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Escola Estadual Adventor Divino de Almeida Campo Grande, MS 2011

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Escola Estadual Adventor Divino de Almeida

Campo Grande, MS

2011

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Trabalho apresentado com avaliação parcial nas disciplinas de:

Filosofia

Sociologia

Geografia

Literatura

Português

História

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SUMÁRIO

Introdução ................................................................................................................................................................. 4

Enredo ......................................................................................................................................................................... 5

Personagens ........................................................................................................................................................... 6

Texto de abertura da turma ............................................................................................................................ 7

Cronograma de apresentação do Júri ..................................................................................................... 8

Apresentação dos jurados .............................................................................................................................. 8

Termo de advertência aos jurados ................................................................................................................ 8

Juramento da verdade ..................................................................................................................................... 9

Pronunciamento do Juiz .................................................................................................................................. 9

Depoimento das testemunhas ...................................................................................................................... 10

Depoimento da Ré .......................................................................................................................................... 15

Debates Orais ................................................................................................................................................. 19

Argumentações da Promotoria ........................................................................................... 19

Argumentações da Defensoria ........................................................................................... 19

Réplica ............................................................................................................................................................. 21

Tréplica ............................................................................................................................................................. 22

Votação secreta dos Jurados (em vídeo) ................................................................................................... 23

Pronunciamento de sentença ....................................................................................................................... 23

Agradecimentos .................................................................................................................................................. 24

Bibliografia ............................................................................................................................................................25

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Introdução

Com base nos estudos aplicados na disciplina de sociologia e na leitura do livro “Depois da Escuridão” do

autor Sidney Sheldon, os alunos do segundo ano A, apresentam uma encenação com a simulação de um

julgamento, onde serão aplicadas algumas leis e regras do poder judiciário brasileiro.

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Enredo

A ré Júlia Casagrande foi pronunciada pela prática de homicídio simples, artigo 121 como consta no dia 20 de

agosto de 2010. Ela foi retirada pela Força Nacional de sua empresa, o banco Nacional Norte Sul, com o

mandato de prisão por estelionato e suspeita de ter assassinado o próprio marido, o senhor Olavo

Casagrande. Segundo investigações, uma quantia em torno de 75 milhões de dólares foi desviada da

empresa, da qual ela e seu marido eram proprietários, e desapareceu sem deixar vestígios.

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PERSONAGENS

Juiz:

Caio Batista

Assessores:

Amanda Dittmar, Jubmar, Estevan, Jalysson

Promotor (a):

Bianca Gleizer

Defensoria:

Isabela Quartieri

Escrivã:

Renata Souza

Policiais:

Hebert e Renato

Oficial de Justiça:

Hedryelly Mourão

Ré (Júlia Casagrande):

Maytê

Testemunha (taxista):

Matheus

Testemunha (FBI):

Lucas Muniz

Testemunha (empregada):

Stephany Mayari

Jurados selecionados:

Suzane, Tatiana, Wesley, Gabriel, Rafael, Vinicius, Ilza.

Porta voz da turma (Texto de abertura):

Lucas Tavares

Repórteres:

Gleiciane, Kétura, Leonardo, Ellen.

Bastidores

Kleycimara, Thaynara, Amanda Rezende, Sérgio, Hemylly, Nicole, Eric, Danilo

Monitoramento gravação de som e vídeo:

Thiago Benites

Roteiristas

Isabela Quartieri e Bianca Gleizer

Impressão e Encadernação de resenhas

Thiarlene e Matheus.

Organização

Isabela Quartieri, Bianca Gleizer, Caio Batista e Kétura de Souza

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TEXTO DE ABERTURA DA TURMA

Senhores jurados, é com grande satisfação que nós, antigos alunos da turma vencedora da 1ª edição

“JuriADA”, estamos aqui para mostrar que o projeto é muito importante para a formação de cidadania dos

alunos.

Após a vitória em 2010, nós agora alunos do 2º ano A, queremos mostrar mais uma vez, que a justiça não vê

cor, classe social, sexualidade ou poder financeiro. Assim como a Deusa Têmis, a justiça venda os olhos para

com as diversidades, pois o dever do conselho de sentença é fazer jus a voz do povo. E vocês jurados que são

hoje uma espécie de “conselho” têm como dever serem justos e imparciais.

Após muitos dias de estudo para a criação do roteiro, vimos que a Escola Adventor merecia mais e graças

aos diretores Inivaldo Gisoato e Jorge Roberto Loiola, os alunos do 2º ano A, com o apoio das professoras

Ana Carla e Vanja Maria, do Diretor do Fórum Luiz Antonio Cavassa de Almeida e do excelentíssimo senhor

Juiz Alúizio Pereira dos Santos que foi extremamente prestativo para com o projeto, conseguimos a

autorização para realizar aqui no Plenário do Tribunal do Júri as apresentações do Júri Simulado e isso foi

como uma alavanca para os alunos se dedicarem ainda mais a esse projeto que só engrandece o estudo da

disciplina de sociologia.

Estamos aqui para dar o nosso melhor novamente e mostrar que a justiça olha pelos Justus sem distinção.

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CRONOGRAMA DE APRESENTAÇÃO DO JÚRI

APRESENTAÇÃO DOS JURADOS

– Para que possa ser iniciado este júri, é preciso que tenha no mínimo 15 jurados presentes, por isso a escrivã irá

sortear nomes e se a pessoa estiver presente, se levante. Em seguida, dentre esses 15 nomes, serão escolhidos 7 que

formarão o Conselho de Sentença, lembrando que a promotora e a defensora tem o direito de negar até 3 jurados

cada parte sem justificativa.

– Tatiana Costa, Kétura, Ilza Ferreira, Thiago Benites, Rafael Cáceres, Erick Matheus, Vinicius de Oliveira, Lucas

Tavares, Kyara Stefany, Gabriel Alves, Thaynara, Wesley Caio, Kleycimara, Suzane Rodrigues, Matheus Oliveira.

– Vamos fazer a seleção dos jurados.

– Tatiana Costa. (promotora e defensora aceita ou nega e assim por diante).

– Peço que todos se levantem de modo que a escrivã irá ler o termo de advertência para que os senhores jurados

fiquem cientes das regras do júri. Se acaso algum jurado quiser desistir, não quiser perder o seu tempo, que seja...

Por favor, não se acanhem.

TERMO DE ADVERTÊNCIA AOS JURADOS

A) Os senhores Jurados, uma vez sorteados, não poderão comunicar-se com outras pessoas nem manifestar

sua opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do conselho;

B) A função da acusação e defesa é fornecer esclarecimentos aos jurados, até porque cada parte possui 1h

30min; acrescida de mais 1h em razão da réplica, podendo ao final dos debates, chegar á soma de 5h de

explicação dos fatos constantes do processo;

C) O jurado que tiver alguma dúvida deverá avisar, levantando a mão, sinalizando que pretende fazer

pergunta(s). Neste caso, o serventuário entregar-lhe-á uma prancheta, com caneta e papel sulfite para

escrever a pergunta para evitar que venha a influenciar os demais jurados ou transparecer predisposição

para condenar ou absolver;

D) Terão nova oportunidade de perguntar ou tirar dúvida ao final dos debates;

E) Não poderão fazer ligação em celular, devendo desligá-lo. Em casa de necessidade, deve consultar o juiz;

F) Durante os debates, o jurado não poderá interagir com as partes, por exemplo, sorrir, acenar, positivamente

ou negativamente com gestos;

G) Após o término do julgamento não fazer comentários com as partes, Promotor e Defesa, sobre o resultado,

seja ele absolvição ou condenação, nem fazer comentários de outros processos que julgou;

H) Caso o jurado tenha envolvimento em processo-crime de homicídio (ou tentativa), ou conhecimento de

familiar envolvido em processo desta natureza como acusado ou vítima, deverá comunicar ao Juiz de Direito

antes do sorteio do conselho de sentença, com o fim avaliar a sua isenção para participar do júri;

I) O tribunal de justiça ou qualquer superior poderá anular a decisão dos jurados “manifestamente contrario á

prova dos autos”, sujeitando o réu a novo julgamento. Se anulada outros jurados deverão ser convocados;

OBS: Não poderá compor o corpo de sentença o jurado que for impedido ou suspeito de imparcialidade,

conforme artigo 448 e 449 do CPP, consoante situações a seguir:

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I – marido e mulher

II – ascendentes (pai, avô, neto, bisneto, etc.).

III – descendentes (filho, neto, bisneto, etc.).

IV – sogro e sogra com genro ou nora.

V – irmãos

VI – cunhados, durante o cunhadio.

VII – Tio e sobrinho.

VIII – padrasto ou madrinha com enteado.

IX – o mesmo impedimento em relação ás pessoas que mantenham união estável reconhecida como

entidade familiar

X – o ascendente, descendente, o sogro, o genro, o irmão, o cunhado, durante o cunhadio, o sobrinho, o

primo-irmão do juiz, do promotor, do advogado de defesa, do assistente de acusação, do réu ou da vítima.

XI – tiver funcionado em julgamento anterior do mesmo processo, independentemente da causa

determinante do julgamento posterior.

XII – no caso de concurso de pessoas, houver integrado o conselho de sentença que julgou o outro acusado.

XIII – tiver manifestado prévia disposição para condenar ou absolver o acusado.

JURAMENTO DA VERDADE

– Bom, creio que está tudo certo, prosseguindo. Peço que todos os participantes do júri se levantem para que eu

possa ler o juramento.

– Em nome da lei, concito-vos a examinar esta causa com imparcialidade e a proferir a vossa decisão de acordo com

a vossa consciência e aos ditames da justiça. – Todos sentam novamente.

– Ilza. – Diz o juiz.

– Assim o prometo! – O jurado levanta e responde; e assim por diante.

– Declaro aberto esse júri tributário. – o juiz levanta diz isso arruma os documentos presentes em sua mesa e inicia o

julgamento

PRONUNCIAMENTO DO JUIZ

– Bom, nós temos o número suficiente de jurados para dar início à sessão de julgamento. – uma pausa – Vejamos, foi

anunciado o nome da acusada Senhora Julia Casagrande. Os senhores jurados receberão agora o termo de

advertência (oficial de justiça entrega aos jurados o termo) onde todos os deveres dos jurados deixam desde o

sorteio até o julgamento final. Não será necessário repetir, como já foi dito no julgamento anterior. Vamos dar início

às testemunhas do caso, começando com a promotora.

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DEPOIMENTO DAS TESTEMUNHAS

– Promotora, gostaria de chamar qual testemunha?

– Meritíssimo, se me permitir, gostaria de chamar a Senhora Carla Reis como primeira testemunha de acusação.

– Bom dia, a senhorita foi chamada como testemunha do processo que tem como acusada a Sra. Casagrande. Irei

fazer um breve resumo e então formularemos as perguntas. A ré Júlia Casagrande foi pronunciada pela prática de

homicídio simples, artigo 121 como consta no dia 20 de agosto de 2010. Ela foi retirada pela Força Nacional de sua

empresa, o banco Nacional Norte Sul, com o mandato de prisão por estelionato e suspeita de ter assassinado o

próprio marido, o senhor Olavo Casagrande. Segundo investigações, uma quantia em torno de 75 milhões de dólares

foi desviada da empresa, da qual ela e seu marido eram proprietários, e desapareceu sem deixar vestígios. Eu como

juiz, faço este breve resumo para que a senhora e os jurados tenham entendimento do que irá ser tratado neste júri.

A senhora tem algum tipo de parentesco com a ré?

– Não senhor.

– Alguma restrição, magoa ou revolta de alguém?

– Não senhor.

– Então a senhora está compromissada a falar a verdade?

–Sim senhor.

– Eu já fiz um resumo com o conteúdo da acusação e a senhora, como dito anteriormente, assumiu o compromisso

com a verdade e nada além da verdade. Eu, juiz, não tenho nenhuma pergunta a formular. Dada a palavra a

promotora, Bianca Gleizer.

Promotora começa:

– Obrigado meritíssimo. Bom dia Senhora Carla Reis.

– Bom dia.

– Poderia me dizer qual sua profissão?

– Bom, eu ERA governanta da casa de praia dos Casagrande.

– E eles iam para lá todo o verão?

– Sim.

– Durante o resto do ano não faziam sequer uma visita?

– Ah... Às vezes, mas sempre programado em última hora.

– E você permanecia na casa com eles?

– Na verdade, não. Sempre que eles iam fazer essas visitas inesperadas, pediam-me que esvaziasse a casa.

– E lhe davam algum motivo?

– Bom, eu nunca perguntei, sempre previ que eles quisessem apenas privacidade.

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– Parece que a senhora se enganou. Obrigada Sra. Reis.

– Por nada.

– Um esclarecimento à parte aos senhores jurados, temos algumas fotos impressas, que o oficial de justiça lhes

entrega agora, do qual pode se provar que foi encontrado pela Força Nacional um cofre que escondia, além de 20

milhões de dólares em jóias FEMININAS, vários extratos bancários de transferência de dinheiro. Muito dinheiro.

Obrigada.

– Dada a palavra a defensora.

– Bom dia Sra. Reis.

– Bom dia.

– Por gentileza, nos diga quem lhe pedia que esvaziasse a casa?

– Como assim?

– Quem lhe telefonava e avisava que iria para a casa de praia?

- Ora, os Casagrande.

– Com quem a senhora falava?

– Bom, com Olavo Casagrande.

– Alguma vez a senhora falou com a Sra. Julia?

– Hum, não que eu me lembre.

– Alguma vez o Sr. Casagrande citou que iria para a casa de praia com a esposa?

– É. Bom... Não.

– Obrigado Sra. Reis. Não tenho mais perguntas a formular.

– Por nada.

– Lembrando aos senhores jurados... Há provas de que existia um cofre na casa de praia dos Casagrande. Só queria

que a promotoria nos provasse que minha cliente sabia de sua existência. Obrigado.

– Dada a palavra a promotora.

– Meritíssimo, se me permitir gostaria de chamar o Senhor Ricardo Magalhães, como segunda testemunha de

acusação.

– Bom dia.

– Bom dia, o senhor foi chamado como testemunha do processo que tem como acusada a Sra. Casagrande. Irei fazer

um breve resumo e então formularemos as perguntas. A ré Júlia Casagrande foi pronunciada pela prática de

homicídio simples, artigo 121 como consta no dia 20 de agosto de 2010. Ela foi retirada pela Força Nacional de sua

empresa, o banco Nacional Norte Sul, com o mandato de prisão por estelionato e suspeita de ter assassinado o

próprio marido, o senhor Olavo Casagrande. Segundo investigações, uma quantia em torno de 75 milhões de dólares

foi desviada da empresa, da qual ela e seu marido eram proprietários, e desapareceu sem deixar vestígios. Eu como

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juiz, faço este breve resumo para que o senhor e os jurados tenham entendimento do que irá ser tratado neste júri.

O senhor tem algum tipo de parentesco com a ré?

– Não senhor.

– Alguma restrição, magoa ou revolta de alguém?

– Não senhor.

– Então o senhor está compromissado a falar a verdade?

–Sim senhor.

– Eu já fiz um resumo com o conteúdo da acusação e o senhor, como dito anteriormente, assumiu o compromisso

com a verdade e nada além da verdade. Eu, juiz, não tenho nenhuma pergunta a formular. Dada a palavra a

promotora.

– Obrigada meritíssimo. Bom dia Sr. Magalhães.

– Bom dia.

– Poderia nos dizer qual sua profissão?

– Sou agente da Força Nacional há dez anos.

– Nossa, faz muito tempo. Isso, por conseqüência, nos informa o grau de sua competência.

– Creio que sim.

– Então, nos diga Sr. Magalhães, você participou das buscas pelo Sr. Olavo Casagrande?

– Sim.

– E o que encontrou além das jóias e extratos bancários na casa de praia?

– Fizemos uma vistoria na casa inteira, e no cofre encontrado, havia fios de cabelo da senhorita Julia e também

digitais. Assim como havia marcas de batom em uma taça com vestígios de champanhe e um anel de diamante, que

nós previmos que seria da Sra. Julia.

– Obrigado Sr. Magalhães. (risos) Desculpem-me membros do júri, pois não consegui conter o riso. A verdade é que

se não rirmos, restará apenas o choro de indignação com tamanha barbaridade. Queridos jurados, ai estão às provas

que a senhorita Julia Casagrande sabia da existência do cofre e dos seus pertences. E mais uma vez, a verdade vem à

tona. Enquanto várias crianças estão passando fome por causa da falta de caráter dessa senhora aqui presente, ela

estava aproveitando com o seu marido, ganhando jóias novas, tomando de champanhes caros, a custa do nosso

dinheiro. Do dinheiro do povo. Obrigado.

– Dada a palavra a defensora.

– Bom dia Sr. Magalhães.

– Bom dia.

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– Em sua declaração para minha companheira de júri, não pude deixar de notar o momento em que o senhor

mencionou que vocês “previram” que o batom e a jóia fossem de minha cliente. O senhor tem alguma prova

concreta dessa sua... Hum, declaração?

– Claro, pois no anel havia as siglas “O” e “J” e logo em seguida, a data do dia 11/09/2002, que segundo as minhas

investigações seria a data de casamento dos dois, e as inicias de seu nome.

– E o senhor tem alguma prova de que o batom é dela?

– Concreta eu não posso lhe dar agora, teria que tirar uma amostra da saliva dela e comparar com a que estava

presente na taça, mas poço mostrar a marca de batom na taça, assim como o batom que foi encontrado em sua casa

aqui em campo grande e uma foto em que ela está com este batom. Cores idênticas.

– Obrigada. Meritíssimo, não tenho mais perguntas a formular.

– Defensora, gostaria de chamar qual testemunha?

– Meritíssimo, se me permitir, gostaria de chamar o Senhor Ricardo Souza como testemunha de defesa. – após o

juramento da testemunha, o juiz resume o caso:

– Bom dia, o senhor foi chamado como testemunha do processo que tem como acusada a Sra. Casagrande. Irei fazer

um breve resumo e então formularemos as perguntas. A ré Júlia Casagrande foi pronunciada pela prática de

homicídio simples, artigo 121 como consta no dia 20 de agosto de 2010. Ela foi retirada pela Força Nacional de sua

empresa, o banco Nacional Norte Sul, com o mandato de prisão por estelionato e suspeita de ter assassinado o

próprio marido, o senhor Olavo Casagrande. Segundo investigações, uma quantia em torno de 75 milhões de dólares

foi desviada da empresa, da qual ela e seu marido eram proprietários, e desapareceu sem deixar vestígios. Eu como

juiz, faço este breve resumo para que o senhor e os jurados tenham entendimento do que irá ser tratado neste júri.

O senhor tem algum tipo de parentesco com a ré?

– Não senhor.

– Alguma restrição, magoa ou revolta de alguém?

– Não senhor.

– Então o senhor está compromissado a falar a verdade?

–Sim senhor.

– Eu já fiz um resumo com o conteúdo da acusação e o senhor, como dito anteriormente, assumiu o compromisso

com a verdade e nada além da verdade. Eu, juiz, não tenho nenhuma pergunta a formular. Dada a palavra a

defensora, Isabela Quartieri.

Defensora começa:

– Bom dia Sr. Souza.

– Bom dia.

– Por gentileza, pode me dizer qual sua profissão?

– Sou motorista de táxi.

– E o senhor por um acaso conheceu os Casagrande?

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– Na verdade, só tive a oportunidade de conhecer o Sr. Olavo Casagrande.

– E você tem o que para nos falar?

– Bom, eu tenho mais pra mostrar do que pra falar. Uma gravação feita em meu celular.

– E em qual situação foi feita esta gravação?

– O Sr. Casagrande me pediu que o levasse em uma cidadezinha no interior de São Paulo.

– E o senhor não achou estranho o fato dele não ir de avião?

– Com certeza! Mas não fiz perguntas, afinal, eu estava ganhando uma bela grana. Porém, quando ele começou a

falar no celular, seu tom de voz era muito estranho. Meio sombrio. E eu comecei a gravar.

– Vejamos a gravação então.

– Alô

– Sim, sim. Já estou no táxi.

– Tudo certo, como programado.

– Ele não está escutando, está com fone de ouvido

– Certeza.

– Ok. O dinheiro já foi enviado.

– Claro que ela não sabe.

– Eu disse que era uma viagem a negócios.

– Ora Michelle, desde quando Julia desconfia de mim?

– Está tudo certo, relaxa.

– ok, até breve.

– Acho que tudo está mais claro. Não tenho mais perguntas a formular. Obrigado

– Por nada.

– Dada a palavra a promotora.

– Bom dia Sr. Souza.

– Bom dia

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– O senhor é testemunha de defesa, como dito antes, não consigo apenas visar em qual momento você está

defendendo. Afinal, a gravação mais uma vez prova que houve o desvio de verba. O senhor não concorda?

– Sim.

– E quem está defendendo?

– Não estou defendendo ninguém promotora, apenas estou declarando a verdade. Não sei realmente se a moça ai

está envolvida em algo, o que eu sei, é que eu gravei o Sr. Casagrande falando que ela não sabia de nada.

– E o senhor pode me dar certeza absoluta que isso não era uma trama deles? Uma farsa?

– Não.

– Então a sua prova no final não é tão concreta assim?

– Sim.

– E por que seria?

– Porque ele admitiu o que fez e não ela.

– Obrigado Sr. Souza. Meritíssimo, não tenho mais perguntas a formular.

– Muito bem Sr. Souza, agradecemos a sua cooperação e participação neste júri tributário. Dando continuação as

interrogações. Promotora, gostaria de chamar outra testemunha?

– Não, obrigado meritíssimo.

– Defensora?

– Não, obrigado meritíssimo.

DEPOIMENTO DA RÉ

– Então gostaria de chamar, por gentileza, a ré, Sra. Julia Casagrande. Pode sentar aqui no banco das testemunhas.

– Lembrando-lhe que você tem o direito de não responder a qualquer pergunta feita e que não tem o compromisso

com a verdade.

– Tudo bem.

– Sra. Casagrande, quero lhe deixar informada que, em um júri tribunal, o juiz deve sempre se manter imparcial.

Então, vou pedir que a escrivã leia um trecho de uma pergunta feita pela promotora e a senhora me dê uma

justificativa. E depois uma pergunta feita pela defensora. Ambas feitas às testemunhas há instantes atrás. Tudo

bem?

– Claro.

(Escrivã e assessora se dirigem ao microfone)

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– Palavra do promotor: “Então, nos diga Sr. Magalhães, você participou das buscas pelo Sr. Olavo Casagrande?”

(escrivã)

– Palavra da testemunha: “Sim.” (assessora).

– Palavra do promotor: “E o que encontrou além das jóias e extratos bancários na casa de praia?” (escrivã)

– Palavra da testemunha: “Fizemos uma vistoria na casa inteira, e no cofre encontrado, havia fios de cabelo da

senhorita Julia e também digitais. Assim como havia marcas de batom em uma taça com vestígios de champanhe e

um anel de diamante, que nós previmos que seria da Sra. Julia.” (assessora).

(escrivã e assessora voltam para os seus lugares)

– E então senhorita Julia, qual seria os seus argumentos para a seguinte acusação?

– Meu argumento é que eu também convivia naquela casa de praia. Não tenho compromisso com a verdade para

com este júri, mas tenho compromisso com a verdade comigo mesma. O batom é realmente meu, mas não tomei

taça de champanhe nenhum. O cofre era de meu conhecimento, afinal, todas as jóias lá presentes, eram minhas.

Mas eu nunca vi nenhum extrato bancário lá, e se visse, provavelmente não iria entender nada. Como o promotor

disse, eu sempre fui a “dondoca” da história, e o meu marido o negociante. E o anel. Garanto-lhe que não fazia

noção de sua existência, minha aliança não é um anel de diamantes, é de ouro.

– Obrigado senhorita Julia, agora o trecho de defesa.

– Palavra da testemunha: “O Sr. Casagrande me pediu que o levasse em uma cidadezinha no interior de São Paulo.”

– Palavra do promotor: “E o senhor não achou estranho o fato dele não ir de avião?”

– Palavra da testemunha: “Com certeza! Mas não fiz perguntas, afinal, eu estava ganhando uma bela grana. Porém,

quando ele começou a falar no celular, seu tom de voz era muito estranho. Meio sombrio. E eu comecei a gravar.”

– Vejamos a gravação então. (repetir a gravação no júri)

– Alô

– Sim, sim. Já estou no táxi.

– Tudo certo, como programado.

– Ele não está escutando, está com fone de ouvido

– Certeza.

– Ok. O dinheiro já foi enviado.

– Claro que ela não sabe.

– Eu disse que era uma viagem a negócios.

– Ora Michelle, desde quando Julia desconfia de mim?

– Está tudo certo, relaxa.

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– ok, até breve.

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–Você concorda que está voz seja a do seu marido?

– Sim.

– E você sabia que ele estava viajando para São Paulo?

– Olavo viajava muito a negócios, eu já havia a muito perdido o costume de lhe perguntar aonde iria. O que me deixa

curiosa nesta gravação é o fato de ele ir de táxi e estar falando com a Michelle.

– A senhora conhece essa Michelle?

– Bom, se for à mesma Michelle, é a minha irmã.

– Hum, obrigada Senhorita Casagrande. Dada a palavra a promotora.

– Obrigado Meritíssimo. Senhorita Casagrande, a pouco você admitiu que as jóias encontradas no cofre fossem suas?

– Sim

– Todos os 20 milhões de dólares?

– Não tenho certeza do valor delas.

– E como não? Afinal, são suas jóias.

– Porque Olavo que sempre me dava às jóias, não era eu que as compravas. Eu sempre fui mais ligada em roupas.

– Em média, quanto à senhora gastava em roupas por mês?

– Sinceramente, não sei lhe dizer, mas como disse antes, não escondo que sempre fui criada como “dondoca”. E o

que eu gastava, não era pouco.

– A senhora admite isso?

– Sim.

– Não tenho mais perguntas a formular. Obrigada.

– Dada a palavra a defensora.

– Julia, me diga, você comprava essas roupas no dinheiro vivo?

– Não. Cartão de crédito.

– Então existem provas concretas no banco de dados do seu banco que você não desviava esse dinheiro da

empresa?

– Creio que sim, pois eu tinha uma conta conjunta com Olavo, e outra separada, na qual ele avaliava o quanto eu

gastava com compras.

– Como assim avaliava?

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– Na verdade ele me impedia de gastar muito, sempre fui muito impulsiva.

– Então, segundo a cópia deste extrato bancário que o oficial de justiça lhes entrega agora queridos jurados. As

compras de Julia nada têm a ver com o desvio de verbas.

– Sim.

– Julia, poderia me dizer qual era o nível de relacionamento entre sua irmã Michelle e seu marido?

– Ora, normal. Creio que um relacionamento de cunhados.

– O quanto eles eram “amigos”?

– De todas as minhas irmãs, ela era a que ele mais conversava e gostava.

– Gostava o bastante para fugir com todo o dinheiro e lhe deixar para trás?

– Isso não é de meu conhecimento, sinto muito.

– Tudo bem, não tenho mais perguntas a formular. Obrigada.

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DEBATES ORAIS

– Bom, que se iniciem os debates orais. Por gentileza promotora.

Argumentações da Promotoria

– Antes de tudo, quero agradecer ao juiz, por sua competência para com este júri tribunal. O senhor que é um

homem de caráter e imparcialidade, que está sempre de acordo com os ditames da lei. Sei que mais uma vez está

comprometido com a verdade e que avaliará este júri da maneira correta. Senhoras e Senhores, membros do júri. No

último ano, exatos 12 meses, vocês escutaram muitos argumentos legais e complexos, alguns deles de mim, outros

da Sr. Quartieri. Infelizmente, tinha de ser assim. O tamanho da fraude do BNNS: 75 milhões de dólares – a

promotora suspirar, olha para a ré com nojo e então para os jurados com indignação – Isso mostra que, pela sua

própria natureza, este caso é complicado. E o fato de grande parte desse dinheiro ainda estar desaparecido o torna

ainda mais complicado. Olavo Casagrande era um homem perverso. Mas não era burro. Nem sua esposa, essa

moça sentada naquela cadeira, é burra. O rastro que deixaram em relação ao dinheiro, ou a falta dele, é tão

complexo, tão impenetrável, que a verdade é que talvez nós nunca recuperemos esse dinheiro. Ou o que sobrou

dele. Mas deixem-me dizer o que não é complicado neste júri. Cobiça. Arrogância. Essa senhorita e seu marido

acreditavam que estavam acima da lei. Como muitos outros da classe deles, os banqueiros do Itaú que saquearam

nosso país, tendo uma vantagem de aproximadamente 2,389 BILHÕES de dólares, que pegaram o dinheiro dos

contribuintes, o dinheiro de vocês, e o desperdiçaram sem a menor vergonha, os Casagrande acreditavam que as

regras do reles povo não se aplicavam a eles. Olhem para a Sra. Julia, senhoras e senhores. Vocês vêem uma mulher

que compreende por que as pessoas simples deste país estão sofrendo? Vêem uma mulher que se importa? Porque

eu não vejo. Eu vejo uma mulher que nasceu na riqueza, se casou com a riqueza, uma mulher que considera riqueza,

riqueza obscena, um direito divino seu. Julia Casagrande era sócia de Olavo Casagrande, dono do Banco Nacional

Norte Sul, o maior e mais lucrativo fundo de hedge de todos os tempos. Um entre seis brasileiros trabalham em uma

empresa cujo balanço dependia do desempenho do Banco. E o desempenho do BNNS ERA seguro. Julia Casagrande

era sócia de seu marido. Eles mantinham partes iguais da empresa, cada um com a metade. Ela não era apenas

responsável pelas ações do fundo. Ela era moralmente responsável por elas. Não se deixem enganar. Essa senhora

sabia o que seu marido estava fazendo. E ela o apoiou e encorajou durante todo o processo. Encorajou-o apenas

para que no final, mais uma vez sua cobiça prevalecesse, matando ou ao menos desaparecendo com o PRÓPRIO

marido para que a fortuna roubada do POVO fosse exclusivamente dela. Não deixem que a complexidade deste caso

os engane senhoras e senhores. Por trás dos jargões e papeladas, de todas as contas em outros países e transações

de derivativos, o que aconteceu aqui foi muito simples. Julia Casagrande roubou e matou. Ela matou porque foi

gananciosa. Roubou porque achou que fosse se livrar. Ela ainda acha que pode se livrar. Cabe a vocês mostrar que

ela está errada. Obrigada.

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– Dada a palavra a defensora.

Argumentações da Defensoria

– Obrigado Meritíssimo, eu assim como a minha companheira, a promotora Bianca Gleizer, queria agradecer por sua

presença neste júri tribunal, visto que todos aqui conhecem o seu trabalho, o seu caráter e sabem que o senhor age

com competência, imparcialidade e dignidade. Quero agradecer os jurados por estarem aqui presentes, num caso

difícil, mas que vem prosseguindo conforme os ditames da justiça. Senhoras e senhores, já ouvimos muitos

testemunhos e acusações acerca do caráter de minha cliente, Senhorita Julia Casagrande. Acusações, acusações, na

verdade me passa pela cabeça neste momento de algo que minha companheira acabou de citar. Cobiça. O que é a

cobiça? A cobiça, por falta de palavra melhor, é boa. Ter cobiça é certo. A cobiça funciona. A cobiça esclarece,

penetra e captura a essência do espírito evolutivo. A cobiça em todas as suas formas – cobiça de vida, de dinheiro,

de amor, de conhecimento – marcou o surgimento da humanidade. E então, após todas as palavras e os ditames

sobre o certo e o errado, vocês jurados, estão aqui julgando esta mulher pela cobiça dela? Pois me atrevo a dizer que

vocês não são ninguém para fazer isto. E no fundo de sua mente, neste exato momento, eu sei que vocês estão

concordando comigo. Qual é o mau da cobiça? Eu lhes digo qual é o lado ruim da cobiça. Quando alguém por seus

desejos passa por cima de outras pessoas. São 75 milhões de dólares afinal, mas me digam vocês, que prova há de

que ela roubou? Ou melhor, qual prova há que ela MATOU? Vou tentar ser mais específico com os senhores.

Estamos tratando este júri de maneira impensada. Nossas cabeças estão ocupadas demais acusando e julgando esta

mulher, e ninguém consegue enxergar o que na verdade está bem em baixo do nosso nariz. Mas o meu papel é

defendê-la e por isso eu digo pra vocês. Julia Casagrande não é a vilã da estória, na verdade ela é a vítima. Sujaram a

memória de seu marido, sujaram o SEU nome, sem que ela tenha feito nada. Minha cliente foi vítima de um golpe.

Roubaram-na, sem a menor vergonha. Tiraram seu alimento, sua dignidade, sua liberdade. Pegaram a cobiça dela, a

cobiça pelo amor que tinha do marido, a cobiça pelo conhecimento, a cobiça por seus esportes, a cobiça pela

evolução, e jogaram numa cela de cadeia junto com ela. Abençoada com rosto angelical e a inocência de uma

criança, subitamente, a socialite que um dia foi a queridinha do Brasil se transforma em uma odiada Maria Antonieta

contemporânea, sozinha e indefesa diante de sua iminente queda. Mas é claro, senhoras e senhores, que eu estou

errada. Afinal, a cobiça não é ir atrás de seus sonhos, e sim atrás de sua queda. É? Vocês trabalham e batalham

todos os dias de sua vida por nada além de agonia, dor, mortes e, principalmente, decadência? Creio que não. Vocês

se sentem como se fossem bobos por terem acreditado na empresa do BNNS, certo? Não pensem que são muito

diferentes de minha cliente. Ela não é nada além de um bode expiatório. Obrigada.

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– Gostaria de ter uma réplica promotora?

– Sim Meritíssimo.

– Dada a palavra a promotora.

RÉPLICA

– Dor, mortes, agonia... Decadência? Pergunto-me neste momento o que a ré entende deste assunto. Nascida em

berço de ouro, crescida em um ambiente em que poucos conhecem. Eu por um acaso, não conheço o que está

mulher ganhava, ganha e ainda estará ganhando se for absolvida, à custa do povo. A vida de muitas pessoas mudou

graças a essa senhora e seu marido. Eles sempre viveram MAIS do que bem, sempre mostrando aquela confiança a

todos, as pessoas, ao povo que depositou sua confiança neste casal, o povo que investiu suas economias, esperando

crescimento, esperando evolução, esperando TUDO, menos a decadência. E a defesa vem querer nos falar de

situações degradantes? Há mais de dez anos a minha função para com este júri tribunal não é acusar como muitos

aqui devem pensar, e sim defender. Defender o povo, defender a verdade, a MINHA verdade, a SUA verdade. E é isto

que faço e continuarei fazendo. Nunca vi um caso tão deliberado de assassinato. Sim queridos jurados, assassinato,

afinal por causa desse desvio de verbas, tem criança morando na rua, tem pai desempregado, tem mãe limpando

casa a troco de comida, tem gente pedindo esmola. Sem mencionar o marido desaparecido, porém, por não haver

provas concretas que ele está morto, vamos supor que ele está de férias. O que importa é que o povo neste

momento que realmente compreende o que é decadência, pois tudo o que tinha, confiou a uma mulher, a esta

mulher, que não se preocupou com a dor, com a dignidade do povo. Preocupou-se com ninguém além de si. A vida

só tem um sentido, e o único sentido que tem é quando investimos a nossa vida na vida dos outros, ou quando

encarnamos a vida dos outros como se ela fosse a nossa. Estou aqui para lutar pela construção continua da cidadania

e da justiça social. Nunca precisei aparecer, nem quero promoções. Trocaria tudo isto pelo anonimato, se em troca,

fosse revelada a verdade. Obrigada.

– Dada a palavra a defensora.

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TRÉPLICA

– Minha cliente nunca negou o fato de ter nascido rica. E esse é o termo certo... Nascido. Não é questão de se

aproveitar dos direitos do povo e ficar rica a custa de seu dinheiro. A riqueza, a luxúria, é algo com o que minha

cliente lida desde sempre. O que está acontecendo é que o povo, o povo que confiou naquele homem, o senhor

Olavo Casagrande, está em situação de decadência e a única culpada a vista é minha cliente. Eu não faço uma defesa

leviana, defendo de acordo com a minha convicção. E ela me diz neste momento que a realidade está sendo

distorcida. Defendo a verdade. Defendo o que acredito. E vou lhes dizer o que é fato em meio a todos os

testemunhos e declarações. Tenho em mãos uma declaração em escrito da senhorita Michelle Borges, irmã de

minha cliente, senhorita Julia Borges Casagrande. (OFICIAL DE JUSTIÇA SE LEVANTA E ENTREGA UMA FOLHA A CADA

JURADO) O oficial passará entregando para cada um dos jurados uma cópia e eu lerei para todos os membros do júri

de modo que todos entenderão:

“No dia 15 de agosto de 2010, eu Michelle Borges Guimarães, junto com meu cunhado e amante, Olavo Casagrande,

planejávamos fugir do país em busca da riqueza e de paz interior. Porém conquistei apenas o contrário. Fui traída

pelo meu amante, que planejava fugir com outra. Fui atacada pela consciência por fazer tanto mal a minha querida

irmã mais nova, da qual eu sempre tive inveja. Fui esmagada por uma dor devastadora, chamada culpa. Hoje é muito

tarde e eu duvido muito, que mesmo nesse coração puro e inocente de Julia, reste algum perdão para mim. De

modo que farei minhas contas com Deus, e a justiça vai ser feita. Julia Borges Casagrande foi nada mais e nada

menos que um fantoche na mão de seu marido, infelizmente com a minha ajuda. Ao menos metade das jóias

avaliadas em 20 milhões de reais, são presentes que Olavo me dava e por segurança me deixou usar o cobre da casa

de praia. Uns dias antes de Olavo “sumir” ele me ligou dizendo para nos encontrarmos numa cidadezinha do interior

de São Paulo,quando cheguei lá eu o senti muito estranho,me senti ameaçada. E então, quando seu telefone tocou e

ele foi até o banheiro atender, eu o ouvi conversando com outra mulher e planejando me abandonar, a loucura

tomou conta de meus atos, uma semana depois fomos a sua casa de praia, peguei o batom de Julia e passei antes de

tomar-mos champanhe, para incriminá-la, pois sabia que existia apenas um batom como aquele, um dia antes gravei

as iniciais deles em um lindo anel de diamantes e deixei ao lado das taças dando a entender que Julia havia passado

por ali, após o nosso brinde, insisti para irmos dar uma volta de iate e lá foi onde tudo aconteceu, nós estávamos nos

beijando e discretamente derramei um veneno que minutos depois fez Olavo ter um ataque cardíaco e então joguei

seu corpo ao mar, voltei para a praia e fugi do país e hoje estou aqui para declarar que minha irmã Julia nada fez,

além de ser uma ótima esposa, irmã e mulher.”.

– Está declaração foi dada de última hora, pouco antes ao julgamento. Como vocês jurados podem ver, está assinada

por mim e pela senhorita Michelle Borges, de modo que está comprovado que houve uma conversa. Fico grato pela

atenção de todos, e não tenho nada mais a declarar neste júri tributário. Obrigado.

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VOTAÇÃO SECRETA DOS JURADOS (EM VÍDEO)

– Senhores jurados, iremos a sala secreta a fim de começar a votação que decidira o destino da ré.

Será passado um vídeo com a votação dos jurados.

PRONUNCIAMENTO DE SENTENÇA

– Peço que todos se levantem para que assim ouçam o resultado.

– Senhoras e senhores membros do júri, fico grato pelo vosso tempo e paciências. Obrigado Promotora Bianca

Gleizer por sua competência para com este júri, de modo que do inicio ao fim, defendeu seus ideais e a sua definição

da verdade. Agradeço também ao defensor Danilo Soares por seus esforços em provar para nossos jurados que sua

cliente é inocente. Mais uma vez este júri está de parabéns. E de acordo com vários meses de investigações e com o

decorrer deste júri tribunal, os jurados decidiram que a ré indiciada pelo artigo 151, por estelionato, fraude e roubo,

e também pelo artigo 121, que é o homicídio qualificado ou suspeita de homicídio, é inocente de todas as acusações.

Um novo inquérito será aberto contra a senhora Michelle Borges por conta de sua confissão em juízo. Declaro

encerrado este caso.

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AGRADECIMENTOS

Gostaríamos de agradecer a escola Adventor Divino de Almeida por nos proporcionar essa oportunidade de

interpretar a vida de pessoas que lutam para um país mais digno de se viver. Agradecemos aos professores e

diretores pela colaboração para com nós alunos e ao Juiz Aluizio Pereira dos Santos por ter nos orientado

sabiamente sobre os tramites da justiça.

“Onde não há lei, não há liberdade”

John Locke

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Bibliografia

Estrutura textual júri simulado 2010 - 1º ano A

Depois da Escuridão – Sidney Sheldon

Apostila da disciplina de sociologia

Autos processuais com autorização do excelentíssimo juiz Aluizio Pereira dos Santos