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ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL (ESAB) CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATU-SENSU EM GESTÃO ESTRATÉGICA, INOVAÇÃO E CONHECIMENTO MÁRCIA OLIVEIRA DE ALMEIDA INOVAÇÃO NOS PRODUTOS E SERVIÇOS DE BIBLIOTECAS DIGITAIS VILA VELHA, ES 2011

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ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL (ESAB)

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATU-SENSU EM GESTÃO ESTRATÉGICA, INOVAÇÃO E CONHECIMENTO

MÁRCIA OLIVEIRA DE ALMEIDA

INOVAÇÃO NOS PRODUTOS E SERVIÇOS DE BIBLIOTECAS DIGITAIS

VILA VELHA, ES 2011

MÁRCIA OLIVEIRA DE ALMEIDA

INOVAÇÃO NOS PRODUTOS E SERVIÇOS DE BIBLIOTECAS DIGITAIS

Monografia apresentada ao curso de pós-graduação latu sensu da Escola Superior Aberta do Brasil (ESAB) como requisito para obtenção do título de Especialista em Gestão Estratégica, Inovação e Conhecimento, sob orientação da Professora Janaina Costa Binda.

VILA VELHA, ES 2011

MÁRCIA OLIVEIRA DE ALMEIDA

INOVAÇÃO NOS PRODUTOS E SERVIÇOS DE BIBLIOTECAS DIGITAIS

Monografia aprovada em ____ de _______________ de 2011

Banca examinadora

________________________________ ________________________________ ________________________________

VILA VELHA, ES

2011

Aos bibliotecários que fazem um excelente trabalho

principalmente em organizações que não

valorizam e nem investem em biblioteca e

mesmo assim praticam inovação .

AGRADECIMENTO À minha família, em especial meu futuro esposo, Renato, que me fez ver que a vida

ainda tem coisas boas a me oferecer.

À minha querida mãe que acreditou e insistiu na minha formação.

Ao meu querido padrasto e professor Tarcisio Zandonade que tanto me ajuda e me

faz querer ser uma bibliotecária cada vez melhor.

A todos que colaboraram direta e indiretamente para a realização desta monografia.

RESUMO

Palavras-chave: Biblioteca Digital. Produtos e Serviços de Informação. Tecnologia da Informação. Inovação. Apresenta uma proposta de investigação nas inovações dos produtos e serviços de bibliotecas digitais. O intuito desta proposta é o de caracterizar alguns dos produtos e serviços de bibliotecas digitais, entender a inovação no ambiente informacional e identificar inovações nos produtos e serviços das bibliotecas digitais. O resultado desta caracterização consistiu na elaboração de um quadro que apresenta alguns destes produtos e serviços de biblioteca digital. A proposta é verificar se os produtos e serviços apresentados são inovadores e se essas inovações são do tipo radical ou incremental. A partir desta verificação conclui-se que a maioria dos produtos e serviços apresentados são inovadores do tipo incremental.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 – Evolução tecnológica da biblioteca ....................................................... 19

FIGURA 2 – Pirâmide das funcionalidades da Biblioteca Digital ............................... 24

QUADRO 1 – Exemplos de serviços e produtos das bibliotecas digitais ................. 26

QUADRO 2 – Definição dos serviços informais ........................................................ 28

QUADRO 3 – Lista sugestiva de produtos e serviços para biblioteca digital ............ 42

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BD Biblioteca Digital

CONARQ Conselho Nacional de Arquivos

OPAC Catálogo de Acesso Público em Linha

PDF Portable Document Format

TICs Tecnologias da Informação e Comunicação

WWW World Wide Web

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11

1.1 PROBLEMA ....................................................................................................... 12

1.2 OBJETIVO GERAL ............................................................................................ 12

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................. 12

1.4 METODOLOGIA ................................................................................................ 12

2 CONTEXTUALIZANDO A BIBLIOTECA DIGITAL ......... .................................... 14

2.1 CARACTERIZANDO A BIBLIOTECA DIGITAL ................................................... 18

3 OS PRODUTOS E SERVIÇOS DE BIBLIOTECAS DIGITAIS . ............................ 23

4 A INOVAÇÃO NO AMBIENTE INFORMACIONAL ........... ................................... 33

5 INOVAÇÕES NOS PRODUTOS E SERVIÇOS DE BIBLIOTECAS DIGITAIS ..... 40

CONCLUSÃO ......................................... .................................................................. 47

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 49

11

1 INTRODUÇÃO

Com o avanço das tecnologias de informação, as bibliotecas do século 21 nunca

mais serão baseadas, exclusivamente, em material impresso. Vão surgindo novas

formas de acesso e disponibilização da informação. Novos produtos e serviços são

desenvolvidos, aperfeiçoados ou adaptados para um novo contexto informacional.

As bibliotecas digitais constituem uma das direções que a biblioteca convencional

está tomando, no sentido de melhorar a prestação de serviço à comunidade, como,

por exemplo, o acesso à informação sem que necessariamente o usuário tenha que

se deslocar fisicamente até uma biblioteca (TAMMARO, 2008). O avanço da

biblioteca convencional para a biblioteca digital, ocasionado pela revolução

tecnológica, provoca mudanças na secular estrutura da biblioteca, principalmente,

“na maneira de prover produtos e serviços informacionais aos usuários” (CUNHA,

2008, p. 4). Muito dessa revolução foi proporcionada pela inovação das tecnologias

da informação e da comunicação.

Nos novos cenários da sociedade contemporânea, baseados na gestão da

informação e do conhecimento, a biblioteca digital se apresenta como colaboradora

para a geração de produtos e serviços especializados, cada vez mais avançados,

para atender às necessidades específicas de informação dos seus usuários. A

sociedade da informação e do conhecimento busca alternativas e soluções para que

o acesso à informação seja realizado de forma rápida, econômica e eficaz para o

usuário. Graças a inovação, bem como outros recursos atrelados a ela, tem

transformado exponencialmente esta sociedade gerando impacto direto na

economia e no desenvolvimento do país.

Este estudo apresenta, primeiramente, o problema e a justificativa para a elaboração

deste tema. Como elementos orientadores deste estudo, foram definidos um objetivo

geral e três objetivos específicos. O levantamento bibliográfico e a revisão de

literatura resultarão numa análise que fornece as principais características dos

produtos e serviços de bibliotecas digitais e um estudo da inovação relacionado a

eles.

12

1.1 PROBLEMA

Quais são as inovações nos produtos e serviços das bibliotecas digitais?

1.2 OBJETIVO GERAL

Investigar inovações nos produtos e serviços das bibliotecas digitais.

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Caracterizar as bibliotecas digitais bem como seus produtos e serviços;

• Entender a inovação no ambiente informacional; e

• Identificar inovações nos produtos e serviços de bibliotecas digitais.

1.4 METODOLOGIA

A pesquisa será do tipo exploratória com abordagem qualitativa, onde pretende-se

investigar inovações nos produtos e serviços das bibliotecas digitais.

A coleta de dados será baseada na análise documental e em fichamentos por meio

da pesquisa bibliográfica.

13

A análise e apresentação dos dados serão feitas a partir da pesquisa bibliográfica

em formato textual.

14

2 CONTEXTUALIZANDO A BIBLIOTECA DIGITAL

A literatura acerca do tema ainda não apresenta uma definição universal do que

venha a ser uma biblioteca digital. Isso ocorre por não haver consenso de

terminologia e de conceito entre os autores, pois alguns acreditam que termos como

biblioteca eletrônica, biblioteca virtual, biblioteca do futuro, multimídia, sem paredes

são termos sinônimos de biblioteca digital (TAMARO, 2008; CUNHA, 1999b). Cada

termo tem seu significado particular, que não precisa ser, necessariamente, diferente

um do outro, mas que varia conforme a visão de cada autor, de acordo com o

surgimento de novas tecnologias, de acordo com a sua forma de aplicação e sua

utilização. Sendo assim, contextualizar e caracterizar algumas das bibliotecas

citadas, em especial a biblioteca digital, seja um passo primordial para a elaboração

e o entendimento deste trabalho que em nenhum momento tem o objetivo de ser

exaustivo em suas colocações, apenas delinear traços marcantes sobre o assunto.

Tammaro (2008, p. 116) entende que o qualificativo ‘eletrônico’ da expressão

‘biblioteca eletrônica’ refere-se ao equipamento usado na leitura dos dados e não

pelo que caracteriza os dados utilizados; portanto, o termo “define documentos

inacessíveis sem equipamento adequado”. Tammaro (2008) define biblioteca

eletrônica como sendo uma biblioteca adaptada com sistemas de computador, na

qual, se utilizam equipamentos eletrônicos para seu funcionamento.

A biblioteca eletrônica, na visão da Rowley (2002), é de uma biblioteca multimídia,

que deve conter o que seus usuários entendem que seja importante, em diferentes

formas e formatos, para a comunicação e o armazenamento dessas informações.

Tennant (apud TAMMARO, 2008, p. 116) afirma que “uma biblioteca eletrônica

compreende, tanto materiais, quanto serviços que empregam eletricidade para que

sejam usados”; a partir dessa definição aquele autor acredita que a biblioteca

eletrônica abrange a biblioteca digital, assim prefere utilizar a expressão ‘biblioteca

digital’, pois é empregada de maneira mais correta.

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O termo ‘biblioteca eletrônica’ está relacionado ao sistema no qual as atividades

básicas da biblioteca são de natureza eletrônica, o que acarretará no uso de

computadores e de seus recursos para o armazenamento, recuperação e

disponibilidade da informação, podendo também apresentar projetos de digitalização

de livros (MARCHIORI, 1997).

Os produtos e serviços das bibliotecas eletrônicas estão disponíveis em diferentes

formas e formatos para comunicação e armazenamento das informações. “Seu

acervo, catálogos e serviços são desenvolvidos com suporte eletrônico”. (CUNHA

apud ROSETTO, 1997, p. 5).

O adjetivo ‘virtual’ da expressão ‘biblioteca virtual’ significa que a biblioteca não

existe (TAMMARO, 2008). Conforme Tammaro (2008), a referida expressão é mais

antiga do que ‘biblioteca digital’, sendo aquela utilizada “para definir o conceito da

nova biblioteca”. Aquela autora conta que Tim Berners-Lee, criador da World Wide

Web (WWW), foi o primeiro a usar a expressão ‘biblioteca virtual’ para o sítio

denominado Virtual Library1.

A expressão ‘biblioteca virtual’, mesmo sendo menos difundida do que ‘biblioteca

digital’, continuou sendo utilizada para indicar, por exemplo,

uma coleção selecionada de vínculos com sítios da Rede e também para se referir a um conceito mais amplo, tanto para a biblioteca eletrônica, quanto da biblioteca digital, quer dizer, uma coleção de documentos fora da biblioteca como espaço físico ou lógico (TAMMARO, 2008, p. 117).

O Consorzio Interuniversitario Lombardo per l'Elaborazione Automatica (apud

TAMMARO, 2008, p. 117) qualifica ‘biblioteca virtual’ como sendo “o diretório de

sítios eletrônicos que têm interesse bibliográfico e a diferencia da ‘biblioteca digital’,

denominação esta que reserva para a coleção de periódicos eletrônicos e base de

dados, dos quais adquiriram a respectiva licença de uso”.

O acesso por meio de um sistema de computador a recursos informacionais em rede

relaciona-se com o conceito de biblioteca virtual, em que melhorias na qualidade dos

1O sítio pode ser acessado em: http://vlib.org/

16

produtos e serviços da biblioteca são criadas, visando à eficiência e à qualidade dos

serviços prestados ao usuário, e ao retorno de investimento (REZENDE; MACHADO

2000). Na biblioteca virtual, os produtos e serviços interagem com o usuário por

meio de uma realidade virtual e seu acesso pode ser feito independente de onde

esteja fisicamente.

A biblioteca virtual, para Marchiori (199, p. 4), depende da tecnologia da realidade

virtual para existir, ou seja, essa biblioteca fará uso de um software próprio, instalado

a um computador de alto nível para reproduzir o ambiente de uma biblioteca em

duas ou três dimensões, “criando um ambiente de total imersão e interação”, sendo

possível, “ao entrar em uma biblioteca virtual, circular entre as salas, selecionar um

livro nas estantes, “tocá-lo”, abri-lo e lê-lo”.

A idéia de reproduzir uma biblioteca para a realidade virtual não quer dizer que essa

biblioteca exista fisicamente, mas recria-se a idéia de espaço, onde os usuários

poderão entrar e interagir num ambiente que existe apenas na realidade virtual.

A biblioteca híbrida, conforme Tammaro (2008, p. 118), é aquela “onde são usadas,

tanto fontes de informação eletrônicas, quanto em papel”. Essa autora mostra que o

mais importante no conceito de biblioteca híbrida são os serviços, que se adaptam

ao novo contexto digital, no intuito de transformar e reorganizar a biblioteca

tradicional.

Garcez e Rados (2002) enfocam na biblioteca híbrida, os produtos e serviços como

bens, serviços e produtos. Quer dizer, os bens são interpretados como algo físico.

‘Serviços’ significa trabalho feito para outro e os produtos são o somatório de bens e

serviços (GARCEZ; RADOS, 2002).

Para esses autores, os bens e serviços da biblioteca híbrida devem ser oferecidos

aos usuários de maneira integrada, “proporcionando a flexibilização necessária para

a oferta de serviços de qualidade, que agreguem valor” (GARCEZ; RADOS, 2002, p.

46) às diferentes necessidades de informação.

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Os produtos e serviços em bibliotecas híbridas são caracterizados pela flexibilidade,

o termo “descreve a habilidade que uma biblioteca tem para oferecer diferentes bens

e serviços, de acordo com as necessidades individuais ou grupais de seus usuários”

(GARCEZ; RADOS, 2002, p. 46).

Estes autores comentam que, já na etapa do projeto de implementação de uma

biblioteca, é preciso pensar na qualidade dos produtos informacionais, sendo

fundamental verificar as necessidades dos usuários antes da implementação de

novos bens e serviços. Enfim, a missão da biblioteca híbrida é

agregar diferentes tecnologias, diferentes fontes, refletindo o estado que hoje não é completamente digital, nem completamente impresso, utilizando tecnologias disponíveis para unir em uma só biblioteca, o melhor dos dois mundos – o impresso e o digital (GARCEZ; RADOS, 2002, p. 47).

O objetivo da biblioteca híbrida é oferecer um serviço amplo de acesso à

informação, tanto para proporcionar uma vasta quantidade de recursos, quanto para

disponibilizá-los de maneira inovadora a um número maior e diversificado de

usuários, sem limite de espaço e tempo e a característica dessa biblioteca se apóia

na renovada e ampliada postura dos bibliotecários em oferecer serviços e coleções

digitais com valor agregado onde produtos e serviços se adaptam ao novo contexto

digital das tecnologias de informação e comunicação (TAMMARO 2008).

Os serviços mais avançados que a biblioteca híbrida pode oferecer aos usuários,

conforme Tammaro (2008), são aqueles serviços que vão ao encontro de suas

exigências. Essa autora explica que os serviços são ditos como avançados, não

porque utilizam tecnologias avançadas, mas porque pressupõem o bom resultado da

mudança cultural da biblioteca, inserida no contexto da organização e na sociedade.

Tammaro aduz quatro níveis de serviços que correspondem a outras tantas fases da

evolução da biblioteca em direção à biblioteca digital, sendo a biblioteca híbrida uma

destas fases.

Os níveis de serviços de acordo com Tammaro (2008) são:

1. o sítio da Rede, que assume cada vez mais a função de ponto de aceso único

da biblioteca e o catálogo da biblioteca em linha, conhecido como OPAC;

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mesmo que este serviço não acrescente recursos ao sistema de informação,

pode melhorar a utilização da biblioteca pelos usuários;

2. o portal, como ponto de acesso a uma coleção de recursos e serviços

preparados pela biblioteca, como também a acervos de outras bibliotecas, a

bases de dados e, por meio da internet, o acesso a uma variedade de

recursos digitais;

3. os serviços de fornecimento de documentos e de referência digital, que

permitam ao usuário interagir e se comunicar com o pessoal da biblioteca. O

fornecimento de documento por meio eletrônico inclui os seguintes serviços:

fotocópia de recursos impressos e impressão de recursos eletrônicos,

transmissão dos recursos eletrônicos como resultado imediato da busca,

fornecimento eletrônico de documentos por meio de uma rede, digitalização

de recursos impressos e transmissão em rede, entre outros; e

4. os serviços avançados e personalizados, que permitem realizar em linha

todas as transações que lhes são pertinentes, e até mesmo integrá-los com

outros serviços da instituição a que a biblioteca esteja subordinada.

2.1 CARACTERIZANDO A BIBLIOTECA DIGITAL

As definições encontradas na literatura para biblioteca digital são diversas.

Dependendo do enfoque dado pelo autor, aproximam-se ou se distanciam umas das

outras. O conceito de biblioteca digital, para Cunha (1999b, p. 258), “aparenta algo

revolucionário, mas na verdade ele é resultado de um processo gradual e evolutivo”.

Em 1945, num artigo publicado por Vannevar Bush, intitulado ‘As we may tink’, ele

previu “uma máquina – denominada Memex – que facilitaria a disseminação da

informação científica e, com o emprego dela, armazenaria para uso posterior, toda a

informação de seu interesse” (CUNHA, 1997, p. 1). A partir daí, impulsionado pela

explosão informacional, o amplo desenvolvimento da tecnologia, o advento das

redes de comunicação e da internet, foram surgindo diversos recursos

informacionais, que ganharam outras dimensões na biblioteca, ou seja, “novos tipos

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de bibliotecas surgem para complementar e enriquecer os recursos de informação

das bibliotecas tradicionais, com soluções inovadoras para a produção e difusão

científica” (SILVA; SÁ; FURTADO, 2004, p. 1).

Cunha, (1999a) propôs uma estrutura (Figura 1) que representa a Evolução

Tecnológica da Biblioteca. É possível notar nessa figura que cada Era é

representada por um tipo de biblioteca e suas respectivas zonas de

descontinuidade, que neste trabalho considerar-se-á como zonas de interligação.

Nessa região, o conceito destes tipos de bibliotecas interagem e na maioria das

vezes se confundem. Percebe-se que o referido autor consegue separar e distinguir

cada tipo de biblioteca ao longo do tempo e que não há equívoco entre os temos,

visto que existe, de fato, uma diferença entre os tipos de bibliotecas representados.

Mesmo que esta diferença seja sutil para alguns autores e para outros ela nem

existe, seria apenas uma questão de denominação do objeto em estudo.

Figura 1 – Evolução tecnológica da biblioteca Fonte: Cunha (1999a)

Mesmo que ainda não tenha um conceito universal do que signifique o objeto da

pesquisa e há quem acredite que não haverá devido ao avanço das tecnologias de

informação e ainda não exista um consenso entre os autores, foi possível encontrar

semelhanças para caracterizar a biblioteca digital.

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A definição da Digital Library Federation, além de ser a mais difundida, foi uma das

mais relevantes no âmbito bibliotecário, pois identifica a extensão do serviço da

biblioteca digital

As bibliotecas digitais são organizações que fornecem os recursos, inclusive o pessoal especializado, para selecionar, estruturar, oferecer acesso intelectual, interpretar, distribuir, preservar a integridade e garantir a permanência no tempo de coleções e de obras digitais, de modo que estejam acessíveis, pronta e economicamente, para serem usadas por uma comunidade determinada ou por um conjunto de comunidades (TAMMARO, 2008, p. 120). .

Na definição acima, é possível encontrar tantos outros conceitos dignos de apreço

como, por exemplo, a proposta de considerar a biblioteca digital uma organização.

Na administração moderna, uma organização é considerada uma unidade social

intencionalmente construída a fim de atingir objetivos específicos, caracterizada por

possuir uma estrutura formada de pessoas que se relacionam, colaborando e

dividindo o trabalho para transformar insumos em produtos e serviços e ser perene

no tempo.

Outros conceitos importantes, presentes na definição da Digital Library Federation,

são o de selecionar, estruturar, interpretar, distribuir e preservar as obras digitais,

conceitos encontrados também na biblioteca tradicional; a diferença é que a maioria

dos suportes encontrados neste acervo é em papel. E o objetivo final é que as

coleções de obras digitais estejam acessíveis, de maneira econômica, aos usuários

de uma determinada comunidade ou por um conjunto de comunidades (TAMMARO,

2008).

Além da definição da Digital Library Federation, Tammaro (2008, p. 119) acredita

que uma das melhores definições de biblioteca digital foi a empregada no Workshop

on Distributed Knowledge Work Environments, em 1997, que diz o seguinte:

[...] o conceito de ‘biblioteca digital’ não é simplesmente o equivalente a uma coleção digitalizada dotada de instrumentos de gestão da informação. É, antes, um ambiente que reúne coleções, serviços e pessoas para apoiar todo ciclo vital de criação, disseminação, uso e preservação de dados, informação e conhecimento.

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A partir desta definição, Tammaro (2008) observa que o serviço da biblioteca digital

não está limitado ao acesso à informação e ao seu uso, mas compreende na

administração de atividades gerenciais, econômicas e de preservação.

Três componentes essenciais da biblioteca digital podem ser extraídos de diversos

modelos e conceitos de biblioteca digital, a partir de visões da comunidade

acadêmica e da comunidade de profissionais (TAMMARO, 2008). Segundo

Tammaro (2008) a comunidade acadêmica vê a biblioteca como depósito de acesso

ao conhecimento universal e tem seu foco dirigido a sistemas sofisticados de

recuperação da informação, que dispensem a intervenção dos bibliotecários e a

comunidade dos profissionais concentra-se no intermédio dos serviços aos usuários,

bem como na evolução da biblioteca digital, refletindo sobre seus limites.

Assim, pela combinação das diferentes definições de biblioteca digital, os três

elementos essenciais que a compõem são:

o usuário, entendido como o público em geral ou como usuário individualizado, do qual a biblioteca precisa conhecer as necessidades específicas e as diversas atividades. Devem estar aptos a fazerem uso dos serviços disponíveis; os conteúdos, isto é, os objetos digitais, organizados e estruturados nas coleções digitais segundo normas próprias e distribuídos em rede; os serviços de acesso, caracterizados por interfaces ou serviços mediados pelo pessoal bibliotecário (TAMMARO, 2008, p. 123).

Segundo Arellano (1998) a biblioteca digital é uma resposta das bibliotecas, ditas

como tradicionais, à explosão informacional, ou seja, uma mudança de enfoque do

documento para a informação. O autor acrescenta, ainda, que a biblioteca digital é

“uma possibilidade de revisão dos modelos administrativos de gerenciamento de

informações [...] e não apenas um conjunto de equipamentos, bons softwares, bases

de dados e redes de telecomunicação” (ARELLANO, 1998, f. 23).

Arellano (1998) acredita que a biblioteca digital surge para dar apoio às

necessidades de comunidades específicas de usuários, diante dos novos sistemas

de informação. O documento se torna “cada vez mais interativo dentro de um serviço

de informação mais diversificado e com profissionais da informação capacitados

para assisti-los” (ARELLANO, 1998, f. 28). A biblioteca digital surge para auxiliar a

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biblioteca tradicional e facilitar o acesso de informações aos usuários que dela

precisam.

O diferencial da biblioteca digital é que a informação contida nela existe apenas na

forma digital, embora possa existir também em outros tipos de suporte; assim, o que

pode ser acessado na biblioteca digital é a informação digitalizada com a vantagem

de ser compartilhada instantânea e facilmente por meio de redes de computadores,

ficando claro que a biblioteca digital não contém livros na forma convencional

(MARCHIORI, 1997).

Cunha (2000, p. 78) explica que a biblioteca digital é, simplesmente, “um conjunto de

mecanismos eletrônicos que facilitam a localização da demanda informacional,

interligando recursos e usuários”. Cunha (1999, p. 258) apresentou várias

características da biblioteca digital, encontrada nas definições de diversos autores,

como:

acesso remoto pelo usuário, por meio de um computador conectado a uma rede; utilização simultânea do mesmo documento por duas ou mais pessoas; inclusão de produtos e serviços de uma biblioteca ou centro de informação; existência de coleções de documentos correntes onde se pode acessar não somente a referência bibliográfica, mas também o seu texto completo [...]; provisão de acesso em linha a outras fontes externas de informação (bibliotecas, museus, bancos de dados, instituições públicas e privadas); utilização de maneira que a biblioteca local não necessite ser proprietária do documento solicitado pelo usuário; utilização de diversos suportes de registro da informação [...]; existência de unidade de gerenciamento do conhecimento, que inclui sistema inteligente ou especialista para ajudar na recuperação de informação mais relevantes.

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3 OS PRODUTOS E SERVIÇOS DE BIBLIOTECAS DIGITAIS

Tendo em vista o desenvolvimento acelerado de bibliotecas digitais, seus produtos e

serviços crescem de forma espantosa, ocasionados pelo avanço das tecnologias de

informação e pela criatividade de gestores, que adaptam ou criam novas maneiras

de se ter acesso, gerir e oferecer informações a seus usuários em uma biblioteca

digital.

Assim, com o surgimento da internet e das possibilidades de utilização de novas

tecnologias, fica cada vez mais difícil decidir quais produtos e serviços continuarão a

ser oferecidos numa unidade de informação tradicional e quais poderão ser

oferecidos apenas no ciberespaço, que é um “ambiente disponível para todos os

interessados em oferecer produtos e serviços, sejam organizações ou pessoas.

Entre essas organizações e pessoas, estão as unidades de informação e os

profissionais que nela atuam, inclusive seus gerentes” (AMARAL, [2002?], p. 3).

Essa autora diz que há uma grande dificuldade na distinção entre produtos e

serviços de informação, pois o limite entre ambos é sutil, quando se fala em

informação. Neste trabalho, optou-se por não separá-las, tendo em vista o limite

tênue entre os dois; entretanto, mais à frente, será apresentada um Quadro (1) em

que seu autor conseguiu separar produtos e serviços oferecidos nas bibliotecas

digitais.

Segundo Borgman (apud TAMMARO, 2008, p. 133) “as bibliotecas digitais são

iguais às bibliotecas tradicionais, mas ampliam grandemente seus serviços para

comunidades definidas de usuários”; esses serviços, continua Borgman (apud

TAMMARO, 2008), devem ser muito melhores – avançados e personalizados – do

que aqueles ofertados por alguns projetos iniciais de biblioteca digital, tornando-se

cooperativos (collaborative) e contextuais.

Nos serviços cooperativos, os usuários podem exercer funções ativas, como a

criação de novos conhecimentos e funções passivas, por intermédio do

monitoramento do uso dos recursos. Os serviços deveriam ser contextuais, pois

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gerariam inter-relações conceituais e em diferentes níveis de conhecimento, se

estendendo além dos recursos primários selecionados na coleção (BORGMAN apud

TAMMARO, 2008).

Com a evolução das bibliotecas digitais é necessário dirigir a atenção para uma

‘meta-avaliação’ – exame consciente dos elementos, das condições e das

necessidades reais do serviço, que ultrapassam a mensuração de sua realização –

dos serviços mais do que na prestação destes de forma isolada (PETERS apud

TAMMARO, 2008).

Como os serviços da biblioteca digital devem estar centrados nas necessidades de

seus usuários, é importante que este serviço esteja orientado para a solução dos

problemas das instituições e da sociedade que a financiam, bem como satisfazer as

necessidades de informação dos usuários (TAMMARO, 2008). Isto é possível de ser

verificado na “pirâmide das funcionalidades” descrita por Chen (apud TAMMARO,

2008, p. 135) a partir de vários modelos de bibliotecas digitais. Observe a Figura 2.

FIGURA 2 – Pirâmide das funcionalidades da Biblioteca Digital Fonte: Chen apud Tammaro (2008). Nota: Adaptado pela autora.

Serviços da BD

Depósito e ponto de acesso às informações

Integração de serviços e sistemas.

Integração funcional entre partes isoladas da

mesma instituição

O objetivo do serviço é transformar as ‘pessoas’ em cidadãos para uma sociedade da aprendizagem.

Serviço que facilita a comunicação e a colaboração e um arranjo totalmente digital que agrega e assimila várias funções para cumprir a finalidade da instituição como um todo.

Função tradicional de todas as bibliotecas.

25

Com base na Figura 2, percebe-se que os serviços oferecidos por algumas das

atuais bibliotecas digitais têm um objetivo diferenciado, de forma a integrar e

transformar informações em produtos e serviços avançados, visando a satisfação do

usuário e envolvendo-os de tal forma que o objetivo principal desses serviços se

constitui em transformar e inserir seus usuários na sociedade da informação e do

conhecimento.

A seguir, veremos que Arellano (1998), há dez anos atrás, entendia que o objetivo

dos produtos e serviços das bibliotecas digitais era vitalizar e dinamizar os acervos

bibliográficos das bibliotecas físicas. Dentro da “pirâmide das funcionalidades” esse

objetivo estaria na base da pirâmide, caracterizando a função tradicional de todas as

bibliotecas.

Entretanto, mesmo estando na base pirâmide, não significa que seu trabalho tenha

um valor inferior, mas que seus produtos e serviços são fundamentais, essenciais

para o pleno funcionamento das atividades da biblioteca. Eles são a base para o

planejamento e elaboração de uma biblioteca, seja ela tradicional ou digital.

A intenção é mostrar que há mais de dez anos, ainda no surgimento e

aprimoramento das primeiras bibliotecas digitais, Arellano (1998) já havia percebido

que o conjunto de produtos e serviços oferecidos pelas bibliotecas digitais,

estudadas por ele, caminhavam no sentido de vitalizar e dinamizar os acervos das

bibliotecas tradicionais.

No Quadro 1, extraída da dissertação de Arellano (1998), são descritos exemplos de

serviços e produtos das bibliotecas digitais. O autor encontrou semelhanças nos

projetos de bibliotecas digitais por ele pesquisados. Ele acrescenta, ainda, que os

produtos e serviços descritos no Quadro 1 são o motivo de transformação no acesso

às fontes de informação das bibliotecas digitais, pois o valor dessa informação está

no acesso aos serviços que ela proporciona.

Alguns dos produtos e serviços, descritos por Arellano (1998), já existia na biblioteca

tradicional e foi adaptado para meio eletrônico como os instrumentos de busca; a

intercomunicação entre as bibliotecas, que equivaleria à comutação bibliográfica. Há

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dez anos, eles poderiam ter um caráter inovador para as emergentes bibliotecas

digitais, mas hoje podem ser vistos como elementares. A tendência atual é oferecer

produtos e serviços diferenciados daqueles que já são oferecidos nas bibliotecas

tradicionais. O Quadro 1 representa uma tendência da época, observe.

SERVIÇOS PRODUTOS Intercomunicação de bibliotecas. Redes de links.

Ferramentas de busca. Criação e manutenção automática de coleções de informação de alta qualidade.

Bibliografias. Índice de recuperação de texto completo. Coleções de informação do domínio público.

Acesso ao fundo bibliográfico antigo. Base de dados sobre fundo bibliográfico. Acesso público aos dados da NASA. Sistema de software e hardware. Recuperação e armazenamento do conhecimento em instituições de ensino superior.

Base de dados multimídia. CD-Rom. Sistema eletrônico de entrada de documentos.

Distribuição ilimitada de textos de domínio público.

Enciclopédia eletrônica. Material educativo.

Recuperação e disponibilização das coleções das bibliotecas.

Arquivo eletrônico interativo.

Conversão de números antigos e correntes de periódicos para o formato eletrônico.

Periódicos digitalizados taxados através de assinatura.

Gerenciamento de direitos autorais, transformação de bibliotecas em bibliotecas virtuais.

Index de recuperação de texto, imagem e som. Tecnologia de entendimento de linguagem natural.

Acesso por assinatura a revistas, livros, jornais, fotos, imagens e mapas.

Programa de instruções para o usuário e de suporte técnico.

Quadro 1 – Exemplos de serviços e produtos das bibliotecas digitais Fonte: Arellano, 1998, p. 26.

Gonçalves, Fox e Watson (2008) buscam uma teoria para a biblioteca digital,

baseada na ontologia. Devido à falta de consenso de definição, teoria e estrutura

comum, pelo fato de o desenvolvimento das bibliotecas digitais ser caso a caso, o

que dificulta a comparação entre elas, os autores propõem uma ontologia formal dos

conceitos, relações e regras fundamentais que regem a biblioteca digital.

O processo de elaboração da ontologia foi guiado por uma estrutura formal para

bibliotecas digitais. A ontologia foi utilizada para explorar a capacidade de expressão

e para criar uma taxonomia de serviços de bibliotecas digitais. O Quadro 2

representa os serviços informais da biblioteca digital e sua definição, a partir do

estudo de Gonçalves, Fox e Watson (2008).

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Serviços Definição informal Aquisição - Acquiring

Toma um conjunto de objetos digitais, pertencentes a uma coleção que não está na BD, e os incorpora em alguma coleção da BD.

Anotação - Annothoring

Incorpora uma anotação em um conjunto de anotações para um objeto digital.

Autoria – Authoring

Cria um objeto digital e o incorporam em alguma coleção da BD.

Ligação – Binding

Incorpora um conjunto de objetos digitais em uma ligação pessoal de algum ator.

Percorrer2 – Browsing

Dada uma ancora de um hipertexto, retorna em conjuntos de objetos digitais.

Catalogação - Cataloging

Incorpora uma especificação de métodos em um conjunto de especificações de metadados que descrevem um objeto digital.

Classificação – Classifying

Toma um objeto digital e um classificador e atribui um número de possíveis categorias ao objeto, a partir de um conjunto finito de possibilidades.

Agrupamento – Clustering

Toma um conjunto de objetos digitais e produz um número de subconjuntos; a união desses subconjuntos deverá ser igual ao conjunto original.

Conservação – Conserving

Toma uma coleção e produz uma similar, isto é, outra coleção com todos os objetos da coleção original.

Conversão – Converting

Toma um objeto digital e produz uma versão dele, mudando seus fluxos, estruturas ou fluxos estruturais.

Cópia/réplica –Copying/ replicating

Toma um objeto digital, produz uma idêntica e a incorpora numa coleção da BD.

Rastreamento (focalizado) – Crawling (focused)

Dada uma coleção, produz uma cópia completa (ou um subconjunto) dessa coleção.

Costumização (interface) – Customizing (interface)

Transforma (usando um transformador) a aparência de uma interface de usuário, isto é, transforma um espaço métrico em espaço diferente.

Descrição – Describing

Produz uma descrição de um objeto digital (em termos de uma especificação de metadados) e incorpora esta descrição no conjunto de objeto de especificações de metadados.

Digitalização – Digitizing

Produz um novo objeto digital, a partir de uma versão em papel ou a partir de outra forma física.

Disseminação -Disseminating

Dado um conjunto de identificadores especiais de objetos digitais de uma coleção, restitui os respectivos objetos.

Avaliação – Evaluating

Dado um objeto digital, produz uma avaliação (por exemplo: opiniões, valores numéricos) para ele.

Extensão (pergunta) – Expanding (query)

Dada uma pergunta, um índice para uma coleção e um conjunto de objetos digitais em resposta a uma pergunta original e marcados se relevante/pertinente à pergunta por um usuário, produz uma nova pergunta modificada.

Extração (estrutura) – Extracting (structure)

Dado um fluxo, produz um fluxo estruturado a partir dele.

Filtro – Filtering Dado um conjunto de objetos digitais – e (1) uma pergunta, um limite (um número real) e um índice; ou (2) uma categoria e um classificador – produz

2 A definição de um serviço de percorrer em Gonçalves et al (2004) inclui um número de diferentes produtos para eventos de percorrer em um hipertexto, incluindo estruturas internas de objetos digitais e seus fluxos estruturais; com a finalidade de simplicidade nesta discussão são considerados os serviços de percorrer cujo produto de eventos inclui somente um conjunto de objetos digitais.

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um subconjunto de um conjunto original, no qual os objetos respondem a pergunta com um peso mais elevado do que o limite, ou pertence à categoria especificada.

Colheita (metadados) – Harvesting (metadada)

Dado um conjunto de identificadores especiais (handle) de objetos digitais, restitui o conjunto de especificações de metadados para esses objetos.

Indexação – Indexing

Dada uma coleção, produz um índice para ela.

Ligação – Linking Conecta um objeto digital a um hipertexto. Registro – Logging

Produz uma entrada de um registro a partir de algum evento, de um cenário de um serviço.

Mensuração – Measuring

Produz uma medida para um objeto digital específico.

Avaliação – Rating

Dado um objeto digital produz um valor (por exemplo, um número real) para ele.

Recomendação – Recommending

Dada uma coleção e um ator e um conjunto de avaliações dos objetos produzidos por outros ou pelo mesmo ator, recomenda (produz um subconjunto daquela coleção) do ator em particular.

Pedido – Requesting

Dado um identificador específico (handle) de um objeto digital, restitui o respectivo objeto.

Revisão (dos pares) – Reviewing (peer)

Produz uma revisão (isto é, um número real ou uma especificação de metadados) para um objeto digital.

Busca – Seaching

Dada uma questão, uma coleção, e um índice para essa coleção restitui para cada objeto na coleção um número real indicado de que forma a pergunta é adequadamente respondida por um objeto.

Submissão – Submiting

Incorpora (1) um novo objeto nas coleções da BD; (2) uma nova especificação de metadados de um objeto digital; ou (3) uma nova operação num conjunto de operações de um gestor de serviços.

Treinamento (classificador) – Training (classifier)

Produz um classificador, dado um conjunto de objetos digitais juntamente com suas categorias associadas.

Tradução (formato/língua) – Translating (format/language)

Produz uma versão de um objeto digital, mudando seu formato ou língua.

Visualização – Visualing

Dada uma coleção, produz uma visualização (isto é, um espaço métrico) para ela.

Quadro 2 – Definição dos serviços informais Fonte: Gonçalves, Fox e Watson (2008, p. 100). Tradução nossa.

A gama de serviços oferecidos pela biblioteca digital e descritos no Quadro 2 é muito

diversificada. Eles incorporam quase todos os setores de processamento,

desenvolvimento, gestão e manutenção da biblioteca. A citação de todos faz-se

relevante para demonstrar a complexidade e variedade que os produtos e serviços

de bibliotecas digitais podem alcançar.

A seguir demos ênfase a quatro variáveis de produtos e serviços na intenção de

detalhá-los tendo em vista que o estudo aqui apresentado não tem a intenção de ser

exaustivo. Baseado no capítulo em que Tammaro (2008, p. 238) se dedica ao

29

“acesso à biblioteca digital”, bem como também em outras fontes, como Gonçalves,

Watson e Fox (2008) as variáveis de estudo estão basicamente relacionadas à

interface de busca, à interoperabilidade das bibliotecas digitais, à integração dos

recursos digitais e à tipologia das coleções digitais.

A interface de busca é o recurso que o usuário pode utilizar para fazer buscas e

visualizar a informação desejada, a qual deverá oferecer três funções básicas3:

1. Folhear , ou seja, procurar a esmo nos índices e na organização da coleção,

identificando e localizando algum documento útil para o usuário, mas cuja

existência era desconhecida. Esta função deverá estar baseada no tipo de

organização da coleção, como por assunto ou por tipo de documento;

2. Pesquisar: o usuário deverá formular a busca, executá-la, identificar e avaliar os

resultados, e, caso necessário, elaborar outra busca ou refiná-la;

3. Acesso e fornecimento de documentos , ou seja, os usuários deverão ter a

opção de baixar e utilizar os documentos, inclusive, e até mesmo formar sua

biblioteca pessoal.

Tammaro (2008) sugere um modelo de serviço ideal de acesso, que está centrado

no usuário. Este serviço ideal de acesso integra sistemas de busca que estão

separados, como busca no catálogo e nas bases de dados, além de unificar várias

coleções formadas por diferentes produtores de documentos digitais.

Segundo Tammaro (2008) mesmo que a tecnologia já proporcione a oportunidade

de oferecer grande quantidade de texto e dados em alta velocidade pela internet,

este serviço ideal ainda não está totalmente disponível, sendo necessário o auxílio

de um componente tecnológico e um humano, ou seja, o componente tecnológico é

a estrutura necessária para o funcionamento da biblioteca digital e o componente

humano é o pessoal que cria e usa os recursos digitais nos ambientes colaborativos

e que poderão tornar-se bibliotecas digitais por meio da colaboração e da

comunicação entre eles.

3 Tammaro (2008, p. 239).

30

Observe o modelo de serviço ideal de acesso à biblioteca digital, proposto por

Tammaro (2008, p. 242):

� login [identificação]: o usuário, para acessar, é solicitado a se identificar; este reconhecimento é necessário para construir o perfil do usuário e também, no caso de licença de uso de recursos digitais, para o controle dos acessos;

� pesquisa ou folheio: ambas as funcionalidades devem ser possíveis de modo a permitir a inserção das chaves de busca para buscas rápidas de dados conhecidos ou o folheio na estrutura do sítio preparada pela biblioteca para simples atualização ou para esclarecer a estratégia de busca;

� escolha do tipo de recurso digital no qual se deseja realizar a busca (por exemplo, livros, periódicos, imagens, imagens em movimento, dados numéricos, bases de dados entre outros);

� visualização dos resultados da busca, relacionados segundo a ordem de relevância;

� escolha do tipo de fornecimento mais útil para as necessidades de informação ou mais consentâneo com outras exigências do usuário, com a rapidez do fornecimento, a conveniência econômica entre outros;

� ordem de apresentação dos documentos identificados; � gestão dos direitos de acesso (direito autoral, suportes alternativos

disponíveis além da publicação impressa, cobrança das despesas a cargo do usuário);

� acesso aos recursos e cópia na estação de trabalho do usuário; � manipulação e uso dos recursos, se isso for permitido pelas licenças de

acesso.

A próxima variável de estudo é a interoperabilidade4 das bibliotecas digitais, entre

sistemas e fontes de informação, o que está intimamente ligada à integração dos

recursos digitais. Segundo Tammaro (2008), algumas bibliotecas digitais possuem

um serviço integrado, onde o usuário pode fazer uma pesquisa unificada em uma

única interface e utilizar melhor a coleção disponível.

A interoperabilidade, do ponto de vista técnico, é possível, mas o custo é muito

elevado: haveria de existir um sistema único ou um conjunto de normas em comum

para as diversas bibliotecas digitais (TAMMARO, 2008). Ou ainda, criar serviços de

busca que tenham, na sua interface, o conteúdo e os serviços de várias bibliotecas

digitais, por meio da manutenção das diferenças entre as diversas coleções digitais.

Entretanto, o que se pode ver atualmente é a presença de coleções digitais que não

estão interligadas, ou seja, “cada um dos serviços de acesso aos recursos

4 Interoperabilidade é capacidade que um sistema possui de compartilhar e trocar informações e aplicações (BISHR apud FONSECA; EGENHOFER; BORGES, [2000]). A interoperabilidade permite que diferentes tipos de aplicativos operem entre si através de comunicação e troca de dados.

31

selecionados possui sua própria interface e modalidade de acesso, e o usuário é

obrigado a saltar de um para outro recurso” (TAMMARO, 2008, p. 245).

A integração dos recursos digitais, outra variável deste estudo, deverá agregar todos

os diversos módulos funcionais hoje desenvolvidos isoladamente. A integração

poderá incluir:

a) controle dos acessos (os usuários não precisarão repetir uma autenticação

várias vezes e de diferentes formas, pois o controle dos acessos será

unificado entre os diversos serviços);

b) serviços de gestão de direitos (controlado, principalmente, por um sistema5

desenvolvido pelas editoras e que permite a identificação dos detentores dos

direitos sobre determinado recurso);

c) serviços de localização (permitem o estabelecimento de identificadores

persistentes de localização);

d) identificação do recurso (o serviço permite a identificação e a seleção dos

serviços e recursos);

e) representação do conhecimento (estes serviços oferecem um vocabulário

controlado de apoio para indexação e extensão da busca, usados para

criação de metadados que identificam o conteúdo);

f) serviços de organização por relevância (são esquemas organizativos que

atribuem pesos aos recursos) e

g) perfis do usuário – serviço necessário na personalização das interfaces de

busca, perfis de interesse, entre outros (TAMMARO, 2008).

Outros serviços disponíveis nas bibliotecas digitais são:

Serviços de interface para o usuário: funcionam como portal de acesso a diversos recursos digitais; serviços de depósito de recursos: arquivam e garantem o acesso às bibliotecas digitais; serviços de índices: proporcionam a capacidade de busca e identificação dos recursos digitais; e serviços de coleções: definem os recursos e serviços das coleções que compõem a biblioteca digital. (DAVIS; LAGOZE apud TAMMARO, 2008, p. 252).

5 Digital Object Identifier (DOI) é um sistema de identificação persistente para o conteúdo em um ambiente digital. Mais informações em: <http://www.doi.org/>.

32

A última variável de estudo é a tipologia das coleções digitais. Segundo Tammaro

(2008), as bibliotecas digitais, como as convencionais, administram suas coleções

segundo o tipo de materiais, classificando-os basicamente como originalmente

digitais ou como substitutos de documentos analógicos. A autora continua dizendo

que “essa é a classificação mais usada e que distingue, por exemplo, o enfoque

predominante no tipo de controle bibliográfico praticado pela biblioteca e nas

garantias de preservação” (TAMMARO, 2008, p. 179).

Para Tammaro (2008, p. 179), as coleções de materiais originalmente digitais

“apresentam problemas e oportunidades únicas para as bibliotecas que procuram

colecioná-los, organizá-los, torná-los acessíveis e garantir sua preservação”. Dois

exemplos deste tipo de coleção são os periódicos eletrônicos, originalmente digitais,

e o livro eletrônico (e-book). As coleções de substitutos de obras impressas

compõem o conjunto de materiais convertidos do formato analógico para o formato

digital, ou seja, materiais digitalizados. Tammaro (2008, p. 182) discute algumas

questões que envolvem este tipo de coleção, pois

o processo exige que se tenham em conta inúmeros problemas tecnológicos, legais e econômicos, em parte ligados à fase de digitalização e em parte ligados à gestão da coleção digital. Enquanto algumas vantagens da digitalização são bastante evidentes, como um melhor acesso para o usuário, algumas das desvantagens são em geral menos consideradas. Por exemplo, o problema da perda de qualidade na conversão para o digital. Um outro problema que dificulta a digitalização é o dos direitos de propriedade intelectual.

Muitas vezes, o usuário precisa de um auxilio para utilizar algum produto ou serviço

da biblioteca digital. Neste caso, a biblioteca, além de oferecer todos esses recursos

apresentados, é preciso disponibilizar ao usuário um serviço de referência digital.

Este serviço tem como finalidade oferecer um suporte individual e personalizado ao

usuário.

33

4 A INOVAÇÃO NO AMBIENTE INFORMACIONAL

Com a popularização da internet, em meados da década de 1990, a revolução

tecnológica da informação chega ao Brasil. Àquela altura, a biblioteca convencional

começou a absorver mais intensamente as novas tecnologias da informática,

provendo uma nova modalidade de produtos e serviços, agora amplamente

veiculados por novos tipos de bibliotecas, como as eletrônicas, virtuais, digitais,

híbridas, multimídias entre outras.

Takahashi (2000, p. 18) apresenta a internet como a inovação mais revolucionária

de todas já desenvolvidas graças às tecnologias de informação e comunicação

(TICs) a qual teve o poder de renovar toda a economia sendo um mecanismo mais

“ágil de acesso a informações e ainda um processo inovador para a operação de

negócios”.

Através desta tecnologia a informação se torna matéria-prima valorosa para as

organizações. E para que a informação seja fator de transformação é necessário

agregar valor a mesma, ficando a cargo das organizações o desafio de adquirir a

competência necessária para transformar informação em conhecimento para que

haja o desenvolvimento de produtos e serviços inovadores para sociedade.

O conhecimento é hoje fator essencial em todas as etapas do processo produtivo, desde a pesquisa básica até o marketing final e assistência ao consumidor. Mas é na fase inicial de projeto e concepção de produtos e serviços que esse fator é mais crítico. Essa etapa requer o domínio de tecnologias-chave, vultosos investimentos em pesquisa, ambiente institucional favorável e pessoas altamente capacitadas, fatores das economias avançadas (TAKAHASHI, 2000, p. 17).

As TICs promovem o desenvolvimento de novas maneiras de gerar, tratar e distribuir

informações utilizando-se de instrumentos (hardware e software) que “podem ser

inúteis se não existir uma base capacitada para utilizá-los, acessar as informações

disponíveis e transformá-las em conhecimento e inovação” (LEMOS, 1999, p. 129).

A autora comenta que as TICs são a base técnica do que vem sendo chamado por

alguns autores de “revolução informacional”, que contribuiu para construção do que

34

se chama hoje de uma nova Era, Sociedade ou Economia da Informação, do

Conhecimento ou do Aprendizado.

Essa revolução informacional impactou no desenvolvimento e aperfeiçoamento de

instrumentos, técnicas e sistemas capazes de garantir o correto processamento,

fluxo e uso da informação para a evolução e progresso do conhecimento, assumindo

assim a inovação um papel fundamental para a obtenção de riquezas por meio do

processo de evolução do conhecimento aplicado à solução de problemas (BERTON;

MATTOS, 2007).

De acordo com Lastres e Cassiolato (2006) as novas tecnologias e sistemas de

informação introduzem uma nova forma de espaço informacional, a exemplo disso

está a expansão de redes de informação e as comunidades virtuais. Estas

contribuem para que as organizações promovam a geração, aquisição e difusão de

conhecimento e inovações.

Machado e Teixeira (2007, p. 1) afirmam que os países desenvolvidos e uma

pequena parte dos países em desenvolvimento “têm colocado a produção de

conhecimentos científicos e a inovação no centro de suas políticas para o

desenvolvimento”, que possibilita a inovação ser o principal meio de transformação

da informação em conhecimento e do conhecimento em valor, assim, “o desejo

intenso de ser criativo, inovador e empreendedor ganhou a força de uma agenda

moral num crescente número de setores da vida desses países, sobretudo no da

produção de conhecimentos científicos e de tecnologias” (MACHADO; TEIXEIRA,

2007, p. 1).

É de fundamental importância apresentar algumas definições de inovação

encontradas na literatura, bem como tipos e características do processo inovador.

Considera-se inovação a “introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente

produtivo ou social que resulte em novos produtos, processos ou serviços” (LEI DA

INOVAÇÃO, 2004).

35

Figueiredo (1989, p. 83) expressa a distinção entre inovação e invenção, esta seria

“a concepção de uma nova idéia” e aquela “o processo através do qual uma nova

idéia ou invenção é transmitida na economia”

Em Schumpeter (apud ROCHA, 2009, p. 197) invenção pode ser considerada como

o desenvolvimento de um novo objeto de conhecimento tecnológico materializado

em uma solução técnica que resulta da ação individual de um pesquisador e

“inovação é o resultado cumulativo de atividades associadas à pesquisa e ao

desenvolvimento e que se traduz em um novo produto ou processo, comercializado

no mercado”.

O Manual de Oslo (1997, p. 55) afirma que

Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas.

O entendimento de Rocha e Dufloth (2009, p. 196) sobre a inovação tecnológica é

que esta seria um “conjunto de ações sistemáticas e coordenadas, referentes à

geração e à aplicação do conhecimento tecnológico voltado para a produção de

novos produtos e para introdução de novos processos produtivos pelas

organizações”.

A primeira fase de um processo inovador é a geração de idéias; após vem a percepção do potencial ou da necessidade do mercado, e, em seguida, as possibilidades tecnológicas devem ser examinadas — e a idéia emerge de uma fusão destes dois requisitos indispensáveis para a inovação. Mas, se não há necessidade do produto, ou se é impossível produzi-lo, a idéia tem pouco ou nenhum valor. É essencial que seja reconhecida nestas fases iniciais a importância das mudanças sociais e seus impactos na inovação tecnológica (FIGUEIREDO, 1989, p. 83).

Conforme disse a autora nesta última citação é importante a necessidade do produto

para que a inovação aplicada a ele gere impacto, seja ele econômico, social ou

tecnológico. Se não houver a necessidade ou a precisão do produto ou serviço a

inovação aplicada a eles não terá qualquer proveito. A autora ainda coloca quatro

condições para que possa existir inovação, que são a capacidade e disposição para

reconhecer necessidades; a imaginação para criar novos produtos ou fazer

36

adaptações em produtos antigos; os recursos (financeiros ou tecnológicos); e a

disposição para desafiar o tradicional.

Algumas fases são percebidas no processo de inovação, são elas a concepção de

uma nova idéia baseada no conhecimento das necessidades do mercado e

possibilidades tecnológicas; a definição de um novo projeto; a pesquisa e

desenvolvimento; o desenho (design); a produção; e o marketing, com feedeback

contínuo desta para cada uma das fases prévias (FIGUEIREDO, 1989).

As inovações podem ser de vários tipos, isso vai depender do enfoque que se queira

dar ao processo inovador. Segundo o Manual de Oslo (1997) elas podem ser de

quatro tipos: inovações de produtos, inovações de processo, inovações

organizacionais e inovações de marketing. Para o presente trabalho o que vai

interessar é discorrer sobre o que o Manual (1997, p. 23) considera como sendo

inovações de produto, ou seja, aquelas que “envolvem mudanças significativas nas

potencialidades de produtos e serviços, incluem-se bens e serviços totalmente

novos e aperfeiçoamentos importantes para produtos existentes”.

Uma inovação de produto é a introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado no que concerne a suas características ou usos previstos. Incluem-se melhoramentos significativos em especificações técnicas, componentes e materiais, softwares incorporados, facilidade de uso ou outras características funcionais (MANUAL DE OSLO, 1997, p. 57).

A influência do trabalho de Schumpeter (1934) relacionado ao desenvolvimento

econômico e inovação não pode deixar de ser citada neste trabalho (apud MANUAL

DE OSLO, 1997). Ele propôs uma lista de cinco tipos de inovação: introdução de

novos produtos; introdução de novos métodos de produção; abertura de novos

mercados; desenvolvimento de novas fontes provedoras de matérias-primas e

outros insumos e a criação de novas estruturas de mercado em uma indústria

(MANUAL DE OSLO, 1997).

Schumpeter (1934) também introduziu a noção de inovações radicais e

incrementais. As inovações radicais “engendram rupturas mais intensas, enquanto

inovações incrementais dão continuidade ao processo de mudança” (apud MANUAL

DE OSLO, 1997, p. 36). Em Lemos (1999, p. 124) as inovações podem ser de dois

37

tipos radicais e incrementais. Para a autora a inovação radical pode ser entendida

como

como o desenvolvimento e introdução de um novo produto, processo ou forma de organização da produção inteiramente nova. Esse tipo de inovação pode representar uma ruptura estrutural com o padrão tecnológico anterior, originando novas indústrias, setores e mercados. Também significam redução de custos e aumento de qualidade em produtos já existentes.

As inovações de caráter incremental referem-se “à introdução de qualquer tipo de

melhoria em um produto, processo ou organização da produção dentro de uma

empresa” (FREEMAN, 1988 apud LEMOS, 1999, p. 124). As inovações incrementais

podem muitas vezes se imperceptíveis para o consumidor, entretanto elas geram

impactos no aumento da produtividade, na qualidade, redução de custos, mudanças

que possibilitem a ampliação das aplicações de um produto ou processo, como o

design de um produto (LEMOS, 1999).

De acordo com Rocha e Dufloth (2009, p. 197) “as inovações radicais representam

uma ruptura com o padrão tecnológico até então vigente representando produtos,

processos, setores e formas de organização inteiramente novas”. Já as inovações

incrementais dizem respeito à introdução de melhorias e aperfeiçoamentos em

produtos, processos ou na organização da produção.

A gestão da informação e do conhecimento nas organizações de países em

desenvolvimento representam oportunidades que permitem a “alavancagem do

aprendizado organizacional potencializando, assim, a inovação tecnológica”

(ROCHA; DUFLOTH, 2009, p. 198). A autora acrescenta em seu texto que a

inovação tecnológica empresarial nos países emergentes distingue-se daquelas que

ocorrem nas economias centrais, sendo que nestas as inovações tendem a ser

radicais e naquelas a “inovação tecnológica revela-se um processo cumulativo e

gradual, por tanto de natureza preponderantemente incremental” (ROCHA;

DUFLOTH, 2009, p. 194).

Figueiredo (1989) propõe três categorias de inovações em bibliotecas e sistemas de

informação que podem ser inovações em produtos de informação; em métodos de

transferência de informação e inovações em serviços de informação.

38

Inovação nos produtos e serviços de informação pode ser considerada o

melhoramento ou aperfeiçoamento dos atuais, tendo em vista primeiramente a

satisfação das necessidades de informação dos usuários. Mas para oferecer

produtos e serviços de informações inovadores é preciso de acordo com Figueiredo

(1989) verificar as necessidades de informação dos usuários; as fontes de

informação para satisfazer estas necessidades; as formas de acesso ás fontes

requeridas para satisfazer as necessidades de informação, por fim, “atitudes e

tradição sobre os serviços devem ser reexaminadas e talvez ajustadas para

enquadrarem-se no processo de inovação” (FIGUEIREDO, 1989, p. 91).

Verificadas as necessidades de informação dos usuários, a busca por resultados

relevantes e além dos esperados ao menos custo possível é a meta para os

produtos e serviços de informação. Figueiredo (1989, p. 87) explica isso no trecho a

seguir.

O objetivo dos investimentos em informação (i.e., o estabelecimento e manutenção das bibliotecas e sistemas de informação) é aumentar o output de informação em termos de qualidade e relevância, como também de custo. O custo e a qualidade da informação e dos serviços de informação devem ser cada vez mais um fator importante no desenvolvimento econômico. Em particular, a qualidade e a relevância específica da informação fornecida para apoiar a situação única da tomada de decisão para produtos e processos a serem desenvolvidos, demandam que os serviços de informação se tornem, eles próprios, sistemas de aprendizado. Precisam, para isto, responder às necessidades reais (não presumidas) do tomador de decisão, usar tecnologia de maneira criativa e imaginativa, prover resposta rápida e específica, imediatamente utilizável, e informação relevante, e, acima de tudo, introduzir, continuamente, mudanças e inovações nos seus sistemas, serviços e produtos.

Por fim, o papel da informação no processo inovador não diz respeito somente aos

cientistas, por não ser uma questão meramente técnica, mas também econômica e

política. Tanto países quanto organização que possuem diretrizes voltadas para

produção, organização, disseminação e captura da informação para geração de

conhecimento serão “capazes de produzir inovação bastante para manter os seus

níveis culturais e econômicos de desenvolvimento”, onde “sociedades viáveis e

sustentáveis precisam de liberdade de informação para poderem inovar”

(FIGUEIREDO, 1989, p. 86).

39

A autora finaliza com a afirmação de que o nível de inovação está relacionado com a

maneira pela qual a informação é manejada em um país, assim, “não há inovação

sem informação e não há nova informação sem informação”. É um ciclo que irá se

repetir graças a gestão da informação e do conhecimento (FIGUEIREDO, 1989, p.

86).

40

5 INOVAÇÕES NOS PRODUTOS E SERVIÇOS DE BIBLIOTECAS DIGITAIS

A presença de inovação é percebida no percurso ao qual a biblioteca passou por

diferentes formatos de suporte – desde as tábuas de argila, papiro, pergaminho,

papel e chegando hoje ao formato digital – pelas diversas formas de acesso e

serviços oferecidos. Esse processo evolutivo de inovação nos tipos de suporte da

biblioteca continua a todo vapor. Hoje é possível acessar a informação na tela de um

computador, iPod e seus similares, Kindle e iPad (livros eletrônicos) entre outros.

Aquino (2004, p. 9) descreve que

as conexões da informática com a telemática têm sido responsáveis pelo surgimento da informação em diferentes formatos de acesso e uso dessa informação. A passagem da cultura impressa para a cultura digital afetou não só os ambientes do papel, exigindo-lhes não só sua adequação aos novos formatos, mas impondo a aquisição de novas competências e habilidades para o desenvolvimento dos serviços informacionais. Ao derrubar as paredes que isolavam a biblioteca de seus leitores, expandiram-se a cultura e o saber, acenando-se para novas ferramentas de busca, recuperação e estratégias de acesso à informação, possibilitando, assim, aos indivíduos, um contato mais rápido e direto com o objeto do conhecimento em qualquer lugar e tempo real.

Segundo Carvalho e Silva (2009) com as mudanças ocorridas nas últimas décadas

no cenário global a informação passa por uma valorização crescente. Exemplo

dessas mudanças pode ser notado nos tradicionais espaços de constituição de

acervos e disseminação de informação, ou seja, de acordo com os autores nas

bibliotecas.

Os mesmos justificam que essas mudanças nas bibliotecas são ocasionadas pela

“Sociedade da Informação através da busca por melhorias nos serviços oferecidos

aos usuários” (CARVALHO; SILVA, 2009, p. 125) e pelas Tecnologias de

Informação e Comunicação, já citadas anteriormente, ou simplesmente “Tecnologias

Digitais”. E um dos impactos das tecnologias digitais para organizações ligadas à

informação, em especial a biblioteca, que esses mesmos autores apresentam é que

o acesso ou fornecimento dos recursos deixam de ser exclusivamente presencial,

podendo se tornar virtual e/ou digital.

41

Nunca foram tão grandes as oportunidades para a geração de produtos e serviços

inovadores tendo em vista a disponibilidade crescente de tecnologias transformando

toda sociedade, bem como o surgimento de outros tipos de profissionais ligados à

informação, todos interessados em atender a permanente e crescente necessidade

de informação (FIGUEIREDO, 1989).

Esses dados reforçam a idéia de que os ambientes digitais e virtuais, inevitavelmente irão ocupar cada vez mais “espaço” na atual sociedade. Em conseqüência disso, outra questão que surge é a necessidade do compartilhamento de conhecimento, que nasce principalmente com a digitalização e disponibilização de livros, revistas, teses e dissertações no ambiente virtual. E assim constata-se mais uma inovação na história dos registros (sendo a primeira, o advento da escrita), estoques e disseminação de informação: a solidificação do computador como um meio importante nas relações de comunicação humana (CARVALHO; SILVA, 2009, p. 129).

Este capítulo tem a intenção de verificar se os produtos e serviços apresentados são

inovadores e se essas inovações são do tipo radical ou incremental. No capítulo 3

foram apresentados uma série de produtos e serviços de bibliotecas digitais. Cada

um deles devem-se, basicamente, graças as inovações das tecnologias de

informação e comunicação, que crescem exponencialmente de maneira muito

rápida.

Com toda esta gama de opções, que podem ser oferecidas pelas bibliotecas digitais,

fica até difícil e quase que inviável inseri-los todos na gestão organizacional da

biblioteca digital. Alguns deles são obrigatórios e essenciais, outros altamente

desejáveis e outros facultativos.

Tais produtos e serviços dependerão dos objetivos que se pretende atingir, para

serem ofertados, visando sempre a satisfação do usuário. Então, antes de implantar

uma biblioteca digital, é preciso realizar um estudo sobre as necessidades de

informação da(s) organização(ões) que ela atenderá e verificar, dentre as variadas

opções, quais seriam os produtos e serviços disponíveis para os usuários dessas

organizações.

Tendo em vista esta situação, propõe-se aqui uma lista de alguns dos produtos e

serviços, que poderiam ser oferecidos por uma biblioteca digital (Quadro 3). A

maioria deles está fundamentada no modelo de serviço ideal de acesso à biblioteca

42

digital, proposto por Tammaro (2008), referenciado anteriormente, bem como em

outras fontes citadas na revisão de literatura.

Produtos e serviços Descrição

1. Cadastro/Login É a identificação da biblioteca digital que o usuário faz. Ele pode construir seu perfil, inclusive para o controle de acesso aos recursos digitais.

2. Folheio É o processo de percorrer ou folhear, ao acaso, a coleção, o que possibilita encontrar um documento que, de início, não era o que o usuário estava procurando.

3. Pesquisa É um modo de acesso à coleção, podendo oferecer buscas simples e avançadas.

4. Associação É a indicação da vinculação entre documentos da coleção, que, de alguma forma, estejam associados.

5. Tipo de fornecimento

É o modo escolhido pelo usuário para a disponibilização do documento – mais rápido, mais econômico, entre outros.

6. Integração de sistemas na mesma interface

É a agregação, em uma única interface, de todos os diversos módulos funcionais desenvolvidos isoladamente, como bases de dados, bibliotecas digitais, entre outros.

7. Estante digital É a página individualizada do usuário, onde ele pode guardar temporariamente as referências e links para os documentos de seu interesse. Ele pode, ainda, gerenciar a estante digital.

8. Serviço de preservação

É a combinação de técnicas de preservação digital, a partir de políticas de recuperação, acessibilidade, reconhecimento de diversos formatos, entre outros.

9. Coleção de recursos digitais e digitalizados

É o produto correspondente à tipologia das coleções de materiais originalmente digitais e de substitutos de obras impressas, ou seja, conversão de materiais do formato analógico para o formato digital.

10. Integração de sistemas com interfaces diferentes

É a reunião de sistemas que tenham sua própria interface e modo de acesso diferente – portal da biblioteca, OPAC, base de dados, periódico eletrônico, livro eletrônico, outras bibliotecas digitais e recursos selecionados da Internet.

Quadro 3 – Lista sugestiva de produtos e serviços para biblioteca digital Fonte: Tamaro (2008). Nota: Adaptado pelo autor.

O Quadro 3 servirá de subsídio para atingir o objetivo deste capítulo, já dito

anteriormente. Optou-se por selecionar dez tipos de produtos e serviços de

bibliotecas digitais, bem como uma descrição de cada um deles. Para a identificação

se os serviços/produtos do Quadro 3 são inovadores e caso sejam, se essa

inovação é radical ou incremental, serão consideradas a definição de inovação

proposta pelo Manual de Oslo e as definições de inovações radicais e incrementais

das leituras de Lemos (1999).

O cadastro/login é um serviço antigo oferecido pelas bibliotecas, antes mesmo da

automação das mesmas. A forma como é oferecida pela biblioteca digital (BD) é

praticamente a mesma utilizando-se apenas de um computador e um sistema para

efetuar o cadastro.

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Tanto em uma biblioteca tradicional quanto na digital o cadastro tem o objetivo de

identificar o usuário, personalizar o seu perfil até mesmo para realizar o controle de

acesso ao acervo, no caso da BD aos recursos digitais. Com isso, esse serviço não

pode ser considerado inovador, apenas foi replicado para biblioteca digital.

O folheio é um serviço que também pode ser considerado antigo nas bibliotecas,

levando-se em consideração a descrição apresentada, pois o processo de percorre

ao acaso a coleção possibilitando encontrar um documento que não era o que o

usuário estava procurando inicialmente é feito pelos usuários de bibliotecas sejam

elas de qualquer tipo.

É claro que antes os usuários tinham que percorrer pelas estantes na intenção de

localizar algo ou mesmo só para conhecer o acervo de perto. Na BD o serviço de

folheio é diferenciado porque o usuário precisa apenas de um hardware conectado a

internet para usufruir deste tipo de serviço.

Assim o folheio pode ser considerado um serviço inovador, pois permitiu que o

usuário não apenas pesquisasse, mas percorresse pela coleção na possibilidade de

conhecer e encontrar algum documento de seu interesse de maneira virtual e não

presencial. Ele é um serviço significamente melhorado e uma inovação incremental,

pois foi possível perceber uma melhoria em um serviço que já existia.

A pesquisa também é um serviço que desde os tempos mais primórdios é oferecido

pelas bibliotecas, mas nem por isso ele poderá deixar de ser considerado inovador.

Esse serviço é semelhante ao folheio, só que aqui o usuário sabe pelo menos algum

argumento que queria indicar para realizar a pesquisa e no folheio isso é feito ao

acaso.

Antes o usuário precisava se deslocar até a biblioteca para pesquisar e consultar a

informação de seu interesse. Na BD o usuário tem a comodidade de realizar as

pesquisas quantas vezes ele quiser e de uma forma muita variada de opção. Então,

como já foi dito este é um serviço inovador de caráter incremental, pois sofreu uma

melhora significativa no ambiente virtual.

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A associação é um serviço pouco visto em bibliotecas que não sejam

preferencialmente automatizadas. Os sistemas de automação de bibliotecas em sua

maioria não fazem associação, apenas agrupam documentos com características

semelhantes, como mesmo tipo de documento, autor, editora entre outros.

Contudo, esses sistemas de automação não são capazes de associar as

informações contidas nos suportes, ou seja, o seu conteúdo. Assim, fica a cargo dos

profissionais que trabalham na biblioteca e conhecem o conteúdo do acervo para

realizar esse tipo de serviço.

Na biblioteca digital isso não é muito diferente, ela é apenas automática e não

manual, mas é preciso ainda a intervenção de um profissional para realizar essa

associação e disponibilizá-la ao usuário. Mais uma vez temos um serviço inovador

incremental.

O quinto serviço apresentado no Quadro 3 é o tipo de fornecimento do recurso

digital. Quem escolhe como o documento será disponibilizado para o usuário é ele

mesmo. O diferencial aqui é a diversidade de opções que ele tem (por e-mail, em

dispositivo de armazenamento, impresso) tendo em vista é claro a maneira mais

rápida e econômica. Tens aqui mais um serviço inovador do tipo incremental, pois o

usuário antes tinha a opção apenas levar, quando permitido, o item de seu interesse

com prazo para devolvê-lo à biblioteca.

O serviço de integração de sistemas na mesma interface é quem sabe seja o sonho

não só de bibliotecários e cientistas da informação, mas principalmente dos usuários

de informação. O agrupamento de bases de dados, bibliotecas digitais e outros

diversos produtos em uma única interface economizaria e muito o trabalho de

pesquisa como também reduziria o tempo de resposta das demandas solicitadas.

Pois bem, o serviço de integração existe e ele pode ser localizado em algumas

bibliotecas digitais. Ainda é um desafio para mais para as organizações oferecerem

isso quanto para os profissionais de tecnologia, mas tudo caminha para essa

facilidade de busca e acesso da informação.

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Com isso, pode-se concluir que este é um serviço inovador e considerando a

definição de Lemos (1999) para o tipo de inovação, ele é radical, pois reduz os

custos (tanto de pessoal, quanto financeiro) do serviço e aumenta a sua qualidade

ao oferecer em uma única interface as diversas possibilidades de conteúdo.

A estante digital é um serviço inovador e incremental, pois possibilita o usuário

guardar as referências e os links dos documentos de seu interesse em um ambiente

individualizado dentro da biblioteca digital. Como se fosse a estante de livros de sua

casa, mas a diferença é que são de recursos digitais.

O serviço de preservação na biblioteca digital é interessantíssimo, pois se a filosofia

é praticamente a mesma que é feita a tempos também na biblioteca. Só que as

técnicas são diferentes até mesmo porque o material é diferente. No ambiente da

BD a preocupação está em combinar técnicas de preservação dos recursos digitais

a partir de políticas de preservação, acessibilidade, reconhecimento de formatos,

entre outros. O serviço pode ser considerado sim inovador com características

incrementais.

A coleção de recursos digitais e digitalizados pode ser considerada o produto que

mais caracteriza uma biblioteca digital na sua essência. A coleção é composta por

materiais originalmente digitais e de seus substitutos de obras impressas, ou seja, a

conversão de itens do formato analógico para o formato digital. Com certeza esse

produto revolucionou a forma de utilização do tradicional livro, entretanto acredita-se

que não diminuiu a importância desse tipo de formato e nem sua utilização. O

produto da BD em questão é inovador de caráter incremental.

Por fim, o décimo e último serviço do Quadro 3 é o chamado integração de sistemas

com interfaces diferentes, que lembra o sexto serviço citado, mas a diferença aqui é

que neste caso é apenas a reunião de sistemas com interfaces próprias e modos de

acessos diferentes. Esse é um serviço muito marcante na biblioteca virtual. Já a

biblioteca digital pode oferecer também esse tipo de serviço. Em fim, é um serviço

inovador do tipo incremental.

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Do total de produtos e serviços analisados do Quadro 3 apenas um deles não foi

considerado inovador, e nove são inovadores. Dos produtos e serviços que são

inovadores oito foram classificados como sendo uma inovação do tipo incremental e

um do tipo radical. Inferi-se desses dados que a inovação está presente nos

produtos e serviços de biblioteca digital e ela própria já um produto inovador da

Sociedade da Informação.

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CONCLUSÃO

Este estudo teve o objetivo investigar as inovações nos produtos e serviços das

bibliotecas digitais, por meio da caracterização das bibliotecas digitais, bem como de

seus produtos e serviços, procurando entender a inovação no ambiente

informacional e por fim, identificando inovações nos produtos e serviços de

bibliotecas digitais. O objetivo do trabalho foi estimulado pelo problema levantado de

quais seriam as inovações nos produtos e serviços das bibliotecas digitais?

A distinção entre as bibliotecas eletrônicas, virtuais e híbridas, bem como a

caracterização da biblioteca digital permitiu uma melhor compreensão das

mudanças que as tecnologias da informação e comunicação proporcionam para a

atual sociedade intitulada Sociedade da Informação e do Conhecimento. A

informação passa a ser o insumo dessa sociedade e o conhecimento o produto dela.

Esse novo cenário da sociedade foi proporcionado graças ao desenvolvimento das

tecnologias de informação e comunicação. O resultado do fator tecnologia,

informação e conhecimento é a inovação. Este termo não só virou moda, mas um

modo de gestão, de aplicação, de ver o mundo com outros olhos. Olhos de uma

sociedade cada vez mais exigente por produtos e serviços novos ou melhorados que

atendam e até superem suas expectativas em qualidade, custo e uso.

Como foi possível perceber no presente trabalho a biblioteca digital é mecanismo de

geração, tratamento e fornecimento de informação para geração de conhecimento e

consequentemente inovação. A variada gama de produtos e serviços que a

biblioteca digital pode oferecer contribui para que ainda mais a sociedade do

conhecimento tenha acesso a informações com valor agregado e a transformem em

conhecimento de maneira rápida e econômica para o usuário.

Os tipos de inovação que o presente trabalho deu destaque foi as do tipo radical e

incremental. As inovações radicais seriam a introdução de um produto inteiramente

novo, tão novo que gera uma ruptura tecnológica até então conhecido. As inovações

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incrementais dizem respeito a qualquer tipo de melhoria em um produto, processo

e/ou serviço.

Por fim foi feita uma análise em dez produtos e serviços possíveis de serem

oferecidos na biblioteca digital apresentados no Quadro 3. A intenção foi examinar

se tais produtos e serviços são inovadores e se são, em qual tipo de inovação eles

se encaixam, radicais ou incrementais. Nove deles são inovadores e sua maioria são

inovação incrementais. Esse dado colabora tanto para o desenvolvimento de novas

tecnologias ligadas a bibliotecas digitais quanto para o incremento de produtos e

serviços já existentes, pensado sempre é claro nas necessidades de informações

dos usuários.

O presente trabalho contribuiu para as discussões sobre bibliotecas digitais e seus

produtos e serviços, bem como o papel inovador que ela desempenha da atual

Sociedade da Informação e do Conhecimento. O assunto não se finda aqui podendo

ser continuado e aprofundado em algumas vertentes como o estudo do impacto das

tecnologias da informação e comunicação na biblioteca digital, o levantamento de

bibliotecas digitais que utilizam produtos e serviços inovadores, os resultados da

utilização de produtos e serviços de bibliotecas digitais para os usuários e suas

respectivas organizações.

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