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Escola EB 2.3/S Engº Dionísio Augusto Cunha GRANITO em GEO 2 - ano Beatriz Pais João Silva Magda Dias Ricardo Amaral Canas de Senhorim 2011/2012 Parte I Professor Augusto Pinto

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Escola EB 2.3/S Engº Dionísio Augusto Cunha

GRANITO em

GEO2 - 8ºano

Beatriz Pais

João Silva

Magda Dias

Ricardo Amaral

Canas de Senhorim

2011/2012

Parte I

Professor Augusto Pinto

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1.Identificação da Equipa

1.1 - Escola: EB 2,3/S Engenheiro Dionísio Augusto Cunha

1.2 - Equipa: GEO2

1.3 - Localização: Vila de Canas de Senhorim, sede de freguesia com o mesmo nome, pertence ao

concelho de Nelas, distrito de Viseu. Está inserida na Zona Centro (NUT II) e na zona de Dão-Lafões

(NUT III). A freguesia ocupa uma superfície é de 25,66 km2.

Figura 1 -Portugal Continental

Figura 2-Concelho de Nelas

A situação da vila é privilegiada,

pois é atravessada, a nascente,

pela EN 234, que faz ligação, a

norte, com a A25 (Aveiro-Vilar

Formoso), em Mangualde. Para

sul a comunicação rodoviária é

feita pelo IC 12, que liga à IP3

(Coimbra-Viseu).

No mesmo quadrante, está

implantada a via ferroviária,

designada linha da Beira Alta.

Importante via de comunicação,

pois estabelece a ligação

internacional.

Figura 3 - Extrato da Carta Militar, esc.1/25 000, folha nº 211

N

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Figura 5- Contexto geológico e

estrutural da região onde se integra a

freguesia de Canas de Senhorim:

falhas

xxx granitos hercínicos

2.Caraterização do Meio Envolvente

2.1 - Enquadramento Geológico

Geologicamente, Canas de Senhorim localiza-se

na Zona Centro Ibérica 2 (Douro – Beiras) numa base

de granitos monzoniticos porfiróides, entrecortados

por filões de quartzo, figura 4. Esta mancha de granitos

faz parte de um acidente tectónico, a plataforma do

Mondego, que se balança para sudoeste como se pode

verificar pela direção da rede fluvial, “a oriente de

Canas de Senhorim encontram-se zonas extensas com

altitudes superiores a 400 m, enquanto na parte

ocidental, as maiores altitudes pouco excedem os 350

m, sendo o mais comum dos valores entre os 200 e os

300 m” (Teixeira, 1962, p. 8). A nossa escola localiza-se

a 362 metros de altitude.

O balanceamento desta plataforma, resulta de um abatimento “ao longo dos desligamentos tardi-

hercínicos de Bragança-Unhais da Serra e de Verín-Penacova” (Brum Ferreira, 1978), figura 5.

A plataforma do Mondego, está inserida no Maciço Hespérico

ou Maciço Antigo, extensa unidade geomorfológica da

Península Ibérica, formado, definitivamente, durante a Era

Paleozóica que entre o período de 270 a 280 milhões de

anos, sofreu extensos enrugamentos originados pela

orogenia hercínica. Neste maciço “dominam os planaltos

elevados e retalhados por falhas e fraturas” (Antunes, 1990),

às quais se adapta a rede fluvial, sendo esta adaptação, uma

das características de terrenos graníticos. A área em estudo é

atravessada pela bacia hidrográfica do Mondego, no seu

troço médio, onde afluem os rios Dão e Alva.

As fraturas e falhas foram provocadas pela orogenia alpina,

que ocorreu nos finais da Era Terciária e início da Era

Quaternária. Em Portugal grandes blocos elevaram-se (horts),

passando a constituir relevos montanhosos, casos das serras

da Estrela e do Caramulo, que se desenvolvem segundo a

orientação NE-SO. Outros blocos abatem-se (grabens), como

é o caso da plataforma do Mondego.

Figura 4 - Extrato da Carta Geológica de

Portugal, à escala 1/500 000

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Figura 7 – Esboço do perfil transversal

correspondente ao corte traçado na figura 6

6

Sobre esta plataforma granítica e

paralelamente ao rio Mondego,

encontram-se depósitos de cobertura –

argilas e arcoses com calhaus rolados,

(foto 1) indicados como “depósitos da

plataforma do Mondego” (Ferreira, 1978,

p. 141), resultantes da aplanação que o

Maciço Antigo sofreu na Era secundária,

“Junto a Canas de Senhorim encontra-se

uma das principais manchas de depósitos

sedimentares”. (Nota Explicativa da Carta

Geológica, p.10)

Foto 1 – Barreira arcósica.

2.2 – Tipo de Paisagem

Canas de Senhorim, integra-se na unidade paisagística Dão-Lafões e Médio Mondego,

segundo o Atlas do Ambiente, no interflúvio Mondego-Dão, numa ampla superfície de

aplanamento (Fig. 6) denominada como “Plataforma do Mondego” (Ferreira, 1978).

Como se pode observar através do mapa hipsométrico, a freguesia de Canas de Senhorim

insere-se na designada plataforma do Mondego, encravada entre a serra do Caramulo (1074

metros), a noroeste, e a serra da Estrela (1993 metros), a sudeste, figura 6 e 7.

Figura 6 – Extrato do modelo digital do terreno de Portugal

Canas de

Senhorim

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Como fez notar Brum Ferreira (1978, p. 201), “a plataforma do Mondego é uma superfície

de aplanamento poligénica com uma história muito antiga”, “no seu conjunto, a plataforma do

Mondego, apresenta um perfil bastante rígido em bom estado de conservação, a que não devem

ser estranhas a fraca altitude e a natureza granítica do substrato.”

As cotas dos vértices geodésicos, assinalados na carta militar, folha 200 à escala 1/25 000,

de 1945, variam entre os 384 e os 448 metros.

A área envolvente apresenta uma morfologia aplanada, com suaves declives, à exceção do

limite sudeste da freguesia, que apresenta uma vertente, mais abrupta, em direção ao rio

Mondego, que corre à cota dos 175 metros na ponte das Caldas da Felgueira, “entre os vales

apertados, de 100-150 metros de profundidade, correspondentes aos entalhes recentes do

Mondego e seus afluentes, os interflúvios, mostram um perfil suavemente ondulado” (Ferreira,

1978, p.141), sobre os granitos calco-alcalinos, porfiróides, de grão grosseiro (+++), surgem

depósitos superficiais (……..), corpos sedimentares de provável idade cenozóica, figura 8.

Com os pés assente no chão, constata-se que a topografia tem alguma irregularidade

devido à passagem de dois rios principais: o rio Mondego (o mais extenso do país); o rio Dão, seu

afluente e os subafluentes. Nos pontos mais elevados, é possível avistarem-se caos de blocos,

formação rochosa típica das regiões graníticas. A sua formação resulta da erosão que ocorre ao

longo das diáclases e que vai arredondando as arestas dos blocos rochosos. Alguns destes blocos,

sujeitos à ação do vento durante milhares de anos, transformam-se em rochas cogumelo (foto 2).

km

Figura 8 - Pormenor do perfil tranversal da plataforma do

Mondego, na área em estudo, (Ferreira, 1978, p. 142).

Foto 2 - rochas pedunculadas

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Foto 3 – Campos agrícolas

Noutra perspetiva,

estamos perante uma

paisagem rural. Exteriormente

ao espaço construído,

aparecem os campos agrícolas

e depois a floresta (foto 3).

Portanto, a paisagem

observada, resulta da

interação de aspetos naturais

e culturais, que se modificam

ao longo do tempo e imprime

características próprias da

região. Se o granito influencia

o modelado da paisagem, o homem converte o espaço à medida das suas necessidades.

2.3 – Tipo de Solos

Os solos da área envolvente de Canas de Senhorim são do tipo cambissolos, segundo o

mapa apresentado no Atlas de Portugal, p 64. Estes solos são castanhos, relativamente móveis,

que resultam da decomposição, por acção dos efeitos químicos, físicos e biológicos ao longo de

milhões de anos, de complexos rochosos antigos. Neste caso, a rocha subjacente é o granito, que

constitui o Maciço Antigo. Por vezes encontram-se depósitos arenosos resultantes da

desagregação do granito que se comporta como rocha branda quando sujeita a climas quentes e

húmidos. Brum Ferreira, no seu trabalho de campo refere que “Em Canas de Senhorim, EN 214,

km 86,35, pode observar-se uma arcose grosseira, com intercalações de arcose fina…”.

Os solos mais férteis, mais profundos, encontram-se junto às linhas de água (aluviões), o

que permite a exploração da agricultura, nomeadamente o cultivo da vinha, da oliveira, do milho,

da batata, de produtos hortícolas e de pastagem para o gado. Onde os solos são mais pobres,

menos espessos, predomina a floresta e a mata, espaçadamente surgem pequenos afloramentos

rochosos. Quando o solo não está protegido pela vegetação, este fica exposto aos agentes

erosivos, sendo a perda irreparável.

2.4 - Fauna e Flora

Relativamente à flora, verifica-se a predominância de pinheiro bravo, eucalipto e mimosas,

podendo ver-se, também, algumas manchas dispersas de carvalhos, medronheiros e sobreiros. Ao

longo dos caminhos e estradas, encontra-se disseminada a mimosa/ acácia, que apesar de ser

infestante, dá à paisagem uma cor verde e amarela durante a primavera. Nas hortas pode-se ver

uma imensa variedade de árvores de fruta, com destaque para os citrinos, ameixieiras, macieiras,

pessegueiros e nespereiras, além de toda a diversidade de vegetais hortícolas. O olival e a vinha

são formas de organização vegetal vulgares, aliás, a freguesia pertence à Região Demarcada do

Vinho do Dão. Nos jardins particulares abundam as palmeiras e os azevinhos bem como outras

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espécies arbustivas. Pelos arruamentos e parques da vila predominam árvores ornamentais

alóctones.

Quanto à fauna, salientamos a presença de aves aquáticas que encontram adequado

habitat nos charcos existentes nas quintas da freguesia.

A fauna e flora da freguesia de Canas de Senhorim, onde a escola está inserida, são constituídas

sobretudo pelas espécies que constam na seguinte tabela, aquelas que podemos encontrar um pouco por

todo país.

A toponímia de algumas povoações, do concelho, faz alusão a alguma flora e fauna

dominante noutras épocas, por exemplo: Carvalhal Redondo, lugar onde existia extensa mancha

de carvalhos, que paulatinamente, foram dando lugar a habitações; Aguieira, lugar onde eram

visíveis águias; Lapa do Lobo, lugar onde se colocava armadilha para apanhar lobos; Folhadal, área

com predomínio de árvores folhosas, eventualmente carvalhos; a poucos quilómetros de distância

localiza-se a povoação de Carvalhas.

FAUNA FLORA

Espécie Nome científico Árvores Nome científico

Mam

ífer

os

Coelho-bravo Oryctolagus cuniculus

Flo

rest

ais

Carvalho roble Quercus Robur

Esquilo Sciurus Vulgaris Carvalho Português Quercus Faginea

Javali Sus Serofa Eucalipto Eucalyptus

Lobo Canis Cupos Medronheiro Arbutus unedo

Ouriço-cacheiro Coendou Villosos Mimosa/ acácia Acácia dealbata

Raposa Vulpes Vulpes Pinheiro bravo Pinus pinaster

Toupeira Jalpa Accidentalis Pinheiro manso Pinus pinca

Sobreiro Quercus Suber

de

fru

ta

Laranjeira Citrus x sinensis

Ave

s

Alvéola-branca Motacilla alba Macieira Malus domestica

Andorinha Notiarelidon Cyanoleuce Nespereira Eriobotrya japonica

Coruja Ttyto Alba Oliveira Olea europaea L.

Corvo Corvus Corax Pessegueiro Prunus persica

Corvo-marinho-de-

faces-brancas

Phalacrocorax carbo Videira Vitis vinifera, L

Estorninho Sturnus Unicolor

Orn

amen

tais

Albízia Albizia julibrissin

Galerão-comum Fulica atra Azevinho Ilex aquifolium

Galinha-d'água Gallinula chloropus Liquidamber Liquidambar styraciflua

Pisco-de-peito-ruivo Erithacus rubecula Lagerstroémia Lagerstroémia indica

Melro Turdus Merula Palmeira-do-Jardim Phoenix dactylifera

Mocho Athene Noctua Plátano Platanus orientalis L

Morcego Micronyctais

Pardal Passer Domesticus

Pombo-das-rochas Columba livia

Zarro-negrinha Aythya fuligula

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www.igespar.pt/media/uploads/trabalhosdearqueologia/50/1.pdf, “O povoamento alto-medieval entre os rios

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http://pt.wikipedia.org

http://e-geo.ineti.pt/edicoes_online/default.htm