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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS Cap Inf THIAGO DE PAULA SOTTE O PLANO DE CARREIRA DOS GRADUADOS DO EXÉRCITO BRASILEIRO, À LUZ DE TEORIAS MOTIVACIONAIS: UMA PROPOSTA DE CARREIRA EM “Y”. Rio de Janeiro 2017

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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

Cap Inf THIAGO DE PAULA SOTTE

O PLANO DE CARREIRA DOS GRADUADOS DO EXÉRCITO BRASILEIRO, À LUZ

DE TEORIAS MOTIVACIONAIS: UMA PROPOSTA DE CARREIRA EM “Y”.

Rio de Janeiro

2017

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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

Cap Inf THIAGO DE PAULA SOTTE

O PLANO DE CARREIRA DOS GRADUADOS DO EXÉRCITO BRASILEIRO, À LUZ DE TEORIAS MOTIVACIONAIS: UMA PROPOSTA DE CARREIRA EM “Y”.

Dissertação de Mestrado apresentada à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Militares. Orientador: Cel Manoel Márcio Gastão

Rio de Janeiro

2017

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Cap Inf THIAGO DE PAULA SOTTE

O PLANO DE CARREIRA DOS GRADUADOS DO EXÉRCITO BRASILEIRO, À LUZ DE TEORIAS MOTIVACIONAIS: UMA PROPOSTA DE CARREIRA EM “Y”.

Dissertação de Mestrado apresentada à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Militares.

Data de Aprovação: _____/_____/_______

Banca Examinadora:

___________________________________________ SÉRGIO LUIZ AUGUSTO DE ANDRADE – Ten Cel

Doutor em História das Ciências Presidente/ EsAO

______________________________________ MARCOS ANTÔNIO GONÇALVES – 1º Ten

Doutor em Letras 1º Membro/ EsAO

_______________________________ MANOEL MÁRCIO GASTÃO – Cel

Doutor em Ciências Militares 2º Membro/ EsAO

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À Deus, que por seu Filho Jesus Cristo deu-me a chance de concluir este trabalho mesmo diante de todas as adversidades, para a glória do Seu nome.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por haver concedido a chance de realizar este trabalho e o necessário

para finalizá-lo.

À minha mãe Rita, por ter dedicado sua vida à minha até que pudesse caminhar

por mim mesmo.

À minha amada esposa Elisélia, pelo suporte indispensável desde o projeto à

conclusão deste trabalho.

Aos meus filhos Murilo e Augusto, por imprimirem em mim, com seus sorrisos, a

motivação que me fez buscar o melhor resultado que poderia alcançar.

Ao 1º Sgt Carlos Eduardo de Paula, meu irmão, por haver inspirado a minha

decisão em pesquisar sobre esse relevante assunto e ter feito com que eu persistisse,

sem saber o quanto, na busca de um ideal.

Ao Sr Cel Manoel Márcio Gastão, meu orientador, pelo apoio, orientações e

confiança que possibilitaram a realização deste trabalho.

Aos graduados de carreira do Exército Brasileiro, pela participação nas

pesquisas de campo que permitiram a análise de dados essenciais para essa

dissertação de mestrado.

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“Para que estranhos não se fartem de teus haveres e o fruto do teu trabalho não passe para a casa alheia”.

(Provérbios 5, 10)

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RESUMO

Esse estudo científico apresenta o panorama acerca de um problema enfrentado pelo Exército Brasileiro (EB): uma aparente desmotivação e insatisfação dos graduados de carreira com seu respectivo plano de carreira. Baseado nessa informação foi estabelecido o objetivo geral deste trabalho que é apresentar uma nova proposta de plano de carreira, no modelo em “Y” e à luz de teorias motivacionais, com a finalidade de mitigar a problemática apontada. Para isso, o arcabouço literário da obra baseou-se em conceitos acadêmicos de administração e na apresentação de planos de carreira no Brasil e no exterior. Além disso, por se caracterizar como um dos comportamentos de insatisfação no ambiente de trabalho, uma análise da evasão de sargentos das fileiras do Exército Brasileiro foi apresentada nas dimensões geração, graduação e curso de formação. Ademais, foi realizada uma pesquisa de campo por meio de um questionário que permitiu o levantamento do atual perfil profissional dos graduados de carreira, bem como suas opiniões sobre pontos decisivos que a nova proposta de carreira contemplaria. Por meio de um processo metodológico foi formulada, pelo autor, uma nova proposta de plano de carreira para os graduados de carreira do Exército Brasileiro que poderá amenizar o corrente sentimento dos sargentos e subtenentes com seu respectivo plano de carreira. Chegou-se, pois, a um resultado capaz de contribuir com os estudos realizados pelo Estado-Maior do Exército Brasileiro, que busca, utilizando-se do Projeto de Força (PROFORÇA) em seu vetor Recursos Humanos, preparar a Instituição para os desafios impostos pela atual conjuntura mundial.

Palavras-chave: Plano de carreira. Graduados de carreira do EB. Evasão. Teorias motivacionais. Carreira em “Y”.

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ABSTRACT

This scientific study presents the context about a problem faced by the Brazilian Army (BA): an apparent lack of motivation and dissatisfaction among career sergeants with their respective career plans. Based on this information, was established the general objective of this work, which is to present a new career plan proposal, in the "Y" model and based upon motivational theories, in order to mitigate the problem. For that, a research was carried out to create the literary framework, which counted on the study of academic management concepts and career plans in Brazil and foreing countries. In addition, for being characterized as one of the behaviors of dissatisfaction in the work environment, an analysis of the evasion of sergeants from the ranks of the Brazilian Army was presented in the dimensions generation, graduation and training course. In addition, through a methodological process, the author formulated a new career plan proposal for NCO´s of the Brazilian Army that could ease the current feeling with their respective career plan. Thus, a result was obtained that could contribute to the studies carried out by the Brazilian Army General Staff, which seeks, using the Strength Project (PROFORÇA) in its Human Resources vector, to prepare the Army for the world challenges. Keywords: Career plan. BA NCO´s carrer. Evasion. Motivational theories. Career in "Y".

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LISTA DE ABREVIATURAS

AA Auxiliar da Armada

AFN Auxiliar de Fuzileiro Naval

AMAN Academia Militar das Agulhas Negras

Art Artilharia

Av Aviação

CA Concurso de Admissão

CAP Corpo Auxiliar de Praças

Cav Cavalaria

CFS Curso de Formação de Sargentos

CFO Curso de Formação de Oficiais

CFOE Curso de Formação de Oficiais Especialistas

CFOA Curso de Formação de Oficiais Auxiliares

CHQAO Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais

CIAvEx Centro de Instrução de Aviação do Exército

CMA Comando Militar da Amazônia

Cmdo Mil A Comando Militar de Área

CML Comando Militar do Leste

CMN Comando Militar do Norte

CMNE Comando Militar do Nordeste

CMO Comando Militar do Oeste

CMP Comando Militar do Planalto

CMS Comando Militar do Sul

CMSE Comando Militar do Sudeste

Com Comunicações

CP Comissão de Promoção

CPA Corpo de Praças da Armada

CPFN Corpo de Praças Fuzileiros Navais

CPS Comissão de Promoção de Sargentos

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CPGAER Corpo do Pessoal Graduado da Aeronáutica

DECEx Departamento de Ensino e Cultura do Exército

DGP Diretoria Geral do Pessoal

DGPM Diretoria Geral do Pessoal da Marinha

EASA Escola de Aperfeiçoamento de Sargentos

EAOF Estágio de Adaptação ao Oficialato

EB Exército Brasileiro

EEAR Escola de Especialistas da Aeronáutica

Eng Engenharia

EsIE Escola de Instrução Especializada

EsFCEx Escola de Formação Complementar do Exército

EsSLog Escola de Sargentos de Logística

EsSA Escola de Sargentos das Armas

Estb Ens Estabelecimento de Ensino

EUA Estados Unidos da América

FAB Força Aérea Brasileira

FVM Ficha de Valorização do Mérito

IES Instituição (ões) de Ensino Superior

Inf Infantaria

Int Intendência

IPCA Índice de Preços ao Consumidor Amplo

Mat Bel Material Bélico

MB Marinha do Brasil

Mnt Com Manutenção de Comunicações

PCP Plano de Carreira das Praças

PCPM Plano de Carreira das Praças da Marinha

PF Polícia Federal

PM Polícia(s) Miltar(es)

PNR Próprio Nacional Residencial

PRF Polícia Rodoviária Federal

PROFORÇA Projeto de Força do Exército Brasileiro

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QA Quadro de Acesso

QAA Quadro de Acesso por Antiguidade

QAM Quadro de Acesso por Merecimento

QAO Quadro Auxiliar de Oficiais

SAM Serviço Ativo da Marinha

Sgt Sargento

SOF Suboficial

SGT Sergeant

SGM Sergeant Major

SOM Suboficial Maior

S Ten Subtenente

SU Subunidade

TAF Teste de Aptidão Física

TAT Teste de Aptidão de Tiro

Topo Topografia

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Modelo de comportamento................................................................ 28

Figura 2 - Hierarquia das necessidades humanas............................................. 37

Figura 3 - Pesquisa de Herzberg entre satisfeitos e insatisfeitos...................... 39

Figura 4 - Respostas para a insatisfação com o trabalho.................................. 41

Figura 5 - Salário inicial dos soldados das PM no Brasil................................... 72

Figura 6 - Daniel A. Dailey…………………………………………………………. 75

Figura 7 - SOM del Ejército de Chile.................................................................. 84

Figura 8 - Plano de Carreira dos Suboficiais do Exército Chileno..................... 85

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Caso esquemático acerca do Modelo de Comportamento.............. 29

Quadro 2 - Caso esquemático acerca da Teoria da Expectativa....................... 32

Quadro 3 - As gerações e os valores trabalhistas dominantes.......................... 42

Quadro 4 - As funções do Administrador segundo Fayol................................... 44

Quadro 5 - Tempos Médios de Permanência e Interstícios............................... 50

Quadro 6 - Variação do soldo no plano de carreira dos sargentos do EB........ 51

Quadro 7 - Distribuição das Praças na MB........................................................ 57

Quadro 8 - A carreira das praças na MB............................................................ 57

Quadro 9 - O interstício da carreira das praças na MB...................................... 59

Quadro 10 - Plano de carreira e remuneração da PRF...................................... 68

Quadro 11 - Plano de carreira e remuneração da PF........................................ 70

Quadro 12 - A carreira das praças no Exército dos EUA................................... 74

Quadro 13 - Critérios gerais para a promoção dos militares alistados............... 77

Quadro 14 - Interstício entre SGT e SGM.......................................................... 78

Quadro 15 - Carreira das praças no Exército do Reino Unido........................... 80

Quadro 16 - Folha de pagamento do Sargento Britânico................................... 83

Quadro 17 - Graduações no Exército do Chile................................................... 84

Quadro 18 - Interstício do Quadro Permanente do Exército Chileno................. 87

Quadro 19 - Quadro de variável independente.................................................. 89

Quadro 20 - Quadro de variáveis dependentes.................................................. 90

Quadro 21 - Carreira ideal à luz de teorias motivacionais.................................. 97

Quadro 22 - Dados do concurso realizado em outubro de 2017 na MB............ 122

Quadro 23 - Dados dos concursos realizados em outubro de 2016 na FAB.... 122

Quadro 24 - Pesquisa sobre a possibilidade de um concurso interno............... 125

Quadro 25 - Proposta de reformulação da carga horária do CHQAO................ 127

Quadro 26 - Pesquisa sobre a satisfação com a remuneração do QAO............ 128

Quadro 27 - Proposta de Carreira para sargentos............................................. 130

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Quadro 28 - Qui quadrado variável dependente MOTIVAÇÂO.......................... 138

Quadro 29 - Qui quadrado variável dependente SATISFAÇÂO......................... 138

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Evasão de graduados oriundos da EsSA, por geração...................... 98

Gráfico 2 - Evasão de graduados oriundos da EsSLog, por geração................... 99

Gráfico 3 - Evasão de graduados oriundos do CIAvEx, por geração................... 99

Gráfico 4 - Evasão de graduados oriundos da EsSA, por graduação.................. 100

Gráfico 5 - Evasão de graduados oriundos da EsSLog, por graduação.............. 101

Gráfico 6 - Evasão de graduados oriundos do CIAvEx, por graduação............... 101

Gráfico 7 - Evasão de graduados oriundos da EsSA, por curso.......................... 102

Gráfico 8 - Evasão de graduados oriundos da EsSLog, por curso....................... 103

Gráfico 9 - Evasão de graduados por curso de formação.................................... 104

Gráfico 10 - Participação por graduação (PCP)................................................... 105

Gráfico 11 - Participação por curso formação (PCP)........................................... 105

Gráfico 12 - Participação por Cmdo Mil A (PCP).................................................. 106

Gráfico 13 - Graduados com curso de nível superior........................................... 107

Gráfico 14 - Cursos de nível superior realizado pelos graduados........................ 107

Gráfico 15 - Motivos para a realização de Curso Superior................................... 108

Gráfico 16 - Motivos para o abandono da carreira............................................... 109

Gráfico 17 - Graduados especializados pelo EB.................................................. 110

Gráfico 18 - Serviço em Cmdo Mil A distintos....................................................... 111

Gráfico 19 - Menção do último TAF realizado....................................................... 111

Gráfico 20 - Menção do último TAT realizado....................................................... 111

Gráfico 21 - Comportamento dos graduados........................................................ 112

Gráfico 22 - Punição entre os graduados............................................................. 112

Gráfico 23 - Graduados habilitados em idioma estrangeiro.................................. 113

Gráfico 24 - Motivação com a possibilidade do concurso interno......................... 124

Gráfico 25 - Satisfação com a remuneração de QAO.......................................... 129

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 19

1.1 PROBLEMA ................................................................................................ 22

1.2 OBJETIVOS ................................................................................................ 22

1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................ 22

1.2.2 Objetivos Específicos ............................................................................... 23

1.3 HIPÓTESE .................................................................................................. 23

1.4 JUSTIFICATIVA .......................................................................................... 24

2 REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................... 26

2.1 TEORIAS MOTIVACIONAIS ....................................................................... 26

2.1.1 Teorias de Processo ................................................................................. 27

2.1.1.1 Modelo de comportamento .......................................................................... 27

2.1.1.2 Modelo de Expectação da motivação .......................................................... 30

2.1.1.3 Teoria da Fixação de Metas ........................................................................ 33

2.1.1.4 Teoria da equidade ..................................................................................... 34

2.1.2 Teorias de Conteúdo ................................................................................. 36

2.1.2.1 Teoria da Hierarquia de Maslow .................................................................. 37

2.1.2.2 Teoria dos Dois Fatores .............................................................................. 38

2.2 O COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL .............................................. 40

2.2.1 O conceito de percepção e as consequências da insatisfação ............ 40

2.2.2 O estudo das gerações ............................................................................. 42

2.2.3 As características inerentes aos gerentes .............................................. 44

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2.2.4 A Carreira no modelo em “Y” .................................................................. 45

2.2.5 O recrutamento interno............................................................................. 46

2.3 O PLANO DE CARREIRA DOS SARGENTOS DO EB ............................... 47

2.3.1 A valorização das competências profissionais ...................................... 48

2.3.2 As promoções dos sargentos no Exército Brasileiro ............................ 49

2.3.3 O interstício e o tempo médio de permanência entre as graduações .. 50

2.3.4 A remuneração ao longo da carreira ....................................................... 51

2.3.5 O Quadro Auxiliar de Oficiais (QAO) ....................................................... 52

2.4 O PLANO DE CARREIRA DOS SARGENTOS DA MB .............................. 56

2.4.1 A organização das praças na MB ............................................................ 56

2.4.2 A carreira das praças da MB .................................................................... 57

2.4.3 As promoções dos sargentos na Marinha do Brasil .............................. 58

2.4.4 O Quadro de Oficial Auxiliar da Armada e Fuzileiro Naval .................... 59

2.5 O PLANO DE CARREIRA DOS SARGENTOS DA FAB ............................. 60

2.5.1 A organização das praças na FAB ........................................................... 60

2.5.2 A carreira dos sargentos da FAB ............................................................. 61

2.5.3 As promoções dos sargentos na FAB .................................................... 61

2.5.4 O Quadro de Oficiais Especialistas ......................................................... 62

2.6 O PLANO DE CARREIRA EM INSTITUIÇÕES PÚBLICAS FEDERAIS ..... 65

2.6.1 Polícial Rodoviário Federal ...................................................................... 66

2.6.2 Agente de Polícia Federal ......................................................................... 68

2.7 O PLANO DE CARREIRA DAS POLICIAS MILITARES ............................. 70

2.7.1 A relação entre as Polícias Militares e o Exército Brasileiro ................. 70

2.7.2 A remuneração das Polícias Militares ..................................................... 71

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2.8 PLANO DE CARREIRA DOS SGT EM EXÉRCITOS ESTRANGEIROS .... 73

2.8.1 O plano de carreira dos Sargentos nos EUA .......................................... 73

2.8.1.1 A organização das praças ........................................................................... 73

2.8.1.2 As promoções dos Sargentos no Exército dos EUA ................................... 76

2.8.1.3 A remuneração dos Sargentos do Exército dos EUA .................................. 77

2.8.2 O plano de carreira dos Sargentos no Reino Unido .............................. 78

2.8.2.1 A organização das praças ........................................................................... 78

2.8.2.2 A promoção dos graduados do Exército do Reino Unido ............................ 80

2.8.2.3 A remuneração dos Sargentos do Exército do Reino Unido ....................... 81

2.8.3 O plano de carreira dos Sargentos no Chile ........................................... 82

2.8.3.1 A organização das praças ........................................................................... 83

2.8.3.2 As promoções dos Sargentos no Exército Chileno ..................................... 84

2.8.3.3 A remuneração dos Sargentos do Exército Chileno .................................... 86

3 METODOLOGIA ......................................................................................... 87

3.1 OBJETO FORMAL DE ESTUDO ................................................................ 87

3.2 AMOSTRA................................................................................................... 90

3.3.1 Procedimentos para a revisão da literatura ............................................ 92

3.3.2 Procedimentos metodológicos ................................................................ 93

3.3.3 Instrumentos .............................................................................................. 94

3.3.4 Análise de Dados ...................................................................................... 94

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 95

4.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................. 95

4.2 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................................... 114

4.2.1 O panorama da conjuntura sobre o plano de carreira ......................... 114

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4.2.2. Proposta de transformação do plano de carreira dos graduados ...... 117

4.2.2.1 Adoção do modelo de carreira em “Y” ....................................................... 117

4.2.2.2 Proposta de organização da carreira dos graduados no modelo em “Y” .. 118

4.2.2.2.1 Praças de Qualificação Funcional Comum (QFC) ................................ 119

4.2.2.2.2 Praças de Qualificação Funcional Específica (QFE) ............................ 120

4.2.2.2.3 Quadro Auxiliar de Oficiais .................................................................... 121

4.2.3 Avaliação da proposta sob os conceitos de teorias motivacionais ... 132

4.2.3.1 Análise sob a Teoria da Expectativa ......................................................... 132

4.2.3.2 Análise sob a Teoria da Fixação de Metas ............................................... 133

4.2.3.3 Análise sob a Teoria da Equidade ............................................................. 134

4.2.3.4 Análise sob a Teoria da Hierarquia das necessidades de Maslow ............ 135

4.2.3.5 Análise sob a Teoria dos Dois Fatores ...................................................... 136

5 CONCLUSÃO ........................................................................................... 138

REFERÊNCIAS......................................................................................... 144

ANEXO A – REQUISITOS CFO – AA/ FN NA MARINHA DO BRASIL .... 150

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO............................................................. 153

APÊNDICE B – PROPOSTA DE PLANO DE CARREIRA EM “Y”........... 157

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1 INTRODUÇÃO

O presente estudo de pesquisa expôs um contexto no qual as Organizações

Militares estão inseridas: uma aparente insatisfação e desmotivação dos sargentos

(Sgt) do Exército Brasileiro (EB) quando o assunto em pauta é o seu plano de carreira.

Herzberg (apud Maximiano, 2009), sobre a Teoria dos Dois Fatores, afirma que a

satisfação está relacionada a fatores extrínsecos de motivação, quer seja, o que

ambiente de trabalho proporciona para o atendimento das necessidades, como, por

exemplo: residência, alimentação, assistência e lazer. A motivação, contudo, é ligada a

fatores intrínsecos. O empregado é impulsionado pelo trabalho em si e busca, por ele, o

reconhecimento e a realização pessoal. A motivação para o trabalho está diretamente

relacionada à oportunidade de exercitar as suas habilidades e progredir na carreira.

As circunstâncias elencadas como possíveis causas de insatisfação ou

desmotivação dos militares oriundos das Escolas de Formação de Sargentos são,

segundo pesquisa exploratória realizada pelo autor em março de 2016 e tendo como

amostra 1089 sargentos de carreira: a perda da qualidade de vida em face da atual

conjuntura econômica do país; o grande tempo de espera para a ocupação de Próprio

Nacional Residencial (PNR) que obriga gastos dispendiosos com aluguel de imóveis; o

interstício das graduações; a dificuldade em proporcionar atividades de lazer para a

família; a baixa valorização dos sargentos com maior habilitação profissional; e,

principalmente, as poucas chances de ascensão na carreira para empregar os

conhecimentos em prol da Instituição.

De fato, “o problema da motivação torna-se mais difícil na medida em que o

padrão de vida e o nível educacional das pessoas se elevam” (BUENO, 2002, p.6). O

mercado de trabalho, na opinião de José Pastore, um dos maiores especialistas sobre o

assunto no país, está atrás de pessoas que:

saibam transformar informação em conhecimento. Esse aprender contínuo ressalta Pastore, nenhuma escola pode oferecer. O ser humano antes tinha seu tempo dividido entre o trabalho e o lazer. Hoje, no mundo do trabalho, pede-se que se divida o tempo em três partes: trabalho, lazer e aprendizagem continuada (O Globo, 2016, p. 4).

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Os integrantes do EB, como parte da sociedade, não poderiam agir diferente. A

quantidade de sargentos com graduação em nível superior é ascendente. Mais da

metade do efetivo participante da pesquisa exploratória é graduado em alguma

Instituição de Ensino Superior (IES). Isso pode ser benéfico para o Exército, pois

quanto maior o nível educacional, maior a produtividade.

Apesar da existência da insatisfação, as praças são vocacionadas e gostam de

servir ao Exército, fato este que se confirma pelo percentual de Sgt alinhados com o

Sistema de Valorização do Mérito, segundo dados do DGP. Sobre isso, Maximiano

(2009) corrobora esse comportamento quando discorre sobre o seguinte:

Em suas pesquisas, Herzberg descobriu que, de forma geral as pessoas mostravam-se satisfeitas com fatores intrínsecos e insatisfeitas com os fatores extrínsecos. Segundo Herzberg, as pessoas em geral gostam mais do seu trabalho do que do ambiente de trabalho (MAXIMIANO, 2009, p. 268).

O gosto pela carreira das armas, porém, não é suficiente. Diante dessa

conjuntura, observou-se, por dados do Departamento Geral do Pessoal (DGP), um

considerável índice de evasão de sargentos das fileiras do EB, que amparados pelo

Estatuto dos Militares (BRASIL,1980), solicitam o licenciamento do serviço ativo a

pedido, em qualquer momento, ou ex-officio quando deixam de requerer o engajamento

ou reengajamento.

A evasão ou saída, segundo Robbins (2008), caracteriza-se pelo comportamento

dirigido para o abandono da empresa, incluindo a busca de um novo emprego e a

demissão. Segundo dados disponíveis no sítio eletrônico do DGP, de 2006 a 2013 a

evasão de graduados de carreira da Força Terrestre foi de 31%.

À procura de oportunidades para empregar os conhecimentos adquiridos em

Instituições de Ensino Superior e ter condições de dar uma melhor qualidade de vida

para a família, militares com alto potencial profissional estão procurando suprir suas

aspirações em outras Instituições públicas, às vezes coirmãs, ou em empresas

privadas.

No Exército Brasileiro, a saída é um aspecto que impacta muito no

comportamento organizacional devido às consequências deixadas por aqueles que

procuram novas oportunidades. O caráter nacional e permanente da Instituição exige

dos militares o cumprimento da missão independente de seu efetivo. Por conseguinte,

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para aqueles que continuam na carreira fica a sobrecarga de serviços de escala e de

missões operacionais e administrativas. Isso se agrava ainda mais com a evolução dos

processos e tecnologias, haja vista o consequente aumento dos encargos, sem o

acompanhamento da remuneração que compense os novos esforços a serem

dispendidos.

Empresas civis que anseiam por melhores resultados, enxergaram que a melhor

forma de conseguir esse feito é investir naqueles que trabalham diretamente com a

produção e os serviços: os colaboradores. Associar os interesses da empresa aos dos

funcionários é uma forma de motivar e satisfazer os desejos de ambos.

Destarte, a modalidade de carreira em “Y” é amplamente utilizada, neste sentido,

em empresas civis, a exemplo da Multibrás S.A. Eletrodomésticos, multinacional que

opera com as marcas Brastemp e Consul no Brasil, Argentina e Chile. A Multibrás

adotou essa nova sistemática em 1995. A grande vantagem da carreira em “Y” foi, na

visão da gerência de recursos humanos dessa empresa, a de “oferecer ao profissional

técnico a mesma possibilidade de carreira dos demais níveis administrativos da

companhia”.

Essa modalidade de carreira, chamada em “Y”, caracteriza-se pelo seguinte:

a) Uma base comum para os eixos técnico e gerencial, que conferem maior flexibilidade na alocação das pessoas nos dois braços. A natureza da base é técnica, que compreende o inicio da jornada do profissional na organização. A extensão da base dependerá da necessidade da organização. No estágio final da base, o profissional poderá optar pela carreira técnica ou pela gerencial. b) Um braço técnico que permite a manutenção do profissional nesta área, com política salarial adequada, estimulando-o ao crescimento e ao desenvolvimento para a atividade, sem vislumbrar posição gerencial. c) Um braço gerencial, que permite a opção por este eixo àqueles que tenham capacidade para ocuparem posições gerenciais. As posições desse eixo devem ser compatíveis com os níveis de remuneração e benefícios, determinados pela complexidade das atribuições (DUTRA, 1996, p. 87).

A grande vantagem da carreira em “Y” é a de dar oportunidade ao profissional

em escolher, num determinado ponto da carreira, se irá trabalhar de forma gerencial ou

se irá continuar numa atividade técnica a fim de tornar-se especialista em sua área. Por

meio de uma autoavaliação do seu perfil profissional, o colaborador decide o rumo que

irá seguir, alinhando seus interesses pessoais aos da empresa.

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Em suma, isso impede que um excelente técnico tenha que assumir funções

gerenciais sem possuir o perfil ou mesmo a vontade para isso. Da mesma forma, dá

oportunidade ao funcionário, com as características necessárias e a disposição ao

gerenciamento, de assumir cargos de chefia para atender suas expectativas

profissionais e pessoais.

1.1 PROBLEMA

O anseio de melhora profissional e financeira por parte dos sargentos, que por

vezes possuem alta capacidade de trabalho, está fazendo com que alguns desses

militares procurem opções fora do Exército Brasileiro. De outro modo, não obtendo êxito

na saída das fileiras do EB, alguns permanecem insatisfeitos ou desmotivados durante

o serviço ativo. Esse comportamento é reflexo de “um mundo globalizado, instável,

mutável e fortemente concorrencial” (CHIAVENATO, 2008, p. 4), contexto em que o

mercado de trabalho está inserido. A competição por melhores cargos influencia o

comportamento do homem, que almeja ser bem sucedido e obter qualidade de vida.

Diante de tal problemática, faz-se o seguinte questionamento: a transformação do

plano de carreira dos graduados, à luz de teorias motivacionais e por meio da adoção

da carreira em “Y”, contribuiria para despertar a motivação e a satisfação dos anseios

dos sargentos com a profissão?

1.2 OBJETIVOS

Do exposto e para fins de direcionar a metodologia do trabalho, foram

apresentados o objetivo geral e os objetivos específicos deste estudo, como se segue.

1.2.1 Objetivo Geral

Tem-se por objetivo geral deste estudo científico: propor um novo plano de

carreira para os graduados do EB no modelo em “Y”, à luz de teorias motivacionais,

como uma solução na melhoria da satisfação e da motivação ao longo do serviço ativo.

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1.2.2 Objetivos Específicos

A fim de atender ao objetivo geral deste estudo e trilhar um caminho lógico até a

sua conclusão, foram formulados os seguintes objetivos específicos:

a. descrever os aspectos motivacionais e sua influência no comportamento

organizacional;

b. apresentar conceitos que influenciam no comportamento organizacional,

analisando as repercursões do uso da carreria em “Y” em empresas civis que tenham

adotado esse tipo de modalidade de carreira;

c. apresentar o Plano de Carreira dos Sargentos do Exército, em vigor,

analisando suas caracteristicas à luz de teorias de motivação.

d. verificar o atual perfil profissional dos graduados do Exército Brasileiro;

e. calcular os percentuais de evasão de graduados de carreira de 1986 a 2015,

analisando os dados sob as seguintes dimensões: geração, especialização e

graduação;

f. apresentar o Plano de Carreira dos Sargentos na Marinha do Brasil e Força

Aérea Brasileira;

g. apresentar o Plano de Carreira de Policial Rodoviário Federal e de Agente de

Polícia Federal;

h. relacionar aspectos constitucionais que envolvem o EB e as Polícias Militar

dos Estados brasileiros, analisando sua influência sobre a motivação e satisfação dos

graduados de carreira.

i. verificar o Plano de Carreira dos Sargentos nos Exércitos dos Estados Unidos,

Reino Unido e Chile; e

j. propor um novo plano de carreira para os graduados do EB, no modelo em “Y”,

à luz de teorias motivacionais.

1.3 HIPÓTESE

Tendo em vista a necessidade do Exército Brasileiro em preparar-se para a Era

do Conhecimento, enquadrado no Vetor de Transformação Recursos Humanos, será

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apresentada uma proposta de carreira para os graduados, à luz de teorias

motivacionais e no modelo em “Y”, como uma solução para a insatisfação e

desmotivação dos graduados. Diante disso, foram elaboradas as seguintes hipóteses,

em suas formas, nula (H0) e de estudo (H1):

H0 – a nova proposta de carreira para os graduados do EB, à luz de teorias

motivacionais e no modelo em “Y”, não será uma solução que trará satisfação e

motivação;

H1 – a nova proposta de carreira para os graduados do EB, à luz de teorias

motivacionais e no modelo em “Y”, será uma solução que trará satisfação e motivação;

1.4 JUSTIFICATIVA

O estudo do comportamento humano junto às organizações é fator

preponderante para que haja o uso adequado dos recursos humanos no sentido de

buscar a eficiência e, consequentemente, resultados mais satisfatórios.

Os objetivos da gestão de pessoas partem do pressuposto de que:

As pessoas constituem o principal ativo da organização. Daí a necessidade de tornar as organizações mais conscientes e atentas para seus funcionários. As organizações bem-sucedidas estão percebendo que apenas podem crescer, prosperar e manter sua continuidade se forem capazes de otimizar o retorno sobre os investimentos de todos os seus parceiros. Principalmente, o dos empregados (CHIAVENATO, 2008, p. 8).

Portanto, torna-se indispensável entender as necessidades e expectativas dos

colaboradores em uma organização ou instituição a fim de facilitar o trabalho dos

gerentes na complexa missão de determinar as políticas de pessoal. Da mesma forma,

é imprescindível conhecer o perfil de cada integrante da equipe de trabalho para

administrar seus talentos e determinar, corretamente, as funções que lhes tragam

satisfação pessoal, motivação profissional e, por consequência, excelentes resultados

para a Organização.

O Exército Brasileiro é sabedor dessa necessidade e desenvolveu um Projeto de

Força (PROFORÇA), com o objetivo de transformar a Força Terrestre a fim de deixá-la

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em condições de funcionar com eficiência diante dessa nova conjuntura mundial,

denominada Era do Conhecimento (http://www.eb.mil.br/web/proforca/apresentacao).

Um dos vetores de transformação são os recursos humanos, o que prova a

preocupação do Exército Brasileiro em maximizar suas capacidades e eficiência por

meio de seus militares. No entanto, isso só se torna viável à medida que se consegue

desenvolver o potencial dos recursos humanos. Aumentar os índices de satisfação e

motivação do efetivo profissional de graduados por meio de uma adaptação do atual

plano de carreira é fundamental para uma verdadeira transformação em termos de

eficiência.

Com a finalidade de contribuir com os estudos do Estado-Maior do Exército

Brasileiro, esta dissertação apresentou uma nova proposta de carreira aos graduados

do EB, à luz de teorias motivacionais e no modelo em “Y”, para viabilizar a mitigação

dos aspectos insatisfação e desmotivação entre os graduados de carreira, e,

sobremaneira, “conduzir o Exército ao patamar de força armada de país desenvolvido e

ator mundial” (www.eb.mil.com.br/web/proforça /apresentação).

Ademais, esperam-se outras contribuições com este estudo, todas elas voltadas

para as politicas de pessoal no Exército Brasileiro:

a. apresentar, à luz de teorias motivacionais, as oportunidades de melhoria do

atual plano de carreira. Sob uma análise científica, esse estudo permitirá verificar os

aspectos geradores de desmotivação ou insatisfação dos graduados com o vigente

plano de carreira;

b. apresentar o atual perfil profissional dos sargentos de carreira. Será

apresentado, conforme resultados obtidos por meio de pesquisas de campo, o grau de

alinhamento dos sargentos com as políticas de Valorização do Mérito do EB. Isso

permitirá verificar o interesse, desses militares, por aquilo que o Exército considera

como relevante dentro da carreira, e

c. conhecer os percentuais de evasão de sargentos de 1986 até 2015 e as

possíveis motivações para esse fenômeno. Esse estudo viabilizará a construção de

estratégias de pessoal para a diminuição do atual índice de evasão.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Visando criar o arcabouço literário, vital para a análise dos resultados, serão

apresentadas, neste capítulo, as bases teóricas essenciais para a futura análise dos

resultados a serem obtidos por este estudo. A revisão de literatura será organizada da

seguinte forma para um entendimento lógico dos assuntos:

- apresentação de teorias motivacionais;

- definições sobre o comportamento organizacional;

- caracteristicas do Plano de Carreira dos Sargentos do Exército, em vigor;

- características do Plano de Carreira dos Sargentos na Marinha do Brasil e da

Força Aérea Brasileira;

- caracteristicas do Plano de Carreira da Polícia Rodoviária Federal e de Agente

de Polícia Federal;

- relacionar a missão consituicional do EB e das Polícias Militares, analisando os

efeitos sobre a motivação e satisfação com o plano de carreira; e

- características do Plano de Carreira dos Sargentos nos Exércitos dos Estados

Unidos, Reino Unido e Chile;

2.1 TEORIAS MOTIVACIONAIS

Motivação é uma palavra derivada do latim motivu, que em português, segundo o

dicionário Aurélio (2014) significa “que move”. No estudo do comportamento humano,

motivação é um termo muito mais abrangente. Para Chiavenato (2009), motivo é tudo

aquilo que impulsiona a pessoa a agir de determinada forma ou, pelo menos, que dá

origem a uma propensão a um comportamento específico. Já Robbins (2008) define

motivação como o processo responsável pela intensidade, direção e persistência dos

esforços de uma pessoa para o alcance de determinada meta.

O estudo da psicologia no ambiente de trabalho remonta, por Maximiano (2009),

o século passado. Em 1910, o doutor em psicologia pela universidade de Leipzig, Hugo

Munsterberg, iniciou os trabalhos de pesquisa e propôs que os psicólogos teriam que

conseguir, na indústria, auxiliar na seleção dos trabalhadores com maior capacidade

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para o trabalho, estabelecer as condições psicológicas que favorecessem a eficiência e

estipular as ações que influenciassem a mente dos empregados para agirem conforme

os interesses da administração. Desde então, observou-se a motivação como um ponto

crucial para uma boa administração, para a obtenção de funcionários qualificados e, o

mais importante: para o alcance de excelentes resultados.

Com o passar do tempo, surgiram diversas teorias motivacionais que vêm

auxiliando os administradores na condução dos recursos humanos de suas empresas.

Esses estudos ajudam os gerentes a encontrarem o caminho para a criação de um

adequado ambiente de trabalho, que dê satisfação ao empregado, e um plano de

carreira que incentive seus funcionários a galgar postos mais altos. Esse conjunto de

atividades tem feito com que os colaboradores trabalhem motivados e que, por

consequência, obtenha-se a eficiência desejada pela organização.

Atualmente, existem muitas teorias motivacionais, que Maximiano (2009) dividiu

em dois grupos. O primeiro grupo é composto pelas teorias que tentam explicar o

funcionamento da motivação do indivíduo e são chamadas Teorias de Processo. O

segundo grupo é constituído por aquelas que exploram os fatores que impulsionam as

pessoas, denominadas Teorias de Conteúdo. Em conformidade com essa definição

será apresentado, a seguir, cada uma dessas teorias.

2.1.1 Teorias de Processo

As Teorias de Processo compreendem aquelas que analisam a motivação do

homem pelo enfoque explicativo do seu comportamento, que é resultado de um

estímulo externo capaz de satisfazer suas ambições individuais.

2.1.1.1 Modelo de comportamento

A teoria do modelo de comportamento é a base das Teorias de Processo. Ela

possui três aspectos que influenciam nas ações do ser humano, de movimento ou de

estagnação.

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Neste modelo o que predomina é o entendimento de uma relação de causa e

efeito, ou seja, existe um estímulo e por ele o homem age, colocando os seus objetivos

como o resultado final. De forma sintética, entende-se que o estimulo motiva a pessoa a

conquistar um objetivo pessoal.

“O comportamento humano é sempre motivado por alguma causa interna ao

próprio indivíduo (motivos internos) ou alguma causa externa, do ambiente (motivos

externos)” (MAXIMIANO, 2009, p. 252). O estímulo interno do homem pode ser

originado de sua personalidade, do grupo a que pertence ou por valores familiares que

a pessoa traz consigo. O estímulo externo é proporcionado, no caso do comportamento

organizacional, pelo ambiente de trabalho. Quando há coincidência de interesses entre

a empresa e o indivíduo, a exemplo, um prêmio ou uma promoção pela produção, o

homem passa a produzir mais na busca de conseguir esse benefício.

Segundo Chiavenato (2008, p. 81), a percepção, as necessidades individuais e a

cognição de cada pessoa são as variáveis que basicamente influenciam na motivação

humana diante de um estímulo. Maximiano (2009, p. 252) discorre que o desestímulo

pode ser causado por frustração, por conflito ou ansiedade. Será apresentado um caso

esquemático e seus desdobramentos sob a definição de cada um desses aspectos para

a compreensão desta teoria.

Em determinado quartel do Exército Brasileiro, o Capitão Comandante de

Companhia disse, procurando estimular seus soldados a melhorarem o rendimento no

Teste de Aptidão Física (TAF), que aconteceria em um mês, que daria cinco dias de

dispensa como recompensa, na semana “X”, para aqueles militares que obtivessem a

menção excelente (E), mas que, no entanto, fizessem mais de 3.300 metros na corrida

ESTÍMULO PESSOA OBJETIVO

Figura 1 – Modelo de Comportamento Fonte: MAXIMIANO, 2009, p. 251

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e mais de 12 flexões na barra fixa. Nessa subunidade (SU), existiam quatro soldados

(Alpha, Bravo, Charlie e Delta) que em conversa no alojamento afirmaram:

1) Soldado Alpha: excelente ideia do Capitão! Já havia feito “E” no último TAF.

Agora é só treinar mais um pouco. Com a dispensa poderei ir para a excursão da minha

tia para praia que será na semana “X”, também.

2) Soldado Bravo: achei uma boa ideia também, mas estou muito acima do peso.

Porém, se ganhar a dispensa vou poder descansar em casa.

3) Soldado Charlie: para conseguir esse índice vou ter que treinar no meu horário

de namoro. Não consigo fazer isso sem treinar duro, mas cinco dias seriam ótimos para

estudar para a minha prova da faculdade que será na semana pós “X”.

4) Soldado Delta: com cinco dias de dispensa poderia visitar minha família. O

problema é que no TAF sempre bate aquele nervosismo e não consigo o índice.

Analisando o caso esquemático, conclui-se que:

Os soldados foram estimulados pela dispensa como recompensa caso

melhorassem os seus indices no TAF conforme as condicionantes do Capitão. Todos

possuem objetivos pessoais ligados ao estímulo e, por essa razão, sentiram-se

motivados. No entanto, até concluirem os seus objetivos, exceção ao Soldado Alpha,

todos poderão perder a motivação gerada pelo estímulo. O Soldado Bravo poderá

frustrar-se em virtude de uma dificuldade física que possui para atingir o índice

proposto. O Soldado Charlie poderá entrar em um conflito por ter que escolher entre

treinar para o TAF ou aproveitar as horas de lazer com a namorada. O Soldado Delta

sente-se ansioso durante a realização do TAF.

Caso Esquemático – Proposta Capitão para melhorar o índice do TAF

Objetivo do administrador Melhorar o índice dos militares da SU

Estímulo Cinco dias de dispensa como recompensa

Condicionantes Menção “E” (Corrida > 3.300m e Flexão na barra > 12)

Soldado Motivado Frustração Conflito Ansiedade

ALPHA X

BRAVO X X

CHARLIE X X

DELTA X X

Quadro 1 – Solução do caso esquemático acerca do Modelo de Comportamento. Fonte: o autor

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O modelo do comportamento parte do princípio de que todas as pessoas sofrem

interferência em seu comportamento e encalçam algum objetivo. Um elemento

importante é a individualidade humana. Pode-se perceber que o mesmo estímulo pode

causar reações diferentes. É nesse momento que surge a importância do administrador,

sobretudo o líder, em compreender os anseios de seus colaboradores para criar os

estimulos corretos. Os interesses da organização e os objetivos de seus empregados

devem estar alinhados para a obtenção de melhores resultados.

Para este estudo científico, o Modelo de Comportamento permite identificar, nos

estímulos planejados para a carreira dos graduados, se existem aspectos que poderão

causar algum tipo de frustração, conflito ou ansiedade que desmotivará os sargentos ao

longo do serviço ativo.

2.1.1.2 Modelo de Expectação da motivação

Formulada pelo Professor Victor Harold Vroom, essa tese explica que, de acordo

com Salgado (2005), uma tarefa imposta pela organização que gere expectativa de

recompensa pessoal ao funcionário faz com que haja mais motivação para sua

execução.

A expectancy theory, como também é conhecida, foi embasada em três fatores,

que são analisados a fim de caracterizar o quanto de motivação determinado estímulo

oferece ao indivíduo. Os fatores são os seguintes:

1. Atração. A importância que o indivíduo dá ao resultado ou à recompensa potencial que será alcançado no trabalho. Baseia-se nas necessidades não satisfeitas do indivíduo. 2. Relação desempenho-recompensa. O grau que o indivíduo acredita que determinado nível de desempenho levará a obtenção do resultado desejado. 3. Relação esforço-desempenho. A probabilidade detectada pelo indivíduo de que uma quantidade específica de esforço o conduzirá ao desempenho (ROBBINS, 2008, p. 55).

Há de se observar, portanto, que o estímulo está na expectativa de se conquistar

determinado desempenho desde que esteja alinhado a um interesse particular.

Entende-se, pois, que a pessoa estará motivada, primeiramente, caso sinta que a

recompensa lhe trará satisfação pessoal, ou seja, que o colaborador encontre valência

positiva no objetivo final. Em segundo lugar, o indivíduo deve acreditar que o seu

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desempenho lhe proporcionará alcançar seus objetivos intermediários, que coincidem

com as propostas pela organização. E por último, o colaborador precisa crer que o

esforço a ser despendido viabilizará o alcance do desempenho estabelecido e o

atingimento de seu objetivo final.

Procurando clarear a fundamentação teórica desta tese, será apresentado o

estudo de um caso fictício: uma concessionária automotiva propôs, procurando

aumentar suas vendas e como forma de estimular seus colaboradores, uma bonificação

de R$ 3.000,00, no final do ano, para as vendedoras que conseguirem aumentar suas

vendas em 50%. A empresa possui quatro vendedoras que reagiram da seguinte forma:

a) Vendedora 1: achou a bonificação muito boa, pois seria ideal para comprar o

vídeo game que seu filho lhe pediu de presente de natal, no entanto, por ser nova na

empresa, acredita que ainda não possui muita habilidade para vender.

b) Vendedora 2: ficou entusiasmada pela bonificação, pois com esse dinheiro irá

viajar e passar o réveillon com seus amigos em Copacabana. Pelo que demonstrou ao

longo do ano, acredita ter uma forte capacidade em vendas. Apesar disso, ela

precisaria abrir mão do seu horário de almoço por dois meses para atingir a meta.

Mesmo assim, acredita que o trabalho a mais será compensado pela festa que

pretende ir caso alcance o desempenho.

c) Vendedora 3: achou excelente a proposta da empresa e ficou contente pois irá

pagar algumas dívidas com essa bonificação. É uma funcionária antiga e possui um

ótimo relacionamento com seus clientes. Em anos anteriores, ultrapassou, com folga, a

meta estipulada. Está muito motivada.

d) Vendedora 4: achou interessante o valor e se destacou entre as vendedoras

durante o ano, mas como é esposa de militar que foi transferido de cidade, terá que

pedir demissão antes do mês de novembro. De nada adiantará trabalhar.

No caso apresentado observa-se como estímulo a expectativa de aumentar as

vendas em 50% para se ganhar a bonificação de R$3000,00 no final do ano. A

motivação varia de vendedora para vendedora conforme a sua vida pessoal. As

Vendedoras 2 e 3 estão motivadas com a proposta, pois ficaram atraídas pela

bonificação, acreditam em seu potencial para alcançar o desempenho e interpretaram

que o esforço a ser feito para aumentar as vendas seria irrelevante. A Vendedora 1

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sentiu-se atraída pela bonificação, porém, desmotivada pelo fato de não acreditar,

ainda, que tem habilidade para vender o suficiente para alcançar o aumento de 50%. A

Vendedora 4 sentiu-se atraída e crente em sua capacidade de atingir a proposta da

empresa, entretanto, como terá que pedir demissão em época anterior ao recebimento

da bonificação, julgou que não seria interessante esforçar-se para atingir a meta.

Percebe-se, mais uma vez, a grande importância, por parte do administrador, em

se criar estímulos que sejam de interesse comum entre a empresa e o colaborador. Por

uma determinada expectativa, algumas pessoas irão estar motivadas e outras

precisarão de um suporte para estar à altura das propostas de desempenho.

Enfim, em consonância com a Teoria da Expectativa, as estratégias para a

motivação dos colaboradores em uma organização devem ser pautadas na busca de

um determinado desempenho, proposto pela organização, que permita:

1) Interesse pela recompensa atrelada ao desempenho, do ponto de vista do

colaborador. Para isso, é primordial conhecer os anseios de seus empregados.

2) O desempenho proposto deve estar ao alcance do colaborador. É

imprescindível que a organização conheça o potencial de seus empregados para criar

metas atingíveis conforme suas habilidades ou que proporcione treinamento adequado

para que o funcionário aprimore a sua capacidade e acredite em seu desempenho.

3) Apresentar uma recompensa tão gratificante que nenhum colaborador deixe

de acreditar que seu esforço seja infecundo.

Caso Esquemático – Concessionária automotiva

Objetivo do administrador Aumentar a venda de veículos

Estímulo R$ 3.000,00 de bonificação ao final do ano

Desempenho O vendedor aumentar em 50% suas vendas

Vendedora Atração Desempenho-resultado Esforço-desempenho

1 X

2 X X X

3 X X X

4 X X

Quadro 2 – Solução do caso esquemático acerca da Teoria da Expectativa. Fonte: o autor

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Para este estudo científico, a Teoria da Expectativa possibilitará identificar se os

objetivos traçados aos graduados de carreira são: atraentes ao público alvo; se

estabelecem uma necessidade de desempenho compatível à conquista do objetivo

estabelecido; e se o esforço a ser dispendido para o alcance do desempenho esperado

pela Instituição é compensatório. Caso seja identificado algum ponto divergente entre

os interesses da Instituição e dos graduados de carreira, serão apresentadas

sugestões, baseadas nos principios desta Teoria, que possam atender a ambos.

2.1.1.3 Teoria da Fixação de Metas

Formulada pelo psicólogo Edwin A. Locke, esta teoria afirma que a fonte principal

de motivação no trabalho são as intenções fixadas através de metas. Acredita-se que

quando há metas claras em um proposto trabalho, a produtividade aumenta (ROBBINS,

2008, p. 52).

Meta é aquilo que um indivíduo almeja conquistar. Segundo Spector (2006),

existem duas classificações de meta: elas podem ser específicas, quando para o

alcance é determinada uma situação, ou genéricas, quando o alcance do objetivo

depende de várias metas específicas.

Em suas pesquisas, Locke percebeu que a meta influencia o comportamento

humano de quatro formas:

a) a meta gera comportamentos específicos, ou seja, voltados para o seu

alcance;

b) a meta faz com que seja mobilizado maior esforço para o seu atingimento;

c) a meta aumenta a persistência e faz com que o colaborador gaste mais tempo

com os comportamentos necessários para a consecução do objetivo; e

d) a meta motiva o indivíduo a desenvolver estratégias eficazes para a conquista

do propósito.

Observa-se, desse modo, que em uma organização, se há o interesse de

aumentar a produtividade e comprometer seus colaboradores, é preciso estabelecer

metas. Sobre isso, Spector (2006, p. 213) ressalta que o processo, desde o

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estabelecimento da meta até o seu conseguimento, depende de quatro fatores

primordiais:

a. aceitação da meta. É fundamental que a meta imposta pela instituição seja

vista como uma meta pessoal para quem irá busca-la;

b. feedback sobre o progresso em direção à meta. Para que haja motivação, o

indivíduo precisa ter conhecimento se está trilhando corretamente o seu esforço para o

alcance da meta;

c. metas difíceis e desafiadoras. Criar metas com estas características trazem

um alto desempenho para a instituição e a realização pessoal de quem as conquistou; e

d. metas específicas. A pessoa precisa saber claramente o que fazer para

alcançar o seu objetivo. Isso permite uma estratégia voltada para o desempenho,

canaliza o esforço em direção ao objetivo e promove o comportamento persistente. A

subjetividade é um fator altamente desmotivador.

Por fim, entende-se que a definição de uma meta é um fator motivador do

colaborador. Uma meta clara e atingível permite o foco do comportamento voltado para

o desempenho. Quando uma organização define, para suas equipes, metas claras,

complexas e tangíveis, os rendimentos ao longo do percurso para o alcance do objetivo

bem como os resultados após a conclusão da meta são extremamente satisfatórios.

Para este estudo científico, a Teoria da Fixação de Metas permitirá identificar,

nas propostas de plano de carreira dos graduados, se as metas utilizadas como

critérios para a promoção são motivadoras. A promoção às graduações superiores são,

no EB, estabelicidas por padrões militares (metas a serem atingidas) condicionantes ao

ingresso nos quadros de acesso. Caso seja identificado algum ponto divergente entre

esses padrões e a base teórica para a fixação de metas, serão apresentadas sugestões

para que haja motivação em se alcançar aquilo que for estabelecido pelo EB.

2.1.1.4 Teoria da equidade

“O ponto central da teoria da equidade (ou teoria do equilíbrio) é a crença de que

as recompensas devem ser proporcionais ao esforço e iguais para todos” (MAXIMIANO,

2009, p. 258). Acredita-se, portanto, que o colaborador relaciona, a todo o momento, a

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35

produção própria com a remuneração recebida, buscando, dessa associação, uma

situação de justiça. Simultaneamente, os funcionários fazem comparações entre si

avaliando a equidade.

Robbins (2008, p. 146) afirma que “existem quatro pontos de referência que o

funcionário pode usar na comparação”. Os pontos elencados, pelo mesmo autor, são os

seguintes:

a. Próprio-interno: nesse caso o colaborador baseia-se em suas experiências

para estar em posição diferente, dentro da mesma empresa.

b. Próprio-externo: esse ponto de referência é baseado nas experiências do

funcionário em situação ou posição fora da empresa em que trabalha.

c. Outro-interno: aqui o ponto de referência seria outro funcionário ou grupo,

dentro da mesma empresa.

d. Outro-externo: a referência, nesse caso, seria outra pessoa ou grupo fora da

empresa.

Tomado por um ou mais pontos de referência, o funcionário faz comparações

com sua atual situação na empresa. De acordo com o que interpretar, o colaborador

poderá deparar-se, durante a correlação, com situações de injustiça.

A justiça, na teoria da equidade, pode ser observada de duas maneiras: justiça

de distribuição e justiça de processo. Robbins (2008, p.147) define a justiça de

distribuição pela percepção do funcionário sobre a relação de equilíbrio entre o trabalho

realizado e a quantidade/ alocação das recompensas. A justiça de processo é aquela

gerada pela percepção do colaborador sobre os critérios definidos para a distribuição

das recompensas.

A justiça de processo afeta, portanto, a satisfação do funcionário em relação à

empresa, influi diretamente no comprometimento do trabalhador com a organização e

na confiança em seus chefes.

Ao passo que existir uma percepção de injustiça, Maximiano (2009, p. 258) prevê

que o funcionário tome uma das seis atitudes abaixo:

a. alteração no esforço exercido, quando deixa de se esforçar por acreditar que

sua recompensa é menor em relação ao que produzia anteriormente;

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b. alteração nos resultados produzidos, quando deixa-se de dar qualidade ao que

se produz;

c. distorção da autopercepção. O funcionário acha que trabalha mais do que

devia ou que fez a escolha errada da carreira;

d. distorção da percepção de outros. Nesse caso, a pessoa julga que o

companheiro está num cargo que não possui competência para exercer;

e. escolha de outra referência, quando em uma sensação de inferioridade busca

comparar-se com pessoas em situação ainda mais desvantajosa; e

f. abandono da situação presente, ou seja, a busca de outro emprego ou carreira.

A teoria da equidade é, assim como as demais teorias de processo, um estudo

em que se verifica a importância da relação entre o administrador e seu funcionário, no

sentido de conhecer os seus anseios pessoais, especificamente, para que se tenha a

capacidade de prever as percepções e criar corretas estratégias na gestão dos

recursos humanos da organização.

A equidade afeta este estudo científico na medida em que permite a

identificação, nas causas de insatisfação ou motivação dos sargentos, dos aspectos de

descontentamento gerados por meio da comparação entre o plano de carreira dos

graduados do EB e outros planos de carreira a serem analisados na presente

dissertação. A equidade viabilizará a observação de parte das causas que levam a

evasão de militares e, ainda, avaliar a nova proposta de carreira para os graduados do

EB no sentido de identificar pontos que possam gerar a sensação de injustiça de

distribuição ou processo que afetem a satisfação. Além disso, a teoria da equidade

ensejerá a apresentação de sugestões, baseada em seus principios, de algumas idéias

para estimular a motivação e aumentar a satisfação dos sargentos com o seu plano de

carreira.

2.1.2 Teorias de Conteúdo

As Teorias de Conteúdo estudam a motivação pelo viés das necessidades

humanas. Esse grupo procura dar razão ao comportamento humano sob a ótica de

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suas carências individuais. As exiguidades precisam ser solucionadas para que haja

satisfação e motivação.

2.1.2.1 Teoria da Hierarquia de Maslow

Abraham Maslow definiu que existe, para cada ser humano, uma hierarquia

composta por cinco necessidades as quais o indivíduo precisa alcançar para que esteja

motivado:

1. Fisiológicas: inclui fome, sede, abrigo, sexo e outras necessidades do corpo. 2.Segurança: inclui segurança e proteção contra danos físicos e emocionais. 3. Social: inclui afeição, aceitação, amizade e sensação de pertencer a um grupo. 4. Estima: inclui fatores internos de estima, como respeito próprio, realização e autonomia; e fatores externos de estima, como status, reconhecimento e atenção. 5. Auto-realização: a intenção de tornar-se tudo aquilo que é capaz de ser; inclui crescimento, alcance do seu próprio potencial e autodesenvolvimento (ROBBINS, 2008, p.133).

Nessa teoria, o desenvolvimento motivacional acontece à medida que, a partir da

necessidade básica, uma carência é suprida e a próxima, pela escala de hierárquica,

torna-se dominante.

Figura 2 – Hierarquia das necessidades humanas Fonte: MAXIMIANO, 2009, p. 263

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De acordo com Robbins (2008, p. 133), as necessidades básicas e de segurança

são consideradas como necessidades de nível baixo e as demais são consideradas de

nível alto. A principal diferença a ser constatada entre a nivelação das necessidades é

que as necessidades de nível baixo são proporcionadas por agentes externos, quer

seja a remuneração e estabilidade no emprego, por exemplo. Já as necessidades de

nível alto são alcançadas por “motivos internos de uma pessoa, devido a fatores como

a idade, o meio social ou personalidade” (MAXIMIANO, 2009, p. 264).

Para este estudo científico, a Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow

proporcionará a análise do plano de carreira dos graduados, sob a ótica da capacidade

de atendimento às necessidades humanas, ou seja, verificar se o planejamento do EB

para os sargentos oferece os subsídios para a satisfação e motivação ao longo do

serviço ativo. Caso seja identificada a ausência de algum ponto imprescindível para a

plena satisfação, serão apresentadas sugestões, baseadas nos principios desta teoria.

2.1.2.2 Teoria dos Dois Fatores

Essa teoria foi elaborada por Frederick Herzberg e “explica como o ambiente de

trabalho, e o próprio trabalho, interagem para produzir motivação” (MAXIMIANO, 2009,

p. 267).

O autor desse estudo afirma que a motivação no trabalho pode ser influenciada

por fatores higiênicos, ligados ao ambiente de trabalho, e fatores motivacionais,

relacionados ao conteúdo do trabalho. Os fatores higiênicos são extrínsecos ao homem

e levam-no à insatisfação ou não insatisfação. Os fatores motivacionais são intrínsecos

ao homem e lavam-no à satisfação ou não satisfação.

O entendimento de Herzberg é de que fatores higiênicos, como um bom salário,

não são suficientes para que o funcionário esteja motivado em seu ofício. Nesse caso,

o trabalhador estará satisfeito com aquilo que a remuneração pode proporcionar, por

exemplo: adquirir a casa própria, ter um carro ou pagar boas escolas para os filhos. No

entanto, se estiver desempenhando uma função que esteja aquém de sua capacidade,

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que não lhe permita utilizar o máximo de seu potencial ou que não lhe traga o

reconhecimento desejado, o funcionário estará desmotivado.

O quadro inverso, no mesmo caso: um funcionário que gosta do trabalho pela

função de prestígio que ocupa irá trazer motivação. Porém, caso suas recompensas

não sejam suficientes para suprir seus anseios, ele estará sem satisfação.

Em suas pesquisas, Herzberg alcançou os seguintes resultados:

Assim como as teorias já apresentadas, é importante salientar a relação entre a

administração e os seus colaboradores, em procurar o entendimento mútuo de

interesses. Além de um adequado ambiente de trabalho, é de suma importância a

criação de políticas que atendam os anseios profissionais dos funcionários, com o

principal objetivo de extrair o melhor de cada colaborador e melhorar os resultados da

empresa.

Figura 3 – Pesquisa de Herzberg entre satisfeitos e insatisfeitos Fonte: ROBBINS, 2008, p. 135

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Para este estudo científico, a Teoria dos Dois Fatores permitirá a análise do

plano de carreira dos graduados, identificando tópicos que não estejam atendendo à

satisfação e a motivação dos sargentos. Caso seja identificada a ausência de algum

ponto imprescindível para a plena satisfação, serão apresentadas sugestões a serem

estudadas, com base nos principios desta teoria.

2.2 O COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL

No campo da Administração, alguns conceitos são importantes para que se

entenda o comportamento organizacional. Conhecer a dinâmica das organizações e

seus reflexos sobre os funcionários são pautas essenciais para que os gestores

conduzam adequadamente as suas estratégias.

2.2.1 O conceito de percepção e as consequências da insatisfação

A “percepção é o processo de selecionar, organizar e interpretar os estímulos

que o ambiente oferece” (MAXIMIANO, 2009, p. 225). Robbins (2008, p. 104)

acrescenta que a finalidade da percepção é dar sentido ao ambiente. No local de

trabalho, acontecem diversos eventos, são emanadas novas ordens, são veiculadas

novas informações. Tudo isso fará com que o funcionário realize um estudo,

principalmente, sobre aquilo que poderá repercurtir para si.

Isso acontece nos quartéis, inclusive. Diariamente são emanadas ordens verbais

ou escritas nos boletins. Os subordinados podem verificar, em uma mesma ordem,

oportunidades ou desvantagens de acordo com as interpretações dos possíveis

desdobramentos. Para exemplificar de forma simples: em uma suposição de missão

fora da sede de um quartel que levará aproximadamente um mês de duração. Um

militar com pouco tempo de formação e solteiro visualiza essa situação como uma

oportunidade em conhecer um novo lugar e ganhar experiência profissional. Em

contrapartida, um militar aperfeiçoado e com família poderá observar como

desvantagem por ter que ficar longe do filho e esposa por tanto tempo e por já ter

participado de missão similar em algum momento anterior.

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A percepção é, portanto, individual. Sendo assim, as características pessoais

irão influenciar diretamente sobre a interpretação do colaborador sobre quaisquer

aspectos do trabalho. “Entre as características pessoais mais relevantes que afetam a

percepção estão as atitudes, motivações, interesses, experiências passadas e

expectativas” (ROBBINS, 2008, p.104).

Ao passo que são criadas novas estratégias, é importante que elas sejam

transparentes para não gerar interpretações contrárias aos interesses da organização.

Uma percepção divergente da real intenção da empresa poderá criar um ambiente

inseguro e gerar insatisfação.

A insatisfação nesse contexto poderá trazer consequências que afetarão o

comportamento da pessoa. Existem quatro condutas, segundo Robbins (2008, p. 70),

que poderão ser observadas no âmbito dos colaboradores em caso de insatisfação: a

saída, a comunicação, a lealdade e a negligência.

A saída está relacionada ao abandono da empresa. A comunicação está afeta à

condição ativa de o funcionário buscar a administração da empresa para tentar

melhorias nas condições de trabalho. A lealdade trata-se de uma espera passiva por

melhorias numa atitude de confiança nos administradores. A negligência é

caracterizada no comportamento em que o colaborador deixa as coisas piorarem,

diminuindo a qualidade do trabalho ou atrasando-se, por exemplo.

Figura 4 – Respostas para a insatisfação com o trabalho Fonte: ROBBINS, 2008, p. 70

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Por fim, a percepção é o olhar individual de cada colaborador. É preciso cautela

para que as interpretações estejam, por parte dos subordinados, alinhadas com o que a

empresa pretende ao programar uma nova política. Ao se deparar com atitudes de

insatisfação, o gerenciador das políticas de pessoal deve ser capaz de diagnosticar os

problemas e criar novas estratégias que atendam aos anseios de seus colaboradores,

sem prejudicar a organização.

2.2.2 O estudo das gerações

Ao longo dos anos e em razão das conjunturas à época, formaram-se gerações

de pessoas que convivem juntas nos dias de hoje em todos os lugares, inclusive no

mercado de trabalho. Atualmente, existem quatro gerações distintas segundo Robbins

(2008, p. 56): os veteranos, os baby boomers, a geração X e a geração da tecnologia

(Geração Y).

No que diz respeito ao mercado de trabalho, Robbins (2008) define as gerações

da seguinte maneira:

a) os veteranos são aqueles que iniciaram os seus ofícios nos anos 50 ou início

dos anos 60. Os valores dominantes nessa geração são o trabalho árduo, o

conservadorismo, o conformismo e a lealdade à organização;

Quadro 3 – As gerações e os valores trabalhistas dominantes Fonte: ROBBINS, 2008, p. 56

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b) os baby boomers são as pessoas que ingressaram no mercado de trabalho

entre 1965 e 1985 e seus valores trabalhistas são o sucesso, a realização, a ambição, a

rejeição ao autoritarismo e a lealdade à carreira;

c) a geração X é composta pelos trabalhadores que iniciaram entre 1985 e 2000.

O que os componentes dessa geração dão mais valor quanto ao trabalho são o estilo

de vida equilibrado, trabalho em equipe, rejeição às normas e lealdade aos

relacionamentos; e

d) a geração da tecnologia ou geração Y é formada pelas pessoas que

começaram a trabalhar a partir dos anos 2000. Os valores trabalhistas dominantes

dessa geração são a autoconfiança, o sucesso financeiro, independencia pessoal junto

com o trabalho de equipe, lealdade a si e aos relacionamentos.

É possível perceber que na medida em que as gerações vão entrando no

mercado de trabalho, cada vez mais pretere a lealdade ao interesse próprio. Os

veteranos eram leais à organização. Já os baby boomers são leais à carreira,

independente da empresa. A geração X é leal aos relacionamentos que o trabalho

proporciona. A geração da tecnologia é leal a si, em primeiro lugar, e aos

relacionamentos.

Caso a tendência permaneça, os gestores de recursos humanos, em pouco

tempo, agregarão às suas organizações pessoas ainda mais individualistas e que,

antes de tudo, procuram o sucesso pessoal. Será um desafio criar soluções que

atendam a próxima geração, que vive conectada ao mundo virtual e em seu universo

particular, onde a interação humana é cada vez menor.

O Exército poderá sofrer com os impactos comportamentais das novas gerações.

Como parte da sociedade e por ela influenciada, as novas gerações de sargentos

tendem a apresentar o mesmo comportamento. A maior parte dos sargentos que se

evadem do EB, o fazem antes da estabilidade, ou seja, com menos de dez anos de

serviço.

Além de fortalecer os valores durante a formação, será preciso estudar as

propostas de plano de carreira para avaliar a existência de oportunidades que permitam

uma relevante ascensão profissional e financeira, num médio prazo, que faça valer a

dedicação ao serviço e, assim, reter os bons militares nas fileiras da Força Terrestre.

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2.2.3 As características inerentes aos gerentes

No estudo geral da administração, Chiavenato (2004, p. 81) apresenta as

funções do administrador, sob a visão do fundador da Teoria Clássica, Henri Fayol, da

seguinte maneira: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar.

O administrador deve ter capacidade de previsão para visualizar o futuro e

planejar ações que atendam às demandas. Além disso, deve ter organização, de forma

ser capaz de constituir o duplo organismo material e social da empresa. Por fim, o

administrador deve saber comandar, para dirigir e orientar o pessoal, coordenar, para

harmonizar todos os atos coletivos e controlar, para ter a certeza de que tudo ocorra

conforme o determinado pelo planejamento.

As características do administrador exigem, além do preparo profissional, muita

habilidade interpessoal, haja vista a necessidade de estar exercendo funções de

comando, coordenação e controle dos processos que, por consequência, afetam as

pessoas participantes desses processos.

Em uma organização, não são todos os funcionários que estão dispostos a

exercerem as funções gerenciais, devido à exigência de tais responsabilidades. No

entanto, dependendo do plano de carreira proporcionado pela empresa, fatalmente

pessoas sem potencial gerencial irão assumir essas funções.

No EB hoje, o plano de carreira dos graduados é verticalizado. A praça que

quiser ter um aumento salarial significativo terá que criar subsídios para que seja

Quadro 4 – As funções do Administrador segundo Fayol. Fonte: FAYOL apud CHIAVENATO, 2004, p. 81

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promovido a Oficial e, por conseguinte, assuma funções gerenciais obrigatoriamente,

mesmo que não tenha as caracteristicas necessárias para o exercicio da função. Como

Oficial, a praça promovida terá uma melhora em sua satisfação com a carreira, haja

vista o aumento do poder aquisitivo e de outras facilidades inerentes aos Oficiais, no

entanto, poderá estar desmotivada por estar exercendo função que não lhe traga

realização profissional pela falta de aptidão, por exemplo.

Foram criadas novas propostas para o plano de carreira dos graduados, que

serão avaliadas, neste estudo, no sentido de que seja verificada a existência de ações

que minimizem essa situação.

2.2.4 A Carreira no modelo em “Y”

A fim de suprir as necessidades das organizações quanto à descoberta de novos

talentos, criar oportunidades aos interesses dos colaboradores e alocar de forma mais

eficiente o pessoal em carreiras técnicas e gerenciais, surgiu um novo modelo de

carreira.

Dutra (1996, p.87) apresenta esse modelo como aquele que, em determinado

ponto da carreira, os colaboradores com experiência e competência profissional

suficiente dentro de uma empresa possam escolher, em consonância com a

organização, o seguimento da carreira em uma linha gerencial, para administrar

processos e pessoas, ou técnica, para que haja o aprimoramento e a especialização

em determinada área.

Esse tipo de carreira permite ao colaborador, mesmo com grande experiência na

empresa, mas sem a aptidão ou gosto pela gestão, de permanecer como técnico e

chegar ao ápice da especialização. Outrossim, permite jovens talentos com perfil

gerencial a administrarem, mesmo com pouco tempo na organização, setores que

requeiram indivíduos com previsão, organização e capacidade de coordenar, comandar

e controlar.

É importante destacar que o fato de um funcionário escolher pela carreira técnica

não lhe tira o prestígio. Serão carreiras paralelas a partir do momento em que a

organização definir o ponto de inflexão da escolha por parte do colaborador.

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2.2.5 O recrutamento interno

Atualmente, o “mundo em acelerada mudança, o impacto do desenvolvimento

tecnológico, as novas formas de organização e configuração empresarial, novos

produtos e serviços e novos processos de trabalho estão modificando profundamente o

mercado de trabalho” (CHIAVENATO, 2008, p. 89).

Essa brusca alteração faz com que muitas pessoas tornem-se deficientes em

novas habilidades que surgem, pelo fato de não acompanharem o desenvolvimento e a

modernização dos processos, acarretando a falta de competência para o exerccício de

cargos ou funções que exijam essa atualização.

O Exército Brasileiro passa pela mesma problemática, como parte do mundo

globalizado, apesar de que os recursos humanos procuram acompanhar essa evolução

realizando cursos de especialização, e até mesmo de nível superior, no intuito de

aprimorar seus conhecimentos e corresponder às demandas.

Buscando mitigar essa realidade, Chiavenato (2008, p. 89) afirma ser necessário

o investimento de “enormes recursos das organizações no dimensionamento dos

processos de agregar, aplicar, recompensar, desenvolver e manter pessoas”.

Diante disso, o recrutamento interno surge, segundo Chiavenato (2008), como

uma solução gerencial dos recursos humanos para promover a cargos mais elevados

ou transferir pessoal próprio da organização, a fim de suprir as necessidades

acarretadas pelo contexto atual do mercado de trabalho.

As grandes vantagens para a realização do recrutamento interno são:

1. Aproveita melhor o potencial humano da organização. 2. Motiva e encoraja o desenvolvimento profissional dos atuais funcionários. 3. Incentiva a permanência e a fidelidade dos funcionários à organização. 4. Ideal para situações de estabilidade e pouca mudança ambiental. 5. Não requer socialização organizacional de novos membros. 6. Probabilidade de melhor seleção, pois os candidatos são bem conhecidos. 7. Custa financeiramente menos do que fazer recrutamento externo. (CHIAVENATO, 2008, p. 114).

Pode-se observar que as vantagens apontadas por Chiavenato (2008) adequam-

se às caracteristicas da Força Terrestre. O Exército Brasileiro é uma instituição

nacional, permanente, composta por cidadãos de valores morais e éticos que

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ultrapassam gerações. A formação militar agrega muito mais do que o conhecimento

bélico. Ela molda e internaliza, prioritariamente, o caráter, a fidelidade à Instituição e ao

Brasil.

Portanto, diante dessa tranformação global do mercado de trabalho, o

recrutamento interno permite não perder o potencial moral e profissional dos homens

formados e desenvolvidos nas fileiras do Exército, que buscam a formação de ensino

superior como complemento e não como base.

No entanto, o recrutamento interno apresenta algumas desvantagens:

1. Pode bloquear a entrada de novas ideias, experiências e expectativas. 2. Facilita o conservantismo e favorece a rotina atual. 3. Mantém quase inalterado o atual patrimonio humano da organização. 4. Ideal para empresas burocraticas e mecanísticas. 5. Mantém e conserva a cultura organizacional existente. 6. Funciona como um sistema fechado de reciclagem continua. (CHIAVENATO, 2008, p. 114).

Enfim, para este estudo científico, pode-se elencar, conforme a literatura, o

recrutamento interno como uma ferramenta a ser considerada para a retenção e

motivação dos bons colaboradores, que passam a se especializar cada vez mais e se

tornarem ainda mais fiéis à instituição, dada a oportunidade em ascender para

melhores cargos. Há vantagens significativas em recrutar internamente. Há algumas

desvantagens, que para as características do EB, porém, podem ser trabalhadas e se

tornarem prós em favor da Força Terrestre.

2.3 O PLANO DE CARREIRA DOS SARGENTOS DO EB

O conceito de plano de carreira é por definição da Empreendedora Endeavor:

um programa estruturado que estipula o caminho que cada funcionário vai percorrer dentro de uma organização. Ele determina as competências necessárias para cada posição hierárquica e também qual é a expectativa da empresa em relação àquela posição. (https://endeavor.org.br)

Dito isso, serão feitas algumas considerações a respeito do plano de carreira dos

sargentos do Exército Brasileiro, à luz da legislação em vigor.

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2.3.1 A valorização das competências profissionais

Baseado nas Instruções Reguladoras para o Sistema de Valorização do Mérito

dos Militares de Carreira do Exército (BRASIL, 2013), o graduado precisa apresentar

algumas competências profissionais para que seja valorizado no âmbito da Força

Terrestre.

Algumas competências dependem exclusivamente do esforço pessoal do militar.

Outras, porém, irão depender da oportunidade de estar servindo em locais que

propiciem essa valorização.

São considerados critérios de valorização do mérito entre os sargentos e

subtenentes:

a. aproveitamento no Curso de Formação;

b. cursos de especialização ou extensão;

c. aproveitamento no Curso de Aperfeiçoamento;

d. graduação em bacharelado, licenciatura ou tecnologia;

e. habilitação em idioma estrangeiro;

f. teste de Aptidão Física (TAF);

g. teste de Aptidão de Tiro (TAT);

h. vivência profissional;

i. comportamento;

j. tenham sido instrutores, auxiliares de instrutor ou monitores;

k. confecção de trabalhos úteis ao Exército;

l. curso de Formação de Condutores categorias “D” e “E”;

m. tempo de serviço em situações diversas valorizadas pelo EB;

n. elogios e citações de mérito; e

o. medalhas e condecorações valorizadas pelo EB.

Para cada competência profissional, o EB normatizou uma escala de pontos que

varia de acordo com o tipo de competência e a graduação em que se encontra o militar.

Todo militar possui uma Ficha de Valorização do Mérito (FVM) que contabiliza essa

pontuação. Os pontos são cumulativos e servirão como um dos critérios para a

promoção do militar.

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2.3.2 As promoções dos sargentos no Exército Brasileiro

A Portaria no 1.505 (BRASIL, 2014), do Comandante do Exército, regula que as

promoções dos graduados serão feitas por merecimento ou antiguidade e serão

submetidas à apreciação do Chefe do DGP pelo Presidente da Comissão de

Promoções de Sargentos (CPS).

A promoção por merecimento é aquela em que há o escalonamento dos

graduados em um Quadro de Acesso (QAM) de acordo com uma pontuação, que,

conforme o Artigo 6º:

corresponde à soma algébrica do total de pontos da FVM, pontos da Avaliação do Desempenho na graduação e do total de pontos apurados pela Comissão de Promoções de Sargentos (CPS) (BRASIL, 2014).

Os pontos da avaliação do desempenho na graduação, em conformidade com o

§ 2 º d o Artigo 6º:

corresponderão à média dos valores das Fichas de Avaliação do graduado, multiplicado pelos seguintes fatores: I - nas promoções a subtenente - 7,00; II - nas promoções a primeiro-sargento - 6,60; III - nas promoções a segundo-sargento - 2,70; e IV - outros, a critérios da CPS (BRASIL, 2014).

O último critério para a promoção por merecimento são os pontos da CPS, que

variam de graduação para graduação. Os pontos são apurados com base nas

informações constantes no Registro de Informações Pessoais, no rendimento escolar,

nos aspectos relevantes da vida profissional do militar consignados na ficha individual e

nos atributos constantes nas fichas de Avaliação do Desempenho na graduação.

A outra forma de promoção é a realizada por antiguidade, na qual

e n c o n t r a a m p a r o n o A r t i g o 8 º “o graduado fará jus à

promoção pelo critério de antiguidade nas diversas QM quando, incluído em QA, for o

mais antigo da escala numérica em que se encontrar” ( B R A S I L ,

2 0 1 4 ) .

Observa-se, pois, que para quantificar o merecimento de cada sargento no

Exército Brasileiro, há critérios objetivos, como a pontuação da FVM, e subjetivos, como

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é o caso da Avaliação do Desempenho e dos pontos apurados pela CPS, já que

dependem da percepção do avaliador no momento da interpretação das variáveis.

Outro aspecto é que, independente do rendimento profissional do militar,

respeitado o tempo de permanência para cada graduação, os sargentos serão

promovidos por antiguidade.

Por se tratar de uma instituição hierarquizada de forma vertical, o EB não permite

que um graduado com menos tempo de serviço assuma cargos mais elevados, mesmo

sendo possuidor de uma melhor qualificação profissional.

Em relação à teoria da equidade, essa situação pode gerar desmotivação por ir

de encontro com justiça de processo. Excelentes profissionais podem estar sendo

subempregados por possuírem menos tempo de serviço ativo ou por não terem

oportunidade de ascensão sobre militares menos qualificados para determinadas

funções. No entanto, para viabilizar uma ascensão de bons profissionais que não gere

desmotivação de graduados mais antigos, é necessário estabelecer critérios objetivos e

transparentes. A subjetividade é um fator que desmotiva os colaboradores.

2.3.3 O interstício e o tempo médio de permanência entre as graduações

O interstício entre as graduações no EB é regulado como a tabela seguinte :

Consoante à tabela, o graduado de carreira com 25 anos de serviço ativo é

promovido, em média, três vezes, seja por merecimento ou antiguidade.

Posto/ Graduação Interstícios Tempos Médios de

Permanência

Capitão - Até 5 anos

1º Tenente 32 meses 3 anos

2º Tenente 20 meses 2 anos

Subtenente 50 meses 5 anos

1º Sargento 62 meses 6 anos

2º Sargento 86 meses 8 anos

3º Sargento 86 meses 8 anos

Quadro 5 – Tempos Médios de Permanência e Interstícios Fonte: Portaria n

o 006 (BRASIL, 2015).

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51

No plano de carreira das praças está previsto o acesso ao QAO, no entanto,

mesmo aqueles que possuem todas as prerrogativas para o Oficialato do Quadro

Auxiliar podem não ser promovidos pelo número limitado de vagas.

Em suma, pode-se considerar que alguns sargentos encerrarão suas carreiras

como subtenentes. Em termos práticos, faltando cinco anos para a possibilidade de ir

para a reserva remunerada, os sargentos de carreira terão tido as mesmas

oportunidades de promoção, quer seja um militar de altíssimo padrão profissional ou

não. Isso acontece devido a promoção por antiguidade, que escalona o militar no

quadro de acesso pelo tempo de serviço cumprido.

2.3.4 A remuneração ao longo da carreira

Entende-se por remuneração, em conformidade com a Medida Provisória nº

2.215-10 (2001), o quantitativo financeiro dado pela soma do soldo, adicionais e

gratificações do militar. A base salarial é o soldo. Todos os pagamentos de adicionais e

gratificações são calculados percentualmente sobre o valor do soldo.

Segue abaixo, uma tabela que apresentará a variação do soldo ao longo do

plano de carreira das praças:

Atualmente e em síntese, com 25 anos de serviço, os Subtenentes tiveram ao

longo da vida militar uma variação na base salarial no valor R$ 1.982,00 (mil

novecentos e oitenta e dois reais), que corresponde a um aumento médio anual de R$

79,28 (setenta e nove reais e vinte e oito centavos), desde a sua formação na Escola

de Sargentos.

Posto/ Graduação Soldo Atual em R$ Variação do soldo em R$

Por P/ Grad Somatório

Capitão 7.861,00 511,00 4,536,00

1º Tenente 7.350,00 677,00 4.025,00

2º Tenente 6.673,00 1.366,00 3.348,00

Subtenente 5.307,00 612,00 1.982,00

1º Sargento 4.695,00 635,00 1.370,00

2º Sargento 4.060,00 735,00 -

3º Sargento 3.325,00 - -

Quadro 6 – Variação do soldo no plano de carreira dos sargentos do EB Fonte: Medida Provisória Nº 2.215-10 (BRASIL, 2001).

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52

O economista Evandro Machado, da ADX Invest, vinculada a XP Investimentos,

analisou os reajustes salariais, até janeiro de 2017, levando em consideração a atual

conjuntura econômica do país. Ele chegou à seguinte conclusão:

ao analisarmos os reajustes ocorridos em Agosto de 2016 notamos um aumento nominal de 5,49% em média enquanto que o IPCA no acumulado dos 12 meses anteriores foi de 8,74% e assim concluímos que notadamente houve uma redução no poder aquisitivo desses militares visto que a inflação foi superior ao reajuste em 3,25%. Ao analisarmos os reajustes propostos para Janeiro de 2017 na tabela acima notamos um aumento nominal de 7,45% em média enquanto que a expectativa do mercado para o IPCA em 2016, conforme Boletim Focus de 21 de Outubro de 2016 é de 6,89%. Assim sendo vislumbra-se um ganho real de 0,56% (MACHADO, 2016).

O reajuste concedido em agosto de 2016 não foi suficiente para melhorar o

poder aquisitivo dos sargentos. O reajuste concedido em janeiro de 2017 apresentou

uma diferença em relação à expectativa do economista. O IPCA em 2016 foi de 6,29%,

portanto o ganho real foi de 1,16%.

A capacidade de adquirir bens, produtos ou serviços é prejudicada pelos

problemas econômicos que o País vem enfrentando. Isso se agrava, ainda mais, nos

grandes centros. Apesar disso, a renda do militar deverá ser, caso não haja outra fonte

de capital, suficiente para a manutenção das necessidades básicas, educação dos

filhos, saúde, lazer para a família, aluguel de imóveis (quando não estiver ocupando

PNR) e aplicação em rendimentos visando ao futuro.

O salário interfere diretamente sobre a satisfação do militar com a profissão,

segundo a Teoria dos Dois Fatores. A insuficiência financeira para manter todas as

necessidades básicas e de segurança fazem com que o graduado não tenha espaço

para desenvolver sua motivação e buscar a autoestima, segundo a Teoria de Maslow. A

política salarial será sempre um fator que irá infletir sobre a satisfação.

2.3.5 O Quadro Auxiliar de Oficiais (QAO)

Mediante o decreto presidencial 84.333 (BRASIL, 1979), o QAO foi criado com a

intenção de substituir os militares do Quadro de Oficiais de Administração e do Quadro

de Oficiais Especialistas.

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Os oficiais do Quadro Auxiliar são Segundo Tenente, Primeiro Tenente e

Capitão, que serão recrutados do âmbito dos Subtenentes da ativa e promovidos,

somente, por merecimento.

Pelo decreto 90.115 (BRASIL, 1984), os cargos a serem exercidos pelos oficiais

do Quadro Auxiliar passaram a vigorar da seguinte maneira: Administração Geral,

Saúde, Material Bélico, Topógrafo e Músico.

O Decreto no 90.116, de 29 de agosto de 1984, estabelece as condicionantes

para o acesso ao QAO:

a) possuir conceito profissional e moral, apreciados na forma deste Regulamento; b) ter mérito suficiente mediante apuração da Comissão de Promoções do QAO (CP-QAO); c) possuir certificado de conclusão do ensino do 2º grau, expedido por escola oficialmente reconhecida; d) ter concluído com aproveitamento o Curso de Habilitação ao QAO; e) ter, no máximo, 53 (cinqüenta e três) anos, 11 (onze) meses e 29 (vinte e nove) dias de idade, na data da promoção (BRASIL, 1984).

O Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais (CHQAO) é algo recente

no EB. Criado pela Portaria no 70, de 21 de maio de 2012, do Estado-Maior do Exército

(EME) e conduzido pela Escola de Instrução Especializada (EsIE), o CHQAO “tem por

objetivo habilitar os subtenentes à ocupação de cargos e ao desempenho de funções

previstas para o Quadro Auxiliar de Oficiais (QAO), inerentes ao assessoramento nas

áreas de administração, de pessoal, de finanças e de logística das organizações

militares (OM)” (BRASIL, 2012). Mediante concurso de admissão e aprovação, os

Primeiros-Sargentos e Subtenentes de qualquer qualificação militar poderão cursar o

CHQAO, exceto o músico que tem a formação voltada para a regência de banda de

música e não administração geral.

A Portaria no 41, de 31 de março de 2016, do Departamento de Ensino e Cultura

do Exército (DECEx), aprova as instruções que regulam a execução do concurso de

admissão e a matrícula no CHQAO para o ano de 2017. As condições necessárias aos

aspirantes do concurso de admissão são:

Art. 3

o O candidato à inscrição no CA/CHQAO deverá satisfazer às seguintes

condições: I - ser voluntário;

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II - estar apto para o serviço ativo do Exército; III - não estar sub júdice; IV - estar, no mínimo, no comportamento “BOM”; V - possuir Certificado de Conclusão do Ensino Médio, expedido por Estb Ens oficialmente reconhecido, publicado nas alterações do militar e cadastrado no banco de dados do Departamento-Geral do Pessoal (DGP); VI - ser Subtenente ou Primeiro-Sargento da ativa do Exército, das turmas de formação (Cursos de Formação de Sargentos - CFS) dos anos de 1993, 1994, 1995 e 1996, que no âmbito dessas turmas, não se inscreveram, desistiram ou não foram aprovados nos concursos anteriores, e os integrantes da turma de 1997 (BRASIL, 2016).

O concurso de admissão limita-se a um exame intelectual dividido em duas

partes: a 1ª parte acerca de conhecimentos gerais e a 2ª parte sobre conhecimentos

profissionais. Os conhecimentos gerais subdividem-se em Português, História do Brasil

e Geografia do Brasil. Os conhecimentos profissionais são organizados em questões

sobre o Estatuto dos Militares, Regulamento Interno e dos Serviços Gerais,

Regulamento de Administração do Exército e Regulamento Disciplinar do Exército.

A aprovação no concurso dependerá do alcance, pelo candidato, de no mínimo

nota 5,000 (cinco vírgula zero zero zero) em cada uma das partes da prova escrita. Os

militares aprovados serão classificados dentro do número de vagas existentes, por

antiguidade, e estarão habilitados à matrícula no curso de habilitação ao acesso no

QAO.

De acordo com as Instruções Reguladoras (IR) do CHQAO, aprovadas através

da Portaria no 181 – DECEx, de 28 de novembro de 2014, o curso é realizado em dois

anos letivos, na própria OM do aluno, e tem uma carga horária total de 1600 horas,

distribuídas em 600 horas, durante o primeiro ano, em processo de ensino a distância

(EAD) e 400 horas, na modalidade presencial, em processo de estágio supervisionado.

As 600 horas restantes são consideradas através da aprendizagem no ambiente de

trabalho por meio das atividades de rotina da OM.

Ao longo do curso são realizadas avaliações para a verificação da

aprendizagem. Existem provas formativas e somativas. As provas somativas, quanto à

forma de aplicação poderão ser, de acordo com o § 3 º d o A r t i g o 1 3 :

a) de forma descentralizada, a critério do aluno, sendo uma por módulo de estudo semanal, durante o período em que a disciplina estiver sendo abordada, cabendo ao aluno realizá-las até o último dia previsto para a vigência da disciplina; e

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b) de forma centralizada, ao final de cada disciplina, executada na OM do aluno, tomando como referência o horário de Brasília (DF), com aplicação e fiscalização do oficial orientador (BRASIL, 2014).

As provas descentralizadas somarão 20% da nota, enquanto as provas

centralizadas somarão 80% da nota. O aluno deverá obter, ao final das avaliações, um

aproveitamento mínimo de 50% por disciplina. Caso não atinja o padrão mínimo fará

avaliação de recuperação. Se ao final do estágio supervisionado não for considerado

apto, o aluno ficará impedido de concluir o CHQAO. Os concludentes do curso estarão

aptos, amparado pelo Artigo 2º, a:

a) coordenar e executar, como auxiliar do estado-maior pessoal de oficial-general, as atividades administrativas e pessoais, participando, ainda, das medidas necessárias ao deslocamento da autoridade para a realização de visitas, inspeções e outras atividades; b) organizar e coordenar as atividades de administração do pessoal civil e militar e de recebimento, protocolo, arquivamento, processamento, distribuição, elaboração e expedição de documentos, no desempenho do cargo de chefe da seção de pessoal ou auxiliar de Secretaria e Ajudância Geral; c) organizar e conduzir as atividades relacionadas à remuneração do pessoal militar e servidores civis integrantes da Organização Militar (OM), quando no exercício do cargo de chefe, encarregado ou auxiliar de setor de pagamento de pessoal; d) coordenar, organizar, dirigir e supervisionar as atividades concernentes ao serviço de correios, no âmbito de um Comando Militar de Área, Grande Comando ou Grande Unidade; e) coordenar e supervisionar as atividades de organização, controle, funcionamento e utilização do arquivo-geral de um Comando Militar de Área, Grande Comando ou Grande Unidade; f) coordenar e supervisionar o preparo e a execução de atividades de mobilização de pessoal; g) prestar assessoramento e auxiliar na coordenação, controle e execução de serviços administrativos e burocráticos, no nível assessoria, divisão, seção, subseção e outros, de um comando, órgão ou estabelecimento militar; h) auxiliar na coordenação, organização, orientação e supervisão de atividades ligadas à aquisição, controle e distribuição de material em almoxarifado, depósito ou armazém de OM; i) auxiliar na coordenação, orientação e execução de atividades contábeis e financeiras no âmbito de uma OM; j) coordenar e supervisionar atividades de suprimento das classes de materiais relativas à sua especialidade; e k) executar a conformidade de registro de gestão de uma OM (BRASIL, 2014).

É importante salientar que o curso serve para habilitar o graduado a exercer as

funções dos Oficiais Auxiliares, mas não é uma garantia de acesso ao QAO, mas sim

uma condicionante.

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Analisado sob as teorias motivacionais, a promoção ao oficialato é um objetivo

oferecido pelo plano de carreira dos graduados, atraente para a praça, principalmente,

pelo significativo aumento salarial e pela possibilidade de assunção de cargos mais

elevados dentro das OM do Exército Brasileiro.

Sendo assim, o CHQAO é um motivador dentro da carreira das praças, ao passo

que pode ser encarado pelo graduado como uma meta fixa e concreta, que faz parte de

um conjunto de metas para que a praça possa ser promovida a Oficial.

No entanto, diante da teoria da expectativa, o CHQAO pode ser um fator

desmotivador visto que, para o oficialato, existem outros critérios, parte deles

subjetivos, que criam uma atmosfera de incerteza, ansiedade e até mesmo a frustração.

A relação esforço-desempenho, nesse caso, poderá fazer com que alguns militares não

realizem o CHQAO, se, por outro motivo, já não reunir todas as condicionantes para a

promoção. É um curso que influi na satisfação e na motivação da praça.

2.4 O PLANO DE CARREIRA DOS SARGENTOS DA MB

A carreira dos sargentos da Marinha do Brasil é normatizada pelo Plano de

Carreira de Praças da Marinha (BRASIL, 2012). A seguir, serão apresentadas algumas

peculiaridades sobre esse assunto.

2.4.1 A organização das praças na MB

Na MB, as praças são separadas em Corpos, que são conjuntos de militares do

Serviço Ativo da Marinha (SAM) exercendo atividades afins, e organizadas em dois

círculos hierárquicos: o círculo de Suboficiais e Sargentos e o círculo de Cabos,

Marinheiros e Soldados. O primeiro é composto pelos Suboficiais, Primeiros-Sargentos,

Segundo-Sargentos e Terceiro-Sargentos. O segundo é composto pelas graduações

que lhe dão a nomeclatura.

Os Corpos da Marinha são, por sua vez, divididos em Quadros, como pode ser

observado no quadro seguinte:

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2.4.2 A carreira das praças da MB

Na Marinha, o ingresso na carreira das praças pode ser feito por intermédio dos

cursos de formação para Marinheiro (MN), cabo (CB) e Terceiro-Sargento (3º SG). Isso

é variável devido à caracteristica de cada Quadro no qual se pretende ingressar.

Concluido o curso de formação, os militares serão nomeados e suas carreiras

seguirão como no quadro a seguir:

Quadro 7 – Distribuição das Praças na MB Fonte: PCPM (BRASIL, 2012).

Quadro 8 – A carreira das praças na MB Fonte: PCPM (BRASIL, 2012).

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2.4.3 As promoções dos sargentos na Marinha do Brasil

Assim como no EB, as promoções na MB são feitas por merecimento e

antiguidade. A promoção por antiguiade “é aquela que se baseia na precedência

hierárquica de uma praça sobre as demais de igual graduação, dentro do mesmo Corpo

ou Quadro” (BRASIL, 2012). A promoção por merecimento,:

é aquela que se baseia no conjunto de qualidades e atributos que distinguem e realçam o valor da praça entre seus pares, avaliadas no decurso da carreira e no desempenho de cargos e em comissões exercidas” (BRASIL, 2012, p. 3-7).

Para ser promovida, a praça precisa integrar um Quadro de Acesso, seja por

antiguidade (QAA) ou por merecimento (QAM). O “QAA é a relação das praças

habilitadas ao acesso, relacionadas ou dispostas em ordem decrescente de

antiguidade” (BRASIL, 2012). O QAM é a relação das praças habilitadas ao acesso e

resultante da apreciação do mérito e das qualidades exigidas para a promoção que

devem considerar:

além de outros requisitos peculiares a cada Corpo ou Quadro: a) a eficiência revelada no desempenho de cargos e em comissões; b) a potencialidade para o desempenho de cargos ou funções mais elevados; c) a capacidade de liderança, iniciativa e presteza de decisão; d) os resultados dos cursos regulamentares realizados; e e) o realce da praça entre seus pares (BRASIL, 2012, p.3-8).

Os critérios para a praça integrar o Quadro de Acesso são as condições

peculiares a cada graduação dos diferentes Corpos e Quadros, a aptidão física e o

intersticio.

De acordo com o PCPM, as condições peculiares são, conforme item 3.12.1:

a) cursos e estágios realizados de acordo com as disposições previstas neste Plano; b) tempo de embarque, condição exigida para o acesso na carreira das praças do CPA, exceto para as praças da especialidade Enfermagem; c) tempo de tropa, condição exigida para o acesso na carreira das praças do CPFN, exceto para as praças das especialidades de Corneta-Tambor, Enfermagem e Música; e d) tempo de exercício de função técnica, condição exigida para o acesso na carreira dos Sargentos que concluírem o Curso de Qualificação Técnica Especial, das praças do CAP, do CPA da especialidade de Enfermagem e do

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CPFN das especialidades de Corneta-Tambor, Enfermagem e Música. (BRASIL, 2012, p. 3-11)

Alguns cursos são exigidos para que o Sargento seja promovido. De uma

maneira geral, a promoção a Segundo-Sargento requer do militar o Curso de

Aperfeiçoamento, assim como a promoção a Suboficial demanda o Curso Especial de

Habilitação a Suboficial. Em caso de insuficiência em quaisquer desses cursos, o militar

não será promovido à graduação superior.

A aptidão física é dada pelas inspeções de saúde periódicas e pelos testes de

aptidão física.

Na Marinha do Brasil, o planejamento do intersticio é baseado na política de que

o militar deve chegar à última graduação com 25 anos de serviço. Com base nessa

diretriz, o quadro a seguir apresenta o interstício das graduações:

2.4.4 O Quadro de Oficial Auxiliar da Armada e Fuzileiro Naval

Previsto na Lei no 9.519 (BRASIL, 1997), os Quadros de Oficiais Auxiliares da

Armada e de Fuzileiros Navais são compostos por militares oriundos do Corpo de

Praças da MB, aprovadas em concurso interno, Curso de Formação de Oficiais (CFO) e

Estágio de Aplicação de Oficiais.

A Norma 307, 3ª Revisão, da Diretoria Geral do Pessoal da Marinha, de 21 de

março de 2005, regula a seleção e indicação para cursos na MB. Os requisitos para

que a praça inscreva-se no concurso e realize o CFO do Corpo Auxiliar são os descritos

no Anexo “A” deste trabalho.

Quadro 9 – O interstício da carreira das praças na MB Fonte: PCPM (BRASIL, 2012).

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O referido Curso de Formação é realizado no Centro de Instrução Almirante

Wandenkolk (CIAW), sediado na cidade do Rio de Janeiro-RJ. A duração do CFO é de

8 meses, tendo início no mês de março do respectivo ano letivo. Ao final do curso, o

aluno será nomeado Segundo Tenente e deverá estar em condições de desempenhar

“cargos técnico-administrativos que visem às atividades de apoio técnico e às

atividades gerenciais e administrativas em geral” (BRASIL, 1997). A nota final de curso

irá gerar uma classificação que definirá a escolha de unidade do concludente. Caso o

militar não logre êxito, retorna para o Corpo ao qual pertencia e reassume as atividades

como sargento de carreira. O Oficial Auxiliar poderá chegar até o posto de Capitão-

Tenente.

Fazendo uma comparação entre a carreira dos graduados do EB com a carreira

dos graduados da MB, o fator que pode ser considerado significativo como motivador é

a oportunidade, na MB, da ascensão ao oficialato por vias concretas (concurso interno

e conclusão de curso de formação), num processo de meritocracia objetiva e num

médio prazo na carreira. No EB, mesmo concluindo o CHQAO, a praça não tem a

certeza da promoção ao oficialato.

2.5 O PLANO DE CARREIRA DOS SARGENTOS DA FORÇA AÉREA BRASILEIRA

A seguir, serão apresentadas algumas peculiaridades sobre a carreira dos

sargentos da Força Aérea Brasileira (FAB).

2.5.1 A organização das praças na FAB

O Decreto no 3.690, de 19 de dezebmbro de 2000, aprova o Regulamento do

Corpo do Pessoal Graduado da Aeronáutica. Integrando esse Corpo, o Quadro de

Suboficiais e Sargentos (QSS) é constituído pelos Suboficiais (SO), Primeiros-

Sargentos (1S), Segundos-Sargentos (2S) e Terceiros-Sargentos (3S), que estão

divididos entre o Grupamento Básico e o Grupamento de Serviços.

O Grupamento Básico é composto pelos subgrupamentos:

Manutenção, Inteligência, Comunicações, Suprimento Técnico e Proteção ao Vôo. O

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Grupamento de Serviço é composto pelos subgrupamentos: Saúde, Administração,

Construção, Infra-Estrutura e Metalurgia, Guarda e Segurança, Informações

Aeronáuticas e, por fim, Música.

2.5.2 A carreira dos sargentos da FAB

A carreira dos sargentos da FAB inicia-se após a conclusão, com

aproveitamento, do Curso de Formação de Sargentos da Escola de Especialistas da

Aeronáutica (EEAR).

A partir daí, a cada sete anos, o militar será promovido às graduações

subsequentes na condição de atender aos requisitos necessários para a promoção na

Força Aérea. As praças encerrão suas carreiras como SO, no entanto, poderão

ingressar, por meio de concurso interno, no Quadro de Oficiais Especialistas da

Aeronáutica (QOEA), que será apresentado nesse estudo.

2.5.3 As promoções dos sargentos na FAB

A regulamentação das promoções no âmbito da Força Aérea foram aprovadas

pelo Decreto no 881, de 23 de julho de 1993. Similar ao que acontece nas forças

coirmãs, as promoções na FAB poderão ser feitas por critério de antiguidade ou de

merecimento.

A promoção por antiguidade “é aquela que se baseia na precedência hierárquica

de um graduado sobre os demais de igual graduação, dentro de um mesmo quadro”

(BRASIL, 1993).

A promoção por merecimento é, conforme o Artigo 5º:

aquela que se baseia no conjunto de qualidades e de atributos que distinguem e realçam o valor do graduado entre seus pares, avaliados no decurso da carreira e no desempenho de funções, em particular, na graduação que ocupa ao ser cogitado para a promoção (BRASIL, 1993).

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O militar será promovido somente se estiver ingressado em quadro de acesso

(QA). Os requisitos essenciais para esse ingresso no QA são: condições de acesso;

conceito profissional; conceito moral; e comportamento militar.

As condições de acesso são o interstício, aptidão física e as condições peculiares

para cada graduação ascender à próxima graduação. O interstício mínimo são sete

anos por graduação. A aptidão física está atrelada ao estado de sanidade física e

mental, dado por inspeção de saúde, e ao condicionamento físico, verificado pelos

testes físicos realizados nas organizações da Aeronáutica.

O conceito profissional “resulta da análise qualitativa e quantitativa dos atributos

inerentes ao exercício do cargo militar do graduado, à luz das obrigações e deveres

militares, contidos no Estatuto dos Militares” (BRASIL, 1993).

O conceito moral “resulta da avaliação do caráter do graduado e de sua conduta

como militar e cidadão, à luz das obrigações e deveres militares, contidos no Estatuto

dos Militares” (BRASIL, 1993).

O comportamento militar é produto da avaliação do comportamento sob a égide do

Regulamento Disciplinar.

Existem dois quadros de acesso na FAB: o Quadro de Acesso por Antiguidade

(QAA) e o Quadro de Acesso por Merecimento (QAM). O QAA é “a relação dos

graduados habilitados ao acesso e colocados em ordem decrescente de antiguidade”

(BRASIL, 1993). O QAM é “a relação dos graduados habilitados ao acesso e resultante

da apreciação do mérito e das qualidades exigidas para a promoção” (BRASIL, 1993).

As qualidades que são consideradas, além dos requisitos peculiares, para o

ingresso no QAM são:

I - a eficácia revelada no desempenho de funções e atividades; II - a potencialidade para o desempenho de funções mais elevadas; III - a capacidade de liderança, iniciativa e presteza de decisão; IV - os resultados dos cursos regulamentares realizados; V - o realce do graduado entre seus pares (BRASIL, 1993).

2.5.4 O Quadro de Oficiais Especialistas

Previsto nos quadros da Aeronáutica pelo Decreto no 1.145 (BRASIL, 1994) o

Quadro de Oficiais Especialistas é formado pelas Praças que prestaram o concurso

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interno de admissão ao Estágio de Adaptação ao Oficialato (EAOF) ou ao Curso de

Formação de Oficiais Especialistas (CFOE) e concluiram-no com aproveitamento. Tanto

o EAOF quanto o CFOE são conduzidos no Centro de Instrução e Adaptação da

Aeronáutica (CIAAR), com sede em Belo Horizonte – MG.

A Portaria nº 50 do Departamento de Ensino da Aeronáutica, de 13 de fevereiro

de 2013 e a Portaria n° 43 do Comando da Aeronáutica, de 15 de janeiro de 2014

regulam as atividades ao EAOF.

O estágio é voltado para o QSS ou Quadro Feminino de Graduados (QFG), os

quais devem preencher os seguintes requisitos:

a) são suboficiais ou primeiros-sargentos, selecionados, das diversas especialidades; b) possuem o Ensino Médio completo; c) possuem o Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos; d) são voluntários para a realização do Estágio; e) são brasileiros natos; f) obtiveram parecer favorável da Comissão de Promoções de Graduados (CPG); g) estão classificados, no mínimo, no “bom comportamento”; h) foram aprovados nos exames de escolaridade e de conhecimentos especializados, na inspeção de saúde e no teste de avaliação do condicionamento físico; i) se Suboficial do QSS ou QFG, tem menos de 54 (cinquenta e quatro) anos e se Primeiro-Sargento do QSS ou QFG tem menos de 52 (cinquenta e dois) anos até 31(trinta e um) de dezembro do ano da matrícula; e j) são de ambos os sexos (BRASIL, 2013).

O objetivo do EAOF é adaptar os graduados ao oficialato e “suprir as

necessidades de Oficiais de Carreira, para o preenchimento de cargos e para o

exercício de funções afetas aos Oficiais Especialistas” (BRASIL, 2014). O estágio tem

duração de 14 semanas e abrange conhecimentos nos Campos Geral e Militar. Durante

o estágio, o militar fica adido à OM de origem e permanece concorrendo às promoções

normais como integrante do Corpo de Graduados, mesmo na condição de aluno.

Concluído o EAOF, o militar é nomeado Segundo Tenente e será transferido, de acordo

com a classificação por término de estágio. Caso o militar não conclua, retorna a OM de

origem e se mantém nas atividades normais, na graduação de direito. O EAOF habilita

o militar chegar até o posto de Capitão.

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A Portaria nº 506 do Departamento de Ensino da Aeronáutica, (BRASIL, 2015) e

a Portaria n° 196 do Comando da Aeronáutica (BRASIL, 2011) regulam as atividades

relativas ao CFOE.

O curso é voltado para os integrantes do grupamento Básico do QSS. A

formação do CFOE é voltado para a inserção de militares nos Quadros de Oficiais

Especialistas em Aviões (QOEAv), Comunicações (QOECom), Armamento (QOEArm),

Fotografia (QOEFot), Meteorologia (QOEMet), Controle de Tráfego Aéreo (QOECTA) e

Suprimento Técnico (QOESup).

A inscrição para o concurso do CFOE, de acordo com o item 2.2.1.4, exige:

a) ser voluntário(a); b) ser militar da ativa do Grupamento Básico do QSS, do CPGAER, de especialidade compatível com o quadro a que pretende concorrer, conforme tabela constante do Anexo “A”; c) possuir , até a data da matrícula no CFOE, oito anos de serviço no QSS; d) possuir os requisitos técnico-operacionais inerentes a sua especialidade, conforme Anexo “B”; e) não ter completado 41 anos de idade até 31 de dezembro do ano da inscrição no processo seletivo ao CFOE; f) ter concluído ou estar em condições de concluir, com aproveitamento, o Ensino Médio, conforme legislação vigente, de forma que possa apresentar, por ocasião da habilitação à matrícula no CFOE, o certificado de conclusão do referido curso, expedido por estabelecimento de ensino reconhecido por Órgão competente; g) estar classificado(a), no mínimo, no “Bom Comportamento” durante o período compreendido entre a data da inscrição e a de matrícula no CFOE; h) ter sido promovido(a), pelo critério de merecimento, à graduação que possuir na data da inscrição; i) não estar respondendo a processo criminal na Justiça Militar ou Comum; j) não possuir registros criminais referentes a decisões judiciais condenatórias transitadas em julgado; k) não estar cumprindo pena por crime militar ou comum; e l) não ter sido, anteriormente, desligado(a) de curso ou estágio ministrado em estabelecimento militar de ensino por motivo disciplinar ou de conceito moral. (BRASIL, 2011, p. 9)

O CFOE tem a missão de formar o graduado habilitando a “suprir as

necessidades de Oficiais Especialistas, para o preenchimento de cargos e para o

exercício de funções especificas, bem como para a assunção de cargos e funções

afetas aos Oficiais de Carreira”. A diferença do curso para o estágio é, quanto à

capacitação, tornar apto, o graduado, a desempenhar funções não só de oficial

especialista, mas também dos oficiais oriundos da Academia da Força Aérea.

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O curso tem duração de 2 períodos letivos de 45 semanas cada e abrange

conhecimentos nos Campos Geral, Militar e Técnico-Especializado. Durante o curso o

aluno permanece concorrendo às promoções normais como integrante do Corpo de

Graduados. Concluído o CFOE, o militar é nomeado Segundo Tenente e formado no

grau de tecnólogo. A transferência será feita de acordo com a classificação gerada ao

término do curso. Caso o militar não conclua, retorna a OM de origem e se mantém nas

atividades normais, na graduação de direito. O CFOE habilita o militar chegar até o

posto de Coronel.

Similar ao que acontece quando se compara o plano de carreira dos graduados

MB ao do EB, na FAB a grande vantagem é o recrutamento interno, que seleciona, no

universo de sargentos motivados e alinhados aos princípios da Força Aérea, os seus

Oficiais Especialistas num médio prazo da carreira.

Para o objeto formal de estudo, o plano de carreira dos graduados da FAB

servirá como parâmetro, à luz das teorias motivacionais descritas nesta dissertação,

para possíveis sugestões ao novo plano de carreira a ser sugerido.

2.6 O PLANO DE CARREIRA EM INSTITUIÇÕES PÚBLICAS FEDERAIS

Atualmente, uma das causas de evasão dos sargentos do EB é, conforme dados

do DGP, a assunção de cargo público. Os cargos públicos federais são, em particular,

regidos pela Lei 8.112, de dezembro de 1990. Essa lei “dispõe sobre o regime jurídico

dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas

federais” (BRASIL, 1990).

Genericamente, os servidores civis federais estarão sujeitos conforme a Lei

8.112 (BRASIL, 1990) ao que se segue:

a) cumprirão uma jornada de trabalho fixada em quarenta horas semanais,

observado o limite mínimo de seis horas e máximo de oito horas por dia;

b) passado o período probatório, o funcionário público efetivo adquire

estabilidade no cargo público com dois anos de serviço;

c) sobre a remuneração, é assegurada a isonomia de vencimentos para cargos

de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre servidores dos três

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Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou ao

local de trabalho;

d) direito à percepção das indenizações de ajuda de custo, diárias, transporte e

auxílio-moradia.

e) direito à percepção de retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e

assessoramento, gratificação natalina; adicional pelo exercício de atividades insalubres,

perigosas ou penosas, adicional pela prestação de serviço extraordinário, adicional

noturno, adicional de férias, outros adicionais relativos ao local ou à natureza do

trabalho e gratificação por encargo de curso ou concurso;

f) o servidor público federal tem assegurada um Plano de Seguridade Social para

si e seus dependentes. Ao servidor é garantido: aposentadoria; auxílio-natalidade;

salário-família; licença para tratamento de saúde; licença à gestante, à adotante e

licença paternidade; licença por acidente em serviço; assistência à saúde; e garantia de

condições individuais e ambientais de trabalho satisfatórias. Aos dependentes será

proporcionado: pensão vitalícia e temporária; auxílio-funeral; auxílio-reclusão; e

assistência à saúde; e

g) direito à livre associação em sindicatos.

Será apresentado, a seguir, o plano de carreira, bem como algumas

características de cargos em Instituições Públicas Federais nas quais é possível

identificar similaridade funcional com as atividades do EB e a presença de sargentos da

reserva mobilizável não remunerada, excluídos ex-officio da Força Terrestre.

2.6.1 Polícial Rodoviário Federal

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) é, conforme a Constituição Federal (BRASIL,

1988), um “órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em

carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.

A carreira do Policial Rodoviário Federal é regida pela Lei 9.654, de 2 de junho

de 1998. Atualmente, essa carreira, de nível superior, está estuturada em quatro

classes (terceira, segunda, primeira e especial), cada qual com padrões a serem

atingidos para fins de promoção e o consequente aumento do subsídio.

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A progressão e promoção na carreira da PRF são regidas pelo Decreto no 8.282,

de 3 de julho de 2014. A progressão é a mudança de padrão dentro da mesma classe.

A promoção é caracterizada pela passagem do último padrão de uma classe para o

padrão inicial da classe acima.

A progressão respeita o interstício de doze meses de efetivo serviço e resultado

satisfatório (70% das metas estipuladas em ato do dirigente máximo do órgão) na

avaliação de desempenho, que se baseia nos seguintes fatores:

I - produtividade, com base em parâmetros e metas previamente estabelecidos; II - conhecimento de métodos e técnicas necessários ao desenvolvimento das atividades inerentes ao cargo; e III - cumprimento das normas de procedimentos e de conduta no desempenho das atribuições do cargo (BRASIL, 2014).

Para a promoção, além do exigido para a progressão, é necessária a

participação do Policial em eventos de capacitação que habilite o seu ingresso em uma

classe superior.

CARGO CLASSE PADRÃO SUBSÍDIO (R$)

III 12.206,09

ESPECIAL II 11.850,57

I 11.505,41

VI 10.854,16

V 10.538,02

PRIMEIRA IV 10.231,08

III 9.933,09

II 9.643,78

Policial Rodoviário Federal

I 9.362,89

VI 8.616,49

V 8.531,17

SEGUNDA IV 8.446,71

III 8.363,08

II 8.280,27

I 8.198,29

III 6.854,98

TERCEIRA II 6.787,11

I 6.719,91

Quadro 10 – Pano de carreira e remuneração da PRF Fonte: Lei 9.654 (BRASIL, 1998).

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As atribuições gerais de cada classe são, de acordo com a Lei 12.775, de 28 de

dezembro de 2012, as seguintes:

I - Classe Especial: atividades de natureza policial e administrativa, envolvendo direção, planejamento, coordenação, supervisão, controle e avaliação administrativa e operacional, coordenação e direção das atividades de corregedoria, inteligência e ensino, bem como a articulação e o intercâmbio com outras organizações e corporações policiais, em âmbito nacional e internacional, além das atribuições da Primeira Classe; II - Primeira Classe: atividades de natureza policial, envolvendo planejamento, coordenação, capacitação, controle e execução administrativa e operacional, bem como articulação e intercâmbio com outras organizações policiais, em âmbito nacional, além das atribuições da Segunda Classe; III - Segunda Classe: atividades de natureza policial envolvendo a execução e controle administrativo e operacional das atividades inerentes ao cargo, além das atribuições da Terceira Classe; e IV - Terceira Classe: atividades de natureza policial envolvendo a fiscalização, patrulhamento e policiamento ostensivo, atendimento e socorro às vítimas de acidentes rodoviários e demais atribuições relacionadas com a área operacional do Departamento de Polícia Rodoviária Federal (BRASIL, 2012).

Em suma, anualmente o Policial rodoviário muda de padrão e, por consequência,

recebe um aumento em sua remuneração. Em dezoito anos, portanto, o Policial

Rodoviário Federal chega ao topo de sua carreira, rebendo um aumento de R$ 5486,18

em relação ao seu subsidio inicial, que é de R$ 6719,91.

A qualidade de vida é o principal motivo apresentado pelos graduados como

causa para a insatisfação. Na PRF, o policial tem um regime de trabalho menor e um

subsídio maior, quando comparado aos sargentos do EB.

No momento em que há a insatisfação, o colaborador começa a comparar a sua

situação financeira e profissional com a de outras pessoas. Isso é explicado pela teoria

da equidade. Aspectos como os descritos acima, que levam militares a migrarem de

instituição, serão avaliados no novo plano de carreira a ser sugerido.

2.6.2 Agente de Polícia Federal

De acordo com a Constituição Federal (BRASIL, 1988), a Polícia Federal é

instituída por lei como um órgão permanente, organizado e mantido pela União e

estruturado em carreira, destinado a:

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I – apurar infrações penais contra a ordem política e social ou emdetrimento de bens, serviços e interesses da união ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; II – prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; III – exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; e IV – exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União (BRASIL, 1988).

Conforme o site da Polícia Federal (www.pf.gov.br), os cargos existentes são os

de Delegado, Escrivão, Perito Criminal, Papiloscopista e de Agente. Os Agentes de

Policia Federal são os que mais se assemelham ao sargento do EB no que se refere a

atribuições, que são as seguintes:

a) executar investigações e operações policiais na prevenção e na repressão a

ilícitos penais;

b) dirigir veículos policiais;

c) cumprir medidas de segurança orgânica;

d) desempenhar outras atividades de natureza policial e administrativa; e

e) executar outras tarefas que lhe forem atribuídas.

O plano de carreira do Agente de Polícia Federal está, assim, estruturado:

CARGO CLASSE SUBSÍDIO (R$) INTERSTÍCIO

Agente de Polícia Federal

ESPECIAL 13.756,93 -

PRIMEIRA 10.965,77 5 anos

SEGUNDA 9.132,61 5 anos

TERCEIRA 8.702,20 3 anos

O Decreto no 7.014, de 23 de novembro de 2009, disciplina as condições de

promoção da carreira do Policial Federal que possui os seguintes requisitos:

1) o exercício ininterrupto do cargo,

2) a avaliação de desempenho satisfatória; e a

3) conclusão, com aproveitamento, de curso de aperfeiçoamento.

A avaliação do desempenho será baseada em:

I - qualidade e quantidade de trabalho;

Quadro 11 – Pano de carreira e remuneração da PF Fonte: Lei 13.034 (BRASIL, 2014).

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II - iniciativa e cooperação; III - assiduidade e urbanidade; IV - pontualidade e disciplina; V - conhecimento do trabalho e autodesenvolvimento; VI - preparo físico; VII - habilidade para manuseio e porte de arma (BRASIL, 2009).

O curso de aperfeiçoamento “será oferecido pela Academia Nacional de Polícia

ou por entidade oficial de ensino, nacional ou estrangeira, devidamente reconhecida

pelo Departamento de Polícia Federal” (BRASIL, 2009).

Similar ao que acontece com à PRF, na Polícia Federal há quatro promoções,

porém, em 13 anos de serviço. O Agente chega ao topo da carreira com uma variação

salarial de R$ 5054,73 em relação ao salário inicial que é de R$ 8702,20. A jornada de

trabalho é de quarenta horas semanais.

As características desse plano de carreira que influenciam na motivação e na

satisfação serão alvo de avaliação no novo plano de carreira a ser sugerido.

2.7 O PLANO DE CARREIRA DAS POLICIAS MILITARES

Neste subcapítulo serão apresentadas algumas características inerentes às

Polícias Militares (PM), órgãos de segurança pública que atuam conjuntamente com o

EB em algumas operações militares. Os fatores relacionados à PM serão analisados

sob a teoria da equidade a fim de servirem como subsídio para a avaliação das

propostas de plano de carreira dos sargentos.

2.7.1 A relação entre as Polícias Militares e o Exército Brasileiro

Em conformidade com a Constituição Federal (BRASIL, 1988), as PM são órgãos

estruturados em carreira, voltados para a segurança pública estadual e subordinados

aos seus respectivos Governadores de Estado ou do Distrito Federal. Cabem às PM o

policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública.

O Exército Brasileiro tem como missão, por sua vez, a “defesa da Pátria, à

garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da

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ordem” (BRASIL, 1988). A Força Terrestre tem por chefe supremo o Presidente da

República.

Existe uma relação entre o emprego das PM e do Exército: a manutenção da

ordem. Conforme o Decreto 3.897, de 24 de agosto 2001, no momento em que as PM

perdem a sua capacidade de agir nos Estados por indisponibilidade, inexistência ou

insuficiência, o Presidente da República determinará a intervenção federal, por decisão

própria ou por solicitação dos Governadores de Estado, assessorado ou não pelos

Conselhos da República e de Defesa Nacional. Essa intervenção poderá ser feita por

meio do Exército sobre os Estados que tiverem a ordem pública comprometida. Essa

situação aconteceu recentemente no Estado do Espírito Santo, momento no qual o 38º

Batalhão de Infantaria foi empregado, inicialmente, para manter a lei e a ordem naquele

estado devido à greve da PM.

Outra relação que existe entre as PM e a Força Terrestre são as ações conjuntas

em Operações de Apoio a Órgãos Governamentais, a exemplo dos Grandes Eventos

ocorridos no Brasil (Jogos Mundiais Militares, Copa do Mundo, Copa das

Confederações, Jogos Olímpicos e Paralímpicos), assim como as Operações nos

Complexos da Maré e do Alemão, na cidade do Rio de Janeiro. Em todas as situações,

os militares do EB realizaram, entre outras missões, a segurança para a manutenção da

ordem pública e o policiamento ostensivo, ações típicas das PM.

2.7.2 A remuneração das Polícias Militares

A responsabilidade do pagamento da remuneração da PM é de seus respectivos

Estados. Em um levantamento realizado pelo portal de notícias G1, em 11 de fevereiro

de 2017, pode-se perceber que o salário inicial das PM é superior ao soldo inicial do 3º

sargento do EB em 20 dos 27 Estados. A maior diferença está entre o soldo inicial de

um soldado da PMDF que é R$ 6500,00 enquanto o soldo do 3º Sgt recém-formado é

R$ 3325,00.

No momento em que o Exército participa de atividades conjuntas com a PM, ou

faz substituições temporárias, realizando atividades similares e correndo os mesmos

riscos, a comparação é inevitável e pode gerar insatisfação.

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Essa insatisfação, causada por uma percepção de injustiça de distribuição, pode

ser prejudicial para as operações, inclusive. A teoria da equidade explica que os

indivíduos podem apresentar comportamentos como a alteração no esforço exercido,

alteração nos resultados produzidos e a distorção da autopercepção. Esse sentimento

gera os mesmos efeitos quando trazido para a rotina dos quartéis.

O militar altera o seu esforço quando deixa de realizar sua atrubuição com afinco.

Nesse caso, a negligência de aspectos ligados à segurança é um fator a ser

considerado. A alteração nos resultados produzidos pode acontecer no momento em

que não há preocupação com a repecursão das ações. A distorção da autopercepção

pode ser dada pelo fato do militar julgar estar trabalhando mais do que o necessário,

fato mais comum quando há comparação remuneratória por atividades similares.

Quanto ao objeto formal de estudo, essa discrepância salarial torna-se importante,

pois é um fator que gera insatisfação de acordo com a Teoria da Equidade. O novo

plano de carreira a ser sugerido para os graduados do EB, nesse ínterim, precisa levar

em consideração medidas capazes de mitigar essa insatisfação ligada à remuneração,

particularmente quando comparada ao percebido pelos soldados da PM.

Figura 5 – Salário inicial dos soldados das PM no Brasil Fonte: g1.globo.com

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2.8 PLANO DE CARREIRA DOS SGT EM EXÉRCITOS ESTRANGEIROS

Neste subcapítulo serão apresentadas algumas características do plano de

carreira nos Exércitos dos EUA, Chile e Reino Unido com o intuito de identificar

aspectos motivacionais e de satisfação que permitam uma comparação com o que

preconiza o Exército Brasileiro.

2.8.1 O plano de carreira dos Sargentos nos EUA

Serão feitas abordagens sobre a organização, as formas de promoção e a

remuneração das praças no Exército Norte-Americano.

2.8.1.1 A organização das praças

Ord Graduação Simbolo Ord Graduação Simbolo

1 Private

(PVT/PV2)

7 Sergeant First Class

(SFC)

2 Private First Class

(PFC)

8 Master Sergeant

(MSG)

3 Specialist

(SPC)

9 First Sergeant

(1SG)

4 Corporal

(CPL)

10 Sergeant Major

(SGM)

5 Sergeant

(SGT)

11 Command Sergeant Major

(CSM)

6 Staff Sergeant

12 Sergeant major of the Army

1) Private (PVT/PV2)

O PVT equivale ao soldado do Efetivo Variável do EB e não utiliza nenhum tipo

de insígnia. Sua missão é cumprir as ordens emanadas por seus supervisores. Após o

Treinamento de Combate Básico, o PVT é promovido a PV2, que se diferencia por ter

Quadro 12 – A carreira das praças no Exército dos EUA Fonte: www.army.mil

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concluído com aproveitamento o referido treinamento e, assim, possuir capacidade de

empregar os conhecimentos adquiridos.

2) Private First Class (PFC)

Os PV2 são promovidos a PFC após um ano de serviço ativo ou mais cedo, por

solicitação de seu supervisor. A sua missão é, ainda, cumprir as missões emanadas de

seus supervisores. Uma pessoa pode iniciar o serviço militar como PFC caso já tenha

experiência militar anterior à sua incorporação.

3) Specialist (SPC)

São militares com no mínimo dois anos de serviço ativo e possuidor de

treinamento específico. O SPC já pode gerenciar soldados mais modernos. Uma

pessoa pode iniciar o serviço militar como SPC caso já tenha quatro anos de faculdade.

4) Corporal (CPL)

É o líder da menor unidade de combate do Exército dos EUA. O CPL é

considerado o primeiro nível do círculo dos Non Commissioned Officers (NCOs), que

são os Oficiais Não Comissionados. Assim como os Sergeant (SGT), o CPL tem as

responsabilidades quanto ao treinamento individual, apresentação individual e limpeza

de seus subordinados.

5) Sergeant (SGT)

É, tipicamente, o Comandante de uma squad, que no Brasil é chamado de Grupo

de Combate (9 a 10 homens). Considerado por possuir o maior impacto sobre os

soldados, o SGT é o militar que fiscaliza as missões diárias de seus subordinados. Eles

são o exemplo de conduta e padrão a ser alcançado pelos PVT.

6) Staff Sergeant (SSG)

Os SSG comandam, também, um Grupo de Combate, porém tem sob sua

liderança um SGT. Eles são responsáveis por desenvolver, manter e utilizar o máximo

potencial de seus soldados.

7) Sergeant First Class (SFC)

Se comparado com o EB, o SFC é o Sargento Adjunto do Comandante de

Pelotão de Fuzileiros. Geralmente é um militar com 15 anos de serviço ativo e usa sua

experiência profissional para auxiliar nas decisões que sejam de interesse dos soldados

e do País.

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8) Master Sergeant (MSG)

É o Sargento do nível batalhão e, normalmente, o mais antigo. Não possui a

mesma carga de liderança e responsabilidades de um First Sergeant (1SG), no entanto

esperam-se, do MSG, demonstrações de liderança e outros deveres com o mesmo

profissionalismo.

9) First Sergeant (1SG)

Principal NCO do nível companhia: provedor, disciplinador e conselheiro. Instrui

os outros Sargentos, aconselha o Comandante de Companhia e ajuda com o

treinamento dos soldados alistados. Assessora os Oficiais do nível companhia (62 a

190 soldados).

10) Sergeant Major (SGM)

Atuando sem supervisão, espera-se que o conselho de um SGM seja calmo,

eficaz e preciso - com entusiasmo inabalável. Fornece recomendações ao comandante

e ao pessoal, e executa políticas e padrões sobre o desempenho, treinamento,

aparência e conduta do pessoal alistado. A esfera de influência em relação à liderança

é geralmente limitada àqueles diretamente sob sua responsabilidade. Auxilia os Oficiais

no nível batalhão (300 a 1.000 Soldados).

11) Command Sergeant Major (CSM)

Sua experiencia e habilidades são iguais as de um SGM, no entanto pode

influenciar mais pessoas. Auxilia os Oficiais no nível da brigada (3.000 a 5.000

Soldados).

12) Sergeant Major of the Army

Só existe um Sergeant Major of the Army. Essa

graduação é a epítome do que significa ser um

sargento. Ele supervisiona todos os NCOs e, além

disso, presta serviço como conselheiro sênior dos

alistados e consultor do Chefe do Estado-Maior do

Exército, um General de quatro estrelas. Atualmente,

o militar que ocupa essa nobre função é o Sergeant

Major of the Army Daniel A. Dailey, jurado como o 15º

na função no dia 30 de janeiro de 2015. Figura 6 – Daniel A. Dailey Fonte: www.army.mil

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2.8.1.2 As promoções dos Sargentos no Exército dos EUA

Em conformidade com o Regulamento do Exército Norte Americano 600-8-19

(EUA, 2010) que trata das promoções dos militares alistados, é possivel identificar os

seguintes critérios para a montagem do quadro de acesso para as promoções:

Critério Descrição do critério

Recommend by the CDR O militar precisa ter parecer favorável de seu Comandante.

Membership Ser um membro da Reserva do Exército.

Promotable status O militar deve atender aos critérios regulamentares de promoção.

Civilian education Deve possuir diploma de ensino médio ou equivalente.

MOS O militar deve possuir uma especialidade de ocupação militar.

Physical requirements Apresentar qualificação física e de saúde conforme os critérios.

Proper grade. Deve possuir graduação abaixo da qual está sendo promovido.

Position vacancy Existência de claros para as promoção não permanentes.

APFT Nota de aprovação do Teste Físico dentro de 12 meses da data da

montagem do quadro de acesso.

NCOES Possuir os cursos do sistema de educação dos NCOs necessários

para cada graduação.

TIMIG requirements. Tempo mínimo na graduação.

TIS requirement. Tempo mínimo de serviço.

Cumulative enlisted service Tempo acumulado desde a data de alistamento.

Age Não exceder a idade para cada graduação.

Height/ Weight Peso e altura compatíveis com os critérios estabelecidos para a

promoção.

Retention O militar não pode extrapolar o tempo máximo de serviço para a

graduação atual.

Security clearance Os militares devem possuir habilitação de segurança apropriada.

Weapons qualification score Classificação mínima como atirador.

Board Appearence Não comparecer perante a comissão de promoção.

Soldiers removed from a

PPRL

Os soldados removidos da lista permanente de promoção devem

esperar um ano para estarem aptos novamente.

Quadro 13 – Critérios gerais para a promoção dos militares alistados Fonte: Army Regulation 600-8-19 (EUA, 2010)

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As promoções podem ser divididas em zonas primárias ou secundárias. As

zonas primárias são os quadros de acesso montados para as promoções dentro dos

tempos médios de permanência na graduação. As zonas secundárias são criadas para

a promoção de militares com alto rendimento e que alcaçam a promoção antes do

tempo previsto pelo interstício.

Atendido os demais critérios, a promoção de SGT a SGM acontecem conforme o

interstício apresentado pela tabela abaixo, onde NA significa “não aplicável":

Graduação TIMIG TIS CES

SGT 12 meses NA NA

SSG 18 meses NA NA

SFC 24 meses 9 anos 6 anos

MSG 24 meses 13 anos 8 anos

SGM 24 meses 16 anos 10 anos

Quadro 14 – Interstício entre SGT e SGM Fonte: Army Regulation 600–8–19 (EUA, 2010).

“As posições de liderança (1SG/ CSM) serão preenchidas através de um

processo de entrevista de Soldados encontrados mais qualificados durante o processo"

(EUA, 2010). A designação do Sergeant Major of the Army será feita por indicação.

2.8.1.3 A remuneração dos Sargentos do Exército dos EUA

Os Sargentos do Exército dos EUA recebem um pagamento básico, que é o

soldo, abonos salariais para aumentar a qualidade de vida e adicionais sobre atividades

desempenhadas.

O pagamento básico varia de acordo com a graduação do militar e o seu tempo

de serviço. Sobre isso é importante destacar que um graduado em final de carreira

recebe mais que do que um oficial em início de carreira. A tabela de soldos apresenta

essa prática desenvolvida pelo Ministério da Defesa dos EUA.

Um 1SG com 30 anos de serviço recebe um soldo de US$ 5777,70, enquanto

um Segundo Tenente recém-formado recebe um soldo de US$ 2972,40. Para fins de

comparação, o valor recebido pelo mesmo 1SG está entre o soldo de um Tenente

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Coronel (US$ 5224,50) e de um Coronel (US$ 6267,00), considerando o soldo básico

desses Oficiais.

Os abonos salariais mais comuns são o Basic Allowance for Subsistence (auxílio

alimentação) e o Basic Allowance for Housing (auxílio moradia). Além deles, ainda

existem: o auxílio para localidades de alto custo de vida, auxílio para movimentação,

auxílio para separação de dependentes.

Além disso, existe o pagamento de adicionais para militares que exercem

atividades de risco, vivem em localidades especiais, são habilitados em idioma

estrangeiro, exercem atividades de voo ou atividade de mergulho.

As características referentes ao plano de carreira dos sargentos dos EUA serão

importantes para a proposta de um novo plano de carreira dos sargentos do EB. Os

pontos fortes deste plano de carreira serão analisados, a fim de que sejam observados

fatores que favoreçam a satisfação e a motivação. Por fim, serão utilizados na proposta

do plano de carreira dos graduados.

2.8.2 O plano de carreira dos Sargentos no Reino Unido

Serão feitas abordagens sobre a organização, as formas de promoção e a

remuneração das praças no Exército do Reino Unido.

2.8.2.1 A organização das praças

As praças do Exército do Reino Unido são organizadas da seguinte forma:

1) Private

Ao concluir a 1ª Fase do Treinamento, todos os novos soldados começam como

Privates, embora o título possa ser Trooper (infante), Gunner (artilheiro), Signaller

(comunicante), Sapper (engenheiro), Guardsman (guarda), Rifleman (atirador) ou

mesmo Kingsman (guarda real) dependendo do Corpo ou Regimento.

2) Lance Corporal

A promoção para Lance Corporal pode acontecer após a 2ª Fase do Treinamento

ou após cerca de 3 anos como Private. Nessa graduação, os militares são obrigados a

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supervisionar uma pequena equipe de até quatro soldados, denominada Seção. Como

Lance Corporal, o militar também tem a opção de se especializar e realizar treinamento

militar especializado.

3) Corporal

A promoção para esta graduação acontece entre 6 e 8 anos de serviço,

dependendo da capacidade de liderança do militar. Como Corporal, o militar pode

receber adicionais por qualificações na graduação e pelo desempenho da função de

instrutor. Eles lideram mais soldados e podem receber a responsabilidade para

manuseio de armamentos e tanques.

Ord Graduação Simbolo

1 Private

2 Lance Corporal

3 Corporal

4 Sergeant

5 Staff/Colour Sargeant

6 Warrant Officer Class 2

(Company/Squadron Sergeant Major)

7 Warrant Officer Class 1 (Regimental Sergeant Major)

4) Sergeant

Nessa graduação, o militar assume um papel de sênior pela responsabilidade. É

promovido, normalmente, após 12 anos de serviço dependendo de suas habilidades.

Os Sergeants assumem a função similar a de Adjunto de Comandante de Pelotão de

Fuzileiros no Brasil, sendo corresponsável por 35 soldados. Ele desempenha a

importante função de aconselhar e ajudar os oficiais subalternos.

Quadro 15 – Carreira das praças no Exército do Reino Unido Fonte: www.army.mod.uk

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5) Staff/Colour Sergeant

Alguns anos mais tarde, o Sergeant é promovido a Staff Sergeant ou Colour

Sergeant. Nessa graduação, o militar continua desempenhando um papel de sênior que

combina o homem com a gestão de recursos de aproximadamente 120 soldados. Pode

também exercer o comando de pelotão.

6) Warrant Officer Class 2 (Company/ Squadron Sergeant Major)

Este é um papel da gerencia sênior que focaliza no treinamento, no bem-estar e

na disciplina de uma companhia, esquadrão ou bateria com cerca de 120 soldados. Os

Warrant Officer Class2atuam como conselheiros senior do Major em comando de

subunidade e também pode ser selecionado para uma comissão como Oficial.

7) Warrant Officer Class 1 (Regimental Sergeant Major)

É o posto mais alto que um soldado pode atingir no Exército Britânico. O militar

chega a Warrant Officer Class1 após 18 anos de excelentes serviços prestados. Esses

oficiais atuam como conselheiros superiores do oficial comandante de sua unidade,

composta por até 650 oficiais e soldados, com responsabilidades sobre de liderança,

disciplina, bem estar do pessoal e equipamentos.

2.8.2.2 A promoção dos graduados do Exército do Reino Unido

Uma característica do Exército Britânico é a preocupação e o esforço que faz

para que seus soldados tenham o treinamento e as habilidades necessárias para a

promoção.

Há na grade de ensino do Exército, um Programa de Comando, Liderança e

Gestão (Command, Leadership and Management - CLM), que tem caráter obrigatório

para os militares selecionados para promoção para o posto de NCO. O objetivo do

programa é melhorar o desempenho dos soldados, tanto em quartéis quanto em

operações. Os cursos do CLM preparam os soldados para as tarefas que irão realizar

durante suas carreiras militares.

O programa de CLM é composto de quatro níveis:

1) Pre Non-Commissioned Officer (PNCO);

2) Junior Non-Commissioned Officer (JNCO);

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3) Senior Non-Commissioned Officer (SNCO); e

4) Warrant Officer (WO).

O programa desenvolve habilidades de liderança, de gestão, básicas de apoio e

a ampliação do conhecimento militar profissional. Peritos e capacitados, os soldados

tornam-se credenciados, inclusive, para o desempenho de atividades no meio civil

quando saem do Exército.

A conclusão, com aproveitamento, da primeira parte do programa é um

elemento-chave para qualificar o indivíduo para a promoção imediata, enquanto a

conclusão das Segunda e Terceiras partes qualifica o indivíduo para a subseqüente

promoção.

Os elementos educativos do programa CLM são projetados para preparar um

soldado para a promoção ao próximo posto, dando-lhes as habilidades e

conhecimentos que necessitarão para operar, eficazmente, quando assumirem funções

de comando. Cada curso baseia-se no anterior e, ao mesmo tempo, introduz novos

materiais conforme necessidade.

O CLM abrange as seguintes capacidades: liderança; gestão; comunicação;

conhecimento profissional; e desenvolvimento pessoal. Todos os níveis do programa

CLM contam como créditos pelos quais os soldados adquirem qualificações

profissionais em gestão que lhes habilitam a desempenharem atividades laborais civis.

2.8.2.3 A remuneração dos Sargentos do Exército do Reino Unido

Os graduados britânicos recebem um pagamento básico, que é o soldo, e

abonos salariais para aumentar a qualidade de vida. O pagamento básico varia de

acordo com a graduação do militar e o seu grau de especialização em cursos militares e

de gestão. O Exército Britânico incentiva seus militares a buscarem o aperfeiçoamento

pessoal, escalonando a tabela de pagamento em níveis de conhecimento. Quanto

maior a especialização, maior o soldo do militar na graduação.

Além desse escalonamento, a tabela de soldo é dividida em Higher Band (faixa

mais alta) e Lower Band (faixa mais baixa). A faixa mais alta é voltada para as

seguintes especialidades: desenhista; músico; enfermeiro; técnico de edificações;

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topógrafo; técnico de radiologia; engenheiro de combate e técnico em odontologia. A

faixa mais baixa atende as demais especialidades.

Assim como no Exército dos EUA, um graduado em final de carreira recebe mais

que um oficial em início de carreira. Um Warriant Officer Class1(WO1) recebe um soldo

de £$ 40.343,00 por ano, enquanto um Segundo Tenente recém-formado recebe um

soldo de £$ 25.727,00 por ano. Para fins de comparação, o valor recebido pelo (WO1)

está entre o soldo de um Capitão (£$ 39.629,00) e de um Major (£$ 49.918,00),

considerando todos no primeiro nível.

As características referentes ao plano de carreira dos sargentos do Reino Unido

serão importantes para a nova proposta de carreira dos sargentos do Exército

Brasileiro. Os pontos fortes deste plano de carreira que favoreçam a satisfação e a

motivação poderão ser utilizados para a aplicação na nova proposta de plano de

carreira a ser apresentado como produto deste trabalho científico.

2.8.3 O plano de carreira dos Sargentos no Chile

Serão feitas abordagens sobre a organização, as formas de promoção e a

remuneração das praças no Exército do Chile que servirão de parâmetro para a

comparação com atul plano de carreira. Dessa avaliação comparativa, serão retirados

os fatores que contribuam para a satisfação e motivação.

Variação 3 Faixa ALTA (Anual) Faixa BAIXA (Anual)

Sargento

Nível 7 £38,597 £35,653

Nível 6 £37,887 £35,383

Nível 5 £37,176 £34,202

Nível 4 £36,466 £33,333

Nível 3 £36,012 £32,999

Nível 2 £35,122 £32,190

Nível 1 £34,236 £31,368

Quadro 16 – Folha de pagamento do Sargento Britânico Fonte: www.armedforces.co.uk

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2.8.3.1 A organização das praças

Os graduados chilenos estão enquadrados no círculo chamado de Cuadro

Permanente. O plano de carreira dos sargentos chilenos tem como pilares a tecnologia

e a chefia, podendo ser descrita da seguinte maneira:

1) os cabos, em geral, estão envolvidos diretamente com a parte tática e técnica;

2) os 2º Sargentos (SG2) desempenham atribuições de staff;

3) os 1º Sargentos (SG1) são auxiliares de EM e de Comandantes;

4) os Suboficiais (SOF) estão ligados à doutrina;

5) os Suboficiais (SOM) lideram processos e assessoram seus comandantes

com orientações, desenvolvimento de competências pessoais e profissionais do quadro

permanente. São selecionados pelos critérios pessoais (intelectual e personalidade) e

profissionais (trajetória profissional e qualificações).

Ord Graduação Simbolo

1 Cabo (CBO)

2 Cabo 2º (CB2)

3 Cabo 1º (CB1)

4 Sargento 2º (SG2)

5 Sargento 1º (SG1)

6 Suboficial (SOF)

7 Suboficial Mayor (SOM)

Quadro 17 – Graduações no Exército do Chile Fonte: www.escueladesuboficiales.cl

6) Suboficial Mayor del Ejército

Assim como nos EUA, o Exército Chileno possui a figura de um Suboficial Mayor

del Ejército, militar de carreira oriundo dos SOM, que materializa a valorização da praça

no âmbito da Força Terrestre Chilena. É o militar que realiza as funções atinentes aos

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SOM, só que diretamente ligado ao Comandante da Força Terrestre Chilena.

Atualmente, o detentor dessa nobre função no Exército Chileno é o SOM Julio Alberto

Peña Bustamante.

2.8.3.2 As promoções dos Sargentos no Exército Chileno

As promoções no Exército Chileno estão previstas no Estatuto del Personal de

las Fuerzas Armadas (CHILE, 1997). A ascensão dos graduados no Exército Chileno é

similar ao que acontece no Brasil. Os integrantes do Quadro Permanente devem estar

classificados nas Listas No1 ou No2. A primeira lista organiza os militares pelo

merecimento e a segunda lista organiza os militares por antiguidade.

Um dos requisitos para promoção é a aprovação prévia nos cursos que habilitem

o militar a desempenhar as funções da graduação superior. Esses cursos poderão ser

de “aplicação, especialização, aperfeiçoamento, supervisão, de comando, de

administração ou de outros que determinem a regulamentação institucional” (CHILE,

1997).

Os militares que não tiverem sucesso nos cursos para a classificação ao quadro

de acesso serão julgados pela Junta de Seleção para averiguar a permanência do

militar na Instituição. À critério do Comandante da Diretoria de Pessoal, não havendo

inconveniente para o serviço, o militar poderá ser requalificado para o desempenho de

outra função.

Figura 7 – SOM del Ejército de Chile Fonte: www.ejercito.cl

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Além dos cursos, os militares deverão seguir, de acordo com sua qualificação,

graduação e especialidade os seguintes requisitos, segundo o Artigo 64 do Estatuto:

a) Estar en posesión de la licencia de educación media o equivalente. b) Aprobar programas de adiestramiento o entrenamiento em el trabajo. c) Aprobar exámenes de conocimiento o capacitación para acreditar determinado nivel teórico o práctico em su especialidad. d) Cumplirlos requisitos de embarco o tropa y desempeño profesional acordes com su grado y especialidade (CHILE, 1997).

Traduzindo, os graduados deverão possuir documento comprobatório de

conclusão do ensino médio, aprovação nos programas de adestramento e capacitação

para o trabalho, estar aprovado no exame de técnico de capacitação à próxima

graduação e ter cumprido o tempo de tropa e desempenho profissional de acordo com

sua graduação e especialidade.

O interstício entre as graduações de linha regular é de: 3 anos entre as

graduações de Cabo e Cabo 2º; 6 anos entre as graduações de Cabo 2º e Cabo 1º e de

Cabo 1º e Sargento 2º; 5 anos entre as graduações de Sargento 2º e Sargento 1º e de

Sargento 1º e Suboficial; e por fim de 4 anos entre Suboficial e Suboficial Maior.

Figura 8 – Plano de Carreira dos Suboficiais do Exército Chileno Fonte: www.escueladesuboficiales.cl

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As promoções a SOM possuem algumas peculiaridades. Essa graduação é

preenchida mediante vagas disponíveis. Os SOF pretendentes a essa graduação

durante todo o tempo como SOF só poderão concorrer à promoção na Lista No1.

2.8.3.3 A remuneração dos Sargentos do Exército Chileno

A remuneração no Exército Chileno é composta de um soldo base e uma série

de bonificações comuns a todas as graduações, exceção feita à bonificação por

desempenhar função de comando, que começa a ser paga a partir de CB1, e a

bonificação de compensatória, que é paga até SG2. Algumas bonificações são comuns,

em valores, a qualquer graduação. Do CB ao SOM, a bonificação de Rancho (auxílio

alimentação) é de ₱$ 19.394,00.

No Chile, o graduado em final de carreira recebe mais que do que um oficial em

início de carreira. Um SOM recebe uma remuneração bruta de ₱$ 1.647.893,00, por

mês, enquanto um Alferes recebe uma remuneração bruta de ₱$ 860.405,00, por mês.

Para fins de comparação, o valor recebido pelo SOM está entre o soldo de um Primeiro

Tenente (₱$ 1.427.322,00) e de um Capitão (₱$ 1.855.615,00).

As características referentes ao plano de carreira dos sargentos do Chile serão

importantes para a nova proposta de carreira dos sargentos do Exército Brasileiro. Os

pontos fortes deste plano de carreira que favoreçam a satisfação e a motivação

poderão ser utilizados como critérios de aplicação na nova proposta de plano de

carreira dos graduados do Exército Brasileiro.

Graduação Interstícios (anos)

SOM -

SOF 4

SG1 5

SG2 5

CB1 6

CB2 6

CBO 3

Quadro 18 – Interstício do Quadro Permanente do Exército Chileno Fonte: Estatuto del Personal de las Fuerzas Armadas (CHILE, 1997).

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3 METODOLOGIA

Este estudo foi elaborado utilizando-se do processo científico, fundamentado em

Gil (2002); Neves e Domingues (2007); e Rodrigues (2006). Será apresentado, nesta

seção, o detalhamento da metodologia utilizada.

3.1 OBJETO FORMAL DE ESTUDO

Esta dissertação de mestrado pretende apresentar uma proposta de plano de

carreira para os graduados do EB no modelo em Y (variável independente), à luz de

teorias motivacionais. Ao final, será feita uma avaliação dessa proposta procurando

analisar a influência dos novos aspectos inerentes à proposição apresentada, no intuito

de verificar as possíveis influências sobre a motivação e satisfação (variáveis

dependentes) dos sargentos de carreira.

A variável independente é representada pela nova proposta de carreira da para

os graduados do Exército Brasileiro, à luz de teorias motivacionais e no modelo em “Y”.

O trabalho está direcionado pela hipótese de estudo, que acredita na proposta, a ser

apresentada, como uma solução para os problemas que envolvem a desmotivação ou

insatisfação dos graduados com seu respectivo e atual plano de carreira.

Para o estudo da variável independente serão observadas as seguintes

dimensões: satisfação, motivação, evasão, perfil profissional dos graduados.

As medições dessas variáveis estarão pautadas em análises qualitativas com

base em teorias motivacionais, no caso da satisfação e motivação, além de uma análise

quantitativa alicerçada nos resultados obtidos pelo questionário para o perfil profissional

dos graduados assim como o estudo da evasão entre os militares oriundos das escolas

de sargentos. Essa evasão será estudada através da tabulação e apresentação, em

forma de gráficos, de dados originados do DGP, atinentes às três escolas de formação

de sargentos no período de 1986 e 2015, exceção feita ao CIAvEX, que iniciou o

processo de formação de sargentos a partir de 1995.

As variáveis dependentes são aquelas que em função da proposta irão ser

modificadas: a satisfação e a motivação dos graduados com o plano de carreira.

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A satisfação será estudada com base na Teoria da Hierarquia das Necessidades

de Maslow. Além dessa, será utilizada a Teoria dos Dois Fatores, que terá o estudo

limitado, na dimensão satisfação, em salário e qualidade de vida.

A motivação será analisada com base nas Teorias da Expectativa, Equidade,

Fixação das Metas e Dois Fatores, que terá o estudo limitado, na dimensão motivação,

reconhecimento e realização. Essas teorias motivacionais permitirão a avaliação da

proposta a ser apresentada, bem como se as variáveis dependentes serão atendidas

de acordo com os novos critérios da nova proposta de plano de carreira.

A fim de elucidar o estudo das variáveis neste trabalho, podem-se observar os

seguintes quadros:

1) Quadro da variável independente

Variável Independente

Dimensão Indicadores Forma de Medição

Proposta de Plano de Carreira em “Y”

Satisfação Características da proposta

de Plano de Carreira em “Y”

Análise qualitativa com base em teorias

motivacionais

Questionário Plano de Carreira das

Praças Nr 14 a 16.

Motivação Características da proposta

de Plano de Carreira em “Y”

Análise qualitativa com base em teorias

motivacionais

Questionário Plano de Carreira das

Praças Nr 14 a 15.

Evasão Índices de evasão Tabulação dos

dados originados do site do DGP

Perfil Profissional Graduados

Percentual de graduados que atendem aos aspectos

de valorização do mérito

Questionário Plano de Carreira das

Praças Nr 3 a 13.

Quadro 19 – Quadro de variável independente Fonte: o autor.

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2) Quadro das variáveis dependentes

Variável Dependente Dimensão Indicadores Forma de Medição

Satisfação

Fator Higiênico

- Salário

- Qualidade de vida

Avaliação da nova proposta de plano de carreira no modelo

em “Y”.

Necessidades Humanas

Satisfação das necessidades humanas (Teoria de Maslow).

Motivação

Fatores Motivacionais

- Reconhecimento

- Realização

Expectativa com a carreira

- Identificação de pontos geradores de expectativa ao longo da carreira.

Metas ao longo da carreira

- Identificação de metas claras e objetivas ao longo da carreira.

Equidade - Comparação dos planos de carreira em estudo.

Quadro 20 – Quadro de variáveis dependentes Fonte: o autor.

Diante disso e baseado nas hipóteses elencadas, o objeto formal estudo é a

criação de uma nova proposta de plano de carreira para graduados, à luz de teorias

motivacionais e no modelo em “Y”, para fins de mitigar a desmotivação e a insatisfação

dos subtenentes e sargentos quanto à carreira.

Este estudo permitirá alcançar:

a) a identificação do atual perfil profissional dos sargentos e dos aspectos

relevantes sobre o vigente plano de carreira das praças;

b) o levantamento das causas de insatisfação/ desmotivação com o plano de

carreira de acordo com as teorias de motivação;

c) levantar pontos fortes que incidam sobre a satisfação e motivação em outros

plano de carreira de graduados das Forças Armadas coirmãs e estrangeiras, além de

outros órgãos de segurança pública;

d) levantamento percentual da evasão de sargentos do Exército Brasileiro e a

análise dos aspectos que levam a esse comportamento;

O assunto estudado é muito vasto e estará, por essa razão, limitado:

a) pela apresentação da proposta de plano de carreira dos graduados

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alicerçadas somente pelas teorias motivacionais elencadas na revisão de literatura

deste trabalho, desconsiderando outras teorias existentes, similares às apresentadas e

que não seriam relevantes no estudo;

b) pela comparação, e as consequências na equidade, dos planos de carreira

selecionados (constantes na revisão de literatura), julgados como mais pertinentes

dentre os planos nacionais e internacionais;

c) pela à análise da evasão de militares das fileiras do Exército Brasileiro dentre

as atitudes geradas como consequência da insatisfação ou desmotivação com o

trabalho;

d) pelos resultados obtidos no questionário; e

e) pela ausência de estudos referentes à legalidade de aplicação da proposta e à

viabilidade orçamentária.

3.2 AMOSTRA

A amostra material foi adquirida através da bibliografia documental sobre o atual

plano de carreira das praças do Exército Brasileiro, Marinha do Brasil, Força Aérea

Brasileira, Exército dos Estados Unidos, Exército do Reino Unido e Exército Chileno.

Além disso, foram buscadas bibliografias documentais sobre o plano de carreira da

Polícia Rodoviária Federal e Agente de Polícia Federal. Para criar a base científica,

foram estudadas bibliografias de autores renomados sobre as teorias motivacionais e

teoria geral da administração.

Para a amostragem de pessoal, foram elencados, como população, os

Subtenentes e Sargentos de carreira do EB impactados pelas padronizações do atual

plano de carreira e pelas possíveis mudanças na proposta de plano de carreira a ser

elaborada neste estudo. O Exército Brasileiro possui um efetivo de 31.465 graduados

de carreira. Levando-se em consideração uma heterogeneidade de 50%, para garantir

a influência de fatores temporais, espaciais e comportamentais sobre a população, uma

margem de erro de 5% e um nível de confiança de 95%, a amostra a ser estudada será

de 380 graduados de carreira. Com esses parâmetros, tem-se uma amostra que

permite a inferência dos resultados obtidos sobre a população.

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Para que chegasse à amostra foi utilizada a calculadora amostral fornecida pelo

site netquest.com, na rede mundial de computadores, acessado em 20 de maio de

2017. A calculadora amostral permite a inserção dos números relativos à população e

aos parâmetros que garantem uma amostragem significativa, resultando o quantitativo

da amostra sem o uso de fórmulas matemáticas.

3.3 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Este trabalho utiliza-se do método dedutivo, pois é pela ideia geral da

apresentação dos dados que será obtida a particularidade do objeto formal do estudo e,

desse modo, chegar à conclusão sobre a eficácia da nova proposta do plano de carreira

para os graduados do EB como solução para a problemática. Como a finalidade deste

estudo é propor um novo modelo de plano de carreira para os graduados, procurando

dar soluções às possíveis oportunidades de melhoria no corrente plano, o tipo de

pesquisa é, quanto à natureza, aplicada.

A fim de se obter a confirmação das hipóteses, foram utilizadas as seguintes

técnicas: pesquisa bibliográfica, por meio de consultas a livros, artigos científicos e

dicionários; pesquisa documental, mediante de consultas às leis, portarias, decretos e

regulamentos; e o levantamento para obter as informações da população acerca das

questões a serem analisadas.

O estudo estará delimitado cronologicamente pelas fontes de consulta em vigor

acerca do objeto formal de estudo. A população será composta pelos sargentos de

carreira do EB.

O estudo terá por alcances:

a) apresentar um panorama sobre a atual conjuntura mundial do mercado de

trabalho e a influência das gerações X e Y sobre o comportamento organizacional

dentro do EB;

b) a integração das teorias motivacionais para alicerçar a proposta de um plano

de carreira no modelo em “Y”, para fins de mitigar as causas de insatisfação e

desmotivação dos graduados com o sua respectiva carreira;

c) sabedor das causas determinantes para esse sentimento, analisar os índices

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de evasão e buscar respostas para as prováveis causas da saída de militares das

fileiras do Exército Brasileiro;

d) dos graduados de carreira que permanecem no serviço ativo, identificar o seu

perfil profissional com base nos parâmetros utilizados na valorização do mérito no EB,

analisando os resultados obtidos pelo questionário; e

e) de posse da relação de pontos fortes dos planos de carreira estudados nesta

dissertação, propor uma linha de ação de fluxo na carreira em “Y”, respaldada pelas

teorias motivacionais.

As limitações para a aplicação dos resultados desta dissertação de mestrado

estarão na falta de leis, decretos e portarias que amparem a execução da linha de ação

proposta, que será montada com base nas teorias motivacionais, teoria geral da

administração e pontos fortes das linhas de carreira elencadas na revisão de literatura.

Além disso, outra limitação é a falta de previsão orçamentária que atenda a demanda

apresentada na linha de ação a ser proposta.

3.3.1 Procedimentos para a revisão da literatura

Com o propósito de criar o arcabouço literário que sustente a teoria para

confecção desta dissertação, foram buscadas as leis, decretos, portarias, regulamentos

e livros diretamente relacionados ao objeto formal de estudo, disponível na rede

mundial de computadores e na biblioteca da Universidade do Paraná, com sede em

Guaíra.

Como estratégia de busca para as bases de dados eletrônicas, foram utilizados os

seguintes termos descritores: “plano de carreira dos sargentos”; “Exército do Chile”;

“Exército do Reino Unido”; “Exército dos Estados Unidos”; “promoção dos sargentos do

Exército”; “valorização do mérito Exército”; “plano de carreira graduados”; “Quadro

Auxiliar de Oficiais do Exército”; “CHQAO”; “Quadro de Oficiais Especialistas da

Aeronáutica”; “Quadro de Oficiais Auxiliares da Marinha”; “remuneração Forças

Armadas”; “plano de carreira praças Marinha”; “plano de carreira praças FAB”;; “carreira

da Policia Rodoviária Federal”, carreira do Agente de Polícia Federal”.

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3.3.2 Procedimentos metodológicos

Até a coleta de dados, foi feito um trabalho investigativo, por meio de um

questionário misto com fins exploratório, procurando as razões pelas quais há

sargentos insatisfeitos ou desmotivados com a carreira e buscando opções de trabalho

fora do Exército.

Constatado isso, foram buscadas as fontes de dados que apresentassem:

a) o funcionamento do plano de carreira das praças do EB;

b) teorias motivacionais e de administração geral que pudessem explicar os

possíveis motivos dessa insatisfação ou desmotivação;

c) planos de carreira nas forças coirmãs, órgãos de segurança pública e

exércitos estrangeiros que pudessem permitir uma comparação e a visualização de

possíveis oportunidades de melhoria para o plano de carreira no EB; e

d) ações do EB para mitigar os problemas de insatisfação ou desmotivação e a

consequente evasão de militares das fileiras do Exército.

As estratégias utilizadas para a coleta desses dados foram: buscar, na internet e

na biblioteca da Universidade do Paraná (Sede Guaíra), a bibliografia acerca dos

assuntos; e estabelecer contato com militares de forças coirmãs e órgãos de segurança

pública para esclarecer dúvidas sobre seus respectivos planos de carreira.

Os critérios de inclusão utilizados foram: o estudo das leis, portarias, decretos,

documentos, regulamentos e sites oficiais acerca do plano de carreira das praças nas

Forças Armadas, Órgãos de Segurança Pública e Exércitos estrangeiros; e o estudo

das teorias motivacionais e geral da administração.

Os critérios de exclusão utilizados foram: a documentação revogada por leis,

decretos e portarias mais recentes; e os levantamentos que fujam ao objetivo geral de

estudo.

Os dados documentais foram levantados e fichados para viabilizar um estudo

coerente das informações colhidas e permitir uma ordenação lógica dos assuntos.

Sobre o questionário, foi realizado um pré-teste utilizando o aplicativo whatsapp para

estabelecer contato com sargentos participantes da pesquisa.

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94

3.3.3 Instrumentos

Um dos instrumentos utilizados neste projeto foi a coleta documental, empregada

para permitir a formação do alicerce bibliográfico e documental que desse suporte, ao

estudo, pela literatura apresentada.

Com a intenção de obter a informação sobre a evasão de sargentos do EB, foi

realizada uma análise de conteúdo sobre as informações do pessoal contidas no sítio

eletrônico do DGP.

A fim de se ter uma opinião direta dos sargentos sobre o Plano de Carreira das

Praças, foi aplicado um questionário misto. Através da ferramenta Google Docs, foi

estruturado um rol de perguntas diretas e indiretas, disponibilizado no endereço

eletrônico http://goo.gl/forms/fsV7A7b863hmtsgl2. Esse instrumento foi divulgado para

sargentos de carreira em todos os Comandos Militares de Área pelo aplicativo

whatsapp e utilizado para mensurar o perfil profissional dos graduados baseado na

valorização do mérito, suas insatisfações e anseios com a carreira.

3.3.4 Análise de Dados

Para a análise dos dados oriundos da coleta documental, foi feito um fichamento,

a fim de organizar os assuntos em uma ordem lógica, que permitiu um estudo para a

obtenção de conclusões coerentes e o embasamento da solução.

Os dados oriundos do levantamento feito por questionário foram codificados e

organizados em gráficos percentuais. Os dados passaram por uma tabulação simples,

que permitiu uma análise quantitativa das respostas diretas. As respostas originadas

das perguntas indiretas serão analisadas pelo pesquisador e posteriormente

transformadas em um resumo qualitativo.

Por fim, os resultados foram confrontados para se obter a ideia, clara e lógica,

sobre tudo o que foi coletado, o que possibilitou uma conclusão sobre o assunto.

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95

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este capítulo é dedicado à apresentação dos resultados obtidos, sua análise e a

discussão em torno do objeto formal de estudo: a criação de uma nova proposta de

plano de carreira para os graduados do EB, à luz de teorias motivacionais e no modelo

em “Y”, na crença que essa proposição será uma solução para a insatisfação ou

desmotivação dos graduados de carreira (hipótese de estudo - H1).

4.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Em uma definição apresentada pela Empreendedora Endeavor Brasil, o plano de

carreira é um “programa estruturado que estipula o caminho que cada funcionário vai

percorrer dentro de uma organização” (https://endeavor.org.br/plano-de-carreira/).

Constituído de pessoas, as instituições ou organizações não podem descartar a

importância do entendimento sobre as necessidades humanas em satisfazer seus

anseios pessoais utilizando-se do trabalho.

Como foi abordado nesse estudo, foram apresentadas algumas teorias

motivacionais. Segundo Maximiano (2009), existem as teorias que explicam o

comportamento humano pela influência da percepção do colaborador sobre as decisões

impostas pela empresa, chamadas teorias de processo. Existem, também, aquelas que

explicam o comportamento influenciado pelas necessidades individuais, chamadas

teorias de conteúdo.

Um plano de carreira ideal, que proporcione ao colaborador satisfação e

motivação, à luz das teorias motivacionais elencadas neste estudo seria aquele que:

1) pela Teoria da Expectativa, gere a expectação do recebimento de uma

recompensa atraente por meio de seu desempenho pessoal, que é determinado pela

empresa, e que valha o esforço a ser despendido para o seu alcance (ROBBINS, 2008,

p. 55);

2) pela Teoria de Fixação de Metas, tenha metas claras e tangíveis para o alcance

do desempenho. As metas criadas devem ser progressivas e sem subjetividade para

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96

que dê a certeza, ao colaborador, de que está trilhando o caminho certo até o seu

objetivo (ROBBINS, 2008, p. 52);

3) pela Teoria da Equidade, tenha justiça na distribuição e nos processos. Em

outras palavras, que haja salários proporcionais à capacitação e à produtividade do

colaborador, além de isenção quanto à política de recompensas ou promoções

(MAXIMIANO, 2009, p. 258). Isso evita a desmotivação que leva a comparações entre

planos de carreira, tanto interna quanto externamente ao atual ambiente de trabalho

(ROBBINS, 2008, p. 146);

4) pela Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow, proporcione o

atingimento das necessidades básicas, de segurança, sociais, de estima e auto

realização (MASLOW apud ROBBINS, 2008, p.133); e

5) pela Teoria dos Dois Fatores, permita o colaborador estar satisfeito e motivado.

Satisfeito com um salário que permita usufruir uma boa qualidade de vida e motivado

por oportunidades para empregar seus conhecimentos e galgar cargos de

responsabilidade, a fim de conseguir o reconhecimento e a realização profissional

(HERZBERG apud MAXIMIANO, 2009, p. 267)

Quadro 21 – Carreira ideal à luz de teorias motivacionais Fonte: o autor

EXPECTATIVA de desempenho

(Objetivo

pessoal)

METAS claras e tangíveis

(Esforço

compensatório)

DESEMPENHO determinado

(Recompensa)

SATISFAÇÃO - Salário - Necessidades básicas - Necessidades segurança - Necessidade social - Qualidade de vida

MOTIVAÇÃO - Reconhecimento - Necessidade de estima - Necessidade de auto realização - Realização profissional

EQUIDADE Processual – Política de promoções e recompensas

EQUIDADE Distributiva – Promoções, recompensas, salários

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97

Antes de abordar o atual plano de carreira e suas possíveis causas geradoras de

insatisfação e desmotivação entre os graduados, é imprescindível que se entenda o

atual cenário mundial quanto ao mercado de trabalho.

Atualmente, embasado em Chiavenato (2008, p. 89), o mundo está em uma

acelerada modificação devido ao avanço tecnológico, os novos processos de trabalho e

à exigência de inovadores produtos e serviços. O mercado de trabalho está exigindo

cada vez mais de seus colaboradores no sentido de se buscar o aprimoramento e a

especialização em novas competências que supram as atuais necessidades. Além

disso, é fundamental discorrer sobre o comportamento das gerações nesse recente

contexto trabalhista.

Robbins (2008, p. 56) cita quatro gerações trabalhando conjuntamente na

atualidade: veteranos, baby boomers, Geração X e Geração Y. Pelo apresentado, há

uma tendência no aumento do individualismo e na busca do sucesso financeiro-

profissional em curto prazo, à medida que passam as gerações. A fidelidade à empresa

é cada vez menor. Se uma empresa não atende aos anseios do profissional, ele busca

outro local que lhe satisfaça, ou permanece podendo apresentar uma queda na

eficiência.

O Exército Brasileiro é parte deste cenário, e para elucidar essa realidade, foi

realizado, pelo autor, o estudo da evasão dos militares oriundos da EsSA, EsSLog e

CIAvEx, com base no banco de dados do DGP de 2017.

O período selecionado para essa análise foi o compreendido entre as turmas de

formação de 1986 a 2015. Dentro desse intervalo, foi possível colher informações da

EsSA e da EsSLog, que apesar de ter sido criada em 2010, é fruto de uma

transformação da antiga Escola de Material Bélico. Desde 2011, a EsSLog é

responsável por formar e aperfeiçoar os sargentos das qualificações militares técnico-

logísticas, absorvendo assim todo o histórico das escolas de formação anteriores à sua

criação. O período estudado para os militares oriundos do CIAvEx foi o das turmas de

1995 a 2015, devido ao fato de que esse centro de instrução ter iniciado a formação

somente a partir de 1995.

Destarte, procurando relacionar o estudo das gerações de profissionais aos

percentuais de evasão das escolas de formação de sargentos, serão apresentados os

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gráficos 1, 2 e 3, que expõem a evasão de graduados de carreira dividida entre a

Geração X, que é aquela que ingressou no mercado de trabalho de 1985 a 2000, e a

Geração Y, que entrou no mercado de trabalho a partir de 2001.

No eixo vertical desses gráficos, há o percentual da evasão por turma de

formação até o ano de 2015. No eixo horizontal, o ano da turma de formação, que

caracteriza a entrada efetiva do militar na carreira.

Foram considerados, como evasão, os casos de: licenciamento Ex-Officio;

licenciamento a pedido; término ou prorrogação do tempo de serviço; assunção de

cargo público; e ingresso em Força Armada coirmã.

A evasão na EsSA é como se apresenta a seguir:

O que se pode notar, na EsSA, é que há um aumento da evasão à medida que a

Geração X aproxima-se da Geração Y. Além disso, pode-se observar que o pico da

evasão ocorre nas turmas da Geração Y, com a turma de 2004 (21%). Isso traduz que

até o ano de 2015, ou seja, 12 anos após a formação, a turma de 2004 da EsSA perdeu

mais de um quinto de seu efetivo.

Gráfico 1 – Evasão de graduados oriundos da EsSA, por geração. Fonte: o autor

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99

Na EsSLog e no CIAvEx, a evasão foi a seguinte:

Gráfico 2 – Evasão de graduados oriundos da EsSLog, por geração. Fonte: o autor

Gráfico 3 – Evasão de graduados oriundos do CIAvEx, por geração. Fonte: o autor

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100

Similar ao que acontece na EsSA, é notório que na EsSLog e no CIAvEx há um

aumento da evasão à medida que a Geração X aproxima-se da Geração Y. Além disso,

pode-se observar que o pico da evasão ocorre nas turmas da Geração Y, com a turma

de 2003 (29%) da EsSLog e com a turma de 2006 (55%) do CIAvEx. Pode-se inferir

que até o ano de 2015, a turma de 2003 da EsSLog perdeu quase um terço de seu

efetivo, enquanto a turma de 2006 do CIAvEx perdeu mais da metade de seu efetivo.

Outro fator significativo é o aumento percentual de 3º Sgt saindo das fileiras do

EB, como se pode verificar nos gráficos seguintes:

Na EsSA, é possível identificar que a partir de 2001 (geração Y) saíram somente

3º Sgt e 2º Sgt, sendo a maioria da graduação inicial. De 2008 em diante, todos os

militares evadidos foram 3º Sgt. Isso quer dizer que antes mesmo de completar oito

anos de serviço, o sargento egresso da EsSA procura oportunidades fora do Exército

Brasileiro. Isso pode estar relacionado às características da geração associado à falta

de expectativa de ascensão profissional e financeira no atual plano de carreira.

Gráfico 4 – Evasão de graduados oriundos da EsSA, por graduação Fonte: o autor

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101

Na EsSLog e no CIAvEx observa-se o seguinte:

Gráfico 5 – Evasão de graduados oriundos da EsSLog, por graduação Fonte: o autor

Gráfico 6 – Evasão de graduados oriundos do CIAvEx, por graduação Fonte: o autor

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102

Os gráficos 5 e 6 apontaram a mesma idiossincrasia encontrada na EsSA, pois

notório é que entre os militares da Geração Y há uma evasão maior de 3º Sgt. Na

EsSLog isso acontece desde o ano de 2002 e no CIAvEx, só não aconteceu nos anos

de 1995 e 2001.

Essas estatísticas ratificam a relevância que precisa ser dada à atual conjuntura

no que concerne à necessidade de se levar em consideração, no vetor recursos

humanos, as características das novas gerações que adentram no mercado de

trabalho, em especial a Geração Y e as futuras gerações.

Associando todos os dados relativos às gerações, é possível afirmar que a teoria

apresentada por Robbins (2008, p. 56) é observada entre os sargentos do EB.

Foi verificada, ainda, a evasão de sargentos de carreira por curso de formação:

Na EsSA, a maior evasão foi, em média, de militares formados no Curso de

Comunicações. Até 2015, as turmas 2003 e 2004 foram as que mais militares tiveram

saída (30%). Em segundo lugar o Curso de Artilharia, que teve o seu pico de evasão

com a turma de 1999.

Gráfico 7 – Evasão de graduados oriundos da EsSA, por curso de formação Fonte: o autor

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103

Na EsSLog, a maior evasão foi, em média, de militares formados no Curso de

Topografia. Até 2017, a turma 2005 foi a que apresentou maior evasão (72%). O curso

de Música não foi representado graficamente por possuir uma evasão menor que 1%

no período considerado.

Em suma, pode-se afirmar que os maiores índices de evasão estão entre os

cursos com a formação em áreas mais específicas. Fazendo um escalonamento entre

os Cursos de Formação de Sargentos de carreira, o índice de evasão de 1995 a 2015

em uma ordem decrescente é:

1) Topografia, da EsSLog;

2) Aviação, do CIAvEx;

3) Manutenção de Comunicações, da EsSLog;

4) Comunicações, da EsSA;

5) Intendência, da EsSLog;

6) Saúde, da EsSLog;

7) Artilharia, da EsSA;

Gráfico 8 – Evasão de graduados oriundos da EsSLog, por curso de formação Fonte: o autor

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104

Gráfico 9 – Comparativo por curso de formação Fonte: o autor

10,4

6,9

12,8

16

10,2

15

12,6

17

29

13,8

23

0

5

10

15

20

25

30

35

Inf Cav Art Com Eng Int MB Mnt Com Topo Saude Av

8) Material Bélico, da EsSLog;

9) Infantaria, da EsSA;

10) Engenharia, da EsSA; e

11) Cavalaria, da EsSA.

Segundo Robbins (2008, p. 70), a evasão é uma das consequências da

insatisfação, que é fruto de uma insegurança causada pela percepção individual das

pessoas acerca dos assuntos relativos ao trabalho e, principalmente, pela interpretação

daquilo que pode repercutir de forma negativa em suas vidas.

Em um questionário realizado pelo autor em junho de 2017, intitulado Plano de

Carreira das Praças (PCP), participaram 661 graduados de carreira, entre S Ten, 1º

Sgt, 2º Sgt e 3º Sgt.

É importante destacar que os participantes estão distribuídos entre a maioria dos

cursos de formação existentes no Exército Brasileiro e que, ainda, estavam servindo, há

época, em todos os Comandos Militares de Área. Isso é relevante, pois garante à

amostra obtida uma heterogeneidade, diversificando as percepções quanto aos

questionamentos.

Gráfico 9 – Evasão de graduados por curso de formação Fonte: o autor

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105

23,8%

9,0%

11,1%

12,2% 7,1%

4,3%

15,8%

2,1%

4,8% 9,8%

Infantaria

Cavalaria

Artilharia

Comunicações

Engenharia

Saúde

Logistica

Aviação

Topografia

Outros

Gráfico 11 – Participação por curso formação (PCP) Fonte: o autor

Percebe-se que a maior participação na pesquisa foi de 2º Sgt (32%). No

entanto, se analisarmos o gráfico 10 pelo tempo de serviço ativo, a maioria dos militares

participantes, na referida pesquisa, estavam além da metade do tempo da carreira. Os

1º Sgt e S Ten são os maiores participantes, com 50,2% do efetivo total. Pode-se inferir,

portanto, que o maior interesse pelo assunto parte dos militares aperfeiçoados, haja

vista a participação, também, de 2º Sgt com o CAS.

O gráfico 11 apresenta que a participação por curso de formação foi maior entre

os infantes (23,8%).

17,5%

32,2% 21,9%

28,3% 3 Sgt

2 Sgt

1 Sgt

Subtenente

Gráfico 10 – Participação por graduação (PCP) Fonte: o autor

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106

De uma forma genérica, pode-se perceber que a maioria dos militares

participantes são oriundos da EsSA (63,2%), escola que forma os sargentos

combatentes de carreira. Dos militares oriundos da EsSLog, houve uma participação de

34,7% e do CIAvEx, apenas 2,1%. Pode-se deduzir que os militares oriundos da EsSA

são, sobre o objeto formal de estudo, os que mais participaram e, ao mesmo tempo,

são os que apresentam os menores índices de evasão.

O gráfico 12 apresenta a participação dos graduados por Cmdo Mil A. É

perceptível uma maior participação dos militares que servem nos Comandos Militares

do Leste, do Sul e do Planalto (59,3%), nesta ordem. No entanto, os resultados obtidos

e que serão analisados a seguir, correspondem à opinião de graduados servindo em

todos os Cmdo Mil A.

Sobre o aspecto onde a desmotivação direciona os sargentos a realizarem

cursos civis com o intuito de deixar o Exército, foi levantado o percentual de graduados

com curso de nível superior.

Analisando o gráfico 13, pode-se afiançar que 66,9% dos graduados possuem

alguma formação em Instituição de Ensino Superior, inclusive mestrado ou doutorado

(2%). A maioria dos graduados com nível superior são bacharéis, assim como os

Oficiais de Carreira de AMAN, que recebem o título concluída a formação em Ciências

Militares, e os Oficiais do Quadro Complementar, bacharéis como pré-requisito ao

10,1% 4,8%

10,0%

27,4% 9,7%

16,2%

6,1%

15,7%

CMA

CMN

CMNE

CML

CMSE

CMS

CMO

CMP

Gráfico 12 – Participação por Cmdo Mil A (PCP) Fonte: o autor

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107

ingresso na EsFCEx. Há de se observar que 15,4% dos participantes possuem

licenciatura, que é o grau de ensino superior que credencia o militar para o exercício do

magistério em estabelecimentos de ensino fundamental e médio.

As áreas mais procuradas (35,9%) são as de contabilidade, direito, informática e

administração. Esses cursos são de interesse do Exército Brasileiro, visto que são alvos

do concurso para o Quadro Complementar de Oficiais. No caso de outros cursos (31%),

há a existência de especializações que habilita o exercício da docência, como consta

no gráfico 14, a seguir:

17,9%

15,4%

31,6% 2,0%

33,1%

Tecnólogo

Licenciatura

Bacharelado

Mestrado ou Doutorado

Não possui

Gráfico 13 – Graduados com curso de nível superior Fonte: o autor

6,7%

10,0%

6,8%

12,4%

31,0%

33,1%

Contabilidade

Direito

Informática

Administração

Outros

Não possui

Gráfico 14 – Cursos de nível superior realizado pelos graduados Fonte: o autor

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108

O gráfico 15 apresenta os motivos pelos quais os graduados procuram a

formação superior. O resultado foi o seguinte:

A maioria dos graduados procura os cursos de nível superior para a realização

de concursos (46,7%), externos ou para o QCO. Há muitos militares que apenas

querem o aperfeiçoamento próprio (33%), caracterizando o momento e as atuais

exigências do mercado de trabalho. Mais de 20% dos graduados estão formados para

ministrar aulas visando a uma atividade possível de conciliar com o serviço militar.

De uma maneira geral, sobre essa análise da busca pelo aumento de renda,

pode-se dizer que 66,7% dos graduados formaram-se com essa finalidade, seja

ministrando aulas ou procurando realizar concursos que paguem uma remuneração que

equivalha à capacitação de nível superior, capaz de satisfazer suas necessidades.

Outro enfoque pode ser analisado nesses percentuais: a motivação. Alguns

Subtenentes e Sargentos com formação superior executam funções aquém de seu

potencial, sem vislumbrar oportunidade de ascensão em curto prazo. Isso pode criar um

sentimento de estarem sendo subempregados. Se não há reconhecimento, por não

haver oportunidade de ocupar funções de responsabilidade diante do potencial que

estão adquirindo em meio à nova concepção de mercado de trabalho, não há

realização profissional.

8,2%

24,8%

11,0% 35,7%

20,3%

Aprimorar o trabalhodentro do EB

Aprimorar osconhecimentos gerais

Realiazar concurso para oQCO

Realizar concursosexternos

Ministrar aulas paraaumentar a renda

Gráfico 15 – Motivos para a realização de Curso Superior Fonte: o autor

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109

Nesse sentido e de acordo com a Teoria da Equidade, a falta de oportunidades

leva a comparações com outros planos de carreira que desmotivam e faz com que

sejam buscadas novas chances fora da caserna, por exemplo.

O gráfico 16 apresenta os motivos pelos quais os graduados de carreira pensam

em abandonar o EB.

Percebe-se que, levando em consideração as variáveis dependentes satisfação

e motivação, a principal causa para que os graduados busquem a saída está

relacionada à qualidade de vida (60,8%) e, em segundo lugar, à falta de oportunidades

para empregar os conhecimentos (11,3%) adquiridos ao longo da vida.

A demora entre as promoções está intimamente ligada à satisfação e à

motivação. Quanto maior o interstício, maior a espera pela assunção de cargos cujas

responsabilidades atendam às capacitações das praças e provenha aumento na

remuneração percebida.

Observando o percentual de militares que procuram realizar concursos ou

ministrar aulas (66,7%), é possível verificar a proximidade percentual com os militares

que buscam uma melhor qualidade de vida (60,8%). Assim como, é possível perceber

uma proximidade percentual entre os militares que buscam o aprimoramento de seus

23,8%

60,8%

11,3%

3,9% 0,2%

Não pensaram em abandonar acarreira

Qualidade de vida

Falta de oportunidade paraempregar os conhecimentos

Sobrecarga de trabalho

Inaptidão ao serviço militar

Gráfico 16 – Motivos para o abandono da carreira Fonte: o autor

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110

62,2%

37,8% Especializado

Não Especializado

Gráfico 17 – Graduados especializados pelo EB Fonte: o autor

conhecimentos gerais (24,8%) com os graduados que nunca pensaram em abandonar

a carreira (23,8%).

Apesar de uma aparente insatisfação dos graduados de carreira com o seu

respectivo plano, a maioria dos Subtenentes e Sargentos se dedica ao serviço e

apresenta o desempenho valorizado pelo EB, como prevê as Instruções Reguladoras

para o Sistema de Valorização do Mérito dos Militares de Carreira do Exército (BRASIL,

2013, p. 29)

Para ilustrar essa dedicação, observa-se o seguinte:

Alicerçado pelo gráfico de 17, fica praticável deduzir que a maioria dos militares

oriundos das escolas de sargentos do EB é especializado em algum curso dentro da

Força Terrestre (62,2%). Isso demonstra a preocupação dos graduados com o

constante aperfeiçoamento, além de ratificar o comportamento desses militares dentro

da realidade do mercado de trabalho atual em se aprimorar e criar subsídios para

promoções.

Ademais, observa-se que, conforme o gráfico 18, 36,3% dos entrevistados

possuem vivência nacional em pelo menos dois Cmdo Mil A. Ainda, quase metade dos

participantes (45,2%) já serviram em três, quatro ou cinco Cmdo Mil A. Esse indicador

permite concluir que a maioria dos graduados possui, agregados a seus currículos:

conhecimento institucional, conhecimentos gerais de diferentes regiões do país e

experiência profissional.

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111

18,5%

36,3%

31,2%

11,6%

2,4%

1

2

3

4

5

Gráfico 18 – Serviço em Cmdo Mil A distintos Fonte: o autor

Gráfico 19 – Menção do último TAF realizado Fonte: o autor

58,1%

13,1%

13,9%

14,9%

Excelente

Muito Bom

Bom

Regular

Insuficiente 87,8%

10,1% 2,1%

Excelente

Muito Bom

Bom

Regular

Insuficiente

Gráfico 20 – Menção do último TAT realizado Fonte: o autor

Relativo ao resultado obtido no último TAF realizado pelos graduados, é legítimo

afirmar que 84,3% deles possuem aptidão física adequada, dentro dos quais 84,5%

estão acima da média (Bom), sendo mais da metade na menção máxima (Excelente).

A aptidão na atividade de tiro é mensurada pelo resultado do último TAT realizado

pelas praças de carreira. Percebe-se que não há nenhum militar abaixo da média.

Ainda, depreende-se que 97,9% estão acima da menção “Bom”, sendo a maioria na

menção máxima (Excelente).

No que tange ao aspecto atitudinal, os graduados apresentam altos níveis

disciplinares.

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112

18,0%

82,0%

Punidos

Não Punidos

Gráfico 22 – Punição entre os graduados Fonte: o autor

Não há nenhum militar com o comportamento inferior ao de início de carreira

(Bom). Entende-se que, pela amostragem, 93,3% melhoraram o comportamento desde

que incorporaram ao EB, pois estão com a menção “Ótimo” (11%) ou “Excepcional”

(82,3%).

Além disso, outro dado que confirma o padrão de comportamento dos graduados

é o fato de 82% deles nunca terem sofrido alguma punição durante o serviço ativo na

caserna. Isso pode ser reflexo da manutenção dos valores da Instituição arraigados no

caráter do sargento de carreira durante sua formação nas escolas.

82,3%

11,0%

6,7%

Excepcional

Ótimo

Bom

Insufuciente

Mal

Gráfico 21 – Comportamento dos graduados Fonte: o autor

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113

Outra competência valorizada pelo EB é a formação de nível superior, que já foi

explorada nesse estudo, e a habilitação em idiomas estrangeiros. Quanto à capacidade

de falar em idiomas diferentes do português, a situação é apresentada, entre as praças,

não é satisfatória.

Há um alto índice de militares que não são habilitados em nenhum idioma

(81,1%). Com base no que já foi analisado, o foco da maioria dos sargentos é a busca

pela formação superior para fins de prestação de concursos externos. Além disso, como

há uma quantidade pequena de missões no exterior voltada para as praças, a

concorrência entre os pretendentes é grande e as possibilidades de ser designado são

pequenas.

Ademais, a preparação para as provas de habilitação em idiomas exigem

dedicação do tempo de estudo e mais gastos financeiros. Com base na Teoria da

Expectativa e pelos motivos expostos, a habilitação em idiomas para a maioria dos

graduados não é atraente ou o esforço para se alcançar o desempenho não é

compensatório.

Para que esse quadro seja revertido, é importante tornar a habilitação em idiomas

uma meta cujo esforço seja mais bem recompensado, e mais importante que isso, que

esteja alinhado aos objetivos pessoais das praças de carreira.

18,9%

81,1%

Habilitado

Não Habilitado

Gráfico 23 – Graduados habilitados em idioma estrangeiro Fonte: o autor

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114

4.2 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Este subcapítulo irá apresentar a discussão dos resultados obtidos abordando,

num primeiro momento, o panorama da conjuntura que influencia o comportamento

humano no ambiente de trabalho. Em seguida será apresentada uma nova proposta de

plano de carreira para os graduados do EB. Por fim, uma análise dessa proposta à luz

de teorias motivacionais.

4.2.1 O panorama da conjuntura sobre o plano de carreira

A gestão de recursos humanos é um desafio a ser vencido pelos administradores

de qualquer organização. Chiavenato (2008, p. 4) afirma que “separar o trabalho da

existência das pessoas é muito difícil, senão quase impossível, diante da importância e

do impacto que o trabalho provoca nelas”. Além disso, atualmente “as pessoas passam

a constituir o elemento básico do sucesso” em uma organização. Portanto, alinhar os

objetivos da empresa aos objetivos pessoais dos colaboradores é fundamental para

obter eficiência nos resultados dos produtos ou serviços, bem como para manter os

funcionários satisfeitos e motivados com a profissão.

Sintetizando tudo o que já foi apresentado sobre o atual cenário do mercado de

trabalho mundial, pode-se dizer que as principais características são as que se seguem:

1) Hoje vive-se em um mundo globalizado, cujas informações são algo tateável.

Consegue-se absorver ou transmitir conhecimento com um smartphone e acesso à

internet, acerca de quaisquer assuntos, em todo o planeta;

2) Na corrente Era do Conhecimento, o nível informacional é cada vez maior por

essa facilidade em se informar. Isso contribui para que haja pessoas mais críticas. A

percepção e a capacidade de interpretação são mais aguçadas, proporcionando maior

entendimento acerca das políticas organizacionais e grande capacidade de

argumentação;

3) O mercado de trabalho exige cada vez mais de seus colaboradores. O

aperfeiçoamento contínuo é uma marca devido à necessidade constante de adaptação

às novas demandas, produtos e serviços. A competitividade surge, pois, como um

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aspecto particular nesse contexto. Assim, a remuneração e as oportunidades precisam

ser compatíveis à capacitação e ao desempenho, bem como os critérios adotados para

essa distribuição de benefícios precisa ser equânime;

4) A geração Y é a responsável, hoje, por alimentar o Exército Brasileiro com

recursos humanos. Essa geração de indivíduos tem por característica, segundo

Robbins (2008, p. 56): a autoconfiança, a corrida rumo ao sucesso financeiro e à

independência pessoal, lealdade a si mesmo e aos relacionamentos. Nesse ínterim, a

satisfação com o trabalho virá de uma capacidade em ganhar o suficiente para que haja

qualidade de vida em todas as fases da vida. A lealdade dessa geração é, em primeiro

lugar, a si. Portanto, se não há satisfação, há busca da independência pessoal em outro

local. Outrossim, a autoconfiança gera a necessidade em ousar, apresentar resultados

relevantes e vencer desafios à procura de reconhecimento e realização profissional. É

uma geração que anseia por um crescimento profissional rápido e metas desafiadoras

como motivação.

Fazendo a ligação desse contexto com o Exército Brasileiro, pode-se inferir que

paira entre os graduados de carreira, em sua maioria, uma aparentemente insatisfação

e desmotivação com seu plano de carreira, particularmente no que diz respeito à

qualidade de vida e à falta de oportunidades para empregar o potencial de trabalho.

Isso é perceptível, de uma maneira mensurável e como foi analisado, por meio do

elevado índice de evasão no círculo das praças. De maneira subjetiva, pode-se

identificar esse sentimento quando: um sargento procura seu comandante para tentar

melhorias ou para fazer reclamações; um sargento deixa uma situação, que poderia

intervir, piorar; ou quando há diminuição no padrão do trabalho, por exemplo.

Sobre a evasão, conclui-se que desde o ano de 2002, ou seja, há 15 anos, a

maioria dos graduados de carreira que procuram opções fora do Exército Brasileiro são

os 3º Sgt. Isso se deve ao fato de não existir, em curto prazo, uma melhora significativa

na questão salarial e na oportunidade de galgar funções de responsabilidade para

empregar os conhecimentos adquiridos no atual plano de carreira. A tendência é que

essa situação seja progressiva devido à característica das atuais gerações, que

demandam sucesso profissional e financeiro num curto prazo.

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116

Outro fator a ser considerado é que os graduados de carreira com mais tempo de

serviço, insatisfeitos ou desmotivados, e que por alguma razão não tenham conseguido

sair do EB influenciem indiretamente na falta de expectativa dos 3º Sgt. Mais da metade

dos participantes da pesquisa (50,2%) são 1º Sgt ou Subtenentes. A demora ou a falta

de oportunidades em uma ascensão profissional e financeira num prazo reduzido torna-

se, de acordo com a Teoria da Expectativa, um esforço muito grande e causa

desmotivação.

Por terem uma excelente formação militar, há graduados que prestam concursos

para integrarem Forças Auxiliares: em nível de ensino médio, para as PM com maior

remuneração que no EB, e aos que conseguem terminar o ensino superior, para a PRF

ou para Agente de Polícia Federal. Outros cargos públicos em instituições civis são

procurados, também, para a realização de concursos.

Isso se deve a Teoria da Equidade. Quando o militar percebe que o seu potencial

lhe permite assumir cargos de melhor remuneração e, em alguns casos de maior

responsabilidade, há uma comparação entre outros planos de carreira e a busca por

novas oportunidades. A falta de justiça, em particular, pela falta de opção dentro do

plano de carreira leva à insatisfação ou desmotivação, que culminam com a saída da

organização.

Em todos os exemplos supracitados, além de uma remuneração inicial muito

acima da percebida pelas Forças Armadas, o regime trabalhista é regido ou baseado

pela Lei 8.112, que determina vantagens, em relação aos militares, como o limite de 40

horas de trabalho semanal, estabilidade com dois anos de serviço, percepção de

gratificação por função de assessoramento, percepção de adicional noturno e

percepção por serviços extraordinários (hora extra).

Mesmo diante desse quadro de insatisfação e desmotivação, observou-se que os

graduados de carreira são altamente capazes e preocupados com o aperfeiçoamento.

Analisado o perfil profissional das praças, por meio de quesitos previstos na

Valorização do Mérito do EB, verificou-se um alto grau de conhecimento, demonstrado

pelos percentuais de militares especializados e com curso de ensino superior.

Igualmente, notou-se que são profissionais vocacionados para a atividade militar, haja

vista os percentuais de vivência profissional, aptidão física e aptidão para a atividade de

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117

tiro. Outrossim, as praças mantêm firme os valores morais e éticos incorporados

durante a formação, visto que os percentuais disciplinares são altamente positvos.

4.2.2. Proposta de transformação do plano de carreira dos graduados de carreira

Em uma tentativa de transformar o plano de carreira das praças de carreira à luz

de teorias motivacionais, propõe-se o seguinte:

4.2.2.1 Adoção do modelo de carreira em “Y”

O modelo de carreira em “Y” “sugere que, a partir de um determinado cargo, o

funcionário encontra uma bifurcação: ele precisa escolher se segue carreira de

especialista ou de gestor (https://endeavor.org.br/plano-de-carreira/). Portanto, pode-se

concluir que é um modelo de carreira capaz de melhorar alocação dos recursos

humanos dentro de uma organização, dada a flexibilidade de escolha, e, assim, permitir

o despertar da motivação do colaborador por meio da oportunidade em se trabalhar

com aquilo que possui capacitação e mais afinidade.

A definição de carreira em “Y” de Dutra (1996, p. 87) parte do princípio de que os

colaboradores ao entrarem na empresa possuem uma base comum. À medida que vão

se especializando e ganhando experiência na organização, começam a ficar em

condições de serem promovidos. Seria natural em um plano de carreira convencional

que, com o passar do tempo, os funcionários que se destacam pela capacitação e

desempenho assumam funções de gerentes. No entanto, não são todos que se sentem

à vontade em gerenciar, seja por falta de afinidade ou por ter que deixar o exercício da

especialização que desempenhava com destaque.

A carreira em “Y” surgiu como uma solução para essa problemática. Em

determinado ponto da carreira, a empresa concede ao colaborador a escolha de seguir

uma carreira gerencial ou continuar na carreira técnica.

Essa flexibilidade dada ao funcionário impede que um excelente técnico tenha que

assumir funções gerenciais sem possuir o perfil adequado para isso. Da mesma forma,

dá oportunidade ao funcionário, com disposição ao gerenciamento, de assumir cargos

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de chefia e atender suas expectativas profissionais. É bom para o colaborador, que

estará motivado pelo reconhecimento e realização profissional, assim como é bom para

a organização, que terá uma adequada alocação de seus recursos humanos.

4.2.2.2 Proposta de organização da carreira dos graduados no modelo em “Y”

A proposta, deste autor, para a transformação do plano de carreira dos graduados

no EB no modelo em “Y”, comtemplaria, portanto, um (a):

1) BASE COMUM entre os graduados de carreira

Essa base seria caracterizada pela conclusão do Curso de Aperfeiçoamento de

Sargentos (CAS) e seu tempo mínimo de aplicação, que necessitará ser regulado com

base no interstício dos Oficiais do QAO e de maneira que não haja impactos na

legislação em vigor. Nesse momento da carreira, o sargento aperfeiçoado é capaz de

atingir as metas para a apresentação de um adequado perfil profissional conforme

valorização do mérito, além de já ter mais de dez anos de serviço.

2) Eixo TÉCNICO

A 1ª opção seria a do Círculo das Praças com Qualificação Funcional Comum

(QFC), que permitiria ao sargento permanecer na carreira regular para o desempenho

das atribuições gerais inerentes aos graduados.

Para esse círculo, propõem-se, para contribuir para a motivação dos militares que

permaneceriam na carreira técnica, a criação de maior número de cargos

comissionados. Essa opção de carreira técnica comtemplaria aqueles militares que se

sentem realizados por exercerem as funções previstas aos graduados de carreira e que

não possuem capacitação ou vocação para o trabalho gerencial.

Em outras palavras, seriam militares destacados pelo seu desempenho

profissional que não teriam interesse em realizar o CHQAO, mas que ocupariam cargos

comissionados que lhes proporcionasse maiores responsabilidades e um aumento na

remuneração pelo exercício desses cargos.

Uma 2ª Opção no eixo técnico seria o Círculo das Praças com Qualificação

Funcional Específica (QFE), que permitiria ao graduado o desempenho fixo de uma

atividade técnica na qual seja especialista. Essa proposta visa, além disso, atender aos

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119

militares que, por motivos particulares, prefiram uma carreira com menos

movimentações.

3) Eixo GERENCIAL

Seria constituído pelo Círculo dos Oficiais Auxiliares, que comporiam o QAO.

Voltados para o desempenho de atividades ligadas à administração militar e, como

proposta diante do atual preparo intelectual dos sargentos de carreira, o acréscimo de

atividades relacionadas ao magistério militar e à assessoria jurídica formal, onde há

claros de assessor jurídico, ou informal nas demais OM do EB como chefe da carteira

de direito de uma 1ª Seção.

A grande transformação proposta para o eixo gerencial seria, no intuito de atender

às atuais características das gerações de sargentos e do próprio mercado de trabalho,

a inserção de um Curso de Formação de Oficiais Auxiliares, que seria acessado por

meio de um concurso de admissão interno, similar ao que é praticado na MB e na FAB.

4.2.2.2.1 Praças de Qualificação Funcional Comum (QFC)

A Qualificação Funcional Comum seria voltada para a manutenção do graduado

de carreira aperfeiçoado no exercício das funções já existentes no atual plano de

carreira. Essa qualificação nada mais seria que o prosseguimento na carreira sem que

haja o enquadramento do militar nas outras opções, seja por escolha do graduado ou

pela falta de algum pré-requisito que lhe permita escolher outra opção.

Como forma de aumentar a motivação, sugere-se a criação de mais cargos

comissionados, além de Sargento Brigada, para que haja a distinção de um maior

número de sargentos durante o serviço ativo. Esses novos cargos, similar ao que

acontece no Exército dos Estados Unidos, seriam criados para que as praças de

carreira com qualificação comum possam, nos níveis subunidade, batalhão e brigada,

exercer sua liderança e ganharem autonomia para coordenar os processos atinentes às

praças. Isso acarretaria em maiores responsabilidades e destacaria o bom militar.

Como Subtenentes, aos moldes do que acontece no Exército Chileno, os militares

com melhor perfil profissional seriam designados para o comissionamento de um cargo

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que lhe permitiria o assessoramento direto sobre os processos que envolvam as praças

no âmbito da Força Terrestre.

A fim de aumentar a satisfação e em reconhecimento às maiores

responsabilidades assumidas no âmbito do círculo das praças, os militares com cargos

comissionados, dentro das possibilidades orçamentárias, receberiam o pagamento de

gratificação pelo exercício da função. Isso impactaria, de maneira pontual, sobre o

aumento do poder aquisitivo e, consequentemente, sobre a qualidade de vida do militar,

sem a necessidade de assumir funções gerenciais.

4.2.2.2.2 Praças de Qualificação Funcional Específica (QFE)

Análogo ao que está em vigor no Plano de Carreira dos Oficiais Combatentes do

EB, a Qualificação Funcional Específica visaria à destinação de graduados para o

desempenho da especialização técnica adquirida pelo militar ao longo da carreira.

A QFE seria voltada para graduados de carreira, tecnicamente especializados, por

exemplo, nas seguintes áreas:

a. Comunicação social;

b. Eletrônica;

c. Mecânica;

d. Metalurgia;

e. Química;

f. Edificações;

g. Eletricidade;

h. Tecnologia da Informação;

i. Comunicações; e

j. Inteligência.

O ingresso em uma QFE seria feito por meio da inscrição em processo seletivo à

qualificação pleiteada e permitiria o militar escolher uma nova forma de colaborar com o

Exército, no entanto, sem nenhum benefício financeiro a mais. Essa opção daria uma

motivação ao militar no momento em que permite o exercício de uma habilidade com a

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qual a praça tenha mais afinidade, além de uma carreira com menor quantidade de

movimentações.

4.2.2.2.3 Quadro Auxiliar de Oficiais

Atualmente, a política de promoções do Exército Brasileiro admite a ascensão ao

QAO por intermédio do merecimento. Os critérios considerados para a formulação do

quadro de acesso por merecimento para as promoções ao QAO são: a valorização do

mérito, a avaliação do desempenho e os pontos da Comissão de Promoção (CP).

Dentre esses critérios, somente a valorização do mérito pode ser considerada

como um aspecto de mensuração objetivo, pois depende direta e exclusivamente do

desempenho do militar. Os demais (avaliação do desempenho e pontos da CP) são

pautados por parcela de subjetividade, haja vista estarem submetidos à percepção de

avaliadores, que podem interpretar de maneira diferente um mesmo comportamento

apresentado pelo avaliado. Como base na Teoria de Fixação Metas, pode-se afirmar

que essa subjetividade é um fator desmotivador, principalmente se uma avaliação do

desempenho for considerada injusta pelo avaliado.

Outro ponto importante a ser considerado quanto ao acesso no QAO é que há,

hoje, uma necessidade de espera mínima de 25 anos de serviço para se pleitear o

oficialato. Grande parte dos militares das novas gerações está se capacitando por

intermédio de cursos de nível superior para assumirem os encargos inerentes aos

Oficiais Auxiliares. Devido ao longo tempo de espera para a assunção de cargos de

maior responsabilidade e que tragam, por essa razão, um considerável aumento da

qualidade de vida, militares estão procurando a motivação e a satisfação de seus

anseios saindo do EB.

Esse fenômeno pode ser explicado pela Teoria da Expectativa associada às

Teorias da Equidade, Hierarquia das Necessidades de Maslow e dos Dois fatores. No

momento em que a organização não estabelece desempenhos que atendam aos

objetivos pessoais de seus colaboradores, ou que em havendo, o esforço a ser

dependido é muito grande para se alcançar tal desempenho, há a desmotivação. Diante

do seu potencial e das poucas oportunidades em um curto prazo que atenda suas

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expectativas, os graduados estabelecem comparações que lhes levam a observar

opções externas ao EB, em busca da sensação de justiça de processo (maior

capacitação, melhores cargos) e de distribuição (maior capacitação, melhores

benefícios). A busca pela auto realização (topo das necessidades humanas) é

constante. Por mais vocacionado que seja o militar para a carreira das armas, se não

há qualidade de vida (satisfação) e reconhecimento (motivação), o plano de carreira

será inadequado.

Para o Exército, que tem a característica de ser uma Instituição de caráter

permanente e possuidora de valores morais e éticos imutáveis, Chiavenato (2008)

apresenta algumas vantagens a respeito do recrutamento interno que seriam uma

solução para o contexto de insatisfação e desmotivação entre os sargentos do EB,

particularmente aos pertencentes à Geração “Y”. Dentre essas vantagens, é

imprescindível destacar: melhor aproveitamento do potencial humano; motivar ainda

mais o aperfeiçoamento do colaborador; retenção pela expectativa de ascensão no EB;

ideal para situações de estabilidade e pouca mudança ambiental; proporciona uma

seleção mais eficiente por se conhecer os candidatos; e custa financeiramente menos

que o recrutamento externo.

No momento em que se estabelece uma comparação entre as três Forças

Armadas, percebe-se que somente o Exército Brasileiro não dá a oportunidade, dentro

do plano de carreira das praças, de uma significativa melhora profissional por meio de

um concurso interno que permita, ao graduado, passar por um novo curso de formação

que lhe habilite, em caso de conclusão com aproveitamento, a promoção ao oficialato.

O artigo 37 da Constituição Federal (BRASIL, 1988) prevê a inadmissibilidade da

execução de concursos públicos para a promoção que não seja parte do respectivo

plano de carreira inicial. Essa determinação é ratificada pela súmula vinculante número

43 do Superior Tribunal Federal (STF) a qual fala sobre a inconstitucionalidade de que

“toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia

aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não

integra a carreira na qual anteriormente investido” (www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia).

No entanto, tanto na Marinha do Brasil como na Força Aérea Brasileira, as

respectivas legislações acerca do plano de carreira de graduados preveem, por lei, um

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quadro de oficiais a serem completados somente por seus graduados, ou seja, os

respectivos quadros fazem parte da carreira a qual foi investido o militar formado em

uma das escolas de sargentos por meio de um concurso público.

Dessa forma, não fica caracterizada a inconstitucionalidade, nas Forças Armadas

coirmãs, quando adotam um concurso interno como forma selecionar militares, e não

promover por meio do concurso propriamente dito, para a matrícula em um curso ou

estágio de formação que, se concluído com aproveitamento, lhe promova ao oficialato.

Tanto na MB como na FAB, o concurso para acesso ao oficialato previsto em seus

respectivos planos de carreira é altamente procurado, chegando a uma concorrência de

até 35 candidatos por vaga na Marinha do Brasil e 29 militares por vaga na FAB, como

se pode ver a seguir:

Isso corrobora com a teoria de Chiavenato, sobre o recrutamento interno nas

organizações, como forma de motivar os colaboradores ao aperfeiçoamento e

aproveitar melhor os recursos humanos, que estão cada vez mais capacitados.

Quadro 22 – Dados do concurso realizado em outubro de 2017 na MB Fonte: EME, 2017.

Quadro 23 – Dados dos concursos realizados em outubro de 2016 na FAB Fonte: EME, 2017.

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Por meio do questionário PCP, entre 661 graduados participantes, foi levantada a

possibilidade em haver um concurso interno no EB, similar ao que acontece na MB e

FAB. Perguntado se sentiriam motivados com essa oportunidade, foi observado que:

A fim de complementar essa estatística, foi feito um levantamento qualitativo

sobre o mesmo levantamento em relação ao do concurso interno. Foi observado o

seguinte:

QUADRO RESUMO DE RESPOSTAS

DIMENSÃO RESPOSTA

MOTIVAÇÃO

“A instituição deve valorizar os praças que tem vivência da caserna, habilitação, conhecimento técnico e formação superior. O que ocorre, muitas vezes, é que o militar que se qualifica acaba sendo sobrecarregado de missões sem receber nada mais por isso. Enquanto aquele que não se qualifica fica tranquilo, com poucas tarefas, mas recebe a mesmo valor no final do mês. Isso acaba desestimulando e muitos militares que tem qualificação e conhecimento técnico, chegando ao ponto de omitirem essa capacidade para não serem sobrecarregados.” “Sim isso seria uma forma de motivação fazendo com que o descontentamento e a evasão fosse menor, pois a praça com curso superior Teria (sic) plenas condições de chegar ao oficialato mais rápido, por mérito próprio. Sendo um oficial mais bem preparado em termos de conhecimento e experiência do que os demais oficiais QAO hoje existentes.” “É um excelente estímulo à permanência no EB. Além disso, a maioria dos Sgt não se acomodariam (esperar sair Sub) e iriam fazer o possível para cumprir os requisitos de tal promoção.”

86,1%

13,9%

Motivados

Não Motivados

Gráfico 24 – Motivação com a possibilidade do concurso interno Fonte: o autor

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QUADRO RESUMO DE RESPOSTAS

DIMENSÃO RESPOSTA

MOTIVAÇÃO

“É de suma importância para qualquer organização que se pense no desenvolvimento de seus colaboradores. Foi provada por Peter Senge em seu livro a quinta disciplina, que a aprendizagem organizacional deve passar por um plano que motiva o funcionário ao longo da carreira, como método de alcance da visão sistêmica da organização. O quadro qao (sic) e realmente de muita importância para o exército (sic). Porém a possibilidade de ascensão a cargos de oficiais por parte de sgt possibilitaria a força um ganho imenso em experiência e conhecimento acadêmico, bem como a carreira do militar.” “O concurso interno seria uma forma mais justa de promover as praças do Exército. Pois da forma como é feito hoje nem sempre os melhores e mais capacitados militares são promovidos.” “Vejo que os praças não estão motivados pela demora nas promoções e pela falta de oportunidade para mostrar seus conhecimentos e melhorar sua vida dentro da força. A maioria tem ensino superior e, como eu, muitos querem continuar na força, mas a falta de perspectiva e incentivo nos faz ter vontade de abandonar a instituição que amamos, porém que não nos deixa almejar melhora salarial nem profissional. Essa seria uma grande oportunidade de elevar o nível da tropa e ter sgts cada vez mais aptos e dedicados na força. O meu exército está perdendo seus melhores homens.” “A isonomia do plano de carreira de sargentos desmotiva sobremaneira. Se o sargento se esforça ele tem muito poucas vantagens sobre o que leva a carreira apenas de forma mediana ou desleixada.” “Com a abertura do quadro de oficiais especialistas penso que todos iriam ganhar com isso. Tendo em vista que o militar iria continuar atuando dentro de sua especialidade dando ao mesmo maior satisfação, aos companheiros que poderiam ser ouvidos com mais propriedade e o EB que não perderia a especialização do militar que assim iria poder contribuir com mais subsídios junto ao comando.”

“O que me motivou a buscar uma graduação na área da gestão foi justamente a necessidade de aprimorar meus conhecimentos nessa área para empregar no próprio exército. Um concurso interno seria uma maneira de a Força valorizar esses profissionais que estão preparados para assumir funções que exijam conhecimentos técnicos mais aprofundados, sem necessidade de concursos abertos, com a vantagem de ter um profissional que conhece às lides castrenses e alinhado com os valores institucionais”

“Isso é fundamental para motivar o Sgt e fundamental para a Instituição que vai poder aproveitar um militar experiente dentro da caserna.”

“Seria uma excelente forma de motivar e incentivar, militares q pensam e/ querem crescer profissionalmente e pessoalmente e ñ (sic) somente se limitar as condições q lhe são atribuídas e muito lhe limitam, tb (sic) em diversos casos acabam desencentivando pelos diversos aspectos negativos q a muito estão se sobrepondo aos pontos positivos, fazendo gradativamente os voluntários diminuírem e os remanescentes buscarem a saída da força Vejo todo dia uma gama cada vez maior de companheiros buscando novos horizontes e pouco vejo para mudar isso, ideias como essas são coisas q atuarão positivamente nessa balança.”

“Sou sargento da QM Aviação, e por ser desta QM acabo tendo muito contato com os militares da força aérea. E dado o grande sucesso desta experiência na força coirmã, analiso que o EB só teria a ganhar ao seguir o mesmo exemplo.”

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QUADRO RESUMO DE RESPOSTAS

DIMENSÃO RESPOSTA

MOTIVAÇÃO

“Seria uma maneira de valorizar de alguma forma o trabalho e a capacidade das praças que se dispõe a aceitar sua condição, tal como acontece no oficialato, uma vez que todo conhecimento extra buscado por oficiais é reconhecido, já as praças podem concluir um doutorado e não serão reconhecidos pela força (tal fato realmente ocorreu na OM em que sirvo).”

“Excelentes sargentos, se promovidos, poderiam exercer funções administrativas na chefia. A desenvoltura de muitos, inerente claro ao tempo de serviço, poderia ser uma ótima forma de fazer com que a administração sofresse menos quando pessoas são colocadas para chefiar apenas por serem superiores hierárquicos mas sem conhecimento ou vontade de trabalhar em tais áreas.”

“Isso é fundamental para motivar o Sgt e fundamental para a Instituição que vai poder aproveitar um militar experiente dentro da casena (sic). Vai proporcionar aos Sgt do EB uma possibilidade que já existe aos militares da MB e da FAB.”

“Um concurso interno iria garantir a promoção. Hoje em dia não temos a certeza de que chegaremos ao oficialato.”

“Tenho certeza que se houvesse esse concurso o nível de motivação das praças, e por consequência a qualidade do serviço, seria muito mais elevado.”

Semelhante ao que acontece na Marinha do Brasil e na Força Aérea Brasileira

propõe-se um concurso de admissão interno que habilite a praça de carreira ser

matriculada em um Curso de Formação de Oficiais Auxiliares (CFOA) centralizado em

um estabelecimento de ensino, que se concluído com aproveitamento, promova o

graduado a 2º Ten QAO.

O referido concurso de admissão seria voltado, similar ao que acontece na MB,

para os graduados de carreira aperfeiçoados, com curso de nível superior realizado em

instituição de ensino superior oficialmente reconhecido e em alguma área de interesse

do Exército. Além disso, o candidato deveria apresentar entre outras prerrogativas, a

serem determinadas pelo EB: adequado perfil profissional com base na valorização do

mérito (a habilitação em idioma estrangeiro poderia ser usada como critério para

aumentar o percentual de sargentos habilitados no Exército) e parecer positivo dos

respectivos Cmt OM no que tange ao aspecto atitudinal.

O concurso abrangeria provas de conhecimento geral e profissional, assim como

no concurso de admissão ao CHQAO, porém com algumas transformações. O

conhecimento geral seria mensurado pelo resultado em provas de português e redação,

haja vista estarem diretamente ligadas à função administrativa que os militares do QAO

Quadro 24 – Pesquisa qualitativa sobre a possibilidade de um concurso interno Fonte: o autor

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127

têm por responsabilidade. O conhecimento profissional, com uma carga de cobrança

maior, seria medido pelo resultado de avaliações que envolvam os assuntos atinentes

às funções do Oficial Auxiliar, que deve estar apto para servir “nas áreas de

administração, de pessoal, de finanças e de logística das organizações militares (OM)”

(BRASIL, 2012, p. 1).

Portanto, como proposta, a prova do conhecimento profissional seria formulada

com base nas leis, portarias e manuais de funcionamento dos sistemas informatizados

do EB, acerca de:

1) licitações, aquisições e contratos;

2) gestão orçamentária;

3) fiscalização de produtos controlados;

4) Fundo de Saúde do Exército;

5) mobilização;

6) pagamento de militares da ativa;

7) pagamento de militares inativos e pensionistas;

8) gestão ambiental;

9) excelência gerencial;

10) conformidade dos registros de gestão;

11) controle patrimonial;

12) secretaria; e

13) assessoria jurídica informal.

O CFOA seria uma reformulação do CHQAO, que não seria extinto. Semelhante

ao Estágio de Adaptação ao Oficialato (EAOF) da FAB, o CFOA teria uma duração de

14 semanas, sem o desligamento da OM de origem.

Atualmente o CHQAO é um curso com carga horária total de 1600 horas,

distribuídas em 600 horas, durante o primeiro ano, em processo de ensino a distância

(EAD) e 400 horas, na modalidade presencial, em processo de estágio supervisionado.

As 600 horas restantes são consideradas através da aprendizagem no ambiente de

trabalho por meio das atividades de rotina da OM.

Com a adaptação do CHQAO em CFOA, propõe-se a retirada da carga horária

prevista para o EAD, já que a preparação intelectual para a realização do concurso de

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128

admissão seria considerada, e a inserção do curso de formação presencial em um

estabelecimento de ensino. Uma proposta de carga horária seria:

A intenção do curso seria formar o Oficial especialista em administração militar.

No entanto, haveria espaço para os Oficiais QAO assumirem funções de Assessor

Jurídico, Professor do Magistério Militar, Gerente de Aviação ou Oficial de Informática,

em caso de vagas disponíveis.

Segundo Chiavenato (2008, p. 334), formar “é muito mais do que simplesmente

informar, pois representa um enriquecimento da personalidade humana”. Com formação

em nível superior, os graduados de carreira aprovados no concurso teriam uma

preparação supervisionada, por um parâmetro de formação padronizado por meio de

um estabelecimento de ensino, para assumirem funções de chefia ou de adjuntos de

chefia em todos os setores ligados à administração militar. Além disso, pretende-se

reforçar os valores e o compromisso firmados com a Instituição, dando aos graduados

de carreira aprovados no concurso uma formação de Oficiais.

Nesse ínterim, além da formação profissional voltada para a administração, seria

imprescindível que, durante o CFOA, fossem ministradas instruções para reforçar, de

maneira contundente, a capacidade gerencial dos futuros Oficiais Auxiliares. É

PROPOSTA DE REFORMULAÇÃO DA CARGA HORÁRIA DO CHQAO

Carga Horária CHQAO CFOA

600 horas EAD Preparação para o

CA/CFOA

14 semanas - Curso de Formação

(Estb Ens)

400 horas Estágio Supervisionado

na OM em que serve -

600 horas Trabalho na OM

em que serve -

- - Compromisso do 1º Posto

- - Classificação, pós CFOA,

na OM de destino

Quadro 25 – Proposta de reformulação da carga horária do CHQAO Fonte: o autor

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essencial que o Oficial Auxiliar tenha as habilidades de previsão, organização,

comando, coordenação e controle para chefiarem sessões iminentemente

administrativas e, assim, melhor assessorar os Cmt e Chefes em todos os níveis.

Concluído o CFOA com aproveitamento, baseado na classificação do militar por

término de curso, a antiguidade da turma seria gerada e a escolha de unidade seria

realizada. O militar faria o compromisso do 1º Posto e seria classificado na OM que

escolheu. Caso o militar não conclua com aproveitamento, seria desligado do CFOA e

retornaria à unidade de origem.

Sobre a variável satisfação, foi levantado se os graduados de carreira acham

que com a remuneração de Oficial do Quadro Auxiliar é possível ter uma melhor

qualidade de vida. Diante da mesma amostra do questionário PCP, os seguintes

resultados foram obtidos:

A fim de complementar essa estatística, foi feito um levantamento qualitativo sobre

esse tema, em que foi observado o seguinte:

QUADRO RESUMO DE RESPOSTAS

DIMENSÃO RESPOSTA

SATISFAÇÃO

“A melhoria da qualidade de vida, em tese, está relacionada diretamente com a melhoria salarial e as oportunidades de menor perda salarial. Ex: a possibilidade de ocupar vagas para qualquer hotel de trânsito disponível gera ganho financeiro quando o militar viaja com seus dependentes; o militar (oficial) ao ficar internado em algum hospital da força tem direito à ocupar apartamento e não enfermaria (isso gera certo conforto para o militar e seus dependentes); durante as transferências tem direito a indenização de passagem com transporte aéreo e não rodoviário; etc.”

82,3%

17,7%

Satisfatório

Não Satisfatório

Gráfico 25 – Satisfação com a remuneração de QAO Fonte: o autor

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QUADRO RESUMO DE RESPOSTAS

DIMENSÃO RESPOSTA

SATISFAÇÃO

“Quando um 3 Sgt é recém formado sem mulher e sem filho o salário é bom, porém quando forma uma família as dificuldades só aumentam. Primeiro devido o salário que só vai melhorar depois de dois anos, segundo que devido a movimentação a mulher normalmente deixa o emprego, a família sai do PNR e tem que alugar casa até receber outro na nova cidade. Então financeiramente é um grande abalo a estrutura da família, e com isso o militar tem que correr atrás do prejuízo arranjando outro meio de ganhar dinheiro e com isso não se dedica somente a força.” “Melhor investimento na educação dos filhos, moradia mais segura e a satisfação pessoal e profissional por ter alcançado graus mais elevados na carreira do nosso EB.” “Melhores condições de estudo para o meus filhos. Possibilidade de viajar nas férias e aperfeiçoar meu idioma estrangeiro Manter as finanças da família sem maiores problemas.” “1.Proporcionar aos filhos condições de estudar em escolas de alto nível equiparando o aproveitamento intelectual aos de Colégios Militares e de cursinhos. 2. Viver adequadamente e dignamente realizando as missões que nos compete dentro da força, sem o sacrifício da família como por vezes a escassez de recursos inclusive de alimentação que os reveses da vida nos incauta. 3. Proporcionar a nós militares e nossas esposas a possibilidade de continuar nossos estudos como pós , mestrado etc.... 4. Aquisição de casa própria e e (sic) carro para o conforto digno da família.” “Entendo que mais do salário maior que o Of do QAO recebe, mais de R$ 1.000,00 entre a Grad de S Ten e o Posto de 2 Ten, estão agregados muitos outros benefícios que certamente contribuem significativamente para uma melhor qualidade de vida para a família do militar; tais como: menor tempo na fila de espera de PNR, haja vista que em muitas Gu existem maior disponibilidade para os Of do que para as Praças, melhores clubes para o lazer da família, melhores instalações dentro dos aquartelamentos, melhores programas de financiamento de imóveis, em virtude da renda maior.” “Ocorre que no meio Militar, apesar de se ter um salário crescente através das promoções, estas não estão adequadamente alinhadas com a sua necessidade familiar, visto que o praça tem mais despesas familiares normalmente nas graduações de 2° e 1°Sgt, pois é nesta época que tem filhos na escola, etc. Normalmente quando chega a ST ou Ten QAO, seus filhos já estão praticamente brigando no mercado de trabalho e talvez por falta de dinheiro tenham tido menos preparo educacional por falta de condições financeiras do militar. Proponho a diminuição do interstício e o incentivo através da capacitação.”

“O QAO chega numa época da vida mais avançada depois da época escolar dos filhos que é quando os mesmos mais necessitam.”

“Em trânsito ou férias, há mais opções de HT; baixa hospitalar garantida em quarto, não em enfermaria; melhoria nos proventos.”

“As condições psicológicas de um cargo alcançado por mérito através de caminho criado pela força geram um bem estar com a família de forma geral.”

“Mitigar a perda da capacidade financeira ao servir em grandes cidades (custo elevado dos aluguéis, transportes, educação e lazer); Acesso aos recursos hospitalares, aos PNR, aos Hotéis de Trânsito; Com o soldo de oficial de primeiro posto aumentaria a capacidade de financiamento imobiliário, tornando real o sonho da casa própria, pois hoje a realidade do sargento é fazer um puxadinho na casa de parente ou uma casinha popular na periferia longe do quartel.”

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QUADRO RESUMO DE RESPOSTAS

DIMENSÃO RESPOSTA

SATISFAÇÃO

“Aumento do salário; - Aumento da motivação em virtude do novo desafio do oficialato; - Depois de promovido, usaria meu tempo que hoje emprego para estudar para poder passar com minha família e me estabeleceria permanentemente na Força.”

“Sim a qualidade de vida melhoraria muito, pois, neste ponto da vida os encargos familiares aumentam e os gastos também, o militar trabalharia muito melhor sabendo q (sic) as necessidades de sua família estão sendo supridas.”

“Proporcionaria a família melhores condições de moradia, estudo para os filhos, investindo na capacitação deles através de cursos de idiomas e cursar ensino superior, além de propiciar opções de lazer junto a família ou auxiliar no crescimento técnico-profissional do cônjuge.”

“1) Oportunidade de morar melhor; 2) Dá uma qualidade de vida melhor para sua família (educação, lazer, alimentação, etc) 3) Cria expectativa para que o militar busque por meio do conhecimento oportunidade que ele busca fora da instituição.”

“1) Aumento salarial, ao qual poderia dar entrada em um imóvel; 2) Possibilitar uma reserva para possibilitar viagens as quais a família solicita; 3) Proporcionar um estudo melhor aos meus filhos.”

“Melhores condições de trabalho, escala de serviço, moradia, atendimento médico, hotel de trânsito e principalmente remuneração.”

A remuneração do Oficial QAO é, para a maioria dos graduados, capaz de suprir

as atuais necessidades e viver dignamente. Não apenas pela remuneração, mas pelas

vantagens em alguns aspectos como hotéis de trânsito para Oficiais em maior

quantidade, por exemplo.

O soldo, associado aos benefícios que recebem os Oficiais, equipara-se aos

vencimentos buscados em outras instituições federais que admitem candidatos de nível

superior. Dessa forma, o graduado aplicaria o seu potencial em prol do EB recebendo

um salário em condições de suprir suas necessidades e compatível a sua qualificação

profissional. Haveria, inclusive, o alinhamento com a motivação pela escolha de uma

carreira realizadora.

É importante salientar que a transformação do CHQAO não lhe extinguiria. Aos

militares da carreira técnica permaneceria a oportunidade de ascensão ao oficialato

pelos atuais critérios estabelecido pelo EB, haja vista que nem todas as praças

possuem as mesmas oportunidades em realizar um curso de nível superior, mas ainda

assim serem altamente capazes e eficientes. A proposta do concurso interno

modificaria, apenas, a quantidade de Oficiais Auxiliares oriundos do CFOA e do

CHQAO, a ser definido pelo Comando do EB, para os 70% QAO previstos por turma.

Quadro 26 – Pesquisa qualitativa sobre a satisfação com a remuneração do QAO Fonte: o autor

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132

4.2.3 Avaliação da proposta sob os conceitos de teorias motivacionais

O Quadro 27 sintetiza a nova proposta de plano de carreira em “Y”:

Avaliando a supramencionada proposta de plano de carreira no modelo em “Y”, à

luz de teorias motivacionais, focado na oportunidade de ascensão ao QAO por

intermédio de um concurso de admissão seguido de um curso de formação de Oficiais

Auxiliares, pode-se inferir as seguintes análises.

4.2.3.1 Análise sob a Teoria da Expectativa

A insatisfação entre a maioria dos sargentos acontece pela falta de qualidade de

vida e pela falta de oportunidades na carreira. Quando se adota uma carreira em “Y”,

tornar-se flexível o gerenciamento dos recursos humanos quanto à adequação do perfil

profissional do militar no Exército. Diante da flexibilidade de desempenho estipulado

pelo EB por intermédio da carreira em “Y”, o militar poderia optar pelo caminho que lhe

Quadro 27 – Proposta de Carreira para sargentos Fonte: o autor

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133

traria maior satisfação, passando a trabalhar com mais motivação e produzindo com

mais eficiência devido à afinidade com a função escolhida.

Hoje, possivelmente há militares felizes com a carreira que, poderiam optar por

serem praças com qualificação comum assumindo cargos comissionados que trariam

reconhecimento profissional, maiores responsabilidades entre os processos que

envolvem as praças e maior remuneração por meio de gratificações.

Da mesma forma, provavelmente há militares que gostariam de empregar seus

conhecimentos, mas que, por estarem satisfeitos com sua remuneração, optaria pela

carreira de praças com qualificação funcional específica, com a finalidade de adaptar

suas expertises ao trabalho cotidiano e ter uma carreira com menos movimentações.

Outros sargentos, com formação superior, poderiam escolher uma carreira

gerencial voltada para a administração militar, magistério militar ou assessoria jurídica,

recebendo uma remuneração compatível com seu grau de responsabilidade e

capacitação de nível superior.

As três formas de desempenho a serem alcançadas (QFC, QFE e QAO)

permitem, ao militar, chegar à recompensa de trabalhar com o que possui habilidade e

ganhar o suficiente pelo que produz. Como faz parte do objetivo pessoal do sargento,

isso gera expectativa e, por conseguinte, motivação em esforçar-se sob qualquer meta

estipulada, desde que tangível.

Sob esse enfoque, o Exército pode valer-se disso para melhorar ainda mais os

índices de qualificação dos sargentos. O baixo percentual de sargentos habilitados em

idiomas poderia, por exemplo, ser revertido se estipulado como critério para o concurso

de admissão ao CFOA. Isso seria parte do esforço entre o objetivo pessoal e o

desempenho que traz a recompensa, portanto uma meta a ser conquistada.

4.2.3.2 Análise sob a Teoria da Fixação de Metas

O cumprimento de metas objetivas é altamente motivador. Desafiadores e

possíveis de serem alcançados, os critérios de valorização do mérito seriam as metas

utilizadas para o sargento medir sua aproximação do desempenho desejado.

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Isso é muito positivo para o EB. Caso opte pela carreira do QAO por meio do

CFOA ainda como 3º Sgt, o militar irá preparar-se ao longo do interstício para cumprir

as metas estabelecidas. O graduado estará voltado para o atingimento das metas, pois

elas estão entre os seus objetivos pessoais e o desempenho determinado pela

Instituição que trará a satisfação (maior remuneração) e a motivação (cargos à altura da

capacitação de nível superior).

Além disso, pelo fato de serem metas objetivas, é possível que o sargento tenha o

feedback de seu progresso em busca da possibilidade de se fazer um concurso de

admissão que poderá atender à sua expectativa geracional de sucesso financeiro e

profissional em curto espaço de tempo.

Em consequência, tornando-se um profissional extremamente capacitado, não só

pela valorização do mérito, mas também pela busca dos conhecimentos gerais e

profissionais necessário para o concurso de admissão ao CFOA, a eficiência e a

capacidade de assessoramento aumentariam sobremaneira desde o início da carreira.

Ademais, o concurso de admissão interno amenizaria o impacto subjetivo da

avaliação do desempenho, fato que motivaria e fortaleceria a busca pelo

aprimoramento profissional. Além disso, o CFOA seria um processo de formação

seletivo que permitiria uma avaliação de desempenho centralizada e, por essa razão,

com observações uniformes.

4.2.3.3 Análise sob a Teoria da Equidade

Diante da atual conjuntura e do comportamento marcante da geração Y, uma

política de promoção que concede oportunidade de ascensão aos mais dedicados e

capacitados gera o sentimento de justiça de processo. Ainda que permaneçam os

mesmos critérios de promoção por merecimento e antiguidade, a chance de realizar um

concurso interno neutralizaria qualquer descontentamento em torno do interstício, pois

o militar com alto rendimento e maior capacitação teria a oportunidade, com menor

influência da avaliação do desempenho e num menor espaço de tempo, de buscar a

sua promoção. Receberia uma remuneração adequada à qualificação e geraria o

sentimento de justiça na distribuição.

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135

É de suma importância salientar que o que define a motivação pela teoria da

equidade (ROBBINS, 2008, p.147), são as diferentes oportunidades aos mais

capacitados. A satisfação é ligada ao ganho remuneratório adequado à função

desempenhada. Quando há um desequilíbrio, podem surgir as desmotivações, que

levam a comparações com outros planos de carreira e a posterior saída dos bons

militares.

A proposta apresentada por este autor poderá aumentar a retenção de militares

vocacionados e atrair cidadãos com potencial, agregando ainda mais valor humano

entre as praças. Com essa oportunidade de ascender por meio de um concurso interno

que permita o militar receber uma remuneração similar ao que recebem nas carreiras

de Policial Rodoviário Federal ou Agente de Polícia Federal, haverá uma diminuição na

evasão de militares com vocação para a carreira militar. Seguindo o mesmo raciocínio,

as três Forças Armadas estariam alinhadas quanto ao reconhecimento de seu público

interno, diminuindo as comparações quanto ao processo de promoção.

Esse sentimento de equidade no processo de promoção e na distribuição dos

benefícios aconteceria, também, entre as praças que optassem pela manutenção na

carreira com qualificação comum. A oportunidade dos mais capacitados e dedicados

assumirem cargos comissionados que lhes distinguissem como profissionais e

permitisse a percepção de uma gratificação por isso poderia motivar ainda mais os

sargentos que preferem a carreira técnica.

4.2.3.4 Análise sob a Teoria da Hierarquia das necessidades de Maslow

As necessidades básicas e de segurança já eram plenamente atingidas,

principalmente pela estabilidade proporcionada pela profissão militar. A carreira em “Y”

supriria a necessidade social devido à escolha da opção de carreira, pois o sargento

seria inserido em um grupo de pessoas com pensamentos e objetivos similares. A

estima seria conquistada pelo reconhecimento do grupo de convivência ao esforço feito

pelo militar para que pudesse escolher aquilo que lhe traz realização. A auto realização

seria alcançada, pois diante da escolha entre um dos dois eixos, o sargento seria tudo

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aquilo que é capaz de ser recebendo adequadamente por isso, devido uma escolha

pessoal.

4.2.3.5 Análise sob a Teoria dos Dois Fatores

O contexto da motivação seria mitigado, pois com a escolha em fazer aquilo que

se possui habilidade, os resultados seriam eficientes e o reconhecimento será galgado.

A carreira em “Y” proporciona a alocação do militar conforme a sua afinidade com a

atividade a ser desempenhada. Haverá três caminhos para que o militar possa servir ao

Exército, após ter contribuído sobremaneira como 3º Sgt.

Quanto ao aspecto motivação, o sargento que tem afinidade com a carreira das

praças terá a oportunidade de ser designado para cargos comissionados que lhe darão

distinção, reconhecimento profissional e maiores responsabilidades junto aos processos

que envolvem as praças sob sua supervisão. Do mesmo modo, os sargentos com

cursos técnicos e com menor disponibilidade de se movimentar dentro do Exército

poderão seguir a carreira com qualificação funcional específica, realizando-se naquilo

que possui como expertise. Por fim, os militares com formação em nível superior e

disposição ao gerenciamento administrativo no EB poderão optar, antecipadamente,

por prestar um concurso de admissão interno para a matrícula no CFOA, que se

concluído com aproveitamento proporcionará a promoção ao QAO, ou, como

subtenente, concluir o CHQAO e ser promovido, por merecimento e disponibilidade de

vagas ao mesmo Quadro.

A satisfação seria alcançada, pois as escolhas de carreira seriam realizadas

conforme a necessidade de cada militar. Portanto, a remuneração seria capaz de

prover qualidade de vida em cada contexto particular. Os militares da carreira gerencial

recebendo como Oficiais do QAO e tendo todos os benefícios previstos aos oficiais que

agregam valor e qualidade de vida tais como: maior disponibilidade de PNR e hotéis de

trânsito, acesso a Círculos Militares, possibilidade de maior quantidade de

movimentações por interesse do serviço, por exemplo. Os militares da carreira técnica

continuariam recebendo o que prevê a Lei de Remuneração, no entanto os militares

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com cargos comissionados teriam um acréscimo por meio de gratificação pelo exercício

da função, aumentando a remuneração e agregando qualidade de vida.

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5 CONCLUSÃO

O anseio por melhor qualidade de vida e novas oportunidades para empregar os

conhecimentos adquiridos ao longo do serviço ativo têm ocasionado consideráveis

índices de evasão de sargentos das fileiras do EB. Atualmente, é possível identificar

uma aparente insatisfação ou desmotivação dos graduados com seu respectivo plano

de carreira.

Do presente trabalho, pode-se verificar que a pesquisa parece resolver essa

problemática, pois foi constatado, através da análise dos resultados obtidos, que a nova

proposta apresentada pelo autor, para os militares oriundos das escolas formadoras de

sargentos de alguma forma supre, à luz de teorias motivacionais, os anseios desses

militares quanto à melhora da qualidade de vida, assim como na criação de

oportunidades para empregar seus conhecimentos em prol do Exército.

A flexibilidade proporcionada pela carreira em “Y” permite ao sargento

aperfeiçoado escolher a melhor forma de contribuir para o EB, alinhando os interesses

da Instituição aos seus objetivos pessoais, seja no eixo gerencial ou no eixo técnico da

carreira proposta.

Alicerçado pelo problema apresentado, o objetivo geral foi elaborado no sentido de

apresentar uma nova proposta de plano de carreira para os graduados do EB, no

modelo em “Y” e à luz de teorias motivacionais, para fins de dirimir o sentimento

negativo dos graduados com o atual planejamento da carreira. Esse objetivo foi

plenamente atingido, haja vista o estudo ter exposto uma proposição de carreira.

Para fins de alcançar o objetivo geral, foram elencados os objetivos intermediários,

que permitiram a construção da estrutura exposta na revisão de literatura e as análises

realizadas sobre a pesquisa de campo. Dessa forma, pode-se concluir que os objetivos

intermediários foram alcançados em sua plenitude.

Através da análise e discussão dos resultados, pode-se assegurar que a hipótese

de estudo H1 – a nova proposta de carreira para os graduados do EB, à luz de teorias

motivacionais e no modelo em “Y”, será uma solução que trará satisfação e motivação –

foi confirmada. Utilizando-se do teste de hipóteses qui quadrado, obteve-se os

seguintes resultados:

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Qui Quadrado – Variável dependente MOTIVAÇÃO

A Qtd de graduados motivados com a proposta de um concurso como na MB e FAB

(Gráfico 24) 569

B Qtd de graduados, com nível superior, interessados em realizar concursos

(Gráfico 15) 309

A - B 260

Qui Quadrado Calculado (A-B)2/B

219

Qui Quadrado – Variável dependente SATISFAÇÃO

A Qtd de graduados que se sentiriam satisfeitos com a qualidade de vida de QAO

(Gráfico 25) 544

B Qtd de graduados, que buscam melhorar a qualidade de vida

(Gráfico 16) 401

A – B 143

Qui Quadrado Calculado (A-B)2/B

51

O qui quadrado tabulado é de 6,635 para as duas variáveis, levando em

consideração um índice de confiança de 99%. Portanto, pelo fato dos qui quadrado

calculados em ambas variáveis serem superiores ao qui quadrado tabulado, a hipótese

nula fica descartada.

A bibliografia existente é abrangente e, por essa razão, foi limitada para aquelas

julgadas mais relevantes para a conclusão deste trabalho. Serviram como base de

estudo: teorias motivacionais; teorias de comportamento organizacional; planos de

carreira de graduados do EB, de graduados de exércitos estrangeiros, de graduados de

Forças Armadas coirmãs e de órgãos de segurança pública federal e estadual. Esse

Quadro 28 – Qui quadrado variável dependente MOTIVAÇÂO Fonte: o autor

Quadro 29 – Qui quadrado variável dependente SATISFAÇÂO Fonte: o autor

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140

arcabouço literário associado às pesquisas de campo permitiu um levantamento

bibliográfico adequado, bem como o fechamento da proposta.

A metodologia escolhida para o trabalho foi adequada. Foi realizada uma

pesquisa sobre os dados originados do DGP que permitiram a análise da evasão, sob

os conceitos do comportamento organizacional e teorias motivacionais. Ademais, foi

explorada, por meio do questionário Plano de Carreira das Praças, a opinião dos

graduados de carreira do EB acerca da proposta criada pelo autor, assim como um

levantamento do atual perfil profissional dos participantes sob a legislação de

valorização do mérito no Exército.

De maneira indireta, esse estudo pôde contribuir para um entendimento dos

seguintes temas: panorama mundial do mercado de trabalho; influência

comportamental das Gerações X e Y no EB; causas de insatisfação ou desmotivação

com o atual plano de carreira, à luz de teorias motivacionais; análise da evasão de

graduados de 1986 a 2015; e a apresentação do atual perfil profissional dos graduados

de carreira da ativa.

Os resultados obtidos neste estudo são contundentes. A nova proposta de plano

de carreira foi apresentada e, sobre ela, foi realizada uma análise à luz de teorias

motivacionais, que garantem a mitigação da insatisfação ou desmotivação dos

graduados com a carreira.

Essas conclusões foram retiradas de um estudo quantitativo e qualitativo

baseado em estatísticas e opiniões oriundas de um questionário aplicado nos

graduados de carreira, somadas à análise da conjuntura mundial que envolve o

mercado de trabalho, bem como sua influência sobre o comportamento da praça de

carreira do EB.

Pesquisando sobre as teorias motivacionais, foi possível identificar aquelas que

explicam a oscilação da motivação conforme o funcionamento das políticas que

envolvem os processos constantes do atual plano de carreira. Ainda sobre essas

teorias, foi viável a identificação de fatores que impactam, negativamente, as

necessidades humanas. Com base nas teorias julgadas mais relevantes, foram

identificados os pontos de insatisfação e desmotivação com o atual plano de carreira.

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141

Essas oportunidades de melhoria foram registradas e utilizadas, na proposta, a fim de

que fossem traçadas estratégias que as neutralizasse.

Da análise do atual plano de carreira pode-se atestar que as políticas de

promoção influenciam diretamente sobre a motivação, devido aos critérios subjetivos de

avaliação para montagem do quadro de acesso, assim como o grande tempo de espera

para ser promovido a Oficial. Além disso, quando há a comparação com outros planos

de carreira, a falta de oportunidades de uma ascensão em curto prazo, que atenda aos

anseios dos militares, causa desmotivação e, em alguns casos, a evasão. Os salários

defasados são o principal motivo de insatisfação, devido à queda na qualidade de vida.

Outros aspectos fundamentais para a proposição de uma transformação no

plano de carreira foi a apresentação da atual conjuntura acerca do mercado de

trabalho, além das características das Gerações X e Y e de conceitos importantes

acerca do comportamento organizacional. A intercessão dessas informações foi

fundamental para o entendimento dos anseios dos graduados com o seu plano de

carreira e possibilitou um melhor embasamento da proposta de transformação.

Acerca desse contexto, conclui-se que o mundo globalizado e competitivo exige

uma preparação cada vez maior das pessoas, que estão, por uma característica da

Geração Y, obstinadas em atingir o sucesso financeiro e profissional. A busca do

aprimoramento profissional é crescente. Dessa maneira, a percepção do sargento é

aguçada e a sua fidelidade à Instituição dependerá do alinhamento de seus interesses

pessoais com os do EB. A evasão é resultado do desencontro desses objetivos, como

foi analisado e apresentado neste estudo científico.

Referindo-se ao perfil profissional dos graduados de carreira do serviço ativo,

conclui-se que a maioria está atendendo às expectativas da Força Terrestre. A maioria

dos militares é especializada, possui aptidão física adequada, possui aptidão no tiro

adequada, possui vivência profissional e são altamente disciplinados. O único aspecto

que deixa a desejar é a habilitação em idiomas, explicada pela divergência de

interesses dos sargentos. Isso permite inferir que é possível admitir que graduados

atinjam o oficialato antecipadamente, por meio de concurso interno e curso de

formação, para assumir cargos de chefia ou de adjuntos de chefia para cargos

administrativos.

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Como contribuição para o desenvolvimento das ciências militares, foi elaborada

uma proposta de plano de carreira para os graduados do EB, à luz de teorias

motivacionais, constante do Apêndice “B”. Esta proposição visa contribuir com os

estudos realizados pelo Estado-Maior do Exército, no que compete à transformação do

plano de carreira dos graduados do EB.

Recomenda-se, pois, que o presente trabalho seja remetido à pela 1ª Subchefia

do Estado-Maior do Exército (EME) para possível aproveitamento nos estudos que são

realizados naquele Órgão de Direção Geral.

Cabe ressaltar que, entretanto, a proposição apresentada neste estudo científico

limitou-se a apresentar uma nova proposta de plano de carreira sob a análise de teorias

motivacionais no modelo em “Y”.

Sugere-se, pois, a fim de tornar legal a aplicação da presente proposta de plano

de carreira como é feito na MB e na FAB, que este estudo seja encaminhado ao Doutor

Vitor Hugo Almeida, a fim de fundamentar, cientificamente, um projeto de Lei que

retifique o Capítulo II do Decreto no 90.116, de 29 de agosto de 1984, que trata sobre o

ingresso no QAO somente por subtenentes e não por outros graduados de carreira

aperfeiçoados com nível de ensino superior.

O Doutor Vitor Hugo Almeida é Consultor Legislativo da Câmara dos Deputados.

Antes de assumir o cargo atual, era Oficial Superior do Exército Brasileiro, especialista

em Operações Especiais e possuidor do Curso de Comando e Estado-Maior. Em

outubro de 2017, ministrou uma palestra aos alunos do Curso de Aperfeiçoamento de

Oficiais, na EsAO, momento em que se colocou à disposição para o recebimento de

trabalhos científicos de mestrado profissional para fins de fundamentação legislativa.

Sugere-se, ainda, que nas futuras pesquisas que tratem sobre a transformação

do plano de carreira dos graduados, sejam abordados, como questões centrais:

a) Um estudo da viabilidade orçamentária para a aplicação desta proposta;

b) Um estudo para a adequação de cargos comissionados entre os graduados de

carreira e suas eventuais responsabilidades no âmbito da Força Terrestre, como é feito

nos EUA e Chile; e

c) A realização do estudo para o planejamento e execução do concurso de

admissão ao Curso de Formação de Oficiais Auxiliares (CFOA), bem como o

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funcionamento do CFOA, nas dimensões logística, orçamentária e de instrução,

propondo uma grade curricular de interesse do EB com base nas atuais

responsabilidades do QAO.

Genericamente, conclui-se que para uma verdadeira transformação sobre os

recursos humanos, é vital o entendimento do panorama que envolve as pessoas no

atual mercado de trabalho. Compreender os anseios dos graduados com o plano de

carreira e buscar associar os objetivos da Instituição por meio da criação de políticas de

incentivo é muito importante para manter elevados o moral da tropa e sua eficiência.

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REFERÊNCIAS

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BRASIL. Aeronáutica. Portaria N° 50/DE-1, de 13 de fevereiro de 2013. Aprova a reedição da Instrução que estabelece o Currículo Mínimo do Estágio de Adaptação ao Oficialato (EAOF) para o QOEA, ICA 37-237. BCA nº 012, de 15 de fevereiro de 2013.

BRASIL. Aeronáutica. Portaria Nº 196/GC3, de 1º de abril de 2011. Aprova a reedição da ICA 36-16 Instrução Reguladora dos Quadros de Oficiais Especialistas em Aviões (QOEAv), Comunicações (QOECom), Armamento (QOEArm), Fotografia (QOEFot), Meteorologia (QOEMet), Controle de Tráfego Aéreo (QOECTA) e Suprimento Técnico (QOESup). BCA nº 067, de 7 de abril de 2011.

BRASIL. Aeronáutica. Portaria Nº 506/DE-1, de 29 de dezembro de 2015. Aprova a reedição do Currículo Mínimo do Curso de Formação de Oficiais Especialistas (CFOE) - Campo Geral e Militar ICA 37-321. BCA nº 003, de 6 de janeiro de 2016.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União, Brasília, DF, n. 191-A, 5 out. 1988. p. 1. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 19 mar. 2017.

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BRASIL . Decreto No 2.996, de 23 de Março de 1999. Aprova o regulamento do Quadro de Oficiais Especialistas da Aeronáutica (QOEA). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 mar. 1999. p. 3.

BRASIL . Decreto No 3.690, de 19 de dezembro de 2000. Aprova o Regulamento do Corpo do Pessoal Graduado da Aeronáutica, e dá outras providências. Diário Oficial Eletrônico, Brasília, DF, 20 dez. 2000. p. 56.

BRASIL . Decreto No 4.307, de 18 de julho de 2002. Regulamenta a Medida Provisória no 2.215-10, de 31 de agosto de 2001, que dispõe sobre a reestruturação da remuneração dos militares das Forças Armadas, altera as Leis ns. 3.765, de 4 de maio de 1960, e 6.880, de 9 de dezembro de 1980, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 jul. 2002. p. 2. BRASIL . Decreto No 7.014, de 23 de novembro de 2009.Disciplina os requisitos e condições de promoção na Carreira Policial Federal, de que trata o § 1o do art. 2o da Lei no 9.266, de 15 de março de 1996. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 nov. 2009. p. 1. BRASIL . Decreto No 8.282, de 3 de julho de 2014.Regulamenta os critérios e procedimentos para a promoção e progressão na carreira de Policial Rodoviário Federal, de que trata a Lei no 9.654, de 2 de junho de 1998. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 03 jul. 2014. p. 1. BRASIL . Decreto No 9.519, de 26 de novembro de 1997. Dispõe sobre a reestruturação dos Corpos e Quadros da Marinha. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 27 nov. 1997. p. 27741. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9519.htm>. Acesso em: 27 abr. 2016. BRASIL . Decreto No 90.115, de 29 de agosto de 1984. Dá nova redação aos artigos 3º, 5º e 10, do Decreto nº 84.333, de 20 de dezembro de 1979, que cria o Quadro Auxiliar de Oficiais (QAO), extingue os Quadros de Oficiais de Administração (QOA) e de Oficiais Especialistas (QOE), e dá outras providências. . Diário Oficial da União, Brasília, DF, 30 ago. 1984. BRASIL. Estado-Maior do Exército. Apresentação das alterações do plano de carreira aos graduados da Guarnição de Brasília. Brasília, DF, 2017.

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BRASIL. Exército. Portaria n° 006, de 9 de janeiro de 2015. Aprova o Processo de Ingresso e de Promoções no Quadro Auxiliar de Oficiais (QAO) e de Promoções de Subtenentes e Sargentos de Carreira, exceto os do Quadro Especial (QE). Boletim do Exército, Brasília, DF, n. 03, p. 8-14, 16 jan. 2015. BRASIL . Exército. Portaria n° 70, de 21 de maio de 2012. Normatiza o Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais. Boletim do Exército, Brasília, DF, n. 21, p. 19-20, 25 maio. 2012. BRASIL . Exército. Portaria n° 141, de 29 de junho de 2015. Constitui Grupo de Trabalho para elaboração da Diretriz de Implementação da Carreira em “Y” no Exército Brasileiro. Boletim do Exército, Brasília, DF, n. 27, p. 21-11, 3 jul. 2015. BRASIL . Exército. Portaria n° 181, de 28 de novembro de 2014. Aprova as Instruções Reguladoras para a Organização, o Funcionamento e a Matrícula no Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais (IROFM/CHQAO - EB60-IR-20.002). Boletim do Exército, Brasília, DF, n. 50, p. 26-41, 12 dez. 2014. BRASIL . Exército. Portaria n° 189, de 19 de dezembro de 2014. Altera as Instruções Reguladoras para a Organização, o Funcionamento e a Matrícula no Curso de Habilitação ao Quadro Auxiliar de Oficiais (IROFM/CHQAO - EB60-IR-20.002). Boletim do Exército, Brasília, DF, n. 52, p. 46-47, 26 dez. 2014. BRASIL . Exército. Portaria n° 240, de 23 de outubro de 2013. Aprova as Instruções Reguladoras para o Sistema de Valorização do Mérito dos Militares de Carreira do Exército (EB30-IR-60.001). Separata ao Boletim do Exército, Brasília, DF, n. 50, 13 dez. 2013. BRASIL . Exército. Portaria n° 1505, de 15 de dezembro de 2014. Aprova as Instruções Gerais para Promoção de Graduados (EB10-IG-02.006) e dá outras providências. Boletim do Exército, Brasília, DF, n. 51, 19 dez. 2014. BRASIL . Lei no 8.112, de11 de dezembro de 1990. Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 abr. 1991. p. 1. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8112cons.htm>. Acesso em: 19 mar. 2017.

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BRASIL . L e i no 8.666, de 21 de junho de 1993. Dispõe sobre o Estatuto dos militares. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 22 jun. 1993. p. 8269. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6880.htm#art159>. Acesso em: 19 mar. 2017. BRASIL . L e i no 9.654, de 2 de junho de 1998. Cria a carreira de Policial Rodoviário Federal e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 03 jun. 1998. p. 1. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9654.htm>. Acesso em: 19 mar. 2017. BRASIL . L e i no 12.775, de 28 de dezembro de 2012. Dispõe sobre a carreira de Policial Rodoviário Federal e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 31 dez. 2012. p. 22. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12775.htm>. Acesso em: 19 mar. 2017. BRASIL . L e i no 13.034, de 28 de outubro de 2014. Dispõe sobre a reestruturação da Carreira Policial Federal, alterando a Lei nº 9.266, de 15 de março de 1996, e sobre a remuneração da Carreira de Perito Federal Agrário, alterando a Lei nº 10.550, de 13 de novembro de 2002; altera a Lei nº 11.358, de 19 de outubro de 2006; revoga dispositivos do Decreto-Lei nº 2.320, de 26 de janeiro de 1987; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 29 out. 2014. p. 1. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13034.htm>. Acesso em: 19 mar. 2017. BRASIL. Marinha. Plano de carreira das praças da Marinha. 2012. BRASIL. Marinha. DGPM-307, de 23 de março de 2005. Normas sobre a seleção e indicação para curso. 2005 BRASIL. Medida Provisória no 2.215-10, de 31 de agosto de 2001. Dispõe sobre a reestruturação da remuneração dos militares das Forças Armadas, altera as Leis ns. 3.765, de 4 de maio de 1960, e 6.880, de 9 de dezembro de 1980, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 01 set. 2001. p. 1. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/mpv/2215-10.htm>. Acesso em: 15 abr. 2016. BRASIL. Presidência da República. Decreto no 84.333, de 20 de dezembro de 1979. Cria o Quadro Auxiliar de Oficial (QAO), extingue os Quadros de Oficiais de Administração (QOA) e de Oficiais Especialistas (QOE), e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 21 de dezembro de 1979.

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MAXIMIANO, Antônio Cesar Amaru. Introdução à administração. São Paulo: Atlas, 2006. 294 p. MAXIMIANO, Antônio Cesar Amaru. Teoria geral da administração: da revolução urbana à revolução digital. São Paulo: Atlas, 2009. 491 p. Monthly Basic Pay. Disponível em:<http://militarypay.defense.gov>. Acesso em: 19 mar. 2017.

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ANEXO A – REQUISITOS PARA O CFO AA/ FN NA MARINHA DO BRASIL

EXTRATO DAS INSTRUÇÕES PARA INSCRIÇÃO NO CONCURSO DE ADMISSÃO

AO CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS AUXILIARES

10.4 - INSCRIÇÃO

10.4.1 - São condições necessárias para inscrição:

a) requerer ao Comandante, Diretor ou Autoridade Responsável pela OM a que

estiver subordinado, a quem caberá deferir o requerimento por delegação de

competência, avaliando se o candidato:

I) possui habilitações profissionais navais, entusiasmo pela carreira, conduta

civil e militar, bem como outros aspectos que o recomendem para o oficialato;

II) possui curso de nível superior realizado em estabelecimento de ensino

superior oficialmente reconhecido, que esteja enquadrado na Portaria do Comandante

da Marinha que aprova os cursos de interesse da Administração Naval para fim de

transferência do Quadro de Oficiais Auxiliares da Armada e de Auxiliares Fuzileiros

Navais para o Quadro Técnico ou se está enquadrado na situação de tempo de efetivo

serviço prevista na alínea k; e

III) atende os demais requisitos constantes nestas instruções.

b) possuir 100 (cem) pontos de comportamento e nota igual ou superior a 4,5

(quatro e meio) em Aptidão Média para a Carreira (AMC);

c) ser brasileiro nato e ter menos de 45 (quarenta e cinco) anos de idade a 1o de

janeiro do ano de inscrição no CA-AA/AFN;

d) possuir as condições exigidas pela legislação em vigor para continuar no

Serviço Ativo da Marinha (SAM);

e) não ter sido condenado pela Justiça Militar ou Comum por crime de caráter

doloso ou culposo;

f) não estar respondendo a Conselho de Disciplina ou a Inquérito ou Processo na

Justiça Militar ou Comum;

g) não estar impedido de acesso;

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h) contar, como Sargento, o mínimo de 1 (um) ano de embarque para o pessoal

do CPA, ou 1 (um) ano de tropa para o CPFN, sendo estes equivalentes entre si, e

serão dispensadas deste requisito as Praças para cujas especialidades não existir a

cláusula de embarque ou tropa como Sargento;

i) ser, no mínimo, Terceiro-Sargento do CPA, CAP e CPFN (exceto SG-MU), com

3 anos completos na graduação e aprovado no Estágio de Aplicação (EA) referente ao

Curso de Aperfeiçoamento (C-Ap) ou ser considerado Aperfeiçoado;

j) ser, no mínimo, Terceiro-Sargento – UM do CPFN, com 5 anos completos na

graduação e aprovado no Estágio de Aplicação (EA) referente ao Curso de

Aperfeiçoamento (C-Ap) ou ser considerado Aperfeiçoado;

k) ter completado, no mínimo, ou vir a completar 18 anos de tempo de efetivo

serviço, no ano da inscrição do concurso, ou possuir um dos cursos de nível superior

considerados como de interesse da Administração Naval, conforme disposto na alínea

a, subalínea II;

l) não ter sido eliminado em concurso para o CA-AA/AFN anterior por ter:

I) fornecido ou recebido auxílio para realizar qualquer prova;

II) utilizado qualquer material não autorizado;

III) desrespeitado qualquer prescrição relativa à execução das provas;

IV) escrito o nome ou introduzido marcas identificadoras noutro lugar que não o

determinado; e

V) cometido ato grave de indisciplina.

m) não ter sofrido, pela segunda vez, inabilitação nas disciplinas do Curso de

Formação de Oficiais ou Estágio de Aplicação, ou não ter sido desligado dos mesmos

por ter obtido grau de conceito inferior a 3 (três);

n) estar apto para o SAM, conforme verificado em inspeção de rotina para controle

periódico de saúde, sem quaisquer restrições para o desempenho de atividades

regulamentares;

o) ter sido aprovado no último TAF anual; e

p) obter parecer favorável das Comissões de Promoções de Praças (CPP),

conforme disposto no Plano de Carreira de Praças da Marinha. Somente serão

apreciados pela CPP, quanto aos atributos morais e profissionais, SO e SG que

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apresentem, na média das recomendações para o Oficialato ao longo da carreira, grau

superior ou igual a três, conforme preconizado na DGPM-313 (BRASIL, 2005).

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APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO

PESQUISA DE CAMPO

QUESTIONÁRIO “PLANO DE CARREIRA DAS PRAÇAS”

1. OBJETIVO

Este estudo tem por objetivo a criação de subsídios para o levantamento de

propostas de melhorias no Plano de Carreira das Praças, no intuito de aumentar a

satisfação quanto à qualidade de vida e a motivação no que diz respeito a novas

oportunidades para empregar os conhecimentos em prol da Instituição.

Este questionário será analisado como componente da dissertação de mestrado

do Cap Inf THIAGO DE PAULA SOTTE, intitulada “Plano de carreira dos graduados

do Exército Brasileiro, à luz de teorias motivacionais: uma proposta de carreira

em Y”.

2. CONSIDERAÇÕES

Este questionário é composto de 16 perguntas diretas divididas entre aquelas com

o intuito de levantar o atual perfil profissional dos graduados de carreira e outras

perguntas para se levantar aspectos ligados à satisfação e motivação das praças

quanto ao plano de carreira. Participarão desta pesquisa os graduados de carreira do

EB.

Observação:

Os dados colhidos por meio deste questionário auxiliarão no estudo uma nova

linha de ação para a proposta de mudança do Plano de Carreira dos Sargentos no

Exército Brasileiro.

Desde já agradeço pela colaboração.

Qualquer dúvida, favor fazer contato pelo e-mail: [email protected]

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3. QUESTIONÁRIO

1) Qual a sua graduação? ( ) 3º Sgt ( ) 2º Sgt ( ) 1º Sgt ( ) S Ten

2) Está servindo em que Comando Militar de Área?

( ) CMA ( ) CMN ( ) CMNE ( ) CML ( ) CMSE ( ) CMS ( ) CMP ( ) CMO 3) Qual o seu curso de formação? ( ) Infantaria ( ) Cavalaria ( ) Artilharia ( ) Comunicações ( ) Engenharia ( ) Logística ( ) Aviação ( ) Topografia ( ) Outros 4) Possui algum curso de especialização dentro da Força Terrestre?

( ) Sim ( ) Não 5) É habilitado em algum idioma estrangeiro?

( ) Sim ( ) Não 6) Qual a sua menção no último TAF?

( ) I ( ) R ( ) B ( ) MB ( ) E

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7) Qual a sua menção no último TAT?

( ) I ( ) R ( ) B ( ) MB ( ) E

8) Já serviu em quantos Comandos Militares de Área distintos?

( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5

9) Qual a seu comportamento atual?

( ) Insuficiente ( ) Mau ( ) Bom ( ) Ótimo ( ) Excepcional

10) Já sofreu alguma punição na carreira?

( ) Sim ( ) Não 11) Possui curso de nível superior?

( ) Tecnólogo ( ) Licenciatura ( ) Bacharelado ( ) Mestrado ou Doutorado ( ) Não possuo 12) Caso possua curso de nível superior, em que área de atuação?

( ) Contabilidade ( ) Direito ( ) Administração ( ) Informática ( ) Outros

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13) Qual o principal aspecto que lhe motivou a fazer um curso de nível superior?

( ) Aprimorar o trabalho desenvolvido no EB ( ) Aprimorar meus conhecimentos gerais ( ) Abrir oportunidade para a realização do concurso do QCO ( ) Abrir oportunidade para a realização do concursos externos ( ) Ministrar aulas para aumentar a renda familiar

14) Na hipótese de já ter pensado em abandonar a carreira, qual o principal motivo que lhe levou a isso?

( ) Nunca pensei em abandonar a carreira ( ) Melhorar a qualidade de vida ( ) Falta de oportunidade para empregar meu potencial ( ) Sobrecarga de atribuições ( ) Inaptidão para o serviço militar 15) A expectativa de realizar um concurso interno, como na MB e na FAB, seria

uma forma de motivá-lo profissionalmente ao longo da carreira? ( ) Sim ( ) Não

Caso queira fortalecer a sua resposta, use o espaço para acrescentar o seu

ponto vista.

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_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

16) Na condição de Oficial do QAO, a qualidade de vida que você poderia prover para a sua família seria adequada?

( ) Sim ( ) Não

Caso queira fortalecer a sua resposta, use o espaço para acrescentar o seu

ponto vista indicando pelo menos três melhorias.

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157

APÊNDICE B

NOVA PROPOSTA DE PLANO DE CARREIRA PARA OS GRADUADOS DO EB

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

a. Conjuntura do atual mercado de trabalho

1) O mundo está em uma acelerada modificação devido ao avanço tecnológico,

aos novos processos de trabalho e à necessidade de inovadores produtos e serviços.

2) O mercado de trabalho está exigindo cada vez mais de seus colaboradores no

sentido de se buscar o aprimoramento e a especialização em novas competências que

supram as atuais demandas dos consumidores.

b. A geração Y

1) É a geração que começou a entrar no mercado de trabalho a partir do ano de

2001 e que, desde então, o Exército Brasileiro agrega nas novas incorporações de

sargentos de carreira.

2) Caracterizada pela busca do sucesso financeiro-profissional em curto prazo, os

militares da geração Y apresentam uma propensão ao abandono da Instituição,

particularmente quando não são atendidos quanto aos seus anseios profissionais e à

adequada qualidade de vida.

c. A evasão entre os sargentos de carreira

1) Resultado de uma incompatibilidade pessoal do militar com a Instituição, a

evasão é uma maneira de se mensurar o quantitativo de sargentos do EB que saíram à

procura de novas oportunidades.

2) Desde o ano de 2002, a maioria dos militares oriundos das escolas de formação

de sargentos de carreira se evade antes de completar oito anos de serviço. Isso

demonstra uma dificuldade em reter os profissionais recém-formados.

3) No período compreendido entre os anos de 1995 e 2015, os cursos de

formação que mais perderam militares foram: Topografia, Aviação, Manutenção de

Comunicações, Comunicações e Intendência.

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158

4) Percebe-se, portanto, que os sargentos com formação mais técnica, em sua

maioria oriudos da EsSLog, apresentam maiores índices de saída da caserna.

5) O graduados oriundos da EsSA apresentaram, no mesmo período, uma evasão

percentual que variou de 6,9% (Cavalaria) e 16% (Comunicações).

d. O perfil profissional dos atuais graduados de carreira da ativa

1) Apesar da aparente insatisfação, os graduados de carreira da ativa apresentam

elevados percentuais de profissionalismo quando se avalia os fatores de valorização do

mérito.

2) O que se destaca é o alto índice de graduados com curso de nível superior

(66,9%) dos quais 35,9% são voltados para áreas de interesse do EB.

a) Um fator importante é que a maioria dos graduados procura os cursos de

nível superior para a realização de concursos (46,7%), externos ou para o QCO.

b) Outros graduados estão formados para ministrar aulas visando a uma

atividade possível de conciliar com o serviço militar que gere uma renda extra (20,3%)

ou, simplesmente, para aprimorar seus conhecimentos gerais (24,8%).

c) Apenas 8,2% dos graduados de carreira busca a graduação em nível

superior com a intenção de utilizar esses conhecimentos em prol do EB.

3) Um fator que deixa a desejar é o alto índice de militares que não são habilitados

em nenhum idioma (81,1%). Com base no que foi analisado, o foco da maioria dos

sargentos é a busca pela formação superior para fins de prestação de concursos. A

habilitação em idioma demandaria tempo de estudo e gastos que não estão alinhados

aos objetivos pessoais dos graduados.

e. A motivação e o comportamento organizacional

1) A motivação para o trabalho advém de um sentimento intrínseco que pode

variar de acordo com a percepção do indivíduo acerca da influência das decisões

organizacionais sobre os seus respectivos objetivos pessoais.

2) Esses objetivos pessoais podem estar relacionados a um anseio profissional,

financeiro ou ambos.

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3) Ratificando essas informações, algumas teorias motivacionais são capazes de

explicar parte do comportamento dos graduados em relação à Instituição, levando em

consideração o corrente panorama do mercado de trabalho. O plano de carreira ideal

seria aquele que contemplasse o seguinte:

a) pela Teoria da Expectativa, gere a expectação do recebimento de uma

recompensa atraente por meio de seu desempenho pessoal, que é determinado pela

empresa, e que valha o esforço a ser despendido para o seu alcance (ROBBINS, 2008,

p. 55);

b) pela Teoria de Fixação de Metas, tenha metas claras e tangíveis para o

alcance do desempenho. As metas criadas devem ser progressivas e sem subjetividade

para que dê a certeza, ao colaborador, de que está trilhando o caminho certo até o seu

objetivo (ROBBINS, 2008, p. 52);

c) pela Teoria da Equidade, tenha justiça na distribuição e nos processos. Em

outras palavras, que haja salários proporcionais à capacitação e à produtividade do

colaborador, além de isenção quanto à política de recompensas ou promoções

(MAXIMIANO, 2009, p. 258). Isso evita a desmotivação que leva a comparações entre

planos de carreira, tanto interna quanto externamente ao atual ambiente de trabalho

(ROBBINS, 2008, p. 146);

EXPECTATIVA de desempenho

(Objetivo pessoal)

METAS claras e tangíveis

(Esforço compensatório)

DESEMPENHO determinado

(Recompensa)

SATISFAÇÃO - Salário - Necessidades básicas - Necessidades segurança - Necessidade social - Qualidade de vida

MOTIVAÇÃO - Reconhecimento - Necessidade de estima - Necessidade de auto realização - Realização profissional

EQUIDADE Processual – Política de promoções e recompensas

EQUIDADE Distributiva – Promoções, recompensas, salários

Quadro 1 – Carreira ideal à luz de teorias motivacionais Fonte: o autor

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d) pela Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow, proporcione o

atingimento das necessidades básicas, de segurança, sociais, de estima e auto

realização (MASLOW apud ROBBINS, 2008, p.133); e

e) pela Teoria dos Dois Fatores, permita o colaborador estar satisfeito e

motivado. Satisfeito com um salário que permita usufruir uma boa qualidade de vida e

motivado por oportunidades para empregar seus conhecimentos e galgar cargos de

responsabilidade, a fim de conseguir o reconhecimento e a realização profissional

(HERZBERG apud MAXIMIANO, 2009, p. 267).

4) Destarte, a carreira em Y facilita o aspecto motivação, pois permite que o militar

escolha em momento definido pela Instituição, de acordo com o seu respectivo perfil

profissional e objetivos pessoais, qual o tipo de função quer desempenhar: gerencial ou

técnica.

f. Conclusão sobre a conjuntura no EB

1) Os graduados de carreira estão alinhados com o panorama mundial do

mercado de trabalho, exigente e concorrencial, buscando cada vez mais o

aprimoramento pessoal no sentido de oferecer melhores resultados. Esse fato é

confirmado pelos índices apresentados acerca dos quesitos que envolvem a

valorização do mérito, em particular, o percentual considerável de subtenentes e

sargentos com formação em Instituições de Ensino Superior, auferidas com recursos

financeiros próprios.

2) Ademais, o graduado de carreira quer estar em condições de alcançar o

sucesso profissional e financeiro em um curto prazo, característico da atual geração,

dentro do Exército Brasileiro ou em outros locais que propiciem um cargo e

remuneração correspondente ao seu potencial. Esse fato é corroborado pelo estudo

dos percentuais de evasão apresentados na dissertação de mestrado.

3) Pode-se inferir que o curso superior é concluído pelos graduados de carreira,

em sua maioria, para fins de se alcançar uma atividade que traga realização

profissional e melhor qualidade de vida. A realização profissional está ligada ao fazer o

que tem capacitação e afinidade. A qualidade de vida está relacionada a ganhar uma

remuneração justa e que permita a aquisição daquilo que se acha necessário.

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4) É preciso, pois, uma readequação do plano de carreira dos graduados do

Exército Brasileiro à nova realidade conjuntural. Isso permitirá: atrair potenciais

cidadãos para a carreira das armas; reter os recursos humanos mais capacitados; e

propiciar a motivação dos militares ao longo do serviço ativo por meio do alinhamento

das metas impostas pela Instituição e dos objetivos pessoais dos subtenentes e

sargentos quanto aos alcances da realização profissional e da qualidade de vida

julgada necessária.

2. FLUXO DA NOVA PROPOSTA DE PLANO DE CARREIRA EM Y

a. Quadro representativo do fluxo na carreira em Y

b. Considerações sobre o fluxo na carreira

1) Base Comum

a) O graduado inicia a carreira por meio do Curso de Formação em uma das

escolas formadoras de sargentos do EB.

b) Após a sua formação, o 3º Sgt irá passar por um processo de especialização,

realizando cursos dentro da Força Terrestre, e aprimoramento profissional, buscando

Quadro 2 – Proposta de fluxo da carreira Fonte: o autor

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satisfazer aos anseios do Exército Brasileiro no que diz respeito aos quesitos de

valorização do mérito, tais quais:

(1) Graduação de nível superior;

(2) Habilitação em idiomas estrangeiros;

(3) Manutenção dos padrões quanto à aptidão física;

(4) Manutenção dos padrões quanto à aptidão nas atividades de tiro;

(5) Vivência nacional; e

(6) Manutenção dos padrões disciplinares.

c) Completado o interstício, o 3º Sgt é promovido à graduação de 2º Sgt.

d) Conforme preconizado, o 2º Sgt realiza o Curso de Aperfeiçoamento de

Sargentos (CAS), na EASA.

e) Terminado o CAS, o 2º Sgt aperfeiçoado retorna à OM de origem.

f) Levando em consideração que grande parte dos graduados aperfeiçoados já

possui, além da estabilidade na carreira, um perfil profissional respeitável e uma

vivência institucional, a partir do tempo determinado pelo Exército para a aplicação do

CAS nas diversas OM, o militar entraria no universo da carreira em “Y” e poderia optar

entre uma carreira gerencial ou técnica.

3. CARREIRA EM “Y”

a. Eixo Técnico

1) Qualificação Funcional Comum (QFC)

a) Seria voltada para a manutenção do graduado de carreira aperfeiçoado no

exercício das funções já existentes no atual plano de carreira.

b) Essa qualificação nada mais seria que o prosseguimento na carreira sem que

haja o enquadramento do militar nas outras opções, seja por escolha do graduado ou

pela falta de algum pré-requisito que lhe permita escolher outra opção.

c) Como forma de aumentar a motivação, sugere-se a criação de mais cargos

comissionados, além de Sargento Brigada, para que haja a distinção de um maior

número de sargentos durante o serviço ativo.

(1) Esses novos cargos, similar ao que acontece no Exército dos Estados

Unidos, seriam criados para que as praças de carreira com qualificação comum

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possam, nos níveis subunidade, batalhão e brigada, exercer sua liderança e ganharem

autonomia para coordenar os processos atinentes às praças. Isso acarretaria em

maiores responsabilidades e destacaria o bom militar.

(2) Como Subtenentes, aos moldes do que acontece no Exército Chileno, os

militares com melhor perfil profissional seriam designados para o comissionamento de

um cargo que lhe permitiria o assessoramento direto sobre os processos que envolvam

as praças no âmbito da Força Terrestre.

d) A fim de aumentar a satisfação e em reconhecimento às maiores

responsabilidades assumidas no âmbito do círculo das praças, os militares com cargos

comissionados, dentro das possibilidades orçamentárias, receberiam o pagamento de

gratificação pelo exercício da função.

(1) A gratificação pelo cargo comissionado seria um incentivo ao graduado

de carreira que tem afinidade pela função técnica e não necessitaria ingressar no QAO

(gerencial) em busca de uma melhor remuneração.

2) Qualificação Funcional Específica (QFE)

a) Análogo ao que está em vigor no Plano de Carreira dos Oficiais Combatentes

do EB, a Qualificação Funcional Específica visaria a destinação de graduados para o

desempenho da especialização técnica adquirida pelo militar ao longo da carreira.

b) A QFE seria voltada para graduados de carreira, tecnicamente

especializados, por exemplo, nas seguintes áreas:

(1) Comunicação social;

(2) Eletrônica;

(3) Mecânica;

(4) Metalurgia;

(5) Química;

(6) Edificações;

(7) Eletricidade;

(8) Tecnologia da Informação;

(9) Comunicações; e

(10) Inteligência.

c) O ingresso em uma QFE seria feito por meio da inscrição em processo

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seletivo à qualificação pleiteada e disponibilidade de claros em QCP.

d) A QFE permitiria ao militar escolher uma nova forma de colaborar com o

Exército, no entanto, sem nenhum benefício financeiro a mais.

e) Essa opção daria uma motivação ao militar no momento em que permite o

exercício de uma habilidade com a qual a praça tenha mais afinidade, além de uma

carreira com menor quantidade de movimentações.

b. Eixo Gerencial

1) O Eixo Gerencial seria caracterizado pela opção do graduado em ingressar no

Quadro Auxiliar de Oficiais (QAO).

2) Haveria duas formas de ingresso no QAO (gerencial):

a) Promoção por merecimento dos subtenentes com o CHQAO, como

atualmente em vigor.

b) Conclusão com aproveitamento do Curso de Formação de Oficiais Auxiliares

(CFOA), cuja matrícula seria feita por meio de seleção via concurso de admissão

interno.

3) A distribuição dos efetivos de Oficiais do QAO seria definido conforme a

quantidade de claros, da forma como é preconizado e executado atualmente, porém:

a) A ocupação desses cargos seria feita de forma que de um total de vagas

para a promoção, um percentual fosse destinado aos oficiais oriundos do CFOA e o

restante aos oficiais oriundos do CHQAO.

b) Essa proporção seria calculada pelo DGP.

4) O QAO permaneceria com suas funções voltadas para a administração geral,

no entanto, haveria aqueles que poderiam concorrer, em caso de disponibilidade de

vagas e por meio de processo seletivo, aos cargos de Assessor Jurídico, Professor do

Magistério Militar, Gerente de Aviação, Oficial de Informática.

a) Para concorrer a um cargo de assessor jurídico, o Oficial do QAO deverá ser

bacharel em Direito.

b) Para concorrer a um cargo de Professor do Magistério Militar, o Oficial do

QAO deverá possuir no mínimo Licenciatura em disciplinas de interesse do Sistema de

Ensino do Exército Brasileiro.

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c) Para concorrer a um cargo de Gerente de Aviação, o Oficial do QAO deverá

possuir formação no CIAvEx, anterior ao ingresso no QAO.

d) Para concorrer a um cargo de Oficial de Informática, o Oficial QAO deverá

ser bacharel em Tecnologia da Informação.

e) Para esses casos, o processo seletivo seria similar ao que é realizado no

QFE dos Oficiais Combatentes de Carreira e, como proposta, por meio de uma prova

de títulos.

4. CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS AUXILIARES

a. Condições básicas para a inscrição concurso de admissão

1) Ser brasileiro, graduado aperfeiçoado pela EASA e ter cumprido o tempo

mínimo de aplicação do CAS nas OM de origem.

2) Possuir formação em Instituição de Ensino Superior oficialmente reconhecida.

3) Possuir concorde do respectivo Cmt OM e mérito sob apuração da CP-QAO.

4) Outros critérios relacionados à valorização do mérito tais como:

a) possuir curso de especialização dentro da Força Terrestre;

b) habilitação em idioma estrangeiro;

c) vivência nacional;

d) TAF e TAT nos padrões exigidos;

e) comportamento compatível ao tempo de serviço; e

f) ausência de registros de punição disciplinar.

b. Edital do concurso

1) O concurso abrangeria provas de conhecimento geral e profissional, assim

como no concurso de admissão ao CHQAO, porém com algumas transformações.

2) O conhecimento geral seria mensurado pelo resultado em provas de português

e redação.

3) O conhecimento profissional seria medido pelo resultado de avaliações que

envolvam os assuntos atinentes às funções do Oficial Auxiliar, que deve estar apto para

servir “nas áreas de administração, de pessoal, de finanças e de logística das

organizações militares (OM)” (BRASIL, 2012, p. 1).

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166

a) Como proposta, a prova do conhecimento profissional seria formulada com

base nas leis, portarias e manuais acerca do funcionamento dos sistemas

informatizados do EB, no que tange aos seguintes assuntos:

(1) licitações, aquisições e contratos;

(2) gestão orçamentária;

(3) fiscalização de produtos controlados;

(4) Fundo de Saúde do Exército;

(5) mobilização;

(6) pagamento de militares da ativa;

(7) pagamento de militares inativos e pensionistas;

(8) gestão ambiental;

(9) excelência gerencial;

(10) conformidade dos registros de gestão;

(11) controle patrimonial;

(12) secretaria; e

(13) assessoria jurídica informal.

b) É importante salientar que a preparação para o concurso acarretará no

fortalecimento profissional do sargento de carreira, não aperfeiçoado, que estará em

contínuo aprendizado até o momento de escolher qual dos eixos irá seguir,

apresentando melhores condições de assessorar e produzir em suas respectivas OM.

b. O Curso de Formação

1) Seria centralizado em um Estb Ens, com grade curricular a ser definida, mas

que comtemplasse em sua plenitude os assuntos inerentes às funções a serem

desempenhadas pelos Oficiais do QAO.

2) A matrícula no CFOA seria precedida de exame de saúde, exame físico e

comprovação de títulos.

3) A carga horária de instrução seria distribuída dentro de 14 semanas

presenciais, sem o tempo destinado a EAD.

4) O graduado aperfeiçoado, caso aprovado no concurso de admissão

permaneceria vinculado a OM de origem enquanto realiza o CFOA.

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5) Em caso de desistência, desligamento ou não aproveitamento do curso, o

graduado retorna à OM de origem.

6) Concluído o CFOA com aproveitamento, baseado na classificação do militar por

término de curso, a antiguidade da turma seria gerada e a escolha de unidade seria

realizada.

7) O militar faria o compromisso do 1º Posto, seria desligado da OM de origem e

classificado na OM que escolheu.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

a. A proposição supramencionada limitou-se a apresentar uma nova proposta de

plano de carreira sob a análise de teorias motivacionais no modelo em “Y”.

b. Será necessário um estudo para verificar a viabilidade legal e orçamentária para

uma possível aplicação desse plano de carreira .

c. Sugere-se que seja feito um estudo para a adequação de cargos comissionados

entre os graduados de carreira e suas eventuais responsabilidades no âmbito da Força

Terrestre, como é feito nos EUA e Chile.

d. Sugere-se, ainda que seja realizado um estudo para o planejamento e execução

do concurso de admissão ao Curso de Formação de Oficiais Auxiliares (CFOA), bem

como o funcionamento do CFOA, nas dimensões logística, orçamentária e de instrução,

propondo uma grade curricular de interesse do EB com base nas atuais

responsabilidades do QAO.

e. Diante da conjuntura que envolve os graduados de carreira do EB e alicerçado por

teorias motivacionais, pode-se concluir que a proposta apresentada supriria os anseios

dos militares que seriam afetados por ela. A oportunidade de uma ascensão num prazo

mais curto, por um merecimento baseado em critérios bem objetivos, pode motivar os

sargentos recém-formados, além de atender as mudanças de perfil que ocorrem ao

longo da vida pessoal do militar.

f. A carreira em “Y” planejada pelo Exército favorece a motivação ao passo que

permite o próprio militar decidir em que área poderá empregar suas expertises.