Entrevista Motivacional Selma.setani.cratod.2012

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ENTREVISTA MOTIVACIONAL Selma Rejane Setani Pós Graduada em Psicoterapias Cognitivas para o tratamento de dependentes de álcool e outras drogas Departamento de Psicobiologia-Unifesp E-mail [email protected] Fone: (11) 9372-1065

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ENTREVISTA MOTIVACIONAL

Selma Rejane Setani

Pós Graduada em Psicoterapias Cognitivas para o tratamento

de dependentes de álcool e outras drogas

Departamento de Psicobiologia-Unifesp

E-mail [email protected]

Fone: (11) 9372-1065

Definição de Motivação

Prontidão ou disposição para mudança

Pode variar de tempos em tempos ou de uma situação para outra

Estado interno que pode ser influenciado positiva ou negativamente

Estágios de Mudança

Estes estágios foram descritos por 2 psicólogos, James Prochaska e Carlo DiClemente

A identificação destes estágios, nos permite avaliar se está ou não pronto para mudar

Dependendo do estágio, será o posicionamento do terapeuta

Estágios de Mudança

Pré-contemplação

Contemplação

Ação

Manutenção

Recaída

Preparação

??????

Estágio 1: Pré Contemplação

NÃO PENSANDO NA POSSIBILIDADE DE MUDANÇA (são os usuários felizes)

O que fazer:

Oferecer informações sobre o risco do seu padrão de uso e encorajá-las a refletir

Estágio 2: Contemplação

Pensando na possibilidade de diminuir ou parar o uso

O que fazer:

Informar sobre o risco de uso

Orientar como diminuir ou parar o uso

Lista de prós e contras

Estágio 2: Contemplação

•Ganhos por

não mudar

•Perdas com a

mudança

•Ganhos por

mudar

•Perdas por

não mudar

Estágio 3: Preparação

Desenvolvendo um plano ou estratégias para mudança de comportamento

Reconhece que o uso causa problemas e se propõe a mudar

O que fazer:

Incentive e encoraje a mudança, sugira estratégias para parar

Ajude a identificar situações de risco

Estágio 4: Ação

Colocando em prática a mudança de

comportamento

Podem surgir dúvidas se vai conseguir

O que fazer:

Encorajar ajudando a manter sua decisão

Estágio 5: Manutenção

Mantendo um novo comportamento O desafio é manter o comportamento e

evitar recaídas O que fazer: Elogiar o sucesso Reforçar estratégias

Lapso/Recaída

São normais durante o processo Lapso: deslize Recaída: voltar ao padrão anterior de uso

(retorna ao estágio 1)

O que fazer: Não encarar como fracasso (seu) ou do

paciente Oportunidade de fortalecer aspectos

emocionais e treinamento de habilidades

Abordagens Motivacionais

Entrevista Motivacional:

Técnica para ajudar pacientes ambivalentes ou resistentes à mudança

Ajuda o paciente a reconhecer os riscos e fazer algo a respeito

O profissional encoraja, mas delega a responsabilidade ao paciente

5 Princípios da Entrevista Motivacional

Princípio básico Atitude

1- Expressar empatia

aceitação, escuta reflexiva habilidosa

2- Desenvolver discrepância

entre comportamento presente X metas; conscientização Como você se imagina daqui 3 anos?

3- Evitar confrontação

4- Fluir com a resistência resistência usada a favor do paciente, instigar a reflexão

5- Estimular auto eficácia crença na possibilidade de mudança, responsabilidade

A - Dar conselhos (giving Advice)

B - Remover Barreiras (remove Barriers)

C - Oferecer opções de escolha (providing Choices)

D - Diminuir vontade (decreasing Desirability)

E - Praticar empatia (practicing Empathy)

F - Dar feedback (providing Feedback)

G - Clarificar objetivos (clarifying Goals)

H - Ajuda ativa (active Helping)

Oito estratégias de A a H

Como lidar com a ambivalência

Entender como a ambivalência atua naquele cliente em particular

Deve-se ter em mente 3 aspectos: 1- a ambivalência não é um ‘mau sinal’, mas sim algo possível de ser superado; 2- a ambivalência não é totalmente racional; 3- ultrapassar a ambivalência é só parte do problema. A EM também promove a prontidão para mudança.

Fazer Perguntas Abertas

Importante estabelecer atmosfera de confiança = paciente é quem mais deve falar;

Se existem preocupações específicas, perguntar sobre elas;

Com os ambivalentes, começar pelo lado bom do problema ou ser mais neutro;

Terapeuta deve guiar o paciente no seu discurso.

Escuta Reflexiva Obstáculos:

Ordenar, direcionar, comandar; Avisar ou ameaçar; Dar ‘sermão’ ou dizer o que o paciente ‘deve’ fazer;

Discordar, julgar, criticar ou culpar; Envergonhar, ridicularizar ou categorizar; Interpretar ou analisar; Evitar, distrair, satirizar ou mudar o assunto.

Escuta Reflexiva

O que sobra então para falar? Essência: terapeuta tenta traduzir o que o

paciente quer dizer;

O terapeuta constrói uma idéia do que o paciente quer dizer e fala na forma de uma afirmação (e não pergunta- difere na entonação);

Escuta Reflexiva

Pensar reflexivamente para depois escutar reflexivamente: o que as pessoas dizem nem sempre é exatamente o que pensam ou sentem;

Geralmente é bem aplicada após uma

pergunta aberta.

Encorajar

Importante reassegurar e apoiar seu paciente;

Como?

Através de elogios, afirmações de apreciação e compreensão;

A escuta reflexiva em si é um apoio, mas pode ainda ser mais direto!

Resumir

Unir o material que foi sendo discutido ao longo das sessões;

Reforça o que já foi dito Mostra que o terapeuta está ouvindo o que o

paciente está dizendo;

Prepara o paciente para mudar;

Ainda faz o paciente ouvir suas afirmações de auto-motivação uma vez mais!

Resumir

No fim na 1ª sessão e em outros momentos, vale fazer um resumo, onde o terapeuta decide o que incluir e o que enfatizar, sempre avisando o que fará (ex: Agora eu gostaria de retomar....);

Uma ótima forma de terminar a 1ª sessão;

Importante o tom de cooperação, onde o paciente pode completar e corrigir o terapeuta.

Este resumo pode ser usado para começar as sessões seguintes, sempre ressaltando os avanços

Formulário para planejamento de mudança

As mudanças que eu quero fazer são:

As principais razões para mudar:

Os passos que eu planejei para mudar são:

A forma como as pessoas podem me ajudar é:

Eu saberei que meu plano está funcionando se...

Algumas coisas que podem interferir no meu plano são:

Estratégias de seguimento

1- Revendo o progresso; 2- Renovando a motivação; 3- Refazendo o compromisso O que evitar 1- perguntas e respostas 2- confrontar o cliente com um problema 3- terapeuta assumir o papel de ‘expert’ 4- categorizar o cliente 5- não considerar o ritmo e necessidades do cliente 6- discutir de quem é a culpa.

Situações difíceis

Envolver o cônjuge

Paciente coagido

Bibliografia

Miller, William R., Rollinick, Stephen, Entrevista Motivacional: preparando as pessoas para a mudança de comportamentos adictivos, Porto Alegre, Artmed Editora, 2001

Supera, Módulo 4

EXERCÍCIO

1ª Sessão:Uma mulher de 45 anos, chega

para o tratamento de tabagismo, ela

refere estar com hipertensão e foi

recomendado pelo clínico que pare de

fumar.

Ela refere-se ao cigarro como seu amante

e diz: “ele me dá prazer”, “estou com ele

há 30 anos”, diz que quer parar de fumar

por causa de sua saúde, que quer ver seus

netos crescerem.

Quando a terapeuta informa que terá que

parar de fumar entre hoje e amanhã, a

paciente se assusta e diz “já?”

- Qual é o estágio motivacional que esta

pessoa se encontra?

- O que você faria para motivá-la?

2ª Sessão:

A paciente aparece deprimida, diz que a

semana foi muito difícil e que ao levantar

pela manhã, não conseguia se organizar

para as tarefas rotineiras, sente-se

confusa, não sabe se vale a pena “uma vida

sem prazer”

Como você lidaria com esta situação?

3ª Sessão:

A paciente refere estar aprendendo coisas

novas, mas pergunta “porque mesmo eu

queria parar de fumar?”

O que você faria?

Última Sessão:

A paciente conseguiu ficar sem nenhum

cigarro durante 15 dias, mas ainda sente

muita vontade, e nos momentos de

solidão tem muita fissura.

Como você manejaria esta situação?