Epica - Aula 05 - Canto 1 Eneida

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Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas FLC0452 Literatura Latina: Épica Prof. Dr. Paulo Martins 1 Aula 05 Eneida, Canto 1 1. PROPOSIÇÃO Arma uirumque cano, Troiae qui primus ab oris - 1 Italiam fato profugus Lauiniaque uenit litora, multum ille et terris iactatus et alto ui superum, saeuae memorem Iunonis ob iram, multa quoque et bello passus, dum conderet urbem -5 inferretque deos Latio; genus unde Latinum Albanique patres atque altae moenia Romae. -7 As Armas canto e o varão que, fugindo das plagas de Tróia Por injunções do Destino, instalou-se na Itália primeiro E de Lavínio nas praias. A impluso dos deuses por muito Tempo nos mares e em terras vagou sob as iras de Juno, Guerras sem fim sustentou para as bases lançar da Cidade E ao Lácio os deuses trazer o começo da gente latina, Dos pais albanos primevos e os muros de Roma altanados 1 . QUESTÕES: Arma uirumque não é uma hendíades, isto é, não pode ser lido como arma uiri. Arma uirumque revela de pronto as duas partes do poema, ou seja, cantos de 1 a 6, uir e de cantos 7 a 12, arma. O termo arma de acordo com Sérvio é utilizado na acepção de guerra e, assim, é uma metonímia: “arma multi varie disserunt cur ab armis Vergilius coeperit, omnes tamen inania sentire manifestum est, cum eum constet aliunde sumpsisse rincipium, sicut in praemissa eius vita monstratum est. per 'arma' autem bellum significat, et est tropus metonymia.” 2 Vir por, sua vez, diz respeito à errância do homem. O poema, portanto, pauta-se em dois momentos, característicos da épica: as guerras e/ou errância do homem, indicando dupla emulação em relação aos poemas homéricos. O verbo cano em primeira pessoa do singular causa estranheza se comparado aos verbos introdutórios da Ilíada e da Odisséia: no imperativo de segunda pessoa: Canta-me, ó deusa, do Peleio Aquiles A ira tenaz, que lutosa aos Gregos Verdes no Orço lançou mil fortes almas Corpos de heróis a cães e abutres pasto 3 Canta, ó musa, o varão que austucioso, Rasa Ílion santa, errou de clima em clima, Viu de muitas nações costumes vários. Mil transes padeceu no equóreo ponto, Por segurar a vida e aos seus a volta 4 1 Tradução de Carlos Alberto Nunes. 2 Sérvio, gramático: comentários ao primeiro canto da Eneida de Virgílio. 3 Ilíada, 1,1-4 tradução de Manuel Odorico Mendes. 4 Odisséia, 1, 1-5 tradução de Manuel Odorico Mendes.

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Aula 05 – Eneida, Canto 1

1. PROPOSIÇÃO

Arma uirumque cano, Troiae qui primus ab oris - 1 Italiam fato profugus Lauiniaque uenit litora, multum ille et terris iactatus et alto ui superum, saeuae memorem Iunonis ob iram, multa quoque et bello passus, dum conderet urbem -5 inferretque deos Latio; genus unde Latinum Albanique patres atque altae moenia Romae. -7

As Armas canto e o varão que, fugindo das plagas de Tróia Por injunções do Destino, instalou-se na Itália primeiro E de Lavínio nas praias. A impluso dos deuses por muito Tempo nos mares e em terras vagou sob as iras de Juno, Guerras sem fim sustentou para as bases lançar da Cidade E ao Lácio os deuses trazer – o começo da gente latina, Dos pais albanos primevos e os muros de Roma altanados

1.

QUESTÕES:

Arma uirumque – não é uma hendíades, isto é, não pode ser lido como arma uiri.

Arma uirumque revela de pronto as duas partes do poema, ou seja, cantos de 1 a 6, uir e de cantos 7 a 12, arma.

O termo arma de acordo com Sérvio é utilizado na acepção de guerra e, assim, é uma metonímia: “arma multi varie disserunt cur ab armis Vergilius coeperit, omnes tamen inania sentire manifestum est, cum eum constet aliunde sumpsisse rincipium, sicut in praemissa eius vita monstratum est. per 'arma' autem bellum significat, et est tropus metonymia.”

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Vir por, sua vez, diz respeito à errância do homem.

O poema, portanto, pauta-se em dois momentos, característicos da épica: as guerras e/ou errância do homem, indicando dupla emulação em relação aos poemas homéricos.

O verbo cano em primeira pessoa do singular causa estranheza se comparado aos verbos introdutórios da Ilíada e da Odisséia: no imperativo de segunda pessoa:

Canta-me, ó deusa, do Peleio Aquiles A ira tenaz, que lutosa aos Gregos Verdes no Orço lançou mil fortes almas Corpos de heróis a cães e abutres pasto

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Canta, ó musa, o varão que austucioso, Rasa Ílion santa, errou de clima em clima, Viu de muitas nações costumes vários. Mil transes padeceu no equóreo ponto, Por segurar a vida e aos seus a volta

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1 Tradução de Carlos Alberto Nunes. 2 Sérvio, gramático: comentários ao primeiro canto da Eneida de Virgílio. 3 Ilíada, 1,1-4 – tradução de Manuel Odorico Mendes. 4 Odisséia, 1, 1-5 – tradução de Manuel Odorico Mendes.

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Esse diferencial também se associa às questões de oralidade e escrita, além do que diferencia a concepção de composição épica homérica e virgiliana, lá assentada, talvez, na concepção do poeta inspirado como se vê no Íon e no Fedro de Platão.

Fato profugus – A indicação do fado como algo que impõe a fuga exime o protagonista da pecha de não-herói e o recoloca na tradição heróica.

A palavra uir é retomada no verso: terris iactatus et alto, bem como a idéia de imposição do destino.

O termo arma, por seu turno, é retomado em multa quoque et bello passus.

saeva memorem Iunonis ob iram indica o estado da causa da errância, o justificando. O que é retomado na evocação à Musa.

2. Evocação

Musa, mihi causas memora, quo numine laeso quidue dolens regina deum tot uoluere casus insignem pietate uirum, tot adire labores impulerit. tantaene animis caelestibus irae? Musa! Recorda-me as causas da guerra, a deidade agravada; Por qual ofensa a rainha dos deuses levou um guerreiro Tão religioso a enfrentar sem descanso esses duros trabalhos? Cabe tão fero rancor no imo peito dos deuses eternos? QUESTÕES:

O imperativo memora, é compatível aos texto homéricos, contudo o verbo relembrar minimiza a importância da Musa, afinal ela deixa de ser um agente do canto e passa a ser um instrumento da memória, o que, certamente, é adequado uma vez que as Musas são filhas de Mnemosyne.

O objeto da lembrança é causas, que seguramente está projetado em ob iram da proposição e não como entende Carlos Alberto Nunes ao propor causas da guerra, projetando causas sobre arma ou bello.

Insignem pietate uirum, referência ao herói, relaciona-se às injunções do destino, reafirmando o caráter heróico de Enéias dentro da dupla possibilidade mítica do herói.

O termo causas irae Iunonis saevae, interpretação nossa, é recuperado nos versos seguintes à evocação.

3. STATUS QUAESTIONIS

Após a apresentação da Cidade de Cartago e sua associação a Juno, versos 11-19, apresenta-se a Ira Iunonis:

audierat Tyrias olim quae uerteret arces; -20 hinc populum late regem belloque superbum uenturum excidio Libyae; sic uoluere Parcas. id metuens ueterisque memor Saturnia belli, prima quod ad Troiam pro caris gesserat Argis necdum etiam causae irarum saeuique dolores -25 exciderant animo; manet alta mente repostum

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iudicium Paridis spretaeque iniuria formae et genus inuisum et rapti Ganymedis honores: his accensa super iactatos aequore toto Troas, reliquias Danaum atque immitis Achilli, -30 arcebat longe Latio, multosque per annos errabant acti fatis maria omnia circum. tantae molis erat Romanam condere gentem. -33 Porém ouvira falar numa raça provinda dos troas Que, andando o tempo, as muralhas dos tírios ao chão lançariam, Da qual um povo haveria de nascer, belicoso e arrogante, Para desgraça da Líbia. Isso as Parcas já haviam tecido. De medo, então, e lembrada a Satúrnia da guerra primeira Que contra Tróia movera a favor dos seus caros argivos, Ainda guardada no peito bem viva a lembrança das causas Do seu rancor, sofrimento indizível de ofensas passadas, O julgamento de Paris, a injúria à sua forma impecável, O ódio aos troianos e as honras ao belo escanção Ganimedes: Por isso tudo exaltada, mantinha afastados do Lácio Como joguete das ondas os teucros escapos dos gregos E do terrível Aquiles, os quais, acossados dos Fados, Vinham cortando sem rumo desde anos o mar infinito. Tão grande empresa era as bases lançar da progênie romana! QUESTÕES:

1. A ira de Juno, portanto, provém de: o Roma no futuro será a cidade que destruirá Cartago. uenturum excidio Libyae. o O julgamento de Paris. iudicium Paridis. o A escolha por Júpiter de Ganimedes em lugar de Hebe. rapti Ganymedis honores.

4. A NARRATIVA

semper ad eventum festinat et in medias res

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Vix e conspectu Siculae telluris in altum -34 uela dabant laeti et spumas salis aere ruebant, -35 cum Iuno aeternum seruans sub pectore uulnus haec secum: 'mene incepto desistere uictam nec posse Italia Teucrorum auertere regem! quippe uetor fatis. Pallasne exurere classem Argiuum atque ipsos potuit summergere ponto -40 unius ob noxam et furias Aiacis Oilei? -41 Mal a Sicília perderam de vista e contentes rumavam Para o alto mar, apartando com as quilhas as ondas salobres, Juno potente, a sangrar-lhe no peito a ferida, conversa Consigo mesma: - Aceitar o fracasso no início da empresa, Sem conseguir afastar dessa Itália o caudilho troiano? Os Fados o obstam. Mas, Palas não pôde queimar os navios Desarvorados dos gregos, por culpa tão-só de um aquivo,

5 Horácio – Arte Poética, 148.

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Ajaz Oileu, e os sacrílegos atos da sua demência? QUESTÕES:

Preconiza Horácio que o poema épico não deve começar do início dos eventos (ab ouo), mas, antes, deve iniciar in medias res, i.é, no meio dos fatos.

Virgílio, assim, propõe: Vix e conspectu Siculae telluris in altum. O que se vê é o início da narrativa a partir da pressuposição de eventos anteriores.

A indicação haec secum: soa de forma interessante uma vez que enuncia uma fala de alguém consigo mesmo. Diz Sérvio: haec secvm subaudimus locuta est, deest enim. et hoc fictum est, ut superius diximus. unde enim hoc sciret poeta? Bene autem inpatientiam doloris ostendit detrahendo ei solatia, ut in quarto solam inducit Didonem "en quid ago?" haec secvm] quia vehementior adfectus est sine conscio, ut "et casum insontis mecum indignabar amici" et "crudelia secum fata Lyci". e contrario "quicum partiri curas". mene 'ne' non vacat, significat enim ergo et est coniunctio rationalis. incepto desistere tolerabilius enim est non inchoare, quam incepta deserere, ut Terentius "verum si incipias, neque pertendas naviter". et 'mene' sic habet emphasin, ut "ast ego, quae divum incedo regina". victam sic et in se ptimo "vincor ab Aenea". se victam pronuntiat velut victam. Alii iratam tradunt.

Os versos: Pallasne exurere classem Argiuum atque ipsos potuit summergere ponto unius ob noxam et furias Aiacis Oilei? Fazem referência ao ultraje cometido a Cassandra por Ájax no templo de Palas, fato que foi punido com a queima das naus gregas.

5. A TEMPESTADE

ipsa Iouis rapidum iaculata e nubibus ignem -42 disiecitque rates euertitque aequora uentis, illum exspirantem transfixo pectore flammas turbine corripuit scopuloque infixit acuto; -45 ast ego, quae diuum incedo regina Iouisque et soror et coniunx, una cum gente tot annos bella gero. et quisquam numen Iunonis adorat praeterea aut supplex aris imponet honorem?' -49 Ela, em pessoa, arrojou desde as nuvens o rápido fogo De Jove, as naus destroçou, revolvendo com ventos as ondas; e ao infeliz, na agonia final, todo o peito abrasado, num torvelinho o apanhou espetando-o em agudo penedo; ao passo que eu, soberana dos deuses, irmã e consorte do próprio Júpiter, há tantos anos guerreio um só povo, sem resultado. E ainda haverá quem ao nume de Juno preste homenagens ou grata oferenda no altar lhe deponha? QUESTÕES:

Ipsa - anafórico de Palas, ou seja, Palas pôde roubar o fogo de Júpiter, então, ela mesma, Juno, poderia fazer algo semelhante.

A sua ira justifica-se pelo poder. Afinal quem irá depor-lhe oferendas se alguma atitude não tomar frente aos troianos?

A ÉOLIA – DESCRIÇÃO: Versos: de 50 a 64.

Fala de Juno a Éolo: versos: de 65 a 75.

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Fala de Éolo a Juno: versos: de 76 a 80.

A Descrição da Tempestade: versos: 81 a 123

6. A INTERVENÇÃO DE NETUNO Interea magno misceri murmure pontum -124 emissamque hiemem sensit Neptunus et imis -125 stagna refusa uadis, grauiter commotus, et alto prospiciens summa placidum caput extulit unda. disiectam Aeneae toto uidet aequore classem, fluctibus oppressos Troas caelique ruina; nec latuere doli fratrem Iunonis et irae. -130 Eurum ad se Zephyrumque uocat, dehinc talia fatur: 'Tantane uos generis tenuit fiducia uestri? iam caelum terramque meo sine numine, uenti, miscere et tantas audetis tollere moles? quos ego sed motos praestat componere fluctus. -135 post mihi non simili poena commissa luetis. maturate fugam regique haec dicite uestro: non illi imperium pelagi saeuumque tridentem, sed mihi sorte datum. tenet ille immania saxa, uestras, Eure, domos; illa se iactet in aula -140 Aeolus et clauso uentorum carcere regnet.' Sic ait, et dicto citius tumida aequora placat collectasque fugat nubes solemque reducit. -143 Nesse entrementes, Netuno sentiu pelos surdos mugidos Do mar profundo que no alto a tormenta a campear se encontrava, Do imo cachões a brotar. Comovido, a serena cabeça Põe fora d`água e, surpreso, observou o que então ocorria: No equóreo campo, dispersa, observou toda a esquadra de Enéias, assoberbados das ondas os teucros, o céu arruinado. Logo percebe tratar-se dos dolos da irmã rancorosa, Juno potente. Euro e Zéfiro chama e destarte lhes fala: De tanto orgulho vos incha a confiança na própria linhagem, Ventos audazes? Sem me consultardes, a terra e o céu vasto Num todo informe arrolais, tantas serras ergueis nos meus reinos? Sem mais conversas...Porém o que importa é compor a tormenta. Mais para adiante tereis o castigo de tanta ousadia. Fora daqui, sem demora! E ao rei vosso levai o recado De que o domínio do mar e o tridente não são propriedade Dele; pertencem-me. Impere naqueles penhascos imensos, Euro, mansões de vós todos. Orgulhe-se dos seus domínios Éolo e mande no cárcere em que vos sentis como servos. Antes do fim do discurso o mar bravo ficara sereno; Em fuga os negros bulcões; a luz bela do sol resplandece.

7. O SÍMILE ENTRE NETUNO E AUGUSTO

ac ueluti magno in populo cum saepe coorta est -149 seditio saeuitque animis ignobile uulgus -150

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iamque faces et saxa uolant, furor arma ministrat; tum, pietate grauem ac meritis si forte uirum quem conspexere, silent arrectisque auribus astant; ille regit dictis animos et pectora mulcet: sic cunctus pelagi cecidit fragor, aequora postquam -155 prospiciens genitor caeloque inuectus aperto flectit equos curruque uolans dat lora secundo. -157 Como por vezes ocorre em cidades de muitos vizinhos, Quando rebenta revolta e dispara o povinho sem brio, Já voam pedras e fachos, as armas a luta improvisa; Mas, se de súbito surge um varão de aparência tranqüila E comprovado valor, todos se calam e atentos o escutam; Com seu discurso as vontades compõe, o furor dulcifica: Da mesma forma cessou o barulho das vagas, a um gesto Da divindade, ao olhar para as ondas; com o céu já sereno, Tanteia a rédea e completa uma volta na extensa planície. QUESTÕES:

Cf. Ilíada, II, 144-146:

Comparação deve ser associada à imagem de Augusto.

Observar o termo arma tomado novamente como metonímia. E o termo uirum, na mesma acepção da proposição:

iamque faces et saxa uolant, furor arma ministrat; tum, pietate grauem ac meritis si forte uirum quem