Entre Rios e Ruas

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Entre Rios e Ruas Clarissa Diniz, Eduardo de Jesus, Jorge Cabrera Goméz

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Viés, Coleção Cadernos do Artista em sua segunda publicação apresenta Entre Rios e Ruas da artista Isabela Prado. Nesta série a obra de Isabela demonstra uma preocupação pela questão ambiental, desenvolvendo uma série de trabalhos que questionam a forma como o planejamento urbanistico de Belo Horizonte, não considerou uma integração com os cursos dos rios que atravesam a cidade, sobrepondo avenidas e ruas.

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A coleção Viés – cadernos do artista é dedicada ao registro de pesquisas em artes plásticas unidas ao catálogo das mostras realizadas na Galeria de Arte GTO, do Sesc Palladium.

Seu propósito é valorizar o artista e sua obra, abrir um espaço de projeção artística e iluminar figuras pouco conhecidas na história das artes plásticas local e nacional. Assim, também, abre-se espaço aos artistas que escrevem sobre outros artistas e aos pesquisadores em artes plásticas que enri- quecem nosso olhar artístico.

Esperamos que, com a associação entre a pesquisa e a obra do artista, possamos desencadear o de- senvolvimento de maiores e crescentes investi- gações em arte.

O conjunto da obra Entre rios e ruas, 2007-2012, é com

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Isabela Pradoentre rios e ruas

Sesc MinasBelo Horizonte, 2012

Volume 2

Jorge Cabrera Goméz (Org.)Clarissa DinizEduardo de Jesus

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Isabela Prado: entre rios e ruas / Jorge Cabrera Gómez (Org.). – Belo

Horizonte: SESC Minas, 2012.

75 p: il. color.

Série (Viés: cadernos do artista, 2)

ISBN: 978-85-64934-05-4

1. Arte moderna. 2. Catálogos. 3. Planejamento Urbanístico. 4. Belo Horizonte. 5. Cidade. 6. Meio ambiente. 7. Isabela Prado.

I.Título. II. Gómez, Jorge Cabrera. III. Prado, Isabela. IV. Jesus,

de Eduardo. V. Diniz, Clarissa.

CDD: 730.981

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Lázaro Luiz GonzagaPresidente Fecomércio Minas, Sesc e Senac

Rodrigo Penido DuarteDiretor Regional

Luciano de Assis FagundesDiretor Regional Adjunto

Superintendência de Cultura e Educação

Jorge Cabrera GómezGerente de Cultura

Milena PedrosaGerente do Sesc Palladium

Robinson Costa do NascimentoAssessor de Comunicação

FICHA TÉCNICADireção de curadoriaJorge Cabrera Gómez

Produção GeralEquipe de Artes Plásticas do Sesc Palladium

Projeto ExpográficoAdriano RangelBeatriz MomCláudio Diniz AlvesClodoaldo DiasJorge Cabrera Gómez Marcela Yoko

Projeto de comunicaçãoAssessoria de Comunicação - ACOM

Ação EducativaCamila Otto

Projeto de PesquisaClarissa DinizEduardo de JesusJorge Cabrera Gómez

Projeto Gráfico e DiagramaçãoCláudio Diniz Alves

Revisão Jaqueline Lemos Prados

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Viés

Coleção Cadernos do Artista

Volume 2

ISABELA PRADOentre rios e ruas

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Viés, Coleção Cadernos do Artista em sua segunda publi-cação apresenta Entre Rios e Ruas da artista Isabela Prado. Nesta série a obra de Isabela demonstra uma preocupação pela questão ambiental, desenvolvendo uma série de trabalhos que questionam a forma como o planejamento urbanistico de Belo Horizonte, não considerou uma integração com os cursos dos rios que atravesam a cidade, sobrepondo avenidas e ruas.

Para esta publicação convidamos Clariza Diniz, com seu texto Rios, ruas, visibilidades e Eduardo de Jesus com Cartografias quase invisiveis, junto ao texto de curadoria para o catálogo, As tensões entre arte, cidade e meio ambiente. Assim, nestes textos, apresentam-se três perspectivas da obra de Isabela para esta exposição: a ideia de que a artista “torna visíveis” “aspectos abafados da vida em sociedade, trazendo-os à luz ao abordá-los sensível, política e criticamente” apontados pela Clariza Diniz; a relação entre arte e espaço urbano na construção de outra cartografia feita pela artista, segundo Eduardo de Jesus, e as tensões entre arte, cidade e meio ambiente em uma obra que por um lado demonstra uma desmaterialização do objeto e por outro apresenta um campo expandido da xilogravura, como na série montante/jusante.

Jorge Cabrera GómezDireção de Curadoria

Galeria de Arte GTO. Sesc Palladium

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Sumário

Rios, ruas, visibilidades

Cartografias quase invisíveis

Isabela Prado ENTRE RIOS E RUASAs tensões entre arte, cidade e meio ambiente

Resumo curricular

Entre Rios e RuasAs tensões entre arte, cidade e meio ambiente por Isabela Prado

Catálogo da Exposição

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Clarissa DinizCrítica, curadora e editora da revista Tatuí. De exposições organizadas, destacam-se Contrapensamento Selvagem (cocuradoria com Cayo Honorato, Paulo Herkenhoff e Orlando Maneschy. Instituto Itaú Cultural, São Paulo, 2011), contidonãocontido (cocuradoria com EducAtivo MAMAM e Maria do Carmo Nino. Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Recife, 2010) e Refrações - arte contemporânea em Alagoas (cocuradoria com Bitu Cassundé. Pinacoteca da UFAL, Maceió, 2010). É autora de Montez Magno (Recife: Paés, 2011), Crachá - aspectos da legitimação artística (Recife: Massangana, 2008), e organizadora de Gilberto Freyre (junto a Gleyce Heitor. Rio de Janeiro: Funarte, 2010).

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Se, em 1920, Paul Klee compreendia a visibilidade sobretudo como uma questão de linguagem, interessado que estava em suas implicações expressionais – donde a conhecida afirmação de que “a arte não reproduz o visível, mas torna visível”1 –, no século seguinte, a visibilidade que parece preocupar parte significativa da produção artística é outra: o campo das invisibilidades sociais. Inúmeros são os artistas que, explorando a força da arte na construção do que se vê, dedicam-se a “tornar visíveis” aspectos abafados da vida em sociedade, trazendo-os à luz ao abordá-los sensível, política e criticamente. Hoje – dias nos quais, por exemplo, a Polícia Militar de São Paulo invade violentamente a Comunidade de Pinheirinho (São José dos Campos, SP), agindo ilegalmente, causando “desaparecimentos” e tornando evidente a obediência do Estado brasileiro às forças econômicas (nesse caso, especialmente ao mercado imobiliário) –, é com urgência que a arte vê o problema das invisibilidades, encarando-as de maneiras diversas.

É nesse seio de premências que podemos situar a obra recente de Isabela Prado. Sensível às relações de alteridade – como na instalação sem título de armários de banheiro (2004), em At 1,57m (2005) ou em Dança das Cadeiras (2008) –, a artista tem expandido o território de suas obras para tratar mais sistemicamente a questão: em seus últimos trabalhos, um olhar atento ao espaço e uma preocupação com a dimensão ambiental da subjetividade têm surgido com força. Sem abrir mão do caráter metafórico da relação indivíduo-ambiente – ele-mento fundamental, por exemplo, em Displei (2007), onde a sensação de submersão é evocada, dentro de uma vitrine comercial, por meio de um som de águas correndo –, esses trabalhos têm acontecido noutra ordem de concretude, eminentemente mais próxima das instâncias que organizam e dão sentido à vida social, como a cidade. Assim é que, por exemplo, as questões – emocionais e ecológicas – indicadas em Displei adquirem contornos mais evidentes, numa pauta crítica que se estende do urbanismo à pedagogia.

No conjunto de trabalhos organizado sob o título Entre rios e ruas, a artista parte de Belo Horizonte para pensar as relações entre cidade,

1. KLEE, Paul. Credo Criativo, 1920.

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izmeio ambiente e indivíduo. Iniciado em 2006 – e composto por de-senhos, fotografias, vídeos, instalações, objetos e performances –, o conjunto toma criticamente as “soluções” da história urbanística da capital mineira, planejada no final do século XIX. De sua forma de organização, Isabela Prado elege um ponto nevrálgico: a adaptação e a canalização da bacia hidrográfica da região, cujas especificidades foram ignoradas e, assim, condicionadas ao traçado geométrico e ortogonal das ruas belorizontinas, estruturadoras de uma malha viária quadri-culada que ocupa o espaço urbano circunscrito pela Av. do Contorno.

A área geográfica onde se construiu Belo Horizonte é atravessada por inúmeros rios e córregos da Bacia do Rio das Velhas, af luente do Rio São Francisco. Trajetos como o do Ribeirão Arrudas e seus afluentes, não havendo sido utilizados como referências para o traçado urbano da capital, foram ao longo do tempo canalizados a céu aberto e, posteriormente, com a ampliação da malha viária, cobertos por ruas e avenidas. Esse processo de desrespeito aos leitos dos rios tem ainda continuidade no século XXI, a exemplo da recente cobertura de um trecho do Ribeirão Arrudas em função da construção da chamada Li-nha Verde, via de acesso rápido ao Aeroporto Internacional de Confins. Assim, o processo de urbanização de Belo Horizonte evidencia a lógica autoritária de certa concepção civilizatória que atua numa relação de domínio da natureza, subjugando especificidades ambientais a pro-jetos racionalistas que se mostram, pela relação pouco porosa entre ambiente e cidade, evidentemente antiecológicos.

A despeito das tentativas de abafamento dos rios da região, Isabela Prado percebeu que, através das paredes de sua casa, eles continua-vam a se fazer presentes. Observando o comportamento da cidade em resposta à condição dos rios, a artista passou – desde 2007 – a acompanhar fotograficamente o af loramento da umidade das águas canalizadas, manifesta em forma de mofo nas casas situadas sobre os ribeirões encobertos. O testemunho cotidiano da água que desobede-ce a tentativa de contê-la será o passo inicial da artista diante dessa questão, constatação de uma condição urbana e social que é percebida na relação entre corpo, casa e cidade. Surge, então, a série de imagens

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que dá origem ao vídeo Mapas Mofo (2012), nas quais o desenho úmido que vai se insinuando diariamente é enquadrado, formando espécies de manchas cartográficas. Lentamente, no vídeo projetado sobre cantos de espaços internos, os mapas formados pelo bolor conduzem uns aos outros, paulatinamente alterando e expandindo fronteiras. O branco ganha tons ocres, o plano adquire volume: o rio se insinua por entre tijolos e massa corrida, como se desenhasse seu próprio percurso.

Com formação em gravura, a artista logo transforma os desenhos criados pelo mofo em ponto de partida para a série de desenhos Mon-tante/Jusante (2010-2012). Sobre o branco de uma larga folha de papel, a artista sobrepõe e articula, a partir de matrizes cartográficas, trechos ou leitos de rios inteiros. O trabalho cuidadoso de costurar grafica-mente essas geografias hídricas conformará paisagens e horizontes situados a meio caminho entre água e terra: partindo dos caminhos da bacia encoberta que irriga Belo Horizonte, Isabela Prado compõe desenhos que aludem àquilo que cerca a cidade, impregnando a vis-ta – as montanhas. Sutilmente, a artista faz conviver o invisível e a visibilidade máxima.

O corte abrupto da economia do minério sobre os vales que cercam Belo Horizonte, assim como os ângulos retos que artificialmente passam a encaminhar os rios do perímetro urbano da Av. do Contor-no, ganham espaço em parte desses trabalhos, desdobrando-se em uma série de desenhos em baixo-relevo. O esforço da canalização é silenciosamente reencenado pela artista ao gravar, sobre placas de dry wall, a malha ortogonal que domestica a organicidade das águas da capital mineira: no traçado que afunda a superfície, Isabela Prado traz à vista os rios que, submersos ao longo da cidade, apenas se deixam entrever por entre as grades dos bueiros e arejadores, sendo escutados ao longe como uma respiração constante que vaza do espaço abaixo do asfalto urbano.

Paralelamente à visibilidade dada ao desenho não visto dos rios encobertos, a artista concederá ao som da correnteza encanada um papel importante em seu trabalho. Além de capturar os ruídos – que servem de fundo para Repaisagem (2010) –, a experiência de um som

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izque também se invisibiliza face à barulheira urbana inspirará as per-formances envolvidas em Lição: Nessa rua tem um rio (2011-2012), obra em processo. Nelas, entre o lirismo e a esquizofrenia, a artista recebe, em meio ao caos urbano, aulas de violino. Discretamente, so-bre algum dos pontos de rios encobertos de Belo Horizonte, Isabela Prado aprende a manejar o instrumento e a adaptar seu corpo para tocá-lo. Classicamente, tem seus pés, pernas, ombros, tórax, coluna, braços, mãos, pescoço e rosto adestrados pelo instrumento e pelo ensino, conformados para alcançar os primeiros sons que, após a re-alização de todas as Lições necessárias, comporão a canção Se essa rua fosse minha. Repetitivamente, a artista encena um percurso que não se conclui, próprio à aprendizagem, assim como aos rios. O esforço de dominar um instrumento difícil e o esforço de resistir, a despeito das dificuldades, são metáforas da condição dos rios que correm por baixo dos pés dos passantes, silenciosamente. Em volume baixo, no som suave do violino, são os rios que ganham voz.

As ações têm se desenrolado sobre diferentes trechos canalizados e/ou encobertos dos rios, demarcando um mapa tão físico quanto imaginário, composto especialmente pela interação e reverberação daqueles que assistem às aulas que, mesmo públicas, são destinadas unicamente à artista. Recolocando a ambígua situação pública e íntima que se dá nas performances-aulas, as ações terminam por chamar atenção para o rio que passa por ali às escondidas, sensibilizando o corpo cidadão – habituado à invisibilidade pública das águas locais – para o que se passa na intimidade da organização urbanística de Belo Horizonte. O poder civilizatório sobre o meio ambiente, assim como o empoderamento civil diante das políticas do avanço urbanístico, é igualmente aludido pela letra da canção – “se essa rua fosse minha, eu mandava...” –, ativando uma dimensão participativa da vida social que, de outra maneira, é também protagonista da instalação Repaisagem.

Nesta, a experiência – vivenciada pelo projeto urbanístico da capi-tal mineira – de reconstruir a paisagem hidrográfica é transformada poeticamente. Ao som dos rios encanados, a instalação é composta por malhas magnéticas azuis que reproduzem os desenhos de trechos

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de córregos ainda em leito natural do município de Belo Horizonte, podendo ser montadas e articuladas livremente sobre o público num quadro metálico. Assim, Repaisagem explora o caráter participativo de obras anteriores de Isabela Prado – como Wind catcher (2007), Es-trangeiro (2006) ou Entre (2006) – numa chave que metaforicamente restaura a potência criativa do indivíduo diante de um mundo e de uma sociedade que se fazem passar por dados a priori.

Em Repaisagem, como, de modo mais amplo, no conjunto de tra-balhos do projeto Entre rios e ruas, a metáfora, a experiência espacial e a potência da participação se unem à vocação política da arte em sua capacidade de intervenção sobre situações específicas, exercício que parece retomar sua força nos dias atuais, experimentando frentes diversas de atuação. A obra de Isabela Prado é um espaço em que essas experiências se dão sutil e poeticamente, como evidencia Joia (2010), broche de ouro no formato do único trecho em leito natural do Ribeirão Arrudas, no município de Belo Horizonte.

Numa proporção de 1 para 10 000, Joia evidencia uma questão cara à obra da artista: a relação entre corpo e espaço, a escala. Se alguns momentos históricos da arte – como o minimalismo – exploraram as medidas estouradas como forma de uma experiência sensível ra-dical, calcada numa pequenez do indivíduo ou numa concepção de êxtase face ao “sublime” (tantas vezes manifesto como “gigante” ou “absurdo”), o compromisso político da obra de Isabela Prado caminha nessa contramão. Tratando de certo empoderamento da participação cívica face às instâncias de organização da vida urbana e, sobretudo, da relação criativa da subjetividade diante dos mais diversos contextos sociais e culturais, é no sentido de potencializar o indivíduo que age a escala das obras da artista. Suas obras estarão, assim, quase sempre postas numa escala humana, como já anunciado na instalação At 1,57m, por meio da qual Isabela Prado oferece ao outro a possibilidade de vivenciar o espaço a partir da perspectiva da altura de seu corpo. Não somente os trabalhos da artista não se alienam do alcance dos gestos e da ação dos corpos dos outros, como, mais adiante, os convo-cam, inclusive fisicamente – dimensão que pode se dar nos termos

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izde uma “participação do espectador” (a exemplo de Repaisagem) e/ou como experiência espacial, donde a importância da escala na concepção e montagem de suas obras.

A despeito de tratar de questões concretas com formas de aborda-gem razoavelmente objetivas – fazendo uso de mapas, dados, ações in loco, captação de sons –, a artista não escolhe o caráter documental ou ativista como estratégia principal diante de suas preocupações so-ciais, urbanísticas e ecológicas, preferindo explorar mormente nossa percepção do real, agindo, portanto, no campo da subjetividade, nas relações que os indivíduos travam com seus contextos. Sua escolha é, portanto, a de atuar no campo da percepção desse real.

Se uma das características que podem ser atribuídas à arte contem-porânea é sua discordância do projeto autônomo da arte moderna, a relação contextual surge, nesse panorama de escolhas, como pilar de um pensamento estético que não se quer indiferente ou independente do outro ou do real. Uma “consciência contextual” tem sido, assim, pilar de toda uma produção artística dedicada a criar outras vinculações entre arte e mundo, reposicionando, nessa relação, as mais diversas políticas de produção de subjetividade. Entre rios e ruas integra esse esforço.

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Cartografias quase-invisíveis

Eduardo de JesusProfessor da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas.

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Não há qualquer dúvida que se trata de uma cartografia (também). Saberes e experiências, acontecimentos e provocações atu-alizam no movimento da vida urbana, das memórias e da subjetivi-dade, o visível. Reencontram-se coordenadas extintas pelos intensos processos de urbanização, especialmente pelas visões de mundo que se materializam nos traçados de uma cidade, nos recortes do espaço, nos distintos modos de torna-lo liso ou estriado. Se de um lado impe-ram essas materialidades, de outro subtrai-se quase tudo em busca de algo que está a meia-visão. Submerso, encoberto ou quase apagado. Uma parte da cidade que não se vê, mas que podemos percebe-la por uma lógica sutil de indícios tênues, de formas lacunares da memória apontando para essa evidência da ausência.

Para entrar na dinâmica desse mapa – nessa forma de perceber o que despistadamente se passa por baixo, aquilo que foi encoberto – a repetição do mesmo gesto pode nos dar a pista: construir uma outra cartografia para perceber os modos como operam esses rios e ruas que Isabela Prado nos mostra, ou melhor, nos convoca a ver, entre a natureza invisível do traçado não visto daquilo que foi apagado e o ainda original. Para lidar com esses pares que deslizam entre visível e invisível a cartografia é uma boa estratégia para tentar perceber como esse jogo se dá, na relação entre arte e espaço urbano.

Cartografias quase-invisíveis1,7

Haveria uma paisagem, de cada vez que o espírito se deslocasse de uma matéria sensível para outra, conservando nessa última a or-ganização sensorial conveniente ou, pelo menos, a sua lembrança. A terra vista da Lua por um terráquio. O campo visto pelo citadino, a vila, pelo agricultor. A DESORIENTAÇÃO seria uma condição da paisagem. Lyotard1

1. LYOTARD. Jean-François. Scapeland. IN: O inumano – considerações sobre o tempo. Estampa: Lisboa, 1997.

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Outro ângulo. No cruzamento de duas ruas (trezentos e trinta e trezentos e vinte nove) um trecho do rio, leito original. Outros espaços firmados na miniatura daquilo que agora cabe na palma da mão.

Carregar a jóia é o mesmo que carregar o que ainda resta. Fixa-la próxima ao corpo, carregá-la como adereço é o mesmo que carregar um pequeno fragmento de tempo e espaço que remetem de uma só vez para a ausência de uma paisagem e para o jogo da escala. No recorte do fragmento do rio retirou-se todo o entorno, precisava ser excluído, para assim, destacado, se inserir em outras paisagens próximas do corpo. Reduz-se o mapa de sua escala real, que não pode coincidir com o território como nos lembrou Borges. Precisa ser reduzido para fazer valer a experiência de ver de cima. Do google maps à jóia o trajeto da territorialidade do vazio. Liso. Muros e terrenos vazios, com pessoas que por ali conversam. De adereço do corpo para o meio da rua, duas grandezas no jogo da escala.

2,5Reaprendendo a ver a paisagem pelas ausências.

Os territórios são redesenhados. A paisagem, articulada na deso-rientação, ensina a ver o que se perdeu e o que ainda resta. As escalas se tornam mutantes e transferem-se em aplicações diretamente na parede ou em rasgos no dry-wall. Tudo branco. A paisagem se rede-fine na abertura para que o Outro possa criar os trajetos com os rios que naturalmente ainda atravessam a cidade. No entanto, a cidade vai estriando o espaço para daí fazer surgir outros entornos e formas de vida. Isabela, talvez repetindo a mesma operação de Jóia, elimina os entornos e nos mostra o que ainda resta desses rios em leitos naturais, o que ainda não foi encoberto. Mas de outro lado o traço torna-se corte no dry-wall para revelar o que vemos a meia-vista, encoberto e redefinido pelo estriamento gritante da cidade. Baixo relevo. Montante/Jusante nos diz disso. Cartografia do invísivel. Leito de rio ou montanha? Se é rio,

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qual rio? Aqui mais uma vez retira-se a informação para no silêncio, no entorno esvaziado, dar visibilidade ao que nossa experiência no tempo presente não consegue mais ver. As imagens vindas do passado podem cortar os traços e sulcos reintegrando o seu referente real. A ausência de imagens com identificações mais diretas contrapõem-se ao mapa retirado do Google, origem de Jóia. A visibilidade de muitas formas e regimes, mais uma vez nos convocando a redefinir a noção de paisagem, levando também ao tempo. Timescapes. Paisagens temporais que podem unir, em arranjos inéditos, as tradicionais dimensões do tempo abrindo para outras experiências, como contemplar.

4,5Em torno de formas descontroladas de criar mapas e continentes.

O tempo é nosso camarada.

É essa dimensão do tempo que também revela o mapa mofo. O sinal de alguma coisa que não está mais ali, surge de forma descontrolada na vida cotidiana, dando forma a traçados quase invisíveis formados pela infiltração. Nas casas e prédios próximos aos rios encobertos, a infiltração torna-se mais uma vez, mapa de um continente invisível que podemos contemplar em sutis e lentas mudanças, talvez reproduzindo no vídeo o trabalho do tempo para formar esses continentes brancos.

0,4

Antes de qualquer coisa é importante lembrar que o espaço também molda a subjetividade, como nos mostrou Guattari2: “Pode parecer paradoxal deslocar assim a subjetividade para conjuntos materiais, por isso falaremos aqui de subjetividade parcial; a cidade, a rua, o prédio, a porta, o corredor… modelizam, cada um por sua parte e em composições globais, focos de subjetivação”.

2. GUATTARI, Félix. Caosmose – um novo paradigma estético. Rio de Janeiro, 34 letras, 1992.

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s629Rua seiscentos e vinte e nove no limite entre Belo Horizonte e Sa-

bará. Ouvindo os ruídos do rio cheio.

Ouço os ruídos de um rio que não vejo. A paisagem que contemplo é uma rua, no meio de uma cidade. Ouço, mas não vejo o rio que é origem desse som. Essa dinâmica entre visíveis-invisíveis é também o ponto de partida para Repaisagem. Uma paisagem que, assim como as demais, é construída pelos agenciamentos sociais, culturais, estéticos e políticos, mas redesenhada e redefinida pela participação do público que, tomando trajetos e derivas, desenvolve uma imaginária bacia hi-drográfica pautada em fragmentos recortados do real. Enquanto isso, pode-se ouvir os sons de rios ocultados na paisagem urbana. Paradoxo de uma situação limítrofe entre o que está ali e não se pode mais ver, contraposto ao que vemos em representação tomado como ponto de partida para uma recriação.

3,79 Se essa rua fosse minha

As lições vão continuar. Uma heterotopia que vai se construindo pela invisibilidade de rios que se tornaram ruas. Aprender a tocar o violino, em lições regulares, realizadas sobre essas ruas-rios celebram o invisível e a utopia de que a superfície possa mudar o entorno e recriar a paisagem. Talvez uma certa melancolia do som do violino, produ-zido pelo artista-aprendiz, faça com que se pense em outros tempos nos quais era possível ouvir o sussurar desse rio que cortava a cidade. Quantas lições serão necessárias para que seja possível ouvir esse rio?

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Isabela Prado ENTRE RIOS E RUASAs tensões entre arte, cidade e meio ambiente

Jorge Cabrera GómezDireção de curadoria - Galeria de Arte GTO - Sesc Palladium. Mestre em Artes Visuais - Escola de Belas Artes (UFMG).

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No ambiente do atelier de Isabela Prado respira-se ainda a presença das obras que configuram a série Entre rios e ruas. Pelo que sabemos, essas, suas últimas produções, encontram-se na Ga-leria Fayga Ostrower, com a curadoria de Clarissa Diniz, no complexo cultural da Funarte em Brasília. Sua exposição nesta galeria de arte comemora o fato de Isabela Prado ser uma das vencedoras do Prêmio Funarte de Arte Contemporânea/2011, com a série Entre rios e ruas.

Na reserva técnica da artista, encontrei uma obra da série White Draw-ings, de 2004, feita com grafite e guache e uma cartografia de manchas resinosas de mamona intitulada Shifting map, de 2010. Nas manchas que configuram o mapa mundi dessa obra, sinto a presença do diálogo que a artista estabelece entre arte-cidade-meio ambiente e suas tensões. Essas relações são desenvolvidas em diferentes formas de produção da série Entre rios e ruas, 2007-2012, que é composta de vídeos, foto-grafias, performances, desenhos, uma instalação, um objeto e algo de interatividade. Nesse trabalho, a atualidade na arte não poderia estar mais bem representada pelo uso da linguagem artística.

Observo em uma das paredes do atelier da artista uma mancha de mofo. Seria uma coincidência aos modelos das fotografias que deram origem ao vídeo Mapa mofo/2007-2012, que compõe sua última série?

Mapa mofo/2007-2012.Fotografia: Isabela Prado.

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Joia. Objeto. 9,5 cm. 2010.Fotografia: Fernando Ancil.

O conjunto de Entre rios e ruas é composto de um processo de pesquisa, mapeamento dos cursos dos rios de Belo Horizonte e de manchas de mofo nas superfícies das paredes, captação de sons das correntezas sob o asfalto, apropriações de músicas, moldagem de uma jóia a partir de um trecho do Ribeirão Arrudas e de outros até chegar aos produtos finais materializados ou não. Em todo esse conjunto da obra de Isabela Prado, os processos surpreendem tanto quanto os produtos finais.

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Lição: Nesta rua tem um rio.Performance. 60min. 2011-2012.Fotografia: Fernando Ancil.

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ezA artista declara que na configuração geográfica de Belo Horizonte encontra-se, principalmente, o Ribeirão Arrudas e o Ribeirão do Onça, que não foram incorporados ao “planejamento original da cidade”. Assim, estes cursos naturais foram gradativamente encobertos pelas ruas e avenidas, como recentemente o fizera o projeto de construção de vias Linha Verde, privilegiando o tráfego de carros ao longo das avenidas. Assim, estas soluções urbanísticas são contraditórias em um momento em que o meio ambiente e a sustentabilidade discutem o equilíbrio da convivência entre homem e natureza. A arte contem-porânea de Isabela Prado coloca-se na perspectiva deste debate.

Nesse panorama, a obra da artista encontra uma fonte de reflexão e de criação na construção das relações arte-cidade-meio ambiente e suas tensões. Lembremos que em outra perspectiva de relações entre arte--vida, no Brasil, como em muitos países da América do Sul1, os anos de 1964 a 1976 foram marcados por governos militares, onde os artistas passaram a incorporar a ação política ao objeto artístico. Seja no país ou exilados, os criadores brasileiros discutiam naquela época o auto-ritarismo. Tal é o caso de Lygia Clark, Hélio Oiticica e Cildo Meireles, artistas de transgressão e de vanguarda no Brasil da década de 1960.

Por sua vez, em 1965, Lygia Clark trabalhava os objetos relacionais e a nostalgia do corpo como uma proposta que abrange a imagem sensorial do objeto na busca do imaginário interior. O objeto não é o objeto de arte pela forma. O objeto é aquele que “nos revela a nós mesmos”2. Por outro lado, Hélio Oiticica nessa época cria os Parangolés, que como vestimenta e obra só existiriam, assim como os objetos relacionais de Clark (1965), enquanto acontecimentos e performances, alinhados com suas propostas artísticas. A relação corpo-espaço-objeto-ambiente en-contraria sua poética nas obras relacionadas anteriormente de Clark (1965) e Oiticica (1964) sendo os objetos relacionais de Clark (1965) os que, de forma expressiva demonstram uma simplicidade formal e monocromática.

1. Argentina, Uruguai, Peru e Chile.2. Lula Wanderley. Em busca do espaço imaginário interior do corpo. IN: 22 Bienal Internacional de São Paulo. Hélio Oiticica Lígia Clark. Salas especiais. Cat. Exp.s.p.

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Repaisagem. Instalação. 2010.Fotografia: Elderth Theza.

Mas, o que estrutura a obra de Isabela Prado na série Entre rios e ruas? Para a artista, a palavra “relação” é chave em seu trabalho: homem--meio, meio-meio, matérias que se entrecruzam, homem-cidade, ma-terial-mídia. Se por um lado Clark procurava na relação homem-objeto a experiência sensorial em um diálogo intimista, Isabela, por sua vez, discute a “arte como consequência”, segundo a artista, criando tensões em suas performances entre um coletivo que participa para finalizar ativa e conscientemente o objeto.

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ezAssim, em outros momentos, a experiência do coletivo é notória na proposta de Isabela Prado, como por exemplo, na obra Wind Catcher, 2007: roupas, intervenção urbana, megafone e outros, feita para uma residência em Shatana, na Jordânia, cujo objetivo era dialogar com as questões sociais, culturais e históricas do local. Segundo Isabela:

Um aspecto importante foi a observação de elementos bem ca-racterísticos do vilarejo, como a inexistência de pessoas nas ruas, a ausência de espaços socializantes e coletivos – salvo as igrejas. Também a observação do cotidiano local, como roupas penduradas nos varais, e tendas de beduínos nas redondezas do vilarejo. E ainda a percepção de aspectos físico-geográficos, como a paisagem inte-ressante mas extremamente árida, monótona e monocromática, e a presença de um vento forte e constante, principalmente no cume dos montes que cobrem a região3.

A desmaterialização do objeto encontra sua significação nesta obra, na dança com “paraquedas” em duplas, coloridos, confeccionados pela artista. O interesse pelo espaço geográfico é significativo na configu-ração deste trabalho, pois as vestes se modelavam com o ar forte que açoitava o local e que, em poucos momentos, como nesta experiência artística, chegava a ser um motivo da alegria de seus habitantes. Se no Parangolé a experiência individual do ritual da dança, do carnavalesco são significativos, em “Paraquedas” a experiência ultrapassa o coletivo, o geográfico, o social.

Assim como a desmaterialização na obra da artista encontra um exem-plo, como nesse caso descrito, na serie Entre rios e ruas o pensamento contemporâneo não invalida as técnicas tradicionais da gravura. O que mais surpreende nesse conjunto é como a xilogravura encontra uma expressão contemporânea nos trabalhos chamados Montante/

3. Un aspecto importante fue la observación de elementos muy característicos de la aldea, como la inexistencia de personas en las calles, la ausencia de espacios sociali-zadores y colectivos – salvo las iglesias –. También la observación del cotidiano local, como ropas colgadas en varas, y tiendas de beduinos en los alrededores de la aldea. Y todavía la percepción de aspectos físico-geográficos, como el paisaje interesante pero extremamente árido, monó-tono y monocromático, y la presencia de un viento fuerte y constante, principalmente en la cumbre de los montes que cubren la región. Tradução do autor. Isabela Prado. Una nueva escena: Testimonio de una artista extran-jera en Shatana, Jordania. IN: HALAC, Gabriela Org. Parabrisas. Córdoba: Ediciones DocumentA/ Escénicas. 2007. s.p.

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jusante, 2012, compostos por uma série de desenhos em baixo relevo sobre placas de gesso dry wall. A presença da gravura apresenta-se em expansão na confecção dessas obras/matrizes e o ritual do entalhe ou da incisão aproxima-se das origens da escrita. Neste sentido, lembremos que na etimologia corrente a escrita é associada ao corte, à incisão.

Assim, as cartografias de rios do Montante/jusante de Isabela Prado se apresentam belas, prin-cipalmente na relação entre o si-lêncio e o gesto estendido. Elas parecem corresponder com um ambiente mais intimista de cria-ção onde não existe a inferência do coletivo e sua interatividade, como ocorre na obra Repaisa-gem, 2010, da própria artista.

Jorge Luis Borges conta de uma cultura na qual a arte da carto-grafia havia se aperfeiçoado tanto que, no final, os mapas tinham a mesma extensão que

os próprios territórios4. O branco do suporte dry wall das cartografias de Isabela Prado eleva estas obras a uma categoria luminosa, quem sabe espiritual, onde a matéria-suporte e a incisão revelam o todo, inclusive, sobrepondo-se em significação plástica ao efêmero material.

4. INICIARTE, Fernando. Imágenes, palabras, signos. Sobre arte e filosofia. Pamplona: EUNSA, 2004. p.17.

Montante/jusante, 2012.Fotografia: Guilherme Machado.

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ezReferências

Cabrera Gómez, Jorge. O ritual como paradigma no processo e na criação plástica [manuscrito]: um estudo comparativo entre a produção artística de Armando Reverón (Venezuela, 1889-1954) e Arthur Bispo do Rosário (Brasil, 1909-1989). 2011. Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais.

Iniciarte, Fernando. Imágenes, palabras, signos. Sobre arte e filosofia. Pamplona: EUNSA, 2004.

Prado, Isabela. Una nueva escena: Testimonio de una artista extranjera en Shatana, Jordania. IN: HALAC, Gabriela Org. Parabrisas. Córdoba: Ediciones DocumentA/ Escénicas. 2007.

Wanderley, Lula. Em busca do espaço imaginário interior do corpo. IN: 22 Bienal Internacional de São Paulo. Hélio Oiticica Lígia Clark. Salas especiais. Cat. Exp.

Documentos eletrônicos

http://revistatatui.com/revista/tatui-8/reflexoes-de-uma-artista-turista--na-palestina/

http://www.funarte.gov.br/evento/%E2%80%9Centre-rios-e--ruas%E2%80%9D/

http://arteatual.blogspot.com/2008/08/arte-atual-isabela-pradotraje-tris-2008.html

http://www.isabelaprado.com

www.destakjornal.com.br/pdfedition/2012021641.pdf

http://entrerioseruas.tumblr.com/

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Resumo curricular

Isabela PradoBelo Horizonte, MG, 1973

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Formação

2003-2006 Mestrado - Master of Fine Arts, Indiana University Bloomington (EUA)

1996-1998 Bacharelado - Belas Artes/Desenho, UFMG

1991-1995 Bacharelado - Belas Artes/Gravura, UFMG

Experiência Docente

2011-2012 Professor - Pós Graduação, Escola Guignard, UEMG

2009-2012 Professor - Escola Guignard, UEMG

2008-2009 Artista Convidado, Pós Graduação, Escola Guignard, UEMG

2008 Professor Visitante - Escuela Superior de Bellas Artes, Córdoba (Argentina)

2007 Professor - CENEX, EBA/UFMG

2003-2006 Associate Instructor - Indiana University Bloomington (EUA)

1998-2000 Professor Substituto - Departamento de Desenho, EBA/UFMG

Residências

2010 JA.CA - Jardim Canadá Centro de Arte, Belo Horizonte (Brasil)

2009Al-Mahatta International Artists Workshop, Ramallah (Palestina)

Centro Cultural Usiminas, Ipatinga, MG

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2008Casa 13, Córdoba (Argentina)

Capacete, Rio de Janeiro (Brasil)

2007 Shatana International Artists Workshop, Shatana (Jordânia)

2006 Ragdale Foundation (Lake Forest, EUA)

Performances e Intervenções

2011

“Lição: Nessa rua tem um rio”, intervenção urbana, Belo Horizonte (Brasil)

“On the bright side of things”, performance, Longwood Center for Visual Arts, Farmville, VA (EUA)

“Doce”, performance, Sesc Palladium, Belo Horizonte (Brasil)

2009 “Entre Rios e Ruas”, performance, Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte (Brasil)

2008 “Doce”, performance, SP Arte 2008, São Paulo (Brasil)

2007 “Wind Catcher”, intervenção urbana, Shatana (Jordânia)

2006“Estrangeiro”, intervenção urbana, Berlim (Alemanha)

“Doce”, performance, University of North Texas, Denton TX (EUA)

2005

“Banho”, performance, SoFA Gallery I.U., Bloomington IN (EUA)

“Doce”, performance, SoFA Gallery I.U., Bloomington IN (EUA)

“Esvaziando”, performance, SoFA Gallery I.U., Bloomington IN (EUA)

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2004 Untitled (“Cake”), performance, Indiana University, Bloomington IN (EUA)

Exposições Individuais

2012“Entre rios e ruas”, Galeria GTO, Sesc Palladium, Belo Horizonte (Brasil)

“Entre rios e ruas”, Galeria Fayga Ostrower, FUNARTE, Brasilia (Brasil)

2008 Projeto Trajetórias 2008, Fundação Joaquim Nabuco, Recife (Brasil)

2007 Leo Bahia Arte Contemporânea, Belo Horizonte (Brasil)

2005 “At 1.57 m”, Fuller Projects, Indiana University, Bloomington IN (EUA)

1999Galeria Gesto Gráfico, Belo Horizonte (Brasil)

“Construção”, Centro Cultural UFMG, Belo Horizonte (Brasil)

Principais Exposições Coletivas

2011 “Sismógrafo”, Palácio das Artes, Belo Horizonte MG

2010“Entre Pontos”, Ja.Ca, Belo Horizonte MG

“Fluxo, Espaço, Ocupação”, Ja.Ca, Belo Horizonte MG

2009

“Daydreaming at 4:48pm”, Makan, Amman (Jordânia)

Al-Mahatta International Artists Workshop, Ramallah (Palestina)

“VideoSur”, MassArt Film Society, Boston (EUA)

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2008“Container Art”, Parque Villa Lobos, São Paulo SP

Casa 13, Córdoba (Argentina)

2006

“Amish Friendship Cake”, Galerie Takt Kunstprojektraum, Berlim (Alemanha)

M.F.A. Thesis Exhibition, Indiana University Art Museum, Bloom-ington IN (EUA)

“Stories of Women in Print”, Studio Gallery, Texas Tech University, Lubbock TX (EUA)

“Powerful Impressions”, Fondazione Bevilacqua La Masa, Veneza (Itália)

2005

“Mas Isto Também E’?”, Leo Bahia Arte Contemporânea, Belo Ho-rizonte MG

“Sempre Visível”, Centro Cultural São Paulo, São Paulo SP

“Powerful Impressions”, Italian Cultural Institute, Washington DC (EUA)

2004 “Cream”, Dean Johnson Gallery, Indianapolis IN (EUA)

2003 Regional Drawing Exhibition, Elaine Jacob Gallery, Detroit MI (EUA)

2001 Palácio das Artes, Belo Horizonte MG

2000 “A Obra em Branco”, Galeria Gesto Gráfico, Belo Horizonte MG

1999 “Branco sobre Branco”, Sala Corpo de Exposições, Belo Horizonte MG

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1998“Rumos Visuais”, Itaú Cultural, Penápolis SP / Itaú Cultural, Belo Horizonte MG / Itaú Cultural, Campinas SP

“O que você quer ser quando crescer”, ABRA, São Paulo SP

1997

“Rumos Visuais”, Itaú Cultural, Brasília DF

“Daqui a um Século”, Centro Cultural UFMG, Belo Horizonte MG

“Visitante”, Centro Cultural UFMG, Belo Horizonte MG

Publicações

2011 Ensaio Curatorial - 4o Prêmio Usiminas de Artes Visuais. Ipatinga MG (co-autoria Mabe Bethonico)

2010“Reflexões de uma Artista-Turista na Palestina”. Revista Tatuí no 8. Recife, 2010(disponível em: http://revistatatui.com/revista-online/ref lexoes-de--uma-artista-turista-na-palestina/)

2009 Ensaio Curatorial - 3o Prêmio Usiminas de Artes Visuais. Ipatinga (co-autoria Laura Belem)

2007“Una Nueva Escena: Testimonio de una artista estranjera en Shatana, Jordania”. In: Di Pascuale, L. (Org). Parabrisas (a). Cordoba: Ediciones DocumentA / Escenicas, 2007

2006 “Banho”. Chicago Art Journal, volume 16, Fall

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Bolsas e Prêmios

2011 Prêmio Funarte de Arte Contemporânea

2009 Apoio para Viagens e Passagens, Secretaria de Estado da Cultura MG

2008 Apoio para Viagens e Passagens, Secretaria de Estado da Cultura MG

2003-2006 Assistantship, School of Fine Arts, Indiana University Bloomington

2006 Fee Assistance Awards, Indiana University Bloomington

2005Grant-in-Aid Research Awards, Indiana University Bloomington

Fee Assistance Awards, Indiana University Bloomington

2003 Admission Merit Scholarship, Cranbrook Academy of Art

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Entre Rios e RuasAs tensões entre arte, cidade e meio ambiente por Isabela Prado

Catálogo da Exposição

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Montante/jusante.Carbono sobre parede.

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Montante/jusante, 2012.Baixo relevo sobre placas de gesso dry wall.Fotografia: Guilherme Machado.

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Repaisagem. Instalação. 2010.Caixas em madeira natural, alto-falantes, placas de aço galvanizado e recortes em manta magnética.Fotografia: Elderth Theza.

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Fotografia: Guilherme Machado.

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Fotografia: Elderth Theza.

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Joia. Objeto. 9,5 cm. 2010.Fotografia: Fernando Ancil.

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Caderno Minas. (Aberto).36 X 25,5 cm.

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Lição: Nesta rua tem um rio.Performance. 60min. 2011-2012.Fotografia: Fernando Ancil.

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Mapa mofo/2007-2012.

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Fotografias: Gilberto Libanio.

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composição do conselho regional

PRESIDENTE: Lázaro Luiz Gonzaga

REPRESENTANTES DO GRUPO DO COMÉRCIO VAREJISTA

Efetivos: Sebastião da Silva Andrade

Anelton Alves da Cunha

Helton Andrade

Suplentes: Hercílio Araújo Diniz Filho

Gilbert Lacerda Silva

Edilson Euzébio de Lima

REPRESENTANTES DO GRUPO DO COMÉRCIO ATACADISTA

Efetivos: Marcus do Nascimento Cury

José Geraldo de Oliveira Motta

Amâncio Borges de Medeiros

Suplentes: André Coelho Borges de Medeiros

Artur Santos Sampaio

Nício Fortes Garcia

REPRESENTANTES DO GRUPO DE AGENTES AUTÔNOMOS

Efetivos: Idolindo José de Oliveira

Bento José Oliveira

Suplentes: Marli Portela Zambalde Wollentarski

Francisco de Paula Becattini Filho

REPRESENTANTES DO GRUPO DE TURISMO E HOSPITALIDADE

Efetivos: Marcelo Carneiro Árabe

José Porfiro do Carmo

Suplentes: Victor Marchesi Filho

Matusalém Dias Sampaio

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REPRESENTANTES DO GRUPO DO COMÉRCIO ARMAZENADOR

Efetivos: Caio Márcio Goulart

Synval Nobre Handeri

Suplentes: Luiz Carlos Furtado de Almeida

Afonso Mauro Pinho Ribeiro

REPRESENTANTES DA FEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO VAREJISTA DE COMBUSTÍVEIS E DE LUBRIFICANTES

Efetivo: Paulo Miranda Soares

Suplente: Elias Jorge Salomão Barburi

REPRESENTANTES DO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Efetivo: Mário Borges do Amaral

Suplente: Manoel Ricardo Palmeira Lessa

REPRESENTANTES DO MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO

Efetivo: Alysson Paixão de Oliveira Alves

REPRESENTANTES DAS CENTRAIS SINDICAIS

Efetivos: Cláudio Marconi Ferreira Tomaz

Cibele Cristina Lemos de Oliveira

Ronaldo Ferreira Gualberto da Costa

Suplentes: Salvador Vicente Andrade

Valéria Martins

Fernanda Maria Sampaio

DIRETOR REGIONAL: Rodrigo Penido Duarte

DIRETOR REGIONAL ADJUNTO: Luciano de Assis Fagundes

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A coleção Viés – cadernos do artista é dedicada ao registro de pesquisas em artes plásticas unidas ao catálogo das mostras realizadas na Galeria de Arte GTO, do Sesc Palladium.

Seu propósito é valorizar o artista e sua obra, abrir um espaço de projeção artística e iluminar figuras pouco conhecidas na história das artes plásticas local e nacional. Assim, também, abre-se espaço aos artistas que escrevem sobre outros artistas e aos pesquisadores em artes plásticas que enri- quecem nosso olhar artístico.

Esperamos que, com a associação entre a pesquisa e a obra do artista, possamos desencadear o de- senvolvimento de maiores e crescentes investi- gações em arte.

O conjunto da obra Entre rios e ruas, 2007-2012, é com

posto de um

processo de pesquisa, mapeam

ento dos cursos dos rios de Belo H

orizonte, m

apeamento das m

anchas de mofo nas superfícies das paredes, captação

de sons das correntezas sob o asfalto, apropriação de uma m

úsica, molda-

gem de um

a jóia a partir de um trecho do R

ibeirão Arrudas e de outros até

chegar aos produtos finais. Em todo esse conjunto da obra de Isabela P

rado o processo surpreende tanto quanto os produtos artísticos.

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