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ENSINAR QUÍMICA COM UM OLHAR LÚDICO NO CONTEÚDO ESTRUTURANTE MATÉRIA E SUA NATUREZA

Sônia Maria Chaves¹[email protected]

Christiane Luciana da Costa ²[email protected]

RESUMO: Este artigo relata a experiência de elaboração e aplicação de um kit de jogos com objetivo de proporcionar uma aprendizagem significativa nos conteúdos estruturantes de Química “Matéria e sua natureza”. O projeto foi desenvolvido com alunos do primeiro ano do Ensino Médio e constituiu-se de um conjunto de cinco jogos que abordaram os seguintes temas: História da Química; Modelos atômicos; Radioatividade; Elementos químicos; Ligações covalentes. Após a implantação desta proposta de utilização dos jogos no Ensino de Química, foi aplicado um questionário para analisar as opiniões dos alunos sobre as atividades desenvolvidas. Através da análise dos questionários, verificou-se que os alunos gostaram dos jogos, compreenderam as suas regras e aprenderam os temas abordados. Durante a aplicação dos jogos, verificou-se entusiasmo, interesse em jogar, cooperação, interação, aprendizagem compartilhada e conscientização sobre o trabalho em grupo.

Palavras-chave: Atividades Lúdicas. Jogos. Conceitos Químicos. Aprendizagem Significativa.

___________________________¹ Professora da Rede Pública Estadual – Paraná.² Docente do Setor de Biologia da UENP – Universidade Estadual do Norte Pioneiro – Campus Luiz Meneghel.

1. INTRODUÇÃO

O LÚDICO NO ENSINO APRENDIZAGEM DE QUÍMICA

O desenvolvimento deste trabalho surgiu da necessidade de criar atividades

lúdicas relacionadas aos conhecimentos de Química abordados no primeiro ano do

Ensino Médio. É neste momento que as dificuldades acontecem devido ao processo

de transição do Ensino Fundamental para o Ensino Médio; e os conhecimentos

adquiridos nesse ano servem de base para todo o Ensino Médio. Buscou-se através

das atividades lúdicas, tornar a aprendizagem significativa. De acordo com Ausubel

(1968) a aprendizagem significativa é um processo por meio do qual uma nova

informação relaciona-se com aspecto especificamente relevante da estrutura do

conhecimento do indivíduo, o crescimento subsunçor. É por meio das atividades

lúdicas que o aluno pode se socializar e interagir com os conceitos químicos,

ocorrendo assim a construção do conhecimento. Neste aspecto, é um desafio para o

professor, conseguir co-relacionar os “interesses” da turma aos conteúdos da

disciplina de química, e além tornar cada aluno parte ativa, integrante e participativa

na busca pelo aprendizado coletivo. Diante dessa questão, estabeleceu-se o

seguinte problema: De que forma as atividades lúdicas podem contribuir para a

aprendizagem do ensino de Química?

Destacou-se como objetivo geral o despertar nos alunos a capacidade de

aprender química de forma lúdica e significativa.

Além disso, objetivou-se discutir a partir da literatura os conceitos

fundamentais da matéria e sua natureza associados à prática pedagógica,

conhecendo melhor as dificuldades dos alunos do primeiro ano do Ensino Médio.

Fomentou-se a cooperação, o relacionamento interpessoal, uma aprendizagem

compartilhada e a conscientização do trabalho em equipe.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

De acordo com o senso geral, ensinamos química para formar um cidadão

crítico e participante da sociedade, ciente de seus direitos a uma vida saudável e de

seus deveres para tornar saudável também a vida dos outros e o ambiente.

Para atingir esse objetivo, não basta que os alunos apenas se apropriem dos conhecimentos; eles precisam aprender a usá-los. Por isso, considero que ensinar química é inquietar o aluno, desafiá-lo a refletir sobre suas representações do mundo e a partir delas, chegar aos conhecimentos científicos. Enfim, quero estimulá-lo a ser um eterno “perguntador”, no sentido de querer aprender. (SANTANA, FONSECA E MOZENA, 2009, p.6).

Desse modo, o ensino de Química não deve apresentar respostas prontas e

bem articuladas, ele deve acontecer por meio de jogos e atividades que

problematizem e desafiem o aluno, conduzindo-o na construção do conhecimento

científico. Este ensino deve ser apresentado ao aluno como uma linguagem que lhe

possibilitará interagir de maneira livre, com o ambiente e o mundo.

Grandes teóricos precursores de métodos ativos da educação (Decroly,

Piaget, Vigotsky, Elkonin, Huizinga, Dewey, Freinet, Frobel) frisaram

categoricamente a importância dos métodos lúdicos para a educação de crianças,

adolescentes e adultos, pois nos momentos de maior descontração e desinibição,

oferecidos pelos jogos, as pessoas se desbloqueiam e descontraem, o que

proporciona maior aproximação, uma melhoria na integração do grupo, facilitando a

aprendizagem.

O jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral. Através dele se processa a construção do conhecimento, principalmente nos períodos sensório-motor e pré-operatório. (PIAGET,1967,p. 32).

Logo, torna-se evidente que o lúdico contribui no desenvolvimento da criança

em todos os aspectos: cognitivo, físico, afetivo-social, destacando sua importância

no contexto escolar.

O QUE E COMO ENSINAR QUÍMICA

O que ensinar no contexto atual? Os alunos, que agora podem ter acesso a

muitas informações interessantes com os modernos sistemas de comunicação,

muitas vezes discordam de seus professores em relação ao que é importante saber,

mostrando-se desinteressados. É uma disputa entre o “ser interessante” e o “ser

importante”. Nesse sentido, uma das preocupações centrais deste projeto é

trabalhar o “importante” de maneira “interessante”.

Desse modo, o objetivo das Diretrizes Curriculares (2008) é subsidiar

reflexões sobre o ensino de Química, bem como possibilitar novos direcionamentos

e abordagem da prática docente no processo ensino-aprendizagem, para formar um

aluno que se aproprie dos conhecimentos químicos e seja capaz de refletir

criticamente sobre o meio em que está inserido.

De acordo com Bernardelli (2004), muitas pessoas resistem ao estudo da

Química pela falta de contextualização de seus conteúdos. Muitos estudantes do

Ensino Médio têm dificuldade de relacioná-los em situações cotidianas, pois ainda

se espera deles a excessiva memorização de fórmulas, nomes e tabelas. Portanto,

...Devemos criar condições favoráveis e agradáveis para o ensino e aprendizagem da disciplina, aproveitando, no primeiro momento, a vivência dos alunos, os fatos do dia-a-dia, a tradição cultural e a mídia, buscando com isso reconstruir os conhecimentos químicos para que os alunos possam refazer a leitura do seu mundo (BERNADELLI, 2004, p.02).

A CONTRIBUIÇÃO DAS ATIVIDADES LÚDICAS NO ENSINO DE QUÍMICA

Segundo Antunes (2008), quando usar os jogos:

... os jogos devem ser utilizados somente quando a programação possibilitar e somente quando se constituírem em um auxílio eficiente ao alcance de um objetivo dentro dessa programação (ANTUNES, 2008, p. 40).

Assim, o jogo somente tem validade se usado na hora certa e essa hora é

determinada pelo seu caráter desafiador, pelo interesse do aluno e pelo objetivo

proposto.

Segundo Kishimoto (1994), o jogo considerado um tipo de atividade lúdica,

possui duas funções: a lúdica e a educativa. A lúdica está relacionada ao caráter de

diversão e prazer que um jogo propicia. A educativa se refere à apreensão de

conhecimentos, habilidades e saberes e sua apreensão de mundo. O desafio é

equilibrar as duas funções descritas para que possa haver aprendizagem de forma

lúdica.

O uso de jogos didáticos no Ensino de Química tem sido tema de trabalho de

vários autores, destacando sempre a eficiência em despertar atenção dos alunos.

Tal interesse advém da diversão que, muitas vezes, produz efeito positivo no

aspecto disciplinar. (Soares e Cavalheiro, 2006; Oliveira e Soares, 2005; Soares e

Cols, 2003; Eichler e Del Pino, 2000; Giordan, 1999; Russell, 1999).

3. METODOLOGIA E RESULTADOS

Este trabalho foi desenvolvido no primeiro ano do Ensino Médio do Colégio

Estadual Hermínia Lupion - EFMN, por meio de jogos ou outras atividades lúdicas

voltadas para o Ensino de Química.

Os jogos foram compostos por kits didáticos. Os kits propostos são

compostos pelos jogos: 1) Tabuleiro da Abordagem Histórica da Química; 2)

Atomística Magnética; 3) Cruzadas da Radioatividade em Cubo móvel; 4) Frente a

Frente com os Elementos Químicos e 5) Dominó das Ligações Covalentes.

Cada kit foi utilizado em duas aulas de 50 cinqüenta minutos e cada jogo foi

aplicado aos alunos de acordo com o conteúdo que estava sendo trabalhado em

sala de aula. Após os jogos ou atividades lúdicas foi realizada uma avaliação através

da aplicação de um questionário.

Este questionário foi composto por dez questões sobre as atividades

desenvolvidas. Os alunos avaliaram os jogos e atividades lúdicas por conteúdo e

deram suas opiniões e sugestões.

3.1 JOGOS LÚDICOS

Este artigo apresenta alguns jogos para o estudo do conteúdo estruturante

Matéria e sua Natureza. Todos os jogos aqui apresentados foram construídos e

adaptados a partir de jogos que já existem comercialmente.

3.1.1 Tabuleiro da Abordagem Histórica da Química

Figura 1. Tabuleiro da Abordagem Histórica da QuímicaFonte: Sônia Chaves / PDE – 2012

O jogo “Tabuleiro da Abordagem Histórica da Química” (Figura 1) foi

desenvolvido baseado no jogo de cartas comercialmente chamado “Zoon da

Mônica”. Foi desenvolvido o tabuleiro com cartas, tendo como tema central a

“História da Química”, promovendo assim de acordo com as DCEs – Diretrizes

Curriculares Estaduais (2008), retomar fatos marcantes da história do conhecimento

químico, e sua inter-relação econômica, política e social.

3.1.1.1 Constituição e objetivos:

Contém: 1 tabuleiro; 6 peões coloridos; 50 cartas (com as questões); dado.

Objetivo: Levar os alunos ao conhecimento mais detalhado da “História da Química”.

A trajetória deste jogo proporcionará em seus momentos históricos, em sua

composição ideológica, os colaboradores, a limitação dos cientistas, e a importância

dos mesmos para uma determinada época.

Como jogar:

- Abra o tabuleiro em uma superfície plana.

- Embaralhe as cartas com a face que contém as questões para cima e

coloque-as em cima da mesa.

- Começa quem tirar o maior número do dado, em sentido horário.

- O jogador que começar a partida deverá mostrar qual é a questão para o

jogador que está à sua esquerda e assim por diante.

- Se o jogador que está tentando descobrir acertar a resposta, ele anda o

número de casas indicada na carta. Caso ele erre, volta uma casa e passa a sua

vez, e assim sucessivamente até chegar ao jogador que tirou a pergunta. O jogador

que tirou a carta não poderá responder, e sim só mostrar a pergunta ao próximo

jogador.

Caso um dos jogadores que acerte a resposta, o jogador que tirou a carta

deverá mostrar a resposta e colocar a carta no final do monte.

Caso nenhum jogador acerte a resposta esta não deverá mostrar, e irá para o

final do monte.

Se o jogador chegar em uma casa que contenha um desenho de um

elemento químico, ele terá a chance de responder outra pergunta, se ele acertar,

anda o número de casas com a pontuação da carta. Se errar fica na mesma casa.

- As cartas têm três dificuldades de questões: Fácil, Média e Difícil. As cartas

têm a seguinte pontuação: Fácil: dois (ande duas casas); Média: três (ande três

casas); Difícil: cinco (ande cinco casa).

- De acordo com a pontuação realizada nas cartas o jogador poderá

movimentar o seu peão pela trilha. Dois peões não podem ocupar a mesma casa,

portanto quando um peão chega a uma casa já ocupada, o peão que estava naquela

casa deverá voltar para a casa anterior.

- Se a casa já estiver ocupada por outro peão, este é substituído pelo novo e

recua uma casa. Vence o jogo da “Abordagem histórica da Química” o jogador que

chegar primeiro à casa FIM!

3.1.1.2 Discussão e Resultado

O jogo do Tabuleiro para o ensino da História da Química deve ser

empregado no momento em que o professor decidir iniciar o estudo da História da

Química. Além disso, foi idealizado para favorecer a integração, a compreensão e a

troca de ideias, tornando o aluno mais crítico, atualizado e participativo em suas

relações. De acordo com as discussões e sistematizações no GTR sobre o jogo de

tabuleiro, sentiu-se a necessidade de reelaborar e reduzir os conteúdos ali

elencados e os tipos de respostas que facilitam a compreensão e reflexão.

Os depoimentos indicaram que a aprendizagem de conteúdo através dos

jogos deu-se de forma satisfatória, com exceção de algumas cartas que exigiam

conhecimentos específicos mais profundos. Além disso, os alunos destacaram que,

com o jogo, sentiram-se mais motivados e ativos na aprendizagem, proporcionando

uma maior aproximação entre os colegas envolvidos na prática.

3.1.2 Atomística Magnética

Figura 2. Atomística MagnéticaFonte: Sônia Chaves / PDE 2012.

Baseada nas DCEs (2008) a explicação de uma teoria sempre gera questões

e a utilização de modelos no ensino de Química, para descrever comportamentos

microscópicos, não palpáveis, é um dos fundamentos dessa ciência. Abordar os

modelos atômicos na escola vai além do simples estudo de datas e nomes. Exige

que os docentes possuam conhecimentos epistemológicos a respeito do que sejam

os modelos, sua função na ciência, seus objetivos, suas limitações, e em que

contexto histórico foram elaborados.

3.1.2.1. Constituição e objetivos:

Contém: 4 quadros magnéticos ou imantados (Figura 2); Cartões com características

dos Modelos Atômicos: Modelo 1 – Dalton; Modelo 2 – Thomson; Modelo 3 –

Rutherford; Modelo 4 – Bohr; Figuras de cada modelo para fixar no quadro.

Objetivo: Propiciar o desenvolvimento da construção do conhecimento sobre os

“Modelos Atômicos”.

3.1.2.2. Como jogar:

- Dividir os alunos em 4 grupos; Podem jogar de um ou mais jogadores.

- Cada modelo contém várias características, o jogador colocará no quadro-imã

aquela que achar correto de acordo com cada modelo. O professor corrige as

respostas de cada modelo e anota os acertos em uma tabela.

- O professor faz o rodízio dos quadro-imã (modelos atômicos). Quem fez o

modelo 1, troca com o modelo 2, e assim sucessivamente até todos os grupos

responder os quatro modelos e anotar os acertos.

- Será vencedor da Atomística Magnética o grupo que fizer o maior número de

acertos.

3.1.2.3 Discussão e Resultado

Observou-se que este jogo favoreceu a participação, o cooperativismo e a

integração. Houve um grande envolvimento por parte dos alunos, sendo que a

apreensão de conhecimento aconteceu de forma lúdica e educativa.

3.1.3 Cruzada da Radioatividade em Cubo Móvel

Figura 3. Cruzada da RadioatividadeFonte: Sônia Chaves / PDE – 2012.

Neste jogo, o aluno deve ter um saber prévio sobre Radioatividade.

3.1.3.1 Constituição e objetivo:

Contém: Um tabuleiro magnético (Figura 3); Uma folha contendo vinte questões

químicas sobre radioatividade; Duzentos cubos de madeira, em um de seus lados

estão escritas letras de forma, englobando o alfabeto, com repetições, vogais

acentuadas e cedilha.

Objetivo: Oferecer fundamentos teóricos para que os alunos se apropriem dos

conceitos da Radioatividade. Além de desenvolver conhecimentos e atitudes de

consciência de que vivemos constantemente expostos às emissões radioativas.

3.1.3.2 Como jogar:

- Formam-se dois grupos : H ( Horizontal) e V (Vertical). A decisão de quem

inicia o jogo é feita através de “Par ou Ímpar”.

- Cada grupo possui um conjunto de 10 questões para tentar responder. A

ordem das questões deve ser seguida.

- O Grupo H tentará responder a primeira questão direcionada ao seu grupo.

Se ele souber a resposta, esta será montada no tabuleiro magnético, e ganhará um

ponto. Caso contrário, se eles não souberem a resposta, passam a vez para o grupo

V. Se o grupo V acertar ele ganha um ponto e continua jogando, agora tentando

responder a primeira questão da Vertical. O grupo seguinte vai usar uma ou mais

letras já colocadas para compor suas palavras químicas.

- É vencedor das “Cruzadas da Radioatividade” o grupo que montar o maior

numero de palavras químicas.

3.1.3.3 Resultado e Discussão

O uso do jogo da Cruzada da Radioatividade foi proposto como uma

atividade em substituição à resolução de exercícios tradicionais de fixação. Durante

a aplicação do jogo, verificou-se um grande interesse da maioria dos alunos em

participar da atividade lúdica.

Observou-se que, durante a realização da cruzada, havia muita conversa

relacionada ao jogo, percebeu-se uma competição saudável e motivadora, isso

confirmou o interesse em participar da atividade, havendo uma melhora significativa

na aprendizagem dos conceitos previamente discutidos.

3.1.4 Frente a Frente com os Elementos Químicos:

Todo o conhecimento acumulado no século XVIII sobre o comportamento dos

elementos químicos acabou chamando a atenção de vários cientistas para a

semelhança de propriedades de certos grupos de elementos. Essa constatação

gerou várias tentativas de classificar os elementos em função dessa semelhança de

propriedades.

Figura 4. Frente a Frente com os Elementos QuímicosFonte: Sônia Chaves / PDE – 2012.

3.1.4.1. Constituição e objetivo:

Contém: Dois tabuleiros com fendas; três conjuntos de cartas com elementos

químicos de cores diferentes (Figura 4).

Objetivo: Compreender símbolos e propriedades dos elementos químicos e suas

utilidades no cotidiano.

3.1.4.2. Como jogar:

- Cada jogador escolhe o seu tabuleiro e encaixa seu conjunto de cartas

(elementos) separadas em cores. Exemplo: jogador 1 (verde) e jogador 2 (vermelho)

de forma que o outro jogador não veja os elementos.

- As cartas adivinhação (azuis) devem ficar em um monte, com os elementos

virados para baixo.

- Decida quem vai começar o jogo tirando no par ou ímpar. Cada jogador

pega um elemento no topo do monte das cartas adivinhação (azuis) e a coloca na

primeira fenda do tabuleiro.

- Cada participante deverá fazer perguntas ao outro para tentar adivinhar qual

é o elemento químico. Estas perguntas deverão ser sobre as características do

elemento. Só poderá ser feita uma pergunta por vez (Exemplo: É metal?) para tentar

descobrir é a carta “adivinhação” (azul) do adversário.

- De acordo com as respostas do adversário, serão descartados os elementos

que não têm a característica perguntada. Quando sobrar apenas um elemento no

tabuleiro, o jogador pergunta se aquele é o elemento de adivinhação do seu

adversário.

3.1.4.3. Resultados e Discussão

Nessa Intervenção verificou-se que o jogo lúdico auxiliou na aprendizagem

dos conteúdos da tabela periódica. Sentiram-se estimulados e participativos em

querer aprender, evitando que a aula fosse monótona.

3.1.5 Dominó das Ligações Covalentes:

Figura 5. Dominó

Figura 6. Dominó

Fonte: Sônia Chaves / PDE – 2012.

Inicialmente os alunos tiveram a introdução do conteúdo: Ligação Covalente

ou Molecular com apresentação dos conceitos, classificações: polar, apolar, e suas

etapas da ligação. Após a introdução, numa primeira etapa, foi elaborado uma

seleção de exercícios sobre ligação covalente.

3.1.5.1. Constituição e objetivo:

Contém: 28 peças em cubos de madeira de 5 x 5 cm. Neles contém os átomos mais

freqüentemente utilizados na disciplina de Química (Figuras 5 e 6).

Objetivos: Auxiliar na compreensão dos átomos (nome e símbolo) que participam

das ligações; Elaborar, ler e interpretar as ligações, se possível formular os seus

nomes; Compreender que os átomos se ligam pelos elétrons da camada de

valência; Reconhecer que as ligações covalentes são as futuras cadeias carbônicas

e compostos pertinentes à química orgânica.

3.1.5.2. Como jogar:

- Número de Jogadores: 2 a 4.

- As peças ficam dispostas na caixa ou na mesa com as faces contendo os

símbolos dos átomos. Cada participante deverá escolher de forma aleatória, sete

peças. Caso haja mais peças que jogadores, aquelas que sobrarem ficam

reservadas na caixa.

- Decida quem começa o jogo pelo par ou ímpar ou dois ou um.

- O jogo inicia com um dos participantes colocando uma peça na mesa e

configurando as possíveis ligações, representadas pelas cavilhas ao redor desta

peça.

- Dependendo do átomo colocado nas pontas poderão ir ao redor da peça,

uma, duas, três ou até quatro ligações simples e até mesmo ligação dupla ou tripla,

para formar uma molécula.

- O próximo jogador põe um átomo que se liga ao primeiro e também distribui

as ligações ao redor da nova peça posta à mesa. E assim, sucessivamente, jogador

a jogador colocam as peças que sejam possíveis de ligações covalentes, conforme

as relações químicas que os átomos têm.

- A pontuação será constituída em um ponto por molécula formada e se

souber o nome mais um ponto para o jogador. Na hipótese de um dos participantes,

na sua vez de jogar não possuir, pelo menos uma peça que faça ligação química

com as dispostas na mesa, o mesmo poderá fazer uso das peças contidas na

reserva. Se o jogador comprar todas as peças e não encontrar uma que se encaixe

no dominó, ele passa sua vez para o próximo participante.

- Será vencedor do dominó das ligações covalentes aquele que fizer o maior

número de pontos, seja eles inorgânicos ou orgânicos. Em caso de empate ficam

somente os jogadores que empataram, limpam a mesa e começa o jogo novamente,

quem construir a primeira molécula vence o jogo.

3.1.5.3. Resultado e discussão:

Os alunos destacaram que, com o jogo sentiram-se mais motivados e ativos

na aprendizagem de ligações covalentes por envolver fórmulas e nomes.

3.1.6. Resultados e Discussões após a aplicação de todos os jogos

Na Química os conceitos, muitas vezes são apresentados de forma abstrata e

distanciados do contexto que lhe deram origem. Acredita-se que para minimizar

esses problemas, pode-se utilizar de muitas opções como: jogos, vídeos, filmes,

mensagens, cruzadas, músicas e de outras que podem contribuir para o aluno

visualizar os fenômenos e criar as suas próprias “teorias” para explicar o observado.

Após a aplicação dos jogos, interessou-se conhecer as opiniões dos alunos

sobre as regras dos jogos, aprendizagens adquiridas, sugestões de melhoria, se

gostaram ou não dos jogos, e sobre a melhor forma de participação (individual ou

em grupo).

Sobre as regras dos jogos, a maioria dos alunos achou de fácil entendimento,

e julgaram os jogos como “ótimos”, pois houve oportunidade para ampliar seus

conhecimentos sobre os conteúdos estruturantes “Matéria e sua natureza”.

As sugestões de melhorias estavam relacionadas à premiação ao grupo

vencedor.

Terminado o projeto, foi entregue aos alunos um questionário contendo

questões com respeito às atividades desenvolvidas, como o demonstrado a seguir:

As questões a seguir tem por objetivo avaliar a utilização dos jogos e/ou

atividades lúdicas, em sala de aula. Assinale com um x para cada afirmação. Deve

ser preenchido individualmente e com sinceridade, por isso permitirá uma análise e

aprofundamento neste tipo de metodologia no Ensino de Química.

Aluno(a) gostaríamos de poder contar com sua participação neste trabalho de

Implementação Pedagógica do Curso do PDE (Programa de Desenvolvimento

Estadual) respondendo algumas questões. Sua identificação é facultativa. Obrigado!

Aluno(a) : ___________________________________________________________

Colégio: ____________________________________________________________

Série: _______________ Turma: _________ Período: ______________________

Questionário

1 – O estudo da Química em sua opinião é:

a. ( ) importante, porém trabalhada de forma inadequada.

b. ( ) indispensável para sua formação escolar e crescimento humano.

2 – O jogo pedagógico aplicado foi importante para:

a. ( ) tornar a aula mais divertida e auxiliar na compreensão do conteúdo.

b. ( ) proporcionar a competição de forma atrativa e dinâmica gerando uma

maior aproximação entre os colegas envolvidos na prática.

3 – A aplicação do jogo pedagógico para a compreensão do conteúdo abordado foi:

a. ( ) bom

b. ( ) excelente

4 – Qual a sua maior dificuldade com relação ao ensino de Química?

a. ( ) falta de interesse pela disciplina

b. ( ) poucos recursos didáticos e a metodologia utilizada

5 – O que você achou da nova forma de ensinar a disciplina Química através de

jogos didáticos?

a. ( ) interessante e divertida

b. ( ) sem muita diferença das aulas comuns

6 – Em sua opinião, o uso de jogos didáticos é uma forma motivadora e prazerosa

de se aprender conceitos químicos?

a. ( ) Sim b. ( ) Não

7 – O que você achou das regras dos jogos aplicados?

a. ( ) fácil entendimento

b. ( ) difícil entendimento

8 – O que mais chamou a sua atenção nos jogos em questão?

a. ( ) a forma divertida de se aprender Química

b. ( ) a interação em grupo

9 – Depois da aplicação dos jogos houve alguma mudança na sua concepção a

respeito da Química?

a. ( ) Sim, com os jogos entende-se que é possível uma melhor compreensão e

aprendizagem de conceitos no ensino de Química considerados de difícil

entendimento.

b. ( ) Não, são só jogos.

10 – Você gostaria que na sua escola fosse adotado o uso de jogos didáticos para

auxiliar no processo de ensino aprendizagem?

a. ( ) Sim b. ( ) Não

11 – Você acha que através do método aplicado haveria uma melhor aprendizagem?

a. ( ) Sim, sem dúvidas

b. ( ) Não

12 – Que sugestões você daria para a melhoria dos jogos didáticos que foram

aplicados?

a. ( ) Que fossem oferecidos prêmios para os vencedores dos jogos.

b.( ) Que no jogo de baralho, não houvesse tantas cartas, assim as partidas

seriam mais rápidas.

As respostas obtidas foram:

1 – 60% dos alunos acham que a Química é trabalhada de forma inadequada, sem

nenhuma aplicação na vida. 40% acham que ela é indispensável para a formação

escolar e crescimento humano.

2 – 80% apontou que as atividades desenvolvidas foram importantes para tornar a

aula mais divertida e auxiliar no processo ensino-aprendizagem. 20% apontou que a

importância refere-se ao fato de proporcionar um convívio sadio entre as pessoas

envolvidas na prática.

3 – O resultado sinaliza que 70% dos discentes aprovaram como excelente a

aplicação do jogo para a compreensão do conteúdo e 30% como bom para auxiliar

no ensino.

4 – 35% apontou falta interesse ao Ensino de Química e 65% considera a disciplina

com poucos recursos didáticos.

5 – A nova forma de ensinar Química através de jogos foi constatado nos 70%

interessante e divertida, em contrapartida dos 30% sem muita diferença das aulas

comuns.

6 – 87% apontou os jogos como uma forma motivadora e prazerosa de se aprender

conceitos químicos. E 13% relataram que não, por ser uma disciplina de difícil

compreensão.

7 – 83% acharam as regras de fácil entendimento, aplicável em todos os jogos. Mas

17% apresentaram alguma dificuldade, dando como difícil entendimento.

8 – 70% dos discentes acharam que o que mais chamou a atenção foi a forma

divertida de se aprender química favorecendo uma aproximação entre docente e

discente e 30% exercitaram a interação em equipe.

9 – 82% dos discentes apontaram que com os jogos entende-se que é possível uma

melhor compreensão e aprendizagem de conceitos no Ensino de Química. E 18%

está relacionado ao caráter de diversão e prazer que um jogo propicia.

10 – Os 87% dos alunos demonstraram que gostariam que sua escola adotasse o

uso de jogos para acelerar o processo de aprendizagem. Segundo Grando (2001), a

inserção de jogos no contexto escolar, implica em algumas vantagens, como a

construção do seu próprio conhecimento. E 13% constataram que não, pois se

sentem motivados pelo jogo, sem saber porque jogam. Ressalta Grando (2001) que

se o professor não estiver preparado, pode existir um sacrifício de outros conteúdos

em função do tempo gasto com o jogo.

11 – O método aplicado detectou 87% declara que haverá uma melhor

aprendizagem, acarretando o desenvolvimento de estratégias e resolução de

problemas. E 13% responderam não, pelo tempo gasto com o jogo, prejudicando o

planejamento.

12 – 85% dos alunos declararam que fossem oferecidos prêmios aos vencedores

dos jogos, pois é uma maneira de incentivar a participação e a competição saudável.

E 15% dos alunos descreveram que os jogos deveriam ser mais rápidos.

Analisando os resultados obtidos por meio do referido questionário, percebeu-

se que os alunos gostaram dos jogos com atividades lúdicas e aprenderam os temas

abordados nas oficinas sobre os conteúdos estruturantes, sendo estimulados pelos

jogos. Durante a aplicação dos jogos, verificou-se entusiasmo e interesse em jogar,

despertando a capacidade de aprender Química de forma lúdica e significativa.

Ressalta-se que os alunos demonstraram interesse, cooperação, interação,

aprendizagem compartilhada, conscientização sobre o trabalho em grupo, e acima

de tudo, verificou-se o resgate do prazer em aprender, assim como a construção do

seu próprio conhecimento.

3.2 INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA COM PROFESSORES – INTERAÇÃO VIRTUAL

– GTR

Este trabalho objetivou avaliar e analisar o Projeto de Intervenção e Produção

Didático Pedagógica a fim de validar o kit com os jogos.

3.2.1. Discussão do Projeto de Intervenção

Os professores-alunos fizeram as seguintes considerações sobre as

contribuições das atividades lúdicas para a aprendizagem no Ensino de Química:

I. As atividades lúdicas/jogos podem contribuir para a facilitação da

aprendizagem, despertar interesse e fazer com que a turma se envolva com o

assunto, tornando a aprendizagem mais fácil e prazerosa.

II. O desinteresse pela aula é justamente em função da metodologia utilizada.

Temos que promover situações estimuladoras, já que a escola precisa se tornar

atraente para os alunos, pois os jogos promovem a espontaneidade, criatividade e a

socialização entre os alunos.

III. Deve-se ter bem claro, qual o objetivo que se quer atingir, pois corre-se o

risco de se ter a desvinculação da teoria.

IV. O estudante tem a oportunidade de observar a relevância do conteúdo

estudado, atribuindo sentido a este. Fato que possibilitará uma aprendizagem

significativa e portanto, duradoura.

V. Através das atividades lúdicas pode-se proporcionar a aquisição de novos

conhecimentos, desenvolvendo no aluno habilidades de forma natural e agradável.

VI. Assuntos de Química apresentado de uma maneira diferente faz com que

os alunos percam o preconceito de que “Química é difícil”, e isso promove uma

melhor aceitação do conteúdo.

3.2.2. Discussão da Produção-Didático Pedagógica

A socialização, discussão, relato e observações referentes à Produção

Didático Pedagógica apontaram o seguinte:

I. Este método de ensino é bastante viável, uma vez que o kit proposto é

composto por materiais simples e acessíveis, de acordo com a realidade da escola

pública, o torna mais fácil a sua aplicação.

II. Pode estimular a interação aluno-aluno e aluno-professor, e

consequentemente fomentar a troca de ideias e facilitar a socialização no ambiente

de sala de aula.

III. Os jogos do kit podem ser adaptados na prática docente. Todos os jogos

podem ser úteis em diferentes turmas. Por exemplo, o dominó das ligações poderia

ser aplicado também nos terceiros anos, nos estudos dos compostos orgânicos.

IV. Tudo isso deve estar organizado e inserido no planejamento de ensino,

não excluindo a contribuição dos livros didáticos.

V. O material desenvolvido apresenta-se adequado à possibilidade de inserir

o lúdico na função educativa. Acima de tudo, o kit é rico, enquanto instrumento de

aprendizagem e motivador pelo seu aspecto lúdico, portanto, eficaz na construção

de um aprendizado de forma divertida, dinâmica e atraente.

VI. É necessário que estas atividades sejam vistas com seriedade e

realizadas de forma correta. O educador deve estar devidamente preparado para

aplicá-las em sala de aula, garantindo assim, o verdadeiro sentido da atividade que,

mais do que proporcionar prazer em aprender, deve garantir a efetivação do

aprendizado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É fundamental considerar que os jogos e as diferentes atividades lúdicas

relatadas contribuíram de forma significativa para a aprendizagem de alguns

conteúdos da Química. Tais atividades são recomendadas para dinamizar o

processo de aprendizagem (SOARES et al, 2003).

Verificou-se nas oficinas aqui apresentadas que essas atividades quebraram

a barreira professor-aluno, pois possibilitou novos direcionamentos e abordagens da

prática docente no processo ensino-aprendizagem. O aluno apropriou-se dos

conhecimentos científicos de forma “importante” de maneira “interessante”.

Dessa maneira, a Química é apresentada de forma dinâmica, e não como

algo monótono. Por outro lado, é um processo que deve ser usado na hora certa e

essa hora é determinada pelo interesse do aluno e pelo objetivo proposto.

Assim, a partir dos resultados obtidos pode-se afirmar que a introdução dos

jogos/atividades lúdicas são suportes motivadores da aprendizagem, favorecendo

aquisição do conhecimento em clima de alegria e prazer.

As discussões por meio do GTR demonstraram ser fundamentais para as

sistematizações durante todo o desenvolvimento das atividades propostas.

Portanto, é importante ressaltar que a participação e interação entre os

alunos durante o desenvolvimento das oficinas foram excelentes, e que os

jogos/atividades lúdicas podem auxiliar, de maneira significativa, no processo de

ensino-aprendizagem da Química.

Assim, ensinar Química com um olhar lúdico pode ser mais eficiente e

produtivo que os métodos tradicionais, pois o lúdico contribui no desenvolvimento do

aluno nos aspectos cognitivo, físico e afetivo-social.

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