EPIDEMIOLOGIA VOL. 2 · Apresentação Os desafios da Medicina a serem vencidos por quem se decide...

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Autoria e colaboração

André Ribeiro MorroneGraduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Especialista em Cirurgia Geral pelo HC-FMUSP e pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões e em Cirurgia Pediátrica pelo Instituto da Criança do HC-FMUSP e pela Sociedade Brasi-leira de Cirurgia Pediátrica. Ex-preceptor do Serviço de Cirurgia Pediátrica do Instituto da Criança do HC-FMUSP. Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da USP.

Edson Lopes MergulhãoGraduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Especialista em Medicina Preventiva e Social pelo HC-FMUSP. Pós-graduado em Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde pela Fundação Getulio Vargas (EAESP-FGV).

Marcos Rodrigo Souza FernandesGraduado em Medicina pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Especialista em Medicina de Família e Comunidade pelo Hospital Santa Marcelina. Título de especialista pela Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC). Pre-ceptor do Programa de Residência Médica e Internato Médico da Casa de Saúde Santa Marcelina - SP.

Nathalia Carvalho de AndradaGraduada em Medicina pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Especialista em Cardiologia Clínica pela Real e Benemé-rita Sociedade de Beneficência Portuguesa de São Paulo. Título de especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Car-diologia (SBC).

Thaís MinettGraduada em Medicina pela Universidade Federal de São Pau-lo (UNIFESP). Especialista em Clínica Médica e em Neurologia e doutora em Neurologia/Neurociências pela UNIFESP, onde é professora adjunta ao Departamento de Medicina Preventiva.

Cintia Leci RodriguesGraduada em Biomedicina pela Universidade de Santo Amaro (UNISA). Especialista em Saúde da Mulher pela Universidade de Santo Amaro (UNISA) e mestre em Saúde Pública pela Faculda-de de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP).

Jane de Eston ArmondGraduada pela Faculdade de Medicina de Taubaté. Especialista em Pediatria e mestre e doutora em Saúde Pública pelo Hospi-tal das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), especialista em Vigilância Sanitária e Epidemiológica e MBA em Gestão de Serviços de Saúde. Profes-sora titular da disciplina de Saúde Coletiva da Universidade de Santo Amaro (Unisa). Coordenadora do Núcleo de Saúde Cole-tiva e Mental e coordenadora adjunta do curso de Medicina da mesma instituição.

Fábio Roberto CabarGraduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Mestre e doutor em Obstetrícia e Ginecologia pelo HC-FMUSP, onde é médico preceptor do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia. Título de especialista pela Fede-ração Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).

Anderson Sena BarnabeGraduado em Ciências Biológicas pela Faculdade de Saúde Pública da USP (FSP/USP). Especialista em Parasitologia, em Saúde Coletiva e em Estatística Aplicada e mestre e doutor em Saúde Pública pela FSP/USP. Professor das disciplinas de Epi-demiologia, Parasitologia Clínica e Bioestatística da Universida-de Nove de Julho (UNINOVE).

João Victor FornariGraduado pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos (FCMS) e em Nutrição pela Fundação Municipal de Ensino Superior de Bragança Paulista (FESB). MBA em Serviços de Saúde pela Uni-versidade Nove de Julho (UNINOVE). Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade São Francisco (USF). Doutor em Saú-de Coletiva pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Professor dos cursos de pós-graduação da UNINOVE, na área da Saúde.

Marina GemmaGraduada em Obstetrícia pela Escola de Artes, Ciências e Huma-nidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Mestre em Ciências pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP). Professora assistente junto ao curso de Obstetrícia da EACH-USP.

Assessoria didáticaFábio Roberto Cabar

Atualização 2017Fábio Roberto Cabar

Marina Gemma

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Apresentação

Os desafios da Medicina a serem vencidos por quem se decide pela área são tantos e tão diversos que é impossível tanto determiná-los quanto mensurá-los. O período de aulas práticas e de horas em plantões de vários blocos é apenas um dos antecedentes do que o estudante virá a enfrentar em pouco tempo, como a maratona da escolha por uma especialização e do ingresso em um programa de Residência Médica reconhecido, o que exigirá dele um preparo intenso, minucioso e objetivo.

Trata-se do contexto em que foi pensada e desenvolvida a Coleção SIC Principais Temas para Provas, cujo material didático, preparado por profis-sionais das mais diversas especialidades médicas, traz capítulos com inte-rações como vídeos e dicas sobre quadros clínicos, diagnósticos, tratamen-tos, temas frequentes em provas e outros destaques. As questões ao final, todas comen tadas, proporcionam a interpretação mais segura possível de cada resposta e reforçam o ideal de oferecer ao candidato uma preparação completa.

Um excelente estudo!

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Índice

Capítulo 1 - Medicina do Trabalho ................. 15

1. Conceito e importância ........................................... 16

2. Organização política da saúde do trabalhador 17

3. Riscos ocupacionais..................................................21

4. Acidentes de trabalho ............................................ 25

5. Doenças do trabalho e profi ssionais .................. 29

6. Benefícios ....................................................................41

7. Siglas ............................................................................ 42

Resumo ............................................................................ 43

Capítulo 2 - CID-10 ........................................... 45

1. CID-10: o que é? ......................................................... 46

2. Breve histórico da CID ............................................ 46

3. CID-10: apresentação e modo de uso .................47

Resumo ............................................................................ 56

Capítulo 3 - Medicina Legal .............................57

1. Introdução .................................................................. 58

2. Lesões corpóreas ..................................................... 58

3. Traumatologia Forense .......................................... 59

4. Aborto ..........................................................................75

5. Morte encefálica ......................................................76

6. Declaração de óbito ................................................ 79

7. Legislação ................................................................... 89

Resumo ............................................................................90

Capítulo 4 - Ética médica .................................91

1. Introdução .................................................................. 92

2. Conselhos de Medicina ........................................... 94

3. Comissões de Ética Médica ................................... 95

4. Código de Ética Médica ......................................... 95

5. Tópicos relacionados ............................................ 112

6. Documentos médicos ............................................ 114

7. Atestados médicos.................................................. 115

8. Código de Processo Ético-Profi ssional (Resolução CFM nº 1.464/96) ............................. 117

9. Normas de publicidade médica .......................... 118

10. Reprodução humana assistida ......................... 118

11. Ato médico ............................................................... 121

Resumo ...........................................................................123

Questões:Organizamos, por capítulo, questões de instituições de todo o Brasil.

Anote:O quadrinho ajuda na lembrança futura sobre o domínio do assunto e a possível necessidade de retorno ao tema.

QuestõesCirurgia do Trauma

Atendimento inicial ao politraumatizado

2015 - FMUSP-RP1. Um homem de 22 anos, vítima de queda de moto em ro-dovia há 30 minutos, com trauma de crânio evidente, tra-zido pelo SAMU, chega à sala de trauma de um hospital terciário com intubação traqueal pelo rebaixamento do nível de consciência. A equipe de atendimento pré-hos-pitalar informou que o paciente apresentava sinais de choque hipovolêmico e infundiu 1L de solução cristaloide até a chegada ao hospital. Exame físico: SatO2 = 95%, FC = 140bpm, PA = 80x60mmHg e ECG = 3. Exames de imagem: raio x de tórax e bacia sem alterações. A ultrassonografia FAST revela grande quantidade de líquido abdominal. A melhor forma de tratar o choque desse paciente é:a) infundir mais 1L de cristaloide, realizar hipotensão permissiva, iniciar transfusão de papa de hemácias e en-caminhar para laparotomiab) infundir mais 3L de cristaloide, aguardar exames labo-ratoriais para iniciar transfusão de papa de hemácias e encaminhar para laparotomiac) infundir mais 3L de cristaloide, realizar hipotensão permissiva, iniciar transfusão de papa de hemácias e plasma fresco congelado e encaminhar para laparotomiad) infundir mais 1L de cristaloide, iniciar transfusão de papa de hemácias e plasma fresco congelado e encami-nhar o paciente para laparotomia

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - SES-RJ2. Para avaliar inicialmente um paciente com traumatis-mo cranioencefálico, um residente utilizou a escala de Glasgow, que leva em conta:a) resposta verbal, reflexo cutâneo-plantar e resposta motorab) reflexos pupilares, resposta verbal e reflexos profundosc) abertura ocular, reflexos pupilares e reflexos profundosd) abertura ocular, resposta verbal e resposta motora

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - UFES3. A 1ª conduta a ser tomada em um paciente politrau-matizado inconsciente é:

a) verificar as pupilasb) verificar a pressão arterialc) puncionar veia calibrosad) assegurar boa via aéreae) realizar traqueostomia

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - UFG4. Um homem de 56 anos é internado no serviço de emergência após sofrer queda de uma escada. Ele está inconsciente, apresenta fluido sanguinolento não coa-gulado no canal auditivo direito, além de retração e movimentos inespecíficos aos estímulos dolorosos, está com os olhos fechados, abrindo-os em resposta à dor, e produz sons ininteligíveis. As pupilas estão isocóricas e fotorreagentes. Sua pontuação na escala de coma de Glasgow é:a) 6b) 7c) 8d) 9

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - UFCG 5. Um homem de 20 anos foi retirado do carro em cha-mas. Apresenta queimaduras de 3º grau no tórax e em toda a face. A 1ª medida a ser tomada pelo profissional de saúde que o atende deve ser:a) aplicar morfinab) promover uma boa hidrataçãoc) perguntar o nomed) lavar a facee) colocar colar cervical

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2014 - HSPE6. Um pediatra está de plantão no SAMU e é acionado para o atendimento de um acidente automobilístico. Ao chegar ao local do acidente, encontra uma criança de 5 anos próxima a uma bicicleta, sem capacete, dei-tada no asfalto e com ferimento cortocontuso extenso no crânio, após choque frontal com um carro. A criança está com respiração irregular e ECG (Escala de Coma de Glasgow) de 7. O pediatra decide estabilizar a via aérea

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Comentários:Além do gabarito o�cial divulgado pela instituição, nosso

corpo docente comenta cada questão. Não hesite em retornar ao conteúdo caso se sinta inseguro. Pelo

contrário: se achá-lo relevante, leia atentamente o capítulo e reforce o entendimento nas dicas e nos ícones.

ComentáriosCirurgia do Trauma

Atendimento inicial ao politraumatizado

Questão 1. Trata-se de paciente politraumatizado, ins-tável hemodinamicamente, com evidência de hemope-ritônio pelo FAST. Tem indicação de laparotomia explo-radora, sendo que a expansão hemodinâmica pode ser otimizada enquanto segue para o centro cirúrgico.Gabarito = D

Questão 2. A escala de coma de Glasgow leva em con-ta a melhor resposta do paciente diante da avaliação da resposta ocular, verbal e motora. Ainda que a avaliação do reflexo pupilar seja preconizada na avaliação inicial do politraumatizado, ela não faz parte da escala de Glasgow.Gabarito = D

Questão 3. A 1ª conduta no politraumatizado com rebai-xamento do nível de consciência é garantir uma via aérea definitiva, mantendo a proteção da coluna cervical.Gabarito = D

Questão 4. A pontuação pela escala de coma de Glasgow está resumida a seguir:

Abertura ocular (O)

Espontânea 4

Ao estímulo verbal 3

Ao estímulo doloroso 2

Sem resposta 1

Melhor resposta verbal (V)

Orientado 5

Confuso 4

Palavras inapropriadas 3

Sons incompreensíveis 2

Sem resposta 1

Melhor resposta motora (M)

Obediência a comandos 6

Localização da dor 5

Flexão normal (retirada) 4

Flexão anormal (decor-ticação) 3

Extensão (descerebração) 2

Sem resposta (flacidez) 1

Logo, o paciente apresenta ocular 2 + verbal 2 + motor 4 = 8.Gabarito = C

Questão 5. O paciente tem grande risco de lesão térmica de vias aéreas. A avaliação da perviedade, perguntando-se o nome, por exemplo, é a 1ª medida a ser tomada. Em caso de qualquer evidência de lesão, a intubação orotra-queal deve ser precoce.Gabarito = C

Questão 6. O tiopental é uma opção interessante, pois é um tiobarbitúrico de ação ultracurta. Deprime o sistema nervoso central e leva a hipnose, mas não a analgesia. É usado para proteção cerebral, pois diminui o fluxo sanguí-neo cerebral, o ritmo metabólico cerebral e a pressão in-tracraniana, o que é benéfico para o paciente nesse caso.Gabarito = A

Questão 7. Seguindo as condutas preconizadas pelo ATLS®, a melhor sequência seria:A: via aérea definitiva com intubação orotraqueal, man-tendo proteção à coluna cervical.B: suporte de O2 e raio x de tórax na sala de emergência.C: garantir 2 acessos venosos periféricos, continuar a infusão de cristaloides aquecidos e solicitar hemoderi-vados. FAST ou lavado peritoneal caso o raio x de tórax esteja normal.D: garantir via aérea adequada e manter a oxigenação e a pressão arterial.E: manter o paciente aquecido.Logo, a melhor alternativa é a “c”. Gabarito = C

Questão 8. O chamado damage control resuscitation, que deve ser incorporado na próxima atualização do ATLS®, está descrito na alternativa “a”. Consiste na contenção precoce do sangramento, em uma reposição menos agressiva de cristaloide, mantendo certo grau de hipo-tensão (desde que não haja trauma cranioencefálico as-sociado), e no uso de medicações como o ácido tranexâ-mico ou o aminocaproico.Gabarito = A

Questão 9. O tratamento inicial de todo paciente poli-traumatizado deve sempre seguir a ordem de priorida-des proposta pelo ATLS®. A 1ª medida deve ser sempre garantir uma via aérea pérvia com proteção da coluna cervical. Nesse caso, a fratura de face provavelmente in-viabiliza uma via aérea não cirúrgica, e o paciente é can-didato a cricotireoidostomia. Após essa medida, e garan-

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Medicina Legal

André Ribeiro MorroneEdson Lopes MergulhãoThaís Minett

O capítulo de Medicina Legal, como é próprio desta área da Medicina, visa abordar temas tanto da área médica quanto do campo do Direito, que envolvem as lesões corpóreas com seus graus de gravidade e suas causas, aborto e morte encefálica, dando enfoque para a legisla-ção pertinente a cada um desses assuntos, além do tema declaração de óbito, que envolve seu correto preenchi-mento a partir da causa-base de morte, bem como as condutas a serem tomadas diante de cada caso de morte (fornecer o atestado de óbito, encaminhar ao Serviço de Verifi cação de Óbitos ou ao Instituto Médico-Legal). As lesões corpóreas são divididas em leves, graves ou gravíssimas, dependendo do grau de lesão, comprome-timento ou morte do sujeito envolvido, e podem ser dos tipos puntiforme, inciso, contuso, perfuroinciso, perfu-rocontuso e cortocontuso, sendo que as mais comuns no dia a dia são as perfurocontusas, causadas por projéteis de arma de fogo. Outro ponto importante abordado é o referente à questão da morte encefálica, que necessita de 2 observações clínicas feitas por médicos diferen-tes não pertencentes a equipe de transplantes em um intervalo de 6 horas quando acima de 2 anos. Há a neces-sidade de avaliação de parâmetros clínicos como coma aperceptivo com ausência de atividade motora supraes-pinal, apneia e ausência de hipotermia (temperatura ≥32,5°C) ou drogas depressoras do sistema nervoso central ou bloqueadores neuromusculares para que se tenha o diagnóstico de morte encefálica. Este capítulo é de grande importância, pois aborda temas comuns da rotina médica e envolvidos em aspectos médico-legais, sendo comuns nas provas de Residência Médica.

3Marcos Rodrigo Souza FernandesFábio Roberto CabarJoão Victor Fornari

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sic epidemiologia58

1. IntroduçãoA Medicina Legal compreende o ramo da Medicina que utiliza conhe-cimentos das Ciências Médicas para atender às demandas da Justiça, ou seja, realiza as perícias necessárias para a elucidação de um fato relevante para o Direito. O médico-legista utiliza conhecimentos da Medicina e de outras ciências correlatas para realizar as perícias requi-sitadas pela autoridade competente.

Tabela 1 - Divisão disciplinar da Medicina Legal

Disciplinas Áreas de atuação

Antropologia Forense Identificação médico-legal e judicial

Tanatologia Estudo da morte e dos fenômenos correlatos

Traumatologia Forense Estudo das energias vulnerantes em relação à pessoa humana (efeitos)

Asfixiologia Forense Estudo das asfixias em geral

Toxicologia Forense Estudo das substâncias capazes de lesarem o corpo humano

Sexologia Forense Estudo da sexualidade normal e suas alterações

Psiquiatria Forense Estudo do comportamento criminoso e da capa-cidade civil e penal das pessoas

Infortunística Estudo das doenças e dos acidentes relaciona-dos com o trabalho

A Tanatologia Forense é o ramo da Medicina Legal que, partindo do exame do local, oferece informação acerca das circunstâncias da morte e, atendendo aos dados do exame de necrópsia, procura estabelecer: - A identificação do cadáver; - O mecanismo da morte; - A causa da morte; - O diagnóstico diferencial médico-legal (acidente, suicídio, homicídio ou morte de causa natural).

Esses são os objetivos mais importantes da Tanatologia Forense, nem sempre fáceis de atingir. Algumas vezes, as dificuldades com que se depara o médico responsável pela autópsia são muitas e de natureza diversa. Portanto, para se chegar a uma conclusão correta e com fun-damentação científica, o médico-legista deve utilizar conhecimento amplo nas diversas áreas da Medicina Assistencial, da Medicina Fo-rense e das Ciências Forenses (Criminalística, Balística, Toxicologia etc.).

ImportanteA Tanatologia Forense

é um ramo da Medicina Legal que, por meio do

exame do local, fornece informações acerca das

circunstâncias da morte, além de buscar deter-

minar a identificação do cadáver, o mecanismo da morte, a causa da morte e o diagnóstico diferencial

médico-legal (acidente, suicídio, homicídio ou

causa natural), por meio de necrópsia.

2. Lesões corpóreasEstudadas quanto à quantidade e à qualidade do dano, as lesões cor-póreas têm o significado jurídico de configurar, no dolo (o autor tem a intenção de provocar lesão) ou na culpa (o autor não tem a vontade de lesar, mas por imprudência, imperícia ou negligência a lesão ocorre na vítima), um crime contra a pessoa.

As lesões corpóreas dolosas, consideradas quanto à quantidade e à qua-lidade do dano, classificam-se em leves, graves e gravíssimas. O crime de lesão corpórea está previsto no Art. nº 129 do Código Penal (CP).

ImportanteAs lesões corpóreas

podem ser leves (danos com pouca repercussão

orgânica de fácil recupe-ração individual), graves

(causam incapacidade para as ocupações habi-

tuais por mais de 30 dias, perigo de vida, debilidade

permanente de membro, sentido ou função e

aceleração do parto) e gravíssimas (resultam em incapacidade per-

manente para o trabalho, enfermidade incurável,

perda ou inutilização de membro, sentido ou

função, deformidade permanente e aborto).

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Ética médica

André Ribeiro MorroneEdson Lopes MergulhãoThaís Minett

Neste capítulo, serão abordados os principais temas envolvendo o assunto, como os princípios e as normas que regem a profi ssão, constantes do Código de Ética Médica de 1988, o qual considera as mudanças sociais, jurídicas e científi cas dos dias atuais. Foi levado em conta os atuais códigos de ética médicos de outros paí-ses e conselementos de jurisprudência, posicionamentos que já integram pareceres, decisões e resoluções da Jus-tiça, das Comissões de Ética locais e resoluções éticas do Conselho Federal de Medicina e dos Conselhos Regio-nais de Medicina editadas desde 1988. Além disso, o Código de Ética Médica normatiza as pesquisas na área médica, os documentos médicos como os prontuários, bem como regulamenta o fornecimento de atestados médicos e prevê punições caso as informações constan-tes não sejam verdadeiras. Os aspectos éticos e legais, como sigilo médico e responsabilidade médica, também se aplicam aos documentos médicos, porém a Constitui-ção de 1988 permite o habeas data, que é o direito de saber ou ter conhecimento das informações relativas à pessoa que busca as informações. Em 2010, o Código foi substituído, e as principais considerações dizem respeito ao direito de escolha do paciente em relação a seu tra-tamento ou aos procedimentos a serem realizados, bem como determinam que, para pacientes sem perspectiva de cura, o médico deve evitar procedimentos desneces-sários e, em caso de doenças incuráveis, oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis, levando sempre em conta a opção do paciente. Por abordar temas atuais e polêmicos, é importante ter em mente os principais tópicos sobre ética médica e as recentes modifi cações, pois podem ser assuntos cobrados nas provas de Resi-dência Médica.

4Marcos Rodrigo Souza FernandesFábio Roberto CabarJoão Victor Fornari

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1. IntroduçãoA Ética estuda o comportamento moral dos homens dentro de uma so-ciedade, isto é, estuda uma forma específica de comportamento humano. Baseia-se nos atos humanos voluntários e conscientes e que podem en-volver outros indivíduos, grupos sociais e até mesmo toda a sociedade. Embora estejam profundamente relacionados, os termos “ética” e “mo-ral” não devem ser confundidos, mas entendidos como complementares.

“Ética”, do grego ethos, significa “modo de ser”, “caráter”; e “moral”, do latim mos, significa “costume”, “conjunto de normas adquiridas pelo ho-mem”. Portanto, esses termos se referem a 2 qualidades especifica-mente humanas: o “modo de ser” ou o “caráter” de cada um, sobre o qual se assentam os “costumes” ou as “normas adquiridas”, plasmando o comportamento moral do homem.

A Ética Médica é responsável pelo estudo do comportamento moral dos médicos durante o exercício profissional, ou seja, enquanto estão em atividade médica. A Deontologia Médica, por sua vez, é responsável pelos estudos dos deveres dos médicos, enquanto a Diceologia estuda os direitos dos médicos. Essas 2 vertentes estão ordenadas no Código de Ética Médica: os Princípios Fundamentais, os Direitos dos Médicos e os capítulos relativos às vedações ao médico.

A Bioética, termo criado pelo oncologista e biólogo americano Van Rensselaer Potter em seu livro Bioethics: bridge to the future, é o es-tudo sistemático da conduta humana na área das Ciências da Vida e dos Cuidados da Saúde, na medida em que essa conduta é examinada à luz dos valores e dos princípios morais. Esse conceito é o atualmente empregado e foi lançado pela Encyclopedia of Bioethics em 1978. Como campo emerso da Ética Médica, a Bioética é fruto da evolução do saber e de concepções novas geradas pelas atuais realidades da Medicina, da Biologia, da Sociologia e da Filosofia.

Tabela 1 - Princípios da Bioética

AutonomiaRespeito à vontade, às crenças e aos valores morais do paciente ou do seu responsável, reconhecendo o domínio deste sobre a própria vida e o respeito à sua intimidade

Beneficência

Atendidos os interesses do paciente e evitados danos, como professam os princípios hipocráticos e o princípio da justiça, que exige equidade na dis-tribuição de bens e benefícios tanto no exercício da Medicina como nas demais profissões da área da Saúde

Não maleficênciaA obrigação de não infligir dano intencional (o prin-cípio deriva da máxima da Ética Médica primum non nocere)

Temafrequente de prova

Os conceitos de auto-nomia, beneficência e

não maleficência devem estar sempre em nossas

mentes, uma vez que esses temas são sempre

cobrados nas provas.

A Bioética analisa os problemas éticos (dos pacientes, dos médicos e de todos os envolvidos na assistência) relacionados com o início e o fim da vida, com a Engenharia Genética, com os transplantes de órgãos, com a reprodução humana assistida com embriões congelados, com a ferti-lização in vitro, com o prolongamento artificial da vida, com os direitos dos pacientes terminais, com a morte encefálica, com as diversas for-mas de eutanásia etc.

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Índice

QUESTÕES

Cap. 1 - Medicina do Trabalho ...................................... 133

Cap. 2 - CID-10 ...................................................................146

Cap. 3 - Medicina Legal .................................................. 147

Cap. 4 - Ética médica .......................................................160

COMENTÁRIOS

Cap. 1 - Medicina do Trabalho ...................................... 175

Cap. 2 - CID-10 ...................................................................189

Cap. 3 - Medicina Legal ..................................................190

Cap. 4 - Ética médica ......................................................202

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Epid

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õesQuestões

Epidemiologia

Medicina do Trabalho

2016 - FMUSP-RP1. Um paciente de 25 anos procurou a Unidade de Saú-de de Família (USF) com queixa de cansaço aos esfor-ços, presente há 3 semanas. Ele associa o seu cansaço ao início de seu trabalho em uma fábrica de porcelanas, onde, apesar do uso de equipamentos de proteção indi-vidual, tem grande exposição ao pó da cerâmica. Nega tabagismo, etilismo ou uso de medicações. Ao exame, apresenta sibilos bilaterais e prolongamento do tempo expiratório. Foi solicitado raio x de tórax, sendo obser-vados hiperinsufl ação pulmonar e espessamento da pa-rede brônquica. Com relação ao quadro descrito, qual é o diagnóstico mais provável?a) asbestoseb) asma ocupacionalc) sarcoidosed) silicose

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

2016 - UNICAMP 2. Em um paciente em atendimento de rotina em Unida-de Básica de Saúde, o profi ssional de saúde identifi cou atividade laboral (digitação) associada a LER/DORT. Com relação à prevenção, recomenda(m)-se:a) utilização de órtese de imobilização de punhob) pausas de pelo menos 10 minutos para cada hora ou

hora e meia trabalhadac) orientação para relaxamento de 30 minutos a cada 4

horas trabalhadasd) encaminhamento a médico da saúde ocupacional da

empresa

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

2016 - SMS-SP3. Algumas exposições ocupacionais a produtos quími-cos provocam danos na medula óssea. Qual é o agente químico que, por meio de exposições ocupacionais fre-quentes, pode ser responsabilizado pelo desenvolvi-mento de linfoma de Hodgkin no trabalhador?a) cobreb) cádmio

c) arsêniod) benzeno

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

2016 - SMS-SP4. Sobre a Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR), uma diminuição gradual da acuidade auditiva decorren-te da exposição contínua a níveis elevados de ruídos, as-sinale a alternativa incorreta: a) é sempre neurossensorialb) diabetes diminui a chance de doençac) é sempre irreversível, geralmente bilaterald) cessada a exposição, é passível de não progressão

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

2016 - SMS-SP5. No mundo contemporâneo, as Lesões por Esforço Re-petitivo (LERs) têm representado importante fração no conjunto dos adoecimentos relacionados ao trabalho, acometendo homens e mulheres em plena fase reprodu-tiva. Com relação à LER, assinale a alternativa incorreta:a) as ações nas empresas devem focalizar na exposição

aos fatores físicos ou biomecânicos b) vibração e frio intenso são elementos relacionados

com o surgimento de quadros de LERc) a interação entre os fatores de riscos físicos e psicos-

sociais no trabalho aumentam a chance de LERd) uma vez confi rmado o caso de LER, deverá iniciar o

tratamento. É necessário realizar a notifi cação pelos instrumentos do SUS

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

2016 - SMS-SP6. Os agrotóxicos, conhecidos por diversos nomes – pra-guicidas, pesticidas, agrotóxicos, defensivos agrícolas, venenos, biocidas etc. –, em vista da sua toxicidade, provocam grandes danos à saúde humana e ao meio am-biente. Com relação à intoxicação por agrotóxico, assi-nale a alternativa correta:a) os organoclorados têm ação no sistema nervoso cen-

tral e se acumulam no meio ambienteb) os organofosforados inibem a acetilcolinesterase,

causando sintomas como sudorese, taquicardia, sia-lorreia, midríase e hipersecreção brônquica

Page 12: EPIDEMIOLOGIA VOL. 2 · Apresentação Os desafios da Medicina a serem vencidos por quem se decide pela área são tantos e tão diversos que é impossível tanto determiná-los quanto

ComentáriosEpidemiologia

Medicina do Trabalho

Questão 1. Analisando as alternativas:a) Incorreta. A asbestose é a cicatrização disseminada do tecido pulmonar, causada pela aspiração de pó de asbesto (amianto). O mecanismo de lesão não é bem conhecido; supõe-se que a fi bra de asbesto é inalada e penetra no parênquima pulmonar, desencadeando um edema das células alveolares, que favorece uma alveo-lite descamativa, espessamento das paredes alveolares e obliteração de alvéolos por feixes de colágeno. O es-pessamento e placas pleurais são os achados mais co-muns radiologicamente, sendo bilaterais, com áreas cal-cifi cadas e visíveis em 50% dos casos. Seguem o padrão reticular e costumam se iniciar pelas metades inferiores dos pulmões. Estertores subcrepitantes fi nos de bases pulmonares podem ser auscultados em estágios mais avançados.b) Correta. A asma relacionada ao trabalho é uma das doenças respiratórias ocupacionais mais prevalentes. Inúmeras substâncias químicas utilizadas nas mais di-versas atividades produtivas podem desencadear ou agravar essa doença. É defi nida como “obstrução rever-sível ao fl uxo aéreo e/ou hiper-reatividade brônquica de-vida a causas e condições atribuíveis a um determinado ambiente de trabalho e não a estímulos externos”, sendo que existe uma ampla variedade de agentes sensibilizan-tes.c) Incorreta. A sarcoidose é uma doença de etiologia desconhecida, podendo acometer múltiplos órgãos de forma aguda ou crônica. Embora a etiologia seja desco-nhecida, estudos sugerem a participação de um agente ambiental, infeccioso ou não, responsável pelo desen-cadeamento da resposta infl amatória em um hospedei-ro geneticamente suscetível. O pulmão é o órgão mais frequentemente acometido, e a apresentação clínica é bastante variada, podendo ser assintomática, apenas com achados na radiografi a do tórax, até a forma com envolvimento de múltiplos órgãos.d) Incorreta. A silicose está associada a atividades de mineração. As micropartículas de sílica conseguem ul-trapassar as paredes dos alvéolos, sendo consideradas corpo estranho no organismo. Tais partículas atingem o interior do pulmão e provocam uma reação nos tecidos

de caráter infl amatório com cicatrização posterior. A repetição desse processo acaba provocando o endureci-mento e ocasionando uma pequena formação de nódu-los no tecido pulmonar. Com a persistência da exposição, esse acúmulo resultará na perda de elasticidade do pul-mão, e a respiração exigirá maior esforço.Gabarito = B

Questão 2. Analisando as alternativas:a) Incorreta. Esse tipo de órtese é geralmente indicada para o tratamento de pessoas que apresentam diversas condições e tem como objetivo proteger a cicatrização de tecidos ou estruturas, possibilitando a função manual necessária à realização de atividades do cotidiano.b) Correta. O trabalhador tem direito a intervalos in-trajornada, visando, precipuamente, à recuperação das energias do empregado, evitando doenças ocupacio-nais e a ocorrência de acidentes de trabalho. A regra geral é o intervalo intrajornada de, no mínimo, 1 hora, e, no máximo, 2 horas, para todo trabalho cuja jornada seja superior a 6 horas. Para jornadas superiores a 4 horas e inferiores ou iguais a 6 horas, o intervalo intra-jornada comum é de 15 minutos. Nos serviços perma-nentes de mecanografi a, cada período de 90 minutos de trabalho consecutivo corresponderá a um repouso de 10 minutos não deduzidos da duração normal de trabalho.c) Incorreta. A regra geral é o intervalo intrajornada de, no mínimo, 1 hora, e, no máximo, 2 horas, para todo tra-balho cuja jornada seja superior a 6 horas. Para jornadas superiores a 4 horas e inferiores ou iguais a 6 horas, o intervalo intrajornada comum é de 15 minutos. No en-tanto, para algumas ocupações, como condutor de veí-culo rodoviário de passageiros, essa orientação é válida. d) Incorreta. O encaminhamento ao médico da saúde ocupacional na empresa, em geral, destina-se aos traba-lhadores expostos a riscos ou situações de trabalho que impliquem o desencadeamento/agravamento de doença ocupacional. Gabarito = B

Questão 3. Analisando as alternativas:a) Incorreta. O acúmulo de cobre no organismo está as-sociado a prejuízos ao fígado, especialmente. Em geral, a atividade laboral está relacionada à intoxicação por me-tais, não somente o cobre.

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