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Escola de Acólitos S. Miguel Ano Lectivo 2008/2009 Tema: Turíbulo 1 Do dicionário elementar da liturgia: Incenso (História) De incendere (acender), é uma resina que, ao arder, produz um agradável aroma. Esta palavra latina dá origem também ao termo «incensário», instrumento metálico para incensar, enquanto que a raiz grega thus, que também significa incenso, explica as palavras turíbulo (incensário) e turiferário (aquele que o transporta). O incenso usa-se sobretudo no Oriente, e, desde muito antigamente – no Egipto, antes de chegarem os israelitas – usava-se nas cerimónias religiosas, pelo seu fácil simbolismo de perfume e festa, de sinal de honra e respeito ou de sacrifício aos deuses. À volta da Arca da Aliança e, sobretudo, no Templo de Jerusalém, era clássico o rito do incenso (cf. Ex 30). A rainha de Sabá trouxe a Salomão, entre outras prendas, grande quantidade de aromas (cf. 1Rs 10). Os magos do Oriente ofereceram incenso, além de mirra e ouro, ao Menino de Belém, como tinha anunciado Isaías (Is 60,6). Incenso no Cristianismo Os cristãos só no século IV introduziram a linguagem simbólica do incenso nas suas celebrações, quando se considerou superado o perigo anterior de confusão com os ritos idolátricos do culto romano. Actualmente, quando se quer ressaltar a festividade do dia, na Missa, ao ofertório, incensa-se o altar, as imagens da Cruz ou da Virgem, o livro do Evangelho, as oferendas sobre o altar, os ministros e o povo cristão, e, depois da consagração ou nas celebrações de culto eucarístico, incensa-se também o Santíssimo. Com isso quer-se significar um gesto de honra (ao Santíssimo, ao corpo do defunto nas exéquias), ou um símbolo de oferenda sacrificial (no Ofertório, tanto o pão e o vinho como as pessoas). Incensam-se os sinos, quando se benzem; o Círio Pascal, antes de cantar o Precónio; as paredes da igreja, na sua Dedicação; os sepulcros, etc. Nas exéquias, incensar os restos mortais do defunto exprime o apreço que a comunidade cristã sente por este corpo que foi templo do Espírito e está destinado à ressurreição e, ao mesmo tempo, ao sentido de oferenda total e definitiva que a morte supõe. Também se usa o incenso na Liturgia das Horas, simbolizando a oração que sobe até Deus. Durante o cântico do Benedictus e do Magnificat «pode-se incensar o altar e, a seguir, o sacerdote e o povo» (IGLH 261), e também a Cruz (cf. CB 204). Incenso na Bíblia A oração é algo interior, que se manifesta exteriormente com a voz, o canto, as posturas corporais, e também com o fumo suave e o perfume do incenso. O Salmo 140 [141],2 diz: «Suba até Vós a minha oração como incenso», e o Apocalipse diz que «as taças de ouro cheias de perfumes, que são as orações dos Santos» (5,8), e «Veio um anjo, com um turíbulo de ouro na mão, e colocou-se de pé junto do altar. Foram-lhe dadas muitas espécies de aromas, para que os oferecesse com as orações de todos os Santos, sobre o altar de ouro que está diante do trono. E das mãos do anjo subiu à presença de Deus o fumo dos aromas com as orações dos santos» (8,3-4).

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Escola de Acólitos S. Miguel Ano Lectivo 2008/2009

Tema: Turíbulo 1

Do dicionário elementar da liturgia:

Incenso (História)

De incendere (acender), é uma resina que, ao arder, produz um agradável aroma. Esta palavra latina dá origem também ao termo «incensário», instrumento metálico para incensar, enquanto que a raiz grega thus, que também significa incenso, explica as palavras turíbulo (incensário) e turiferário (aquele que o transporta). O incenso usa-se sobretudo no Oriente, e, desde muito antigamente – no Egipto, antes de chegarem os israelitas – usava-se nas cerimónias religiosas, pelo seu fácil simbolismo de perfume e festa, de sinal de honra e respeito ou de sacrifício aos deuses.

À volta da Arca da Aliança e, sobretudo, no Templo de Jerusalém, era clássico o rito do incenso (cf. Ex 30). A rainha de Sabá trouxe a Salomão, entre outras prendas, grande quantidade de aromas (cf. 1Rs 10). Os magos do Oriente ofereceram incenso, além de mirra e ouro, ao Menino de Belém, como tinha anunciado Isaías (Is 60,6).

Incenso no Cristianismo

Os cristãos só no século IV introduziram a linguagem simbólica do incenso nas suas celebrações, quando se considerou superado o perigo anterior de confusão com os ritos idolátricos do culto romano. Actualmente, quando se quer ressaltar a festividade do dia, na Missa, ao ofertório, incensa-se o altar, as imagens da Cruz ou da Virgem, o livro do Evangelho, as oferendas sobre o altar, os ministros e o povo cristão, e, depois da consagração ou nas celebrações de culto eucarístico, incensa-se também o Santíssimo. Com isso quer-se significar um gesto de honra (ao Santíssimo, ao corpo do defunto nas exéquias), ou um símbolo de oferenda sacrificial (no Ofertório, tanto o pão e o vinho como as pessoas). Incensam-se os sinos, quando se benzem; o Círio Pascal, antes de cantar o Precónio; as paredes da igreja, na sua Dedicação; os sepulcros, etc. Nas exéquias, incensar os restos mortais do defunto exprime o apreço que a comunidade cristã sente por este corpo que foi templo do Espírito e está destinado à ressurreição e, ao mesmo tempo, ao sentido de oferenda total e definitiva que a morte supõe. Também se usa o incenso na Liturgia das Horas, simbolizando a oração que sobe até Deus. Durante o cântico do Benedictus e do Magnificat «pode-se incensar o altar e, a seguir, o sacerdote e o povo» (IGLH 261), e também a Cruz (cf. CB 204).

Incenso na Bíblia

A oração é algo interior, que se manifesta exteriormente com a voz, o canto, as posturas corporais, e também com o fumo suave e o perfume do incenso. O Salmo 140 [141],2 diz: «Suba até Vós a minha oração como incenso», e o Apocalipse diz que «as taças de ouro cheias de perfumes, que são as orações dos Santos» (5,8), e «Veio um anjo, com um turíbulo de ouro na mão, e colocou-se de pé junto do altar. Foram-lhe dadas muitas espécies de aromas, para que os oferecesse com as orações de todos os Santos, sobre o altar de ouro que está diante do trono. E das mãos do anjo subiu à presença de Deus o fumo dos aromas com as orações dos santos» (8,3-4).

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Tema: Turíbulo 2

Fig. 1 - Esquema simplificado da composição de um turíbulo.

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Tema: Turíbulo 3

Constituição do turíbulo

O turíbulo tem o aspecto de uma esfera de metal, muitas vezes em prata, mais ou menos ornamentada, suspensa por correntes ou cadeados (as correntes do incensador (3) unidas pela cápsula, e a corrente do opérculo (1) rematada por uma argola). A esfera abre-se: a parte de baixo, o incensador, serve para colocar as pastilhas de carvão e receber o incenso; a parte de cima, chamada opérculo, serve de tampa, cujos numerosos orifícios deixam sair o fumo.

Constituição da naveta

A naveta é o receptáculo que contém o incenso, é assim designada por ter a forma de um navio antigo. Contem uma colher, para o sacerdote ou o acólito colocar incenso sobre o carvão (normalmente pastilhas de carvão) que arde no incensador.

Como se prepara o turíbulo

Leva algum tempo a preparar. O turiferário deve chegar com a devida antecedência.

Limpar o turíbulo, caso o anterior turiferário, por descuido, não o tenha limpo.

Se as pastilhas de carvão estão húmidas (para que não absorvam humidade deverão ficar sempre bem envolvidas em papel de estanho), colocam-se, durante algum tempo, perto de um aquecedor.

Acende-se uma vela ou então utiliza-se um isqueiro e coloca-se uma pastilha em contacto directo com a chama. Quando estiver incandescente, põe-se no incensador, podendo colocar-se a seu lado mais uma pastilha por acender.

Consegue-se o oxigénio necessário à combustão balouçando o turíbulo, ligeiramente aberto.

Para evitar que as correntes se enrolem, nunca se poisa o turíbulo no chão.

Como se utiliza o turíbulo

Leva-se o turíbulo fechado, preferencialmente na mão direita, de maneira que a cápsula fique apoiada no polegar e no indicador.

A outra mão, se não houver um naveteiro, leva a naveta, caso contrário, coloca o braço junto ao corpo, com a mão na zona do peito.

Conduz-se o turíbulo, de lado, de modo a não prejudicar o andamento.

Só quando antes se impôs incenso, se baloiça o turíbulo lentamente e a toda a largura. O turiferário procurará manter sempre o turíbulo aceso.

Dentro do presbitério, o turíbulo deve estar sempre nas mãos do turiferário (nunca se pendura). Quando não é necessário, o turiferário leva-o à sacristia.

Enquanto o sacerdote incensa, o acólito que o acompanha, deve ter a preocupação de levantar levemente a ponta da casula ou da capa de asperges, o caso de estar a dificultar o incensação.

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Tema: Turíbulo 4

Imposição do incenso

O turiferário, de frente para o sacerdote, saúda-o com uma inclinação de cabeça.Abre o turíbulo, conservando-o na mão esquerda pela corrente, faz subir com a mão direita a argola e levanta o opérculo à altura devida. Mantém-no imóvel e de maneira a que as correntes não impeçam a imposição do incenso.

Conservando a mão esquerda por debaixo da cápsula, enquanto com a mão direita deixa cair a corrente do opérculo, deixa fechar o opérculo do turíbulo, logo que o sacerdote abençoe o incenso.

Como se entrega o turíbulo a um ministro que, por sua vez, tenha de o passar ao sacerdote

Deixa-se pender o turíbulo e a toda a altura, de modo que o ministro lhe possa pegar como se descreve a seguir. Quando o bispo preside, o turiferário poderá proceder deste modo, já que compete ao diácono ou ao presbítero assistente entregar o turíbulo ao bispo, bem como incensar o Presidente e outros sacerdotes.

Como se entrega ao que vai incensar

Pega-se o turíbulo com a mão direita na cápsula e com a mão esquerda junto ao opérculo. Ao mesmo tempo dirige-se a cápsula para o lado direito e a parte inferior do turíbulo para a esquerda.

Quando se incensa na Eucaristia

Durante a procissão de entrada;

Chegada a procissão ao altar, incensa-se o altar e a Cruz;

Na procissão e na proclamação do Evangelho; Na apresentação dos dons, incensam-se as ofertas, o altar, a Cruz, o Presidente, os outros

ministros e o povo;

À elevação do pão e do cálice.

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Tema: Turíbulo 5

Como se incensa

Aquele que vai incensar, mete a extremidade da corrente (junto à cápsula) entre o polegar e o indicador da mão esquerda, e, nessa posição, coloca a mão sobre o peito. Com a mão direita segura a outra extremidade da corrente, um pouco por cima do opérculo.

Sem mover o corpo nem deslocar a mão esquerda, levanta, a uma certa distância de si, o opérculo à altura dos olhos – esta elevação chama-se ductus – e baloiça de frente para cima – este movimento chama-se ictus. Antes e depois da incensação, faz inclinação profunda às pessoas ou às coisas que incensou.

As antigas rubricas prescreviam com precisão o número de ductus e ictus, a usar em cada circunstância. Nos livros litúrgicos em vigor não se encontram regras claras. Na nossa paróquia utilizamos as seguintes normas práticas para a boa ordem de incensação.

Normas das incensações

Incensa-se com 3 ductus de 3 ictus:

À elevação do pão;

À elevação do vinho;

Durante a bênção do Santíssimo;

O que preside, se for o bispo.

Incensa-se com 3 ductus de 2 ictus:

O que precise à celebração (se não for o bispo); O Evangeliário (Diácono ou Sacerdote);

A Cruz Processional (Presidente).

Incensa-se com 3 ductus de 1 ictus:

O povo e concelebrantes (caso hajam).

Incensa-se com ictus sucessivos:

O altar (Presidente).