Ensino de Produção de Som No Violino Para Crianças

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES DEPARTAMENTO DE MÚSICA Ensino de produção de som no violino para crianças: um estudo comparativo entre as abordagens dos métodos de Paul Rolland, Kato Havas e Shinichi Suzuki Projeto de Pesquisa de Iniciação Científica apresentado à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo para obtenção de Bolsa PIBIC. Aluno: Rodnei Luiz de Souza Número USP: 7585020 Orientadora: Profa. Dra. Eliane Tokeshi São Paulo Abril/2014

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Ensino de Produção de Som No Violino Para Crianças

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES

DEPARTAMENTO DE MÚSICA

Ensino de produção de som no violino para

crianças: um estudo comparativo entre as

abordagens dos métodos de Paul Rolland,

Kato Havas e Shinichi Suzuki

Projeto de Pesquisa de Iniciação Científica

apresentado à Escola de Comunicações e

Artes da Universidade de São Paulo para

obtenção de Bolsa PIBIC.

Aluno: Rodnei Luiz de Souza

Número USP: 7585020

Orientadora: Profa. Dra. Eliane Tokeshi

São Paulo

Abril/2014

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Projeto Resumido de Pesquisa – Iniciação Científica em Música

Ensino de produção de som no violino para crianças:

um estudo comparativo entre as abordagens dos métodos de

Paul Rolland, Kato Havas e Shinichi Suzuki

Candidato: Rodnei Luiz de Souza

Orientadora: Profa. Dra. Eliane Tokeshi

Introdução

No início do século XX, a maneira de se tocar violino passou a ser ampliada em diversos

aspectos. Um dos principais enfoques passou a ser a compreensão do violino como parte

estendida do corpo. Surgem autores que auxiliaram no desenvolvimento desse novo conceito de

se tocar violino. Muitos pedagogos enfatizaram a importância do uso coerente do corpo para, de

uma maneira mais “natural”, obter uma performance aprimorada. Um importante violinista e

professor desse período foi Carl Flesch (1873–1944), que influenciou de maneira expressiva esse

novo olhar para o instrumento. Em seu livro The Art of Violin Playing, Flesch trata sobre o

entendimento dessa consciência sobre o uso do corpo para se tocar violino afirmando:

“Alguns dos mais importantes problemas do corpo, que atrapalham uma boa execução musical, são causados por movimentos excessivos, incorretos ou falta de movimentos rítmicos... Sua importância implica no fato de que o emprego incorreto dos movimentos corporais influencia de maneira desfavorável não somente a técnica, mas também afeta a capacidade de expressão do músico”. (FLESCH, 1924, p. 92)

Paul Rolland (1911-1978), Kato Havas (1920) e Shinichi Suzuki (1898-1998) foram, de

forma diferenciada, influenciados por essa abordagem de tratamento do instrumento em relação

ao corpo e criaram, portanto, seus conceitos pedagógicos com base em suas próprias

experiências como intrumentistas, professores e, principalmente, observadores do funcionamento

do corpo e do violino. Segundo Perkins (1995, p.2), “suas contribuições técnicas representam a

vanguarda em pesquisa e desenvolvimento do ensino de cordas hoje. Cada um deles afirma que

suas abordagens baseiam-se em princípio de pesquisa científica naturais, em vez de tradição

histórica”.

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Suzuki, dentre os três, foi o único que direcionou seu trabalho especificamente para

crianças, pois tinha como principal objetivo difundir o que denominou de a Filosofia Suzuki.

Segundo Suzuki, esta filosofia deve ser introduzida na infância, pois ajuda na formação do

caráter do indivíduo.1 Havas tem sido reconhecida por seus textos que abordam aspectos

psicológicos relacionados à performance musical e Rolland, por seu enfoque no equilíbrio

corporal. Ambos podem também ter seus ensinamentos aplicados no ensino para crianças. Há

também uma ligação entre os três pedagogos nas suas fomações violinísticas, por partilharem de

professores com origens violinísticas comuns, que discutiremos e apresentaremos nos relatórios

dessa pesquisa.

Essas três escolas têm distintos conceitos sobre o uso do corpo e a relação da

movimentação com a técnica do violino. O intuito dessa pesquisa é identificar e compreender

suas ideias. Acreditamos que a aplicação dessas, através de exercícios propostos pelos autores,

terá direto reflexo na produção de som de crianças de 4 a 7 anos, sendo esse o principal objetivo

desse estudo: discutir, analisar e aplicar tais conceitos em crianças. O autor dessa pesquisa

buscará ressaltar os principais exercícios dessas três escolas relativos a produção de som,

verificando, através de pesquisas no material bibliográfico, qual se aplicará melhor em crianças

da faixa etária proposta. Visa-se um estudo consciente prezando-se pela ética e qualidade no

ensino com crianças.

Objetivos

1. Analisar o contexto histórico em que os pedagogos estavam envolvidos e como foram influenciados a desenvolver tais métodos e conceitos.

2. Estudar e explanar os conceitos sobre a relação do corpo com o instrumento e as influências desta relação na produção de som.

3. Identificar e discutir a aplicação desses conceitos no ensino de violino para crianças buscando os exercícios propostos pelos autores. Selecionar os exercícios apropriados para cada idade entre 4 e 7 anos.

4. Documentar tais aplicações em relatórios escritos e em vídeos.

5. Analisar resultados.

1 Apesar de o autor ter priorizado ensinamentos como perseverança, disciplina e auto-estima, essa pesquisa irá concentrar-se nos aspectos técnicos do violino que a escola Suzuki emprega.

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Metodologia

Num primeiro momento, realizaremos um levantamento bibliográfico a partir de fontes

primárias e secundárias impressas e publicadas por meios eletrônicos. Estudaremos o material

bibliográfico selecionado, com o objetivo de levantar o contexto histórico no qual os autores

estavam envolvidos e pelo qual foram influenciados. Posteriormente, realizaremos um estudo

sobre os exercícios propostos por cada pedagogo, com o intuito de identificar aqueles que têm

uma melhor aplicabilidade na faixa etária proposta. A partir disso, aplicaremos os exercícios e

conceitos em 10 crianças selecionadas. É importante frisar que a pesquisa utilizará como fonte,

além de textos, também os métodos de violino desenvolvidos pelos autores, e aplicará somente

os conceitos de cada pedagogo , considerados enriquecedores pelo autor da pesquisa em conjunto

com o orientador, excluindo a possibilidade de uso inadequado de exercícios prejudiciais a cada

criança.

O grupo de crianças, durante o processo da pesquisa, terá aulas semanais e individuais

durante um ano, sendo que terão os exercícios aplicados no segundo semestre do ano de aulas.

Suas aulas serão gravadas em vídeo, sendo este o instrumento para análise e comparação de

resultados posteriormente. Os quesitos estabelecidos para avaliação dos resultados serão:

controle da velocidade do arco, pressão e ponto de contato; qualidade de som; distribuição de

arco; e habilidade de realizar fraseado. A avaliação será obtida analisando o progresso de cada

aluno em comparação com seu desenvolvimento anterior (primeiro semestre sem aplicação de

exercícios da pesquisa) e com sua evolução durante o período de assimilação dos novos

conceitos (segundo semestre de pesquisa). A metodologia deste projeto de pesquisa se

caracteriza por uma abordagem indutiva2 e pela aceitação de o próprio pesquisador ser

instrumento para coleta de dados. Decisões serão embasadas em análise dos vídeos e de

constatações realizadas durante o semestre de aplicação dos exercícios.

Utilizaremos para essa pesquisa alunos do colégio britânico St Paul’s School da cidade de

São Paulo. Somente participarão da pesquisa as crianças, cujos pais e/ou responsáveis

autorizarem. Em anexo ao relatório parcial da pesquisa serão encaminhadas, as cópias dessas

autorizações, bem como a da direção musical da escola para realização dessa pesquisa.

2 Abordagem indutiva, segundo Alves-Mazzotti (1999, p.131), é “aquela em que o pesquisador parte de

observações mais livres, deixando que dimensões e categorias de interesse emerjam progressivamente durante os

processos de coleta e análise de dados”.

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Referências Bibliográficas

ALVES-MAZZOTTI, Alda Judith; GEWANDSZNAJDER, Fernando. O método nas ciências

naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. 2. ed. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 1999.

FLESCH, Carl. The Art Of Violin Playing. Book one: Technique in General, applied Technique. Tradução de Frederick H. Martens. New York: Carl Fischer, 1939.

________. The Art Of Violin Playing. Book two: Artistic Realization & Instruction. Tradução de Frederick H. Martens. New York: Carl Fischer, 1930.

HAVAS, Kato. A New Approach To Violin Playing. 11 ed. Londres: Bosworth & Co., 2001.

HAVAS, Kato. The Twelve Lesson Course In The New Approach. 10 ed. Londres: Bosworth & Co., 2003.

PERKINS, Marianne M. A Comparison of Violin Playing Techniques: Kato Havas, Paul Rolland and Shinichi Suzuki. Reston: American String Teacher's Association, 1995.

ROLLAND, Paul; MUTSCHLER, M. The teaching of Action in String Playing. Chicago: Illinois University Press, 1974.

ROLLAND, Paul. Basic Principles of Violin Playing. Indiana: ASTA, 2000.

SUZUKI, Shinichi et al. The Suzuki Concept: An Introduction to a Successful Method for Early Music Education. Editado por Elisabeth Mills e Therese C. Murphy. Berkeley: Diablo Press, 1973.