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Famecos/PUCRS ensina Jornalismo desde 1952 – P amecos/PUCRS ensina Jornalismo desde 1952 – P amecos/PUCRS ensina Jornalismo desde 1952 – P amecos/PUCRS ensina Jornalismo desde 1952 – P amecos/PUCRS ensina Jornalismo desde 1952 – Porto Alegre, setembro de 2006 – orto Alegre, setembro de 2006 – orto Alegre, setembro de 2006 – orto Alegre, setembro de 2006 – orto Alegre, setembro de 2006 – ANO 8 – Nº 50 ANO 8 – Nº 50 ANO 8 – Nº 50 ANO 8 – Nº 50 ANO 8 – Nº 50 EM BUSCA DO TESOURO Surrealismo: escavações criminosas Surrealismo: escavações criminosas Surrealismo: escavações criminosas Surrealismo: escavações criminosas Surrealismo: escavações criminosas e científicas no centro de P e científicas no centro de P e científicas no centro de P e científicas no centro de P e científicas no centro de Porto Alegre orto Alegre orto Alegre orto Alegre orto Alegre na direção de caixas fortes de bancos e na direção de caixas fortes de bancos e na direção de caixas fortes de bancos e na direção de caixas fortes de bancos e na direção de caixas fortes de bancos e de uma velha escada. Páginas 6 e 7 de uma velha escada. Páginas 6 e 7 de uma velha escada. Páginas 6 e 7 de uma velha escada. Páginas 6 e 7 de uma velha escada. Páginas 6 e 7 Escândalos e apatia marcam as eleições Urbanos farrapos Mais de 300 piquetes Mais de 300 piquetes Mais de 300 piquetes Mais de 300 piquetes Mais de 300 piquetes corporativos e corporativos e corporativos e corporativos e corporativos e campeiros ocuparam campeiros ocuparam campeiros ocuparam campeiros ocuparam campeiros ocuparam o P o P o P o P o Parque Harmonia, na arque Harmonia, na arque Harmonia, na arque Harmonia, na arque Harmonia, na capital gaúcha, na capital gaúcha, na capital gaúcha, na capital gaúcha, na capital gaúcha, na semana que antecedeu semana que antecedeu semana que antecedeu semana que antecedeu semana que antecedeu o dia 20 de setembro, o dia 20 de setembro, o dia 20 de setembro, o dia 20 de setembro, o dia 20 de setembro, data da Revolução data da Revolução data da Revolução data da Revolução data da Revolução Farroupilha. Milhares arroupilha. Milhares arroupilha. Milhares arroupilha. Milhares arroupilha. Milhares de pessoas visitaram de pessoas visitaram de pessoas visitaram de pessoas visitaram de pessoas visitaram diariamente diariamente diariamente diariamente diariamente o acampamento. o acampamento. o acampamento. o acampamento. o acampamento. PÁGINA 10 Feira das eira das eira das eira das eira das Profissões traz Profissões traz Profissões traz Profissões traz Profissões traz 15 mil jovens 15 mil jovens 15 mil jovens 15 mil jovens 15 mil jovens ao Campus ao Campus ao Campus ao Campus ao Campus PÁGINA 4 EDUARDO MENDEZ/HIPER FOTO JAQUELINE SORDI/HIPER JULIANA FREITAS/HIPER ELSON SEMPÉ PEDROSO/HIPER PÁGINA 3 A Restinga A Restinga A Restinga A Restinga A Restinga vista na Central vista na Central vista na Central vista na Central vista na Central da P da P da P da P da Periferia eriferia eriferia eriferia eriferia Brasileiros se mostram indiferentes aos apelos eleitorais e às denúncias. Nas páginas 8 e 9 NICOLAS GAMBIN/HIPER

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FFFFFamecos/PUCRS ensina Jornalismo desde 1952 – Pamecos/PUCRS ensina Jornalismo desde 1952 – Pamecos/PUCRS ensina Jornalismo desde 1952 – Pamecos/PUCRS ensina Jornalismo desde 1952 – Pamecos/PUCRS ensina Jornalismo desde 1952 – Porto Alegre, setembro de 2006 – orto Alegre, setembro de 2006 – orto Alegre, setembro de 2006 – orto Alegre, setembro de 2006 – orto Alegre, setembro de 2006 – ANO 8 – Nº 50ANO 8 – Nº 50ANO 8 – Nº 50ANO 8 – Nº 50ANO 8 – Nº 50

EM BUSCADO TESOURO

Surrealismo: escavações criminosasSurrealismo: escavações criminosasSurrealismo: escavações criminosasSurrealismo: escavações criminosasSurrealismo: escavações criminosase científicas no centro de Pe científicas no centro de Pe científicas no centro de Pe científicas no centro de Pe científicas no centro de Porto Alegreorto Alegreorto Alegreorto Alegreorto Alegre

na direção de caixas fortes de bancos ena direção de caixas fortes de bancos ena direção de caixas fortes de bancos ena direção de caixas fortes de bancos ena direção de caixas fortes de bancos e de uma velha escada. Páginas 6 e 7 de uma velha escada. Páginas 6 e 7 de uma velha escada. Páginas 6 e 7 de uma velha escada. Páginas 6 e 7 de uma velha escada. Páginas 6 e 7

Escândalos e apatiamarcam as eleições

UrbanosfarraposMais de 300 piquetesMais de 300 piquetesMais de 300 piquetesMais de 300 piquetesMais de 300 piquetes

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EDUARDO MENDEZ/HIPER

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Brasileiros se mostram indiferentes aos apelos eleitorais e às denúncias. Nas páginas 8 e 9

NICOLAS GAMBIN/HIPER

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PPPPPorto Alegre, setembro de 2006orto Alegre, setembro de 2006orto Alegre, setembro de 2006orto Alegre, setembro de 2006orto Alegre, setembro de 200622222 O P I N I Ã OO P I N I Ã OO P I N I Ã OO P I N I Ã OO P I N I Ã O HIPERTEXTHIPERTEXTHIPERTEXTHIPERTEXTHIPERTEXTOOOOO

Jornal mensal da Faculdade de Comuni-cação Social (Famecos) da Pontifícia Universi-dade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

Avenida Ipiranga 6681, Jardim Botânico,Porto Alegre, RS, Brasil.

E-mail: [email protected]: http://www.pucrs.br/famecos/

hipertexto/045/index.php

Reitor: Ir. Joaquim ClotetVice-reitor: Ir. Evilázio TeixeiraDiretora da Famecos: Mágda Cunha

Coordenadora/Jornalismo: CristianeFinger

Produção dos Laboratórios de Jornalis-mo Gráfico e de Fotografia.

Professores responsáveis:Tibério Vargas Ramos e Ivone Cassol (re-

dação e edição), Celso Schröder (arte e editoraçãoeletrônica) e Elson Sempé Pedroso(fotojornalismo).

ESTAGIÁRIOSEditores: Fábio Rausch, Mariana Ramos e

Thaís Fernandes.Editora de fotografia: Fernanda FellEditoras de arte: Brenda Parmeggiani,

Juliana Borba e Sabrina P. Silveira.Repórteres: Alessandra Brites, Carine Da

Pieve, Estefânia Taschetto Martins, FábioRausch, Fernando Rotta Weigert, GabrielaRuiz, Giane Laurentino, Gustavo Orlandi,Ivana Gehlen, Lara Hausen Mizoguchi, LauraBrentano, Leila Boscato, Manoela Scroferneker,Marcelle Schneider, Mariana Ramos, MauroBello Schneider, Patrícia Lima, Paula Letícia,

Rodrigo Ribeiro, Sabrina P. Silveira, Sheila WeissOliveira, Stéphanie Parker, Tatiana Feldens,Thamys Trindade e Valéria Machado.

Repórteres fotográficos: EduardoMendez, Elisa Viali, Fernanda Fell, FernandaKist Pugliero, Jaqueline Sordi, Juliana Freitas,Manuela Kanan, Natália Ledur Alles, NicolasGambin, Pamilli Braga, Ramon Fernandes eRodrigo Pedroso Tolio.

Diagramadores: Brenda Parmeggiani,Juliana Borba, Rodrigo Ribeiro e Sheila WeissOliveira.

Hipertexto Apoio cultural: Zero Hora. Impressão: Pioneiro, Caxias do Sul. Tiragem: 5.000

Em um momento de incer-tezas sobre quem serão os pró-ximos líderes das esferas pú-blicas do Brasil e açoitada porescândalos de corrupção, maisenfáticos nos últimos dois anos,a população tem nos meios decomunicação um canal de aces-so ao poder. Nesta perspecti-va, o 29º Congresso de Ciên-cias da Comunicação daIntercom, realizado neste mêsde setembro, na Universidadede Brasília, se propôs, dentreoutros enfoques, a debateracerca da falta de redes de co-municação estatais, não vincu-ladas a partidos e administra-ções específicas.

Os modelos de comunica-ção adotados pela Radiobras,do governo federal, Assesso-ria de Comunicação Social do

Estado do Rio Gran-de do Sul, SecretariaEspecial de Comuni-cação Social da Pre-feitura do Rio de Ja-neiro, além da comu-nicação pública dePortugal, estiveramem pauta. ARadiobras comemorou a se-gunda colocação, atrás somen-te da Reuters, como agência denotícias nacional. A instituiçãoreiterou sua autonomia na pro-dução e transmissão de infor-mações, já que “um veículo,mesmo público, tem o deverde ser apartidário”.

A proposta gaúcha mos-trou um sistema de comunica-ção que interliga secretarias eExecutivo em uma só rede, naqual, descentralizada, a popu-

lação tem acesso àsinformações a respei-to das realizações etrabalhos em anda-mento, empreendi-dos pelo governo,bem como prontoatendimento, atravésde funcionários, a

dúvidas e sugestões. No casocarioca, ficou evidenciado a ten-tativa da administração emdesvincular o governo da iden-tidade Estado, quando repre-sentantes da gestão atual garan-tiram que os nomes de autori-dades não acompanham asnotícias sobre as ações realiza-das.

A experiência portuguesarevelou uma estrutura públicade comunicação “mal adminis-trada”, motivo de prejuízos ao

àquele país. Essas contribui-ções, contudo, não represen-tam, necessariamente, paradi-gmas de eficiência no propó-sito, mas esforços para tornara comunicação pública cadavez mais de Estado, menos degoverno.

Como é feito desde 1997,ocorreu a entrega do PrêmioLuiz Beltrão. O primeiro pes-quisador em Comunicação dopaís, falecido há 20 anos, noDistrito Federal, defendia, 39anos atrás, a tese de doutora-do pioneira na área, voltadapara uma nova linha de pesqui-sa, a Folkcomunicação. Umdos destaques nesta edição foio gaúcho, de Cacequi, EliasMachado, representante daUniversidade Federal da Bahiae da Universidade Federal de

Mídia estatal busca um caráter públicoSanta Catarina, agraciado como título de ‘Liderança Emer-gente’. Atual presidente da So-ciedade Brasileira de Pesquisa-dores em Jornalismo (SBPjor),ele tem se notabilizado no cam-po do Jornalismo Digital.

Nesta edição, Hipertexto des-taca ainda carta de agradeci-mento, devido ao envio deexemplares, endereçada àeditoria do jornal, pela Asso-ciação Brasileira de Comunica-ção Empresarial (Aberje), napessoa de sua coordenadora deRelações Públicas. “Certamen-te, iniciativas como essa con-tribuem para enriquecer o jor-nalismo e valorizar os alunosda Famecos e suas ações diver-sas”, escreveu Carolina Soares.

EDITORIAL

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No ano em que são completa-dos 300 anos da primeira tentativade controle da imprensa brasileira porparte do Estado, a Sociedade Brasi-leira de Estudos Interdisciplinares deComunicação (Intercom) realizouseu 29ª Congresso. Não por acaso,Brasília foi a cidade escolhida para oencontro cujo tema principal era “Es-tado e Comunicação”. O evento foirealizado de 6 a 8 de setembro, nocampus Darcy Ribeiro, da Universi-dade Federal de Brasília (UnB). “Tra-ta-se de um espaço simbólico, ondeo Estado brasileiro está enraizado”,avalia o atual presidente da Intercom,José Marques de Melo. De acordocom ele, “o local se torna apropriadopor sediar o congresso 300 anos apósPortugal decretar a supressão da pri-meira tipografia de que se tem notí-cia em funcionamento no territóriocolonial brasileiro”.

Marques de Melo ressalta a im-portância do Congresso para as no-vas gerações que estudam comunica-ção nas universidades brasileiras. “Hámais de três décadas, o país pesquisa

os fenômenos nacionais de comuni-cação. Esse conhecimento autóctone,gerado principalmente nos cursos depós-graduação, nem sempre é trans-ferido às novas gerações e socieda-de”, avalia. Dentre os vários temasabordados no 29º Congresso Brasi-leiro de Ciências da Comunicação es-tiveram: Cobertura das Eleições 2006e Pesquisa de Opinião; Crítica daMídia em Tempo de Eleições; Digi-tal: aspectos técnicos, políticos e jurí-dicos; Relações Públicas e o TerceiroSetor; Estado e a classificação de fil-mes e vídeos; Mídia e Música Popu-lar e Cartografia das Ciências da In-formação e da Comunicação, entreoutros.

A grande miscigenação dos qua-se quatro mil participantes chamou aatenção dos alunos da Famecos pre-sentes no evento. Alunos ecomunicadores dos quatro cantos dopaís deram um brilho especial aoevento, principalmente pelosensinamentos culturais e a troca deinformações sobre o respectivo cur-so e o mercado de trabalho. A estu-dante do 7° semestre de Jornalismoda PUC, Ana Luiza Leal Vieira, ficou

impressionada com a expressiva re-presentação de regiões pouco tradici-onais nesta área, como Norte e Nor-deste. “Veio muita gente do Ama-zonas, Acre e do Piauí. Eles tiveramuma participação muito grande noCongresso. Sem contar a quantidadee a qualidade dos trabalhos apresen-tados por eles. São estudos muitobons e completos que a gente lá noSul desconhece”.

Ana Luiza não deixa de observara escassa representatividade daFamecos no Intercom deste ano, aocontrário do que tradicionalmenteocorreu em congressos anteriores.“Embora a colaboração de váriosprofessores, faltaram alunos e traba-lhos inscritos. Não sei dizer ondecomeça o problema. Se são os alu-nos que não têm vontade de vir porser um evento direcionado aos pro-fessores e pesquisadores ou se real-mente falta incentivo”. Em sua opi-nião, a graduação é muito voltada aomercado, deixando a reflexão teóricade mais profundidade à pós-gradu-ação. “Queria muito poder escreverum artigo para o evento”, enfatizaAna Luiza.

Luísa Ribeiro, também do 7° se-mestre, disse estar decepcionada coma irrisória participação da capital gaú-cha no Congresso. “Tivemos maisalunos de Bagé, Santa Maria e Pelotasparticipando do Intercom do que dePorto Alegre”, observou. Ela quer

Intercom debate Estado e comunicação em BrasíliaPPPPPOROROROROR T T T T TATIANAATIANAATIANAATIANAATIANA F F F F FELDENSELDENSELDENSELDENSELDENSENVIADAENVIADAENVIADAENVIADAENVIADA ESPECIALESPECIALESPECIALESPECIALESPECIAL

ver mais estudantes em 2007, duran-te o 30° evento da Sociedade Brasi-leira de Estudos Interdisciplinares deComunicação, que será realizado nacidade de Santos, em São Paulo. Otema sugerido será “Mercado etecnologias”.

Alojamento dos estudantes no Congresso, em setembro

FERNANDA PUGLIERO/HIPER

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Os moradores da Restinga gos-tam de andar na rua, em vez de usara calçada. A explicação mais racionalseria o crescimento desordenado dobairro, assim o espaço designado aospedestres ficou tão irregular que nãoproduz um caminhar agradável. Oatento observador verá que o pedes-tre que disputa lugar com os carrosno asfalto quer afirmar um senti-mento de cidadania daqueles quelutaram muito por este espaço.

Com ares de cidade do interior,o bairro cresceu com a marca da soli-

Central da Periferia não viu esta Restinga

A chegada da equipe do progra-ma Central da Periferia alterou a roti-na dos moradores da Restinga nametade de agosto. O movimento foigerado pelas gravações do programada Rede Globo, estrelado pela atriz eapresentadora Regina Casé. Durantea semana que antecedeu as gravações,a Esplanada da Restinga, praça prin-cipal do mais populoso bairro dePorto Alegre, foi transformada coma transferência de postes, árvores ebancos, e a circulação de 200 profissi-onais trabalhando nas instalações dopalco. A periferia estava em festa paraser vista por todo o Brasil. No finaldas gravações, em 19 de agosto, umsentimento de frustração indicava quemuito do que dá sentido à Restingaficou de fora, o programa preferiuatrações que não representam o bair-ro.

Com quase duas horasde atraso, as gravações doespetáculo começaram porvolta das 15h30min emdia de céu limpo e sol bri-lhante. A entrada da apre-sentadora levou a comunidade ao de-lírio. Com muito bom-humor eirreverência, Regina seguiu gravandoaté quase às 22h daquele sábado. Maisde 55 mil pessoas cantaram e dança-ram ao som de Tchê Garoto, TchêGuri, Mc JP, Enzo y Rodrigo, Gru-po Senzala, Louca Sedução, Bondedo Tigrão, entre outros, além da par-ticipação da Escola de Samba Esta-do Maior da Restinga, a única atraçãodo bairro. A dona de casa Elemar Clósde Lima, moradora da Alameda L há34 anos, foi uma das que largou osafazeres de casa para assistir a duplaEnzo y Rodrigo.

O programa Central da Periferiaé exibido no primeiro sábado de cadamês e objetiva a inclusão do povo namídia e a valorização da vida nas pe-riferias do Brasil. Com pouco tem-po de existência, o programa se tor-nou “a voz direta do povo, falandoalto em todos os lugares do país”,segundo site da TV Globo. Alguns

moradores da “Tinga”, comoClairton, de 21 anos, discordam doconceito e dizem que “o programadeveria se chamar Central da Burgue-sia”. Ele questiona o fato de que“todo o bairro é envolvido em pro-jetos sociais e nenhum destes gru-pos se apresentaram.” Indignado,Clairton diz: “Central da Periferia épura fachada, pra mim, é só mais umprograma da Globo”. Projetos comoa Escola Aberta, Ponto de Culturana Quebrada, Movimento Hip HopOrganizado Brasileiro (MHHOB) eComitê de Resistência Popular fica-ram de fora do evento.

A periferia está na moda. A difu-são de ritmos, entre eles o funk, fazsucesso também nas classes sociaismais altas e programas como Cen-tral da Periferia, indicam que a cultu-ra periférica passou a atrair audiência.Locais que nada têm de cartão postal

das cidades, agora apare-cem na televisão. Ao mes-mo tempo, são mostra-das a cultura e o dia-a-diada população. “Progra-mas assim divertem, masainda não mostram a vida

das pessoas que moram em bairrospobres”, reclama Magda, residenteda vila há 11 anos. Os meios de co-municação, que têm papel de retratara realidade em seus diversos ângu-los, frequentemente são responsáveisem moldar estereótipos que perpe-tuam preconceitos, “pensam quepobre gosta de ficar só rebolando”,reclama.

Outra moradora da Restinga, ajornalista Sandra Modena, no traba-lho de conclusão do curso, observouque jornal popular Diário Gaúcho re-trata a violência e projetos sociais, comcobertura mais ampla que o local ONoticiário. Porém, defendeu, as ma-térias positivas não possuem o mes-mo destaque que as negativas, alémde utilização excessiva de palavras decunho violento. “Quem lê o jornalacredita que é terra de ninguém, sen-do moradora, sei que o bairro é vio-lento quanto qualquer outro grandee pobre da cidade”, afirma.

Caminhar no meio da rua é uma afirmação de possedariedade. “Na Restinga, a solidarie-dade é muito forte, não só dasONGs, mas dos vizinhos, ainda te-mos características de cidade do inte-rior onde todos se conhecem e se aju-dam”, diz Sandra. O sentimentosolidário tem origem nas mazelas davila que fizeram os moradores se unirem associações de bairro. Além dediversas ONGs, conta com projetossociais como Escola Aberta, que ofe-rece oficinas à população. O produ-tor musical Tiago Machado, conheci-do como Cyber, observa como isso

“é importante, pois muitos gruposque hoje dão oficinas são provenien-tes de áreas de risco do bairro”.

A música está na vida dos mora-dores, assim como outras expressõesartísticas na dança. Cyber trabalha hácinco anos em produção musical dehip hop, funk e bandas que tocam emrádios como Cidade e Eldorado.Apesar do bairro ser pioneiro no rap,ele vê ainda muitas dificuldades paramostrar o trabalho de quem é Tinga,“existe muito preconceito das elitespara com a periferia”. A Escola de

Samba Estado Maior da Restinga,campeã do carnaval 2006, é outroorgulho dos moradores. Além dodestaque na avenida, oferece cursos eprojetos sociais, capacitando a comu-nidade e contribuindo para aumen-tar a renda familiar.

A conscientização para uma pos-tura mais cidadã é objetivo de mui-tos grupos. Assim surgiu a rádiocomunitária em 2000, com a preten-são colocar a população – 80% ne-gros e 70% de jovens – em contatocom a comunicação alternativa. Em

2001, a Anatel recolheu os equipa-mentos de transmissão, impossibi-litando seu funcionamento. Hoje aemissora comunitária transmitecomo rádio-poste aos sábados e,quinzenalmente, na feira modelo naEsplanada da Restinga.

As mobilizações sociais promo-vidas no bairro procuram destacar oorgulho do bairro, apesar do desafiodevido às dificuldades e ao precon-ceito. A despeito das manchetes diá-rias, os restinguenses seguem plan-tando a esperança de novos tempos.

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Regina Casé comandou o show da Rede Globo na Vila Restinga com a participação de 55 mil pessoas

A Restinga surgiu para a remo-ção de vilas populares que crescerampróximo ao centro da cidade, comoThedora, Marítimos, Ilhota e SantaLuzia, devido ao êxodo rural. Nasdécadas de 40 e 50, a população ur-bana de Porto Alegre aumentou em70%, gerando malocas e problemasde infra-estrutura.

Em dezembro de 1965, foi cria-do o Departamento Municipal deHabitação (Demhab) para executar o

No início, só havia mato e isolamentoprojeto “Remover para promover”,com o objetivo de retirar a popula-ção pobre do centro e assentá-la emáreas da região rural da capital. Osmoradores das vilas foram transferi-dos para lotes, distantes 20 quilôme-tros. A área se chamava Restinga, quesignifica pequeno arroio com matonas margens. Neste local, onde ain-da havia mato, foram abertas as pri-meiras ruas para formar a VilaRestinga. Os primeiros habitantes

não tinham água, nem luz e váriossequer moradia. O transporte era pre-cário para ir ao centro da cidade, sóhavia ônibus uma vez ao dia. Pelamanhã, levava os passageiros ao cen-tro e, à noite, os trazia de volta.

Em 1969, surgem os núcleoshabitacionais com saneamento bási-co e promessas de infra-estrutura desaúde, cultura e lazer na chamadaRestinga Nova. Permanece em aban-dono a denominada Restinga Velha.

Movimentos sociais reclamam que não tiveram espaço no programa popular da Rede Globo

FOTOS RAMON FERNANDES/HIPER

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Apoio técnico do Nutema

Alunos vencem em Gramado

Brasil no Campus Central

Histórias em quadrinhossão refletidas em curso

A Feira das Profissões de 2006atraiu mais de 15 mil pessoas ao Cen-tro de Eventos da PUCRS. O even-to, que ocorreu nos dias 15 e 16 desetembro, ofereceu palestras sobremercado de trabalho e estandes paraesclarecer dúvidas sobre os 71 cursosde graduação. “A feira agregou, num

mesmo local, tudo o que a PUCRSpode proporcionar”, afirmou a co-ordenadora do Programa FuturosCalouros, Maria Helena Castro deOliveira.

No local, 2,5 mil pessoas traba-lharam para prestar orientações so-bre os cursos, apresentar o trabalhodas faculdades e oferecer atividadesque permitissem ao público interagir

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PPPPPerererererto do mercado de capitaisto do mercado de capitaisto do mercado de capitaisto do mercado de capitaisto do mercado de capitaisEconomia da PUCRS ganha laboratório inédito no País

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com a área profissional. Além disso,atrações musicais como a dupla Clause Vanessa e o grupo Papas da Línguaagitaram a feira. “O evento foi exce-lente para trazer a comunidade à uni-versidade”, declarou o vice-diretor dafaculdade de Ciências Aeronáuticas,Hildebrando Hoffmann, que escla-receu dúvidas dos visitantes.

Os estandes mais procuradosforam os de Medicina, Odontologia,Comunicação Social e Enfermagem.Os alunos do ensino médio que es-tiveram na feira aprovaram a iniciati-va. Segundo o estudante LucasTuchtenhagen, 16 anos, a feira é im-portante para definir a sua escolhaprofissional, uma oportunidade paraconhecer melhor os cursos.

Uma novidade na Feira das Pro-fissões foi primeiro simulado daPUCRS que teve mais de 2 mil inscri-tos. A prova, elaborada pela mesmabanca que produz o vestibular daUniversidade, reuniu 45 questões,cinco de cada disciplina. “Foi igual aum vestibular, só que sem prova deredação... o nosso objetivo foi apro-ximar os alunos ao nosso vestibu-lar”, esclareceu Maria Helena.

FERNANDA PUGLIERO/HIPER

Milhares de pessoas compareceram à Feira das Profissões 2006

ELSON SEMPÉ PEDROSO/HIPER

Feira das Profissões: o encontroentre os jovens e a universidadePPPPPOROROROROR G G G G GABRIELAABRIELAABRIELAABRIELAABRIELA R R R R RUIZUIZUIZUIZUIZ

Diferencial. Foi apostando nissoque a Faculdade de Administração,Contabilidade e Economia (Face)inaugurou, no início de agosto, o La-boratório de Mercado de Capitais(Labmec). A idéia surgiu daconstatação do coordenador do cur-so de Economia, professor Leandrode Lemos, de que as matrículas dasfaculdades de economia vinham di-minuindo, pois o curso é muito ri-goroso e teórico. Vivenciar a econo-mia no dia-a-dia, simular a Bolsa deValores e analisar os impactos eco-nômicos são algumas das atividadesrealizadas pelos alunos.

No laboratório, softwares simu-lam compra de ações e permitem aosalunos acompanharem as suas apli-cações na Bolsa. A XP Investimen-tos Assessoria Empresarial, corretoraque apóia o projeto, financiou a re-forma e forneceu o material.“Estamos plantando uma sementeao aproximar investidores, analistase empresas no meio universitário”,comentou o sócio-diretor MarceloMaisonnave, ex-aluno da Face.

Através do programa “EstudanteJúnior de Economia”, jovens do En-sino Médio terão acesso gratuito àprogramação oferecida. O objetivo éproporcionar maior contato com afutura profissão. “A missão doLabmec é formar um grande exércitode investidores e desmistificar a eco-nomia e mostrar como pode ser apli-

cada no dia-a-dia”, ressaltou Lemos.Outro diferencial do laboratório

é a circulação de uma moeda, deno-minada oikos, que será distribuída aosgraduandos de Economia, de acor-do com grau de freqüência, boas no-tas, iniciativas e participação. As mo-edas poderão ser trocadas por des-contos no xerox, em lanches, no es-tacionamento e em livros ou tam-bém, caso o aluno preferir, econo-mizar e aplicar na própria Bolsa deValores.

Com a criação do laboratório, ocurrículo do curso de Economia so-frerá algumas alterações, com disci-plinas inseridas no Labmec. Os alu-nos da graduação aprovaram a idéia.“O laboratório atende às necessida-des de prática do curso, já que forne-ce os recursos necessários. Além dis-so, teremos contato com o mercadonacional e internacional”, disseTatiana Rosa, aluna do 4º semestre.A Faculdade planeja, ainda, uma es-pecialização em mercado de capitais.

Professores e o secretário estadual da Cultura, cantor ejornalista Vitor Hugo, confraternizam em Gramado

ANDRÉ PASE/CYBERFAM

ELSON SEMPÉ PEDROSO/HIPER

Alunos conhecem o dia-a-dia da bolsa de valores no Laboratório

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Durante 34 dias Israel e o grupoterrorista Hezbollah travaram umaguerra que deixou muito mais do quecidades totalmente destruídas. Espa-lhou o terror na vida das pessoas.Brasileiros que passavam férias noLíbano tiveram que sair às pressasdo país para não serem atingidos poruma guerra que nunca viram aqui noBrasil. Para os que ficaram lá, restouapenas assistir à destruição de suasfamílias e de seus la-res. Israel tambémfoi atingido pelos fo-guetes Katyusha,causando a morte demoradores do nortedo país. Um porto-alegrense que atébem pouco tempoestudava jornalismona Famecos, agora, vive a experiênciade estar bem próximo da guerra.Cezar Sperinde, 24 anos, mudou suarotina ao atuar como soldado nosconflitos entre Israel e o grupo guer-rilheiro.

Morando sozinho há poucomais de um ano em Tel-Aviv, CezarSperinde entrou no exército em umabase militar ao norte de Israel, a umadistância de 30 km do Líbano.Sperinde diz que a experiência de es-tar em uma base militar situada no

Eles estãono meioda guerraPPPPPOROROROROR P P P P PATRÍCIAATRÍCIAATRÍCIAATRÍCIAATRÍCIA L L L L LIMAIMAIMAIMAIMA meio da área de ataque do Hezbollah

não foi nada agradável. “Muitas ve-zes por dia a sirene tocava e tínha-mos que correr para os bunkers ematé 40 segundos. Teve uma noite emque acordei seis vezes para ir aobunker, depois da quarta vez não con-segui dormir mais”, contou aoHipertexto, por e-mail.

A preocupação da família eraconstante, ligavam todos os dias parasaber se ele estava vivo, principalmen-

te após algum ataqueterrorista. SegundoSperinde, a situaçãoem Israel está bas-tante complicada de-vido a perda de sol-dados reservistas quedeixaram suas casas,família, trabalho e fo-ram chamados paradefender o país e não

voltaram vivos. “O pior de tudo éque não sabemos o que vai aconte-cer, a qualquer momento oHezbollah pode atacar novamente,como fez no último dia 12 de julho,após seis anos de paz”, diz.

O gaúcho atua como fotógrafodo exército na unidadeSpokesperson. Será enviado para fo-tografar territórios ocupados naCisjordânia e em outros lugares queestiverem em conflito com o exérci-

Desde que assumiu o poder, em1959, Fidel Alejandro Castro Ruztornou-se uma das figuras políticasmais emblemáticas e polêmicas nomundo. À frente da ilha mais cobiça-da pelos norte-americanos, pela pri-meira vez o ditador cubano causou aincerteza sobre o futuro político deCuba. Em 1º de agosto, após umacirurgia intestinal, demonstrou quesua trajetória política pode estar che-gando ao fim ao delegar, em caráterprovisório, todas suas funções ao seuirmão Raúl Castro Ruz.

Fidel completou 80 anos em 15de agosto e sua volta ao poder é dis-cutida. Na comunidade internacionalpaira a dúvida sobre os rumos dapolítica na ilha. Na opinião do pro-fessor da PUCRS, jornalista e cientis-ta político, Osvaldo Biz, a decisão será

A ilha sem o comandante Fidel

to de Israel. Pensa em vir ao Brasilsomente para visitar família e ami-gos. “Por incrível que pareça a vidaem Israel é mais segura do que emPorto Alegre. Não sei se conseguiriavoltar a viver nessa violência, alémdisso, não sei se prefiro trocar morara uma quadra do Mar Mediterrâneoou do Rio Guaíba”, comenta.

PrisioneirosO conflito entre Israel e o Líba-

no iniciou no dia 12 de julho após amorte de oito militares e o seqüestrode dois soldados israelenses, na fron-teira entre os países, pelo grupo ex-tremista Hezbollah. A partir daí ocor-reram uma série de ataques aéreos,marítimos e terrestres entre as forçasisraelenses e o grupo xiita lideradopelo xeque Hassan Nasrallah. O sal-do da guerra foram 1.200 mortos,cerca de mil libaneses e 200 israelen-ses. Além de cidades completamen-te destruídas. Nasrallah declarou quenão teria ordenado a captura de doissoldados israelenses, se imaginasseque a ação levaria à guerra no Líbano.

O exército israelense enviou mi-lhares de soldados para as fronteirascom objetivo de intensificar a ofen-

do povo cubano. “Eles é que deve-rão decidir o regime no qual queremviver”, afastando a possível interfe-rência americana. “Acredito que o paístem um Partido Comunista comuma estrutura forte e pré-organiza-da e pode conseguir manter o regi-me mesmo sem a presença de Fidel.”Desde que foi noticiada a debilidadena saúde do comandante, o PC cu-bano vem se manifestando pela con-tinuidade segura da revolução.

Em Washington e Miami, cres-cem as movimentações para interfe-rir na transição de poder na ilha. Os-valdo Biz lembra que a relação EUA-Cuba é bem mais longa do que os120km que a separam do gigante docapitalismo. Em 1898, quando osEstados Unidos derrotaram a entãocolonizadora Espanha, passaram adominar quase todo território cuba-

no. Em 1959, revolucionários, lide-rados por Castro e o argentinoErnesto Che Guevara, derrubaramo ditador Fulgêncio Batista e, em1961, expulsaram os contrariadosamericanos que tiveram seus bens ex-propriados. Desde então, os ameri-canos mantêm embargo econômicoà ilha que dura mais de 40 anos.

“Hoje Cuba é o primeiro país aerradicar o analfabetismo e dispõe deum sistema de saúde exemplar. Sehá problemas? Naturalmente. Cubatem um regime ditatorial. Mas as ne-cessidades primárias são atendidas,diferentemente de um país dito de-mocrático”, compara Biz.

Outra professora da PUC, RuthIgnacio, que estuda movimentossociais e populares na América Lati-na e Caribe, critica a forma como arealidade cubana é vista. Segundo ela,

siva terrestre. A Força Aérea israelen-se bombardeou edifícios utilizadospelo Hezbollah e locais usados parao lançamento de foguetes. O AltoComissariado das Nações Unidaspara Refugiados (ACNUR) revela quequase um milhão de libaneses foramdeslocadas de suas casas devido aoconflito. O governo libanês afirmaque o prejuízo causado pela guerracom as forças israelenses foi US$ 3,6bilhões. Isso fez com que o Líbano,que havia conquistado um progres-so relativamente bom nas metas daOrganização das Nações Unidas(ONU), voltasse ao mesmo patamarde 1991, quando o país saía de 17anos de guerra-civil.

O Itamaraty informou que doismil brasileiros desembarcaram noBrasil fugindo dos ataques no Líba-no. Alguns chegaram somente coma roupa do corpo. O comerciantecatarinense Zouhair Haidar retornoucom a esposa e os filhos, afirmandoque essa foi a pior experiência de suavida. “O bombardeio aconteceua 500 metros do meu apartamento,que era próximo ao aeroporto. Quan-do começou fomos para as monta-nhas, a 10 quilômetros de onde eu

PPPPPOROROROROR S S S S SABRINAABRINAABRINAABRINAABRINA S S S S SILVEIRAILVEIRAILVEIRAILVEIRAILVEIRA

em Cuba só existe uma ditadura paraquem desconhece sua realidade polí-tica ou utiliza de má fé. “Cuba é hoje,por força da educação políticadesencadeada, mais do que Fidel”.Diz que o cubano possui “profun-do orgulho nacional” e compreende

o bem-estar social promovido pelarevolução. A professora acredita nasustentação do comunismo na ilhapós Fidel. “O Partido ComunistaCubano viverá além de seus dirigen-tes atuais, porque estão em processode formação permanente”, assegura.

morava. Os preços de todos os pro-dutos dobraram, começou a faltar pão,alimentos, tudo”, revelou pela internet.

A libanesa Norma Said, 39 anos,acompanhou as notícias sobre osconflitos pelos jornais, internet e te-levisão. Sua maior preocupação eracom os tios que moram nas monta-nhas. A professora de dança árabenasceu em Beirute e veio para PortoAlegre com dois anos. A transferên-cia para o Brasil foi motivada pelomedo de perder tudo, inclusive a vida,mas não chegaram a ser atingidospelos bombardeios israelenses. Ementrevista por telefone, a professoraqualificou os ataques às cidades liba-nesas como “vergonhosos”. Para ela,o massacre que houve no OrienteMédio foi motivado por um jogoeconômico liderado pelos EstadosUnidos, cujo objetivo é chegar até oIrã para pegar petróleo, usando Isra-el como linha de frente.

Israelenses e árabes relatam o horrordos combates e a trégua no Líbano

Cezar Sperinde

RESISTÊNCIARESISTÊNCIARESISTÊNCIARESISTÊNCIARESISTÊNCIA

Hezbollah significa em árabe Partido deDeus. Surgiu em 1982, criado por xiitasapoiados pelo Irã, como resistência armadaà presença israelense no Líbano. É umaorganização política-militar.

Fidel Castro posa para assegurar que está convalescendo

Libaneses conviveram com ataques aéreos, marítimos e terrestres do exército israelense

REPRODUÇÃO DE TV/AFP

RAMZI HAIDAR/AFP

ARQUIVO PESSOAL

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A identidade dos cidadãos éconstruída por lembranças. É com essaconsciência que a Praça da Alfândega,em Porto Alegre, recebe visitantesincomuns até o dia 6 de novembro.Quando a Feira do Livro estiver de-sembarcando no local, a escada estarálá, para todo mundo ver. Escavaçõesestão sendo feitas desde o dia 14 deagosto e a cada camada de solo perfu-rada, a escadaria que costeava a mar-gem do rio Guaíba em 1850 é resgata-da para a população.

Dois pontos da praça acolhem ar-queólogos, visitantes e oficineiros di-ariamente. Próximo ao Museu de Artedo Rio Grande do Sul (Margs), pro-cura-se a estrutura de três séculos atrás.Mais adiante, no outro extremo, jun-to à Rua da Praia, objetos decorativose funcionais dos primeiros habitantessão alvos de busca. “Aqui o trabalhovai atingir três metros de profundida-

DEGRAUS DE UMA HISTÓRIA SOTERRADA NO ANTIGO CAIS DO PORTOPORPORPORPORPOR M M M M MAUROAUROAUROAUROAURO B B B B BELOELOELOELOELO S S S S SCHNEIDERCHNEIDERCHNEIDERCHNEIDERCHNEIDER

As condições das penitenciáriasbrasileiras as colocam entre as pioresdo mundo. Como conseqüência, a si-tuação dos detentos é precária. Emalgumas regiões do país, 12 presosdividem uma cela de seis metros qua-drados. A avaliação é do consultor emsegurança pública Marcos Rolim, ex-deputado estadual e federal, participan-do, durante 18 anos, de Comissõesde Direitos Humanos na AssembléiaGaúcha e no Congresso Nacional, emBrasília.

Além de atentar contra a dignida-de das pessoas, a lei de execução penalno Brasil – determina que a prisão éunicelular, ou seja, cada pessoa deveficar em uma cela individual – tam-bém se torna uma ameaça à segurançapública. Na prisão, o crime é industri-alizado, pois o próprio Estado acabaajudando na sua organização, devidoao tratamento dispensado aos presos

nas penitenciárias.O primeiro e grande problema do

sistema estaria em juntar tantos pre-sos com diferentes perfis delituososem um mesmo lugar. “A maioria dospresos que entram nos presídios sãopessoas condenadas sem a prática daviolência”, destaca Rolim. Ele consta-ta que a influência que o detento rece-be dentro da penitenciária édeterminante para piorar sua própriaconduta. Além disso, mesmo quan-do cumpre os anos de pena, o presosai da cadeia sem nenhuma chance deconvívio social (emprego, por exem-plo), pelo estigma de ex-penitenciá-rio. Na maioria dos casos, o fator é oprincipal para a volta ao crime.

Lazara de Oliveira, 48 anos, é as-sistente social e trabalhou em três di-ferentes penitenciárias da cidade deCharqueadas, no interior do Rio Gran-de do Sul. De 2002 ao ano de 2005, eladesenvolveu tratamentos de reabilita-ção com os “reeducandos”, como se

crimes menos graves”, sugere.A prisão deveria ser aplicada àque-

les que são ameaça à integridade físicado cidadão, como os autores de ho-micídios, estupros, latrocínios. Umapessoa que comete furto de um potede margarina no supermercado por-que está com fome, por exemplo, fica“enjaulada” com esses criminosos dealta periculosidade e a tendência de quepiore a conduta é altíssima. Qual é apolítica de segurança pública que oBrasil deve ter? O livro “Síndrome daRainha Vermelha: policiamento e seguran-ça pública no século XXI”, de MarcosRolim, se dispõe a responder a estaquestão. Segundo o autor, o grandedesafio é evitar o crime e a violênciaatravés da prevenção. Ele descreve atra-vés de um exemplo prático:

“Diadema, interior de São Paulo,cinco anos atrás: uma das cidades maisviolentas do Brasil, com alta taxa dehomicídios. A prefeitura cria uma Se-cretaria de Segurança Municipal, que

refere aos presos, junto com outrostécnicos. Para a assistente, “o sistemapenitenciário está falido e os projetospara a área engavetados”. Acredita queos presídios se tornaram “faculdadedo crime” e um dos grandes erros dogoverno, destaca, é o fato de “não semanter um acompanhamento quan-do o preso é liberado”.

350 mil presosA população carcerária brasileira

hoje é de mais de 360 mil pessoas. Acada mês, entram cerca de nove mildetentos, enquanto saem, aproxima-damente, quatro mil no mesmo perí-odo. Em termos de custos, manterum detento é muito caro. Estima-seque cada um custe, aos cofres públi-cos, cerca de R$ 20 mil por ano. Tal-vez, a solução para o problema nãoesteja aí: “qual é o perfil criminoso querealmente deve estar na prisão?”, in-daga o jornalista Marcos Rolim.

Criminosos que atentam contra a

integridade física do ser humano (ca-sos de estupro, homicídios, latrocíni-os, entre outros) devem permanecerpresos, argumenta Rolim. Por terem,tudo indica, graves psicopatias, se fi-carem em liberdade voltarão a matar.Portanto, é essencial serem isoladosdo convívio social. Nos crimes prati-cados sem violência poderiam haverpenas alternativas. “Cada galeria den-tro de um presídio possui 200, 300presos. Existem pessoas com diferen-tes faixas etárias e cada um deles co-meteu um delito diferente, porém,convivem em um mesmo espaço”.Isso significa que são impostas hie-rarquias dentro destes espaços, ondeo mais forte – ou mais perigoso –comanda os mais fracos. “As pessoaspensam que quanto mais gente semanda pras cadeias, melhor”, lembraRolim. “O que poucas sabem é queeles saem de lá piores”, conclui.

As penitenciárias brasileiras são asúnicas no mundo que permitem que

os agentes entrem com arma de fogo.“Os motins mais graves acontecidosno Estado foram quando presos to-maram armas de funcionários dentrodo presídio”, explica o ex-parlamen-tar. Na opinião do consultor em se-gurança pública, o Brasil deveria ado-tar a regra que vigora em alguns presí-dios: “arma, fora”.

Em São PauloO que se registrou nos presídios e

nas ruas em São Paulo – violênciadesencadeada pelo Primeiro Coman-do da Capital (PCC) – deve servir dealerta ao Brasil. O estado de São Paulonão possui nem ao menos umadefensoria pública, como existe no RioGrande do Sul, conforme MarcosRolim. “O PCC se organiza em cimada ausência do próprio estado, que nãodá a assistência prevista nas leis. A pri-meira possível solução estaria nareformulação do Código Penal Brasi-leiro, inserindo penas alternativas aos

faz um estudo do perfil de homicídi-os da cidade, ou seja, descobrir quemestá matando, quem está morrendo,onde... É constatado que 70% dos cri-mes da cidade acontecem em torno debares. Se faz uma associação entre oabuso de álcool e os homicídios queocorriam no município. A solução foideterminar que estes estabelecimentosfossem fechados a partir das 23 h emtoda a cidade. Resultado: os homicí-dios caíram 54%.”

Marcos Rolim salienta que a ques-tão é diagnosticar cientificamente ondeestá o problema, tendo, assim, subsí-dios suficientes para combatê-lo. “ORS está vivendo uma situação muitocomplicada, especialmente no PresídioCentral. Nunca teve tanta gente”. Oconsultor em segurança pública disseque os gestores gaúchos perceberamque é preciso ter “jogo de cintura” paraque não haja rebeliões aqui com a gra-vidade das que ocorreram e continu-am acontecendo em São Paulo.

PORPORPORPORPOR S S S S SHEILLAHEILLAHEILLAHEILLAHEILLA W W W W WEISSEISSEISSEISSEISS

Escavações do crime e da ciênciana cidade em busca de tesouros de porque poderemos encontrar arti-

gos dos séculos 18 e 19”, explica oarqueólogo Alberto Tavares, da em-presa Neocorp, executora do Progra-ma Monumenta.

O profissional se surpreende coma quantidade de cerâmicas vindas dePortugal, chamadas de faianças, queestão sendo encontradas em áreas su-perficiais. “O interesse não é pelo ob-jeto individualmente, mas o conjun-to de peças. Assim é possível explicaro desenvolvimento e costumes de umpovo”, analisa. De acordo comTavares, uma louça, por exemplo,pode indicar muitos aspectos. “Pra-tos fundos pressupõem determina-do período. As colheres de sopa sur-giram junto com eles. Ou seja, as in-formações se completam”, ensina.

A pesquisa está sendo desenvol-vida na Praça da Alfândega por ques-tões geofísicas e pela intenção de recu-perar a escadaria do Cais, que foi ater-

rada. “A água vinha até esse ponto. ARua Sete de Setembro está dentro dolago”, compara e acrescenta que, aotérmino do projeto, os porto-alegrenses poderão entender a evolu-ção da cidade desde a chegada dos eu-ropeus até o aterramento. Com o in-tuito de propiciar a participação dosgaúchos nesse processo de recupera-ção cultural, as obras são abertas paravisitação e universitários podem, in-clusive, trabalhar na iniciativa.

Guilherme Fonseca é aluno docurso de História da PUCRS e se ins-creveu no Museu Joaquim JoséFelizardo (que gerencia o projeto) parafazer parte do grupo, formado por 16profissionais e uma média de oito alu-nos por turno. Entre os resquícios depassado, o estudante consegue trans-formar o aprendizado teórico em umaexperiência real. “Além de contar comoatividade complementar no currícu-lo”, brinca. Desde o dia 22 de agosto

engajado na proposta, já encontroualgumas moedas. “A mais antiga queconsegui é do ano de 1979”, conta.Ele cava, peneira e lava. “O que maistem são colheres de plástico”, conclui.

Esse tipo de material indicacontemporaneidade. “A cada obra queé feita na rua, como troca de postes,os objetos acabam encobertos”, escla-rece o professor de História da pes-quisa, Sérgio Osório, quanto à presençado plástico no solo. No laboratórioimprovisado, entre as árvores, ele ar-quiva todo o material, que é cuidado-samente manuseado e inserido numsaco. Anotam-se os dados, como data,profundidade, camada de solo, carac-terísticas, enfim. Sem essa etiqueta apesquisa não tem efeito.

Depois de escavado, limpo e ca-dastrado, é encaminhado ao MuseuJoaquim José Felizardo. Para que nãohaja risco de perda durante os proce-dimentos de investigação, a área estu-

dada é dividida em quadrículos. A jus-tificativa para tanta dedicação é a buscada identidade regional. “Daqui a cemanos o ser humano ainda terá a neces-sidade de conhecer sua história, issoconfigura a personalidade”, destaca oarqueólogo Alberto Tavares. Segun-do ele, são essas descobertas que dife-renciam uma cidade da outra. As pes-quisas estão orçadas em R$ 150 mil esão realizadas através de um convêniofirmado pelo Ministério da Cultura eSecretaria Municipal de Cultura dePorto Alegre. O que encarece o estu-do, explica o arqueólogo, é a formaçãode uma equipe especializada.

Do trabalho curioso de espátulas,colheres de pedreiro, pás de lixo, pin-céis, baldes e peneiras, fragmentos depessoas que passaram pelo Rio Gran-de do Sul são trazidos à luz. “A gentenunca sabe o que está lá embaixo”,confessa a mestranda em Arqueolo-gia Mariana Neumam.

Penitenciárias brasileiras aperfeiçoam e multiplicam a criminalidade

Foi uma coincidência surrealista: enquanto cientistas escavavam na Praça da Alfândega,bandidos abriam um túnel logo adiante para chegar aos cofres do Banrisul e da Caixa

Comando do PCC comprou prédio no centro da Capital para abrir túnel embaixo da Rua Caldas Júnior Na praça da Alfândega, escavações com motivação histórica

Duas escavações que ocorreramsimultaneamente no centro de PortoAlegre mostram dois aspectos da his-tória da vida da Capital. Uma realiza-da pelo Instituto Arqueológico naPraça da Alfândega traz à luz ruínas deuma antiga escadaria do cais do porto,relembrando o aspecto bucólico e his-tórico do passado de Porto Alegre esua relação com o Guaíba. A outra es-cavação, a poucos metros, dirigia-se àscaixas-fortes subterrâneas de duas ins-tituições bancárias, localizadas tam-bém na mesma Praça da Alfândega.Realizada por uma quadrilha de inte-grantes do Primeiro Comando daCapital (PCC), a escavação deixatransparecer a realidade da vida atualda metrópole: a violência urbana. Acidade do passado e a cidade do pre-sente emergem do mesmo subsolo.

A Polícia Federal, na manhã do dia1º de setembro, prendeu 26 integran-tes do PCC que se preparavam paraum megaassalto às agências dos ban-cos Banrisul e Caixa Econômica Fede-

ral, em Porto Alegre. O plano desven-dado pela polícia era escavar um túnelque chegaria a ter 85 metros e dariaacesso aos dois bancos, no centro dacidade. Para tanto, os bandidos com-praram um antigo prédio de sete an-dares, de onde partia o túnel. Falta-vam cerca de 50 metros para atingir oprimeiro objetivo, o Banrisul.

A ação comprova que o grupotambém participou do assalto ao Ban-co Central em Fortaleza, em agostode 2005, quando um túnel de 80metros possibilitou o roubo de R$164,8 milhões. Desde então, a PolíciaFederal passou a monitorá-los graçasa um cartão telefônico pré-pago, en-contrado na sede do banco. A tentati-va do golpe em Porto Alegre foi des-coberta com a prisão de um dos inte-grantes da quadrilha.

Os membros da organização cri-minosa estavam morando em umacasa alugada na Rua Tobias Barreto,no bairro Partenon. As escavações nacapital gaúcha não foram um fato iso-lado. A PF desmascarou a OperaçãoToupeira em outros dez estados.

Entre os detidos na operação, estãodois líderes do PCC. Um deles, presoem São Paulo, é irmão de um dos assal-tantes do BC em Fortaleza. O outro,capturado em Porto Alegre, é suspeitode ter participado do seqüestro do téc-nico Alexandre Callado e do jornalistaGuilherme Portanova, da Rede Globo.Túnel iniciava em um prédio

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NICOLAS GAMBIN/HIPER

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Vítima da violência, o jornalistaGuilherme Portanova acredita que háduas opções para contê-la. A primei-ra seria com ação ostensiva da polí-cia. A segunda deveria ser traçar umplano de nação para o futuro. “Al-guém sabe que país o Brasil quer eestá tentando ser daqui a 30 anos?”

Portanova é o repórter da RedeGlobo que foi sequestrado pelo Pri-meiro Comando da Capital (PCC),em São Paulo, em 12 de agosto, jun-tamente com o auxiliar técnico Ale-xandre Calado, nas proximidades daemissora e levado para cativeiro emlocal desconhecido. Para libertá-los,o que ocorreu em 14 de agosto, oslíderes do PCC exigiram que a RedeGlobo divulgasse um comunicadodo Comando em rede nacional.

Depois de libertado, Portanova,que é gaúcho, veio ao Estado pararever a família e descansar, quandoconcedeu entrevistas e fez palestras.Ao responder perguntas do Hiper-texto, argumentou que faltam pers-pectivas para os brasileiros devido àausência de um projeto de crescimen-to para o país. “Isso não é uma críti-ca a nenhum governo específico, masao nosso modelo de sociedade, quenunca parou para traçar os rumos”.

Licenciado da emissora, o repór-ter de 30 anos não conseguiu fugirdo assunto seqüestro. “Quando saído cativeiro, tive um dilema: falar ounão sobre o que aconteceu. Chegueià conclusão de que para alguns cole-gas seria impossível não falar, mastambém não seria justo dar entrevis-ta para uns e não para outros. Decidiatender a todos. Além disso, falarfuncionou como terapia para mim eme fez bem até agora”. A violênciaque ele e o auxiliar foram vítimasdeve servir para conscientizar as pes-soas desta triste realidade: “Minhaconduta durante o seqüestro nãopode ser usada como exemplo, poisem situações de risco ninguém se-gue padrões; seguimos os instintos.O meu caso pode ser um alerta doquanto precisamos estar atentos à or-ganização da criminalidade nas gran-des cidades.”

No momento do seqüestro, con-tou Portanova, os criminosos apa-rentavam tranqüilidade, o que nãoera garantia de que não haveria víti-mas: “Eu tinha certeza de que se ocomando da operação determinassea minha morte, isso aconteceria in-dependente do estado de espíritodos envolvidos. A tranqüilidade de-les ajudava, mas não garantia nada”.Desde o início, eles também deixa-ram bem claro o motivo do seqües-tro, mas em momento algum fala-ram em recompensa. “Enquanto oAlexandre estava no cativeiro, elestentaram amedrontar mais; precisa-vam assustá-lo para que ele – solto

intencionalmente antes - levasse agravação à emissora e não tentasseencontrar a polícia. Se o plano nãofosse cumprido, eu morreria”, rela-tou.

No sábado à noite, quando seucolega Alexandre Calado fora incum-bido da missão de levar a fita à Glo-bo, o jornalista não sabia ao certo seficava tranqüilo ou temeroso ao per-manecer sozinho no esconderijo.“Senti duas sensações distintas nahora. A primeira era o medo de ficarsozinho e não ter ninguém para meouvir se eu precisasse. Em segundo,fiquei aliviado, porque a situação sópoderia ter fim depois que ele saíssedo cativeiro com a gravação”.

Negociação perigosaAssim que a fita chegou à emis-

sora, a direção não pensou duas ve-zes antes de acatar a exigência do PCCe transmitir seu comunicado. “A

Globo salvou a minha vida. Se nãocolocasse a gravação no ar, eu seriamorto, não havia outro meio de so-lucionar o caso. Tentar negociar seriaimpossível porque os seqüestrado-res não fizeram contato com a emis-sora e a Globo não tinha contato como comando da operação”, explicou orepórter.

Entretanto, a Polícia de São Pau-lo criticou muito a posição tomadapelo veículo, ao ceder à primeira rei-vindicação e não tentar outra formade negociar a liberdade do refém.“Não tenho como saber o motivopelo qual a polícia não queria a exibi-ção da fita. Eu lamento muito quecríticos estejam contra a veiculação domaterial. Acredito que, em vez dediscutir isso, poderíamos estar emoutro debate mais produtivo, comotentar explicar as razões de um gru-po conseguir tanto poder e coman-dar de dentro dos presídios, ou ain-da, o que podemos fazer para evitar

Devido à “cláusula de barreira”,todos os partidos políticos que nãoalcançarem o percentual de 5% dosvotos à Câmara Federal (por volta decinco milhões de votos), na eleiçãode outubro, terão seus direitos polí-ticos drasticamente reduzidos. É ne-cessário ainda alcançar 2% em pelomenos nove estados. Os deputadoseleitos, mas de legendas que nãoobtiverem o percentual, perderãodireitos como gabinetes com asses-sores e privilégios de uso da palavrapela liderança partidária nas sessões.Os partidos também ficarão à mar-gem do rateio de 99% do fundo par-tidário, indispensável para as organi-zações. Ficam apenas com dois mi-nutos semestrais de propaganda gra-tuita na televisão e no rádio, compa-rados aos 40 dos partidos que alcan-çarem o índice. Na última eleição paracargos federais, apenas sete partidos(PT, PMDB, PSDB, PFL, PP, PSB,PDT) atingiram o necessário.

Partidos ameaçados como PSB,PTB, PL, PC do B, PPS, PDT e PVbuscam alternativas para que seusdireitos sejam preservados, caso nãoalcancem o índice. Já houve tentati-vas de mudança na lei, porém sem oapoio dos grandes partidos nada épossível. Ainda assim a cláusula ébem vista até por partidos que po-derão ser atingidos.

Pelo PSB, que pode vir a ser afe-tado pela lei n° 9096/95, BetoAlbuquerque, deputado federal evice-presidente nacional do partido,apóia a “cláusula de barreira”. Paraele, a medida contribuirá para o for-talecimento dos partidos, aperfeiço-ando as relações entre eles e, destes,com o governo. Crê que será umareforma política promovida pelovoto da população.

O deputado Giovani Cherini, lí-der da bancada do PDT na Assem-bléia Legislativa, questiona a cláusu-la, pois entende que foi feita para ini-bir os partidos de aluguel, porématinge partidos tradicionais do cená-rio político nacional, como o PTBque em 2002 fez 4,6% dos votos vá-lidos. O PDT não trabalha com apossibilidade de ficar abaixo do ín-dice, pois, segundo pesquisas, deve

haver um retrocesso no eleitoradopetista. Estima-se que esses votos mi-grem para o PDT ou PSB, consideran-do ainda que o primeiro tem candida-to próprio à presidência da república, oque dá mais visibilidade à legenda eaumenta a presença na disputa federal.

“Trata-se de um retrocesso de-mocrático porque tenta fazer recuaruma conquista da democracia, que éo pluralismo da representação. A clá-usula de barreira é uma violentaçãoda norma mais democrática de quese carece para implantar essas mudan-ças avançadas que o país reclama. Éum entulho autoritário que FHC res-gatou do período ditatorial de 1964e o incorporou à herança maldita deoito anos de governo”, afirma Clo-vis Silva, vice-presidente estadual doPC do B. O partido busca por meiode candidaturas próprias para o Se-nado em seis estados, e uma para ogoverno do Tocantins, dar mais visi-bilidade a legenda, e com isso ter oêxito exigido pela cláusula. Sobretu-do o partido vê a restrição como algoque só vem contra um “avanço” pro-gressivo da política nacional.

Por parte dos que provavelmen-te continuarão a gozar do “funcio-namento parlamentar”, o PT é umdos que acha que se partidos comoPSB, PC do B e PV tombarem emrestrições, não será saudável para ademocracia. Segundo a vereadora epresidente regional petista MargareteMorais, a cláusula serve como ummodo progressivo de se fazer um“enxugamento” dos partidos noBrasil. “Mais importante que a cláu-sula de barreira é a adoção do financi-amento público de campanha, da fi-delidade partidária e das restrições àscoligações proporcionais. Essas me-didas dariam maior consistência erepresentatividade aos partidos po-líticos, praticamente eliminando oschamados “partidos de aluguel” ecoibindo o poder econômico”, diz.

Em 2007, o cenário político naci-onal poderá ter uma “cara” diferen-te, com partidos de tradição enfren-tando uma situação peculiar advindapela lei n° 9096/95. Com o passardos tempos, possivelmente, ela farácom que o voto para deputado fede-ral seja visto com mais importânciapelas restrições impostas.

Falta de perspectivasé causa de violência

ENTREVISTA/GUILHERME PORTANOVA

PPPPPOROROROROR E E E E ESTEFÂNIASTEFÂNIASTEFÂNIASTEFÂNIASTEFÂNIA T T T T TASCHELTOASCHELTOASCHELTOASCHELTOASCHELTO M M M M MARTINSARTINSARTINSARTINSARTINS riscos como seqüestros e atentados”.Portanova acrescenta: “Não tenhonada contra quem apresenta essas crí-ticas, mas estou convicto que a di-vulgação do vídeo não aumenta a in-segurança diante do crime organiza-do. Talvez este perigo tenha apenasficado evidente”.

Parte da crítica dos policiais podeser acrescida a um debate que ocorrenos meios de comunicação e na soci-edade, cujo assunto central é a de-núncia de que haveria, por parte daimprensa, uma tendência a“glamourizar” a violência. Em suma,os veículos estariam dando muitaênfase a coberturas da violência,supervalorizando fatos e, muitasvezes, tornando criminosos maisperigosos do que realmente são. “Seos líderes do PCC não fossem peri-gosos, não conseguiriam comandaro crime organizado de dentro dascadeias. Nós temos cuidado com a

divulgação da violência, até mesmoquando não dizemos o nome dogrupo em nossas matérias. Claro quehá veículos em que a violência é maisexplorada e faz parte da maior parce-la da programação, o que não é o casoda TV Globo. Eu acredito que o pro-blema não é o quanto se cobre, mascomo é feita a cobertura em algunscasos”, alegou o jornalista defenden-do sua emissora. Quanto àsupervalorização dos fatos, ele acres-centa que se o assunto não fizesse par-te do conhecimento e da vivência detodos, ele não seria divulgado: ”Nun-ca se esqueça: a mídia não é uma bolhaalienígena que paira sobre a sociedade,ditando como as coisas devem ser; elaé o reflexo da sociedade”.

O jornalista pretende continuar naRede Globo, entretanto não sabia aocerto quando voltaria ao trabalho, poisisso depende de alguns acertos com aemissora, além da necessidade de tem-po para se desligar do ocorrido.

“Cláusula de barCláusula de barCláusula de barCláusula de barCláusula de barreira”reira”reira”reira”reira”restringe atividadesrestringe atividadesrestringe atividadesrestringe atividadesrestringe atividadesdos pardos pardos pardos pardos partidos menorestidos menorestidos menorestidos menorestidos menoresPPPPPOROROROROR F F F F FERNANDOERNANDOERNANDOERNANDOERNANDO W W W W WEIGERTEIGERTEIGERTEIGERTEIGERT

O repórter gaúcho na tela da Rede Globo

REPRODUÇÃO DE TV/AFP

SALU PARENTE/AG.CÂMARA

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As eleições dão continuidade àsdenúncias envolvendo o governo fe-deral, que, no decorrer das investi-gações, como a CPI dos Sangues-sugas, estão ganhando veracidadejunto à opinião pública. A baixa maissignificativa foi o afastamento dopresidente do Partido dos Trabalha-dores, Ricardo Berzoini, da coorde-nação de campanha à reeleição dopresidente Luiz Inácio Lula da Sil-va. Berzoini confessou saber da ne-gociação de uma “pauta de interes-se jornalístico” entre representantesdo partido e a revista Época. Duassemanas depois, IstoÉ publicou ocaso do dossiê. Lula também seráinvestigado.

O material reunia fotos oficiaisde entrega de ambulâncias quandoJosé Serra, hoje, candidato ao go-verno de São Paulo, era ministro daSaúde e Geraldo Alckmin, entãogoverndor de São Paulo. As acusa-ções contra os tucanos sugerem su-posta irregularidade na compra dasunidades móveis. A hipótese foiafastada pela Justiça.

O assessor especial de Lula,Freud Godoy, já afastado do cargo,é quem o Ministério Público Fede-ral, através do pedido de prisão tem-porária, acusa de encomendar acompra do dossiê junto ao advoga-do Gedimar Pereira Passos, que che-gou a ser detido com o empresáriopetista Valdebran Padilha. Quandopresos, em um hotel, em São Paulo,Passos e Padilha portavam R$ 1,7milhão, quantia a ser usada no ne-gócio, mas de origem ainda nãoidentificada pela Polícia Federal.

O TSE deve analisar se houve cri-me sobre as denúncias de que o PTtentara comprar o dossiê e já requisi-tou ao Superior Tribunal Federal in-vestigação. O presidente do TSE,Marco Aurélio de Mello e os minis-tros Marcelo Ribeiro e Cezar Peluso,este do STF, tiveram suas linhas gram-

Denúncias e corrupçãocontinuam nas eleições

peadas por escutas telefônicas.

Na reta finalAs pesquisas de intenções de

votos para a Presidência da Repú-blica, desde o início de agosto, rea-lizadas pelos institutos Ibope, VoxPopuli, Data Folha e Census, têmconvergido para a reeleição dopetista Lula no 1º turno, com índi-ce sempre próximo de 50%. O seuadversário mais próximo, GeraldoAlckmin, do PSDB, ainda não con-seguiu romper a barreira dos 30%.Enquanto isso, a candidata do Psol,Heloísa Helena, que chegou próxi-ma aos 15%, estagnou em algunsmomentos e, agora, caminha parauma redução de chances.

O analista político do Jornal doComércio, jornalista Carlos Bastos,entende que Alckmin pode crescermais, caso tenha mais imposiçãocomo candidato, seja pelo aspectoético, com enfoque nos casos decorrupção do governo Lula, ou atra-vés de programas de governo. “Narealidade, o grande equívoco tuca-no foi aceitar a imposição da candi-datura do ex-governador de SãoPaulo, pois José Serra teria maischances de vitória, inclusive por sermais voltado ao social”, observa.

O aspecto social, principal áreatrabalhada na campanha de Lula, épuxado pelos programas de trans-ferência de renda, como o Bolsa Fa-mília, que já distribui a média de 40reais mensais a dez milhões de fa-

Campanhas partidárias destacam as irregularidades

Os programas eleitorais, que ter-minam nos próximos dias, antes davotação de 1º de outubro, levaramas propostas dos candidatos, entrepresidente, governadores, senadorese deputados federais e estaduais,para conquistar a preferência doscerca de 126 milhões de brasileirosaptos a votar. Os debates partidári-os também estão nas transmissõesde rádio e TV.

Dono do maior espaço do mun-do para campanhas, o Brasil passapelo que analistas políticos diagnos-ticam como excesso de informaçõese falta de discussões programáticasna esfera pública nacional. Segun-do o Ibope, seis em cada dez eleito-res deixariam de votar, se não fosseobrigados. Além disso, 90% admi-tem falta de confiança nos políticos.

O jornalista e pesquisador emComunicação da Unisinos ValérioBrittos ressalta que a mídia tem as-sumido um poder de representaçãoda sociedade junto aos candidatos.“Nas entrevistas, fica evidente ograu de veemência nas cobrançasaos presidenciáveis, resultado dadistorção do exercício democráticobrasileiro”. Ele reclama da falta deuma TV pública, capaz de ser alheiaa interesses governamentais ou par-tidários, pois, hoje, “há um espaçopara que entidades privadas assu-

mílias brasileiras. O ex-ministro daSaúde no segundo mandato presi-dencial de Fernando Henrique Car-doso foi responsável pela implanta-ção dos medicamentos genéricos, acusto depreciado, em relação ao va-lor cobrado por laboratórios.

De acordo com Bastos, a faltade mobilização interna no PSDB éoutro motivo que atrapalha a cam-panha. No Ceará, por exemplo, háuma disputa local entre dois tuca-nos. O presidente nacional da sigla,Tasso Jereissati, apóia a candidatu-ra de Cid Gomes, do PSB, ao go-verno do Estado. Em contrapartida,o governador também tucano Lú-cio de Alcântara tem gravado pro-gramas eleitorais junto a Lula. “Oabsurdo da situação cearense é queTasso trabalha para Cid, enquantoa candidatura de Alckmin atravessaum momento difícil”, constata.

Para a especialista em marketingpolítico e professora da PUCRSNeusa Gomes, os programas inici-ais do tucano foram eficientes paraapresentá-lo às outras regiões forado eixo Sudeste, mas acredita queele só crescerá nas pesquisas se“adotar postura mais agressiva, atra-vés de propostas e alusão à questãoética”. Acredita que Lula evitará tra-balhar com números, já que nãocumpriu algumas metas de gover-no, como a geração de 10 milhõesde postos de trabalho.

Um possível resultado geral, se-gundo o jornalista Bastos, será a elei-ção de apenas três governadores doPT, em Sergipe, Piauí e Acre, consi-derados estados periféricos. OPMDB deve eleger entre nove e dezchefes de executivo estadual, supe-rior a um terço do total no país. Paraos pleitos futuros, ele não esperamudanças. “A tendência é que oBrasil continue bipolarizado entrePT e PSDB, pela dificuldade doPMDB em consolidar uma candi-datura própria”, prevê.

Propaganda gratuita afasta eleitoresPropaganda gratuita afasta eleitoresPropaganda gratuita afasta eleitoresPropaganda gratuita afasta eleitoresPropaganda gratuita afasta eleitores

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mam papéis da própria sociedade”.A propaganda eleitoral gratuita

tem custo total orçado em R$ 191milhões dos cofres públicos, porqueas emissoras de rádio e televisão detodo o país deixam de pagar à ReceitaFederal quase 15% do seu Impostode Renda deste ano. O motivo é aobrigatoriedade de veicular os progra-mas duas vezes por dia, bem comochamadas partidárias, intercaladas aolongo da programação diária.

O objetivo dos candidatos, aorepetirem projetos de campanha,diariamente, nos meios de comuni-cação, é gerar lembrança na mentedos eleitores. “O problema é que,com um período muito extenso e oformato repetitivo desses progra-mas, as eleições caminham para oesgotamento, ou seja, umadesinformação causada pela satura-ção”, explica a professora daPUCRS Neusa Gomes. Ela destacaque o método de campanha brasi-leiro generaliza a idéia que a popu-lação tem a respeito de cada políti-co, motivando “desinteresse no plei-to, falta de participação e cobrançaprogramática de gestão”. A mudan-ça deste quadro, na visão de Brittos,passa pelo desenvolvimento educa-cional, que estimule mais interferên-cia do cidadão no processo políti-co.

Chimangos e maragatos, trabalhis-tas e libertadores, MDB e Arena, as-sim sempre foi a política do Rio Gran-de do Sul desde a RevoluçãoFarroupilha, maniqueísta. As eleiçõesestaduais se caracterizaram, nos últi-mos anos, pela disputa entre petistase anti-petistas. Essa dualidade rotineiradas eleições no estado poderá ser al-terada se a candidata tucana YedaCrusius conseguir chegar ao segundoturno com o governador GermanoRigotto, primeiro colocado nas pes-quisas.

“Isso significa que existe umaparcela do eleitorado que estavacom o Olívio e que está menos vei-culado à proposta ideológica do PT,e por isso está abandonando emfunção de uma terceira possibilida-de de voto”, explicou a cientistapolítica e professora da PUCRSMárcia Dias, que já realizou váriosestudos sobre as eleições no RioGrande do Sul.

Porém, a campanha de Yedasofre muitas dificuldades, inclusivepela desistência de sua equipe decomunicação por falta de pagamen-

to. Também pela sua personalida-de, muitas vezes vista como arro-gante e antipática. Márcia a encaixacomo sendo uma candidatapersonalista, contudo, pela sua ca-pacidade técnica ou política. “Essacapacidade, em raríssimos casos, vaiestar associada à imagem do parti-do, e quase sempre, à imagem docandidato. Pois vai falar da históriapregressa, e no caso da Yeda ficabastante claro, a trajetória dela comoprofessora da UFRGS, como foi asua formação”, exemplifica a cien-tista política.

Outro fator que atrapalha o pro-gresso de Yeda é o seu estado deoposição diante do governo em queela participou até esse ano. “É umatarefa ingrata fazer esse tipo de cam-panha. Ela ataca muito Rigotto, aoinvés de atacar o governo do Olívio,ou de quem ela está disputando ovoto”, ressalta Márcia, que comple-ta dizendo que essa atitude datucana pode demonstrar uma incon-gruência, pela participação dela nogoverno até as vésperas da eleiçãoe depois seu ataque: “Ela estaria ata-cando a si mesma”.

Neusa Demartini Gomes, jorna-lista e doutora em Comunicação Po-lítica pela Universidade Complutensede Madrid, expõe que o quadro elei-toral no Brasil é desanimador, e porisso o eleitor está cada vez mais prag-mático, independente de ideologias.“Temos, no Brasil, com exceções, atradição personalista. Raramente opartido respalda o candidato. Portan-to, o voto não é ideológico, mas base-ado no programa oferecido pelo can-didato e na sua proposta concreta so-bre como resolver problemas reaisdemandados pela sociedade.”

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Sucessão estadual passa pelo maniqueísmo do gaúcho

Carlos Bastos, analista político

EDUARDO MENDES/HIPER

RAMON FERNANDES/HIPER

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Quem é esse sujeito que gosta de serchamado “centauro do pampa”, sem negaro componente macunaína na sua forma-ção e, ao mesmo tempo, reverenciar a cadaano a revolução que patrocinou e por elalutou sendo chamado de farrapo? O an-tropólogo e professor Ruben GeorgeOliven, da UFRGS, diz que o gaúchomoldou sua identidade com elementos dife-rentes da formação do brasileiro e cultivaessa diferença em que incorporou aspectosdo guerreiro e da vida no campo. Essa afir-mação da identidade gaúcha o inspirou aescrever o livro “A Parte e o Todo: diversi-dade cultural do Brasil-nação”, assuntoda entrevista que segue:

O que representa a imagem dogaúcho?

Estamos acostumados a ver otermo gaúcho como o habitante doestado. Existe uma discussão sobrea origem do nome. Uma das hipóte-ses diz que a palavra viria de guacho,animal que perdeu a mãe quandojovem e teve que aprender a viversozinho. Mas, no começo, gaúchosignificava ladrão de gado, um ter-mo pejorativo como hoje é a palavra“gaudério”. Significava alguém quevai de um lugar para outro, traba-lhando em estâncias, tornando-semão-de-obra rural, um peão quetambém exercia funções militares,pois na época tínhamos os conflitosinternos da estância, como foi a Re-volução Farroupilha, além das ame-aças vindas de fora, dos castelhanos.Esses viviam sozinhos, não eram

casados, ou as mulheres permaneci-am nas vilas. Desta personalidadedesenvolveu-se a figura do gaúcho,que para existir precisa ser cavaleiro,do tipo eqüestre, não existe gaúchosem cavalo. Ele deve domar a natu-reza, o gado, deve saber lidar com osanimais e com os inimigos e, princi-palmente, consigo mesmo. Por isso,torna-se um sujeito bravo, heróico,de palavra, honesto, porém, calado esolitário.

Quando ele apeou do cavalo?Ao vir para a cidade, tornou-se,

como denominou o escritor CiroMartins, o gaúcho a pé. Ou seja, semarginaliza, vem para o espaço ur-bano trabalhar e perde o que tinhade mais valoroso: seu cavalo, o tra-balho no campo, sua vida na terra.Começa, então, toda uma produçãoliterária em volta dele. Cria-se oPartenon Literário em Porto Alegre,um grupo de intelectuais, escritores,letrados que tentavam escrever àmoda européia. Eles falavam do ga-úcho, não o que estava marginaliza-do, mas o mais antigo, o herói. Omito chega à obra de José de Alencar,cearense, que nunca veio ao Rio Gran-de do Sul, e escreveu um livro sobreo gaúcho denominado a figura de“centauro dos pampas”.

Essa figura do herói tem umagrande influência européia?

É européia, quase mundial. Ospovos têm a necessidade de heróis.Esta figura, às vezes, é alguém quepassou por privações na infância,

como na história de Moisés (da Bí-blia). Carl Yung (psiquiatra) susten-ta que o herói faz parte do imaginá-rio de praticamente todos os povos,e eles normalmente estão ligados aguerras e conflitos.

Qual a diferença entre os he-róis gaúcho e Macunaíma?

O gaúcho se diz um tipo brasi-leiro, mas com características muitodiferentes dos outros brasileiros. Oque Mário de Andrade fez foi afir-mar muito a brasilidade. Os moder-nistas, com a semana de arte moder-na, tinham diversos objetivos. Oprincipal era querer ser modernosuniversais. Eles se perguntaram:“como seremos universais?” A res-posta foi de que, primeiro: todossomos universais, pois vivemos noUniverso. Segundo: só pode ser uni-versal, aquilo que antes é nacional.Ao escrever “Macunaíma”, Mário deAndrade apresenta uma contradiçãode termos que é o anti-herói, figurasem caráter, pois um herói pode terfalhas, mas deve ter caráter.Macunaína é filho de uma índia, noentanto, nasce preto na selva e come-ça a branquear quando vem para ci-dade. Isso se liga à idéia dos moder-nistas sobre a brasilidade, de que so-mos um povo mestiço, quecanibalizamos tudo e que não leva-mos as coisas a sério, muito diferen-te do herói gaúcho que se afirma nomodo clássico dos heróis.

Qual a importância da figurado gaúcho para o Brasil?

Faz o contraponto. Muitas vezes,a identidade brasileira é relacionadacom coisas do Rio de Janeiro. Naverdade, com tudo que ocorre naZona Sul do Rio, como se tudo queacontecesse em Copacabana,Ipanema e Leblon fosse a represen-tação do Brasil nação. Quando seconstrói uma identidade se está afir-mando a diferença: sou brasileiro, eleé argentino, sou homem, ela é mu-lher, essa diferença pode ser real ouimaginária, mas sempre firma os con-trastes. Na medida em que os gaú-chos são brasileiros e afirmam serdiferentes não estão dizendo que sãoargentinos. Estão dizendo: “Olhasomos brasileiros, mas diferentes equeremos ter essa diferença reconhe-

cida e aceita.Em seu livro, aparecem a evo-

lução da tradição e regionalismoem contexto de mudança social.

O meu argumento tem duasquestões que envolvem o processode criação da identidade nacional queafirma a unidade e apaga ou quaseproíbe a diversidade. O regional vol-tar a exigir espaço após a formaçãoda unidade nacional, e, mais adiante,na idéia que ao existir o processo demodernização, temos de falar da tra-dição. Quando todos já moram nacidade, no início dizem que o campoera um atraso, mas depois se volta afalar dele e a construir valores rurais.Temos de falar do passado e isso éconstruir a tradição.

Os piquetes Mangrulho eCampeiros de Morungava são doisextremos entre os 381 galpões mon-tados no Parque Harmonia por oca-sião da Semana Farroupilha.Mangrulho é o um dos piquetescorporativos que lá se instalam re-presentando uma organização ouempresa, neste caso a AssociaçãoEsportiva da Copesul. Campeiros deMorungava é o rancho de um grupode amigos nascidos em Morungava,próxima a Taquara, que gostam deacampar no Harmonia e reconstituira vida do campo.

Situado próximo ao prédio daJustiça Federal, na rua Otávio Carusoda Rocha, o piquete Mangrulho éponto de encontro de colaborado-res, familiares e aposentados daCopesul. Há cinco anos, Mangrulhoe Recanto Gaudério se instalam nolocal e hoje unidos têm uma estru-tura de 200 metros, onde há espaçopara refeições e um pequeno bar de-dicado à venda de bebidas, além de

No Parque da Harmonia, piquetes corporativos e campeirosum pátio. Na parte externa ficam doisbanheiros químicos e um espaço de-dicado ao fogo de chão e à roda dechimarrão.

Para o funcionamento do localforam contratadas duas pessoas res-ponsáveis pelos serviços de copa elimpeza, além de um caseiro. Manti-do por verbas da associação de funci-onários (Associação Esportiva daCopesul), o Mangrulho abre todosos dias às 10h e fecha depois da jan-ta, normalmente churrascos que emdias de semana terminam às 22 h eque nos finais de semana ultrapas-sam a meia-noite.

Recém aposentado, Jossen Con-ceição participa das atividades desdea criação do piquete, em 2001. Aindana fase de construção do galpão até oúltimo dia do acampamento, ele cor-re para o Harmonia. Motivado peloamor às tradições, aproveita a épocapara voltar às raízes, mesmo que sejaem um parque no meio da Capital.Ele faz compras, organiza almoço ea janta, recebe os visitantes, cuida para

que não falte erva-mate e água quen-te para chimarrão.

O Piquete Campeiros deMorungava é uma réplica de umaconchegante sítio campeiro. Ogalpão é habitado por uma simpáti-ca família. Naturais de Morungava,cidadezinha próxima à Taquara.

O diferencial do galpão é a deco-ração campeira e a presença de ani-mais, que a família trouxe de casa. Afamília divide a “casa” com 23 gali-nhas e pintos, sete cães, dez cavalos,um burrinho, uma vaca e uma ove-lha. Devido às atrações rurais, a ré-plica de um sítio é muito visitada porfamílias que levam crianças para co-nhecerem os diversos animais e atémesmo escolas.

A prenda Maria dos Santos Rosafaz comida em um fogão a lenha ediz que procura mostrar como é odia-a-dia da vida no interior e que asraízes gaúchas resistem ao tempo. Afilha Jéssica da Rosa a acompanha naempreitada, junto com Volnei Araú-jo e Everton Moura.

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O “gaúcho a pé” de Ciro Matins também cultua a tradição

JULIANA FREITAS/HIPER

Centauro dos pampas édiferente de macunaína

JULIANA FREITAS/HIPER

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20 de setembro traz reflexões sobre o mito do gaúcho

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A comunidade porto-alegrenseganhou mais um espaço cultural. Éa Casa dos Bancários, na rua GeneralCâmara 424, inaugurada em 28 deagosto. O Sindicato dos Bancários,proprietário do prédio, pretendeunir, no mesmo local, o atendimen-to à categoria e o complexo de cultu-ra e cidadania. Os 1,8 mil metrosquadrados distribuídos em quatropavimentos abrigam biblioteca, es-paço para exposições, auditório parapalestras e cursos, sala de cinema quepoderá ser utilizada para peças de te-atro, além de um laboratório comcomputadores para a inclusão digi-tal, em fase de planejamento.

O edifício, construído em 1927 eque durante muitos anos abrigou aAliança Francesa, foi adquirido pelosindicato na década de 80. A atualgestão iniciou as obras em 2003,totalizando um investimento de R$2,5 milhões. A idéia de associar oprédio ao ciclo histórico cultural dacidade se deu devido à localização. Aproximidade com o Teatro São Pedro,com o Museu do Rio Grande do Sul(Margs), com o Santander Cultural,“possibilita a participação da Casaneste corredor da cultura”, destacaAdemir Wiederkehr, diretor de co-municação da entidade. A aberturade um espaço para manifestações,culturais, políticas e sociais está naprópria origem da entidade. Segun-do ele, a relação dos bancários comos clientes, tanto no contato diáriocomo nas lutas por melhorias soci-ais, sempre facilitou a interação dostrabalhadores sindicais com a socie-dade.

A unificação dos serviços presta-dos pelo Sindicato é outra novidade.Agora, estão, em uma única casa, os

Um novo espaço na Casa dos Bancários

PORPORPORPORPOR CCCCCARINEARINEARINEARINEARINE P P P P PREDIGERREDIGERREDIGERREDIGERREDIGER D D D D DAAAAA P P P P PIEVEIEVEIEVEIEVEIEVE setores jurídico, de saúde e convêni-os e de imprensa, antes distribuídosem locais diferentes. O presidente dosindicato, Juberlei Bacelo, diz que “acategoria realiza um sonho”.

Referência culturalO projeto CineBancário, fruto de

convênio com a Fundacine, está emfase de captação de recursos. Por issoa inauguração do cinema está previs-ta para o início do próximo ano.“Queremos abrir espaço, principal-mente, para exibir filmes que nãoencontram lugar nas salas da cidade,filmes brasileiros, gaúchos”, revelaWiederkehr.

A biblioteca tem acervo de seismil livros disponíveis à categoria, queestuda a possibilidade da populaçãoter acesso. A sociedade terá ainda nes-te espaço auditório para palestras,oficinas e debates. A Casa dos Ban-cários vai abrir suas portas em brevepara eventos da programação da Fei-ra do Livro. Na inauguração, no finalde agosto, estiveram presentes ban-cários, deputados, vereadores, repre-sentantes de associações e entidadessindicais.

HISTÓRIAO Sindicato dos Bancários do Rio

Grande do Sul foi criado em janeirode 1933, em uma assembléia geralcom 185 bancários.

Comandou ao longo dos anosuma série de greves da categoria ecampanhas históricas que resultaramem conquistas. Em 1983, filiou-se àCentral Única dos Trabalhadores(CUT), recém criada. Desde 1990,tem base em Porto Alegre e em 14municípios vizinhos. Mais informa-ções: www.bancariospoa.com.br .

Pina Bausch com Para as Criançasde Ontem, Hoje e Amanhã; EdmundoNekrosius com Othelo e MartínPavlovsky com Variaciones Meyerhold.Esses grandes diretores com seusespetáculos, além de atores comoNorma Aleandro, Luiz Melo e CelsoFrateschi, estiveram na capital gaú-cha na 13ª edição do Porto Alegre EmCena. Luciano Alabarse, coordena-dor do festival que aconteceu entre 5e 17 de setembro, destacou que a ci-dade recebeu a “nata dos atores delíngua espanhola no mundo”.

O projeto realizado pela Prefei-tura, através da Secretaria Municipalde Cultura, é uma referência das artes

Em Cena reúne o melhor do teatro em Porto Alegre

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cênicas gaúchas, sendo um impor-tante acontecimento cultural e artís-tico da Capital. O Em Cena exibeespetáculos de teatro, música e dan-ça, do Brasil e do mundo, em dife-rentes teatros da cidade. Este ano, oevento contou com mais de 40 espe-táculos nacionais e de países comoUruguai, Chile, Argentina e Espanha.O projeto ofereceu também oficinasgratuitas voltadas para diretores, ato-res e professores, e palestras minis-tradas pela atriz e jornalista IveteBrandalise.

Para a abertura da 13ª edição, foiconvidada a cantora AdrianaCalcanhoto, que realizou dois shows,nos dias 5 e 6, no Theatro São Pedro.Depois de três anos ausente dos pal-cos locais, a gaúcha, que já participou

Norma Aleandro: atriz e es-critora argentina premiada em di-versos festivais, entre eles o deCannes como melhor atriz de LaHistoria Oficial. Norma é destaqueinternacional no teatro, cinema ar-gentino e americano.

CULTURA

do 1º Em Cena, sentiu-se orgulhosaem apresentar o seu show Maré,mostrado recentemente na Europa.

Com a intenção de homenageare incentivar o teatro no Estado, sur-giu nesta edição o 1º PrêmioBraskem em Cena, que contemploudez espetáculos locais. Os vencedo-res foram escolhidos por uma comis-são formada por sete jornalistasespecializados em cultura. “O sim-ples contato de uma cidade com osmaiores criadores do mundo já émotivo suficiente para explicar a im-portância do festival. Isso é umaoportunidade única de, com preçoacessível, a população conhece e des-fruta espetáculos de primeiríssimonível da cena mundial”, ressaltouAlabarse.

ESTRELAS DOPALCO

Biblioteca, exposições, auditórios, cinema, teatro e computadores fazem parte do projeto

EDUARDO MENDES/HIPER

O espaço cultural, inaugurado dia 28 de agosto, fica na rua da Ladeira, no centro

Pina Bausch: dançarina alemãcom mais de 40 anos de trabalho,considerada uma das melhores co-reógrafas do século 20, ao revoluci-onar o mundo da dança, com espe-táculos que misturam artes cênicase dança.

Edmundo Nekrosius: diretorlituano apreciado por grandes pla-téias no mundo todo. Tem na obrade Shakespeare sua inspiração.Adepto do teatro visual, suas pe-ças caracterizam-se pela originalida-de e simplicidade.

IIJIMA ATSUSHI/AFP

Page 11: Escândalos e apatia marcam as eleiçõesprojetos.eusoufamecos.net/memoria/wp-content/... · Famecos/PUCRS ensina Jornalismo desde 1952 – Porto Alegre, setembro de 2006 – ANO

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Após a conquista da Libertadores, Tinga,Rafael Sóbis, Bolívar e Jorge Wagner trocaramo Inter pelo futebol europeu, despertandodúvidas quanto ao futuro da equipe. Para re-compor o grupo vieram o colombiano Vargas,campeão do mundo em 2004 pelo BocaJuniors; Hidalgo, peruano que jogou a últimaLibertadores pelo Libertad ; e Pinga, meia-ata-cante repatriado do futebol italiano. A novaformação titular terá, a princípio, Clemer; ElderGranja, Índio, Fabiano Eller e Hidalgo; Edinho,Vargas, Alex e Pinga; Fernandão e Iarley.

Dentro do clube não existe apreensão. Háum consenso de que o elenco é competitivo eexiste confiança nos reforços trazidos pela di-retoria. Nas ruas e na imprensa, porém, o timepós-desmanche traz receios e está longe de seruma unanimidade. Quem se acostumou coma equipe campeã da América acredita, ao me-nos por enquanto, que o Inter ficou mais fracoapesar de ainda estar num bom nível.

– Se considerarmos o time do primeirosemestre como nota dez, hoje ele seria notasete. É muito difícil se igualar àquela equipeque chegou ao auge – afirma o repórter da rá-dio Bandeirantes, Gabriel Cardoso, que acom-panha de perto o dia-a-dia colorado desde oano passado.

O torcedor espera o título do campeonatobrasileiro, mas as atenções se voltam desde jápara o Mundial Interclubes. No torneio, queserá disputado em dezembro, os principaisadversários serão o América, do México, e otemido Barcelona, o representante europeu.Caso confirme presença na decisão (precisa ven-cer uma semifinal), é provável que o Inter deci-da o título contra a equipe espanhola, aponta-da até mesmo no grupo colorado como a me-lhor do planeta.

– O Barcelona é favorito porque é a maiorequipe do mundo. É complicado jogar de igualpara igual pelos valores individuais que elestêm – analisa o treinador Abel Braga.

No Beira-Rio, o clima é de respeito pelotime catalão, porém sem temor. O campeão daEuropa manteve a base e trouxe jogadores deponta. Zambrotta e Thuram (finalistas da Copado Mundo) reforçam a defesa; para o ataquechegaram o argentino Saviola e Gudjohnsen,ex-Chelsea, da Inglaterra. Conscientes das difi-culdades, os colorados vão para o Japão comconfiança de que podem trazer o título.

– Se ficarmos pensando nos jogadores queo Barcelona tem, nem viajaríamos, daríamoslogo o título para eles e pegaríamos o vice. Elessão favoritos, mas eu acredito que posso ven-cer, senão ficaria em Porto Alegre. Vamos lápara ganhar – sentencia Fernandão, o capitãoda equipe.

Ronaldinho comanda a poderosa linha defrente azul-grená, que também conta com ofutebol de Samuel Eto’o, Lionel Messi e Deco.Com certeza o campeão europeu irá se lançarao ataque em busca da vitória. Mesmo assimAbel – conhecido por formar times ofensivos– descarta mandar a campo uma equiperetrancada.

–Temos que repetir o que fizemos noMorumbi com o São Paulo. Eles eram imbatí-veis em casa, mas nós fomos pra dentro deles. Éa maneira de surpreender. Se ficarmos atrás,com medo, fatalmente vamos perder.

O campeão das Américas

Colorado sonhaconquistar o mundo

A noite de 16 de agosto estará para sempreno coração dos colorados. Apesar do frio e dachuva fina, o Beira-Rio se transformou em umcaldeirão onde fervilhava a felicidade. Nessadata, o clube do povo do Rio Grande do Sulfinalmente, após 97 anos de obsessão, pintou

a América de vermelho. Do Alaska à Terra doFogo (passando pela Azenha), todos devemse curvar ante o novo senhor do continente.

Campeão do mundo, o ótimo time do SãoPaulo lutou até o fim para conquistar o títuloem terras gaúchas, mas não adiantou. Paraquem já havia esperado quase um século, osúltimos dez minutos de pressão foram inter-mináveis. A equipe paulista pressionava, AbelBraga suplicava aos céus, o torcedor não con-tinha o nervosismo. Foi então que aconteceu.Horácio Elizondo, árbitro argentino, encerroua partida e deu início às comemorações. Valeu apena, sonhos viram realidade.

Dentre os heróis da conquista alvirrubra,alguns se sobressaíram pela raça e pela qualida-de. Como Tinga, a alma do time em campo.Como Rafael Sóbis, que humilhou o São Pau-lo no Morumbi. E Fernandão, símbolo máxi-mo da equipe, o homem certo para levantar omais aguardado dos troféus. O presidenteFernando Carvalho conseguiu o que parecia im-possível: tirar um clube da mediocridade ecolocá-lo entre os maiores do mundo.

Vibra torcida colorada, com toda razão.Chegou o seu momento, é a sua vez de andarcom o peito transbordando de alegria. Nesseano nenhuma nação no planeta pode se sentirmais realizada. E, acima de tudo, parabéns. OInternacional é o grande campeão da taça Li-bertadores da América de 2006.

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ARTE DE MANUELA KANAN COM FOTOS DE RAMON FERNANDES

NICOLAS GAMBIN/HIPER

Fernandão atende fã durante um treino

INTERNACIONAL