ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO Departamento de Design JULIANNE BATISTA DA SILVA ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de caso do setor de chapa de uma indústria de metalurgia Caruaru 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

Departamento de Design

JULIANNE BATISTA DA SILVA

ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO:

Um estudo de caso do setor de chapa de uma indústria de metalurgia

Caruaru

2015

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Julianne Batista da Silva

ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO:

Um estudo de caso do setor de chapa de uma indústria de metalurgia

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Design do Centro Acadêmico do Agreste da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Design.

Orientador: Prof. MSc. Bruno Barros.

Caruaru

2015

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Catalogação na fonte:

Bibliotecária - Simone Xavier CRB/4-1242

S586e Silva, Julianne Batista da.

Ergonomia do ambiente construído: um estudo de caso do setor de chapa de uma indústria de metalurgia. / Julianne Batista da Silva. - 2015.

134f. il. ; 30 cm. Orientador: Bruno Xavier da Silva Barros Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Federal de

Pernambuco, CAA, Design, 2015. Inclui referências bibliográficas 1. Ergonomia. 2. Indústrias. 3. Ambiente de trabalho. I. Barros, Bruno Xavier da

Silva. (Orientador). II. Título

740 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2015-293)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE

NÚCLEO DE DESIGN

PARECER DE COMISSÃO EXAMINADORA

DE DEFESA DE PROJETO DE

GRADUAÇÃO EM DESIGN DE

JULIANNE BATISTA DA SILVA

"Ergonomia do Ambiente Construído: um estudo de caso do setor de chapa de

uma indústria de metalurgia"

A comissão examinadora, composta pelos membros abaixo, sob a presidência do

primeiro, considera a aluna JULIANNE BATISTA DA SILVA

APROVADA

Caruaru, 25 de fevereiro de 2015.

Professor BRUNO XAVIER DA SILA BARROS

Professor LOURIVAL LOPES DA COSTA FILHO

Professora EUZANI RAFAELA FERREIRA DE ALMEIDA SOBR

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Dedico este trabalho

monográfico, a Deus, primeiramente. E

aos meus pais, Eraldo e Jocelma, pelo

amor, carinho, dedicação e generosidade

experienciados.

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5

Você pode encarar um erro como uma

besteira a ser esquecida, ou como um

resultado que aponta uma nova direção.

(Steve Jobs)

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RESUMO

Um aumento do desenvolvimento industrial significa a ampliação de renda

de uma economia local, do consumo e de gerações de empregos. Esta última

consequência, em específico, comporta vários questionamentos principalmente

relacionados ao executor do trabalho, o ser humano. O conhecimento desses

pressupostos pode identificar fatores físicos e ambientais que colaboram

positivamente ou negativamente na execução das atividades no âmbito industrial. O

que repercuti diretamente na produção fabril, implicando, muitas vezes,

planejamento e reorganização do ambiente para o seu usuário (o trabalhador).

Então, visando uma avaliação real das condições ofertadas aos trabalhadores

industriais e quais elementos físicos, ambientais e psicológicos afetam a

concretização de uma tarefa, foi realizado uma avaliação ergonômica em uma

indústria de metalurgia, no seu setor de chapa. Esta indústria, localiza-se no

município de Caruaru em Pernambuco, Estado que, concentra um dos maiores

centros industriais do Nordeste e investe na atividade industrial tanto na Região

Metropolitana do Recife (RMR) como, atualmente mais intenso, no interior (onde

localiza-se o ambiente industrial selecionado). Para este fim, utilizou-se a

Metodologia Ergonômica do Ambiente Construído (MEAC). Esta metodologia

permitiu testar os condicionantes físico-ambientais de um setor da indústria

selecionada, comparando-os ao material teórico utilizado (normas, leis,

bibliografias). Assim, foi verificado quais os fatores de interferência negativa no

desempenho das atividades, inclusive através da percepção ambiental do próprios

trabalhadores. Como, os focos lumínicos e de ventilação insuficientes para o setor;

índices de ruído e temperatura elevados (esta em determinada época do ano); fluxo

do ambiente comprometido. E por fim, possibilitou o registro de recomendações e

melhoramento do ambiente escolhido, setor de chapa: O abarcamento de avaliações

aos outros setores desta indústria e pesquisa mais profundas relacionadas as áreas

de antropometria, biomecânica. Exemplificando.

Palavras-chave: Ergonomia do ambiente construído. Condicionantes. Indústria.

Setor de chapa. Metodologia ergonômica do ambiente construído.

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ABSTRACT

Increasing industrial development is the increased income of the local

economy, consumption and generation of jobs. The latter result, in particular,

includes several questions mainly related to the executor of the work, the human

being. Knowledge of these assumptions can identify physical and environmental

factors that contribute positively or negatively on the implementation of activities in

the industrial field. What has repercussions directly in manufacturing production,

implying often planning and reorganization of the environment for your user (the

employee). Then, towards a real assessment of the conditions offered to industrial

workers and which physical, environmental and psychological factors affect the

realization of a task, an ergonomic evaluation was conducted in a metallurgy industry

as a sheet metal industry. This industry, located in the municipality of Caruaru in

Pernambuco, State, concentrates one of the largest industrial centers of the

Northeast and invests in industrial activity both in the Metropolitan Region of Recife

(RMR) as currently more intense, inside (where localized if the selected industrial

environment). To this end, we used the Ergonomic Methodology of the Built

Environment (MEAC). This methodology allows us to test the physical and

environmental conditions of a selected sector of industry, comparing them to the

theoretical material used (rules, laws, bibliographies). Thus, it was found that the

negative interference factors in the performance of activities, including through

environmental awareness of the workers themselves. As insufficient luminance and

ventilation focuses for the sector; noise levels and high temperature (in this particular

time of the year); flow compromised environment. And finally, allowed the registration

of recommendations and improvement of the environment chosen, sheet metal

industry: The encompassing assessments to other sectors of the industry and

research deeper related areas of anthropometry, biomechanics. Exemplifying.

Keywords: Ergonomics of the built environment. Conditions. Industry. Sheet metal

industry. Ergonomic methodology of the built environment.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Resposta fisiológica a estímulos ambientais. ............................................ 24

Figura 2 - Tipos de iluminação. ................................................................................. 26

Figura 3 - Iluminação zenital em indústria. ................................................................ 27

Figura 4 - Ventilação geral diluidora. ......................................................................... 32

Figura 5 - Efeito chaminé. ......................................................................................... 33

Figura 6 - Reações biológicas do corpo humano ao ruído. ....................................... 36

Figura 7 - Síntese de cores subtrativas e aditivas. .................................................... 39

Figura 8 - Percepção da cor no ambiente. ................................................................ 42

Figura 9 - Posições de realização de uma tarefa. ..................................................... 45

Figura 10 - Características das lâmpadas artificiais. ................................................. 50

Figura 11 - Representação de uma área regular com duas ou mais linhas contínuas

de luminárias. ............................................................................................................ 51

Figura 12 - Direções do sistema de coordenadas para vibrações mecânicas em

humanos.................................................................................................................... 56

Figura 13 - Mictório coletivo. ..................................................................................... 67

Figura 14 - Banheiro coletivo. .................................................................................... 67

Figura 15 - Representação do gráfico da constelação de atributos. ......................... 75

Figura 16 - Setor de chapa. ....................................................................................... 79

Figura 17 - Vista frontal da indústria. ......................................................................... 80

Figura 18 - Planta baixa dos setores administrativos. ............................................... 81

Figura 19 - Setor de chapa em perspectiva. ............................................................. 82

Figura 20 - Exemplo de iluminação natural. .............................................................. 84

Figura 21 - Exemplo de iluminação artificial. ............................................................. 85

Figura 22 - Planta baixa com os focos de iluminação natural e artificial. .................. 85

Figura 23 - Exemplo de iluminação combinada. ........................................................ 86

Figura 24 - Planta baixa com os pontos de medições de iluminação. ....................... 87

Figura 25 - Exemplos de elementos de aeração. ...................................................... 88

Figura 26- Planta baixa contendo os focos de ventilação natural e artificial. ............ 89

Figura 27 - Planta baixa contendo os pontos de medições de ventilação. ................ 90

Figura 28 - Planta baixa contendo os pontos de medições de temperatura. ............. 91

Figura 29 - Planta baixa contendo as zonas de ruído. .............................................. 92

Figura 30 - Planta baixa contendo os pontos de medições de ruído. ........................ 93

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Figura 31 - Planta baixa contendo os pontos de medições de vibração. .................. 94

Figura 32 - Prensa mecânica. ................................................................................... 95

Figura 33 - Dobradeira manual. ................................................................................. 96

Figura 34 - Elemento acessório. ................................................................................ 96

Figura 35 - Objetos auxiliares no setor de chapa. ..................................................... 97

Figura 36 - Funcionário em seu posto de trabalho. ................................................... 98

Figura 37 - Vista posterior do funcionário em seu posto de trabalho. ..................... 100

Figura 38 - Funcionário em seu posto de trabalho na realização da tarefa na posição

de pé. ...................................................................................................................... 101

Figura 39 - Funcionário em seu posto de trabalho na realização da tarefa na posição

sentada. .................................................................................................................. 102

Figura 40 - Vista posterior do funcionário em realização da tarefa na posição

sentada. .................................................................................................................. 103

Figura 41 - Posição inicial da atividade de pressionamento do pedal da prensa

mecânica. ................................................................................................................ 104

Figura 42 - Posição final da atividade de pressionamento do pedal da prensa

mecânica. ................................................................................................................ 105

Figura 43 - Postura e movimento de torção do funcionário em seu posto de trabalho.

................................................................................................................................ 106

Figura 44 - Postura e torção em maior grau do funcionário em seu posto de trabalho.

................................................................................................................................ 107

Figura 45 - Planta baixa do layout do ambiente do setor de chapa. ........................ 108

Figura 46 - Planta baixa com fluxos do ambiente do setor de chapa. ..................... 109

Figura 47 - Planta baixa com os acessos do ambiente do setor de chapa. ............ 110

Figura 48 - Rampa. ................................................................................................. 111

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Condutibilidade térmica de alguns materiais de construção civil. ............ 29

Tabela 2 - Faixa de frequência de vibração e afetação no corpo humano. ............... 37

Tabela 3 - Fatores determinantes da iluminância adequada. .................................... 47

Tabela 4 - Iluminância (lux) por tipo de atividade. ..................................................... 47

Tabela 5 - Valores dB (A) e NC. ................................................................................ 53

Tabela 6 - Valores numéricos de "nível de eficiência reduzido (fadiga)" para

aceleração da vibração longitudinal az (pé-cabeça). ................................................ 59

Tabela 7 - Valores numéricos de "fadiga" - nível de eficiência reduzido para

aceleração de vibração na direção transversa a ou a (costas-peito ou lado a lado). 62

Tabela 8 - Tabulação dos dados das características espontâneas. ........................ 113

Tabela 9 - Tabulação dos dados das características induzidas. ............................. 115

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Significado e percepção cromática.......................................................... 40

Quadro 2 - Equipamentos de proteção individual (EPI). ........................................... 64

Quadro 3 - Especificações técnicas da NR24. .......................................................... 68

Quadro 4 - Procedimentos da constelação de atributos. ........................................... 74

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Adaptação do olho humano ao escuro e ao claro. .................................. 25

Gráfico 2 - Diagrama do conforto térmico humano. ................................................... 31

Gráfico 3 - Limite de aceleração longitudinal (az) como função da frequência e tempo

de exposição para nível de eficiência (fadiga). .......................................................... 57

Gráfico 4 - Limite de aceleração longitudinal (az) como função da frequência (para

banda de 1/3 de oitava) e o tempo de exposição para nível reduzido de eficiência

(fadiga). ..................................................................................................................... 58

Gráfico 5 - Limite de aceleração transversal (ax e ay) como função da frequência e

tempo de exposição para nível reduzido de eficiência (fadiga). ................................ 60

Gráfico 6 - Limite de aceleração transversal (ax e ay) como função da frequência

(para banda de 1/3 de oitava) e tempo de exposição para nível reduzido de

eficiência (fadiga). ..................................................................................................... 61

Gráfico 7 - Constelação de atributos do ambiente ideal. ......................................... 114

Gráfico 8 - Constelação de atributos do ambiente real. .......................................... 116

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LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1 - Fórmula de iluminância média. ............................................................. 51

Equação 2 - Fórmula de nível de pressão sonora. .................................................... 52

Equação 3 - Fórmula de nível de pressão ponderada. .............................................. 52

Equação 4 - Fórmula de Probabilidade de atributos. .............................................. 112

Equação 5 - Fórmula de Função logarítmica........................................................... 113

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 16

Justificativa .............................................................................................................. 17

SEÇÃO 1 – Ergonomia do Ambiente Construído ................................................. 20

1.1. Princípios da Ergonomia do Ambiente Construído .......................................... 21

1.2 A Ergonomia do Ambiente Construído e o posto de Trabalho ......................... 22

1.2.1. Iluminação no ambiente de trabalho ......................................................... 23

1.2.2. As Condições Térmicas Ambientais ......................................................... 28

1.2.3. Ventilação e Aeração em Edificações Industriais ..................................... 32

1.2.4. Ruído no Ambiente de Trabalho ............................................................... 34

1.2.5. A Incidência de Vibração no Posto de Trabalho ....................................... 36

1.2.6. Significado e Psicologia das cores e indicações em ambientes ............... 38

SEÇÃO 2 – Aspectos Normativos e Regulamentos do Ambiente ....................... 43

2.1. NR 17 - Ergonomia ......................................................................................... 44

2.2. NBR 5413 - Iluminância de Interiores ............................................................. 45

2.3. - NBR 5382 - Verificação de Iluminância de Interiores .................................... 48

2.4. NBR 10152 - Níveis de Ruído para Conforto Acústico .................................... 52

2.5. NR 15 - Atividades e Operações Insalubres ................................................... 54

2.6. ISO 2631 - Guia para Avaliação da Exposição Humana à Vibrações do Corpo

Inteiro ..................................................................................................................... 55

2.7. NR 6 - Equipamentos de Proteção Individual (EPI) ........................................ 62

2.8. NR 24 - Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho ................ 66

2.9. NBR 7195 - Cores para segurança ................................................................. 69

SEÇÃO 3 – Procedimentos Metodológicos ........................................................... 70

3.1. A Metodologia Ergonômica do Ambiente Construído ...................................... 71

3.1.2. Identificação da configuração ambiental ................................................... 72

3.1.3. Avaliação do ambiente em uso no desempenho das atividades .............. 72

3.1.4. Percepção ambiental ................................................................................ 73

3.1.5. Diagnóstico ergonômico e recomendações .............................................. 75

3.2. Método de abordagem e procedimentos ......................................................... 76

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3.3. Descrição do objeto de estudo ........................................................................ 78

3.4. Aplicação da Metodologia Ergonômica do Ambiente Construído.................... 79

3.4.1. Análise global do ambiente ....................................................................... 80

3.4.2. Identificação da configuração ambiental ................................................... 83

3.4.2.1. Avaliação do conforto lumínico .............................................................. 83

3.4.2.2. Avaliação das condições de ventilação ................................................. 87

3.4.2.3. Avaliação do conforto térmico ................................................................ 90

3.4.2.4. Avaliação do conforto acústico .............................................................. 92

3.4.2.5. Avaliação das condições de vibração .................................................... 93

3.4.3. Avaliação do ambiente em uso e desempenho das atividades .................... 94

3.4.3.1. Postos de trabalho ................................................................................. 95

3.4.3.2. Layout .................................................................................................. 107

3.4.3.3. Fluxos .................................................................................................. 108

3.4.3.4. Acessibilidade ...................................................................................... 109

3.4.4. Percepção Ambiental ................................................................................. 112

3.4.4.1. 1ª Etapa - Características espontâneas ............................................... 112

3.4.4.2. 2ª Etapa - Características induzidas .................................................... 115

SEÇÃO 4 – Apresentação e discussão de resultados ....................................... 117

4.1. Diagnóstico ergonômico do ambiente ........................................................... 117

4.2. Recomendações ergonômicas ...................................................................... 120

SEÇÃO 5 – Considerações finais ......................................................................... 122

5.1. Considerações a respeito do referencial teórico ........................................... 122

5.2. Considerações a respeito da metodologia .................................................... 123

5.3. Considerações a respeito dos resultados do estudo ..................................... 124

5.4. Sugestões para estudos posteriores ............................................................. 124

REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 126

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INTRODUÇÃO

A atividade industrial no Brasil, como no estado de Pernambuco, possui

importante participação na economia. Só em Pernambuco estão instaladas mais de

15 mil indústrias gerando um quantitativo de empregos de aproximadamente

399.546 mil, conforme a FIEPE... (2014). No interior do Estado, segundo dados da

Secretaria de Desenvolvimento Econômico (sdec) (2014), foram direcionados R$ 53

milhões em investimentos industriais dando origem a 655 novos postos de trabalho.

Estes números ascendentes de pessoas empregadas na indústria

também contrastam com o número de acidentes laborais ocorridos neste âmbito. De

acordo com o Ministério de Previdência Social (2014), em 2013, foram totalizados,

entre trabalhadores formais e informais, 222. 473 acidentes de trabalho na indústria

de transformação1 número maior do que os registrados nos anos de 2011 e 2012.

Ainda segundo o Ministério de Previdência Social (2014), as principais causas de

acidentes laborais industriais estão relacionadas aos "fatores de riscos ergonômicos

- tais como má postura e esforços repetitivos - e sobrecarga mental", os quais têm

superado os acidentes traumáticos, fratura, por exemplo.

Dessa forma, abrem-se questionamento de como o ambiente industrial

está disposto para o trabalhador no executar de sua tarefa. Se este favorece ou não

as atividades realizadas de modo eficiente (produtivo), conservando o bem-estar,

conforto e segurança do usuário deste ambiente laboral, em relação a seus

condicionantes físico-espaciais. Como a temperatura, iluminação, ruído, ventilação,

organização do espaço e acessibilidade.

Do ponto de vista ergonômico, mais precisamente da ergonomia do

ambiente construído, o ambiente ou os espaços devem estar adaptados e em

conformidade com as tarefas e as atividades ali realizadas (VILLAROUCO, 2007

apud MONT'ALVÃO; VILLAROUCO, 2011). Considerando elementos ambientais

relacionados ao conforto, a percepção do espaço, materiais de revestimento e

acabamento, postos de trabalho, layout do ambiente e mobiliário (MORAES, 2005).

1 A indústria de transformação é uma denominação para as indústrias que transformam matéria-prima

em produtos sejam eles finais ou intermediários, que ainda passarão por outra indústria de transformação para sua finalização (produto final). São exemplos de indústria de transformação: Metalurgia; fabricação de máquinas e equipamentos; fabricação de produtos de metal e não metálicos (...).

Page 18: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

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Sendo assim, foi selecionado, como objeto de estudo, o setor de chapa

de uma indústria de metalurgia localizada no município de Caruaru do estado de

Pernambuco, onde se buscou realizar uma avaliação ergonômica referente aos

usuários desse setor e o seu ambiente laboral (condicionantes físico-espaciais).

Tendo como objeto geral desta pesquisa, justamente, produzir uma análise

ergonômica do ambiente construído no setor de chapa de uma indústria de

metalurgia do município de Caruaru-PE.

E possuindo como objetivos específicos (delimitadores do enfoque da

pesquisa):

1 - Propor uma discussão sobre os índices lumínicos, de temperatura,

ruído e ventilação do ambiente;

2 - Compreender os danos humanos provenientes de inadequações

ergonômicas do ambiente construído;

3 - Oferecer alternativas de alterações do ambiente.

Para este fim, foi empregado a Metodologia Ergonômica do Ambiente

Construído (MEAC), a qual visa uma compreensão e análise do ambiente, a partir de

conhecimentos teóricos (leis, normas, bibliografia) e avaliações dos agentes físicos

do ambiente, como também o entendimento sobre a percepção do trabalhador

perante seu ambiente laboral.

Esta pesquisa está dividida em duas etapas: a fundamentação teórica,

como a "parte 1" e o estudo de campo, "parte 2". A fundamentação teórica aborda os

assuntos sobre a ergonomia do ambiente construído e as considerações sobre esta

e o ambiente de trabalho, os elementos condicionantes do meio, os quais interferem

no bem-estar do usuário e no desempenho da tarefa. E por fim, esta primeira parte

encerra-se com uma análise sobre as normas referente aos condicionantes físico-

ambientais. A segunda parte da pesquisa apresenta a aplicação da metodologia

escolhida, MEAC, no setor de chapa; o diagnóstico ergonômico referente a

avaliação, as recomendações e a discussão dos resultados obtidos da avaliação.

Justificativa

Esta pesquisa procurou produzir uma avaliação ergonômica de um setor

de chapa de um ambiente industrial (indústria de metalurgia) do município de

Page 19: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

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Caruaru-PE. Devido, primeiramente, as contribuições da indústria para a economia

de uma localidade, principalmente, no âmbito interno, pelas gerações de empregos

ou postos de trabalho. De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego

(MTE) (2014), só na indústria de transformação, no Brasil, há 8. 292. 739 empregos

formais (com carteira de trabalho registrada). E em Pernambuco, este mesmo setor

industrial gerou 4. 260 novos postos de trabalho, em 2014, conforme o Blog do

Trabalho do MTE (2014). É o segundo setor econômico mais atuante, ficando atrás

apenas do setor de serviços (BRASIL SUSTENTÁVEL... 2014).

Outro ponto considerado ou motivo para a realização desta pesquisa, foi a

quantitatividade de acidentes e doenças laborais ocasionados nos ambientes

industriais. Só no ano de 2012 foram registrados 308. 060 acidentes, isto equivale a

uma incidência de 2.641 pessoas acidentadas por 100 mil trabalhadores (TRT4,

2014). Isso mostra que, há problemas entre o trabalhador, sua tarefa e o ambiente

onde está inserido. Seja problemas operacionais, estruturais, adaptativos e/ou

subjetivo. Surgindo como consequência(s) lesões, doenças e até mesmo o óbito.

Assim, a ergonomia do ambiente construído vem interferir positivamente

nesse sistema humano-tarefa-ambiente. Compreendendo as necessidades do

trabalhador, considerando suas possibilidades dentro da tríade: conforto, segurança

e bem-estar sem o detrimento da eficiência do trabalhador ou negligenciando a

influência do ambiente sobre este e da necessidade da realização da tarefa

(MORAES; MONT'ALVÃO, 2000).

Então, dessa forma, esta pesquisa poderá contribuir com a sociedade no

acréscimo de conhecimento sobre a Ergonomia do Ambiente Construído, sua

atuação, os elementos considerados por ela e alguns pensadores (autores) desta

área. Fonte bibliográfica. Proporciona também, o conhecimento de algumas normas

vigentes relacionadas ao tema (condicionantes físico-ambientais), que orientam e

delimitam situações e ações.

Já para a indústria colaborará para o melhoramento das condições de

trabalho no setor de chapa, uma vez que, foi possível identificar os condicionantes

físico-espaciais que comprometem a execução da tarefa tanto pelas medições

destes como pela percepção do próprio usuário ambiental. Assim, aumentando a

produtividade e eficiência dos trabalhadores sem danos à saúde, conforto,

segurança e bem-estar. Ou seja, prevenindo acidentes e patologias laborais.

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Para a comunidade acadêmica esta pesquisa funcionará, assim como

para a sociedade, como mais uma fonte bibliográfica para pesquisas futuras dentro

deste tema, Ergonomia do Ambiente Construído. Dando acesso a mais uma visão

sobre esta vertente da Ergonomia, autores que dispõe sobre esta área de

conhecimento, além de outras informações relacionadas ao tema da pesquisa

(normas, por exemplo). E por fim, para contribuir na divulgação de métodos e

instrumentos científicos de análise e avaliação de ambientes de trabalho.

Page 21: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

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SEÇÃO 1 Ergonomia do Ambiente Construído

A ergonomia do ambiente construído é uma vertente da ergonomia, que

como esta, preocupa-se com o usuário no desempenho de suas atividades, porém

levando em consideração mais um elemento nessa relação, o ambiente. A

ergonomia do ambiente construído através dos seus conhecimentos embasados na

ergonomia e em outras áreas de conhecimento, como a Psicologia ambiental, por

exemplo, visa à adequação do ambiente às necessidades de seus usuários

(MONT'ALVÃO; VILLAROUCO, 2011).

Sendo assim, a seção 1 irá tratar sobre a Ergonomia do Ambiente

Construído de modo geral, seus princípios, preocupações com o homem em seu

ambiente de trabalho e com a tarefa que realizará. No que condiz ao ambiente,

serão abordados teoricamente questões sobre o conforto, segurança e bem estar,

iluminação do meio, ventilação, vibração, ruído e sobre as condições de temperatura

ambiental.

Page 22: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

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1.1. Princípios da Ergonomia do Ambiente Construído

A ergonomia do ambiente construído surgiu, devido a problemas na

configuração espacial de ambientes refletidos na execução de atividades por

determinado usuário (interface humano-tarefa-ambiente). A ergonomia do ambiente

construído considera o espaço, seu layout configuracional e a percepção do

ambiente pelo seu usuário e para este. Assim como, a disposição do mobiliário,

revestimentos, acabamentos, luminosidade, ventilação, ruído, vibração, cor

(MONT'ALVÃO; VILLAROUCO, 2011).

Segundo Mont'alvão; Villarouco (2011, p. 27),

(...) muitas são as variáveis envolvidas na identificação da adequabilidade de um ambiente construído, o que torna complexa a tarefa de aferir tal adequação, notadamente quando a encaramos sob o enfoque da ergonomia.

Portanto, por ser um ramo da ergonomia que considera o ambiente físico,

na interface homem-tarefa-máquina, a ergonomia ambiental (ou do ambiente

construído) visualiza o ambiente e o homem inserido de forma sistêmica e holística.

Uma vez que, há troca de influências tanto das atividades realizadas pelo usuário no

ambiente como o próprio influi no desempenho da tarefa (MONT'ALVÃO;

VILLAROUCO, 2011).

Por isso, essa área de conhecimento abarca outras grandes áreas (além

da ergonomia), como a Psicologia Social, para atingir seu fim a adaptação e

conformação dos ambientes ao homem e as suas tarefas nos locais

desempenhadas (MONT'ALVÃO; VILLAROUCO, 2011). Moraes (2005) diz que, a

ergonomia do ambiente construído é a prática objetiva do conhecimento da

Psicologia Social na elaboração de um ambiente em quaisquer de suas fases, pré e

pós-projeto.

Reis (2003) afirma, a implantação de um projeto deve passar por um

estudo quanto sua viabilidade técnica desde os momentos iniciais, considerando

todas as necessidades que os usuários terão na utilização do ambiente, para assim

poder ser implantado, construído. As avaliações de pós-ocupação dos ambientes

também são empregadas para a reavaliação do que foi construído ou modificado,

tendo ou não considerado inicialmente os conhecimentos ergonômicos. Assim,

analisando novas necessidades que não foram consideradas no plano projetual.

Page 23: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

22

Ainda conforme Reis (2003), a ergonomia do ambiente construído, pode ser

preventiva e/ou corretiva. Para esses dois momentos de projetação diferentes, tem-

se a ergonomia conceptiva, atuante quando a intervenção (conhecimentos

ergonômicos) é realizada na fase projetual, reconhecendo os possíveis fatores de

deficiência do ambiente perante o usuário. E a ergonomia corretiva, é empregada

quando o ambiente já está concebido, concreto no meio.

Outro ponto a se considerar no planejamento dos espaços, de acordo

com Reis; Moraes (2003 apud MONT'ALVÃO; VILLAROUCO, 2011), é o

entendimento, por parte do projetista, da diferenciação do trabalho prescrito e do

trabalho real e qual será o ponto de partida para a projetação. O trabalho prescrito é

a tarefa em si e o trabalho real é o trabalhador operando aquela tarefa, em sua

dinâmica e nuances. Devido a essa falta de compreensão conceitual, comumente, o

trabalho prescrito é "tomado" como ponto inicial, entretanto priva o projetista de

observações mais profundas e detalhadas do homem realizando atividades em um

dado sistema.

1.2 A Ergonomia do Ambiente Construído e o posto de Trabalho

Conforme Itiro Iida (2005), posto de trabalho é a composição física (real)

do sistema entre homem, máquina e ambiente. Funcionando como uma unidade

produtiva. Sendo assim, há dois tipos de enfoque para analisar o posto de trabalho,

o enfoque taylorista e o ergonômico. Abordando o enfoque ergonômico, este é

baseado em uma análise postural biomecânica e na relação/comunicação do

homem, máquina e o ambiente.

Segundo Moraes (2005), o usuário em seu posto de trabalho necessita de

duas etapas para o desempenho de suas atividades: decisão e operação. A

primeira, é modo como o trabalhador irá executar a tarefa incumbida e a operação, é

a realização em ações físicas, das decisões pensadas e determinadas.

O usuário deve desempenhar suas atividades de modo que haja redução

das exigências cognitivas e físicas, com adequação de seu posicionamento

(postura) e as informações presentes no local favoreçam sua percepção. Assim, o

posto de trabalho deve envolver o trabalhador igual a "vestimenta" bem adaptada,

Page 24: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

23

em que ele possa executar o seu trabalho com conforto eficiência e segurança (IIDA,

2005).

A ergonomia do ambiente construído, por sua vez, visa a adaptação do

meio ao humano, principalmente, para o favorecimento da execução de uma tarefa,

de uma forma que facilite suas atividades com segurança e conforto. Desse modo,

também considerando o sistema referido por Iida (2005), humano-tarefa-ambiente.

Segundo Júdice (2000), o ambiente confortável é aquele que atende as

necessidades humanas e ao mesmo tempo, assegura as condições que se fazem

necessárias para o cumprimento das tarefas, possibilitando que o indivíduo atue no

trabalho. Embora a ergonomia considere primordialmente o bem estar humano, sua

intervenção não pode desconsiderar ou descaracterizar a função que está sendo

desempenhada no posto de trabalho, logo no ambiente de trabalho, mas sim dar

condições de uma execução eficiente (logo, presume-se produtiva) e sem danos

posteriores:

A Ergonomia, certamente, preocupa-se com o indivíduo, mas também com a entidade da qual o indivíduo faz parte. Deve-se considerar, de fato, o bem estar do indivíduo (...), mas esta preocupação não deve superar a consideração dos propósitos e requisitos do sistema do qual o trabalhador participa (MORAES; MONT'ALVÃO, 2000, p.26).

Segundo as autoras Mont'alvão; Villarouco (2011) é fundamental a

garantia de um ambiente confortável, que possibilite ao utilizador a realização de

escolhas e o controle das condições do ambiente. Essa consideração está

diretamente ligada aos aspectos cognitivos e senso-perceptivo do usuário. Cabe

destacar, a percepção do indivíduo e suas sensações estão intimamente ligadas ao

seu comportamento, resposta sobre estímulos externos. Tais fatores contribuem

para a sua saúde, ponto essencial para esse ramo e a ergonomia em geral. Um

trabalhador saudável é um indicador que tanto o ambiente como as ferramentas

estão favoráveis e adequados as suas necessidades como um todo, fisicamente,

psicologicamente e socioculturalmente, logo sua produtividade será positiva.

1.2.1. Iluminação no ambiente de trabalho

Page 25: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

24

O ambiente industrial não difere muito de outros ambientes em que o

indivíduo necessite realizar atividades. Proporcionar o conforto do usuário em seu

ambiente é considerar os elementos físico-espaciais que o compõe. A luz é um

destes elementos. A figura 1 ilustra os fatores ambientais, inclusive o condicionante

luz e a ação sobre o homem.

Figura 1 - Resposta fisiológica a estímulos ambientais.

Fonte: OSRAM, 2014.

Nesta figura 1, podem-se observar os estímulos externos "sobre" o ser

humano e a sua interferência através da sensação de conforto. O que se pode

concluir é que os estímulos ambientais estão atuando de forma positiva neste

indivíduo.

Sendo assim, Porto, Silvério; Silva... (2014) afirmam que, a escolha do

sistema de iluminação ambiental, suas orientações, complementos de

sombreamento e do direcionamento dado pelo homem ao fluxo luminoso é algo

determinante para a iluminação do ambiente. Também se deve considerar (para um

sistema de iluminação correto, que não cause constrangimentos ao trabalhador), as

características de cada luz se são de origem natural ou artificial, os materiais (índice

de refletância) e aberturas presentes no ambiente, a promoção da sensação de

conforto, a valorização de formas, cores, proporções (SZABO; JAGLBAUER, 2006).

Dada sua importância, a ambiência do local inclusive luminosa,

Bittencourt (2011) afirma que, no ato de definir o sistema de iluminação de um local,

deve ser considerado as demandas das tarefas ali realizadas e as características do

ser humano. Presume-se então, quanto maior for a exigência da adaptação do

homem ao meio, proporcionalmente será a ausência de conforto. Caso ambiente

Page 26: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

25

não esteja adequadamente iluminado, independente de sua natureza da luz, o olho

humano irá tentar se adaptar a condição, como estará exposto a constrangimentos o

usuário poderá desenvolver patologias de âmbito visual.

O gráfico 1 mostra o tempo pela sensibilidade relativa da adaptação do

olho a dois momentos, ao escuro e ao claro, posteriormente.

Gráfico 1 - Adaptação do olho humano ao escuro e ao claro.

Fonte: Borges, 2006.

Pode-se perceber que, a sensibilidade do olho é ascendente na mesma

proporção em que os minutos são aumentados (quando o tempo passando). A

sensibilidade do olho chega em seu auge pós 41 minutos de exposição ao escuro e

declina a partir da exposição a luz, ao claro. Assim, é possível afirmar que o olho

humano fica mais sensível e logo mais suscetível a constrangimentos, no escuro a

medida que essa exposição se prolonga no tempo.

Segundo Padilla (2011), o ambiente industrial é desafiador para o

projetista como para o instalador quando se deseja proporcionar uma iluminação

correta e com fácil manutenção. Pois, deve ser levada em consideração a altura (do

piso ao teto), os riscos de acidentes, como explosões, presença de vapores,

materiais suspensos. E ainda os produtos que são fabricados, características dos

equipamentos produtivos, o grau de precisão das tarefas e a visibilidade das cores.

A figura 2 mostra tipos de iluminação empregados no ambiente industrial.

Page 27: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

26

Figura 2 - Tipos de iluminação.

Fonte: Padilla, 2011.

A iluminação clássica é aquela encontrada no teto e direcionada para o

chão (plano horizontal). Esta iluminação, também chamada de geral por Iida (2005),

é realizada quando se coloca luminárias regularmente em todo o espaço com o

cruzamento dos cones de luz (como aparece na figura) para a não existência de

regiões com sombras. O que prejudicaria a realização da tarefa.

A instalação lateral são luminárias alocadas nas paredes laterais e

direcionadas para o campo de trabalho (PADILLA, 2011). O último tipo é utilizado o

direcionamento geral mais luminárias auxiliares, próximas ao campo onde se realiza

o tarefa.Também pode ser chamada de iluminação combinada (IIDA, 2005).

Nos sistemas de iluminação artificial de um ambiente, tem-se ainda o de

emergência, segurança e o decorativo. Embasado em Iida (2005) e Corbella (2003),

Bittencourt (2011) caracteriza a iluminação de emergência por ser acionada quando

houver falta da transmissão da energia, pois possui outras fontes de alimentação

(baterias, por exemplo). A iluminação de segurança relaciona-se a tudo do ambiente

que contribua com a segurança do local e por fim a decorativa busca explorar os

elementos formais dos produtos, textura, forma, porém menos utilizada no ambiente

industrial.

De acordo com Padilla (2011), o sistema de iluminação artificial vem

complementar o sistema de iluminação natural (áreas de penumbras, nos períodos

noturnos). Ou seja, a utilização de luzes artificiais deve ser em complemento a luz

natural, quando esta não estiver atendendo as necessidades do ser humano no

desempenho de suas funções.

A iluminação natural é aquela advinda do sol, fonte de energia limpa, sem

maiores danos naturais pela produção de luz. Martau (2009 apud MARTAU... 2014)

diz que, a qualidade da fonte de luz natural e artificial é diferente, pelo comprimento

Page 28: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

27

das ondas que atingem tanto o olho como a pele. A luz natural é capaz de estimular

a produção de hormônios na pele que equilibram o corpo e inibem hormônios

estressores, enquanto que a luz artificial não tem esta capacidade. Por isso a

importância de um sistema de iluminação adequado, onde considera-se não apenas

a intensidade da luz, mas também seus efeitos biológicos no ser humano e suas

consequências para o meio.

Pode-se dividir a luz natural em direta, quando os raios solares nos

atingem ou indireta, "quando é proveniente da reflexão pela atmosfera (luz natural

difusa) ou por superfícies próximas ao observador (luz natural refletida)" (RORIZ,

2008, p.1). Ainda segundo este autor, o sistema de iluminação natural pode ser

lateral ou zenital. O lateral é feita através das janelas e a zenital, aberturas no teto.

Segundo Baker (1993 apud GARROCHO, 2005), a iluminação zenital

permiti uma maior homogeneidade na distribuição de luz natural em um ambiente do

que os componentes de passagem lateral. Por este motivo a iluminação zenital é

empregada quando há uma deficiência na iluminação advinda das janelas (mas

também pode ser empregada para fins estéticos), sendo recomendada para

ambientes profundos e com muito espaço (CAU... 2014). Porém, nesse sistema

deve ter um cuidado com as aberturas, em alguns ambientes a área iluminante não

deve ultrapassar 10%, pois poderá acarretar diversos problemas relacionados a

temperatura (CECACE, 2006). A figura 3 mostra a aplicação da iluminação zenital

em uma indústria.

Figura 3 - Iluminação zenital em indústria.

Fonte: Celprom, 2014.

Page 29: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

28

Na figura é possível ver as aberturas em faixas do sistema de luz natural

zenital. Estas aberturas contribuem para melhor iluminância do ambiente, evitando

fadiga visual e cansaço em seus trabalhadores, menor gasto econômico com

energia elétrica e proporciona contato visual com o exterior. Cabe destacar a largura

das faixas dessa iluminação, pois como falado anteriormente, seu excesso pode

acarretar problemas térmicos.

Essa interação do homem com o meio através da percepção da luz

natural está ligada diretamente aos ciclos dinâmicos de dia e noite, estações do ano

e temperatura. Segundo Martau... (2014) apoiada em outros autores, Lam (1997) e

Farley; Veitch (2001), o contato visual com meio externo proporciona conforto ao ser

humano, pois este necessita biologicamente de informação visual sobre o tempo. Os

benefícios desse contato provocados no trabalhador são o aumento da dinâmica do

trabalho, do sentimento de bem-estar e do contentamento com a vida; como a sua

falta pode causar desorientações e interferir na função cognitiva (tudo que envolve a

atenção, percepção, imaginação, memória, raciocínio, juízo, pensamento e

linguagem).

1.2.2. As Condições Térmicas Ambientais

As condições térmicas de um ambiente favorável ou não ao usuário são

determinadas por vários fatores que se interligam ou relacionam-se para um fim

comum. Cabe salientar que, a iluminação ou o sistema de iluminação, assim como a

ventilação estão diretamente ligados a este condicionante ambiental na composição

do ambiente e na influência das ações (efeitos) sobre o usuário (independente de

ser um ambiente laboral ou domiciliar).

As condições podem variar tanto para temperaturas elevadas, causando

calor excessivo, como para temperaturas mais baixas, são os casos de frigoríficos,

por exemplo. Para uma compreensão térmica e a relação entre o homem, ambiente

e seu conforto, faz-se necessário o ressalte sobre os processos de transferência de

calor: condução, convecção, radiação e evaporação. Esses fenômenos ocorrem,

muitas vezes, simultaneamente, caracterizando uma complexidade do processo

(OLIVEIRA; RIBAS, 1995).

Page 30: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

29

A condução é a troca de calor entre dois corpos, humano-objeto, por

exemplo, diretamente. Na convecção essa troca é realizada entre um gás ou líquido

e um corpo (entre um indivíduo e o ar do ambiente). Radiação são trocas de um

corpo com outro mais quente ou mais frio e a evaporação "(...) é a liberação de calor

por meio da vaporização do suor da pele ou da umidade dos pulmões (...)",

conforme Moran (2010, p. 110). Para Iida (2005), o corpo humano faz troca com o

ambiente por esse processo. Relaciona-se.

Estes processos (e o seu entendimento para a pesquisa) estão

relacionados com o bem estar do organismo humano, segundo Ching; Binggeli

(2013), o conforto térmico é atingindo quando o corpo elimina calor e umidade, fruto

do metabolismo humano para manter uma temperatura normal e constante. Essa

eliminação ou transferência é realizada pelos processos anteriores citados

(condução, convecção, radiação e evaporação).

Como o ambiente é parte integrante para o conforto e as condições

térmicas ofertadas para o usuário, destaca-se, portanto, o coeficiente de

condutibilidade térmica de alguns dos componentes ou materiais que compõem o

ambiente estruturalmente. Esse coeficiente refere-se ao fenômeno de condução. A

tabela a seguir, segundo a Protolab... (2014), constam alguns materiais empregados

na construção civil e suas respectivas condutividades.

Tabela 1 - Condutibilidade térmica de alguns materiais de construção civil.

Grupo Material Massa específica

(kg/m3)

Condutividade

térmica (W/mK)

Seco Molhado

Metal Alumínio 2800 204 204

Aço, ferro 7800 52 52

Zinco 7200 110 110

Pedra natural Basalto, granito 3000 3.5 3.5

Calcário, mármore 2700 2.5 2.5

Arenito 2600 1.6 1.6

Alvenaria Tijolo 1600-1900 0.6-0.7

0.9-1.2

tijolo de Areia-cal 1900 0.9 1.4

1000-1400 0.5-0.7

Continuação da tabela 1 na próxima página.

Page 31: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

30

Grupo Material Massa específica

(kg/m3)

Condutividade

térmica (W/mK)

Seco Molhado

Concreto Concreto de

cascalho

2300-2500 2.0 2.0

Concreto leve 1600-1900 0.7-0.9 1.2-1.4

1000-1300 0.35-

0.5

0.5-0.8

300-700 0.12-

0.23

Inorgânico Telhas 2000 1.2

1.2

Emplastros Cimento 1900 0.9 1.5

Cal 1600 0.7

0.8

Revestimento

de assoalho

Telhas de

assoalho

2000 1.5

Fonte: Protolab, 2014.

Através da tabela 1, é conclusivo que os elementos com maior

condutibilidade térmica, ou seja, transmissão de calor é o grupo dos metais, os

quais, geralmente, estão presentes nos telhados das indústrias e nos componentes

estruturais, coluna e vigas, exemplificando.

O conforto ambiental, no caso térmico, é promovido a partir de condições

associadas que proporcionam ao indivíduo a ausência de desconforto, satisfação em

relação a temperatura do local, onde inserido:

(...) sensação de bem estar experimentada por uma pessoa, como resultado da combinação satisfatória, nesse ambiente, da temperatura radiante média (tm), umidade relativa (UR), temperatura do ambiente (ta) e velocidade relativa do ar (vr) com a atividade lá desenvolvida e com a vestimenta usada pelas pessoas" (RUAS, 1999, p. 11).

Em relação a esses fatores, Khroemer; Grandjean (2005) afirmam que, a

umidade relativa do ar provoca sensação início de abafamento, quando atinge um

limite de 80% UR a 18°C ou 60% UR e 24ºC, a velocidade do ar superior a 0, 2 m/s

para a realização de um trabalho na posição sentada é considerado desagradável.

Assim como, uma velocidade superior a 0,5 m/s para a realização de trabalho de pé.

Continuação da tabela 1.

Page 32: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

31

O gráfico subsequente, número 2, complementa o que o autor afirma

anteriormente, exibindo visualmente o ponto de equalização do conforto em relação

a temperatura do ar e a umidade relativa.

Gráfico 2 - Diagrama do conforto térmico humano.

Fonte: INMEP, 2014.

Neste gráfico é possível analisar alguns fatores que compõem o conforto

térmico, a umidade, a temperatura e os ventos, quanto a sua velocidade. Entretanto

o gráfico 1 contempla apenas os fatores físicos e para o conforto térmico há a

dependência de fatores fisiológicos, como os processos de dissipação de calor

realizado pelo corpo (exemplo) e os fatores psicológicos humanos. A Subjetividade.

A ISO 7730 conceitua conforto térmico como uma condição estabelecida

pela mente humana de satisfação. A norma também dividiu dois parâmetros

principais do conforto térmico, os parâmetros ambientais e os individuais. Os

ambientais, alguns já vistos, temperatura e velocidade do ar, a umidade, a

temperatura média radiante. E os individuais, a atividade e o vestuário. De acordo

com Humphreys (1979 apud LAMBERTS, 2014, p. 10), a temperatura do conforto

térmico é algo dinâmico, justamente por esses pressupostos ambientais e individuais

(inclusive a subjetividade).

Cabe mencionar, a diferença do conforto térmico e de um ambiente

termicamente neutro. O conforto térmico é "(...) a condição da mente que expressa

satisfação com o ambiente térmico (...)” (ASHRAE, 2004 apud PINTO, 2011, p. 24).

Enquanto que a neutralidade térmica, como afirma Fagner (1970 apud LAMBERTS,

2014, p.3), é “(...) a condição na qual uma pessoa não prefira nem mais calor nem

mais frio no ambiente a seu redor”.

Page 33: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

32

Segundo Ruas (1999), a sensação de conforto térmico está relacionada a

subjetividade do indivíduo, ou seja, difere entre os usuários de um ambiente em

comum. Então, para classificar um ambiente confortável em relação a seu estado

térmico, considera-se o maior número de pessoas classificando-o como agradável

(confortável) ou não. A ISO 7730 estabelece que para um ambiente esteja nas

condições de conforto térmico, os seus valores de Voto Médio Estimado (PMV)

estejam no intervalo de -0,5 <PMV<+0,5 e os valores Percentuais de Pessoas

Insatisfeitas ou PPD sejam menor que 10%.

Na medida em que o meio é termicamente mais hostil, aumenta a preocupação do indivíduo sobre esse problema, afastando sua atenção da atividade específica que está realizando, favorecendo a distração e a consequente perda de eficiência e segurança no trabalho (RIVERO, 1986, p. 67).

Caso o ambiente esteja no nível das condições insatisfatório poderá

acarretar danos ao usuário. São consequências, o stress térmico, fadiga muscular,

em ambientes com baixas temperaturas, desidratação e falha do sistema

termorregulador, em ambientes muito quentes (IIDA, 2005).

1.2.3. Ventilação e Aeração em Edificações Industriais

A ventilação também compõe os fatores ambientais responsáveis pelo

estado satisfatório do homem em um ambiente. Bem estar.

De acordo com Lisboa (2007), entende-se como ventilação industrial o

processo de retirada e fornecimento de ar através de formas naturais ou mecânicas

de/ou para um ambiente fechado. Na figura 4 constam os dois sistemas.

Figura 4 - Ventilação geral diluidora.

Fonte: Lisboa, 2007.

Page 34: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

33

A ventilação geral pode ser natural ou mecânica, na figura é mostrado o

sistema mecânico, diluidor. O sistema natural ocorre pelo processo de efeito

chaminé, que é ocasionado pela diferença das pressões de ar interno e externo ou

de forma cruzada ou ainda de forma concomitante (PROCEL, 2010). A ventilação do

tipo mecânica é aquela que faz uso de equipamentos mecânicos, como exaustores e

ventiladores. Estes dois produtos podem ser atribuídos a dois sistemas, a ventilação

geral (VGE) (ventila o ambiente) e a local exaustora (VLE) (capta substâncias e

lança externamente).

Para Frota; Schiffer (2009), um dos primeiros critérios de ventilação dos

ambientes são as demandas básicas humanas, como o suprimento de oxigênio e a

concentração de gás carbônico. Outra demanda é a remoção do nível de calor em

excesso. "A ventilação natural é uma das condições principais para garantir o

conforto térmico no interior da edificação. É um recurso renovável que auxilia na

redução dos poluentes e odores, melhorando a qualidade do ar interior" (LIMA;

SANTOS, 2014). A figura 5 retrata o efeito chaminé em um ambiente industrial.

Figura 5 - Efeito chaminé.

Fonte: Bravent, 2011.

Como pode ser visto, há a entrada de ar frio no ambiente interno (setas

azuis), posteriormente o aumento de sua temperatura gradativamente e por fim seu

retorno a atmosfera.

Araújo (2009) diz que, o tipo de ventilação a ser empregada em um

ambiente industrial, dependerá do seu tamanho, os tipos de poluentes presentes, a

concentração e o grau de purificação desejado. Para a projetação do sistema de

ventilação industrial, Valle Pereira Filho e Melo (1992 apud LISBOA, 2007, p. 4)

afirma, essa ação consiste em três problemas:

Page 35: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

34

I - Determinação da vazão de ar necessária e o esquema da distribuição do ar no recinto a ser ventilado. II - Projeto e cálculo das redes de dutos. III - Seleção dos ventiladores, ou de qualquer outro sistema de movimentação de ar (Ex. convecção natural).

Caso haja um mal emprego ou um sistema de ventilação insuficiente, esta

deficiência poderá ocasionar no usuários o desconforto com o ambiente laboral e

acarretar patologias a sua saúde. As doenças broncopulmonares, hipertensão

arterial, doenças do fígado, olhos e mucosas, dermatites e doenças mais graves

como, câncer e anomalias congênitas (LISBOA, 2007), são algumas doenças que

podem ser desencadeadas.

1.2.4. Ruído no Ambiente de Trabalho

O ruído no ambiente de trabalho pode interferir de vários modos no

trabalhador e na execução das atividades, prejudicando também a saúde do usuário

e a realização da tarefa como um todo. Conceituando, segundo Iida (2005), se

referindo ao de "natureza mais operacional", ruído é "um estímulo auditivo que não

contém informações úteis para a tarefa em execução". Ou basicamente, ruído é um

som não agradável ao ouvinte.

O som pode ser classificado em grave ou agudo, de acordo com sua

frequência, a qual é medida em Hertz (Hz). Já o ruído ou sua força é medido através

do decibel (dB), uma unidade logarítmica que representa uma grandeza física. Deve-

se salientar, que tanto o som como o ruído atingem dimensões psicológicas no

usuário, sua subjetividade, então o que para um indivíduo pode ser um som

agradável para outro pode ser um ruído. Mesmo assim, há recomendações quanto

ao nível de exposição ao ruído.

De acordo com Dul; Weerdmeester (2004) é aconselhável que o ruído

não seja menor que 30 dB, pois o ouvido pode se acostumar com este nível e

qualquer grau maior interpele/sobressaia no indivíduo bruscamente. Em

contraponto, também é necessário a não ultrapassagem de 80 dB, já que acima

disto poderá acarretar surdez: "O ideal é conservar o nível de ruído ambiental abaixo

de 70 dB" (IIDA, 2005, p. 505).

Page 36: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

35

Esses autores, Dul; Weerdmeester (2004), ainda consideram o tempo de

exposição ao ruído como mais um fator a ser considerado para o bem estar do

trabalhador. Então, quando o ruído atingir 80 dB a cada 3 dB de acréscimos deverá

haver uma redução de 4 horas no tempo de exposição do trabalhador perante ao

determinado ruído.

A surdez, consequência de um ruído bastante elevado, dependendo da

sua natureza, pode ser classificada como surdez de condução ou nervosa. Quanto

tempo dessa condição no usuário pode ser classificado como temporário ou

permanente. Conforme Iida (2005), a surdez por condução é aquela que as

vibrações que são transmitidas chegam com menos intensidade na cóclea2, já a

surdez nervosa ocorre no ouvido interno e há uma diminuição da sensibilidade das

células da cóclea. A surdez temporária, como o próprio nome diz, é temporária,

reversível, acontece por um espaço de tempo e o indivíduo volta a ouvir novamente.

O mesmo não acontece com a de caráter permanente, é irreversível.

Porém, não é só causando algo grave como a perca total auditiva que o

ruído pode afetar o usuário, em atos simples, como na convivência com o grupo ou

outras com consequências mais danosas para suas tarefas, bem estar, saúde e

segurança. A não percepção ou compreensão das sinalizações sonoras (já que o

ambiente muitas vezes é contemplado para expressar algum perigo ou inicialização

finalização de ciclo, etapa):

Os ruídos intensos tendem a prejudicar tarefas que exigem muita atenção, concentração mental, ou velocidade precisão dos movimentos. Os resultados tendem a piorar após 2 horas de exposição ao ruído. O ruído produz aborrecimentos, devido a uma interrupção forçada da tarefa ou aquilo que as pessoas gostariam de estar fazendo, como conversar ou dormir, e isso provoca tensões e dores de cabeça. Também podem prejudicar a memória de curta-duração (IIDA, 2005, p. 508).

Além dos processos cognitivos, o ruído também pode afetar o sistema

cardiovascular, digestivo e endócrino, como mostrado na figura 6.

2 Cóclea é um órgão que faz parte do ouvido interno responsável pela audição (HEART-IT... 2014).

Page 37: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

36

Figura 6 - Reações biológicas do corpo humano ao ruído.

Fonte: Bitencourt, 2011.

Para aniquilar ou amenizar esses ruídos no ambiente de trabalho,

algumas medidas podem ser tomadas tanto no próprio ambiente, no trabalhador e

na gestão da indústria (empresa/fábrica). De acordo com Dul; Weerdmeester (2004),

"(...) uma das medidas mais importantes para diminuir o ruído ambiental consiste em

reduzi-lo na própria fonte (...)", no caso, nas próprias máquinas. No momento da

compra optar por máquinas mais silenciosas, no dia a dia de utilização, fazer

manutenções periódicas, também para sua conservação e maior durabilidade. Isolar

máquinas ruidosas colocá-las distantes de outros postos de trabalhos menos

ruidosos.

Porém, muitas vezes, essas medidas não são possíveis ou a diminuição

do ruído é irrisória, então outros métodos fazem-se necessários: Revestir o teto e

piso com materiais absorventes de sons, empregar barreiras acústicas entre o

receptor e a fonte ruidosa (DUL; WEERDMEESTER, 2004).

Já a reverberação do ruído (reflexão do som pelas superfícies do

ambiente, como as paredes, por exemplo) conforme Iida (2005) pode ter níveis

diminuídos por materiais absorventes, exemplo, carpetes no piso ou até mesmo as

próprias roupas dos indivíduos. Em relação ao trabalhador recomenda-se (NR 6) o

uso de EPI's (ear plugs e ear muffs) na sua jornada diária de trabalho.

1.2.5. A Incidência de Vibração no Posto de Trabalho

Page 38: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

37

A vibração no posto de trabalho é mais um dos condicionantes físico-

ambiental a ser considerado na interface entre o trabalhador, o ambiente e sua

tarefa.

Quanto a vibração ou vibrações pode-se entender como: "(...) oscilações

da massa em função de um ponto fixo" (KROEMER; GRANDJEAN, 2005, p. 272). E

assim como o som, as frequências das vibrações também são medidas em Hertz.

As vibrações podem ter sua origem em máquinas e equipamentos

motorizados, pela falta de manutenção, existência de algum defeito e no contato

direto com ferramentas que possuam essa característica de vibração no seu

funcionamento. De acordo com a Previne (2014), as vibrações são transmitidas ao

organismo humano segundo três eixos espaciais: x, y, z. E ainda podem ser

divididas em vibrações que atingem o corpo inteiro do usuário ou apenas partes

(DUL; WEERDMEESTER, 2004). Cabe ressaltar, que no ambiente industrial é

corriqueiro o acontecimento simultâneo da vibração e do ruído, no entanto com

efeitos diferentes no trabalhador.

Essas ondas vibratórias dependendo do seu nível, intensidade e

frequência da vibração, e tempo de exposição do trabalhador podem acarretar vários

problemas ou patologias no usuário ambiental ou do posto de trabalho. A seguir

(tabela 2), um exemplo da atuação de vibrações verticais no organismo humano:

Tabela 2 - Faixa de frequência de vibração e afetação no corpo humano.

Nº e m Hertz Partes do corpo afetadas

3-4 Hz Forte ressonância nas vértebras cervicais

3-6 Hz Ressonância no estômago

4 Hz Pico de ressonância nas vértebras lombares

4-5 Hz Ressonância nas mãos (difícil de efetuar os

movimentos desejados)

4-6 Hz Ressonância no coração

5 Hz Ressonância muito forte na cintura escapular

(até o dobro de aumento de deslocamento)

5-20 Hz Ressonância da laringe (a voz muda)

5-30 Hz Ressonância na cabeça

10-18 Hz Ressonância na bexiga (urgência de urinar)

20-70 Hz Ressonância no globo ocular (difícil de enxergar)

100-200 Hz Ressonância no maxilar

Fonte: Kroemer; Grandjean, 2005.

Page 39: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

38

Como pode ser observada, a tabela 2 mostra os níveis ou faixas de

frequência atingidas e por consequência, sua afetação no corpo humano, como:

maxilar, mãos, estômago, globo ocular. Causando náuseas, interferência na

oralidade e percepção visual do espaço do indivíduo, em sua motricidade, reações

nos órgãos internos e problemas posturais. Além do desenvolvimento de doenças

mais graves, por exemplo, a síndrome de Raynaud ou "dedo branco", causada pelo

excesso de exposição à vibração. É válido retificar, a ressonância empregada nessa

tabela 2, significa a amplificação da vibração natural do corpo por uma vibração

externa coincidente, tornando o organismo humano mais sensível a determinada

frequência (KROEMER; GRANDJEAN, 2005).

Logo, visando como projetista a prevenção ou correção desse elemento

(para promoção conforto ambiental), são medidas para este fim: "(...) Eliminar a

fonte. Isolar a fonte. Proteger o trabalhador. Conceder pausas (IIDA, 2005, p. 517)".

Manutenção regular das máquinas e, fazer e evitar choques e solavancos (DUL;

WEERDMEESTER, 2004).

1.2.6. Significado e Psicologia das cores e indicações em ambientes

O ambiente é conformado por vários elementos compositores que se

integram, mobiliário, iluminação, cor. Esta, "(...) é uma resposta subjetiva a um

estímulo3 luminoso (...)" (IIDA, 2005, p.476), de origem natural (o sol) ou de origem

artificial (gases e reações químicas). Porém para o reconhecimento da cor, há a

necessidade de mais um órgão, o cérebro. É nele onde "(...) o estímulo da cor é

captado pelos olhos, após são encaminhados aos centros cerebrais, gerando uma

ação e/ou sensação no indivíduo" (BITENCOURT, 2011, p. 69).

A sensação como também a percepção são processos psicológicos

básicos, referentes aos estímulos externos (captados pelos cinco sentidos humanos)

ou internos e interpretação destes estímulos pelo cérebro, respectivamente (RIES;

RODRIGUES, 2004). Embora correlacionados, estes processos diferem um do

outro, enquanto a sensação, segundo Maia (2012), pode ser compreendida como

3 Entende-se como estímulo, "qualquer coisa que provoque uma reação em algum órgão do sentido"

(FARINA, 2006, p. 29).

Page 40: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

39

algo sentido, relativo a organizações mais complexas, a percepção pode ser

entendida como o resultado da soma (síntese) de sensações.

Conforme Pedrosa (2009), a percepção da cor é um fenômeno mais

profundo do que a sensação. Na sensação há apenas a participação da luz e do

olho humano; na percepção, além desses elementos, participam também, os

aspectos psicológicos. E estes por sua vez, podem alterar o que se está vendo.

Exemplificando, pode-se citar o fato de um lençol branco nos ser visto sempre

branco, tanto sobre a luz incandescente amarela como sob a luz violácea de

mercúrio, porém na realidade ele está tão amarelo quanto a luz incandescente ou

quando iluminado por ela. Como acontece com a luz do mercúrio, estando violáceo

(PEDROSA, 2009).

A cor possui características básicas, que as distinguem no âmbito da

percepção, essa divisão foi realizada por Munsell (1929) em suas pesquisas

cromáticas. São o matiz, a cor propriamente dita, a luminosidade, capacidade de um

objeto ou superfície de refletir a luz branca e a saturação, é a cor sem a adição do

preto ou branco (IIDA, 2005).

As cores podem ter sua síntese (ou soma de todas as cores) aditiva ou

subtrativa, seu resultado dependerá de qual estímulo causará a sensação cromática.

As cores subtrativas ou cores pigmentos são as que geralmente utilizamos para

colorir um desenho, tingir um tecido, decorar um ambiente pintar suas paredes,

portas, janelas ou sinalizá-lo. Já as cores aditivas têm sua natureza lumínica

(formada por luz). A figura 7 mostra as cores subtrativas e aditivas com suas

respectivas sínteses.

Figura 7 - Síntese de cores subtrativas e aditivas.

Fonte: Escola Criatividade, 2012.

Page 41: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

40

Observado a figura 7, é perceptível, que além de naturezas diferentes

entre as cores aditivas e subtrativas, suas sínteses ou soma de cores possuem

resultados distintos. Ao contrário das cores luz, que possui sua síntese no branco,

as cores pigmento obtêm o preto como resultância, uma conclusão dos processos

de absorção e refletância dos diferentes comprimentos de onda (IIDA, 2005).

Independente da natureza das cores, lumínica ou pigmentícia, no homem,

de acordo com Farina (2006), elas agem de três formas: Impressionando a sua

retina, expressando emoção (quando sentida) e construindo um significado. O

primeiro de ordem físico-biológica e os posteriores mais subjetivos. Neste aspecto

de atribuição subjetiva da cor, a simbologia cromática varia para o indivíduo através

da influência cultural. Exemplificando, a cor branca no Ocidente é associada a paz,

porém em alguns países do Oriente representa o luto. Assim, a aplicação da cor

deve ser considerada através da valoração local, que atribui-se a ela, como expõe

Iida (2005).

Os fatores históricos, experienciais e abstratos de cada povo embasam

essa multiplicidade de significância e atribuições a uma mesma cor e

consequentemente ao objeto e/ou ambiente, os quais esta colori, inclusive no

reconhecimento e assimilação dos mesmos. Logo, a percepção das cores depende

do que foi vivido pelos indivíduos, suas experiências anteriores e também, das

associações que os mesmos fazem em relação a certos objetos e cores (IIDA,

2005).

O quadro 1, a seguir, traz alguns significados atribuídos as cores e alguns

efeitos de âmbito perceptivo e sensorial quando aplicadas no ambiente.

Quadro 1 - Significado e percepção cromática.

Cor Significado Percepção no ambiente

Vermelho É a cor das paixões, do amor

e ódio. A cor dos reis e do

comunismo, da alegria e do

perigo.

- Diminui o espaço interno do ambiente;

- Estimula, excita, mas não favorece

atividades que exijam o intelecto;

- Rápida fadiga visual;

- Causa impressão de objetos

aumentados.

Amarelo Entendimento, diversão,

otimismo e traição.

- Reduz o espaço interno do ambiente;

- Estimula a atividade metal;

- Não é recomendado para pisos, pela

Continuação do quadro 1 na próxima página.

Page 42: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

41

Cor Significado Percepção no ambiente

Amarelo impressão de o piso estar avançando

sobre o indivíduo.

Alaranjado A cor da diversão, do

budismo. É chamativo e

exótico.

- Também diminui o espaço interno do

ambiente se usado em uma grande área;

- Não recomendado em grandes áreas;

- Fácil distinção.

Verde Cor da fertilidade, esperança,

da burguesia, do sagrado e

venenoso, intermédio.

- Causa impressão de amplitude

ambiental;

- Caso aplicado em grandes áreas não

causa a fadiga visual.

Azul Simpatia, harmonia,

fidelidade, tristeza, virtudes

espirituais

- Não causa a fadiga visual;

- Induz a sensações de calma e estado

de relaxamento, porém seu excesso ou

sem contraste passa a sensação de

solidão.

- Quando aplicado no teto transmiti a

sensação de maior altura em relação ao

piso.

Branco Inocência, do bem e do

espírito. A cor mais

importante para os pintores.

- Realça cores adjacentes;

- Traz claridade, porém em excesso o

ambiente torna-se impessoal.

Preto Cor do poder, da violência,

morte. Cor da negação,

elegância e preferida pela

juventude.

- No ambiente quando usado em alguns

pontos remete ao requinte, porém seu

excesso entristece o ambiente.

Fonte: Adaptada de Heller, 2012 e Figueiredo, 2005.

Portanto, como podem ser lidas as informações contidas no quadro, as

cores quentes diminuem os espaços e dinamizam o ambiente, devendo ser

aplicadas em postos de trabalhos enfadonhos favorecendo ou estimulado o

dinamismo. Em oposição, as cores frias dão efeito de profusão no ambiente e

sensações de calma e tranquilidade, podendo ser utilizadas para contrastar com

ambientes onde sejam executadas atividades mais estressantes.

A cor pode ser usada com a finalidade de fazer uma grande mudança nas dimensões de um ambiente. As cores quentes fazem o espaço parecer menor, enquanto as cores frias dão a impressão de ele ser maior.

Continuação do quadro 1.

Page 43: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

42

(...) Quando o teto é pintado com uma cor mais escura e as paredes com uma mais clara, o ambiente de pé direito alto parece mais amplo e mais baixo; quando as cores do teto e do carpete são semelhantes, o ambiente também parece mais amplo e mais baixo (LACY, 2011, pg. 107).

A figura que se segue (de número 8) representa visualmente a

interferência da cor na percepção do espaço:

Figura 8 - Percepção da cor no ambiente.

Fonte: Bitencourt, 2011.

Observando e comparando as duas ilustrações superiores da figura 8

com as ilustrações inferiores também desta figura, as ilustrações com aplicação de

cor são menos amplas (tanto em altura como largura) se comparada com as duas

representações superiores.

Conforme Figueiredo (2005), as cores aplicadas em um ambiente podem

contribuir com a diminuição da fadiga visual por meio da adaptação de contrastes,

contribuir para a redução de acidentes, melhorar o clima de socialização e até na

conservação e limpeza do ambiente de trabalho.

As cores, então, além da estética (beleza) podem ser aplicadas

simbolicamente e funcionalmente em um ambiente conforme os resultados e

propósitos que se deseja atingir seja um clima mais sociável, dinâmico, motivador ou

até mesmo informar sobre o que é ilícito ou perigoso para o trabalhador.

Page 44: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

43

SEÇÃO 2 Aspectos Normativos e Regulamentadores do Ambiente

As normas são determinações legislativas (leis) utilizadas para indicar e

padronizar pesquisas e o fim destas (os objetivos alcançados). Segundo Oficina...

(2014) o ato de seguir as normas de publicação da ABNT (Associação Brasileira de

Normas Técnicas), por exemplo, evita conflitos, ajudando também, na comparação

de pesquisas relacionadas a um mesmo assunto.

Elas possuem as características de serem condutoras e delimitadoras.

Primeiramente, por descrever ao leitor “como” realizar determinadas ações e

execuções entorno do tema abordado. E pela descrição de determinadas situações

(em âmbitos físicos, biológicos, psicológicos, comportamental, ecológico, conforto e

bem-estar). Delimitadoras por estabelecer alguns limites e índices sobre estas

mesmas ações.

Portanto, com essa introdução, a seção aborda as normas exigidas para

proporcionar ao usuário um ambiente que não exacerbe limites, comprometendo o

Page 45: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

44

bem-estar, conforto, saúde e sua segurança. Dessa forma, o conhecimento sobre as

normas é um referencial relevante para a tomada de atitudes seja na fase projetual

e/ou de pós-ocupação ambiental. As normas consideradas foram da ABNT ou

Associação Brasileira de Normas Técnicas através das NBR’s, normas brasileiras.

ISO’s da International Organization for Standardization (ISO), em português,

Organização Internacional para Padronização, além de NR’s ou normas

regulamentadoras.

2.1. NR 17 - Ergonomia

A Norma Regulamentadora nº 17 estabelece condições para a atuação do

homem na realização de suas atividades de tal forma que seja preservado seus

aspectos formais e funcionais e que não seja o mesmo a se adaptar as condições

ambientais e/ou tarefa (condições de trabalho), mas sim o contrário.

A norma inclui nas condições de trabalho aspectos como: “levantamento,

transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições

ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho”. Para estes

aspectos a norma delimita, estabelece e explana sobre suas características e

principalmente sobre a conservação da saúde, conforto e segurança do trabalhador.

Em relação ao levantamento, transporte e descarga de materiais a norma

designa que o peso e o esforço realizado pelo trabalhador não deve afetar

negativamente a conservação de sua saúde ou segurança. O peso máximo do

transporte manual executado por uma só pessoa do gênero masculino, não deverá

ser o dobro de seu peso. Para mulheres e jovens (maior que 14 anos e menor que

18 anos) deverá ser menor comparado ao dos homens.

O mobiliário e os equipamentos dos postos de trabalho devem ser

configurados para suprirem os trabalhadores na realização de suas tarefas, seja na

posição ereta como aqueles que as executarão de forma sentada. A altura, a

distância do campo de visão, a postura, a área de alcance, por exemplo, são alguns

dos pontos necessários observados, conforme a norma.

A figura 9 mostra a realização de uma mesma tarefa nas posições de pé e

sentada.

Page 46: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

45

Figura 9 - Posições de realização de uma tarefa.

Fonte: Cavalcanti, 2011.

Como pode ser visualizado na figura 9, ocorre a adaptação do mobiliário a

necessidade do usuário em níveis posturais, de posicionamento e flexibilidade no

uso (ajustável). Além disso, para atividades que utilizem meios eletrônicos, através

do computador e a própria atividade de digitação e afins, necessita-se que além

dessas adaptações (altura e distância necessária do campo de visão) cuidados com

a iluminação local, papel utilizado (vedado o brilhante, para o desfavorecimento de

reflexos e ofuscamento).

A NR 17 ainda recomenda para um ambiente confortável: uma

temperatura entre 20° e 23°C, a velocidade do ar esteja no limite de 0,75 m/s, a

umidade por volta de 40%, a superior e não a menos que essa porcentagem. Para o

ruído a norma estabelece os níveis constados na NBR 10152. Considerando até 65

dB (A) como um nível confortável. Quanto a iluminação, os locais de trabalho devem

conter uma iluminação adequada (natural, ou artificial, geral ou suplementar) de

acordo com atividade realizada.

2.2. NBR 5413 - Iluminância de Interiores

Entende-se como iluminância, “limite da razão do fluxo luminoso recebido

pela superfície em torno de um ponto considerado, para a área da superfície quando

esta tende para o zero”. A NBR 5413 definiu valores lumínicos mínimos para a

execução de atividades em ambientes industriais, comerciários, diversos.

Page 47: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

46

São valores visando principalmente o campo de trabalho, região a qual o

trabalho visual é exigido e executado. No campo de visão a iluminação não pode ser

menor que 70% da iluminância média definida na NBR 5382 e o restante do

ambiente não dever ter um iluminamento menor que 1/10 em relação a este campo.

O lux (lx) é a medida quantificadora do iluminamento. A norma traz valores flexíveis

de 20 até 20.000 lux em uma atividade. Flexível, pois assim como ela pontua, a

norma serve como base para aplicação lumínica nos ambientes, ficando os valores a

serem aplicados pela percepção do projetista.

Sendo assim, as atividades executadas em recintos onde não há trabalho

contínuo ou depósitos a recomendação é de 200 lux, “tarefas com requisitos visuais

limitados, trabalho bruto de maquinaria, auditórios” a variação do lux fica de 200 -

300 - 500 lx. Essas atividades estão alocadas na classe A, ou seja, na classe de

“iluminação geral para áreas usadas interruptamente ou com tarefas visuais simples”

(NBR 5413).

A classe B é referente à iluminação geral para área de trabalho,

compreende as que requerem um maior índice de iluminância (gravação e inspeção,

por exemplo). São as tarefas normais, trabalho médio de maquinaria e escritório,

respectivamente, 550lx, 750lx e 1000 lx. Por fim na classe C (“iluminação adicional

para tarefas visuais difíceis”) compreende tarefas mais minuciosas que exigem do

trabalhador maior detalhamento e atenção:

- Tarefas com requisitos especiais, gravação manual, inspeção, indústria de roupas (2000 - 3000 - 5000); - Tarefas visuais muito exatas, montagem de microeletrônica ( 5000 - 7500 - 10000); - Tarefas visuais muito especiais, cirurgia (10000 - 15000 - 20000) (NBR 5413).

Na iluminação e na determinação de um valor lumínico favorável que

atenda as necessidades do usuário, deve-se compreender alguns fatores

participativos da determinação correta do nível de luz (lúmem) para uma área (m²).

Esta NBR traz alguns fatores, como a faixa de idade, velocidade e precisão,

refletância do fundo da tarefa, que devem ser considerados para uma aplicação

adequada da iluminação ambiental. A tabela 3 traz a tabulação destes fatores e o

peso aplicado pela norma para as características anteriormente citadas.

Page 48: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

47

Tabela 3 - Fatores determinantes da iluminância adequada.

Características da tarefa e do observador

Peso

-1 0 +1

Idade

Inferior a 40 anos 40 a 45 anos Superior a 55 anos

Velocidade e

precisão

Sem importância Importante Crítica

Refletância do

fundo da tarefa

Superior a 70% 30 a 70% Inferior a 30%

Fonte: NBR 5413.

Esta tabela (de número 3) é base para a análise e para o cálculo

necessário. Então, primeiramente, observa-se o peso de cada característica;

posteriormente soma-se esses três valores. Para a consideração do valor adequado

usa-se “a iluminância inferior do grupo, quando o valor total for igual a -2 ou -3 e a

iluminância superior, quando a soma for +2 ou +3. A iluminância média, nos outros

casos”.

Assim, são fornecidos os três valores: Mínimo, médio e máximo. Os

valores das extremidades apenas serão utilizados em casos determinados na

norma, que são: Valor mais alto, em tarefas com contrate e refletância muito baixos;

trabalho erros com difícil correção; quando o observador possuir baixa capacidade

visual; trabalho visual agudo e que exija alta produtividade, precisão. Tarefa

praticada esporadicamente que, não exija do executor importância em velocidade

e/ou precisão e as refletâncias e o contraste sejam relativamente altos são os casos

nos quais o projetista pode optar pelo valor mais baixo de iluminância.

Sobre o ambiente industrial, no item 5.3, a norma estabelece o nível de

iluminância de atividades nesses ambientes, como na indústria de metalurgia (objeto

pesquisado, localizada no subitem 5.3.48 desta NBR). Na tabela 4 há exposição

descritiva das atividades e valores em lux.

Tabela 4 - Iluminância (lux) por tipo de atividade.

Indústria de Metalurgia

Atividade Iluminância (lux)

- usinagem grosseira e trabalhos de

ajustador

150 - 200 - 300

- usinagem média e trabalhos de ajustador,

Continuação da tabela 4 na próxima página.

Page 49: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

48

Indústria de Metalurgia

Atividade Iluminância (lux)

trabalhos grosseiros de plainas, tornos e

polimento

300 - 500 - 750

- usinagem de precisão de

trabalhos de ajustador,

máquinas de precisão

automática, plainamento,

tornos de precisão e polimento

de alta qualidade

750 - 1000 - 1500

- usinagem de alta precisão e

trabalhos de ajustador

1500 - 2000 - 3000

Fonte: NBR 5413.

Sobre o recomendado, há uma diversificação de níveis lumínicos para

atividades efetivadas no âmbito metalúrgico, compreendendo uma faixa de 150lx até

3000lx, considerando a complexidade e nível de detalhamento técnico da tarefa em

si. Logo, em nível de comparação e emprego correto do nível de luminância, o

objeto de estudo deverá contemplar esses níveis e caso não contemplando será

incluído nas recomendações para o ambiente.

2.3. - NBR 5382 - Verificação de Iluminância de Interiores

As recomendações necessárias para a verificação de iluminação de um

ambiente ou de “interiores de áreas regulares” são descritas nesta norma, cujo seu

objetivo é justamente esse, fixar o modo de verificação.

Inicialmente, a NBR 5382 diz que, para a medição é necessário que o

ambiente esteja com uma temperatura entre 15°C a 50°C, se for possível, mas

principalmente alerta sobre os fatores que podem repercutir nas conclusões da

mensuração realizada, como, as “refletâncias, tipo de lâmpada e vida, voltagem e

instrumentos usados”.

Continuação da tabela 4.

Page 50: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

49

Assim, é importante conhecer as características desses elementos. No

caso da refletância, o grau de reflexão dos materiais e cores presentes no ambiente.

Sobre o grau de reflexão das cores Grandjean (1998 apud CUNHA, 2004, p. 59)

afirma que, a cor acromática preto possui 0% em reflexão enquanto o branco possui

100% de reflexão. O marfim, amarelo limão forte possuem também alto grau de

reflexão, variando de 100 a 75%. As cores amarelo forte e cores claras e em tons

pasteis e os "tons cremes" possuem uma refletância de 60 a 65%, o vermelho forte,

a madeira, o verde oliva e o marrom tem de 20 a 25% de reflexão e as cores como,

o azul escuro, vermelho púrpura, castanho, marrom escuro de 10 a 15%.

As lâmpadas, também como elemento de possível interferência, possuem

características técnicas próprias e variantes e interagem-se com outros elementos, a

cor, por exemplo. Estas características consideradas da luz artificial relacionam-se

com a necessidade de iluminação das atividades desempenhadas no ambiente, o

número de lâmpadas que satisfazem a demanda do usuário e a visibilidade

requerida. Estas grandezas são: temperatura da cor, índice de reprodução da cor,

fluxo luminoso, potência e eficiência energética (PROCEL, 2002).

. Segundo Luxside (2013), o IRC de uma lâmpada (o grau de fidelidade

da reprodução da cor sobre uma luz) varia de 0 a 100 e quanto mais perto ou igual

de 100 o IRC é mais fiel a reprodução da cor sobre aquela luz. O fluxo luminoso "é a

quantidade de luz total emitida em todas as direções por uma fonte luminosa,

expressa em lumen (lm)" e a potência é o consumo energético de uma lâmpada

(GOLDEN, 2012). A figura a seguir, mostra algumas lâmpadas que são

comercializadas e utilizadas no di a dia e algumas propriedades destas.

Page 51: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

50

Figura 10 - Características das lâmpadas artificiais.

Fonte: Saúde Interativa.

Partindo-se para uma verificação e medição adequada, depois de

considerado os elementos de possíveis interferências, extraí-se, em primeiro lugar,

os valores em interesse por meio da divisão total da área por áreas menores de 50 x

50 cm. A partir disso, realiza-se a medição em cada área e calcula-se a média dos

valores. Cabe retificar que a margem de erro é de 10% em seu limite (NBR 5382).

A figura 10 mostra uma área e seus pontos de medições.

Page 52: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

51

Figura 11 - Representação de uma área regular com duas ou mais linhas contínuas de luminárias.

Fonte: NBR 5382.

Esta figura, presente na norma, mostra as faixas de luzes (linhas

horizontais), a área total com divisões de 50 x 50 cm, representadas pelos

quadrados com tracejado e os pontos de verificações (os pontos). Para o cálculo da

iluminância média de um local a norma oferta a estrutura da equação 1, a seguir.

Equação 1 - Fórmula de iluminância média.

Fonte: NBR 5382.

Destrinchando- a, "N" corresponde ao número de luminárias, o "M" é o

número de filas, o "R" é igual a média aritmética realizada nos locais: r1, r2, r3 e r4.

O "P" da equação corresponde a média aritmética das medições dos locais, p1 e p2

e assim em "Q" e "T", extração das médias. Logo, tem-se o número necessário para

a iluminação do ambiente de luminárias.

Page 53: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

52

2.4. NBR 10152 - Níveis de Ruído para Conforto Acústico

O ruído é um fator ambiental relacionado ao som, dependendo do seu

nível poderá comprometer a realização das atividades desempenhadas e gerar

patologias no usuário do ambiente. A surdez é uma consequência grave desse fator.

Para evitar tais níveis de exposição e desconhecimento, a NBR 10152

tem como objetivo “fixar valores compatíveis com conforto acústico para ambientes

diversos”. Para tal, é importante o conhecimento de algumas definições e seus

respectivos cálculos para as medições corretas.

Entende-se como pressão sonora ponderada (A) o RMS ou valor eficaz

referente a pressão sonora definida pelo uso do circuito ponderado. O nível de

pressão sonora é determinada pela expressão da equação 2, onde P corresponde

ao valor eficaz e o Po é equivalente a 20mPa (pressão sonora de referência).

Equação 2 - Fórmula de nível de pressão sonora.

Fonte: NBR 10152.

Já o nível de pressão ponderada é estabelecida pela equação 3, também

a seguir exemplificada.

Equação 3 - Fórmula de nível de pressão ponderada.

Fonte: NBR 10152.

Esses valores são dados em decibel, pois como o som, o ruído que é som

desagradável, também está associado a esta unidade de medida em conjunto com o

Pascal, utilizado como unidade de medida de pressão e tensão definido pelo

Sistema Internacional (SI). Um Pascal corresponde a 1 N/m² (Newton por metro

quadrado).

Dadas as equações, a tabela 5 mostra alguns valores relacionados aos

ambientes, seus níveis de ruído e a curva de conforto.

Page 54: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

53

Tabela 5 - Valores dB (A) e NC.

Locais dB(A) NC

Hospitais

Apartamentos, Enfermaria, Berçários, Centros

cirúrgicos

35 - 45 30 - 40

Laboratórios, Áreas para uso do público 40 - 50 35 - 45

Serviços

45 - 55 40 - 50

Escolas

Bibliotecas, Salas de música, Salas de desenho 35 - 45 30 - 40

Salas de aula, Laboratórios 40 - 50 35 - 45

Circulação 45 - 55 40 - 50

Hotéis

Apartamentos 35 - 45 30 - 40

Restaurantes, Salas de Estar 40 - 50 35 - 45

Portaria, Recepção, Circulação

45 - 55 40 - 50

Residências

Dormitórios 35 - 45 30 - 40

Salas de estar

40 - 50 35 - 45

Auditórios

Salas de concertos, Teatros 30 - 40 25 - 30

Salas de conferencias, Cinemas, Salas de uso

múltiplo

35 - 45 30 - 35

Restaurantes

40 - 50 35 - 45

Escritórios

Salas de reunião

30 - 40 25 - 35

Salas de gerencia, Salas de projetos e de

administração

35 - 45 30 - 40

Salas de computadores 45 - 65 40 - 60

Salas de mecanografia 50 - 60 45 - 55

Fonte: NBR 10152.

Referente ao objeto de estudo, podemos retirar da tabela alguns valores

básicos e taxativos como realidade, já vivenciado no âmbito industrial ou como item

da proposta de aplicação para um setor do ambiente industrial tornando-o propício

Page 55: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

54

para o usuário, sua vivência coletiva e a realização de suas tarefas. Salas de

desenho, salas de projeto, salas de mecanografia, são alguns setores

compreendidos no objeto de estudo (assim como seus referentes níveis em dB (A) e

na curva devem estar correspondentes a norma). A NBR10152 ainda retifica em

nota sobre os valores apresentados:

Notas: a) o valor inferior da faixa representa o nível sonoro para conforto, enquanto que o valor superior significa o nível sonoro aceitável para a finalidade. b) Níveis superiores aos estabelecidos nesta Tabela são considerados de desconforto, sem necessariamente implicar risco de dano à saúde (...).

Portanto, cabe observar as faixas de níveis sonoros assim como seus

limites para a promoção de conforto para o usuário e o afastamento de riscos ou até

percas auditivas.

2.5. NR 15 - Atividades e Operações Insalubres

A Norma Regulamentadora de numeração 15 reporta-se sobre o conceito

e a identificação de atividades e operações insalubres, assim como alguns limites

nestas atividades. Segundo o Aurélio... (2014), insalubridade significa: “Estado ou

condições do que é insalubre” e por sua vez, insalubre quer dizer “doentio; não

salubre”. Ou seja, condições doentias.

Para a norma, as atividades e/ou operações nessa condição são aquelas

que se desenvolvem acima de alguns limites estabelecidos nela: Limites de

tolerância para ruído contínuo ou intermitente (não superiores a 115 dB(A) e sem as

devidas proteções); limites de tolerância para ruído de impacto (130 dB(LINEAR)),

para exposição ao calor (cálculos referentes), radiações ionizantes (Norma CNEN-

NE-3.01). Vibração, agentes químicos, umidade e ao frio, cuja insalubridade é

caracterizada por limite de tolerância na inspeção do local de trabalho e limites de

tolerância para poeiras minerais. Ou caracterizadas nos condicionantes e situações

de trabalho sob condições hiperbáricas, agentes químicos e agentes biológicos.

Entende-se por limite de tolerância “a concentração ou intensidade

máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente,

que não causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral” (NR 15).

Page 56: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

55

Refere-se então, as condições dentro de um nível ou índice, nas quais o indivíduo

está exposto ao longo e por meio de seu trabalho, onde não lhe acarretará

consequências negativas a sua vida, a seu bem-estar.

Patologias ou acidentes laborais são mais frequentes do que se pode

imaginar e são responsáveis por uma grande parte do uso monetário do INSS, o

benefício auxílio acidente:

Apesar da redução dos números em relação a 2011, as estatísticas ainda são alarmantes. O Programa Trabalho Seguro, que é uma iniciativa nacional da Justiça do Trabalho, visa, por meio de ações e projetos, promover a cultura da prevenção de acidentes e doenças laborais. Contudo, a realidade é ainda mais grave, pois a Previdência consegue registrar apenas os casos de trabalhadores com carteira assinada, que representam 50% da população economicamente ativa. O que acontece no mercado informal, ou até mesmo com autônomos, cujos números não são contabilizados (AMORIM, 2014).

A partir do momento que for identificada e comprovada por meio de laudo

técnico e por uma autoridade competente (autoridade especializado em segurança e

saúde do trabalhador) é assegurado e estabelecido ao trabalhador nessas

condições, sobre o salário mínimo base, um adicional de 10% quando a

insalubridade da atividade for de grau mínimo. A porcentagem de 20% grau médio e

40% para o grau máximo de insalubridade. A norma regulamentadora ainda pontua,

o usuário/trabalhador que estiver exposto a mais de uma insalubridade é

considerado o adicional de 40%, caso a insalubridade a que estiver exposto se

findar esse adicional também será eliminado.

2.6. ISO 2631 - Guia para Avaliação da Exposição Humana à Vibrações do Corpo

Inteiro

A ISO 2631 é uma norma internacional "(...) sob o título geral de vibrações

e choques mecânicos - Avaliação da exposição humana à vibração de corpo inteiro",

visa, justamente, o que descreve em seu título, compreender e quantificar em

números as exposições do corpo humano as vibrações a que está suscetível um

indivíduo

A faixa de amplitude de frequência considerada pela norma é de 1 a 80

Hz ou: "— 0,5 Hz to 80 Hz for health, comfort and perception, and — 0,1 Hz to 0,5

Page 57: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

56

Hz for motion sickness" (- 0,5 Hz a 80 Hz para a saúde, conforto e percepção, e - 0,1

Hz a 0,5 Hz para enjôo). Para a evidencia ou um melhor estudo e mensuração

dessas vibrações no corpo humano, a norma considera eixos, um sistema

coordenado na figura 11 constado.

Figura 12 - Direções do sistema de coordenadas para vibrações mecânicas em humanos.

Fonte: ISO 2631.

O ponto de origem desse sistema é localizado no coração, o eixo x é igual

a faixa das costa que vai até o peito, o eixo y corresponde ao lado direito até o lado

esquerdo e o z (eixo z) representa o pé ou as nádegas à cabeça.

Para uma correta medição das vibrações nos locais onde estas ocorrem,

a norma instrui estar o mais próximo possível do ponto de vibração para o corpo.

Caso houver algum fator, como um elemento (um polímero, almofada) entre o

indivíduo e o ponto ou área de vibração é permitido a inserção e um suporte mais

rígido, contudo, que não interfira ou desencadeie outros movimentos. E quando isso

não for possível, essa ação deverá ser descrita, o sistema de amortecimento. O

equipamento, também, deve estar calibrado de acordo com as normas e regimentos.

Para uma avaliação da vibração, há fatores que determinam ou

repercutem nas respostas humanas perante as vibrações a que o corpo humano

está submetido. São a Intensidade da vibração, frequência, direção e a sua duração.

Já na fase da avaliação propriamente dita (prática) pode-se diferenciar "três critérios

Page 58: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

57

humanos principais", a preservação da eficiência de trabalho (“Nível de eficiência

reduzido (fadiga)”); a preservação da saúde ou segurança (“Limite de exposição”); a

preservação do conforto (“nível de conforto reduzido”).

Os valores graficamente constados no gráfico 3 estabelecem o limiar de

exposição recomendados pela norma. A direção do gráfico é longitudinal (az) e

transversas (ax, ay).

Gráfico 3 - Limite de aceleração longitudinal (az) como função da frequência e tempo de exposição para nível de eficiência (fadiga).

Fonte: ISO 2631.

Para saber os limites de exposição deve-se multiplicar os valores da

aceleração (dada em m/s²) por 2 ou 2dB maior e para encontrar o nível de conforto

(reduzido) dividi-se o mesmo fator, a aceleração, por 3,15 ou 10 dB menor. Essa

nota também se aplica ao exemplar do próximo gráfico (nº 4) que, como este mostra

visualmente dados sobre a aceleração longitudinal, porém em uma frequência

diferente (1/3 de oitava).

Segundo a norma, o limite corresponde ou especifica uma zona que se

indivíduo estiver exposto a vibrações além de, poderá acarretar risco ao

desempenho das tarefas (fadiga, ou seja, é o nível de eficiência reduzido). O grau de

interferência na tarefa, independente da situação, porém depende de vários fatores

Page 59: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

58

e características individuais, exemplo, natureza e dificuldade da tarefa. No entanto

os valores presentes na ISO 2631 expõem o nível geral de interferência inicial

(frequência e tempo).

O gráfico 4 mostra a redução da eficiência pela incidência de vibração.

Gráfico 4 - Limite de aceleração longitudinal (az) como função da frequência (para banda de 1/3

de oitava) e o tempo de exposição para nível reduzido de eficiência (fadiga).

Fonte: ISO 2631.

A tabela 6 quantifica os valores do nível de eficiência em relação à

vibração no sentido az correspondente ao gráfico 3, considerando a frequência

(“centro da banda de 1/3 de oitava”) conjuntamente com a aceleração (tempo de

exposição).

Page 60: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

59

Tabela 6 - Valores numéricos de "nível de eficiência reduzido (fadiga)" para aceleração da vibração longitudinal az (pé-cabeça).

Frequência (centro da banda de

1/3 de oitava)

Aceleração (m/s2)

Tempo de Exposição

24 h 16 h 8 h 4 h 2,5 h 1h 25 min 16 min 1 min

1,0 0,280 0,425 0,63 1,06 1,40 2,36 3,55 4,25 5,60

1,25 0,250 0,375 0,56 0,95 1,26 2,12 3,15 3,75 5,00

1,6 0,224 0,335 0,50 0,85 1,12 1,90 2,80 3,35 4,50

2,0 0,200 0,300 0,45 0,75 1,00 1,70 2,50 3,00 4,00

2,5 0,180 0,265 0,40 0,67 0,90 1,50 2,24 2,65 3,55

3,15 0,160 0,235 0,355 0,60 0,80 1,32 2,00 2,35 3,15

4,0 0,140 0,212 0,315 0,53 0,71 1,18 1,80 2,12 2,80

5,0 0,140 0,212 0,315 0,53 0,71 1,18 1,80 2,12 2,80

6,3 0,140 0,212 0,315 0,53 0,71 1,18 1,80 2,12 2,80

8,0 0,140 0,212 0,315 0,53 0,71 1,18 1,80 2,12 2,80

10,0 0,180 0,265 0,40 0,67 0,90 1,50 2,24 2,65 3,55

12,5 0,224 0,335 0,50 0,85 1,12 1,90 2,80 3,35 4,50

16,0 0,280 0,425 0,63 1,06 1,40 2,36 3,55 4,25 5,60

20,0 0,355 0,530 0,80 1,32 1,80 3,00 4,50 5,30 7,10

25,0 0,450 0,670 1,0 1,70 2,24 3,75 5,60 6,70 9,00

31,5 0,560 0,850 1,25 2,12 2,80 4,75 7,10 8,50 11,2

40,0 0,710 1,060 1,60 2,65 3,55 6,00 9,00 10,6 14,0

50,0 0,900 1,320 2,0 3,35 4,50 7,50 11,2 13,2 18,0

63,0 1,120 1,700 2,5 4,25 5,60 9,50 14,0 17,0 22,4

80,0 1,400 2,120 3,15 5,30 7,10 11,8 18,0 21,2 28,0

Fonte: ISO 2631.

A norma acrescenta sobre estes valores: "definem o limite em termos de

valor eficaz (RMS) da vibração de frequência simples (senoidal) ou valor eficaz na

banda de um terço de oitava para a vibração distribuída".

Em continuidade, os gráficos e a tabela complementar sobre aceleração e

a frequência em sentido transversal, gráfico 5, 6 e a tabela 7.

Page 61: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

60

Gráfico 5 - Limite de aceleração transversal (ax e ay) como função da frequência e tempo de exposição para nível reduzido de eficiência (fadiga).

Fonte: ISO 2631.

Page 62: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

61

Gráfico 6 - Limite de aceleração transversal (ax e ay) como função da frequência (para banda de 1/3 de oitava) e tempo de exposição para nível reduzido de eficiência (fadiga).

Fonte: ISO 2631.

Segundo a ISO 2631, os valores maiores de vibração assim como os

menores são aceitáveis em comparação com os limites de eficiência do trabalho ou

tarefa quando os critérios de análises forem, respectivamente, saúde ou segurança

e o conforto. Os valores na tabela 7 referem-se aos valores dos gráficos antepostos

(nº. 5 e 6), também considerando a frequência (centro da banda de 1/3 de oitava) e

aceleração (tempo de exposição).

Page 63: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

62

Tabela 7 - Valores numéricos de "fadiga" - nível de eficiência reduzido para aceleração de vibração na direção transversa a ou a (costas-peito ou lado a lado).

Frequência (centro da banda de 1/3 de oitava)

Aceleração (m/s2)

Tempo de Exposição

24 h 16 h 8 h 4 h 2,5 h 1h 25 min 16 min 1 min

1,0 0, 100 0, 150 0, 224 0, 355 0,50 0,85 1,25 0, 150 2,0

1,25 0, 100 0, 150 0, 224 0, 355 0,50 0,85 1,25 0,150 2,0

1,6 0, 100 0, 150 0, 224 0, 355 0,50 0,85 1,25 0,150 2,0

2,0 0, 100 0, 150 0, 224 0, 355 0,50 0,85 1,25 0,150 2,0

2,5 0, 125 0, 190 0, 280 0, 450 0,63 1,06 1,6 1,9 2,5

3,15 0, 160 0, 236 0, 355 0, 560 0,8 1,32 2,0 2,36 3,15

4,0 0, 200 0, 300 0, 450 0, 710 1,0 1,70 2,5 3,0 4,0

5,0 0, 250 0, 375 0, 560 0, 900 1,25 2,12 3,15 3,75 5,0

6,3 0, 315 0, 475 0, 710 1,12 1,6 2,65 4,0 4,75 6,3

8,0 0,40 0,60 0, 900 1,40 2,0 3,35 5,0 6,0 8,0

10,0 0,50 0,75 1,12 1,80 2,5 4,25 6,3 7,5 10

12,5 0,63 0,95 1,40 2,24 3,15 5,30 8,0 9,5 12,5

16,0 0,80 1,18 1,80 2,80 4,0 6,70 10 11,8 16

20,0 1,00 1,50 2,24 3,55 5,0 8,5 12,5 15 20

25,0 1,25 1,90 2,80 4,50 6,3 10,6 16 19 25

31,5 1,60 2,36 3,55 5,60 8,0 13,2 20 23,6 31,5

40,0 2,00 3,00 4,50 7,10 10,0 17,0 25 30 40

50,0 2,50 3,75 5,60 9,00 12,5 21,2 31,5 37,5 50

63,0 3,15 4,75 7,10 11,2 16,0 26,5 40 45,7 63

80,0 4,00 6,00 9,00 14,0 20 33,5 50 60 80

Fonte: ISO 2631.

O nível de conforto reduzido e seus valores são obtidos através dos

mesmos dados, os quais resultam, também, no nível de eficiência reduzido,

entretanto com uma redução de 10 decibéis (dB).

2.7. NR 6 - Equipamentos de Proteção Individual (EPI)

Os equipamentos sejam de uso pessoal ou coletivo possuem uma grande

importância para a conservação da saúde do trabalhador em seu ambiente de

trabalho, de acordo com Moraes (2011, p. 392)

Page 64: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

63

O EPI e do EPC são fundamentais para a garantia da segurança e da saúde do trabalhador e assim garantir a produtividade. A legislação de segurança e saúde ocupacional prevê a implementação de medidas de engenharia nos locais de trabalho. Desta forma, minimizar os fatores de risco requer estudos de engenharia de processo e/ou de métodos de fabricação até a escolha do método adequado de movimentação e manuseio de materiais.

Portanto, para garantir ao indivíduo humano continue economicamente

ativo, realizando suas funções sem o detrimento de seu bem-estar (conforto) e

segurança é necessário a associação de EPI's e EPC's a fatores ambientais

favoráveis ao usuário (por isso a aplicação da ergonomia do ambiente construído

para correção ou prevenção de fatores ativamente negativos no ambiente).

A definição que a norma traz sobre esses equipamentos é justamente o

que foi explanado, por isso, em suma, o EPI é todo dispositivo ou produto com fins

de proteção utilizado por “um” trabalhador contra riscos a sua segurança e saúde em

seu ambiente laboral. O Equipamento Conjugado de Proteção Individual (ECPI)

possui o mesmo objetivo que o EPI, difere apenas em quantidade, ou seja, enquanto

o EPI é apenas um dispositivo ou produto para a proteção de riscos o ECPI são uma

associação de dispositivos. Esses equipamentos de fabricação nacional ou

internacional devem possuir Certificado de Aprovação4 pelo órgão competente do

Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

É de responsabilidade do empregador, fornecer os equipamentos

adequados e em perfeito estado e funcionamento ao trabalhador nas situações de

emergência, quando as medidas de proteção coletivas ainda não estiverem

vigorando ou quando as medidas já implementadas não garantam, de modo geral, a

segurança e saúde do indivíduo. Cabe-o ainda, exigir o uso dos EPI’s, orientar e

treinar o trabalhador sobre o mesmo, repor os equipamentos por outros novos, caso

haja dano ou perca dos anteriores. Registrar seu fornecimento aos trabalhadores é

encarregado da manutenção da limpeza sobre os equipamentos fornecidos

periodicamente e comunicar ao MTE irregularidades percebidas.

Estas são as atribuições que o empregador ou a empresa tem perante a

norma sobre os equipamentos de proteção individual, porém o receptador ou

trabalhador também possui responsabilidades sobre os EPI’s, Segundo a norma

são:

4Segundo o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho -

SESMT, "o CA - Certificado de Aprovação - é um documento emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego que tem por finalidade avaliar e manter um padrão nos equipamento de proteção.

Page 65: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

64

a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina; b) responsabilizar-se pela guarda e conservação; c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso; e, d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado (NR 15).

Há mais um responsável sobre os equipamentos, além dos dois já vistos,

a norma traz o fabricante e o importador. Para estes, faz-se imprescindível o seu

cadastramento em órgão nacional, solicitar e renovar o CA. Os prazos de renovação

do certificado de Aprovação variam de 5 anos “para aqueles equipamentos com

laudos de ensaio que não tenham sua conformidade avaliada no âmbito do

SINMETRO” e de 2 anos “ quando não existirem normas técnicas nacionais ou

internacionais, oficialmente reconhecidas, ou laboratório capacitado para realização

dos ensaios. E requerer o novo CA. Apenas colocar no mercado os equipamentos

com Certificado de Aprovação e com instruções técnicas no idioma onde vai ser

comercializado, fornecer informações sobre a higienização e o número de fabricação

do EPI.

Dentre essa tríade, cabe aos órgãos delegados do Ministério do Trabalho

e do Emprego a responsabilidade do comprimento, orientação e punição do que é

estabelecido para cada uma das partes quanto ao Certificado Aprovação dos EPI’s,

emissão e seu cancelamento e suspensão, verificação da qualidade desses

equipamentos.

Para a fim de exemplificar e sintetizar os EPI's constados na norma, o

quadro 2 contém informações sobre alguns equipamentos de proteção individual

bem como sua visualização.

Quadro 2 - Equipamentos de proteção individual (EPI).

Proteção Exemplo Figura

EPI para a Proteção da

Cabeça

Capacete; Capuz ou

balaclava.

EPI para a Proteção

dos Olhos e Face

Óculos; Protetor facial;

Máscara de solda.

Continuação do quadro 2 na próxima página.

Page 66: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

65

Fonte: Adaptado da NR15.

Proteção Exemplo Figura

EPI para a Proteção

Auditiva

Protetor Auditivo

EPI para a Proteção

Respiratória

Respirador purificador de ar

não motorizado; Respirador

purificador de ar motorizado;

Respirador de adução de ar

tipo linha de ar comprimido;

Respirador de adução de ar

Tipo máscara autônoma;

Respirador de fuga.

EPI para a Proteção do

Tronco

Vestimentas.

EPI para a Proteção

dos membros

superiores

Luvas; Creme protetor;

Manga; Braçadeira; Dedeira.

EPI para a Proteção

dos membros inferiores

Calçado; Meia; Perneira;

Calça.

EPI para a Proteção

Contra Quedas com

Diferença de Nível

Macacão; Vestimenta do

corpo inteiro.

Continuação do quadro 2.

Page 67: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

66

O intuito deste quadro é agrupar os itens classificados na norma com os

seus respectivos exemplos. Como pode ser visto, há diversos EPI's para as variadas

partes do corpo humano, tronco, cabeça, membros.

2.8. NR 24 - Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho

A NR 24, em sua competência normatizadora e descritiva, expõem sobre

as condições sanitárias e de conforto nos locais da realização do trabalho. Essas

adequações são importantes, principalmente para a manutenção da saúde do

trabalhador, uma vez que, instalações inadequadas o usuário poderá entrar

diretamente em contato com patologias diversas. Ou mesmo pelo contato indireto.

No tópico instalações sanitárias, para a compreensão e devida aplicação,

a norma denomina e ao mesmo tempo distingui conceitos iniciais. Aparelho

sanitário: são os equipamentos higiênicos destinados ao uso com água; gabinete

sanitário: para dejetos e banheiro: é um conjunto de equipamentos destinados a

limpeza corpórea.

Segundo a norma, as áreas com sanitários devem atender a dimensões

mínimas para o mínimo de conforto exigível, ela considera como satisfatório "1 m²

para cada sanitários, por 20 operários em atividade". Os sanitários possuem ainda

outras especificações contidas na NR24, são: os sanitários deverão ser divididos por

gênero, estarem sempre limpos durante todo período de trabalho e serem providos

de materiais de limpeza (exceto toalhas). É proibido, no entanto, que o revestimento

das bacias ou dos vasos sanitários sejam de materiais de madeira, concreto e

outros. Possuir um lavatório para cada 10 operários executores de atividades

perigosas/insalubres, nessa mesma proporção para os chuveiros.

A figura 13 mostra um mictório coletivo com algumas informações

atentadas da norma.

Page 68: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

67

Figura 13 - Mictório coletivo.

Fonte: Equipe de obra, 2012.

Como pode ser observado, há os espaçamento de 60 cm e outras

pontuações no que a norma descreve sobre alguns detalhamentos técnicos para

esses locais, como por exemplo, os materiais de revestimentos. Para as paredes

dos sanitários, elas deverão ser construídas de alvenaria de tijolo ou de concreto

com material impermeável, porém que possam ser lavadas, assim como os pisos.

Além, destes conterem acabamento liso e inclinação na direção dos ralos para

facilitar o escoamento, logo a manutenção. Deverão conter também, água

canalizada que atenda apenas a necessidade de um possível incidente.

O número de sanitários pode ser reduzido na quantia estabelecida nessa

norma nos ambientes de escritórios, bancos, comerciais e equivalentes, entretanto

só por autoridade devidamente competente. E nos casos de indústrias de alimentos,

os sanitários, principalmente as privadas, deverão ter um isolamento mais rigoroso

para prevenir contaminações.

A figura 14 representa um banheiro coletivo conforme a NR 24.

Figura 14 - Banheiro coletivo.

Fonte: Equipe de obra, 2012.

Page 69: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

68

Nos banheiros coletivos, figura 13, é importante destacar o piso

antiderrapante, a altura dos chuveiros (210 cm), o espaçamento entre um e outro (80

cm²) e os objetos auxiliares, como, o porta toalhas e sabonetes.

Para os vestiários há, como nos banheiros, a divisão por gênero com

dimensão mínima de 1,50m² por trabalhador. Armários, quando o

trabalho/empresa/indústria exigir uso de fardas, caso as atividades sejam de

natureza insalubre os armários deverão ser de compartilhamento duplo e não

individual. Não deverão ser destinados para outros fins.

Os refeitórios deverão ser contemplados nos ambientes de trabalho com

mais de 300 indivíduos e deverão seguir as seguintes especificações do quadro 3:

Quadro 3 - Especificações técnicas da NR24.

Exigências NR24

1. 1,00m² por usuário e por vez, abrigando 1/3 do total de trabalhadores.

2. Largura mínima de circulação de 75 cm e entre bancos e bancos e paredes de

55cm mínimos.

3. Rede de iluminação protegida por eletrodos.

4. Lâmpadas de natureza incandescentes 150W/6,00m² para pé direito de 3,00m

máximo.

5. Piso impermeável revestido de material lavável.

6. Paredes de material liso, impermeável e resistentes até 1,50m de altura.

7. Teto de concreto, estuque, madeira ou afins.

8. Cobertura

9. Mesas

10. Deverá conter lavatórios próximos dessa área.

11. Deverá estar localizado afastado de locais sanitários e insalubres.

12. Boa ventilação e iluminação.

Fonte: NR24.

Nos locais com mais de 30 trabalhadores e menos de 300 deverão ser

assegurados condições confortáveis para a realização das refeições e nos casos de

um número menor do que 30 trabalhadores essas condições também deverão ser

asseguradas, porém com orientação de um profissional competente.

Page 70: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

69

De modo geral, nos locais de trabalho, deverão ser fornecidos aos

trabalhadores/usuários água potável em condições higiênicas em uma" quantidade

superior a 1/4 (um quarto) de litro ou (250 ml) por hora/ homem trabalho". E quando

o local possuir bebedouros a proporção é de 1 bebedouro pra cada 50

trabalhadores.

2.9. NBR 7195 - Cores para segurança

As cores, além da promoção do bem-estar humano no ambiente, podem

ser utilizadas na classificação, organização e segurança do usuário em seu espaço

operacional. Sobre isto a NBR 7195 "(...) fixa as cores que devem ser usadas para

prevenção de acidentes, empregadas para identificar e advertir contra riscos".

Esta Norma adotada as cores vermelha, amarela, verde, alaranjada, azul,

púrpura e ainda as cores branca e preta que podem ser empregadas tanto solitárias

como associadas para um propósito. Por exemplo, a cor vermelha deve ser

empregada nos equipamentos de incêndio, porém os acessórios desses

equipamentos devem estar na cor amarela.

A cor vermelha também deve ser empregada para comunicar parada

obrigatória e proibição, entretanto vedada para indicar perigo. A cor utilizada para

sinalizar perigo é a alaranjada. A amarela para comunicar "cuidado", um exemplo

prático e corriqueiro é sua presença no semáforo, que comunica justamente isso. A

cor verde é utilizada para indicar segurança, sendo empregada na localização de

equipamentos de primeiros socorros, caixas de EPI’s, faixas delimitadoras de áreas

seguras, exemplificando.

Para comunicar uma ação que deverá ser cumprida, obrigatória, aplica-se

a cor azul. Já as cores púrpuras, branca e preta, respectivamente, são empregadas

para indicar perigos advindos de radiações em faixas, corredores, passarelas para

uso exclusivo de pessoas, como em volta dos equipamentos de urgência e setas de

sinalização. E na identificação de coletores de resíduos (exceto os de origem

hospitalar).

Page 71: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

70

SEÇÃO 3 Procedimentos Metodológicos

Os procedimentos metodológicos em uma pesquisa são as etapas que o

pesquisador percorre para atingir um determinado fim diante de seu objeto de

estudo e da carga teórica embasada. Sendo assim, esta seção é dedicada aos

processos metódicos utilizados nesta pesquisa, como, os métodos de abordagem e

procedimento e aplicação destes no referente objeto de estudo (uma indústria de

metalurgia, mais especificamente o seu setor de chapa da cidade de Caruaru-PE).

Tem-se como metodologia principal a MEAC, para uma análise do ambiente do

ponto de vista ergonômico, considerando seus condicionantes físico-espaciais

(iluminação, vibração, ruído, temperatura, ventilação e aeração), assim como na

fase final da metodologia, a compreensão da percepção do usuário sobre seu

espaço (relacionamento coletivo, condições físicas e estruturais) afim de, propor

melhorias projetuais nesse mesmo ambiente, favorecendo entre outras coisas o

bem-estar, saúde, segurança, desempenho e conforto do trabalhador.

Page 72: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

71

Nesta seção será apresentada a MEAC, assim como os métodos de

abordagem e procedimento e a aplicação desta metodologia ergonômica do

ambiente construído no ambiente industrial selecionado, mais intrinsecamente em

seu setor de chapa.

3.1. A Metodologia Ergonômica do Ambiente Construído

Diversas e variáveis são as premissas para uma identificação objetiva

sobre a adequação de um ambiente e a0 seu usuário. Devido a essa gama e

complexidade de nuances, inclusive de ordem física e subjetiva, a ergonomia em

sua abordagem "sistêmica, ampla" (MONT'ALVÃO; VILLAROUCO, 2011, p.28) e

integrada possibilita a identificação, análise e correção dos ambientes e tarefas ao

usuário.

(...) a Avaliação Ergonômica do Ambiente tem como objetivo principal e preliminar a apuração quantitativa e qualitativa de todas as funções e atividades interativas entre o usuário (como foco principal), o mobiliário e equipamento e o trabalho em si. Busca dados de diversas variáveis que compõem todo o conjunto de itens que interagem conjuntamente fazendo parte do cotidiano dos usuários e influenciando no conforto do sistema (MONT'ALVÃO; VILLAROUCO, 2011, p. 30).

Considerando o homem e seu espaço de atuação, o ambiente construído

e sua relação com a tarefa, almejou-se uma abordagem ergonômica que abarque

tais dimensões do homem e as configurações do ambiente. Com respaldo nessa

macro área de conhecimento, a Ergonomia, no âmbito desta pesquisa será utilizado

como metodologia para o ambiente estabelecido a MEAC.

A Metodologia Ergonômica do Ambiente Construído (MEAC) ocupa-se do

entendimento sobre a interação, influências e impactos no sistema ambiente-

homem-tarefa. O contorno desta metodologia embasa-se na Análise Ergonômica do

Trabalho (AET), a qual fora adaptada para a análise do ambiente físico em uso. E

para a identificação das nuances da percepção do usuário sobre o ambiente,

adotado-se um procedimento da área de Percepção Ambiental, a Constelação de

Atributos (FIGUEIREDO; RHEINGANTZ, 2009).

De acordo com Mont'alvão; Villarouco (2011), a MEAC possui duas fases,

uma inicial de ordem física, ambiental e a segunda sobre a percepção do usuário

Page 73: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

72

relacionada ao ambiente. São basicamente e principalmente estas duas macro-

etapas com subfases. A análise global do ambiente, identificação da configuração do

ambiente, avaliação do ambiente em uso no desempenho das atividades, percepção

ambiental, diagnóstico ergonômico e as recomendações.

3.1.1. Análise global do ambiente

Como seu próprio nome diz, é uma análise mais abrangente do ambiente

para a identificação de inadequações no mesmo. Como na AET, essa etapa,

segundo Mont'alvão; Villarouco (2011) identifica os problemas existentes, onde

necessita a intervenção.

Então, para este entendimento e descrição do ambiente e do é realizado

nele, há aplicação de questionários para a partir dos detalhes e informações

encontradas serem realizadas as listas de verificações.

3.1.2. Identificação da configuração ambiental

Nesta etapa analisam-se todos os fatores correspondentes ao ambiente,

os quais foram pesquisados durante o corpo da pesquisa:

Tratando de avaliação do ambiente, nessa etapa identificam-se os condicionantes físico-ambientais a partir do levantamento de todos os dados do local, levantando-se as primeiras hipóteses sobre a questão das influências do espaço na execução das atividades do trabalho (VASCONCELOS; VILLAROUCO; SOARES, 2009, p.11).

Sobre os condicionantes físico-ambientais, refere-se a questões do layout

espacial, mobiliário e revestimentos, elementos ambientais, como, ruído, ventilação,

luz, vibração. E a execução das atividades realizadas, de grosso modo (primeiro

contato).

3.1.3. Avaliação do ambiente em uso no desempenho das atividades

Page 74: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

73

Esta etapa é realmente a consideração da tarefa, ou seja, a execução da

tarefa no ambiente. As atividades são consideradas a partir da facilitação ou

problemas que o ambiente pode auxiliar ou prejudicar.

O ambiente onde se trabalha diariamente pode contribuir não somente na produtividade e eficiência do trabalho, mas interferir na saúde física e psico-social dos indivíduos que o vivenciam (MONT'ALVÃO; VILLAROUCO, 2011, p. 36).

Para então, ser constituído, após a compreensão e percepção dos

problemas no ambiente que afetam a execução correta das atividades dos usuários,

o diagnóstico ergonômico sobre o sistema humano-tarefa-ambiente.

3.1.4. Percepção ambiental

Nesta fase, passa-se a considerar como ponto central a percepção do

usuário sobre o ambiente. Ou seja, os condicionantes físico-espaciais que interferem

na execução de sua tarefa durante seu expediente de trabalho, por intermédio de

uma ferramenta da área da Psicologia ambiental ou percepção ambiental, a

Constelação de atributos.

A Constelação de atributos é uma ferramenta da psicologia ambiental,

que "procura identificar a percepção que os usuários têm em relação aos espaços,

através da obtenção das imagens que o usuário tem frente a um determinado

ambiente" (MONT'ALVÃO; VILLAROUCO, 2011). Além disso, esse método, segundo

estas autoras, Mont'Alvão; Villarouco (2011) embasadas em Ekambi-Scmidt (1974),

é uma ferramenta que mostra ao pesquisador o que é realmente subjetivo,

espontâneo e não estereotipado.

Dentro das características da Constelação de atributos pode-se

acrescentar a fácil compreensão dos elementos ligados a percepção do ambiente

em relação aos trabalhadores, linguagem visual (gráfico formulado a partir do

retorno obtido) e "uma grande variável de respostas" (SCMIDT, 1974 apud

MONT'ALVÃO; VILLAROUCO, 2011, p. 38). Uma vez que, o número de respostas

dadas pelos usuários do ambienta são irrestritas e abertas.

O quadro 4 apresenta as etapas e descrições desta ferramenta.

Page 75: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

74

Quadro 4 - Procedimentos da constelação de atributos.

Etapas Descrição

Características Espontâneas - 1ª etapa - elaboração de questionário simplificado com

apenas uma pergunta, podendo ser

respondido por várias respostas sem danos;

- Classificação decrescente das frequências

de variáveis obtidas pelas respostas.

Para isso usa-se a probabilidade de atributos.

- Após a classificação dos qualificativos é

determinado a distância psicológica deles,

por uma função logarítmica.

- Após esse cálculo, o valor é multiplicado

por dez para melhor visualização e

representação no gráfico.

Características Induzidas - 2ª etapa - Nessa fase da segunda etapa, será

realizado a pergunta geral sobre o objeto de

estudo (sem relacionar a afetividade.

- Através das respostas serão obtidos os

qualificativos induzidos, os quais serão

organizados analogamente aos da etapa 1ª.

Fonte: Adaptado de Villarouco; Andreto, 2008.

No quadro 4 vê-se as duas etapas, uma com carterísticas espontâneas e

outra induzidas, porém com a necessidade de eleboração e aplicação de

questionários e a representação visual das respostas.

A representação explicativa da organização dos dados dessa ferramenta

se estrutura em torno de um centro, o objeto de estudo (ambiente) ou a pergunta

sobre o ambiente, os círculos extremos são as variáveis e a distância, representada

pela área pontilha (destacado), a qual se refere à relação (mais direta ou não) da

percepção do usuário sobre o ambiente. Assim, como está representado na figura

15.

Page 76: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

75

Figura 15 - Representação do gráfico da constelação de atributos.

Fonte: Vasconcelos; Villarouco; Soares, 2009.

A forma de organização visualizada possibilita a avaliação do

comportamento dos atributos sobre o objeto de estudo determinado. A proximidade

e/ou afastamento em relação ao centro está associado à pergunta sobre o ambiente.

Ou seja, mostra a propriedade ou relação (mais) direta ou indireta dos usuários em

relação à percepção do espaço (VILLAROUCO; ANDRETO, 2008).

3.1.5. Diagnóstico ergonômico e recomendações

O diagnóstico e as recomendações para o ambiente são as fases finais

dessa metodologia, onde serão confrontados os dados entre a análise do

ergonomista, sua interação com os usuários e das variáveis obtidas da percepção

sobre o ambiente (MONT'ALVÃO; VILLAROUCO, 2011). Referente a toda

abordagem ergonômica e de onde poderão ser originadas as proposições para um

ambiente mais adequado ao usuário e suas funções.

O diagnóstico pontua os problemas, falhas, inadequações, assim como os

fatores ambientais que estão adequados, serão mantidos. E as recomendações

suplementam o diagnóstico, uma vez que, expõe as soluções ou indicações para

estas nos problemas encontrados e evidenciados na fase de diagnóstico.

Page 77: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

76

3.2. Método de abordagem e procedimentos

Método em seu significado é todo processo racional para chegar a

determinado fim; maneira de proceder; Obra que contém disposta numa ordem de

progressão lógica os principais elementos de uma ciência, de uma arte (Dicionário

do Aurélio, 2014). O método de abordagem utilizado nesta pesquisa é o hipotético-

dedutivo.

O método hipotético-dedutivo é uma mesclagem do dedutivo com o

método indutivo. Este método propicia ao pesquisador, através de fatos gerais,

chegar a uma conclusão particular, de hipóteses a experimentação e comprovação.

Assim, nesta pesquisa parte-se da hipótese de que um ambiente adequado as

necessidades do seu usuário é aquele que além de propiciar uma execução de

tarefa eficiente, conserve e colabore positivamente para saúde, conforto e

segurança desse usuário na realização de sua tarefa.

Para isso, a ergonomia deve estar presente em toda parte concebida do

ambiente seja desde a parte projetual a pós-ocupatória ou como é o caso do objeto

de estudo, na pós ocupação e realizações de atividades. Portanto, foi escolhido um

setor de um ambiente industrial para um olhar ergonômico, ou seja, uma análise e

intervenção ergonomizadora no setor de chapa de uma indústria de metalurgia para

uma manutenção e progressão benéfica de realizações das atividades

desenvolvidas pelo trabalhador, evitando desgastes e acidentes laborais.

Em convergência com o que se propõe o método de abordagem

escolhido para a pesquisa, o método de procedimento utilizado foi o experimental,

para a verificação das hipóteses selecionadas, experienciá-las. Em apoio a esse

método de procedimento foi utilizado a Metodologia Ergonômica do Ambiente

Construído (MEAC). Esta metodologia de aplicação ambiental compõe-se de etapas,

são elas: Análise Global do Ambiente, Identificação da Configuração Ambiental,

Avaliação do Ambiente em uso no desempenho das atividades, Percepção

Ambiental, Diagnóstico Ergonômico do Ambiente e Proposições ou Recomendações

Ergonômicas.

A primeira etapa consiste em uma análise mais geral do ambiente, com

aplicação de questionário para a identificação de pontos danosos5 no próprio

5 “Danosos” aqui se têm o sentido de problemático também.

Page 78: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

77

ambiente. Então, foi aplicado um questionário com os indivíduos do setor de chapa,

para a visibilidade, logo compreensão de quem habitualmente convive, atua e sofre

influências dos fatores ali constados em suas atividades, na organização,

composição e estrutura ambiental (visão geral do sistema).

Na identificação da configuração ambiental há a observância mais

detalhada de fatores físico-ambientais, todos os componentes que constroem o

ambiente como também os agentes (condicionantes térmicos, lumínicos, vibratórios,

ruído, ventilação). O layout do local foi feito e analisado através de plantas baixas do

local, as condições de acesso, fluxos e materiais presentes (em revestimentos, por

exemplo) foram também observados, assim como, os condicionantes ambientais

citados e suas devidas medições. Nesta fase foi realizado também, uma entrevista

com os trabalhadores do setor de chapa da empresa de metalurgia.

A terceira etapa é onde ocorre a avaliação do ambiente no desempenho

das atividades. Observam-se os condicionantes espaciais e sua interferência na

tarefa, se o ambiente está contribuindo favoravelmente ou não para a execução dela

pelo trabalhador. De acordo com Paiva; Villarouco (2012) a importância desta etapa

reside no fato de que o espaço físico interfere diretamente na produtividade e

eficiência dos serviços. Valendo-se dos conhecimentos ergonômicos e

antropométricos foi feito observâncias sobre o modo de realização das tarefas do

setor, para uma análise e identificação dos elementos ambientais interferentes no

desempenho do usuário ambiental.

Nesta fase, de percepção ambiental, preocupa-se em "investigar" a visão

do usuário sobre o seu ambiente laboral, por meio da Constelação de atributos.

Sendo assim, foi construído um questionário estruturado e aplicado nos

trabalhadores do setor de chapa, no posto de trabalho de prensagem, mais

especificamente.

As etapas finalísticas ou conclusivas, "Diagnóstico e Proposições ou

Recomendações Ergonômicas", contém as informações descobertas e resultantes

das etapas anteriores executadas. Há uma confrontação dessas informações

resultantes com as observações e o material teórico utilizado para a geração de uma

proposta de melhorias e adequações do ambiente de trabalho analisado, através

das problemáticas identificadas e da conservação ou manutenção dos pontos

favoráveis do ambiente.

Page 79: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

78

3.3. Descrição do objeto de estudo

O objeto de estudo desta pesquisa, é uma indústria de metalurgia,

localizada na região Agreste Central do estado de Pernambuco no município de

Caruaru. É uma indústria com 15 anos de mercado, que teve origem em uma

garagem local com aproximadamente de 10 a 15 funcionários, inicialmente,

produzindo araras e expositores de roupas (manequins). Expandiu-se e hoje, ainda

localizada no mesmo município, porém em uma área de maior extensão do que

inicialmente, as atividades desenvolvidas contam com espaço total de 7. 600 m² em

um bairro direcionado para as indústrias locais desenvolverem seus produtos.

Possui um quadro de 85 funcionários ao todo e produz, atualmente,

expositores para produtos: Display's, gôndolas, banquetas, araras e os componentes

destes: bandejas, gancheiras, cestos, além de outros produtos metálicos e não

metálicos (suportes, balcões, porta paletes). Sua linha de produção, em um olhar

superficial e geral (a grosso modo), dividi-se em um linha mais popular e outra de

luxo, diferindo, basicamente, pelos processos, espessura dos materiais e formas.

Para a fabricação de seus produtos, a indústria conta com diversos

setores que vão desde o dar forma a matéria-prima comprada até o acabamento e

despache dos produtos para os consumidores. Os setores que a compõem, no total

correspondem a 18, setor de chapa, arame, solda, pintura, galvanoplastia,

cromagem, expedição, almoxarifado, tela, faturamento, recursos humanos,

financeiro, executivo, comercial, design, ferramentaria, tubo, adesivagem). Há 2

anos essa indústria acresceu mais um setor as suas atividades, o da marcenaria.

Por meio desse setor, a indústria também pode explorar um novo mercado, ainda

novo para sua história de atuação, mas atuante. Esse setor foi criado com objetivo

de suprir a necessidade de clientes e consequentemente atingir novos, produzindo

peças de madeira e móveis planejados.

Desse modo, dentro de todos esses setores, foi selecionado o setor de

chapa. Este setor está concentrado onde há o maior número de trabalhadores da

indústria, a produção, logo, com mais elementos humanos a serem observados em

interação com os fatores ambientais. O setor interliga-se e por consequência dialoga

com os outros setores pela proximidade e estrutura ambiental. Está exposto

praticamente aos mesmos condicionantes físico-ambientais que os demais e possui

considerável nível de periculosidade pela falta de acabamento (quinas) das peças

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79

que serão moldadas. O setor é mostrado a seguir, pela figura 15 e nela é possível

ver um pouco do ambiente, o qual foi analisado.

Figura 16 - Setor de chapa.

Fonte: Acervo pessoal.

Através da figura 15, pode-se observar sua organização, alguns

componentes e maquinário, estruturas do ambiente onde está inserido (colunas,

cobogós e uma grande abertura lateral) e partes de outros setores.

Alguns desses componentes implicam diretamente, ou seja, participam

do modo de execução da tarefa, como, as dimensões das máquinas, objetos de

auxílio e os fatores físicos do ambiente, como a quantidade de luz, ventilação,

temperatura, também influenciadores no desempenho do trabalhador (tratados mais

detalhadamente por meio dos procedimentos metodológicos seguintes utilizados).

3.4. Aplicação da Metodologia Ergonômica do Ambiente Construído

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80

A seguir, as análises, identificações e explanações proporcionadas por

cada etapa dessa metodologia em relação ao objeto de estudo e em âmbito mais

específico, do setor selecionado. O Setor de chapa e os postos de trabalho de

prensagem.

3.4.1. Análise global do ambiente

Esta etapa propicia ao pesquisador um primeiro reconhecimento do

ambiente escolhido, assim como as atividades que são desenvolvidas pelos

indivíduos nesse mesmo espaço. Um olhar macro do sistema humano-tarefa-

ambiente.

Localizada na cidade de Caruaru-PE, a indústria se concentra em um

bairro afastado do centro da cidade (bairro periférico), destinado as indústrias, é de

fácil acesso. A indústria ocupa uma área de 7.600 m² com construções em 4.273, 2

m² ocupados por vários setores. A figura 17 mostra a fachada frontal da indústria.

Figura 17 - Vista frontal da indústria.

Fonte: Google Maps, 2012.

Sendo assim, por meio da figura colocada, é possível observar o aspecto

físico da frente da indústria, onde há a entrada dos funcionários e caminhões,

Page 82: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

81

algumas das cores utilizadas pela empresa, incidência da luz solar nesse ambiente e

elementos de aeração em seus telhados.

Em relação a estrutura física e distribuição dos setores, a indústria possui

tanto setores no seu prédio de entrada (figura 16) (o administrativo) como outros

alocados ao longo de seis galpões com 26 metros de largura em média cada um,

que abrigam a parte produtiva. A figura 18 mostra a planta baixa de alguns setores

do administrativo (de faturamento, comercial e RH).

Figura 18 - Planta baixa dos setores administrativos.

Fonte: Adaptado do acervo da própria indústria.

O escritório na cor vermelha é o local destinado ao setor comercial, o RH

é identificado na planta baixa pela cor verde e por fim, o setor de faturamento é

localizado no escritório na cor azul.

Direcionando ao setor escolhido para desenvolvimento da pesquisa, o

setor de chapa, está localizado no quarto galpão, térreo entre os setores de solda e

adesivagem. A área destinada a esse setor é de 511,5 m², onde 8 funcionários

desenvolvem as atividades específicas em suas máquinas (postos de trabalho). No

quadro desses funcionários, cabe acrescentar mais um, o encarregado de

supervisionar o setor e as atividades de dobra, perfuração, moldagem, prensagem

(destaque para esta) e a distribuição dessas atividades, além de corrigir o modo de

realização das mesmas. Este setor é responsável pelo dobramento de chapas, por

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82

perfurações, cortes e moldagem realizadas por meio de prensas, as quais totalizam

7 máquinas. A maioria no setor.

A figura 19 expõe a configuração de uma parte do setor.

Figura 19 - Setor de chapa em perspectiva.

Fonte: Acervo pessoal

É possível observar nesta figura uma parte do maquinário, os quais

moldam e perfuram as chapas, além de alguns condicionantes físico-ambientais,

como a iluminação, aberturas de ventilação e componentes estruturais do ambiente:

Colunas, vigas e as telhas6 (em aço) e o piso (de granilite7). Elementos de apoio,

próximo as máquinas, também podem ser vistos.

No ambiente dos setores de produção há o compartilhamento de

bebedouros e banheiros. Este ambiente possui cinco bebedouros espalhados, dos

quais dois estão presentes no setor de chapa. Os banheiros são alocados em dois

locais, o mais próximo do setor de chapa é direcionado apenas gênero masculino.

Cabe salientar que nesse espaço trabalham apenas duas mulheres, estas usam o

6 Esse tipo de telha é denominada trapezoidal zincalume.

7 Um material resultado de vários minerais moídos e posteriormente agregados/unidos.

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sanitário feminino localizados no fim do próprio setor que trabalham, o setor de tela

(último galpão). O setor de chapa dispõe ainda de um computador, para o controle

da produção com o sistema utilizado pela empresa, assim como alguns outros.

3.4.2. Identificação da configuração ambiental

A identificação da configuração ambiental possibilita ao pesquisador

compreender os pontos positivos e negativos do ambiente, influenciadores do

usuário ambiental. Desse modo, para a compreensão concreta desses aspectos ou

condições no setor de chapa, foram verificados a iluminação, ruído, vibração,

ventilação, aeração e temperatura. Além do layout do setor, o fluxo do ambiente e a

sua acessibilidade.

3.4.2.1. Avaliação do conforto lumínico

A avaliação do conforto lumínico tem como objetivo, primeiramente,

identificar os focos de iluminação de origem natural e artificial do ambiente do setor

de chapa. Posteriormente, avaliar as condições do iluminamento do local e sua

repercussão na realização da tarefa (e no desempenho do usuário-trabalhador).

A luz natural ou de origem solar incide no ambiente, onde se localiza o

setor de chapa, por meio de "entradas" em sua estrutura. Como essas entradas

podem-se citar os cobogós, presentes na parte superior das paredes do ambiente e

os dois portões8, que permanecem abertos durante o expediente de trabalho da

indústria.

A figura 20 mostra a entrada de luz através dos cobogós.

8 A largura por altura dos dois portões: 5, 00 x 4, 00m e 9, 60 x 5, 00m.

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84

Figura 20 - Exemplo de iluminação natural.

Fonte: Acervo pessoal.

Os cobogós estão localizados a uma altura de 2, 88m a partir do chão.

Embora esta altura e a sua espessura fina, contribuem com a iluminação natural do

setor de chapa e dos outros setores da área produtiva da indústria. Pode-se

observar também, passagens de luz pelo telhado. A maior parte da entrada de luz

solar fica a cargo dos dois portões do ambiente industrial.

A iluminação artificial do setor de chapa (da área de produção), é

realizada através de lâmpadas tubulares fluorescentes na cor branca (com 1, 20m

de comprimento e 40 W), distribuídas em linhas e colunas. A figura 21 exibi uma

parte da iluminação artificial posicionada em fileira, destacando as lâmpadas

utilizadas no setor de chapa.

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Figura 21 - Exemplo de iluminação artificial.

Fonte: Acervo pessoal.

Por intermédio da figura 21 há a possibilidade da visualização,

ressaltando, da lâmpada empregada no setor escolhido e em toda indústria. Pode-se

ver seu formato alongado e também o sistema de suporte, onde são aplicadas

formando o sistema de iluminação geral de todo setor produtivo.

A próxima figura, 22, ilustra tanto a distribuição da iluminação artificial

como os pontos de iluminação natural no ambiente.

Figura 22 - Planta baixa com os focos de iluminação natural e artificial.

Fonte: Acervo pessoal.

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86

Dada a figura 22, são perceptíveis os focos de iluminação artificial

(retângulos amarelos) organizada em faixas e colunas9. Já as aberturas que

permitem a incidência de luz natural na parte interna do ambiente são identificadas

pelos círculos laranjas. Os portões laterais na planta são P1 e P2. P3 é uma porta

que dá acesso ao refeitório. E as faixas de cobogós ao longo do comprimento da

parede são: C1, C2, C3 e C4.

A iluminação do ambiente é do tipo geral e combinada, pois há lâmpadas

em locais específicos e mais próximas dos postos de trabalho. No setor de chapa,

há apenas dois posto de trabalho com iluminação específica, em duas dobradeiras.

A figura 23 expõe os dois sistemas no setor de chapa.

Figura 23 - Exemplo de iluminação combinada.

Fonte: Acervo pessoal.

A lâmpada utilizada na iluminação localizada são as mesmas empregadas

na iluminação geral da indústria, apenas com adaptação do suporte.

Sendo assim, para uma adequada avaliação da iluminação do setor, foi

considerado as recomendações da NBR 5382, que trata sobre a verificação de

iluminância em ambientes. Por intermédio da próxima figura (planta baixa do local),

9 O total de lâmpadas utilizadas são oitenta, dispostas em quinze linhas e seis colunas ao longo do

ambiente. Esta disposição de lâmpadas é possível, devido a suspensão por cabos de aço tensionados.

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87

24, são possíveis de identificar os pontos de medições e os locais específicos, onde

foram realizadas essas ações no setor.

Figura 24 - Planta baixa com os pontos de medições de iluminação.

Fonte: Acervo pessoal.

Conforme o referencial da norma e suas indicações, foram realizadas

medições no setor próximas as máquinas de prensa e a partir dos valores obtidos,

como recomendado, é extraído a média de iluminância do setor de chapa.

3.4.2.2. Avaliação das condições de ventilação

Em avaliação das condições ambientais do setor de chapa da indústria,

focando a ventilação de origem natural, provocada e a aeração neste ambiente, foi

perceptível alguns elementos estruturais contribuintes para a circulação de ar no

setor.

As entradas e saídas de ar no ambiente do setor de chapa se dão de

forma natural por intermédio de portões e cobogós. As mesmas aberturas que

permitem a entrada de luz solar no ambiente. Há no ambiente produtivo

ventiladores, porém apenas um presente ou direcionado a um posto de trabalho

(dobradeiras). Para a aeração, o setor em análise possui exaustores eólicos,

responsáveis pela retirada e dispersão de ar quente do ambiente, impurezas, como

fuligens, poeiras e até fumaça, através da movimentação do ar (externo). Na figura

25 podem ser observados os exaustores acima do setor.

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88

Figura 25 - Exemplos de elementos de aeração.

Fonte: Acervo pessoal.

Os exaustores eólicos estão localizados no telhado de toda a indústria,

distribuídos em linhas e colunas, conforme a iluminação. Eles totalizam seis por

linha e sete por coluna. São confeccionados em aço galvanizado, para evitar o

processo corrosivo, já que estão expostos a agentes químicos e físicos do meio

ambiente.

A figura 26 mostra na planta do ambiente do setor de chapa esses focos

de ventilação, tanto o natural como o artificial.

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89

Figura 26- Planta baixa contendo os focos de ventilação natural e artificial.

Fonte: Acervo pessoal.

De modo geral, os círculos azuis são os meios de entrada e saída de ar

natural e os em laranja representam a ventilação artificial. Pode-se identificar ainda

na planta, P1 e P2 para os portões, e P3 uma porta de acesso ao refeitório. C1, C2,

C3 e C4 as faixas de cobogós. E os círculos menores dentro da planta do setor,

representando os exaustores eólicos.

Então, a fim de avaliar a adequação das condições de ventilação a real

necessidade do ambiente em questão, se esta é suficiente ou inadequada, foram

efetuadas medições em alguns pontos específicos do setor sobre a velocidade do

ar. Estas medições foram realizadas com auxílio do anemômetro. A figura 27 retrata

os pontos onde ocorreram essas ações.

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90

Figura 27 - Planta baixa contendo os pontos de medições de ventilação.

Fonte: Acervo pessoal.

Na figura é mostrado os pontos citados anteriormente, para se obter os

valores referentes a ventilação. As medições foram realizadas próximas as

máquinas, inclusive em um dos pontos com ventilação mecânica (por ventilador),

como nas extremidades e centro da região dos postos de trabalho analisados. Ou

seja, foi-se realizado medições na mesma região, porém em pontos com

características diferentes utilizadas pelos funcionários, tanto perto do maquinário

mais próximo da entrada de ar natural, como aqueles que não recebiam correntes

de ar incidente/diretamente ou que recebiam de forma mecânica.

3.4.2.3. Avaliação do conforto térmico

Nesta etapa, houve uma análise e avaliação sobre a temperatura do setor

de chapa e suas condições, se este oferta o conforto térmico necessário a seus

usuários ou não.

A indústria está exposta externamente a ação solar, principalmente com

incidência na sua parte frontal e lateral esquerda, no período da manhã. À tarde os

raios solares incidem mais na parte de trás da indústria, onde se localiza a parte dos

setores de produção. Ou seja, a maior concentração de calor e raios solares no

período da tarde sobre o ambiente do setor de chapa e dos outros setores também.

Em relação as estações do ano, o verão concentra as temperaturas ou a sensação

Page 92: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

91

térmica mais elevada se comparada a estação do ano inverno, por exemplo.

Potencializando as temperaturas no período de mais incidência solar do dia (tarde)

sobre o setor.

Outro fator que influencia a temperatura dentro do ambiente laboral é

própria temperatura das máquinas ao longo das atividades, que vão se aquecendo

progressivamente até a estabilização. As prensas mecânicas não geram calor nas

partes de contato com o usuário, exceto quando acionadas por força mecânica. Ou

seja, o calor gerado pelo próprio movimento do trabalhador ao executar sua tarefa.

Então, afim de avaliar as condições de temperatura no ambiente do setor

de chapa, com auxílio do termo anemômetro, foram realizadas verificações da

temperatura no setor de chapa. A figura 28 contém os locais de medições no setor.

Figura 28 - Planta baixa contendo os pontos de medições de temperatura.

Fonte: Acervo pessoal.

Os pontos ou locais escolhidos para as verificações necessárias, foram

levados em consideração as aberturas (entrada de ar) e os locais com ausência

delas, uma vez que, o conforto térmico está diretamente ligado a velocidade,

umidade do ar. Com a presença de equipamentos mecânicos (ventilador) e um

ponto mais afastado da região dos postos de trabalho de prensagem, para a

compreensão completa da temperatura do setor. Os pontos amarelos são as

medições no verão e os pontos azuis no inverno.

Page 93: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

92

3.4.2.4. Avaliação do conforto acústico

O setor de chapa é um dos setores do ambiente industrial com menores

fontes ruidosas. A geração de ruído pelo setor em específico se dá, basicamente,

quando o pedal das prensas são acionados mecanicamente pelos trabalhadores.

Porém, existe no ambiente o compartilhamento de ruídos provenientes desse e dos

outros setores, assim como atividades extras: carregamento e transporte de matéria-

prima. A figura 29 representa as zonas ruidosas no ambiente do setor de chapa.

Figura 29 - Planta baixa contendo as zonas de ruído.

Fonte: Acervo pessoal.

Todos os setores produzem seus ruídos, uns com mais intensidade (o

setor de solda, exemplificando) e outros com menos, que é o caso do setor de

chapa.

Para avaliar as condições proposta nesta subseção, o de conforto

acústico, foram realizadas (novamente e necessárias) medições no ambiente com a

ajuda do decibelímetro e seguindo as recomendações da Norma Regulamentadora

15 ou NR 15 sobre como proceder. A figura 30 do ambiente laboral, mostra onde

foram realizadas as verificações do nível de ruído.

Page 94: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

93

Figura 30 - Planta baixa contendo os pontos de medições de ruído.

Fonte: Acervo pessoal.

Nestas medições, nos pontos verdes marcados na planta do setor, foi

buscado realizar as verificações nos postos com diferentes características, como,

proximidade de abertura estrutural, com outro setor (setor de solda), entre postos de

trabalho diferentes dentro do próprio setor. Nas extremidades e centro do setor de

chapa.

3.4.2.5. Avaliação das condições de vibração

Outro fator a ser avaliado no ambiente é a vibração, como os outros

fatores, influencia no bem-estar humano, saúde e conforto e pode ter várias origens

e gerar diversas consequências.

No ambiente do setor de chapa, não é diferente, há a presença de ondas

vibratórias, porém em sua maioria apenas sentidas quando tocadas, como é o caso

das prensas e das outras máquinas do setor. Portanto, para avaliar essas condições

no ambiente (níveis de vibração nas prensas), as medições foram executadas por

intermédio do vibrômetro nos postos de trabalho de prensagem, quando em uso.

A figura a seguir (31), mostra os pontos da realização das medições do

índice de vibração.

Page 95: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

94

Figura 31 - Planta baixa contendo os pontos de medições de vibração.

Fonte: Acervo pessoal.

As medições foram feitas nos pontos roxos constados na figura da planta

baixa do setor. Foi assegurado um distanciamento para que cada máquina pudesse

dar seu real valor vibratório, sem a influência de outra. Nestas verificações e

medições da vibração, percebeu-se dois tipos de intensidade de vibrações. Uma

com a máquina apenas ligada (fraca) e outra quando o pedal é acionado (bem mais

forte). A escala de Mercalli Modificada (MMI) foi empregada para a conceituação do

grau dos valores encontrados.

3.4.3. Avaliação do ambiente em uso e desempenho das atividades

Nesta etapa, é avaliado o desempenho ou execução das atividades no

setor. É analisado os postos de trabalho, o layout do ambiente, os fluxos de

circulação humana e a acessibilidade. Questões de dimensionamento, postura e

posicionamento.

As verificações e observâncias foram efetuadas no horário de

funcionamento (expediente comercial) da indústria com os trabalhadores executando

suas respectivas atividades.

Page 96: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

95

3.4.3.1. Postos de trabalho

Postos de trabalho no setor de chapa são as máquinas. Cada máquina do

setor possui características e funções próprias, porém destinadas a moldar, perfurar

ou cortar chapas metálicas. As máquinas em maior quantidade e frequência de

utilização no setor são as prensas mecânicas. Elas são empregadas para a

conformação ou perfuração das chapas. A figura 32 mostra uma prensa mecânica

destacando-se suas partes.

Figura 32 - Prensa mecânica.

Fonte: Acervo pessoal.

Como pode ser observado, as partes principais que formam a prensa são:

volante de transmissão (A), martelo (B), mesa (C) e pedal de acionamento (D). Na

figura consegui-se ver, também, as dimensões mais verticalizadas da prensa (a qual

possui 1, 60 m de altura) e o assento improvisado, uma banqueta não regulável.

Além dos postos de trabalho de prensagem, têm-se no setor os postos de

trabalho: dobradeira manual (possui a finalidade de dobrar chapas e é acionada de

modo mecânico (força humana), dobradeira CNC (também dobra as chapas, porém

com acionamento eletrônico), blank (molda e corta chapas com configuração

computadorizada) e guilhotina (corta com acionamento mecânico). A figura 33 exibi

um destes postos de trabalho, a dobradeira manual.

C

D

B A

Page 97: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

96

Figura 33 - Dobradeira manual.

Fonte: Acervo pessoal.

Cabe salientar que, a utilização destas máquinas é realizada na posição

em pé pelos funcionários e não possuem assento.

Além dos postos de trabalho, há ainda no setor os elementos acessórios,

os quais têm por objetivo suprir algo que a própria máquina não forneça. São

exemplos, as baquetas, para a realização da tarefa sentada; os suportes, estantes e

carrinhos, para depósito e transporte das chapas; cestos para as sobras das peças.

A figura 34 mostra um "carrinho", um dos objetos auxiliares usados no ambiente do

setor de chapa.

Figura 34 - Elemento acessório.

Fonte: Acervo pessoal.

Page 98: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

97

Estes objetos, como o da figura, são produzidos pela própria indústria a

partir das necessidades dos próprios funcionários durante a execução da tarefa ou

da própria indústria, como o armazenamento de peças. O objeto da figura 33 possui

a função de transporte/movimentação (como pode ser observado pela presença de

rodízios) e deposição de peças.

A figura de número 35, objetiva, principalmente, mostrar alguns desses

objetos dispostos no setor (organização) e em sua utilização diária.

Figura 35 - Objetos auxiliares no setor de chapa.

Fonte: Acervo pessoal.

Nesta figura é factível a visualização dos elementos auxiliares no setor de

chapa (enfoque da figura) e em locais externos a este. Então, tem-se: Estante de

aço (A), utilizada na armazenagem de peças; "carrinho" e os "T's" (B), estes

fabricados pela indústria para facilitar o manuseio das longas faixas de chapas. Uma

gôndola de canto (C), um tipo de "estante de aço” usada, também, na armazenagem

de peças e outro tipo de "carrinho" (D), porém com a mesma funcionalidade

(transportar e servir de suporte).

Conhecido e compreendido as máquinas e outros elementos funcionais

do setor de chapa, partiu-se, então, para uma observação e caracterização do

executor destes objetos, mais propriamente, do modo como o trabalhador está

Page 99: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

98

executando as suas atividades (uso e desempenho). Para isto, foi empregado a

Categorização e taxionomia dos problemas ergonômicos do sistema humano-tarefa-

máquina de Moraes e Mont'Alvão (2010).

Tem-se como conceito de problema:

(...) uma defasagem entre o que é e o que deveria ser, ao se considerar um determinado aspecto da realidade; e que, para ser o que deveria, requer um reajustamento (solução), capaz de mudar os aspectos problemáticos (BARBOSA 1980 apud MORAES; MONT'ALVÃO, 2000, p.74).

A Categorização e taxionomia dos problemas ergonômicos do sistema

humano-tarefa-máquina dividi-se em vários problemas e suas respectivas

caracterizações, que vão desde a problemas interfaciais até os psicossocias,

instrucionais (entre outros).

Desse modo, a figura 36 mostra um registro de um funcionário em seu

posto de trabalho, a prensa, executando suas atividades. Posteriormente, a sua

caracterização.

Figura 36 - Funcionário em seu posto de trabalho.

Fonte: Acervo pessoal.

Page 100: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

99

Esta figura (35) exibi um trabalhador desempenhando sua tarefa em seu

posto de trabalho. Como pode ser destacado, há uma acentuada curvatura em

relação a postura, desencadeada pela limitação do campo de visão. Segundo a

taxionomia de Moraes e Mont'Alvão (2010), é classificado como um problema

interfacial (a postura prejudicial é consequência do campo de visão inadequado).

Problemas acionais pediosos também ocorrem na realização dessa tarefa, uma vez

que, há constrangimentos biomecânicos ocasionados pela angulação da perna no

acionamento do pedal da máquina de prensa repetidas vezes (em média 15 vezes

ao dia).

A postura adotada pelo trabalhador é bastante recorrente e constante,

afeta principalmente a região lombar e cervical da coluna vertebral e os músculos

envolvidos. Uma postura inadequada ou hábitos posturais inadequados, como desse

funcionário (figura 34), podem acarretar problemas como: cifose, escoliose, lordose;

tensões e lesões musculares e desgastes dos discos localizados entre as vértebras

da coluna vertebral. Assim como, os problemas acionais pediosos podem

desencadear lesões e desgastes nas articulações (do joelho, por exemplo) e

tensões musculares na perna.

Na figura subsequente (37) é mostrado o mesmo trabalhador da figura 35,

entretanto visto de um ponto focal diferente da anterior.

Page 101: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

100

Figura 37 - Vista posterior do funcionário em seu posto de trabalho.

Fonte: Acervo pessoal.

A figura 37 permiti ter uma visão melhor do braço abduzido, problemas

acionais; da inclinação e curvatura postural desencadeadas pelo campo de visão

comprometido e do assento10 adaptado. O usuário tanto realiza suas atividades na

posição de pé quanto sentada, porém esta é a que geralmente ocorre.

A próxima figura, a de número 38, mostra um momento onde o

funcionário está executando a mesma tarefa, porém de pé.

10

Com medição de 82 cm de altura. Bastante elevado, pois segundo o IBGE (2008-2009), a média de altura do gênero masculino do estado de Pernambuco entre 18 e 64 anos é de 1,72 a 1,65.

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101

Figura 38 - Funcionário em seu posto de trabalho na realização da tarefa na posição de pé.

Fonte: Acervo pessoal.

O que pode ser observado nesta posição, na qual se encontra o

funcionário, é o tronco com uma pequena torção lateral, projeção do pescoço e

cabeça para frente. Caracterizando, novamente, problemas interfaciais, devido ao

campo de visão inadequado. Ainda salienta-se, membros superiores apoiados em

diferentes níveis, porém não apropriado a estes (partes quaisquer da prensa

mecânica).

Na figura 39 é possível ver a utilização de outra prensa mecânica, com

outro grau de curvatura da coluna vertebral e outro tipo de assento utilizado na

realização da tarefa.

Page 103: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

102

Figura 39 - Funcionário em seu posto de trabalho na realização da tarefa na posição sentada.

Fonte: Acervo pessoal.

Por intermédio desta figura, 39, é possível identificar a curvatura postural

e o posicionamento dos membros superiores e inferiores no desenvolvimento da

tarefa. São os problemas interfaciais, recorrência do campo de visão inadequado no

desenvolvimento da tarefa com consequências posturais inapropriadas e problemas

acionais manuais e pediosos, constrangimentos biomecânicos de angulação e

repetição nos membros. A diferença do assento é pela utilização da banqueta (com

dimensões de 98 cm de altura total e 64 cm de altura dos pés até o assento). Na

figura nº 39, mostra o ponto de vista posterior do trabalhador realizando a mesma

tarefa.

Page 104: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

103

Figura 40 - Vista posterior do funcionário em realização da tarefa na posição sentada.

Fonte: Acervo pessoal.

Portanto, é possível enxergar melhor a abertura e torção para a lateral

das pernas e pés do funcionário, a curvatura da postura e os braços abduzidos.

Como pode ser observado, a altura da banqueta (e sua estrutura não ajustável) não

favorece a ação que está sendo cumprida, principalmente quando é observado a

angulação dos membros inferiores, curvatura postural e inclinação da cervical

(evidenciando os problemas ergonômicos).

Os problemas acionais pediosos, "constrangimentos biomecânicos no

ataque acional (...)" (MORAES; MONT'ALVÃO, 2000, p. 76), ou seja, no

acionamento de pedais, como ocorre na tarefa de prensagem, podem acarretar

danos ao membros inferiores do trabalhador. A figura 41 e 42 mostram essa

atividade focalizada.

Page 105: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

104

Figura 41 - Posição inicial da atividade de pressionamento do pedal da prensa mecânica.

Fonte: Acervo pessoal.

Nesta figura, é visto a angulação da posição da perna, o flexionamento do

joelho, além dos elementos envolvidos na execução, a banqueta (34 cm de altura

dos pés) não ajustável e a própria máquina. Há um problema acional, pois o pedal

comprimi uma parte bastante restrita da planta do pé, não distribuindo o peso. A

próxima figura, 42, dá sequência ao acionamento do pedal (o acionamento de fato,

propriamente dito).

Page 106: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

105

Figura 42 - Posição final da atividade de pressionamento do pedal da prensa mecânica.

Fonte - Acervo pessoal.

A figura 42 completa a ação de acionar o pedal realizado pelo funcionário

(figura 39). Esta atividade ocorre frequentemente durante o horário de expediente da

indústria. Outro ponto a se considerar é que, o pedal é plano, não possui inclinação

e por isso não permiti que o pé fique em um ângulo de conforto. Também se

percebe, ao acionar o pedal o assento comprimi a parte posterior da coxa,

prejudicando a circulação e irrigação de perna e pé.

Pode-se pontuar outro movimento realizado durante a tarefa de

prensagem, a de torção. A torção lateral do tronco e pescoço é realizada para o

funcionário ter o acesso as chapas a serem prensadas. Caracterizando, nos dois

casos (figura 43 e 44), problemas instrumentais (desnível e distância do objeto)

associados aos interfaciais e acionais manuais e pediosos. As imagens 43 e 44

mostram os trabalhadores realizando esse movimento.

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106

Figura 43 - Postura e movimento de torção do funcionário em seu posto de trabalho.

Fonte: Acervo pessoal.

Neste tipo de torção e flexão do tronco (conforme pode ser observado),

afeta-se toda região da coluna sobrecarregando a região lombar do funcionário e

principalmente a cervical (A) pela torção e a repetição deste movimento. Como

resultante tem-se o aparecimento de distensões musculares, hérnia de disco,

diminuição da amplitude de movimento, dores, inflamações, cifose. O

posicionamento da região inferior do funcionário (B), pernas e pés, por sua vez,

poderá acarretar no indivíduo inchaço nas perdas (falta de apoio de fato nos pés),

lesões e desgastes nas regiões de articulações e tensões musculares.

A figura 44 pode-se observar a atividade em maior grau de torção.

Page 108: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

107

Figura 44 - Postura e torção em maior grau do funcionário em seu posto de trabalho.

Fonte: Acervo pessoal.

Nesta parte da tarefa o funcionário rotaciona sua parte superior para ter

acesso as faixas de chapa mantendo a sua parte inferior fixa, provocando a torção

do tronco com maior grau do que na figura anterior (nº. 43). Basicamente, causa os

mesmos problemas osteomusculares que a torção da região cervical só que na

região lombar, mais acentuadamente. Dores são consequências, assimetria

postural, desgaste de discos, inflamações, tensões musculares também.

3.4.3.2. Layout

O setor de chapa em sua organização ambiental, layout, foi disposto

pelos responsáveis (donos) em conjunto com o gerente de produção da indústria,

como pode ser visto na figura 45.

Page 109: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

108

Figura 45 - Planta baixa do layout do ambiente do setor de chapa.

Fonte: Acervo pessoal.

A forma de organização dos setores foi pensada seguindo uma ordem

dos processos produtivos, finalizando com o encaminhamento do produto para o

setor de expedição (embalagem e transporte dos pedidos). Como pode ser

observado pelo sentido da seta. Então, a chapa e o setor de solda são um dos

últimos processos de fabricação de peças, para assim receber os processos de

acabamento (exemplo, cromagem) e embalagem. Outra questão considerada para a

configuração ambiental ou a disposição dos setores foi, em relação a entrada de

matéria-prima na produção, realizada por meio da abertura P2.

A organização interna do setor de chapa se deu pela divisão em partes

principais das atividades, considerando a quantidade e a mesma função das

máquinas sem outras considerações (condicionantes físico-ambientais, por

exemplo). Apenas agrupamento de atividades afins no ambiente.

3.4.3.3. Fluxos

Ao considerar o ambiente escolhidos para análises de vários fatores

foram observados, inclusive os fluxos presentes no setor e em sua proximidade. No

setor de chapa (e no ambiente onde está localizado) há fluxos dos próprios

funcionários, sejam sós ou acompanhados e de máquinas, que promovem o auxílio

ou dão suporte para as atividades ali desenvolvidas.

Page 110: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

109

Para a visualização desses fluxos e outras considerações sobre isto, a

figura 46 representa a planta baixa do ambiente, onde está localizado o setor de

chapa analisado e as marcações dos principais focos de fluxos neste setor (de

chapa).

Figura 46 - Planta baixa com fluxos do ambiente do setor de chapa.

Fonte: Acervo pessoal.

Observado a planta, na figura 46, pode-se explanar que, as setas na cor

vermelha e espessura mais grossa, são referentes ao fluxo principal realizado no

setor tanto de pessoas como para a entrada de carga/matéria-prima do meio

externo. Os fluxos representados pelas setas na cor azul são as movimentações que

acontecem internamente no setor de chapa, em específico entre os postos de

trabalho de prensagem. Por fim de representatividade, as setas na cor preta são os

outros fluxos que acontecem no setor produtivo entre os trabalhadores do local e

outras pessoas externas.

3.4.3.4. Acessibilidade

Observado os fluxos no ambiente, é importante e necessário considerar

outro fator associado a este, a acessibilidade. De acordo com a NBR 9050 a

definição para acessibilidade é a "possibilidade e condição de alcance, percepção e

entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço,

Page 111: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

110

mobiliário, equipamento urbano e elementos" (NBR 9050). Ou seja, ambientes que

permitam o seu uso sem discriminação de pessoas, dentro de suas possibilidades,

sem o detrimento de seu bem-estar e independência.

Desse modo, embasando-se no conceito de acessibilidade e na norma

NBR 9050, foi analisado o setor de chapa e alguns pontos do ambiente industrial

que dá acesso a este, para a verificação de elementos de acessibilidade, isto é, que

tornem o ambiente realmente passível a todos. A figura 47 exibi na planta baixa do

ambiente do setor de chapa os seus acessos (entrada e saída).

Figura 47 - Planta baixa com os acessos do ambiente do setor de chapa.

Fonte: Acervo pessoal.

Estes acessos, vistos na figura 47, estão envoltos em círculos de duas

cores, o azul é atribuído ao acesso que permite a entrada e saída de todos,

deficiente físico ou não. Em vermelho, por sua vez, sinalizam as áreas de acesso

que limitam a entrada de pessoas, principalmente os que possuem alguma

deficiência, como por exemplo, um cadeirante.

O ambiente industrial de modo geral não possui muitos elementos que o

tornem de fato acessível, principalmente pelo fato deste fator não ser considerado

no pré-projeto da indústria ou na sua pós ocupação. A rampa é um desses

elementos, está presente em alguns locais do ambiente para facilitar o transporte de

Page 112: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

111

cargas entre alguns setores, onde escadas tornariam inviável este trânsito. Essas

rampas poderiam facilitar também o acesso de pessoas com deficiência nos

membros inferiores, por exemplo, porém não possui outros elementos de apoio,

como, pegas ou corrimãos. A figura 48 mostra uma das rampas constada no setor

produtivo.

Figura 48 - Rampa.

Fonte: Acervo pessoal.

Como pode ser visto este elemento não possui qualquer outro recurso

que garantam maior segurança ou autonomia (barras, pisos táteis com sinalização

de segurança ou identificando que há um desnível), desgaste físico em seu piso e é

importante salientar que, sua configuração (inclinação) não obedece a nenhuma

norma (NBR 9050).

Portanto, a indústria ainda não possui qualquer outro elemento, recurso

ou tecnologia assistiva11 em seus setores ou em seus ambientes internos (banheiro

acessível, exemplificando). E suas aberturas para entrada e saída de pessoal

(acesso) ou mesmo o trânsito entre setores não favorecem a indiscriminação de

indivíduos (com e sem deficiência).

11

Tecnologia Assistiva pode ser definida: "(...) todo o arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e conseqüentemente promover vida independente e inclusão (BERSCH; TONOLLI, 2006 apud BERSCH, 2013, p. 2).

Page 113: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

112

3.4.4. Percepção Ambiental

A partir desta etapa e por meio dela, buscou-se compreender a visão do

usuário sobre o seu ambiente de trabalho a partir da identificação dos pontos

positivos e negativos presentes neste ambiente, assim como, a sua influência no

desempenho e execução das atividades realizadas.

Esta etapa permitiu um entendimento além da superfície e de estereótipos, pois

utiliza-se de instrumentos, como, a entrevista, perguntas abertas diretamente com o

usuário ambiental e (por fim) uma visualização gráfica dos elementos influentes no

ambiente para o trabalhador.

3.4.4.1. 1ª Etapa - Características espontâneas

Esta seção, como evidenciado, corresponde a uma análise dos

condicionantes físico-ambientais que influenciam o funcionário na concretude de sua

tarefa e também, a sua percepção sobre o ambiente com todos esses elementos e

cargas experienciais próprias.

Portanto, nesta etapa, foi realizado o seguinte questionamento aos

trabalhadores dos postos de trabalho de prensagem, ao total de 5 funcionários,

inclusive o supervisor do setor: "Para você, como seria um ambiente ideal para a

realização de suas tarefas?". A pergunta tem por objetivo compreender quais os

elementos ideais (simbólicos) de um ambiente para a execução de uma tarefa plena,

adequada aos seus parâmetros (dos trabalhadores) de idealização, através de

respostas discursivas irrestritas, espontâneas.

Por meio das informações recolhidas e organizadas, calculou-se a

probabilidade de aparecimento de cada atributo (i). A fórmula utilizada está

representada pela equação 4.

Equação 4 - Fórmula de Probabilidade de atributos.

Fonte: Vasconcelos; Villarouco; Soares, 2009.

Page 114: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

113

O Pi corresponde a probabilidade de associação do atributo (i); "ni" é o

número de aparições do atributo nas respostas e "n" é o número total de respostas

obtidas. Feito isso, o resultado é aplicado a mais um cálculo matemático, a uma

função logarítmica correspondente a equação 5.

Equação 5 - Fórmula de Função logarítmica.

Fonte: Vasconcelos; Villarouco; Soares, 2009.

Por meio desta função, é resultada a distância psicológica do atributo (D),

dada em centímetros, sobre a probabilidade de associação do atributo (Pi). Desse

modo, a tabela 8 mostra os atributos relatados pelos trabalhadores, o número de

ocorrência das mesmas respostas e por fim as distâncias psicológicas obtidas

através dos cálculos anteriores, equações 4 e 5.

Tabela 8 - Tabulação dos dados das características espontâneas.

Categoria Atributos associados a um ambiente imaginário

Ocorrências Distâncias Psicológicas

Instalações Ambiente espaçoso 2 1

Ambiente Organizado 1 1, 430676558

TOTAL

3

Conforto

Ambiental

Temperatura agradável 3 0, 850274153

Ambiente tranquilo 5 0, 715338279

Bastante ventilado 5 0, 715338279

Ambiente claro 1 1, 430676558

TOTAL

14

Relações

Profissionais

Ambiente amigável 2 1

TOTAL

2

Outros Pessoas 1 1, 430676558

TOTAL

1

Total de respostas 20

Continuação da tabela 8 na próxima página.

Page 115: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

114

Categoria Atributos associados a um ambiente imaginário

Ocorrências Distâncias Psicológicas

Total de funcionários

entrevistados

5

Fonte: Adaptado de Andreto, 2005.

Como podem ser vistos na tabela 9, os atributos com menor ocorrência

nas repostas dos funcionários possuem uma distância psicológica maior. Após esta

tabulação de elementos, o gráfico 7 representa através da constelação de atributos

os dados obtidos da tabela 10.

Gráfico 7 - Constelação de atributos do ambiente ideal.

Fonte: Acervo pessoal.

No gráfico 7 estão constados os atributos presentes nas respostas dos

funcionários obtidas por intermédio da pergunta realizada sobre o ambiente

simbólico de cada trabalhador. Esse gráfico compõe-se de um círculo central,

representando o ambiente ideal e as distâncias psicológicas de acordo com o

número de ocorrência dos atributos em sentido horário.

Continuação da tabela 8.

Page 116: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

115

3.4.4.2. 2ª Etapa - Características induzidas

Dando sequência, para compreender a relação do indivíduo perante o

ambiente (a percepção deste, seus pontos positivos e negativos, e a repercussão

desses fatores no desempenho da tarefa e bem-estar do trabalhador), foi realizada a

seguinte pergunta: "Pra você, como é o ambiente onde você trabalha?". A pergunta

tem o objetivo de obter respostas, também, irrestritas em número, espontâneas e

abertas.

Sendo assim, segue a tabulação dos dados (tabela 9) organizados

conforme a sua categoria, número de aparecimento e distância psicológica.

Tabela 9 - Tabulação dos dados das características induzidas.

Categoria Atributos associados a um ambiente real

Ocorrências Distância Psicológica

Instalações Ambiente espaçoso 2 1, 256470797

Ambiente organizado 4 0, 911651811

Boa estrutura 1 2, 0208143

TOTAL

7

Conforto

Ambiental

Altas temperaturas 4 0, 911651811

Ruidoso 3 1, 028836988

Pouco ventilado 4 0, 911651811

Iluminação deficiente 1 2, 0208143

TOTAL

12

Equipamentos Muitas máquinas 2 1, 256470797

Vários materiais 1 2, 0208143

TOTAL

3

Relações

Profissionais

Produtividade 4 0, 911651811

Atenção na atividade 3 1, 028836988

Bom relacionamento 2 1, 256470797

TOTAL

9

Outros Pessoas 1 2, 0208143

TOTAL

1

Total de respostas 32

Continuação da tabela 9 na próxima página.

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116

Categoria Atributos associados a um ambiente real

Ocorrências Distância Psicológica

Total de usuários

entrevistados

5

Fonte: Adaptado de Andreto, 2005.

Então, com os dados organizados e obtidos: Cada variável e seus

atributos, número de aparecimento de respostas e o valor das distâncias

psicológicas obtidas, o gráfico 8 mostra visualmente os dados obtidos.

Gráfico 8 - Constelação de atributos do ambiente real.

Fonte: Acervo pessoal.

Neste gráfico, referente as respostas obtidas, foi estruturado no sentido

horário em relação ao círculo central e com divisão das categorias por cores. Como

consta no gráfico 8, o círculo representa o ambiente real, os atributos mais próximos

deste círculo correspondem a relação de proximidade do simbólico (idealizado)

referente ao real e assim, inversamente (afastamento do centro).

Continuação da tabela 9.

Page 118: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

117

SEÇÃO 4 Apresentação e discussão de resultados

Nesta seção, serão discutidos e apresentados os resultados obtidos a

partir da avaliação ergonômica do ambiente construído realizada no ambiente

industrial em seu setor de chapa, especificamente. Com a confrontação dos dados

obtidos no ambiente em relação à parte normativa do referencial teórico: leis,

determinações, requisitos, referente à iluminação, ventilação, ruído, vibração,

temperatura e cor. E por fim, as recomendações ergonômicas sugeridas para a

adequação dos condicionantes espaciais às necessidades formais e funcionais do

trabalhador e o desenvolvimento de sua tarefa.

4.1. Diagnóstico ergonômico do ambiente

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118

A partir da NBR 5413, a qual definiu os valores de iluminância em um

ambiente, foi verificada através das medições realizadas no setor de chapa a

insuficiência da iluminação para a necessidade das atividades e tarefas ali

desenvolvidas, como a tarefa de prensagem.

Tem-se uma deficiência de 30 lux no setor, resultados da diferença do

valor estabelecido pela norma de 200 lux pelo o nível de iluminância encontrado

realmente no setor, 170 lux. Pode-se contatar, que no ambiente há poucos focos de

iluminação natural, principalmente, direcionadas para o setor. Os cobogós presentes

na estrutura do ambiente estão a uma altura de 2,88 do chão, possuindo uma

abertura muito pequena para a passagem de luz. Os portões com aberturas maiores

localizam-se antes e posterior ao setor, afastados dos postos de trabalho.

Em relação à ventilação, os focos de passagem de ar são basicamente os

mesmos que permitem a entrada de luz natural no ambiente, ou seja, pelas

aberturas dos cobogós e dos portões presentes na estrutura. O setor de chapa não

possui janelas. Os ventiladores existentes no ambiente produtivo industrial estão

alocados em pontos específicos de todos os setores, porém não na quantidade

necessária. O setor de chapa possui apenas 1 ventilador direcionado a uma

máquina específica (dobradeira), portanto, insuficiente.

Quanto a aeração, a indústria possui localizado no seu telhado

exaustores eólicos, a quantidade desses exaustores para a área industrial é

suficiente para o atendimento das suas necessidades de dispersão de partículas e

ar quente. Isto conforme o cálculo constado na ABNT (comprimento x largura x

altura x nº de trocas de ar / 4.000).

Ainda para a NR 17, a velocidade do ar deve estar no limite de 0,75 m/s,

ou seja, não deve ser superior a este valor. O ambiente possui uma velocidade de

0,02 m/s, bem abaixo do limite fixado.

No que diz respeito a temperatura, também bastante comentada pelos

usuários do ambiente e relacionada a ventilação, as medições constataram uma

variação de 20°C nos períodos mais frios e uma mínima de 23°C a uma máxima de

28°C. Essas medições foram realizadas em diferentes pontos e no que determina a

NR 17, a temperatura ideal para um ambiente dessa espécie, seria entre 20°C e

23°C estáveis. Porém no período de mais calor as temperaturas do ambiente

ultrapassam o recomendado, podendo a comprometer o bem-estar dos funcionários.

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119

O ruído também é algo presente no ambiente e no setor de chapa. As

máquinas ao serem manuseadas para o seu fim dissipam pelo ambiente alguns

sons desagradáveis. Conforme a NR 15, para uma carga horária de trabalho de 8

horas a norma recomenda um nível de ruído de até 85 dB em seu limite máximo, os

trabalhadores dessa indústria possuem aproximadamente 9 horas de jornada de

trabalho com 1hora e 10 minutos para o descanso e a alimentação. Com as

medições realizadas, foi possível obter uma média de 87 dB (valor constatado perto

do ouvido do funcionário). Como pode ser comparado, a carga horária e o nível

encontrado de ruído são superiores ao estabelecido pela norma, podendo acarretar

danos auditivos e outros problemas para a saúde do trabalhador e durante a

atividade.

Quanto à vibração, as máquinas possuem ondas vibratórias próprias

bastante pequenas. As vibrações das máquinas de prensagem (posto de trabalho

analisado) alternaram entre 0.2 a 0.5, porém quando acionado o pedal para a

prensagem da peça, as vibrações atingiram 5.0 e conforme a Escala de Mercalli

Modificada (MMI) é um nível forte. Ou seja, a vibração mais forte incide de maneira

não contínua e por uma fração de segundos.

A cor presente no ambiente é o branco, o azul e o cinza. Uma maior

variação de cores está aplicada no maquinário, laranja, verde, tons de amarelo. Em

relação da cor da parede, é divida pelas três cores, parte inferior azul, meio e maior

região pintada de branco, e uma região (faixa), na cor cinza. O branco, devido ao

seu alto valor de luminosidade deixa o ambiente mais claro, aumenta a percepção

de espaço e relaciona-se com aspectos simbólicos de limpeza. Ao contrário do

cinza, presente no piso e telhado. A cor azul tranquiliza, porém como não é

empregada em demasia não entedia já as cores das máquinas versam entre o

laranja, amarelo e verde, transmitem a sensação de ânimo, vibração como

apaziguamento, calma (o verde).

Referente à organização e ao fluxo, o que mais comprometem estes no

interior do setor são os objetos acessórios, como, os carrinhos, T's (e etc), pelo seu

descarte pós uso. Ou seja, os objetos são largados por todo setor, inclusive em

áreas de trânsito. Comprometendo tanto a movimentação como áreas do ambiente

que poderiam ser utilizadas para outros fins necessários. Portanto, há uma

desorganização interna do setor referente, principalmente, aos objetos acessórios

que afetam por consequência o fluxo interno no setor.

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120

O ambiente industrial, onde está incluso o setor de chapa, não é

acessível, possui várias barreiras como escadas, acessos estreitos e deficiências em

elementos estruturais que possibilitassem o acesso de todos a indústria (falta de

pegas, corrimãos, piso (tátil) com sinalização direcional e de alerta).

Sobre os equipamentos de Proteção Individual (EPI) pode-se concluir

que, os funcionários fazem o uso dos EPI's diariamente, utilizando protetores

auriculares, fardamento próprio, botas e luvas, com reposição caso haja a perda,

dano ou desgaste desses equipamentos e também há a cobrança para a utilização e

há a instrução do uso. O que verificou-se foi a resistência por parte de alguns

trabalhadores no uso de seus EPI's.

4.2. Recomendações ergonômicas

Para o fim ergonômico, de uma relação positiva entre o usuário, seu

ambiente laboral e a tarefa realizada, a seguir, foi topificadas as recomendações

sugeridas a partir das análises e observações concluídas. Portanto:

- Adequar o nível de iluminação do setor de chapa ao valor estabelecido

na NBR 5413 (200 lx), através da reorganização do sistema lumínico ou por

lâmpadas com maior potência;

- Abastecer o setor de chapa com a presença de equipamentos de

circulação de ar, como, ventiladores;

- Construir aberturas favoráveis para a entrada de ar no setor de chapa,

favorecendo os funcionários em suas atividades realizadas tanto de pé como na

posição sentada;

- Construir as novas aberturas com materiais e equipamentos, também,

pensando nos períodos mais frios, de modo que favoreçam a circulação do ar

quando necessário, porém não prejudiquem os funcionários em outras condições

temporais (inverno);

- Identificar os equipamentos e maquinários que emitam ruído,

realocando-os mais longe possível das outras atividades não ruidosas do setor;

- Instalar telas de segurança nas máquinas de prensa, evitando assim, a

entrada da mão do operador em partes inadequadas e de perigo;

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121

- Fixar nas paredes do setor, apenas as placas de sinalização

necessárias e os equipamentos de segurança que assim necessite dessa

localização, extintores, por exemplo;

- Reorganizar o local das máquinas fixas do setor;

- Reorganizar os pontos de armazenamento e estocagem de material no

setor de chapa;

- Criar um local para o armazenamento dos objetos acessórios pós uso;

- Acrescentar mais pontos de estocagem;

- Redimensionar o espaçamento entre os postos de trabalho;

- Substituir os produtos utilizados como assento pelos funcionários por

modelos que estejam dentro dos requisitos da NR 17, principalmente em altura;

- Contratar profissionais especializados, caso haja objetivo de reforma ou

expandir novas áreas, para realização projetual dos sistemas de ventilação,

iluminação e o layout de forma a atender as necessidades físicas industriais sem o

detrimento dos seus funcionários.

- Contratar profissionais especializados para tornar o ambiente industrial,

assim como o acesso ao setor de chapa, acessível para todos.

- Implementar mais campanhas sobre o uso do EPI, para maior

conscientização dos funcionários.

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122

SEÇÃO 5

Considerações finais

Por fim, esta seção contém as considerações finais sobre toda a parte

que compõe o referencial teórico desta pesquisa. Pontuações relacionadas às

contribuições encontradas e adquiridas, os fomentos para a formulação e

comprovação das hipóteses surgidas, assim como os obstáculos e processos de

amadurecimento dos conteúdos, informações e métodos, aqui aplicados. Assim,

como sugestões para estudos posteriores referentes a pesquisa (sua expansão e/ou

complementação).

5.1. Considerações a respeito do referencial teórico

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123

O referencial teórico para o pesquisador é um fomento para o desenvolver

de sua pesquisa, onde encontra informações e a estrutura para chegar ao fim

proposto por intermédio de sua comparação com a realidade escolhida, concreta.

O objetivo desta pesquisa foi a realização de uma avaliação ergonômica

em um determinado ambiente, no caso, foi selecionado um ambiente industrial,

devido a importância da indústria no desenvolvimento de uma localidade, país, como

nas dimensões industriais. Estas, não apenas físicas (área), mas também por atingir

inúmeras pessoas, não só no consumo de seus produtos, mas fundamentalmente

proporcionando trabalho. Porém, muitas vezes, esse ambiente industrial não

contribui favoravelmente com o trabalhador, prejudicando sua saúde, conforto,

segurança e bem-estar. Os acidentes de trabalho neste setor possuem um

considerável número, ascendentes ano a ano, por vezes.

Então, com o propósito de avaliar ergonomicamente um ambiente

construído, industrial, a seção 2 permite ao leitor compreender o objetivo da

ergonomia do ambiente construído, sua relação ou proposta para o ambiente de

trabalho e a partir de seus conceitos reunir informações sobre os seus

condicionantes físico-ambientais perante as atividades desenvolvidas e

principalmente, diante do usuário.

A terceira seção contempla as normas e leis regulamentadas

nacionalmente e internacionalmente, que estabelecem parâmetros para a verificação

dos fatores ambientais encontrados, exemplo, iluminação, vibração, ruído, cor,

temperatura, ventilação. Propicia ao pesquisador detalhes técnicos e seguros sobre

os elementos físicos e ambientais tanto no momento de análise como

posteriormente para o diagnóstico e as recomendações.

5.2. Considerações a respeito da metodologia

A cerca da metodologia pode-se expor que, a MEAC favorece ao

pesquisador a possibilidade de analisar o ambiente por meio de seus fatores físico-

espaciais e ainda de compreender em âmbito simbólico e real a percepção do

usuário sobre seu ambiente laboral.

Os fatores analisados são os mesmos que compõe o referencial teórico e

permeiam sobre toda a análise, pois são capazes de prejudicar o indivíduo, sua

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124

saúde e também a sua tarefa. Os fluxos ambientais, layout e se o ambiente é

acessível, também são vistos e considerados.

As dificuldades sofridas durante o emprego da metodologia se concentram,

basicamente, quando é necessário um contato mais direto do pesquisador com o

usuário do ambiente, por meio de entrevistas e questionários. A maior dificuldade

encontrada esteve na falta de compreensão inicial do que se estava perguntado

completando-se com uma ânsia de responder o que consideravam ser a "resposta

mais correta" da pergunta realizada.

5.3. Considerações a respeito dos resultados do estudo

Através de todas as etapas metodológicas seguidas e os dados

confrontados com o conteúdo do referencial teórico, foi possível constatar que

alguns dos condicionantes ambientais necessitam de ajustes, para então adequar-se

às necessidades demandadas pelos funcionários. A exemplo da iluminação,

ventilação, acessibilidade e organização do espaço, necessitam de maior atenção

sobre eles. Já o número de exaustores, o nível de vibração das máquinas e o uso de

EPI's, estão dentro dos padrões de satisfação normativos.

Portanto pode-se afirmar que, apesar de ter sido um ambiente construído

sem uma prévia intervenção ergonômica na fase projetual, nem todos os fatores

analisados estão disformes dos requeridos para um ambiente saudável para o

usuário. Porém, ainda necessitando de adequações em relação aos fatores

deficientes e problemáticos.

5.4. Sugestões para estudos posteriores

Ao fim, sugeri-se:

- Expandir a avaliação ergonômica para as outras áreas do setor

produtivo e administrativo da indústria;

- Realizar estudos antropométricos mais focados no dimensionamento,

movimentação e posicionamento dos funcionários;

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125

- Aprofundar os estudos referentes à acessibilidade do ambiente

industrial.

Page 127: ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …

126

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