Escola de Educação Profissional Dr - 2

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CERÂMICAS ODONTOLÓGICAS HISTÓRICO, CLASSIFICAÇÃO E PRINCIPAIS INDICAÇÕES CAXIAS DO SUL 2012

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Trabalho de conclusão de curso de especialização em prótese fixa e cerâmicas.

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CERMICAS ODONTOLGICAS

HISTRICO, CLASSIFICAO E PRINCIPAIS INDICAES

CAXIAS DO SUL

2012

DANIEL ZARDO

JOS CARLOS POSPICHIL

SLVIO ISIDORO POSPICHIL

CERMICAS ODONTOLGICAS

HISTRICO, CLASSIFICAO E PRINCIPAIS INDICAES

Trabalho de Concluso de Curso apresentado Escola de Educao Profissional Dr. Bernardino de Caxias, Campus Caxias do Sul, como exigncia parcial para obteno do ttulo de Especialista em Prtese Fixa.

Orientador: Doutor Cd. Guilherme Arossi Dr. Alexander Rama Quadros

Tpd. Luis Arno PasaCAXIAS DO SUL

2012

Zardo, DanielPospichil, Jos Carlos

Pospichil, Silvio IsidoroCermicas Odontolgicas

Histrico, Classificao e Principais Indicaes Caxias do Sul, 20 de Outubro de 2012. Trabalho de Concluso de Curso Escola de Educao Profissional Dr. Bernardino de CaxiasOrientador: Dr. Alexander Rama QuadrosOBS: NO VERSO DA PAGINA ANTERIOR

Aluno(s): Zardo, Daniel

Pospicihil, Jos Carlos

Pospicihil, Silvio Isidoro

Ttulo: Cermicas Odontolgicas Histrico, Classificao e Principais IndicaesA Banca examinadora dos Trabalhos de Concluso em sesso pblica realizada em 13 de Agosto de 2011, considerou o (a) candidato (a)

( ) aprovado ( ) reprovado

1- Examinador (a)

2- Examinador (a) 3- Presidente.

Dedicatria

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ObrigadoObs.: a dedicatria pode ser individual (se for + de um aluno), porem na mesma pagina.

Agradecimentos

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Obs.: pode ser individual (se for + de um aluno), porem na mesma pagina.

RESUMO

O desenvolvimento contnuo das cermicas dentrias tem trazido, aos clnicos e aos tcnicos em prtese dentria (TPD), um leque cada vez maior de opes para confeco de prteses funcionais e altamente estticas. Basicamente, podemos observar uma grande evoluo destes materiais, onde historicamente sua utilizao estava associada a um reforo metlico, devido sua baixa resistncia tenso e alta friabilidade. Dentro desta perspectiva, atualmente o mercado odontolgico oferece uma gama enorme de novos materiais e sistemas livres de metal para confeco de prteses, o que traz ao clnico e ao TPD novas opes, mas tambm novas dvidas para decidir entre uma ou outra alternativa. Com a introduo de uma grande variedade de cermicas e de tcnicas, o interesse atual neste campo da odontologia est crescendo ainda mais rapidamente. Desde 1975, Jones e Wilson afirmavam que qualquer aperfeioamento significativo no campo das cermicas seria possvel apenas por meio de modificaes na composio e nas tcnicas. Dessa forma, a composio, o comportamento mecnico e as propriedades fsicas das cermicas devem ser muito bem compreendidos.

Palavras-chave: Cermicas dentrias. Sistemas livres de metal (metal free). Infraestruturas dentrias. Procera. In-Ceram. IPS Empress. IPS eMax. Alumina. Zircnia. Biomecnica odontolgica. Composio.SUMRIO

1 INTRODUO 2 OBJETIVO 3 REVISO DE LITERATURA

3.1 Histrico

4 COMPOSIO

5 CARACTERSTICAS

5.1 Abrasividade das Cermicas Odontolgicas

6 DISCUSSO

7 CLASSIFICAO DAS CERMICAS ODONTOLGICAS 7.1 Cermicas Feldspticas 7.2 Cermicas Vtreas 7.2.1 Cermicas Injetadas

7.3 Cermicas Puras Modernas: Os Dois Mundos da Cermica Pura 7.3.1 Cermicas de Silicatos 7.3.2 Cermicas de xidos de Alumnio e Zircnio 7.3.2.1 A Particularidade do xido de Zircnio 7.3.2.2 Classificao das Cermicas Reforadas 7.3.2.2.1 Cermica de Infiltrao Base de xido de Alumnio 7.3.2.2.2 xido Policristalino de Alumnio e Zircnio 7.3.2.2.2.1 Cermicas Compactadas 7.3.2.2.2.2 Cermicas Usinadas 7.3.2.2.3 Cermica de Dissilicato de Ltio 7.3.3 Caractersticas Especiais na Aplicao Clnica de Cermicas Reforadas 8 MTODOS DE PROCESSAMENTO DA CERMICA

8.1 Condensao da Porcelana 8.2 Sinterizao da Porcelana 8.3 Adeso da Porcelana ao Metal 9 CONCLUSO 10 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 1 INTRODUOAs cermicas foram, provavelmente, os primeiros materiais a serem fabricados artificialmente pelo homem.

Figura 1: A Diagrama que mostra as matrias primas (feldspato, areia e caulim) em relao aos principais componentes cermicos (feldspato, quartzo e argila). B Diagrama que mostra alguns tipos de cermica em relao aos principais componentes (feldspato, quartzo e argila). A determinao da quantidade e o tipo de feldspato (albita: feldspato de sdio; ortoclasse: feldspato de potssio; e anortita: feldspato de clcio) importante para as cermicas odontolgicas. Entretanto, como o feldspato branco, pigmentos inorgnicos precisam ser incorporados matriz vtrea para a produo das diferentes tonalidades dos dentes.A palavra Keramos significa Olaria ou matria assada.

Historicamente foram, desenvolvidos trs tipos de materiais cermicos: o barro queimado em baixas temperaturas, extremamente poroso, o p de pedra queimado em temperaturas mais altas que o barro, proporcionando um material mais forte e impermevel gua; e a porcelana, obtida pela fuso da argila branca da china com pedra de javre, produzindo vasos de 2 a 3 mm de espessura, com paredes translcidas e resistentes.

Figura 2: O jarro com tampa (1713), modelado por Johann J. Irminger (1635 1724) e produzido na fbrica de porcelana de Meissen, no castelo Albrechtsberg, em Meissen, Alemanha.A porcelana odontolgica convencional uma cermica vtrea, que possui como principais componentes qumicos minerais cristalinos, tais como o feldspato, quartzo, alumina (xido de alumnio), e, eventualmente, caolin em uma matriz vtrea. As propores de cada produto variam conforme o tipo particular de cada porcelana (alta, mdia ou baixa fuso).

Alto ponto de fuso> 1.300C

Mdio ponto de fuso1.101 1.300C

Baixo ponto de fuso850 1.100C

Ultra baixo ponto de fuso< 850C

Nos dias atuais pode-se observar, na odontologia, uma procura cada vez mais acentuada por procedimentos estticos devido insero da populao em uma sociedade na qual a aparncia tem uma importncia signifcativa na aceitao e auto-estima.

As cermicas dentrias, com uma srie de caractersticas intrnsecas desejveis, como biocompatibilidade, alta resistncia compresso e abraso, estabilidade de cor, radiopacidade, estabilidade qumica, coefciente de expanso trmica prximo ao da estrutura dentria e excelente potencial para simular a aparncia dos dentes naturais, apresentam-se como um dos principais materiais na cincia e arte da reconstruo dentria.

Entretanto, esses materiais foram inicialmente representados pelas porcelanas feldspticas, as quais so friveis e frgeis sob trao, no sendo capazes de resistir s tenses mecnicas presentes no ambiente bucal, alm de gerar maior desgaste no dente antagonista. A confeco de restauraes em cermica livre de metal tornou-se possvel graas ao surgimento da odontologia adesiva de cermicas reforadas. Esses sistemas baseiam-se no desenvolvimento de materiais de infraestrutura, em substituio ao metal, que, associados s porcelanas de cobertura, podem proporcionar excelente resultado esttico sem comprometer o desempenho mecnico indispensvel longevidade clnica da restaurao.

Nas trs ltimas dcadas a preocupao com a esttica, passou a ocupar lugar de grande destaque nos consultrios odontolgicos. Os pacientes passaram a assumir a necessidade de possurem um sorriso harmonioso como pr-requisito ao bom convvio em sociedade e consequente ascenso profissional. Essa busca influencia diretamente os investimentos da indstria odontolgica em materiais e tcnicas restauradoras estticas e, consequentemente, a atuao do profissional na sua prtica clnica.

Dentre os materiais restauradores estticos, a cermica pode ser considerada atualmente a melhor escolha para reproduzir os dentes naturais. O uso rotineiro das restauraes em cermica um acontecimento recente e sua utilizao promoveu uma nova era na Odontologia Restauradora, embora este material tenha uma histria antiga e utilizao clnica um tanto controversa. As cermicas sofreram grande evoluo at serem consideradas como alternativa vivel e promissora para restaurao de dentes extensamente destrudos. Diferentes tipos esto disponveis para confeco de restauraes indiretas estes se diferenciam segundo suas propriedades, composio, processo de fabricao, e indicaes. Por isso, importante que o profissional conhea basicamente as etapas de produo desse material, bem como sua composio, podendo assim empreg-lo com segurana.Cermica Composto inorgnico com propriedades tipicamente no-metlicas composta por elementos metlicos (ou semimetlicos) e no-metlicos.Cermica CAD-CAM Material cermico formulado para a confeco total ou de parte de restauraes de cermica pura por meio da utilizao de desenho e processamento computadorizados.

Cermica fundida Vidro ou cermica especialmente formulados para serem fundidos em um molde refratrio para confeco de ncleos ou infra-estruturas de prteses cermicas.Cermica infiltrada por vidros Ncleo de cermica parcialmente sintetizada com uma estrutura porosa, que preenchida por vidro fundido por meio de uma atrao capilar.Cermica odontolgica Composto inorgnico com propriedades tipicamente no-metlicas, constitudo por oxignio e um ou mais elementos metlicos ou semimetlicos (por exemplo, alumnio, clcio, ltio, magnsio, potssio, silcio, sdio, estanho, titnio e zircnio), utilizado para confeccionar toda ou parte da prtese cermica odontolgica.

Cermica prensada (cermica prensada ao calor) Uma cermica que pode ser aquecida a uma temperatura especfica e forada sob presso para preencher um molde refratrio.

Compatibilidade trmica Condio de tenso residual baixa e transitria na porcelana adjacente ao ncleo metlico ou cermico, que est associada a uma pequena diferena entre os coeficientes de contrao trmica para ncleo e da cermica de cobertura.Corpo de porcelana (tambm porcelana dentinria ou gengival) Uma cermica para cobertura de prteses ou metalocermicas.Estado de pr-sinterizao Termo que se refere condio de cermica antes da sinterizao.

Glaze cermico P cermico especialmente formulado, que, quando misturado a um lquido, aplicado superfcie da cermica e aquecido temperatura apropriada por tempo suficiente, forma uma lisa camada vtrea na superfcie da cermica odontolgica.

Glaze natural Camada vitrificada que se forma na superfcie de uma cermica odontolgica que contm uma fase vtrea, quando a cermica aquecida a uma temperatura adequada por um tempo especfico.

Ncleo cermico Material cermico odontolgico opaco que prov resistncia, tenacidade e rigidez para o suporte de facetas cermicas.

Ncleo de alumina Cermica que contm quantidade suficiente de cristal de alumina (Al2O3) para obter resistncia e opacidade adequadas quando utilizada na confeco de infra-estruturas para prteses cermicas.Pigmentos cermicos Mistura de um ou mais xidos metlicos pigmentados e um vidro de baixa temperatura de fuso que pode modificar a tonalidade da restaurao cermica, quando esta dispersa em uma mistura aquosa, aplicada superfcie da porcelana ou outra cermica dental, e aquecida temperatura de vitrificao por tempo especfico.

Porcelana aluminizada Cermica composta de uma matriz de fase vtrea e pelo menos 35% em volume de Al2O3.

Porcelana feldsptica Cermica composta cuja matriz formada de uma fase vtrea e uma ou mais fases cristalinas (assim como a leucita, K2OAl2O34SiO2).

Porcelana para ombro Cermica que formulada para ser sintetizada na rea cervical de uma prtese unitria, para promover uma margem cervical esttica e resistente a fraturas com trmino no ombro.Processo de infiltrao Processo usado para dar formas cermica em estado de tmpera, por meio da aplicao de uma mistura em forma de partculas de cermica e gua, ou um lquido especial, a um substrato poroso (como um material para troquel), permitindo, assim, a ao de capilaridade para a remoo da gua e compactao da massa de partculas depositadas.

Prtese metalocermica Prtese unitria parcial, total ou parcial fixa, feita com um substrato metlico, na qual a porcelana aderida por meio de uma camada intermediria de xido, visando a melhorar a esttica. Os termos porcelana fundida ao metal (PFM), porcelana aderida ao metal (PAM), porcelana ao metal e cermica metlica tambm so empregados para descrever esses materiais; entretanto, metalocermica o termo preferencial para descrever essas prteses.

Sinterizao Processo de aquecimento de partculas bem condensadas a uma temperatura especfica (abaixo do ponto de fuso do componente principal), para que ocorra adeso, difuso e escoamento, visando a compactar e fortalecer uma estrutura.

Spinel Composto mineral cristalino de mistura de xidos como o MgAl2O4 (MgOAl2O3). Tambm chamado de Spinelle.Superglaze Cobertura superficial de vidro formada por meio da fuso de uma fina camada de p de vidro que maturado a uma baixa temperatura quando associado ao substrato cermico.

Torneamento por cpia Processo de corte ou desgaste de uma estrutura, utilizando um dispositivo que copia a superfcie de um padro mestre metlico, cermico ou polimrico e transfere esses dados para uma unidade fresadora, onde um bloco cortado ou desgastado por um processo similar confeco de cpias de chaves.Vidro Composto inorgnico no-metlico que no possui uma estrutura cristalina.

Vidros ceramizados Cermica cuja matriz consiste em uma fase vtrea e, pelo menos, uma fase cristalina, que produzida por uma cristalizao controlada do vidro.2 OBJETIVOEste trabalho de concluso do curso de especializao em prtese fixa e cermica tem por objetivo apresentar, analisar e avaliar os sistemas cermicos existentes, descrevendo a composio, a classificao, as principais caractersticas e indicaes dos diversos materiais disponveis no mercado, apresentando assim a evoluo das cermicas odontolgicas.3 REVISO DE LITERATURA

3.1 HistricoDurante a idade da pedra, as cermicas eram materiais importantes, e, desde ento, elas mantiveram sua importncia na sociedade humana. Os artesos dessa poca usavam pedras que podiam ser modeladas em ferramentas e artefatos por um processo chamado descamao, no qual fatias de pedras eram removidas das superfcies duras, finalmente granuladas, ou pedras amorfas, incluindo alguns tipos de slex, xisto endurecido, lava, obsidiana, quartzo e pedra calcria silificada.Originada da palavra grega Keramos, as cermicas mais antigas feitas pelo homem datam de 26 mil anos atrs. Essas cermicas foram encontradas na Checoslovquia (Repblica Checa, desde 1993) e apresentavam formato de animais e imagens humanas, placas e esferas.

Figura 3: A Vnus Doln Vstonice (Vstonick Venus em checo) uma estatueta em cermica de uma figura feminina nua, datada de, aproximadamente, 24.000 a.C. O stio paleoltico de Doln Vstonice na Morvia, Repblica Checa. uma das mais antigas cermicas conhecidas no mundo.Eram constitudas de gordura e ossos de animais misturados com cinza de ossos e um material fino similar argila. Depois de formadas, as cermicas eram queimadas sob temperaturas entre 500 e 800C, em fornos parcialmente enterrados na terra com paredes de limolita. Ainda que no esteja claro para qu essas cermicas eram fabricadas, no se acredita que tivessem alguma utilidade prtica. Acredita-se que o primeiro uso de recipientes funcionais de cermica tenha ocorrido em 900 a.C. Esses recipientes muito provavelmente eram empregados para reter e guardar gros e outros alimentos.Acredita-se que a antiga fabricao de vidro esteja intimamente associada fabricao de cermica, que floresceu no Alto Egito cerca de 800 anos a.C. Durante a queima da cermica, a presena de areia contendo xido de clcio (CaO) combinada com xido de sdio (Na2O) e o superaquecimento do forno de cermica pode ter resultado em um glaze colorido sobre a superfcie da cermica. Os especialistas acreditam que no foi antes de 1500 a.C. que o vidro foi produzido separadamente da cermica e obtido em diferentes formas.Desde aqueles tempos antigos, a tecnologia e aplicao das cermicas (incluindo o vidro) aumentaram constantemente. Com frequncia menosprezamos o importante papel que a cermica desempenhou no progresso da humanidade.

A vaidade, mais do que o desejo de melhorar a mastigao, certamente favoreceu o desenvolvimento dos primeiros dentes artificiais. Os gregos e os fencios utilizavam fio de ouro para prender os dentes artificiais aos naturais na boca. Os etruscos, no entanto, superaram todos na confeco de pontes dentrias. Eles viveram h aproximadamente 700 anos a.C., onde atualmente a Toscana, ao norte da Itlia, e podiam soldar largas bandas de ouro puro que se encaixavam sobre os dentes naturais e seguravam os artificiais por meio de pinos de ouro. Essas partes removveis ou fixas eram frequentemente confeccionadas com dentes humanos ou animais (Fig. 1)

Aps esta poca, o osso animal e o marfim de hipoptamos ou elefantes foram utilizados ainda por muitos anos. Mais tarde, utilizaram-se dentes humanos vendidos por aqueles com poucos recursos e dentes obtidos de mortos, mas os dentistas geralmente repugnavam esta opo.

Embora o desejo e a histria da substituio de dentes ausentes tenham comeado h quase trs mil anos, as cermicas foram utilizadas em Odontologia somente aps 1770.

Os princpios dos trabalhos metalo-cermicos foram realmente demonstrados por alguns joalheiros europeus h quase quatro sculos. Eles utilizavam vidro ou porcelana para revestir metais, tais como ouro e prata.Em 1774, o farmacutico francs Alexis Dechateau, observando utenslios de cermica, observou que eram duradouros e resistentes abraso e ao manchamento. Por ser portador de prteses totais e, insatisfeito com a aparncia esttica, sabor e odor dos dentes de marfim, Dechateau decidiu substitu-los utilizando cermica.O primeiro dente de porcelana foi patenteado em 1789 por um dentista francs (de Chemant) em associao com um farmacutico francs (Duchateau). O produto, uma verso melhorada dos dentes de pasta mineral, que foi produzida em 1774 por Duchateau, foi introduzido logo depois na Inglaterra por de Chemant. Porm, este composto cozido em forno no foi empregado na produo de dentes individuais, porque naquele tempo no existia um meio eficaz para prender os dentes base da prtese.Em 1808, Fonzi, um dentista italiano, inventou um dente de porcelana terrometlico, que era preso no lugar por um alfinete ou armao de platina. Planteau, um dentista francs, introduziu os dentes de porcelana nos Estados Unidos em 1817, e Peale, um artista, desenvolveu, na Filadlfia, em 1822, um processo de coco para estes dentes. A produo comercial foi iniciada em 1825 por Stockton. Na Inglaterra, em 1837, Ash desenvolveu uma verso melhorada do dente de porcelana. Em 1756, na Alemanha, Pfaff desenvolveu uma tcnica de moldagem da boca com gesso Paris, s utilizada at 1839, quando ocorreu a inveno da borracha vulcanizada, que viabilizou, de modo eficaz, o uso dos dentes de porcelana na base da prtese. Em 1844, o sobrinho de Stockton fundou a empresa S.S. White Company, e, com isso, houve uma melhora do desenho e da produo em massa de dentes de porcelana para prteses.

O Dr. Charles Land, em 1903, introduziu uma das primeiras prteses unitrias cermicas na odontologia. Land, que era av do aviador Charles Lindbergh, descreveu uma tcnica de fabricao de prteses unitrias cermicas que usava uma matriz de folha platina e porcelana feldsptica de alta temperatura de fuso. Essas prteses unitrias apresentavam uma excelente esttica, mas a sua baixa resistncia flexo resultou em um alto ndice de fracassos.A contrao incontrolvel da porcelana durante a queima levou Duchateau a buscar o auxlio de um dentista chamado Nicholas Dubois de Chemant, que havia publicado um livro sobre dentes artificiais em 1788. Esse o motivo porque alguns dentistas parisienses acusaram Chemant de ter roubado a inveno de Duchateau, forando-o a imigrar para a Inglaterra, onde ele continuou a fazer prteses de cermica com material fornecido pela fbrica Wedgewoad. Essa parece ter sido a primeira vez em que as cermicas odontolgicas foram utilizadas.Aps esse incio bastante confuso, a arte da cermica no foi completamente dominada pelos profissionais da Odontologia at o final do sculo XIX, quando surgiram as prteses fixas.

A cermica odontolgica, tambm conhecida como porcelana dentria, ou simplesmente porcelana, um dos materiais mais fascinantes e mais desenvolvidos dentro da cincia e tecnologia dos materiais dentrios.

As coroas de cermica tm sido amplamente utilizados desde que Land patenteou e desenvolveu a tcnica da folha de platina, em 1887, e a descreveu em 1903. Brecker (1956) foi o primeiro a divulgar o uso de cermicas odontolgicas em liga de ouro, porm esse procedimento tornou-se comercialmente disponvel somente com a patente de Weinstein e colaboradores (1962).Essas restauraes metalo-cermicas combinavam a esttica das cermicas com a ductilidade e resistncia do ouro. McLean and Hugles (1965) desenvolveram as coroas em cermica odontolgica reforada por xido de alumnio (alumina). Alguns anos depois McLean e Sced (1976) desenvolveram uma coroa de cermica a base de alumina sobre platina, que era mais resistente fratura.Em 1968, Macculloch foi o primeiro a reconhecer o potencial das cermicas fundidas para a utilizao na odontologia. inacreditvel que tenham se passado 150 anos desde que Giuseppangelo Fonzi (1807) apresentou a primeira cermica odontolgica sobre metal, para que esse procedimento fosse aplicado em larga escala em prteses parciais fixas (PPFs).

No final da dcada de 1940, as tcnicas de queima a vcuo abriram um enorme campo para a odontologia esttica.

Em 1958, Vines e colaboradores produziram cermicas a vcuo, com um grau de porosidade muito baixo.

As cermicas tm sido utilizadas para construir dentes, coroas, pontes, facetas, inlays e onlays, overlays, pinos e ncleos intra-canais, e implantes.

Cermica: Composto inorgnico com propriedades no metlicas comumente formado por elementos metlicos (ou semi-metlicos) e no metlicos.

Cermica Odontolgica: Material inorgnico no-metlico que especificamente formulado para uso quando processado de acordo com as recomendaes do fabricante, para formar toda ou parte da restaurao ou prtese dentria.

Cermica de Dentina: Material cermico odontolgico utilizado para confeccionar a forma total e proporcionar a cor bsica da restaurao ou prtese dentria, simulando a dentina do dente natural.

Cermica de Esmalte (de cobertura): Material cermico odontolgico usado para recobrir tanto parcial quanto totalmente a cermica de dentina e tambm formar um tero incisal mais translcido da restaurao ou prtese dentria, simulando o esmalte do dente natural.

Porcelana Odontolgica: Predominantemente vidro; ela uma cermica odontolgica usada principalmente para obteno de esttica em restauraes ou prteses dentrias.

Vidro: Um composto inorgnico no-metlico que no possui estrutura cristalina.

Glaze: Camada ou cobertura com uma substncia vtrea queimada para se unir a um objeto de cermica para colorir, decorar, conferir resistncia ou torn-lo a prova de gua. A aplicao de glaze funcionalmente importante para vasos que de outra maneira no poderiam ser utilizados para reter lquidos devido porosidade. O glaze tambm utilizado no Stroneware funcional e decorativo, e na porcelana. O glaze pode tambm melhorar o desenho ou a textura do aspecto natural de um material ou de um desenho gravado, esculpido ou pintado.

Cermica Odontolgica Glazeada: Material cermico odontolgico que recoberto e queimado a uma temperatura menor comparada com as cermicas de dentina e esmalte, para produzir uma fina selagem da superfcie, sendo o nvel de brilho determinado pelas condies de queima.

Glaze Dentrio: Aparncia superficial obtida quando o brilho clinicamente e esteticamente aceitvel.

Restauraes Metalo-Cermicas (PFM porcelana fundida sobre metal, P&M porcelana unida ao metal, prteses ceramo-metlicas): Restaurao dentria confeccionada com uma infra-estrutura (subestrutura) metlica qual a cermica unida por meio de uma camada de xido metlico, melhorando a esttica.

Cermica Odontolgica para CAD-CAM: Os procedimentos de CAD-CAM para a fabricao de restauraes ou prteses dentrias, normalmente inclui as seguintes etapas: 1. Procedimento de escaneamento digital do modelo ou enceramento para produzir um conjunto de dados em 3D; 2. Manipulao em software do conjunto de dados em 3D para planejar a prtese; e 3. O computador guia as ferramentas da mquina para desempenhar o processo de fabricao.Subestrutura (infra-estrutura): Uma estrutura metlica ou cermica sobre a qual uma segunda estrutura ou uma prtese ser colocada.

Cermica Odontolgica de Infra-estrutura (Core Ceramic): Material cermico predominantemente policristalino que forma uma estrutura de suporte, sobre a qual so aplicadas uma ou mais camadas de cermica odontolgica ou material polimrico odontolgico para formar toda ou uma parte de restaurao ou prtese dentria.Dentes de Porcelana para Prteses Totais: A fabricao de dentes para prteses praticamente o nico uso atual de porcelanas odontolgicas de alta e mdia fuso. Dentes para prteses so feitos pela condensao de duas ou mais porcelanas com diferente translucidez para cada dente em moldes metlicos. Eles so queimados em grandes bandejas em fornos para altas temperaturas. Os dentes de porcelana so desenhados para serem retidos na base da prtese total por embricamento mecnico. Os dentes anteriores so feitos com pinos metlicos que se projetam para que fiquem cercados pela resina para base de prtese total durante o processamento, enquanto os dentes posteriores so modelados com espaos diatricos onde a resina para base de prtese total escoa.

Tanto os dentes de porcelana quanto os de resina acrlica podem ser empregados na confeco de prteses totais ou parciais. Os dentes de porcelana so geralmente considerados mais estticos do que os de acrlico. Eles tambm so bem mais resistentes ao desgaste, embora o desenvolvimento de novos polmeros tenha melhorado a resistncia ao desgaste dos dentes de acrlico. Os dentes de porcelana possuem a vantagem de serem o nico tipo de dentes para prtese total que permite que a prtese seja completamente reembasada (substituio de toda a base da prtese total).

As desvantagens dos dentes de porcelana so sua friabilidade e o som de click produzido pelo contato de dentes antagonistas. Os dentes de porcelana tambm requerem maior distncia entre os rebordos, porque no podem ser desgastados at espessuras muito finas sobre o rebordo, como os dentes de acrlico, sem que se destruam os canais dictricos que possibilitam seu nico meio de reteno base da prtese.

4 COMPOSIO

As cermicas so de um modo geral compostas dos mesmos constituintes: Feldspato, slica e caolin. As propores so em mdia entre 75 e 85% de feldspato, de 12 a 22% de quartzo ou slica e de 3 a 5% de caolin. Os pigmentos constituem uma pequena porcentagem da mistura. O Quadro 1 destaca os principais componentes das cermicas e suas respectivas funes.

A porcelana odontolgica convencional uma cermica vitrosa baseada em uma rede de slica (SiO2) e xido de potsio feldspato (K2O.Al2O3.6SiO2) ou soda-feldspato (Na2O.Al2O3.6SiO2), ou ambos. Pigmentos, opacificadores e vidros so adicionados para controlar a temperatura de fuso, temperatura de sinterizao, coeficiente de contrao trmica e solubilidade. Os feldspatos usados para porcelanas odontolgicas so relativamente puros e sem cor. Portanto, pigmentos devem ser adicionados para produzir os matizes dos dentes naturais ou a aparncia dos materiais restauradores estticos que possam estar presentes nos dentes adjacentes.CompostoProporo aproximadaFuno

Feldspato75 85%Forma a fase vitrificada da porcelana / Translucidez

__________________________________

Feldspato de potssio ( aumenta a viscosidade/ controla a manipulao/ melhora a translucidez / funde o caolin e o quartzo.

__________________________________

Fedspato de sdio ( diminui a temperatura de fuso / dificulta a manipulao.

Quartzo12 22%Forma a fase cristalina.

Caolin3 5%Maleabilidade a massa / Opacidade

FundentesVarivelBrax / carbonatos / xido de zinco (diminuem o ponto de fuso.

Pigmentos / CorantesVarivel (< 1%)D cor e textura.

xidos metlicos de cobre, cromo, magnsio, cobalto, titnio, nquel.

MaquiadoresVarivelCaracterizao e individualizao.

OpacificadoresVarivelMascarar zonas subjacentes.

Quadro 1: Composio das Cermicas Odontolgicas / FONTE: (LVAREZ-FERNADZ et al., 2003).Os vrios componentes da porcelana combinados resultam em duas fases principais: a fase vtrea, ou matriz de vidro e a fase cristalina, ou mineral. A fase vtrea formada durante o processo de coco e possui propriedades tpicas de um vidro, como: friabilidade, padro de fratura no direcional e alta tenso superficial no estado fluido. A fase cristalina inclui slica ou quartzo e alguns xidos metlicos (pigmentos).

A porcelana particularmente adequada como material restaurador devido s suas propriedades vtreas e sua semelhana ao esmalte dental. Ela diferente do vidro no fato de que todos os constituintes do vidro regular (essencialmente potassa e slica) se fundem para formar um material transparente de fase nica. A porcelana contm ingredientes que no se fundem na temperatura de queima da porcelana. Eles permanecem como cristais rodeados por ingredientes fundveis, formando um material translcido (mas no transparente) que multifsico, isto , com uma fase dispersa (ou cristalina) e uma fase contnua amorfa.Em princpio, as cermicas dentais so baseadas nos constituintes similares queles usados nas cermicas domsticas e ornamentais. Estes compostos incluem o feldspato, a slica e o caolin (tambm refinado como argila). A principal diferena na composio entre a porcelana usada na odontologia e a usada em outros produtos(por exemplo, pratos e porcelana chinesa) est na proporo dos principais ingredientes: a argila o principal constituinte nessas outras porcelanas, enquanto a porcelana odontolgica baseada principalmente no feldspato.

O feldspato um material cristalino cinza, encontrado em pedras em certas localizaes geogrficas. A composio qumica do feldspato comum K2O.Al2O3.6SiO2, ou silicato de alumnio de potssio. Outros ingredientes encontrados nas rochas feldspticas so o ferro e a mica. O ferro uma impureza que removida mecanicamente por fragmentao da pedra feldsptica e examinando os estilhaos visualmente a procura de impurezas (que parecem mais opacas que o feldspato puro). As peas de feldspato puro so selecionadas e submetidas a uma fragmentao adicional e moagem para torn-las p. As impurezas de ferro remanescentes so removidas neste estgio usando-se fortes magnetos.A principal fonte de slica (SiO2) so os cristais de quartzo. O quartzo aquecido e ento esfriado por imerso em gua fria de modo a se trincar. Da, ele esfarelado e modo at formar um p fino. As impurezas de ferro so removidas magneticamente, como descrito para o feldspato. O p de quartzo perfaz grosseiramente 15% da porcelana dental. Ele permanece inalterado durante a queima da porcelana e forma a fase cristalina, que contribui para as propriedades pticas (translucidez) e limita a contrao durante a queima.

O caolin, uma forma de argila encontrada em leitos de rios e nos bancos de rios, ocorre naturalmente: as rochas feldspticas so lavadas continuamente pela gua, que dissolve o potssio e produz um silicato de alumnio hidratado (Al2O3.2SiO2.2H2O) caolin. Para preparar a forma pura do caolin, a argila tem de ser lavada, seca e peneirada, resultando em um p fino branco. O caolin usado na porcelana dental em pequenas quantidades (4%). Sua principal funo aquela de uma partcula de ligao; misturada em gua, o caolin torna-se viscoso e ajuda a manter unidas as partculas midas de porcelana. Isto permite a manipulao da massa p-lquido pelo tcnico para obter vrias formas. Na queima da porcelana, o caolin reveste as partculas no-fundveis e no contribui muito para o volume da porcelana.Para permitir a fabricao da restaurao de porcelana na cor do dente, pequenas quantidades de agentes corantes so adicionados ao p de porcelana. Estes pigmentos (tambm chamados de cores fritas) so derivados de xidos metlicos que so modos e misturados ao p de feldspato. Esta mistura ento queimada e remoda at a forma de p. Os xidos normalmente utilizados incluem o xido de estanho para o opaco, o xido de ferro para a cor marrom, o xido de cobre para o verde, o xido de titnio para o amarelo, o xido de cobalto para o azul. O xido de nquel para o marrom e o xido de magnsio para o prpura. So adicionados elementos raros em pequenas quantidades para prover fluorescncia e fazer a porcelana refletir a luz ultravioleta de modo similar aos dentes naturais.A composio cermica geralmente corresponde queles vidros da Tabela 1, com exceo de um aumento do contedo alcalino. A adio de grandes quantidades de soda, potssio e/ou leucita necessria para aumentar a expanso trmica a um nvel compatvel com o casquete metlico (coping). As porcelanas opacas contm tambm quantidades relativamente grandes de xidos metlicos opacificadores para esconder o metal subjacente e minimizar a espessura da camada opaca.Metalocermica

Porcelana de baixa fuso a vcuoBaixa fusoUltrabaixa fuso

ComponenteNcleo de aluminaDentinaEsmalteDentinaEsmalteDentina

SiO2Al2O3CaO

Na2O

K2O

B2O3ZnO

ZrO2Outros 35,0

53,8

1,1

2,8

4,2

3,2

-

-

- 6,5

13,5

2,1

4,2

7,1

6,6

-

-

- 64,7

13,9

1,8

4,8

7,5

7,3

-

-

- 59,2

18,5

-

4,8

11,8

4,6

0,6

0,4

- 63,5

18,9

-

5,0

12,3

0,1

0,1

0,1

-67-70

5,1

1,0-3,0

10-15

10-15

0-10

-

0-1,0

BaO,Y2O3: 0-0,2

SnO2: 0-0,2

Li2O: 0-0,1

F: 0-1,0

Sb2O3: 0-1,0

CeO2: 0-0,2

TiO2: 1-3

Temperatura de queima (C)980980950900900650-700

Tabela 1: Composio Tpica de Algumas Porcelanas Odontolgicas.As porcelanas de alta contrao tm tendncia desvitrificao por causa do seu contedo alcalino. Elas no devem ser submetidas a repetidas queimas, porque isso pode aumentar o risco de ofuscamento dentro da porcelana, como tambm mudanas no comportamento de contrao trmica. Portanto, bvio que uma combinao adequada da liga e da porcelana seja essencial para o sucesso. Foram sugeridos critrios e mtodos de avaliao para determinar a compatibilidade do metal e da porcelana. Os mtodos de avaliao so focalizados na mensurao dos coeficientes de expanso e contrao trmica, resistncia ao choque e na resistncia de unio.

A porcelana odontolgica convencional uma cermica vtrea baseada em uma rede de slica (SiO2) e feldspato de potssio (K2OAl2O36SiO2), ou ambos. Pigmentos, opacificadores e vidros so adicionados para controlar a temperatura de fuso, temperatura de sinterizao, coeficiente de contrao trmica e solubilidade. Os feldspatos usados para porcelanas odontolgicas so relativamente puros e sem cor. Portanto, pigmentos devem ser adicionados para produzir os matizes dos dentes naturais ou a aparncia dos materiais restauradores estticos que possam estar presentes nos dentes adjacentes.A slica (SiO2) pode existir em quatro diferentes formas: quartzo cristalino, cristobalita cristalina, tridimita cristalina e slica fundida no-cristalina. A slica fundida um material cuja alta temperatura de fuso atribuda rede tridimensional de ligaes covalentes entre a slica tetradrica, que constitui a unidade estrutural bsica da rede de vidro. Os fundentes (vidro de baixa fuso) so frequentemente includos para reduzir a temperatura necessria a sinterizar as partculas do p de porcelana a temperaturas suficientemente baixas para que a infra-estrutura metlica no se funda ou sofra deformaes por creep a altas temperaturas (creep flexural sag) durante a queima.

Os materiais restauradores e protticos usados normalmente na odontologia podem ser agrupados em uma das quatro categorias: (1) metais, (2) polmeros, (3) compsitos e (4) cermicas. As ligas protticas dentais so caracterizadas por sua alta resistncia trao, tenacidade, dureza, resistncia abraso, resistncia fratura, elasticidade, ductilidade e resistncia fadiga. Os polmeros so, geralmente, inferiores na maioria dessas propriedades, principalmente quanto ao seu forte potencial para fraturas friveis. Quando comparado s ligas odontolgicas, os compsitos tambm so suscetveis s fraturas friveis, embora sejam bastante superiores em relao ao seu potencial de produzir restauraes altamente estticas. Outra vantagem sua capacidade de isolamento trmico e eltrico.

As cermicas so muito suscetveis s fraturas quando expostas s tenses de trao ou flexo. Em comparao com as cermicas, as ligas utilizadas em odontologia so geralmente mais fortes e resistentes s fraturas quando submetidas a diferentes tipos de tenses. As cermicas podem ser classificadas em uma das quatro categorias: (1) cermicas de silicato, (2) cermicas de xidos, (3) cermicas sem xidos e (4) vidros ceramizados. As primeiras so caracterizadas por uma fase vtrea amorfa com uma estrutura porosa. Os componentes principais so o SiO2 com pequena adio de cristais de Al2O3, MgO, ZrO2 e/ou outros xidos. As porcelanas odontolgicas encaixam-se nesta categoria.

As cermicas de xidos contm, principalmente, uma fase cristalina (por exemplo, Al2O3, MgO, ThO2 ou ZrO2) com nenhuma ou pequena fase vtrea. A zircnia de grande importncia odontolgica em virtude da sua alta tenacidade fratura. A ZrO2 pura no uma cermica odontolgica utilizada, porque ocorrem trincas durante a sinterizao, resultantes da transformao de fase, de uma estrutura tetragonal em estrutura monoclnica. Essa transformao pode ser totalmente ou parcialmente suprimida pela adio de certos xidos, assim como MgO, Y2O3, CaO e CeO. Um dos materiais cermicos mais recentes para prteses dentrias a ZrO2 totalmente estabilizada com trio (Y2O3); s vezes, este material denominado Y-CSZ. Uma estrutura com multicomponentes ou uma mistura de xidos pode ser utilizada tambm na odontologia. Trs exemplos desta classe de cermicas incluem MgOAl2O3 (spinel), 3Al2O32SiO2 (mullite), e Al2O3TiO2 (Al2TiO5 ou titanato de alumnio). A estrutura spinel utilizada na cermica infiltrada por vidros (In-Ceram Spinell) quando necessria maior translucidez do que a obtida com a alumina ou zircnia infiltrada por vidro.

As cermicas sem xidos so contra-indicadas para o uso na odontologia; as razes so variveis, mas geralmente esto relacionadas com o processamento em temperaturas elevadas, mtodos de processamento complexos, cor antiesttica e opacidade. Tais cermicas incluem os boretos (TiB2,ZrB2), carbetos (B4C, SiC, TiC, WC), nitretos (AlN, BN, Si3N4, TiN), seleniureto (ZnSe), siliciureto (MoSi2), sialon (Si3N4 com Al2O3) e syalon (Si3N4 com Al2O3 e Y2O3).

Cermicas so materiais no-metlicos, inorgnicos. O termo cermica aplica-se a uma ampla variedade de materiais, incluindo os xidos metlicos, borridos, carbonetos, nitretos e misturas complexas desses materiais.Em geral, as cermicas so citadas por demonstrar uma grande variedade devido a sua estrutura cristalina peridica, e elas podem exibir adeso covalente ou inica.As cermicas tambm podem ser classificadas amplamente de acordo com sua composio e definidas como cermicas tradicionais ou cermicas de engenharia avanada.

As cermicas tradicionais tipicamente usam argila como um dos seus principais componentes, junto a outros xidos metlicos, tais como alumina (Al2O3), feldspato K2O.Al2O3.6SiO2), potassa (K2O) e soda (Na2O). Louas de barro vidrado (telhas), porcelana (louas e porcelana chinesa), loua de barro (olaria), tijolos e louas sanitrias, so todos itens caracterizados como cermicas tradicionais (Kinjery et al, 1976).As cermicas avanadas, usadas em engenharia eletrnica, automotiva, lasers e outras reas, podem ser compostas de materiais de xidos ou no-xidos. Os aparelhos eletrnicos normalmente contam com nitreto de alumnio (NAl) ou nitrito de boro (NB) como o material de substrato. Carboneto de silcio (CS) usado como semicondutor cermico, bem como para espelhos especiais necessrios em aplicaes espaciais. Certos lasers contam com cristais cermicos pticos, tais como GIA (Granada de trio alumnio), para produo de feixes de laser. Os componentes automotivos e de mquinas que esto em frequente movimento so revestidos com nitreto de titnio (NT) ou carboneto de titnio (CT) para melhorar a resistncia ao desgaste das partes.As cermicas dentais so compostas essencialmente de xidos metlicos e outros materiais cermicos tradicionais. Entretanto, com o crescente interesse em melhorar a qualidade esttica das restauraes, foi desenvolvida uma ampla variedade de processos e materiais cermicos. As cermicas dentais podem ser classificadas por composio, temperatura de queima ou processo de fabricao.

As cermicas odontolgicas podem consistir principalmente em vidros, porcelanas, cermicas vtreas ou estruturas altamente cristalinas. Elas possuem propriedades qumicas, mecnicas, fsicas e trmicas que as distinguem de outros materiais, tais como metais e resinas acrlicas. As propriedades das cermicas so desenvolvidas especialmente para a aplicao odontolgica por meio de um controle rgido do tipo e quantidade de componentes usados na sua produo. As cermicas so mais resistentes corroso que os plsticos, e os metais so mais tenazes que as cermicas e os plsticos. As cermicas normalmente no reagem com a maioria dos lquidos, gazes, substncias alcalinas e cidas, e tambm permanecem estveis por um longo perodo. As cermicas odontolgicas exibem uma resistncia flexo e tenacidade fratura de moderada a excelente. Uma das cermicas mais resistentes, o dixido de zircnio, possui uma resistncia flexo similar do ao, embora a tenacidade fratura dos metais seja muito maior do que a da zircnia. Embora as cermicas sejam fortes, resistentes s temperaturas e resilientes, elas so friveis e podem sofrer fratura quando flexionadas ou expostas seguidamente ao calor e ao frio. A maioria das cermicas so compostos de oxignio com metais leves ou semimetais (metalides) que possuem algumas propriedades dos metais e dos no-metais, mas geralmente so de natureza no-metlica.Os vidros ceramizados so vidros parcialmente cristalizados e obtidos pela nucleao e desenvolvimento de cristais na fase vtrea da matriz. Um exemplo deste produto que vem sendo utilizado na odontologia a cermica vtrea Dicor, que foi baseada no desenvolvimento de cristais de flor tetrasslico na matriz vtrea. Originalmente, esse material era comercializado em blocos ou lingote de vidro (contendo um agente nucleador), que eram fundidos e injetados em um molde refratrio, e depois processados termicamente para a obteno da fase cristalina. A fundio da forma vtrea no mais utilizada para prteses dentrias, embora alguns vidros ceramizados estejam sendo processados no sistema CAD-CAM.

As cermicas odontolgicas so estruturas no-metlicas, inorgnicas e contm, principalmente, compostos de oxignio com um ou mais elementos metlicos ou no-metlicos (alumnio, clcio, ltio, magnsio, fsforo, potssio, silcio, sdio, titnio e zircnio). Estruturas cermicas compostas por um nico elemento so raras. A estrutura do diamante a principal cermica desse tipo, e a unidade celular consiste em tomos de carbono, que compartilham um eltron com quatro tomos de carbono circundantes. Essa estrutura unida por meio de uma forte fora covalente, que resulta em um alto mdulo de elasticidade, estabilidade em temperaturas elevadas em ambientes livres de oxignio (at pelo menos 3.700 C) e em uma dureza maior do que qualquer outro material natural.

Muitas cermicas odontolgicas contm uma fase cristalina e uma fase vtrea baseada na estrutura de slica. Esta caracterizada por um tetraedro de Si-O no qual um ction de Si4+ posicionado ao centro, com nions de O- em cada uma das quatro extremidades. A estrutura resultante no compactada, e possui caractersticas tanto covalentes quanto inicas. Os tetraedros de SiO4 so unidos por meio do compartilhamento de suas extremidades.

Os dentistas tm procurado um material restaurador ideal por muitos anos. Embora materiais restauradores diretos, como amlgama, resinas compostas e cimentos, tenham sido utilizados com um sucesso razoavelmente bom durante as ltimas dcadas, eles no so ideais para restauraes extensas ou para prteses parciais fixas (PPFs). O resultado esttico de extrema importncia para muitas restauraes unitrias. Neste aspecto, o material restaurador deve manter a qualidade de sua superfcie e caracterstica esttica por um longo tempo, preferivelmente por toda a vida do paciente. As cermicas odontolgicas so atraentes graas sua biocompatibilidade, estabilidade de cor a longo prazo, resistncia ao desgaste e sua capacidade de serem conformadas em formas precisas; embora, em alguns casos, sejam necessrios equipamentos caros para o seu processamento, assim como treinamento especializado.

Os dentistas e os tcnicos de laboratrio devem conhecer os benefcios e as limitaes das propriedades das cermicas odontolgicas, alm das exigncias dos preparos para seu uso, a fim de minimizar o risco de fraturas catastrficas que necessitem de consertos caros ou substituies que causem visitas de retorno desnecessrias do paciente ao consultrio dentrio. Embora, futuramente, outros produtos cermicos e mtodos de processamento sejam introduzidos, os princpios para seleo e uso dessas cermicas baseados nas suas propriedades e caractersticas microestruturais, junto com os conceitos fundamentais do desenho da prtese ainda permanecero.

A maioria das cermicas caracterizada pela sua natureza refratria, alta dureza, suscetibilidade fratura frivel em tenses relativamente baixas (resistncia trao relativamente baixa e porcentual de alongamento praticamente nulo) e neutralidade qumica. Para aplicaes na odontologia, desejvel que a cermica possua uma dureza menor que a do esmalte e uma superfcie de fcil polimento, para minimizar os danos que podem ser causados no esmalte pela superfcie cermica. Uma superfcie cermica glazeada geralmente considerada benfica, por aumentar a resistncia fratura e reduzir o potencial de abrasividade das superfcies cermicas. Os valores de resistncia de porcelanas glazeadas e no-glazeadas so apresentadas na Tabela 2.

A suscetibilidade das cermicas fratura frivel uma desvantagem, particularmente quando uma trinca e tenses de trao coexistem na mesma regio de uma restaurao cermica. A sua neutralidade qumica uma caracterstica importante porque assegura que a superfcie das restauraes dentrias no libere elementos potencialmente prejudiciais e reduz o risco de superfcies rugosas e suscetveis adeso bacteriana com o passar do tempo. Outros dois atributos importantes da cermica dental so o seu potencial para simular a aparncia dos dentes naturais e suas propriedades isolantes (baixa condutividade trmica, baixa difusividade trmica e baixa condutividade eltrica). Em funo dos tomos metlicos transferirem seus eltrons mais externos para tomos no-metlicos e, desta forma, estabilizar o alto potencial de mobilidade de eltrons, as cermicas constituem-se excelentes isolantes trmicos e eltricos.

TipoAmbiente de queimaCondio da superfcieResistncia flexo (MPa)

Porcelana Feldsptica

Porcelana aluminizadaAr

Ar

Vcuo

Vcuo

Ar

ArNo glazeada

Glazeada

No glazeada

Glazeada

No glazeada

Glazeada75,8

141,0

79,6

132,0

136,0

139,0

Tabela 2: Resistncia Flexo de Porcelanas Odontolgicas com Mdia Fuso Glaseadas e no Glazeadas e Porcelanas Aluminizadas.A temperatura de sinterizao da slica cristalina muito alta para ser utilizada como cermica esttica de cobertura sobre estruturas metlicas. Nessas temperaturas, as ligas metlicas iriam fundir-se. Alm disso, o coeficiente de contrao trmica da slica cristalina muito baixo para essas ligas metlicas. As ligaes qumicas entre a slica tetradrica podem ser quebradas pela adio de ons metlicos alcalinos como sdio, potssio e clcio. Estes ons encontram-se associados aos tomos de oxignio nas extremidades do tetradro e interrompem as ligaes oxignio-silcio. Como resultado, a rede tridimensional de slica contm vrias cadeias lineares de slica tetradrica que so capazes de se mover mais facilmente em baixas temperaturas do que os tomos que esto presos em uma estrutura tridimensional de slica tetradrica. A facilidade de movimentao responsvel pelo aumento de fluidez (viscosidade reduzida), pela baixa temperatura de amolecimento e pelo aumento no coeficiente de expanso trmica, que so conferidos pelos modificadores de vidro. Uma concentrao de modificadores muito alta, entretanto, reduz a durabilidade qumica do vidro (resistncia ao ataque por gua, cidos e substncias alcalinas). Mais ainda, se muitos dos arranjos tetradricos forem rompidos, o vidro pode cristalizar-se (desvitrificar) durante a queima da porcelana. Portanto, um equilbrio entre um ponto de fuso adequado e boa durabilidade qumica deve ser mantido.

Os fabricantes utilizam modificadores de vidro para produzir porcelanas odontolgicas com diferentes temperaturas de coco (queima). As porcelanas odontolgicas so classificadas de acordo com sua temperatura de coco. A classificao tpica dada a seguir:

Ponto de fuso alto1.300 C (2.372 F)

Ponto de fuso mdio1.101 C-1.300 C (2.013 F-2.072 F)

Ponto de fuso baixo850 C-1.100 C (1.562 F-2.012 F)

Ponto de fuso ultrabaixo