ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: Um estudo de …
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
Departamento de Design
JULIANNE BATISTA DA SILVA
ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO:
Um estudo de caso do setor de chapa de uma indústria de metalurgia
Caruaru
2015
1
Julianne Batista da Silva
ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO:
Um estudo de caso do setor de chapa de uma indústria de metalurgia
Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Design do Centro Acadêmico do Agreste da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Design.
Orientador: Prof. MSc. Bruno Barros.
Caruaru
2015
2
Catalogação na fonte:
Bibliotecária - Simone Xavier CRB/4-1242
S586e Silva, Julianne Batista da.
Ergonomia do ambiente construído: um estudo de caso do setor de chapa de uma indústria de metalurgia. / Julianne Batista da Silva. - 2015.
134f. il. ; 30 cm. Orientador: Bruno Xavier da Silva Barros Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Federal de
Pernambuco, CAA, Design, 2015. Inclui referências bibliográficas 1. Ergonomia. 2. Indústrias. 3. Ambiente de trabalho. I. Barros, Bruno Xavier da
Silva. (Orientador). II. Título
740 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2015-293)
3
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE
NÚCLEO DE DESIGN
PARECER DE COMISSÃO EXAMINADORA
DE DEFESA DE PROJETO DE
GRADUAÇÃO EM DESIGN DE
JULIANNE BATISTA DA SILVA
"Ergonomia do Ambiente Construído: um estudo de caso do setor de chapa de
uma indústria de metalurgia"
A comissão examinadora, composta pelos membros abaixo, sob a presidência do
primeiro, considera a aluna JULIANNE BATISTA DA SILVA
APROVADA
Caruaru, 25 de fevereiro de 2015.
Professor BRUNO XAVIER DA SILA BARROS
Professor LOURIVAL LOPES DA COSTA FILHO
Professora EUZANI RAFAELA FERREIRA DE ALMEIDA SOBR
4
Dedico este trabalho
monográfico, a Deus, primeiramente. E
aos meus pais, Eraldo e Jocelma, pelo
amor, carinho, dedicação e generosidade
experienciados.
5
Você pode encarar um erro como uma
besteira a ser esquecida, ou como um
resultado que aponta uma nova direção.
(Steve Jobs)
6
RESUMO
Um aumento do desenvolvimento industrial significa a ampliação de renda
de uma economia local, do consumo e de gerações de empregos. Esta última
consequência, em específico, comporta vários questionamentos principalmente
relacionados ao executor do trabalho, o ser humano. O conhecimento desses
pressupostos pode identificar fatores físicos e ambientais que colaboram
positivamente ou negativamente na execução das atividades no âmbito industrial. O
que repercuti diretamente na produção fabril, implicando, muitas vezes,
planejamento e reorganização do ambiente para o seu usuário (o trabalhador).
Então, visando uma avaliação real das condições ofertadas aos trabalhadores
industriais e quais elementos físicos, ambientais e psicológicos afetam a
concretização de uma tarefa, foi realizado uma avaliação ergonômica em uma
indústria de metalurgia, no seu setor de chapa. Esta indústria, localiza-se no
município de Caruaru em Pernambuco, Estado que, concentra um dos maiores
centros industriais do Nordeste e investe na atividade industrial tanto na Região
Metropolitana do Recife (RMR) como, atualmente mais intenso, no interior (onde
localiza-se o ambiente industrial selecionado). Para este fim, utilizou-se a
Metodologia Ergonômica do Ambiente Construído (MEAC). Esta metodologia
permitiu testar os condicionantes físico-ambientais de um setor da indústria
selecionada, comparando-os ao material teórico utilizado (normas, leis,
bibliografias). Assim, foi verificado quais os fatores de interferência negativa no
desempenho das atividades, inclusive através da percepção ambiental do próprios
trabalhadores. Como, os focos lumínicos e de ventilação insuficientes para o setor;
índices de ruído e temperatura elevados (esta em determinada época do ano); fluxo
do ambiente comprometido. E por fim, possibilitou o registro de recomendações e
melhoramento do ambiente escolhido, setor de chapa: O abarcamento de avaliações
aos outros setores desta indústria e pesquisa mais profundas relacionadas as áreas
de antropometria, biomecânica. Exemplificando.
Palavras-chave: Ergonomia do ambiente construído. Condicionantes. Indústria.
Setor de chapa. Metodologia ergonômica do ambiente construído.
7
ABSTRACT
Increasing industrial development is the increased income of the local
economy, consumption and generation of jobs. The latter result, in particular,
includes several questions mainly related to the executor of the work, the human
being. Knowledge of these assumptions can identify physical and environmental
factors that contribute positively or negatively on the implementation of activities in
the industrial field. What has repercussions directly in manufacturing production,
implying often planning and reorganization of the environment for your user (the
employee). Then, towards a real assessment of the conditions offered to industrial
workers and which physical, environmental and psychological factors affect the
realization of a task, an ergonomic evaluation was conducted in a metallurgy industry
as a sheet metal industry. This industry, located in the municipality of Caruaru in
Pernambuco, State, concentrates one of the largest industrial centers of the
Northeast and invests in industrial activity both in the Metropolitan Region of Recife
(RMR) as currently more intense, inside (where localized if the selected industrial
environment). To this end, we used the Ergonomic Methodology of the Built
Environment (MEAC). This methodology allows us to test the physical and
environmental conditions of a selected sector of industry, comparing them to the
theoretical material used (rules, laws, bibliographies). Thus, it was found that the
negative interference factors in the performance of activities, including through
environmental awareness of the workers themselves. As insufficient luminance and
ventilation focuses for the sector; noise levels and high temperature (in this particular
time of the year); flow compromised environment. And finally, allowed the registration
of recommendations and improvement of the environment chosen, sheet metal
industry: The encompassing assessments to other sectors of the industry and
research deeper related areas of anthropometry, biomechanics. Exemplifying.
Keywords: Ergonomics of the built environment. Conditions. Industry. Sheet metal
industry. Ergonomic methodology of the built environment.
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Resposta fisiológica a estímulos ambientais. ............................................ 24
Figura 2 - Tipos de iluminação. ................................................................................. 26
Figura 3 - Iluminação zenital em indústria. ................................................................ 27
Figura 4 - Ventilação geral diluidora. ......................................................................... 32
Figura 5 - Efeito chaminé. ......................................................................................... 33
Figura 6 - Reações biológicas do corpo humano ao ruído. ....................................... 36
Figura 7 - Síntese de cores subtrativas e aditivas. .................................................... 39
Figura 8 - Percepção da cor no ambiente. ................................................................ 42
Figura 9 - Posições de realização de uma tarefa. ..................................................... 45
Figura 10 - Características das lâmpadas artificiais. ................................................. 50
Figura 11 - Representação de uma área regular com duas ou mais linhas contínuas
de luminárias. ............................................................................................................ 51
Figura 12 - Direções do sistema de coordenadas para vibrações mecânicas em
humanos.................................................................................................................... 56
Figura 13 - Mictório coletivo. ..................................................................................... 67
Figura 14 - Banheiro coletivo. .................................................................................... 67
Figura 15 - Representação do gráfico da constelação de atributos. ......................... 75
Figura 16 - Setor de chapa. ....................................................................................... 79
Figura 17 - Vista frontal da indústria. ......................................................................... 80
Figura 18 - Planta baixa dos setores administrativos. ............................................... 81
Figura 19 - Setor de chapa em perspectiva. ............................................................. 82
Figura 20 - Exemplo de iluminação natural. .............................................................. 84
Figura 21 - Exemplo de iluminação artificial. ............................................................. 85
Figura 22 - Planta baixa com os focos de iluminação natural e artificial. .................. 85
Figura 23 - Exemplo de iluminação combinada. ........................................................ 86
Figura 24 - Planta baixa com os pontos de medições de iluminação. ....................... 87
Figura 25 - Exemplos de elementos de aeração. ...................................................... 88
Figura 26- Planta baixa contendo os focos de ventilação natural e artificial. ............ 89
Figura 27 - Planta baixa contendo os pontos de medições de ventilação. ................ 90
Figura 28 - Planta baixa contendo os pontos de medições de temperatura. ............. 91
Figura 29 - Planta baixa contendo as zonas de ruído. .............................................. 92
Figura 30 - Planta baixa contendo os pontos de medições de ruído. ........................ 93
9
Figura 31 - Planta baixa contendo os pontos de medições de vibração. .................. 94
Figura 32 - Prensa mecânica. ................................................................................... 95
Figura 33 - Dobradeira manual. ................................................................................. 96
Figura 34 - Elemento acessório. ................................................................................ 96
Figura 35 - Objetos auxiliares no setor de chapa. ..................................................... 97
Figura 36 - Funcionário em seu posto de trabalho. ................................................... 98
Figura 37 - Vista posterior do funcionário em seu posto de trabalho. ..................... 100
Figura 38 - Funcionário em seu posto de trabalho na realização da tarefa na posição
de pé. ...................................................................................................................... 101
Figura 39 - Funcionário em seu posto de trabalho na realização da tarefa na posição
sentada. .................................................................................................................. 102
Figura 40 - Vista posterior do funcionário em realização da tarefa na posição
sentada. .................................................................................................................. 103
Figura 41 - Posição inicial da atividade de pressionamento do pedal da prensa
mecânica. ................................................................................................................ 104
Figura 42 - Posição final da atividade de pressionamento do pedal da prensa
mecânica. ................................................................................................................ 105
Figura 43 - Postura e movimento de torção do funcionário em seu posto de trabalho.
................................................................................................................................ 106
Figura 44 - Postura e torção em maior grau do funcionário em seu posto de trabalho.
................................................................................................................................ 107
Figura 45 - Planta baixa do layout do ambiente do setor de chapa. ........................ 108
Figura 46 - Planta baixa com fluxos do ambiente do setor de chapa. ..................... 109
Figura 47 - Planta baixa com os acessos do ambiente do setor de chapa. ............ 110
Figura 48 - Rampa. ................................................................................................. 111
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Condutibilidade térmica de alguns materiais de construção civil. ............ 29
Tabela 2 - Faixa de frequência de vibração e afetação no corpo humano. ............... 37
Tabela 3 - Fatores determinantes da iluminância adequada. .................................... 47
Tabela 4 - Iluminância (lux) por tipo de atividade. ..................................................... 47
Tabela 5 - Valores dB (A) e NC. ................................................................................ 53
Tabela 6 - Valores numéricos de "nível de eficiência reduzido (fadiga)" para
aceleração da vibração longitudinal az (pé-cabeça). ................................................ 59
Tabela 7 - Valores numéricos de "fadiga" - nível de eficiência reduzido para
aceleração de vibração na direção transversa a ou a (costas-peito ou lado a lado). 62
Tabela 8 - Tabulação dos dados das características espontâneas. ........................ 113
Tabela 9 - Tabulação dos dados das características induzidas. ............................. 115
11
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Significado e percepção cromática.......................................................... 40
Quadro 2 - Equipamentos de proteção individual (EPI). ........................................... 64
Quadro 3 - Especificações técnicas da NR24. .......................................................... 68
Quadro 4 - Procedimentos da constelação de atributos. ........................................... 74
12
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Adaptação do olho humano ao escuro e ao claro. .................................. 25
Gráfico 2 - Diagrama do conforto térmico humano. ................................................... 31
Gráfico 3 - Limite de aceleração longitudinal (az) como função da frequência e tempo
de exposição para nível de eficiência (fadiga). .......................................................... 57
Gráfico 4 - Limite de aceleração longitudinal (az) como função da frequência (para
banda de 1/3 de oitava) e o tempo de exposição para nível reduzido de eficiência
(fadiga). ..................................................................................................................... 58
Gráfico 5 - Limite de aceleração transversal (ax e ay) como função da frequência e
tempo de exposição para nível reduzido de eficiência (fadiga). ................................ 60
Gráfico 6 - Limite de aceleração transversal (ax e ay) como função da frequência
(para banda de 1/3 de oitava) e tempo de exposição para nível reduzido de
eficiência (fadiga). ..................................................................................................... 61
Gráfico 7 - Constelação de atributos do ambiente ideal. ......................................... 114
Gráfico 8 - Constelação de atributos do ambiente real. .......................................... 116
13
LISTA DE EQUAÇÕES
Equação 1 - Fórmula de iluminância média. ............................................................. 51
Equação 2 - Fórmula de nível de pressão sonora. .................................................... 52
Equação 3 - Fórmula de nível de pressão ponderada. .............................................. 52
Equação 4 - Fórmula de Probabilidade de atributos. .............................................. 112
Equação 5 - Fórmula de Função logarítmica........................................................... 113
14
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 16
Justificativa .............................................................................................................. 17
SEÇÃO 1 – Ergonomia do Ambiente Construído ................................................. 20
1.1. Princípios da Ergonomia do Ambiente Construído .......................................... 21
1.2 A Ergonomia do Ambiente Construído e o posto de Trabalho ......................... 22
1.2.1. Iluminação no ambiente de trabalho ......................................................... 23
1.2.2. As Condições Térmicas Ambientais ......................................................... 28
1.2.3. Ventilação e Aeração em Edificações Industriais ..................................... 32
1.2.4. Ruído no Ambiente de Trabalho ............................................................... 34
1.2.5. A Incidência de Vibração no Posto de Trabalho ....................................... 36
1.2.6. Significado e Psicologia das cores e indicações em ambientes ............... 38
SEÇÃO 2 – Aspectos Normativos e Regulamentos do Ambiente ....................... 43
2.1. NR 17 - Ergonomia ......................................................................................... 44
2.2. NBR 5413 - Iluminância de Interiores ............................................................. 45
2.3. - NBR 5382 - Verificação de Iluminância de Interiores .................................... 48
2.4. NBR 10152 - Níveis de Ruído para Conforto Acústico .................................... 52
2.5. NR 15 - Atividades e Operações Insalubres ................................................... 54
2.6. ISO 2631 - Guia para Avaliação da Exposição Humana à Vibrações do Corpo
Inteiro ..................................................................................................................... 55
2.7. NR 6 - Equipamentos de Proteção Individual (EPI) ........................................ 62
2.8. NR 24 - Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho ................ 66
2.9. NBR 7195 - Cores para segurança ................................................................. 69
SEÇÃO 3 – Procedimentos Metodológicos ........................................................... 70
3.1. A Metodologia Ergonômica do Ambiente Construído ...................................... 71
3.1.2. Identificação da configuração ambiental ................................................... 72
3.1.3. Avaliação do ambiente em uso no desempenho das atividades .............. 72
3.1.4. Percepção ambiental ................................................................................ 73
3.1.5. Diagnóstico ergonômico e recomendações .............................................. 75
3.2. Método de abordagem e procedimentos ......................................................... 76
15
3.3. Descrição do objeto de estudo ........................................................................ 78
3.4. Aplicação da Metodologia Ergonômica do Ambiente Construído.................... 79
3.4.1. Análise global do ambiente ....................................................................... 80
3.4.2. Identificação da configuração ambiental ................................................... 83
3.4.2.1. Avaliação do conforto lumínico .............................................................. 83
3.4.2.2. Avaliação das condições de ventilação ................................................. 87
3.4.2.3. Avaliação do conforto térmico ................................................................ 90
3.4.2.4. Avaliação do conforto acústico .............................................................. 92
3.4.2.5. Avaliação das condições de vibração .................................................... 93
3.4.3. Avaliação do ambiente em uso e desempenho das atividades .................... 94
3.4.3.1. Postos de trabalho ................................................................................. 95
3.4.3.2. Layout .................................................................................................. 107
3.4.3.3. Fluxos .................................................................................................. 108
3.4.3.4. Acessibilidade ...................................................................................... 109
3.4.4. Percepção Ambiental ................................................................................. 112
3.4.4.1. 1ª Etapa - Características espontâneas ............................................... 112
3.4.4.2. 2ª Etapa - Características induzidas .................................................... 115
SEÇÃO 4 – Apresentação e discussão de resultados ....................................... 117
4.1. Diagnóstico ergonômico do ambiente ........................................................... 117
4.2. Recomendações ergonômicas ...................................................................... 120
SEÇÃO 5 – Considerações finais ......................................................................... 122
5.1. Considerações a respeito do referencial teórico ........................................... 122
5.2. Considerações a respeito da metodologia .................................................... 123
5.3. Considerações a respeito dos resultados do estudo ..................................... 124
5.4. Sugestões para estudos posteriores ............................................................. 124
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 126
16
INTRODUÇÃO
A atividade industrial no Brasil, como no estado de Pernambuco, possui
importante participação na economia. Só em Pernambuco estão instaladas mais de
15 mil indústrias gerando um quantitativo de empregos de aproximadamente
399.546 mil, conforme a FIEPE... (2014). No interior do Estado, segundo dados da
Secretaria de Desenvolvimento Econômico (sdec) (2014), foram direcionados R$ 53
milhões em investimentos industriais dando origem a 655 novos postos de trabalho.
Estes números ascendentes de pessoas empregadas na indústria
também contrastam com o número de acidentes laborais ocorridos neste âmbito. De
acordo com o Ministério de Previdência Social (2014), em 2013, foram totalizados,
entre trabalhadores formais e informais, 222. 473 acidentes de trabalho na indústria
de transformação1 número maior do que os registrados nos anos de 2011 e 2012.
Ainda segundo o Ministério de Previdência Social (2014), as principais causas de
acidentes laborais industriais estão relacionadas aos "fatores de riscos ergonômicos
- tais como má postura e esforços repetitivos - e sobrecarga mental", os quais têm
superado os acidentes traumáticos, fratura, por exemplo.
Dessa forma, abrem-se questionamento de como o ambiente industrial
está disposto para o trabalhador no executar de sua tarefa. Se este favorece ou não
as atividades realizadas de modo eficiente (produtivo), conservando o bem-estar,
conforto e segurança do usuário deste ambiente laboral, em relação a seus
condicionantes físico-espaciais. Como a temperatura, iluminação, ruído, ventilação,
organização do espaço e acessibilidade.
Do ponto de vista ergonômico, mais precisamente da ergonomia do
ambiente construído, o ambiente ou os espaços devem estar adaptados e em
conformidade com as tarefas e as atividades ali realizadas (VILLAROUCO, 2007
apud MONT'ALVÃO; VILLAROUCO, 2011). Considerando elementos ambientais
relacionados ao conforto, a percepção do espaço, materiais de revestimento e
acabamento, postos de trabalho, layout do ambiente e mobiliário (MORAES, 2005).
1 A indústria de transformação é uma denominação para as indústrias que transformam matéria-prima
em produtos sejam eles finais ou intermediários, que ainda passarão por outra indústria de transformação para sua finalização (produto final). São exemplos de indústria de transformação: Metalurgia; fabricação de máquinas e equipamentos; fabricação de produtos de metal e não metálicos (...).
17
Sendo assim, foi selecionado, como objeto de estudo, o setor de chapa
de uma indústria de metalurgia localizada no município de Caruaru do estado de
Pernambuco, onde se buscou realizar uma avaliação ergonômica referente aos
usuários desse setor e o seu ambiente laboral (condicionantes físico-espaciais).
Tendo como objeto geral desta pesquisa, justamente, produzir uma análise
ergonômica do ambiente construído no setor de chapa de uma indústria de
metalurgia do município de Caruaru-PE.
E possuindo como objetivos específicos (delimitadores do enfoque da
pesquisa):
1 - Propor uma discussão sobre os índices lumínicos, de temperatura,
ruído e ventilação do ambiente;
2 - Compreender os danos humanos provenientes de inadequações
ergonômicas do ambiente construído;
3 - Oferecer alternativas de alterações do ambiente.
Para este fim, foi empregado a Metodologia Ergonômica do Ambiente
Construído (MEAC), a qual visa uma compreensão e análise do ambiente, a partir de
conhecimentos teóricos (leis, normas, bibliografia) e avaliações dos agentes físicos
do ambiente, como também o entendimento sobre a percepção do trabalhador
perante seu ambiente laboral.
Esta pesquisa está dividida em duas etapas: a fundamentação teórica,
como a "parte 1" e o estudo de campo, "parte 2". A fundamentação teórica aborda os
assuntos sobre a ergonomia do ambiente construído e as considerações sobre esta
e o ambiente de trabalho, os elementos condicionantes do meio, os quais interferem
no bem-estar do usuário e no desempenho da tarefa. E por fim, esta primeira parte
encerra-se com uma análise sobre as normas referente aos condicionantes físico-
ambientais. A segunda parte da pesquisa apresenta a aplicação da metodologia
escolhida, MEAC, no setor de chapa; o diagnóstico ergonômico referente a
avaliação, as recomendações e a discussão dos resultados obtidos da avaliação.
Justificativa
Esta pesquisa procurou produzir uma avaliação ergonômica de um setor
de chapa de um ambiente industrial (indústria de metalurgia) do município de
18
Caruaru-PE. Devido, primeiramente, as contribuições da indústria para a economia
de uma localidade, principalmente, no âmbito interno, pelas gerações de empregos
ou postos de trabalho. De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE) (2014), só na indústria de transformação, no Brasil, há 8. 292. 739 empregos
formais (com carteira de trabalho registrada). E em Pernambuco, este mesmo setor
industrial gerou 4. 260 novos postos de trabalho, em 2014, conforme o Blog do
Trabalho do MTE (2014). É o segundo setor econômico mais atuante, ficando atrás
apenas do setor de serviços (BRASIL SUSTENTÁVEL... 2014).
Outro ponto considerado ou motivo para a realização desta pesquisa, foi a
quantitatividade de acidentes e doenças laborais ocasionados nos ambientes
industriais. Só no ano de 2012 foram registrados 308. 060 acidentes, isto equivale a
uma incidência de 2.641 pessoas acidentadas por 100 mil trabalhadores (TRT4,
2014). Isso mostra que, há problemas entre o trabalhador, sua tarefa e o ambiente
onde está inserido. Seja problemas operacionais, estruturais, adaptativos e/ou
subjetivo. Surgindo como consequência(s) lesões, doenças e até mesmo o óbito.
Assim, a ergonomia do ambiente construído vem interferir positivamente
nesse sistema humano-tarefa-ambiente. Compreendendo as necessidades do
trabalhador, considerando suas possibilidades dentro da tríade: conforto, segurança
e bem-estar sem o detrimento da eficiência do trabalhador ou negligenciando a
influência do ambiente sobre este e da necessidade da realização da tarefa
(MORAES; MONT'ALVÃO, 2000).
Então, dessa forma, esta pesquisa poderá contribuir com a sociedade no
acréscimo de conhecimento sobre a Ergonomia do Ambiente Construído, sua
atuação, os elementos considerados por ela e alguns pensadores (autores) desta
área. Fonte bibliográfica. Proporciona também, o conhecimento de algumas normas
vigentes relacionadas ao tema (condicionantes físico-ambientais), que orientam e
delimitam situações e ações.
Já para a indústria colaborará para o melhoramento das condições de
trabalho no setor de chapa, uma vez que, foi possível identificar os condicionantes
físico-espaciais que comprometem a execução da tarefa tanto pelas medições
destes como pela percepção do próprio usuário ambiental. Assim, aumentando a
produtividade e eficiência dos trabalhadores sem danos à saúde, conforto,
segurança e bem-estar. Ou seja, prevenindo acidentes e patologias laborais.
19
Para a comunidade acadêmica esta pesquisa funcionará, assim como
para a sociedade, como mais uma fonte bibliográfica para pesquisas futuras dentro
deste tema, Ergonomia do Ambiente Construído. Dando acesso a mais uma visão
sobre esta vertente da Ergonomia, autores que dispõe sobre esta área de
conhecimento, além de outras informações relacionadas ao tema da pesquisa
(normas, por exemplo). E por fim, para contribuir na divulgação de métodos e
instrumentos científicos de análise e avaliação de ambientes de trabalho.
20
SEÇÃO 1 Ergonomia do Ambiente Construído
A ergonomia do ambiente construído é uma vertente da ergonomia, que
como esta, preocupa-se com o usuário no desempenho de suas atividades, porém
levando em consideração mais um elemento nessa relação, o ambiente. A
ergonomia do ambiente construído através dos seus conhecimentos embasados na
ergonomia e em outras áreas de conhecimento, como a Psicologia ambiental, por
exemplo, visa à adequação do ambiente às necessidades de seus usuários
(MONT'ALVÃO; VILLAROUCO, 2011).
Sendo assim, a seção 1 irá tratar sobre a Ergonomia do Ambiente
Construído de modo geral, seus princípios, preocupações com o homem em seu
ambiente de trabalho e com a tarefa que realizará. No que condiz ao ambiente,
serão abordados teoricamente questões sobre o conforto, segurança e bem estar,
iluminação do meio, ventilação, vibração, ruído e sobre as condições de temperatura
ambiental.
21
1.1. Princípios da Ergonomia do Ambiente Construído
A ergonomia do ambiente construído surgiu, devido a problemas na
configuração espacial de ambientes refletidos na execução de atividades por
determinado usuário (interface humano-tarefa-ambiente). A ergonomia do ambiente
construído considera o espaço, seu layout configuracional e a percepção do
ambiente pelo seu usuário e para este. Assim como, a disposição do mobiliário,
revestimentos, acabamentos, luminosidade, ventilação, ruído, vibração, cor
(MONT'ALVÃO; VILLAROUCO, 2011).
Segundo Mont'alvão; Villarouco (2011, p. 27),
(...) muitas são as variáveis envolvidas na identificação da adequabilidade de um ambiente construído, o que torna complexa a tarefa de aferir tal adequação, notadamente quando a encaramos sob o enfoque da ergonomia.
Portanto, por ser um ramo da ergonomia que considera o ambiente físico,
na interface homem-tarefa-máquina, a ergonomia ambiental (ou do ambiente
construído) visualiza o ambiente e o homem inserido de forma sistêmica e holística.
Uma vez que, há troca de influências tanto das atividades realizadas pelo usuário no
ambiente como o próprio influi no desempenho da tarefa (MONT'ALVÃO;
VILLAROUCO, 2011).
Por isso, essa área de conhecimento abarca outras grandes áreas (além
da ergonomia), como a Psicologia Social, para atingir seu fim a adaptação e
conformação dos ambientes ao homem e as suas tarefas nos locais
desempenhadas (MONT'ALVÃO; VILLAROUCO, 2011). Moraes (2005) diz que, a
ergonomia do ambiente construído é a prática objetiva do conhecimento da
Psicologia Social na elaboração de um ambiente em quaisquer de suas fases, pré e
pós-projeto.
Reis (2003) afirma, a implantação de um projeto deve passar por um
estudo quanto sua viabilidade técnica desde os momentos iniciais, considerando
todas as necessidades que os usuários terão na utilização do ambiente, para assim
poder ser implantado, construído. As avaliações de pós-ocupação dos ambientes
também são empregadas para a reavaliação do que foi construído ou modificado,
tendo ou não considerado inicialmente os conhecimentos ergonômicos. Assim,
analisando novas necessidades que não foram consideradas no plano projetual.
22
Ainda conforme Reis (2003), a ergonomia do ambiente construído, pode ser
preventiva e/ou corretiva. Para esses dois momentos de projetação diferentes, tem-
se a ergonomia conceptiva, atuante quando a intervenção (conhecimentos
ergonômicos) é realizada na fase projetual, reconhecendo os possíveis fatores de
deficiência do ambiente perante o usuário. E a ergonomia corretiva, é empregada
quando o ambiente já está concebido, concreto no meio.
Outro ponto a se considerar no planejamento dos espaços, de acordo
com Reis; Moraes (2003 apud MONT'ALVÃO; VILLAROUCO, 2011), é o
entendimento, por parte do projetista, da diferenciação do trabalho prescrito e do
trabalho real e qual será o ponto de partida para a projetação. O trabalho prescrito é
a tarefa em si e o trabalho real é o trabalhador operando aquela tarefa, em sua
dinâmica e nuances. Devido a essa falta de compreensão conceitual, comumente, o
trabalho prescrito é "tomado" como ponto inicial, entretanto priva o projetista de
observações mais profundas e detalhadas do homem realizando atividades em um
dado sistema.
1.2 A Ergonomia do Ambiente Construído e o posto de Trabalho
Conforme Itiro Iida (2005), posto de trabalho é a composição física (real)
do sistema entre homem, máquina e ambiente. Funcionando como uma unidade
produtiva. Sendo assim, há dois tipos de enfoque para analisar o posto de trabalho,
o enfoque taylorista e o ergonômico. Abordando o enfoque ergonômico, este é
baseado em uma análise postural biomecânica e na relação/comunicação do
homem, máquina e o ambiente.
Segundo Moraes (2005), o usuário em seu posto de trabalho necessita de
duas etapas para o desempenho de suas atividades: decisão e operação. A
primeira, é modo como o trabalhador irá executar a tarefa incumbida e a operação, é
a realização em ações físicas, das decisões pensadas e determinadas.
O usuário deve desempenhar suas atividades de modo que haja redução
das exigências cognitivas e físicas, com adequação de seu posicionamento
(postura) e as informações presentes no local favoreçam sua percepção. Assim, o
posto de trabalho deve envolver o trabalhador igual a "vestimenta" bem adaptada,
23
em que ele possa executar o seu trabalho com conforto eficiência e segurança (IIDA,
2005).
A ergonomia do ambiente construído, por sua vez, visa a adaptação do
meio ao humano, principalmente, para o favorecimento da execução de uma tarefa,
de uma forma que facilite suas atividades com segurança e conforto. Desse modo,
também considerando o sistema referido por Iida (2005), humano-tarefa-ambiente.
Segundo Júdice (2000), o ambiente confortável é aquele que atende as
necessidades humanas e ao mesmo tempo, assegura as condições que se fazem
necessárias para o cumprimento das tarefas, possibilitando que o indivíduo atue no
trabalho. Embora a ergonomia considere primordialmente o bem estar humano, sua
intervenção não pode desconsiderar ou descaracterizar a função que está sendo
desempenhada no posto de trabalho, logo no ambiente de trabalho, mas sim dar
condições de uma execução eficiente (logo, presume-se produtiva) e sem danos
posteriores:
A Ergonomia, certamente, preocupa-se com o indivíduo, mas também com a entidade da qual o indivíduo faz parte. Deve-se considerar, de fato, o bem estar do indivíduo (...), mas esta preocupação não deve superar a consideração dos propósitos e requisitos do sistema do qual o trabalhador participa (MORAES; MONT'ALVÃO, 2000, p.26).
Segundo as autoras Mont'alvão; Villarouco (2011) é fundamental a
garantia de um ambiente confortável, que possibilite ao utilizador a realização de
escolhas e o controle das condições do ambiente. Essa consideração está
diretamente ligada aos aspectos cognitivos e senso-perceptivo do usuário. Cabe
destacar, a percepção do indivíduo e suas sensações estão intimamente ligadas ao
seu comportamento, resposta sobre estímulos externos. Tais fatores contribuem
para a sua saúde, ponto essencial para esse ramo e a ergonomia em geral. Um
trabalhador saudável é um indicador que tanto o ambiente como as ferramentas
estão favoráveis e adequados as suas necessidades como um todo, fisicamente,
psicologicamente e socioculturalmente, logo sua produtividade será positiva.
1.2.1. Iluminação no ambiente de trabalho
24
O ambiente industrial não difere muito de outros ambientes em que o
indivíduo necessite realizar atividades. Proporcionar o conforto do usuário em seu
ambiente é considerar os elementos físico-espaciais que o compõe. A luz é um
destes elementos. A figura 1 ilustra os fatores ambientais, inclusive o condicionante
luz e a ação sobre o homem.
Figura 1 - Resposta fisiológica a estímulos ambientais.
Fonte: OSRAM, 2014.
Nesta figura 1, podem-se observar os estímulos externos "sobre" o ser
humano e a sua interferência através da sensação de conforto. O que se pode
concluir é que os estímulos ambientais estão atuando de forma positiva neste
indivíduo.
Sendo assim, Porto, Silvério; Silva... (2014) afirmam que, a escolha do
sistema de iluminação ambiental, suas orientações, complementos de
sombreamento e do direcionamento dado pelo homem ao fluxo luminoso é algo
determinante para a iluminação do ambiente. Também se deve considerar (para um
sistema de iluminação correto, que não cause constrangimentos ao trabalhador), as
características de cada luz se são de origem natural ou artificial, os materiais (índice
de refletância) e aberturas presentes no ambiente, a promoção da sensação de
conforto, a valorização de formas, cores, proporções (SZABO; JAGLBAUER, 2006).
Dada sua importância, a ambiência do local inclusive luminosa,
Bittencourt (2011) afirma que, no ato de definir o sistema de iluminação de um local,
deve ser considerado as demandas das tarefas ali realizadas e as características do
ser humano. Presume-se então, quanto maior for a exigência da adaptação do
homem ao meio, proporcionalmente será a ausência de conforto. Caso ambiente
25
não esteja adequadamente iluminado, independente de sua natureza da luz, o olho
humano irá tentar se adaptar a condição, como estará exposto a constrangimentos o
usuário poderá desenvolver patologias de âmbito visual.
O gráfico 1 mostra o tempo pela sensibilidade relativa da adaptação do
olho a dois momentos, ao escuro e ao claro, posteriormente.
Gráfico 1 - Adaptação do olho humano ao escuro e ao claro.
Fonte: Borges, 2006.
Pode-se perceber que, a sensibilidade do olho é ascendente na mesma
proporção em que os minutos são aumentados (quando o tempo passando). A
sensibilidade do olho chega em seu auge pós 41 minutos de exposição ao escuro e
declina a partir da exposição a luz, ao claro. Assim, é possível afirmar que o olho
humano fica mais sensível e logo mais suscetível a constrangimentos, no escuro a
medida que essa exposição se prolonga no tempo.
Segundo Padilla (2011), o ambiente industrial é desafiador para o
projetista como para o instalador quando se deseja proporcionar uma iluminação
correta e com fácil manutenção. Pois, deve ser levada em consideração a altura (do
piso ao teto), os riscos de acidentes, como explosões, presença de vapores,
materiais suspensos. E ainda os produtos que são fabricados, características dos
equipamentos produtivos, o grau de precisão das tarefas e a visibilidade das cores.
A figura 2 mostra tipos de iluminação empregados no ambiente industrial.
26
Figura 2 - Tipos de iluminação.
Fonte: Padilla, 2011.
A iluminação clássica é aquela encontrada no teto e direcionada para o
chão (plano horizontal). Esta iluminação, também chamada de geral por Iida (2005),
é realizada quando se coloca luminárias regularmente em todo o espaço com o
cruzamento dos cones de luz (como aparece na figura) para a não existência de
regiões com sombras. O que prejudicaria a realização da tarefa.
A instalação lateral são luminárias alocadas nas paredes laterais e
direcionadas para o campo de trabalho (PADILLA, 2011). O último tipo é utilizado o
direcionamento geral mais luminárias auxiliares, próximas ao campo onde se realiza
o tarefa.Também pode ser chamada de iluminação combinada (IIDA, 2005).
Nos sistemas de iluminação artificial de um ambiente, tem-se ainda o de
emergência, segurança e o decorativo. Embasado em Iida (2005) e Corbella (2003),
Bittencourt (2011) caracteriza a iluminação de emergência por ser acionada quando
houver falta da transmissão da energia, pois possui outras fontes de alimentação
(baterias, por exemplo). A iluminação de segurança relaciona-se a tudo do ambiente
que contribua com a segurança do local e por fim a decorativa busca explorar os
elementos formais dos produtos, textura, forma, porém menos utilizada no ambiente
industrial.
De acordo com Padilla (2011), o sistema de iluminação artificial vem
complementar o sistema de iluminação natural (áreas de penumbras, nos períodos
noturnos). Ou seja, a utilização de luzes artificiais deve ser em complemento a luz
natural, quando esta não estiver atendendo as necessidades do ser humano no
desempenho de suas funções.
A iluminação natural é aquela advinda do sol, fonte de energia limpa, sem
maiores danos naturais pela produção de luz. Martau (2009 apud MARTAU... 2014)
diz que, a qualidade da fonte de luz natural e artificial é diferente, pelo comprimento
27
das ondas que atingem tanto o olho como a pele. A luz natural é capaz de estimular
a produção de hormônios na pele que equilibram o corpo e inibem hormônios
estressores, enquanto que a luz artificial não tem esta capacidade. Por isso a
importância de um sistema de iluminação adequado, onde considera-se não apenas
a intensidade da luz, mas também seus efeitos biológicos no ser humano e suas
consequências para o meio.
Pode-se dividir a luz natural em direta, quando os raios solares nos
atingem ou indireta, "quando é proveniente da reflexão pela atmosfera (luz natural
difusa) ou por superfícies próximas ao observador (luz natural refletida)" (RORIZ,
2008, p.1). Ainda segundo este autor, o sistema de iluminação natural pode ser
lateral ou zenital. O lateral é feita através das janelas e a zenital, aberturas no teto.
Segundo Baker (1993 apud GARROCHO, 2005), a iluminação zenital
permiti uma maior homogeneidade na distribuição de luz natural em um ambiente do
que os componentes de passagem lateral. Por este motivo a iluminação zenital é
empregada quando há uma deficiência na iluminação advinda das janelas (mas
também pode ser empregada para fins estéticos), sendo recomendada para
ambientes profundos e com muito espaço (CAU... 2014). Porém, nesse sistema
deve ter um cuidado com as aberturas, em alguns ambientes a área iluminante não
deve ultrapassar 10%, pois poderá acarretar diversos problemas relacionados a
temperatura (CECACE, 2006). A figura 3 mostra a aplicação da iluminação zenital
em uma indústria.
Figura 3 - Iluminação zenital em indústria.
Fonte: Celprom, 2014.
28
Na figura é possível ver as aberturas em faixas do sistema de luz natural
zenital. Estas aberturas contribuem para melhor iluminância do ambiente, evitando
fadiga visual e cansaço em seus trabalhadores, menor gasto econômico com
energia elétrica e proporciona contato visual com o exterior. Cabe destacar a largura
das faixas dessa iluminação, pois como falado anteriormente, seu excesso pode
acarretar problemas térmicos.
Essa interação do homem com o meio através da percepção da luz
natural está ligada diretamente aos ciclos dinâmicos de dia e noite, estações do ano
e temperatura. Segundo Martau... (2014) apoiada em outros autores, Lam (1997) e
Farley; Veitch (2001), o contato visual com meio externo proporciona conforto ao ser
humano, pois este necessita biologicamente de informação visual sobre o tempo. Os
benefícios desse contato provocados no trabalhador são o aumento da dinâmica do
trabalho, do sentimento de bem-estar e do contentamento com a vida; como a sua
falta pode causar desorientações e interferir na função cognitiva (tudo que envolve a
atenção, percepção, imaginação, memória, raciocínio, juízo, pensamento e
linguagem).
1.2.2. As Condições Térmicas Ambientais
As condições térmicas de um ambiente favorável ou não ao usuário são
determinadas por vários fatores que se interligam ou relacionam-se para um fim
comum. Cabe salientar que, a iluminação ou o sistema de iluminação, assim como a
ventilação estão diretamente ligados a este condicionante ambiental na composição
do ambiente e na influência das ações (efeitos) sobre o usuário (independente de
ser um ambiente laboral ou domiciliar).
As condições podem variar tanto para temperaturas elevadas, causando
calor excessivo, como para temperaturas mais baixas, são os casos de frigoríficos,
por exemplo. Para uma compreensão térmica e a relação entre o homem, ambiente
e seu conforto, faz-se necessário o ressalte sobre os processos de transferência de
calor: condução, convecção, radiação e evaporação. Esses fenômenos ocorrem,
muitas vezes, simultaneamente, caracterizando uma complexidade do processo
(OLIVEIRA; RIBAS, 1995).
29
A condução é a troca de calor entre dois corpos, humano-objeto, por
exemplo, diretamente. Na convecção essa troca é realizada entre um gás ou líquido
e um corpo (entre um indivíduo e o ar do ambiente). Radiação são trocas de um
corpo com outro mais quente ou mais frio e a evaporação "(...) é a liberação de calor
por meio da vaporização do suor da pele ou da umidade dos pulmões (...)",
conforme Moran (2010, p. 110). Para Iida (2005), o corpo humano faz troca com o
ambiente por esse processo. Relaciona-se.
Estes processos (e o seu entendimento para a pesquisa) estão
relacionados com o bem estar do organismo humano, segundo Ching; Binggeli
(2013), o conforto térmico é atingindo quando o corpo elimina calor e umidade, fruto
do metabolismo humano para manter uma temperatura normal e constante. Essa
eliminação ou transferência é realizada pelos processos anteriores citados
(condução, convecção, radiação e evaporação).
Como o ambiente é parte integrante para o conforto e as condições
térmicas ofertadas para o usuário, destaca-se, portanto, o coeficiente de
condutibilidade térmica de alguns dos componentes ou materiais que compõem o
ambiente estruturalmente. Esse coeficiente refere-se ao fenômeno de condução. A
tabela a seguir, segundo a Protolab... (2014), constam alguns materiais empregados
na construção civil e suas respectivas condutividades.
Tabela 1 - Condutibilidade térmica de alguns materiais de construção civil.
Grupo Material Massa específica
(kg/m3)
Condutividade
térmica (W/mK)
Seco Molhado
Metal Alumínio 2800 204 204
Aço, ferro 7800 52 52
Zinco 7200 110 110
Pedra natural Basalto, granito 3000 3.5 3.5
Calcário, mármore 2700 2.5 2.5
Arenito 2600 1.6 1.6
Alvenaria Tijolo 1600-1900 0.6-0.7
0.9-1.2
tijolo de Areia-cal 1900 0.9 1.4
1000-1400 0.5-0.7
Continuação da tabela 1 na próxima página.
30
Grupo Material Massa específica
(kg/m3)
Condutividade
térmica (W/mK)
Seco Molhado
Concreto Concreto de
cascalho
2300-2500 2.0 2.0
Concreto leve 1600-1900 0.7-0.9 1.2-1.4
1000-1300 0.35-
0.5
0.5-0.8
300-700 0.12-
0.23
Inorgânico Telhas 2000 1.2
1.2
Emplastros Cimento 1900 0.9 1.5
Cal 1600 0.7
0.8
Revestimento
de assoalho
Telhas de
assoalho
2000 1.5
Fonte: Protolab, 2014.
Através da tabela 1, é conclusivo que os elementos com maior
condutibilidade térmica, ou seja, transmissão de calor é o grupo dos metais, os
quais, geralmente, estão presentes nos telhados das indústrias e nos componentes
estruturais, coluna e vigas, exemplificando.
O conforto ambiental, no caso térmico, é promovido a partir de condições
associadas que proporcionam ao indivíduo a ausência de desconforto, satisfação em
relação a temperatura do local, onde inserido:
(...) sensação de bem estar experimentada por uma pessoa, como resultado da combinação satisfatória, nesse ambiente, da temperatura radiante média (tm), umidade relativa (UR), temperatura do ambiente (ta) e velocidade relativa do ar (vr) com a atividade lá desenvolvida e com a vestimenta usada pelas pessoas" (RUAS, 1999, p. 11).
Em relação a esses fatores, Khroemer; Grandjean (2005) afirmam que, a
umidade relativa do ar provoca sensação início de abafamento, quando atinge um
limite de 80% UR a 18°C ou 60% UR e 24ºC, a velocidade do ar superior a 0, 2 m/s
para a realização de um trabalho na posição sentada é considerado desagradável.
Assim como, uma velocidade superior a 0,5 m/s para a realização de trabalho de pé.
Continuação da tabela 1.
31
O gráfico subsequente, número 2, complementa o que o autor afirma
anteriormente, exibindo visualmente o ponto de equalização do conforto em relação
a temperatura do ar e a umidade relativa.
Gráfico 2 - Diagrama do conforto térmico humano.
Fonte: INMEP, 2014.
Neste gráfico é possível analisar alguns fatores que compõem o conforto
térmico, a umidade, a temperatura e os ventos, quanto a sua velocidade. Entretanto
o gráfico 1 contempla apenas os fatores físicos e para o conforto térmico há a
dependência de fatores fisiológicos, como os processos de dissipação de calor
realizado pelo corpo (exemplo) e os fatores psicológicos humanos. A Subjetividade.
A ISO 7730 conceitua conforto térmico como uma condição estabelecida
pela mente humana de satisfação. A norma também dividiu dois parâmetros
principais do conforto térmico, os parâmetros ambientais e os individuais. Os
ambientais, alguns já vistos, temperatura e velocidade do ar, a umidade, a
temperatura média radiante. E os individuais, a atividade e o vestuário. De acordo
com Humphreys (1979 apud LAMBERTS, 2014, p. 10), a temperatura do conforto
térmico é algo dinâmico, justamente por esses pressupostos ambientais e individuais
(inclusive a subjetividade).
Cabe mencionar, a diferença do conforto térmico e de um ambiente
termicamente neutro. O conforto térmico é "(...) a condição da mente que expressa
satisfação com o ambiente térmico (...)” (ASHRAE, 2004 apud PINTO, 2011, p. 24).
Enquanto que a neutralidade térmica, como afirma Fagner (1970 apud LAMBERTS,
2014, p.3), é “(...) a condição na qual uma pessoa não prefira nem mais calor nem
mais frio no ambiente a seu redor”.
32
Segundo Ruas (1999), a sensação de conforto térmico está relacionada a
subjetividade do indivíduo, ou seja, difere entre os usuários de um ambiente em
comum. Então, para classificar um ambiente confortável em relação a seu estado
térmico, considera-se o maior número de pessoas classificando-o como agradável
(confortável) ou não. A ISO 7730 estabelece que para um ambiente esteja nas
condições de conforto térmico, os seus valores de Voto Médio Estimado (PMV)
estejam no intervalo de -0,5 <PMV<+0,5 e os valores Percentuais de Pessoas
Insatisfeitas ou PPD sejam menor que 10%.
Na medida em que o meio é termicamente mais hostil, aumenta a preocupação do indivíduo sobre esse problema, afastando sua atenção da atividade específica que está realizando, favorecendo a distração e a consequente perda de eficiência e segurança no trabalho (RIVERO, 1986, p. 67).
Caso o ambiente esteja no nível das condições insatisfatório poderá
acarretar danos ao usuário. São consequências, o stress térmico, fadiga muscular,
em ambientes com baixas temperaturas, desidratação e falha do sistema
termorregulador, em ambientes muito quentes (IIDA, 2005).
1.2.3. Ventilação e Aeração em Edificações Industriais
A ventilação também compõe os fatores ambientais responsáveis pelo
estado satisfatório do homem em um ambiente. Bem estar.
De acordo com Lisboa (2007), entende-se como ventilação industrial o
processo de retirada e fornecimento de ar através de formas naturais ou mecânicas
de/ou para um ambiente fechado. Na figura 4 constam os dois sistemas.
Figura 4 - Ventilação geral diluidora.
Fonte: Lisboa, 2007.
33
A ventilação geral pode ser natural ou mecânica, na figura é mostrado o
sistema mecânico, diluidor. O sistema natural ocorre pelo processo de efeito
chaminé, que é ocasionado pela diferença das pressões de ar interno e externo ou
de forma cruzada ou ainda de forma concomitante (PROCEL, 2010). A ventilação do
tipo mecânica é aquela que faz uso de equipamentos mecânicos, como exaustores e
ventiladores. Estes dois produtos podem ser atribuídos a dois sistemas, a ventilação
geral (VGE) (ventila o ambiente) e a local exaustora (VLE) (capta substâncias e
lança externamente).
Para Frota; Schiffer (2009), um dos primeiros critérios de ventilação dos
ambientes são as demandas básicas humanas, como o suprimento de oxigênio e a
concentração de gás carbônico. Outra demanda é a remoção do nível de calor em
excesso. "A ventilação natural é uma das condições principais para garantir o
conforto térmico no interior da edificação. É um recurso renovável que auxilia na
redução dos poluentes e odores, melhorando a qualidade do ar interior" (LIMA;
SANTOS, 2014). A figura 5 retrata o efeito chaminé em um ambiente industrial.
Figura 5 - Efeito chaminé.
Fonte: Bravent, 2011.
Como pode ser visto, há a entrada de ar frio no ambiente interno (setas
azuis), posteriormente o aumento de sua temperatura gradativamente e por fim seu
retorno a atmosfera.
Araújo (2009) diz que, o tipo de ventilação a ser empregada em um
ambiente industrial, dependerá do seu tamanho, os tipos de poluentes presentes, a
concentração e o grau de purificação desejado. Para a projetação do sistema de
ventilação industrial, Valle Pereira Filho e Melo (1992 apud LISBOA, 2007, p. 4)
afirma, essa ação consiste em três problemas:
34
I - Determinação da vazão de ar necessária e o esquema da distribuição do ar no recinto a ser ventilado. II - Projeto e cálculo das redes de dutos. III - Seleção dos ventiladores, ou de qualquer outro sistema de movimentação de ar (Ex. convecção natural).
Caso haja um mal emprego ou um sistema de ventilação insuficiente, esta
deficiência poderá ocasionar no usuários o desconforto com o ambiente laboral e
acarretar patologias a sua saúde. As doenças broncopulmonares, hipertensão
arterial, doenças do fígado, olhos e mucosas, dermatites e doenças mais graves
como, câncer e anomalias congênitas (LISBOA, 2007), são algumas doenças que
podem ser desencadeadas.
1.2.4. Ruído no Ambiente de Trabalho
O ruído no ambiente de trabalho pode interferir de vários modos no
trabalhador e na execução das atividades, prejudicando também a saúde do usuário
e a realização da tarefa como um todo. Conceituando, segundo Iida (2005), se
referindo ao de "natureza mais operacional", ruído é "um estímulo auditivo que não
contém informações úteis para a tarefa em execução". Ou basicamente, ruído é um
som não agradável ao ouvinte.
O som pode ser classificado em grave ou agudo, de acordo com sua
frequência, a qual é medida em Hertz (Hz). Já o ruído ou sua força é medido através
do decibel (dB), uma unidade logarítmica que representa uma grandeza física. Deve-
se salientar, que tanto o som como o ruído atingem dimensões psicológicas no
usuário, sua subjetividade, então o que para um indivíduo pode ser um som
agradável para outro pode ser um ruído. Mesmo assim, há recomendações quanto
ao nível de exposição ao ruído.
De acordo com Dul; Weerdmeester (2004) é aconselhável que o ruído
não seja menor que 30 dB, pois o ouvido pode se acostumar com este nível e
qualquer grau maior interpele/sobressaia no indivíduo bruscamente. Em
contraponto, também é necessário a não ultrapassagem de 80 dB, já que acima
disto poderá acarretar surdez: "O ideal é conservar o nível de ruído ambiental abaixo
de 70 dB" (IIDA, 2005, p. 505).
35
Esses autores, Dul; Weerdmeester (2004), ainda consideram o tempo de
exposição ao ruído como mais um fator a ser considerado para o bem estar do
trabalhador. Então, quando o ruído atingir 80 dB a cada 3 dB de acréscimos deverá
haver uma redução de 4 horas no tempo de exposição do trabalhador perante ao
determinado ruído.
A surdez, consequência de um ruído bastante elevado, dependendo da
sua natureza, pode ser classificada como surdez de condução ou nervosa. Quanto
tempo dessa condição no usuário pode ser classificado como temporário ou
permanente. Conforme Iida (2005), a surdez por condução é aquela que as
vibrações que são transmitidas chegam com menos intensidade na cóclea2, já a
surdez nervosa ocorre no ouvido interno e há uma diminuição da sensibilidade das
células da cóclea. A surdez temporária, como o próprio nome diz, é temporária,
reversível, acontece por um espaço de tempo e o indivíduo volta a ouvir novamente.
O mesmo não acontece com a de caráter permanente, é irreversível.
Porém, não é só causando algo grave como a perca total auditiva que o
ruído pode afetar o usuário, em atos simples, como na convivência com o grupo ou
outras com consequências mais danosas para suas tarefas, bem estar, saúde e
segurança. A não percepção ou compreensão das sinalizações sonoras (já que o
ambiente muitas vezes é contemplado para expressar algum perigo ou inicialização
finalização de ciclo, etapa):
Os ruídos intensos tendem a prejudicar tarefas que exigem muita atenção, concentração mental, ou velocidade precisão dos movimentos. Os resultados tendem a piorar após 2 horas de exposição ao ruído. O ruído produz aborrecimentos, devido a uma interrupção forçada da tarefa ou aquilo que as pessoas gostariam de estar fazendo, como conversar ou dormir, e isso provoca tensões e dores de cabeça. Também podem prejudicar a memória de curta-duração (IIDA, 2005, p. 508).
Além dos processos cognitivos, o ruído também pode afetar o sistema
cardiovascular, digestivo e endócrino, como mostrado na figura 6.
2 Cóclea é um órgão que faz parte do ouvido interno responsável pela audição (HEART-IT... 2014).
36
Figura 6 - Reações biológicas do corpo humano ao ruído.
Fonte: Bitencourt, 2011.
Para aniquilar ou amenizar esses ruídos no ambiente de trabalho,
algumas medidas podem ser tomadas tanto no próprio ambiente, no trabalhador e
na gestão da indústria (empresa/fábrica). De acordo com Dul; Weerdmeester (2004),
"(...) uma das medidas mais importantes para diminuir o ruído ambiental consiste em
reduzi-lo na própria fonte (...)", no caso, nas próprias máquinas. No momento da
compra optar por máquinas mais silenciosas, no dia a dia de utilização, fazer
manutenções periódicas, também para sua conservação e maior durabilidade. Isolar
máquinas ruidosas colocá-las distantes de outros postos de trabalhos menos
ruidosos.
Porém, muitas vezes, essas medidas não são possíveis ou a diminuição
do ruído é irrisória, então outros métodos fazem-se necessários: Revestir o teto e
piso com materiais absorventes de sons, empregar barreiras acústicas entre o
receptor e a fonte ruidosa (DUL; WEERDMEESTER, 2004).
Já a reverberação do ruído (reflexão do som pelas superfícies do
ambiente, como as paredes, por exemplo) conforme Iida (2005) pode ter níveis
diminuídos por materiais absorventes, exemplo, carpetes no piso ou até mesmo as
próprias roupas dos indivíduos. Em relação ao trabalhador recomenda-se (NR 6) o
uso de EPI's (ear plugs e ear muffs) na sua jornada diária de trabalho.
1.2.5. A Incidência de Vibração no Posto de Trabalho
37
A vibração no posto de trabalho é mais um dos condicionantes físico-
ambiental a ser considerado na interface entre o trabalhador, o ambiente e sua
tarefa.
Quanto a vibração ou vibrações pode-se entender como: "(...) oscilações
da massa em função de um ponto fixo" (KROEMER; GRANDJEAN, 2005, p. 272). E
assim como o som, as frequências das vibrações também são medidas em Hertz.
As vibrações podem ter sua origem em máquinas e equipamentos
motorizados, pela falta de manutenção, existência de algum defeito e no contato
direto com ferramentas que possuam essa característica de vibração no seu
funcionamento. De acordo com a Previne (2014), as vibrações são transmitidas ao
organismo humano segundo três eixos espaciais: x, y, z. E ainda podem ser
divididas em vibrações que atingem o corpo inteiro do usuário ou apenas partes
(DUL; WEERDMEESTER, 2004). Cabe ressaltar, que no ambiente industrial é
corriqueiro o acontecimento simultâneo da vibração e do ruído, no entanto com
efeitos diferentes no trabalhador.
Essas ondas vibratórias dependendo do seu nível, intensidade e
frequência da vibração, e tempo de exposição do trabalhador podem acarretar vários
problemas ou patologias no usuário ambiental ou do posto de trabalho. A seguir
(tabela 2), um exemplo da atuação de vibrações verticais no organismo humano:
Tabela 2 - Faixa de frequência de vibração e afetação no corpo humano.
Nº e m Hertz Partes do corpo afetadas
3-4 Hz Forte ressonância nas vértebras cervicais
3-6 Hz Ressonância no estômago
4 Hz Pico de ressonância nas vértebras lombares
4-5 Hz Ressonância nas mãos (difícil de efetuar os
movimentos desejados)
4-6 Hz Ressonância no coração
5 Hz Ressonância muito forte na cintura escapular
(até o dobro de aumento de deslocamento)
5-20 Hz Ressonância da laringe (a voz muda)
5-30 Hz Ressonância na cabeça
10-18 Hz Ressonância na bexiga (urgência de urinar)
20-70 Hz Ressonância no globo ocular (difícil de enxergar)
100-200 Hz Ressonância no maxilar
Fonte: Kroemer; Grandjean, 2005.
38
Como pode ser observada, a tabela 2 mostra os níveis ou faixas de
frequência atingidas e por consequência, sua afetação no corpo humano, como:
maxilar, mãos, estômago, globo ocular. Causando náuseas, interferência na
oralidade e percepção visual do espaço do indivíduo, em sua motricidade, reações
nos órgãos internos e problemas posturais. Além do desenvolvimento de doenças
mais graves, por exemplo, a síndrome de Raynaud ou "dedo branco", causada pelo
excesso de exposição à vibração. É válido retificar, a ressonância empregada nessa
tabela 2, significa a amplificação da vibração natural do corpo por uma vibração
externa coincidente, tornando o organismo humano mais sensível a determinada
frequência (KROEMER; GRANDJEAN, 2005).
Logo, visando como projetista a prevenção ou correção desse elemento
(para promoção conforto ambiental), são medidas para este fim: "(...) Eliminar a
fonte. Isolar a fonte. Proteger o trabalhador. Conceder pausas (IIDA, 2005, p. 517)".
Manutenção regular das máquinas e, fazer e evitar choques e solavancos (DUL;
WEERDMEESTER, 2004).
1.2.6. Significado e Psicologia das cores e indicações em ambientes
O ambiente é conformado por vários elementos compositores que se
integram, mobiliário, iluminação, cor. Esta, "(...) é uma resposta subjetiva a um
estímulo3 luminoso (...)" (IIDA, 2005, p.476), de origem natural (o sol) ou de origem
artificial (gases e reações químicas). Porém para o reconhecimento da cor, há a
necessidade de mais um órgão, o cérebro. É nele onde "(...) o estímulo da cor é
captado pelos olhos, após são encaminhados aos centros cerebrais, gerando uma
ação e/ou sensação no indivíduo" (BITENCOURT, 2011, p. 69).
A sensação como também a percepção são processos psicológicos
básicos, referentes aos estímulos externos (captados pelos cinco sentidos humanos)
ou internos e interpretação destes estímulos pelo cérebro, respectivamente (RIES;
RODRIGUES, 2004). Embora correlacionados, estes processos diferem um do
outro, enquanto a sensação, segundo Maia (2012), pode ser compreendida como
3 Entende-se como estímulo, "qualquer coisa que provoque uma reação em algum órgão do sentido"
(FARINA, 2006, p. 29).
39
algo sentido, relativo a organizações mais complexas, a percepção pode ser
entendida como o resultado da soma (síntese) de sensações.
Conforme Pedrosa (2009), a percepção da cor é um fenômeno mais
profundo do que a sensação. Na sensação há apenas a participação da luz e do
olho humano; na percepção, além desses elementos, participam também, os
aspectos psicológicos. E estes por sua vez, podem alterar o que se está vendo.
Exemplificando, pode-se citar o fato de um lençol branco nos ser visto sempre
branco, tanto sobre a luz incandescente amarela como sob a luz violácea de
mercúrio, porém na realidade ele está tão amarelo quanto a luz incandescente ou
quando iluminado por ela. Como acontece com a luz do mercúrio, estando violáceo
(PEDROSA, 2009).
A cor possui características básicas, que as distinguem no âmbito da
percepção, essa divisão foi realizada por Munsell (1929) em suas pesquisas
cromáticas. São o matiz, a cor propriamente dita, a luminosidade, capacidade de um
objeto ou superfície de refletir a luz branca e a saturação, é a cor sem a adição do
preto ou branco (IIDA, 2005).
As cores podem ter sua síntese (ou soma de todas as cores) aditiva ou
subtrativa, seu resultado dependerá de qual estímulo causará a sensação cromática.
As cores subtrativas ou cores pigmentos são as que geralmente utilizamos para
colorir um desenho, tingir um tecido, decorar um ambiente pintar suas paredes,
portas, janelas ou sinalizá-lo. Já as cores aditivas têm sua natureza lumínica
(formada por luz). A figura 7 mostra as cores subtrativas e aditivas com suas
respectivas sínteses.
Figura 7 - Síntese de cores subtrativas e aditivas.
Fonte: Escola Criatividade, 2012.
40
Observado a figura 7, é perceptível, que além de naturezas diferentes
entre as cores aditivas e subtrativas, suas sínteses ou soma de cores possuem
resultados distintos. Ao contrário das cores luz, que possui sua síntese no branco,
as cores pigmento obtêm o preto como resultância, uma conclusão dos processos
de absorção e refletância dos diferentes comprimentos de onda (IIDA, 2005).
Independente da natureza das cores, lumínica ou pigmentícia, no homem,
de acordo com Farina (2006), elas agem de três formas: Impressionando a sua
retina, expressando emoção (quando sentida) e construindo um significado. O
primeiro de ordem físico-biológica e os posteriores mais subjetivos. Neste aspecto
de atribuição subjetiva da cor, a simbologia cromática varia para o indivíduo através
da influência cultural. Exemplificando, a cor branca no Ocidente é associada a paz,
porém em alguns países do Oriente representa o luto. Assim, a aplicação da cor
deve ser considerada através da valoração local, que atribui-se a ela, como expõe
Iida (2005).
Os fatores históricos, experienciais e abstratos de cada povo embasam
essa multiplicidade de significância e atribuições a uma mesma cor e
consequentemente ao objeto e/ou ambiente, os quais esta colori, inclusive no
reconhecimento e assimilação dos mesmos. Logo, a percepção das cores depende
do que foi vivido pelos indivíduos, suas experiências anteriores e também, das
associações que os mesmos fazem em relação a certos objetos e cores (IIDA,
2005).
O quadro 1, a seguir, traz alguns significados atribuídos as cores e alguns
efeitos de âmbito perceptivo e sensorial quando aplicadas no ambiente.
Quadro 1 - Significado e percepção cromática.
Cor Significado Percepção no ambiente
Vermelho É a cor das paixões, do amor
e ódio. A cor dos reis e do
comunismo, da alegria e do
perigo.
- Diminui o espaço interno do ambiente;
- Estimula, excita, mas não favorece
atividades que exijam o intelecto;
- Rápida fadiga visual;
- Causa impressão de objetos
aumentados.
Amarelo Entendimento, diversão,
otimismo e traição.
- Reduz o espaço interno do ambiente;
- Estimula a atividade metal;
- Não é recomendado para pisos, pela
Continuação do quadro 1 na próxima página.
41
Cor Significado Percepção no ambiente
Amarelo impressão de o piso estar avançando
sobre o indivíduo.
Alaranjado A cor da diversão, do
budismo. É chamativo e
exótico.
- Também diminui o espaço interno do
ambiente se usado em uma grande área;
- Não recomendado em grandes áreas;
- Fácil distinção.
Verde Cor da fertilidade, esperança,
da burguesia, do sagrado e
venenoso, intermédio.
- Causa impressão de amplitude
ambiental;
- Caso aplicado em grandes áreas não
causa a fadiga visual.
Azul Simpatia, harmonia,
fidelidade, tristeza, virtudes
espirituais
- Não causa a fadiga visual;
- Induz a sensações de calma e estado
de relaxamento, porém seu excesso ou
sem contraste passa a sensação de
solidão.
- Quando aplicado no teto transmiti a
sensação de maior altura em relação ao
piso.
Branco Inocência, do bem e do
espírito. A cor mais
importante para os pintores.
- Realça cores adjacentes;
- Traz claridade, porém em excesso o
ambiente torna-se impessoal.
Preto Cor do poder, da violência,
morte. Cor da negação,
elegância e preferida pela
juventude.
- No ambiente quando usado em alguns
pontos remete ao requinte, porém seu
excesso entristece o ambiente.
Fonte: Adaptada de Heller, 2012 e Figueiredo, 2005.
Portanto, como podem ser lidas as informações contidas no quadro, as
cores quentes diminuem os espaços e dinamizam o ambiente, devendo ser
aplicadas em postos de trabalhos enfadonhos favorecendo ou estimulado o
dinamismo. Em oposição, as cores frias dão efeito de profusão no ambiente e
sensações de calma e tranquilidade, podendo ser utilizadas para contrastar com
ambientes onde sejam executadas atividades mais estressantes.
A cor pode ser usada com a finalidade de fazer uma grande mudança nas dimensões de um ambiente. As cores quentes fazem o espaço parecer menor, enquanto as cores frias dão a impressão de ele ser maior.
Continuação do quadro 1.
42
(...) Quando o teto é pintado com uma cor mais escura e as paredes com uma mais clara, o ambiente de pé direito alto parece mais amplo e mais baixo; quando as cores do teto e do carpete são semelhantes, o ambiente também parece mais amplo e mais baixo (LACY, 2011, pg. 107).
A figura que se segue (de número 8) representa visualmente a
interferência da cor na percepção do espaço:
Figura 8 - Percepção da cor no ambiente.
Fonte: Bitencourt, 2011.
Observando e comparando as duas ilustrações superiores da figura 8
com as ilustrações inferiores também desta figura, as ilustrações com aplicação de
cor são menos amplas (tanto em altura como largura) se comparada com as duas
representações superiores.
Conforme Figueiredo (2005), as cores aplicadas em um ambiente podem
contribuir com a diminuição da fadiga visual por meio da adaptação de contrastes,
contribuir para a redução de acidentes, melhorar o clima de socialização e até na
conservação e limpeza do ambiente de trabalho.
As cores, então, além da estética (beleza) podem ser aplicadas
simbolicamente e funcionalmente em um ambiente conforme os resultados e
propósitos que se deseja atingir seja um clima mais sociável, dinâmico, motivador ou
até mesmo informar sobre o que é ilícito ou perigoso para o trabalhador.
43
SEÇÃO 2 Aspectos Normativos e Regulamentadores do Ambiente
As normas são determinações legislativas (leis) utilizadas para indicar e
padronizar pesquisas e o fim destas (os objetivos alcançados). Segundo Oficina...
(2014) o ato de seguir as normas de publicação da ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas), por exemplo, evita conflitos, ajudando também, na comparação
de pesquisas relacionadas a um mesmo assunto.
Elas possuem as características de serem condutoras e delimitadoras.
Primeiramente, por descrever ao leitor “como” realizar determinadas ações e
execuções entorno do tema abordado. E pela descrição de determinadas situações
(em âmbitos físicos, biológicos, psicológicos, comportamental, ecológico, conforto e
bem-estar). Delimitadoras por estabelecer alguns limites e índices sobre estas
mesmas ações.
Portanto, com essa introdução, a seção aborda as normas exigidas para
proporcionar ao usuário um ambiente que não exacerbe limites, comprometendo o
44
bem-estar, conforto, saúde e sua segurança. Dessa forma, o conhecimento sobre as
normas é um referencial relevante para a tomada de atitudes seja na fase projetual
e/ou de pós-ocupação ambiental. As normas consideradas foram da ABNT ou
Associação Brasileira de Normas Técnicas através das NBR’s, normas brasileiras.
ISO’s da International Organization for Standardization (ISO), em português,
Organização Internacional para Padronização, além de NR’s ou normas
regulamentadoras.
2.1. NR 17 - Ergonomia
A Norma Regulamentadora nº 17 estabelece condições para a atuação do
homem na realização de suas atividades de tal forma que seja preservado seus
aspectos formais e funcionais e que não seja o mesmo a se adaptar as condições
ambientais e/ou tarefa (condições de trabalho), mas sim o contrário.
A norma inclui nas condições de trabalho aspectos como: “levantamento,
transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições
ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho”. Para estes
aspectos a norma delimita, estabelece e explana sobre suas características e
principalmente sobre a conservação da saúde, conforto e segurança do trabalhador.
Em relação ao levantamento, transporte e descarga de materiais a norma
designa que o peso e o esforço realizado pelo trabalhador não deve afetar
negativamente a conservação de sua saúde ou segurança. O peso máximo do
transporte manual executado por uma só pessoa do gênero masculino, não deverá
ser o dobro de seu peso. Para mulheres e jovens (maior que 14 anos e menor que
18 anos) deverá ser menor comparado ao dos homens.
O mobiliário e os equipamentos dos postos de trabalho devem ser
configurados para suprirem os trabalhadores na realização de suas tarefas, seja na
posição ereta como aqueles que as executarão de forma sentada. A altura, a
distância do campo de visão, a postura, a área de alcance, por exemplo, são alguns
dos pontos necessários observados, conforme a norma.
A figura 9 mostra a realização de uma mesma tarefa nas posições de pé e
sentada.
45
Figura 9 - Posições de realização de uma tarefa.
Fonte: Cavalcanti, 2011.
Como pode ser visualizado na figura 9, ocorre a adaptação do mobiliário a
necessidade do usuário em níveis posturais, de posicionamento e flexibilidade no
uso (ajustável). Além disso, para atividades que utilizem meios eletrônicos, através
do computador e a própria atividade de digitação e afins, necessita-se que além
dessas adaptações (altura e distância necessária do campo de visão) cuidados com
a iluminação local, papel utilizado (vedado o brilhante, para o desfavorecimento de
reflexos e ofuscamento).
A NR 17 ainda recomenda para um ambiente confortável: uma
temperatura entre 20° e 23°C, a velocidade do ar esteja no limite de 0,75 m/s, a
umidade por volta de 40%, a superior e não a menos que essa porcentagem. Para o
ruído a norma estabelece os níveis constados na NBR 10152. Considerando até 65
dB (A) como um nível confortável. Quanto a iluminação, os locais de trabalho devem
conter uma iluminação adequada (natural, ou artificial, geral ou suplementar) de
acordo com atividade realizada.
2.2. NBR 5413 - Iluminância de Interiores
Entende-se como iluminância, “limite da razão do fluxo luminoso recebido
pela superfície em torno de um ponto considerado, para a área da superfície quando
esta tende para o zero”. A NBR 5413 definiu valores lumínicos mínimos para a
execução de atividades em ambientes industriais, comerciários, diversos.
46
São valores visando principalmente o campo de trabalho, região a qual o
trabalho visual é exigido e executado. No campo de visão a iluminação não pode ser
menor que 70% da iluminância média definida na NBR 5382 e o restante do
ambiente não dever ter um iluminamento menor que 1/10 em relação a este campo.
O lux (lx) é a medida quantificadora do iluminamento. A norma traz valores flexíveis
de 20 até 20.000 lux em uma atividade. Flexível, pois assim como ela pontua, a
norma serve como base para aplicação lumínica nos ambientes, ficando os valores a
serem aplicados pela percepção do projetista.
Sendo assim, as atividades executadas em recintos onde não há trabalho
contínuo ou depósitos a recomendação é de 200 lux, “tarefas com requisitos visuais
limitados, trabalho bruto de maquinaria, auditórios” a variação do lux fica de 200 -
300 - 500 lx. Essas atividades estão alocadas na classe A, ou seja, na classe de
“iluminação geral para áreas usadas interruptamente ou com tarefas visuais simples”
(NBR 5413).
A classe B é referente à iluminação geral para área de trabalho,
compreende as que requerem um maior índice de iluminância (gravação e inspeção,
por exemplo). São as tarefas normais, trabalho médio de maquinaria e escritório,
respectivamente, 550lx, 750lx e 1000 lx. Por fim na classe C (“iluminação adicional
para tarefas visuais difíceis”) compreende tarefas mais minuciosas que exigem do
trabalhador maior detalhamento e atenção:
- Tarefas com requisitos especiais, gravação manual, inspeção, indústria de roupas (2000 - 3000 - 5000); - Tarefas visuais muito exatas, montagem de microeletrônica ( 5000 - 7500 - 10000); - Tarefas visuais muito especiais, cirurgia (10000 - 15000 - 20000) (NBR 5413).
Na iluminação e na determinação de um valor lumínico favorável que
atenda as necessidades do usuário, deve-se compreender alguns fatores
participativos da determinação correta do nível de luz (lúmem) para uma área (m²).
Esta NBR traz alguns fatores, como a faixa de idade, velocidade e precisão,
refletância do fundo da tarefa, que devem ser considerados para uma aplicação
adequada da iluminação ambiental. A tabela 3 traz a tabulação destes fatores e o
peso aplicado pela norma para as características anteriormente citadas.
47
Tabela 3 - Fatores determinantes da iluminância adequada.
Características da tarefa e do observador
Peso
-1 0 +1
Idade
Inferior a 40 anos 40 a 45 anos Superior a 55 anos
Velocidade e
precisão
Sem importância Importante Crítica
Refletância do
fundo da tarefa
Superior a 70% 30 a 70% Inferior a 30%
Fonte: NBR 5413.
Esta tabela (de número 3) é base para a análise e para o cálculo
necessário. Então, primeiramente, observa-se o peso de cada característica;
posteriormente soma-se esses três valores. Para a consideração do valor adequado
usa-se “a iluminância inferior do grupo, quando o valor total for igual a -2 ou -3 e a
iluminância superior, quando a soma for +2 ou +3. A iluminância média, nos outros
casos”.
Assim, são fornecidos os três valores: Mínimo, médio e máximo. Os
valores das extremidades apenas serão utilizados em casos determinados na
norma, que são: Valor mais alto, em tarefas com contrate e refletância muito baixos;
trabalho erros com difícil correção; quando o observador possuir baixa capacidade
visual; trabalho visual agudo e que exija alta produtividade, precisão. Tarefa
praticada esporadicamente que, não exija do executor importância em velocidade
e/ou precisão e as refletâncias e o contraste sejam relativamente altos são os casos
nos quais o projetista pode optar pelo valor mais baixo de iluminância.
Sobre o ambiente industrial, no item 5.3, a norma estabelece o nível de
iluminância de atividades nesses ambientes, como na indústria de metalurgia (objeto
pesquisado, localizada no subitem 5.3.48 desta NBR). Na tabela 4 há exposição
descritiva das atividades e valores em lux.
Tabela 4 - Iluminância (lux) por tipo de atividade.
Indústria de Metalurgia
Atividade Iluminância (lux)
- usinagem grosseira e trabalhos de
ajustador
150 - 200 - 300
- usinagem média e trabalhos de ajustador,
Continuação da tabela 4 na próxima página.
48
Indústria de Metalurgia
Atividade Iluminância (lux)
trabalhos grosseiros de plainas, tornos e
polimento
300 - 500 - 750
- usinagem de precisão de
trabalhos de ajustador,
máquinas de precisão
automática, plainamento,
tornos de precisão e polimento
de alta qualidade
750 - 1000 - 1500
- usinagem de alta precisão e
trabalhos de ajustador
1500 - 2000 - 3000
Fonte: NBR 5413.
Sobre o recomendado, há uma diversificação de níveis lumínicos para
atividades efetivadas no âmbito metalúrgico, compreendendo uma faixa de 150lx até
3000lx, considerando a complexidade e nível de detalhamento técnico da tarefa em
si. Logo, em nível de comparação e emprego correto do nível de luminância, o
objeto de estudo deverá contemplar esses níveis e caso não contemplando será
incluído nas recomendações para o ambiente.
2.3. - NBR 5382 - Verificação de Iluminância de Interiores
As recomendações necessárias para a verificação de iluminação de um
ambiente ou de “interiores de áreas regulares” são descritas nesta norma, cujo seu
objetivo é justamente esse, fixar o modo de verificação.
Inicialmente, a NBR 5382 diz que, para a medição é necessário que o
ambiente esteja com uma temperatura entre 15°C a 50°C, se for possível, mas
principalmente alerta sobre os fatores que podem repercutir nas conclusões da
mensuração realizada, como, as “refletâncias, tipo de lâmpada e vida, voltagem e
instrumentos usados”.
Continuação da tabela 4.
49
Assim, é importante conhecer as características desses elementos. No
caso da refletância, o grau de reflexão dos materiais e cores presentes no ambiente.
Sobre o grau de reflexão das cores Grandjean (1998 apud CUNHA, 2004, p. 59)
afirma que, a cor acromática preto possui 0% em reflexão enquanto o branco possui
100% de reflexão. O marfim, amarelo limão forte possuem também alto grau de
reflexão, variando de 100 a 75%. As cores amarelo forte e cores claras e em tons
pasteis e os "tons cremes" possuem uma refletância de 60 a 65%, o vermelho forte,
a madeira, o verde oliva e o marrom tem de 20 a 25% de reflexão e as cores como,
o azul escuro, vermelho púrpura, castanho, marrom escuro de 10 a 15%.
As lâmpadas, também como elemento de possível interferência, possuem
características técnicas próprias e variantes e interagem-se com outros elementos, a
cor, por exemplo. Estas características consideradas da luz artificial relacionam-se
com a necessidade de iluminação das atividades desempenhadas no ambiente, o
número de lâmpadas que satisfazem a demanda do usuário e a visibilidade
requerida. Estas grandezas são: temperatura da cor, índice de reprodução da cor,
fluxo luminoso, potência e eficiência energética (PROCEL, 2002).
. Segundo Luxside (2013), o IRC de uma lâmpada (o grau de fidelidade
da reprodução da cor sobre uma luz) varia de 0 a 100 e quanto mais perto ou igual
de 100 o IRC é mais fiel a reprodução da cor sobre aquela luz. O fluxo luminoso "é a
quantidade de luz total emitida em todas as direções por uma fonte luminosa,
expressa em lumen (lm)" e a potência é o consumo energético de uma lâmpada
(GOLDEN, 2012). A figura a seguir, mostra algumas lâmpadas que são
comercializadas e utilizadas no di a dia e algumas propriedades destas.
50
Figura 10 - Características das lâmpadas artificiais.
Fonte: Saúde Interativa.
Partindo-se para uma verificação e medição adequada, depois de
considerado os elementos de possíveis interferências, extraí-se, em primeiro lugar,
os valores em interesse por meio da divisão total da área por áreas menores de 50 x
50 cm. A partir disso, realiza-se a medição em cada área e calcula-se a média dos
valores. Cabe retificar que a margem de erro é de 10% em seu limite (NBR 5382).
A figura 10 mostra uma área e seus pontos de medições.
51
Figura 11 - Representação de uma área regular com duas ou mais linhas contínuas de luminárias.
Fonte: NBR 5382.
Esta figura, presente na norma, mostra as faixas de luzes (linhas
horizontais), a área total com divisões de 50 x 50 cm, representadas pelos
quadrados com tracejado e os pontos de verificações (os pontos). Para o cálculo da
iluminância média de um local a norma oferta a estrutura da equação 1, a seguir.
Equação 1 - Fórmula de iluminância média.
Fonte: NBR 5382.
Destrinchando- a, "N" corresponde ao número de luminárias, o "M" é o
número de filas, o "R" é igual a média aritmética realizada nos locais: r1, r2, r3 e r4.
O "P" da equação corresponde a média aritmética das medições dos locais, p1 e p2
e assim em "Q" e "T", extração das médias. Logo, tem-se o número necessário para
a iluminação do ambiente de luminárias.
52
2.4. NBR 10152 - Níveis de Ruído para Conforto Acústico
O ruído é um fator ambiental relacionado ao som, dependendo do seu
nível poderá comprometer a realização das atividades desempenhadas e gerar
patologias no usuário do ambiente. A surdez é uma consequência grave desse fator.
Para evitar tais níveis de exposição e desconhecimento, a NBR 10152
tem como objetivo “fixar valores compatíveis com conforto acústico para ambientes
diversos”. Para tal, é importante o conhecimento de algumas definições e seus
respectivos cálculos para as medições corretas.
Entende-se como pressão sonora ponderada (A) o RMS ou valor eficaz
referente a pressão sonora definida pelo uso do circuito ponderado. O nível de
pressão sonora é determinada pela expressão da equação 2, onde P corresponde
ao valor eficaz e o Po é equivalente a 20mPa (pressão sonora de referência).
Equação 2 - Fórmula de nível de pressão sonora.
Fonte: NBR 10152.
Já o nível de pressão ponderada é estabelecida pela equação 3, também
a seguir exemplificada.
Equação 3 - Fórmula de nível de pressão ponderada.
Fonte: NBR 10152.
Esses valores são dados em decibel, pois como o som, o ruído que é som
desagradável, também está associado a esta unidade de medida em conjunto com o
Pascal, utilizado como unidade de medida de pressão e tensão definido pelo
Sistema Internacional (SI). Um Pascal corresponde a 1 N/m² (Newton por metro
quadrado).
Dadas as equações, a tabela 5 mostra alguns valores relacionados aos
ambientes, seus níveis de ruído e a curva de conforto.
53
Tabela 5 - Valores dB (A) e NC.
Locais dB(A) NC
Hospitais
Apartamentos, Enfermaria, Berçários, Centros
cirúrgicos
35 - 45 30 - 40
Laboratórios, Áreas para uso do público 40 - 50 35 - 45
Serviços
45 - 55 40 - 50
Escolas
Bibliotecas, Salas de música, Salas de desenho 35 - 45 30 - 40
Salas de aula, Laboratórios 40 - 50 35 - 45
Circulação 45 - 55 40 - 50
Hotéis
Apartamentos 35 - 45 30 - 40
Restaurantes, Salas de Estar 40 - 50 35 - 45
Portaria, Recepção, Circulação
45 - 55 40 - 50
Residências
Dormitórios 35 - 45 30 - 40
Salas de estar
40 - 50 35 - 45
Auditórios
Salas de concertos, Teatros 30 - 40 25 - 30
Salas de conferencias, Cinemas, Salas de uso
múltiplo
35 - 45 30 - 35
Restaurantes
40 - 50 35 - 45
Escritórios
Salas de reunião
30 - 40 25 - 35
Salas de gerencia, Salas de projetos e de
administração
35 - 45 30 - 40
Salas de computadores 45 - 65 40 - 60
Salas de mecanografia 50 - 60 45 - 55
Fonte: NBR 10152.
Referente ao objeto de estudo, podemos retirar da tabela alguns valores
básicos e taxativos como realidade, já vivenciado no âmbito industrial ou como item
da proposta de aplicação para um setor do ambiente industrial tornando-o propício
54
para o usuário, sua vivência coletiva e a realização de suas tarefas. Salas de
desenho, salas de projeto, salas de mecanografia, são alguns setores
compreendidos no objeto de estudo (assim como seus referentes níveis em dB (A) e
na curva devem estar correspondentes a norma). A NBR10152 ainda retifica em
nota sobre os valores apresentados:
Notas: a) o valor inferior da faixa representa o nível sonoro para conforto, enquanto que o valor superior significa o nível sonoro aceitável para a finalidade. b) Níveis superiores aos estabelecidos nesta Tabela são considerados de desconforto, sem necessariamente implicar risco de dano à saúde (...).
Portanto, cabe observar as faixas de níveis sonoros assim como seus
limites para a promoção de conforto para o usuário e o afastamento de riscos ou até
percas auditivas.
2.5. NR 15 - Atividades e Operações Insalubres
A Norma Regulamentadora de numeração 15 reporta-se sobre o conceito
e a identificação de atividades e operações insalubres, assim como alguns limites
nestas atividades. Segundo o Aurélio... (2014), insalubridade significa: “Estado ou
condições do que é insalubre” e por sua vez, insalubre quer dizer “doentio; não
salubre”. Ou seja, condições doentias.
Para a norma, as atividades e/ou operações nessa condição são aquelas
que se desenvolvem acima de alguns limites estabelecidos nela: Limites de
tolerância para ruído contínuo ou intermitente (não superiores a 115 dB(A) e sem as
devidas proteções); limites de tolerância para ruído de impacto (130 dB(LINEAR)),
para exposição ao calor (cálculos referentes), radiações ionizantes (Norma CNEN-
NE-3.01). Vibração, agentes químicos, umidade e ao frio, cuja insalubridade é
caracterizada por limite de tolerância na inspeção do local de trabalho e limites de
tolerância para poeiras minerais. Ou caracterizadas nos condicionantes e situações
de trabalho sob condições hiperbáricas, agentes químicos e agentes biológicos.
Entende-se por limite de tolerância “a concentração ou intensidade
máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente,
que não causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral” (NR 15).
55
Refere-se então, as condições dentro de um nível ou índice, nas quais o indivíduo
está exposto ao longo e por meio de seu trabalho, onde não lhe acarretará
consequências negativas a sua vida, a seu bem-estar.
Patologias ou acidentes laborais são mais frequentes do que se pode
imaginar e são responsáveis por uma grande parte do uso monetário do INSS, o
benefício auxílio acidente:
Apesar da redução dos números em relação a 2011, as estatísticas ainda são alarmantes. O Programa Trabalho Seguro, que é uma iniciativa nacional da Justiça do Trabalho, visa, por meio de ações e projetos, promover a cultura da prevenção de acidentes e doenças laborais. Contudo, a realidade é ainda mais grave, pois a Previdência consegue registrar apenas os casos de trabalhadores com carteira assinada, que representam 50% da população economicamente ativa. O que acontece no mercado informal, ou até mesmo com autônomos, cujos números não são contabilizados (AMORIM, 2014).
A partir do momento que for identificada e comprovada por meio de laudo
técnico e por uma autoridade competente (autoridade especializado em segurança e
saúde do trabalhador) é assegurado e estabelecido ao trabalhador nessas
condições, sobre o salário mínimo base, um adicional de 10% quando a
insalubridade da atividade for de grau mínimo. A porcentagem de 20% grau médio e
40% para o grau máximo de insalubridade. A norma regulamentadora ainda pontua,
o usuário/trabalhador que estiver exposto a mais de uma insalubridade é
considerado o adicional de 40%, caso a insalubridade a que estiver exposto se
findar esse adicional também será eliminado.
2.6. ISO 2631 - Guia para Avaliação da Exposição Humana à Vibrações do Corpo
Inteiro
A ISO 2631 é uma norma internacional "(...) sob o título geral de vibrações
e choques mecânicos - Avaliação da exposição humana à vibração de corpo inteiro",
visa, justamente, o que descreve em seu título, compreender e quantificar em
números as exposições do corpo humano as vibrações a que está suscetível um
indivíduo
A faixa de amplitude de frequência considerada pela norma é de 1 a 80
Hz ou: "— 0,5 Hz to 80 Hz for health, comfort and perception, and — 0,1 Hz to 0,5
56
Hz for motion sickness" (- 0,5 Hz a 80 Hz para a saúde, conforto e percepção, e - 0,1
Hz a 0,5 Hz para enjôo). Para a evidencia ou um melhor estudo e mensuração
dessas vibrações no corpo humano, a norma considera eixos, um sistema
coordenado na figura 11 constado.
Figura 12 - Direções do sistema de coordenadas para vibrações mecânicas em humanos.
Fonte: ISO 2631.
O ponto de origem desse sistema é localizado no coração, o eixo x é igual
a faixa das costa que vai até o peito, o eixo y corresponde ao lado direito até o lado
esquerdo e o z (eixo z) representa o pé ou as nádegas à cabeça.
Para uma correta medição das vibrações nos locais onde estas ocorrem,
a norma instrui estar o mais próximo possível do ponto de vibração para o corpo.
Caso houver algum fator, como um elemento (um polímero, almofada) entre o
indivíduo e o ponto ou área de vibração é permitido a inserção e um suporte mais
rígido, contudo, que não interfira ou desencadeie outros movimentos. E quando isso
não for possível, essa ação deverá ser descrita, o sistema de amortecimento. O
equipamento, também, deve estar calibrado de acordo com as normas e regimentos.
Para uma avaliação da vibração, há fatores que determinam ou
repercutem nas respostas humanas perante as vibrações a que o corpo humano
está submetido. São a Intensidade da vibração, frequência, direção e a sua duração.
Já na fase da avaliação propriamente dita (prática) pode-se diferenciar "três critérios
57
humanos principais", a preservação da eficiência de trabalho (“Nível de eficiência
reduzido (fadiga)”); a preservação da saúde ou segurança (“Limite de exposição”); a
preservação do conforto (“nível de conforto reduzido”).
Os valores graficamente constados no gráfico 3 estabelecem o limiar de
exposição recomendados pela norma. A direção do gráfico é longitudinal (az) e
transversas (ax, ay).
Gráfico 3 - Limite de aceleração longitudinal (az) como função da frequência e tempo de exposição para nível de eficiência (fadiga).
Fonte: ISO 2631.
Para saber os limites de exposição deve-se multiplicar os valores da
aceleração (dada em m/s²) por 2 ou 2dB maior e para encontrar o nível de conforto
(reduzido) dividi-se o mesmo fator, a aceleração, por 3,15 ou 10 dB menor. Essa
nota também se aplica ao exemplar do próximo gráfico (nº 4) que, como este mostra
visualmente dados sobre a aceleração longitudinal, porém em uma frequência
diferente (1/3 de oitava).
Segundo a norma, o limite corresponde ou especifica uma zona que se
indivíduo estiver exposto a vibrações além de, poderá acarretar risco ao
desempenho das tarefas (fadiga, ou seja, é o nível de eficiência reduzido). O grau de
interferência na tarefa, independente da situação, porém depende de vários fatores
58
e características individuais, exemplo, natureza e dificuldade da tarefa. No entanto
os valores presentes na ISO 2631 expõem o nível geral de interferência inicial
(frequência e tempo).
O gráfico 4 mostra a redução da eficiência pela incidência de vibração.
Gráfico 4 - Limite de aceleração longitudinal (az) como função da frequência (para banda de 1/3
de oitava) e o tempo de exposição para nível reduzido de eficiência (fadiga).
Fonte: ISO 2631.
A tabela 6 quantifica os valores do nível de eficiência em relação à
vibração no sentido az correspondente ao gráfico 3, considerando a frequência
(“centro da banda de 1/3 de oitava”) conjuntamente com a aceleração (tempo de
exposição).
59
Tabela 6 - Valores numéricos de "nível de eficiência reduzido (fadiga)" para aceleração da vibração longitudinal az (pé-cabeça).
Frequência (centro da banda de
1/3 de oitava)
Aceleração (m/s2)
Tempo de Exposição
24 h 16 h 8 h 4 h 2,5 h 1h 25 min 16 min 1 min
1,0 0,280 0,425 0,63 1,06 1,40 2,36 3,55 4,25 5,60
1,25 0,250 0,375 0,56 0,95 1,26 2,12 3,15 3,75 5,00
1,6 0,224 0,335 0,50 0,85 1,12 1,90 2,80 3,35 4,50
2,0 0,200 0,300 0,45 0,75 1,00 1,70 2,50 3,00 4,00
2,5 0,180 0,265 0,40 0,67 0,90 1,50 2,24 2,65 3,55
3,15 0,160 0,235 0,355 0,60 0,80 1,32 2,00 2,35 3,15
4,0 0,140 0,212 0,315 0,53 0,71 1,18 1,80 2,12 2,80
5,0 0,140 0,212 0,315 0,53 0,71 1,18 1,80 2,12 2,80
6,3 0,140 0,212 0,315 0,53 0,71 1,18 1,80 2,12 2,80
8,0 0,140 0,212 0,315 0,53 0,71 1,18 1,80 2,12 2,80
10,0 0,180 0,265 0,40 0,67 0,90 1,50 2,24 2,65 3,55
12,5 0,224 0,335 0,50 0,85 1,12 1,90 2,80 3,35 4,50
16,0 0,280 0,425 0,63 1,06 1,40 2,36 3,55 4,25 5,60
20,0 0,355 0,530 0,80 1,32 1,80 3,00 4,50 5,30 7,10
25,0 0,450 0,670 1,0 1,70 2,24 3,75 5,60 6,70 9,00
31,5 0,560 0,850 1,25 2,12 2,80 4,75 7,10 8,50 11,2
40,0 0,710 1,060 1,60 2,65 3,55 6,00 9,00 10,6 14,0
50,0 0,900 1,320 2,0 3,35 4,50 7,50 11,2 13,2 18,0
63,0 1,120 1,700 2,5 4,25 5,60 9,50 14,0 17,0 22,4
80,0 1,400 2,120 3,15 5,30 7,10 11,8 18,0 21,2 28,0
Fonte: ISO 2631.
A norma acrescenta sobre estes valores: "definem o limite em termos de
valor eficaz (RMS) da vibração de frequência simples (senoidal) ou valor eficaz na
banda de um terço de oitava para a vibração distribuída".
Em continuidade, os gráficos e a tabela complementar sobre aceleração e
a frequência em sentido transversal, gráfico 5, 6 e a tabela 7.
60
Gráfico 5 - Limite de aceleração transversal (ax e ay) como função da frequência e tempo de exposição para nível reduzido de eficiência (fadiga).
Fonte: ISO 2631.
61
Gráfico 6 - Limite de aceleração transversal (ax e ay) como função da frequência (para banda de 1/3 de oitava) e tempo de exposição para nível reduzido de eficiência (fadiga).
Fonte: ISO 2631.
Segundo a ISO 2631, os valores maiores de vibração assim como os
menores são aceitáveis em comparação com os limites de eficiência do trabalho ou
tarefa quando os critérios de análises forem, respectivamente, saúde ou segurança
e o conforto. Os valores na tabela 7 referem-se aos valores dos gráficos antepostos
(nº. 5 e 6), também considerando a frequência (centro da banda de 1/3 de oitava) e
aceleração (tempo de exposição).
62
Tabela 7 - Valores numéricos de "fadiga" - nível de eficiência reduzido para aceleração de vibração na direção transversa a ou a (costas-peito ou lado a lado).
Frequência (centro da banda de 1/3 de oitava)
Aceleração (m/s2)
Tempo de Exposição
24 h 16 h 8 h 4 h 2,5 h 1h 25 min 16 min 1 min
1,0 0, 100 0, 150 0, 224 0, 355 0,50 0,85 1,25 0, 150 2,0
1,25 0, 100 0, 150 0, 224 0, 355 0,50 0,85 1,25 0,150 2,0
1,6 0, 100 0, 150 0, 224 0, 355 0,50 0,85 1,25 0,150 2,0
2,0 0, 100 0, 150 0, 224 0, 355 0,50 0,85 1,25 0,150 2,0
2,5 0, 125 0, 190 0, 280 0, 450 0,63 1,06 1,6 1,9 2,5
3,15 0, 160 0, 236 0, 355 0, 560 0,8 1,32 2,0 2,36 3,15
4,0 0, 200 0, 300 0, 450 0, 710 1,0 1,70 2,5 3,0 4,0
5,0 0, 250 0, 375 0, 560 0, 900 1,25 2,12 3,15 3,75 5,0
6,3 0, 315 0, 475 0, 710 1,12 1,6 2,65 4,0 4,75 6,3
8,0 0,40 0,60 0, 900 1,40 2,0 3,35 5,0 6,0 8,0
10,0 0,50 0,75 1,12 1,80 2,5 4,25 6,3 7,5 10
12,5 0,63 0,95 1,40 2,24 3,15 5,30 8,0 9,5 12,5
16,0 0,80 1,18 1,80 2,80 4,0 6,70 10 11,8 16
20,0 1,00 1,50 2,24 3,55 5,0 8,5 12,5 15 20
25,0 1,25 1,90 2,80 4,50 6,3 10,6 16 19 25
31,5 1,60 2,36 3,55 5,60 8,0 13,2 20 23,6 31,5
40,0 2,00 3,00 4,50 7,10 10,0 17,0 25 30 40
50,0 2,50 3,75 5,60 9,00 12,5 21,2 31,5 37,5 50
63,0 3,15 4,75 7,10 11,2 16,0 26,5 40 45,7 63
80,0 4,00 6,00 9,00 14,0 20 33,5 50 60 80
Fonte: ISO 2631.
O nível de conforto reduzido e seus valores são obtidos através dos
mesmos dados, os quais resultam, também, no nível de eficiência reduzido,
entretanto com uma redução de 10 decibéis (dB).
2.7. NR 6 - Equipamentos de Proteção Individual (EPI)
Os equipamentos sejam de uso pessoal ou coletivo possuem uma grande
importância para a conservação da saúde do trabalhador em seu ambiente de
trabalho, de acordo com Moraes (2011, p. 392)
63
O EPI e do EPC são fundamentais para a garantia da segurança e da saúde do trabalhador e assim garantir a produtividade. A legislação de segurança e saúde ocupacional prevê a implementação de medidas de engenharia nos locais de trabalho. Desta forma, minimizar os fatores de risco requer estudos de engenharia de processo e/ou de métodos de fabricação até a escolha do método adequado de movimentação e manuseio de materiais.
Portanto, para garantir ao indivíduo humano continue economicamente
ativo, realizando suas funções sem o detrimento de seu bem-estar (conforto) e
segurança é necessário a associação de EPI's e EPC's a fatores ambientais
favoráveis ao usuário (por isso a aplicação da ergonomia do ambiente construído
para correção ou prevenção de fatores ativamente negativos no ambiente).
A definição que a norma traz sobre esses equipamentos é justamente o
que foi explanado, por isso, em suma, o EPI é todo dispositivo ou produto com fins
de proteção utilizado por “um” trabalhador contra riscos a sua segurança e saúde em
seu ambiente laboral. O Equipamento Conjugado de Proteção Individual (ECPI)
possui o mesmo objetivo que o EPI, difere apenas em quantidade, ou seja, enquanto
o EPI é apenas um dispositivo ou produto para a proteção de riscos o ECPI são uma
associação de dispositivos. Esses equipamentos de fabricação nacional ou
internacional devem possuir Certificado de Aprovação4 pelo órgão competente do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
É de responsabilidade do empregador, fornecer os equipamentos
adequados e em perfeito estado e funcionamento ao trabalhador nas situações de
emergência, quando as medidas de proteção coletivas ainda não estiverem
vigorando ou quando as medidas já implementadas não garantam, de modo geral, a
segurança e saúde do indivíduo. Cabe-o ainda, exigir o uso dos EPI’s, orientar e
treinar o trabalhador sobre o mesmo, repor os equipamentos por outros novos, caso
haja dano ou perca dos anteriores. Registrar seu fornecimento aos trabalhadores é
encarregado da manutenção da limpeza sobre os equipamentos fornecidos
periodicamente e comunicar ao MTE irregularidades percebidas.
Estas são as atribuições que o empregador ou a empresa tem perante a
norma sobre os equipamentos de proteção individual, porém o receptador ou
trabalhador também possui responsabilidades sobre os EPI’s, Segundo a norma
são:
4Segundo o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho -
SESMT, "o CA - Certificado de Aprovação - é um documento emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego que tem por finalidade avaliar e manter um padrão nos equipamento de proteção.
64
a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina; b) responsabilizar-se pela guarda e conservação; c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso; e, d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado (NR 15).
Há mais um responsável sobre os equipamentos, além dos dois já vistos,
a norma traz o fabricante e o importador. Para estes, faz-se imprescindível o seu
cadastramento em órgão nacional, solicitar e renovar o CA. Os prazos de renovação
do certificado de Aprovação variam de 5 anos “para aqueles equipamentos com
laudos de ensaio que não tenham sua conformidade avaliada no âmbito do
SINMETRO” e de 2 anos “ quando não existirem normas técnicas nacionais ou
internacionais, oficialmente reconhecidas, ou laboratório capacitado para realização
dos ensaios. E requerer o novo CA. Apenas colocar no mercado os equipamentos
com Certificado de Aprovação e com instruções técnicas no idioma onde vai ser
comercializado, fornecer informações sobre a higienização e o número de fabricação
do EPI.
Dentre essa tríade, cabe aos órgãos delegados do Ministério do Trabalho
e do Emprego a responsabilidade do comprimento, orientação e punição do que é
estabelecido para cada uma das partes quanto ao Certificado Aprovação dos EPI’s,
emissão e seu cancelamento e suspensão, verificação da qualidade desses
equipamentos.
Para a fim de exemplificar e sintetizar os EPI's constados na norma, o
quadro 2 contém informações sobre alguns equipamentos de proteção individual
bem como sua visualização.
Quadro 2 - Equipamentos de proteção individual (EPI).
Proteção Exemplo Figura
EPI para a Proteção da
Cabeça
Capacete; Capuz ou
balaclava.
EPI para a Proteção
dos Olhos e Face
Óculos; Protetor facial;
Máscara de solda.
Continuação do quadro 2 na próxima página.
65
Fonte: Adaptado da NR15.
Proteção Exemplo Figura
EPI para a Proteção
Auditiva
Protetor Auditivo
EPI para a Proteção
Respiratória
Respirador purificador de ar
não motorizado; Respirador
purificador de ar motorizado;
Respirador de adução de ar
tipo linha de ar comprimido;
Respirador de adução de ar
Tipo máscara autônoma;
Respirador de fuga.
EPI para a Proteção do
Tronco
Vestimentas.
EPI para a Proteção
dos membros
superiores
Luvas; Creme protetor;
Manga; Braçadeira; Dedeira.
EPI para a Proteção
dos membros inferiores
Calçado; Meia; Perneira;
Calça.
EPI para a Proteção
Contra Quedas com
Diferença de Nível
Macacão; Vestimenta do
corpo inteiro.
Continuação do quadro 2.
66
O intuito deste quadro é agrupar os itens classificados na norma com os
seus respectivos exemplos. Como pode ser visto, há diversos EPI's para as variadas
partes do corpo humano, tronco, cabeça, membros.
2.8. NR 24 - Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho
A NR 24, em sua competência normatizadora e descritiva, expõem sobre
as condições sanitárias e de conforto nos locais da realização do trabalho. Essas
adequações são importantes, principalmente para a manutenção da saúde do
trabalhador, uma vez que, instalações inadequadas o usuário poderá entrar
diretamente em contato com patologias diversas. Ou mesmo pelo contato indireto.
No tópico instalações sanitárias, para a compreensão e devida aplicação,
a norma denomina e ao mesmo tempo distingui conceitos iniciais. Aparelho
sanitário: são os equipamentos higiênicos destinados ao uso com água; gabinete
sanitário: para dejetos e banheiro: é um conjunto de equipamentos destinados a
limpeza corpórea.
Segundo a norma, as áreas com sanitários devem atender a dimensões
mínimas para o mínimo de conforto exigível, ela considera como satisfatório "1 m²
para cada sanitários, por 20 operários em atividade". Os sanitários possuem ainda
outras especificações contidas na NR24, são: os sanitários deverão ser divididos por
gênero, estarem sempre limpos durante todo período de trabalho e serem providos
de materiais de limpeza (exceto toalhas). É proibido, no entanto, que o revestimento
das bacias ou dos vasos sanitários sejam de materiais de madeira, concreto e
outros. Possuir um lavatório para cada 10 operários executores de atividades
perigosas/insalubres, nessa mesma proporção para os chuveiros.
A figura 13 mostra um mictório coletivo com algumas informações
atentadas da norma.
67
Figura 13 - Mictório coletivo.
Fonte: Equipe de obra, 2012.
Como pode ser observado, há os espaçamento de 60 cm e outras
pontuações no que a norma descreve sobre alguns detalhamentos técnicos para
esses locais, como por exemplo, os materiais de revestimentos. Para as paredes
dos sanitários, elas deverão ser construídas de alvenaria de tijolo ou de concreto
com material impermeável, porém que possam ser lavadas, assim como os pisos.
Além, destes conterem acabamento liso e inclinação na direção dos ralos para
facilitar o escoamento, logo a manutenção. Deverão conter também, água
canalizada que atenda apenas a necessidade de um possível incidente.
O número de sanitários pode ser reduzido na quantia estabelecida nessa
norma nos ambientes de escritórios, bancos, comerciais e equivalentes, entretanto
só por autoridade devidamente competente. E nos casos de indústrias de alimentos,
os sanitários, principalmente as privadas, deverão ter um isolamento mais rigoroso
para prevenir contaminações.
A figura 14 representa um banheiro coletivo conforme a NR 24.
Figura 14 - Banheiro coletivo.
Fonte: Equipe de obra, 2012.
68
Nos banheiros coletivos, figura 13, é importante destacar o piso
antiderrapante, a altura dos chuveiros (210 cm), o espaçamento entre um e outro (80
cm²) e os objetos auxiliares, como, o porta toalhas e sabonetes.
Para os vestiários há, como nos banheiros, a divisão por gênero com
dimensão mínima de 1,50m² por trabalhador. Armários, quando o
trabalho/empresa/indústria exigir uso de fardas, caso as atividades sejam de
natureza insalubre os armários deverão ser de compartilhamento duplo e não
individual. Não deverão ser destinados para outros fins.
Os refeitórios deverão ser contemplados nos ambientes de trabalho com
mais de 300 indivíduos e deverão seguir as seguintes especificações do quadro 3:
Quadro 3 - Especificações técnicas da NR24.
Exigências NR24
1. 1,00m² por usuário e por vez, abrigando 1/3 do total de trabalhadores.
2. Largura mínima de circulação de 75 cm e entre bancos e bancos e paredes de
55cm mínimos.
3. Rede de iluminação protegida por eletrodos.
4. Lâmpadas de natureza incandescentes 150W/6,00m² para pé direito de 3,00m
máximo.
5. Piso impermeável revestido de material lavável.
6. Paredes de material liso, impermeável e resistentes até 1,50m de altura.
7. Teto de concreto, estuque, madeira ou afins.
8. Cobertura
9. Mesas
10. Deverá conter lavatórios próximos dessa área.
11. Deverá estar localizado afastado de locais sanitários e insalubres.
12. Boa ventilação e iluminação.
Fonte: NR24.
Nos locais com mais de 30 trabalhadores e menos de 300 deverão ser
assegurados condições confortáveis para a realização das refeições e nos casos de
um número menor do que 30 trabalhadores essas condições também deverão ser
asseguradas, porém com orientação de um profissional competente.
69
De modo geral, nos locais de trabalho, deverão ser fornecidos aos
trabalhadores/usuários água potável em condições higiênicas em uma" quantidade
superior a 1/4 (um quarto) de litro ou (250 ml) por hora/ homem trabalho". E quando
o local possuir bebedouros a proporção é de 1 bebedouro pra cada 50
trabalhadores.
2.9. NBR 7195 - Cores para segurança
As cores, além da promoção do bem-estar humano no ambiente, podem
ser utilizadas na classificação, organização e segurança do usuário em seu espaço
operacional. Sobre isto a NBR 7195 "(...) fixa as cores que devem ser usadas para
prevenção de acidentes, empregadas para identificar e advertir contra riscos".
Esta Norma adotada as cores vermelha, amarela, verde, alaranjada, azul,
púrpura e ainda as cores branca e preta que podem ser empregadas tanto solitárias
como associadas para um propósito. Por exemplo, a cor vermelha deve ser
empregada nos equipamentos de incêndio, porém os acessórios desses
equipamentos devem estar na cor amarela.
A cor vermelha também deve ser empregada para comunicar parada
obrigatória e proibição, entretanto vedada para indicar perigo. A cor utilizada para
sinalizar perigo é a alaranjada. A amarela para comunicar "cuidado", um exemplo
prático e corriqueiro é sua presença no semáforo, que comunica justamente isso. A
cor verde é utilizada para indicar segurança, sendo empregada na localização de
equipamentos de primeiros socorros, caixas de EPI’s, faixas delimitadoras de áreas
seguras, exemplificando.
Para comunicar uma ação que deverá ser cumprida, obrigatória, aplica-se
a cor azul. Já as cores púrpuras, branca e preta, respectivamente, são empregadas
para indicar perigos advindos de radiações em faixas, corredores, passarelas para
uso exclusivo de pessoas, como em volta dos equipamentos de urgência e setas de
sinalização. E na identificação de coletores de resíduos (exceto os de origem
hospitalar).
70
SEÇÃO 3 Procedimentos Metodológicos
Os procedimentos metodológicos em uma pesquisa são as etapas que o
pesquisador percorre para atingir um determinado fim diante de seu objeto de
estudo e da carga teórica embasada. Sendo assim, esta seção é dedicada aos
processos metódicos utilizados nesta pesquisa, como, os métodos de abordagem e
procedimento e aplicação destes no referente objeto de estudo (uma indústria de
metalurgia, mais especificamente o seu setor de chapa da cidade de Caruaru-PE).
Tem-se como metodologia principal a MEAC, para uma análise do ambiente do
ponto de vista ergonômico, considerando seus condicionantes físico-espaciais
(iluminação, vibração, ruído, temperatura, ventilação e aeração), assim como na
fase final da metodologia, a compreensão da percepção do usuário sobre seu
espaço (relacionamento coletivo, condições físicas e estruturais) afim de, propor
melhorias projetuais nesse mesmo ambiente, favorecendo entre outras coisas o
bem-estar, saúde, segurança, desempenho e conforto do trabalhador.
71
Nesta seção será apresentada a MEAC, assim como os métodos de
abordagem e procedimento e a aplicação desta metodologia ergonômica do
ambiente construído no ambiente industrial selecionado, mais intrinsecamente em
seu setor de chapa.
3.1. A Metodologia Ergonômica do Ambiente Construído
Diversas e variáveis são as premissas para uma identificação objetiva
sobre a adequação de um ambiente e a0 seu usuário. Devido a essa gama e
complexidade de nuances, inclusive de ordem física e subjetiva, a ergonomia em
sua abordagem "sistêmica, ampla" (MONT'ALVÃO; VILLAROUCO, 2011, p.28) e
integrada possibilita a identificação, análise e correção dos ambientes e tarefas ao
usuário.
(...) a Avaliação Ergonômica do Ambiente tem como objetivo principal e preliminar a apuração quantitativa e qualitativa de todas as funções e atividades interativas entre o usuário (como foco principal), o mobiliário e equipamento e o trabalho em si. Busca dados de diversas variáveis que compõem todo o conjunto de itens que interagem conjuntamente fazendo parte do cotidiano dos usuários e influenciando no conforto do sistema (MONT'ALVÃO; VILLAROUCO, 2011, p. 30).
Considerando o homem e seu espaço de atuação, o ambiente construído
e sua relação com a tarefa, almejou-se uma abordagem ergonômica que abarque
tais dimensões do homem e as configurações do ambiente. Com respaldo nessa
macro área de conhecimento, a Ergonomia, no âmbito desta pesquisa será utilizado
como metodologia para o ambiente estabelecido a MEAC.
A Metodologia Ergonômica do Ambiente Construído (MEAC) ocupa-se do
entendimento sobre a interação, influências e impactos no sistema ambiente-
homem-tarefa. O contorno desta metodologia embasa-se na Análise Ergonômica do
Trabalho (AET), a qual fora adaptada para a análise do ambiente físico em uso. E
para a identificação das nuances da percepção do usuário sobre o ambiente,
adotado-se um procedimento da área de Percepção Ambiental, a Constelação de
Atributos (FIGUEIREDO; RHEINGANTZ, 2009).
De acordo com Mont'alvão; Villarouco (2011), a MEAC possui duas fases,
uma inicial de ordem física, ambiental e a segunda sobre a percepção do usuário
72
relacionada ao ambiente. São basicamente e principalmente estas duas macro-
etapas com subfases. A análise global do ambiente, identificação da configuração do
ambiente, avaliação do ambiente em uso no desempenho das atividades, percepção
ambiental, diagnóstico ergonômico e as recomendações.
3.1.1. Análise global do ambiente
Como seu próprio nome diz, é uma análise mais abrangente do ambiente
para a identificação de inadequações no mesmo. Como na AET, essa etapa,
segundo Mont'alvão; Villarouco (2011) identifica os problemas existentes, onde
necessita a intervenção.
Então, para este entendimento e descrição do ambiente e do é realizado
nele, há aplicação de questionários para a partir dos detalhes e informações
encontradas serem realizadas as listas de verificações.
3.1.2. Identificação da configuração ambiental
Nesta etapa analisam-se todos os fatores correspondentes ao ambiente,
os quais foram pesquisados durante o corpo da pesquisa:
Tratando de avaliação do ambiente, nessa etapa identificam-se os condicionantes físico-ambientais a partir do levantamento de todos os dados do local, levantando-se as primeiras hipóteses sobre a questão das influências do espaço na execução das atividades do trabalho (VASCONCELOS; VILLAROUCO; SOARES, 2009, p.11).
Sobre os condicionantes físico-ambientais, refere-se a questões do layout
espacial, mobiliário e revestimentos, elementos ambientais, como, ruído, ventilação,
luz, vibração. E a execução das atividades realizadas, de grosso modo (primeiro
contato).
3.1.3. Avaliação do ambiente em uso no desempenho das atividades
73
Esta etapa é realmente a consideração da tarefa, ou seja, a execução da
tarefa no ambiente. As atividades são consideradas a partir da facilitação ou
problemas que o ambiente pode auxiliar ou prejudicar.
O ambiente onde se trabalha diariamente pode contribuir não somente na produtividade e eficiência do trabalho, mas interferir na saúde física e psico-social dos indivíduos que o vivenciam (MONT'ALVÃO; VILLAROUCO, 2011, p. 36).
Para então, ser constituído, após a compreensão e percepção dos
problemas no ambiente que afetam a execução correta das atividades dos usuários,
o diagnóstico ergonômico sobre o sistema humano-tarefa-ambiente.
3.1.4. Percepção ambiental
Nesta fase, passa-se a considerar como ponto central a percepção do
usuário sobre o ambiente. Ou seja, os condicionantes físico-espaciais que interferem
na execução de sua tarefa durante seu expediente de trabalho, por intermédio de
uma ferramenta da área da Psicologia ambiental ou percepção ambiental, a
Constelação de atributos.
A Constelação de atributos é uma ferramenta da psicologia ambiental,
que "procura identificar a percepção que os usuários têm em relação aos espaços,
através da obtenção das imagens que o usuário tem frente a um determinado
ambiente" (MONT'ALVÃO; VILLAROUCO, 2011). Além disso, esse método, segundo
estas autoras, Mont'Alvão; Villarouco (2011) embasadas em Ekambi-Scmidt (1974),
é uma ferramenta que mostra ao pesquisador o que é realmente subjetivo,
espontâneo e não estereotipado.
Dentro das características da Constelação de atributos pode-se
acrescentar a fácil compreensão dos elementos ligados a percepção do ambiente
em relação aos trabalhadores, linguagem visual (gráfico formulado a partir do
retorno obtido) e "uma grande variável de respostas" (SCMIDT, 1974 apud
MONT'ALVÃO; VILLAROUCO, 2011, p. 38). Uma vez que, o número de respostas
dadas pelos usuários do ambienta são irrestritas e abertas.
O quadro 4 apresenta as etapas e descrições desta ferramenta.
74
Quadro 4 - Procedimentos da constelação de atributos.
Etapas Descrição
Características Espontâneas - 1ª etapa - elaboração de questionário simplificado com
apenas uma pergunta, podendo ser
respondido por várias respostas sem danos;
- Classificação decrescente das frequências
de variáveis obtidas pelas respostas.
Para isso usa-se a probabilidade de atributos.
- Após a classificação dos qualificativos é
determinado a distância psicológica deles,
por uma função logarítmica.
- Após esse cálculo, o valor é multiplicado
por dez para melhor visualização e
representação no gráfico.
Características Induzidas - 2ª etapa - Nessa fase da segunda etapa, será
realizado a pergunta geral sobre o objeto de
estudo (sem relacionar a afetividade.
- Através das respostas serão obtidos os
qualificativos induzidos, os quais serão
organizados analogamente aos da etapa 1ª.
Fonte: Adaptado de Villarouco; Andreto, 2008.
No quadro 4 vê-se as duas etapas, uma com carterísticas espontâneas e
outra induzidas, porém com a necessidade de eleboração e aplicação de
questionários e a representação visual das respostas.
A representação explicativa da organização dos dados dessa ferramenta
se estrutura em torno de um centro, o objeto de estudo (ambiente) ou a pergunta
sobre o ambiente, os círculos extremos são as variáveis e a distância, representada
pela área pontilha (destacado), a qual se refere à relação (mais direta ou não) da
percepção do usuário sobre o ambiente. Assim, como está representado na figura
15.
75
Figura 15 - Representação do gráfico da constelação de atributos.
Fonte: Vasconcelos; Villarouco; Soares, 2009.
A forma de organização visualizada possibilita a avaliação do
comportamento dos atributos sobre o objeto de estudo determinado. A proximidade
e/ou afastamento em relação ao centro está associado à pergunta sobre o ambiente.
Ou seja, mostra a propriedade ou relação (mais) direta ou indireta dos usuários em
relação à percepção do espaço (VILLAROUCO; ANDRETO, 2008).
3.1.5. Diagnóstico ergonômico e recomendações
O diagnóstico e as recomendações para o ambiente são as fases finais
dessa metodologia, onde serão confrontados os dados entre a análise do
ergonomista, sua interação com os usuários e das variáveis obtidas da percepção
sobre o ambiente (MONT'ALVÃO; VILLAROUCO, 2011). Referente a toda
abordagem ergonômica e de onde poderão ser originadas as proposições para um
ambiente mais adequado ao usuário e suas funções.
O diagnóstico pontua os problemas, falhas, inadequações, assim como os
fatores ambientais que estão adequados, serão mantidos. E as recomendações
suplementam o diagnóstico, uma vez que, expõe as soluções ou indicações para
estas nos problemas encontrados e evidenciados na fase de diagnóstico.
76
3.2. Método de abordagem e procedimentos
Método em seu significado é todo processo racional para chegar a
determinado fim; maneira de proceder; Obra que contém disposta numa ordem de
progressão lógica os principais elementos de uma ciência, de uma arte (Dicionário
do Aurélio, 2014). O método de abordagem utilizado nesta pesquisa é o hipotético-
dedutivo.
O método hipotético-dedutivo é uma mesclagem do dedutivo com o
método indutivo. Este método propicia ao pesquisador, através de fatos gerais,
chegar a uma conclusão particular, de hipóteses a experimentação e comprovação.
Assim, nesta pesquisa parte-se da hipótese de que um ambiente adequado as
necessidades do seu usuário é aquele que além de propiciar uma execução de
tarefa eficiente, conserve e colabore positivamente para saúde, conforto e
segurança desse usuário na realização de sua tarefa.
Para isso, a ergonomia deve estar presente em toda parte concebida do
ambiente seja desde a parte projetual a pós-ocupatória ou como é o caso do objeto
de estudo, na pós ocupação e realizações de atividades. Portanto, foi escolhido um
setor de um ambiente industrial para um olhar ergonômico, ou seja, uma análise e
intervenção ergonomizadora no setor de chapa de uma indústria de metalurgia para
uma manutenção e progressão benéfica de realizações das atividades
desenvolvidas pelo trabalhador, evitando desgastes e acidentes laborais.
Em convergência com o que se propõe o método de abordagem
escolhido para a pesquisa, o método de procedimento utilizado foi o experimental,
para a verificação das hipóteses selecionadas, experienciá-las. Em apoio a esse
método de procedimento foi utilizado a Metodologia Ergonômica do Ambiente
Construído (MEAC). Esta metodologia de aplicação ambiental compõe-se de etapas,
são elas: Análise Global do Ambiente, Identificação da Configuração Ambiental,
Avaliação do Ambiente em uso no desempenho das atividades, Percepção
Ambiental, Diagnóstico Ergonômico do Ambiente e Proposições ou Recomendações
Ergonômicas.
A primeira etapa consiste em uma análise mais geral do ambiente, com
aplicação de questionário para a identificação de pontos danosos5 no próprio
5 “Danosos” aqui se têm o sentido de problemático também.
77
ambiente. Então, foi aplicado um questionário com os indivíduos do setor de chapa,
para a visibilidade, logo compreensão de quem habitualmente convive, atua e sofre
influências dos fatores ali constados em suas atividades, na organização,
composição e estrutura ambiental (visão geral do sistema).
Na identificação da configuração ambiental há a observância mais
detalhada de fatores físico-ambientais, todos os componentes que constroem o
ambiente como também os agentes (condicionantes térmicos, lumínicos, vibratórios,
ruído, ventilação). O layout do local foi feito e analisado através de plantas baixas do
local, as condições de acesso, fluxos e materiais presentes (em revestimentos, por
exemplo) foram também observados, assim como, os condicionantes ambientais
citados e suas devidas medições. Nesta fase foi realizado também, uma entrevista
com os trabalhadores do setor de chapa da empresa de metalurgia.
A terceira etapa é onde ocorre a avaliação do ambiente no desempenho
das atividades. Observam-se os condicionantes espaciais e sua interferência na
tarefa, se o ambiente está contribuindo favoravelmente ou não para a execução dela
pelo trabalhador. De acordo com Paiva; Villarouco (2012) a importância desta etapa
reside no fato de que o espaço físico interfere diretamente na produtividade e
eficiência dos serviços. Valendo-se dos conhecimentos ergonômicos e
antropométricos foi feito observâncias sobre o modo de realização das tarefas do
setor, para uma análise e identificação dos elementos ambientais interferentes no
desempenho do usuário ambiental.
Nesta fase, de percepção ambiental, preocupa-se em "investigar" a visão
do usuário sobre o seu ambiente laboral, por meio da Constelação de atributos.
Sendo assim, foi construído um questionário estruturado e aplicado nos
trabalhadores do setor de chapa, no posto de trabalho de prensagem, mais
especificamente.
As etapas finalísticas ou conclusivas, "Diagnóstico e Proposições ou
Recomendações Ergonômicas", contém as informações descobertas e resultantes
das etapas anteriores executadas. Há uma confrontação dessas informações
resultantes com as observações e o material teórico utilizado para a geração de uma
proposta de melhorias e adequações do ambiente de trabalho analisado, através
das problemáticas identificadas e da conservação ou manutenção dos pontos
favoráveis do ambiente.
78
3.3. Descrição do objeto de estudo
O objeto de estudo desta pesquisa, é uma indústria de metalurgia,
localizada na região Agreste Central do estado de Pernambuco no município de
Caruaru. É uma indústria com 15 anos de mercado, que teve origem em uma
garagem local com aproximadamente de 10 a 15 funcionários, inicialmente,
produzindo araras e expositores de roupas (manequins). Expandiu-se e hoje, ainda
localizada no mesmo município, porém em uma área de maior extensão do que
inicialmente, as atividades desenvolvidas contam com espaço total de 7. 600 m² em
um bairro direcionado para as indústrias locais desenvolverem seus produtos.
Possui um quadro de 85 funcionários ao todo e produz, atualmente,
expositores para produtos: Display's, gôndolas, banquetas, araras e os componentes
destes: bandejas, gancheiras, cestos, além de outros produtos metálicos e não
metálicos (suportes, balcões, porta paletes). Sua linha de produção, em um olhar
superficial e geral (a grosso modo), dividi-se em um linha mais popular e outra de
luxo, diferindo, basicamente, pelos processos, espessura dos materiais e formas.
Para a fabricação de seus produtos, a indústria conta com diversos
setores que vão desde o dar forma a matéria-prima comprada até o acabamento e
despache dos produtos para os consumidores. Os setores que a compõem, no total
correspondem a 18, setor de chapa, arame, solda, pintura, galvanoplastia,
cromagem, expedição, almoxarifado, tela, faturamento, recursos humanos,
financeiro, executivo, comercial, design, ferramentaria, tubo, adesivagem). Há 2
anos essa indústria acresceu mais um setor as suas atividades, o da marcenaria.
Por meio desse setor, a indústria também pode explorar um novo mercado, ainda
novo para sua história de atuação, mas atuante. Esse setor foi criado com objetivo
de suprir a necessidade de clientes e consequentemente atingir novos, produzindo
peças de madeira e móveis planejados.
Desse modo, dentro de todos esses setores, foi selecionado o setor de
chapa. Este setor está concentrado onde há o maior número de trabalhadores da
indústria, a produção, logo, com mais elementos humanos a serem observados em
interação com os fatores ambientais. O setor interliga-se e por consequência dialoga
com os outros setores pela proximidade e estrutura ambiental. Está exposto
praticamente aos mesmos condicionantes físico-ambientais que os demais e possui
considerável nível de periculosidade pela falta de acabamento (quinas) das peças
79
que serão moldadas. O setor é mostrado a seguir, pela figura 15 e nela é possível
ver um pouco do ambiente, o qual foi analisado.
Figura 16 - Setor de chapa.
Fonte: Acervo pessoal.
Através da figura 15, pode-se observar sua organização, alguns
componentes e maquinário, estruturas do ambiente onde está inserido (colunas,
cobogós e uma grande abertura lateral) e partes de outros setores.
Alguns desses componentes implicam diretamente, ou seja, participam
do modo de execução da tarefa, como, as dimensões das máquinas, objetos de
auxílio e os fatores físicos do ambiente, como a quantidade de luz, ventilação,
temperatura, também influenciadores no desempenho do trabalhador (tratados mais
detalhadamente por meio dos procedimentos metodológicos seguintes utilizados).
3.4. Aplicação da Metodologia Ergonômica do Ambiente Construído
80
A seguir, as análises, identificações e explanações proporcionadas por
cada etapa dessa metodologia em relação ao objeto de estudo e em âmbito mais
específico, do setor selecionado. O Setor de chapa e os postos de trabalho de
prensagem.
3.4.1. Análise global do ambiente
Esta etapa propicia ao pesquisador um primeiro reconhecimento do
ambiente escolhido, assim como as atividades que são desenvolvidas pelos
indivíduos nesse mesmo espaço. Um olhar macro do sistema humano-tarefa-
ambiente.
Localizada na cidade de Caruaru-PE, a indústria se concentra em um
bairro afastado do centro da cidade (bairro periférico), destinado as indústrias, é de
fácil acesso. A indústria ocupa uma área de 7.600 m² com construções em 4.273, 2
m² ocupados por vários setores. A figura 17 mostra a fachada frontal da indústria.
Figura 17 - Vista frontal da indústria.
Fonte: Google Maps, 2012.
Sendo assim, por meio da figura colocada, é possível observar o aspecto
físico da frente da indústria, onde há a entrada dos funcionários e caminhões,
81
algumas das cores utilizadas pela empresa, incidência da luz solar nesse ambiente e
elementos de aeração em seus telhados.
Em relação a estrutura física e distribuição dos setores, a indústria possui
tanto setores no seu prédio de entrada (figura 16) (o administrativo) como outros
alocados ao longo de seis galpões com 26 metros de largura em média cada um,
que abrigam a parte produtiva. A figura 18 mostra a planta baixa de alguns setores
do administrativo (de faturamento, comercial e RH).
Figura 18 - Planta baixa dos setores administrativos.
Fonte: Adaptado do acervo da própria indústria.
O escritório na cor vermelha é o local destinado ao setor comercial, o RH
é identificado na planta baixa pela cor verde e por fim, o setor de faturamento é
localizado no escritório na cor azul.
Direcionando ao setor escolhido para desenvolvimento da pesquisa, o
setor de chapa, está localizado no quarto galpão, térreo entre os setores de solda e
adesivagem. A área destinada a esse setor é de 511,5 m², onde 8 funcionários
desenvolvem as atividades específicas em suas máquinas (postos de trabalho). No
quadro desses funcionários, cabe acrescentar mais um, o encarregado de
supervisionar o setor e as atividades de dobra, perfuração, moldagem, prensagem
(destaque para esta) e a distribuição dessas atividades, além de corrigir o modo de
realização das mesmas. Este setor é responsável pelo dobramento de chapas, por
82
perfurações, cortes e moldagem realizadas por meio de prensas, as quais totalizam
7 máquinas. A maioria no setor.
A figura 19 expõe a configuração de uma parte do setor.
Figura 19 - Setor de chapa em perspectiva.
Fonte: Acervo pessoal
É possível observar nesta figura uma parte do maquinário, os quais
moldam e perfuram as chapas, além de alguns condicionantes físico-ambientais,
como a iluminação, aberturas de ventilação e componentes estruturais do ambiente:
Colunas, vigas e as telhas6 (em aço) e o piso (de granilite7). Elementos de apoio,
próximo as máquinas, também podem ser vistos.
No ambiente dos setores de produção há o compartilhamento de
bebedouros e banheiros. Este ambiente possui cinco bebedouros espalhados, dos
quais dois estão presentes no setor de chapa. Os banheiros são alocados em dois
locais, o mais próximo do setor de chapa é direcionado apenas gênero masculino.
Cabe salientar que nesse espaço trabalham apenas duas mulheres, estas usam o
6 Esse tipo de telha é denominada trapezoidal zincalume.
7 Um material resultado de vários minerais moídos e posteriormente agregados/unidos.
83
sanitário feminino localizados no fim do próprio setor que trabalham, o setor de tela
(último galpão). O setor de chapa dispõe ainda de um computador, para o controle
da produção com o sistema utilizado pela empresa, assim como alguns outros.
3.4.2. Identificação da configuração ambiental
A identificação da configuração ambiental possibilita ao pesquisador
compreender os pontos positivos e negativos do ambiente, influenciadores do
usuário ambiental. Desse modo, para a compreensão concreta desses aspectos ou
condições no setor de chapa, foram verificados a iluminação, ruído, vibração,
ventilação, aeração e temperatura. Além do layout do setor, o fluxo do ambiente e a
sua acessibilidade.
3.4.2.1. Avaliação do conforto lumínico
A avaliação do conforto lumínico tem como objetivo, primeiramente,
identificar os focos de iluminação de origem natural e artificial do ambiente do setor
de chapa. Posteriormente, avaliar as condições do iluminamento do local e sua
repercussão na realização da tarefa (e no desempenho do usuário-trabalhador).
A luz natural ou de origem solar incide no ambiente, onde se localiza o
setor de chapa, por meio de "entradas" em sua estrutura. Como essas entradas
podem-se citar os cobogós, presentes na parte superior das paredes do ambiente e
os dois portões8, que permanecem abertos durante o expediente de trabalho da
indústria.
A figura 20 mostra a entrada de luz através dos cobogós.
8 A largura por altura dos dois portões: 5, 00 x 4, 00m e 9, 60 x 5, 00m.
84
Figura 20 - Exemplo de iluminação natural.
Fonte: Acervo pessoal.
Os cobogós estão localizados a uma altura de 2, 88m a partir do chão.
Embora esta altura e a sua espessura fina, contribuem com a iluminação natural do
setor de chapa e dos outros setores da área produtiva da indústria. Pode-se
observar também, passagens de luz pelo telhado. A maior parte da entrada de luz
solar fica a cargo dos dois portões do ambiente industrial.
A iluminação artificial do setor de chapa (da área de produção), é
realizada através de lâmpadas tubulares fluorescentes na cor branca (com 1, 20m
de comprimento e 40 W), distribuídas em linhas e colunas. A figura 21 exibi uma
parte da iluminação artificial posicionada em fileira, destacando as lâmpadas
utilizadas no setor de chapa.
85
Figura 21 - Exemplo de iluminação artificial.
Fonte: Acervo pessoal.
Por intermédio da figura 21 há a possibilidade da visualização,
ressaltando, da lâmpada empregada no setor escolhido e em toda indústria. Pode-se
ver seu formato alongado e também o sistema de suporte, onde são aplicadas
formando o sistema de iluminação geral de todo setor produtivo.
A próxima figura, 22, ilustra tanto a distribuição da iluminação artificial
como os pontos de iluminação natural no ambiente.
Figura 22 - Planta baixa com os focos de iluminação natural e artificial.
Fonte: Acervo pessoal.
86
Dada a figura 22, são perceptíveis os focos de iluminação artificial
(retângulos amarelos) organizada em faixas e colunas9. Já as aberturas que
permitem a incidência de luz natural na parte interna do ambiente são identificadas
pelos círculos laranjas. Os portões laterais na planta são P1 e P2. P3 é uma porta
que dá acesso ao refeitório. E as faixas de cobogós ao longo do comprimento da
parede são: C1, C2, C3 e C4.
A iluminação do ambiente é do tipo geral e combinada, pois há lâmpadas
em locais específicos e mais próximas dos postos de trabalho. No setor de chapa,
há apenas dois posto de trabalho com iluminação específica, em duas dobradeiras.
A figura 23 expõe os dois sistemas no setor de chapa.
Figura 23 - Exemplo de iluminação combinada.
Fonte: Acervo pessoal.
A lâmpada utilizada na iluminação localizada são as mesmas empregadas
na iluminação geral da indústria, apenas com adaptação do suporte.
Sendo assim, para uma adequada avaliação da iluminação do setor, foi
considerado as recomendações da NBR 5382, que trata sobre a verificação de
iluminância em ambientes. Por intermédio da próxima figura (planta baixa do local),
9 O total de lâmpadas utilizadas são oitenta, dispostas em quinze linhas e seis colunas ao longo do
ambiente. Esta disposição de lâmpadas é possível, devido a suspensão por cabos de aço tensionados.
87
24, são possíveis de identificar os pontos de medições e os locais específicos, onde
foram realizadas essas ações no setor.
Figura 24 - Planta baixa com os pontos de medições de iluminação.
Fonte: Acervo pessoal.
Conforme o referencial da norma e suas indicações, foram realizadas
medições no setor próximas as máquinas de prensa e a partir dos valores obtidos,
como recomendado, é extraído a média de iluminância do setor de chapa.
3.4.2.2. Avaliação das condições de ventilação
Em avaliação das condições ambientais do setor de chapa da indústria,
focando a ventilação de origem natural, provocada e a aeração neste ambiente, foi
perceptível alguns elementos estruturais contribuintes para a circulação de ar no
setor.
As entradas e saídas de ar no ambiente do setor de chapa se dão de
forma natural por intermédio de portões e cobogós. As mesmas aberturas que
permitem a entrada de luz solar no ambiente. Há no ambiente produtivo
ventiladores, porém apenas um presente ou direcionado a um posto de trabalho
(dobradeiras). Para a aeração, o setor em análise possui exaustores eólicos,
responsáveis pela retirada e dispersão de ar quente do ambiente, impurezas, como
fuligens, poeiras e até fumaça, através da movimentação do ar (externo). Na figura
25 podem ser observados os exaustores acima do setor.
88
Figura 25 - Exemplos de elementos de aeração.
Fonte: Acervo pessoal.
Os exaustores eólicos estão localizados no telhado de toda a indústria,
distribuídos em linhas e colunas, conforme a iluminação. Eles totalizam seis por
linha e sete por coluna. São confeccionados em aço galvanizado, para evitar o
processo corrosivo, já que estão expostos a agentes químicos e físicos do meio
ambiente.
A figura 26 mostra na planta do ambiente do setor de chapa esses focos
de ventilação, tanto o natural como o artificial.
89
Figura 26- Planta baixa contendo os focos de ventilação natural e artificial.
Fonte: Acervo pessoal.
De modo geral, os círculos azuis são os meios de entrada e saída de ar
natural e os em laranja representam a ventilação artificial. Pode-se identificar ainda
na planta, P1 e P2 para os portões, e P3 uma porta de acesso ao refeitório. C1, C2,
C3 e C4 as faixas de cobogós. E os círculos menores dentro da planta do setor,
representando os exaustores eólicos.
Então, a fim de avaliar a adequação das condições de ventilação a real
necessidade do ambiente em questão, se esta é suficiente ou inadequada, foram
efetuadas medições em alguns pontos específicos do setor sobre a velocidade do
ar. Estas medições foram realizadas com auxílio do anemômetro. A figura 27 retrata
os pontos onde ocorreram essas ações.
90
Figura 27 - Planta baixa contendo os pontos de medições de ventilação.
Fonte: Acervo pessoal.
Na figura é mostrado os pontos citados anteriormente, para se obter os
valores referentes a ventilação. As medições foram realizadas próximas as
máquinas, inclusive em um dos pontos com ventilação mecânica (por ventilador),
como nas extremidades e centro da região dos postos de trabalho analisados. Ou
seja, foi-se realizado medições na mesma região, porém em pontos com
características diferentes utilizadas pelos funcionários, tanto perto do maquinário
mais próximo da entrada de ar natural, como aqueles que não recebiam correntes
de ar incidente/diretamente ou que recebiam de forma mecânica.
3.4.2.3. Avaliação do conforto térmico
Nesta etapa, houve uma análise e avaliação sobre a temperatura do setor
de chapa e suas condições, se este oferta o conforto térmico necessário a seus
usuários ou não.
A indústria está exposta externamente a ação solar, principalmente com
incidência na sua parte frontal e lateral esquerda, no período da manhã. À tarde os
raios solares incidem mais na parte de trás da indústria, onde se localiza a parte dos
setores de produção. Ou seja, a maior concentração de calor e raios solares no
período da tarde sobre o ambiente do setor de chapa e dos outros setores também.
Em relação as estações do ano, o verão concentra as temperaturas ou a sensação
91
térmica mais elevada se comparada a estação do ano inverno, por exemplo.
Potencializando as temperaturas no período de mais incidência solar do dia (tarde)
sobre o setor.
Outro fator que influencia a temperatura dentro do ambiente laboral é
própria temperatura das máquinas ao longo das atividades, que vão se aquecendo
progressivamente até a estabilização. As prensas mecânicas não geram calor nas
partes de contato com o usuário, exceto quando acionadas por força mecânica. Ou
seja, o calor gerado pelo próprio movimento do trabalhador ao executar sua tarefa.
Então, afim de avaliar as condições de temperatura no ambiente do setor
de chapa, com auxílio do termo anemômetro, foram realizadas verificações da
temperatura no setor de chapa. A figura 28 contém os locais de medições no setor.
Figura 28 - Planta baixa contendo os pontos de medições de temperatura.
Fonte: Acervo pessoal.
Os pontos ou locais escolhidos para as verificações necessárias, foram
levados em consideração as aberturas (entrada de ar) e os locais com ausência
delas, uma vez que, o conforto térmico está diretamente ligado a velocidade,
umidade do ar. Com a presença de equipamentos mecânicos (ventilador) e um
ponto mais afastado da região dos postos de trabalho de prensagem, para a
compreensão completa da temperatura do setor. Os pontos amarelos são as
medições no verão e os pontos azuis no inverno.
92
3.4.2.4. Avaliação do conforto acústico
O setor de chapa é um dos setores do ambiente industrial com menores
fontes ruidosas. A geração de ruído pelo setor em específico se dá, basicamente,
quando o pedal das prensas são acionados mecanicamente pelos trabalhadores.
Porém, existe no ambiente o compartilhamento de ruídos provenientes desse e dos
outros setores, assim como atividades extras: carregamento e transporte de matéria-
prima. A figura 29 representa as zonas ruidosas no ambiente do setor de chapa.
Figura 29 - Planta baixa contendo as zonas de ruído.
Fonte: Acervo pessoal.
Todos os setores produzem seus ruídos, uns com mais intensidade (o
setor de solda, exemplificando) e outros com menos, que é o caso do setor de
chapa.
Para avaliar as condições proposta nesta subseção, o de conforto
acústico, foram realizadas (novamente e necessárias) medições no ambiente com a
ajuda do decibelímetro e seguindo as recomendações da Norma Regulamentadora
15 ou NR 15 sobre como proceder. A figura 30 do ambiente laboral, mostra onde
foram realizadas as verificações do nível de ruído.
93
Figura 30 - Planta baixa contendo os pontos de medições de ruído.
Fonte: Acervo pessoal.
Nestas medições, nos pontos verdes marcados na planta do setor, foi
buscado realizar as verificações nos postos com diferentes características, como,
proximidade de abertura estrutural, com outro setor (setor de solda), entre postos de
trabalho diferentes dentro do próprio setor. Nas extremidades e centro do setor de
chapa.
3.4.2.5. Avaliação das condições de vibração
Outro fator a ser avaliado no ambiente é a vibração, como os outros
fatores, influencia no bem-estar humano, saúde e conforto e pode ter várias origens
e gerar diversas consequências.
No ambiente do setor de chapa, não é diferente, há a presença de ondas
vibratórias, porém em sua maioria apenas sentidas quando tocadas, como é o caso
das prensas e das outras máquinas do setor. Portanto, para avaliar essas condições
no ambiente (níveis de vibração nas prensas), as medições foram executadas por
intermédio do vibrômetro nos postos de trabalho de prensagem, quando em uso.
A figura a seguir (31), mostra os pontos da realização das medições do
índice de vibração.
94
Figura 31 - Planta baixa contendo os pontos de medições de vibração.
Fonte: Acervo pessoal.
As medições foram feitas nos pontos roxos constados na figura da planta
baixa do setor. Foi assegurado um distanciamento para que cada máquina pudesse
dar seu real valor vibratório, sem a influência de outra. Nestas verificações e
medições da vibração, percebeu-se dois tipos de intensidade de vibrações. Uma
com a máquina apenas ligada (fraca) e outra quando o pedal é acionado (bem mais
forte). A escala de Mercalli Modificada (MMI) foi empregada para a conceituação do
grau dos valores encontrados.
3.4.3. Avaliação do ambiente em uso e desempenho das atividades
Nesta etapa, é avaliado o desempenho ou execução das atividades no
setor. É analisado os postos de trabalho, o layout do ambiente, os fluxos de
circulação humana e a acessibilidade. Questões de dimensionamento, postura e
posicionamento.
As verificações e observâncias foram efetuadas no horário de
funcionamento (expediente comercial) da indústria com os trabalhadores executando
suas respectivas atividades.
95
3.4.3.1. Postos de trabalho
Postos de trabalho no setor de chapa são as máquinas. Cada máquina do
setor possui características e funções próprias, porém destinadas a moldar, perfurar
ou cortar chapas metálicas. As máquinas em maior quantidade e frequência de
utilização no setor são as prensas mecânicas. Elas são empregadas para a
conformação ou perfuração das chapas. A figura 32 mostra uma prensa mecânica
destacando-se suas partes.
Figura 32 - Prensa mecânica.
Fonte: Acervo pessoal.
Como pode ser observado, as partes principais que formam a prensa são:
volante de transmissão (A), martelo (B), mesa (C) e pedal de acionamento (D). Na
figura consegui-se ver, também, as dimensões mais verticalizadas da prensa (a qual
possui 1, 60 m de altura) e o assento improvisado, uma banqueta não regulável.
Além dos postos de trabalho de prensagem, têm-se no setor os postos de
trabalho: dobradeira manual (possui a finalidade de dobrar chapas e é acionada de
modo mecânico (força humana), dobradeira CNC (também dobra as chapas, porém
com acionamento eletrônico), blank (molda e corta chapas com configuração
computadorizada) e guilhotina (corta com acionamento mecânico). A figura 33 exibi
um destes postos de trabalho, a dobradeira manual.
C
D
B A
96
Figura 33 - Dobradeira manual.
Fonte: Acervo pessoal.
Cabe salientar que, a utilização destas máquinas é realizada na posição
em pé pelos funcionários e não possuem assento.
Além dos postos de trabalho, há ainda no setor os elementos acessórios,
os quais têm por objetivo suprir algo que a própria máquina não forneça. São
exemplos, as baquetas, para a realização da tarefa sentada; os suportes, estantes e
carrinhos, para depósito e transporte das chapas; cestos para as sobras das peças.
A figura 34 mostra um "carrinho", um dos objetos auxiliares usados no ambiente do
setor de chapa.
Figura 34 - Elemento acessório.
Fonte: Acervo pessoal.
97
Estes objetos, como o da figura, são produzidos pela própria indústria a
partir das necessidades dos próprios funcionários durante a execução da tarefa ou
da própria indústria, como o armazenamento de peças. O objeto da figura 33 possui
a função de transporte/movimentação (como pode ser observado pela presença de
rodízios) e deposição de peças.
A figura de número 35, objetiva, principalmente, mostrar alguns desses
objetos dispostos no setor (organização) e em sua utilização diária.
Figura 35 - Objetos auxiliares no setor de chapa.
Fonte: Acervo pessoal.
Nesta figura é factível a visualização dos elementos auxiliares no setor de
chapa (enfoque da figura) e em locais externos a este. Então, tem-se: Estante de
aço (A), utilizada na armazenagem de peças; "carrinho" e os "T's" (B), estes
fabricados pela indústria para facilitar o manuseio das longas faixas de chapas. Uma
gôndola de canto (C), um tipo de "estante de aço” usada, também, na armazenagem
de peças e outro tipo de "carrinho" (D), porém com a mesma funcionalidade
(transportar e servir de suporte).
Conhecido e compreendido as máquinas e outros elementos funcionais
do setor de chapa, partiu-se, então, para uma observação e caracterização do
executor destes objetos, mais propriamente, do modo como o trabalhador está
98
executando as suas atividades (uso e desempenho). Para isto, foi empregado a
Categorização e taxionomia dos problemas ergonômicos do sistema humano-tarefa-
máquina de Moraes e Mont'Alvão (2010).
Tem-se como conceito de problema:
(...) uma defasagem entre o que é e o que deveria ser, ao se considerar um determinado aspecto da realidade; e que, para ser o que deveria, requer um reajustamento (solução), capaz de mudar os aspectos problemáticos (BARBOSA 1980 apud MORAES; MONT'ALVÃO, 2000, p.74).
A Categorização e taxionomia dos problemas ergonômicos do sistema
humano-tarefa-máquina dividi-se em vários problemas e suas respectivas
caracterizações, que vão desde a problemas interfaciais até os psicossocias,
instrucionais (entre outros).
Desse modo, a figura 36 mostra um registro de um funcionário em seu
posto de trabalho, a prensa, executando suas atividades. Posteriormente, a sua
caracterização.
Figura 36 - Funcionário em seu posto de trabalho.
Fonte: Acervo pessoal.
99
Esta figura (35) exibi um trabalhador desempenhando sua tarefa em seu
posto de trabalho. Como pode ser destacado, há uma acentuada curvatura em
relação a postura, desencadeada pela limitação do campo de visão. Segundo a
taxionomia de Moraes e Mont'Alvão (2010), é classificado como um problema
interfacial (a postura prejudicial é consequência do campo de visão inadequado).
Problemas acionais pediosos também ocorrem na realização dessa tarefa, uma vez
que, há constrangimentos biomecânicos ocasionados pela angulação da perna no
acionamento do pedal da máquina de prensa repetidas vezes (em média 15 vezes
ao dia).
A postura adotada pelo trabalhador é bastante recorrente e constante,
afeta principalmente a região lombar e cervical da coluna vertebral e os músculos
envolvidos. Uma postura inadequada ou hábitos posturais inadequados, como desse
funcionário (figura 34), podem acarretar problemas como: cifose, escoliose, lordose;
tensões e lesões musculares e desgastes dos discos localizados entre as vértebras
da coluna vertebral. Assim como, os problemas acionais pediosos podem
desencadear lesões e desgastes nas articulações (do joelho, por exemplo) e
tensões musculares na perna.
Na figura subsequente (37) é mostrado o mesmo trabalhador da figura 35,
entretanto visto de um ponto focal diferente da anterior.
100
Figura 37 - Vista posterior do funcionário em seu posto de trabalho.
Fonte: Acervo pessoal.
A figura 37 permiti ter uma visão melhor do braço abduzido, problemas
acionais; da inclinação e curvatura postural desencadeadas pelo campo de visão
comprometido e do assento10 adaptado. O usuário tanto realiza suas atividades na
posição de pé quanto sentada, porém esta é a que geralmente ocorre.
A próxima figura, a de número 38, mostra um momento onde o
funcionário está executando a mesma tarefa, porém de pé.
10
Com medição de 82 cm de altura. Bastante elevado, pois segundo o IBGE (2008-2009), a média de altura do gênero masculino do estado de Pernambuco entre 18 e 64 anos é de 1,72 a 1,65.
101
Figura 38 - Funcionário em seu posto de trabalho na realização da tarefa na posição de pé.
Fonte: Acervo pessoal.
O que pode ser observado nesta posição, na qual se encontra o
funcionário, é o tronco com uma pequena torção lateral, projeção do pescoço e
cabeça para frente. Caracterizando, novamente, problemas interfaciais, devido ao
campo de visão inadequado. Ainda salienta-se, membros superiores apoiados em
diferentes níveis, porém não apropriado a estes (partes quaisquer da prensa
mecânica).
Na figura 39 é possível ver a utilização de outra prensa mecânica, com
outro grau de curvatura da coluna vertebral e outro tipo de assento utilizado na
realização da tarefa.
102
Figura 39 - Funcionário em seu posto de trabalho na realização da tarefa na posição sentada.
Fonte: Acervo pessoal.
Por intermédio desta figura, 39, é possível identificar a curvatura postural
e o posicionamento dos membros superiores e inferiores no desenvolvimento da
tarefa. São os problemas interfaciais, recorrência do campo de visão inadequado no
desenvolvimento da tarefa com consequências posturais inapropriadas e problemas
acionais manuais e pediosos, constrangimentos biomecânicos de angulação e
repetição nos membros. A diferença do assento é pela utilização da banqueta (com
dimensões de 98 cm de altura total e 64 cm de altura dos pés até o assento). Na
figura nº 39, mostra o ponto de vista posterior do trabalhador realizando a mesma
tarefa.
103
Figura 40 - Vista posterior do funcionário em realização da tarefa na posição sentada.
Fonte: Acervo pessoal.
Portanto, é possível enxergar melhor a abertura e torção para a lateral
das pernas e pés do funcionário, a curvatura da postura e os braços abduzidos.
Como pode ser observado, a altura da banqueta (e sua estrutura não ajustável) não
favorece a ação que está sendo cumprida, principalmente quando é observado a
angulação dos membros inferiores, curvatura postural e inclinação da cervical
(evidenciando os problemas ergonômicos).
Os problemas acionais pediosos, "constrangimentos biomecânicos no
ataque acional (...)" (MORAES; MONT'ALVÃO, 2000, p. 76), ou seja, no
acionamento de pedais, como ocorre na tarefa de prensagem, podem acarretar
danos ao membros inferiores do trabalhador. A figura 41 e 42 mostram essa
atividade focalizada.
104
Figura 41 - Posição inicial da atividade de pressionamento do pedal da prensa mecânica.
Fonte: Acervo pessoal.
Nesta figura, é visto a angulação da posição da perna, o flexionamento do
joelho, além dos elementos envolvidos na execução, a banqueta (34 cm de altura
dos pés) não ajustável e a própria máquina. Há um problema acional, pois o pedal
comprimi uma parte bastante restrita da planta do pé, não distribuindo o peso. A
próxima figura, 42, dá sequência ao acionamento do pedal (o acionamento de fato,
propriamente dito).
105
Figura 42 - Posição final da atividade de pressionamento do pedal da prensa mecânica.
Fonte - Acervo pessoal.
A figura 42 completa a ação de acionar o pedal realizado pelo funcionário
(figura 39). Esta atividade ocorre frequentemente durante o horário de expediente da
indústria. Outro ponto a se considerar é que, o pedal é plano, não possui inclinação
e por isso não permiti que o pé fique em um ângulo de conforto. Também se
percebe, ao acionar o pedal o assento comprimi a parte posterior da coxa,
prejudicando a circulação e irrigação de perna e pé.
Pode-se pontuar outro movimento realizado durante a tarefa de
prensagem, a de torção. A torção lateral do tronco e pescoço é realizada para o
funcionário ter o acesso as chapas a serem prensadas. Caracterizando, nos dois
casos (figura 43 e 44), problemas instrumentais (desnível e distância do objeto)
associados aos interfaciais e acionais manuais e pediosos. As imagens 43 e 44
mostram os trabalhadores realizando esse movimento.
106
Figura 43 - Postura e movimento de torção do funcionário em seu posto de trabalho.
Fonte: Acervo pessoal.
Neste tipo de torção e flexão do tronco (conforme pode ser observado),
afeta-se toda região da coluna sobrecarregando a região lombar do funcionário e
principalmente a cervical (A) pela torção e a repetição deste movimento. Como
resultante tem-se o aparecimento de distensões musculares, hérnia de disco,
diminuição da amplitude de movimento, dores, inflamações, cifose. O
posicionamento da região inferior do funcionário (B), pernas e pés, por sua vez,
poderá acarretar no indivíduo inchaço nas perdas (falta de apoio de fato nos pés),
lesões e desgastes nas regiões de articulações e tensões musculares.
A figura 44 pode-se observar a atividade em maior grau de torção.
107
Figura 44 - Postura e torção em maior grau do funcionário em seu posto de trabalho.
Fonte: Acervo pessoal.
Nesta parte da tarefa o funcionário rotaciona sua parte superior para ter
acesso as faixas de chapa mantendo a sua parte inferior fixa, provocando a torção
do tronco com maior grau do que na figura anterior (nº. 43). Basicamente, causa os
mesmos problemas osteomusculares que a torção da região cervical só que na
região lombar, mais acentuadamente. Dores são consequências, assimetria
postural, desgaste de discos, inflamações, tensões musculares também.
3.4.3.2. Layout
O setor de chapa em sua organização ambiental, layout, foi disposto
pelos responsáveis (donos) em conjunto com o gerente de produção da indústria,
como pode ser visto na figura 45.
108
Figura 45 - Planta baixa do layout do ambiente do setor de chapa.
Fonte: Acervo pessoal.
A forma de organização dos setores foi pensada seguindo uma ordem
dos processos produtivos, finalizando com o encaminhamento do produto para o
setor de expedição (embalagem e transporte dos pedidos). Como pode ser
observado pelo sentido da seta. Então, a chapa e o setor de solda são um dos
últimos processos de fabricação de peças, para assim receber os processos de
acabamento (exemplo, cromagem) e embalagem. Outra questão considerada para a
configuração ambiental ou a disposição dos setores foi, em relação a entrada de
matéria-prima na produção, realizada por meio da abertura P2.
A organização interna do setor de chapa se deu pela divisão em partes
principais das atividades, considerando a quantidade e a mesma função das
máquinas sem outras considerações (condicionantes físico-ambientais, por
exemplo). Apenas agrupamento de atividades afins no ambiente.
3.4.3.3. Fluxos
Ao considerar o ambiente escolhidos para análises de vários fatores
foram observados, inclusive os fluxos presentes no setor e em sua proximidade. No
setor de chapa (e no ambiente onde está localizado) há fluxos dos próprios
funcionários, sejam sós ou acompanhados e de máquinas, que promovem o auxílio
ou dão suporte para as atividades ali desenvolvidas.
109
Para a visualização desses fluxos e outras considerações sobre isto, a
figura 46 representa a planta baixa do ambiente, onde está localizado o setor de
chapa analisado e as marcações dos principais focos de fluxos neste setor (de
chapa).
Figura 46 - Planta baixa com fluxos do ambiente do setor de chapa.
Fonte: Acervo pessoal.
Observado a planta, na figura 46, pode-se explanar que, as setas na cor
vermelha e espessura mais grossa, são referentes ao fluxo principal realizado no
setor tanto de pessoas como para a entrada de carga/matéria-prima do meio
externo. Os fluxos representados pelas setas na cor azul são as movimentações que
acontecem internamente no setor de chapa, em específico entre os postos de
trabalho de prensagem. Por fim de representatividade, as setas na cor preta são os
outros fluxos que acontecem no setor produtivo entre os trabalhadores do local e
outras pessoas externas.
3.4.3.4. Acessibilidade
Observado os fluxos no ambiente, é importante e necessário considerar
outro fator associado a este, a acessibilidade. De acordo com a NBR 9050 a
definição para acessibilidade é a "possibilidade e condição de alcance, percepção e
entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço,
110
mobiliário, equipamento urbano e elementos" (NBR 9050). Ou seja, ambientes que
permitam o seu uso sem discriminação de pessoas, dentro de suas possibilidades,
sem o detrimento de seu bem-estar e independência.
Desse modo, embasando-se no conceito de acessibilidade e na norma
NBR 9050, foi analisado o setor de chapa e alguns pontos do ambiente industrial
que dá acesso a este, para a verificação de elementos de acessibilidade, isto é, que
tornem o ambiente realmente passível a todos. A figura 47 exibi na planta baixa do
ambiente do setor de chapa os seus acessos (entrada e saída).
Figura 47 - Planta baixa com os acessos do ambiente do setor de chapa.
Fonte: Acervo pessoal.
Estes acessos, vistos na figura 47, estão envoltos em círculos de duas
cores, o azul é atribuído ao acesso que permite a entrada e saída de todos,
deficiente físico ou não. Em vermelho, por sua vez, sinalizam as áreas de acesso
que limitam a entrada de pessoas, principalmente os que possuem alguma
deficiência, como por exemplo, um cadeirante.
O ambiente industrial de modo geral não possui muitos elementos que o
tornem de fato acessível, principalmente pelo fato deste fator não ser considerado
no pré-projeto da indústria ou na sua pós ocupação. A rampa é um desses
elementos, está presente em alguns locais do ambiente para facilitar o transporte de
111
cargas entre alguns setores, onde escadas tornariam inviável este trânsito. Essas
rampas poderiam facilitar também o acesso de pessoas com deficiência nos
membros inferiores, por exemplo, porém não possui outros elementos de apoio,
como, pegas ou corrimãos. A figura 48 mostra uma das rampas constada no setor
produtivo.
Figura 48 - Rampa.
Fonte: Acervo pessoal.
Como pode ser visto este elemento não possui qualquer outro recurso
que garantam maior segurança ou autonomia (barras, pisos táteis com sinalização
de segurança ou identificando que há um desnível), desgaste físico em seu piso e é
importante salientar que, sua configuração (inclinação) não obedece a nenhuma
norma (NBR 9050).
Portanto, a indústria ainda não possui qualquer outro elemento, recurso
ou tecnologia assistiva11 em seus setores ou em seus ambientes internos (banheiro
acessível, exemplificando). E suas aberturas para entrada e saída de pessoal
(acesso) ou mesmo o trânsito entre setores não favorecem a indiscriminação de
indivíduos (com e sem deficiência).
11
Tecnologia Assistiva pode ser definida: "(...) todo o arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e conseqüentemente promover vida independente e inclusão (BERSCH; TONOLLI, 2006 apud BERSCH, 2013, p. 2).
112
3.4.4. Percepção Ambiental
A partir desta etapa e por meio dela, buscou-se compreender a visão do
usuário sobre o seu ambiente de trabalho a partir da identificação dos pontos
positivos e negativos presentes neste ambiente, assim como, a sua influência no
desempenho e execução das atividades realizadas.
Esta etapa permitiu um entendimento além da superfície e de estereótipos, pois
utiliza-se de instrumentos, como, a entrevista, perguntas abertas diretamente com o
usuário ambiental e (por fim) uma visualização gráfica dos elementos influentes no
ambiente para o trabalhador.
3.4.4.1. 1ª Etapa - Características espontâneas
Esta seção, como evidenciado, corresponde a uma análise dos
condicionantes físico-ambientais que influenciam o funcionário na concretude de sua
tarefa e também, a sua percepção sobre o ambiente com todos esses elementos e
cargas experienciais próprias.
Portanto, nesta etapa, foi realizado o seguinte questionamento aos
trabalhadores dos postos de trabalho de prensagem, ao total de 5 funcionários,
inclusive o supervisor do setor: "Para você, como seria um ambiente ideal para a
realização de suas tarefas?". A pergunta tem por objetivo compreender quais os
elementos ideais (simbólicos) de um ambiente para a execução de uma tarefa plena,
adequada aos seus parâmetros (dos trabalhadores) de idealização, através de
respostas discursivas irrestritas, espontâneas.
Por meio das informações recolhidas e organizadas, calculou-se a
probabilidade de aparecimento de cada atributo (i). A fórmula utilizada está
representada pela equação 4.
Equação 4 - Fórmula de Probabilidade de atributos.
Fonte: Vasconcelos; Villarouco; Soares, 2009.
113
O Pi corresponde a probabilidade de associação do atributo (i); "ni" é o
número de aparições do atributo nas respostas e "n" é o número total de respostas
obtidas. Feito isso, o resultado é aplicado a mais um cálculo matemático, a uma
função logarítmica correspondente a equação 5.
Equação 5 - Fórmula de Função logarítmica.
Fonte: Vasconcelos; Villarouco; Soares, 2009.
Por meio desta função, é resultada a distância psicológica do atributo (D),
dada em centímetros, sobre a probabilidade de associação do atributo (Pi). Desse
modo, a tabela 8 mostra os atributos relatados pelos trabalhadores, o número de
ocorrência das mesmas respostas e por fim as distâncias psicológicas obtidas
através dos cálculos anteriores, equações 4 e 5.
Tabela 8 - Tabulação dos dados das características espontâneas.
Categoria Atributos associados a um ambiente imaginário
Ocorrências Distâncias Psicológicas
Instalações Ambiente espaçoso 2 1
Ambiente Organizado 1 1, 430676558
TOTAL
3
Conforto
Ambiental
Temperatura agradável 3 0, 850274153
Ambiente tranquilo 5 0, 715338279
Bastante ventilado 5 0, 715338279
Ambiente claro 1 1, 430676558
TOTAL
14
Relações
Profissionais
Ambiente amigável 2 1
TOTAL
2
Outros Pessoas 1 1, 430676558
TOTAL
1
Total de respostas 20
Continuação da tabela 8 na próxima página.
114
Categoria Atributos associados a um ambiente imaginário
Ocorrências Distâncias Psicológicas
Total de funcionários
entrevistados
5
Fonte: Adaptado de Andreto, 2005.
Como podem ser vistos na tabela 9, os atributos com menor ocorrência
nas repostas dos funcionários possuem uma distância psicológica maior. Após esta
tabulação de elementos, o gráfico 7 representa através da constelação de atributos
os dados obtidos da tabela 10.
Gráfico 7 - Constelação de atributos do ambiente ideal.
Fonte: Acervo pessoal.
No gráfico 7 estão constados os atributos presentes nas respostas dos
funcionários obtidas por intermédio da pergunta realizada sobre o ambiente
simbólico de cada trabalhador. Esse gráfico compõe-se de um círculo central,
representando o ambiente ideal e as distâncias psicológicas de acordo com o
número de ocorrência dos atributos em sentido horário.
Continuação da tabela 8.
115
3.4.4.2. 2ª Etapa - Características induzidas
Dando sequência, para compreender a relação do indivíduo perante o
ambiente (a percepção deste, seus pontos positivos e negativos, e a repercussão
desses fatores no desempenho da tarefa e bem-estar do trabalhador), foi realizada a
seguinte pergunta: "Pra você, como é o ambiente onde você trabalha?". A pergunta
tem o objetivo de obter respostas, também, irrestritas em número, espontâneas e
abertas.
Sendo assim, segue a tabulação dos dados (tabela 9) organizados
conforme a sua categoria, número de aparecimento e distância psicológica.
Tabela 9 - Tabulação dos dados das características induzidas.
Categoria Atributos associados a um ambiente real
Ocorrências Distância Psicológica
Instalações Ambiente espaçoso 2 1, 256470797
Ambiente organizado 4 0, 911651811
Boa estrutura 1 2, 0208143
TOTAL
7
Conforto
Ambiental
Altas temperaturas 4 0, 911651811
Ruidoso 3 1, 028836988
Pouco ventilado 4 0, 911651811
Iluminação deficiente 1 2, 0208143
TOTAL
12
Equipamentos Muitas máquinas 2 1, 256470797
Vários materiais 1 2, 0208143
TOTAL
3
Relações
Profissionais
Produtividade 4 0, 911651811
Atenção na atividade 3 1, 028836988
Bom relacionamento 2 1, 256470797
TOTAL
9
Outros Pessoas 1 2, 0208143
TOTAL
1
Total de respostas 32
Continuação da tabela 9 na próxima página.
116
Categoria Atributos associados a um ambiente real
Ocorrências Distância Psicológica
Total de usuários
entrevistados
5
Fonte: Adaptado de Andreto, 2005.
Então, com os dados organizados e obtidos: Cada variável e seus
atributos, número de aparecimento de respostas e o valor das distâncias
psicológicas obtidas, o gráfico 8 mostra visualmente os dados obtidos.
Gráfico 8 - Constelação de atributos do ambiente real.
Fonte: Acervo pessoal.
Neste gráfico, referente as respostas obtidas, foi estruturado no sentido
horário em relação ao círculo central e com divisão das categorias por cores. Como
consta no gráfico 8, o círculo representa o ambiente real, os atributos mais próximos
deste círculo correspondem a relação de proximidade do simbólico (idealizado)
referente ao real e assim, inversamente (afastamento do centro).
Continuação da tabela 9.
117
SEÇÃO 4 Apresentação e discussão de resultados
Nesta seção, serão discutidos e apresentados os resultados obtidos a
partir da avaliação ergonômica do ambiente construído realizada no ambiente
industrial em seu setor de chapa, especificamente. Com a confrontação dos dados
obtidos no ambiente em relação à parte normativa do referencial teórico: leis,
determinações, requisitos, referente à iluminação, ventilação, ruído, vibração,
temperatura e cor. E por fim, as recomendações ergonômicas sugeridas para a
adequação dos condicionantes espaciais às necessidades formais e funcionais do
trabalhador e o desenvolvimento de sua tarefa.
4.1. Diagnóstico ergonômico do ambiente
118
A partir da NBR 5413, a qual definiu os valores de iluminância em um
ambiente, foi verificada através das medições realizadas no setor de chapa a
insuficiência da iluminação para a necessidade das atividades e tarefas ali
desenvolvidas, como a tarefa de prensagem.
Tem-se uma deficiência de 30 lux no setor, resultados da diferença do
valor estabelecido pela norma de 200 lux pelo o nível de iluminância encontrado
realmente no setor, 170 lux. Pode-se contatar, que no ambiente há poucos focos de
iluminação natural, principalmente, direcionadas para o setor. Os cobogós presentes
na estrutura do ambiente estão a uma altura de 2,88 do chão, possuindo uma
abertura muito pequena para a passagem de luz. Os portões com aberturas maiores
localizam-se antes e posterior ao setor, afastados dos postos de trabalho.
Em relação à ventilação, os focos de passagem de ar são basicamente os
mesmos que permitem a entrada de luz natural no ambiente, ou seja, pelas
aberturas dos cobogós e dos portões presentes na estrutura. O setor de chapa não
possui janelas. Os ventiladores existentes no ambiente produtivo industrial estão
alocados em pontos específicos de todos os setores, porém não na quantidade
necessária. O setor de chapa possui apenas 1 ventilador direcionado a uma
máquina específica (dobradeira), portanto, insuficiente.
Quanto a aeração, a indústria possui localizado no seu telhado
exaustores eólicos, a quantidade desses exaustores para a área industrial é
suficiente para o atendimento das suas necessidades de dispersão de partículas e
ar quente. Isto conforme o cálculo constado na ABNT (comprimento x largura x
altura x nº de trocas de ar / 4.000).
Ainda para a NR 17, a velocidade do ar deve estar no limite de 0,75 m/s,
ou seja, não deve ser superior a este valor. O ambiente possui uma velocidade de
0,02 m/s, bem abaixo do limite fixado.
No que diz respeito a temperatura, também bastante comentada pelos
usuários do ambiente e relacionada a ventilação, as medições constataram uma
variação de 20°C nos períodos mais frios e uma mínima de 23°C a uma máxima de
28°C. Essas medições foram realizadas em diferentes pontos e no que determina a
NR 17, a temperatura ideal para um ambiente dessa espécie, seria entre 20°C e
23°C estáveis. Porém no período de mais calor as temperaturas do ambiente
ultrapassam o recomendado, podendo a comprometer o bem-estar dos funcionários.
119
O ruído também é algo presente no ambiente e no setor de chapa. As
máquinas ao serem manuseadas para o seu fim dissipam pelo ambiente alguns
sons desagradáveis. Conforme a NR 15, para uma carga horária de trabalho de 8
horas a norma recomenda um nível de ruído de até 85 dB em seu limite máximo, os
trabalhadores dessa indústria possuem aproximadamente 9 horas de jornada de
trabalho com 1hora e 10 minutos para o descanso e a alimentação. Com as
medições realizadas, foi possível obter uma média de 87 dB (valor constatado perto
do ouvido do funcionário). Como pode ser comparado, a carga horária e o nível
encontrado de ruído são superiores ao estabelecido pela norma, podendo acarretar
danos auditivos e outros problemas para a saúde do trabalhador e durante a
atividade.
Quanto à vibração, as máquinas possuem ondas vibratórias próprias
bastante pequenas. As vibrações das máquinas de prensagem (posto de trabalho
analisado) alternaram entre 0.2 a 0.5, porém quando acionado o pedal para a
prensagem da peça, as vibrações atingiram 5.0 e conforme a Escala de Mercalli
Modificada (MMI) é um nível forte. Ou seja, a vibração mais forte incide de maneira
não contínua e por uma fração de segundos.
A cor presente no ambiente é o branco, o azul e o cinza. Uma maior
variação de cores está aplicada no maquinário, laranja, verde, tons de amarelo. Em
relação da cor da parede, é divida pelas três cores, parte inferior azul, meio e maior
região pintada de branco, e uma região (faixa), na cor cinza. O branco, devido ao
seu alto valor de luminosidade deixa o ambiente mais claro, aumenta a percepção
de espaço e relaciona-se com aspectos simbólicos de limpeza. Ao contrário do
cinza, presente no piso e telhado. A cor azul tranquiliza, porém como não é
empregada em demasia não entedia já as cores das máquinas versam entre o
laranja, amarelo e verde, transmitem a sensação de ânimo, vibração como
apaziguamento, calma (o verde).
Referente à organização e ao fluxo, o que mais comprometem estes no
interior do setor são os objetos acessórios, como, os carrinhos, T's (e etc), pelo seu
descarte pós uso. Ou seja, os objetos são largados por todo setor, inclusive em
áreas de trânsito. Comprometendo tanto a movimentação como áreas do ambiente
que poderiam ser utilizadas para outros fins necessários. Portanto, há uma
desorganização interna do setor referente, principalmente, aos objetos acessórios
que afetam por consequência o fluxo interno no setor.
120
O ambiente industrial, onde está incluso o setor de chapa, não é
acessível, possui várias barreiras como escadas, acessos estreitos e deficiências em
elementos estruturais que possibilitassem o acesso de todos a indústria (falta de
pegas, corrimãos, piso (tátil) com sinalização direcional e de alerta).
Sobre os equipamentos de Proteção Individual (EPI) pode-se concluir
que, os funcionários fazem o uso dos EPI's diariamente, utilizando protetores
auriculares, fardamento próprio, botas e luvas, com reposição caso haja a perda,
dano ou desgaste desses equipamentos e também há a cobrança para a utilização e
há a instrução do uso. O que verificou-se foi a resistência por parte de alguns
trabalhadores no uso de seus EPI's.
4.2. Recomendações ergonômicas
Para o fim ergonômico, de uma relação positiva entre o usuário, seu
ambiente laboral e a tarefa realizada, a seguir, foi topificadas as recomendações
sugeridas a partir das análises e observações concluídas. Portanto:
- Adequar o nível de iluminação do setor de chapa ao valor estabelecido
na NBR 5413 (200 lx), através da reorganização do sistema lumínico ou por
lâmpadas com maior potência;
- Abastecer o setor de chapa com a presença de equipamentos de
circulação de ar, como, ventiladores;
- Construir aberturas favoráveis para a entrada de ar no setor de chapa,
favorecendo os funcionários em suas atividades realizadas tanto de pé como na
posição sentada;
- Construir as novas aberturas com materiais e equipamentos, também,
pensando nos períodos mais frios, de modo que favoreçam a circulação do ar
quando necessário, porém não prejudiquem os funcionários em outras condições
temporais (inverno);
- Identificar os equipamentos e maquinários que emitam ruído,
realocando-os mais longe possível das outras atividades não ruidosas do setor;
- Instalar telas de segurança nas máquinas de prensa, evitando assim, a
entrada da mão do operador em partes inadequadas e de perigo;
121
- Fixar nas paredes do setor, apenas as placas de sinalização
necessárias e os equipamentos de segurança que assim necessite dessa
localização, extintores, por exemplo;
- Reorganizar o local das máquinas fixas do setor;
- Reorganizar os pontos de armazenamento e estocagem de material no
setor de chapa;
- Criar um local para o armazenamento dos objetos acessórios pós uso;
- Acrescentar mais pontos de estocagem;
- Redimensionar o espaçamento entre os postos de trabalho;
- Substituir os produtos utilizados como assento pelos funcionários por
modelos que estejam dentro dos requisitos da NR 17, principalmente em altura;
- Contratar profissionais especializados, caso haja objetivo de reforma ou
expandir novas áreas, para realização projetual dos sistemas de ventilação,
iluminação e o layout de forma a atender as necessidades físicas industriais sem o
detrimento dos seus funcionários.
- Contratar profissionais especializados para tornar o ambiente industrial,
assim como o acesso ao setor de chapa, acessível para todos.
- Implementar mais campanhas sobre o uso do EPI, para maior
conscientização dos funcionários.
122
SEÇÃO 5
Considerações finais
Por fim, esta seção contém as considerações finais sobre toda a parte
que compõe o referencial teórico desta pesquisa. Pontuações relacionadas às
contribuições encontradas e adquiridas, os fomentos para a formulação e
comprovação das hipóteses surgidas, assim como os obstáculos e processos de
amadurecimento dos conteúdos, informações e métodos, aqui aplicados. Assim,
como sugestões para estudos posteriores referentes a pesquisa (sua expansão e/ou
complementação).
5.1. Considerações a respeito do referencial teórico
123
O referencial teórico para o pesquisador é um fomento para o desenvolver
de sua pesquisa, onde encontra informações e a estrutura para chegar ao fim
proposto por intermédio de sua comparação com a realidade escolhida, concreta.
O objetivo desta pesquisa foi a realização de uma avaliação ergonômica
em um determinado ambiente, no caso, foi selecionado um ambiente industrial,
devido a importância da indústria no desenvolvimento de uma localidade, país, como
nas dimensões industriais. Estas, não apenas físicas (área), mas também por atingir
inúmeras pessoas, não só no consumo de seus produtos, mas fundamentalmente
proporcionando trabalho. Porém, muitas vezes, esse ambiente industrial não
contribui favoravelmente com o trabalhador, prejudicando sua saúde, conforto,
segurança e bem-estar. Os acidentes de trabalho neste setor possuem um
considerável número, ascendentes ano a ano, por vezes.
Então, com o propósito de avaliar ergonomicamente um ambiente
construído, industrial, a seção 2 permite ao leitor compreender o objetivo da
ergonomia do ambiente construído, sua relação ou proposta para o ambiente de
trabalho e a partir de seus conceitos reunir informações sobre os seus
condicionantes físico-ambientais perante as atividades desenvolvidas e
principalmente, diante do usuário.
A terceira seção contempla as normas e leis regulamentadas
nacionalmente e internacionalmente, que estabelecem parâmetros para a verificação
dos fatores ambientais encontrados, exemplo, iluminação, vibração, ruído, cor,
temperatura, ventilação. Propicia ao pesquisador detalhes técnicos e seguros sobre
os elementos físicos e ambientais tanto no momento de análise como
posteriormente para o diagnóstico e as recomendações.
5.2. Considerações a respeito da metodologia
A cerca da metodologia pode-se expor que, a MEAC favorece ao
pesquisador a possibilidade de analisar o ambiente por meio de seus fatores físico-
espaciais e ainda de compreender em âmbito simbólico e real a percepção do
usuário sobre seu ambiente laboral.
Os fatores analisados são os mesmos que compõe o referencial teórico e
permeiam sobre toda a análise, pois são capazes de prejudicar o indivíduo, sua
124
saúde e também a sua tarefa. Os fluxos ambientais, layout e se o ambiente é
acessível, também são vistos e considerados.
As dificuldades sofridas durante o emprego da metodologia se concentram,
basicamente, quando é necessário um contato mais direto do pesquisador com o
usuário do ambiente, por meio de entrevistas e questionários. A maior dificuldade
encontrada esteve na falta de compreensão inicial do que se estava perguntado
completando-se com uma ânsia de responder o que consideravam ser a "resposta
mais correta" da pergunta realizada.
5.3. Considerações a respeito dos resultados do estudo
Através de todas as etapas metodológicas seguidas e os dados
confrontados com o conteúdo do referencial teórico, foi possível constatar que
alguns dos condicionantes ambientais necessitam de ajustes, para então adequar-se
às necessidades demandadas pelos funcionários. A exemplo da iluminação,
ventilação, acessibilidade e organização do espaço, necessitam de maior atenção
sobre eles. Já o número de exaustores, o nível de vibração das máquinas e o uso de
EPI's, estão dentro dos padrões de satisfação normativos.
Portanto pode-se afirmar que, apesar de ter sido um ambiente construído
sem uma prévia intervenção ergonômica na fase projetual, nem todos os fatores
analisados estão disformes dos requeridos para um ambiente saudável para o
usuário. Porém, ainda necessitando de adequações em relação aos fatores
deficientes e problemáticos.
5.4. Sugestões para estudos posteriores
Ao fim, sugeri-se:
- Expandir a avaliação ergonômica para as outras áreas do setor
produtivo e administrativo da indústria;
- Realizar estudos antropométricos mais focados no dimensionamento,
movimentação e posicionamento dos funcionários;
125
- Aprofundar os estudos referentes à acessibilidade do ambiente
industrial.
126
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