sequencial.
• Centro de Custo que determina o seu posicionamento em relação ao custeio geral da
empresa dependendo esta definição da área financeira. No entanto, convém dotar a
área técnica de independência em relação à área financeira para que nenhuma delas
fique a perder em termos de informação.
4.1 Organização funcional
Como o seu nome indica, organização funcional consiste em especificar a função de
determinado conjunto de máquinas no contexto da fábrica. Podemos materializar o
conceito, se imaginarmos que pretendemos descrever organizadamente a nossa
instalação a alguém que nada sabe sobre ela, com clareza e exaustivamente.
Um bom método será, primeiro, identificar as grandes áreas fabris ou grandes grupos,
depois, dividir cada uma dessas áreas em subáreas.
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A organização funcional ficará, assim, codificada com um formato do tipo:
1 30 BR0002 8500
A identificação dos grandes grupos não é, normalmente, tarefa muito difícil. Por
exemplo, numa fábrica de cimento com o diagrama de fabrico indicado na figura 1,
seria razoável que apresentasse a seguinte organização:
0. FÁBRICA GERAL E INFRA-ESTRUTURAS – Sistemas que não podem ser
imputados a áreas fabris específicas, tais como desenhos, projectos, certificações,
laboratórios, comunicações e computação, básculas, veículos, infra-estruturas
civis, edifícios, etc.
1. PEDREIRA E PRÉ-HOMOGENIZAÇÃO – Cobrindo todos os sistemas para a
extracção do calcário, transporte, britagem, pré-homogenização, etc.
2. MOAGEM DE CRU – Cobrindo o moinho e inerentes sistemas, a
homogenização e armazenagem de cru.
3. FORNO – Forno e sistemas a montante – torre de ciclones e preparação do
carvão – e a jusante – arrefecedor.
4. ABASTECIMENTO DE CLÍNQUER E GESSO – Cobrindo todos os sistemas
inerentes ao abastecimento de clínquer e gesso até à sua entrega à moagem.
5. ABASTECIMENTO DE POZOLANA – Sistemas inerentes ao abastecimento de
pozolana.
6. MOAGEM DE CIMENTO – Moinho e inerentes sistemas, elevação e ensilagem.
7. EXPEDIÇÃO - Sistemas de expedição a granel ou em sacos.
9. SISTEMAS AUXILIARES – Todos os sistemas de apoio, que alguns chamam
“energia e fluídos”, tais como, combustível, distribuição eléctrica, ar
comprimido, ventilação e climatização industrial, água industrial, segurança, etc.
Esquema da organização funcional de uma fábrica de cimentos
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- 14
Fig. 4.1
00 Fábrica
Geral
10 Documentação Técnica
20 Comunicações & computação
30 Viaturas
40 50 Oficinas Manutenção
60 Básculas
70 Qualidade & Laboratórios
80 Armazéns
90 Infra-estruturas Civis - Geral
01 11 Desenhos
21 Rede Telefónica
31 Viaturas Serviço Pessoal
41 51 Oficina Mecânica
61 71 81 91 Edifícios Fabris
02 12 Certificados
22 Rede Informática
32 Frota de Carga
42 52 Oficina Eléctrica
62 72 82 92 Escritórios
03 13 23 33 43 53 63 73 83 93 Edifícios & Serviços Sociais
04
14
24 34 44 54 64 74 84 94
05 15 25 35 45 55 65 75 85 95 Parques & Logradouro
06 16 26 36 46 56 66 76 86 96 Cercas & Vedações
07 17 27 37 47 57 67 77 87 97 Drenagem Pluvial
08 18 28 38 48 58 68 78 88 98 Tratamento de Efluentes Fabris
09 19 29 Outros Sist. Comunicação
39 Outras Viaturas
49 59 69 79 89 99
Fig. 4.2 Grande grupo 0 “Infra-estruturas”
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00
Electricidade Geral
10 Combustível
20 Vapor
30 Ar Comprimido
40 Água Indust. &
ETAR
50 Manuseamento Fabril
60 Segurança & ncêndio
70 Ventilação & Climatização
80 Auxiliares Epeciais
90 Automação & Contr. Geral
01 Postos Transformação
11 Nafta
21 Central Vapor
31 Central Ar Comprimido
41 Captação & Armaz. Água
51 Gruas & Pontes Rolantes
61 Equipam. Fixo D & C Incêndio
71 Ventilação
81 Central Frio
91
02 Geradores Eléctricos
12 Gás
22 Distribuição de Vapor
32 Tratamento & Distribuição Ar
42 Água P/Produção
52 Empilhadores
62 Equipam. Móvel C. Incêndio
72 Ar Condicionado Central
82 Central Hidráulica
92
03 Iluminação
13 Carvão
23 Recuperação de Vapor
33 43 Água Serviço Geral
53 Manuseamento Diversos
63 73 Ar Condicionado Específico
83 Central Vácuo
93
04
14 Lenha
24 Prod. & Tratam Águas– Caldeiras
34 44 Água Refrigeração
54 64 74 Aquecimento Central
84 Recuperação Gases
94
05 15 25 35 45 Águas Residuais
55 65 75 Aquecimento Específico
85 Incineração Resíduos
95
06 16 26 36 46 ETAR
56 66 76 Desumidificação
86 Deposição Resíduos
96
07 17 27 37 47 57 67 77 87 Distribuição Prod. Químicos
97
08 18 Energias Alternativas
28 38 48 58 68 78 88 98
09 Energia Emergência
19 Outros Combustíveis
29
39
49 59 69 79 Outros Sist. Climatização
89 99
Fig. 4.3 Grande Grupo 9 “Sistemas Auxiliares”
Claro está que esta organização depende de quem olha a instalação e da “grandeza” que
atribui a cada área. Acontece, por vezes, que esta sistematização de primeiro nível é
reajustada quando se desenvolvem os sistemas dentro de cada grande grupo.
Os grandes grupos aqui designados 0 e 9 serão comuns à maioria das instalações fabris.
Para o desenvolvimento do segundo nível, isto é, a especificação dos sistemas dentro de
cada grande grupo, é boa política preparar umas folhas quadriculadas com 10 X 10
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quadrados, numerados como se indica na figuras anteriores e ir implantando por
sensibilidade os vários sistemas dentro de cada grande grupo. Convém no entanto:
- Deixar espaços folgados entre os vários sistemas para permitir expansão futura (
por exemplo, nova linha de produção ).
- Quando aplicável, manter coerência na codificação de sistemas idênticos em
grandes grupos diferentes. Por exemplo, «90» sempre para “ controlo
centralizado “; «11», «12», «13» para “linhas 1,2,3”, respectivamente, se na
fábrica existirem “linhas” em vários grandes grupos.
- Introduzir alguma lógica visual na sequência da numeração: por exemplo, as
dezenas 11, 12, 13, etc. para linhas 1, 2, 3, etc. Este trabalho é de tipo iterativo e só fica completo quando se olha criticamente para a
sistematização completa da fábrica e se conclui que todas as máquinas e instalações se
conseguem enquadrar na estrutura assim concebida.
Observar-se-á, quando se começarem a catalogar os vários equipamentos nestas
estruturas, que vão existir zonas de fronteira onde terá que se tomar a opção de considerar
o equipamento numa ou noutra estrutura.
Nas figuras 4.2 e 4.3 das páginas anteriores, ilustra-se a metodologia de trabalho sugerida
para os grandes grupos ”0 – Fábrica Geral” e “9 – Sistemas Auxiliares” que, com maior
ou menor conteúdo, existirão em quase todas as indústrias. Poderá adoptar, as ideias
propostas para o seu caso, podendo detalhar mais ou menos a sistematização funcional.
Por exemplo, na figura 4.3, no caso do “Vapor”, terá duas opções distintas:
1º - Criar um sistema “20 – Vapor” onde incluirá tudo quanto respeite à central de vapor,
distribuição, recuperação, etc.
2º - Criar sistemas individualizados “21 – Central de vapor”, “22 – Distribuição de
vapor”, “23 – Recuperação de vapor”, etc.
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A escolha entre as 1ª e a 2ª opções dependerá da extensão e complexidade da instalação.
Podem seguir-se as seguintes regras aproximadas:
• Um sistema deve conter um número apreciável, mas não excessivo, não
superior a 30 objectos de manutenção.
• Procurar não fragmentar excessivamente a sistematização funcional.
• Deixar quadrados em branco para permitir expansão futura e organizar os vários
sistemas com alguma afinidade. Recorde que, num sistema informático, as apresentações
são ordenadas por ordem do código.
4.2 Identidade dos Objectos de Manutenção
Os códigos de identificação dos objectos de manutenção tem, como vimos, um formato
alfanumérico de seis caracteres, MD0004 em que MD define o tipo de objecto e 0004
define o seu número sequencial, que é único e acompanhará toda a vida do objecto não
podendo existir outro com o mesmo código.
Tipo Descrição Tipo Descrição Tipo Descrição AA Instalação Geral EN Engrenagem/Caixa PR Prensa AL Alternador EP Empilhador QE Quadro eléctrico AU Autómato ES Estrutura/Construção QU Queimador BB Bomba FI Filtro RP Reservatório pressão BL Balança/Báscula GR Grua/Aparelho força SC Secador
CA Caldeira HT Equipamento hotel SF Sem-fim CD Condensador IL Iluminação SM Servomotor CE Cablagem Eléctrica MD Motor diesel SS Sensor CF Certificado ME Motor eléctrico TF Transformador CH Chumaceira MF Máquina ferramenta TQ Tanque/Depósito CP Compressor MO Moinho TT Transportador CT Controle/Comando MR Moto-redutor TU Tubagem DS Doseador MV Moto-variador VT Ventilador
EL Elevador PM Permutador de calor VV Válvula
Fig.4.4– Codificação de alguns tipos de equipamento Associado aos vários tipos de objectos de manutenção existirá um desenho - tipo de ficha
técnica tipo definindo um conjunto de características técnicas desse tipo de objecto de
manutenção.
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O interesse de incorporar no código de nomenclatura o tipo de objecto é, precisamente,
para definir a ficha técnica geral que será utilizada em todos os equipamentos desse tipo.
Na figura 4.4 sugere-se uma metodologia para codificação de alguns tipos de
equipamento e, na figura 4.5, alguns modelos de ficha técnica.
ME- Motor Eléctrico MD- Motor Diesel Identificação MARCA MODELO NºSÉRIE ANO Especificação POTÊNCIA(Kw) RPM AMPERAGEM(A) VOLTAGEM CLASSE IP
Identificação MARCA MODELO NºSÉRIE ANO Especificação TURBOALIMENTADO POTÊNCIA(Kw) RPM NºCILINDROS DISPOSIÇÃO CURSO (mm) DIÂMETRO(mm) PESO(Kg) LxBxH(mm)
EP- Empilhador EN- Engrenagem/Caixa Identificação MARCA MODELO NºSÉRIE ANO Especificação TIPO CAPACIDADE POTÊNCIA MOTOR
Identificação MARCA MODELO Nº SÉRIE ANO Especificação RELAÇÃO POTÊNCIA (Kw)
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CE- Cablagem Eléctrica Identificação MARCA MODELO Nº SÉRIE ANO Especificação TIPO NºCONDUTORES MATERIAL DIA. (mm)
BL- Balança/Báscula Identificação MARCA MODELO NºSÉRIE ANO Especificação TIPO CAPACIDADE Metrológicas GAMA VALOR DIVISÃO ERRO MÁX. ADMISS. PADRÃO RESOLUÇÃO COND. REFERÊNCIA
Fig. 4.5 – Exemplos de modelos de fichas técnicas
Observar-se-á que:
O conceito de tipo de equipamento é lato, isto é, não procura especificar muito o
equipamento.
A raiz alfanumérica com duas letras sugestivas (três para o equipamento de medição,
inspecção e ensaio) é agradável para trabalhar, porém, não há inconveniente em qualquer
outra convenção – mais/menos letras, numérica, etc.
Os desenhos das fichas técnicas propostas são básicos. O utilizador poderá ter interesse
em considerar outras características. Só terá que saber que, uma vez desenhada a sua
ficha técnica definitiva, terá que utilizá-la para todos os equipamentos desse tipo.
As características a incorporar na ficha técnica serão aquelas de que os técnicos
necessitarão mais correntemente. É boa regra manter em todos os equipamentos as quatro
características identificativas básicas: marca, modelo ou tipo, nº de série do fabricante e
ano de fabrico, normalmente constantes das chapas sinaléticas.
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4.3 Caderno de Máquina.
O caderno de máquina é um dossier ou ficheiro onde devem estar incluídos os
documentos referentes a um dado equipamento, de modo a facilitar a consulta e tornar
acessível a sua informação aos normais utilizadores da documentação da manutenção.
As partes essenciais de um caderno de máquina são :
• Especificação
• Historico
• Reservas
• Instruções de manutenção
• Desenhos
• Sub-equipamentos
• Diversos
As divisões de um caderno de máquina poderão variar de empresa para empresa; no
entanto não se afastarão do esquema aqui proposto.
Indicam-se, seguidamente, os assuntos mais comuns que deverão ser incluídos em cada
uma das partes acima referidas. Assim teremos:
• Especificação constituída por:
a) Ficha Técnica onde estão indicados a Identificação e a Especificação do equipamento,
já anteriormente referidas.
b) Características de Funcionamento, que deverão mencionar todas as características
que digam respeito às condições normais de funcionamento, como sejam condições
normais de pressão, temperatura, velocidade, potência e outras.
c) Condições Específicas, onde deverão incluir-se os parâmetros utilizados no controlo
de condição ou outros, como sejam momentos de inércia, número de dentes e
módulos de engrenagem, binários, características de rolamentos e os materiais
constituintes dos órgãos mais importantes.
d) Lista de Desenhos, completa com todos os desenhos existentes na empresa referentes
ao equipamento, bem como a sua localização.
e) Documentação Técnica, constituída por catálogos, instruções de condução e de
manutenção.
- 21
f) Manuais de inspecção e lubrificação, que são documentos muito valiosos na
clarificação dos conteúdos das ordens de trabalhos telegráficas ou rotinas permitindo
esclarecer os conteúdos das rotinas e fornecer os dados necessário aos operadores.
Esta ultima função de fornecimento de dados aos operadores é de grande importância dada
a tendência moderna de atribuir ao operador do equipamento cada vez mais tarefas de
manutenção.
• Historico, constituído por:
a) Processo de compra;
b) actas e correspondência;
c) histórico dos trabalhos efectuados na máquina.
• Reservas, constituído por:
a) Lista de peças de reserva
b) Consultas e novas aquisições
• Instruções de Manutenção, constituído por:
a) Tarefas de manutenção sistemática
b) Inspecções de manutenção condicionada
c) Preparações tipo
• Desenhos, constituído pelos desenhos do equipamento, bem como os desenhos
produzidos ao longo da vida do equipamento correspondendo a modificações
introduzidas.
• Sub-equipamentos, constituído por informações referentes a instrumentação,
motores eléctricos auxiliares, válvulas etc..
- 22
4.4 Centros de custo
O centro de custo serve para distribuir os custos da manutenção por componentes
individualizadas que a gestão determinou ser vantajoso para efeitos de quantificação geral
de custos e análises de desempenho.
A filosofia de criação dos centros de custo varia de empresa para empresa e é
influenciada pela forma como era possível, com os sistemas tradicionais de gestão da
manutenção, apurar os respectivos custos por forma a poder imputá-los, coerentemente,
aos correspondentes custos da produção e, assim, poder responder a questões do tipo:
qual o custo total para produzir o artigo “A” ?
Assim, em alguns casos, os centros de custo referem-se a um equipamento ou conjunto
particulares; noutros, a uma linha completa de produção; noutros, ainda, à fábrica como
um todo.
O centro de custo deve representar a agregação dos custos de manutenção segundo o
critério que for solicitado pela gestão financeira da empresa sem qualquer preocupação de
identificação com a estrutura funcional organizativa do parque de objectos de
manutenção. Isto é, o “centro de custo” é um apêndice do sistema de gestão de
manutenção fundamentalmente destinado a produzir, rapidamente, a informação
financeira necessária para a gestão geral da empresa.
5. Ordens de trabalho
5.1 Definição
Ordem de trabalho é o documento que transmite para a área da intervenção técnica a
necessidade de realização do trabalho fornecendo as instruções necessárias para a sua
execução.
A ordem de trabalho serve ainda como centro aglutinador para o registo do esforço e dos
recursos previstos e despendidos (mão-de-obra, materiais e serviços), e respectivos custos,
na realização do trabalho.
- 23
A ordem de trabalho deverá ainda ser o suporte para o registo de diagnósticos de condição
e sugestão de acções futuras.
A OT – figura 5.1 – é constituída pelos seguintes blocos de informação:
• Identificação
• Génese e parâmetros de gestão
• Preparação dos trabalhos
• Suporte para o reporting
OT Nº 000370 – OT CONDICIONAL – MANUTENÇÃO PREVENTIVA
OBJECTO: PB-0003 – PORTA BOBIBES Nº 3 (CANELAR GROSSO)
Marca: MAGGERINI
Modelo: SD – 05.3
Número: 02/1455L/3
Grande Grupo: 1 – Fabricação Cartão Canelado
Sistema: 12 – Parafinadora
Centro Custos: 50 – Máquina Canelar
TRABALHO: REVISÃO GERAL MECÂNICA – 12 M
Pedido: 9700133 – 97/06/01 Sintoma: Fraco rendimento
Emitida: 97/06/14 (19H23)
Ficha Manut.: PB001 – Revisão Geral Mecânica – 12 M Período: 12 Mês(es)
Estado Funcion.: L-Linha parada
Ficha Registo:
Prev. Duração: 96 Horas
- 24
Data Última: 12-09-1996
Data Prevista: 12-09-1997 Estado OT: Preparada
Entidade: MM – Manutenção Mecânica
Preparação:
BOMBA DE ÓLEO HIDRÁULICO
Desmontagem.
Lavagem de componentes c/ líquido apropriado.
Substituição de todos os vedantes (retentores e o’rings).
Verificação do estado da superfície de todos os veios, casquilhos e rolamentos.
Verificação do estado de todos os carretos, dentes de engrenagem e caixas de acoplamento.
Verificação do corpo da bomba.
Comprovar vedação das ligações das tubagens e mangueiras hidráulicas.
Montagem.
Ensaio da instalação.
MACACOS HIDRÁULICOS (2)
Verificação do estado de funcionamento.
Caso apresentem folgas consideradas exageradas, proceder da seguinte forma:
Desmontagem.
Substituição de componentes, com recurso a kits de reparação.
MÃO-DE-OBRA PLANEADA
MEC 01 Encarregado mecânica 2 HH
MEC 02 Mecânico 1ª 9 HH
MEC 09 Ajudante mecânica 9 HH
ELE 02 Electricista 2ª 3 HH 282,750$
MATERIAIS
L.HI.010.033 Transgear 20/40 15 Lt
A.MI.116.034 Kit reparação Rooth ref. 24/899 1 Un
B.RO.040.040 Rolamento SKF 6200 zz 4 Un 17,460$
FERRAMENTAS
F.CH.200.027 Chave dinamométrica 15-30 N.m 1
SERVIÇOS
- 25
000234 Pereira & Matos Reacondicionamento ferrodos (4) 20,000$
CUSTO TOTAL 320,210$
Fig. 5.1 – Ordem de trabalho completa
5.2 Elementos de gestão de uma Ordem de Trabalho
Definido e identificado que esteja o objecto a que se destina, a identificação da OT fica
completa com:
Número – de ordem, sequencial, sem qualquer significado sistematizado. É único e não
repetível.
Descrição ou título do trabalho – coloquial, exprimindo, na linguagem corrente, “do que se
trata”. Deve respeitar-se certa uniformidade. Sugerimos manter a sequência equipamento +
trabalho, assim: “Agitador Pasta nº4 – Revisão Anual”.
Data e hora – em que foi elaborada.
Tipo de trabalho – expressão, na linguagem de gestão da Empresa, do tipo de actividade de
que se trata, enquadrável num grande tipo de manutenção (correctiva, preventiva ou
curativa).
Entidade responsável
Todos os trabalhos de manutenção terão uma entidade responsável pela sua execução,
desde o início da intervenção até à reentrega do equipamento para operação. Este facto não
impede, porém, que determinado trabalho da responsabilidade, por exemplo, da oficina
mecânica, incorpore esforço da oficina de electricidade, de fornecedores externos, etc. A
entidade responsável poderá ser:
• Interna – oficina mecânica, oficina electrica, etc.
• Externa – prestador de serviços de manutenção ou empresa contratada.
Estados de funcionamento para a realização do trabalho
- 26
Convém sempre especificar na OT o estado de funcionamento necessário para realizar o
trabalho. São possíveis os seguintes estados de funcionamento:
• A funcionar
• Máquina parada
• Linha parada
• Paragem anual
Previsão da duração
É, igualmente, importante especificar a previsão da duração do trabalho. Outro aspecto que
tem de estar claro é a diferença entre o tempo de intervenção (T I) e o período de
imobilização do equipamento (P I): o primeiro responde, em linguagem corrente, à questão
“quanto tempo foi dedicado a fazer o trabalho” e, o segundo, à questão “durante que
período de tempo decorreu”. Os T I e P I serão coincidentes se o trabalho for todo
realizado seguido, no mesmo dia, mas serão diferentes se ocupar mais do que um dia ou for
interrompido. Se um trabalho necessitar, por exemplo, de um tempo de reparação de 24
horas, isso envolverá um período de intervenção de 3 dias, se o regime de trabalho for de 1
turno de 8 horas diárias, ou de 1 dia, se o regime de trabalho for de 3 turnos de 8 horas
diárias.
Génese da OT
Por génese entende-se aquilo que está na origem da OT. Observámos, no parágrafo
anterior, a vantagem de incorporar um nível hierárquico para o solicitante da OT. Esse
conceito ajusta-se perfeitamente aos pedidos de trabalho. Por regra, o trabalho oriundo do
planeamento da manutenção assumirá o nível hierárquico 3 de acordo com a acepção
definida anteriormente.
As origens possíveis dos vários tipos de trabalho, definidos anteriormente, são as
seguintes:
• OT sistemática – cumprimento de um ciclo de manutenção sistemática, de acordo
com as recomendações do fabricante ou a experiência operacional adquirida ou
exigências da Qualidade ou organismos reguladores;
• Calibração – do mesmo tipo que a OT sistemática;
• Rotinas de inspecção e lubrificação – do mesmo tipo que a OT sistemática;
- 27
• Inspecções de condicionada – do mesmo tipo que a OT sistemática;
• Análises de óleos – do mesmo tipo que a OT sistemática;
• OT preventiva condicional – indicações resultantes das rotinas de inspecção e
lubrificação, reporting de outros trabalhos, análises de manutenção condicionada e
informação dos operadores;
• OT curativa– pedidos de trabalhos curativos ou inoperacionalidade declarada do
equipamento;
• OT correctiva– estudos de alterações.
5.3 Grau de prioridade
A fim de se poder seriar as várias ordens de trabalho de acordo com a sua prioridade,
criou-se um critério em que o grau de urgência (U), combinado com o grau de criticidade
do objecto (C) e com o nível hierárquico do solicitante (H), definirá a prioridade para a
realização do trabalho (P), da seguinte forma:
P=UxCxH
Em que U, C e H são definidos como se segue:
• Grau de urgência U
O grau de urgência (U) de uma OT será classificado de acordo com um código de 1 a 4,
com as seguintes acepções:
1. Emergência – trabalhos correctivos exigindo reparação no mais curto espaço de
tempo, designadamente, os que envolvam ameaças para a segurança, um potencial de
propagação de determinada avaria para grandes proporções e a correcção de
intervenções anteriores mal executadas.
2. Urgência – trabalhos correctivos ou preventivos condicionais destinados a eliminar
tempos de não produção.
3. Normal – em regra, para todos os trabalhos preventivos planeados e as rotinas.
4. Quando conveniente – para trabalhos de incidência cosmética.
- 28
•
•
Grau de criticidade C
O grau de criticidade de um objecto de manutenção será classificado de acordo com um
código de 1 a 4, com as seguintes acepções:
1. Muito crítico - refere os equipamentos com grandes áreas de incidência,
designadamente, sistemas auxiliares (ar comprimido, vapor,energia eléctrica, etc.) e
segurança. A sua inoperacionalidade conduzirá à perda significativa de produção da
fábrica, uma quebra grave no seu rendimento ou uma ameaça à segurança.
2. Crítico - é o equipamento chave, sem redundância, cuja inoperacionalidade reduzirá a
capacidade de produção.
3. Normal - englobará a maioria dos equipamentos. A sua inoperacionalidade terá
4. impacto negativo na produtividade e na moral de grupo.
5. Baixo - refere equipamento com pouca utilização, redundante ou com fraca influência
na produção.
O grau de criticidade do equipamento deve ser estabelecido numa reunião formal entre a
gestão da manutenção e a produção, o mesmo se aplicando aos outros atributos que
contribuem para a prioridade.
Nível hierárquico H
O nível hierárquico do solicitante, (H) de uma OT será classificado de acordo com um
código de 1 a 4, com as seguintes acepções:
1. – Gestão de topo
2. – Produção (com impacto directo nas receitas)
3. – Gestão intermédia
4. – Outros
Este factor pode ser eliminado desde que se assegure previamente qual deve ser a
qualidade do solicitante, admitindo o valor 1 quando ele tem essa qualidade e o valor 0
(equivalente à negação do trabalho) quando não a tem.
- 29
O Grau de Prioridade “P” variará, portanto, entre 1 e 64, ou entre 1 e 16, correspondendo
o valor 1 ao nível mais elevado da prioridade.
Se admitirmos uma escala de 16, podemos dividir os graus de prioridade em 4 escalões:
- GP1 – de 1 a 4 – intervenção a iniciar de imediato
- GP2 – de 5 a 8 ou 10 – intervenção a iniciar dentro de 48 horas após a recepção
do pedido
- GP3 – de 9 ou 11 a 12 – intervenção a iniciar dentro de 10 dias após a recepção
do pedido
- GP4 – de 13 a 16 – a realizar oportunamente
Veremos que este conceito nos ajudará a programar a execução dos trabalhos
proporcionando-nos um guia para escolher, no caso de um programa apertado, quais os
trabalhos que não se podem deixar para trás e quais os que nos permitem alguma
flexibilidade.
Como com qualquer outro indicador, este também deve ser utilizado com senso, o que
significará que, em alguns casos, o senso comum se sobreporá ao valor numérico.
5.4 Preparação do Trabalho
De acordo com as normas portuguesas de manutenção, preparação do trabalho é a
especificação do trabalho descrevendo o modo operatório a utilizar, a sequência das
operações, materiais e peças a aplicar, ferramentas e aparelhagem de medida a utilizar,
especialização, qualificação e quantidade de executantes, normas de segurança a observar
e tempos previstos de execução.
O departamento responsável pela sua elaboração tem, normalmente, o nome de
Preparação. É neste departamento que se estuda o melhor método para executar
determinado trabalho e os recursos que devem, antecipadamente, ser disponibilizados para
o executar. Neste contexto, é interessante a utilização da técnica do “Estudo de métodos e
tempos”, segundo a qual se faz uma abordagem crítica à maneira de executar determinado
trabalho observando-se, detalhadamente, “como se tem feito” e estudando, depois, as
alternativas possíveis, isto é, “como se poderia fazer”, ponderando sempre os benefícios
eventualmente resultantes dos caminhos alternativos. Com esta técnica, que pouco mais é
do que o exercício dirigido do bom senso, obtêm-se resultado interessantes.
- 30
Em trabalhos mais complexos que envolvam, simultaneamente, um número apreciável de
intervenções, podem utilizar-se as técnicas de planeamento baseadas na identificação do
caminho crítico através do estudo das interdependências entre as várias tarefas. È o método
conhecido por PERT (Project Evaluation and Revision Technique) ou CPA (Critical Path
Analysis) que se traduz, posteriormente, num simples diagrama de planeamento de barras,
também conhecido por Gráfico de Gantt que abordaremos oportunamente.
Em termos práticos, a preparação do trabalho é constituída, por:
• Descrição das tarefas
• Previsão das tarefas
• Ferramentas
• Previsão da mão-de-obra
• Serviços do exterior
E, consequentemente,
• Previsão dos custos
Descrição das tarefas
Começará, pela especificação das normas de segurança a utilizar, cuidados prévios a ter e
pela referência às normas e documentos aplicáveis ao trabalho seguindo-se a descrição
sequencial das tarefas.
Preconizamos que esta descrição seja do tipo telegráfico, sintética, cobrindo todos os
órgãos a intervencionar e todas as tarefas a executar. Ao técnico experiente não ofenderá
dispor de uma lista completa; para o menos experiente será essencial cobrir todos os itens.
A descrição das tarefas poderá ser complementada com mapas para registo de valores,
esquemas e listas de verificações. É o que acontece, por exemplo, com as calibrações, onde
o conteúdo principal do trabalho consiste em registar valores, efectuar cálculos e compará-
los com valores de referência. O mesmo acontecerá para registar folgas de moentes,
dimensões de controlo dos diâmetros de camisas, etc. onde o mapa de registo costuma ser
apoiado com figuras esquemáticas.
- 31
Previsão das peças
A previsão das peças é um elemento importante para a gestão do armazém e/ou dos
aprovisionamentos. A disponibilidade das peças necessárias, na altura certa, é factor
decisivo para o bom desempenho da manutenção.
A previsão pode ser feita com razoável rigor nas OTs planeadas utilizando-se, como regra
prática, uma previsão por excesso, isto é, admitindo-se a pior situação. Em alguns casos, o
responsável pela intervenção, ao acercar-se do equipamento, leva já o conjunto das peças e
das ferramentas previstas. As peças que eventualmente não forem aplicadas serão
devolvidas ao armazém.
Modernamente a gestão dos materiais de manutenção orienta-se no sentido de ter as peças
disponíveis só nas alturas em que vão ser necessárias. Em termos teóricos traduz-se por
manter em armazém uma existência perto do zero e aprovisionar só quando necessário para
a manutenção, segundo a modalidade de aplicação directa: compram-se as peças para
aplicação imediata. “Stock” de peças significa custo em materiais. Uma boa previsão de
peças conduz a uma boa previsão em custos de materiais.
Previsão de ferramentas
A necessidade de prever as ferramentas é óbvia. Na prática, esta previsão acaba por incidir
só nas ferramentas especiais. É essencial no caso do equipamento de medida e nas
calibrações em que a ferramenta será, normalmente, o padrão de referência.
Aplicam-se as considerações que se fizeram para a descrição das tarefas: o detalhe não
deve ser tão grande que sugestione o utilizador a habituar-se a não ler, nem tão curto que o
conduza a ter que regressar várias vezes à ferramentaria para pegar numa ferramenta de
que se esqueceu.
Previsão de mão-de-obra
- 32
A previsão de mão-de-obra destina-se a especificar o esforço humano interno necessário
para realizar o trabalho. É expresso em horas.homem (HH). A partir das HH obtém-se a
previsão dos custos de mão-de-obra por aplicação dos custos padrão da HH, conforme foi
já referido. A especificação da mão-de-obra deve ser feita por especialidade que é também
o item de referência para o custo padrão da HH. Ilustra-se no quadro seguinte.
Especialidade HH
Custo Padrão
HH
Custo Total
MO
Mecânico de 1ª 4 1.400$00 5.600$00
Ajudante de Mecânico 5 800$00 4.000$00
Electricista de 1ª 2 1.400$00 2.800$00
12.400$00
A mobilização em HHs influencia a duração do trabalho mas não a determina, já que as
intervenções dos vários técnicos são feitas, em maior ou menor grau, em paralelo umas
com as outras.
Para além do interesse de quantificar o esforço humano no trabalho, a previsão da mão-de-
obra, no contexto da gestão de um conjunto de trabalhos, será um elemento essencial para
determinar a carga de trabalho e avaliar sobre a viabilidade da execução do programa
completo dos trabalhos, confrontando esta carga programada com a carga disponível.
Previsão de serviços do exterior
A realização de determinada OT pode ser planeada para ser executada:
• Totalmente com os recursos próprios;
• Parte, com os recursos próprios e, parte, com serviços do exterior (por exemplo,
rebobinagem de um motor, assistência de um técnico especializado, etc.);
- 33
• Totalmente com serviços do exterior (por exemplo, trabalho do representante do
equipamento, contrato de manutenção, etc.).
Nos dois últimos casos haverá lugar à previsão de um custo com serviços do exterior.
Previsão dos custos
A previsão dos custos directos dos trabalhos de manutenção resultará da agregação dos
custos parciais calculados acima. São, portanto, expressos da seguinte forma:
Custo total = Custo M.O. + Custo peças + Custo serviços
De notar que, na maioria dos casos, em manutenções próprias, o custo da utilização dos
recursos oficinais (horas.máquina) é considerado como gastos gerais incluídos no custo do
HH do pessoal, como referido mais acima.
5.5 Elaboração de uma ordem de trabalho
Vimos anteriormente que a componente mais trabalhosa para elaborar uma OT é a
preparação do trabalho. Introduziremos agora alguns conceitos e componentes que
auxiliam, na prática, essa elaboração.
Biblioteca de preparações padrão
A preparação dos trabalhos de uma Ordem de Trabalho será mais ou menos complexa
consoante o equipamento a que se destina. Imaginemos, por exemplo, um agitador
constituído por:
• Agitador, propriamente dito;
• Redutor;
• Motor eléctrico.
Suponhamos que determinada OT tinha uma preparação com o conteúdo indicado na
figura seguinte.
- 34
Observamos que esta preparação é, de facto, constituída por três blocos: um, respeitante
ao agitador, propriamente, outro, ao redutor e outro, ao motor.
Agitador Nº1 – Revisão geral
Tarefas a realizar
Agitador
Lavar totalmente com água doce e detergente
Desmontar impulsor e levar à oficina mecânica
Verificar retentor e substituir, se necessário
Encher arestas de ataque a soldadura
Rectificar
Redutor
Abrir tampas e inspeccionar engrenagens
Substituir a carga de óleo
Verificar retentores
Motor
Desmontar e levar à oficina de electricidade
Lavar com fluído dieléctrico e levar à estufa
Medir resistências de isolamento do estado do rótor
Envernizar e levar à estufa
Remontar, instalar e verificar acoplamento
Alinhar e testar funcionamento
Previsão de materiais
2.RT.010.011 Retentor mecân. SKF1650-1 } <para o agitador>
L.MO.020.007 Retentor mecânico-1 } <para o redutor>
2.RT.080.002 Galp Diesel 20W40-20 lts
2.RO.100.101 Rolamento FAG6200Z-2 } <para o motor>
Previsão de Mão-de-Obra HH
Mecânico de 2ª 4
Ajudante de Mecânico 6 } <para o agitador>
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Soldador de 1ª 1
Operador Máquinas de 1ª 4
Mecânico de 1ª 1 } <para o redutor>
Ajudante de Mecânico 4 } <para o motor>
Electricista de 1ª 4
Teria sido possível, portanto, para elaborar a preparação desta OT, ter trazido,
sucessivamente, o bloco de preparação referente ao agitador, depois, o do redutor e,
finalmente o do motor eléctrico. Esta possibilidade ilustra um recurso muito interessante
que se explora particularmente bem com um sistema informático: a biblioteca de
preparação padrão.
Esta biblioteca não é mais do que um arquivo onde se arrumam de forma organizada um
conjunto de preparações padrão prontas a serem utilizadas na elaboração das preparações
específicas dos vários objectos de manutenção. Estas preparações padrão poderão,
naturalmente, ser depois ajustadas e editadas de acordo com as necessidades específicas
do objecto onde são utilizadas. Trata-se, de facto, de um recurso semelhante ao copy and
paste dos programas de tratamento de texto, onde a fonte para o copy está numa
biblioteca organizada e o local do paste é a OT que estamos a preparar.
A utilização da biblioteca de preparações padrão é ainda mais evidente nas OTs
sistemáticas. Porém, o recurso também pode e deve, ser utilizado em situações
condicionais ou correctivas, por exemplo, na substituição de correias de um ventilador, na
reparação de uma avaria previsível a partir da detecção de determinado sintoma, etc.
O conteúdo e a organização desta biblioteca depende largamente do tipo da instalação e
do estilo do gestor: este último deve, seguramente, dedicar reflexão apreciável a este
recurso já que ele terá influência decisiva na produtividade do processo de gestão da
manutenção.
Para referenciação das preparações padrão da biblioteca temos boa experiência com uma
codificação sugestiva do tipo que se explicita:
DETZ01 – Motor Deutz 6V14 – revisão 200 horas
- 36
DETZ02 – Motor Deutz 6V14 – revisão 600 horas
DETZ03 – Motor Deutz 6V14 – revisão 3000 horas
DETZ04 – Motor Deutz 6V14 – revisão geral 10 000 horas
DETZ10 – Motor Deutz 8L – revisão 200 horas
DETZ11 – Motor Deutz 8L – ...etc.
ATLS001 – Atlas Copco H30 – revisão 60 horas
MECA001 – Motor eléctrico CA – revisão intermédia 2 A
MECA002 – Motor eléctrico CA – revisão geral 4/5 A
MECC001 – Motor eléctrico CC – revisão intermédia 2 A
MECC002 – Motor eléctrico CC – revisão geral 4/5 A
BBCF001 – Bomba centrífuga – inspecção anual
O único objectivo a ter em mente é dispor de uma metodologia uniforme e simples que
permita organizar a biblioteca de forma lógica que permita, amanhã, encontrar
rapidamente o que se pretende.
Fichas de manutenção
O termo ficha de manutenção, na sua acepção corrente, é sinónimo de preparação de
trabalhos de manutenção preventiva sistemática. Ouviremos falar delas, com os
significados seguintes:
Fichas de manutenção preventiva (FMP) = preparação de trabalhos preventivos
sistemáticos;
Fichas de calibração (FCB) = preparação de trabalhos de calibração.
Rotina de lubrificação = preparação (telegráfica) de um trabalho de lubrificação;
Rotina de inspecção = preparação (telegráfica) de um trabalho de inspecção.
Nada impede que se expanda o conceito de ficha de manutenção também para
trabalhos não sistemáticos desde que sejam planeáveis, isto é, desde que haja
possibilidade de elaborar antecipadamente uma preparação de trabalho:
Ficha de manutenção quando necessário (FQN) = preparação de trabalhos
necessários em resultado de um diagnóstico ou da ocorrência de uma avaria. Exemplos:
- 37
ficha para substituição de correias de um electroventilador; ficha para reparação de uma
avaria repetitiva.
Entendamos, portanto, o termo ficha como sinónimo de preparação de trabalhos quando
for viável ter essa preparação previamente feita.
A ficha de manutenção preventiva sistemática, por exemplo, é a expressão do plano de
preventiva sistemática de um determinado objecto, entendido como aquilo que o
fabricante ou a experiência recomendam que se faça e de que maneira. Especifica-se que
o trabalho deve ser feito de “X” em “X” tempo, mas ainda não se fala em datas nem em
quem o faz.
A OT. por outro lado, é a expressão operacional deste plano, isto é, referenciam-se as
datas e quem é responsável pela execução do trabalho.
É comum ouvir-se dizer, por exemplo, que o plano de manutenção preventiva do
empilhador Marca A tipo B é constituído pelas seguintes fichas de manutenção
preventiva (FMP):
EP001 – Revisão das 200 horas
EP002 – Revisão das 1000 horas
EP003 – Revisão geral das 5000 horas
O plano de calibrações do manómetro ARMAT 200 é constituído pelas seguintes fichas
de calibração (FCL):
MN020 – Calibração anual
MN021 – Controlo semestral
5.6 Pedidos de Trabalho e Estados e Circuitos da Ordem de Trabalho
Embora, na sua
acepção básica, Ordem de Trabalho exprima, formalmente, uma instrução do tipo “faça-
se isto, desta forma, com estes recursos”, na prática, a OT atravessa vários estados de
gestão, em função do seu posicionamento no circuito de execução. Ela pode estar:
- 38
preparada (programada com data cega)
programada (com data decidida)
pendente
emitida
em curso
terminada
encerrada
OT preparada
Neste estado de gestão, a OT contém uma data cega prevista para realização, isto é, ainda
não se analisou a viabilidade do programa, se o objecto de manutenção estará disponível,
se existem as necessárias disponibilidades de mão-de-obra e de peças. No seu conjunto
formam o programa de manutenção de referência. O conteúdo da OT é meramente
indicativo.
OT programada
A OT programada tem uma data de realização já definida após uma análise ao programa
de referência. No seu conjunto as ordens de trabalho formam o programa operacional de
manutenção. O seu conteúdo no respeitante a mão-de-obra, peças, ferramentas e serviços
são ainda previsões.
OT pendente
É um caso particular, intermédio entre a OT preparada e a OT programada. É uma OT
que se pretende com data decidida mas que não pode ser executada, por um dos seguintes
motivos:
IN - Indisponibilidade do equipamento
MA - Falta de peças ou materiais
MO - Falta de mão-de-obra
TE - Falta de técnico especialista
Neste caso, o motivo de trabalho pendente deve ser assinalado por forma a que, tão cedo
quanto desaparecer, a OT possa assumir uma data decidida sem restrições.
- 39
OT emitida
OT emitida é a que já saiu da área do planeamento para a área de intervenção técnica. O
que acontece a partir do momento que a OT é emitida:
A responsabilidade do trabalho transitou da área do Planeamento para a da
Intervenção Técnica.
A data marcada para a realização já não pode ser alterada pelo Planeamento. Pode
só sê-lo pela Área de Intervenção Técnica.
A OT não pode regressar ao seu estado anterior de programada.
A OT está pronta para começar a receber os registos de execução, designadamente:
- notas sobre a realização de várias tarefas
- imputações de mão-de-obra
- imputações de peças e materiais
- registo de serviços do exterior
No domínio dos recursos de mão-de-obra, peças e serviços passam-se das previsões para os
recursos efectivamente aplicados, conduzindo à constituição do custeio.
OT em curso
Refere a OT cujos respectivos trabalhos foram iniciados. Como referido, a partir do
momento em que a OT foi emitida, passou a ser gerida pelo respectivo responsável da
intervenção técnica, pelo que será este a precisar a data e hora de início dos trabalhos. Este
elemento, e os outros relativos à finalização dos trabalhos – data e hora do fim – irão ser
úteis para calcular os indicadores de desempenho como é o caso do MTTR – tempo médio
de reparação; MWT – tempo médio de espera, etc.
OT terminada
O trabalho foi terminado e o equipamento reentregue para a operação. A diferença entre a
data e hora de início e a data e hora do fim determina o período da intervenção que, como
vimos, será, se não houve interrupções, igual ao tempo de intervenção. A OT pode, no
entanto, continuar a receber imputações de apontamentos e recursos tardios (por exemplo,
uma factura de serviços chegou depois de o trabalho ter sido terminado).
- 40
OT encerrada
A OT já não pode receber qualquer imputação. O seu conteúdo essencial foi condensado e
transferido para histórico. A OT transformou-se num relatório final de trabalhos.
Outros tipos de OT
A Ordem de Trabalho que se descreveu anteriormente é a mais completa possível e dirige-
se a um objecto determinado. Deve, como recomendámos, incidir, por regra, sobre um item
– equipamento– a fim de não pulverizar demasiado o parque de objectos a gerir, não ter
muitas OT, muito papel a circular bem como as consequentes exigências administrativas e
dispersão da gestão.
Por outro lado, há trabalhos que não requerem mais do que o título para ficarem
convenientemente especificados. Distinguiremos as seguintes modalidades de OT diversas
do tipo que abordámos anteriormente.
OT abreviada
É uma OT completa, tal como se descreveu, só que, do seu conteúdo total, é emitido
apenas uma parte para a área de intervenção técnica. Um exemplo típico poderá ser uma
OT de calibração onde, em vez de se emitir sistematicamente a preparação completa do
trabalho, só se manda para a área de intervenção técnica a ficha de registo de calibração.
Rotina ou OT telegráfica
O título chega para a descrever. É típica das rotinas de inspecção e lubrificação. O
título/descrição é constituído pela concatenação das expressões:
Na lubrificação:
Código da OT
Código do equipamento } Identificação
Órgão
Método } Tarefas
Produto
- 41
Quantidade prevista } Previsão materiais
Especialidade
Duração prevista } Previsão mão-de-obra
Exemplo:
0005767-MD0017 Cárter – Nível atestar – Camius 10W20 – 10Lts – MEC08 – 10min
Na inspecção:
Código da OT
Código do equipamento } Identificação
Órgão
Método } Tarefas
Parâmetro
Valor
Especialidade
Duração prevista } Previsão mão-de-obra
Exemplo:
000568-MD0017 Correias – Tensão – Folga Máx.30mm – MEC02 – 5 min
O conteúdo do título alcança todos os detalhes descritivos da OT completa. Neste caso,
faz-se coincidir a duração prevista com a mobilização do pessoal pelo facto de estes
trabalhos serem realizados por uma única pessoa.
Em termos de gestão, são OTs, porém, dado o seu carácter sistemático, designam-se por
rotinas.
- 42
OT como resultado do pedido de trabalhos
É uma situação que resulta quando são pedidos trabalhos correctivos, dado que na altura
do pedido de trabalho ainda não se sabe em que consistirá exactamente o trabalho.
Neste caso a OT é, na altura da sua emissão, fundamentalmente, um número e um título,
agregados dos apontamentos e registos necessários. O conteúdo das tarefas, mobilizações
de mão-de-obra, peças e serviços, surgirão a posteriori na forma de relatório de trabalhos
realizados e de recursos aplicados.
Pedido ou requisição de trabalho é, de acordo com as normas portuguesas, o documento
que solicita a execução de um trabalho.
O pedido pode ser destinado à oficina de manutenção própria ou a uma oficina exterior.
Utiliza-se, predominantemente, para solicitar intervenções correctivas ou para antecipar
manutenção preventiva – sistemática ou não – que a inspecção ou o controlo de
funcionamento revelou ser necessário realizar. Os trabalhos de tipo sistemático a realizar
nas datas previstas não necessitam de requisição já que o próprio sistema de gestão se
encarregará de os assinalar automaticamente.
Os pedidos de trabalho devem conter:
como coordenadas do pedido
Número e descrição
Quem pede e respectivo departamento
A quem se destina o pedido departamento ou prestador de serviços
Data e hora
como coordenadas do objecto
Código, descrição, coordenadas funcional e de centro de custo •
•
•
como parâmetros para gestão
Grau de urgência – com a mesma terminologia das OTs: 1-Emergência; 2 Urgência;
3-Normal; 4-Quando conveniente
Data em que é necessário satisfazer
- 43
como conteúdo
As tarefas a realizar normalmente sob a forma de pré-descrição, incluindo o sintoma da
avaria, etc.
Em algumas empresas o pedido de trabalho assume o papel da OT como centro agregador
dos custos futuros do trabalho, o que não nos parece correcto dado que qualquer pedido de
trabalhos só deverá assumir a forma de OT após aprovação, tácita ou formal.
6. Planeamento e Programação de trabalhos
Gerir um trabalho de manutenção significa normalmente, programar as diferentes tarefas
que vão permitir levá-lo a bom termo.
Esta ideia aplica-se a pequenos ou grandes trabalhos, repetitivos ou não, como poderá ser
a reparação de um agitador ou de toda uma área fabril. Para organizar e gerir as diferentes
fases de uma grande intervenção de manutenção torna-se necessário recorrer a diferentes
métodos de gestão de trabalhos entre os quais se encontram os de Gantt e de PERT. Neste
capítulo iremos desenvolver o método de Gantt dado que o método de PERT não está no
âmbito do nosso programa.
Na gestão de trabalhos podemos distinguir três funções principais:
Planeamento das diferentes operações/ tarefas a realizar durante um determinado
período e dos meios materiais e humanos a reunir para realizar o trabalho;
•
•
•
Execução, isto é, a realização das diferentes operações pré definidas e seu respectivo
acompanhamento;
Controlo por comparação entre o planeado e o realizado: identificação e análise dos
desvios podendo levar a modificações na forma de realização do trabalho.
Para assegurar correctamente a realização destas funções é necessário:
1. Definir de maneira bem precisa o trabalho ou trabalhos a executar;
2. Designar um responsável pelo trabalho ao qual será prestada toda a informação sobre
o mesmo e que deverá tomar as decisões importantes;
- 44
3. Analisar o trabalho por grandes grupos de operações a realizar para ter uma ideia
precisa do acordado e de todas as implicações do trabalho;
4. Detalhar os diferentes grupos de operações e precisar o seu encadeamento e duração.
5. Avaliar os custos correspondentes o que pode colocar em causa certas metodologias
preconizadas nas fases anteriores do trabalho que terão de ser modificadas;
6. Realizar os controlos periódicos para verificar se o sistema não sofre desvios e tomar
as medidas correctivas quando necessário.
6.1 Planeamento dos vários tipos de Manutenção
Para evitar planeamentos excessivamente minuciosos gerindo uma quantidade muito
grande de informação, convirá abordar o planeamento da manutenção em vários níveis
diferentes.
Num primeiro nível dever-se-á considerar o planeamento a médio / longo prazo,
destinado a funções de gestão global da manutenção da instalação. Este planeamento
abrangerá o período de um ano ou superior, e estará organizado em sub-períodos mensais
ou quinzenais de acordo com a duração média das intervenções da manutenção e a sua
periodicidade. Neste planeamento as intervenções referem-se a grandes grupos ou
sistemas sem dar qualquer tipo de informação sobre conteúdo ou meios necessários à sua
execução.
Num segundo nível teremos então períodos de planeamento que deverão coincidir com os
sub-períodos considerados no primeiro nível e ter por sub-divisão o dia. Este
- 45
planeamento deverá permitir uma boa gestão dos recursos do serviço ou da oficina, por
forma a evitar roturas de pessoal ou stocks e permitir a execução atempada de todas as
intervenções planeadas para o período. Num terceiro nível teremos uma programação
diária, permitindo uma organização por equipas e uma programação ao nível horário.
Necessariamente que os três níveis de planeamento deverão ser coerentes entre si,
cabendo esta operação nos nossos dias a um “software” de manutenção.
6.2 Programação dos Trabalhos de Manutenção
Para cada trabalho é necessário definir o melhor programa de utilização dos meios, de
concepção e execução permitindo satisfazer o melhor possível as necessidades dos
trabalhos. Outro aspecto importante é fazer que os meios humanos e materiais sejam
utilizados da melhor forma e respeitando os prazos.
Para estabelecer este programa será necessário ter em conta um certo número de factores
aos quais a empresa está submetida no quadro da sua política de gestão tais como:
Minimização de todos os tipos de “stock”; •
•
•
•
•
Minimização dos custos;
Diminuição dos prazos de execução;
Quantidade de trabalhos a realizar;
Plena utilização de recursos.
Certos procedimentos poderão ser contraditórios pelo que se torna necessário o seu
balanceamento de forma a poder optar pela melhor solução.
Um dos processos mais utilizados para realizar a programação ou planificação de
trabalhos de manutenção é o método de Gantt. Trata-se de um método bastante antigo que
data de 1918 mas que é muito utilizado sob formas e aplicações modernas. Está
recomendado quando se pretende planificar um conjunto de tarefas que sejam
independentes entre si, de forma geral, como é o caso, por exemplo, de uma paragem
programada de uma dada instalação.
Consiste em determinar a melhor maneira de posicionar as diferentes tarefas de um
trabalho a executar num período determinado, em função de:
- 46
Duração de cada uma das tarefas; •
•
•
•
•
•
•
•
Relação de precedências entre as diferentes tarefas;
Prazos a respeitar;
Capacidades disponíveis.
A técnica Gantt começa por ter necessidade de definir os seguintes aspectos:
Trabalho a realizar;
As diferentes operações e tarefas a realizar;
As durações das diferentes operações e tarefas a realizar;
As ligações ente as diferentes operações e tarefas a realizar.
Escolhemos um exemplo simples para explicar a forma de construção de um Gantt.
Suponhamos que pretendemos programar a realização de cinco tarefas de um trabalho
com as seguintes características:
- Tarefas a realizar
Tarefa “A” : duração 3 dias
Tarefa “B” : duração 6 dias
Tarefa “C” : duração 4 dias
Tarefa “D” : duração 7 dias Tarefa “E” : duração 5 dias
- Ligações entre as operações
Para que haja uma sequência lógica de realização das tarefas e operações é necessário
respeitar:
“A” antecipa “B” e “D”;
“B” antecipa “C”;
“D” antecipa “E”.
A partir das definições das tarefas, suas durações e ligações é possível construir o quadro
resumo seguinte:
Descrição das tarefas Tarefas precedentes Duração em dias
A- Desmontagem do
- 47
conjunto 3
B- Reparação do motor A 6
C- Reparação da caixa A 4
D- Reparação do agitador A 7
E- Montagem e ensaio D,B,C 5
O diagrama de Gantt apresenta-se sob a forma de um gráfico de barras onde cada coluna
corresponde a uma unidade de tempo e cada linha a uma operação tarefa a realizar.
Definimos uma barra horizontal para cada tarefa em que o comprimento de cada barra
corresponde à sua duração. A posição da barra no gráfico é função das ligações entre as
diferentes tarefas. A figura 6.1 ilustra o diagrama de Gantt correspondente ao exemplo
dado.
Tempo
Tarefas
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
A
B
C
D
E
Folga
Fig. 6.1
Para executar este diagrama de Gantt deveremos utilizar os seguintes procedimentos:
Começar por representar as tarefas que não tem tarefas precedentes; •
•
•
Seguidamente representar as tarefas que tem tarefas precedentes as já representadas;
Repetir o procedimento anterior até esgotar as tarefas a representar.
O diagrama de Gantt permite visualizar a evolução de um trabalho e determinar a sua
duração global. Pode-se ainda evidenciar as folgas existentes em determinadas tarefas.
- 48
Uma folga corresponde ao tempo de atraso que podemos considerar relativamente a uma
tarefa sem que tal conduza ao aumento da duração global do trabalho. As folgas são os
elementos de flexibilidade que permitem ao gestor atrasar certas tarefas ser ter possível, o
que se designa por “datas mais cedo”. Com as preocupações do “just in time”
consequências no trabalho global.
No diagrama de Gantt clássico representam-se as tarefas fazendo-as iniciar o mais cedo há
a tendência para iniciar as tarefas o mais tarde possível, o que corresponde a um
escalonamento de “datas mais tarde” .
Uma forma de auxiliar da gestão da mão de obra é providenciar o plano de Gantt com o
número de pessoas necessárias à execução das tarefas planeadas. A figura 6.2, é uma
repetição da figura 6.1, em que está representada a carga de mão de obra para cada uma
das tarefas bem como o número total de pessoas necessárias em cada momento para a
execução da totalidade do trabalho (linha total mo).
Tempo
Tarefas
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
A
2
2
2
B
3
3
3
3
3
3
C
2
2
2
2
D
2
2
2
2
2
2
2
E
2
2
2
2
2
Total
m.obra
2
2
2
5
5
5
5
5
5
4
4
4
4
2
2
O principal interesse do Gantt reside na sua simplicidade de construção de apresentação e
de compreensão. Trata-se de uma ferramenta que permite visualizar a solução para um
dado problema, tomar em consideração limitações de sobreposição de tarefas entre
outros. Dada a sua importância este método não só continua em uso como existem
“softwares” recentes de aplicação.
- 49
6.3 Definição do executante e contratação de serviços de Manutenção
É na fase de preparação da ordem de trabalho que se decide sobre quem a vai executar,
tendo em conta as características do trabalho bem como as competências do executante. É
nesta fase que se começa a equacionar a contratação de serviços externos à empresa, se
no seu seio não existirem profissionais com as competências requeridas pelo trabalho a
executar. Pode acontecer também que apesar de existirem na empresa as pessoas
indicadas para executar um dado trabalho, haja uma sobrecarga de trabalhos que obrigue
à contratação externa para resolver problemas de sobreposição de tarefas a executar por
uma mesma equipa.
A contratação de serviços de manutenção verifica-se ser muito útil quando as empresas
externas são simultaneamente mais especializadas e possuem melhores ferramentas para
executar certos tipos de trabalhos, como pode ser o caso de execução de determinados
tipos de soldaduras ou rebobinagem de motores eléctricos ou, ainda, de certos trabalhos
de carácter excepcional como serão peritagens, renovações ou reconstruções de
equipamentos ou grandes paragens de produção.
Existem três formas de contratar serviços de manutenção ao exterior:
- mão de obra
- contrato
- empreitada
Contrata-se mão de obra, que é depois integrada nas equipas normais de trabalho sob
supervisão do contratante, quando se pretende fazer face a um pico pontual de trabalho
para o qual não deve o serviço de manutenção estar dimensionado, sob pena de, no resto
do tempo, o pessoal se encontrar sub-ocupado e, também, se se entender que há apenas
que manter um determinado nível de pessoal próprio, inferior à média de ocupação,
contratando, de forma constante, o pessoal que assegura a diferença entre esse nível e o
nível de ocupação médio e, de forma variável e pontual, o pessoal que assegura a
satisfação dos picos de trabalho.
- 50
Faz-se manutenção por contrato quando se pretende assegurar a manutenção de
equipamentos muito comuns mas, ao mesmo tempo, específicos (por exemplo,
computadores, equipamentos de climatização, veículos) e, também, certos trabalhos
indiferenciados fixos (por exemplo, limpeza).
Contratam-se por empreitada os trabalhos ocasionais de certa dimensão correspondentes
a alterações, trabalhos novos, expansões, etc.
Não se entrega ao exterior a manutenção especializada de equipamentos complexos
pouco comuns porque não é rentável que entidades prestadoras de serviços se
dimensionem e invistam na formação técnica de pessoal para intervenção em
equipamentos para os quais só existe um conjunto muito restrito de utilizadores (por
exemplo, grandes grupos geradores, equipamento de processo pesado e específico –
indústria química, do papel, etc.).
7. Avarias, Relatórios de Trabalhos, e Histórico
7.1 Avarias – definição e tipos
A avaria é de acordo com as normas portuguesas, a cessação da capacidade de um bem
para realizar a sua função específica.
Esta definição leva, por arrastamento, a precisar o conceito de função específica. Com
efeito, não se deverá entender que o bem ou equipamento estará avariado quando, de
todo, o seu funcionamento é interrompido mas quando não é possível que realize a sua
função de acordo com as condições específicas segundo as quais se espera que funcione.
Assim, o equipamento poderá estar a funcionar em condições consideradas deficientes ou
insuficientes o que levará a uma intervenção dos serviços de Manutenção e, como tal,
deverá ser considerado que houve uma avaria do equipamento.
- 51
Uma avaria diz-se catastrófica quando há variação súbita de uma ou mais características
de um órgão. Quando uma avaria resulta da variação progressiva de uma ou mais
características de um órgão diz-se que ocorre por degradação.
O conceito de avaria está habitualmente associado à paragem ou inoperacionalidade de
um dado equipamento. No entanto da óptica da manutenção, para além dos aspectos
abordados de inoperacionalidade pode significar mau funcionamento, baixo rendimento
ou produção defeituosa. Ou de uma forma mais correcta “ inaptidão para um bem atingir
um determinado nível de desempenho“.
A importância de uma avaria é determinada não só pelas suas características como pelas
suas consequências. A mesma avaria em equipamentos idênticos pode ter importâncias
diferentes, disto é exemplo a ocorrência de uma avaria na bomba A essencial ao processo
produtivo ou na bomba B, pertencente a um equipamento auxiliar. Uma avaria na bomba
A terá uma muito maior importância que uma avaria ocorrida na bomba B.
Pelas razões apontadas, a norma NF X 06-501 apresenta um conjunto de definições
relativas à classificação das avarias de acordo com a rapidez de manifestação, com o grau
de importância, com ambos os anteriores e ainda com as causas e as consequências da
avaria.
Surgem assim as definições de avaria progressiva, súbita (rapidez), parcial, completa
(grau), catalítica, por degradação (rapidez e grau), má utilização, primária, secundária
(causas), crítica, maior, menor (consequências), etc.
De entre estas saliente-se a definição de :
(i) avaria catalítica
Avaria simultaneamente repentina e completa
(ii) avaria por degradação
Avaria simultaneamente progressiva e parcial
(iii) avaria secundária e avaria primária
- 52
Avaria de um dispositivo cuja causa, respectivamente, está ou não está na
avaria de um outro dispositivo
(iv) avaria crítica
Avaria que impede o desempenho da função e faz correr graves riscos de
danos pessoais ou desgastes muito importantes ao material
A definição dos tipos de avarias está também relacionada com o estudo da fiabilidade
pois a fiabilidade dependerá do tipo de avarias ou do que se considere como avaria.
7.2 Relatórios de Trabalhos
O relatório de trabalhos é a componente do sistema de gestão destinada a captar
informação real sobre a manutenção realizada. O histórico é o elemento onde essa
informação é condensada e arrumada a longo prazo.
È do conhecimento geral que o pessoal da manutenção gosta pouco de reportar, pelo que
deverá ter-se em conta este facto e solicitar unicamente o relato referente aos elementos
estritamente necessários. Os elementos mais importantes nos relatórios de trabalhos serão
aqueles que representam um contributo positivo para melhorias futuras do desempenho
do equipamento e da execução da própria manutenção. Mas há que decidir sobre os
aspectos seguintes:
Qual a informação necessária para a gestão da manutenção? •
•
•
Com que objectivo?
Qual a melhor forma de a obter?
Assim poderemos obter o formato adequado de relatório de trabalhos no qual se capte o
essencial e elimine o menos importante. Deverá ser construído desde o pedido até à
conclusão dos trabalhos e arquivo sobre o documento ou ficheiro em que é construída a
respectiva preparação. Deverá conter:
1. Tipo de trabalho de acordo com a designação corrente na empresa;
2. Tipo de manutenção em que se enquadra; correctiva, preventiva sistemática, etc.;
3. Confirmação da realização e entidade responsável;
- 53
4. Registo de tempo de funcionamento (horas, Kms, número de peças produzidas);
5. Pedido de Trabalhos, número;
6. Data e hora do pedido de trabalhos;
7. Data e hora do início do trabalho;
8. Data e hora do fim do trabalho;
9. Descrição dos trabalhos realizados;
10. Mão de obra utilizada;
11. Custo da MO;
12. Peças e materiais aplicados;
13. Custo das peças e materiais;
14. Serviços utilizados;
15. Custo dos serviços;
16. Sintoma da avaria;
17. Causa da avaria;
18. Acção futura.
7.3 Histórico
O histórico é o arquivo organizado cronologicamente, feito para cada objecto de
manutenção, contendo toda a informação referente à sua manutenção e situação
operacional. O histórico para ser um elemento eficaz e permitir uma rápida apreensão do
estado do equipamento deverá ser sucinto e sistemático. Os campos de informação do
histórico deverão conter:
1. Data de realização, leitura do contador do equipamento;
2. Tipo de trabalho;
3. Descrição do trabalho realizado;
4. Tempos de intervenção;
5. Mão de obra aplicada HH e custos;
6. Custo das peças e materiais
7. Custo dos serviços
8. Custo total.
Com os sistemas informáticos de gestão da manutenção a informação contida no
histórico pode ser filtrada de forma variada de modo a poder determinar incidências de
- 54
vários tipos. Vejamos um exemplo de histórico na figura 7.3 referente a um agitador de
pasta.
AG-0024 AGITADOR DE PASTA Nº3 De: 01-01-94 a 29-05-96 14-01-94 Sistemática SISTEMÁTICA
12124 hr 000 186 Revisão anual ou 2000 horas
Demorou
10H
Durante
34H
Mob. HH
19HH
M.Obra
27 000
Materiais
7 650
Serviços Total Esc
34 650
Acção Reparar – bucim
10-08-94 Reparação CURATIVA
12980 hr 000 244 Substituição hélice
Demorou
6H
Durante
120H
Mob. HH
12HH
M.Obra
24 000
Materiais
125 000
Serviços Total Esc
149 000
Acção
03-05-95 Pequena reparação CURATIVA
13400hr 000 312 Empanque ajustado
Demorou
45min
Durante
45 min
Mob. HH
1HH
M.Obra
1 450
Materiais
Serviços Total Esc
1 450
Acção A vigiar – vibrações no fiche
25-08-95 Lubrificação SISTEMÁTICA
000 503 Motor-Rolamentos – Massa pressão 15 gr
Demorou
15 min
Durante
15 min
Mob. HH
15 min
M.Obra
300
Materiais
25
Serviços Total Esc
325
Acção Substituir rolamentos motor
14-11-95 Preventiva condicionada CONDICIONADA
14123 hr 000 698 Beneficiação do motor e substituição de rolamentos
Demorou
12H
Durante
16H
Mob. HH
4HH
M.Obra
4 400
Materiais
13 000
Serviços
11 000
Total Esc
28 400
Acção
18-02-96 Inspecção SISTEMÁTICA
000 980 Equipamento geral - Inspecção visual – Estado geral
Demorou
45 min
Durante
45 min
Mob. HH
45 min
M.Obra
1 100
Materiais
Serviços Total Esc
1 100
Acção Modificar sistema de recirculação
29-05-96 Correctiva CORRECTIVA
14800 hr 001 390 Modificação do sistema de recirculação de água
Demorou
104 H
Durante
18 dias
Mob. HH
240 HH
M.Obra
288 000
Materiais
120 000
Serviços
28 900
Total Esc
436 900
Acção Reparar – bucim
Fig. 7.1
- 55
8. Custos da Manutenção
8.1 Custos indirectos
Entendem-se por custos indirectos todos os custos que, sendo uma consequência da
paragem de equipamentos ou de instalações por avaria, não estão relacionados
directamente com o custo de reparação em si mas com os custos de perda de produção ou
outros, como os custos inerentes a multas por atraso de entregas ou de difícil
contabilização, como serão custos provocados por perdas de encomendas ou de
degradação da imagem da empresa.
8.2 Custos directos
O cálculo dos custos directos dos trabalhos de manutenção envolve a obtenção dos
custos inerentes às várias vertentes dos trabalhos de manutenção, nomeadamente:
Mão de obra – sendo obrigatório o registo das horas gastas em cada trabalho ou obra,
o que se obtém através das folhas de ponto e o conhecimento do custo HH.
•
•
•
Peças e materiais – imputação dos custos dos vários materiais aplicados na obra.
Serviços – imputação dos custos dos serviços aplicados na obra.
Como podemos verificar na figura 7.3, os custos de manutenção constam de uma forma
preponderante dos relatórios das OT e no histórico dos equipamentos, o que expressa a
importância do controlo destes valores bem como pelas sua evolução e desvios por parte
do gestor de manutenção.
Não nos podemos esquecer da definição de manutenção, “o conjunto de acções que
permitem manter ou restabelecer um bem num estado especificado e com a possibilidade
de assegurar um serviço determinado, pelo melhor custo global”, em que o elemento custo,
como se vê, aparece como primordial. Há no entanto que ter em atenção que em certos
trabalhos de manutenção, especialmente os executados em equipamentos críticos da
produção onde os custos de imobilização são elevados, os critérios de menor custo de
execução deverão ser substituídos por critérios de maior rapidez de execução. Há nestes
casos que avaliar sempre os dois custos e optar pelo mais baixo.
- 56
8.3 Custos contabilísticos
Consideram-se custos contabilísticos aqueles que, não estando incluídos nos restantes
custos anteriormente definidos, constituem no entanto encargos que deverão ser
considerados, como será o caso dos custos com mão de obra administrativa, gastos
comuns ou encargos gerais.
8.4 Cálculo dos custos de manutenção
Para um dado equipamento os Custos Médios Anuais de Manutenção – CMA, permitem
detectar de forma simples a duração óptima de exploração de um equipamento, ou seja, o
momento de suspender as acções de manutenção preventiva para optar pela substituição do
equipamento.
Custos Médios Anuais de Manutenção
1 2 3 4 5 6 7
Com efeito, e como se pode visualizar no esquema que se segue, a curva CMA=f(t) passa
por um mínimo, correspondente à “duração de vida económica”.
Esse mínimo corresponde ao tempo óptimo para proceder à substituição equipamento, por
se verificar que a manutenção começa a ficar cada vez mais cara, deixando de ser uma
alternativa economicamente favorável.
- 57
9. Manutenção condicionada
9.1 Filosofia da manutenção condicionada
A manutenção condicionada surgiu na década de 70 como um conceito evoluído da
manutenção sistemática em que, ao invés de acções de manutenção em intervalos de
tempo definidos, teremos acções de inspecção em intervalos de tempo definidos. Assim,
uma acção de manutenção só tem lugar quando se verifica a existência de uma anomalia
que a justifique.
As vantagens económicas deste tipo de manutenção surgem a partir de:
Ganhos por redução do número de paragens e consequentes perdas de produção; •
•
•
•
•
•
•
•
Ganhos por redução dos custos de manutenção.
9.2 Técnicas de inspecção
Há um amplo conjunto de técnicas de controlo de condição de máquinas e equipamentos
com aplicação na manutenção dos quais se destacam:
Análise de vibrações
Termografia
Análise de parâmetros de rendimento
Inspecção visual
Análise ultra-sónica
Análise de lubrificantes em serviço
Vamos seguidamente abordar estas várias técnicas com algum pormenor.
• Análise de vibrações
Esta técnica baseia-se nas correlações existentes entre as vibrações registadas num dado
equipamento e as suas características reais, sendo possível detectar qualquer tipo de
degradação mecânico de um equipamento mecânico. Com a análise de vibrações
poderemos identificar o componente que se começa a deteriorar ou o modo de avaria de
um equipamento antes que qualquer incidente sério se produza.
- 58
Os programas de manutenção condicionada baseados no controlo de vibrações utilizam
uma das seguintes técnicas:
− Medidas em banda larga
Esta técnica apoia-se nos valores das vibrações medidas sobre uma banda larga de
frequências em vários pontos de um equipamento. Comparando estes resultados
com os provenientes de uma máquina nova, ou com tabelas referência, pode-se
determinar o estado de funcionamento do equipamento. Este processo não fornece
nenhuma informação sobre as diferentes frequências nem sobre a dinâmica do
movimento que gerou o sinal recolhido.
− Medidas em banda estreita
Esta técnica permite controlar a energia proveniente de uma banda de frequências
específica, controlando as frequências provenientes de determinados componentes
ou de certos modos de avaria. È um processo que permite controlar rapidamente o
estado mecânico de certos órgãos sensíveis um equipamento.
− Análise de assinatura
Contrariamente aos métodos anteriores, esta técnica fornece a representação visual
das várias frequências da vibração produzida por um equipamento, sendo possível a
pessoal experimentado diagnosticar qualquer anomalia do equipamento a partir da
assinatura do equipamento.
Termografia
È uma técnica que permite visualizar e medir a energia térmica emitida pelos
equipamentos, sendo possível localizar os pontos quentes origem de anomalias. Estes
equipamentos permitem visualizar as imagens infravermelhas, sendo assim possível
observar as temperaturas dos vários pontos de um dado equipamento. A termografia é
aplicável no controlo de anomalias tipo que se enumeram:
− No sector eléctrico – detecção de desapertos em terminais, oxidação de contactos,
envelhecimento do material e sobrecargas. É um método muito eficaz para
subestações, postos de transformação, postos de seccionamento, quadros de
distribuição, etc..
− Nos isolamentos térmicos – na detecção de anomalias em isolamentos provocadas por
deficiente montagem, envelhecimento ou pontes témicas.
- 59
− Nos refractários – na avaliação do seu estado em fornos, caldeiras, chaminés, etc..
− Nos equipamentos mecânicos – a distribuição anormal da temperatura.
Análise de parâmetros de rendimento
Esta técnica baseia-se na recolha dos parâmetros considerados necessários à
determinação do rendimento do equipamento com vista à determinação da sua boa
operacionalidade.
No caso de um motor propulsor de um navio serão necessárias as medições do binário,
rotações e impulso a fim de determinar a eficiência do sistema propulsor. Se tivermos
uma bomba então os elementos determinantes para determinação do rendimento serão as
pressões na sucção e compressão, bem como da intensidade da corrente no motor de
accionamento.
Inspecção visual
A inspecção visual é uma técnica de primordial importância especialmente quando
aplicada regularmente. Permite detectar fugas, desaperto de componentes, fissuras,
alterações de temperatura, etc.. Permite portanto detectar muitas das alterações que se
detectam com instrumentos sofisticados, a partir de determinados valores, bem como
muitos outros que só os sentidos humanos podem detectar. É portanto um tipo de
inspecção que deverá estar sempre presente, mesmo que outros meios de tecnologia
avançada sejam utilizados.
Análise ultra-sónica
Esta técnica é muito apropriada para inspeccionar tubagem reservatórios e até elementos
estruturais, especialmente nas zonas soldadas para verificar a ocorrência de fissuras nas
soldaduras em zonas mais propensas à sua ocorrência pelo tipo de esforços a que estão
sujeitos. É ainda uma técnica utilizada para medir a espessura de elementos metálicos de
forma a permitir concluir sobre a sua adequada resistência aos esforços a que tem de
resistir. Este tipo de inspecção é muito adequado para medir as espessuras das chapas do
costado de um navio, as espessuras das chapas de reservatórios de pressão etc.
- 60
Análise de lubrificantes em serviço
A análise de óleos é uma importante ferramenta da manutenção preventiva. Recentemente
tem-se utilizado com maior frequência as análises espectrométricas de partículas de
desgaste, a fim de definir políticas de manutenção preventiva .
Algumas formas de análise de óleo de lubrificação poderão dar uma indicação antecipada e
precisa sobre uma avaria localizada num elemento com determinadas propriedades
químicas.
A medição das quantidades de metais existentes nos óleos pode indicar padrões de
desgaste dos órgãos lubrificados, dando uma indicação de uma avaria mecânica iminente.
Até há pouco tempo o uso de análises, nomeadamente as espectrométricas, era um
processo moroso e caro . As análises utilizavam os processos laboratoriais tradicionais,
demorados, e requeriam mão de obra especializada para além de equipamentos de
elevado custo.
Recentemente, com a vulgarização dos sistemas baseados em microprocessadores , as
análises tornaram-se praticamente automáticas, reduzindo drasticamente o seu custo.
As principais aplicações das análises de óleo são :
- o controlo de condição do equipamento;
- o controlo de condição do óleo;
- redução dos “stocks” dos óleos;
- determinação do intervalo de mudança de óleo mais rentável.
Vamos começar por analisar o controlo de condição do equipamento.
Os resultados das análises permitem uma rápida e precisa medição de grande parte dos
elementos presentes no óleo, oriundos essencialmente das partículas de desgaste geradas
nos múltiplos órgãos que constituem o equipamento, podendo-se determinar modos
- 61
específicos de falha em desenvolvimento; constituem uma ferramenta essencial para a
implementação de um sistema de manutenção condicionada num equipamento.
Quanto ao controlo de condição do óleo, os resultados das análises podem ser utilizados
para determinar se o óleo cumpre os requisitos de lubrificação exigidos pela máquina .
Com base nos resultados das analises, os lubrificantes poderão ser substituídos ou
recuperados de forma a cumprir as suas funções de lubrificação especificadas para a
operação. Óleos de lubrificação, hidráulicos e dieléctricos são periodicamente analisados
para se determinar o seu estado, numa perspectiva de manutenção condicionada,
especialmente em instalações de elevado volume de enchimento .
A redução dos “stocks” dos óleos pode ser obtida à custa de uma análise detalhada das
propriedades físicas e químicas de diferentes óleos usados numa unidade fabril. Isso
permite a redução do número de tipos de lubrificantes necessários e a eliminação de
duplicações desnecessárias de tipos de óleo, provocando uma redução dos níveis de
“stock” e, consequentemente, dos custos de manutenção .
A análise dos óleos de lubrificação pode ser utilizada para determinar o intervalo de
mudança de óleo mais rentável, sendo uma ferramenta importante da manutenção
sistemática. Em grandes unidades industriais uma redução do número de mudanças de
óleo pode significar uma redução substancial dos custos de manutenção.
As amostragens e testes relativamente baratos podem indicar quando o óleo de uma
máquina alcançou o tempo de ser mudado .
Os laboratórios recomendam a recolha de amostras em intervalos escalonados a fim de
determinar o estado do filme de lubrificante, que é critico para o funcionamento dos
mecanismos .
Habitualmente uma amostra de óleo é sujeita a um conjunto de 11 testes laboratoriais a
fim de se poder executar um relatório completo do óleo.
- 62
Na figura seguinte está representado um relatório típico a uma amostra de óleo de
lubrificação :
Fig. 9 . 1
Vamos agora debruçar-nos sobre cada uma das análises constantes do relatório, bem como
sobre a importância que têm no diagnóstico da condição tanto do lubrificante como da
máquina.
- Viscosidade - È uma das propriedades mais importantes de um lubrificante. A
viscosidade do óleo da amostra é comparada com a viscosidade de um óleo não usado a
fim de ser possível determinar se houve variação da viscosidade durante a utilização.
Viscosidades muito baixas provocam a redução da resistência da película lubrificante,
- 63
baixando a capacidade de prevenir o contacto metal - metal. Viscosidades excessivas
impedem o fluxo de óleo de chegar a locais vitais na estrutura de suporte das chumaceiras
reduzindo a capacidade de lubrificação. As análises de viscosidade por capilaridade são
reguladas pelas normas ASTM D445 e D2161
- Contaminação com água ou liquido refrigerante - A contaminação do óleo com água
ou liquido refrigerante provoca problemas importantes no sistema de lubrificação. Muitos
dos aditivos utilizados nos lubrificantes contêm os mesmos elementos utilizados nos
refrigerantes. Contudo o laboratório deverá ter análises actualizadas de óleo não usado
para comparação. É importante ter como referência que o teor em água num óleo
lubrificante de uma turbina deverá ser inferior a 0,2%, num sistema hidráulico inferior a
0,1% e em sistemas dieléctricos deverá ser inferior a 35 ppm. As análises para detecção
de água no óleo podem ser por centrifugação, destilação e voltimétricas. O teste mais
comum, embora seja o menos preciso, é o de centrifugação; neste teste, óleo e solvente
numa mistura a 50% são centrifugados, verificando-se a separação da água, dos sólidos e
dos solúveis. O teste de destilação é mais preciso, baseando-se na condensação de toda a
água em presença, num recipiente graduado. O teste voltimétrico é o mais preciso, dando
a concentração da água em partes por milhão. Os testes referenciados estão normalizados
pelas ASTM D95, D1744, D1533 e D96.
- Contaminação com combustível - A diluição de combustível no óleo diminui a
resistência da película de óleo e as suas capacidades de estanquicidade e detergência. Este
tipo de situação acontece por operação deficiente, fugas de combustível, problemas de
ignição e sincronização deficiente. A diluição de combustível no óleo é considerada
excessiva quando atinge níveis de 2,5% a 5% . A presença de combustível no óleo pode
ser detectada através da variação da sua viscosidade cujos tipos de análise já abordámos e
do seu ponto de ignição, ” flash-point”. As análises de determinação do ponto de ignição,
“flash point”, e ponto de inflamação, “fire point”, determinam as temperaturas de ignição
e de inflamação do vapor de óleo, conforme se vê na figura 11. Estas análises estão
normalizadas através das normas ASTM D92, D93, D56, D1310, podendo ser realizadas
em recipiente fechado “closed-cup” e recipiente aberto “open-cup”.
- 64
Fig. 9 . 2
- Conteúdo em sólidos - O conteúdo em sólidos de um óleo é um teste geral. Todos os
materiais sólidos contidos no óleo são medidos em percentagem, em volume ou em
peso. A presença de sólidos num sistema de lubrificação pode fazer crescer
significativamente o desgaste nas zonas lubrificadas. Qualquer crescimento não
esperado de sólidos numa amostra deverá ser motivo de preocupação. As análises
possíveis vão desde o ensaio da mancha de valor (figura 9.4), simplesmente
indicativo, até aos métodos centrífugos após diluição com solventes (figura 9.3) e aos
métodos fotométricos, que permitem avaliar o poder dispersante do lubrificante.
- 65
Fig. 9 . 3
Fig. 9 .4
- Resíduos de carbono - Originados pela existência de fuligem de combustível , são um
indicador importante dos óleos utilizados em motores diesel e estão sempre presentes.
Um teste para medir o teor de carbono num óleo de um motor diesel é importante dado
que a maior ou menor presença de carbono indica uma maior ou menor eficácia no
- 66
sistema de queima dum motor. As análises para determinar presença de carbono e outros
contaminantes são feitas utilizando infravermelhos.
- Oxidação - A oxidação de um óleo de lubrificação resulta na deposição de lacas e
da ocorrência de corrosão nas paredes com o consequente aumento de viscosidade do
óleo. A maior parte dos lubrificantes contêm inibidores de oxidação. Contudo, quando
estes aditivos forem consumidos a oxidação do óleo propriamente dito inicia-se. O grau
de oxidação num óleo mede-se por análise de espectrofotometria de infravermelhos
(figura 9.5). Cada lubrificante possui um espectro de infravermelhos próprio que pode ser
considerado a sua impressão digital. Alterações em serviço corresponderão a alterações
dos picos do espectro.
Fig. 9 . 5
- Presença de nitratos - Resulta da combustão que se verifica nos motores. Os produtos
formados são altamente ácidos e deixam depósitos em zonas de combustão. A presença
de nitratos acelera a oxidação do óleo. A sua presença pode detectar-se por análises de
infravermelhos ou através de análises de TAN.
- TAN - Total Acid Number - O número total de ácido é uma medida da quantidade de
ácido ou dos compostos ácidos, essencialmente formados a partir de fenómenos de
oxidação do óleo, existentes na amostra de óleo. Dado que os óleos novos contêm
aditivos que afectam o TAN, é importante comparar os resultados provenientes de óleos
usados com os óleos novos do mesmo tipo. Análises regulares são importantes para este
- 67
tipo de diagnóstico. A análise de TAN (figura 9.6) baseia-se na quantidade de hidróxido
de potássio, em miligramas, que é necessária para neutralizar um grama de óleo.
- TBN - Total Base Number - Número total de base, que indica a capacidade de um óleo
para neutralizar a acidez produzida durante a sua utilização. Quanto maior for o TBN
maior é a capacidade para neutralizar a incursão de substâncias ácidas. As causas
habituais para um baixo TBN são: utilização de um óleo não adequado, demoras
excessivas nas mudanças de óleo, sobreaquecimento e uso de combustível de elevado teor
em enxofre. A análise de TBN baseia-se na quantidade de ácido clorídrico em miligramas
que é necessária para neutralizar um grama de óleo. As análises de TAN e TBN
modernamente fazem-se com equipamentos de titulação automática.
Fig. 9.6
- Contagem de Partículas - Este tipo de teste é importante pois antecipa a previsão de
potenciais problemas de funcionamento. É um teste particularmente importante em
sistemas hidráulicos. A análise de contagem de partículas faz parte de uma análise
habitual em sistemas hidráulicos e é diferente da análise de teor em sólidos. Neste teste,
um elevado número de contagem de partículas indica que a máquina está a ter um
desgaste anormal ou que poderão ocorrer avarias como resultado de obstrução temporária
ou permanente de orifícios, devendo ser tomadas medidas para determinar o tipo e
tamanho das partículas e outros factores que identifiquem a origem do modo de avaria.
- Análise Espectrométrica - Esta análise, como se exemplifica na figura 9.7, permite uma
rápida e precisa medição de grande parte dos elementos presentes no óleo. Estes
elementos são classificados geralmente como partículas de desgaste, contaminantes ou
- 68
aditivos. Alguns elementos podem ser classificados de forma múltipla. Uma análise
espectrométrica poderá não permitir, por si só, determinar modos específicos de falha em
desenvolvimento; contudo, técnicas adicionais poderão ser utilizadas como parte de um
programa de manutenção preventiva condicionada. A análise espectrométrica é uma
técnica que permite que em poucos minutos se obtenha uma informação completa dos
vários elementos presentes no óleo. Uma análise espectrométrica de partículas de
desgaste verifica a contaminação de partículas com granulometrias inferiores a 10
micrometro. Contaminantes de maiores dimensões não são considerados neste tipo de
análise.
Fig. 9.7
Os átomos excitados na amostra emitem radiações que são separadas numa rede de
difracção e projectados segundo diferentes comprimentos de onda, sendo posteriormente
captadas e ampliadas em fotomultiplicadores colocados num círculo de Rowland.
Vamos tratar agora de alguns tipos de análise relacionados com o desgaste.
- 69
A análise de partículas de desgaste está relacionada com a análise de óleo pelo facto
destas serem obrigatoriamente recolhidas em amostras de óleo de lubrificação. Enquanto
a análise do óleo de lubrificação determina o estado da amostra do óleo, a análise das
partículas de desgaste providencia uma informação directa sobre o estado de desgaste do
equipamento. A existência de partículas no lubrificante de uma máquina pode fornecer
informação importante sobre o estado da máquina. Esta informação obtém-se a partir do
estado, forma, composição, tamanho e quantidade das partículas. A análise de partículas
de desgaste é habitualmente executada em dois níveis. Num primeiro nível de rotina,
observa-se a quantidade e evolução das partículas no óleo. Uma máquina normal contem
níveis baixos de partículas de dimensão inferior a 10µ. Á medida que o estado da
máquina se degrada o número e tamanho das partículas aumenta
Fig. 9.8
Num segundo nível o método de análise de partículas envolve a pesquisa das partículas
em si (figura 9.8).
Cinco tipos de base de desgaste podem ser identificados de acordo com a classificação
das partículas. Partículas de desgaste por fricção, de desgaste por corte, de desgaste por
fadiga de rolamento, de desgaste por fadiga de rolamento e fricção e por ultimo, de
desgaste por gripagem. Só o desgaste por fricção e os mecanismos de fadiga por
rolamento em fase inicial geram partículas predominantemente inferiores a 15
micrometro de tamanho.
- 70
- Desgaste por fricção - É o resultado de superfícies em contacto numa máquina. Durante
uma rodagem normal, na superfície de desgaste, uma camada única é formada. Se esta
camada se mantiver estável, o desgaste dá-se de uma forma normal. Se a superfície for
removida mais rapidamente do que se forma, a taxa de desgaste aumenta bem como o
tamanho das partículas provenientes do desgaste. Quantidades excessivas de
contaminantes num sistema de lubrificação podem aumentar muito o desgaste por
fricção. Apesar de uma avaria catastrófica ser impensável nestas circunstâncias, os
desgastes dar-se-ão mais rapidamente. Um importante sintoma de avaria é dado pelo
alarmante surgimento de partículas de desgaste.
- Desgaste por corte - As partículas de desgaste por corte são geradas quando uma
superfície penetra noutra. Estas partículas são produzidas quando uma superfície dura,
desalinhada ou fracturada, em forma de gume, corta uma superfície mais macia ou
quando um contaminante abrasivo se aloja numa superfície macia e corta a superfície
oposta com a qual está em contacto. Partículas de desgaste por corte são anormais e
serão sempre motivo de atenção especial. Se tiverem só alguns micrometros de
comprimento e menos de 1 micrometro de largura, a causa provável é um contaminante.
Quantidades crescentes de partículas maiores são sintoma de uma avaria iminente.
- Desgaste por fadiga de rolamento - Está associado particularmente a um contacto por
rolamento e pode produzir três tipos distintos de partículas: fragmentos irregulares,
partículas esféricas e partículas laminares. Os fragmentos irregulares são os que provêm
de material removido na formação de uma cratera na superfície de rolamento. O
crescimento da quantidade e tamanho destas partículas é a primeira indicação de
anormalidade. Fadiga por rolamento nem sempre gera partículas esféricas; estas podem
ser geradas por outras causas. A sua presença é importante porque se detectam antes de
ocorrerem as partículas irregulares. As partículas laminares são muito finas e pensa-se
que são formadas pela passagem de uma partícula de desgaste num contacto de
rolamento. Estas partículas frequentemente têm buracos. Partículas laminares podem ser
geradas ao longo de toda a vida de um rolamento mas quando há fragmentos irregulares
a quantidade aumenta.
- 71
- Desgaste por fadiga de rolamento e fricção – Está associado ao movimento de
superfícies em contacto nas engrenagens. As partículas de maior dimensão, que nunca
são esféricas, resultam das tensões de fadiga geradas pelo contacto das superfícies,
causando fissuras que se propagam em profundidade no dente da engrenagem até que a
partícula se desprende da superfície. As fissuras por fadiga das engrenagens não geram
partículas esféricas. Os riscos nas engrenagens são causados por excesso de carga ou de
velocidade. As temperaturas elevadas provocadas por estas condições quebram a película
de lubrificante e provocam a aderência do dente engrenado. À medida que as superfícies
de desgaste aumentam de rugosidade, a taxa de desgaste aumenta. Uma vez iniciado o
processo de geração de riscos num dente este processo irá transmitir-se a todos os outros.
- Desgaste por gripagem - É provocado por excesso de carga ou de calor num
mecanismo. Nestas condições, partículas grandes soltam-se das superfícies de desgaste,
causando um aumento da taxa de desgaste. Se as tensões aplicadas á superfície
continuarem a aumentar, esta quebra-se, dando lugar a um desgaste catastrófico.
Também relacionada com o desgaste está a análise por ferrografia.
Esta técnica é semelhante à espectrometria, embora tenha duas diferenças fundamentais.
A primeira diferença é o facto de na ferrografia se separarem os contaminantes usando
um campo magnético em vez de executar a queima de uma amostra de óleo, como
acontece na análise espectrométrica. Como se utiliza um campo magnético para separar
os contaminantes, esta técnica é limitada à análise de contaminantes ferrosos ou outros
materiais magnetizáveis. Como segunda diferença, de notar-se o facto de as partículas
contaminantes de dimensões superiores a 10 micrometro poderem ser separadas e
analisadas. Uma análise ferrográfica normal capta partículas até 100 micrometro (figura
9.9), permitindo uma melhor representação da contaminação global do óleo que a técnica
espectrométrica .
- 72
Fig. 9.9
9.3 Controlo de condição
No controlo de condição dos equipamentos aplicam-se essencialmente dois métodos, o
acompanhamento da tendência e a verificação da condição.
No acompanhamento da tendência procede-se à medição periódica ou contínua de um ou
vários parâmetros indicadores da condição de funcionamento do equipamento. Neste caso
é preciso seleccionar com critério os parâmetros definidores do estado de condição do
equipamento, de forma a que as indicações obtidas possam corresponder às espectativas
postas no sistema. Com base nos valores medidos pode elaborar-se uma tendência que
permite determinar quando a degradação da máquina atinge um valor crítico. O tempo
que decorrerá até à ocorrência da avaria é a principal vantagem da utilização do sistema.
Na verificação da condição pela medição de um ou vários parâmetros que ocorre numa
dada altura infere-se o estado do equipamento. Esta metodologia pressupõe o
conhecimento dos valores limites do equipamento bem como o conhecimento do tipo de
evolução esperada. Este procedimento é bem menos preciso que o método anteriormente
abordado de acompanhamento de tendência.
De acordo com o equipamento ou o órgão que se pretende verificar assim se terá de
eleger a técnica mais adequada. De acordo com a Stauffer Chemicals, indicam-se as
técnicas mais comuns utilizadas em manutenção industrial.
- 73
Sistemas mecânicos
Tipo
Rotativos
Motores, geradores, bombas, compressores,
ventiladores
Estáticos
Purgadores de vapor, isolamentos, estruturas,
Tubagens, válvulas, permutadores, caldeiras
Car
acte
rístic
as
Lubrificação:
Ensaio dieléctrico
Análise espectrográfica
Ferrografia
Viscosidade
Cromatografia gasosa
Forças: Vibração Deformação Tenção
Espessura e
condição:
Corrosão
Erosão
Abrasão
Fendas
Padrões de desgaste
Picadas
Calor
Temperatura
Condução
Perdas
térmicas
Forças
Ruído
Deformação
Tensão
Impacto
Test
es
Teor de água
Espectrografia
Ferrografia
Viscosidade
cromatografia
Acelerómetro
Estroboscópio
Extensómetro
Medidor de tensão
em correias
Apalpa folgas
Alinhamento de
veios
Máq. Equilibragem
Estetoscópio
Medidor espessuras
por ultra-sons
Halografia
Líquidos penetrantes
Emissão acústica
Radiografia
Magnetografia
Medidor de
espessuras de tinta
Termómetro
Pirómetro
Lápis termico
Termografia
Ultrasons em
purgadores de
vapor
Acelerómetro
Extensómetro
Ensaio de
pressão
Vernizes frágeis
Ensaio de vácuo
Ensaio hidraulico
- 74
Sistemas eléctricos
Tipo
Distribuição
Transformadores, geradores, capacitores, motores,
alimentadores, barramentos
Controlo
Interruptores, sistemas de corte, relés, sist.
Arranque de motores
Car
acte
rístic
as
Calor
Temperatura
Energia:
Tensão
Corrente
Resistência
Capacitância
Forças:
Electromagnéti
ca
Vibração
Energia de
corte
Calor:
Temperatura
Energia:
Tensão
Corrente
Resistência
Capacitância
Condição:
Condição
Corrosão
Picadas
Test
es
Termómetro
Pirómetro
Lápis
térmicos
Termografia
de inf. Ver.
Megaomímetro
Protecção terra
Sobrepotencial DC
Ensaio Doble
Medidor de terra
Teste dieléctrico do
óleo
Cromatógrafo de gás
Registo tensão
corrente
Analise de
vibrações
Termografia
I.V.
Pirómetro
Megaomímetro
Ensaio Doble
Micromímetro
Ensaio de carga
elevada
Calibração de
relés
Inspecção visual
Limpeza
Substituição
- 75
10. Manutenção Centrada na Fiabilidade
O RCM (Reliability Centered Maintenance) é um conjunto de procedimentos que se
desenvolvem no sentido de diagnosticar os vários factores que contribuem para a não
fiabilidade de um equipamento, bem como as medidas a tomar para implementar a sua
fiabilidade .
O RCM representa um processo de decisão lógico destinado a estabelecer programas de
Manutenção, nomeadamente preventiva, mais eficientes. As técnicas que utiliza levam
em conta os defeitos e as possibilidades de avaria que podem ter sido introduzidos ou
causados durante a produção, armazenagem, operação e manutenção dos equipamentos.
Com esta técnica procede-se ainda a uma normalização dos defeitos potencialmente
detectáveis e á construção das árvores de falhas.
A fim de se poder compreender e desenvolver as várias técnicas utilizadas no RCM,
teremos de dominar conceitos como os de Fiabilidade, Manutibilidade e Disponibilidade
entre outros. Abordemos então os vários conceitos enunciados, começando pela
Fiabilidade.
10.1 Conceito de Fiabilidade
Define-se Fiabilidade de um equipamento como sendo a probabilidade de esse
equipamento exercer as funções para que foi projectado, por um período de tempo
determinado. Por outro lado, define-se Qualidade de um produto como sendo a sua
conformidade ou adequação a uma determinada especificação, no momento em que se
conclui a sua produção. Pode concluir-se portanto que Fiabilidade será a capacidade que
o equipamento tem de manter a qualidade do trabalho que executa durante a sua vida útil.
Designa-se por TBF – Time Between Failures (Tempo de Bom Funcionamento), o
intervalo de tempo que decorre entre duas avarias consecutivas num determinado
equipamento, e por MTBF – Mean Time Between Failures (Tempo Médio de Bom
Funcionamento), o valor médio dos TBF –Tempos de Bom Funcionamento, para o
equipamento em causa. O inverso do MTBF representa também um importante conceito
em Manutenção, a taxa de avarias (λ).
- 76
O MTBF é um parâmetro muito importante ao nível da Fiabilidade, pois representa a
“esperança matemática” das avarias ou seja o tempo provável ao fim do qual o
equipamento, se utilizado nas condições nominais, avaria.
NTBFMTBF Σ
=
N – número de avarias verificadas no período
Repare-se que a noção de tempo poderá ser substituída por outro tipo de unidade de
contagem (horas, quilómetros, etc.).
Matematicamente expressar-se-á a função fiabilidade através da probabilidade do bem
não falhar num dado período - a probabilidade é função do tempo e representa-se por
R(t). A probabilidade de falha nesse período é expressa pela função F(t), com:
F(t) = 1 - R(t)
Se tivermos a função densidade de falhas, f(t), com:
f(t) = dF t
dt
()
teremos
dR t
dt
() = - f(t)
ou
F tt
( ) = f(x)dx0∫
e
R t f x dx( ) ( ) = 1-0
t
∫
- 77
Quando a taxa de avarias é constante, situação bastante comum em sistemas reparáveis, a
função fiabilidade é expressa por uma lei exponencial negativa, R(t)=exp(-λt).
Os modelos referentes ao comportamento do material derivam da necessidade de avaliar
os modos de degradação dos equipamentos ao longo da sua vida útil. Essa degradação vai
influenciar a evolução da taxa de avarias ao longo do tempo que é representada pela
conhecida "curva da banheira" (fig. 10.1).
equipamento mecânico
equipamento electrónico
avarias aleatórias
arranque vida útil desgaste t
x
(t)λ
Curva da banheira Figura 10.1
Esta curva retrata os três períodos distintos da vida do equipamento, juventude
(arranque), maturidade (vida útil) e velhice (desgaste). No período de maturidade as
avarias deverão ocorrer de forma aleatória com taxa de avarias aproximadamente
constante.
Actualmente tem que se ter em conta que os utilizadores, em muitos casos, já não
observam a primeira fase desta curva. Isto relaciona-se com o facto de muitos
equipamentos chegarem às mãos dos utilizadores já testados e rodados de forma a
eliminar a parte de "mortalidade" inicial. A curva fica, assim, apenas com duas zonas.
- 78
10.2 Conceito de Manutibilidade
Define-se Manutibilidade como a probabilidade de duração de uma reparação
correctamente executada.
Definiremos TTR .- Time to Repair (Tempo Total de Reparação), como o intervalo de
tempo entre a detecção de uma avaria e o momento em que após reparado retoma o bom
funcionamento.
No conceito de TTR - Tempo Total de Reparação, incluem-se os seguintes tempos:
Tempo de espera •
•
•
•
•
•
•
•
Tempo gasto na detecção da avaria;
Tempo de diagnóstico da avaria;
Tempo de acesso ao órgão avariado;
Tempo de espera do fornecimento da peça;
Tempo de substituição / ou reparação;
Tempo de montagem;
Tempo de controlo e arranque do equipamento.
O MTTR é um parâmetro muito importante ao nível da Manutibilidade, pois representa a
“esperança matemática” do tempo de reparação de uma dada avaria ou seja o tempo
provável ao fim do qual essa avaria estará reparada.
NTTRMTTR Σ
=
N – número de avarias verificadas no período
- 79
10.3 Conceito de Disponibilidade
A partir dos dois parâmetros (MTBF; MTTR) anteriormente definidos, poderemos
introduzir outro conceito vital para qualquer sistema produtivo, a Disponibilidade.
Define-se Disponibilidade de um equipamento como a probabilidade que um
equipamento tem de assegurar a função para que foi produzido, num dado instante.
A Disponibilidade exprime-se matematicamente por:
MTTRMTBFMTBFD
+=
A partir da expressão anterior concluímos que existem duas formas de aumentar a
Disponibilidade dos equipamentos, uma será pelo aumento do MTBF, outra será pela
diminuição do MTTR.
Pode-se actuar na diminuição do MTTR através da eliminação de algumas das parcelas
que compõe o TTR como desde logo se torna evidente será o caso dos tempos de espera
por indisponibilidade de técnicos, equipamentos e ferramentas; o tempo de espera do
fornecimento de peças bem como outros tempos improdutivos eventualmente associados
aos outros componentes do TTR.
11. TPM Manutenção produtiva Total
O TPM significa Manutenção Produtiva Total e é uma nova filosofia de gestão da
manutenção que surgiu inicialmente no Japão e que teve grande expansão a partir dos anos
80.
À medida que a robotização e a automatização progridem ter-se-á de pensar que são as
instalações industriais, (máquinas), que fazem a qualidade. Das instalações industriais
não só depende a qualidade mas também a produção, o custo, os atrasos, a segurança e o
ambiente.
- 80
O nível de automatização de algumas das modernas instalações são por vezes
inimagináveis. Poder-se-á pensar à primeira vista que o homem deixou de ser útil nestas
unidades industriais robotizadas. No entanto a manutenção destas instalações só pode ser
realizada por engenheiros e operários altamente especializados.
11.1 Objectivos do TPM
A exploração eficaz de instalações sofisticadas requer uma organização especial. Com o
TPM consegue-se essa organização especial, onde se envolvem todos os participantes da
empresa, desde o director até ao mais modesto operador. A introdução do TPM é
extremamente rentável.
Sendo o TPM uma técnica também de manutenção, os resultados obtidos em termos de
ganhos de produtividade podem atingir os 100%. Estes resultados são obtidos
exclusivamente a partir de uma diferente filosofia de exploração dos equipamentos
existentes, sem recorrer a novos investimentos em equipamentos.
O TPM baseia-se na prática dos Zero Defeito. Logo que este principio è aplicado a
produtividade das instalações e do pessoal melhora, o custo de fabrico baixa e os stocks
diminuem.
Hoje a competitividade não se realiza em termos nacionais, mas sim em termos globais. È
uma necessidade fundamental aumentar a eficiência técnica e económica das empresas.
Aceitar este desafio quer dizer que se deverá ter uma atitude de Melhoramento Continuo
em todas as áreas da empresa.
Muitas empresas Europeias e também já muitas empresas Nacionais introduziram o ISO
9000 e avançaram na introdução do TPM. A eficiência interna de uma empresa, que se
baseia na execução correcta das actividades, é medida, de acordo com a filosofia TPM,
através do indicador “Overall Equipment Efficiency” – OEE, ou Eficiência Global.
O “Overall Equipment Efficiency” é um indicador do desempenho global, pois relaciona
e associa a disponibilidade, a produtividade e a qualidade.
- 81
11.2 O papel do operador e os indicadores de desempenho
Com o TPM a manutenção dos equipamentos de produção faz-se com todo o pessoal da
empresa quer esteja assignado à produção ou à manutenção, sendo frequente ouvir dizer
aos especialistas em qualidade que são os operadores das máquinas que fazem a qualidade.
Os indicadores de desempenho do TPM são:
• a disponibilidade operacional DOP
Define-se disponibilidade operacional como sendo a relação entre o tempo de
funcionamento efectivo – Tfe, e o tempo da jornada de trabalho ou tempo de
funcionamento possível - Tf
Tf
TparTfDOP −=
Tf - Tempo de funcionamento possível, è o tempo total disponível, menos o tempo
de paragens programadas.
Tpar - Tempos gastos com as paragens não programadas
Tfe - Tempo de Funcionamento Efectivo (Tfe = Tf - Tpar).
• a taxa de velocidade
Define-se taxa de velocidade como a relação entre o tempo teórico de execução de uma
operação e o tempo que essa operação demora a executar pelo equipamento em análise
alTempoCicloTeoricoTempoCicloTv
Re=
Tempo do ciclo teórico - Tempo que é necessário para fabricar uma peça à velocidade
nominal.
Tempo de ciclo real - Tempo que de facto è necessário para fabricar uma peça.
• a taxa de funcionamento útil
Define-se taxa de funcionamento útil como a relação:
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EfectivocionamentoTempodeFunalTempoCiclooduçaoTfu RePr ×
=
• a produtividade
A produtividade exprime o comportamento produtivo do equipamento e é expressa por:
PR Tfu Tv oduç ao TC alTf
TCTeoricoTC al
= × =×
×Pr Re
Re
Produtividade = Taxa de Funcionamento Útil x Taxa de Velocidade
• a taxa de qualidade TQ
A taxa de qualidade é definida pela relação entre o numero de peças aprovadas e o
numero total de peças produzidas. Exprime-se por :
cadasPeçasFabriNtuosasPeçasDefeiNcadasPeçasFabriNTQ
ººº −
=
• a eficiência global do equipamento OEE
A sigla OEE provem da designação Overall Equipment Efficiency e è expressa por :
OEE = DOP x PR x TQ x 100
Disponibilidade Operacional x Produtividade x Qualidade
Para melhor podermos visualizar o verdadeiro alcance deste novo índice OEE, vamos
utilizar o exemplo de uma Unidade Fabril com as características seguintes:
Tempo de Trabalho Diário 8 horas - 480 minutos
Tempo de Paragens Programadas Diário, que será o conjunto das paragens programadas
para mudança de fabrico, paragens para manutenção programada, paragens para reuniões
administrativas - 20 minutos.
Tempo de Funcionamento Diário 480 - 20 = 460 minutos.
- 83
Tempo de Paragem para manutenção correctiva ( reparação 20 min., tempo de espera 20
min., afinação 20 min.) - 60 minutos.
Tempo de Funcionamento Efectivo Diário - (Tf - Tpar) = 400 minutos.
Produção Diária 400 peças
Taxa de Qualidade 98%
Tempo de Ciclo Teórico 0,5 min/peça
Tempo de Ciclo Real 0,8 min/peça
Tempo Real de Fabrico 0,8x400
Disponibilidade Operacional 400× =
460100 87%
Taxa de Funcionamento Útil 0 8 400400
100 80%, ×× =
Taxa de Velocidade %5.621008.05,0
=×
Produtividade 0,8 x 0,625 x 100 = 50%
Eficiência Global do Equipamento = DOP x PR x TQ x 100 = 0,87 x 0,50 x 0,98 x 100 = 42,6%
O exemplo acabado de dar baseia-se em valores correntes da realidade
empresarial, o que quer dizer que no exemplo anterior tínhamos a nossa unidade
aproveitada a 42,6%.
Muitas empresas ficam chocadas quando executam o cálculo do seu OEE pela primeira
vez, no entanto esta situação è comum para quem se inicia no TPM.
Consideremos agora alguns números correntes para empresas de excelência que já têm o
TPM em aplicação :
DOP 90%
PR 95%
TQ 99%
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OEE = 0,90 x 0,95 x 0,99 x 100 = 85%
Uma empresa convencional se aplicar o TPM de forma correcta poderá passar o seu OEE
de 42,6% para 85%, ou seja, tem possibilidades, recorrendo a processos mais adequados
de manutenção e utilização dos equipamentos, aumentar a sua produtividade de
85 42 642 6
100 99 5%−× =
,,
,
11. 3 Os oito pilares do TPM
O TPM baseia-se em 8 ideias força :
• Melhorias individualizadas nas máquinas.
• Estruturação da manutenção autónoma.
• Estruturação da manutenção planeada.
• Formação para incremento das capacidades do operador e do técnico de
manutenção.
• Controlo inicial do equipamento e produtos.
• Manutenção da qualidade
• Extensão do TPM aos serviços administrativos.
• Higiene, segurança e controlo ambiental.
11.4 Desafio zero avarias
É comum que para uma dada falha se conheça a sua causa. Acontece no entanto que
simultaneamente ocorrem falhas imprevistas ou crónicas implicando percas de tempo de
produção e originando produtos defeituosos. Estas falhas crónicas, de origem não
identificada, podem ter como origem sujidades, desgastes, trepidação, folgas, fugas,
deformações ou temperaturas.
Para atingir as zero avarias há que combater estes dois tipos de avarias, sendo que as
avarias crónicas são seguramente as que mais difíceis são de eliminar.
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11.5 Resultados esperados com o TPM
Por experiências verificadas em casos onde o TPM foi aplicado, è possível num período
de 3 a 4 anos passar de valores do OEE de 40 a 45% para 70%. È portanto essencial
utilizar as possibilidades dadas através do incremento de competitividade através de :
• possibilitar um melhor planeamento da produção, com a melhoria da
satisfação do cliente.
• diminuir os riscos com problemas de qualidade.
• permitir aos operadores ter mais tempo disponível para introduzir melhorias
nos equipamentos e executarem manutenções de 1º Escalão.
Diminuição de paragens não planificadas de forma a:
Libertação da Capacidade Produtiva que pode ser usada:
Como alternativa a novos investimentos em equipamento. •
• Na redução de equipamentos produtivos.
• Na redução de necessidades de manutenção.
• Na redução de turnos.
• Para incrementar a capacidade de mudanças de fabrico, aumentando em
flexibilidade e entregas JIT.
Caminho a percorrer
• Definir os parâmetros exactos e medir:
Disponibilidade
Produtividade
Taxa de Qualidade
• Fazer sentir que todos os trabalhadores são detentores do OEE.
• Introduzir o processo OEE como parte da implementação do TPM, numa
aproximação gradual.
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• Afirmação da administração central a todos os trabalhadores em como estão com a
transformação e que não permitirão curto-circuitos, a fim de obter resultados rápidos.
• Trabalhar activamente para o processo de melhoria em todos os níveis da
organização.
• Nomear um coordenador TPM, que será o motivador da transformação, pessoa com
prestigio na firma, disciplinado e focalizado nos resultados.
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Bibliografia
Cabral, José Saraiva, Organização e Gestão da Manutenção, Lidel, Lisboa, 1998
Ferreira, Luís Andrade, Uma Introdução à Manutenção –, Publindústria, Porto,
1998
Lindley R. Higgins, Maintenance Engineering Handbook, McGraw-Hill, 1995
Nakajima, Seiichi, La Maitenance Productive Totale ( TPM ) – Nouvelle vague de
la production industrielle, AFNOR, 1990
Pereira, Filipe Didelet, Organização e Manutenção em Complexos Industriais,
Mestrado em Engenharia Mecânica, IST, Lisboa, 1988.
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