Ernesto Lentz de Carvalho Monteiro 2007

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Discurso do Professor Ernesto Lentz de Carvalho Monteiro na Sessão Solene da Congregação da Faculdade de Medicina da UFMG em homenagem aos servidores aposentados em 2006 e 2007 – 12 de dezembro de 2007 Exmo Sr. Prof. Francisco José Pena DD Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais em nome de quem saúdo todos os ilustres Membros desta Egrégia Congregação por ele presidida e aqui reunida nesta Sessão Extraordinária. Exma Sra. Profa. Elizabete Spangler DD Pró Reitora de Recursos Humanos Exmo Sr. Prof. Tarcizo Afonso Nunes DD Vice Diretor da Faculdade de medicina da UFMG Meus queridos amigos professores homenageados Minha doce, querida e velha amiga Emely, em nome de quem saúdo todos os funcionários homenageados. Senhores e Senhoras Sinto-me feliz e emocionado pela honra de falar em nome dos homenageados, e procurarei em breves palavras traduzir o sentimento de todos, sabendo que me deixarei trair um pouco pelo meu próprio passado, nesta tocante Sessão Solene. Como é bela a gratidão!

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Discurso do Professor Ernesto Lentz de Carvalho Monteiro na

Sessão Solene da Congregação da Faculdade de Medicina da UFMG em

homenagem aos servidores aposentados em 2006 e 2007 – 12 de dezembro de 2007

Exmo Sr.

Prof. Francisco José Pena

DD Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais em

nome de quem saúdo todos os ilustres Membros desta Egrégia Congregação por ele

presidida e aqui reunida nesta Sessão Extraordinária.

Exma Sra.

Profa. Elizabete Spangler

DD Pró Reitora de Recursos Humanos

Exmo Sr.

Prof. Tarcizo Afonso Nunes

DD Vice Diretor da Faculdade de medicina da UFMG

Meus queridos amigos professores homenageados

Minha doce, querida e velha amiga Emely, em nome de quem saúdo todos os

funcionários homenageados.

Senhores e Senhoras

Sinto-me feliz e emocionado pela honra de falar em nome dos homenageados, e

procurarei em breves palavras traduzir o sentimento de todos, sabendo que me deixarei

trair um pouco pelo meu próprio passado, nesta tocante Sessão Solene.

Como é bela a gratidão!

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Como às vezes um simples muito obrigado toca profundamente nossos corações,

sempre abertos a um afago, como se ainda crianças fôssemos.

Sai há pouco mais de 3 anos uma outra Instituição à qual servi com muito amor

durante 30 anos. Não que meu trabalho lá não tenha sido valorizado pois consegui

grande prestígio graças ao meu interesse, assiduidade e constante busca de

conhecimento. Ao aposentar-me por tempo de serviço lá ocupava o mais alto cargo na

atividade médica. Sai em silêncio sem falar com ninguém que era meu último dia para

não chorar, após atender meus pacientes, como no primeiro dia em que lá entrei. O

consolo me vem até hoje, com a enorme procura que tenho por muitos pacientes de lá

que continuam me honrando com sua confiança em meu consultório particular. Da

Instituição, porém, nem uma palavra além dos gélidos papéis burocráticos.

Aqui nesta gloriosa Casa, entretanto, foi diferente. Me sentia, confesso,

amedrontado com a aproximação da temida data em que me atingiria a

incompreensível lei da aposentadoria compulsória , lei esdrúxula que nos condena a um

cruel degredo no momento em que nos sentimos ainda com ânsia de mais aprender e,

com entusiasmo juvenil, transmitir nossa experiência acumulada aos jovens ávidos de

conhecimento. Mas, de certa forma, tal não aconteceu. Fui convidado e recebido pela

Câmara Departamental sob a chefia deste grande professor Walter Antonio Pereira, bem

como pelo então Diretor Professor Geraldo Brasileiro Filho, e em ambas as ocasiões,

senti-me aliviado, pois fui elogiado e convidado para continuar com meu ópio que é

ser professor de medicina, não tendo havido, portanto, o encerramento da minha vida

universitária, pois nesta Casa fundada pelo meu Tio Avô Cícero Ferreira, continuo

ministrando minhas adoradas aulas na Disciplina de Técnica Cirúrgica, onde fui

Coordenador por 35 anos nestes meus 47 de Professor.

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Portanto, meu prezado Diretor, Prof. Francisco José Pena, louvo sua iniciativa de

nos homenagear. Em suas primorosas palavras constantes da carta/convite para esta

cerimônia, que muito me alegraram e emocionaram, senti seu lado humano, afetivo,

apoiado por unanimidade por nossa brilhante Congregação.

O magistério é, indiscutivelmente, das mais dignificantes atividades

profissionais. Na Medicina adquire particularidades marcantes, presentes também em

outras áreas, mas aqui com ênfase especial. É que, em nosso eterno aprendizado, ensino

e pesquisa andam de mãos dadas. Foi o que disse o professor Di Dio, aqui neste

auditório, naquela que seria sua última palestra, a meu convite : “O professor que não

pesquisa trai sua própria vocação”. E como pesquisar, como dar aulas, sem o apoio do

nosso seleto grupo de funcionários, dos iniciantes aos mais treinados, que

diuturnamente estão ao nosso lado, no preparo das aulas práticas, no auxílio

inestimável, por exemplo, no caso da nossa disciplina, nas aulas de cirurgia

experimental, com o preparo dos animais, Ali estão eles imbuídos de espírito

universitário, mesmo nas, aparentemente, mais modestas atividades como a limpeza de

um biotério. O que seria de nós sem nossas diligentes secretárias, nossas Babás no

preenchimento de formulários, no preparo de relatórios, ajuda na Internet, entre outras

atividades. Que bom estarmos juntos, professores e funcionários nesta bela

homenagem.

Acredito estar traduzindo o que vai no coração de todos os homenageados, ao

dizer que aqui estivemos, aqui estamos e aqui estaremos sempre prontos a exercer o

divino mister de ensinar, integrados a esta amada Faculdade, que com tanto carinho nos

homenageia, enquanto pudermos ser úteis em qualquer nível do magistério médico.

Aqui permanecendo estaremos nos aperfeiçoando nem que seja em um pequeno detalhe

de uma aula prática, repetida inúmeras vezes, ou na melhor maneira de preparar uma

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aula expositiva ou aperfeiçoando um projeto de pesquisa, procurando sempre satisfazer

da melhor forma o aluno em sua avidez de conhecimento . Costumo repetir em minhas

aulas uma frase que inventei, para enfatizar que há vários caminhos para se chegar a um

objetivo e temos que procurar o melhor deles. A frase é: “A constância do método

diminui as causas de erro”, tentando com ela insistir em que o melhor jeito de ensinar é

aquele que a longa experiência nos mostrou, errando, repetindo, experimentando vários

jeitos de fazer, até descobrirmos o melhor e, com mãos e cabeças perseverantes,

chegarmos próximos da perfeição. . Há algum tempo uma aluna cercou-me após a aula e

me disse: “Professor! Achei uma frase de Aristóteles que é a sua cara”. E me deu a frase

escrita com bela caligrafia, que ainda guardo: “Somos o que repetidamente fazemos. A

excelência , portanto, é um hábito e não um fato” . Provavelmente Aristóteles assistiu a

alguma das minhas aulas e aperfeiçoou minha frase.

Exmo Sr. Diretor e Exmos Membros da Congregação. Nós, professores e

funcionários, alcandorados por esta dignificante Homenagem podemos dizer que

estamos felizes em pertencer a esta vibrante Faculdade, ajudando-a a formar o médico

abençoado por Deus, apto a servir com amor e competência a nossa tão desprotegida

população.

Nosso muito obrigado.

Ernesto Lentz de Carvalho Monteiro

Sessão Solene de homenagem aos aposentados 2006/2007

12 de dezembro de 2007