Entrevista Com Cheung por um arminiano

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Entrevista com Vincent Cheung por um Arminiano

Compilado por Raniere Menezes

Examinando as 10 supostas inconsistências do Calvinismo formuladaspor Paulo Cesar -- do site Aminianismo.com -- resolvi responder em formade entrevista fictícia realizada com o teólogo reformado Vincent Cheung,baseado em apenas duas de suas obras: Teologia Sistemática e O Autor do

Pecado. Apesar de a entrevista ser fictícia as respostas são puramenteteológicas!

Ninguém mais capacitado do que Cheung para responder a um

arminiano. Inicialmente pensei em respostas curtas, mas relendo Cheung,sua teologia é tão aprofundada que fica muito difícil responder com poucaslinhas, principalmente porque seu raciocínio já prevê as objeções naturaisque vão surgindo na mente dos opositores.

Seguem os questionamentos de Paulo Cesar (PC) e as respostas de VincentCheung (VC) que são uma verdadeira aula:

PC - Deus decreta todos os pecados de João e depois pune João por nãoevitar os pecados que Ele mesmo soberanamente decretou e que não havianenhuma possibilidade de João evitar.

VC - Entretanto, Deus soberanamente escolhe estender misericórdia aseus eleitos, imputando-lhes a própria justiça de Cristo, “que foi mortodesde a criação do mundo” (Apocalipse 13.8). Os eleitos são tambémpecadores, e merecem ser odiados por Deus. Mas ele pôs seu amor sobre

eles na eternidade, redimiu-os através da obra de Cristo, determinado atransformá-los pelo seu Espírito (Ezequiel 11.19), e ordenou de antemão asboas obras que eles devem desempenhar (Efésios 2.10). Os eleitos sãopredestinados “para serem conformes à imagem de seu Filho” (Romanos

8.29). “Portanto, Deus tem misericórdia de quem ele quer, e endurece aquem ele quer” (Romanos 9.18).

Deus decretou ativamente a queda da humanidade como um dos

meios pelos quais ele cumpriria seu plano eterno. O pecado não foi umacidente e a redenção não foi uma mera reação da parte de Deus. Como a

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Escritura diz: “O Senhor faz tudo com um propósito; até os ímpios para odia do castigo” (Provérbios 16:4).

A obra redentora de Cristo não foi uma reação ao pecado do homem;antes, Deus decretou a queda do homem de forma que a expiação pudesseocorrer. Cristo foi “escolhido antes da criação do mundo” (1 Pedro 1.20)

para ser o cordeiro de Deus. Paulo escreve que a “vida eterna” foi

 “prometida antes dos tempos eternos” aos “eleitos de Deus” (Tito 1.1,2), e

que Deus escolheu aqueles a quem ele redimiria “antes da criação do

mundo” (Efésios 1.4). Deus determinou a identidade dos eleitos, preferiuredimi-los, e selecionou Cristo como o redentor antes da criação do mundo.

PC - Deus predestina João para perdição mas diz que não tem PRAZER namorte de João.

VC - Podemos, por conseguinte, afirmar alguma forma de impassibilidadedivina. Se Deus é entristecido por nossos pecados, é somente porque elequer ser entristecido por eles, e não devido ao seu estado mental estaralém de seu controle ou sujeito a nossa influência. Pelo menos nessesentido e até esse ponto, podemos afirmar que Deus não possui

paixões. Mesmo se Deus tivesse emoções, estariam elas sob seucompleto controle, e nunca comprometeriam qualquer de seus atributosconhecidos.

[Em uma palavra]: antropopatismo.

PC - Deus diz que quer que todos sejam salvos mas não providencia

salvação para todos.

VC - Cristo morreu somente pelos seus eleitos, e não para todos os sereshumanos. Se Cristo tivesse morrido pelos pecados de todos, não haveriapecado algum por que Deus condenar os réprobos. Contudo, a Bíblia diz queDeus condenará muitos réprobos; portanto, Cristo não morreu por eles.

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Se Cristo pagara o preço por todos os pecados de cada ser humano,então porque alguém seria condenado?

2 Pedro 1.1 indica que Pedro está se dirigindo “àqueles que, mediantea justiça de nosso Deus e Salvador Jesus Cristo, receberam conosco umafé igualmente valiosa”, e 2 Pedro 3.8 refere-se aos “amados”, que é um

termos designando os cristãos. Então, o versículo 9 diz: “Ele é paciente com

vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem aoarrependimento”. A palavra “vocês” aqui obviamente se refere ao grupo aoqual os crentes pertencem, e não aos incrédulos. Portanto, o versículo estádizendo que o Senhor tarda para que os eleitos tenham tempo de setornarem cristãos.

PC - Deus diz que ama a todos mas não prova o seu amor enviando Cristopara morrer por todos.

VC - É popular a declaração de que o amor divino é universal. Ainda queseja verdadeiro que Deus expresse uma benevolência geral a todas as suascriaturas, não é verdade que ele ame a todos de uma mesma maneira

e grau. A Bíblia diz que “em Deus não há parcialidade” (Romanos2.11), mas isso apenas quer dizer que Deus não dispensa seu favor deacordo com algumas condições irrelevantes achadas em suascriaturas. O contexto de Romanos 2.11 não é que “Deus ama a todosincondicionalmente”, como muita gente diz, mas que ele condenatodos os pecadores, quer judeus quer gentios: “Todo aquele que pecar

sem a Lei, sem a Lei também perecerá, e todo aquele que pecar

sob a Lei, pela Lei será julgado.” (Romanos 2.12). Do mesmo modo,Colossenses 3.25 traz: “Quem cometer injustiça receberá de volta

injustiça, e não haverá exceção para ninguém”. 

A Bíblia deixa claro que apenas quem Deus escolheu para a salvação viráaté ele dessa forma.

Se Cristo realmente pagara o preço do pecado por todos, então porquealguém ainda seria mandado para o inferno? A resposta usual é que

uma pessoa deve aceitar pela fé o que Cristo fez, pois embora o preço dopecado tenha sido completamente pago, Deus ainda a condenará. Mas isso

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significa que ele puniria os mesmos pecados duas vezes, uma vez na cruzsobre Cristo, e uma segunda vez sobre a pessoa que cometera aquelespecados.

PC - Deus diz que preparou um banquete e que todos podem participar masnunca teve a menor intenção de que todos participassem.

VC - As “boas novas” do Cristianismo nunca foram que Cristo morreu parasalvar todo ser humano, mas que ele o fez para salvar gente “de toda tribo,

língua, povo e nação”. A grandeza da expiação de Cristo é que seusefeitos não são limitados por fronteiras étnicas e sociais: “Não há judeu

nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um emCristo Jesus” (Gálatas 3.28). Essas são as boas novas, e é como devemosentender as passagens bíblicas que dizem que Cristo morreu por todos.

Somos “chamados de acordo com o seu propósito” (Romanos 8.28).

Aos tessalonicenses, Paulo escreve: “Ele os escolheu [a vocês]” (1Tessalonicenses 1.4), e não: “Vocês o escolheram”. Ele repete isso em sua

próxima carta a eles e diz: “Deus os escolheu [a vocês] para seremsalvos” (2 Tessalonicenses 2.13), e não: “Vocês escolheram a si própriospara serem salvos.” A eleição não depende das decisões ou ações dohomem, mas da misericórdia divina que é dispensada por sua vontadesoberana somente.

Jesus diz a seus discípulos: “Vocês não me escolheram, mas eu osescolhi” (João 15.16; também v. 19). Diz que “ninguém conhece o Pai anão ser o Filho e aqueles a quem o Filho o quiser revelar” (Mateus 11.27).

E, em Mateus 22.14, que “muitos são chamados, mas poucos sãoescolhidos”, não que “muitos são convidados, mas poucos aceitam oconvite.” Isto é, muitos podem ouvir a pregação do evangelho, mas apenasaqueles “designados para a vida eterna” (Atos 13.48) podem e vão crer. Oseleitos são aqueles “por ele [Deus] escolhidos” (Marcos 13.20). Os crentes

foram “escolhido[s] pela graça” (Romanos 11.5), e são eles “os quepela graça haviam crido” (Atos 18.27). Assim, não se pode eleger a si

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mesmo para a salvação aceitando a Cristo, mas recebe-se salvaçãoaceitando a ele porque Deus escolhe primeiro. A fé não é a causa daeleição, mas a eleição é a causa da fé. Cremos em Cristo porque Deusprimeiro nos elegeu para sermos salvos e então nos levou a acreditarnaquele. Somos salvos porque Deus nos escolheu, não porque oescolhemos.

PC - Deus quer que o evangelho seja pregado a toda criatura mas as boasnovas de salvação para muitos só serve para aumentar a sua condenação.

VC - A justiça divina exige que ele puna os malfeitores. Visto que “todos

pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Romanos 3.23), isso

significa que ele deve punir todos a menos que haja um meio através doqual sua justiça possa ser satisfeita sem destruir aqueles que eledeseja salvar. Para realizá-la, Deus enviou Jesus Cristo para morrerpelos eleitos, e desse modo salvar da condenação aqueles que creriamnele. Por outro lado, “Ele punirá os que não conhecem a Deus e os que nãoobedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus” (2 Tessalonicenses 1.8).

Deus “o ofereceu [a Cristo] como sacrifício para propiciação” (Romanos

3.25) para “ele mesmo ser justo e o justificador” (v. 26 ARA) daqueles quetem fé em Cristo. Isso leva à questão de como Deus pode justificar ospecadores se a justiça exige que eles sejam punidos. Deus enviou Jesuspara morrer pelos eleitos, para aceitar a punição que eles mereciam.Assim, ele mantém seu próprio padrão de justiça em condenar os

réprobos, mas é também justo em perdoar os eleitos, visto que Cristopagou por seus pecados.

Uma outra objeção contra a doutrina bíblica da eleição divina é que eladestrói a razão ou o motivo para se fazer evangelismo. Parece a alguns que,se Deus predetermina as identidades daqueles que serão salvos, issofaria com que a obra de evangelismo ficasse sem sentido.

Superficialmente, isso parece ser uma objeção que surge de umapreocupação nobre e piedosa por evangelismo, mas a suposição é que a

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única razão ou motivo suficiente para se obedecer à ordem divina deevangelizar é que desobedecê-la resultará na condenação eterna demuitos.

Em outras palavras, alguém que faça tal objeção contra a eleiçãodivina está subentendendo que somente vê sentido em obedecer a Deusem pregar o evangelho apenas se sua desobediência levar sua potencialaudiência a sofrer o tormento sem fim no inferno. Ainda que Deustenha-lhe ordenado pregar o evangelho, ele não tem incentivo algumem fazê-lo a menos que saiba que as outras pessoas serão condenadaspara sempre por sua desobediência. A menos que seu papel na

salvação ou condenação dos outros seja determinante, para ele não hásignificado em obedecer à ordem divina. Tal objeção serve para expor adepravação moral de quem a levanta, mas não oferece desafio algum àdoutrina da eleição.

Os cristãos fiéis podem afirmar que o mandamento de Deus de pregar oevangelho é mais do que suficiente para dar sentido e propósito ao

evangelismo. Suas ordens são inerentemente cheias de sentido, edemandam obediência. Além disso, devemos compreender que elecontrola tanto os meios quanto os fins. Ele não somente determina oque ele quer que aconteça, mas também como ele quer que aconteça, edecidiu que os crentes seriam os meios pelos quais outros indivíduos aquem escolheu sejam trazidos a Cristo. Devemos ser gratos por Deususar nossa pregação como o meio pelo qual ele chama aqueles queescolheu para salvação (2 Timóteo 2.10).

PC - Deus diz que ninguém vem a Cristo se não for atraído irresistivelmentemas chama os não-eleitos para vir por suas próprias forças.

VC - Ninguém sob o domínio do pecado pode simplesmente “decidir” ficar

livre dele sem a intervenção divina, nem a pessoa desejaria ficarliberta dele antes que uma tal intervenção ocorra. A salvação étotalmente a obra de Deus, de modo que ninguém pode se orgulhar de suas

obras ou mesmo de seu “bom senso” no que tem “escolhido” (João 15.16;Efésios 2.8). Mesmo após alguém haver se tornado cristão, “é Deus

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quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com aboa vontade dele” (Filipenses 2.13).

Visto que o chamado eficaz é um chamado cujo resultado está garantido,ele não é como um “convite” que o eleito pode aceitar ou rejeitar. Antes,ele é mais parecido com o que queremos dizer pelo verbo “intimar”. Ao

chamar seus eleitos, Deus não os convida meramente para fazer algo, masele próprio faz algo neles. Sinclair Ferguson escreve: “Aquele que os chama

cria neles a capacidade para responder, de forma que no próprio ato dechamar ele os traz a uma nova vida”. Assim, aqueles a quem Deus escolheue predestinou na eternidade, ele também intima para vir a Cristo notempo histórico. Deus intima o eleito comumente através da pregação doevangelho. Ora, os cristãos não aprendem primeiramente a identificar os

eleitos, e então passam a pregar o evangelho somente a eles. Antes,eles pregam o evangelho “a toda criação" e “quem crer e for batizado serásalvo, mas quem não crer será condenado” (Marcos 16.15,16).

Portanto, quer na forma de discurso público, conversa privada,literatura escrita ou outros meios, a pregação ou apresentação doevangelho é direcionada tanto aos eleitos como aos não-eleitos. O ELEITOCHEGARÁ À FÉ; O NÃO-ELEITO OU REJEITARÁ O EVANGELHO, OU

PRODUZIRÁ UMA PROFISSÃO DE FÉ TEMPORÁRIA E FALSA.

PC - Os eleitos não podem cair da graça mas Deus constantemente osalerta contra o perigo de apostasia.

VC - Favorecer a perspectiva da preservação não nega que o crente devadeliberadamente se aperfeiçoar e conscientemente se esforçar a fim de

perseverar. É antibíblico dizer que, visto que é Deus em última análisequem nos guarda, logo, não precisamos exercer nenhum esforçoconsciente em nosso desenvolvimento espiritual. “Relaxe, e deixe Deusfazer tudo”, uma frase popular que provavelmente veio do movimento deKeswick, é antibíblica quando aplicada à santificação. Porém, a palavra

 “preservação” nos ajuda a lembrar que é Deus quem concede e causaqualquer aperfeiçoamento e estabilidade em nosso crescimento emconhecimento e santidade, mesmo que estejamos dolorosamenteconscientes dos esforços que exercemos para o nosso desenvolvimentoespiritual.

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A doutrina da preservação não diz que qualquer um que fez uma profissãode fé em Cristo esteja portanto salvo e nunca se perderá, visto que suaprofissão pode ser falsa. Antes, a doutrina ensina que os verdadeiroscristãos nunca se perderão. Eles nunca se apartarão permanentemente deCristo, embora alguns deles possam até mesmo cair profundamente nopecado por um tempo. Um verdadeiro cristão é alguém que deuassentimento verdadeiro ao evangelho, e cuja  “fé sincera” (1 Timóteo

1.5) se torna evidente através de uma transformação duradoura depensamentos, conversação e comportamento em conformidade com asexigências da Escritura. João diz que alguém que é regenerado “não pode

continuar pecando” (1 João 3.9). Por outro lado, uma pessoa que produzuma profissão de Cristo como resultado de um falso assentimento aoevangelho pode permanecer “somente um pouco de tempo. Quandosurge alguma tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo a

abandona” (Mateus 13.21).

Uma das objeções mais comuns a essa doutrina declara que, se é verdadeque o crente não pode perder sua salvação, então isso constitui uma licençaimplícita para pecar. O cristão pode cometer todo tipo de pecado, eainda permanecerá seguro em Cristo. Entretanto, o verdadeiro cristãonão deseja viver no pecado, embora possa ocasionalmente tropeçar. Overdadeiro crente detesta o pecado e ama a justiça. Alguém que pecade maneira irrefreada não é um cristão absolutamente. Há várias

passagens bíblicas que ordenam os cristãos a buscarem a justiça e evitarema impiedade. Algumas dessas passagens são tão fortes em expressãoe contém advertências tão sinistras, que alguns as interpretamincorretamente, como dizendo que é possível para um verdadeiro crenteperder sua salvação. Por exemplo, Hebreus 6.4-6.

João diz que aqueles que se apartam da fé nunca estiveramverdadeiramente na fé.

Apenas porque se nos diz que os eleitos perseverarão na fé, não significaque Deus não os advirta contra a apostasia. Na verdade, essas advertênciasescriturísticas sobre as conseqüências de renunciar a fé cristã são um dosmeios pelos quais Deus impede seus eleitos de cometer apostasia. Osréprobos ignorarão essas advertências, mas os eleitos prestarãoatenção a elas (João 10.27), e assim, eles continuarão a operar aprópria santificação “com temor e tremor” (Filipenses 2.12). Concernente

às palavras de Deus, Salmo 19.11 diz: “Por elas o teu servo é advertido; hágrande recompensa em obedecer-lhes”. 

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PC - O Calvinismo questiona a ordem de salvação arminiana (fé precede aregeneração) com o argumento de que "mortos em delitos e pecados"significa que morto não pode fazer nada a fim de ser regenerado, mas dizque devemos empreender todos os nossos esforços (orações, etc.) para verse Deus, em sua graça, nos regenera.

VC - [Cheung repete]: A resposta usual é que uma pessoa deve aceitarpela fé o que Cristo fez, pois embora o preço do pecado tenhasidocompletamente pago, Deus ainda a condenará. Mas isso significa queele puniria os mesmos pecados duas vezes, uma vez na cruz sobre Cristo, euma segunda vez sobre a pessoa que cometera aqueles pecados.

Adversários da expiação definida podem alegar que, embora todosestejam espiritualmente mortos em pecado, alguns na verdade respondemem fé a Cristo, não porque fossem escolhidos para salvação, masporque eles decidiram ser salvos por suas próprias vontades. Porém, opróprio sentido de morte espiritual faz disso algo impossível, visto queum homem morto não pode responder a ou cooperar com qualquerassistência, ou mesmo de solicitá-la. Consequentemente, a Bíblia diz que afé e o arrependimento são coisas que Deus concede como dons aosseus eleitos (Efésios 2.8,9; 2 Timóteo 2.25-26), mas ele não concede isso

a todos, e assim “a fé não é de todos” (2 Tessalonicenses 3.2). Visto quea fé em Cristo é o único caminho para salvação, e é Deus quem escolhe aquem concede fé e arrependimento, segue-se que é ele quem escolheaqueles que recebem a salvação, e não os próprios indivíduos.

Por amor ao argumento, suponhamos por um momento que, emboratodos estejam espiritualmente mortos, alguns realmente respondam aoevangelho, em fé, por si mesmos. Mas isso significaria que pessoasespiritualmente mortas na precisam de nenhuma graça especial da

parte de Deus para fazer a decisão espiritual mais importante de suasvidas. Como então explicamos por que uma pessoa espiritualmente mortaaceitou a Cristo, enquanto outra da mesma forma espiritualmentemorta não conseguiu fazer o mesmo? Não se segue que aqueles quesão capazes de fazer a decisão espiritual positiva são mais justos doque aqueles incapazes? Nesse caso, então teremos que dizer que Cristoveio salvar somente os indivíduos relativamente justos, e não osrelativamente pecadores. Mas isso contradiz a premissa de todo oevangelho.

Dizer que Deus exerce uma certa dose de influência sobre indivíduos parafazer-lhes crer apenas prolonga o problema. Alguns parecem dele requerer

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uma influência mais forte do que outros. Mas se ele exerce umainfluência mais forte sobre algumas pessoas do que sobre outras, entãoele está na verdade escolhendo quem seria salvo, especialmente se aquantidade de influência exercida não corresponder exatamente ao grau deimpiedade nos indivíduos. Por outro lado, se Deus exerce aproximadamentea mesma dose de influência sobre indivíduos, então uma vez maissomente as pessoas relativamente justas responderiam, o que novamentesignificaria que Cristo veio para salvar somente os relativamente justos,uma noção que contradiz o ensino escriturístico.

Regeneração, ou ser “nascido de novo”, ocorre em conjunção com o

chamado eficaz de Deus para com os seus eleitos (1 Pedro 1.23; Tiago1.18), e os capacita a responder em fé e arrependimento a Cristo. Issosignifica que a regeneração precede a fé; isto é, uma pessoa não nascede novo pela fé, mas ela é capacitada a crer precisamente porqueDeus a regenerou primeiro. Fé não é a pré-condição da regeneração; antes,a regeneração é a pré-condição da fé.

Uma razão pela qual muitos cristãos pensam que a regeneraçãoocorre pela fé é porque confundem regeneração com “salvação” em

geral, e “justificação” em particular. Quando a palavra “salvação” é

aplicada ao pecador, ela é um termo geral que pode implicar diversascoisas, tais como os itens que estamos discutindo nesse capítulo. Poroutro lado, na justificação Deus confere ao eleito a justiça legal merecidapor Cristo em sua obra redentora. A Bíblia ensina que nós somos

 justificados pela fé, e não que somos regenerados pela fé. A confusãoacontece quando se considera tanto a justificação como a regeneraçãocomo tendo o sentido de “salvação”. 

É fácil entender porque a regeneração deve preceder a fé, se termos emmente que o homem está espiritualmente morto antes da regeneração(Efésios 2.1; Romanos 3.10-12, 23). Por causa da hostilidade da mente àscoisas divinas antes da regeneração, os eleitos por si mesmos nuncachegariam à fé em Cristo quando o evangelho lhes fosse apresentado. ÉDeus quem age primeiro, e tendo mudado a disposição deles de má paraboa, e das trevas para a luz, eles então respondem ao evangelho

pela fé em Cristo, e por ela se tornam justificados aos olhos deDeus. Atos 16.14 registra a conversão de Lídia, e o versículo diz que foi

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Deus quem primeiro “abriu seu coração” para que ela pudesse “responder à

mensagem de Paulo”. 

A Escritura governa cada aspecto da oração e da adoração.

PC - O Calvinismo diz que Deus é o real responsável por tudo quantoacontece mas nega que isso faça de Deus o autor do mal.

VC - Quando cristãos reformados são questionados sobre se Deus é o  “autor do pecado”, eles são muito rápidos em dizer, “Não, Deus não é

o autor do pecado”, e então eles se torcem, se viram e secontorcem no chão, tentando dar ao homem algum poder de “auto-determinação”, algum tipo de liberdade que torne o homem culpado, e,todavia, ainda deixar Deus com soberania total. Por outro lado, quandoalguns alegam que minha visão da soberania divina faz de Deus o autor dopecado, minha primeira reação tende a ser, “E daí?”. Cristãos que

discordam de mim cantarolam estupidamente, “Mas ele faz de Deus o autordo pecado, ele faz de Deus o autor do pecado...”. Contudo, uma descrição

não se eleva a um argumento ou objeção, e eu nunca me deparei com umaexplicação nem sequer meio-decente do que há de errado em Deus ser o

autor do pecado em nenhuma obra teológica ou filosófica, escrita porqualquer um, de qualquer perspectiva. A verdade é que, seja Deus o autordo pecado ou não, não há nenhum problema bíblico ou racional em Ele sero autor do pecado. Para isso ser um problema, ele deve tornar algumponto do Cristianismo falso, ou contradizer alguma passagem da Escritura.Mas se Deus é o autor do pecado, como isso faz o Cristianismo falso?Alguém deve construir um argumento mostrando isso citando premissasestabelecidas que necessariamente levem à conclusão de que oCristianismo seria falso se Deus for o autor do pecado. Qual é esse

argumento? E qual passagem da Escritura ele contradiz? Você podecitar a passagem que quiser, mas você terá que mostrar que elanecessariamente se aplica à questão e que ela torna impossível Deus sero autor do pecado. Onde está essa passagem na Escritura?

Assim como alguns arminianos falsamente acusam os calvinistas de ensinaro fatalismo, aqueles calvinistas que afirmam o determinismo “suave” dão

meia-volta e me acusam de ensinar o fatalismo, quando tanto essescalvinistas como aqueles arminianos não têm idéia do que o fatalismo

significa. Essas pessoas não têm a cortesia de nem mesmo dar umaolhada na palavra num dicionário teológico para se certificar se a

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acusação se aplica. E eles certamente não têm o mínimo fundoteológico para entender o que o fatalismo significa sem consultar algumdicionário.

BÔNUS DA ENTREVISTA:

[CITAÇÃO DE PC]"Não se pode negar que a doutrina da predestinação,tanto a de Calvino quanto a de Lutero na época do "Servo Arbítrio" (deZwínglio, então, nem se fala) sofreu muita influência do determinismo; istotrouxe conseqüências funestas, e precisamos ter a hombridade de não ir

atrás deles neste ponto." Karl Barth

VC - O argumento é puramente pragmático, não racional.

Você pode chamar qualquer coisa de “livre”, mas ela o é?

Se não somos livres de Deus em nenhum sentido, então não temos “livre-arbítrio” em nenhum sentido, isto é, no contexto de discutir odeterminismo divino.

  “O homem é livre de Deus em algum sentido?”. Uma vez que você

assevera que o homem é livre de Deus em algum sentido, você perdeu oDeus da Bíblia.

Uma posição reformada/calvinista/bíblica consistente seria a seguinte. Odeterminismo divino absoluto é verdadeiro; portanto, o homem não temliberdade em nada relativo a Deus – ele não é livre de Deus em qualquersentido. Entretanto, ele ainda é moralmente responsável e devedor porqueDeus o considera moralmente responsável e devedor.

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Nota: Sobre Karl Barth, ele sentia que o supralapsarianismo estava maispróximo do certo do que o infralpasarianismo. --http://www.monergismo.com/textos/predestinacao/infra_supra_phil.htm

Quem quiser conhecer mais sobre o supralapsariano modificado de Barth

veja aqui:http://www.monergismo.com/textos/biografias/barth_franklin.pdf