Era Uma Vez Um Tirano
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A Autora, Ana Maria Machado
A maior aventura de um ser humano viajar,
E a maior viagem que algum pode empreender
para dentro de si mesmo.
E o modo mais emocionante de realiza-lo ler
um livro.
Pois um livro revela que a vida o maior de todos os
Livros.
Mas pouco til para quem no souber ler nas
entrelinhas
E descobrir o que as palavras no disseram.
( AUGUSTO CURY )
Reescrevendo Ana Maria Machado
Era uma vez
um Tirano
EDITORA NOVO HORIZONTE
2013
a histria de um reino ou uma Repblica.
Era um pas muito alegre. As pessoas
davam palpite . s vezes um palpite fazia uma
baguna completa, porque todos queriam falar
ao mesmo tempo. Mas no final acabava dando
certo.
Quando tinha mais gentequerendo algo, era esse algo que acabava sendo feito. Mas de vez em quando tudo isso parecia uma baguna. Foi por isso que apareceu um TIRANO, um Dspota ou Ditador, quer dizer, um homem que no perguntou ao pessoal se podia ser presidente ou
Primeiro-ministro. Ele expulsou quem tinha sido escolhido pela maioria e desandou a dar ordens em todo mundo.1
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No incio teve quem ficasse satisfeito, pois as
pessoas pensavam que estava dando certo. Mas
como o tirano no ouvia palpites dos outros, foi
comeando a fazer besteira. O tirano falava se
todo mundo desse palpite e os palpites fossem
diferentes, as pessoas ficariam o tempo inteiro
discutindo em vez de trabalhar. E l veio uma
ordem:
_ De hoje em diante, s podem ter as minhas
ideias! claro que teve gente que protestou!
_ No estou de acordo... Isso um absurdo !
Agora no tinha aquela velha baguna. Quem
no concordou, foi preso.
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E l veio outra ordem.
A ordem era para todos usarem roupas
cinzas.
Foi uma tragdia! No podiam usar roupas
coloridas. Onde isso j se viu ?
As rvores foram quase todas derrubadas,
os jardins foram cimentados, os jardins foram
cimentados, a terra foi asfaltada, as flores
murcharam e morreram, desapareceram os
passarinhos e as borboletas. Os fabricantes de
tinta cinza, de cimento, de asfalto, de latas e de
outras novas utilidades esfregaram as mos,
de tanta alegria:
_ Oba! Agora est tudo em ordem , vamos
ficar ricos! Este novo pas parece um milagre.
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Tirano tinha uma coleo de fitas de vrias
cores em cima do seu uniforme cinza
Ele mandou um monte de chamins e
canos de descarga lanassem fumaa e, assim,
quase sempre o cu ficava cinza e no se via o
Sol.
Mas volta e meia, o vento conseguia afastar
uma daquelas nuvens pesadas e as pessoas
viam um pedao azul. E pensavam em
momentos felizes ou lembravam
momentos gostosos de outros tempos.
O Tirano era muito injusto .Ele fazia todo
mundo trabalhar sem descansar, porque tudo era
muito caro, as pessoas ganhavam muito pouco,
moravam distante e os transportes eram
pssimos. As pessoas no tinham chance de
conversar , de procurar um lugar onde houvesse
verde, ou de pensar.
Dessa maneira tomava conta de todos, com a
certeza de que no havia nenhum perigo de
voltar toda aquela baguna de antes.
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_ Toque de recolher? Que isso?
MSICA ?
DANA ?
JEITO NOVO DE COLHER ALGUMA PLANTA ?
Nada disso. Quer dizer que, assim que
escurecer, cada um tem que ir para sua casa, se
trancar, e no sair mais at amanhecer. E quem
andar de noite pela rua vai preso.
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s vezes, noite, mesmo um trabalhador muito
cansado no dormia logo. Tinha vontade de sair
para procurar um amigo e conversar. De
conversa em conversa, as ideias aparecem.
Acontece que as conversas e ideias so
grandes inimigas dos tiranos. Por isso, o Tirano
decretou:
_ Esse negcio de ficar fazendo reunio
atrapalha quem quer trabalhar em paz, prejudica o
pas. Assim no d certo. Est proibido.
Para falar a verdade, ele j estava mesmo
cismando com tudo, principalmente com as
estrelas, pois elas tinham mania de brilhar mais
que as estrelinhas de metal que ficavam
penduradas no peito dele.
Ele tratou de proibir tambm:
_ A partir de hoje, vamos ter o toque de recolher!
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Assim se passou algum tempo.
At que um dia chegou a vez das crianas. E acabou a vez do Tirano.
Era uma vez trs crianas que moravam nesse pas do Tirano. Uma chamada Totonho, outra chamava Jacira, outra chamava Isabel.
As crianas brincaram como nunca. Ela brincavam, corriam, conversavam, conversavam,
conversavam.
Como j se sabe, comearam a ter ideia;
_ No sei como que a gente conseguia viver nesse lugar to chato, antes, sem reparar em nada.
As crianas comearam a colorir de novo o lugar. Jacira tirou o uniforme. E embaixo ela estava linda pintada com urucum e jenipapo, enfeitada com penas de arara e periquito, de tucano e japu. Uma linda ndia!
A cidade foi ficando cada vez mais colorida e o
Tirano cada vez mais furioso:
_ Parem com isso j! Guardas, Venham logo! Acabem com esta baguna!
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Era uma festa completa, todo mundo gritando,
rindo, brincando, danando, se divertindo, na
maior alegria. Mais ningum obedecia as ordens
do Tirano.
No teve jeito, o Tirano achou melhor
aproveitar a escurido da noite e sumir.
Parece at que trocou a roupa cinzenta, cheia
de fitinhas e estrelas.
Dizem que ele vive percorrendo outras terras,
procurando um canto para outra vez tiranizar.
Por isso, bom ter olho vivo, e no deixar ele
tomar conta da nossa.
F I M
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Dedicatria
Eu, ______________________________
dedico este livrinho aos meus pais e
familiares. Como tambm agradeo a autora
da obra, Ana Maria Machado por me
proporcionar uma leitura de qualidade.
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A TURMA 502
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