Entressafra 89

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ENTRESSAFRA 89 Walter Cavalcanti Costa Edição do autor

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Um livro de poesias. Veja um trecho das "Explicações necessárias" contido no livro: "'Entressafra oito nove' (como costumo chamá-lo) tem o seu conteúdo aqui mostrado como uma coletânea de minhas produções poéticas dos meus 15 aos 21 anos. Entressafra é o período de menor produção, é o intervalo de uma safra a outra. Poderíamos interpretar como intervalos criativos dispostos aqui de forma suavemente diacrônica e 'oito nove' representa o ano em que nasci, 1989".

Transcript of Entressafra 89

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ENTRESSAFRA 89

Walter Cavalcanti Costa

Edição do autor

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Copyright © 2011 Todos os direitos reservados a Walter Cavalcanti Costa Todo o conteúdo do livro foi produzido pelo autor (exceto a apresentação). Contatos do autor: [email protected] (81) 8786-6978 Visite o blog oficial: entressafra89.blogspot.com

Catalogação na publicação (CIP) Ficha Catalográfica feita pelo autor

C837e Costa, Walter Cavalcanti. 1989-

Entressafra 89/ Walter Cavalcanti Costa – Recife: Edição do autor, 2011.

89p.

ISBN 978-85-912641-0-0 1. Literatura brasileira. 2. Poesia brasileira. I. Título.

CDD: B869.1 CDU - 821.134.3(81)

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calouros à vanguardista discutindo a utilidade da inutilidade

se sentem superiores ao perceberem que a inutilidade é útil

e ao perceberem que os outros não querem entender sobre isso

Trecho de “Escritas inutilmente manuscritas” de Samuel Cavalcanti

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Apresentação

É muito gratificante ser escolhido para prefaciar um livro, é muito gratificante falar sobre o autor,

realmente é. Mas junto com o que é grato vem o que é terrível, o que é angustiante.

O que dizer? Como falar de um menino que se fez crescer, que se fez homem, que se fez poeta, a ordem

alfabética é pura coincidência ou seria isto, a famosa sincronicidade de Jung? Foi nesta ordem que eu o vi

durante os seus anos de Faculdade, nos três períodos em que foi meu aluno e, nos tantos outros quando nos

topávamos pelos pátios e corredores da Escola. Saber um dia que o menino agora é poeta traz uma carga de

responsabilidade grande para todos que participaram de forma direta ou indireta do seu percurso acadêmico

Falar do autor ou da obra? Dizer que ele, o autor, é bom, que ela, a obra, é boa? Isto seria apenas adjetivar e o

mundo é cheio de adjetivos, que não dizem nada.

Só me resta falar que os poemas do menino homem tem um frescor minimalista que encanta leia

comigo este, e depois se delicie com o restante no livro.

“ - Como saber se algo é infinito?

- Viva toda a infinitez dele junto com ela para após saber.

- Como viver todo infinito se o infinito não tem fim? ”.

Ronaldo.

Professor de Latim da Faculdade de Formação de Professores de Nazaré da Mata. - Universidade de

Pernambuco.

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Edição do autor: Todo o conteúdo desse livro foi produzido por Walter Costa (o autor).

entressafra89 _ Este da foto era eu no início da década de 1990. Meus pais que tiraram.

Cor das letras:

Verde-água, Ênfase 5, Mais escuro 50%

Visite o blog oficial: entressafra89.blogspot.com

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Explicações necessárias:

“Entressafra oito nove” (como costumo chamá-lo) tem o seu conteúdo aqui mostrado como uma coletânea de minhas produções poéticas dos meus 15 aos 21 anos. Entressafra é o período de menor produção, é o intervalo de uma safra a outra. Poderíamos interpretar como intervalos criativos dispostos aqui de forma suavemente diacrônica e “oito nove” representa o ano em que nasci, 1989. Em outras palavras o título poderia ser: “Meus intervalos criativos”; só não ficaria legal. _ O livro se mostra numa singela desordem, mas que termina por parecer ser um romance por existirem certos pontos que se conectam. Algo como uma poética semiautobiográfica que varia de prosas a versos. _ A concepção gráfica horizontal de “Entressafra 89” tirei do livro “A simples vida” do poeta José Paulo Moreira da Fonseca, um dos melhores livros que já li. A foto da capa foi tirada por mim mesmo numa viagem de Timbaúba para Recife dentro de um carro em movimento: Abaixei a câmera e quando a levantei tirei a foto, saiu assim. Terminou soando bem tanto com o título quanto com o conteúdo da obra: Dá a ideia de algo intervalado, perdido, cinético, reluzente. Além disso, a temática do plágio é explorada ao longo da obra, dando cabimento ao pensamento “morte do autor” tão discutida nos círculos literários. _ Em alguns vários momentos existem desvios da norma padrão gramatical, mas são apenas recursos linguísticos, seja por ênfase, seja para brincar com o acordo ortográfico de 1990, seja simplesmente por soar melhor. Além disso, o vocabulário escolhido em alguns momentos pode parecer um pouco insípido aos mais puristas, mas foi como desejei e como eu consegui me fazer melhor me expressar, como já disse, houve diversos momentos. Não sei se irei agradar; de qualquer forma se está lendo, você tem algum interesse.

Recife, 13 de julho de 2011. Walter Costa

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Agradecimentos:

obrigado a todos que me ajudaram no processo

desde a formação das ideias até a publicação

Um dia faço um texto explicando tudo isso.

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Até eu perceber que estava sempre subordinado a algo patinei bastante, mesmo assim continuo patinando...

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Sumário 1. Fotografia da celebridade ......................................................................................................................... 13 2. Neochapéu ................................................................................................................................................ 15 3. WC ............................................................................................................................................................. 16 4. Casonha ..................................................................................................................................................... 17 5. Enquanto pudermos dizer Ficção científica* ............................................................................................ 18 6. Motive-me/Memorize-me ........................................................................................................................ 19 7. Bloqueios mentais ..................................................................................................................................... 20 8. CATASTRÓFICO! (ou barriguinha cheia e miséria rolando) ....................................................................... 21 9. Paranoia mistificada .................................................................................................................................. 23 10. POEMAS PERDIDOS ................................................................................................................................... 24 11. Kilômetros (meu adorado diário) .............................................................................................................. 25 12. São as coisas como elas são que caracterizam as coisas como são. ......................................................... 26 13. “Ás” ........................................................................................................................................................... 27 14. Blum, Blum, Blum ...................................................................................................................................... 28 15. ENCOMENDA PARA ABELARDO. ............................................................................................................... 29 16. Poema da corrosão ................................................................................................................................... 30 17. ______Louco é quem me diz______ ........................................................................................................ 31 18. Visão musical de um pateta na multidão.................................................................................................. 33 19. Manual prático do transgressor ................................................................................................................ 34 20. Roedor artificial ......................................................................................................................................... 35 21. 2007.2 ....................................................................................................................................................... 37 22. Eu sou o teco-teco repeteco (Pensamos iguais porque agimos iguais) .................................................... 38 23. El Chico Buda ............................................................................................................................................. 39 24. Como se fazer um. .................................................................................................................................... 40

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25. ROLIM E ANA LINS ......................................................................................................................................... 42 26. Pensou bem............................................................................................................................................... 43 27. Complexo de inferioridade ....................................................................................................................... 44 28. O centro do Universo. ............................................................................................................................... 45 29. (Vazio) Nem tão vazio assim. .................................................................................................................... 46 30. O senhor vazio existencial ......................................................................................................................... 47 31. Pérola s.f. (it. Perla) ................................................................................................................................... 48 32. Maledicta Saudade vá-de-Reto: ................................................................................................................ 49 33. Escarro Romântico. ................................................................................................................................... 50 34. Três de março............................................................................................................................................ 52 35. *Anoitecer ................................................................................................................................................. 53 36. Um texto melódico .................................................................................................................................... 54 37. As Aventuras do Teco-teco Repeteco ........................................................................................................ 55 38. O teco-teco repeteco ................................................................................................................................ 56 39. ↓¡A breguice do AMOR, a moda! ↑ ........................................................................................................ 57 40. O poeta ...................................................................................................................................................... 58 41. Infinitude ................................................................................................................................................... 59 42. ((VVaazziioo)) NNããoo mmaaiiss ....................................................................................................................................... 60 43. 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10... ........................................................................................................................ 62 44. Poema imitado de Drummond por Telles e que eu roubei. ..................................................................... 63 45. Poema feito por Ítalo e que eu furtei ........................................................................................................ 64 46. A magnífica ideia conceptual .................................................................................................................... 65

47. Poema para ser lido em um fôlego só. ..................................................................................................... 66

48. Homenagem a Drummond (para ser lido todo em um fôlego só) ............................................................ 67 49. Solidariedade, ............................................................................................................................................ 68 50. Sei lá .......................................................................................................................................................... 69 51. A lousa mágica .......................................................................................................................................... 70

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52. Histórico sobre o esquizofrênico Noel. ..................................................................................................... 72 53. Macacos primatas. .................................................................................................................................... 73 54. A moral é o título. ..................................................................................................................................... 74 55. Palavras de um pai autoritário: ................................................................................................................. 75 56. Palavras de um pai autoritário 2 ............................................................................................................... 76 57. Questão de honra ..................................................................................................................................... 77 58. Os olhos p/ Avanilda ....................................................... 78 59. Troços de roteiro ....................................................................................................................................... 79 60. Camisas ..................................................................................................................................................... 80 61. Morbidez no eixo Carnaval – São João ..................................................................................................... 81 62. Megalomania embutida ............................................................................................................................ 82 63. Minha conversa com o óbvio .................................................................................................................... 83

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Fotografia da celebridade*

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Um pouco tímido no início, mas sempre com um sorriso no rosto. Tecendo sempre alianças e amizades. Um pouco arrogante e presunçoso, como é próprio de toda e qualquer estrela estreante. Depois com a fama subindo à cabeça e esbanjando dinheiro, torna-se um artista medíocre e morre cedo. Blém blém blém.

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cende-se uma luz, temos uma cama, um rapazinho encostado em um almofadão com as pernas encolhidas para servir de apoio para o caderno, que serve de base para que o escritor escreva virtuosamente e desenfreadamente com sua calma e leveza. Com suas

letras tortas, apressadas (mais lentas que as ideias que pipocam em sua mente) lá está ele, firme e forte, divertindo-se sempre.

O que diferencia um escritor anônimo de um profissional de uma área qualquer é apenas a falta de salário (risos), pois o sofrimento e prazer são antônimos que se completam com força e suor. O prazer de um escritor em sua atividade é massacrado a cada falta de ideia, a cada fragmento incoerente, a cada falha na produção. Será que os leitores vão gostar? E a crítica? Vou conseguir lançá-lo? Estou escrevendo bem? Vou durar mais que 15 minutos? Vou virar um pseudointelectual literário? Quando vou terminar de escrever? Por que esse livro não acaba? Desse ou daquele jeito? E assim seguem-se as ideias, os questionamentos, dilemas, dúvidas... Assim o escritor segue o seu caminho, tentando achar em cada detalhe da vida, em cada sorriso descomprometido de qualquer estranho, em qualquer gesto alheio e até próprio, no pôr-e-nascer-do-sol, veja como está lindo, porque não sorrir agora?

A

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Sim sorrir, mas e todas aquelas prostitutas infectadas com doenças venéreas e vendem seus corpos horrorosos por qualquer trocado? E todas as crianças, pessoas, velhos gentes que vivem nos sinais pedindo dinheiro e todos os animais, protozoários, vegetais, seres vivos que os humanos esmagam? O quê? Como? Meu Deus, minha mãe está naquele estado e quem sou eu? O que eu faço?

Eu preciso lançar o meu livro e ficar rico e passar num concurso público para ter um futuro garantido, depois ficar rico como escritor, largar tudo e viver uma vida de rebelde até a minha morte.

É exatamente isso! Arrancar da vida o máximo de gozo que conseguir, mergulhar em ideologias baratas, intelectuais de merda para me sentir gente, humano e feliz. Ser alguém, ser respeitado e, quem sabe, numa dessas andanças encontrar um grande amor. É, pois é, viver após a minha morte em filmes, canções, livros, no coração das pessoas, encontrar a redenção dos céus assim como aquele cachorro, sendo uma star de prazer permanente de felicidade constante. Perfeito. Está bom, não está.

ESPAÇO

Veja como eles me amam, veem seus problemas em meus problemas e encontram soluções em minhas palavras. Minha personalidade esquisita agora é “estaile” e tenho uma legião de seguidores, seguindo para onde? Para lugar nenhum, apenas se iludindo e se escondendo atrás de minha imagem graficamente, blá blem blão. Já vão, já foram Meu tempo já se foi. quem é o novo?

*Fiz antes de conhecer a música “Time to pretend” da banda MGMT, qualquer semelhança é mera

coincidência.

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Neochapéu

Toc Toc Toc

-Abra a porta.

-Quem é?

-Sou eu.

-“Eu” quem?

-Sua mãe.

A criança abre a porta, mal sabe ela que a mãe não é a mãe, é um monstro intergaláctico que veio do futuro para pegá-la. Mas onde estaria sua verdadeira mãe?

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WC WALTERCOSTAVESTEWESTCOSTINTHEWATERCLOSET.

WC_Walter Costa dress (veste) West Cost in the (no) Water Closet(A propaganda estampada na parede do teu banheiro mostra

que um dia você também será uma marca, assim como tanto criticou e lucrará bastante com isso, virando um magnata).

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Casonha

A casonha fica no mundo dos lobos.

A casonha é um bichinho.

As letrinhas “A” em baixo da folha no canto esquerdo são para o menino (casonha) ver. As letrinhas “C” serão apagadas. Não se sabe o motivo da existência “L”. As letras “A” são ligadas por um cordãozinho.

A casonha é um boneco dado às pessoas que estão velhas.

A taça ou a copa do mundo é nossa?

A casa, a montanha, um triângulo e a janela.

O nome da casonha é Intiteques Montanha.

Marília Rafaela.*

*Minha prima na época com 5 anos de idade

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Enquanto pudermos dizer Ficção científica*

‘‘‘‘... Tração bípede,

Ótimo trabalhador

(Siri Siri)

(Piru Piru)

No auge de sua espécie achava que

Alguns eram gênios. (coisas de burro mesmo).

Era bastante ego centrista...

Humm...

Achava que só os seres vivos podiam ter

Sentimentos

(Riso ou sei lá o que geral).

“Você não podia saber, entender*

O que eu sentia, o que eu podia te dar

Que eu queria te amar”.

Este daqui era tímido,

Mas adorava chamar atenção.

Quando ele dizia: Einstein, ele queria

Dizer: “O maior gênio que já existiu”

(isso mesmo sem saber o que realmente

Esse gênio fez).

Achava interessante conversar com

Outros. Enfim, um desses seres pré-histó-

ricos e pretensiosos (desconsiderem os pré-

Históricos)

E achava que podia conversar e

Escrever assim como está aqui”.Burros.

←*Evitando mais um plágio. Dessa vez dos Paralamas do Sucesso,

Meu erro.

Ach

ava

inte

ress

ante

esc

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men

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o.”

” ””

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Motive-me/Memorize-me

_Ei

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Bloqueios mentais

Dar um passo na frente do outro parece ser muito complicado. Sua cabeça tem dificuldade de

reagir a impulsos. Viver se torna cada vez mais complicado. Viver do amanhã é uma ilusão utópica. Caminhando

e nem sempre cantando. As novidades começam a se instaurar no meio a maio da agradabilidade com o

antônimo incômodo. Tentar sempre uma satisfação parece ter concretização mais fácil para um drogado do que

para você, Mano Paranoia. Velho/velhice aos 21. Assassinar a paranoia. Caminha e nem sempre canta. Bloqueio

dupla troca bloqueio.

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CATASTRÓFICO! (ou barriguinha cheia e miséria rolando) À Mário Quaresma

Você vai morrer. Não adianta. Mais cedo ou mais tarde você deixará de existir. É a vida. Tudo vai se acabar num

dia. O ser humano é um poço de defeitos sem fim.

Todo homem é corno ou gay (faça sua escolha)

Toda mulher é puta (aí não tem escolha)

Não existe magia na vida. É tudo falso. A vida é falsa. Ninguém vive, só vegeta.

Quer sair disso? Suicide-se. Mas antes saiba que isso é para os fracos, assim como chorar. Homem não chora, só

os fracos. Fracos choram e se suicidam.

Um motivo para não ser fraco é olhar a beleza das coisas (antes que acabe, lógico)

E por mais que isso seja irônico, fraco é aquele que aguenta apanhar menos.

Todo mundo é saco de pancada, não tem escapatória.

Todo mundo é mais agredido do que agride caso contrário não agrediria.

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Até porque ninguém é bom ou ruim, todo mundo é interesseiro... Em ter paz, em ser bom, em causar terror...

Andamos de mãos dadas para nossa destruição. Cada atitude, justificativa, cada ação, assim melhor dizendo,

cada descoberta é um passo para a chegada ao tudo e ao seu consequente fim.

Por falar em tudo, Deus é tudo, mas o ego do ser humano é maior ainda a ponto de criá-lo e matá-lo, só pra

dizer que é o maior, mesmo sem ser.

O amor é uma droga, uma mentira, uma convenção, o que reina é o desejo. Esse sim é o que vale.

Lógico, porque ninguém quer sofrer e todo mundo quer vencer.

Perder é para os fracos e nem os fracos querem ser eles mesmos. Até porque ninguém é por ninguém (amigo de

ninguém) e cada um é por si. Respeite as convenções, tire proveito do que puder e não se esqueça de sempre

sair por cima.

E agora?

Vamos dar uma risada a disso tudo.

Genial :/

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Paranoia mistificada

Aqui não, ali, mas ali está muito feio, muito ruim. Pare por aqui. Se parar por aqui levará multa.

Espera.

Já fui a três lugares... Aonde vou agora?

Dobrarei a próxima esquina porque aqui tem alguém me perseguindo, vou apressar o passo. Aquele dali está

mal vestido, dobro de novo... Mais três. Faça muito!

Eita, estou girando em círculos...

Andando em frente e agora ao lado. Lado, lado, lado, frente de novo. Corre, mais rápido, mais rápido, mais

rápido, suas pernas não podem cansar, por que parou de fazer atividade física?

50 livros vamos. Agora até a semana que vem e nem uma hora a mais. Escale e explore todos eles. Uma semana.

Você ainda está jovem, mas precisa correr mais, de estudar mais e ganhar mais dinheiro, muito, mas muito mais

do que você tem. Você quer fracassar na vida? Quer acordar com que idade?

Mais rápido

Mais rápido, Mais rápido

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POEMAS PERDIDOS

Esse eu devo ter sonhado, por isso eu não me lembro.

O outro eu esqueci.

Esse eu não me lembro.

Esse, como outros, tive preguiça de escrever e esqueci.

Tô com preguiça e vou parar e não to a fim de tentar relembrar o que talvez eu esqueci.

Glauberto Cunha

Data esquecida propositalmente

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Kilômetros (meu adorado diário)

Com uns 1000 km (com certeza mais), ou melhor, no total dos quase 3000 km que iremos percorrer já

estão percorridos mais da metade...

Recomeçando

Com 4 dias na estrada prestes a ser completada estamos seguindo para Recife.

É isso.

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São as coisas como elas são que caracterizam as coisas como são.

Quando alguém está prestes a chorar e mesmo assim não chora, o que é que você consegue fazer?

Por que todos os meus textos apelativos têm de vir sempre com perguntas?

(cópia com mouse -

- simulacro –

do decalque da caricatura

feita por Anne Beatriz)

E EU ESTOU PENSANDO...

PENSAR É BOM.

A OUSADIA DE ACHAR QUE O TEMPO VAI ME AJUDAR É UMA TOLICE.

TCHURU TCHURU THURU TCHURU TCHURU

OUSADIA.

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“Ás”

1. _ 2. _ 3. Passas 4. Tu passas 5. Me caças 6. Me amas 7. E me 8. Devoras 9. _ 10. _ 11. Amassas 12. Minh’alma 13. Sedenta 14. E cansada 15. De te 16. Querer 17. _ 18. _ 19. E me esnobas 20. Me iludes

21. Confundes 22. Amores 23. Com dores 24. Bem no 25. Meu ser 26. _ 27. _ 28. Com Asas 29. Tu voas 30. Me calas 31. E carregas 32. Nos ombros 33. O peso 34. Daquilo 35. Voando 36. _ 37. _ 38. Voamos 39. Cidades 40. Voltamos

41. Sabores 42. E fomos 43. Amores 44. Perdidas 45. As cores 46. No largo 47. de flores 48. Extensos 49. Odores 50. _ 51. _ 52. _ 53. _ 54. O tempo 55. Se passa 56. Com ele 57. As luzes 58. Das velas 59. Qu’Estão 60. desligadas

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Vendo o Capibarib

Blum, Blum, Blum

. . . . . . . . . . . .

Um dois parou

Três quatro pararam

Cinco sem seis parou

Ela já está parada, ela não conta.

A água do rio está andando

Pára onde?

Para onde?

Só sei que meu óculos está sujo.

E assim não consigo ver.

Meu óculos está sujo. Não estou conseguindo ver tão bem quanto queria. Não consigo ver o melhor pra mim. O

que eu estou vendo é que não estou legal assim como estou.

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Cinco de maio de 2006, sexta-feira

Os segundos estão passando.

São oito e trinta e quatro da noite.

Esta minha mania de escrever me faz pensar sobre minha vida e tudo isso.

Começo a relembrar os meus antigos valores e encaixo em meu contexto social.

Por quê? Esta é a pergunta.

Minha melancolia é facilmente atiçada.

Hoje quase eu choro, de verdade.

Recomeço a pensar na minha paz. Na minha vida.

Todas estas coisas forçadas me mostram como eu estou perdido.

Tecnicamente estou só.

Acho que falar que não acredito em muita coisa me ajuda em alguma coisa. Talvez na

ENCOMENDA PARA ABELARDO.

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Poema da corrosão

Dói dedo.

Queima-me ácido.

Dói pé.

Queima-me ácido.

Dói coração e peito e tato.

O que me queima?

Acho que esse esforço para eu escrever vai me fazer envelhecer.

Goiamum estrelado de Piercing nos olhos e pata direita dele e sua sombra de Aratu atrás dele.

©GGooiiaammuumm eessttrreellaaddoo ee ssoommbbrraa ddee AArraattuu®™

(corte vertical. Foto da parte não cortada)

Minha assinatura.

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Colégio VISÃO 35 Anos

Recife, 21 de Junho de 2004

Aluno (a) – Walter C. Costa nº 48

Série – 1º Turma – A Ensino – médio Turno - m

Professor (a) - Anelilde

FICHA PARA PRODUÇÃO DE TEXTO

PROPOSTA ou TEMA: Reescrever uma crônica

VERSÃO 1º

2º X

NOTA

9,5

(Visto)

______Louco é quem me diz______

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Eu me acordo e parece que eu não me acordo, eu ando e parece que eu não ando, eu falo e parece que eu não

falo. Eu vou a toda parte e parece que eu não saio do lugar, já não sei mais quem sou eu. O que faço eu não sei

mais fazer. Será que eu estou me controlando?

Dizem-me muitas coisas, eu não aceito. Acham que eu pareço com um palhaço, mas mesmo sem eu conseguir

fazer a menor graça. Eu me acho diferente.

Estão querendo me laçar, amarrar e me lavar (minhas ideias). Espera aí... Eu não sou palhaço, os outros é que

são. Eu não sou diferente, os outros é que são. Eu sei quando estou acordado, quando ando, sei o que falo,

aonde vou e tudo mais, os outros é que não sabem o que fazem.

Eu tenho opinião, viva! Os outros é que estão sendo controlados. Eu sou um poeta, o melhor deles, louco é

quem me diz!

LIBERDADE DE EXPRESSÃO! NÃO À VIDA CODIFICADA!

colegiovisaorecife®© os direitos de usar o nome não pedidos e não cedidos, muito meno$ gentilmente

O sutil poder de minha palavra...

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Visão musical de um pateta na multidão

-Lamento traz dinheiro./ – O quê? Traz dinheiro?/ - Traz./ - Então vamos investi-lo./- Tudo bem.

Saudade, meu - bem,_______.

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Manual prático do transgressor

Apresentação: Um transgressor não gosta disto, então vamos mais adiante...

O transgressor não é basicamente um cara rude ou grosseiro. Ele é apenas a revolta de um excluído. Ele

não precisa ser correto, não precisa seguir regras. Se você for um, esqueça tudo o que eu falo,

porque o verdadeiro transgressor não está nem aí para as bobagens que os outros

dizem, quer saber de fazer sua parte.

Um tímido pode ser um transgressor?

Lógico, a timidez pode ser um sinal que o indivíduo não se relaciona com seus semelhantes,

necessitando de algo para se expressar. Pára!

Que m... (não pode) ! Pra quê isso? Vão se f... (não pode)!

Expressão de um transgressor (agora sim!).

Quero escarrar neles

O que aqueles porcos capitalistas pensam que nós somos?

Pensam que latinos é latidos e nos tratam como cachorros expurgados e escarrados. Ei, temos valor sim senhor,

senhores porcos capitalistas estrangeiros.

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Roedor artificial

Uma vez, não sei como, Rosemary começou a cuidar de mim. Primeiro me encontrou, apareci

pra ela não sei como e fui alimentado, adocicado, educado por essa gentil pessoa.

Mas não era bem assim, pelo que eu sei, Rosemary nasceu exatamente quando minha

consciência nasceu. É estranho, ora eu era um simples animal quadrúpede, ora eu era bem

grande, um Deus bem grande. Uma divindade.

Mas Rosemary era muito boa para minha pessoa, para mim e para eu (já que o pára está

desativado). Muito boa pessoa era ela e ainda creio que seja.

Um dia ela começou a me chamar de Trakinaldo e cuidou bastante de mim, apesar de sempre

me apontar para o chão. Apesar de me paparicar ela sempre me mostrou o baixo, o chão. Eu

apontava para o topo da árvore e ela me mostrava o chão e os frutos caídos. É muito triste

isso, mas ela cuidava e era boa comigo, embora não sempre, boa parte do tempo, o suficiente

para me convencer, ela com o jeito dela.

E eu sempre ficando encantado. E ela me deixando assim.

Às vezes, quando eu me rebelava, Rose me amarrava com corrente e uma focinheira feita de

cordão. Mas como meus dentes cortam mal eu não pude fazer muita coisa e tinha que ficar

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36

com isso me esforçando para esticar minha língua e lamber os pés às vezes feridentos a meu

ver dela e eu com minhas costas e meu corpo e minha cara e meu ser chicoteado pelo chicote

de amor dela. Às vezes uma corrente entre meus pés e meus braços, mas manteve um

cordãozinho de outro (ou ouro) em meu pescoço, o qual diminuiu com o passar do tempo.

Por falar em tempo, teve um tempo que eu tentei me livrar de Rose (tão bonito esse nome),

mas ela apertou muito meu pescoço e me sufocou e eu desmaiei, isso foram algumas vezes,

até que eu despertei de todas as vezes.

Eu queria poder correr com as 5 patas (a minha cabeça como minha 5º pata) bem feroz e

tendo sempre um osso a ganhar. Ela jogando um osso de boa qualidade, uma ração gostosa e

nutritiva e uma escora bem confortável para que eu descansasse era tudo o que eu queria.

Tudo o que eu queria.

Às vezes caiam lágrimas dos meus olhos (eu sozinhos) e eu ficava lá. Remoendo tristeza e me

convencendo que Rosemary era uma boa pessoa para mim. Até que me convencia disso e ela

vai gostar, eu sei. Eu sou bom e cuido dela.

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2007.2

Deixe-me ver

Let me see

Déjame ver

What I can talk about you, Nazaré.

Let me see

Déjame ver

Qué puedo hablar de ti, Nazaré…

Deixe-me ver…

O que posso falar de você Nazaré...

Você é um sonho opcional alternativo.

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Eu sou o teco-teco repeteco (Pensamos iguais porque agimos iguais)

Plin plin Shop Shop plin plin pop Popará pocotó Pirarapó pipapararapó Compra compara Compra colompra Colombo compra Pratos patos tortos Cháááá_xi_para Txiiitupsiiiplinton AAaaaaaiuta Zsrssssrrrzzzzzuuuiiiisss Ufffhhh xiuxixáchu Rá Rá Rá quero ver você fazer isso sem errar.

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El Chico Buda

O menino Buda é o novo astro do mundo Budista, medita sem comer. Um dia ele se escondeu porque virou

atração turística: “O bichinho que medita”. Incomodado ele fugiu. Quando ele voltou, fiquei sabendo que ele vai

ficar 6 anos meditando até encontrar a luz. Ele tem 15 anos, desse jeito ele perderá sua adolescência em busca

da tal luz. Com 21 anos ele estará pronto. Acho.

Será que ele não deveria ser um adolescente babaca como eu?

ladainhas

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Como se fazer um.

ENTRE EM CRISE○1

2ºTENTE SAIR DESSA CRISE○2

3ºUSE O QUE VOCÊ SABE PARA SAIR DA CRISE○3

4º AFOGUE-SE MAIS NA CRISE○4

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5ºTENTE SE RECUPERAR DE QUALQUER FORMA○5

6º TENHA MOMENTOS INDIVIDUAIS E SERENOS○6

7ºESTEJA SEMPRE ANTENADO ESPERANDO ALGO BOM ACONTEÇA○7

8º QUANDO ALGO DE BOM ACONTECER, DIVIRTA-SE, APRENDA ALGO

COM TUDO O QUE PASSOU E CUIDE SE NECESSÁRIO DE VOCÊ○8

9ºTENTE FICAR NORMAL, MAS SE ALGO SAIR DOS TRILHOS VOCÊ

SIMPLESMENTE VOLTARÁ AO INÍCIO, REALIZANDO TODO O PROCESSO, ATENUADO OU NÃO○9

10ºSE A COISA PIORAR DE VEZ OU ATÉ ANTES, PROCURE ALGUÉM PARA

LHE AJUDAR ○10

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ROLIM E ANA LINS*

PATO ↔ SACO – OVO – DENTE – PENTE – SENTE –LOUCAMENTE – PUTAMENTE – PINTO – TINTO – PASSA –

SACA –DENTE – ROLIM – MENTE - ANA LINS – PIMPOLIM – TENTA – TENA – PENA – SENTA – PENSA - PIM PIM

PIM PIM - U-U-A – I-I-U – G-A-G – C-U-C – POP- LOTE – SELO – SIGA – LÁ – SIGA BEM – ARROTO – CHOCO – TELO

– TELA – SÃO – VISÃO – IIHH – ROLIM!

Vocabulário:

PATO ↔ SACO = (PATO - SACO – SACO – PATO – PATO – SACO)

*Djavu nervoso

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Pensou bem

Certo dia, Alfredo fugiu de seu costumeiro comercial de papel higiênico e pôs-se a pensar. Refletiu

bastante, num local distante, talvez em algum sonho seu. Acordado, diga-se de passagem.

Mergulhado em seus pensamentos, ele queria viajar por lugares diferentes. Viu-se em um barco acima

do mar e pensou aonde ir.

Viu-se cego, sentado num pedaço quebrado do barco à beira mar. E se perguntou: ”Se eu mergulho em

determinada parte do mar sempre, sei mais ou menos o que há por lá. Mas como visitar todo o mar?”

E já que ele é um bicho de mar que raramente vai à superfície, como ficar além-mar e explorar a

misteriosa superfície? Como saber se o mar, a superfície e o céu são finitos se ele não voa, não nada e

nem anda por todos os lugares?

Alfredo viu e pensou com sua careca.

“Ser tudo é mais mesquinho que ser sozinho”

Tirou a expressão facial que sustentava no momento, e com a maquiagem petrificada pensou bem.

Lustraram sua careca enquanto ele lustrava a bandeja do papel higiênico. Passaram um pó branco para

tirar as bochechas vermelhas e um vermelho para corar cara.

Mesmo o comercial acabando e ele indo pra casa com a gostosa da maquiagem, ele não se importou

mais tanto quanto antes. Na verdade teve, mas nem vale mencionar, a maquiagem ressecou muito e

está esfarelando na cara dele. Incômodo.

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Complexo de inferioridade

Quis ir aos céus e me tornar estrela, até que pensei sou pequeno e sou criança e não posso voar.

Cogitei passar dos céus e das estrelas e me tornar um cometa, todavia mesmo se eu pudesse voar não teria

oxigênio para tal façanha.

Pensei em superar estrelas e cometas e sair desse universo, entretanto, caramba, sou tão fraco e pequeno.

Pensei em dominar todas as formas de vida e absorver o tempo e o tudo (e olha que isso é muita coisa) e sair

gritando por aí que era dono do mundo para despertar e afastar os olhos gordos, mas como minhas mãos

podem fazer isso?

Quando eu queria ser o tudo, terminei sendo o nada... Até que criei os códigos binários.

Comunidade comum. Você pensa e não sente (! ou ?)

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O centro do Universo.

Você. Sua voz partindo da escuridão não conseguiu me iluminar. A minha cabeça burra de pensar que devo

esperar pelos outros. É como uma linha a ser seguida. Você riu pra mim, você quis ser simpática. Não sou tão

forte quanto queria que fosse. Na verdade sou bem fraco.

Não posso ser tão fraco assim.

Homem blindado.

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(Vazio) Nem tão vazio assim. Está preso.

Sim, não pode sair

Não há nenhuma saída se não essa

Não consegue sair

Está preso.

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O senhor vazio existencial

Senhor vazio existencial das horas vagas ou não:

Por favor, explica-te!

Dize-me se és felicidade, saudade, eternidade ou tristeza.

Mostra-me a solução.

Não parasite-me.

(conta)

Choro da minha alma profunda:

Pára de retalhar-me com suas agulhas e navalhas.

Pára com esse grito estridente e desconfortante, preciso de um pouco de paz.

Sou ser humano (_).

ou estar humano devido a previalidade da vida

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Pérola s.f. (it. Perla).* Um-Partícula sólida perpaz

Jóia cara e valiosa és Q’uinda fulgura soberano, paz. De nobres mãos puro escorres.

Dois-Abastardo de cobiça,

Pois os ínfimos infelizes o têm E o ouro, diamante e o rubi pasmos o olha E riem de sua discrepância e desdém Quatro-O são grita: De onde vens? “Do ovo da vida” diz ele num lual, Nu, uma afável criatura ímprobe o cuida.

Três- Transloucados dizem: “O que tens?”,

“Rastro de miséria” - diz o grande oval, O frágil ovo redondo, o ovo da vida

*[Bilac {tupiniquim (ele era inglês)]}

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Maledicta Saudade vá-de-Reto:

Eu quero amarrar essa danada dessa saudade,

engradá-la e mandar bem longe de mim antes que ela

me consuma por inteiro. Nem fui tão feliz quanto queria

ser mesmo. isolá-la para bem longe de mim. Prendê-la

um zilhão de anos-luz para bem longe de mim (quero

ver me pegar). Quero começar tudo de novo em um

lugar bom. E que eu seja feliz. Amén.

Quero aprender.

(Prendê-la em duas dimensões, pois isso não

existe, para me ver longe disso).

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Escarro Romântico.

O sangue alto do ventre escarnado forma a imagem

A imagem reparada transplantada do meu peito

O meu peito forte como madeira de lei jorra o que sinto

Um sentir quente acalorado pela força da dureza que me consome.

Assim como a todos ela faz de mim o que bem quer

Me espanca, me arranha, me lambuza de coisas

Não só a mim, a todos que se julgam vivos

Sempre me vem com esse pôr-do-amor cativando-me

Ilusionando-me,

fazendo-me pensar que tudo é paz.

Que tudo é amor. Uma pena que o amor não entra.

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O estrago do açoite estrala em meu ouvido trazendo-me lembranças.

Dura vida passada. Tenho que puni-los, pobres tolos.

Precisam ter o que merecem.

E ainda me vem com esse com essa luz sedutora querendo-me amor.

Você não sabe o que é amor, o que é amar.

Você não tem o calor que eu tenho, ouviu, Vós-mercê?

Fique aí presa, sua porca, sua palhaça podre.

Agora é a minha vez. Sei que quando tiveres uma oportunidade farás o mesmo novamente.

Sua imagem está presa junto com a Maledicta Saldade.

Nunca mais irá voltar. ----------------------------------------------------------------------------------------------------

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Três de março

Se eu quero arte, eu peço a Deus: -Deus, como se faz arte? Mas Deus não fala língua de humanos. Deus fala a língua da natureza. Deus me mostra o que eu posso usar na minha arte. Deus é amor. Deus é bom, eu amo Deus. Deus me mostra o que tenho e me diz: - Faça o que souber. Deus não fala exatamente isso, ele me deu o que quis, então ele quer que eu faça algo. Criaturas bisonhas riem de mim. Eu me agarro em minha timidez e minha arte. O que mais eu quero? O que eu quero a mais eu vou conquistando aos poucos. Assim sou eu e minha arte.

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*Anoitecer

O laranja desse

céu refletido em meu

rosto ilumina

não só a ele, mas também às simples

ideias

O anoitecer desse dia

A televisão,

tudo

Tudo é melancólico

Até porque não é anoitecer, é noite.

*(Hai Kai da Galeria Pagé.)

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Um texto melódico* Jô Tadeu estava na espreita Mas porque ele foi para lá? Mudança Eu estou vendo o seu rosto Hu hu hu hu Você está vendo o meu rosto Hu hu hu Mudança Você espera muito Mudança Esse ano ta foda. *(A melancolia em seu estado máximo.. hehhheh.)

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As Aventuras do Teco-teco Repeteco

Um tique faz alguém tocar alguém. Um tremelique faz alguém xingar alguém. Um impulso faz alguém viver infeliz. Teco-teco repeteco é a resposta. O teco-teco repeteco é malandro. Já sabe a manha. Sabe como me fazer o que quer. Não é para entender agora. É para analisar... O teco-teco repeteco.

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O teco-teco repeteco

Eu sou composto de triângulos. Eu sou o teco-teco repeteco. Estou repetindo o que vocês fazem. Ele

está repetindo o que eles fazem. Você está repetindo o que eles fazem.

Não é bom? Eu posso demorar ou não, mas eu sempre volto. Eu sou o teco-teco repeteco. Eu sei o

que vocês esperam, esperam que eu fique escrevendo utilizando quase tudo que eu já utilizei.

Engano seu, está na hora de outro teco-teco repeteco. Teco-teco repeteco, Eu sou o teco-teco

repeteco. Teco-teco-teco repeteco.

-Que beleza esse teco-teco repeteco. – você diz.

-Isso mesmo eu digo. Uuhhh.Ahhhh.Eeehh. Iiih maluco!

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↓¡A breguice do AMOR, a moda! ↑ Quando sentires um odor desagradável te tirarei o olfato. Quando sentires dor, te tirarei o tato. Quando comeres jiló (RiRiRi) te tirarei o paladar. Eticetera... Quando me quiseres estarei aqui, de tanto querer te tirar as coisas acabei ficando sem você. Só queria te dar meu amor, meu amor. Não posso te tirar meu amor, você me ama e eu também. Bem, então esse é o final... O que eu posso te dizer?... Não sou tão ruim assim... Não chore, por favor... Saiba que eu te amo... Eu sei... Adeus...

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O poeta* O poeta não é o homem de carne e osso.

O poeta não é o ego do poeta. O poeta não é o poeta.

O poeta não é o inconsciente. Se você acha que fala com o poeta, você pode estar pensando que fala com o poeta.

Você esta falando com a pessoa onde existe o poeta. Você está falando com quase o que você vê, não com o que você sente.

Tente. Tudo é arte e poesia mesmo.

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I n f i n i t u d e. . . . . . . . . .

-Como saber se algo é i n f i n i t o?

-Viva toda a infinitez dele junto com ela para após saber.

-Como viver todo infinito se o infinito não tem fim?

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((VVaazziioo)) NNããoo mmaaiiss

SSee ddiizzeerr--ttee,,

PPáálliiddaa ee llâânngguuiiddaa

AA ccoommppllaaccêênncciiaa ddaass ffóórrmmuullaass llaammbbddaa ee tteettaa,,

VVooccêê ppooddee mmee aacchhaarr uumm lloouuccoo..

SSee aa rraazzããoo ddee uummaa pprrooggrreessssããoo aarriittmmééttiiccaa

FFoorr ssoommaarr mmaaiiss uumm

VVooccêê sseerráá eessssee uumm..

NNoossssooss ggeenneess ddiiffeerreenntteess

AAcceennttuuaamm nnoossssaa vviiddaa

NNoossssoo ttiippoo ssaanngguuíínneeoo ttaammbbéémm..

PPooddeerriiaa RReennaattuuss mmoossttrraarr oouu ssiimmbboolliizzaarr oo aammoorr eemm sseeuu ppllaannoo??

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SSee eeuu ddiiggoo qquuee ééss lliinnddaa

QQuueerroo qquuee vvóóss mmee ddiiggaass qquuee mmee aammaa

SSeennddoo ppáálliiddaa oouu aammaarreellaa ccoommoo qquuaannddoo ccrriiaannççaa..

RRiinnddoo sseemmpprree..

DDiivveerrttiinnddoo--ssee ccoommiiggoo

QQuueerroo vveerr ssuuaa ffeelliicciiddaaddee

AAssssiimm eessttaarreeii ffeelliizz..

((......))

UUmm ggeemmiiddoo

IIssssoo..

EEccôôaa..

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1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10...

Deveria começar do 0, 1, 2, 3...

Ou assim está certo?

Quando nascemos nos fazem entender que

Nossa vida são degraus.

Segmentam nossa vida.

0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9...

Temos que nos habituar com as mudanças

De nossa infanto-adolescência, adultez e experiência.

Cansados somos obrigados a contar:

1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10...

Ginásio do colégio visão, frente a dez degraus (foi isso que contei), três tabelas

de basquete e um bando de marmanjos jogando bola pra se divertir na quadra... E

estou eu a meio metro da 4º pilastra branca contada a partir da entrada num sábado,

acho que cinco ou seis de agosto de 2006. ( )

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Poema imitado de Drummond por Telles e que eu roubei.

Quero isso

Ouvindo-te dizer isso

Creio nisso

Quero sabê-lo

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Poema feito por Ítalo e que eu furtei*

Sdfdfdsfsdffdsfsfdsfdsfdsfdsfjhvfjhfjhfmgfghfmghfm

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A magnífica ideia conceptual* * (Número 12) A magnífica ideia conceptual é pura Agrada a todos Portanto bem aceitaasminhasforçasestãoindofora. As palavras que eu queria estão aqui e eu estou feliz. Parece que não é bem assim... Elas não vêm... E a cabeça do cavalo pode balançar Quando não vem ideia o acaso bota. Qual é a durabilidade da criatividade humana?

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Poema para ser lido em um fôlego só.

Átomos que se liga com átomos

Que beijam átomos

Que cruzam átomos

Que desejam átomos

Que se misturam com átomos

Que se escreve.

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Homenagem a Drummond (para ser lido todo em um fôlego só) *.

Drôm

Drôm

Drôm-u-ôm

Drôm

Drôm

Drum

Drum

Drum-u-u-u-(ressonante)

Drum

Drum

Drummmond (ressonante)

* (Eu só consigo um fôlego por parte).

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Solidariedade,

O menino preto de camisa vermelha doou cola ao menino branco de camisa branca, ambos sujos na praça do largo da paz em paz em Afogados num domingo de fevereiro em pleno sol quente. Onde está o lirismo da frase?

SSeennhhoorr,, OO qquuee ffiizzeerraamm ccoomm tteeuuss ffiillhhooss!!

(Sem destinatário)

Pouco antes das seis da noite, no cruzamento da continuação da direita da av. Conde da boa vista com a av. Agamenon Magalhães, o pai branco de boné branco e bigode preto chega junto do filho pequeno com um sorriso desengonçado na cara, risadagem feia e sua garrafa de sabão ralo e seu pequeno rodo de limpar vidros em uma mão e em outra um saco de pão de caixa. Brinca com o filho passando o saco de pão no nariz do filho repetidamente dizendo:

-Pão novinho! Pão novinho! Pão novinho! Pão novinho! – O filho reage sempre rindo, até que outro filho maior pega o saco de pão com a mão esquerda e o observa (o saco). Do lado direito do filho menor chega outro pequeno e todos celebram inconscientemente o magnífico momento até que o sinal abre e meu ônibus segue caminho em direção do subúrbio. Aqui está mais fácil de se encontrar o lirismo, né?

Obs: Todos estão com um rodo pequeno e uma garrafa de sabão ralo pelo menos em uma das mãos.

O final

O muleque mulato de uns cinco anos sozinho com seu pau de chamas sem chamas e sozinho na faixa de trânsito com o sinal fechado, ganha algumas poucas moedas e sai para pedir uns trocados, com seu malabar apagado como sempre, assim com sua dignidade e sua cidadania. Aqui não tem lirismo. Tem vergonha e repetição diária. Quer?

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Sei lá

Viver somente por não viver Sem viver Paradoxando sua mente e minha Escondendo-me do mundo. Aprendi fazer um texto quebrado como esse O que vocês chamam de poema ou poesia sabe-se lá o quê.

Meu tempo e... Espera aí... Estou tornando uma característica de meu texto a exaltação do tempo e espaço, tenho que acabar com isso. Viver só, só por viver, Descobrindo vida no que não existe vida. Isolando-se (me) a fim de adquirir o saber em textos tristes. Indo em busca da essência. Sim. Dela mesma. Aquela que todos nós temos e que esquecemos que ela existe. Meu tempo e meu espaço são meus medonhos oponentes. Desenhar palavras, textos...

(

)

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A lousa mágica

Quando tudo o que vai citado abaixo... Quando tudo o que se puder criar for criado, só restará a todas as pessoas o tédio. Não sei se já falei isso, mas a realidade é essa. Bem, falei o que tinha que falar. Será que esse dia vai chegar? Fica aqui a dúvida. Mas quando não se puder mais armazenar todos os documentos artísticos ou não, como seria? Vai saber... Quando chegar lá eu vou saber.

O que aconteceria se por esta lousa pudesse mostra tudo o que se pode formar com as cores preto e

b r a n c o?

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O l ○o n g o j o v e m d i ◇a t r i s t e

M e u d i a n ã o q u e r p a s s a r .

E n t ã o e s p e r o .

E s p e r o e l e p a s s a r .

E n t ã - ã - ã o e s p e r o

E s p e r o p e l o c o m e ç o d e u m n o v o d i a

U h ! U h ! U h ! E s p e r o , e s p e r o m u i t o .

E n t ã o e u p e r c o m e u p r e c i o s o t e m p o

C o m m i n h a i s o l a ç ã o .

O t e m p o p a s s a p o r m i m

E e u n ã o v i v o

E s p e r o , e s p e r o , e s p e r o t a n t o .

U h ! U h ! U h ! E s p e r o , e s p e r o m u i t o .

E u o l h o m e u r o s t o

N o e s p e l h o

E e u v e j o u m a p e s s o a b o n i t a .

A h ! A h ! A h !

B o n i t a

B o n i t a e t r i s t e !

E e u e s t o u m a t a n d o a m i m m e s m o

C o m m e u e s t i l o d e v i d a

E n t ã o e u s o u u m s u i c i d a i n d i r e t o

S u i - s u i - s u i - s u i c i d a

E u e s p e - e - r o , e s p e r o m i n h a m o r t e

Eqüifédet sai daqui!

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Histórico sobre o esquizofrênico Noel.

O esquizofrênico Noel tem como pai o tempo, sim, ele com sua magnificência. O Noel era um mendigo,

chegou até a aspirar ao sucesso dos mendicantes... Mas sua vida estava em outro lugar. Na comédia-

drama ele se fixou, fazendo rir e chorar com suas loucuras criativas.

O vazio é a mente deste ser.

Sempre à e há espera de mais uma trapalhada pra vir à tona.

O esquizofrênico Noel é dez!

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Macacos primatas.

Os macaquinhos do sótão estavam na realidade no sótão. Eles se questionavam filosoficamente a

necessidade do estudo, enquanto finalmente os macaquinhos do Kongo aceitaram falar sobre religião.

Os macaquinhos do sótão se questionavam sua existência, como se cansaram foram falar sobre a vida.

Daí o debate caminhou; Cada um trouxe algo que contribuísse: Eles souberam exaltar sua felicidade. Já os

macacos do Congo estavam chegando a um conceito sobre Deus, sobre o que ou quem é Deus...

Moral da história:

Estamos na contemporaneidade.

Bibliografia mínima exigida: O menino maluquinho de Ziraldo (livro) e Peixe Grande e suas histórias

maravilhosas de (filme Tim Burton).

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A moral é o título.

Depois de uma campanha eleitoral tensa, dois candidatos (ambos armados) foram para a

única urna de uma cidade tão pequena, tão pequena que só havia quarenta e dois eleitores. Como o lugar

era muito pobre, os candidatos não tinham dinheiro de contratar segurança. Ambos só tinham oito balas

que estavam em suas armas.

Quando a eleição começou, ambos se fixaram em seus respectivos lugares: Ao lado da única

urna.

Nos primeiros votos eles começaram a discutir: (O cargo de prefeito nessa cidade daria ao

eleito um salário de um gari de uma cidade grande) Um, usando verbas públicas em seu último mandato

fez uma escola com o custo da obra de 15000 (moeda local).

O outro (o iniciante) disse que ele não investiu nada em saúde e saneamento básico.

O prefeito disse que o dinheiro só dava para isso.

(A discussão continuou).

Quando eles se deram conta que todos os eleitores já tinham votado em branco (todos), eles

voltaram abraçados para suas casas. O povo decidiu governar a cidade por conta própria.

Moral: Em proporções reais, não sei quando isso vai acontecer.

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Palavras de um pai autoritário:

“Minha filha, por que você quer esse rabujo como homem? Isso não é um homem, é um projeto de homem, todos

riem dele na rua. Por quê?”

“Eu o amo”

“Desista! Com ele você não se casa”

“Caso sim”

Rixa familiar.

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76

Palavras de um pai autoritário 2

Casou casou

Não deu certo

Tira o nome

Um vai para um lado

E o outro pro outro

Chama o advogado

E resolve

O problema do casamento

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Questão de honra

O que é que podem te roubar

Te roubar

Te roubar

Sua vida e seu caráter

Seu caráter

Seu caráter

O seu corpo e sua mente

E sua mente

E sua mente

Sua arte e sua parte

Sua parte

Sua parte. O seu tudo e você!

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Os olhos p/ Avanilda

Os olhos são meus assim como a minha cabeça e faço deles o que quiser.

Estou perdido no meu tempo.

Só.

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Troços de roteiro

Tum!

Um barulho de um tambor ecoa por sei lá onde.

Tum!

A imagem de uma alfaia gigantesca e uma pessoa batendo.

Tum!

Uma mistura de sons e ritmos contamina a tudo. E tudo se enche de cores todos vestidos de sucata.

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Camisas

Camisa10 Camisa9 Camisa8 Camisa7 Camisa 6 Camisa5 Camisa4 Camisa3 Camisa2 Camisa1 Camisa11 Camisa12

Camisa13 Camisa14 Camisa15 Camisa16 Camisa17 Camisa18 Camisa19 Camisa20 Camisa21 Camisa22 Camisa23.

Acho que para por aí.

São 180 milhões.

S do Sena. O orgulho nacional está no esporte.

O esporte no país é o futebol.

O M do massa, se ele ganhar a temporada...

Olha para esse céu. (figurativo)

Vem mais uma estrela para ele

É o nosso hexa!

Papo de comercial de cerveja.

Recife, 23 de junho de 2006

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Morbidez no eixo Carnaval – São João

As ruas lisas de piche ou quadriculadas de rochas metamórficas encharcadas pela chuva faiscante assim

como os fogos, as fogueiras e os cabelos coloridos do caboclo de lança. As luzes dos postes iluminam o

chão e te acompanham para onde (aonde) você anda, brilhando nas poças.

O toque forte da alfaia chega até a se assemelhar com o toque marcado da zabumba. As expressivas faces

declaram o sentimento do momento. No carnaval a ordem é sorrir. No São João olhar, buscar e dançar.

De extrema importância é o combustível para continuar.

As pescadas no ar, passeando, denunciam morbidez. Apesar de todo o som e nitidez e riqueza de

imagens, silêncio e borrados. Engraçado e doloroso é pegar o coração e resumir a beijos roubados no

carnaval ou a simpatias do São João. Enquanto justamente São Pedro não se preocupa em fazer o político

Santo Antônio trabalhar resolve dar chuva também no carnaval.

Com tudo isso e com tantas poças, eu continuo com o distúrbio psicológico, com a doença de que só

existo se escrever razoavelmente bem, mas indiscutivelmente original.

Eu sentado numa cadeira de balanço usando a luz da rua para iluminar a folha que agora eu escrevo,

balançando, no terraço da casa de Júlio em Timbaúba.

É sempre assim, a pista é lisa ou quadriculada.

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Megalomania embutida

Ao chocar uma rocha contra a outra, um hominídeo não tão distante que aqui chamaremos de Rufão,

produz faíscas relampejantes. Ele vibra com tal efeito, tão simples e bonito. Tchuk! Clareou o escuro.

Tchunk! Clareou de novo! Ele agora podia andar no escuro e espantar as feras.

Rufão mesmo manco descobriu que poderia comprar o mundo, mesmo sem saber o que era mundo, com

sua moeda inexistente. Assim pode voar, andar e nadar à vontade porque tinha algo de bom e que

assustava as pessoas... Um bicho, um homem, um Deus.

Tchunk! – Olha ali fez fogo!

Tentando quebrar a casca a obviedade Rufão chocava uma rocha contra a outra.

Eu tenho um problema só sei ser grande ou ser pequeno, mediocridade mediana não me interessa. Eu

quero é ser grande, sendo pequeno apenas como passatempo. Já sei! Vou dominar a sabedoria! Saber

como fazer o meu cérebro suportar mais informações para poder abarcar o que quiser. Eu comprei o

mundo com uma moeda inexistente, quer dizer, muito rara que ninguém tinha, somente eu. Eu inventei e

fiquei com ela e todo mundo quis, mas eu tinha o poder e eles não pegaram. Dominar a sabedoria não

adianta.

Você me vem com uma luz na minha cara no meio dessa escuridão e como você acha que eu me sinto?

Depois se parte em estrelas e lâmpadas que se mexem lentamente rapidamente. Como é isso?

Eu quero, eu posso.

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Minha conversa com o óbvio

-Opa, campeão, vamos entrando, sente-se, por favor, no que posso te servir?

-Bem, eu estou querendo fazer alguma coisa diferente, sabe e estou querendo saber se você me aceita,

sabe, porque poucas vezes você é contrariado...

-Está falando com a pessoa certa, qual é o produto que você tem?

-É arte, senhor...

-Arte? De que tipo?

-Bem... É literatura, um livro de ficção, sabe?

-Muito bom rapaz... E qual é o seu objetivo com esse livro?

-Eu estava querendo ser vanguardista, sabe? Quem não quer hoje em dia?

-Você acha que tem competência pra isso?

-Acho que, modestamente, sim. Brinquei com sua estática...

-Você tem plena consciência que um merdinha classe média como você não tem o pre$tígio necessário

para me peitar, né?

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-Bem, eu sei, mas eu só uso o xarope dos fracos que é uma ironia e sarcasmo pobres...

-Ah, sim, está bem, sem problemas, parece que você não é grande coisa... É um tipo de poesia de

suburbano do século XXI...

-É...

-Bem, você não tem lábia, nem qualidade, nem capital de giro pra me peitar... Então por isso quer se

juntar a mim...

-É isso mesmo...

-Garoto esperto... E qual é a ajuda que você quer de mim?

-Eu quero algumas dicas para fazer sucesso...

-Bem, você tem que ter boas amizades com o meio que você aspira, tem que adequar o seu livro e saber

muito bem o que está falando, ter seus tons de rebeldia, seus surtos de vez em quando, mas sempre ser

fixo em seus ideais, tem que ter estilo profissional e pessoal próprio, tem que melhorar esse seu carisma

que está em baixa... Coisas desse tipo, sabe?

-Sei, sim senhor...

-Mas se eu não conseguir o sucesso?

-Azar o seu. Próximo! E aê meu chapa, tudo bom com você?

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140 caracteres (sem contar com o título_)

Sobre o autor

Walter Cavalcanti Costa_formado em letras em 2010, 22 anos, walkeando com e sem destino, escrevo livros, torço pelo Sport, Recife.

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Anotaç~es

Impresso em papel A4 reciclado 75g/m2

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Sport Clube do Recife Campeão brasileiro de

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A tampa

A tampa não tampava como eu pensava.

A tampa que eu pensava que tampava não tampa como eu pensava que tampava.

Pensei nisso porque

A tampa tampava bem.

Eu acreditava piamente que a tampa tampava como antes.

Há anos que os insetos devoram o que há na lata.

Porque a tampa não tampa como tampava antes.

Que tampa traidora,

Não tampar bem...

Vá lá se ver...

A culpa não é da tampa.

Desculpa tampa.

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Limite Entressafra 89 E89_ Visite o blog oficial: entressafra89.blogspot.com

“O livro se mostra numa singela desordem, mas que termina por parecer ser um

romance por existirem certos pontos que se conectam. Algo como uma poética

semiautobiográfica que varia de prosas a versos”.

Walter Costa Edição do autor