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Corrente renascentista Erros meus, má fortuna, amor ard Camões

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Diapositivo 1

Corrente renascentistaErros meus, m fortuna, amor ardente

Cames

Erros meus, m fortuna, amor ardente em minha perdio se conjuraram; os erros e a fortuna sobejaram, que para mim bastava o amor somente.

Tudo passei; mas tenho to presente a grande dor das cousas que passaram, que as magoadas iras me ensinaram a no querer j nunca ser contente.

Errei todo o discurso de meus anos; dei causa [a] que a Fortuna castigasse as minhas mal fundadas esperanas.

De amor no vi seno breves enganos. Oh! quem tanto pudesse que fartasse este meu duro gnio de vinganas!

2DESVENTURA

Vrias foram as causas que contriburam para a vida desventurada do poeta: o amor, os erros praticados ao longo da vida, a falta de sorte de que frequentemente se lamenta, o exlio a que por vrias vezes se viu votado, o contraste, feito de sonhos desfeitos, entre a desejada Sio e a real e corrupta Babilnia...Reais ou fictcios, muitos so os episdios conhecidos que ditaram a criao uma imagem de Cames como poeta desafortunado, perseguido, incompreendido, chorando o desterro e os desgostos amorosos, reduzido, quantas vezes, a uma vida de mendicidade, e morrendo na misria.3TemaO tema do soneto o sofrimento do sujeito potico.

O AUTOBIOGRAFISMO

Tema: BALANO AUTOBIOGRFICOO poeta faz uma retrospectiva sua vida e verifica que as causas da sua desgraa foram os erros que cometeu, a sua pouca sorte e o amor; mas bastava esta ltima causa para a sua perdio..No poema Erros meus, m fortuna, amor ardente, o sujeito potico lamenta-se da sua vida desgraada, que s o faz sofrer. Ele sente-se revoltado pelo facto de ter uma vida to infeliz mostrando, no fim, um desejo intenso de vingana.5Roda da Fortuna, Iluminura da Bblia de Carlos V (sec. XIV)Assunto do poemaO sujeito potico diz que os seus maiores inimigos na vida foram os erros, a m sorte e o amor e refere que estes trs elementos foram os culpados da sua vida de sofrimento. Estrutura interna1 parte(12 primeiros versos)Na primeira parte do poema, o eu potico confessa que viveu uma vida de sofrimento, provocado pelos erros, pela m sorte e pelo amor. Diz ainda que o amor apenas lhe deu breves enganos e que, por isso, o sofrimento provocado pelos erros e pela m sorte sobejaram.2 parte(dois ltimos versos)Na segunda parte do poema, ele recorre a uma interjeio (oh!) para mostrar a dor que lhe vai no corao e espera que o Gnio que o persegue se farte de o perseguir para ele poder viver em paz.Erros meus, m fortuna, amor ardente em minha perdio se conjuraram; os erros e a fortuna sobejaram, que para mim bastava o amor somente.

Tudo passei; mas tenho to presente a grande dor das cousas que passaram, que as magoadas iras me ensinaram a no querer j nunca ser contente.

Errei todo o discurso de meus anos; dei causa [a] que a Fortuna castigasse as minhas mal fundadas esperanas.

De amor no vi seno breves enganos. Oh! quem tanto pudesse que fartasse este meu duro gnio de vinganas!1 momento: atribui o sofrimento a certas foras Fortuna e Amor - que se aliaram contra o poeta.2 momento: exclamao final reveladora do seu desespero.O amor como causa do seu infortnio 8Erros meus, m fortuna, amor ardenteEm minha perdio se conjuraram;Os erros e a fortuna sobejaram,Que para mim bastava o amor, somente.

Tudo passei; mas tenho to presenteA grande dor das cousas que passaram,Que as magoadas iras me ensinaramA no querer j nunca ser contente.

Errei todo o discurso de meus anos;Dei causa a que a Fortuna castigasseAs minhas mal fundadas esperanas.

De amor no vi seno breves enganosOh! Quem tanto pudesse que fartasseEste meu duro Gnio de vinganas!O sujeito potico exprime a sua tristeza em relao vida que foi passando e os erros que foi cometendo.

Para o fazer, evoca trs razes que justificam um passado infeliz que, de forma intencional, se reuniram numa metafrica conjura para tramar contra o poeta.

Partindo desta ideia, o poeta desenvolve o seu lamento ao longo das estrofes seguintes.

Assim, o sujeito potico aprendeu a no ter esperana na alegria que a vida lhe podia proporcionar.O soneto aborda a vida passada do poeta e a tristeza que ele sente ao record-la.

Erros meus, m fortuna, amor ardenteEm minha perdio se conjuraram;Os erros e a fortuna sobejaram,Que para mim bastava o amor, somente.

Tudo passei; mas tenho to presenteA grande dor das cousas que passaram,Que as magoadas iras me ensinaramA no querer j nunca ser contente.

Errei todo o discurso de meus anos;Dei causa a que a Fortuna castigasseAs minhas mal fundadas esperanas.

De amor no vi seno breves enganosOh! Quem tanto pudesse que fartasseEste meu duro Gnio de vinganas!Concluindo que todo o seu percurso de vida foi errado, pois foi sempre iludido pelo amor e tendo em conta que o amor seria o suficiente para o levar perdio, a Fortuna, ou seja o destino, castigou as suas sempre mal fundadas esperanas (v. 11), pois estas foram sempre criadas por um amor ilusrio.

O soneto encerra com um pedido, que traduz todo o sofrimento do sujeito potico, sendo toda a dor transmitida na utilizao da interjeio e da frase exclamativa, e no qual solicitado, no fundo um descanso que o poeta entende merecido.

A importncia atribuda ao papel desempenhado pelo Amor na perdio do Poeta. (vv. 3-4). Erros meus...

11Erros meus, m fortuna, amor ardenteEm minha perdio se conjuraram;Os erros e a fortuna sobejaram,Que para mim bastava o amor, somente.

Tudo passei; mas tenho to presenteA grande dor das cousas que passaram,Que as magoadas iras me ensinaramA no querer j nunca ser contente.

Errei todo o discurso de meus anos;Dei causa a que a Fortuna castigasseAs minhas mal fundadas esperanas.

De amor no vi seno breves enganosOh! Quem tanto pudesse que fartasseEste meu duro Gnio de vinganas!O sujeito potico transmite a ideia de que viveu muitos momentos difceis e de grande sofrimento que ainda esto bem presentes no seu esprito.

Nos ltimos dois versos desta estrofe visvel como o passado de sofrimento, to presente na sua memria, interfere no futuro. O melhor, segundo o sujeito potico, no desejar nada nem ter iluses ou esperanas. esta a melhor forma para no haver desiluses.Erros meus, m fortuna, amor ardenteEm minha perdio se conjuraram;Os erros e a fortuna sobejaram,Que para mim bastava o amor, somente.

Tudo passei; mas tenho to presenteA grande dor das cousas que passaram,Que as magoadas iras me ensinaramA no querer j nunca ser contente.

Errei todo o discurso de meus anos;Dei causa a que a Fortuna castigasseAs minhas mal fundadas esperanas.

De amor no vi seno breves enganosOh! Quem tanto pudesse que fartasseEste meu duro Gnio de vinganas!No primeiro terceto, o sujeito potico tem conscincia que o grande erro que cometeu foi o de ter esperanas vs e de ter acreditado que podia ser feliz. Como se deixou iludir, a Fortuna (m sorte) castigou-o e encaminhou-o para a sua perdio. As suas esperanas infundadas eram em relao ao amor. Este tambm o enganou.

Nos ltimos dois versos do segundo terceto, notria a revolta do sujeito potico. Ele sente-se uma vtima e quer vingar-se de tudo aquilo que contribuiu para a sua perdio.Cames nunca deixou de se analisar a si prprio. Ele reflectiu sistematicamente sobre a sua vida. Dessa reflexo surgiram manifestaes de impotncia, de perplexidade, de revolta, de frustrao e de sofrimento. Como resultado das suas constantes interrogaes, Cames chegou a vrias concluses:O amor o responsvel por tudo o que de mal est na sua vida pois priva o homem da sua liberdade; o amor d esperanas que nunca se realizam. A m sorte persegue-o incessantemente e castiga-o. O destino persegue-o, retira-lhe a liberdade, castiga-o e no o deixa ser feliz. Ele sente-se impotente para lutar contra o destino.No entanto, e atravs dos seus poemas, Cames revela um certo orgulho em tudo isto pois, apesar de ser infeliz e desgraado, ele sente que vive um destino grandioso. S algum to especial como ele, poderia atrair um destino to injusto e mau.

14Neste soneto, estes processos querem mostrar como o sujeito potico se sente infeliz, perseguido e revoltado. Encontras, ento:Erros meus, m fortuna, amor ardenteEm minha perdio se conjuraram;Os erros e a fortuna sobejaram,Que pera mim bastava amor somente.

Tudo passei; mas tenho to presenteA grande dor das cousas que passaram,Que as magoadas iras me ensinaramA no querer j nunca ser contente.

Errei todo o discurso de meus anos;Dei causa [a] que a Fortuna castigasseAs minhas mal fundadas esperanas.

De amor no vi seno breves enganos.Oh! quem tanto pudesse, que fartasseEste meu duro Gnio de vinganas! HiprboleAdjectivao valorativaExclamao FinalConotaes negativasProcessos figurativos Anstrofe (v.8)Personificao (v. 7, 10)

Enumerao Erros meus, m fortuna, amor ardente (verso 1)

Interjeio Oh (verso 13)15Q U A D R A ST E R C E T O SEste poema um soneto porque constitudo por duas quadras e dois tercetos.Erros meus, m fortuna, amor ardente em minha perdio se conjuraram; os erros e a fortuna sobejaram, que para mim bastava o amor somente.

Tudo passei; mas tenho to presente a grande dor das cousas que passaram, que as magoadas iras me ensinaram a no querer j nunca ser contente.

Errei todo o discurso de meus anos; dei causa [a] que a Fortuna castigasse as minhas mal fundadas esperanas.

De amor no vi seno breves enganos. Oh! quem tanto pudesse que fartasse este meu duro gnio de vinganas!Anlise formal16Erros meus, m fortuna, amor ardenteEm minha perdio se conjuraram;Os erros e a fortuna sobejaram,Que pera mim bastava amor somente.

Tudo passei; mas tenho to presenteA grande dor das cousas que passaram,Que as magoadas iras me ensinaramA no querer j nunca ser contente.

Errei todo o discurso de meus anos;Dei causa [a] que a Fortuna castigasseAs minhas mal fundadas esperanas.

De amor no vi seno breves enganos.Oh! quem tanto pudesse, que fartasseEste meu duro Gnio de vinganas! A rima interpolada e emparelhada nas quadras como se pode verificar no esquema rimtico ABBA. Nos tercetos a rima interpolada como podes ver no esquema rimtico CDECDE A B B AA B B AC D EC D EEsquema rimtico e tipo de rimaAnlise formal17E/rros /meus,/ m /for / tu / na, a / mor / ar/ den (te)1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Erros meus, m fortuna, amor ardente em minha perdio se conjuraram; os erros e a fortuna sobejaram, que para mim bastava o amor somente.

Tudo passei; mas tenho to presente a grande dor das cousas que passaram, que as magoadas iras me ensinaram a no querer j nunca ser contente.

Errei todo o discurso de meus anos; dei causa [a] que a Fortuna castigasse as minhas mal fundadas esperanas.

De amor no vi seno breves enganos. Oh! quem tanto pudesse que fartasse este meu duro gnio de vinganas!Anlise formalEste texto constitudo por duas quadras e dois tercetos, em metro decassilbico, com esquema rimtico: ABBA / ABBA / CDE / CDE, verificando a existncia de rima interpolada em A, emparelhada em B e interpolada nos tercetos.18

Observa-se claramente neste soneto a vida do poeta, onde autor e eu-lrico se fundem, sendo enfatizados seus erros, causa de castigo da deusa Fortuna: Errei todo o discurso de meus anos; dei causa a que a Fortuna castigasse. O sentimento de arrependimento se faz presente numa confisso e tambm, a compreenso de que somente o amor, na sua essncia, era o suficiente.Encontramos a fora do lirismo ltimo, quando o autor apresenta um questionamento sobre suas ambies, que de uma forma geral, so as ambies humanas. Esta acaba por englobar a fora intelectual com suas questes existenciais (que exigem conhecimento) e a fora dramtica com seus contrates (no caso, o certo e o errado).Olhando por uma outra tica, podemos tambm incluir este poema na tenso os desconcertos do mundo, que ser vista com mais detalhe posteriormente, e que nos apresenta o desengano com a existncia. O autor demonstra uma desesperana diante da vida quando diz a no querer j nunca ser contente, com um toque de dramaticidade causada, como vimos, pelo conflito entre o que certo e errado.Disciplina: PortugusProf.: Helena Maria CoutinhoFim

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